Trocas gasosas foliares e produção de biomassa - NBCGIB

Propaganda
1
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO VEGETAL
PRISCILA SOUZA DE OLIVEIRA
TROCAS GASOSAS FOLIARES E PRODUÇÃO DE BIOMASSA EM PLANTAS
JOVENS DE Jatropha curcas L. SUBMETIDAS AO DÉFICIT HÍDRICO NO SOLO
ILHÉUS – BAHIA
2013
i
PRISCILA SOUZA DE OLIVEIRA
TROCAS GASOSAS FOLIARES E PRODUÇÃO DE BIOMASSA EM PLANTAS
JOVENS DE Jatropha curcas L. SUBMETIDAS AO DÉFICIT HÍDRICO NO SOLO
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Produção
Vegetal, da Universidade Estadual de
Santa Cruz – UESC, como parte dos
requisitos para a obtenção do título de
Mestre em Produção Vegetal.
Área de Concentração:
Cultivos em Ambiente Tropical Úmido.
Orientador:
Prof. Dr. Fábio Pinto Gomes.
ILHÉUS – BAHIA
2013
ii
PRISCILA SOUZA DE OLIVEIRA
TROCAS GASOSAS FOLIARES E PRODUÇÃO DE BIOMASSA EM PLANTAS
JOVENS DE Jatropha curcas L. SUBMETIDAS AO DÉFICIT HÍDRICO NO SOLO
Ilhéus, 28/02/2013
______________________________________
Fábio Pinto Gomes – DS
UESC/DCB
(Orientador)
______________________________________
Alex-Alan Furtado de Almeida – DS
UESC/DCB
______________________________________
Marcelo Francisco Pompelli – DS
UFPE
iii
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Alberto e Lucy, pelo amor incondicional.
“Por vocês, eu faria isso mil
vezes.”
(Khaled Hosseini)
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela força e sabedoria, com as quais Ele me presenteou,
para conduzir esse trabalho até aqui, e por colocar no meu caminho pessoas
maravilhosas, que tornaram minha tarefa mais aprazível.
Ao meu orientador Fábio Gomes, por sua valiosa orientação e compreensão
ao longo da execução desse trabalho. Por me incentivar e mostrar que a humildade
nos torna profissionais melhores. Enfim, por ser um líder e não somente um chefe.
Ao pesquisador Bruno Laviola, da Embrapa Agroenergia, pela doação das
sementes e informações cedidas para a realização do trabalho.
Aos professores Arlicélio C. Paiva, Alex-Alan F. Almeida, Marcelo Mielke e
Marcelo Pompelli pela contribuição, em diferentes momentos, para realização dessa
pesquisa.
Ao pesquisador Carlos Ledo, da Embrapa mandioca e fruticultura, pelo apoio
na análise estatística dos meus dados.
À melhor equipe de trabalho já vista, EQUIPE JATROPHA, integrada por
Tessio Santana, Leandro Dias, Michelle Nascimento, Ilana Sampaio e Martielly
Santana. Sem vocês a história não seria a mesma. Muito obrigada por todos os
sorrisos, conselhos, críticas e, sobretudo, pela ajuda. Vocês possuem um lugar
especial no meu coração.
Aos meus pais, pelo apoio imensurável, por estarem sempre ao meu lado e
por se absterem das suas necessidades para realização das minhas. Minha
admiração por vocês é inestimável.
Ao meu amado, Luiz, por suportar todas as minhas fraquezas e por me fazer
forte quando eu precisava. Por todo o seu amor, carinho e compreensão a mim
dedicados.
A Daniele, Alayana e Melissa por estarem sempre presentes na minha vida e
me permitirem usufruir dessa amizade verdadeira.
À minha amiga, que eu conquistei ao longo dessa jornada, Patrícia Casaes,
por todos os conselhos, abraços e principalmente pela sua paciência e por suas
palavras carinhosas, que inúmeras vezes aliviaram meu coração.
A Carol, secretária do PPGPV, por suportar todas as reclamações, algumas
injustas, e com a sua presteza, em auxiliar as minhas necessidades.
v
A Marcelo, da casa de vegetação, por colaborar na condução do experimento.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do estado da Bahia (FAPESB) pela
concessão da bolsa, à Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), ao Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Coordenadoria de
aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) que permitiram a
concretização desse trabalho.
vi
ÍNDICE
LISTA DE ABREVIAÇÕES ...................................................................................... vii
EXTRATO ............................................................................................................... viii
EXTRACT .................................................................................................................. x
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1
2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 4
2.1. ENERGIA E BIOENERGIA................................................................................... 4
2.2. Jatropha curcas L. ................................................................................................ 8
2.3. DEFICIÊNCIA HÍDRICA ..................................................................................... 10
3. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 13
3.1. MATERIAL VEGETAL E CONDIÇÕES DE CULTIVO........................................ 13
3.2. TROCAS GASOSAS FOLIARES ....................................................................... 15
3.2.1 Medições pontuais e curvas de saturação de luz ............................................. 15
3.2.1 Limitações estomática e mesofílica relativas .................................................... 16
3.3. RELAÇÕES HÍDRICAS ..................................................................................... 17
3.3.1 Determinação do potencial hídrico foliar .......................................................... 17
3.3.2 Condutividade hidráulica .................................................................................. 17
3.3.3. Teor relativo de água (TRA) e área foliar específica (AFE) ............................. 17
3.4. EFICIÊNCIA DE USO DA ÁGUA E CONSUMO HÍDRICO DA PLANTA............ 18
3.5. ESTIMATIVA DO TEOR DE PIGMENTOS CLOROPLASTÍDICOS ................... 18
3.7. CRESCIMENTO ................................................................................................. 18
3.8. DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E ANÁLISE ESTATÍSTICA ....................... 19
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 20
4.1. CARACTERIZAÇÃO DO MICROCLIMA ............................................................ 20
4.2. ÁGUA NO SUBSTRATO .................................................................................... 22
4.3. TROCAS GASOSAS EM NÍVEL FOLIAR .......................................................... 23
4.3.1. Limitações estomática e mesofílica relativas .................................................. 29
4.4. RELAÇÕES HÍDRICAS ...................................................................................... 32
4.5. CONSUMO HÍDRICO E EFICIÊNCIAS DE USO DA ÁGUA .............................. 38
4.6. TEOR DE PIGMENTOS CLOROPLASTÍDICOS ................................................ 40
4.7. VARIÁVEIS DE CRESCIMENTO ....................................................................... 43
5. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 51
6. REFERÊNCIAS .................................................................................................... 52
vii
LISTA DE ABREVIAÇÕES
Abreviação
Variável/ Parâmetro (unidade)
A
Taxa de fotossíntese líquida (μmol CO2 m-2 s-1)
A/gs
Eficiência intrínseca de uso da água (μmol CO2 mol H2O-1)
A/E
Eficiência instantânea de uso da água (μmol CO2 mmol-1 H2O)
Amax
Taxa fotossintética saturada pela irradiância (μmol CO2 m-2 s-1)
Ca
Concentração atmosférica de CO2 (μmol CO2 mol-1 ar)
Ci
Concentração de CO2 nos espaços intercelulares (μmol CO2 mol-1)
DPV
Diferença de pressão de vapor de água entre a folha e o ar (kPa)
E
Taxa de transpiração (mmol H2O m-2 s-1)
gs
Condutância estomática ao vapor de água (mol H2O m-2 s-1)
KL
Condutividade hidráulica entre solo e a folha (mmol m -2 s-1 MPa-1)
Lm
Limitação mesofílica da fotossíntese (%)
Ls
Limitação estomática relativa da fotossíntese (%)
PC
Plantas controle
PDH
Plantas sob deficiência hídrica
Rd
Taxa de respiração no escuro (μmol CO2 m-2 s-1)
RFA
Radiação fotossinteticamente ativa (μmol fótons m-2 s-1)
T
Temperatura (°C)
UR
Umidade relativa (%)
Eficiência quântica aparente da assimilação de CO2 (μmol CO2
µmol-1 fótons)
α
Ψw
Potencial hídrico foliar (MPa)
IS
Irradiância de saturação (μmol fótons m-2 s-1)
Ic
Irradiância de compensação (μmol fótons m-2 s-1)
ETp
Evapotranspiração potencial
viii
EXTRATO
OLIVEIRA, Priscila Souza de, M.Sc., Universidade Estadual de Santa Cruz, fevereiro
de 2013. Trocas gasosas foliares e produção de biomassa em plantas jovens
de Jatropha curcas submetidas ao déficit hídrico no solo. Orientador: Fábio Pinto
Gomes. Co-orientadores: Arlicélio Cruz Paiva e Marcelo Schramm Mielke.
A produção mundial de biodiesel está em plena ascensão. Com isso ocorre um
favorecimento dos estudos em busca de sementes oleaginosas como matéria-prima
para o suprimento dessa nova fonte energética. Nesse contexto, Jatropha curcas
que se caracteriza como uma espécie oleaginosa, de alta produção e fácil
aclimatação a divergentes condições edafoclimáticas, se torna uma promessa para o
semiárido brasileiro. Como a água é um recurso limitante para a produtividade de
qualquer cultura, o objetivo desse estudo foi quantificar o consumo e a eficiência de
uso da água na fase inicial do desenvolvimento em dois genótipos de J. curcas
(CNPAE 183 e CNPAE 191) mantidos sob estresse hídrico no solo. Os genótipos
foram cultivados em vasos, sob condições de casa de vegetação, e submetidos a
dois regimes hídricos: irrigado (-33,1 a -13,5 kPa) e sob déficit hídrico (-409,5 a -49,5
kPa) por 55 dias, seguidos de 6 dias de reidratação. Diferenças significativas
(p<0,05) entre genótipos foram observadas para teor de pigmentos cloroplastídicos,
condutividade hidráulica (KL) e para as variáveis de crescimento. As variáveis
relacionadas ao status hídrico, trocas gasosas foliares, teor relativo de água (TRA),
área foliar específica (AFE) e eficiência de uso da água (EUA) sofreram efeitos
significativos apenas dos regimes hídricos impostos. Aos 34 dias após início de
tratamento (DAIT), ocorreram redução nos valores da taxa fotossintética líquida (AL),
condutância estomática ao vapor de água (gs) e transpiração (E) de 47, 70 e 50%,
respectivamente, em relação às plantas controle. Após 6 dias de reidratação A
alcançou a recuperação, porém gs e E ainda apresentaram diferença significativa
(p<0,05) nas plantas submetidas ao déficit hídrico (PDH) em relação às plantas
controle (PC). Aos 34 DAIT ocorreram limitações estomática e mesofílica
significativa (p<0,05) nas PDH em relação às PC. Devido ao efeito mais expressivo
em gs e E, do que em A, a partir do 34º DAIT, as eficiências intrínseca (A/gs) e
instantânea (A/E) tiveram aumentos respectivos de 70% e 20%. Após 50 DAIT
ix
verificou-se uma redução significativa (p<0,05) de potencial hídrico foliar (Ψw) e de
área foliar específica (AFE) nas plantas estressadas em relação ao controle. Aos 55
DAIT verificou-se um aumento significativo (p<0,05) do teor relativo de água (TRA)
das PDH em relação às PC, como estratégia de evitar a desidratação. Os valores de
Ψw, TRA e AFE recuperaram totalmente aos 6 dias após a reidratação (DAR). Nesse
mesmo período (55 DAIT) observou-se que KL foi significativamente (p<0,05) maior
em CNPAE 191, e só nesse genótipo ocorreu uma diminuição significativa (p<0,05)
quando submetido à DH. Esse resultado mostra que não houve relação de KL com
as variáveis de crescimento (altura, diâmetro do coleto, área foliar e massa seca),
pois uma menor produção de biomassa foi observada em plantas controle do
genótipo CNPAE 191. Entretanto, o efeito da deficiência hídrica foi mais intenso, em
termos de crescimento, quando comparado ao CNPAE 183. Ao final do período
experimental (102 DAIT), como efeito da diminuição da taxa transpiratória, as PDH
tiveram um consumo hídrico médio (10,7L) 18% menor do que nas plantas controle
(8,6L), porém, devido ao menor acúmulo de biomassa, a eficiência de uso da água
da biomassa (EUAbiomassa) foi inferior (40%) nas plantas sob déficit hídrico. Todas as
variáveis de crescimento e os teores de clorofila (a e b) e carotenóides foram
afetados primeiramente no genótipo CNPAE 183, com expressivas reduções de
altura, nº de folhas, diâmetro e área foliar, bem como a massa seca foliar, caulinar,
radicular e total e o volume radicular. Observou-se um retardo nos efeitos de DH no
genótipo CNPAE 191, que apresentou maior tolerância ao DH do que o CNPAE 183.
Verificou-se que as trocas gasosas foliares e a eficiência de uso da água da
biomassa foram afetadas pela deficiência hídrica. Com a redução da disponibilidade
hídrica no solo, o consumo hídrico foi reduzido e as eficiências fotossintéticas de uso
da água aumentadas. Observou-se uma maior capacidade do genótipo CNPAE 191
em manter o crescimento sob deficiência hídrica, permitindo assim a conclusão de
que, na fase inicial de crescimento, esse genótipo utiliza estratégias para evitar a
desidratação e manter a sobrevivência.
Palavras-chave: assimilação de carbono, biodiesel, condutividade hidráulica,
eficiência do uso da água, estresse hídrico, pinhão manso.
x
EXTRACT
OLIVEIRA, Priscila Souza de, M.Sc., Universidade Estadual de Santa Cruz, February
2013. Photosynthetic characteristics and water relations in genotypes of
Jatropha curcas submitted to water stress. Advisor: Fabio Gomes Pinto. Coadvisors: Arlicélio Cruz Paiva and Marcelo Schramm Mielke.
Worldwide biodiesel production is on the rise. Researches on oilseeds plants as
source of new and renewable energy have also been in the day‟s agenda. In this
context, Jatropha curcas is an oilseed plant with high production and easy adaptation
to different soil and climatic conditions, which makes it a promise to the Brazilian
semiarid. As water is a limiting resource for biomass production, the aim of this study
was to quantify the consumption and water use efficiency in the initial phase of
development in two genotypes of J. curcas (CNPAE 183 e CNPAE 191) submitted to
water deficit. Plants were grown in pots under greenhouse conditions, and submitted
to two water regimes: Irrigated (substrate matric potential from -33.1 to -13.5 kPa)
and water deficit (substrate matric potential from -49.5 to -409.5 kPa) for 55 days,
followed by 6 days of recovery after stress relief. Significant differences were
observed among genotypes for chloroplastid pigment content, whole plant hydraulic
conductivity (KL) and growth. Only water stress effects were observed for the
remaining variables. At 34 days after treatment initiation (DATI), reduction of net
photosynthetic rate (A), stomatal conductance (gs) and transpiration (E) of 47, 70
and 50%, respectively, compared to control plants, were observed. After 6 days of
rehydration A has achieved recovery, but gs and E still were significantly lower in
water stressed leaves. Stomatal and mesophyll limitation were significantly high in
PDH as compared to PC, at 34 DATI. Due to higher effect of water deficit in gs and E
than in A, intrinsic (A/gs) and instantaneous (A/E) increased 70% and 20%,
respectively. After 50 DATI, significant reduction in leaf water potential (Ψw) and
specific leaf area (SLA) of stressed plants was observed. But as a strategy to avoid
dehydration the relative water content (RWC) at 55 DATI showed a significant
increase in PDH compared to PC. The Ψw, RWC and SLA recovered six days after
rehydration (DAR), suggesting that the plant shows mechanisms for survive periods
xi
of moderate drought. Whole plant hydraulic conductivity (KL) was significantly higher
in CNPAE 191 at 55 DATI. Moreover, significant effect of water deficit (decrease)
was observed only in that genotype. This result shows that there was no relationship
of KL with growth variables since the CNPAE 191 proved to be low in normal
conditions and suffered less with drought stress. At the end of the experimental
period (102 days), as an effect of reduced transpiration rate, the PDH had an
average water consumption, 18% lower than in control plants, although, due to the
lower biomass accumulation, water-use efficiency biomass (WUEbiomass) was lower
(40%) in plants under deficit irrigation. Growth variables and chlorophyll a, b and
carotenoids were affected primarily in genotype CNPAE 183. Height, number of
leaves, diameter at collar and leaf area, as well as leaf, stem, root and total dry mass
were reduced. Although naturally minor, a delay in the effects of WD was observed in
CNPAE 191, in addition to presenting a higher tolerance than CNPAE 183, with more
subtle effects. The results showed that the CNPAE 191 is more sensitive to WD for
KL. However, in relation to pigment content and growth he suffered less than CNPAE
183. The reduction of water availability in the soil proved to be an effective technique
for increasing water use efficiency of photosynthesis.
