Trabalho

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XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Serra Talhada, 09 a 13 de dezembro.
DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DE TRECHOS DA BACIA DO RIO
PAJEÚ (SERRA TALHADA, PE): MONTAGEM DE BANCO DE
IMAGENS E VARIÁVEIS LIMINOLÓGICAS*
Ricardo de Lima Silveira¹, Leidiane Pereira Diniz², Laíze Alanne Nunes Pereira3 Mauro de Melo Júnior4

Introdução
Rios temporários ou intermitentes são corpos d´água cujo volume varia conforme a estação hídrica, passando pelos
períodos de cheia e seca. Esses mananciais desempenham um importante papel para manutenção da biodiversidade
(Maltchick, 2000), estando também relacionados à economia local.
O rio Pajeú é o principal afluente do rio São Francisco e tem sua nascente em Brejinho (PB), essa bacia margeia
vários municípios de Pernambuco, com trechos em diferentes condições ambientais. Ao longo do seu percurso em Serra
Talhada, esse rio possui várias barragens de pequeno porte e de grande importância para as comunidades ribeirinhas,
permitindo a realização de diversas atividades de subsistência e fornecendo recursos como água e alimento.
Em tais localidades, diferentes condições ambientais podem ser notadas. Enquanto em alguns trechos os corpos
d´água e os organismos neles viventes são conservados, em outros são desmedidamente explorados ou prejudicados pela
poluição. Assim, o registro fotográfico periódico das áreas estudadas é importante, pois permite analisar e comparar as
mudanças ambientais em um determinado período (Assis et al., 2011), realizando um diagnóstico inicial dos efeitos
antrópicos na bacia, contribuindo para a construção de uma proposta de conservação ambiental (Belloto, Pereira &
Imperador, 2012).
A caracterização e o acompanhamento temporal das variáveis ambientais, bem como o registro fotográfico periódico
são de extrema importância para auxiliar programas que buscam a conservação e a manutenção dos recursos hídricos
(Marotta, Santos & Enrich-Prast, 2008). Desta forma, o presente trabalho objetivou caracterizar e comparar dois trechos
da bacia do rio Pajeú por meio de registros fotográficos e parâmetros abióticos da água (temperatura da água, pH,
oxigênio dissolvido, saturação de oxigênio, condutividade elétrica, sólidos totais, turbidez e salinidade).
Material e métodos
A. Área de estudo
O estudo foi realizado em 2013, no município de Serra talhada - PE, localizado a cerca de 420 km da capital do
Estado (Recife). Os pontos estabelecidos para análise abrangem dois trechos do rio Pajeú em diferentes pontes da
cidade: um no bairro da caxixola e outro próximo ao Matadouro Público Municipal.
B. Procedimentos de coleta e análise do material
Os dados referentes às variáveis limnológicas (temperatura da água, pH, oxigênio dissolvido, saturação de oxigênio,
condutividade elétrica, sólidos totais, turbidez e salinidade) foram mensurados a partir de uma sonda de
multiparâmetros, modelo Horida U-52. Devido ao reduzido volume de água no trecho do Matadouro não foi possível
medir os parâmetros abióticos da água.
Para coleção do Laboratório de Ecologia do Plâncton (LEPLANC/UAST/UFRPE) a fauna zooplanctônica foi
coletada na subsuperfície do corpo d’água através de recipientes graduados para obtenção do material biológico e
posterior filtração, de cerca de 30 litros, em concentradores de plâncton com abertura de malha de 45 µm. Em seguida,
os organismos foram armazenados em recipientes plásticos e conservados em solução de formaldeído a 4%, como
descrito por Harris et al. (2000).
A metodologia para elaboração do diagnóstico ambiental dos dois trechos do rio estudados baseou-se em observações
“in loco” e em registros fotográficos periódicos, visando identificar os trechos que apresentam impactos ambientais
resultantes, principalmente, das ações antrópicas, sendo observados aspectos como condições da água (odor, coloração,
fluidez), presença de lixo nas margens ou no interior do manancial e atividades humanas na área. Outros pesquisadores
também usaram metodologias similares para realização do diagnóstico ambiental (Assis et al., 2011).
