A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) “[...] emergiu da interpretação e integração de princípios e conceitos de importantes abordagens da psicoterapia e da aprendizagem” (BORBA, 2005, p. 23). Dentre as abordagens que contribuíram para o surgimento da TCC “[...] destacam-se a psicologia animal, o Behaviorismo Metodológico, o Neobehaviorismo, a Análise Experimental do comportamento, o Behaviorismo Radical, a teoria de Aprendizagem Social, a terapia RacionalEmotiva-Comportamental e a Terapia Cognitiva” (BORBA, 2005, p. 23). É necessário destacar as abordagens cognitiva e comportamental, que de fato deram origem a TCC, onde a ação terapêutica destas agem na alteração das relações entre o comportamento e seus determinantes ambientais ou cognitivos. Os terapeutas comportamentais e/ou cognitivos passam a utilizar das duas abordagens de forma integrada, se tornando orientação cognitivo-comportamental. A TCC teve seu início entre as décadas de 60 a meados de 70, quando Aaron Beck entrou em conflito com o dogma freudiano e assim modificou o tratamento da depressão e de outros transtornos mentais com sua técnica cognitiva. Segundo Abreu (2002, p. 277) salienta que: [...] a partir da década de 60 que o esforço de vários pesquisadores, dentre eles Michael Mahoney, Aaron Beck e Albert Ellis, fez com que os primeiros passos fossem efetivamente dados. [...] o foco de estudos de Mahoney, esteve voltado aos processos cognitivos, enquanto o trabalho de Beck estava focado no tratamento da depressão. O termo terapia cognitiva inicialmente foi utilizado por Beck, que juntamente com Albert Ellis, Lazarus, Mahoney, e outros, se destacam por serem os primeiros a escreverem sobre o tratamento dos transtornos emocionais. O psicanalista Beck observou durante seus atendimentos “[...] certas características no processamento cognitivo de seus pacientes deprimidos e a relação destas como sintomas por eles apresentados” (RANGÉ, 1995, p. 89). Para Dobson, Backs- Dermott, Dozois ( 2000 apud KNAPP, 2004, p. 44) “o desenvolvimento da terapia cognitivo comportamental se deu em um momento histórico em que as abordagens dominantes eram a psicanálise, o behaviorismo e, em menor escala, o humanismo”. Vários fatores que contribuíram para o desenvolvimento da terapia cognitivo-comportamental (KNAPP, 2004) auxiliando no seu crescimento e identificação: Em primeiro lugar o fator que levou ao desenvolvimento foi “[...] a insatisfação com os modelos estritamente comportamentais do comportamento humano era cada vez mais evidente no final dos anos 60”. E segundo “[...] a medida que a insatisfação com o modelo restrito não-mediacional de estímulos e resposta do comportamento aumentava, o modelo psicodinâmico de personalidade e de terapia, que mantinha a posição de perspectiva alternativa mais forte, continuava sendo rejeitado”. O terceiro fator diz respeito “[...] as intervenções comportamentais ou não-cognitivas eram irrelevantes para alguns problemas, tais como o pensamento obsessivo. O enfoque em sintomas comportamentais para mudança nesses transtornos não era inadequado ou ineficaz; entretanto, problemas inteiros ou seus principais componentes ficavam sem tratamento”. O quarto fator para o desenvolvimento foi “[...] a crescente atenção dada aos aspectos cognitivos do funcionamento humano na psicologia em geral, com desenvolvimento, pesquisa, estabelecimentos de diversos conceitos mediacionais na psicologia experimental. [...] a crescente identificação de diversos terapeutas e teóricos como de orientação cognitivo-comportamental [...]” é o quinto fator. O último fator diz respeito a identificação “[...] nas pesquisas de resultados geralmente positivos das intervenções cognitivo-comportamental, as quais se mostraram igualmente ou mais eficazes do que as abordagens estritamente comportamentais. Beck em 1970 fundou o Centro de Terapia Cognitiva, onde dirigiu até o ano de 1995, juntamente de seus discípulos e colaboradores desenvolveu a Terapia Cognitiva (TC) como um novo sistema de psicoterapia, foi influenciado pelo construtivismo, pela fenomenologia