UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM: UMA PERSPECTIVA A SER ALCANÇADA. Denise Guimarães Aguiar Nunes Aluna do curso de pós-graduação em Coordenação Pedagógica. Universidade Federal do Tocantins. 1-INTRODUÇÃO Esse trabalho foi produzido a partir da aplicação do projeto de intervenção na Escola Municipal Francisca Brandão Ramalho, em Palmas-TO. O seu principal foco foi estabelecer uma dinâmica política entre professores, pais, alunos e comunidade escolar, através de uma pesquisa-ação. De acordo com as observações da coordenação pedagógica, na socialização dos conselhos de classe e a avaliação do trabalho da escola em 2010 para a reestruturação do Projeto Político Pedagógico de 2011, evidenciou-se que as dificuldades de aprendizagem dos alunos era uma das principais problemáticas enfrentadas pelos professores, razão que motivou a realização desta pesquisa-ação, visando aprimorar os conhecimentos sobre o assunto, afim de analisar as causas das possíveis dificuldades, compreender e diferenciar dificuldades de aprendizagem e distúrbios de aprendizagem, já que no grupo de professores,alguns tinham dúvidas com relação as duas temáticas, inclusive chegaram a encaminhar para a equipe multidisciplinar diversos alunos, que para eles eram portadores de distúrbios de aprendizagem, e que após triagem foram diagnosticados com dificuldades de aprendizagem. Dessa forma Oliveira(2010), afirma que é comum os professores interpretarem as dificuldades escolares dos alunos como uma consequência de um distúrbio orgânico, e em decorrência os encaminham para médicos, neurologistas e hospitais para que sejam diagnosticadas as causas do não aprender. A pesquisa procurou em tempo promover uma reflexão sobre as possibilidades de aprendizagem, já que durante as leituras realizadas surgiu um novo paradigma, introduzido pela perspectiva histórico-cultural, onde as dificuldades de aprendizagem passam a ser entendidas como uma forma diferente de se aprender e não uma impossibilidade. Buscou-se também facilitar o trabalho docente, através de intervenções que favorecessem: *Desmistificar a idéia de que todos aprendem da mesma maneira; *Conhecer as diferentes formas de aprender dos alunos; *Identificar através de diagnósticos os alunos com lacunas de aprendizagem; *Acompanhar sistematicamente o planejamento semanal, auxiliando os professores nas ações que irão estimular a aprendizagem dos alunos; *Acompanhar o desenvolvimento dos alunos a cada bimestre. Utilizou-se como metodologia os recursos qualitativos através da pesquisa participante e observações em loco. A pesquisa-ação foi desenvolvida através de investigação das problemáticas enfrentadas pela escola, observação do trabalho docente, conversa com as famílias, realização dos conselhos de classe, verificação do rendimento dos alunos, leituras diversas sobre a temática nas reuniões de estudo e debates entre os grupos e avaliação permanente dos resultados. Os autores mais pesquisados foram: Maria Carmem Villela Rosa Tacca, Fermino Fernandes Sisto, Corinne Smith, Lisa Strick, Os indicadores de qualidade da educação entre outros. A Escola Municipal Francisca Brandão Ramalho está situada numa região periférica da área central da capital, Palmas-TO. A maioria dos alunos são oriundos da Quadra 1306 Sul, do Programa Minha Casa, Minha Vida, uma parceria dos Governos: Federal, Estadual e Municipal. Em visita as famílias dos alunos descobriu-se que estes vieram das regiões das Arnos, Aurenys, assentamentos rurais e também de outros estados como: Pará, Maranhão e Bahia. Avaliando o contexto geral dessa escola, verificou-se que são muitas as demandas dessa instituição: Evasão escolar, pouca participação das famílias, currículo não estruturado, a não totalidade da execução do Projeto Político Pedagógico, as distorções idade e série, a falta de pré-requisitos dos alunos para a série em curso, entre outros, mas resolveu-se realizar essa pesquisa-ação com ênfase na dimensão “ O trabalho pedagógico e a