Dificuldades de Pacientes Portadores de Xerostomia no Uso de PT

Propaganda
ETEC PHILADELPHO GOUVÊA NETTO
JANAÍNA CRISTINA CALVO RIBEIRO
DIFICULDADES DE PACIENTES PORTADORES DE XEROSTOMIA NO USO DE
PRÓTESE TOTAL
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
2009
ETEC PHILADELPHO GOUVÊA NETTO
JANAÍNA CRISTINA CALVO RIBEIRO
DIFICULDADES DE PACIENTES PORTADORES DE XEROSTOMIA NO USO DE
PRÓTESE TOTAL
Trabalho de conclusão de curso para
obtenção do título de Técnico em Prótese
Dentária da Escola Técnica Philadelpho
Gouvêa Netto de São José do Rio Preto.
Professor orientador: Gustavo Cosenza
Botelho Nogueira.
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
2009
2
Agradeço aos professores por terem acreditado em mim e compartilhado, com
dedicação, sua sabedoria.
3
Dedico essa monografia aos meus pais, ao meu filho, ao meu namorado, às minhas
irmãs e ao meu cunhado pelo grande incentivo.
4
Cada dia é preciso retomar o caminho, partir com um novo entusiasmo e um fervor
maior, cada dia é uma subida íngreme para o alto, mais cansativa, porém inebriante!
(PIO XII)
5
RESUMO
A saliva tem grande importância na retenção das próteses totais e no conforto do
paciente ao usá-las. Os tratamentos são na maioria paliativos e incluem o uso de
medicação sistêmica, enxaguatórios e lubrificantes orais e a retenção das próteses
quando possível. Os problemas mais freqüentes são: relato de dor, ulceração dos
tecidos submetidos à ação das próteses, retenção diminuída, sensação de
queimação, alteração na percepção do gosto, dificuldade de mastigação e
deglutição. Identificar a alteração de fluxo, bem como os fatores que podem
desencadeá-la e buscar amenizar ou tratar é função do cirurgião dentista , pois a
instalação de próteses doloridas e pouco retentivas fará com que o paciente
provavelmente acabe não as usando ou usará mesmo assim, com muito desconforto
e pouca eficácia do aparelho protético.
6
SUMÁRIO
RESUMO .................................................................................................................... 6
INTRODUÇÃO............................................................................................................. 8
DESENVOLVIMENTO................................................................................................10
1. Xerostomia.............................................................................................................10
2. Prótese dentária total............................................................................................11
3. Prótese total X Xerostomia...................................................................................13
4. Doenças sistêmicas e a Xerostomia ...................................................................14
5. Moldagens em pacientes com Xerostomia ........................................................18
6. Higienização das próteses, arcadas, língua e tecidos moles...........................24
7. CONCLUSÃO.........................................................................................................26
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. 27
REFERÊNCIAS...........................................................................................................28
7
Introdução
A saliva é uma mistura homogênea de secreções produzidas principalmente
pelas glândulas salivares e pelas glândulas bucais menores, que desenham uma
função dupla: participação no processo de digestão e facilitação da deglutição dos
alimentos.
A saliva é um líquido claro, viscoso, alcalino (pH entre 6 e 7), que contém em
sua composição: 95% de água, 3% de substâncias orgânicas e 2% de sais minerais.
Além disso, também apresenta dois tipos de secreção protéica: uma secreção
serosa e rica em ptialina, que contribui para digestão do amido; outra secreção
mucosa, que contém mucina, elemento lubrificante que facilita a mastigação e a
passagem do bolo alimentar pelo esôfago através da deglutição.
A cada minuto se secreta uns 0,5 ml de saliva, exceto durante o sono, quando
a secreção é escassa. A saliva desempenha um papel importante na manutenção
dos tecidos bucais, uma vez que exerce um efeito de limpeza arrastando
substâncias alimentares e microorganismos patogênicos que se não fossem
removidos, contribuiriam com o surgimento de cáries dentais, infecções e
deterioração dos tecidos. Além disso, ela também possui enzimas proteolíticas e
anticorpos protéicos que destroem as bactérias bucais.
