TÍTULO DO RESUMO - Anais Unicentro

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A POLÍTICA ORTODOXA DE ESTABILIDADE ECONÔMICA
INFLACIONÁRIA BRASILEIRA NO PERÍODO DE 2003 A 2008: UM
ESTUDO MACROECONOMÉTRICO DAS METAS DE INFLAÇÃO E DA
CURVA DE PHILLIPS.
Evertom Licoviski (UNICENTRO), Karolyne Marcon Thimóteo
(UNICENTRO), Luci Nychai (Orientadora), e-mail: [email protected].
Universidade Estadual do Centro-Oeste/Setor de Ciências Sociais Aplicadas/
Departamento de Economia
Palavras-chave: Inflação, Juros, Política Econômica, Método Quantitativos.
Resumo: No Brasil utilizou-se desde 1999 o sistema de metas de inflação
para o alcance da estabilidade econômica inflacionária, por meio de uma
política econômica ortodoxa a partir da expansão da taxa de juros nominal
para o controle da inflação. Diante deste cenário buscou-se investigar a
eficácia do sistema de metas brasileiro e suas conseqüências sobre o
desemprego, configurada pela Curva de Phillips, no período de 2003 a 2008.
Introdução
Este resumo expandido tem por finalidade apresentar os resultados da
pesquisa empreendida no Trabalho de Conclusão de Curso de Ciências
Econômicas, sobre a condução ortodoxa da política econômica brasileira no
período de 2003 a 2008, para controle inflacionário a partir da manutenção
de juros elevados. A pesquisa tinha por finalidade analisar a eficácia do
sistema de metas de inflação, bem como em quais setores da economia este
sistema demonstrou resultado, e qual foi o impacto da política ortodoxa,
sobre o nível de desemprego, analisado por meio da Curva de Phillips.
A pesquisa justificou-se pelo impacto que as variáveis taxa de juros e
taxa de inflação, exercem sobre os agentes econômicos e outras variáveis
macroeconômicas, tomando-se como exemplo a taxa de desemprego. A
problemática deste estudo diz respeito à comprovação da eficácia do
sistema de metas e os impactos que o sistema causou na taxa de
desemprego.
Desta maneira, pressupõe-se que a política ortodoxa de manutenção
de taxa de juros nominais elevadas, para manutenção da estabilidade
econômica inflacionária não é eficiente, pois acaba trazendo conseqüências
para o nível de desemprego.
Materiais e Métodos
Metodologicamente, o referido estudo envolveu o período de 2003 a 2008,
com os valores das variáveis observados mensalmente. Foram estimados
modelos macroeconométricos visando comprovar as hipóteses de efeito da
taxa de juros sobre a inflação e do efeito do desemprego sobre a inflação,
utilizando para a sua estimação a regressão linear por meio do Método dos
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Mínimos Quadrados Ordinários, envolvendo uma amostra conjunta de 936
registros, referentes a 72 observações, relacionadas às variáveis taxa de
inflação, taxa de juros e taxa de desemprego.
Resultados e Discussão
As visões keynesiana e monetarista
Para a elaboração deste estudo, buscou-se a teoria keynesiana do
comportamento inflacionário, bem como, a teoria monetarista. A visão
keynesiana sobre o comportamento inflacionário define os tipos de inflação e
e a Curva de Phillips a partir da interferência do governo na política de
estabilidade econômica.
A interferência do estado na economia, segundo Viceconti (1996), se
dá por meio de gastos públicos e redução da carga tributária. Estas
ferramentas de intervenção do estado na economia são denominadas,
Política Fiscal. De acordo Berchielli (2003), essa política é um conjunto de
medidas adotadas pelo governo, para alterações nos valores da tributação e
dos gastos públicos. Quando o objetivo desta política é a redução da taxa de
inflação, Vasconcellos (2007) registrou que as medidas fiscais mais
utilizadas, são o aumento da tributação e a diminuição dos gastos públicos.
Porém, para que se possa adotar uma política eficaz, deve-se conhecer o
tipo de inflação com a qual a economia se depara. Com relação aos tipos de
inflação, Lopes e Rossetti (2005), ressaltaram que “é possível classificá-las
segundo os tipos predominantes das causas que dão origem aos processos
inflacionários”. Pode-se citar inflação de demanda, de custos e inercial.
Dentro da visão keynesiana, encontrou-se a Curva de Phillips, esta
curva demonstrou a relação inflação-desemprego, estudada pelo
economista neozelandês Alban W. Phillips, onde de acordo com Mishkin
(2000), foi comprovada uma relação inversa entre o desemprego e a
inflação, formando assim a Curva de Phillips. Em análise, percebeu-se a
existência de um trade-off entre inflação e desemprego, ou seja, escolhe-se
entre inflação baixa e desemprego alto, ou inflação alta e desemprego baixo.
Os keynesianos defendiam a intervenção do estado na economia,
porém a teoria monetarista, defendia que o controle da quantidade de
moeda em circulação era o ideal, não cabendo ao estado intervir na
economia. Pregavam também, que a inflação era um fenômeno puramente
monetário. Este controle de moeda é denominado Política Monetária, de
acordo com Sandroni (1999), esta política visava a redução das
intervenções estatais, cabendo ao governo definir através de suas
autoridades monetárias, quais as ferramentas adotadas para controlar a
quantidade de moeda, a fim de garantir a liquidez na economia.
As metas inflacionárias e a estabilidade econômica
Independente de qual política seja adotada, keynesiana ou monetarista,
ambas, quando são bem implementadas, tem o poder de combater a
inflação, cabendo ao governo decidir qual a política melhor se ajusta a
realidade econômica do país, sendo elas utilizadas individualmente ou
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conjuntamente. No Brasil, utiliza-se, desde 1999, o sistema de metas de
inflação, através de uma mescla entre política fiscal e monetária cujas ações
econômicas envolvem a taxa de juros e a taxa de inflação para atingir a
estabilidade inflacionária.
