Economia Mundial: Riscos sistmicos podem colocar em xeque o

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Economia Mundial: Riscos sistêmicos podem colocar em xeque o forte ritmo de
expansão do PIB global e comprometer a evolução do setor externo brasileiro 1
Bruno Rodrigues Pinheiro 2
Paulo Sergio Ferreira 3
1. Introdução
Diversas publicações econômicas de órgãos especializados no mundo inteiro têm
destacado a continuidade do bom desempenho da economia mundial nos últimos anos.
O FMI (Fundo Monetário Internacional), no seu World Economic Outlook de abril de
2007, projetou um crescimento de 4,9% do PIB global em 2007 e 2008. Entretanto, os
riscos sistêmicos continuam a preocupar os analistas internacionais, sobretudo a
desaceleração da economia estadunidense.
Este relatório tem como objetivo avaliar em que medida os chamados desequilíbrios
globais podem levar a economia mundial a um período de fortes turbulências, com
conseqüências extremamente negativas sobre o conjunto dos países que compõem a
estrutura do mercado mundial, particularmente os países emergentes, entre eles o Brasil.
Neste sentido, serão analisados os tipos de riscos e em como eles afetam o desempenho
da economia internacional. Além disso, serão ressaltados os possíveis mecanismos que
os governos podem adotar na tentativa de solucionar estes graves problemas.
Analisando o Brasil, percebe-se que: uma conjuntura internacional extremamente
favorável – crescimento mundial vigoroso aliado a uma alta liquidez internacional – faz
com que o produto brasileiro encontre demanda no mercado internacional. Além disso,
essa alta na demanda faz com que os preços das commodities fiquem num patamar
elevado. Entretanto, parece que a mercadoria que mais se cobiça no mercado
internacional é o Real. O Real vem desde 2004 sofrendo um processo de valorização
1
Texto a ser apresentado ao NEC na reunião a ser realizada no dia 06/06/07
Aluno do Curso de Graduação em Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia e bolsista do
Núcleo de Estudos Conjunturais (NEC).
3
Aluno do Curso de Graduação em Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia e bolsista do
Núcleo de Estudos Conjunturais (NEC).
2
1
bem maior do que a média das moedas dos países emergentes (enquanto nesse período a
média de valorização das moedas dos emergentes foi de 16% o real se valorizou 36%).
2. Quadro Geral
O crescimento do PIB mundial continuará sólido e sustentado entre 2007 e 2008, mas
haverá uma queda de 0,5 p.p se comparado a 2006, quando registrou um crescimento de
5,4%. Entretanto, os riscos continuam a trazer preocupação, segundo o FMI, ainda que
eles sejam menores em relação ao último prognóstico realizado em setembro de 2006,
na avaliação dessa instituição. Entre os principais riscos potenciais, destacam-se:
•
A desaceleração da economia estadunidense face ao esfriamento do seu mercado
imobiliário.
•
A grande volatilidade nos mercados financeiros, o que pode diminuir os
investimentos feitos pelas empresas estadunidenses.
•
O processo inflacionário causado, sobretudo, pelo aumento brusco nos preços do
petróleo.
Entre os riscos considerados de longo prazo há uma preocupação referente aos fatores
que podem comprometer os ganhos de produtividade, que têm sustentado o bom
desempenho econômico recente, entre eles:
•
O envelhecimento da população e os movimentos anti-globalização.
•
As conseqüências ambientais do rápido crescimento econômico de alguns países
emergentes.
Analisando de forma mais pormenorizada as principais economias do planeta, estima-se
que os EUA devem ter uma desaceleração acentuada em 2007, recuperando-se ao longo
de 2008 na medida em que o setor imobiliário se reanime. Na zona do euro espera-se
uma desaceleração do ritmo de crescimento face ao avanço das medidas de contenção
dos gastos públicos e a correção de alguns desequilíbrios na região. No Japão, o ritmo
de expansão não deve se alterar de forma brusca, ficando mais ou menos estacionado. A
2
tabela a seguir traz informações acerca da previsão de crescimento do PIB realizada
pelo FMI.