A saliva é produzida e secretada por três pares de glândulas, as glândulas
salivares menores (glândulas subliguais), que são glândulas dispersas em toda a
camada de epitélio que reveste o palato, os
lábios, as bochechas, as tonsilas e a língua, secretam apenas muco com a
função de conservar a umidade da mucosa oral; e as glândulas salivares maiores
(parótidas e submandibulares), que estão localizadas fora das paredes da cavidade
oral. As glândulas mais ativas são as submandibulares e as menos ativas são as
sublinguais. Estas glândulas têm características exócrinas e são constituídas por
ácinos seromucosos e mucosos, sendo estimuladas pelo sistema nervoso autônomo
e pelos hormônios vasopressina e aldosterona.
8
Figura 1: Glândulas salivares
Sintomas de secura na boca e nos olhos, mialgias e fadiga são extremamente
comuns na população geral associados com ansiedade, depressão, efeitos
colaterais de medicamentos (antidepressivos tricíclicos e alguns medicamentos para
resfriados e certas cardiopatias) e, muitas vezes, com doenças que cursam com
disfunção do sistema nervoso autonômico.
9
1 – Xerostomia
Atualmente, com o esgotamento diário causado por momentos de ansiedade
e estresse, as pessoas ficam suscetíveis à secura bucal = xerostomia. Entretanto, se
o sintoma não for esporádico, a ausência da saliva, que auxilia na imunidade do
organismo, poderá causar problemas bucais preocupantes, como a deteriorização
do esmalte dental pelos ácidos bacterianos, cáries, doenças gengivais, candidíase
(doença provoca por fungos) e infecções nas glândulas salivares. Além de aumentar
as cáries, doença periodontal, saburra na língua e mau hálito, impede uma
mastigação adequada dos alimentos, que obrigam a pessoa mudar a consistência
de sua dieta, que vai causar problemas digestivos.
A xerostomia é considerada critério de difícil definição e mensuração,
podendo ocorrer em outras condições:
1. temporárias – uso de anti-histamínicos etc.; infecções bacterianas e virais, em
especial caxumba; desidratação; depressão e síndrome do pânico;
2. crônicas – antidepressivos, diuréticos, clonidina, anticolinérgicos, neurolépticos
etc.; doenças granulomatosas tais como sarcoidose, lepra, tuberculose; amiloidose;
infecção por HIV; doença do enxerto versus hospedeiro; fibrose cística; diabetes
mellitus não controlada;
3. outras – radioterapia, trauma ou cirurgia em cabeça e pescoço; glândulas
malformadas ou ausentes.
Assim, a xerostomia é identificada quando a pessoa tiver a sensação de
secura e pegajosidade na boca, mau hálito freqüente, gosto metálico no paladar e
dificuldade para mastigar. Os lábios rachados e a sensação de a xerostomia é
identificada quando a pessoa tiver a sensação de secura e pegajosidade na boca,
mau hálito freqüente, gosto metálico no paladar e dificuldade para mastigar. Os
lábios rachados e a sensação de secura na garganta também são sinais para se
perceber o problema.
No tratamento da xerostomia deve-se, primeiro tratar a sua etiologia. Caso a
causa não possa ser eliminada, tratamentos paliativos devem ser adotados. Para a
maioria dos pacientes só pode ser oferecido alívio sintomático. Procura-se encontrar
a causa da baixa do fluxo salivar, deve ter-se uma higiene bucal rígida e um controle
na dieta.
10
Na tentativa de conseguir a reativação da função secretora das glândulas
salivares, é recomendado o uso de gomas de mascar e tabletes de fosfato de cálcio
e em condições mais drásticas o tratamento químico com o aconselhamento e
acompanhamento do cirurgião dentista.