aprendizagem”, priorizando a prática pedagógica e o ensino e aprendizagem. A pesquisa-ação limitou-se ao problema das dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos alunos dos 3º anos, pois de 210 alunos, 75 não tinham noção básica de leitura e escrita. Durante as ações da pesquisa verificou-se que 92% das crianças investigadas apresentavam dificuldades de aprendizagem, e somente 8% apresentaram distúrbios de aprendizagem, que foram encaminhadas para um tratamento com especialistas, inclusive 2% destes já apresentaram laudo neurológico e psicológico, os outros 6% estão em tratamento. Constatou-se que a freqüência das dificuldades de aprendizagem desses alunos pode ser considerada como normal tendo em vista que em pesquisas realizadas,segundo Sisto (2010), diz que na Inglaterra uma em cada seis crianças tem probabilidade de necessitar de alguma tipo de ajuda educativa especial em algum momento de sua vida escolar. Nos Estados Unidos, segundo Sisto( apud Meisels&Wasik1998),Indicaram que aproximadamente 12% das pessoas com idade entre 3 e 21 anos receberam serviços de educação especial. Os atendimentos especiais estavam relacionados com alterações da fala, atraso mental, dificuldades de aprendizagem entre outros. Ainda segundo Sisto(2010), no Brasil não há estatísticas abrangentes sobre esse fato, mas a quantidade de crianças que não se alfabetizam nas séries iniciais podem chegar em torno de 60%. Para este autor o ciclo básico, assim como a proposta de não avaliação até a quarta série do Ensino Fundamental, apenas retardou a estatística do problema. Embasada nestes resultados a escola montou uma força tarefa, afim de alfabetizar essas crianças, com estudo dirigido, contratação de mais quatro monitoras para o Programa Mais Educação para atendimento individualizado desses alunos, remanejamento dos alunos de acordo com os níveis de leitura e escrita, variação na transposição didática etc. Esse projeto que surgiu para atender uma exigência acadêmica do curso de especialização em coordenação pedagógica, ultrapassou as expectativas, pois além de acrescentar o conhecimento acadêmico aos cursistas, contribuiu para desestabilizar a escola, desequilibrando-a, através de um problema tão sério, a ponto de mexer com todos os envolvidos dessa instituição e favorecer aos estudantes que participaram desta pesquisa o direito à educação de qualidade. Entendeu-se ser necessário discutir o problema da não aprendizagem, como uma questão que interessa a todos os seguimentos da escola no processo educativo, pelas suas conseqüências e pelas mazelas que causam às crianças, aos pais e aos professores. Concluiu-se que o papel do coordenador pedagógico é de suma importância, pois cabe a esse profissional fazer uma leitura abrangente da escola em que atua, no contexto social, político e econômico que a envolve. É também de sua responsabilidade orientar o professor no encaminhamento do processo ensinoaprendizagem para alcançar os objetivos propostos. 2-REVISÃO LITERÁRIA: 2.1-DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: DEFINIÇÕES: É comum ouvirmos que as crianças que não avançam com relação aos conhecimentos cognitivos, possuem dificuldades de aprendizagem, ouve-se inclusive que estes apresentam distúrbios de aprendizagem. Observa-se com isso que no contexto escolar ainda permanecessem muitas dúvidas com relação as diferenças entre dificuldade e distúrbio de aprendizagem. Uma das possíveis causas para essas dúvidas pode ser as controvérsias entre os autores sobre os problemas e dificuldades de aprendizagem. Segundo Sisto(2010,p90) “A busca de definições claras e consistentes sobre os problemas e dificuldades de aprendizagem atravessam anos e fronteira sem uma resposta satisfatória”. Em todo o processo histórico as crianças foram o alvo com relação as dificuldades de aprendizagem, talvez pelo fato de apresentarem defasagem em relação à sala de aula ou a idade, em determinadas áreas do conhecimento. De forma que se uma criança não