Tabela 1 - Desempenho do PIB de países e regiões selecionados
Projeções atuais
2005
2006
2007
2008
Economia Mundial
4,9
5,4
4,9
4,9
Economias avançadas
EUA
Zona do Euro
Alemanha
França
Itália
Espanha
Japão
Reino Unido
Canadá
Outras economias avançadas
Economias asiáticas recém-industrializadas
2,5
3,2
1,4
0,9
1,2
0,1
3,5
1,9
1,9
2,9
3,9
4,7
3,1
3,3
2,6
2,7
2
1,9
3,9
2,2
2,7
2,7
4,3
5,3
25,5
2,2
2,3
1,8
2
1,8
3,6
2,3
2,9
2,4
3,8
4,6
2,7
2,8
2,3
1,9
2,4
1,7
3,4
1,9
2,7
2,9
3,8
4,6
Mercados emergentes e em desenvolvimento
7,5
7,9
7,5
7,1
5,6
6
4,6
2,9
2,8
6,6
6,4
6,9
5,5
5,4
9,2
10,4
9,2
5,5
5,7
5,5
3,7
4,8
7,7
6,7
9,7
6
5,7
9,4
10,7
9,2
6,2
6,8
4,9
4,4
3,4
7
6,4
8,3
5,5
5,5
8,8
10
8,4
5,8
6,1
4,2
4,2
3,5
6,4
5,9
7,5
5,3
5,5
8,4
9,5
7,8
5,2
5,4
5,5
5,8
Países Selecionados
África
África Sub-Sahariana
América
Brasil
México
Comunidade dos Estados Independentes
Rússia
Excluindo a Rússia
Europa Central e Oriental
Oriente Médio
Países em desenvolvimento na Ásia
China
Índia
ASEAN-4
Fonte: FMI em seu World Economic Outlook
O crescimento econômico registrado nos países emergentes deve continuar forte em
2007 e 2008 graças ao cenário internacional extremamente favorável e a manutenção
dos preços das commodities em patamares elevados no mercado mundial. A Índia pode
desacelerar em função do endurecimento da política monetária, que tenta conter o
superaquecimento da economia daquele país.
O Oriente Médio, a América Latina e os países ricos em produtos básicos na África
devem continuar a ter um acentuado crescimento em 2007. Entretanto, o México e as
3
economias emergentes da Europa seriam mais afetados pela desaceleração nos EUA e
na Europa.
3. Quais os efeitos de uma desaceleração dos EUA sobre o PIB global?
Este é o principal questionamento levantado pelos principais analistas ligados à
economia internacional. É sabido que e economia mundial nos últimos 20 anos tornouse cada vez mais integrada do ponto de vista comercial, financeiro e produtivo. Desta
forma, qualquer fonte de risco pode se espalhar com mais rapidez pelos canais
comerciais e financeiros através dos países.
Os EUA são responsáveis por 20% das importações mundiais e o seu centro financeiro
é o mais importante no mundo. Neste sentido, as preocupações em torno dos riscos de
uma desaceleração na economia norte-americana sobre o conjunto dos países tendem a
ganhar terreno. Episódios recentes aumentam o temor, tais como: O estouro da bolha
formada no mercado de ações entre os anos de 2000 e 2001 nos setores de alta
tecnologia daquele país, que se repercutiu rapidamente sobre outros países, levando a
um colapso nas valorizações das bolsas e do investimento empresarial em meio a uma
mudança geral das expectativas.
Entretanto, a recessão atual parece ter tido repercussões limitadas apenas aos vizinhos,
Canadá e México. Alguns fatores podem explicar este resultado:
•
A desaceleração estadunidense está centrada no setor imobiliário, que tem um
componente relativamente pequeno de produtos importados.
•
O esfriamento do setor imobiliário ocorre apenas nos EUA, já que em outras
regiões ele continua crescendo.
•
As melhoras do balanço das empresas e das condições do mercado de trabalho
na Europa têm estimulado o mercado interno, possibilitando que o crescimento
econômico não dependa apenas das exportações.