Figura: 2 Língua com rachaduras
2 - Prótese dentária total
A extração dentária por muito tempo foi à solução encontrada para moléstias
nos dentes. Surgindo, então, a prótese dentária. Acredita-se que os Fenícios tenham
sido os verdadeiros precursores da mesma.
Em seu conceito básico, prótese é a substituição de um tecido perdido ou não
formado. A palavra deriva do grego: pro diante, em lugar de; e thesis, colocar.
Etimologicamente, colocação de coisa em lugar de outra” (Turano & Turano, 2002).
Com relação às próteses odontológicas, e segundo o comitê da Associação
Americana das Escolas Odontológicas, a “Prótese é a ciência e a arte de prover
substitutos convenientes para a porção coronária dos dentes, ou para um ou mais
dentes perdidos e para suas partes associadas, de maneira a restaurar as funções
perdidas, aparência estética, conforto e a saúde do paciente” (Turano & Turano,
2002).
A prótese dentária total nasce verdadeiramente em 1728, quando Pierre
Fouchard nos anos 1678-1780 criou as Próteses Totais superiores com “câmaras de
vácuo” (Turano & Turano, 2002).
11
Prótese Total é o nome da prótese dentária, que substitui artificialmente os
dentes perdidos de toda uma arcada dentária, inferior, superior ou ambas, sendo
este o termo utilizado pelos profissionais da odontologia e ´Tecnicos em Prótese
dentaria, sendo eles que confeccionam as proteses apartir de modelos feitos pelos
dentistas. Em linguagem popular é conhecida por dentadura.
É composta, basicamente por dentes de resina acrílica e gengiva artificial nas
cores rosa ou mais escura dependendo do caso. É montada em articulador semiajustável, que copia os movimentos mastigatórios. E depois de provada no paciente
com os dentes ainda montados em Cêra é prensada com a resina rosa injetada em
um negativo onde os dentes já estão posicionados e quando o acrilico endurece está
pronto o conjunto prótese e dentes e só falta ser polido e dado acabamento, é feito
ajuste no articulador e depois na boca.
Figura 3: Prótese Total
Hoje, ela substitui, além de ambos os arcos dentários perdidos, a fibromucosa
gengival e devolve ao paciente a recomposição do sistema estomatognático, e
também o bem-estar biopsíquico e social.
Vários fatores concorrem para o sucesso ou fracasso da prótese total,
incluindo a técnica de confecção, as condições dos tecidos remanescentes do
paciente e a capacidade técnica e científica do profissional.
12
3 - Prótese dentária X Xerostomia
A digestão se inicia na boca e a saliva é responsável por umidificar e proteger
os tecidos bucais. A diminuição da salivação ou a xerostomia, leva a diversos
problemas como doenças das gengivas, aumento das cáries, mau hálito, diminuição
do paladar, dificuldade de mastigar, engolir e falar e formação aumentada de
saburra lingual . Para quem usa prótese completa, a fixação das dentaduras é
comprometida.
A xerostomia crônica predispõe a cárie dentaria aguda, complicações
periodontais e perda subsequente dos dentes, o paciente apresenta dificuldade para
as próteses totais (PT) e incômodo com aparelhos protéticos.
Figura 4: Cárie dentaria aguda
A saliva tem grande importância na retenção das próteses dentarias e no
conforto do paciente ao usa-las. A película de saliva interposta entre a mucosa e a
base das próteses dentarias é muito importante pois se evidenciam vários
problemas que podem afetar os pacientes que utilizam próteses dentarias e
apresentam diminuição do fluxo salivar.
Este problema afeta um grande número de idosos, que além de apresentarem
uma diminuição fisiológica do fluxo salivar pelo envelhecimento, têm seus sintomas
potencializados pelo uso de variadas medicações com este efeito colateral/adverso,
13
como por exemplo, alguns remédios usados para controlar diariamente a
hipertensão e diabetes, doenças muito prevalentes na 3a Idade .