e por filósofos clássicos a expandir os limites e aprimorar os métodos da psicoterapia. Como nesta época estavam afastados a psicanálise e o behaviorismo radical por vários de seus adeptos, destacavam-se outras abordagens como esta em discussão. Neste sentido Rangé (1998 a apud BORBA, 2005, p. 28) enfatiza que “[...] houve uma mudança paradigmática do modelo de saúde existente na década de 60 e que representou a passagem do modelo médico para o modelo psicossocial”. No modelo médico existia a idéia de “curar” o paciente e a crescente insatisfação pela incapacidade de gerar diagnósticos válidos e fidedignos abrindo espaço para o modelo psicossocial, onde de fato a psicoterapia tradicional não conseguia transmitir sua efetividade (BORBA, 2005). Entre as teorias comportamentais e cognitivas podem ser identificados alguns pontos em comum, tais como: [...] a semelhança metodológica, no sentido de visarem um estudo objetivo, baseado em evidências, cientificamente comprovado, o desenvolvimento das hipóteses e práticas sistematizadas, que pudessem ser sistematizadas, que pudessem replicadas por outras pessoas, o pradigmatismo, pelo objetivo de aplicar o conhecimento desenvolvido, a perfeita compatibilidade entre as intervenções cognitivas e comportamentais, que maximizam de vida de uma pessoa, e a noção de que grande parte dos problemas apresentados por um indivíduo tem a ver com sua história de aprendizagem (BORBA, 2005, p. 29). O surgimento da (TCC) no Brasil tem se proliferado nos últimos 15 anos, através de atendimentos clínicos e cursos nessa abordagem em clínicas e institutos. Por ser um “[...] modelo integrado, a fundamentação científica, o curto prazo, a eficácia e a aplicabilidade a uma ampla gama de transtornos, evidências que lhe tem assegurado o respeito de cientistas, clínicos e pacientes ao redor do mundo” (PSIQUE, ano I, nº3). Segundo Edela A. Nicoletti em seu artigo a evolução da terapia cognitiva no Brasil , o primeiro centro de orientação cognitiva se estabeleceu em 1992, em São Paulo, no Rio de Janeiro em 1996 nucleos de TCC se estabeleceram tendo como destaque o representante Bernard Range, sendo este conhecido por sua contribuição ao desenvolvimento da Terapia Comportamental no Brasil. Recentemente em Florianópolis foi criado o Instituto Catarinense de Terapia Cognitiva (ICTC) coordenado pelo psicólogo Marco Callegaro (PSIQUE, ano I, nº 3). Em meados da década de 70 ocorreu o grande desenvolvimento e reconhecimento da terapia comportamental devido ao surgimento de técnicas novas especialmente no tratamento de fobias, obsessões e disfunções sexuais (LIMA e WIELENSKA, 1993 apud BAHLS e NAVOLAR, 2004, p. 7). De acordo com Hawton et al. (1997), foi nesta época que Lang, Rachman e outros desenvolveram a idéia de que um problema psicológico poderia ser compreendido sob três enfoques diferentes (ou “três sistemas”) ligados entre si tais como os sistemas comportamental, cognitivo/afetivo e fisiológico. Esta idéia representou uma quebra com a visão unitária dos problemas psicológicos que até então existia” (BAHLS e NAVOLAR, 2004, p. 7). Hammen e Glass (1975 apud Hawton et al., 1997), desenvolveram estudos com pacientes depressivos e perceberam que apesar de os pacientes realizarem com maior freqüência atividades agradáveis (ao contrário do que se pensava a partir de trabalhos anteriores), era comum que avaliassem negativamente tais atividades e o seu desempenho em realizá-las. Estes fatos chamaram a atenção para influência dos fatores cognitivos na forma como um indivíduo reage aos fatores do meio e na constituição das psicopatologias, contribuindo assim para que muitos terapeutas comportamentais passassem a utilizar também conceitos e técnicas cognitivos na prática clínica” (BAHLS e NAVOLAR, 2004, p. 7). TEORIA E PRÁTICA A Terapia Cognitivo-Comportamental “[...] é um termo genérico que abrange uma variedade de mais de 20 abordagens dentro do modelo cognitivo e cognitivo-comportamental” (MAHONEY e LYDDON, 1988, apud KNAPP, 2004, p. 19), em diversos transtornos neuropsiquiátricos vem comprovando sua eficácia no