ISSN 19823150 MODERNA HEPATOLOGIA BOLETIM DO SERVIÇO DE HEPATOLOGIA DA SANTA CASA DO RIO DE JANEIRO E DO GRUPO DE FÍGADO DO RIO DE JANEIRO RIO DE JANEIRO-RJ - ANO 39 - EDIÇÃO JULHO/DEZEMBRO 2013 XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA 02 A 05 DE OUTUBRO 2013 RIO DE JANEIRO TRABALHOS CIENTÍFICOS TRABALHOS CIENTÍFICOS MODERNA HEPATOLOGIA ISSN 19823150 Serviço de Hepatologia da Santa Casa do Rio de Janeiro (8ª Enfermaria) Rua Santa Luzia, nº 206 – Castelo - 20020-020 – Rio de Janeiro-RJ - Tel.: (21) 2220-9649 E-mail: [email protected] Grupo de Fígado do Rio de Janeiro Rua Siqueira Campos, nº 93/802 - Copacabana –22031-070 - Rio de Janeiro-RJ Tels.: (21) 2255-8282 e (21) 2236-4510 - e-mail: [email protected] Ano 39 – Nº 2 – Julho/Dezembro de 2013 MODERNA HEPATOLOGIA Editores Responsáveis Cláudio G de Figueiredo Mendes Eduardo Joaquim Castro Conselho Editorial Carlos Antônio R. Terra Filho, Carlos Eduardo Brandão-Mello, Cláudio G. de Figueiredo Mendes, Cristiane Alves Villela Nogueira, Eduardo Joaquim Castro, Fernando Wendhausen Portella, Francesco Agoglia, Henrique Sérgio M. Coelho, João Luiz Hauer, João Luiz Pereira, Joaquim Ribeiro Filho, Jorge André de Segadas Soares, Letícia Cancella Nabuco, Paulo de Tarso A. Pinto, Renata de Mello Perez, Ricardo Cerqueira Alvariz, Silvando Barbalho Rodrigues, Vera Lucia N. Pannain DIRETORIA DO GRUPO DE FÍGADO BIÊNIO 2011-2013 Presidente: Francesco Agoglia Secretário: Eduardo Joaquim Castro Tesoureiro: Marcio Fragoso Castro Diretor Científico: João Luiz Pereira Diretor de Divulgação: Silvando Barbalho Rodrigues Comissões Homepage: Paulo de Tarso A. Pinto Moderna Hepatologia Claudio G. de Figueiredo Mendes e Eduardo Joaquim Castro Curso de Aperfeiçoamento em Hepatologia Flavia Fernandes e Gustavo Henrique Pereira Admissão: Carlos Antônio R Terra Filho e Clarice Gdalevici Comissão Fiscal: Fernando Wendhausen Portella, Letícia Cancella Nabuco, Paulo de Tarso A. Pinto PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA DA MODERNA HEPATOLOGIA Trasso Comunicação Ltda Av. N. Sra. de Copacabana, 1059 sala 1201 – 22060-001– Rio de Janeiro-RJ – Tel/Fax.: (21) 2521-6905 [email protected] - www.trasso.com.br Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 1 XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA MODERNA HEPATOLOGIA ISSN 19823150 Serviço de Hepatologia da Santa Casa do Rio de Janeiro (8ª Enfermaria) Rua Santa Luzia, nº 206 – Castelo - 20020-020 – Rio de Janeiro-RJ - Tel.: (21) 2220-9649 E-mail: [email protected] Grupo de Fígado do Rio de Janeiro Rua Siqueira Campos, nº 93/802 - Copacabana –22031-070 - Rio de Janeiro-RJ Tels.: (21) 2255-8282 e (21) 2236-4510 - e-mail: [email protected] Ano 39 – Nº 2 – Julho/Dezembro de 2013 MODERNA HEPATOLOGIA Editores Responsáveis Cláudio G de Figueiredo Mendes Eduardo Joaquim Castro Conselho Editorial Carlos Antônio R. Terra Filho, Carlos Eduardo Brandão-Mello, Cláudio G. de Figueiredo Mendes, Cristiane Alves Villela Nogueira, Eduardo Joaquim Castro, Fernando Wendhausen Portella, Francesco Agoglia, Henrique Sérgio M. Coelho, João Luiz Hauer, João Luiz Pereira, Joaquim Ribeiro Filho, Jorge André de Segadas Soares, Letícia Cancella Nabuco, Paulo de Tarso A. Pinto, Renata de Mello Perez, Ricardo Cerqueira Alvariz, Silvando Barbalho Rodrigues, Vera Lucia N. Pannain DIRETORIA DO GRUPO DE FÍGADO BIÊNIO 2013-2015 Presidente: Carlos Terra Secretário: João Luiz Pereira Tesoureiro: Cláudio G. de Figueiredo Mendes Diretor Científico: Guilherme Rezende Diretores de Divulgação: Armando Palladino, Leticia Nabuco Comissões Moderna Hepatologia Cristiane Alves Villela Nogueira, Cláudio G. de Figueiredo Mendes, Eduardo Joaquim Castro Curso de Aperfeiçoamento em Hepatologia Flavia Fernandes e Gustavo Henrique Pereira Admissão: Renata de Mello Perez, Maria Chiaro Chindamo, Jorge André de Segadas Soares Comissão Fiscal: Fernando Wendhausen Portella, Francesco Agoglia, Carlos Eduardo Brandão-Mello Homepage: Anderson Brito PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA DA MODERNA HEPATOLOGIA Trasso Comunicação Ltda Av. N. Sra. de Copacabana, 1059 sala 1201 – 22060-001– Rio de Janeiro-RJ – Tel/Fax.: (21) 2521-6905 [email protected] - www.trasso.com.br 2 Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TRABALHOS CIENTÍFICOS MENSAGEM DO PRESIDENTE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE HEPATOLOGIA EDITORIAL A pós mais de 10 anos de espera, o Congresso Brasileiro de Hepatologia volta ao lar. Foi no Rio de Janeiro, no final da década de 60 que a hoje adulta Sociedade Brasileira de Hepatologia nasceu. Diversos ícones da hepatologia de nosso país souberam ao longo dos mais de 40 