Figura 5: Língua Saburroide
Estes pacientes têm queixas como dificuldades para mastigar e engolir e os
alimentos, o que pode ajudar na diminuição de sua condição nutricional de todo o
corpo, pois as papas e líquidos nunca contém bons nutrientes necessários para um
pleno funcionamento do organismo. Também esta mudança alimentar deixa de
estimular a musculatura de toda a boca e face o que leva, indiretamente, a salientar
as rugas do rosto dos idosos acometidos pela secura bucal.
4 - Doenças sistêmicas e a Xerostomia
Como cerca de 10 % dos idosos tem Diabetes e esta causa - quando não
compensada adequadamente, causa aumento no volume hídrico dos tecidos moles
que dão suporte às próteses dentarias, sugere-se um exame de glicemia atual do
paciente, antes dos procedimentos clínicos. Reforçar e incentivar a importância de
controle do nível pelo paciente ajuda nesse trabalho e na adaptação às novas
Próteses Totais.
Com uma eficiência mastigatória menor, o paciente pode ingerir alimentos
inadequados ao seu controle glicêmico, prejudicando o desempenho das próteses,
além dos riscos implicados para a sua saúde geral. Moldar o paciente com tais
alterações teciduais (da fase descompensada) pode produzir uma prótese mal
adaptada. Pacientes permanentemente instáveis devem ser vistos com reservas
14
para a confecção de novas próteses, devendo reembasadores macios serem usados
até que se possa partir para a confecção de uma prótese definitiva.
Pacientes que sofreram Acidente vásculo-cerebral (AVC) deverão ter uma
nova fase de adaptação às suas próteses totais, pela paralisia da musculatura na
hemi-face atingida. Também esta paralisia pode atingir as glândulas salivares,
diminuindo o fluxo salivar e comprometendo a retenção das próteses dentarias.
Medidas paliativas devem ser tomadas (inclusive com o uso de substitutivos
artificiais de saliva), pois o quadro pode reverter com o passar dos meses. Nas
próteses inferiores, uma língua com movimentação alterada pode comprometer inicialmente- sua colocação, indicando seu uso só para a alimentação.
O descontrole muscular pode gerar contatos oclusais inadequados e
formação de lesões na fibromucosa, que devem ser prontamente tratadas. Também
novas instruções sobre higiene bucal e das próteses devem ser fornecidas, aos
familiares e cuidadores, inclusive com apresentação de dispositivos de limpeza com
empunhadura maior, assim que o paciente mostrar o interesse de fazer a
higienização por si mesmo.
Problemas cardíacos diversos podem interferir se há necessidade de
regularizar
tecidos
moles/duros
antes
de
realizar
novas
próteses.
Ter
acompanhamento médico próximo, usar anestésicos sem vaso constritor, e em
pouca quantidade, são medidas salutares. Ponderar os riscos de endocardite
bacteriana, para a realização de tais procedimentos junto com o cardiologista é
muito importante.
Não esquecer que uma pressão arterial oscilante pode ter ligação com
descontrole da diabetes e esta com problemas periodontais (se ainda existirem
dentes remanescentes) ou com inflamações/infecções nos tecidos de suporte (ou
mesmo raízes residuais problemáticas) nas áreas desdentadas ou de mucosa
interna da boca.
Muito mais do que somente uma carta do cardiologista solicitando o uso de
anestésicos sem vasoconstrutor,um planejamento conjunto dos atos clínicos a
serem realizados deve ser a rotina no atendimento dos pacientes idosos
cardiopatas.
Pacientes que sofreram terapias para câncer geralmente apresentarão
xerostomia em nível maior ou menor, além de problemas de falta de altura/retenção
do rebordo se a região envolvida era circunvizinha às estruturas de suporte das
15
próteses dentarias ou selas de Prótese Parcial Removível (ou PPR, daqui por
diante). Uma maior facilidade para candidíase e/ou mucosite pode ocorrer e deve-se
estar em íntimo contato com a equipe médica que o atendeu, especialmente com o
Cirurgiao Dentista responsável por Medicina Bucal, que lhe informará o protocolo de
cuidados que o paciente deveria seguir.