Não se podem descartar maiores dificuldades se a economia estadunidense reduzir ainda
mais o consumo e o investimento empresarial em 2007. Há também a possibilidade de
um grave risco de transbordamento para as economias emergentes da Ásia, sobretudo se
4
o ritmo do crescimento chinês se desacelerar de forma mais abrupta, situação que parece
pouco provável, especialmente após a divulgação do resultado da economia chinesa
para o primeiro trimestre deste ano, que registrou alta de 11,1%.
4. Orientações para a política econômica
O relatório do FMI aponta as medidas que devem ser adotadas pelas autoridades
governamentais tanto das economias avançadas quanto a dos países emergentes para a
manutenção do crescimento mundial em bases sólidas e sustentáveis. Neste sentido,
ressalta a necessidade dos governantes aproveitarem as condições internacionais
favoráveis para avançar nas reformas estruturais e na consolidação fiscal de modo a
assegurar a sustentabilidade do crescimento. Entretanto, este objetivo deve estar
alinhado com a manutenção da estabilidade financeira e macroeconômica, sobretudo o
controle da inflação.
Para os países centrais, o desafio para as autoridades monetárias é manter o crescimento
alinhado com a baixa pressão inflacionária. Cada país deve enfrentar a alta dos preços
de acordo com os diferentes graus em que se encontra seu processo inflacionário. Nos
EUA, o Federal Reserve (o BC americano) deve buscar o reaquecimento da economia,
sem desconsiderar a preocupação de manter os preços sob controle. Na zona do euro,
caso se confirme às previsões de crescimento do PIB acima ou próximo ao PIB
potencial, o BCE deve aumentar as taxas de juros para conter as pressões altistas dos
preços e salários.
Para a maioria das economias, o relatório aponta a necessidade da consolidação fiscal
considerada como um elemento crucial face ao envelhecimento da população. Neste
sentido, são necessárias reformas fiscais para evitar distorções nas bases da arrecadação
e o aumento dos desperdícios, sobretudo na área de seguridade social. O FMI defende a
reforma do sistema de pensões de modo a encorajar os trabalhadores a se manter em
atividade por mais tempo e assegurar a viabilidade fiscal.
No que tange aos países emergentes, os desafios a serem enfrentados são semelhantes
ao dos países desenvolvidos, ou seja, assegurar a estabilidade macroeconômica e
financeira, promover o crescimento econômico sustentado. Segundo o relatório, vários
países na região avançaram na consolidação dos fundamentos macroeconômicos,
5
tirando proveito do cenário internacional benigno. Entretanto, alguns problemas
continuam pendentes, entre eles:
•
Os mercados emergentes enfrentam o desafio de manter a estabilidade
macroeconômica e financeira frente ao grande fluxo de capitais estrangeiros
entrantes, os quais podem minar a competitividade desses países, acentuando a
vulnerabilidade externa.
•
Na China, a adoção de uma política cambial mais flexível poderia facilitar a
gestão da política monetária.
•
Nas economias emergentes da Europa, os governos precisam enfrentar os
grandes déficits nas transações correntes e o aumento expressivo do crédito.
•
Na América Latina, os governos precisam consolidar os processos recentes de
diminuição dos déficits públicos.
•
Nos países exportadores de commodities, sobretudo nos grandes produtores de
petróleo, as receitas oriundas do comércio exterior e com a arrecadação fiscal
precisam ser geridas de forma a evitar o superaquecimento da economia.
O FMI também ressalta a necessidade de iniciativas multilaterais através da cooperação
e das ações coordenadas das políticas governamentais para a solução dos grandes
desequilíbrios em conta corrente, quais sejam:
•
O aumento da poupança nos Estados Unidos, mediante austeridade fiscal e a
redução dos desestímulos da poupança;
•
Reformas estruturais voltadas para o estímulo do crescimento no Japão e nos
países que compõem a zona do euro;
•
Medidas para o estímulo do mercado interno e em direção a uma maior
flexibilização das taxas de câmbio nos países emergentes da Ásia, em particular,
na China.
Setor Externo Brasileiro: Real, a commodity mais valorizada do mercado.
1. Introdução
6
A atual onda de valorização cambial frente ao dólar – que se verifica em todas as
moedas espalhadas pelo mundo, com exceção da moeda japonesa – pode comprometer a
evolução do setor externo brasileiro, em especial os setores intensivos em mão-de-obra.