apresenta rendimento satisfatório nas avaliações, se essa é mais lenta do que as demais crianças em quase todas as matérias; ou mesmo apresenta um comportamento considerado inadequado pode ser considerada como portadora de dificuldade de aprendizagem. De acordo com Sisto(2010), a linha do tempo que demonstra os avanços sobre as pesquisas com relação as dificuldades de aprendizagem podem ser acompanhadas desde aproximadamente 1800 a 1963. Nesse primeiro período e até as primeiras décadas deste século encontram se contribuições relevantes, mesmo que de forma isolada, de Gall em 1800, a de Orton (1937), e a de Strauss em 1942, até a proposta de Kirk de 1963. Sisto(2010), ressalta que no primeiro período de investigação sobre as dificuldades de aprendizagem, as posições teóricas giraram em torno das análises médicas,onde as alterações do cérebro explicavam as possíveis dificuldades e justificavam as propostas de programas de intervenção. O campo das dificuldades de aprendizagem delimitou-se, oficialmente, no dia 06 de abril de 1963, dia em que um grupo de pais se reuniram em Chicago por terem algum filho com dificuldades persistentes de aprendizagem da leitura. Segundo Sisto(2010), foi nesse contexto que o psicólogo Samuel Kirk, que estava trabalhando com crianças com dificuldades da linguagem e da leitura, propôs que esses inexplicáveis obstáculos poderiam ser chamados de dificuldades de aprendizagem, pois se referiam a problemas de aprendizagem acadêmica. Na ocasião, foi criada e organizada a Associação de crianças com dificuldades de aprendizagem(Association of Children With Learning Disabilities, ACLD), com o objetivo de obter fundos para a criação de serviços especializados e de qualidade a ser oferecido nas escolas. A seguir apresentaremos algumas definições: Para Sisto(2010), o termo dificuldade de aprendizagem engloba um grupo heterogêneo de transtornos, manifestando-se por meio de atrasos ou dificuldades em leitura, escrita, soletração e cálculo, em pessoas com inteligência potencialmente normal ou superior e sem deficiências visuais, auditivas, motoras, ou desvantagens culturais. Geralmente não ocorre de uma só vez e pode estar relacionada a problemas de comunicação, atenção, memória, raciocínio ,coordenação ,adaptação social e problemas emocionais. Já Correia(2004), diz que dificuldade de aprendizagem trata-se de uma discapacidade(inabilidade) para a aprendizagem, numa ou mais área acadêmica. Na visão de Smith,Corinne( 2001), o termo dificuldade de aprendizagem referese a vários distúrbios, com uma ampla gama de problemas que podem afetar qualquer área do desempenho acadêmico. A NJCLD, composta por representantes das organizações mais importantes SOS EUA , elaborou, em 1998, uma definição: Dificuldade de Aprendizagem (DA) é um termo geral que se refere a um grupo heterogêneo de transtornos que se manifestam por dificuldades significativas na aquisição e uso da escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Esses transtornos são intrínsecos ao individuo. Supondo-se à distinção do sistema nervoso central, e podem ocorrer ao longo do ciclo vital. Podem existir, junto com as dificuldades de aprendizagem, problemas nas condutas de auto-regulação, percepção social e interação social, mas constituem, por si próprias, uma dificuldade de aprendizagem. Ainda que as dificuldades de aprendizagem possam ocorrer concomitantemente com outras condições incapacitantes (por exemplo, deficiência mental, transtornos emocionais graves) ou com influências extrínsecas (tais como as diferenças culturais, instrução inapropriada ou insuficiente), não são o resultado dessas condições ou influências. (NJCLD, 1998, apud, García, 1998:31 e32). Verificou-se que os conceitos ponderam que as dificuldades de aprendizagem provocam prejuízo na área de atuação acadêmica, então seria aceitável a ansiedade demonstrada pelos professores participantes desta pesquisa. 