Keywords:
carbon
Assimilation,
efficiency, water stress, physic nut.
biodiesel,
hydraulic
conductivity,
water-use
1
INTRODUÇÃO
Diversos são os problemas mundiais ligados às fontes geradoras de energia.
Com a possibilidade de escassez e aumento do preço do petróleo, surge à procura
por fontes energéticas que sejam mais limpas e renováveis. A hidroeletricidade,
carvão mineral, cana-de-açúcar, madeira e outras biomassas são exemplos de
fontes renováveis.
A matriz energética mundial é composta por mais de 85% de fontes não
renováveis de energia (EIA, 2009); e o Brasil detém 45% de fontes renováveis em
sua matriz energética, especialmente devido à produção de álcool a partir da canade-açúcar e às hidroelétricas aqui fixadas (BEN, 2012), uma nova energia biológica
começa a ser utilizado, o biodiesel. O biodiesel é um combustível biodegradável
proveniente de fontes renováveis, mais particularmente espécies vegetais ou
derivados e,ou gorduras animais, obtido por meio de alguns processos como o
craqueamento, esterificação ou transesterificação. Sendo possível a utilização deste
puro ou misturado com óleo diesel, derivados de fontes não renováveis, como o
petróleo.
Na primeira década do século XXI visando ampliar as fontes de energia, o
governo lançou o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB),
buscando uma melhoria no sistema social e ambiental, já que poderia agregar valor
a produção do pequeno agricultor e diminuir a liberação de gases poluentes na
atmosfera. O programa preconiza a introdução da agricultura familiar no grupo dos
produtores de plantas oleaginosas e a diversificação de culturas, adequando as
espécies para cada realidade. Entretanto, o cenário atual mostra que mais de 80%
do biodiesel produzido aqui no Brasil é proveniente da soja (ANP, 2012). Isso incita
2
a procura por novas fontes de espécies geradoras de biodiesel, que, principalmente,
não concorram com as culturas alimentícias (POMPELLI et al., 2011).
Jatropha curcas, popularmente conhecida como pinhão manso, pertence à
família EUFORBIACEAE, é uma espécie oleaginosa, bastante promissora para
produção de biodiesel. Caracteriza-se por ser uma espécie tida como tolerante à
seca, mas tem demonstrado respostas bem negativas ao déficit hídrico, apesar de
sobreviver e mostrar boa capacidade de recuperação (FINI et al., 2013; SAPETA et
al., 2013). Possui como uma de suas principais vantagens o seu longo ciclo
produtivo, que pode alcançar 40 anos com uma produtividade média anual de 2 ton
ha-1 (AZEVEDO, 2006), e não compete com culturas alimentares, em relação à
produção de óleo. Suas sementes podem conter de 30 a 35% de óleo na sua
composição (ARRUDA et al., 2004) Entretanto, as plantas oleaginosas produzem
óleo vegetal, que pode ser utilizado para fabricação do biodiesel. Porém, o processo
da produção vegetal requer uma demanda hídrica que pode tornar inviável a
produção de determinadas espécies para esse fim.
A água doce e potável constitui um recurso finito e essencial ao
desenvolvimento da sociedade. A previsão da ONU é que, em 2050, a população
mundial será de, aproximadamente, 12 bilhões de habitantes. Portanto, maior será a
demanda hídrica mundial, diminuindo, assim, a oferta de água, caso não haja uma
gestão eficiente desse recurso. Devido ao fato do Brasil ser um país dotado de um
dos mais importantes recursos hídricos do mundo, muitas vezes é visto
erroneamente, como uma fonte inesgotável, que pode ser explorada de maneira
intermitente, sem que haja a possibilidade de escassez (CORTEZ, 2004).
A produção bioenergética impacta a qualidade e quantidade de água desde a
produção das matérias-primas até a conversão destas em combustíveis. A influência
do impacto depende de variáveis como a região, condições climáticas, cadeia de
fornecimento, tipo da matéria-prima, métodos de produção, eficiência de conversão
e o produto final requerido (UNEP, 2010). Entre as estratégias utilizadas para
redução do consumo de água pelas espécies oleaginosas, pode-se programar e
adequar o cultivo para cada espécie, observando o consumo hídrico necessário para
obtenção do retorno econômico. Diversos autores evidenciam bons resultados com
o emprego da rega deficitária, demonstrando assim que a utilização da irrigação com
base no suprimento de toda a evapotranspiração da cultura muitas vezes não é
3
necessária para aumentar a produção de determinada espécie (FERERES;
SORIANO, 2006).
A deficiência hídrica é um dos fatores limitante da produção vegetal, pois afeta
as relações hídricas nas plantas e ocorre em grandes extensões de áreas cultiváveis
(PASSIOURA, 2007). O déficit hídrico modifica diversos processos fisiológicos das
plantas, geralmente aumentando a resistência estomática ao vapor de água,
reduzindo a transpiração e, consequentemente, o suprimento de CO2 para a
realização do processo de fotossíntese, bem como alterando a produção de ácido
abscísico, abscisão foliar e as características osmóticas das plantas (GOMES;
PRADO, 2007).
Nesse contexto, essa pesquisa visa (1) avaliar o crescimento inicial e a produção
de biomassa em dois genótipos de J. curcas (CNPAE 183 e CNPAE 191) sob déficit
de hídrico; (2) medir a eficiência de uso da água, contabilizando a biomassa
produzida e o consumo de água no período; (3) estimar os efeitos dos tratamentos
sobre as relações hídricas nesses dois genótipos, por meio de medidas de potencial
hídrico foliar, teor relativo de água; (4) e aferir os efeitos do estresse hídrico sobre as
características fotossintéticas desses dois genótipos de J. curcas.
4
REVISÃO DE LITERATURA
1. ENERGIA E BIOENERGIA
O homem conseguiu durante muito tempo, com os recursos disponíveis na
natureza, gerar, transmitir e consumir energia sem alterar o meio ambiente,
seguindo os padrões do sistema vigente. Apesar de passar por alguns momentos de
escassez, como foi o caso da lenha na Idade Média, até a Revolução Industrial, a
sociedade mantinha um consumo moderado de energia. Com a inserção da
máquina a vapor, aumentou a exigência por uma maior oferta energética (SILVA et
al., 2004)
De acordo com Dudley (2012), as reservas mundiais de petróleo totalizavam
1652,6 bilhões de barris e o consumo deste combustível fóssil estimava-se em 88
milhões de barris por dia. Essa informação tem sido o pivô de uma discussão sobre
a escassez das reservas de petróleo, dentro de algumas décadas, caso não sejam
prospectadas novas reservas. Além disso, há possibilidade de que o seu preço se
torne inviável. Nesse contexto é possível que a sociedade vislumbre novas fontes
energéticas, haja vista toda a tecnologia que está sendo aplicada para melhorar a
sua eficiência e uso.
Vários organismos biológicos podem ser aproveitados como fontes de
energia, como Saccharum officinarum, Eucalyptus sp. e Zea mays, dos quais se
extrai o álcool; o biogás, produzido pela biodegradação anaeróbica de materiais
orgânicos; os óleos vegetais (Arachis hypogaea, Glycine max, Elaeais guineensis,
Ricinus communis e Jatropha curcas); lenha e carvão vegetal (RAMOS, 2003).
A primeira experiência de uso de óleos vegetais como fonte de combustível
ocorreu em 1937, quando Rudolf Diesel, inventor do motor à combustão interna,
5
utilizou óleo de amendoim em seus ensaios. Entretanto, devido ao baixo custo e alta
disponibilidade do petróleo nessa época, o diesel passou a ser o combustível mais
utilizado (SILVA et al., 2007). A primeira utilização do biodiesel, de forma comercial,
ocorreu na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial, sendo concedida a primeira
patente a G. Chavanne, em Bruxelas/Bélgica em 1937 (RATHMANN, et al., 2005).
No cenário brasileiro, começaram na década de 40 as primeiras tentativas de
exploração de óleos e gorduras como fontes energéticas (POUSA et al, 2007). Em
meados da década de 70, pesquisadores da Universidade Federal do Ceará –
UFCE, desenvolveram estudos sobre a viabilidade do uso de óleos vegetais como
combustível, o que lhes renderam a primeira patente brasileira sob a produção de
biodiesel e querosene vegetal de aviação (LIMA, 2005).
Com as crises de petróleo, entre as décadas de 70 e 80, o governo federal
criou o PRO-ÓLEO (Plano de Produção de Óleos Vegetais para fins carburantes).
Esse programa defendia o uso de 30% de óleo vegetal ou derivado no óleo diesel e
em longo prazo, substituição total do combustível fóssil. No entanto, com o
barateamento do preço do petróleo, em 1986, este programa foi abandonado (SILVA
et al., 2007). Como consequência, as pesquisas brasileiras envolvendo o biodiesel
foram fortemente diminuídas, mas continuaram a serem desenvolvidas em menor e
scala.
Em 2004, o governo lançou o Programa Nacional de Produção e Uso do
Biodiesel (PNPB), possuindo como seu principal objetivo a garantia da produção do
biocombustível em questão, considerando o desenvolvimento social e a qualidade
ambiental (POUSA et al., 2007). Porém, no cenário atual mais de 80% da energia
consumida no mundo é proveniente dos combustíveis fósseis com apenas 12% de
fontes renováveis (Figura 1). Carvão, petróleo e gás natural, com preços mais
baratos e quantidades superiores, têm se revelado a sustentação de todas as
economias do planeta, a partir da Revolução Industrial (PRADO et al., 2006).
Entretanto, com uma maior demanda por energia surge à necessidade da busca de
um combustível alternativo. Nesse contexto, a biomassa aparece como uma fonte
renovável e promissora para a contribuição no suprimento energético da sociedade
atual. Na busca por fontes de energia baratas, renováveis e menos poluentes
passaram-se a estudar a tecnologia disponível e, com isso, foi possível à utilização
do biodiesel em escala mundial.
6
Figura 1. Matriz energética mundial. Fonte: (EIA, 2009)
O biodiesel traz a possibilidade de que países importadores de petróleo
optem pela agricultura energética, para redução do déficit na balança comercial,
diminuindo as importações do combustível fóssil e/ou exportando biodiesel para
suprir a demanda mundial (LIMA et al., 2008). Em 2010 (figura 2) houve um aumento
na produção mundial do biodiesel, a Alemanha obteve uma produção de 2,6 bilhões
de litros de biodiesel e o Brasil passou a ser o segundo maior produtor mundial com
2,4 bilhões de litros (BIODIESELBR, 2011).
Figura 2. Produção de biodiesel por países em 2010. Fonte: BIODIESELBR (2011).
O mundo passa por uma revolução energética. Para tanto, é necessário
observar alguns princípios básicos como implantação de energias mais limpas,
respeito aos limites naturais da natureza, eliminação gradual de energias poluentes,
7
promoção de equidade e justiça, uso eficiente da energia e desvinculação do
crescimento econômico do uso de combustíveis fósseis. No Brasil as alternativas
são o uso de energia hídrica, eólica, solar e biomassa (GREENPEACE, 2007).
Nesse cenário, a matriz energética brasileira conta com 44,1% das fontes
provenientes de produtos renováveis, isso se deve a energia da biomassa e da
energia hidrelétrica, o que a diferencia da matriz energética mundial (Figura 3).
Figura 3. Matriz energética brasileira. Fonte: (MME/BEN, 2012).
O Brasil possui seu maior consumo energético no setor industrial, seguido do
setor de transportes e em seguida do residencial. Segundo Lucena (2004) o setor de
transportes abrange 75% do consumo de diesel no Brasil, a agricultura 16% e o
setor de geração de energia elétrica responde por 5% do consumo total de diesel.
No Brasil, o maior uso de combustíveis fósseis fica dentro do setor de transporte,
sendo o campeão dos combustíveis, o óleo diesel (MME/BEN, 2012). Em vista disso,
o projeto do PNPB que visa misturar o biodiesel ao diesel convencional, permite uma
maior contribuição deste biocombustível na matriz energética brasileira.
O Brasil introduziu, a partir de 2005, o biodiesel na matriz energética, com as
condições de mercado e a produção regulamentada pela Lei nº 11.097, de 13 de
janeiro de 2005. Desde 2005 o óleo diesel passou a ser comercializado com a
mistura B2 (98% de diesel e 2% de biodiesel) de forma autorizativa, porém entre os
anos de 2008 a 2012 essa mistura passou a ser obrigatória, e a partir de 2013,
tornou-se obrigatória a utilização comercial da mistura B5, ou seja, todo diesel
vendido deve possuir 5% de biodiesel em sua composição (SEBRAE, 2010;
8
BRASIL, 2012). Com essa mistura, esse novo combustível poderá gerar uma
economia, com a diminuição das importações do petróleo.
Além do retorno econômico, o PNPB busca agrupar melhoria no âmbito social
e ambiental, introduzindo a agricultura familiar no rol dos produtores de espécies
oleaginosas. Porém, segundo dados da ANP (2012) aproximadamente 80% da
matéria-prima utilizada na produção de biodiesel ainda é a soja, vinculada à
agricultura patronal e não à agricultura familiar, apenas 15% é originária de gordura
animal e 5% das demais oleaginosas (Figura 4). Com isso, surge a necessidade de
pesquisas e incentivos de outras espécies, preferencialmente que não concorra com
as alimentícias, para a produção de biodiesel. Dentre essas, podemos citar Moringa
oleifera, Ricinus communis, Jatropha molíssima e Jatropha curcas (POMPELLI et al.,
2012).
Figura 4. Evolução das matérias primas utilizadas para a produção do biodiesel.
Fonte: Elaborado pela autora com dados da ANP (2012).
2. Jatropha curcas L.
Jatropha curcas, popularmente conhecido como pinhão-manso, é uma
espécie da família EUFORBIACEAE, a mesma de Ricinus communis, Manihot
esculentae e Hevea brasiliensis, caracteriza-se como uma pequena árvore ou um
grande arbusto que atinge até 5 m de altura (SATO et al., 2009; CARNEIRO et al.,
2009), com uma expectativa de vida de até 50 anos, podendo florescer em várias
zonas climáticas, com precipitação anual entre 250 e 1200mm (ACHTEN et al.,
2008).
9
Em J. curcas as folhas são verdes, brilhantes, alternas, palmadas, com três a
cinco lóbulos e pecioladas. A planta é hermafrodita, apresentando flores masculinas
e femininas na mesma planta. O fruto é capsular ovoide, trilocular, envolto por um
pericarpo, indeiscente, inicialmente verde, passando a amarelo, castanho e, por fim,
preto, quando atinge o estádio de maturação. A maturação é irregular, o que dificulta
o processo de colheita do fruto. As sementes possuem um tegumento resistente,
preto, quebradiço. Debaixo do invólucro da semente existe uma película branca
cobrindo a amêndoa, albúmen abundante, branco, oleaginoso, contendo o embrião
provido de dois largos cotilédones achatados (ARRUDA et al., 2004).