O ajuste oclusal deve ser o mais adequado possível, para não criar lesões na
fibromucosa, que podem ser de difícil cicatrização posterior; o mesmo raciocínio se
aplica para a extensão dos bordos das próteses. Muito importante é realizar
próteses com as melhores condições estéticas e funcionais, para dar ao paciente
que sofreu radio/quimioterapias um complemento positivo à sua situação
psicológica, sempre muito fragilizada nestas doenças, para que possa rapidamente
reintegrar-se ao convívio social.
O uso de saliva artificial e pós adesivos serão complementos de grande valia,
depois que tiver seu peso corpóreo estabilizado. Na fase intermediária (trans e pósterapias), o reembasamento das próteses antigas com produtos resilientes dá um
conforto clínico para poder ingerir alimentos com bons nutrientes, vitais para sua
integral recuperação física.
A Doença de Alzheimer e o Mal de Parkinson podem apresentar diversos
graus de envolvimento, mas podem causar um descontrole motor com evidentes
implicações em manter as próteses estáveis na cavidade bucal. A instabilidade gera
problemas oclusais e lesões na fibromucosa.
Também envolvem a capacidade cognitiva para usar as próteses (Alzheimer)
e a manual para limpeza das mesmas e dos rebordos (Parkinson). O treinamento de
o pessoal auxiliar e da família se faz fundamental. Ajustes pequenos e constantes
podem ser realizados, sendo o papel de observação do profissional o mais
importante para indicar quais procedimentos clínicos realizar, para que os pacientes
possam se acostumar com eles gradualmente.
Deve-se preferir fazer consertos seqüenciais nas próteses antigas até
chegarem próximas ao desejável para as novas, e só aí efetuar uma troca mais
confiante do sucesso a ser conseguido, afirmam HOLM-PERDERSEN;LOE (1996) e
ETTINGER (1997).
Diversos estágios clínicos de neuroses, psicoses e demências podem
contra-indicar a confecção e uso de novas próteses totais em idosos. Optar por fazer
acertos nas atuais pode ser uma medida clínica aconselhável para diversas
16
situações de instabilidade mental permanente evitando o descarte quase imediato
das novas pelos pacientes nestas condições clínicas.
Casos mais avançados podem obrigar à remoção das próteses, mas os
nutricionistas de suporte devem se fazer presentes com dietas que compensem os
alimentos que deixará de ingerir nesta fase.
A artrite e a osteoartrose, por si não contra-indicam próteses totais nos
idosos, mas seus medicamentos constantes podem diminuir o fluxo salivar e facilitar
lesões sob as bases. As mesmas comprometem a limpeza das próteses e rebordos,
devendo o pessoal auxiliar e familiares serem treinados para obter um bom controle
de placa bacteriana.
A Síndrome de Sjögren (SS) é uma afecção auto-imune multissistêmica na
qual o sistema imunológico do paciente erroneamente ataca as glândulas exócrinas,
em particular, as glândulas salivares e lacrimais, determinando os quadros clínicos
de xerostomia (boca seca) e xeroftalmia (olhos ressecados).
A etiologia da doença é variada, podendo apresentar fatores genéticos,
imunológicos, ambientais e viróticos. Pode manifestar-se isoladamente sem a
presença de outra doença auto-imune - sendo classificada como primária - ou pode
vir acompanhada de outras doenças auto-imunes como lúpus eritematoso e artrite
reumatóide, sendo assim classificada como secundária.
Esta doença acomete principalmente mulheres, sendo a proporção entre os
gêneros feminino e masculino de 9:1. É incomum na faixa etária pediátrica, embora
se tenha relatado mais de 50 casos em crianças, tendo como média de idade em
que os sintomas se iniciam de 43,8.
O cirurgião-dentista (CD) pode ser o primeiro profissional a diagnosticar a
doença em virtude de suas queixas quanto às manifestações na cavidade bucal. A
razão mais comum de as pessoas com SS procurarem um CD é a presença da
xerostomia, que é o sintoma de boca seca, decorrente da hipossalivação.