2.2-INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS NO CONTEXTO DE SALA DE AULA. Os coordenadores pedagógicos e os professores que possuem conhecimento sobre o assunto com certeza estarão habilitados para intervir na sala de aula e através de uma transposição didática fundamentada e específica poderá atingir melhores resultados com relação a aprendizagem dos alunos, pois é por meio desta que as intenções educativas e as competências serão desenvolvidas. Transformando o conhecimento cientifico em conhecimento escolar a ser ensinado, definindo o conteúdo e tomando as decisões didáticas e metodológicas que vão orientar as atividades dos professores e alunos com um único objetivo, de construir o ambiente de aprendizagem. Para Parga(2010),a dificuldade de aprendizagem é resultante de conflitos que se encontram diretamente relacionados à metodologia pedagógica e ao vínculo que o sujeito estabelece com a escola. O professor é o principal articulador do processo ensino e aprendizagem, cabe a ele planejar uma aula significativa para o aluno, contribuindo para que a criança integre o seu passado,vivenciando o presente e projetando o futuro. O professor pode levar a criança a construir a possibilidade de se auto-avaliar, para que se aproprie de seu potencial e conheça suas potencialidades e dificuldades. Nesse sentido Parga(2010), diz que o professor dever se preocupar com o desenvolvimento integral da criança, propiciando a aproximação escola-família, vinculando sempre o aluno ao prazer de aprender, permitindo, assim, um mecanismo de identificação desta com o processo de aprendizagem. Outra atenção deve ser dada ao currículo que deve sofrer alterações para que as necessidades das crianças com dificuldades de aprendizagem sejam atendidas, pois uma das causas que mais desestimulam as crianças com relação à aprendizagem é o fato de lhes passarem conteúdos que estas não sabem o que é e para que serve, além de utilizarem os livros didáticos com textos enormes para crianças que não identificam nem mesmos as letras. Observou-se uma ansiedade por parte dos professores com relação aos conteúdos programáticos para o ano letivo, apesar de ser enfocado , nas formações de professores que, até o quinto ano o aluno deve ter como pré –requisito a leitura fluente, boa interpretação, produção de texto com sequência lógica e domínio das quatro operações, observou-se que os professores ainda estavam presos em transmitir somente conteúdos sem levar em consideração a reflexão destes e o entendimento principal que é as habilidades previstas, pois somos sabedores que os conteúdos são repetitivos ao longo das séries e nem assim os alunos conseguem aprender e o que deveria ser ensinado também fica com lacunas, por exemplo a leitura e a interpretação. A LDB (9393/96) na sessão que trata do Ensino Fundamental, art.32 diz que o Ensino Fundamental é obrigatório, com duração mínima de 9 anos e terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo. Então, para garantir a efetividade na aprendizagem dos alunos, a escola precisa ter uma proposta pedagógica com orientações precisas para alfabetização, definindo quais os objetivos para cada etapa, que tipo de atividade precisa ser realizada na sala de aula e na escola, como deve ser a avaliação e orientados por essa proposta os professores planejarão as suas aulas, buscando a parceria das famílias que também precisam conhecer a proposta pedagógica da escola para ter clareza sobre a melhor forma de acompanhar o aprendizado dos seus filhos. Sabe-se que só se aprende a ler lendo, por isso a escola precisa proporcionar ambientes favoráveis onde os alunos tenham contato com diferentes tipos de textos, ouçam histórias e observem os adultos lendo e escrevendo. É preciso que se construa uma rotina de trabalho variada e estimulante e, além disso, recebam incentivo dos professores e da família para que na idade adequada aprendam a ler e escrever. É preciso ter em mente que até o sexto ano de vida a plasticidade neural é máxima e é nessa fase que os adultos que convivem com a criança irão, por meio de suas interações e mediações, colaborar drasticamente para o desenvolvimento do seu cérebro. (Zanluchi, 2005, p. 06). Tendo consciência do papel que exercemos dentro das escolas, na construção do conhecimento da leitura e da escrita teremos clareza da importância do nosso trabalho que favorece às pessoas o exercício dos seus direitos e a inserção destas na sociedade de forma digna. 