A produção dessa espécie depende do número de árvores por hectare, que
pode variar de 1600 a 2200 plantas. Com um espaçamento mais largo relata-se uma
maior produção de frutos, 794 kg ha-¹ e 318 g planta-¹ (KHEIRA; ATTA, 2009). Achten
et al. (2008) relatam uma produção de 2-3 toneladas de sementes por hectare,
resultados encontrados por Tewari (2007) confirmam essa estimativa. O teor de óleo
nas sementes varia entre os estudos já realizados. Para Pompelli et al.(2010) está
entre 27,5 a 31,4%, Jongschaap et al.(2009) relatam o teor de 35%, King et al.
(2009) mostram um rendimento médio de 38% de óleo nas sementes. Essas
pequenas diferenças podem ocorrer devido às condições ambientais e as variações
genéticas da espécie.
Segundo Achten et al. (2010) a distribuição geográfica dessa espécie vai do
Brasil até as Ilhas Fiji. Entretanto, seu centro de origem ainda não está definido,
pressupondo-se que seja nas regiões do México e América Central. Essa espécie é uma
promessa para o semiárido nordestino, favorecendo regiões desprovidas de
condições edafoclimáticas favorável para o cultivo de outras espécies.
Segundo Sharma et al. (2012), J. curcas possui propriedades importantes,
podendo ser utilizada toda a planta. O látex possui propriedades anticancerígenas,
das raízes pode-se extrair um antídoto para picadas de cobra, o bagaço pode ser
utilizado como fertilizante, o plantio pode melhorar a qualidade de áreas degradadas
e diminuir o problema erosivo. Além disso, é uma espécie com um excelente
potencial para a produção de biodiesel a partir do óleo vegetal extraído de suas
sementes.
Segundo Garcia (2011), uma variedade atóxica de J. curcas foi identificada
pela Embrapa Agroenergia e testada na alimentação de ovinos em substituição ao
farelo de soja. No entanto, esta variedade demonstrou-se pouco produtiva, sendo
10
necessária a realização de processos de melhoramento genético tradicional para o
aumento da produtividade.
O pinhão manso é bem conhecido por se tratar de uma espécie tolerante a
condições adversas, além de crescer em baixas pluviosidades (requerendo apenas
cerca de 200 mm para sobreviver); pode também responder a chuvas fortes (até
1200 mm), especialmente em locais quentes. J. curcas é favorecida por
temperaturas altas, embora também possua uma boa resposta em temperaturas
baixas e pode até mesmo suportar uma leve geada (KHEIRA; ATTA, 2009).
Segundo Wood (2005) J. curcas possui vantagens como cultura por ser um
cultivo perene que cresce rapidamente a partir de estacas e sementes, podendo
alcançar a maturidade econômica dentro de 2 a 3 anos, e mantendo o nível até 30
anos de idade. Esta espécie pode se desenvolver bem com um mínimo de nutrientes
e água, crescendo em ambientes degradados, incluindo desertos ou semidesertos.
Devido a tais características, aliadas ao fato de que o óleo não serve para uso
alimentar, estima-se que nos próximos anos ocorrerá o plantio de 1 a 2 milhões de
hectares ano-¹, atigindo em 2015 cerca de 12,8 milhões de hectares (CONTRAN et
al., 2013). Contudo, essa cultura ainda se encontra em fase de domesticação
(ACHTEN et al., 2010). Estudos são necessários para que não ocorra uma
insatisfação por parte dos produtores, ao obter resultados negativos, pois as
evidências científicas ainda precisam ser testadas para alcançar um cultivo
ambiental e economicamente viável.
3. DEFICIÊNCIA HÍDRICA
Diversos estudos foram realizados no Brasil, e em outros países,
contabilizando o balanço energético de diversas culturas com o objetivo de aumentar
a eficiência energética, minimizando os impactos ambientais que podem ser gerados
pelo uso dos biocombustíveis. Porém, no que tange o balanço hídrico dessas
culturas, muitas vezes passa despercebido à nossa preocupação em relação à onda
de combustíveis verdes que vem se solidificando no país. Sabe-se que a produção
da biomassa energética competirá com as culturas alimentares pela terra e água,
que são recursos cada vez mais problemáticos para a agricultura em diversas
regiões do mundo (FRAITURE et al., 2008).
11
Por ser, a água, um dos principais fatores limitantes da produção vegetal,
sendo responsável por importantes variações na produção de diversas culturas,
ocorre uma busca constante por meio de pesquisadores, extensionistas e produtores
para aumentar a eficiência do uso da água, evitando desperdícios e aumentando os
lucros.
Devido aos altos custos da irrigação e a necessidade de cultivar em
ambientes cada vez mais áridos, torna-se necessária à utilização de cultivares
adaptados à seca. Um mecanismo que faz a planta utilizar água com o máximo de
eficiência é a redução da condutância estomática, diminuindo a taxa transpiratória.
Porém, ao selecionar espécies tolerantes à seca com tais características, essas
manterão a limitação de seu crescimento, devido ao fechamento dos estômatos, que
reduzirá a captação de CO2, composto necessário para reação da fotossíntese
(SAMBATTI; CAYLOR, 2007).
O emprego da rega deficitária vem alcançando resultados relevantes para
algumas espécies como Cocos nucifera (AZEVEDO et al., 2006), Ricinus communis
(BARROS JUNIOR et al., 2008), Citrus latifolia (SAMPAIO et al., 2010).
Demonstrando assim, que a utilização da irrigação, com base no suprimento de toda
a evapotranspiração da cultura, muitas vezes não é necessária para aumentar a
produção de determinada espécie (FERERES; SORIANO, 2006).
Com a aplicação da técnica de rega deficitária, almeja-se aumentar a
eficiência de uso da água (EUA). Para alcançar uma maior EUA, Condon et al.
(2004) citam três formas: (1) aumentando a capacidade de absorção de água, por
meio do lançamento e aprofundamento das raízes; (2) aumentando a eficiência de
transpiração, ou seja, incrementando o ganho de biomassa para cada unidade de
volume de água transpirada e (3) modificando o padrão de alocação de
fotoassimilados em favor das estruturas viáveis economicamente.
Azevedo et al. (2006a) avaliaram a EUA em Cocos nucifera e perceberam
que a evapotranspiração, produção de frutos e a eficiência do uso da água foram
afetados pelo volume da irrigação. A EUA diminuiu com o aumento da lâmina de
irrigação juntamente com todos os parâmetros de produtividade. Barros Junior et al.
(2008) analisando o consumo e EUA para duas cultivares de mamona submetidas a
estresse hídrico (BRS-149 e BRS-188) constataram que ambas as cultivares
mostraram comportamento similar ao das plantas conduzidas sem déficit hídrico,
12
apresentando alta produção de fitomassa, o que indica elevada eficiência na
transformação da água consumida em matéria seca.
Rosadi et al. (2007) estudaram o efeito da rega deficitária para o rendimento
da soja (Glycine max), e percebeu que a deficiência hídrica, na fase vegetativa,
influenciou negativamente a produção dessa espécie, porém ao contabilizar os
custos econômicos da irrigação, a oferta de 80% da evapotranspiração da cultura
não difere da oferta da necessidade total da cultura. Ao avaliar diferentes taxas de
irrigação, Kheira e Atta (2009), mostram que o pinhão manso atinge seus melhores
níveis de produção de óleo com a irrigação baseada na taxa de 100% da
evapotranspiração potencial da cultura (ETp). Os menores teores de óleo nas
sementes foram verificados quando se irrigou com 125% e 50% da ETp (25% e
24,5%, respectivamente). O que indica que, ao chegar a um determinado nível de
irrigação para essa cultura, a produção começa a decair, prejudicando o rendimento
da espécie (MORISON et al., 2007).
Apesar de os resultados mostrarem um atraso no crescimento do pinhão
manso submetidos à deficiência hídrica, Fini et al. (2013) concluíram que J. curcas
podem sobreviver a períodos de seca de intensidade moderada. Entretanto, os
efeitos na rentabilidade econômica desses cultivos ainda são desconhecidos. Os
estudos relacionados às respostas de genótipos, provenientes de diferentes regiões
geográficas e climáticas, à deficiência hídrica ainda estão em fase de experiências
básicas, necessitando de uma maior caracterização dos genótipos encontrados.
Dessa forma, avaliar o crescimento e desenvolvimento de diferentes genótipos
torna-se importante para o sucesso de um programa de melhoramento para esta
oleaginosa.
13
MATERIAL E MÉTODOS
1. MATERIAL VEGETAL E CONDIÇÕES DE CULTIVO
O experimento foi conduzido em casa de vegetação, no Campus da
Universidade Estadual de Santa Cruz, município de Ilhéus, BA (14°47'00" S,
39°02'00" W). De acordo com a classificação climática de Köppen, o clima local é do
tipo Af, com temperaturas médias anuais de 22 a 25°C.
Foram utilizadas sementes de dois genótipos de J. curcas, o CNPAE 183 e o
CNPAE
191,
provenientes
de
Jaíba/MG
e
São
Francisco
de
Assis/RS,
respectivamente (Figura 5). Esses genótipos foram oriundos do banco de
germoplasma da Embrapa Agroenergia/DF (Tabela 1).
Figura 5. Folhas do genótipo CNPAE 191 (à esquerda) e CNPAE 183 (à direita).
Nota-se a diferença morfológica entre os genótipos.
14
Tabela 1. Características dos genótipos de J. curcas.
Genótipos
Produção (g de
sementes /planta)
Peso de 100 sementes
(g)
Origem
CNPAE-183
497
71,1
Jaíba-MG
CNPAE-191
1073
71,2
São Francisco de Assis-RS
Antes da semeadura, as sementes foram limpas e desinfestadas. Para o
processo de limpeza as sementes foram mergulhadas durante 3 min em hipoclorito
de sódio (2%), logo após foi realizada a tríplice lavagem em água destilada
autoclavada. Após esse procedimento, iniciou-se o tratamento das sementes com o
Captan (3,5 mL kg-1 de sementes), conforme recomendação do fabricante.
As sementes de J. curcas foram colocadas para germinar em vasos (seis por
vaso), contendo 65 kg de substrato solo:areia (2:1) de classe textural areia franca,
conforme descrito na análise física do substrato (Tabela 2). Após 41 dias da
germinação, foi realizado o desbaste, deixando apenas uma planta por vaso.
Sucedido o desbaste, os vasos foram cobertos com folhas de papel alumínio a fim
de diminuir a evaporação da água do solo, sendo a água perdida, apenas a da
transpiração foliar. Parte das plantas foi submetida a um tratamento de irrigação
controlada (60% da capacidade de campo -CC) por dois meses, visando imposição
de deficiência hídrica moderada (-13,1 a -33,1 kPa) e a outra parte foi mantida com o
substrato próximo a CC (-49,5 a -409,2). As plantas foram submetidas a deficiência
hídrica por 55 dias, seguida de reidratação por 6 dias. O consumo de água nos dois
tratamentos foi medido por meio de pesagens periódicas dos vasos, utilizando
células de carga CSA/ZL – 100 (MK Controle Instrumentos, Brasil) acopladas a um
coletor automático de dados. Simultaneamente, o potencial mátrico do solo para
cada tratamento foi determinado com o auxílio da curva de retenção de água no
solo.
Tabela 2. Caracterização física do substrato
Areia grossa
64,2
Areia fina
22,4
dag kg-1
Silte Argila
7,8
5,6
Classe textural
Areia Franca
15
Durante o período experimental o controle de pragas foi realizado mediante
duas aplicações do inseticida sistêmico [Dimetoato (0,8 mL L-1)] e, devido à alta
incidência de ácaros, utilizou-se uma aplicação do inseticida acaricida [Avermectina
(0,8 mL L-1)], considerando sempre o período de carência para a realização das
medições de trocas gasosas.
O microclima local foi monitorado por meio de uma miniestação climatológica
composta por um sensor quântico S-LIA- M003. A temperatura e a umidade relativa
do ar foram monitorados utilizando-se sensores microprocessados Hobo H8 Pro
Series (Onset, USA). Os dados foram armazenados por coletores de dados Hobo
Micro Station Data Logger (Onset, USA).
A determinação do teor de água no solo foi realizada, semanalmente, pelo
método gravimétrico, que consiste na secagem de amostras de solo numa estufa a
105 °C por 48 h. Estas amostras foram pesadas antes e depois da secagem, sendo
possível calcular a percentagem de umidade do solo em base seca. Com o valor do
teor de água no solo, determinou-se o potencial mátrico do solo, para cada
tratamento, com o auxílio da curva de retenção de água no solo.
2. TROCAS GASOSAS FOLIARES
2.1 Medições pontuais e curvas de saturação de luz
As trocas gasosas foliares foram avaliadas aos 21, 28, 34, 41, 49, 55 dias
após imposição do tratamento (DAIT) e 6 dias após a reidratação (DAR), em folhas
completamente maduras entre 7 e 12 h, em todos os indivíduos de cada tratamento.
Nessa ocasião, mediu-se a taxa fotossintética líquida, a taxa transpiratória, a
condutância estomática ao vapor de água e a concentração interna de CO2
utilizando um sistema portátil de medição de fotossíntese Li-6400 (IRGA LI-6400, LICOR®, Nebrasca/USA). Durante as medições, a radiação fotossinteticamente ativa
(RFA) e a concentração de CO2 atmosférico foram mantidos constantes sob 1000
μmol fótons m-2 s-1 e, aproximadamente, 380 μmol mol-1.
Com a utilização do mesmo equipamento, equipado com uma fonte de
irradiância artificial 6400-02B RedBlue SI-925, foram construídas curvas de
saturação da fotossíntese pela irradiância por meio da rotina Light curve do software
16
Open 3.4. Para tanto, aos 55 DAIT fizeram-se medições de trocas gasosas, em
diferentes níveis de radiação fotossinteticamente ativa incidente (PARi – 0, 25, 50,
100, 200, 400, 600, 800, 1000, 1500 e 1800 µmol fótons m-2 s-1), iniciando as
sequências sempre em ordem decrescente. As curvas de saturação de luz foram
realizadas entre 8 e 12 h aos 55 DAIT, no pico do estresse. A taxa fotossintética
saturada pela irradiância (Amax), a eficiência quântica aparente (α) e a taxa
respiratória na ausência de luz (Rd) foram estimadas, para cada repetição, por meio
do ajuste de um modelo exponencial descrito por Iqbal et al. (1997):
An = Amax(1-exp(-α (RFA/Amax))) - Rd
Onde, Amax é a taxa fotossintética bruta saturada pela irradiância, da qual se estima
a taxa fotossintética líquida saturada pela irradiância (Anmax = Amax- Rd), α é a
eficiência quântica aparente (μmol CO2 mmol-1 fótons) e Rd é a taxa de respiração
no escuro (μmol CO2 m-2 s-1). A partir de cada equação foi possível estimar a
irradiância de compensação (IC) como sendo o valor de RFA quando An = 0.
Também, estimou-se a irradiância de saturação (IS) como sendo o valor de RFA em
que An = 90% Anmax (QUERO et al., 2006).
2.2 Limitações estomática e mesofílica relativas
A limitação estomática relativa (Ls) e a limitação mesofílica relativa (Lm) da
fotossíntese foram calculadas aos 34 DAIT e aos 3 dias após a reidratação (DAR),
ao medir valores de A sob CO2 ambiente (≈380 μmol mol-1)
e sob uma taxa
constante de CO2 de 800 μmol mol-1, utilizando para isso, o injetor de CO2 do IRGA .
Os valores de Ls foram calculados a partir da fórmula Ls=100 x (A0 – A)/A0, onde A e
A0 correspondem a taxa fotossintética líquida em concentração de CO2 ambiente e
em concentração de CO2 saturante (Ca ≈800 μmol mol-1), respectivamente
(FARQUHAR; SHARKEY, 1982). Os valores de Lm foram estimados a partir da
fórmula Lm=100 x (AC –AS)/AC, onde AC e AS correspondem a taxa fotossintética
líquida determinada em concentração de CO2 saturante das plantas controle e
estressadas, respectivamente (JACOB; LAWLOR, 1991).
