Universidade de Estudos Internacionais de Xangai

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CONSTRUTIVISMO E MATERIAL DIDÁCTICO
-- APLICAÇÃO DO CONSTRUTIVISMO NAS AULAS DE
PORTUGUÊS ELEMENTAR E A ELABORAÇÃO DO RESPECTIVO
MATERIAL DIDÁCTICO
Xu Jiahui
Dissertação de Mestrado
em Línguas e Culturas Europeias
- Estudos Linguísticos
Sob Orientação de Xu Yixing
Abril de 2009
Agradecimentos
À Profa. Dra. Xu Yixing, orientadora desta dissertação, por todo empenho,
sabedoria, compreensão e, acima de tudo, exigência, que fizeram com que
concluísse este trabalho.
À Profa. Dra. Zhang Li, co-orientadora desta dissertação, pela sua ajuda e
interesse, avaliação e sábias idéias.
À Profa. Dra. Zhang Minfen pela sua ajuda dada durante a elaboração e
colaboração na avaliação.
À leitora Vera Veiga pela organização, orientação e avaliação do trabalho.
Aos meus familiares que sempre me deram amor e força, valorizando meus
potenciais.
A todos os meus amigos e amigas que sempre estiveram presentes me
aconselhando e incentivando com carinho e dedicação.
摘要
建构主义是西方教育心理学的最新教学理论,认为学习是学习者主动建构意义的过
程,强调学习的主动性、社会性和情境性。在教学中运用建构主义理论指导教学实践,
将有利于改变教师在教学中的形象和地位,充分发挥学生学习的积极性和创造性,促
进课堂教学的改革和素质教育的实施。
基础葡萄牙语作为一门既重知识又重技能的综合性课程,为建构主义的运用提供了广
阔的空间。本文阐述了建构主义的内涵及其对教学的启示,并结合具体的教学案例,
就如何在基础葡萄牙语教学中运用建构主义理论进行教学设计和组织、实施过程提出
笔者的看法、做法及思考。
此外,本文还探讨了以建构主义为理论依据的基础葡萄牙语教材的编写在这种新模式
教学中的积极作用,分析了教材的编写与新模式教学对提高学生的综合应用能力以及
学习积极性的影响,指出在信息技术飞速发展的今天基础葡萄牙语教学发展的需求对
教学手段(多媒体+配套教材)、教学方法和师生角色的转换等提出了新的要求。
ii
Resumo
O construtivismo, nova teoria de aprendizagem popular no Ocidente, considera a
aprendizagem um processo activo de construção do aluno, durante o qual se enfatizam
mais a iniciativa, o contexto e a interacção do mesmo. A utilização dos modelos
construtivistas pode mudar o papel tanto do professor como do aluno durante a instrução,
incentivar a iniciativa e criativa do aluno e promover a reforma educacional.
As aulas de português elementar na SISU fornecem uma plataforma ampla para a aplicação
do construtivismo. Neste trabalho explica-se o conteúdo do construtivismo. E com um caso
concreto, discute-se o contributo do construtivismo à organização das aulas de português.
Além disso, discute-se também a elaboração do material didáctico baseado no
construtivismo, que será adoptado nos novos modelos. Com a análise do material existente,
apresentam-se umas vantagens desse tipo de material. Enfim, a tecnologia informática
também dá o seu contributo à instrução, enriquecendo tanto as formas de material didático
como os método de instrução.
Palavras-chave: construtivismo; novo modelo de aprendizagem; material didáctico
iii
Índice
Agradecimentos .......................................................................................................................