1
Bolsista do Ensino Médio - PIBIC-EM/CNPq/UFRPE. E-mail: [email protected]
Aluna bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET Biologia UAST/UFRPE), Unidade Acadêmica de Serra Talhada, Universidade Federal
Rural de Pernambuco, Fazenda Saco s/n. Serra Talhada, PE. CEP: 56903-070. E-mail: [email protected]
3
Aluna bolsista da FACEPE, Unidade Acadêmica de Serra Talhada, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Fazenda Saco s/n. Serra
Talhada, PE. CEP: 56903-970. E-mail: [email protected]
4
Professor Adjunto da Unidade Acadêmica de Serra Talhada, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UAST/UFRPE), Fazenda Saco s/n.
Serra Talhada, PE. CEP: 56903-070. E-mail: [email protected]
*Contribuição LEPLANC 41
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XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Serra Talhada, 09 a 13 de dezembro.
Após essa etapa de campo, os dados abióticos foram tabulados em planilha do Excel e as fotografias foram
analisadas.
Resultados e Discussão
A. Caxixola
Esse ponto de estudo localiza-se em uma região próxima à zona urbana de Serra Talhada e a residências de pequenos
agricultores. Nas proximidades do rio há pastagens nas quais são criados animais domésticos, principalmente cavalos e
gado bovino. A água do manancial é utilizada em atividades humanas, sendo retirada dele principalmente por
bombeamento. No semiárido, devido à escassez de água, são bastante comuns os corpos d’águas serem utilizados para
atividades humanas.
A água era aparentemente limpa, não apresentando mau cheiro ou coloração. Além disso, não se constatou a presença
de resíduos sólidos nas margens ou interior do corpo d´água. No entanto, a superfície do manancial estava repleta de
plantas aquáticas (Fig. 1).
As águas estiveram bem oxigenadas (5,5 mg L-1), com um pH de levemente ácido (6,4) (Tab. 1).
B. Trecho próximo ao Matadouro Público Municipal
Esse trecho está inserido na zona urbana do município, nas proximidades do matadouro Público. Devido a sua
localização, essa área do rio recebe constantes resíduos oriundos do matadouro. A exploração dos recursos naturais e
dos sistemas aquáticos pode ser agravada pela ocupação humana, devido os efluentes domésticos e industriais
(Casagrande, 2005).
Ao longo das margens há um grande número de ossos e carcaças de animais mortos, além de muitas fezes e pedaços
de vísceras de animais, que servem de alimento para cães e urubus (Fig. 2). Segundo Paz & Paiva (2011), os impactos
ambientais derivam do uso irracional dos recursos hídricos, afetando diretamente a biota dos ecossistemas aquáticos e a
população que fazem uso deles como forma de subsistência.
A água apresentou bolhas de gases que indicam a ação das bactérias e da decomposição da matéria orgânica morta, o
que resultou na coloração escura e aparentemente viscosa. Além disso, por ser encontrada praticamente estagnada, a
água torna-se propícia ao desenvolvimento de insetos e outros animais transmissores de doenças. Esse foi o trecho mais
impactado do presente estudo (Fig 2).
A partir do registro fotográfico periódico e as variáveis abióticas foi possível detectar impactos negativos nos trechos
do rio Pajeú, sendo o trecho próximo ao matadouro o mais poluído. A bacia do rio Pajeú é fonte de grandes riquezas e
para que elas possam ser conservadas, é necessário um planejamento consciente de sua ocupação, buscando evitar sua
deterioração. Além disso, é importante dar um destino adequado aos resíduos sólidos, uma vez que a poluição e o
número de dejetos (restos de animais, por exemplo) nas margens do rio podem trazer sérios problemas de saúde para as
comunidades ribeirinhas, além de perda total da biodiversidade. A ação antrópica tem alterado e destruído grande parte
da biodiversidade dos ecossistemas naturais. Por isso, um estudo de caracterização ambiental por meio da montagem de
um banco de imagens, é de grande importância, já que possibilita o conhecimento da real situação, para que possam ser
desenvolvidos futuros projetos de monitoramento e conscientização ambiental.