17
3. RELAÇÕES HÍDRICAS
3.1 Determinação do potencial hídrico foliar
Folhas opostas às utilizadas para as medições de trocas gasosas foram
usadas para medições do potencial hídrico foliar (Ψw), utilizando uma câmara de
pressão modelo 1000 (PMS Instrument Company, EUA). As mensurações foram
realizadas no período de antemanhã (predawn) entre 2 e 4 h da manhã aos 35, 50 e
55 DAIT e aos 6 DAR.
5.2 Condutividade hidráulica
A determinação da condutividade hidráulica (KL), foi feita no pico do estresse
hídrico (55 DAIT) e aos 6 DAR. Para a estimativa de K L, além do potencial hídrico
antemanhã (Ψw
predawn),
mediram-se a condutância estomática (gs), o déficit de
pressão de vapor entre o ar e a folha (DPV) e o potencial hídrico ao meio dia (Ψw meio
dia).
Os valores de KL foram estimados a partir da fórmula KL = gs x DPV / (Ψw
predawn)
– Ψw meio dia), segundo a metodologia descrita por Hubbard et al. (1999).
5.3 Teor relativo de água (TRA) e área foliar específica (AFE)
O teor relativo de água (TRA) da folha foi avaliado aos 55 DAIT e aos 6 DAR.
As medições foram realizadas entre 6 e 7 h . Para tanto, foram retirados 5 discos em
folhas maduras e imediatamente pesados para a obtenção da massa fresca (Mf),
depois colocados para hidratar no escuro por 12 h, sendo pesados novamente,
obtendo a massa túrgida (Mt). Posteriormente, foram colocadas em estufa de
ventilação forcada de ar a 75°C por 48 h para obter a massa seca (Ms). A partir
dessas variáveis, calculou-se o TRA com base na fórmula: [TRA = ((Mf-Ms)/(MtMs))x100].
Para determinação da área foliar específica (AFE), que relaciona a superfície
da folha com a massa da própria folha, significando a disponibilidade de área foliar
18
em cada grama de folha, utilizou-se a relação entre a área de 5 discos foliares e as
suas respectivas massas secas.
4. EFICIÊNCIAS DE USO DA ÁGUA E CONSUMO HÍDRICO DA PLANTA
Por meio dos dados de trocas gasosas, estimaram-se as eficiências
fotossintéticas de uso da água, a instantânea e a intrínseca, calculadas pela razão
entre A (taxa fotossintética líquida) e E (taxa transpiratória), e pela razão entre A e
gs, respectivamente. Com os dados de biomassa e consumo hídrico, calculou-se a
eficiência de uso da água da biomassa pela razão entre a biomassa seca total da
ultima coleta e a água consumida durante o experimento, avaliada por meio da
reposição diária de água em cada tratamento com base na evapotranspiração.
5. ESTIMATIVA DO TEOR DE PIGMENTOS CLOROPLASTÍDICOS
O teor de pigmentos cloroplastídicos foi determinado semanalmente,
utilizando-se um medidor portátil de clorofilas SPAD modelo 502DL (Konica Minolta,
Japan), em folhas completamente maduras. A partir dos valores de índice SPAD
calculou-se o teor de clorofilas (a e b) e, de carotenóides utilizando as equações
propostas por Araújo et al. (2008) específicas para J. curcas.
6. CRESCIMENTO
A altura, o diâmetro do coleto, o número de folhas e a área foliar foram
avaliados semanalmente. Para a medição da altura utilizou-se fita métrica e para o
diâmetro do coleto utilizou-se um paquímetro digital. Para a determinação da área
foliar, realizou-se medições do comprimento da nervura principal (P) e largura
máxima (L) das folhas e, com estes dados aplicou-se a equação (AF = 0,84(P x
L)0,99) sugerida por Severino et al. (2007).
A determinação do volume e do comprimento das raízes foi realizada ao fim
do experimento. Para mensuração do volume, colocaram-se as raízes em proveta
19
graduada, contendo um volume conhecido de água. Pela diferença de volume
observada na proveta, obteve-se a resposta direta do volume de raízes, pela
equivalência de unidades (1 mL = 1 cm3), segundo metodologia descrita por Basso
(1999). Para medição do comprimento das raízes utilizou-se uma fita métrica.
Ainda, ao final do experimento, as plantas foram coletadas para a
determinação da massa seca, seccionadas em raiz, caule e folhas, e, logo após,
secas em estufa de ventilação forçada de ar (65°C ± 5°), até atingirem massa
constante. A partir da massa seca dos diferentes órgãos, foi determinada a razão
raiz/parte aérea (R/PA), obtida pela razão entre a biomassa seca de raiz e a
biomassa seca do caule e das folhas.
7. DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E ANÁLISE ESTATÍSTICA
O experimento foi conduzido em um delineamento inteiramente casualizado
(DIC), desbalanceado, em esquema fatorial 2 : 2, formado por dois regimes hídricos
e dois genótipos de J. curcas, com seis repetições para cada genótipo sob
deficiência hídrica e cinco quando mantidos sob condição controle.
Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e, quando
indicado, as médias foram comparadas pelo teste F (comparação entre regimes
hídricos e genótipos) a 5% de probabilidade. Análise de regressão foi utilizada para
avaliar as relações entre as variáveis A e Ci, Ci e gs e entre TRA e o Ψw foliar.
20
RESULTADOS E DISCUSSÃO
1. CARACTERIZAÇÃO DO MICROCLIMA
A intensidade da radiação fotossinteticamente ativa (RFA) no interior da casa
de vegetação, acompanhada de 6 às 18 h, durante o período de imposição do
tratamento de 55 dias de imposição de estresse e 6 dias de reidratação, variou entre
8,8 a 20,35 mol de fótons m-2 dia-1, com uma média de 14,22 mol de fótons m-2 dia-1
(Figura 6).
Figura 6. Variação da radiação fotossinteticamente ativa (RFA) acumulada no dia, no
período referente aos 103 dias de experimento em condições de casa de vegetação.
A temperatura média diária do ar variou de 21,9 a 28,4 °C com uma média de
25,2°C, com o erro padrão da média (EPM) de ± 0,2 ºC (Figura 7). Essa pequena
variação, durante o período experimental, permite identificar que não ocorreu
sobreposição de estresses.
21
Figura 7. Variação da temperatura do ar (Tar - °C), no interior da casa de vegetação
durante os 103 dias do período experimental.
Os picos dos valores de umidade relativa do ar foram 57% (mínimo) a 97,9%
(máximo), atingindo valores médios de 76,8%, com erro padrão da média (EPM)
igual ±1,13, ao longo do período avaliado (Figura 8).
Figura 8. Variação da umidade relativa do ar (UR - %), no interior da casa de
vegetação durante o período experimental.
22
2. ÁGUA NO SUBSTRATO
Os valores maiores (menos negativos) foram obtidos no início do tratamento,
quando o substrato ainda estava sendo desidratado. A redução da disponibilidade
de água para as plantas, mantidas em condições de deficiência hídrica (DH) ocorreu
progressivamente, pois não houve supressão da irrigação e sim uma diminuição da
quantidade de água fornecida. Dessa forma a secagem do solo ocorreu lentamente
obtendo uma queda aos 33 DAIT. Ao analisar o período compreendido entre o 33º e
55º DAIT percebeu-se que o tratamento de deficiência hídrica variou entre 5 e 7% e
o controle entre 8,5 e 9,7%; com uma média de 5,7 e 9,2%, respectivamente. Assim,
as plantas sob deficiência hídrica (PDH) foram mantidas a 60% do teor de água das
plantas controle (PC). Após esse período, iniciou-se uma reposição hídrica (RH),
com o objetivo de recuperar as plantas, que durou 6 dias. Com essa reidratação, a
umidade do solo das plantas estressadas alcançou valor bem próximo às plantas
controle, com 9,3 e 9,6% respectivamente (Figura 9).
Figura 9. Teor gravimétrico de umidade no substrato (TA-%) ao longo dos 55 dias de
imposição do estresse hídrico e aos 6 dias de reposição hídrica. Símbolos cheios
indicam o tratamento controle e os símbolos vazios o tratamento de deficiência
hídrica. A seta indica o início da reidratação. Os pontos são valores médios de 4 a 5
repetições.
Da mesma forma do teor gravimétrico de umidade no substrato (TA), o
potencial mátrico (Ψm) do substrato foi calculado entre o 33º e o 55º DAIT com base
na curva retenção de água no solo, variando de -13,1 a -33,1 kPa e de -49,5 a -
23
409,2 kPa nos tratamentos controle e DH, respectivamente. Após 6 dias de RH, o
valor estimado de Ψm das plantas controle foi de -15,2 kPa e as plantas estressadas
alcançaram -18,1 kPa (Figura 10).
Figura 10. Potencial mátrico (Ψm) do substrato ao longo dos 55 dias de imposição do
estresse e aos 6 dias de reposição hídrica. Símbolos cheios indicam o tratamento
controle e os símbolos vazios o tratamento de deficiência hídrica. A seta indica o
início da reidratação. Os pontos são valores médios de 4 a 5 repetições.
3. TROCAS GASOSAS EM NÍVEL FOLIAR
Não houve diferença significativa (p<0,05) entre os acessos CNPAE 183 e
CNPAE 191 de J. curcas para as características de trocas gasosas foliares. Dessa
forma, demonstrou-se graficamente apenas o tratamento de deficiência hídrica, que
afetou negativamente as trocas gasosas foliares. Como não existe processo vital
que não seja afetado, de alguma maneira, pelo declínio do potencial hídrico
(LARCHER, 2000), observou-se efeito significativo da deficiência hídrica para a taxa
fotossintética líquida (A), a condutância estomática ao vapor de água (gs) e a taxa
transpiratória (E) a partir de 34 DAIT.
A taxa fotossintética das plantas controle (20 a 25 µmol CO2 m-2 s-1) foram
superiores às encontradas por Sapeta et al. (2013) e Sousa et al. (2012) em
trabalhos com genótipos originários da Indonésia (clima tropical úmido), Ilha de
Cabo Verde (semiárido) e do Brasil, com valores entre 10 e 12 µmol CO2 m-2 s-1.
Com a aplicação do déficit hídrico a taxa fotossintética líquida das plantas
24
estressadas sofreram uma redução média de 47% em relação às plantas irrigadas,
alcançando a recuperação após 6 dias de reidratação (Figura 11A).
A DH ocasiona uma redução da taxa fotossintética devido ao fechamento
estomático. Com os estômatos fechados, ocorre um impedimento da entrada de CO 2
para o interior foliar, limitando o substrato disponível para a enzima Rubisco,
reduzindo a taxa fotossintética e a assimilação de CO2 (Chaves et al., 2009).
Verma et al. (2012) encontraram resultados semelhantes quando as plantas
foram submetidas a um estresse hídrico de 50% da capacidade de campo (CC).
Entretanto, as condições ambientais (Tar ≈ 20°C) do experimento, diferem das
condições desse estudo. Já Sousa et al. (2012), utilizando o tratamento de 50% da
CC, encontraram
reduções em torno de 70% da fotossíntese em relação ao
controle. Estas diferenças podem ser associadas às condições edafoclimáticas de
cada região, o tamanho do vaso, o déficit de pressão de vapor e temperatura, assim
como o estado nutricional e os fatores genéticos que também podem influenciar as
características fisiológicas da planta.
Após 34 dias de exposição das plantas ao estresse hídrico, gs apresentou
redução de ≈70% em relação ao controle, alcançando valores médios de 0,33 mol
H2O m-2 s-1 para plantas irrigadas e 0,09 mol H2O m-2 s-1 para as estressadas.
Comportamento semelhante ocorreu com E, com uma redução de 50% em relação
ao controle. Após seis dias de reidratação, as plantas obtiveram valor de gs e E
equivalentes aos valores do tratamento controle nas semanas anteriores, entretanto,
ainda houve diferença significativa das estressadas em relação ao controle (Figura
11B e C). Resultados semelhantes mostram que a recuperação da gs e E é mais
lenta que de A, pois essa recuperação está ligada a diminuição da concentração de
ácido abscísico (ABA) foliar, e o tempo necessário para que isso ocorra depende da
espécie vegetal e do grau de estresse (Pompelli et al., 2010). De acordo com
Larcher (2000), em situações de escassez das reservas hídricas do solo, as plantas
tendem a reduzir a transpiração, com diminuição da abertura estomática e do tempo
em que os estômatos permanecem abertos. Com o fechamento dos estômatos, a
condutância estomática e consequentemente a transpiração são reduzidas.
Arcoverde et al. (2011) encontraram reduções significativas de gs e E a partir
do 2º dia de imposição ao déficit hídrico de 50% da CC, divergindo dos resultados
deste trabalho que só alcançou diferença significativa para essas variáveis após 34
dias de imposição de estresse à 70% da CC. Entretanto, resultados semelhantes
25
foram obtidos após a reidratação, pois não houve recuperação das taxas de gs e E
após 4 dias de reidratação, apesar de essas aumentarem para taxas superiores às
do controle nas medições anteriores.
Pompelli et al. (2010) descreveram valores de A menores que 5 µmol CO2 m-2
s-1, quando o teor de água no solo atingiu o nível de 5%. Entretanto, as plantas se
recuperaram em pelo menos 4 dias, atingindo valores de A e gs superiores às
plantas controle, corroborando com os dados aqui apresentados, o que permite
concluir que essas plantas controlaram a desidratação por meio da redução de gs.
Porém, a diminuição de gs é causada pelo fechamento dos estômatos, primeiro
mecanismo que as plantas recorrem em situações de deficiência hídrica no solo.
Entretanto, isso provoca a queda na absorção de CO2 e na interceptação de luz,
reduzindo assim a produtividade vegetal.
26
Figura 11. (A) Taxa fotossintética líquida (A), (B) condutância estomática (gs), (C)
taxa transpiratória (E) de J. curcas durante 55 dias de imposição do tratamento de
deficiência hídrica e 6 dias após reidratação. Plantas controle (símbolos cheios) e
plantas sob déficit hídrico (símbolos vazios). Asterisco (*) indica diferença, pelo teste
F (p<0,05) entre regimes hídricos. As setas indicam o início da reposição hídrica. Os
pontos representam os valores médios de 6 a 10 repetições e as barras indicam o
erro padrão da média.
27
A capacidade fotossintética máxima (Amax) demonstra o desempenho das
plantas em relação à utilização da radiação fotossinteticamente ativa (RFA). Obtémse essa variável por meio de curvas de saturação da fotossíntese pela irradiância,
em que se medem as trocas gasosas em vários níveis de RFA (STRAUSSDEBENEDETTI; BAZZAZ, 1996). Quanto maior for o valor de Amax, maior será o
ganho fotossintético. Nesse caso, a taxa fotossintética máxima (Amax) foi reduzida
em 47%, quando as plantas foram submetidas ao déficit hídrico, indicando um me nor
ganho fotossintético nas plantas estressadas. Resultados semelhantes foram
encontrados por Santana (2012).
Segundo Escalona et al. (1999), α e Amax podem ser afetados por baixos
valores de gs, o que condiz com o trabalho aqui apresentado, que apesar de o alto
fornecimento de RFA para as plantas, essas estavam sob DH, o que ocasionou um
fechamento estomático, mesmo sob altas irradiância, impedindo assim a fixação do
CO2 no interior foliar. Gomes et al. (2008) observaram que Amax foi significativamente
reduzido em Cocos nucifera submetidas ao déficit hídrico, mesmo após um período
de recuperação. Entretanto, alguns processos do metabolismo fotossintético podem
ser prejudicados pelo estresse hídrico, incluindo a taxa de transporte de elétrons e a
eficiência do complexo coletor de luz (LAWLOR; CORNIC, 2002; TEZARA et al.,
2003).
A irradiância de compensação (IC) é o ponto de RFA em que a fotossíntese
fixa a mesma taxa de CO2 liberada pela respiração, refletindo um balanço entre a
fotossíntese e a respiração em função de RFA (TAIZ; ZEIGER, 2004). Valores
reduzidos de Ic devem permitir a obtenção de um balanço positivo de carbono sob
RFA baixas, geralmente isso acontece em associação com menores valores da taxa
respiratória na ausência de luz (Rd).