Resumo em chinês .................................................................................................................ii
Resumo em português...........................................................................................................iii
Introdução ..............................................................................................................................1
1 Teorias de aprendizagem antes do construtivismo..............................................................3
1.1 Behaviorismo .............................................................................................................3
1.1.1 Teoria de John B. Watson..................................................................................4
1.1.2 Teoria de Burrhus Frederic Skinner ..................................................................6
1.1.3 Deficiências da teoria behaviorista ...................................................................7
1.2 Teorias Cognitivas ...................................................................................................10
1.2.1 Noções básicas da teoria cognitiva .................................................................10
1.2.2 Princípios, contribuições e deficiências..........................................................12
2 Construtivismo..................................................................................................................14
2.1 Psicólogos construtivistas ........................................................................................14
2.1.1 Jean Piaget ......................................................................................................14
2.1.2 Lev Vygotsky ..................................................................................................16
2.1.3 Jerome S. Bruner.............................................................................................18
2.2 Teorias construtivistas..............................................................................................22
2.2.1 Definição de conhecimento e aprendizagem ..................................................23
2.2.2 Papel do aluno e do professor .........................................................................27
2.2.3 Meio de aprendizagem....................................................................................29
2.2.4 “Erros” ............................................................................................................29
2.2.5 Aprendizagem em grupo ou individual...........................................................31
3. Aplicação do construtivismo nas aulas de português elementar......................................32
3.1 Modelo construtivista ..............................................................................................32
3.2 Exemplo da aplicação do modelo nas aulas.............................................................34
3.2.1 Trabalhos antes da aula ...................................................................................37
3.2.2 Durante a aula .................................................................................................40
3.2.3 Conclusão da aplicação...................................................................................48
4. Elaboração do material didáctico.....................................................................................50
4.1 Material vigente na SISU.........................................................................................50
4.2 Deficiências do material da nova época ..................................................................53
4.2.1 Objectivo do material didáctico......................................................................53
4.2.2 Autenticidade dos materiais ............................................................................55
4.3 Elaboração dum material com base no construtivismo ...........................................59
4.3.1 Focalização no aluno ......................................................................................60
4.3.2 Áreas temáticas ...............................................................................................62
4.3.3 Tarefas.............................................................................................................65
4.3.4 Multimédia......................................................................................................66
4.4 Exemplo duma unidade baseada no construtivismo ..........................................66
Conclusão.............................................................................................................................70
Anexo...................................................................................................................................74
Bibliografia ..........................................................................................................................77
ii
Introdução
Na Universidade de Estudos Internacionais de Xangai (designada doravante por SISU), o
Curso de licenciatura da língua portuguesa já existe há cerca de 40 anos. Durante este
período, grandes mudanças aconteceram às teorias de aprendizagem. E conforme a história
educativa, esse tipo de mudança das teorias orientadoras traz normalmente uma mudança
às estratégias e modelos educacionais. Hoje em dia, o construtivismo, uma teoria de
aprendizagem que se torna popular no Ocidente desde os anos de 90 do século passado,
fica na posição predominante.
“Será necessário adoptar os modelos construtivistas no ensino?” e “Como se adoptam os
modelos?” constituem duas perguntas perante todos os professores de português. Para a
primeira pergunta, consideramos que sim. Na Conferência Nacional de Ciência e
Tecnologia de 2006 1 formulou-se definitivamente a meta de criar uma educação inovadora.
A capacidade de inovação dos alunos não aparece espontaneamente, mas necessita da
cultivação no dia-a-dia. Nos modelos vigentes de ensino utilizados nas aulas de português,
este aspecto não é bem praticado, porque os modelos baseiam-se principalmente nas
doutrinas anteriores que se concentram mais na transmissão do conhecimento pelo
professor e na recepção dos alunos. Em comparação com as doutrinas anteriores, o
construtivismo insiste que o conhecimento é uma união entre o mundo real e a iniciativa do
ser humano e que cada um constrói o seu próprio conhecimento. Em consequência desta
crença, os alunos e a sua aprendizagem ficam na posição central da instrução. Eles são
encorajados a pensar independentemente, formular a sua opinião e interagir com os seus
colegas, o que ajuda muito a formação da capacidade criativa e inovadora.
O papel do professor também muda. Agora ele é mais um auxiliante de aprendizagem que
um transmissor dos conhecimentos. As pessoas, antes de conhecer bem o construtivismo e
os seus modelos, vão sentir alguma dificuldade em aplicá-los nas aulas, “Como se adoptam
os modelos?”. Neste trabalho tentamos dar um exemplo desta aplicação.