tratamento. A abordagem da terapia cognitiva comportamental diz respeito a um sistema integrado de psicoterapia, cientificamente fundamentado e associado a aos modelos de personalidade, de psicopatologia e ao modelo aplicado. Quando Aaron Beck propôs o modelo cognitivo de depressão, ou seja, “[...] a depressão na Terapia Cognitiva, assim como os demais transtornos psiquiátricos, é tratada levando o paciente a identificar e alterar estes pensamentos disfuncionais (BIGGS e RUSH, 1999; SHAW e SEGAL, 1999: BAHLS e BAHLS, 2003 apud BAHLS e NAVOLAR, 2004, p. 8), resultando então no surgimento da psicoterapia e conceituando a depressão como transtorno de pensamento e não um transtorno emocional apresentou a TC (terapia cognitiva) como um novo sistema de psicoterapia que contribui para a ampla gama de transtornos – depressão, transtornos de ansiedade, transtornos alimentares, dependência química, psicoses, terapia conjugal e familiar, etc. Segundo Rangé (1996 apud Borba, 2005, p.32) o objetivo da TCC esta em “[...] auxiliar o paciente a reconhecer e modificar padrões de pensamento e comportamentos disfuncionais, para outros que sejam mais racionais, realistas e eficientes na direção de metas por ele desejadas”. Sendo uma abordagem por tempo limitado (HAWTON et al. 1997), ativa, diretiva e estruturada (RANGÉ, 1995, p. 90) este autor destaca que é: [...] usada no tratamento de uma variedade de problemas psiquiátricos, fundamentada no modelo cognitivo e caracterizada pela aplicação de uma variedade de procedimentos clínicos como introspecção, insight, teste de realidade e aprendizagem visando aperfeiçoar discriminações e corrigir concepções equivocadas que se supõe basearem comportamentos, sentimentos e atitudes perturbadoras. É característica da TCC a sua ênfase no presente onde faz a avaliação mais realista possível, e assim identificar as situações especificas que são as mais aflitivas para o paciente no momento. A atenção somente se volta para o passado quando o trabalho presente resultar em pouca ou nenhuma mudança cognitiva, comportamental ou emocional ou quando o clínico julgar importante entender como e quando as idéias disfuncionais se originaram (e como atualmente afetam o indivíduo) (ABREU e GUILHARDI, 2004, p. 284). A TCC pode ser aplicada individualmente, em grupo, adultos, crianças e adolescentes. Em transtornos orgânicos, contextos institucionais, corporativos, educacionais e em esporte, é utilizada com grande eficiência para o tratamento. Por ser um método diretivo e semi-estruturado se direciona a resolução de problemas, pois é colaborativa em um processo, ou seja, ambos terapeuta e paciente possuem papel ativo no processo terapêutico. Onde o terapeuta “[...] estabelece uma parceria com o cliente, num sistema de co-participação ativa em que são estimuladas atividades de enfrentamento, realização pessoal e capacitação, com estratégias cognitivas e comportamentais, dentro e fora do setting terapêutico” (BORBA, 2005, p. 32). Para que a relação terapêutica seja efetiva é necessário como condição a empatia, ou seja, é essencial estar presente em todo terapeuta cognitivo-comportamental o “[...] interesse genuíno, calor humano, autenticidade [...]” (RANGÉ, 1995, p. 91). O processo psicoterapêutico segundo este autor “é visto como um esforço colaborativo entre terapeuta e paciente [...] que, em conjunto, estabelecem os objetivos da terapia e de cada sessão, o prazo e a duração do contrato terapêutico”. A TCC por utilizar do método socrático utiliza-se de “[...] perguntas que o terapeuta faz para o paciente de modo que este possa questionar os fundamentos de seus pensamentos automáticos e que, reconhecendo a essência destes, possa modificá-los” (RANGÉ, 1995, p. 91). Desta forma ajuda o paciente a elaborar suas informações, “[...] para atingir seus objetivos de mudança na situação problemática específica. [...] ensinar [...] recursos e habilidades para lidar sozinho com novas situações com as quais se defronte no futuro” (RANGÉ, 1995, p. 92). O trabalho de casa é outro método central da TCC utilizado para a eficácia do tratamento, pelas