2.3- PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: VISANDO AS POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM. Conforme os Indicadores de Qualidade na Educação, na dimensão “ O trabalho pedagógico e a aprendizagem” , diz que podemos possibilitar a aprendizagem por meio de uma ação planejada e refletida do professor no dia-a-dia da sala de aula. Diz ainda que a escola precisa realizar o seu maior objetivo: fazer com que os alunos aprendam e adquiram o desejo de aprender, com autonomia. Para tanto é preciso focar a prática pedagógica no desenvolvimento dos alunos, o que significa observá-los de perto, conhecê-los, compreender suas diferenças, demonstrar interesse por eles, conhecer suas dificuldades e incentivar suas potencialidades. Esse trabalho deve ser articulado em equipe e podemos dizer que cabe ao coordenador pedagógico orientar o professor no encaminhamento do processo ensinoaprendizagem, para alcançar os objetivos propostos, acompanhar e assessorar a aprendizagem resultante da relação professor e aluno mediada(o) pelo conhecimento, atentar para a questão dos diagnósticos feitos pelos professores da escola em relação aos alunos que não aprendem. O orientador educacional também tem um importante papel nesse contexto, pois ele pode orientar, acompanhar, dar assistência ao aluno no que se refere às dificuldades de ensino e aprendizagem, acompanhar o processo de aprendizagem e principalmente diagnosticar os tipos de dificuldades para contribuir no redirecionamento do trabalho da equipe pedagógica, quando necessário. Se uma criança que tem um defeito orgânico sério, uma deficiência mental, por exemplo, deve ser educada tendo em vista a superação do defeito, considerando os caminhos isotrópicos do desenvolvimento, o que se deve então propor a uma criança que apenas se manifesta de outra forma em relação a uma proposta de aprendizagem que lhe foi apresentada?(Tacca,2008,p.137) Ao professor cabe planejar uma aula que facilite a aprendizagem de forma interativa, utilizando as formas: auditiva, visual ou tátil, sem exigir do aluno um padrão único, pois cada um é um, com seu próprio tempo lógico e psicológico e lembrar sempre que cada um tem uma maneira específica de lidar com o conhecimento. O professor precisa está atento ao processo de desenvolvimento do aluno, oferecendolhe ajuda, realizando com este as atividades em que tiver maior dificuldade, promovendo trabalhos em grupos em que alunos mais experientes podem auxiliar o menos experientes. Dessa forma Smith e Strik( 2001), afirmam que deficiências tendem a apresentar uma melhora ou desaparecer, em salas de aula nas quais professores criativos e flexíveis fazem um esforço para combinar as tarefas com níveis de prontidão e os estilos de aprendizagem de seus alunos. Analisando por esse prisma podemos nos basear numa aprendizagem significativa, (de David Ausubel),pois esta está relacionada à possibilidade dos alunos aprenderem por múltiplos caminhos e formas de inteligências, permitindo aos estudantes usar diversos meios e modos de expressão. Nessa perspectiva, o processo de ensino e aprendizagem deve cuidar para ampliar as dimensões dos conteúdos específicos dos diversos componentes curriculares, incluindo ações que possibilitem o desenvolvimento e a valorização de todas as competências intelectuais: corporais, pictóricas, espaciais, musicais, inter e intra pessoais, além das lingüísticas e lógico matemática. Entendemos que a aprendizagem é um processo múltiplo, isto é a criança utiliza diversas estratégias para aprender, com variações de acordo com o seu estágio de