1
No discurso de Presidente Hu Jintao, dado em 9 de Janeiro de 2006,
http://news.xinhuanet.com/st/2006-01/09/content_4030855.htm, tradução pelo autor
1
A elaboração dos materiais também merece a nossa atenção. Como um ditado chinês diz,
“Ferramentas bem conservadas são a condição prévia para o sucesso dum trabalho”, os
materiais didácticos também desempenham um papel importante para o sucesso da
educação. Um manual bem organizado facilitará tanto o trabalho dos professores como dos
alunos enquanto que um manual inadequado ou mal organizado impede os alunos de
construir novos conhecimentos e que ao mesmo tempo impede os professores de atingir o
seu objectivo.
O manual vigente 2 , elaborado nos anos de 70 e modificado após o ano 2000, já se torna
obsoleto, e não satisfaz as necessidades da prática pedagógica. A elaboração dum novo
manual está na agenda. Neste aspecto, a utilização dos conceitos construtivistas na
elaboração do material didáctico pode não só enriquecer o conteúdo do manual mas
também facilitar a aplicação do modelo construtivista nas aulas.
Neste trabalho abordar-se-á um pouco a elaboração do manual para as aulas de português
elementar baseado na teoria construtivista além da aplicação dessa doutrina nas mesmas
aulas.
2
O material adoptado nas aulas de português elementar durante os primeiros 2 anos no curso de licenciatura em língua e
cultura portuguesa da SISU
2
1 Teorias de aprendizagem antes do construtivismo
Os estudiosos já passam mais de cem anos a estudar sobre as teorias da aprendizagem.
Neste caminho de busca dos melhores modelos educacionais, antes do construtivismo
apareceram-nos por ordem duas categorias baseadas em diferentes teorias que alargaram a
visão do ser humano e restabeleceram a filosofia da educação e aprendizagem. Para uma
melhor compreensão do construtivismo e a sua aplicação na educação escolar, é necessária
uma breve retrospectiva dessas teorias.
1.1 Behaviorismo
O behaviorismo é uma teoria que estuda eventos psicológicos a partir de evidências
comportamentais e apresenta-se como uma psicologia objectiva em oposição ao
subjectivismo. Segundo Graham, o behaviorismo é uma doutrina que entende a psicologia
como ciência do comportamento e não da mente 3 . Nessa perspectiva, o comportamento é
explicado sem referência a eventos mentais, pois estes podem ser traduzidos em conceitos
comportamentais.
Os três postulados centrais do behaviorismo são:
•
A psicologia é a ciência do comportamento, e não a ciência da mente.
•
O comportamento pode ser descrito e explicado sem recorrer aos esquemas mentais ou
aos esquemas psicológicos internos.
•
A fonte dos comportamentos, isto é, os estímulos, é externa, vinculada ao ambiente e
não às construções mentais ou cognitivas.
O behaviorismo recebe grandes influências da psicologia animal. A partir da relação
estímulo-resposta (S-R) e a utilização dos animais nas experiências, o behaviorismo tenta
explicar a aprendizagem do ser humano. É importante salientar que, para os behavioristas,
o estímulo é o conjunto de excitações que agem sobre o organismo. O estímulo pode ser
qualquer coisa ou objecto do meio ou qualquer modificação interna do organismo, por
exemplo, picada de uma agulha, contracções do estômago, luz forte… A resposta é uma
3
Graham G., Behaviorism (2007), http://plato.stanford.edu/entries/behaviorism/, (tradução pelo autor)
3
reacção muscular ou glandular. Para os behavioristas, a resposta é tudo o que o animal ou o
ser humano faz, por exemplo, afastar a mão, franzir, fechar os olhos… O comportamento
é o conjunto de respostas objectivamente observáveis activadas por um conjunto complexo
de estímulos, provenientes do meio físico ou social em que o organismo se insere.
Outro conceito importante do behaviorismo é o conceito de transferência, ou seja, ao se
aprender algo novo, estamos sujeitos a processos psicológicos de transferências positivas e
negativas de aprendizagens anteriores. A primeira facilita a nova aprendizagem. Assim
estruturas semelhantes numa língua (por exemplo, regras de formação do plural do
substantivo com “s” em inglês) facilitam a aprendizagem de estrutura semelhante na outra
(por exemplo, regras de formação do plural do substantivo com “s” em português). A
segunda causa muitas vezes problemas na aprendizagem, ou seja, causa interferência (por
exemplo, o adjectivo em português precisa de ser alterado em conformidade com o género
e número do substantivo modificado enquanto que em inglês não existe este tipo de regra).