anos de existência da SBH trazer para os associados e interessados pela especialidade o melhor e o mais moderno na área das doenças do fígado. Tendo em vista o excelente trabalho desenvolvido pelos ex-presidentes, não poderia deixar de me esforçar ao máximo para oferecer aos participantes o melhor de nossa especialidade. Contei, para isso, com colegas e amigos do Rio de Janeiro e de todo o Brasil, que souberam doar suas experiências em prol de um único objetivo, a realização de um evento memorável do ponto de vista científico e social. Participarão do congresso hepatologistas brasileiros e de diferentes países que trarão para o Rio seus conhecimentos e simpatia, o que possibilitará trocas instantâneas de saber. Certamente as redes sociais vieram para ficar e facilitar a vida, mas o contato direto ainda tem valor inestimável e esse tipo de interação será nossa grande proposta. Nas páginas desse número da revista Moderna Hepatologia, é possível verificar o quanto cresceu a hepatologia nacional. O número de trabalhos enviados cresceu muito e a qualidade dos estudos desenvolvidos por pesquisadores nacionais tem mostrado que podemos fazer ciência de qualidade. O Rio de Janeiro continua lindo e certamente ficará mais ainda com todos vocês reunidos em nosso evento maior. A cidade que já era maravilhosa, está cada dia mais charmosa com as mudanças que estão sendo implementadas para a Copa e para as Olimpíadas, que ocorrerão nos próximos anos. Nossa responsabilidade é enorme, estamos cientes, por isso estamos fazendo o possível para que todos se sintam em casa e, porque não, um pouco cariocas. Aproveitem ao máximo nossa casa. Estamos, assim como o Cristo do alto do Corcovado, de braços abertos para receber nossos amigos. Henrique Sérgio Moraes Coelho Presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 3 XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA DIRETORIA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE HEPATOLOGIA – BIÊNIO 2012/2013 Presidente Henrique Sérgio Moraes Coelho 1º Vice Presidente Maria Lúcia Gomes Ferraz 2º Vice Presidente José Carlos Ferraz Fonseca 3º Vice presidente Francisco José Dutra Souto 1º Tesoureira Letícia Cancella Nabuco 2º Tesoureiro André Castro Lyra Secretario Geral Mário Reis Álvares-da-Silva Secretario Adjunto Jorge André Segadas Soares COORDENADORES / CURSOS AVANÇADOS Cirrose e suas Complicações Francesco Agoglia , João Luiz Hauer Diagnóstico em Hepatologia Alice Junqueira Moll, Maria Lúcia Cardoso Gomes Ferraz Cirurgia e Transplante de Fígado Joaquim Ribeiro Filho. Luiz Augusto Carneiro D’Albuquerque Hepatologia Pediátrica Themis Reverbel da Silveira Terapia Intensiva em Hepatologia Paulo Lisboa Bittencourt 4 Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TRABALHOS CIENTÍFICOS XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA COMISSÃO CIENTÍFICA Henrique Sérgio Moraes Coelho COMISSÃO DE TEMAS LIVRES Renata De Mello Perez - Coordenadora Maria Lucia Cardoso Gomes Ferraz Jorge André Segadas Soares Carlos A. Rodrigues Terra Filho Francisco José Dutra Souto Leticia Cancella Nabuco Edna Strauss Cristiane Alves Villela Nogueira Cristiane Valle Tovo Fernando Wendhausen Portella Mário Reis Álvares-da-Silva João Luiz Pereira COMISSÃO AVALIADORA DE TEMAS LIVRES Adalgisa de Souza Paiva Ferreira Aécio Flávio Meirelles de Souza Agnaldo Soares Lima Ajácio Bandeira de Mello Brandão Alex Vianey Callado França Alfeu de Medeiros Fleck Junior Ana Carolina Ferreira Netto Cardoso Ana de Lourdes Candolo Martinelli Ana Lúcia Coutinho Domingues Ana Maria Pitella S. Leite André Castro Lyra Angelo Alves de Mattos Antonio Eduardo B. Silva Carlos A. Rodrigues Terra Filho Carlos Eduardo Brandão de Mello Carlos Sandoval Gonçalves Celina Maria Costa Lacet Claudia Pinto Marques Souza de Oliveira Claudio Augusto Marroni Claudio G. Figueiredo Mendes Claudio Moura Lacerda Cristiane Alves Villela Nogueira Cristiane Valle Tovo Deborah Maia Crespo Dominique Araújo Muzzillo Dvora Joveleviths Edison Roberto Parise Edmundo Pessoa A. Lopes Neto Edna Strauss Eduardo Luiz Rachid Cançado Elza Cotrin Soares Esther Buzaglo Dantas Corrêa Fabio Heleno de Lima Pace Fabio Marinho do Rêgo Barros Fernando Lopes Gonçales Junior Fernando Wendhausen Portella Francisco José Dutra Souto Gilda Porta Giovanni Faria Silva Guilherme Ferreira de M. Rezende Gustavo Henrique S. Pereira Helma Pinchemel Cotrim Hugo Cheinquer Ivonete Sandra de Sousa e Silva João Galizzi Filho João Luiz Pereira João Renato Rebello Pinho João Silva de Mendonça Jorge André de Segadas Soares José Eymard Moraes de Medeiros Filho José Milton de Castro Lima lberto Queiroz Farias Leila Maria Moreira Beltrão