Entretanto, o impacto no saldo comercial ainda não se deu de forma mais contundente.
O que se observa analisando os números do setor externo, no que tange à balança
comercial, é que a taxa de crescimento das importações vem sendo maior do que a taxa
de crescimento das exportações. Mesmo com essa sinalização, o saldo comercial,
fazendo uma comparação anualizada, poderá ser igual ao do verificado no ano passado.
Neste cenário, o relatório analisa os dados do Balanço de Pagamentos do Brasil e
observar alguns indicadores de solvência externa.
2. Transações Correntes: valorização cambial, remessa de lucros e poupança
externa.
O saldo nas transações correntes saiu de posição de saldo negativo (1995 até 2002) para
uma posição superavitária (2003 até 2006). Em 2007 a tendência de saldo positivo
deverá ser mantida graças ao saldo extremamente positivo da balança comercial.
2.1 Balança Comercial
No mês de maio, a cotação do dólar caiu abaixo de R$ 2, as importações bateram
recorde histórico no Brasil e somaram US$ 9,78 bilhões. Outro recorde da balança
comercial foi o saldo de US$ 3,87 bilhões, o maior para um mês de maio. As
exportações somaram US$ 13,648 bilhões, o terceiro melhor desempenho do país. No
ano, o superávit acumulado chegou a US$ 16,854 bilhões - alta de 8% sobre o mesmo
período de 2006, como pode ser visto na tabela 2.
7
Tabela 2 - Balança Comercial (FOB em milhões)
Anos
Exportações
Importações
Saldo
1999
48.011
49.210
-1.199
2000
55.085
55.783
-698
2001
58.222
55.572
2.650
2002
60.321
47.240
13.081
2003
70.084
48.290
21.794
2004
96.475
62.834
33.641
2005
118.308
73.551
44.757
2006
137.471
91.394
46.077
2007*
60.097
43.243
16.854
Fonte: MIDIC
(*)Dados acumulados até maio
O governo minimizou o aumento das importações, e o secretário de Comércio Exterior,
Armando Meziat, classificou o fato como “ilusório”, devido à greve da Receita Federal
em maio do ano passado. Ante o mesmo mês de 2006, as importações cresceram 34,2%
e as exportações, 32,4%. Para Meziat: “As importações vão continuar crescendo mais
do que as exportações, mas não em ritmo suficiente para reduzir o superávit comercial”,
afirmou.
Com o resultado de maio, as exportações atingiram US$ 148,31 bilhões no acumulado
de 12 meses desde junho do ano passado, um aumento de 20% em relação ao mesmo
período anterior. Já as importações cresceram 26,7% no período e chegaram a US$
100,45 bilhões.
Mesmo reduzindo a importância do aumento nas importações, Meziat foi cauteloso e
manteve a previsão de US$ 152 bilhões para as exportações no ano. “Muito
provavelmente vamos alcançar a meta”, disse. Os principais produtos responsáveis pelas
boas vendas ao exterior continuaram sendo commodities, cujo preço permanece
aquecido.
Tabela 3 - Exportação Brasileira - Fator Agregado Acumulado Jan/Maio de 2007
Janeiro/Maio
2007
2006
Var.% 2007/06 p/
média diária
Part. %
2007
2006
32,5
30,6
27,7
69,8
Básicos
18.384
13.741
Industrializados
40.503
34.603
15,9
67,4
8.344
6.588
25,4
13,9
13,3
32.159
28.015
13,7
53,5
56,5
1.210
1.250
-4,1
2,0
2,5
60.097
49.594
20,0
100,0
100,0
. Semimanufaturados
. Manufaturados
Op. Especiais
Total
Fonte: SECEX/MDIC.
Janeiro-Maio/2007: 104 dias úteis; Janeiro-Maio/2006: 103 dias úteis
8
Segundo o secretário, o Brasil ainda não sentiu um forte impacto da valorização do real
ante o dólar por motivos diversos, como o uso de inovações tecnológicas, maior
produtividade e redução de custos. Caiu a participação de industrializados no volume
exportado e subiu a porcentagem de produtos básicos. Em 2006, os produtos básicos
respondiam por 27,7% das vendas brasileiras no acumulado de janeiro a maio. Neste
ano, o percentual chegou a 30,6%. Os industrializados reduziram de 69,8% para 67,4%
o seu pedaço no bolo. (Folha, 2007).