Segundo Gass e Selinker, à língua materna atribuía-se a principal causa para fracassos
na aprendizagem, pois os hábitos já estabelecidos na língua nativa interferiam a criação
de novos hábitos na segunda língua. 4 E é nesse contexto que emergem os estudos em
linguística contrastiva que tinha como objectivo descrever e comparar línguas para que
fosse possível prever as dificuldades que os alunos enfrentariam ao aprender determinado
idioma.
Ao sector educacional, J.B. Waston (1878-1958) e B.F. Skinner (1904-1990) tiveram forte
influência sobre as teorias de aprendizagem em geral e, especialmente, sobre a visão de
aquisição de línguas maternas e estrangeiras.
1.1.1 Teoria de John B. Watson
Em 1913, Watson, que é posteriormente considerado fundador da Psicologia Científica,
publicou o seu trabalho mais conhecido Psychology as the Behaviorist Views it, declarando
4 Gass, Susan M., and Larry Selinker. 1994.Second language acquisition. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum, P.59
4
o aparecimento do behaviorismo. Não nega a existência da consciência nem a
possibilidade de indivíduo observar-se no seu livro. Mas sob a influência do positivismo,
rejeita a consciência e o subjectivismo, considerando que os estados de espírito bem como
a procura das suas causas só podem interessar o sujeito no âmbito da sua vida pessoal e
que a matéria de interesse da psicologia é o comportamento humano, defendendo,
consequentemente, a pesquisa experimental. Segundo ele, o psicólogo terá de renunciar à
introspecção e limitar-se à observação externa, à semelhança das outras ciências, por
exemplo a medicina, a química e a física, e propõe, por isso, com a abolição do
vocabulário científico de termos tais como “sensação, percepção, imagem, desejo,
propósito, e até pensamento e emoção conquanto definidos de forma subjectiva” 5
O behaviorismo, na concepção de Watson, limita-se a formular leis sobre os fenómenos
observáveis – os comportamentos. Diz Watson (Ibidem):
Nós podemos observar o comportamento – o que o organismo diz ou faz. E vamos deixar claro de uma
vez que falar é fazer – isto é, comportamento. Falar abertamente ou para nós mesmos (pensar) é um
tipo de comportamento tão objectivo como o basebol.
Os comportamentos são explicados em termos de estímulos e respostas. O estímulo é
definido por ele como “qualquer objecto no ambiente geral ou qualquer mudanças no
organismo devido a condições fisiológicas” (Ibidem), como a fome, por exemplo. E a
resposta é “qualquer coisa que o indivíduo faz” (Ibidem).
Na opinião de Watson (1930, p.6), a língua é um tipo simples de comportamento, um
hábito manipulável e a sua aprendizagem é uma questão de condicionamento. Ele explica
que a formação de hábitos é condicionada por reflexos de várias ordens:
A palavra “mãe” é accionada (1) pela visão da mãe, (2) pela sua fotografia, (3) pelo som de sua voz, (4)
pelo som de seus passos, (5) pela visão da palavra impressa, (6) pela visão da palavra escrita, e por
vários outros estímulos tais como os estímulos visuais de seu chapéu, suas roupas, seu sapato. 6
5
6
Watson, John B. Behaviorism (revised edition). University of Chicago Press, 1930, P.6
Watson, John B. Behaviorism (revised edition). University of Chicago Press, 1930, P.232
5
O principal pressuposto da teoria é que a aprendizagem em geral é sinónimo de formação
de hábitos e seus princípios são:
(1) A aprendizagem acontece através da repetição a estímulos,
(2) Os reforços positivos e negativos têm influência fundamental para a formação dos
hábitos desejados,
(3) A aprendizagem ocorre melhor se as actividades forem graduadas.
1.1.2 Teoria de Burrhus Frederic Skinner
Como nenhuma teoria se aperfeiçoa no seu primeiro aparecimento, o behaviorismo
também se torna madura com os trabalhos de Skinner.