desenvolvimento, Lima( 2008), afirma que somente as situações que, de modo específico, problematizam o conhecimento levam à aprendizagem. Faz-se necessário que os professores valorizem o conhecimento prévio do aluno e desenvolva atividades com intenções claras para o aluno e objetivo para o próprio professor. Dessa forma é necessário retomar-se o conteúdo em momentos diferentes, pois o domínio de um conteúdo dá-se ao longo do tempo, portanto trabalhar um conteúdo várias vezes de formas diferentes promove a ampliação progressiva dos conceitos. Lima ( 2008), aponta que apropriar-se da língua escrita, ler e escrever, formar conceitos de história, geografia, ecologia e de outras matérias, desenvolver o pensamento matemático, aprender a escrever matematicamente uma operação, tudo isso depende de ensino. Com essa perspectiva é imprescindível que tanto a escola quanto os professores percebam as nuances presentes nas concepções do currículo e do pensamento pedagógico, podendo, dessa maneira, ter claro na sua práxis pedagógica qual tendência e qual currículo conduzirão o seu processo de ensino e aprendizagem. Não queremos de modo algum negar as dificuldades em si, mas redirecionar o trabalho pedagógico para além das limitações, criando perspectivas, voltada para o sujeito que aprende, na expectativa de se perceber as possibilidades de aprendizagem e não as dificuldades de aprendizagem. 3-PROCESSO DE PESQUISA AÇÃO E METODOLOGIA: 3.1-JUSTIFICATIVA DA PESQUISA-AÇÃO Este relatório é resultado do trabalho de pesquisa ação realizado pela coordenação pedagógica, pais, alunos e professores da Escola Municipal Francisca Brandão Ramalho, e teve como problemática as dificuldades de aprendizagem dos alunos dos 3º anos do Ensino Fundamental , pois era a principal queixa dos professores daquela unidade de ensino. As hipóteses levantadas para as dificuldades de aprendizagem dos alunos eram: Carência na transposição didática dos professores, distúrbios de aprendizagem dos alunos ,ausência do acompanhamento escolar por parte das famílias, ou a má qualidade do ensino. 3.2-INVESTIGAÇÃO DAS PROBLEMÁTICAS ENFRENTADAS PELA ESCOLA. Foi feito um levantamento documental para conhecermos a realidade escolar, analisamos os dados estatísticos como: número de alunos com distorção idade-série, evadidos e repetentes. Participou-se também de uma reunião onde foi feito um levantamento dos ponto positivos e negativos da escola e a partir daí planejou-se as ações que reestruturariam o PPP de 2011. Dentro pontos negativos apontados estavam as queixas dos professores sobre a falta de pré-requisitos dos alunos para a série em curso. Salientamos que nessa ocasião já tinha sido feito os diagnósticos das turmas e foi o que nos chamou mais a atenção, a quantidades de alunos não alfabetizados nos 3º anos. 3.3-REUNIÃO DE ESTUDO. Realizou-se uma reunião de estudo, onde foram abordadas as diferenças entre distúrbio de aprendizagem e dificuldades de aprendizagem. Nessa reunião foi feita uma explanação do assunto, utilizando tópicos e esclarecimentos. Em seguida dividimos os grupos que estudaram sobre os estilos de aprendizagem e as sugestões para se trabalhar as dificuldades de aprendizagem. 3.4-CONSELHOS DE CLASSE E PLANTÕES PEDAGÓGICOS. Participou-se da elaboração e execução dos conselhos de classe do 1º e 2º bimestre e através de formulário próprio identificou-se os problemas enfrentados individualmente por cada aluno, as possíveis causas para a não aprendizagem e apontou-se sugestões para que fossem implantadas afim de sanar ou minimizar as possíveis causas. Após os conselhos de classe, reuniu-se com os pais para uma ação que denominamos de plantão pedagógico onde o professor atende os pais e os filhos apontando o desenvolvimento dos alunos e as dificuldades, pedindo sugestão e sugerindo alternativas para que possam alcançar os objetivos propostos. Os pais que não compareceram, foram convocados, pois na maioria dos casos, os pais ausentes foram os das crianças que apresentaram mais