sessões serem limitadas no tempo, “[...] o tempo fora das sessões pode ser eficientemente utilizado para novas experiências e exercícios corretivos de suas crenças disfuncionais. A resistência em realizá-los deve ser examinada nas sessões, de modo a detectar os possíveis fatores que estimulem esta evitação” (RANGÉ, 1995, p. 92). É essencial que o terapeuta tenha consciência da importância de seu papel no processo terapêutico contribuindo na aceitação e resistências do paciente pelo tratamento. PAPEL DO TERAPEUTA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL O terapeuta cognitivo-comportamental tem um papel ativo, colaborativo e educativo, J. Beck (1995 apud ABREU e GUILHARDI, 2004, p. 282) traz as seguintes contribuições: 1. Auxiliar o paciente na identificação dos pensamentos automáticos e das crenças disfuncionais associadas a eles; 2. Propor técnicas de reestruturação cognitiva, visando à modificação desses mesmos pensamentos automáticos; 3. Levantar hipóteses sobre a categoria de crença central (desamparo ou pouca amabilidade) da qual os pensamentos automáticos específicos parecem ter surgido; 4. Especificar a crença central preponderante; 5. Apresentar ao paciente sua hipótese sobre a crença central, solicitando dele uma confirmação (ou não); 6. Educar o paciente sobre crenças centrais em geral e sobre sua crença central especifica, orientado-o a monitorar a (s) operação (ões) de sua crença central; 7. Começar a avaliar e modificar a crença central junto com o paciente, auxiliando-o a especificar uma crença central nova e mais adaptativa. A relação entre terapeuta e paciente envolve a empatia e a confiança, pois para que a relação terapêutica seja efetiva “[...] são fundamentais a empatia e a assertividade do terapeuta. [...] determinantes da mudança do comportamento durante a terapia” (KNAPP, 2004, p. 211) envolvendo o processo que é semi-estruturado em certas tarefas entre as sessões. Para Hawton (et al. 1997, p. 23) “o terapeuta deve mostrar solidariedade e preocupação pelos problemas e dificuldades do paciente, sem emitir julgamentos; isso pode proporcionar grande alívio, sobretudo se o paciente se sentir constrangido, culpado ou sem esperanças, como ocorre com freqüência”. As características do terapeuta cognitivo-comportamental são essenciais no processo terapêutico para que o paciente possa “[...] se sentir seguro para revelar informações importantes, e muitas vezes perturbadoras” é preciso haver “[...] uma atmosfera de cordialidade e de confiança, sem risco de censura” pelo terapeuta ao ter empatia “[...] com o paciente e estiver claramente empenhado em ajudá-lo a superar as dificuldades existentes” (HAWTON; et al. 1997, p. 20). PROCEDIMENTO TERAPÊUTICO A TCC é focal e breve, pois necessita de uma definição concreta e especifica dos problemas do paciente e das metas terapêuticas. No início do tratamento o paciente é informado que “[...] a terapia tem a função pedagógica destinada a ensinar a detectar e reduzir os seus sintomas, de modo que possa, gradativamente, se tornar habilitado a conduzir a terapia sem a ajuda do profissional” (ABREU e GUILHARDI, 2004, p. 283). Para que o paciente seja educado sobre a abordagem cognitivo-comportamental é necessário: Oferecer ao paciente um folheto impresso, contendo informações sobre a doença, a disfunção e os princípios gerais da terapia é bastante útil para garantir uma compreensão mais ampla do que será abordado durante as consultas que se seguirão. (ITO et al., 1998 apud ABREU e GUILHARDI, 2004, p. 282). O problema sendo conceituado é necessário se estabelecer o plano de tratamento com metas e estratégias específicas, ou seja, identificar pensamentos padronizados e crenças que podem vir a impedir de por em prática as metas e assim a melhora no tratamento. Desta forma Abreu e Guilhardi (2004, p. 283) afirmam que a TCC “[...] ensina o paciente a colocar em foco, a cada sessão, seus pensamentos e crenças disfuncionais, identificando, avaliando e respondendo cada situação disfuncional”. Como as sessões são estruturadas a: Cada atendimento é iniciado com a