Na perspectiva behaviorista, a aprendizagem é um comportamento observável, adquirido
de forma mecânica e automática através de estímulos e respostas. Os mecanismos centrais
da formação de hábitos são o condicionamento e o reforço. Para Skinner a aprendizagem é
o fruto de condicionamento operante, ou seja, um comportamento é premiado, reforçado,
até que esse seja condicionado de tal forma que ao se retirar o reforço, um estímulo que
fortalece ou enfraquece determinado comportamento, o comportamento continue a
acontecer.
Em 1954, ele propôs no seu trabalho “The Science of Learning and the Art of Teaching” os
6 princípios no desenho educacional:
(1) Os estímulos são ordenados por ordem quer lógica quer de dificuldade
(2) Um aluno responde a cada estímulo numa maneira própria.
(3) A resposta dele será reforçada ou confirmada imediatamente para que ele saiba se a
resposta dele é correcta.
(4) Deve-se dividir o manual de ensino em passos muito pequenos.
(5) Com a utilização dos estímulos bem organizado, reduzem os erros dos alunos para estes
receberem sempre reforços positivos
(6) A aprendizagem baseia-se na capacidade de cada um
6
A teoria de Skinner deu um grande impulso ao desenvolvimento das teorias da
aprendizagem. A sua influência concentra-se nos seguintes aspectos:
(1) A focalização transmite-se do ensino à aprendizagem.
(2) A função da média muda.
(3) A definição do objectivo antes do ensino que guia o comportamento dos alunos e a
avaliação padronizada que ajuda os professores a verificar o progresso dos alunos.
(4) Promove a reforma do ensino escolar
1.1.3 Deficiências da teoria behaviorista
Não podemos negar as funções do modelo behaviorista para a instrução escolar. Para
algumas actividades simples, a repetição dos estímulos externos traz-nos resultados
esperados. Porém, na sua aplicação, a teoria behaviorista também mostra algumas
deficiências.
O problema principal do behaviorismo é que o princípio psicológico que serve como base
não considerava a diferença fundamental entre a aprendizagem animal e a humana, quer
dizer, a função da consciência humana sobre a aprendizagem, e que presta mais atenção ao
comportamento, tratando todos os processos de pensamento duma conexão entre o
estímulo e a resposta. Além disso, como o objectivo da aprendizagem é bem definido e o
processo de ensino é composto por uma repetição de grande quantidade de exercícios rumo
a este objectivo, o estudo não possui flexibilidade, o que impede os alunos de pensar e
resolver independentemente os problemas. A divisão do manual didáctico em passos
pequenos que ajuda o professor a organizar o ensino também pode causar aos alunos
aborrecimento e dificuldade de compreensão do manual em geral.
Neste modelo, o professor situa-se numa posição predominante, que através da repetição
dos estímulos (exercícios, neste caso) transmite os conhecimentos aos alunos, cuja tarefa é
compreender tudo o que o professor diz na aula. O aluno é tratado como recipiente passivo
do ensino, do estímulo externo e dos conhecimentos e experiências dos seus antepassados.
Assim, ignora-se que o aluno também tem iniciativa e é uma pessoa que pode pensar e
7
criar. É muito comum que a maior parte dos alunos que estudam sob este modelo
educacional vai formar o hábito de aprendizagem passiva.
Primeiro, um aluno não precisa de pensar o que vai estudar. Cada vez que começa um novo
semestre, os materiais para este semestre serão entregues às mãos dele. E ele é informado
desde pequeno de que tudo contido nos livros deve ser estudado para tirar boas notas no
fim do semestre. Como todos, incluindo os pais, os professores e até o próprio aluno em
alguns casos, se concentram nesta meta, o aluno dedica-se a fazer os trabalhos para casa e a
memorizar as estruturas e as palavras, desistindo dos seus interesses que ocuparão o tempo
já limitado, e das suas características porque estas não o ajudam a tirar boas notas.
Além disso, ele não se preocupa com as questões onde e com quem ele estuda. A escola, a
sala de aula e a carteira, tudo isso não passa de ser um campo de batalha para os alunos.