17
Figura 6: Superfície lingual despapilada e seca.
5 - Moldagens em pacientes com Xerostomia
Na confecção da prótese deve-se respeitar os limites anatômicos e
fisiológicos da atuação da musculatura envolvida, analise da área de rebordo
residual, definindo corretamente a área chapeável, diagnosto da presença de tórus e
no assoalho bucal respeito ao freio lingual, as inserções do músculo genioglosso e o
fórnix gengival.
Próteses antigas devidamente consertadas podem suplantar a fase de
moldagem anatômica, poupando clinicamente o paciente idoso. Faz-se a moldeira
individual e parte-se para a moldagem funcional (lembre-se da posição do espaldar
da cadeira odontológica).
Face à xerostomia, geralmente presente (MARCHINI et al, 2001), as pastas
zincoeugenólicas devem ser substituídas por elastômeros, mas de fluidez média ou
regular, para não haver excessivo escorrimento do material, incomodando o
paciente.
Movimentos funcionais devem ser realizados, e se o paciente não puder
realizá-los adequadamente, o profissional deve intervir, especialmente se sofreu um
AVC ou tem doenças neuro-degenerativas que impedem sua colaboração
Alterações no paladar/olfato: que levam o paciente a colocar mais
condimentos - inclusive o sal (pensando nos hipertensos, em problemas renais, de
fígado e de formação de trombos), causados não só pela xerostomia, como por
13,41% dos fármacos estudados. Um bom trabalho com resina acrílica - menor
18
volume e na acrilização, também auxilia em uma melhor adaptação do paciente aos
trabalhos a serem realizados.
O aumento (em área) da possibilidade do reflexo faríngeo pode dificultar
bastante às atividades de moldagem e muitas vezes, é confundido com um paciente
que restringe a atividade profissional, por supostos problemas psicológicos. Diálogo
com médicos envolvidos pode ajudar a buscar soluções para estes problemas ou, ao
menos, atenuar suas implicações clínicas.
Figura 7: Mostra a situação inicial, onde se nota que os bordos não se adentram no sulco
gengivo-geniano como seria necessário. Também a prótese basculava em função por grande
desadaptação em relação ao rebordo. Os dentes artificiais, por outro lado, ainda tinham condições de
serem reaproveitados. Face aos custos de confecção de uma nova prótese e de tempo clínico
necessário, optou-se por um reembasamento total da PT, dando uma correia extensão aos bordos.
Figura 8: Mostra o preenchimento da região próxima ao palato mole, que não havia sido
incluída na prótese antiga e que muito ajuda no suporte.
19
Figura 9: Mostram o novo volume da altura dos bordos necessário e que também ajudou a recuperar
a região dos sulcos faciais para remoçar o paciente.
Figura 10: Na boca nota-se a quantidade de material que foi anexado para cumprir este objetivo,
sendo que as inserções de lábio e musculares serão desgastadas nas provas clínicas finais.
20
Figura 11: Mostra o molde terminado, resultado de uma moldagem com silicona leve para dar
adequado suporte à base da prótese.
Figura 12: O vazamento com gesso especial, e a posterior inclusão em mufla e acrilizaçào permitiu o
resultado visto nas Figuras, com a corveta extensão dos bordos e as vistas laterais da nova base da
prótese.
21
Figura 13: Moldagem pronta de prótese total superior
Figura 14: Moldagem pronta de prótese inferior
Figura 15: Prova da Prótese Total
As figuras de 7 a 12 mostram a moldagem de uma base de prova de prótese
total, no caso terminado, com a prótese em posição ocluída, que, após as sessões
de ajuste, permitiram uma completa integração e satisfação para o paciente e evitou
que a prótese antiga gerasse, inevitavelmente, extensas lesões nos tecidos moles.