Pereira Leonardo De Lucca Schiavon Leticia Cancella Nabuco Luciana Lofego Gonçalves Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 Luiz Augusto Carneiro D’Albuquerque Luiz Guilherme Costa Lyra Maria Cassia Mendes Correa Maria Chiara Chindamo Maria Lúcia Cardoso Gomes Ferraz Mario Guimarães Pessoa Mario Kondo Mário Reis Álvares-da-Silva Nathalie Carvalho Leite Paulo de Tarso Aparecida Pinto Paulo Herman Paulo Lisboa Bittencourt Paulo Roberto Abrão Ferreira Paulo Roberto Lerias de Almeida Raymundo Paraná Ferreira Filho Renata de Mello Perez Renato Ferreira da Silva Rita de Cássia Martins Alves Silva Roberto José de Carvalho Filho Rodrigo Sebba Aires Rosangela Teixeira Suzane Kioko Ono Themis Reverbel da Silveira Thor Oliveira Dantas Victorino Spinelli Toscano Barreto Vincenzo Pugliese 5 XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA TRABALHOS CIENTÍFICOS 6 Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TRABALHOS CIENTÍFICOS Trabalhos selecionados para premiação TL 001 VALIDAÇÃO DO CLIF-SOFA E DA DEFINIÇÃO DE ACUTE-ON-CHRONIC LIVER FAILURE DO CONSÓRCIO EASL-CLIF COMO PREDITORES DE MORTALIDADE NA CIRROSE Autores: Pedro Eduardo Soares e Silva, Leonardo Fayad, César Lazzarotto, Marcelo Fernando Ronsoni, Maria Luiza Bazzo, Esther Buzaglo Dantas-Correa, Janaína Luz Narciso-Schiavon, Leonardo de Lucca Schiavon NEGH - Núcleo De Estudos em Gastroenterologia e Hepatologia - Universidade Federal de Santa Catarina Introdução: Recentemente, o conceito de acute on-chronic liver failure (ACLF) surgiu para identificar os portadores de cirrose hepática com disfunção de órgão e elevadas taxas de mortalidade. Entretanto, a ausência de uma definição precisa tem limitado a aplicação clínica e atividades de pesquisas relacionadas a ACLF. Objetivos: Validar a definição de ACLF e o escore SOFA modificado (CLIF-SOFA) recentemente propostos pelo Consórcio EASL-CLIF como preditores de mortalidade em pacientes admitidos por descompensações agudas da cirrose. Material e métodos: Estudo de coorte prospectivo no qual os pacientes foram avaliados dentro de 24 horas da admissão e nos dias 3, 7, 30 e 90. O diagnóstico de cirrose foi estabelecido histologicamente ou pela combinação de achados clínicos, de imagem e laboratoriais em pacientes com evidência de hipertensão portal. O escore CLIF-SOFA e os critérios de ACLF foram aplicados na admissão. Resultados: Entre dezembro de 2010 e novembro de 2012, 144 pacientes cirróticos foram avaliados, com média de idade de 52,8 ± 10,9 anos e 75,7% do sexo masculino. A causa da cirrose foi hepatite C em 41,0% e alcoólica em 39,6%. Descompensação prévia foi relatada por 63,2% dos indivíduos. A média do MELD foi de 16,4 ± 7,0 e 51,4% dos pacientes eram Child-Pugh C. Na admissão, 40 pacientes (27,8%) preencheram critérios para ACLF (graus 1, 2 e 3 em 19,4%, 5,6% e 2,8%, respectivamente). Aqueles com ACLF apresentaram maior CLIF-SOFA (9,8 ± 3,3 vs. 5,4 ± 2,1, P < 0,001), maior prevalência de ascite, etiologia alcoólica, infecção na admissão, Child-Pugh C e menores proporções de sangramento digestivo. ACLF foi também associada a maiores taxas de leucócitos, PCR, bilirrubinas, RNI, AST, creatinina e menores níveis de sódio. A mortalidade em 30 dias foi 57,5% no grupo com ACLF e 12,5% nos demais (P<0,001). Quando avaliados conforme a gravidade da ACLF, a mortalidade em 30 dias foi de 42,9%, 87,5% e 100% para os graus 1, 2 e 3, respectivamente. O escore CLIF-SOFA foi significativamente maior entre os não sobreviventes (9,7 ± 3,5 vs. 5,7 ± 2,3, P < 0,001). A AUROC do CLIF-SOFA para predizer mortalidade em 30 dias foi de 0,838 ± 0,038, com sensibilidade de 94% e especificidade de 54% para valores acima de 5. Conclusões: Nesta experiência de um único centro, o CLIFSOFA e a definição de ACLF conforme os critérios do EASL-CLIF provaram ser fortes preditores de mortalidade no curto-prazo em pacientes cirróticos admitidos por descompensações agudas. TL 002 ASSOCIAÇÃO DOS POLIMORFISMOS NA REGIÃO REGULADORA DOS GENES QUE CODIFICAM NADPH OXIDASE 4 (NOX4) E P22PHOX (CYBA) NA DHGNA Claudia Pinto Marques Souza de Oliveira, Rabelo F, Patente T, Stefano JT, Lima RVC, Seixas M, Vani D, Cavaleiro AM; Mazo DC, Carrilho FJ, Corrêa-Giannella ML, Oliveira CP Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução & Objetivos: A Doença hepática gordurosa não alcóolica (DHGNA) é claramente marcada por influência ambiental, no entanto, fatores genéticos têm sido associados a progressão para formas mais graves de DHGNA. O estresse oxidativo tem sido cada vez mais enfatizado nesta evolução e o sistema NADPH parece ser uma importante fonte de produção de espécies reativas de oxigênio. O