dificuldades. Já no segundo bimestre verificou-se que uma turma em especial de 3º ano não avançava, mesmo com o desenvolvimento do projeto de intercâmbio de aprendizagem. As demais turmas apresentavam avanços, mas a angústia por parte dos professores era muito grande. Verificou-se também que uma das possíveis causas da turma 034 não avançar poderia ser por causa da infrequência da professora que estava constantemente doente, inclusive tirou licença médica por 45 dias. Com isso os alunos estavam sem referência, pois a cada dia uma pessoa ficava com eles, até que a SEMED enviou uma professora substituta, mas já estávamos no período das avaliações. No mês de Agosto a professora foi convocada pelo Estado e deixou a turma e foi mais uma semana, esses alunos sem professora. Diante desses incômodos que é a constante falta dos professores, não realizamos a contento as nossas ações, pois temos que substituir professores, muitas vezes no improviso, pois estes nos avisam de última hora, o que dificulta o preparo de material. Com a chegada dos novos professores, realizamos o diagnóstico para saber como estava o desenvolvimento dessas turmas e verificamos que dos 75 alunos que não liam , 48 ainda permaneciam no mesmo quadro. Então criou-se uma força tarefa para alfabetização desses alunos, utilizando para essa ação: - Contratação de 4 monitoras para atendimento individualizado desses alunos no contra-turno e no mesmo turno, pois esses alunos são infreqüentes e não comparecem as aulas de apoio à aprendizagem; - Convocou-se os pais desses alunos para pedirmos ajuda, mas o retorno foi insignificante, tendo em vista que muitas mães dizem não ter tempo para os filhos. Percebemos que às vezes teremos mais sucesso com uma orientação individual com o aluno do que com a participação das famílias que apresentam problemas mais agravantes. - Foi feita uma chamada a todos da escola para que escolhessem 3 crianças e as adotasse nesse acompanhamento, através de acompanhamento de leitura diária desses alunos; - Remanejou-se os alunos de acordo com os níveis de aprendizagem, dessa forma constituiu-se uma classe de 3º ano (alfabetização), onde a professora começou com apresentação do alfabeto, o traçado correto das letras e muito material de estímulo a leitura. Salientamos que o Projeto de Intervenção ainda está em andamento e é notório que as crianças apresentam dificuldades de memorização, atenção e fixação. Acredita-se que essas crianças não foram estimuladas na época certa e possui bloqueio nas ligações das sinapses. Mas verifica-se que são possíveis de aprender, porque percebese que algumas começam apresentar avanços de aprendizagem. 4-DISCUSSÃO DOS RESULTADOS: Já no segundo bimestre verificou-se que uma turma em especial de 3º ano não avançava, mesmo com o desenvolvimento do projeto de intercâmbio de aprendizagem. As demais turmas apresentavam avanços, mas a angústia por parte dos professores era grande. Verificou-se também que uma das possíveis causas da turma 034 não avançar poderia ser por causa da infrequência da professora que estava constantemente doente, inclusive tirou licença médica por 45 dias. Com isso os alunos estavam sem referência, pois a cada dia uma pessoa ficava com eles, até que a SEMED enviou uma professora substituta, mas já estávamos no período das avaliações. No mês de Agosto a professora foi convocada pelo Estado e deixou a turma e foi mais uma semana, esses alunos sem professora. Diante desses incômodos que é a constante falta dos professores, não realizamos a contento as nossas ações, pois temos que substituir professores, muitas vezes no improviso, pois estes nos avisam de última hora, o que dificulta o preparo de material. Com a chegada dos novos professores, realizamos o diagnóstico para saber como estava o desenvolvimento dessas turmas e verificamos que dos 75 alunos que não liam , 48 ainda permaneciam no mesmo quadro. Então criou-se uma força tarefa para alfabetização desses alunos, utilizando para essa ação: - Contratação