elaboração de uma agenda na qual o paciente e o terapeuta sugerem os assuntos que gostariam de incluir, definindo prioridades e organizando o tempo que será dedicado a cada tópico. [...] No final de cada sessão [...] permitir que o paciente sintetize e registre claramente os aspectos centrais debatidos na sessão. Ao se observar essa seqüência de trabalho, o indivíduo consegue sistematizar as lições estudadas naquela sessão e a utilidade desse aprendizado para as situações futuras. (ITO et al., 1998 apud ABREU e GUILHARDI, 2004, p. 283). Ao se estruturar por um meio de estilo focal, na TCC, “[...] as tarefas escolhidas no início [...] corresponderão a um alvo que necessite de uma intervenção imediata, devendo respeitar [...] o grau de capacidade do paciente para executá-las, a fim de não gerar frustrações desnecessárias” (ABREU e GUILHARDI, 2004, p. 283). Neste sentido esta terapia utiliza de várias técnicas com o propósito de modificar o pensamento, o humor e o comportamento do paciente. Por ser uma terapia focada “[...] nos problemas e sintomas, colaborativas e envolvem demonstrações, exercícios e tarefas de casa, uso de registros, instrumentos de automonitoramento e, eventualmente, a realização de tarefas junto com o terapeuta” (CORDIOLI, p. 12). O tempo é variável na TCC, desta forma Beck (1976 apud ABREU e GUILHARDI, 2004, p. 284) “sugere de quatro a quatorze sessões semanais para vários casos. [...] alguns pacientes podem necessitar de 1 a 2 anos para modificar suas crenças e seus comportamentos disfuncionais”. Enquanto que em algumas situações “[...] a melhora significativa dos sintomas apresentam-se após doze a vinte sessões [...] o tempo de tratamento estará associado à motivação e disponibilidade do cliente, assim como à natureza e à possibilidade de resolução” (BECK e FREEMAN, 1993 apud ABREU e GUILHARDI, 2004, p. 284). INDICAÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES Existem evidências de indicações ao uso da TCC, em quadros clínicos que precisam ser investigados com mais profundidade pelo fato de serem pouco estudados e por apresentarem resultados contraditórios. Knapp (2004) cita as indicações ao uso da TCC no tratamento da depressão, fibromialgia, insônia, transtorno de pânico e agorafobia, transtorno obsessivocompulsivo (TOC), transtornos de comportamentos infantis, esquizofrenia, bulimia nervosa, fobia social, transtorno de ansiedade generalizada (TAG), transtornos de estresse pós-traumático (TEPT), transtornos por uso de substâncias, síndrome da fadiga crônica, jogo patológico, comportamento de automutilação, dispepsia não-ulcerosa, tricotilomania, personalidade borderina e transtornos de personalidade e transtorno bipolar. Para Knapp (2004, p. 164) “não há contra-indicações [...] ao uso da TCC. É recomendado uma análise de cada pessoa, problema ou situação”. PRINCIPAIS TÉCNICAS Sendo o objetivo da terapia cognitiva “identificar, examinar e modificar as cognições distorcidas ou disfuncionais em três níveis [...] os pensamentos automáticos (PA) [...] crenças intermediárias (pressupostos subjacentes e regras) [...] e [...] crenças nucleares (esquemas)” (KNAPP, 2004, p. 133) a mudança cognitiva produz modificação no comportamento e vice-versa. Segundo Knapp (2004) existe as técnicas cognitivas citadas acima e as técnicas comportamentais que tem o propósito em sua intervenção comportamental “[...] aumentar o comportamento positivo enquanto diminui o negativo” (LEAHY, 1996 apud KNAPP, 2004, p. 153). Os pensamentos automáticos um dos níveis a serem identificados pela técnica cognitiva podem ser palavras, imagens ou memórias, podem ocorrer antes mesmo da situação em si, durante ou posteriormente à situação. É necessário segundo Knapp (2004) perguntar diretamente sobre os pensamentos que estão passando pelo pensamento do paciente, e assim identificar mudanças ou intensificações do humor durante a sessão, a descrição de uma situação ocorrida fora da sessão, o foco das emoções, foco nas situações, recriação de situação vivenciada pelo paciente, role-play do que foi vivenciado, a utilização de uma