papel dos polimorfismos do sistema NADPH nessa população e sua possível relação com progressão de doença e síndrome metabólica são desconhecidos. Desta maneira, investigamos dois polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) na região reguladora dos genes que codificam a NADPH oxidase 4 subunidade catalítica (Nox4) e sua subunidade regulatória p22phox (CYBA) e sua relação com variáveis histológicas e bioquímicas em pacientes com DHGNA. Métodos: 188 pacientes com DHGNA com biópsia hepática (esteatose =47; esteato-hepatite=141), sendo (70% do sexo feminino), foram genotipados para SNPs rs3017887 em Nox4 e -675 T → A CYBA. O DNA genômico foi extraído a partir de células do sangue periférico e a genotipagem foi realizada utilizando primers específicos e sondas fluorescentes marcadas por sequenciamento. A análise histológica foi baseada na Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 classificação de Kleiner et al (2005). Todos os pacientes eram negativos para os marcadores de hepatites virais, doença de Wilson, hemocromatose, doenças autoimunes e tinham ingestão diária de álcool <100 g/ semana. Resultados: A presença do alelo A no CYBA SNP foi associada independentemente à esteatohepatite (OR= 5.06; 95% IC (1.03 - 24.82); p=0.0455), enquanto que a presença do alelo A do polimorfismo do Nox4 SNP conferiu proteção para o desenvolvimento da esteato-hepatite (OR= 0.38; 95% IC (0.15 - 0.94); p=0.0374). Por outro lado, o genótipo CC no Nox4 SNP associou-se à esteato-hepatite. Assim como a presença dos polimorfismos, a presença de Diabetes, maior concentração de ALT e GT conferiram risco para o o desenvolvimento esteato-hepatite. Conclusões: 1) A presença do alelo A -675 T → A em CYBA SNP foi associada ao risco de desenvolver esteato-hepatite; 2) A freqüência genotípica CC dos SNP rs3017887 em Nox4 foi associada à presença de esteao-hepatite; 3) A presença do alelo A do SNPs rs3017887 em Nox4 conferiu proteção ao desenvolvimento de esteato-hepatite no presente estudo. No entanto, a amostra deve ser ampliada para confirmar estas associações, bem como, para melhor explorar possíveis relações com escores de fibrose e inflamação. 7 XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA TL 003 ANGIOPOIETINA 1 E 2 SÃO ASSOCIADAS AO ESPESSAMENTO DA TÚNICA MÉDIA DE RAMOS ARTERIAIS HEPÁTICOS NA ATRESIA BILIAR Aline Friedrichs de Souza, Jorge Luis dos Santos, Themis Reverbel da Silveira, Cleandra Gregorio, Najara Maurício Reus, Ursula Matte, Carolina Uribe, Luise Meurer Hospital de Clínicas de Porto Alegre A atresia biliar (AB) é uma doença da infância caracterizada por uma colangiopatia esclerosante progressiva que leva à obstrução biliar. O tratamento de escolha é a portoenterostomia, cujo prognóstico é relacionado à idade do paciente na época da cirurgia e a variáveis histológicas como a extensão da fibrose e da reação ductular. O espessamento da túnica média (TM) sugere uma arteriopatia na patogenia da AB. Nós avaliamos a expressão do sistema angiopoietinas (ANGPT)/receptor tirosinaquinase com domínios imunoglobulina e EGF like (Tie2) no fígado de pacientes com AB e com colestase intra-hepática (CIH), correlacionando com espessamento da TM, com variáveis associadas a gravidade da doença e com o prognóstico pós operatório. Métodos - a expressão da ANGPT1, ANGPT2 e Tie2 foi feita com o método de PCR quantitativo em amostras de fígado obtidas de pacientes com AB (n23) na ocasião da portoenterostomia e de crianças de idade semelhante com CIH (n7). As variáveis histológicas foram analisadas por método morfométrico. Resultados - a ANGPT1 e a ANGPT2 apresentaram expressão aumentada no grupo com AB em comparação com o grupo com CIH (P=0.024 e P=0.029, respectivamente). No grupo com AB, a expressão das ANPTs correlacionou-se positivamente com a espessura da TM (ANGPT1: rs=0.59, P=0.013; ANGPT2: rs=0.52, P=0.032) e não teve correlação com variáveis associadas a gravidade da doença. O Tie2 e as ANGPTs correlacionaram-se negativamente (ANGPT1: r s =-0.73, P<0.001; ANGPT2: rs=-0.54, P=0.007). Conclusão - Na AB há uma expressão aumentada da ANGPT1 e da ANGPT2 e uma correlação positiva desta expressão com a espessura da TM, mas, não com a idade na ocasião da portoenterostomia ou com variáveis histológicas associadas com a gravidade da doença na época do procedimento. TL 004 AVALIAÇÃO PROSPECTIVA DA OBESIDADE ABDOMINAL ENTRE RECEPTORES DE HEPÁTICOS DE LONGO PRAZO: PREVALÊNCIA, INCIDÊNCIA E FATORES PREDITIVOS Lucilene Rezende Anastácio, Kiara G. Diniz; Hélem de S. Ribeiro; Lívia G. Ferreira; Agnaldo S. Lima; Maria Isabel T. Davisson Correia; Eduardo G. Vilela Universidade Federal de Minas