Analisando o destino das exportações observa-se que a União Européia, os Estados
Unidos e a Argentina concentram boa parte das exportações. O destaque que pode ser
levantado é a China que teve um crescimento de 35% no acumulado do ano em relação
ao mesmo período do ano passado, como pode ser visto na tabela 4.
Tabela 4 -Exportação Brasileira - Principais Blocos Econômicos - Janeiro/maio de 2007
Janeiro/Maio
Part. %
Var.% 2007/06
2007
2006 p/média diária
2007
2006
União Européia
Aladi
- Mercosul
. Argentina
- Demais da Aladi
EUA (1)
Ásia
. China
África
Oriente Médio
Europa Oriental
15.087
13.382
6.171
5.137
7.211
9.907
9.205
3.842
3.252
2.489
1.568
11.305
11.563
5.149
4.359
6.414
9.289
7.318
2.799
2.610
1.728
1.236
32,2
14,6
18,7
16,7
11,3
5,6
24,6
35,9
23,4
42,7
25,6
25,1
22,3
10,3
8,5
12,0
16,5
15,3
6,4
5,4
4,1
2,6
22,8
23,3
10,4
8,8
12,9
18,7
14,8
5,6
5,3
3,5
2,5
Demais
11.378
9.694
16,2
18,9
19,5
TOTAL
60.097
49.594
20,0
100,0
Fonte: SECEX/MDIC.
Janeiro-Maio/2007: 104 dias úteis; Janeiro-Maio/2006: 103 dias úteis
(1) inclui Porto Rico.
100,0
Já sobre as importações observa-se uma elevação em todas as categorias analisadas. O
aumento na taxa de crescimento das importações pode ser justificado pela excessiva
valorização cambial aliada como uma tentativa de modernização do parque industrial,
como pode ser visto na tabela a seguir.
9
Tabela 5 - Importação Brasileira por Categoria de Uso - janeiro/maio 2007
Janeiro/Maio
Var.% 2007/06
2007
2006
Part. %
p/média diária
2007
2006
Bens de Capital
Matérias-primas e intermediários
Bens de Consumo
- Não-duráveis
- Duráveis
. Automóveis
Combustíveis e lubrificantes
- Petróleo
- Demais
9.113
21.703
5.791
3.055
2.736
842
6.636
4.112
2.524
7.311
16.883
4.251
2.171
2.080
548
5.696
3.588
2.108
23,4
27,3
34,9
39,4
30,3
52,2
15,4
13,5
18,6
21,1
50,2
13,4
7,1
6,3
1,9
15,3
9,5
5,8
21,4
49,5
12,5
6,4
6,1
1,6
16,7
10,5
6,2
Total
43.243
34.141
25,4
100,0
100,0
Fonte: SECEX/MDIC.
Janeiro-Maio/2007: 104 dias úteis; Janeiro-Maio/2006: 103 dias úteis
(1) inclui Porto Rico.
Assim, o saldo da balança comercial só ficará menor neste ano se continuar aumentando
a distância entre o ritmo de crescimento das exportações e das importações. Para o
Ministro da Fazenda, Guido Mantega: “o atual crescimento das importações ainda não é
suficiente para reduzir o superávit em valor absoluto. Tem que haver um distanciamento
entre as duas taxas para que o superávit caia”, afirmou.
2.2 Conta Serviços
A conta de serviços fechou o ano de 2006 tendo o terceiro maior resultado da historia
(só atrás dos anos de 1998 e 1997). Além disso, essa conta tem uma contribuição
negativa no fechamento do saldo das Transações Correntes. Das 13 sub-contas que
compõe a Conta de Serviços o Brasil só 3 tem resultado positivo.