Os valores de α, Rd e IC não diferiram entre
genótipos e nem entre regimes hídricos.
Houve uma redução significativa na irradiância de saturação (IS) para as
plantas estressadas, ocorrendo diferença entre os genótipos quando sob estresse
(Tabela 3), que pode ser decorrente das limitações à assimilação de CO 2, devido a
deficiência hídrica. Pode-se perceber que as plantas controle obtiveram um Amax de
≈ 30 µmol CO2 m-2 s-1 sob um Is de ≈ 1000 µmol fótons m-2 dia-1, enquanto as
plantas estressadas alcançaram valores de A iguais a 17,2 e 14,1 CO2 m-2 s-1 sob IS
28
de 773 e 612 µmol fótons m-2 dia-1 para os genótipos CNPAE 183 e 191,
respectivamente. Segundo Fukuzawa et al. (2012) a taxa fotossintética máxima de J.
curcas situa-se entre 10 e 25 µmol CO2 m-2 s-1 e IS entre 500 e 1000 µmol fótons m-2
a depender das condições de cultivos e da posição da folha.
Tabela 3: Parâmetros derivados da curva de saturação da fotossíntese em resposta
à irradiância em folhas maduras de J. curcas sob diferentes regimes hídricos, aos 55
dias após a imposição dos tratamentos.
CNPAE 183
Parâmetro
CNPAE 191
Controle
DH
Controle
DH
Amax
29,1±1,7Aa
17,2±2.4Ab
30.2±1,0Aa
14.1±1,6Ab
α
0,065±0,004Aa
0,052±0,004Aa
0.063±0,003Aa
0.055±0,003Aa
Rd
0,97±0.15Aa
0,95±0.10Aa
1.21±0,26Aa
1.14±0,07Aa
IC
15,1±2,8Aa
18,3±1,8Aa
19,5±4,8Aa
21,1±2,3Aa
IS
1053,3±40,4Aa
1140.0±20,8Aa
612.5±39,4Bb
773,3±46,9Ab
-2
-1
Amax – Taxa fotossintética líquida máxima (µmol CO2 m s ) ; α – Eficiência quântica aparente; Rd –
-2
-1
Respiração na ausência de luz; IC – Irradiância de compensação (µmol fótons m dia ); IS –
-2
-1
Irradiância de saturação (µmol fótons m dia ). Letras maiúsculas indicam comparação entre os
genótipos e minúsculas entre regimes hídricos, pelo teste F (p<0,05).
A redução de A está relacionada à diminuição na aquisição de CO2 pelo
fechamento estomático, e as limitações estomáticas pode estar ocorrendo como
indicado pela diminuição na relação Ci/Ca (Figura 12), na mesma época (a partir do
34° DAIT) em que decaíram os valores de gs, A e E. Após seis dias de reidratação,
a relação Ci/Ca se normalizou, confirmando que o déficit hídrico aplicado não
causou danos ao aparato fotossintético, sendo essa redução apenas devido ao
fechamento estomático.
Em coffea canephora , também sob condições de deficiência hídrica, A e gs
diminuíram, significativamente, seguindo a mesma tendência da relação Ci/Ca
(SILVA et al. 2010). Em Vittis vinifera a assimilação de CO2 foi significativamente
limitada devido ao fechamento dos estômatos, à medida que a seca aumentava
durante o período do verão (MAROCO et al., 2002).
29
Figura 12. Razão entre concentrações intercelular e atmosférica de CO 2 (Ci/Ca) em
J. curcas durante 55 dias após a imposição do tratamento (DAIT) e 6 dias após a
reidratação (DAR). Plantas controle (símbolos cheios) e plantas sob déficit hídrico
(símbolos vazios). Asterisco (*) indica diferença, pelo teste F (p<0,05) entre regimes
hídricos. Seta indica o início da reposição hídrica. Os pontos representam os valores
médios de 6 a 10 repetições e as barras indicam o erro padrão da média.
3.1 Limitações estomática e mesofílica relativas
Não houve diferença entre os genótipos tanto para a limitação estomática (Ls)
quanto para a mesofílica (Lm). Aos 34 DAIT, aumentos significativos (p < 0,05) de Ls
foram observados nas plantas estressadas. A limitação mesofílica relativa
apresentou um valor médio de 39%. Apesar de não haver diferenças significativas
(p< 0,05) entre os genótipos, o CNPAE 183 apresentou valores superiores tanto
para Lm quanto para Ls do que o CNPAE 191. Independentemente do genótipo
avaliado, Ls foi mais importante do que Lm (Tabela 4). Isso confirma a hipótese de
que gs é o principal fator de limitação da taxa fotossintética em plantas de J. curcas
sob estresse moderado. Roza (2010) observou que, quanto mais severo o estresse,
maior a importância de Lm nas plantas de J. curcas, sendo que somente nas plantas
cultivadas em solo com Ψm = -167,03 kPa que Lm foi maior do que Ls.
30
Tabela 4. Limitações estomática (Ls) e mesofílica (Lm) relativas, da atividade
fotossintética em genótipos de J. curcas 34 dias após a imposição do déficit hídrico
(DH).
Ls
Lm
CNPAE 183
CNPAE 191
CNPAE 183 CNPAE 191
C
DH
C
DH
40,7 (3,3)
51,2 (2,4)
35,0 (0,8)
45,3 (2,4)
43,6 (1,8)
34,2 (5,6)
Ab
Aa
Ab
Aa
A
A
Letras maiúsculas indicam comparação entre genótipos e minúsculas entre regimes hídricos pelo
teste F (p < 0,05). Os valores representam médias de 4-6 repetições e o erro padrão da média entre
parênteses.
Observou-se aos três DAR que a Ls foi menor do que aos 34 DAIT, porém,
ainda apresentou diferenças entre os regimes hídricos, sendo a maior
Ls nas
plantas submetidas a deficiência hídrica (PDH). Lm teve uma diminuição no seu
valor, no entanto, houve uma diferença entre os genótipos. Verificou-se que CNPAE
183 teve uma menor Lm após a reidratação do que o CNPAE 191, entretanto,
menos expressiva do que a Ls (Tabela 5). Aos três DAR também não houve
recuperação total da taxa fotossintética.
Tabela 5. Limitações estomática (Ls) e mesofílica (Lm) relativas, da atividade
fotossintética em genótipos de J. curcas após três dias de reidratação após o déficit
hídrico.
Ls
C
CNPAE 183
DH
25,5 (1,4)
Ab
33,6 (1,3)
Aa
C
CNPAE 191
DH
27,1 (0,9)
Ab
30,7 (1,0)
Aa
Lm
CNPAE 183 CNPAE 191
12,9 (0,7)
B
19,1 (0,6)
A
Letras maiúsculas indicam comparação entre genótipos e minúsculas entre regimes hídricos pelo
teste F (p < 0,05). Os valores representam médias de 4-6 repetições e o erro padrão da média entre
parênteses.
A diminuição de A está diretamente relacionada ao aumento de Ls nas
plantas estressadas. Quando Ci segue a mesma tendência que gs, ou seja, aumenta
com o seu incremento, Ls é o principal fator da limitação da fotossíntese, uma vez
que a maior abertura estomática favorece uma maior difusão de CO 2 para câmara
subestomática (Figura 13). Entretanto, quando Ci aumenta com o decréscimo de gs,
a redução de A indica que essa limitação não se deve apenas a fatores estomáticos,
pois a planta não está consumindo o CO2 absorvido, indicando uma diminuição na
31
eficiência de carboxilação (FARQUHAR; SHARKEY, 1982; NASCIMENTO, 2009;
ROZA, 2010).
Roza (2010) relatou que o método aqui utilizado para o cálculo de Lm e Ls
não permite discriminar exatamente os componentes bioquímicos ou difusivos da
limitação não estomática. No entanto, segundo DaMatta et al. (2000), essa redução
pode ter como causa fundamental o comprometimento da regeneração da ribulose1,5 bisfosfato e o decréscimo na atividade da enzima de carboxilação, a Rubisco. A
quantidade de Rubisco presente nos cloroplastos expressa a capacidade
fotossintética das plantas (BJÖRKMAN, 1981), logo, se essa for afetada, ocorrerá
uma diminuição da taxa fotossintética. Nas condições apresentadas nesse
experimento, não há indícios de danos bioquímicos, assim como relatado por Fini et
al. (2013), em diferentes genótipos de J. curcas cultivados sob estresse hídrico. Em
ambos os experimentos, observou-se a recuperação da taxa fotossintética após um
período de reidratação das plantas.
Além do fechamento estomático, Ls também reúne os danos fotoquímicos
como a menor eficiência de utilização de energia no interior dos tilacóides. Segundo
Sapeta et al. (2013), embora o fechamento estomático seja um mecanismo rápido
que reduz a perda de água nessa espécie, o aumento da resistência de difusão de
CO2 para o mesofilo e a eficiência de carboxilação só são afetados depois de uma
redução de gs de aproximadamente 50%, o que ocorreu também no presente
estudo.
Figura 13. Concentração intercelular de CO2 (Ci) em função da condutância
estomática ao vapor de água (gs) em plantas jovens de J. curcas, submetidas a
diferentes regimes hídricos. Os pontos são valores medidos em cada repetição.
32
Como Ls (45-51%), nesse estudo, foi maior que Lm (32-43%), devido a uma
relação linear entre A e Ci (Figura 14), pôde-se, então, observar que Ls tem uma
maior expressividade em A nas PDH, pois quanto maior o valor de Ci, maior a
fotossíntese, o que indica que gs é o principal fator limitante, pois chegando CO2 nas
células do mesofilo o aparato fotossintético está pronto para realização da
fotossíntese. Resultados semelhantes foram encontrados por Rocha (1994), onde,
após a reidratação, as plantas recuperaram suas atividades fotossintéticas.
Figura 14. Relação da taxa fotossintética líquida (A) com a concentração interna de
CO2 (Ci) em plantas de J. curcas.
4. RELAÇÕES HÍDRICAS
Ainda que J. curcas seja adaptada à condições de semiaridez, é indiscutível
que com uma maior quantidade de água disponível a espécie terá uma maior
produtividade. Informações sobre as suas exigências hídricas ainda são escassas,
principalmente devido à falta de informações pertinentes aos diferentes genótipos
encontrados. Diante das características que englobam as relações hídricas nas
plantas, o Ψw foliar pode ser considerado como um parâmetro para indicar o status
hídrico das culturas.
O Ψw antemanhã é considerado um indicativo do estado hídrico das plantas
(TAIZ; ZEIGER, 2009), pois Ψw acompanha as variações da demanda evaporativa
33
da atmosfera, alcançando o seu valor máximo nesse horário e as plantas o seu
maior momento de turgescência. De acordo com Nogueira et al. (2006), torna-se
difícil a compreensão do efeito do déficit hídrico sobre as plantas, devido ao fato de
que as plantas respondem por meio de vários mecanismos de defesa, entre esses
pode-se citar, a capacidade de redução de Ψw.
As medições de Ψw foliar foram realizadas aos 35, 50 e 55 DAIT e também
aos 6 DAR. Como não houve diferença significativa entre os genótipos, analisou-se
apenas os tratamentos de deficiência hídrica. Aos 50 DAIT foi possível observar uma
diferença significativa (p < 0,05) entre os tratamentos de regimes hídricos,
mostrando o efeito da desidratação foliar (Figura 15). Porém, mesmo com a
continuidade do estresse, Ψw não diminuiu mais, pois, com o fechamento
estomático, ocorreu uma diminuição da perda de água pela folha. Esses dados
comprovam os expostos por Fini et al. (2013). Esses autores, após reidratarem as
plantas de J. curcas, também observaram que Ψw das plantas submetidas ao déficit
hídrico igualou as do controle assim como no presente trabalho.
O fechamento estomático respondeu mais rapidamente à variação de água no
solo (41 DAIT) do que a variação de Ψw foliar (50 DAIT), visto que gs foi reduzida
significativamente aos 34 DAIT (Figura 11B). Esses resultados foram semelhantes
aos encontrados por Machado e Sassaki (1999) ao compararem os efeitos da
deficiência hídrica sobre as trocas gasosas e o potencial da água na folha em
Triticum sp. .
Figura 15. Valores de potencial hídrico foliar antemanhã (Ψw) medidos ao longo da
imposição do tratamento (DAIT) e após a reidratação (DAR). O Ψw foi determinado
com a câmara de pressão. Plantas controle (símbolos cheios) e plantas sob déficit
hídrico (símbolos vazios). A seta indica o início da reposição hídrica. Os pontos são
valores médios (n = 3). *Significativo pelo teste F (p<0,05).
34
Silva et al. (2010b) impondo um déficit hídrico sobre plantas de J. curcas
observaram uma redução do potencial hídrico das plantas estressadas em relação
ao controle, porém o teor relativo de água não foi afetado pelo estresse hídrico.
Relacionando o TRA com diferentes potenciais mátrico pode-se perceber que há
uma redução inicial no TRA para esta espécie quando o potencial mátrico está entre
0 e -100 kPa. Após essa faixa o TRA não diminui mesmo com reduções drásticas do
Ψm (Figura 16).
Figura 16. Teor relativo de água (TRA) em função do potencial mátrico do substrato.
Para TRA nas folhas não houve diferença entre os genótipos escolhidos, no
entanto, aos 55 DAIT, houve diferença significativa (p<0,05) entre o tratamento de
déficit hídrico e o controle, com um aumento de TRA das plantas estressadas. Após
o fim do período de reidratação (6 DAR), as plantas não apresentaram diferenças
entre os tratamentos (Figura 17). Esses resultados mostram que a conservação do
teor de água nos tecidos vegetais pode ser considerada uma estratégia dessa
espécie para suportar períodos de deficiência hídrica no solo. Resultados obtidos
por Sapeta et al. (2013) se assemelham aos encontrados com um aumento no TRA
no pico do estresse hídrico e a recuperação após 7 dias de reidratação. Segundo
Silva et al. (2011) o mecanismo de ajustamento osmótico é o responsável pela
manutenção de um alto TRA nos tecidos de J. curcas.
O fechamento dos estômatos nas plantas estressadas e uma continuidade da
abertura nas plantas controle também pode explicar uma redução de TRA em
35
relação às submetidas à deficiência hídrica. Escalona et al. (2013) revela que a
abertura estomática significativa persiste durante a noite em Vittis vinifera irrigadas,
levando a perda substancias de água por transpiração. Essas perdas de água foram
significativamente reduzidas sob estresse hídrico. Ainda que não tenha ocorrido a
confirmação dessa hipótese no presente trabalho, os discos foliares para a
determinação do TRA foram coletados no início da manhã, obtendo assim, o maior
conteúdo de água nas plantas de J. curcas estressadas.
Cavatte et al. (2008) consideram a capacidade de manutenção da hidratação
celular como uma característica
associada aos genótipos mais tolerantes
à
restrição hídrica, quando comparados aos genótipos sensíveis à seca. A
manutenção da hidratação foliar é importante, pois evita a morte das plantas e
garante pronta recuperação. Entretanto, o fechamento estomático reduz bastante à
assimilação de carbono e o crescimento, o que pode não ser interessante.
Figura 17. Teor relativo de água (TRA) medido no pico do estresse, aos 55 dias
após imposição do tratamento (DAIT) e aos seis dias após a reidratação (DAR).
Plantas controle (barras pretas) e plantas sob déficit hídrico (barras cinza). Letras
indicam comparação entre regimes hídricos, pelo teste F (p<0,05). Os pontos
representam os valores médios de 6 repetições e as barras indicam o erro padrão da
média.
