SINTOMAS NEUROLÓGICOS PÓS-RAQUIANESTESIA

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TEMAS LIVRES DO 51º CONGRESSO BRASILEIRO DE ANESTESIOLOGIA
9º CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO – 1º CONGRESSO DE DOR DA BRASILEIRA DE ANESTESIOLOGIA
A
SINTOMAS NEUROLÓGICOS PÓS-RAQUIANESTESIA. RELATO DE CASO
Daniel Segabinazzi*, Betina Brescianini, Cláudia Pedron, Florentino F Mendes
Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre,RS
Rua Carlos Von Koseritz 573/203 - São João - 90540-031 - Porto Alegre-RS
Introdução - O surgimento de complicações neurológicas é possível após a realização de raquianestesia. O objetivo deste relato é apresentar um caso de alterações neurológicas, a investigação e a evolução dos sintomas. Relato do Caso - Paciente do
sexo masculino, 73 anos, 65 kg, 1,67 m, estado físico ASA III (insuficiência renal crônica, hipertensão arterial sistêmica, estenose de carótidas com AIT). Internou para retirada de cateter de diálise peritoneal, que apresentava sinais de infecção. Os exames
laboratoriais mostravam Ht 34%, Hb 10,9 g/dl, TP 86%, TTP 43,6/36s e creatinina 7mg/dl. Submetido a raquianestesia com agulha Quinke nº 25, em L2 -L3 , na linha média, punção única. Durante a punção o paciente referiu parestesia no membro inferior direito com melhora após leve recuo da agulha. O líquor era claro. Foram injetados 15mg de bupivacaína hiperbárica a 0,5%. Cinco horas após a realização do bloqueio o paciente apresentava parestesias nos membros inferiores, na região dorsal e na região
glútea. A avaliação neurológica mostrou anestesia em sela e hipoestesia na região plantar direita. Os reflexos eram normais. A
tomografia computadorizada não evidenciou lesões na coluna lombossacra. Permaneceu com dor na região dorsal e anestesia
em sela 24 horas após o procedimento. Embora a força dos membros inferiores fosse normal, não conseguia deambular sem o
auxílio de muletas. Após 48 horas do procedimento o paciente apresentou incontinência urinária. Foi realizada ressonância nuclear magnética que evidenciou fratura antiga do corpo vertebral de T 12 , cisto em cone medular e processo expansivo intradural
de L4 a S1 com compressão de raízes. Consulta à neurocirurgia: hematoma intradural sem indicação de tratamento cirúrgico. O
tratamento foi conservador com fisioterapia motora e analgesia. O paciente obteve alta hospitalar no 18º dia após o procedimento, assintomático. Realizada nova RNM 30 dias após a alta com cone medular de morfologia normal e canal raqueano sem alterações. Discussão - O caso mostra que na presença de um possível hematoma subaracnóideo os sintomas neurológicos podem ser transitórios. O acompanhamento da evolução do quadro clínico foi importante na decisão de manter tratamento conservador. Referências - 01. Gerancher JC, Liu SS - Complications of Neuraxial (spinal/epidural/caudal) Anesthesia, em: Benumof
JL, Saidman LJ - Anesthesia & Perioperative Complications. 2nd Ed, 1999;66-89.
B
PCR EM OBESO MÓRBIDO. REANIMAÇÃO COM MASSAGEM CARDÍACATRANS-DIAFRAGMÁTICA. RELATO DE CASO
Carlos E C Martins*, Rogério L R Videira, Gleicy K Barcelos
Hospital e Maternidade São Luiz, SP
Rua Doutor Alceu de Campos Rodrigues, 95 - Itaim - 04544-000 São Paulo-SP
Introdução - A anestesia no obeso mórbido é um desafio. As complicações são freqüentes e muitas vezes de difícil tratamento.
O objetivo deste relato é mostrar uma técnica alternativa frente à ineficácia da massagem cardíaca externa (MCE). Relato do
Caso - Paciente do sexo feminino, 59 anos, 138 kg, 1,56 m, IMC = 56,7 kg/m 2 , estado físico ASA II, HAS. Tratada com atenol e
clortalidona para gastroplastia redutora por laparotomia. Monitorizada com cardioscopia, capnografia, oxímetro de pulso, PAM
e PVC (v. jugular interna direita). Técnica anestésica combinada: anestesia geral e raquianestesia em L 3 -L4 , agulha 27G x 4
11/16” Whitacre. Bupivacaína hiperbárica (5 mg) e sufentanil (10 µg) e morfina (0,5 mg) por via subaracnóidea. Anestesia geral
com midazolam (2 mg), fentanil (250 µg), propofol (150 mg) e succinilcolina (160 mg). Manutenção: propofol em infusão alvo
controlada 3,5 µg.ml-1 , atracúrio (7 µg.kg-1 .min-1 ), sevoflurano 0,5%, N2 O 50%. Após 4h paciente apresentou bradicardia com
repercussão hemodinâmica (FC = 52 bpm, PA = 60/32 mmHg), medicada com atropina (0,75 mg), evoluindo para fibrilação ventricular. Desfibrilada com 200J apresentou assistolia. Iniciada MCE com PAM = 30/20mmHg. Após 3 min e devido à ineficácia da
MCE passou-se para massagem cardíaca trans-diafragmática (MCTD), obtendo-se PAM=60mmHg. Após 20 min, 5 desfibrilações alternadas com MCTD e 5mg epinefrina paciente assumiu ritmo sinusal e foi encaminhada a UTI com dopamina 5
µg.kg-1 .min-1 . Recebeu alta da UTI no 4º PO e alta hospitalar no 15º PO. Discussão - Apartir de 1960 quando Kouwenhoven descreveu a MCE, a massagem cardíaca interna, outrora muito utilizada, passou a ter indicações restritas não sendo rotineiramente preconizada nos algoritmos da American Hearth Association. Porém, em algumas situações onde existem dificuldades técnicas que tornam a MCE ineficaz, poderiam ser usadas técnicas alternativas. A MCTD possui algumas vantagens durante uma cirurgia com abdômen aberto: menor incidência de fratura de costelas e outras lesões. A compressão digital da aorta abdominal
direciona o fluxo da massagem para os órgãos alvo da reanimação (coração e encéfalo). Neste caso o sucesso de uma reanimação prolongada pode ser creditado a utilização da técnica. Referências - 01. Rieder CF - A study of the techniques of cardiac
massage with the abdomen open. Surgery, 1985;98:824-830; 02. Girardi LN - Improved survival after intraoperative cardiac
arrest in noncardiac surgical patients. Arch Surgery, 1995;130:15-18.
CBA 200
Revista Brasileira de Anestesiologia
Vol. 54, Supl. Nº 33, Novembro, 2004
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