10
Tabela 6 - Saldo Conta Serviços por Sub-Contas(em US$ milhões)
Ano
2003
2004
2005
2006
2007*
-1590
-1986
-1950
-3128
-849
Transporte
218
351
-858
-1448
-262
Viagens Internacionais
-436
-544
-568
-430
-134
Seguro
-383
-77
-230
-123
69
Serviço Financeiro
-1034
-1228
-1626
-1903
-579
Computação
-1120
-792
-1303
-1513
-396
Royaltes
-2312
-2166
-4130
-4887
-1289
Aluguel Equi.
-151
-192
-755
-450
-143
Governo
84
174
127
104
20
Comunicação
10
1
8
18
2
Construção
-92
-235
-279
-1
49
Rel. Comercio
2158
2378
3651
4556
1415
Empresarias
-283
-362
-396
-452
-133
Culrural
Fonte: Bacen (*) dados referente ao 1º trimestre
2.3 Conta Renda
A Conta Renda também tem contribuição negativa no saldo total das Transações
Correntes. O resultado verificado em 2006 foi o maior da história. Este dado é um
pouco preocupante, pois dentro dessa conta está a remessa de lucros e dividendos.
Depois da abertura da economia brasileira no começo dos anos 90, quando ocorreu um
processo de desnacionalização dos ativos do Brasil, a remessa de lucros e dividendos,
que funciona como uma contrapartida da entrada de Investimento Direto Estrangeiro
teve um aumento exponencial, como pode ser visto nas tabelas a seguir.
Tabela 7 - Saldo Conta Rendas por Trimestre (em US$ milhões)
Ano
I
II
III
IV
Total
2007
-5760
2006
-6925
-7638
-5505
-7376
-27444
2005
-5310
-7217
-5999
-7440
-25967
2004
-4592
-5775
-4180
-5973
-20520
2003
-3497
-5304
-3542
-6209
-18552
2002
-3550
-5716
-3742
-5181
-18191
Fonte: BACEN
Um outro detalhe que chama a atenção sobre as remessas de lucro e dividendo se refere
a atual onda de valorização cambial. Com o real extremamente valorizado fica muito
mais atrativo para as empresas multinacionais fazerem suas remessas. Além dessa
observação, um dado que chama a atenção é que o pagamento de juros (que sempre foi
problemático no Brasil) já é inferior às remessas de lucros e dividendos.
11
Tabela 8 - Conta Renda do Balanço de Pagamentos (US$ milhões)
2002
2003
2004
Rendas
-18191 -18552 -20520
Salário e ordenado
102
109
181
Renda de investimentos (líquido)
-18292 -18661 -20701
Renda de investimento direto
-4983
-5098
-5789
Lucros e dividendos
-4034
-4076
-4937
Lucros reinvestidos no Brasil
0
0
0
-1022
-852
Juros de empréstimo intercompanhia -949
Renda de investimento em carteira
-8384
-8743 -10415
Lucros e dividendos
-1128
-1564
-2400
Juros de títulos de renda fixa
-7256
-7179
-8015
-4820
-4497
Renda de outros investimentos (juros) -4925
Juros pagos
-5578
-5681
-5495
Juros refinanciados
0
0
0
Juros atrasados
0
0
0
Fonte: Bacen
2005
-25967
214
-26181
-10302
-9142
0
-1161
-11778
-3544
-8234
-4101
-5452
0
0
2006
-27489
177
-27666
-12811
-11431
0
-1380
-11051
-4924
-6128
-3804
-5723
0
0
2007*
-5760
111
-5871
-2691
-2427
0
-264
-2031
-696
-1335
-1149
-1612
0
0
2.4 Transações Correntes
Com a implantação da âncora cambial, que mantinha o real valorizado para combater a
inflação, o saldo nas transações correntes, passou a ser deficitária. Depois da mudança
do regime cambial, em 1999, as transações correntes passaram a ter seu saldo positivo,
com a reversão completa da Balança Comercial (essa reversão se deu no ano de 2003).
No ano de 2006, o que se verificou foi um saldo das transações correntes menor do que
o observado no ano de 2005, mesmo com a Balança Comercial batendo recorde atrás de
recorde, o que mostra o impacto das remessas de lucro, pagamentos de juros e o saldo
negativo da conta de serviço.