A área foliar específica (AFE) seguiu a mesma tendência de TRA, não
ocorrendo diferença significativa (p<0,05) entre genótipos, porém com diferença
significativa (p<0,05) entre os tratamentos de regimes hídricos aos 55 DAIT e
recuperando aos 6 DAR (Figura 18). A redução de AFE das plantas estressadas foi
36
de 20% em relação ao controle. Essa redução pode ser devida a diminuição da
expansão foliar ocasionada pelo estresse. Entretanto, após a reidratação, as plantas
começaram a expandir suas folhas, reduzindo a espessura foliar, diminuindo a
massa seca por unidade de área, o que explica a semelhança da AFE do controle e
da seca após 6 DAR.
Liu e Stutzel (2004), trabalhando com quatro genótipos de Amaranthus spp.,
perceberam que com a continuidade do estresse hídrico, por meio do corte de
irrigação, ocorreu redução de AFE e após 7 dias de reidratação essas plantas se
recuperaram. A redução de AFE nas plantas estressadas pode ser um mecanismo
utilizado para melhorar a EUA (CRAUFURD et al., 1999), pois com o aumento da
espessura foliar, ocorre um incremento da densidade de clorofila e proteínas e um
maior espaço intercelular que aumentam a capacidade fotossintética das plantas
submetidas à deficiência hídrica. Resultados divergentes foram encontrados por
Maes et al. (2009), trabalhando com estresse hídrico severo e moderado, que não
encontraram diferenças significativas para AFE após 114 dias de tratamento sob as
duas intensidades de regimes hídricos. Días-López et al. (2012), após 4 semanas
de imposição de estresse hídrico em plantas de J. curcas, também não observaram
aumento de AFE, quando as plantas foram submetidas a irrigações de 75, 50 e 25%
da capacidade de campo, entretanto, um aumento de AFE foi detectado nas plantas
em que houve uma supressão da água fornecida (0% CC).
Figura 18. Área foliar específica (AFE) de J. curcas após 55 dias de imposição do
tratamento de deficiência hídrica (DAIT)e aos seis dias após a reidratação (DAR).
Plantas controle (barras pretas) e plantas sob déficit hídrico (barras cinzas). Letras
minúsculas indicam comparação entre regimes hídricos pelo teste F (p<0,05). Os
pontos representam os valores médios de 3 repetições e as barras indicam o erro
padrão da média.
37
Aos 55 DAIT a condutividade hidráulica apresentou interação entre os
tratamentos, ocorrendo diferença entre os genótipos dentro do controle, com o
genótipo CNPAE 191 exibindo maior valor. Entretanto, quando submetidos ao
estresse hídrico, esse mesmo genótipo apresentou uma redução significativa
(p<0,05) de 40% para o tratamento de deficiência hídrica com relação ao controle.
Aos seis DAR não houve diferenças significativas entre genótipos e regimes hídricos
(Tabela 6). Observando os demais resultados, pode-se atentar que mesmo com uma
menor KL, o CNPAE 191 demorou mais para demonstrar o efeito da seca nas suas
características biométricas.
A capacidade das plantas em manter KL sob condições de estresse hídrico é
um fator central dos padrões de distribuição das espécies (ENGELBRECHT et al.,
2007). Blackman et al. (2010) relatam que o incremento de uma tensão física no
xilema, causada pela diminuição de ΨW pode expor o caminho hidráulico das raízes
para as folhas comprometendo assim a capacidade de transporte de água pelas
plantas. Essa tensão pode ser resultante da cavitação resultantes das bolhas de ar
que entram na coluna de água através dos espações entre as membranas
(ZIMMERMANN, 1983; TYREE; SPERRY, 1989) bem como pode ser uma
consequência da implosão da parede do xilema e colapso celular (COCHARD et al.,
2004;. BRODRIBB; HOLBROOK, 2005). Como a fotossíntese e o crescimento
vegetal depende do fornecimento de água, com uma diminuição desse fornecimento
essas características são comprometidas.
Tabela 6. Condutividade hidráulica (KL - mol H2O MPa-1 m-2 s-1) em genótipos de J.
curcas (CNPAE 183 e 191) sob irrigação (Controle) e deficiência hídrica (Seca) após
55 dias de imposição do tratamento (DAIT) e seis dias após reidratação (DAR).
55 DAIT
CNPAE 183
CNPAE 191
Controle 1,32(0,21)Aa 2,21(0,23)Ba
Seca
1,54(0,22)Aa 1,33(0,26)Ab
06 DAR
CNPAE 183
CNPAE 191
0,94(0,00)Aa 1,05(0,14)Aa
0,78(0,06)Aa 0,98(0,16)Aa
Os valores são médias de 3 repetições e os valores entre parênteses representam o erro padrão da
média. Letras maiúsculas indicam comparação entre genótipos e minúsculas entre regimes hídricos
pelo teste F (p<0,05).
38
5. CONSUMO HÍDRICO E EFICIÊNCIAS DO USO DA ÁGUA
Não houve diferença entre os genótipos para o consumo hídrico da espécie,
entretanto, a menor oferta de água provocou uma redução no consumo hídrico das
plantas (Figura 18A) e, consequentemente, a produção de biomassa. Houve uma
economia de água de 20% e 15% para os genótipos CNPAE 183 e 191,
respectivamente. Com isso, verificou-se, significativamente (p<0,05), uma menor
EUA da biomassa para as plantas estressadas, o que confirma que, apesar de
suportar períodos com restrição hídrica, ocorre um retardo no crescimento vegetal
(Figura 18B). Apesar de esse efeito negativo, é importante ressaltar que a redução
da EUA da biomassa está relacionada com a produção da planta, portanto é
necessário estudos que relacionem os efeitos dessa redução na produção de óleos
e frutos, por meio de experimentos a longo prazo (SANTANA, 2012).
Barros Júnior et al. (2008) mostraram que o incremento no fornecimento de
água para Ricinus communis promoveu um aumento de EUA, mostrando que as
plantas apresentaram maior capacidade de reverter o volume de água consumido
em produção de matéria seca, sempre que o conteúdo de água no solo foi
aumentado.
Figura 18. Consumo hídrico total (A) e eficiência de uso da água da biomassa (B)
contabilizado ao fim do período experimental. Plantas controle (barras pretas) e
plantas sob déficit hídrico (barras cinza). Letras maiúsculas indicam comparação
entre genótipos e letras minúsculas indicam comparação entre regimes hídricos pelo
teste F (p<0,05). As colunas representam os valores médios de 3 repetições e as
barras indicam o erro padrão da média.
39
Assim como nas características relacionadas às trocas gasosas foliares (A, gs
e E), não houve diferenças significativas (p<0,05) entre os genótipos para as
eficiências intrínseca (A/gs) e instantânea (A/E) do uso da água, ocorrendo
diferenças significativas (p<0,05) a partir do 34º DAIT entre os regimes hídricos
(p<0,05). A/gs e A/E apresentaram um comportamento diferente da EUA da
biomassa, alcançando maiores valores nas plantas estressadas em relação ao
controle (Figura 19A e B). No tratamento controle, A/gs variou entre 68 e 108 μmol
CO2 mol-1 H2O, enquanto no tratamento DH a variação foi de 84 a 132 μmol CO 2
mol-1 H2O, com acréscimo de 93% aos 55 DAIT, mantendo uma média de aumento
de aproximadamente 70% em relação ao controle. Ao mesmo tempo, A/E teve um
acréscimo de 20% nas plantas estressadas com valores entre 7,7 e 8,4 μmol CO2
mmol-1 H2O em relação ao controle (6,1 - 7,5 μmol CO2 mmol-1 H2O).
Levitt (1980) afirma que as espécies submetidas a deficiência hídrica severa,
que diminuem ligeiramente gs, podem ser consideradas preventivas e àquelas que
mantêm a abertura estomática, são tidas como tolerantes à seca. Liu et al. (2006)
encontraram resultados semelhantes a este estudo com Solanum tuberosum, em
que a aplicação de técnicas de irrigação deficitária ocasionou um aumento de A/gs.
Após 27 dias sob irrigação deficitária (75% CC) J. curcas apresentou maior A/gs nas
plantas submetidas a DH (DÍAS-LOPEZ et al., 2012).
Após 6 dias de reidratação as plantas estressadas igualaram-se às controle, o
que mostra mais uma vez, que as plantas diminuíram gs e E para evitar a
desidratação quando da escassez de água. A partir do momento em que iniciou-se
uma maior oferta hídrica, as plantas se recuperaram e, por isso, diminuíram A/gs e
A/E. Resultados semelhantes foram encontrados por Fini et al. (2013), onde a
supressão da irrigação ocasionou um ganho e A/E, e após 12 dias de reidratação as
plantas se recuperaram; mostrando que essa espécie utiliza mecanismos de defesa,
quando submetida à deficiência hídrica, para sobreviver nesse período de escassez
de água, retomando suas atividades normais com o fornecimento hídrico.
40
Figura 19. (A) Eficiência intrínseca (A/gs) e (B) instantânea (A/E) de uso da água em
plantas de J. curcas sob tratamento controle (símbolos cheios) e déficit de irrigação
(símbolos vazios). Os pontos representam valores médios de 12 a 15 repetições e
as barras são o erro padrão da média. Asteriscos indicam diferença significativa
entre os regimes hídricos (Teste F, p<0,05).As setas indicam o início da reposição
hídrica.
6. TEOR DE PIGMENTOS CLOROPLASTÍDICOS
Observou-se diferença significativa (p<0,05) entre os genótipos para o teor de
pigmentos cloroplastídicos (Clorofila a, b e carotenóides), com o genótipo CNPAE
183 apresentando maiores valores em relação ao CNPAE 191. Ocorreu, também,
diferença significativa (p<0,05) entre os regimes hídricos. O genótipo CNPAE 183
aos 42 DAIT apresentou aumento na concentração desses pigmentos nas plantas
41
estressadas, enquanto o CNPAE 191 só mostrou diferença significativa a partir do
50 DAIT. Houve, aos 55 DAIT, um acréscimo médio no teor de clorofila a e b de 28 e
36%; enquanto para os carotenóides o aumento foi de 17 e 22% para o genótipo
CNPAE 183 e 191, respectivamente (Figuras 20 e 21). Pompelli et al. (2010)
verificou que, em plantas de J. curcas, mantidas sem irrigação por dezoito dias, os
teores dos pigmentos cloroplastídicos foram reduzidos. Em estresses severos, o teor
de clorofila tende a diminuir devido à degradação da mesma. Contrariamente a essa
redução, Santana (2012) constatou que não houve diferenças entre o teor de
clorofilas e de carotenóides em J. curcas cultivadas sob estresse moderado (Ψm
entre -9,1 e -33,5 kPa), embora apresentaram acréscimos de 19 e 12% nas PDH,
respectivamente. Sapeta et al. (2013) observaram um acréscimo não significativo
nos teores de clorofila a e b para dois genótipos de J. curcas, assim como uma
redução significativa na razão clorofila a/b. Pompelli et al. (2010) também
observaram uma redução da razão de clorofila a/b para J. curcas, embora
acompanhada por uma diminuição do teor de clorofila, especialmente da clorofila a.
Assim como no trabalho de Sapeta et al. (2013), após a reidratação, a razão
clorofila a/b se normalizou, alcançando valores próximos ao controle, verificando,
assim, que a redução dessa razão é uma resposta específica a condição de
deficiência hídrica.
42
Figura 20. Clorofila a, b e carotenóides do genótipo CNPAE 183 de Jatropha curcas
durante 55 dias de imposição do tratamento de estresse hídrico e 6 dias após
reidratação. Plantas controle (símbolos cheios) e plantas sob déficit hídrico
(símbolos vazios). Asterisco (*) indica diferença, pelo teste F (p<0,05) entre regimes
hídricos. Os pontos representam os valores médios de 3 a 6 repetições e as barras
indicam o erro padrão da média. As setas indicam o início da reposição hídrica.
43
Figura 21. Clorofila a, b e carotenóides do genótipo CNPAE 191 de Jatropha curcas
durante 55 dias de imposição do tratamento de estresse hídrico e 6 dias após
reidratação. Plantas controle (símbolos cheios) e plantas sob déficit hídrico
(símbolos vazios). Asterisco (*) indica diferença, pelo teste F (p<0,05) entre regimes
hídricos. Os pontos representam os valores médios de 3 a 6 repetições e as barras
indicam o erro padrão da média. As setas indicam o início da reposição hídrica.
7. VARIÁVEIS DE CRESCIMENTO
Para as variáveis de crescimento consideramos um total de 61 dias após
início de tratamento, visto que em seis dias de reidratação não afetaria
significativamente a morfologia vegetal. Houve diferença entre genótipos e regimes
hídricos para as variáveis altura, nº de folhas e área foliar, porém, o diâmetro só
diferiu significativamente para o tratamento de deficiência hídrica. O genótipo
CNPAE 191 obteve um menor crescimento em relação ao CNPAE 183.
44
O déficit hídrico provoca efeitos negativos sobre a expansão celular e
fotossíntese, o que ocasiona uma redução no crescimento vegetal (ZHU, 2002).
Entretanto, o retardo no crescimento é considerado como um mecanismo de
aclimatação para a sobrevivência da planta.
Aos 61 DAIT o CNPAE 183 e o CNPAE 191 apresentaram 85 e 69 cm de
altura, respectivamente. Apesar de um menor crescimento do CNPAE 191, pode-se
observar que houve um retardo do efeito da deficiência hídrica em relação ao
CNPAE 183, pois o CNPAE 191 só apresentou redução em altura de ≈10%,
significativa (p<0,05) no 61 DAIT, enquanto o CNPAE 183 começou aos 41 DAIT,
com reduções média de ≈20%, alcançando uma redução de 30% aos 54 DAIT
(Figura 22).
Apesar de J. curcas ser uma cultura perene, a altura e o diâmetro não
exercem influência direta para essa espécie, quando comparada a outras de
importância madeireira. Dessa forma, pode-se até acreditar que uma menor altura
torna mais fácil o manejo agronômico, principalmente durante a colheita dessa
espécie, que geralmente, é manual. O diâmetro apresentou uma redução
significativa (p<0,05), de aproximadamente 10%, entre os regimes hídricos a partir
do 41 DAIT para CNPAE 183 e do 47 DAIT para o CNPAE 191 e só houve redução
(24%) do número de folhas para o genótipo CNPAE 183, acontecendo a partir do 54
DAIT. Achten et al. (2010) encontraram reduções significativas na altura e no
diâmetro de plantas de J. curcas submetidas a um déficit hídrico, considerado
moderado pelo autor (40% da CC) por 42 dias, em torno de 20% e 10%,
respectivamente.
45
Figura 22. Altura, diâmetro e número de folhas de plantas jovens de J. curcas,
genótipos CNPAE 183 e CNPAE 191, submetidas a 55 dias de estresse hídrico e 6
dias de reidratação. Tratamento controle (símbolos cheios) e déficit de irrigação
(símbolos vazios). Asterisco (*) indica diferença, pelo teste F (p<0,05) entre regimes
hídricos. Valores médios de 4 a 5 repetições (n = 4-5).
46
Drummond et al. (2008) alcançaram diminuições de crescimento, próximas às
encontradas nesse estudo, com uma redução média de 30% na altura de plantas de
J. curcas de 12 meses de idade, cultivadas em área experimental de Petrolina-PE,
sem irrigação (1,6 m) e com irrigação por gotejamento (2,2 m). Sapeta et al. (2013)
encontraram reduções significativas na altura e no número de folhas a partir do 7º
dia da imposição do estresse hídrico severo. Fini et al. (2013) encontraram reduções
de aproximadamente 50% no número de folhas para genótipos provenientes do
Brasil e Tanzânia e de 90% para o genótipo do Suriname, após 18 dias de
supressão da irrigação. No presente estudo, o menor número de folhas nas PDH do
genótipo CNPAE 183 pode ser devido à menor taxa de emissão de novas folhas.
