I Encuentro Hispano-Luso de Editores Musicales Madrid

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I Encuentro Hispano-Luso de Editores Musicales
Madrid, 10-11 Marzo 2016
La edición musical en el s. XXI en España y
Portugal
La edición electrónica, nuevo territorio de
comercialización y difusión
M. Clara Assunção
(Técnica Superior del Área de Música da Biblioteca
Nacional de Portugal)
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Este proyecto ha recibido una ayuda del Ministerio de Educación, Cultura y Deporte
Colabora BNE
I Encuentro Hispano-Luso de Editores Musicales
La edición musical en el s. XXI en España y Portugal
La edición electrónica, nuevo territorio de comercialización y difusión
M. Clara Assunçao (Técnica Superior del Área de Música da Biblioteca Nacional de Portugal)
Eu preferi falar no fim porque a minha visão é diferente... não quer dizer que seja oposta,
mas é diferente, é uma visão da bibliotecária, no meu caso em particular, de uma bibliotecária na área patrimonial. Aquilo que eu ouvi aqui levantou várias questões. Uma das razões
pelas quais eu pedi pra falar no fim é porque eu não preparei qualquer documento para apresentar e esperava poder “parasitar” um pouco os outros intervenientes na Mesa e procurarei,
precisamente, a partir daquilo que disseram, dar uma abordagem que é a da bibliotecária. E
por isso tirei alguns apontamentos e talvez o discurso seja um pouco desorganizado.
A primeira questão ou a questão mais saliente que se coloca é: o que é que se vai conhecer
da edição musical de hoje, daqui a cinquenta anos? Qual vai ser o material que os investigadores, os musicólogos, daqui a cinquenta anos, vão conseguir ter dos tempos de hoje?
Claro que este problema não se coloca só em relação à música, obviamente, mas a música,
como todos nós sabemos, tem algumas particularidades. A partitura nunca foi um documento para ser lido, como quem lê um livro; a partitura é um documento para ser usado e isso
tem um conjunto de implicações no trabalho do arquivista e no trabalho do bibliotecário.
Isto acontece, em particular, no trabalho do arquivista de música. Estas implicações são diferentes das implicações que pode ter o documento textual.
O exemplo que deu aqui a Amaya, aquele sistema que utilizam, que permite fazer uma quantidade de intervenções na partitura publicada é um problema para o qual eu não sei até que
ponto todos os bibliotecários de música estão sensibilizados porque eu estudei. Porque eu
tenho estudado, desde há alguns anos, e de forma aprofundada, os problemas da catalogação
de partituras e há vários problemas relacionados na catalogação de partituras, tal como
fazemos hoje nas bibliotecas, que ainda não respondem totalmente às necessidades dos nossos utilizadores – ou dos nossos usuários, para usar um termo que também se utiliza no Português no Brasil – das biliotecas e dos arquivos de música.
A catalogação, tal como nós fazemos hoje, ainda não responde totalmente aos problemas
que se colocam. Por exemplo, a questão de que falou o Edward, é muito
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difícil fazer uma pesquisa numa biblioteca de música como aquela que lhe foi pedida. E os
problemas que se colocam a alguém que está numa biblioteca como o caso do Edward – a
que está na biblioteca da Orquestra Metropolitana – são diferentes das que colocam a quem
está numa biblioteca patrimonial, como é o meu caso. Ainda hoje, a catalogação de música
não resolve uma quantidade de problemas e não responde de uma forma célere a uma quantidade de perguntas que os músicos fazem.
Como é que vamos resolver a catalogação destes sistemas novos que estão a surgir e que
permitem, por exemplo, a intervenção do próprio músico no documento musical? Eu tenho
uma enorme quantidade de partituras de compositores e de maestros que estão anotadas e eu
sei quais foram as anotações que eles fizeram mas, com este sistema, ninguém vai saber
quais são as anotações que foram feitas. E os sistemas estão certos!
Nós, enquanto bibliotecários, é que temos que pensar como é que vamos responder aos novos problemas. E, portanto, esta é uma das questões que se colocam: o que é que nós vamos
saber? Daqui a cinquenta anos, não vai se saber nada ou muito pouco daquilo que é hoje a
actividade musical, a produção musical, um trabalho sobre a partitura, um trabalho feito
pelos músicos. Esta questão não é nova. Já se coloca há muito tempo e nós, bibliotecários, já
andamos a colocar esta questão há muito tempo, eu não estou a descobrir a pólvora. Mas de
facto o progresso tecnológico está extremamente rápido e nós já falávamos disso há dez
anos e as situações não eram as mesmas, continuamos a falar disso e estão a surgir novas
soluções tecnológicas e nós não estamos a conseguir acompanhar. A menos que eu esteja a
ver mal... Também gostava se saber a opinião dos outros bibliotecários.