22
Este trabalho não gastou mais de dois dias, entre a consulta inicial e a
entrega, e mais três retornos rápidos para acertos nas semanas subseqüentes. Hoje
cuidamos de seus dentes inferiores, e seu reconhecimento pela melhora na
eficiência mastigatória se fez traduzir pelo ganho de três quilos em dois meses, fruto
da
melhora
dos
incômodos digestivos
que
costumeiramente
apresentava.
Melhoraram estética, função, auto-estima, nutrição e saúde geral: nobres objetivos
que pudemos conseguir para nosso paciente, mostrando o papel do Cirurgiãodentista nos casos de terceira idade.
6 - Higienização das próteses, arcadas, língua e tecidos moles.
Figura 16: Higienização
Os autores Cunha & Marchini (2007) dominam como poucos os critérios de
higienização das próteses totais, mesmo em idosos, O reforço de ensino dos
familiares/ cuidadores/ enfermagem (de todos os turnos de trabalho) sobre a
23
importância da limpeza dos rebordos para a diminuição da reabsorção óssea sob as
bases de prótese totais e selas de PPR, conforme salientou MONTENEGRO(1989),
com escova macia e pasta/colutório com clorhexidina, e sugador(pacientes
internados) ou gaze com clorhexidina (em UTIs/hospitais) se faz necessário.
A higiene constante da língua, com algum dos diversos tipos de limpadores
existentes no comércio brasileiro (BRUNETTI; MONTENEGRO, 2002) é uma medida
válida para primeiramente limpar as papilas gustativas recobertas por restos
celulares e alimentares, que impedem uma percepção gustativa adequada (e que
obrigaria os pacientes a maior quantidade de sal/condimentos/ açúcar e suas
conseqüências no controle da hipertensão/problemas gástricos /diabetes) e também
visa que colonizações bacterianas características da boca, em volume anormal, que
formam a saburra da língua adentrem ao trato digestivo, daí à corrente sanguínea e
podendo chegar e coração, gerando complicações orgânicas indesejadas,
especialmente no paciente idoso debilitado. Lembrar que nesta faixa etária o fluxo
salivar geralmente está diminuído, o quê poderia gerar o início de halitose e maior
número de cálculos nas próteses.
Figura 17 Limpadores de língua
24
Segundo BARNES; WALLS (1994), instruções escritas e personalizadas, com
letras grandes, abordando tudo o quê foi dito no ato de entrega, é uma medida muito
válida para pacientes idosos e seus acompanhantes e cuidadores, que nem sempre
puderam estar presentes na sessão de entrega das próteses. Seu telefone nas
instruções é fundamental para dirimir qualquer dúvida surgida com o passar dos
dias. Alertar para o perigo de uso de substâncias limpadoras capazes de alterar o
polimento dado nas próteses, pois, ao tornarem mais porosas, geram maior depósito
de bactérias, fontes dos problemas gengivais conhecidos em profundidade e que
são bem críticas em pacientes idosos.
7 – Conclusão
Por tudo que tentamos mostrar nesta rápida análise das Próteses Totais X
Xerostomia, pode-se ver que muitos aspectos devem ser levados em consideração
no atendimento desses pacientes.
Mas muito mais que apenas passos técnicos otimizados, deve-se ter em
mente o ser humano, muitas vezes bastante fragilizado e carente e que deve ser o
foco de todas as atenções nos consultórios, bem como do pessoal auxiliar, inclusive
o técnico em prótese dentária. É para esta pessoa que se deve envidar todos os
esforços em prol de recuperar sua saúde geral plena o mais rápido possível e de
propiciar sua reintegração social completa. O conhecimento do dentista nesta área
está, normalmente, em posição de relaxar a ansiedade do seu paciente e suprir seus
medos e por isso resolver seu problema.
Desta maneira, torna-se essencial o conhecimento das mudanças de
comportamento e/ou de personalidade inerentes a tais sintomas, de modo que o
odontólogo esteja sempre apto a dar especial atenção aos distúrbios e reações dos
pacientes.