As plantas recorrem a diversos mecanismos para evitar a desidratação dos
seus tecidos quando submetidas à escassez de água. Dentre esses a redução da
área foliar (AF). Das características morfológicas, a diminuição da área foliar pode
ser considerada como a primeira reação das plantas em relação ao déficit hídrico
(TAIZ; ZEIGER, 2009). As plantas utilizam esse mecanismo a fim de diminuir a
superfície transpirantória e de manter os tecidos necessários a sua sobrevivência
durante o período de escassez de água. Entretanto, esse mecanismo pode
ocasionar perdas na produtividade, já que com uma área foliar reduzida há uma
queda na interceptação luminosa, diminuindo assim a capacidade fotossintética.
As plantas dos genótipos CNPAE 183 diferenciou significativamente (p<0,05)
do CNPAE 191 sob condições normais para a variável AF com uma área foliar de
6700 cm² e 4500 cm², respectivamente. Entretanto, em condições de estresse
hídrico o CNPAE 183 apresentou primeiro, aos 41 DAIT, e com maior intensidade o
efeito da escassez de água, com redução de 40% em relação ao controle; enquanto
a diferença significativa (p<0,05) entre os regimes hídricos para o CNPAE 191 só
começou aos 47 DAIT, com uma redução de 25% da sua AF (Figura 23).
Maes et al. (2009), submetendo J. curcas a restrição hídrica (40% CC),
verificaram reduções
na área foliar de aproximadamente 57% em relação ao
controle. Verma et al. (2012), após 50 dias de aplicação do tratamento de deficiência
hídrica, encontraram reduções de 11 e 55% da área foliar de plantas de Jatropha
curcas à 75 e 25% da capacidade de campo, respectivamente.
47
CNPAE 183
Figura 23. Área foliar de genótipos (CNPAE 183 e CNPAE 191) de J. curcas
submetidos a 55 dias de estresse hídrico e 6 dias de reidratação. Tratamento
controle (símbolos cheios) e déficit de irrigação (símbolos vazios). Asterisco (*) indica
diferença, pelo teste F (p<0,05) entre regimes hídricos. Valores médios de 4 a 5
repetições (n = 4-5).
Analisando a massa seca (MS), constatou-se diferença para a massa seca
caulinar (MSC), para genótipo, porém isso só aconteceu na condição de cultivo sem
estresse, verificando respostas semelhantes nos genótipos dentro da condição de
estresse hídrico. O tratamento de deficiência hídrica ocasionou reduções na massa
seca foliar (MSF) e total (MST) para os dois genótipos e na massa seca de raiz
(MSR) e MSC apenas para o CNPAE 183. A similaridade da MSR entre o controle e
as plantas estressadas para o CNPAE 191 explica o menor efeito do estresse
hídrico sobre as características biométricas (altura, diâmetro, nº de folhas e área
foliar), sendo esse um bom indicativo de tolerância à seca (Figura 24).
A produção da massa seca, ao fim do experimento, foi comprometida nas
PDH para o CNPAE 183. Observou-se, neste genótipo, reduções de 29, 50, 78 e
55% em MSR, MSC, MSF e MST, respectivamente, ao passo que para o CNPAE
191 houve reduções de 70% para MSF e de 49% para MST, quando comparadas às
plantas controle.
Não houve redução de MSR no genótipo CNPAE 191, aliado à redução da
MSF nas plantas de J. curcas sob déficit hídrico, além de uma manutenção do
volume e uma expansão no crescimento radicular. Isso se torna uma qualidade
interessante para o melhoramento genético, pois permite o aumento do uso efetivo
48
da água (UEA), que influencia na tolerância da planta ao estresse e evita a redução
da produtividade (BLUM, 2009).
A
C
B
D
Figura 24. Massa seca de raiz (MSR) [A], caule (MSC) [B], folhas (MSF) [C] e total
(MST) [D] de plantas de J. curcas hidratadas (colunas pretas) e sob deficiência
hídrico no solo (colunas cinza). As colunas são médias (n = 4-5) e as barras o erro
padrão da média. Letras maiúsculas indicam comparação entre genótipos e letras
minúsculas entre regimes hídricos pelo teste F (p<0,05).
Suassuna et al. (2012), trabalhando com citros, perceberam que há um
aumento na massa de raiz e na razão raiz/parte aérea em alguns genótipos quando
estes são submetidos à deficiência hídrica. Fato que, possivelmente, está
condicionado às suas características genéticas, com possibilidade de ser este um
indicativo promissor de crescimento sob condições hídricas desfavoráveis.
A razão raiz/parte aérea (R/PA) aumentou significativamente (p<0,05) nas
plantas com restrição hídrica, não ocorrendo diferença entre os genótipos (Figura
25). Esse é um mecanismo comum em plantas submetidas ao estresse hídrico, pois
com a redução da área foliar e a manutenção de MSR, permite uma maior
49
hidratação do tecido vegetal, favorecendo uma continuidade no desenvolvimento da
planta (SILVA et al., 2011), já que mesmo com uma menor área foliar, essa possui
um sistema de conservação de água no seu interior como demonstrado nos maiores
valores do TRA nas plantas estressadas. Cavatte et al. (2008) consideram a
capacidade de manutenção da hidratação celular como uma característica
associada aos genótipos mais tolerantes à restrição hídrica, quando comparados
aos genótipos intolerantes à seca.
Nota-se que o genótipo CNPAE 191 manteve MSR e diminuiu MSF, por isso,
tolerou menos o efeito do estresse hídrico sobre as plantas, já o CNPAE 183 reduziu
tanto MSR, como MSF, o que explica a maior intensidade do efeito do tratamento de
seca sobre esse genótipo (Figura 27 A e C). Díaz-López et al. (2012) observaram
que a razão R/PA, em J. curcas aumenta com o incremento da deficiência hídrica do
solo, pois enquanto MSR só diferenciou do controle quando houve corte total da
irrigação, MSF reduziu significativamente (p<0,05) a partir do estresse hídrico de
50% da CC. Esses autores testaram cinco níveis hídricos (100, 75, 50, 25 e 0% da
CC).
Figura 25. Razão raiz/parte aérea (R/PA) em plantas de Jatropha curcas (CNPAE
183 e 191) hidratadas (colunas pretas) e sob deficiência de irrigação (colunas cinza).
As colunas são médias (n = 4-5) e as barras o erro padrão da média. Letras
maiúsculas indicam comparação entre genótipos e letras minúsculas entre regimes
hídricos pelo teste F (p<0,05).
O volume da raiz diferenciou significativamente (p<0,05) entre os genótipos, o
CNPAE 191 apresentou menor volume em relação ao CNPAE 183. Entretanto, só
houve redução no volume quando as plantas foram submetidas ao déficit hídrico,
50
que para o CNPAE 183, apresentou diminuição de 25 % em relação ao controle. As
plantas estressadas do genótipo CNPAE 191, no entanto, como mecanismo para
evitar a desidratação, aumentaram o comprimento de suas raízes, para explorar um
maior volume de solo (Figura 26). Para o CNPAE 183 não houve diferença entre o
comprimento das raízes nas plantas sob déficit hídrico em relação ao controle. Essa
resposta é conhecida como um mecanismo de “tolerância” à seca (TAIZ; ZEIGER,
2009) para deficiência hídrica moderada, quando as plantas fecham os estômatos e
aumentam o volume do sistema radicular. De acordo com Correia e Nogueira (2004)
a imposição do estresse hídrico ocasiona uma redução na alocação de biomassa
das folhas e caules, aumentando a raiz.
Figura 26. Volume e comprimento de raiz de dois genótipos de J. curcas (CNPAE
183 e 191) hidratadas (colunas pretas) e sob deficiência de irrigação hídrica no solo
(colunas cinza). As colunas são médias (n = 4-5) e as barras o erro padrão da
média. Letras maiúsculas indicam comparação entre genótipos e letras minúsculas
entre regimes hídricos pelo teste F (p<0,05).
51
CONCLUSÕES
1. A deficiência hídrica afetou negativamente os dois genótipos de J. curcas, em
relação às características de trocas gasosas e a eficiência de uso da
biomassa. Entretanto, reduziu o consumo hídrico e aumentou as eficiências
fotossintéticas de uso da água;
2. O aumento da relação R/PA e de TRA permitiu concluir que esses genótipos
de J. curcas o fizeram como mecanismos para evitar a desidratação;
3. O genótipo CNPAE 191 possui expressiva capacidade de aclimatação ao
déficit hídrico, com potencial promissor para uso em áreas sujeitas às
condições de seca moderada.
52
REFERÊNCIAS
ACHTEN, W. M. J. et al. Jatropha bio-diesel production and use. Biomass and
Bioenergy v. 32, p. 1063–1084, 2008.
ACHTEN, W. M. J. et al. Biomass production and allocation in Jatropha curcas L.
seedlings under different levels of drought stress. Biomass and Bioenergy, p. 1-10,
2010.
ANP - AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO. Anuário Estatístico Brasileiro do
Petróleo e do Gás Natural 2003. Rio de Janeiro, RJ, 2004.
ANP - AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS NATURAL E
BIOCOMBUSTÍVEIS . Dados Estatísticos sobre a Produção de Biodiesel, 2010.
Disponível em <http://www.anp.gov.br>. Acesso em 15 de Outubro de 2012.
ANDRÉO-SOUZA et al. Efeito da salinidade na germinação de sementes e no
crescimento inicial de mudas de pinhão-manso. Revista Brasileira de Sementes, v.
32, n. 2, p. 83-92, 2010.
ARANHA, F. Alternativas em transporte: novos combustíveis prometem reduzir
emissões de gases que provocam o aquecimento global. Nós da Escola, nº44/2006.
Disponível em
<http://www.abve.org.br/imagens/Alternativas_Transportes_NosDaEscola_N44.pdf>
Acesso em 15 de Outubro de 2012.
ARAUJO, R. P.et al. Extração de pigmentos cloroplastídicos em pinhão-manso e
cacau utilizando dimetilsulfoxido. In: XIV Seminário de Iniciação Científica da UESC,
2008, Ilhéus – BA. Resumos expandidos. Anais do 14º Seminário de Iniciação
Científica da UESC, Ilhéus: UESC, CD – ROM, 2008.
ARCOVERDE, G. B. et al. Water relations and some aspects of leaf metabolism of
Jatropha curcas young plants under two water deficit levels and recovery. Brazilian
Society of Plant Physiology, v. 23, p. 123-130, 2011.
ARRUDA, F.P. et al. Cultivo de pinhão manso (Jatropha curcas L.) como alternativa
para o semiárido nordestino. Revista Brasileira de Oleaginosas e Fibrosas, v. 8,
p.789-799, 2004.
53
AZEVEDO, H. “Pinhão manso é lançado pelo presidente Lula como opção para o
biodiesel – Vegetal é de fácil cultivo”. Hoje em Dia, Brasília-DF, 2006b.
AZEVEDO, P.V. et al. Water-use efficiency of dwarf-green coconut (cocos nucifera
L.) orchards in Northeast Brazil. Agricultural Water Management, Amsterdam, v.1,
n.84. 2006.
BARROS JUNIOR, G.; GUERRA, H. O. C.; CAVALCANTI, M.L. F.; LACERDA R. D.
Consumo de água e eficiência do uso para duas cultivares de mamona submetidas a
estresse hídrico. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental,
Campina Grande, PB, v.12, p.350–355, 2008.
BARRS, H.D., WEATHERLY, P.E. A re-examination of relative turgidly for estimating
water deficit in leaves. Australian Journal of Biological Sciences v. 15, 413–428,
1962.
BASSO, S.M.S. Caracterização morfológica e fixação biológica de nitrogênio de
espécies de Adesmia DC. e Lótus L. 268f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1999.
BERNDES, G. Bioenergy and water: the implications of large-scale bioenergy
production for water use and supply. Global Environmental Change. v.1, n.4, p.
253-271, 2002.
BIODIESELBR. Os problemas da mamona e do selo social. Disponível em:
<http://www.biodieselbr.com.br>. Acesso em: 08 de Outubro de 2012.
BLACKMAN C. J.et al. Leaf hydraulic vulnerability is related to conduit dimensions
and drought resistance across a diverse range of woody angiosperms. New
Phytologist , v.188, p.1113–1123, 2010.
BLUM,A. Effective use of water (EUW) and not water-use efficiency (WUE) is the
target of crop yeld improvement under drought stress. Field Crops Research, v.
112, p. 119-123, 2009.
BRODRIBB T.J.; HOLBROOK N.M. Water stress deforms tracheids peripheral to the
leaf vein of a tropical conifer. Plant Physiology, v.137, p.1139–1146, 2005.
54
BRASIL. Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005. Presidência da República, Casa
Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos, 2005a. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/Lei/L11097.htm > Acesso
em: 02 de Novembro de 2012.
BRASIL (2005b). Decreto nº 5.457, de 7 de junho de 2005b. Disponível em:
<www.planalto.gov.br>. Acesso em: 19 de Outubro de 2012.
CAVATTE P.C. et al. Desenvolvimento de variedades visando à tolerância à seca
em Coffea canephora: um enfoque fisiológico. In: Tomaz M.A., Amaral J.F.T., Junior
W.C.J., Pezzopane J.R.M. (Org.). Seminário para a Sustentabilidade da Cafeicultura.
Editora UFES: Alegre, pp. 1-20, 2008
COCHARD H.; FROUX F.; MAYR F.F.S.; COUTAND C. Xylem wall collapse in
water-stressed pine needles. Plant Physiology, v.134, p. 401–408, 2004.
CONDON, A. G. et al. Breeding for high water-use efficiency. Journal of
Experimental Botany, v. 55, n. 407, p. 2447-2460, 2004.
CRAUFURD, P.Q. et al. Effect of temperature and water deficit on water-use
efficiency, carbon isotope discrimination, and specific leaf area in peanut. Crop
Science v.39, p.136–142, 1999.
CONTRAN et al. State-of-the-art of the Jatropha curcas productive chain: From
sowing to biodiesel and by-products. Industrial Crops and Products. v.42, p.202215, 2012.
CORREIA, K. G.; NOGUEIRA, R. J. M. C. Avaliação do crescimento de amendoim
(Arachis hypogaea L.) submetido a déficit hídrico. Revista de Biologia e Ciências
da Terra, Campina Grande, v. 4, n. 2, 2004.
CORTEZ, H. Série: Consciência e Meio Ambiente, Tema: Aquecimento Global e
Água, 95p, 2004.
CRUZ T. M. C.D. Abordagem fisiológica e molecular da capacidade de tolerância à
secura de Jatropha curcas L.: uma planta resistente à seca. 85f. Dissertação
(Mestrado). Universidade de Lisboa.
55
DÍAZ-LÓPEZ, L. et al. Jatropha curcas seedlings show a water conservation strategy
under drought conditions based on decreasing leaf growth and stomatal
conductance. Agricultural Water Management v.105, p.48–56, 2012.
DRUMOND, M. A. Experiências com pinhão manso na Embrapa Semi-Árido
brasileiro. In:WORKSHOP INTERNO DE P&D EM JATROPHA SPP. PARA
PRODUÇÃO DE BIODIESEL,2008. Brasília, DF. Balanço do esforço corrente e
realinhamento de atividades. Brasília, DF:Embrapa Agroenergia, 2008. CD-ROM.
DUDLEY, B. BP Statistical Review of World Energy, 2012. Disponível em www.
bp.com/statisticalreview. Acesso em Março de 2013.
ENGELBRECHT B.M.J. et al. Drought sensitivity shapes species distribution patterns
in tropical forests. Nature, v.447, p.80–82, 2007.
ESCALONA, J.M., FLEXAS, J., MEDRANO, H. Stomatal and non-stomatal limitations
of photosynthesis under water stress in field-grown grapevines. Australian Journal
of Plant Physiology, v.26, p.421–433, 1999.
ESCALONA J. M. et al. Responses of leaf night transpiration to drought stress in Vitis
vinifera L. Agricultural Water Management, v.118, p.50-58, 2013.
FARQUHAR, G.D.; SHARKEY, T.D. Stomatal conductance and
photosynthesis.Annu. Rev. Plant Physiol. v.33, p.317–345, 1982.
FERERES, E.; SORIANO, M.A. Deficit irrigation for reducing agricultural water use.
