Qual a dose ideal de probióticos a ser adicionada ao alimento industrializado? O termo probiótico foi introduzido por Lilley e Stillwell, em 1965, para descrever microorganismos que desempenhavam atividades benéficas (1). Diversos autores aprimoraram esse conceito e, atualmente, a definição é "um suplemento alimentar microbiano vivo, que afeta de forma benéfica seu receptor, através da melhoria do balanço microbiano intestinal" (2-4). Porém, para que um microorganismo seja utilizado em produtos lácteos, suas características devem ser apropriadas para este fim, como as propriedades organolépticas, a segurança no uso e o potencial de degradação de microorganismos patogênicos. São várias as espécies de microorganismos consideradas probióticos (como a família de Lactobacillus, Bifidobacterium e Streptococus) que estão sendo incorporados aos produtos lácteos, como leites fermentados, iogurtes e queijos (2-5). Foram realizados diversos estudos para comprovar a eficácia dos probióticos em relação a quantidade do produto, na prevenção e tratamento de várias doenças e algumas foram realmente aceitas, tais como a diminuição da incidência, duração e gravidade de doenças gástricas e intestinais com ingestão diária de 109 a 1011 unidades formadoras de colônias (ufc)/ml de bactérias láticas; ou a inibição da dor e flatulência na doença intestinal inflamatória, com a ingestão diária de 400 ml de uma bebida probiótica na dosagem de 5 x 107 ufc/ml contendo Lactobacillus plantarum durante quatro semanas. A melhora na resposta imunológica também foi comprovada, porém estudos sugerem que haja acompanhamento em longo prazo (6,7). Assim, é consenso entre os pesquisadores que 100 gramas de produtos lácteos devem ter pelo menos 107 ufc viáveis no momento da compra do produto. Segundo a literatura científica, o nível de consumo de probióticos pode estar entre 109 a 1010 organismos diários, o que equivale a 1 litro de leite acidificado formulado com 2 x 106 ufc/ml (1-7). No entanto, já estão sendo comercializado iogurtes com formulações de 2 x 1011 ufc em 125 g, bem como leites fermentados que oferecem 2,6 x 108 ufc/ml, que devem ser administrados em 3 porções de 80 ml/dia para alcançar um efeito benéfico no trânsito do cólon intestinal (8). A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) especifica a dosagem que deve ser inserida no produto industrializado, bem como as exigências para a comercialização do produto. A quantidade mínima viável para os probióticos deve estar entre 108 e 109 ufc na recomendação diária do produto pronto para o consumo, conforme indicação do fabricante. Valores menores podem ser aceitos desde que a empresa comprove sua eficácia (9). Portanto, os estudos citados indicam que as dosagens de probióticos utilizadas nos produtos seguem as dosagens sabidamente conhecidas que forneçam os benefícios propostos para a saúde humana. Além disso, as indústrias de alimentos tentam concentrar a dosagem das bactérias probióticas em uma quantidade menor de produto. Assim, torna-se viável alcançar os diversos efeitos desses produtos na prática diária. Pollyanna Patriota Siqueira Nutricionista, mestre pelo IMIP (Instituto Materno Infantil de Pernambuco), doutoranda pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), professora do curso de especialização do GANEP Nutrição Humana, professora do curso de Nutrição da Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Referências: 1. Pimentel CVMB, Francki VM, Gollucke APB. Alimentos funcionais: introdução às principais substâncias bioativas em alimentos. São Paulo:Varela, 2005. 2. Fuller R. Probiotics in man and animals. J Appl Bacteriol. 1989;66:365-378. 3. Rolfe RD. The role of probiotic cultures in the control of gastrointestinal health. J Nutr. 2000;130 Suppl. 2S:396S-402S. 4. Hutcheson D. Research lists characteristics of probiotics. 1987 Feedstuffs, 14:8-10. 5. Borges VC. Alimentos Funcionais: Prebióticos, Probióticos, Fitoquímicos e Simbióticos: 1495-1501. In: Waitzberg DL. Nutrição oral enteral e parenteral na prática clínica. Ed Atheneu, 2001. 6. Kopp-Hoolilanh L. Prophilatic and therapeutic uses of probiotics: a review. J Am Diet Assoc. 2001;101(2):229-38; quiz 239-41. 7. Colli C, Sardinha F, Filisetti TMCC. Alimentos funcionais. In: Cuppari L. Nutrição clínica no adulto. Barueri, SP: Manole, 2002. 8. Bolvier M et al. Efeitos do consumo de leite fermentado com a cepa probiótica bifido bacterium animalis DN 173 010 nos tempos de trânsito colônico em humanos saudáveis. 9. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Alimentos com Alegações de Propriedades Funcionais e ou de Saúde, Novos Alimentos/Ingredientes, Substâncias Bioativas e Probióticos. IX - Lista de alegações de propriedade funcional aprovadas. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br. Acessado em 10/05/2008. Fonte: www.nutritotal.com.br