A taxa de inflação é uma das variáveis, a qual é medida pelo Índice
de Preço ao Consumidor Amplo, IPCA, segundo Passos e Nogami (2002),
com a implantação do sistema de metas no Brasil, o IPCA foi selecionado
como o índice oficial de acompanhamento da inflação do país. É através do
IPCA, que é definida a outra variável macroeconômica do sistema, a taxa de
juros nominais, medida pela taxa Selic. Porém, na elaboração dos modelos
utilizados neste estudo, utilizou-se a taxa de juros nominal e real, a taxa de
juros real foi calculada de acordo com Lanzana (2001) da seguinte forma:
Onde: TxJR = taxa de juros real; TxJN = taxa de juros nominal; π =
taxa de inflação.
A taxa de inflação, foi utilizada de modo geral e segmentada, com os
nove grupos que compõem o IPCA geral. Foi utilizado o método comparativo
e indutivo, onde se verificou no período de análise, a relação existe entre as
variáveis, inflação, taxa de juros e desemprego. Para a especificação dos
modelos abordados, utilizou-se a metodologia proposta por Matos (1997),
onde se delimitou o fenômeno estudado de acordo com a identificação das
variáveis estudadas, após foi estabelecida as possíveis relações existentes
entre elas, definindo qual a finalidade do modelo apresentado, escolheu-se
as variáveis e indicou-se qual o número necessário de equações para o
estudo. Todos os modelos foram avaliados a um nível de 95% de
confiabilidade estatística e 5% de significância.
Percebeu-se que a política do sistema de metas de inflação,
analisado de modo geral, quando utilizou a taxa de juros nominal como
ferramenta para controle inflacionário, apresentou efeito estatístico, porém a
correlação direta demonstrou uma ineficácia da taxa de juros nominal sobre
o controle da inflação. O período de 2003 a 2008, demonstrou que o
aumento na taxa de juros nominal resultou em um aumento da taxa de
inflação, tanto em níveis gerais, como na análise segmentada. Porém,
constatou-se eficácia da taxa de juros real.
A análise para a Curva de Phillips demonstrou ter efeito sobre a
economia brasileira, no período de 2003 a 2008, porém, a taxa de
desemprego, mostrou-se diretamente correlacionada com a taxa de inflação.
Desta forma, observou que não ocorreu diminuição da inflação quando
ocorreu elevação na taxa de desemprego, contudo, os níveis de
desemprego atuaram juntamente com os juros nominais para o controle
inflacionário.
Ao se analisar a política do sistema de metas de inflação juntamente
com a Curva de Phillips, verificou-se que a taxa de juros nominal e real,
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apresentaram efeito sobre a taxa de inflação, e a taxa de desemprego atuou
como variável coadjuvante no controle inflacionário.
Desta forma, a utilização isolada da taxa de juros nominais no período
de 2003 a 2008, não foi eficaz no controle da inflação e resultou no impacto
direto sobre a taxa de desemprego. Contudo, a taxa de juros reais, para o
período de 2003 a 2008, apresentou efeito estatístico, e se mostrou eficiente
para o controle inflacionário do período, bem como para a inflação
segmentada. Evidenciando que se o governo utilizasse como parâmetro, o
nível da taxa de juros reais, inferida para o período de 2003 a 2008, o
sistema de metas de inflação traria os efeitos esperados, ou seja,
influenciaria na redução da taxa de inflação.
Conclusões
Conclui-se que esta política ortodoxa empreendida no período de 2003 a
2008, no governo Lula, foi eficaz em virtude da utilização da variável
desemprego, a qual atuou como um fator neutralizador dos níveis de preços
a partir do aumento da oferta de mão-de-obra, e conseqüente queda salarial.
Os baixos salários acabaram influenciando a demanda, que por sua vez,
atuou na queda dos preços e da taxa de inflação.
Verificou-se que a taxa de juros real, mostrou ser o nível de juros a
ser utilizada pelo governo, quando o objetivo é a busca pela estabilidade
inflacionária. Neste sentido, a ortodoxia do governo Lula utilizou-se de duas
variáveis, juros e desemprego para estabelecer o controle inflacionário em
detrimento do crescimento da economia.
Agradecimentos
À Prof. Luci Nychai, por sua orientação, liderança, seu empenho, por nos
mostrar qual o melhor caminho a seguir na realização da pesquisa e pela
sua dedicação.
Referências
BERCHIELLI, F. O. Economia Monetária. Sao Paulo: Saraiva, 2003.
LANZANA, Antônio Evaristo Teixeira. Economia Brasileira: Fundamentos e
Atualidade. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2001.
LOPES, João do Carmo, ROSSETTI, José Paschoal. Economia Monetária. 9ª ed.
São Paulo: Atlas. 2005.
MATOS, Orlando C. Econometria Básica: Teoria e Aplicações. São Paulo: Atlas.
1997.
MISHKIN, Frederic S. Moedas, Bancos e Mercados Financeiros. 5. ed. Rio de
Janeiro: Livros técnicos e científicos, 2000.
PASSOS, Carlos R. M. NOGAMI, Otto. Princípios de Economia. São Paulo:
Pioneira, 2002.
SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de economia. São Paulo: BestSeller,
1999.
VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de . Economia: micro e macro. 4. ed. –
2. reimpr. – São Paulo: Atlas 2007.
VICECONTI, Paulo Eduardo Vilchez, Economia. São Paulo: Frase, 1996.
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