Journal of Experimental Botany. v.58, n. 2, p.147–159, 2007.
FINI A. et al. Water relations, growth, and leaf gas exchange as affected by water
stress in Jatropha curcas. Journal of Arid Environments. v.89, p.21-29, 2013.
FRAITURE, C.; GIORDANO, M.; LIAO, Y. Biofules and implications for
agricultural water uses: blue impacts of green energy. Water Policy, n. 10, p.6781, 2008.
FUKUZAWA Y. et al. Photosynthetic gas exchange characteristics in Jatropha
curcas L. Plant Biotechnology. v.29, p.155–162, 2012.
56
GARCIA, L. Embrapa identifica pinhão-manso atóxico. Embrapa Agroenergia,
2011.
GOLDEMBERG, J.; LUCON, O. Energia e meio ambiente no Brasil. Estudos
Avançados, v.21, n.59, p.7-20, 2007.
GOLDHAMER, D.A.; BEEDE, R.H. Regulated deficit irrigation effects on yield, nut
quality and water-use efficiency of mature pistachio trees. Journal of
Horticultural Science and Biotechnology, n.79, p.538–545, 2004.
GOLDHAMER, D.A.; SALINAS, M. Evaluation of regulated deficit irrigation on
mature orange trees grown under high evaporative demand. In: Proceedings of
the International Society of Citriculture, IX Congresso, Orlando, p. 227–231, 2000.
GOLDHAMER, D.A.; VIVEROS, M. Effects of preharvest irrigation cutoff durations
and postharvest water deprivation on almond tree performance. Irrigation
Science, n.19, p.125–131, 2000.
GOMES, F.P. et al. Photosynthetic irradiance-response in leaves of dwarf coconut
palm (Cocos nucifera L. „nana‟, Arecaceae): Comparison of three models.
Scientia Horticulturae v. 109, p.101-105, 2006.
GOMES, F.P.; PRADO, C.H.B.A. Ecophysiology of coconut palm under water
stress. Brazilian Journal of Plant Physiology v. 19, p. 377-391, 2007.
GOMES, F.P. et al. Photosynthetic limitations in leaves of young Brazilian Green
Dwarf coconut (Cocos nucifera L. „nana‟) palm under well-watered conditions or
recovering from drought stress. Environmental and Experimental Botany v. 62,
p. 195-204, 2008.
GREENPEACE. [R]Evolução energética. São Paulo: USP, 2007. 98p. (Relatório)
HUBBARD, R. M. Evidence that hydraulic conductance limits photosynthesis in
old Pinus ponderosa trees. Tree Physiology, v. 19, p. 165-172, 1999.
JACOB, J., LAWLOR, D.W. Stomatal and mesophyll limitations of photosynthesis
in phosphate deficient sunflower, maize and wheat plants. Journal Experimental
Botany, 42, 1003–1011, 1991.
57
JONGSCHAAP, R.E.E., CORRE, W.J., BINDRABAN, P.S., BRANDENBURG,
W.A. Claims and facts on Jatropha curcas L. Global Jatropha curcas evaluation,
breeding and propagation programme. Plant Research International 66p, 2007.
KHEIRA, A.A.A.; ATTA, N.M.M. Response of Jatropha curcas L. to water deficit:
Yield, water use efficiency and oilseed characteristics. Biomass and Bionergy, v.
33, p. 1343-1350, 2009.
KING, A.J.; HE, W.; CUEVAS, J.A.; FREUDENBERGER, M.; RAMIARAMANANA,
D.; GRAHAM, I.A. Potential of Jatropha curcas as a source of renewable oil and
animal feed. Journal of Experimental Botany, v. 60, n. 10, p. 2897–2905, 2009.
LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal. São Carlos: Rima, 2000. 531 p.
LAWLOR, D.W., CORNIC, G. Photosynthetic carbon assimilation and associated
metabolism in relation to water deficit in higher plants. Plant Cell Environ. v.25,
p.275–294, 2002.
LEVITT, J. Responses of Plants to Environmental Stresses. In: Water, Radiation,
Salt and Other Stresses. Academic Press, 1980.
LIMA, D.O.; SOGABE, V.P.; CALARGE, T.C.C. Uma análise sobre o mercado
mundial do biodiesel. In: XLVI Congresso da Sociedade Brasileira de Economia,
Administração e Sociologia Rural, Rio Branco, Acre. Campo Grande, MS, 2008.
LIMA, P. C. R. Biodiesel: Um Novo Combustível para o Brasil. Consultoria
Legislativa: Fevereiro/2005. 2005a. Disponível em: <
http://www2.camara.gov.br/documentos-epesquisa/publicacoes/estnottec/tema3/2005_177.pdf >, acesso em 14 de Outubro
de 2012
LIU F.et al. Physiological responses of potato (Solanum tuberosum L.)
to partial root-zone drying: ABA signalling, leaf gas exchange, and water use
efficiency. Journal of Experimental Botany. V. 57, n. 14, p. 3727–3735, 2006.
LIU, F.; STÜTZEL, H. Biomass partitioning, specific leaf area, and water use
efficiency of vegetable amaranth (Amaranthus spp.) in response to drought stress.
Scientiae Horticulturae, v. 102, p. 15-27, 2004.
LUCENA, T. K. De. O Biodiesel na Matriz Energética Brasileira. 2004. 80 f.
58
Monografia (Bacharelado) - Departamento de Instituto De Economia,
Universidade Federal do Rio De Janeiro, Rio de Janeiro, 2004.
MACHADO, E. C.; SASSAKI, R. M. Trocas gasosas e condutância estomática em
duas espécies de trigo em diferentes teores de água no solo. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, v.34, p.1571-1579, 1999.
MAES, W. H. et al. Plant-water relationships and growth strategies of Jatropha
curcas L. seedlings under different levels of drought stress. Journal of Arid
Environments, v. 73, p. 877-884, 2009.
MAROCO, J.P. et al. Limitations to leaf photosynthesis in field-grown grapevine
under drought – metabolic and modelling approaches. Functional Plant Biology,
v.29, p.451–459, 2002.
MARQUES, P. A. A.; CRIPA, M. A. de M. e MARTINEZ, E. H.. Hidrogel como
substituto da irrigação complementar em viveiro telado de mudas de
cafeeiro. Ciência Rural [online]. vol.43, n.1, pp. 1-7., 2012. ISSN 0103-8478.
MCCARTHY M.G.; LOVEYS B.R., DRY P.R.; STOLL M. Regulated deficit
irrigation and partial rootzone drying as irrigation management techniques for
grapevines. In: Deficit irrigation practices, FAO Water Reports, n. 22, p.79–87.
2002.
MINGOTI, S.A. Análise de dados através de métodos de estatística multivariada:
uma abordagem aplicada. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005. 297 p.
MME (2004) Ministério de Minas e Energia. Programa Nacional de Produção e
Uso do Biodiesel Biodiesel. O Programa. Disponível em
<http://www.mme.gov.br/mme/menu/todaspulicacoes.html> Acesso em: 18 de
Outubro de 2012
MORIANA A. et al. Yield responses of mature olive orchard to water deficits.
Journal of the American Society for Horticultural Science, v.123, p.425–431,
2003.
MORISON, J.I.L. et al. Improving water use in crop production. Philosophical.
Transactions of the Royal Society, n.363, p.639-658, 2008.
59
NASCIMENTO L. J. Crescimento e assimilação de carbono em plantas de jovens
de Attalea funifera Mart. Submetidas ao sombreamento e ao estresse hídrico.
110f. Dissertação (Mestrado). Universidade Estadual de Santa Cruz. Ilhéus,
Brasil.
NOGUEIRA R. J. M. C. et al. Comportamento estomático e potencial da água da
folha em amendoim cv. BRS 151-L7 submetido a estresse hídrico. Revista
brasileira de oleaginosas e fibrosas, Campina Grande, v.10, n.1/2, p.985-991,
jan./ago. 2006.
OLIVEIRA, F.C.C.; SUAREZ, P.A.Z.; SANTOS, W.L.P. Biodiesel: Possibilidades e
Desafios. Química Nova na Escola, n. 8, p. 3-8, 2008.
PASSIOURA, J. The drought environment: physical, biological and agricultural
perspectives. Journal of Experimental Botany v. 58, n. 2, p. 113-117, 2007.
POMPELLI, M. F. et al. Photosynthesis, photoprotection and antioxidant activity of
purging nut under drought deficit and recovery. Biomass and Bioenergy, v. 34,
p. 1207-1215, 2010.
POUSA, G.P.A.G., SANTOS, A.L.F., SUAREZ, P.A.Z. History and policy of
biodiesel in Brazil. Energy Policy. v.35, p.5393–5398, 2007.
PRADO, C.H.B.A.; CASALI, C. A. Fisiologia Vegetal: Práticas em relações
hídricas, fotossíntese e nutrição mineral. Editora Manole Ltda. 448 p, 2006.
PRADO, E.A. et al. Biodiesel: um tema para uma aprendizagem efetiva. In:
XXXIV Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia. Passo Fundo - RS, 2006.
Anais..., Rio Grande do Sul, 2006, p. 9203-9215.
QUERO J.L. et al. Interactions of drought and shade effects on seedlings of four
Quercus species: physiological and structural leaf responses. New Phytologist
v.170, p.819–834, 2006.
RAMOS, L. P. Obtenção e caracterização de biocombustíveis a partir da
transesterificação etílica de óleo de soja In: Congresso Brasileiro de Soja. Centro
Nacional de Pesquisa de Soja, 1999, Londrina. Anais...Londrina: Empresa
Nacional de Pesquisa Agropecuária, p.233, 1999.
RATHMANN, R. et al. Uma alternativa estratégica na matriz energética brasileira?
60
Brasil, Distrito Federal, 13p, 2005. Disponível em
<http://www.biodiesel.gov.br/docs/ArtigoBiodieselGINCOB-UFRGS.pdf>. Acesso
em 18 de Outubro de 2012.
REZENDE T.M.B. Análise da cadeia produtiva italiana do biodiesel: modelos de
negócios e estratégias competitivas. 2009. 142p. Graduação (Engenheiro de
produção) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.
ROCHA, A.M.S. Estresse hídrico e trocas de CO2 gasoso e vapor d‟água em
plantas jovens envasadas de Stryphnodendron adstringens (Mart.). Dissertação
(Mestrado). 112f. Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, São Paulo,
1994.
ROSADI, R.A. B. et al. effect of water stress in regulated deficit irrigation on
soybean yield (Glycine max [L.]Merr.). Paddy and Water Environment, v.5, p.163–
169, 2007.
ROZA, F. A. Respostas morfofisiológicas e eficiência de uso da água em plantas
de Jatropha curcas L., submetidas à deficiência hídrica. 81f. Dissertação
(Mestrado) – Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, 2010.
RUIZ-SA´NCHEZ, M.C. et al. Regulated deficit irrigation in apricot trees. Acta
Horticulturae, n.537, p.759–766, 2000.
SAMBATTI B.M.; CAYLOR, M.M. When is breeding for drought tolerance optimal
if drought is random? New Phytologist. n.175, p. 70-80, 2007.
SANTANA T. A. de. Relações hídricas e assimilação de carbono em plantas
jovens de Jatropha curcas L. sob deficiência hídrica. 60f. Dissertação (Mestrado).
Universidade Estadual de Santa Cruz, 2012.
SAPETA, H., COSTA, J.M., LOURENÇO, T., MAROCO, J., VAN DER LINDE, P.,
OLIVEIRA, M.M. Drought stress response in Jatropha curcas: Growth and
physiology. Environmental and Experimental Botany, v. 85, p. 76-84, 2013.
SEVERINO, S. L. et al.. A simple method for measurement of Jatropha curcas
leaf area. Revista Brasileira de Oleaginosas e Fibrosas, v. 11, 9-14, 2007.
SHARMA S. et al Jatropha curcas: A Review. Asian
Journal of Research in Pharmaceutical Sciences, v. 2: n.3, p.107-111, 2012.
61
SILVA, C.R.A. et al. A biomassa como alternativa energética para o brasil.
Revista Brasileira de Ciências Ambientais. n. 2, p. 25-36, 2004.
SILVA, J.S.O.; SUAREZ, P.A.Z.; MENEGHETTI, S.M.P. 70º aniversário do
biodiesel em 2007: evolução histórica e situação atual no Brasil. Química Nova.
v. 30, p. 2068-2071, 2007.
SILVA, V.A. et al. Resposta fisiológica de clone de café Conilon sensível à
deficiência hídrica enxertado em porta-enxerto tolerante. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, v.45, p.457-464, 2010a.
SILVA E. N. et al. Photosynthetic changes and protective mechanisms against
oxidative damage subjected to isolated and combined drought and heat stresses
in Jatropha curcas plants. Journal of Plant Physiology, v.167, p.1157–1164,
2010b.
SILVA M.B.R. et al. Crescimento e produção do pinhão-manso irrigado com água
residuária sob condições de estresse hídrico. Revista brasileira de engenharia
agrícola e ambiental, v.15, n.6, p.621–629, 2011.
SOLA, A. V. H.; KOVALESKI, J. L. Eficiência energética nas indústrias: cenários
& oportunidades. In: Encontro Nacional de Engenharia de Produção (ENEGEP);
X International Conference on Industrial Engineering and Operations
Management. Anais... Florianópolis, SC: UFSC, 2004.
SOUSA A.E.C. et al. Trocas gasosas e conteúdo de carboidratos e compostos
nitrogenados em pinhao‑manso irrigado com águas residuária e salina. Pesquisa
agropecuária brasileira, v.47, n.10, p.1428-1435, 2012.
STRAUS-DEBENEDETTI, S.; BAZZAZ, F.A. Photosynthetic characteristics of
tropical trees along successional gradients. In: S.S. MULKEY, R.L., CHAZDON,
A.P. SMITH. Tropical forest plant ecophysiology. (eds.) Chapman Hall, New
York, p.162-186., 1996.
SUASSUNA, J. F. et al. Produção de fitomassa em genótipos de citros
submetidos a estresse hídrico na formação do porta-enxerto. Revista brasileira
de engenharia agrícola e ambiental, v.16, p. 1305-1313, 2012.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
819p.
62
TEWARI D.N. Jatropha and biodiesel. 1º ed. New Delhi: Ocean Books Ltd, 2007.
TEZARA, W., MART´INEZ, D., RENGIFO, E., HERRERA, A. Photosynthetic
responses of the tropical spiny shrub Lycium nodosum (Solanaceae) to drought,
soil salinity and saline spray. Annals of Botany, v.92, p.757–765, 2003.
TOLMASQUIM, M.T.; GUERREIRO, A.; GORINI, R. “Matriz energética brasileira:
uma prospectiva”. Novos Estudos CEBRAP. nº 79, p.47-69, 2007.
TYREE, M.T.; SPERRY J.S. Vulnerability of xylem to cavitation and embolism.
Annual Review of Plant Physiology and Plant Molecular Biology v. 40, p.19–
38, 1989.
UNEP – United Nations Environment Programme. Division of Technology,
Industry and Economics. Bioenergy issue paper series, 2010. Disponível em
http://www.unep.fr/en/info/publications.htm. Acesso em 19 de Outubro de 2012.
WOOD, P. Out of Africa, Could Jatropha Vegetable Oil be Europes‟s Biodiesel
Feedstock? ReFOCUS. p. 40-44 Julho/Agosto, 2005.
VERMA, K. K. et al. Developing a mathematical model for variation of
physiological responses of Jatropha curcas leaves depending on leaf positions
under soil flooding. Acta Physiologiae Plantarum, v. 34, n. 4, p. 1435-1443, 2012.
VIGLIANO, R. Combustível socialmente correto. Brasil Energia. v.274, p.54-55,
2003.
ZHU, J.K. Cell signaling under salt, water and cold stresses. Current Opinion in
Plant Biology, Oxford, v. 4, p. 404-406, 2001.
ZIMMERMANN M.H.. Xylem structure and the ascent of sap. Berlin, Germany:
Springer-Verlag, 1983.
Download