Um outro aspecto que eu queria focar – já não tanto para a investigação mas num prazo mais
curto – como é que vamos conseguir assegurar que estas partituras que estão disponíveis na
Internet (e eu já não estou a falar dos pdf, estou a falar destas novas formas de edição musical ) como é que vamos assegurar que elas permanecem durante um tempo mínimo para
além de sua utilidade imediata?
Surge uma nova tecnologia, surge uma nova solução, a própria editora, que as disponibilizou
na Internet, a seguir vai substituí-la pela nova solução. Se surgir uma tecnologia mais eficaz,
daqui a dois, três ou quatro anos, vocês mudam, tiram da rede e põem outra. E nós não estamos a conseguir responder, nós sabemos perfeitamente que existem plataformas na Internet que permitem fazes uma espécie de registo histórico do que vai sendo colocado na internet, mas isso escapa-nos, enquanto bibliotecários, enquanto arquivistas, essas soluções estão
a ultrapassar-nos, estamos a ser ultrapassados por outros profissionais e imagino que não são
profissionais, mas pessoas interessadas que estão a encontrar soluções muito interessantes e
para as quais nós precisamos de encontrar resposta e, principalmente, precisamos de encontrar forma de controlar.
O controle bibliográfico desta documentação não está assegurado neste momento. E, mais
uma vez, enquanto bibliotecária patrimonial, preocupa-me o problema de preservar. Por
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todas as razões, não só por razões históricas, mas para conseguirmos, mais tarde, reconstituir
o progresso tecnológico. Saber como é que se chegou de um ponto ao outro, o que é que
houve pelo meio que alterações tecnológicas é que aconteceram pelo meio.
Uma outra questão que eu gostava de colocar tem a ver com o facto de esses documentos
serem complexos. Não são documentos lineares, uma partitura é um documento linear,
mesmo a partitura que o Sérgio falou... É linear. Surgiu na minha mente uma imagem muito
curiosa, parece que estamos a voltar ao volumen medieval em que ao contrário de termos as
folhas em sequência, vamos passar a ter o rolo que continua de forma indefinida, até acabar
a música, não é? E parece que no actual momento estamos a voltar a soluções que pareciam
abandonadas e que agora recuperamos electronicamente.
Um outro aspecto que parece que estamos a recuperar desde o princípio da imprensa, como
todos nós sabemos nos primeiros tempos das imprensa, o impressor, o tipógrafo tinha a sua
oficina, imprimia e publicava; editava e publicava. Às vezes era otipógrafo ambulante que
andava de terra em terra a fazer edição e, hoje em dia, com as novas tecnologias, qualquer
um de nós pode fazer as suas edições e isso, cada vez mais, vai fugindo ao nosso controlo.
Eu fiz um estudo que vou apresentar amanhã, sobre os pequenos editores, os microeditoresde música, em Portugal, aqueles editores que publicaram duas ou três partituras em
vinte anos, esse micro-editor, que não pede ISMN, que envia as coisas para a Biblioteca
Nacional, mas tem tiragens mínimas, e que, em termos comerciais, chega a pouco mais do
que o seu bairro, a esse pequeno editor, já é difícil para nós ter um ter algum controlo, saber
quem são, o que publicam, a quem chegam. No caso deste tipo de edição, esse problema
também se coloca. É como se tivéssemos um micro-cosmos que é esse micro-editor mas os
problemas desse micro-cosmos são os mesmos deste macro-cosmos, que é a edição na Internet, que chega ao Japão. E é isto, a minha apresentação é muito curta.
O objectivo era mesmo levantar estes problemas e lançar um debate porque estão aqui editores, estão aqui pessoas do mundo da edição, neste caso, nos painéis de hoje, são essencialmente do mundo da edição privada, da edição comercial, mas também estão aqui muitas
pessoas das bibliotecas e dos arquivos e que podem, eventualmente, participar neste debate,
o que é é que vai haver… o que é que se vai saber da MusicSales daqui a cinquenta anos?...
Eu repito, não são vocês que tem que mudar a vossa formade trabalhar, somos nós,
bibliotecários, arquivistas, que temos que encontrar soluções para estes problemas.
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M. Clara Assunção (Técnica Superior del Área de Música da Biblioteca Nacional de Portugal)
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