Gerais Introdução: O excesso de gordura abdominal relaciona-se a várias morbidades, dentre elas à síndrome metabólica. O ganho de peso após o transplante hepático está descrito na literatura, no entanto, há poucos estudos sobre obesidade abdominal em receptores hepáticos. Objetivo: Avaliar a prevalência, incidência e fatores preditivos da obesidade abdominal em receptores hepáticos de longo prazo. Material e Métodos: Estudo prospectivo no qual receptores hepáticos foram avaliados em relação à medida da circunferência da cintura e obesidade abdominal segundo os critérios da International Diabetes Federation (IDF: circunferência da cintura ≥80cm para mulheres e ≥90cm para homens) e do National Cholesterol Expert Panel ATP III (NCEP: circunferência da cintura ≥88cm para mulheres e ≥102cm para homens) nos anos de 2008 e 2012, usando os testes estatísticos de McNemar e Teste T pareado. Preditores da obesidade abdominal (entre variáveis demográficas, socioeconômicas, clínicas de composição corporal, antropométricas, de estilo de vida e dietéticas) foram avaliados usando análise de regressão logística (SPSS versão 17.0). Resultado: 117 pacientes foram avaliados (59,0% do sexo masculino; idade média 53,3±13,0 anos; tempo pós- transplante: 7,4±3,0 anos na avaliação de 2012). Os valores médios de circunferência da cintura subiram significativamente de 93,3±14,3cm, em 2008, para 99,4±14,9cm em 2012 (p<0,01). A incidência de obesidade abdominal, em quatro anos, foi de 5,3% segundo o IDF, e 4,7% segundo o NCEP. A prevalência de obesidade abdominal segundo o IDF aumentou de 66,7% para 72,0% (p=0,09) e, segundo o NCEP, de 38,5% para 43,2% (p=0,24), de 2008 para 2012, respectivamente. Pela análise de regressão logística, as variáveis preditivas da obesidade abdominal segundo o IDF foram idade (OR:1,11; IC:1,04-1,36); gordura corporal em quilos (OR:1,19; IC:1,041,36) e Índice de Massa Corporal, IMC, (OR:1,71; IC:1,23-2,39). Pelo NCEP, as variáveis preditivas da obesidade abdominal foram percentual total de água corporal (OR:0,58; IC:0,43-0,77), idade (OR:1,09; IC:1,02-1,18); IMC (OR:1,99; IC:1,34-2,97) e ausência de prática de exercício físico (OR:14,49; IC:1,87-111,11). Conclusão: Houve aumento na prevalência de obesidade abdominal ao longo dos anos e nos valores de circunferência à cintura. Variáveis relacionadas à composição corporal, idade e falta de exercício físico foram preditivas da obesidade abdominal pós-transplante hepático. TL 005 NÍVEIS SÉRICOS DE STRAIL COMO PREDITORES DE RESPOSTA AO TRATAMENTO COM TERAPIA DUPLA NA HEPATITE C CRÔNICA GENÓTIPO 1 Schiavon LL, Carvalho-Filho RJ; Narciso-Schiavon JL; Sampaio JP; El Batah PN; Silva GA; Carvente CT; Carvalho-Mello IMVG; Silva ISS; Silva AEB; Ferraz MLG Setor de Hepatologia e Laboratório de Hepatologia Molecular Aplicada, Disciplina de Gastroenterologia, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo.; NEGH – Núcleo de Estudos em Gastroenterologia e Hepatologia, Universidade Federal de Santa Catarina Introdução: O processo de apoptose parece representar papel significativo no clareamento viral induzido pelo tratamento da hepatite C com interferon peguilado (PEG-IFN) e ribavirina (RBV). O receptor do ligante indutor de apoptose relacionado ao TNF solúvel (sTRAIL) parece ser um importante indutor da apoptose e pode representar um marcador deste evento durante o tratamento antiviral da hepatite C. Objetivos: Estudar os níveis séricos de sTRAIL como preditores de 8 resposta à terapia dupla (PEG-INF/RBV) em portadores crônicos do HCV genótipo 1. Métodos: Estudo analítico transversal que incluiu pacientes com Hepatite C crônica genótipo 1 tratados com PEG-IFN/ RBV. Foram excluídos os indivíduos com contraindicações ao tratamento, tratamento prévio com interferon, infecção dupla com HBV e/ou HIV, doença renal crônica e ausência de soro estocado. As dosagens de sTRAIL foram feitas nos períodos pré-tratamento e na Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TRABALHOS CIENTÍFICOS 12ª semana através de ensaios imunoenzimáticos comerciais. A classificação da SBP/SBH foi usada para análise histológica. Análises bivariadas e de regressão logística foram usadas para investigação dos fatores associados à RVS. Resultados: Foram incluídos 89 pacientes com média de idade ao tratamento de 46,0 ± 11,7 anos, sendo 48% do sexo masculino. A taxa de RVS foi de 44%, 32% foram considerados não respondedores e 24% recidivantes. Uma correlação positiva fraca foi observada entre o sTRAIL e AST (r = 0,225, P = 0,035). Uma tendência a maiores níveis de sTRAIL foi observada entre os pacientes com E ≥2 (P = 0,056) e com APP ≥3 (P = 0,077). Não foram