de 4 monitoras para atendimento individualizado desses alunos no contra-turno e no mesmo turno, pois esses alunos são infreqüentes e não comparecem as aulas de apoio à aprendizagem; - Convocou-se os pais desses alunos para pedirmos ajuda, mas o retorno foi insignificante, tendo em vista que muitas mães dizem não ter tempo para os filhos. Percebemos que às vezes teremos mais sucesso com uma orientação individual com o aluno do que com a participação das famílias que apresentam problemas mais agravantes. - Foi feita uma chamada a todos da escola para que escolhessem 3 crianças e as adotasse nesse acompanhamento, através de acompanhamento de leitura diária desses alunos; - Remanejou-se os alunos de acordo com os níveis de aprendizagem, dessa forma constituiu-se uma classe de 3º ano (alfabetização), onde a professora começou com apresentação do alfabeto, o traçado correto das letras e muito material de estímulo a leitura. Salientamos que o Projeto de Intervenção ainda está em andamento e é notório que as crianças apresentam dificuldades de memorização, atenção e fixação. Acredita-se que essas crianças não foram estimuladas na época certa e possui bloqueio nas ligações das sinapses. Mas verifica-se que são possíveis de aprender, porque percebese que algumas começam apresentar avanços de aprendizagem. A escola é viva e está em constante transformação e ação. Quem trabalha no chão da escola, às vezes não tem tempo de analisar o processo de desenvolvimento que por ela perpassa. Quando começamos esta pesquisa-ação, não tínhamos noção de como o trabalho do coordenador pedagógico pode influenciar nos resultados das ações da escola. 5-CONCLUSÃO: Verificou-se que as dificuldade de aprendizagem geralmente é devido: A um ensino deficiente, freqüente mudança de professores, mudanças constante de escola, número excessivo de alunos em sala de aula, alta exigência de tarefas e falhas no processo educativo nas metodologias, nos conteúdos e na base do currículo. Observou-se também que os alunos com dificuldades de aprendizagem apresentam algumas características semelhantes como: Baixo nível de concentração, dispersão, falta de interesse, apatia, desmotivação, baixa auto-estima, agressividade , dificuldades de fixação, trocas de letras aleatórias na leitura e escrita, aprendizado inconsistente e relatos vagos . Os resultados alcançados foram além das expectativas iniciais, pois verificou-se que diminuiu o nº de crianças que tinham dificuldade de leitura e escrita nas turmas pesquisadas, criou-se uma preocupação dentro da escola com relação ao serviço prestado a esses alunos, modificou-se metodologias e melhorou a qualidade das aulas. O desafio continua, pois ainda temos 48 crianças que não dominam a leitura no 3º ano e isso é preocupante, não sabemos se vamos conseguir, mas a certeza que temos é que iremos tentar com todas as possibilidades em prol do desenvolvimento dessas crianças. As hipóteses levantadas no início dessa pesquisa se confirmaram, mas concluímos que outros fatores também interferem na aprendizagem dos alunos. Constatou-se que no caso da escola em questão os fatores são: Falta de estímulo na idade certa, falta de acompanhamento das famílias, má qualidade das aulas, infrequência dos alunos e professores, currículo mal elaborado, rotatividade dos professores e em alguns casos distúrbios de aprendizagem. Percebeu-se também que esta problemática ultrapassa os muros da escola, é uma questão mais social do que educacional e seria necessário que se investisse em políticas públicas que viessem colaborar com essas questões. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CORINNE, Smith;LISA Strick. Dificuldades de aprendizagem de A a Z. Porto Alegre: Artmed, 2001. SISTO, Fermino Fernandes et al. Dificuldades de aprendizagem no contexto Psicopedagógico. 6. ed. Petrópolis-RJ: Vozes,2010. GARCÍA,J.N. Manual de dificuldades de aprendizagem: linguagem, leitura, escrita matemática. 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