O desenvolvimento de competências no que diz respeito ao reconhecimento
dessas alterações, diferenciando o que constitui normalidade e anomalia, mito e
25
veracidade, possibilita treinamento e capacitação no atendimento odontológico e
assistência à saúde bucal e forma, acima de tudo, profissionais com perfil mais
humano e altruísta.
Assim, com a reconstituição protética e reabilitação da saúde bucal, o
paciente recupera a auto-estima, normalmente diminuída com a perda dos dentes; e
adquire os benefícios biológicos e estéticos característicos deste tratamento, fatores
que resultarão em melhor qualidade de vida.
26
Lista de Figuras
Figura 1 disponível em:
www.medicinageriatrica.com.br/wp-content/uploads/2008/12/parotidite.jpg
Figura 2 disponível em:
http://sjogren.blogs.sapo.pt/arquivo/lingua.jpg
Figura 3 disponível em:
http://3.bp.blogspot.com/_o5ikJBZGzI/RdMoVpzv02I/AAAAAAAAABk/KX4SkhFeTkc/s400/3528pt2.jpg
Figura 4 disponível em:
http://www.medicinageriatrica.com.br/wp-content/uploads/2007/02/caries.jpg
Figura 5 disponível em:
http://www.cmi.unb.br/imagens/odonto04.jpg
Figura 6 disponível em:
http://www.daianerocha.com.br/imagens/xerostomia.jpg
Figura 7 a 15 disponível em:
E:\Medcenter Brasil Odontologia 2.mht
Figura 16 disponível em:
http://www.abo.org.br/imagens/jornal/102/Pagina-20-foto-1.jpg
Figura 17 disponível em:
http://www.odontobelavista.com/attachments/Image/limpadores_de_lingua.gif
Figura 18 disponível em:
www.odontosenior.com.br/dicas.htm
Figura 19 disponível em:
http://www.whocollab.od.mah.se/images/candidosis1.gif
Figura 20 disponível em:
http://www.protesetotal.odo.br/ARTIGOS_CIENTIFICOS/010/lesoe8.jpg
27
Referências
Campos, Dra Shirley de; disponível em: E:\OdontologiaPreventiva_DentistaXerostomia.mht
Disponível
em:
http://www.medicinageriatrica.com.br/wp-content/uploads/
2008/12/parotidete.jpg
E:\Cispre.mht
E:\http-wwwnutechsr_com_br-imagens-dent2-jpg.mht
E:\Portal Open-Portal de Odontologia3.mht
E:\Xerostomia-Wikipedia,a enciclopédia livre.mht
Fetter, Vanessa;, Prefeitura de Panambi
disponível em: E:\Saliva importância
na prótese total-www_guidigital_info.mht
Gennari Filho, Humberto; exameclinico.pdf(Protegido)
Grant, Alan A; Heath, Cord Fraser Mc; Manejo da prótese, disponível em: E:\
capitulo07-manejo da prótese existente.mht
Jorge, Antonio Olavo Cardoso; Koga-Ito, Cristiane Yumi; Gonçalves, Célia Regina;
disponível em: E:\Revista de Odontologia da Universidade de São Paulo
Mello,
Vanessa
Renata
Budnik;
Pelissar,
Leonardo
P;
disponível
em:
E:\Medcenter_com_Odontologia3.mht
Montenegro, Fernando Luiz Brunetti; Brunetti, Ruy Fonseca; Publicado no capitulo
18 in: Prótese Total: procedimentos clínicos e laboratoriais. Cunha, V.P.P.: Marchini,
L. Editora Mayo, Curitiba 2002
Montenegro, Fernando Luiz Brunetti; Marchini, Leonardo, Brunetti; Ruy Fonseca;
disponível em: protesetoal.pdf_AdobeReader
Moreira, Ruth Cavalcanti; Peixoto, Thiago; Elias, Roberto; disponível em:
E:\Cispre.mht
Publicad pelo Brazilian Dental Journal: E:\MedicinaOral>>Estomatologia.mht
28
29
Download