Agradecimentos
Ao Programa de Bolsas de Iniciação Científica para o Ensino Médio (PIBIC-EM), em nome da Pró-Reitoria de
Pesquisa e Pós-graduação da UFRPE, pelo apoio financeiro dado ao primeiro autor. Ao Programa de Educação Tutorial
– MEC, Sesu/SECAD, pelo apoio financeiro à segunda autora. À Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do
Estado de Pernambuco (FACEPE), pela bolsa de Iniciação Científica concedida a terceira autora. Aos demais
estagiários do Laboratório de Ecologia do Plâncton (LEPLANC) e à Unidade Acadêmica de Serra Talhada
(UAST/UFRPE), pelo apoio para realização deste trabalho.
Referências
Assis, M. F. B. R.; Bellé, M. F. L.; Bucker, M. B.; Mercante, M. A.; Rodridues, S. C. O registro fotográfico aplicado em
estudos ambientais na gruta do lago azul em Bonito/MS: retrospectiva de duas décadas – 1989 a 2010. 2011. Tourism
and Karst Areas, p. 45-53.
Belloto, G.P.; Pereira, J.N.; Imperador, A.M. 2012. Diagnóstico da bacia hidrográfica do córrego do Vai-e-volta como
referência para plano de educação ambiental – Poços de Caldas/MG. Iniciação científica da UNIFAL.
Casagrande, C.A. Diagnóstico ambiental e análise temporal da adequabilidade do uso e cobertura do solo na bacia do
Ribeirão dos Marins, Piracicaba – SP. 2005. São Paulo: Escola superior de agricultura Luiz de Queiroz. Dissertação
Mestrado.
Espino, G. L.; Pulido, S. H.; Pérez, J. L. C. Organismos indicadores de la calidad del agua y de la contaminación. Plaza
y Valdes (Eds.), México, 2000. 633p.
Harris, R.P.; Wiebe, P.H.; Lenz, J.; Skjoldal, H.R. and Huntley, M. 2000. ICES Zooplankton methodology manual,
Academic Press, San Diego, 684p.
Maltchick, L. As lagoas temporárias do semi-árido. 2000. Ciência Hoje, v. 28, nº 167, p. 67-70.
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Serra Talhada, 09 a 13 de dezembro.
Paz, F.N.V.; Paiva, J.A. 2011. Levantamento dos possíveis impactos ambientais pela ação antrópica nos córregos
Jenipapo e Cará no município de Aradominas – TO. Educação, Gestão e Sociedade: revista da faculdade Eça de
Queiros, n° 4.
Marotta, H.; Santos, R.O.; Enrich-Prast, A. Monitoramento liminologico: um instrumento para a conservação dos
recursos hídricos no planejamento e na gestão urbano-ambientais. Ambiente e sociedade, v. 11, n. 1, p. 67-79, 2008.
Figura 1. Trecho do Rio Pajeú no bairro da Caxixola, Serra Talhada – Pernambuco.
Tabela 1. Variáveis limnológicas do trecho localizado no bairro da Caxixola e coordenadas geográficas.
Trecho de estudo/
Variável
Caxixola
(07° 59, 826’ W 038° 18,044’)
Temperatura da água (°C)
27,5
pH
6,4
Oxirredução (ORPmV)
153
Condutividade (μS.cm )
0,9
Turbidez (NTU)
29,2
Oxigênio dissolvido (mg/ L-1)
5,5
Saturação de oxigênio (%)
70,4
–1
-1
Sólidos totais (g/L )
0,6
Salinidade
0,05
Figura 2. Condições críticas do trecho de estudo localizado próximo ao matadouro público do município de
Serra Talhada, Pernambuco.
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