Tabela 9 - Balanço de Pagamentos - Transações Correntes (anos selecionados) US$ milhões
Ano
Balança Comercial
Serviços
Renda
Trans.Unilateral
Transações Correntes
1997
-6753
-10646
-14876
1823
-30452
1998
-6575
-10111
-18189
1458
-33417
1999
-1199
-6977
-18848
1689
-25335
2000
-698
-7162
-17886
1521
-24225
2001
2650
-7759
-19743
1638
-23214
2002
13121
-4957
-18191
2390
-7637
2003
24794
-4931
-18552
2867
4178
2004
33641
-4678
-20520
3236
11679
2005
44703
-8309
-25967
3558
13985
2006
46115
-9656
-27489
4306
13276
2007*
8701
-2229
-5760
982
1694
Fonte: Bacen
12
3. Conta Capital e Financeira
A abertura comercial e financeira da economia brasileira no começo dos anos 90, e seu
aprofundamento nos anos subseqüentes, acarretaram uma entrada considerável de
capital estrangeiro. Após o boom do começo dos anos 90, com o processo de
privatização, houve uma queda no ritmo de entrada de investimento estrangeiro direto
(IED. Em 2002 e 2003 o ritmo de entrada permaneceu elevado, mas houve um aumento
significativo das saídas de capital brasileiro, a tal ponto que nos anos de 2004 e 2005 o
saldo final da conta financeira fica negativo. Já em 2006, houve uma forte recuperada
no ritmo de entrada desse capital, voltando a fechar o ano com saldo positivo na conta
financeira.
Tabela 10 - Conta Financeira e suas Subcontas (em US$ milhões)
2007*
2006
2005
2004
2003
Conta Financeira
21929
15458
-10257
-7895
4614
Investimento Direto
8514
-9420
12549
8339
9895
1936
-28202
-2517
-9807
-249
Inv. Brasil. Direto
6578
18782
15066
18146
10144
Inv. Estrangeiro Direto
Investimento Carteira
9333
9573
4884
-4751
5308
367
523
-1771
-755
179
Inv.Brasil. Carteira
Inv. Estrangeiro Carteira
8966
9051
6655
-3996
5129
Derivativos
383
-40
-677
-151
-9
Outros Inves.
4092
14922
-27650
-10806
-10438
Fonte: BACEN
(*) Os dados referentes ao ano de 2007 ainda não está fechado.
Assim, considera-se os dados até o 1º trimestre.
2002
7572
14108
-2482
16590
-5118
-321
-4797
-356
-1062
Uma observação importante que tem que se fazer desrespeito ao atual movimenta de
internacionalização das empresas brasileiras. A saída de capital brasileiro em busca de
novos investimentos no exterior pode estar relacionada: i) busca de investimentos mais
lucrativos no exterior, uma vez que a economia interna não cresce; ii) processo de fusão
e aquisição no exterior para ganhar escala e evitar a concorrência dos seus
competidores; iii) especular com o câmbio valorizado. Na medida que a moeda local se
valoriza é mais interessante para os empresários buscar uma rentabilidade maior e
especular com o câmbio. Por exemplo: uma empresa que tenha filial no exterior pode
conseguir um empréstimo com um custo menor do que o observado no mercado interno,
fruto do alto diferencial de juros (interno x externo). Assim, uma filial pode captar esses
dólares que conseguiu lá fora e trazer para o mercado interno, aplicando aqui e
ganhando, tanto com o diferencial de juros como com a valorização cambial.
13
Dessa forma, se um empresário, hipoteticamente, conseguir US$ 100,00 no exterior
como empréstimo, no começo do ano, caso decidisse aplicar esse dinheiro aqui no
Brasil, receberia R$ 212,00 (considerando uma taxa de câmbio de R$2,12 por US$).
Pode aplicar esse dinheiro rendendo os juros e quando voltar como esse dinheiro para o
exterior ainda ganha com a valorização. Nesse caso hipotético, se ele remeter esse
dinheiro com o câmbio de hoje, receberia US$ 112,00. Um valor superior ao que trouxe
para o Brasil, sem contar os juros. Na tabela a seguir pode-se verificar esse movimento
de saída de capital.