Um ditado chinês diz, “Nem ouvir as coisas fora da janela, concentro toda a minha atenção
no meu livro dos Santos.” E desde muito cedo, este ditado é considerado uma verdade e até
agora ainda podemos ouvir por acaso alguns pais a dizê-lo aos seus filhos. Afastado da
sociedade e concentrado nos conhecimentos dos livros, claro que no futuro ele encontrará
dificuldades na aplicação dos conhecimentos estudados numa situação real. E neste modelo,
do ponto de vista do aluno, o professor desempenha um papel omnipotente, o qual está
pronto para responder a qualquer dúvida do aluno, porque todos os conhecimentos são
oriundos do professor. E o aluno é encorajado a fazer perguntas ao professor para saber a
resposta cada vez que encontra uma dificuldade. O processo de aprendizagem também é
fixo desde o início. Assistir a aulas, ouvir o que dizem os professores, responder a
perguntas, fazer exercícios e participar em exames, constituindo assim uma circulação. E
durante o processo, o aluno é privado da alegria de explorar e descobrir conhecimentos,
pois, ele está ocupado em fazer mecanicamente milhares de exercícios
E finalmente, quando um aluno acaba um semestre de estudo ou um curso, ele também não
tem direito de escolher a forma de avaliação, porque o critério é único e as notas são o
único parâmetro para avaliar o seu nível, a sua capacidade ou até a sua inteligência. Para
tirar uma nota boa, ele tem de voltar a fazer os exercícios e memorizar as soluções dadas
8
sem saber o porquê.
Sob a influência do behaviorismo, quer explícita quer implícita, o aluno vai formar
gradualmente um hábito de não perguntar nem saber perguntar “porquê” durante o seu
estudo e demasiado respeito ao livro e ao professor. Ao mesmo tempo, falta-lhe a
capacidade de exploração e criação e a motivação interna da aprendizagem, por exemplo,
ele pode esforçar-se pelo estudo para entrar numa universidade conhecida, mas não se
sente alegre durante este processo, nem excitante quando encontrar uma solução ou obtiver
novo conhecimento. Agora existe o fenómeno chamado “alunos com melhores notas na
escola mas péssimas performances na sociedade” na China, o que resulta mesmo deste tipo
de educação e não é raro.
9
1.2 Teorias Cognitivas
Desde os anos de 50 do século XX, com o desenvolvimento das teorias, há cada vez mais
teóricos que duvidavam o behaviorismo e a sua aplicação na educação devido às
deficiências acima mencionadas. Em 1957, Skinner publicou a sua obra Verbal Behavior
que estuda o comportamento verbal como um problema empírico. Afirma que os sons
linguísticos são emitidos e reforçados como qualquer outro comportamento.
Em 1959, Chomsky criticou o ponto de vista de Skinner no trabalho “A Review of
B. F. Skinner's Verbal Behavior”. Neste trabalho, ele formulou a noção “dispositivo de
aquisição da linguagem” e enfatizou a importância da cognição.
Neste contexto, as teorias cognitivas surgiram e substituíram o behaviorismo. Parece que o
behaviorismo perda a sua importância devido ao surgimento das teorias cognitivas 7 . Com
os trabalhos criativos dos psicólogos cognitivos, por exemplo, J. Piaget (1896-1980), J.S.
Bruner (1915-) e D. P. Ausubel (1918-), a teoria da aprendizagem entrava numa outra
época brilhante de desenvolvimento.
Segundo os psicólogos cognitivos, a aprendizagem é um processo de formação e
desenvolvimento da estrutura cognitiva do sujeito através da organização activa dele
quando ele enfrentar uma determinada situação de problema, quer dizer, a consciência
funciona entre o estímulo e a resposta. A teoria cognitiva presta mais atenção ao processo
de aprendizagem, considerando o objectivo e o significado da aprendizagem os elementos
que controlam a mesma.
Com o desenvolvimento da tecnologia informática, os estudiosos começaram a utilizar o
computador para imitar o processo como o ser humano resolve os problemas.
1.2.1 Noções básicas da teoria cognitiva
Talvez por ser inspiradas dos princípios de funcionamento do computador, cuja utilização
7
Walberg H.J., Haertel, G. D. Educational psychology’s first century. Journal of Educational Psychology, 1992, 84(1), P
6-19
10
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