imagem que passou pela cabeça ou que melhor descreve o pensamento, o terapeuta sugere um pensamento plausível que o paciente pode ter tido, o terapeuta sugere um pensamento contrário ao que pode ser esperado na situação, sugestão de pensamentos derivados da prática clínica, a obtenção de pensamentos que uma pessoa próxima do paciente poderia ter, a conversão da incerteza em possibilidade, conversão de perguntas em afirmações. Beck (1976 apud KNAPP, 2004, p. 133) destaca que “[...] a terapia cognitiva não é definida pelas técnicas que são empregadas, mas pela ênfase que o terapeuta dá ao papel dos pensamentos na causa e na manutenção dos transtornos”. Neste sentido para que as técnicas utilizadas pela TCC sejam efetivamente desempenhadas é necessário que o profissional seja um bom estrategista, saber dirigir o processo terapêutico, “sempre com base no desenvolvimento de um bom relacionamento terapêutico e fundamentado no método de questionamento socrático e na colaboração empírica [...]” (KNAPP, 2004, p. 133) levando o paciente a descobertas e mudanças. Segundo Rey e Pacini (2006) técnicas como a de relaxamento, de treinamento de habilidades sociais, reestruturação cognitiva e de exposição são utilizadas como ferramentas para o tratamento da TCC. ÁREAS DE ATUAÇÃO As áreas de atuação da TCC, segundo Rangé (1995) estão voltadas para os seguintes campos: Medicina comportamental; Neuropsicologia comportamental; Instituições de saúde; Instituições escolares; Instituições de trabalho; Psicologia e odontologia; Enfermarias psiquiátricas; Manejo do estresse; Psiquiatria e psicofarmacologia; Psicobiologia da ansiedade; Análise experimental do comportamento na posição sentada: ergonomia do mobiliário escolar; Separação conjugal; Segundo Caballo (2007) a TCC utiliza suas técnicas de intervenção em: Catástrofes e primeiros socorros; Pessoas que tem problemas com álcool; Tratamento do tabagismo; Tratamento do vício em heroína e cocaína; Transtornos da alimentação; Transtorno da obesidade; Transtornos do sono; Tratamento cognitivo-comportamental de parafilias; Enfrentamento do estresse; Tratamento das cefaléias; Síndrome pré-menstrual; Intervenções com HIV / AIDS; Intervenção psicológicas com pessoas na fase final da vida; Transtornos da personalidade; Problemas conjugais; Problemas familiares; Controle da ira; BIBLIOGRAFIA KNAPP, Paulo. Terapia cognitivo comportamental na prática psiquiátrica. Porto Alegre, Artmed, 2004. HAWTON, Keith. [et al.] Terapia cognitivo comportamental para problemas psiquiátricos: um guia prática. São Paulo, Martins Fontes, 1997. RANGÉ, Bernard. (Org.) Psicoterapia comportamental e cognitiva: pesquisa, prática, aplicações e problemas.São Paulo, Workshopsy, 1995. CABALLO, Vicente E. Manual para o tratamento cognitivo-comportamental dos transtornos psicológicas da atualidade: intervenção em crise, transtornos da personalidade e do relacionamento e psicologia da saúde. São Paulo, Santos, 2007. ABREU, Cristiano Nabuco de. GUILHARD, Hélio José. Terapia comportamental e cognitivo comportamental: práticas clínicas. São Paulo, Roca, 2004. BECK, Aaron. FREEMAN, Arthur. Terapia cognitiva dos transtornos de personalidade. Porto Alegre, Artes Médicas, 1993. BAHLS, Saint Clair; NAVOLAR, Ariana Basssetti Borba. Terapia Cognitiva Comportamental: Conceitos e pressupostos teóricos. Psico/UTP/online – Revista eletrônica de psicologia. n. 04, Curitiba, Jul./ 2004. BORBA, Angélica Gurjão. Disciplina Online de Terapia-Cognitiva- Comportamental: Expansão das fronteiras da formação em TCC através da educação. Rio de Janeiro, UFRJ, 2005. REY, Gustavo J. Fonseca D’El; PACINI, Carla Alessandra. Terapia cognitivo-comportamental da fobia social: Modelos e técnicas. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 11, n. 2, p. 269-275, mai./ago. 2006. CORDIOLI, Aristides Volpato. Terapia cognitivo-comportamental no transtorno obsessivocompulsivo. Disponível em: http://www.ufrgs.br/toc/tcc.pdf . Acesso em: 03 out. 2009. PSIQUE. (Edição Especial Ciência e Vida) Terapia Cognitiva e construção do pensamento. São Paulo: Escala, ano I, nº 3.