Tabela 11 - Conta Financeira e sub-conta (em US$ milhões)
Sub-Conta
2007
2006
2005
2004
Investimento Brasileiro Direto
1936
-28202
-2517
-9808
Participação no Capital
-3345
-23413
-2695
-6640
Emprestimo Intercompanhia
5282
-4789
178
-3167
Matriz no Brasil e Filial no Exterior
-718
-4773
103
-3170
Filial no Exterior e Matriz no Brasil
6000
-16
75
3
Fonte: BACEN
2003
-249
-62
-187
-187
0
2002
-2094
-2702
613
613
0
Dessa forma, tendo as Transações Correntes superavitárias e um saldo na conta Capital
e Financeira também positiva, o resultado global do Balanço de Pagamentos é positivo.
Isso justifica a atual acumulação de reservas, que já está em US$ 122 bilhões, o que
sinaliza para o “mercado” uma queda na vulnerabilidade externa do país. Ora, qual é o
argumento que comprova essa queda nos indicadores da vulnerabilidade do país? As
agências de risco utilizam alguns índices que são os indicadores tradicionais de análise
da vulnerabilidade de um país, entre os quais: serviço da dívida/ exportação; juros/
exportação; reservas/ dívida total entre outros. O que se pode verificar, na atual
conjuntura do país é que esses indicadores, de fato, vem apresentando uma melhora
significativa, seja pelo aumento das exportações seja pelo aumento das reservas, como
pode-se observar na tabela a seguir.
14
Indicadores
Tabela 12 - Indicadores de endividamento externo
2001
2002
2003
2004
Serviço da dívida/exportações (%)
Serviço da dívida/PIB (%)
Juros/exportações (%)
Dívida total/PIB (%)
Dívida total do setor público/dívida total (%)
Reservas (liquidez)/dívida total (%)
Dívida total/exportações
Dívida total líquida/exportações
Reservas (liquidez)/serviço da dívida
Reservas (liquidez)/juros
Fonte: Bacen
84,9
8,9
28,0
37,9
51,5
17,1
3,6
2,8
0,7
2,2
82,7
9,9
23,6
41,8
59,4
18,0
3,5
2,7
0,8
2,7
72,5
9,6
19,4
38,8
63,1
22,9
2,9
2,1
0,9
3,5
53,7
7,8
14,8
30,3
65,7
26,3
2,1
1,4
1,0
3,7
2005
2006
55,8
7,5
12,2
19,2
59,2
31,7
1,4
0,9
0,8
3,7
41,4
5,3
10,8
16,2
51,7
49,8
1,3
0,5
1,5
5,8
Entretanto, as análises desses indicadores podem distorcer alguns fatos. É verdade que
está ocorrendo uma queda no total da dívida externa, a tal ponto, que o país é hoje
credor em dólar. Mas, a política de acúmulo de reservas, com o objetivo de diminuir a
vulnerabilidade externa e tentar controlar a queda do câmbio, esbarra numa nova
configuração da vulnerabilidade externa, que ainda não tem merecido a devida atenção.
O mecanismo de compra de dólares e emissão de dívida pública interna traz uma
questão interessante, que é a análise do processo de internalização da dívida pública.
Uma vez que, não há informações sobre os detentores da dívida interna, e sabendo que
investidores internacionais podem adquiri esses títulos, entramos numa nova
configuração da vulnerabilidade externa do país, pois, pode não ser verdade que esteja
ocorrendo uma diminuição da “dívida externa” uma vez que agentes externos podem
adquirir títulos da dívida interna.
15
Referências Bibliográficas
BACEN. Banco Central do Brasil. Disponível em www.bacen.gov.br
FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL (FMI). World Economic Outlook, abr.
2007. Disponível em: <www.imf.org>. Acesso em: 04 jun. 2007.
INSTITUTO DE ESTUDOS PARA O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL (IEDI).
Perspectivas da Economia Mundial: Crescimento Sustentado, Carta IEDI, n. 259.
Disponível
em:
http://www.iedi.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=2778&sid=20. Acesso em:
03 jun. 2007.
MDIC. Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comercio. Disponível em
www.midc.gov.br
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