observadas diferenças significativas na comparação do sTRAIL prétratamento e de 12ª semana, independentemente do tipo de resposta. Na análise bivariada (variáveis pré-tratamento), RVS foi associada a menor idade, APP ≤2, menores níveis GGT e sTRAIL (101,03 ± 72,58 vs. 175,69 ± 76,14, P < 0,001). Na análise de regressão logística, os níveis de sTRAIL e GGT foram relacionados de forma independente à RVS. As AUROCs do sTRAIL e da GGT como preditores de RVS foram de 0,755 ± 0,053 e 0,690 ± 0,061, respectivamente. Valores de sTRAIL < 200 pg/mL apresentaram sensibilidade de 82%, especificidade de 61%, VPN de 81% e VPP de 63% para predizer RVS. Conclusões: Níveis mais baixos de sTRAIL pré-tratamento foram associados de forma independente à RVS em portadores crônicos do HCV tratados com terapia dupla e podem se tornar ferramentas úteis na avaliação destes indivíduos. TL 006 PESQUISA DO ANTICORPO ANTIANTÍGENO HEPÁTICO SOLÚVEL EM DIFERENTES DOENÇAS AUTOIMUNES HEPÁTICAS E DOENÇA CELÍACA POR DOIS ENSAIOS Abrantes-Lemos CP, Nakhle MC, Terrabuio DRB, Cançado ELR1 Instituto de Medicina Tropical de São Paulo/ Hospital das Clínicas da FMUSP (LIM/06) Introdução: O anticorpo antiantígeno hepático solúvel/fígado pâncreas (anti-SLA/LP) é considerado altamente específico para o diagnóstico de hepatite autoimune (HAI) e é particularmente útil em pacientes sem os marcadores clássicos da doença. Contudo, foi encontrada sua positividade em pacientes com HAI tipo 2 (HAI-2), colangite esclerosante primária (CEP) e hepatite crônica C (VHC). As atuais evidências sugerem que o anti-SLA/LP não define subgrupo diferente de HAI, mas sua positividade permite a reclassificação de pacientes com hepatite criptogênica como HAI e identifica aqueles com maior propensão a recidiva após suspensão do corticoide. Objetivos: 1. Determinar a frequência da positividade do anticorpo anti-SLA/LP, pesquisado pela técnica de ELISA por meio de dois kits comerciais (INOVA® e EUROIMMUN®); 2.Verificar se há superioridade de um dos ensaios; 3. Avaliar se o anticorpo anti-SLA/LP pode ser utilizado como marcador diagnóstico da HAI. Metodologia: A determinação do anticorpo anti-SLA/LP foi realizada por ELISA em soros de 181 HAI-1, 31 HAI-2 e 31 HAI sem marcador (HAI-SM) com diagnóstico provável ou definitivo segundo critérios do Grupo Internacional de Estudos da HAI; 30 cirrose biliar primária, 30 CEP, 30 VHC com marcadores de autoimunidade, 31 celíacos e 30 controles sadios. A detecção semiquantitativa de anticorpos IgG anti-SLA/LP foi feita pelos kits comerciais da INOVA® e EUROIMMUN®. Resultados: A concordância entre os dois testes foi quase absoluta. Apenas seis soros tiveram resultados discordantes (cinco HAI-1 e um HAI-SM), sendo quatro positivos somente pelo kit INOVA®, e dois positivos apenas pelo EUROIMMUN®. Houve concordância absoluta entre os dois exames na HAI-2, CBP, CEP, VHC, doença celíaca e indivíduos saudáveis. O anti-SLA/LP foi positivo pelas duas técnicas em 0% CBP, 3,3% CEP, 6,5% celíacos, 22,6% HAI-1, 12,9% HAI-2, 33,3% HAI-SM, 10% VHC e 0% controles. Conclusões: 1) O antiSLA/LP foi detectado em diferentes doenças hepáticas e na doença celíaca; 2) Os dois ensaios comerciais são iguais para pesquisa do anti-SLA/LP. No entanto, parece haver no antígeno recombinante INOVA® epitopos não contidos no EUROIMMUN® e vice-versa. 3) Um terço dos pacientes com HAI sem marcador apresentaram o antiSLA/LP como marcador. Projeto FAPESP 2011/5052-5 TL 007 ALELO D E GENÓTIPO D/D DOS 14 pb DO HLA-G ASSOCIADOS A DIFERENTES FORMAS DA INFECÇÃO CRÔNICA PELO VIRUS DA HEPATITE B(HBV) Sandro da Costa Ferreira, Silvana Gama Florêncio Chachá; Fernanda Fernandes Souza; Andreza Corrêa Teixeira; Rodrigo de Carvalho Santana; Neifi Hassan Saloun Deghaide; Celso Teixeira Mendes - Júnior; Sérgio Zucoloto; Eduardo Antônio Donadi; Ana de Lourdes Candolo Martinelli Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP) Introdução: A molécula HLA-G é reconhecida por suas propriedades imunomoduladoras, sendo frequentemente expressa no fígado de pacientes com infecção crônica pelo vírus da hepatite B (HBV). O polimorfismo mais comum do HLA-G é a inserção/deleção (I/D) dos 14 pb, localizado na região 3 ‘UTR no exon 8, proposto como estando associado à estabilidade e magnitude da expressão do HLA-G. Objetivos: Avaliar a associação dos polimorfismos de inserção/ deleção dos 14bp do HLA-G com diferentes formas evolutivas da infecção crônica pelo vírus da hepatite B (HBV). Material e métodos: Cento e noventa e seis pacientes com infecção crônica pelo HBV (118 HBeAg-negativo,53 HBeAg-positivo e 25 portadores inativos) acompanhados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP e 202 controles saudáveis da mesma área geográfica foram avaliados quanto à tipificação dos polimorfismos (I/ D) dos 14 pb do HLA-G por reação de cadeia em polimerase (PCR). Foram considerados portadores inativos os pacientes com HBV-DNA sérico abaixo de 2.000 UI/ml (b-DNA; Bayer) e ALT sérica persistentemente normal. Resultados: As freqüências dos alelos (I e D) e genótipos D/D, D/I e I/I) não foram diferentes comparando-se Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 pacientes com infecção crônica pelo HBV e controles saudáveis (P>0,05). Por outro lado, a freqüência do alelo D foi significativamente maior nos pacientes com hepatite B crônica HBeAg-positivo em comparação àqueles com hepatite B crônica HBeAg-negativo, [P = 0,0460, OR = 1,26, IC 95% = 1,01-1,45]. Da mesma forma a freqüência do genótipo D/D foi significativamente maior na hepatite B crônica HBeAg-positivo em comparação à hepatite B crônica HBeAg-negativo, [P = 0,0356, OR = 2,08, IC 95% = 1,05-4,09]. Não foram observadas diferenças quando portadores inativos do HBV foram comparados aos pacientes com hepatite B crônica HBeAg negativo. Conclusões: Os resultados mostram que há associação entre o alelo D e o genótipo D/D dos 14 pb do HLA-G com a hepatite B crônica HBeAg-positivo. O alelo deleção dos 14bp tem sido associado com o aumento da produção de HLA-G podendo, desta forma influenciar a resposta imune do hospedeiro à infecção viral e a história natural da infecção crônica pelo HBV. Palavras-chave: 14 bp-inserção/deleção (I/D), hepatite B crônica, HBeAg-positivo, HLA-G 9 XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA Trabalhos selecionados para Apresentação Oral TL 008 RESISTÊNCIA INSULÍNICA ESTÁ ASSOCIADA À ALTA PREVALÊNCIA DE DEFICIÊNCIA DE VITAMINA D (DVD) EM PACIENTES COM HCV E COINFECÇÃO HIV/HCV Mario Peribañez Gonzalez, G.B. Klautau, M.C. Mendes-Corrêa, D.F. Mazo, F.J. Carrilho, M.G. Pessoa Instituto de Infectologia Emílio Ribas Introdução e Objetivos: A Vitamina D desempenha função metabólica e também tem sido sugerida como imunomoduladora. Sua deficiência tem sido associada à fibrose severa em pacientes com HCV e coinfectados HIV/HCV, assim como a pior resposta a tratamento em regimes contendo interferon. Este estudo avaliou os níveis séricos de 25(OH)vitamina D em uma população portadora de HCV, HIV e coinfecção HIV/HCV. E analisou fatores associados. Pacientes e Métodos: Foram coletadas amostras de 25 (OH) vitamina D, dados demográficos, informações clínicas e testes laboratoriais incluindo função hepática e metabolismo glicêmico de quatro grupos de pacientes: 1-HCV mono infecção, 2-HIV mono infecção, 3-HIV/HCV coinfecção, seguidos em centros de referência de São Paulo/Capital e 4- Grupo Controle de voluntários saudáveis. Resultados: 422 pacientes foram incluídos para análise, (129) Grupo 1, (118) Grupo 2, (53) Grupo 3 e (122) Grupo 4. A deficiência de vitamina D foi mais acentuada em pacientes com HIV do que nos pacientes com HCV (p=0,018 OR=0,52 95%CI:0,3-0,89). Mas os níveis médios de vitamina D foram similarmente insuficientes em todos os grupos analisados. Em análise geral, níveis séricos de vitamina D < 20 ng/mL (Deficiência de Vitamina D-DVD) foi associada com índice HOMA >5 (p=0,02 OR=2,68 95%CI:1,17-6,14) e níveis de colesterol total >200 (p=0,006 OR=1,86 95%CI 1,19-2,9). Quando analisados por grupos, DVD esteve associada a: 1- Índice HOMA > 5 em pacientes HCV (p=0,016 OR=5,59 95%CI: 1,37-22,7), 2- Índice HOMA > 5 em pacientes coinfectados HIV/HCV (p=0,028 Teste de Fisher). Conclusão: Este estudo encontrou alta prevalência de DVD em todos os grupos analisados, incluindo o grupo controle. A associação entre resistência à insulina e DVD foi demonstrada em outras populações, mas pela primeira vez foi descrita em pacientes com HCV. Este achado é relevante, pois tanto a resistência à insulina, quanto a DVD estão relacionadas a pior prognóstico de tratamento em regimes contendo interferon. TL009 RESPOSTA COMPLETA PELO M-RECIST E CHILD-PUGH A EM PACIENTES COM CARCINOMA HEPATOCELULAR BCLC 0/A BENEFICIADOS COM A INJEÇÃO PERCUTÂNEA DE ETANOL Denise C Paranagua-Vezozzo, MD, PhD, Mauricio F Silva, MD, PhD; Flair J Carrilho, MD, PhD;Luciana T Campos, MD; Lucas S Nacif, MD; Marcio A Diniz, PhD; Alberto Q Farias, MD, PhD; Venancio A F Alves, MD, PhD; Luis Augusto C D'Alburquerque, MD, PhD;Suzane K Ono, MD, PhD Departamento de Gastroenterologia da FMUSP Introdução: A injeção percutânea de etanol (PEI) é uma opção de tratamento bem estabelecido em pacientes cirróticos com carcinoma hepatocelular (HCC). Os critérios radiológicos que compõem o modelo modificado-Recist (m-Recist) são avanços importantes para avaliação da resposta do HCC. No entanto, pouco se conhece a resposta do impacto desta resposta na PEI e a curva de sobrevida. Objetivo: Avaliar se a resposta do HCC de acordo com os parâmetros do mRecist poderia ser um preditor de longo tempo de sobrevida nos pacientes estadiados pelo BCLC 0/A em pacientes com HCC submetidos a PEI. Métodos: 79 pacientes foram analisados com um tempo mediano de follow up de 26,8 meses, Nenhum tratamento préveo do HCC antes da PEI foi realizado e, em 54/79 (68%) pacientes estavam em lista de transplante. O diagnóstico do HCC foi baseado nos guidelines atuais da Associação Americana de Estudo do Fígado (AASLD) e Associação Europeia de Estudo do Fígado (EASL). A avaliação da resposta do tumor foi após 1 mês do último procedimento, de acordo com m-RECIST. A sobrevida foi calculada desde a primeira sessão da PEI até o final do seguimento, sendo censurados o período pós transplante daqueles casos que foram transplantados( n=16). Resultados: Todos os pacientes eram Child-Pugh-Turcotte (CPT) classes A ou B e BCLC estádios 0 ou A. As taxas geral da curva de sobrevida para 1-, 3- e 5 anos foram respectivamente 79%, 48% e 37%. Na análise multivariada, CPT (HR 0,466; 95% CI, 0,243 - 0,896; P = 0,022) e resposta do modelo m-Recist (HR 0,441; 95% CI, 0,227 - 0,856; P=0,016) foram associadas a maior sobrevida. Pacientes com CPT A com resposta completa (RC) apresentaram em 5 anos 10 55% de sobrevida, Fig 1. Por outro lado, pacientes sem RC e CPT B, somente 9% de sobrevida em 5 anos e, o grupo intermediário, 31% de sobrevida em 5 anos. Conclusão: Em pacientes com BCLC 0 ou A, a PEI se destaca como uma boa opção de tratamento naquele subgrupo de pacientes CPT A que alcançaram RC, de acordo com o modelo mRecist, 1 mês após do procedimento. Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TRABALHOS CIENTÍFICOS TL 010 DIFERENÇAS DA ANCESTRALIDADE GENÔMICA DE PACIENTES COM DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA (DHGNA) ENTRE BRASIL E PORTUGAL Claudia Pinto Marques Souza de Oliveira, Lourianne N. Cavalcante, José Tadeu Stefano, Mariana V. Machado, Daniel F. Mazo, Fabiola Rabelo, Ana Luiza D. Angelo, Kiyoko Abe-Sandes, Luiz Guilherme C. Lyra, Flair J. Carrilho, Helena Cortez-Pinto , André C. Lyra, Claudia P. Oliveira Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução e objetivos: Doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é a doença do fígado mais comum atualmente no mundo, no entanto, poucos dados estão disponíveis sobre a variação racial e étnica. Dados anteriores americanos e europeus sugeriram que os afro-descendentes têm DHGNA mais leve do que os brancos, que são o grupo étnico predominante em Portugal. No entanto, no Brasil, um país que foi colonizado por Portugal, a população é miscigenada. Investigamos em duas coortes bem caracterizadas de adultos com DHGNA comprovada por biópsia do Brasil e Portugal, a relação entre ascendência genética, gravidade DHGNA e características metabólicas. Métodos: 131 pacientes brasileiros com DHGNA comprovada por biópsia (n = 45, simples esteatose, n = 86, EHNA) do Brasil e de 100 pacientes portugueses com obesidade mórbida e DHGNA comprovados por biópsia (n = 58, simples esteatose, n = 42, EHNA) foram incluídos. O DNA foi extraído a partir de linfócitos do sangue periférico. Ascendência genética foi analisada utilizando sete marcadores ancestrais (PV92, APO, LPL, CKMM, AT3, SB19.3, FY-NULL) por PCR em tempo real. Resultados: A contribuição da ascendência genética entre brasileiros com EHNA foi de Europeus em 48,8%, Africanos 41,7% e Ameríndia em apenas 9,5%. Esses resultados foram semelhantes entre os indivíduos brasileiros com esteatose simples cuja contribuição ascendência genética foi de 49,6% europeus, 37,7% Africano e 12,7% ameríndia. Por outro lado, a,contribuição de ascendência genética entre os indivíduos portugueses com EHNA e esteatose simples, foi 55,56% europeia e 37,98% ameríndia enquanto contribuição Africana foi de apenas 6,45%. Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) e HOMA> 2,5 foram preditores de ENHA (p = 2.94x10-5, p = 4.0x10-2) na população brasileira e a contribuição Africana foi ligeiramente maior entre os pacientes com diabetes (DM2 41,3% vs não -DM2 37,3%). Por outro lado, DM2 não foi um preditor de EHNA na população portuguesa e a contribuição da ascendência genética europeia e ameríndia foi maior entre os pacientes sem DM2 e HOMA <2.5. Entre os pacientes com hipertensão, a ascendência européia foi predominante na população portuguesa. Dislipidemia e índice de massa corporal não foram fatores preditivos de EHNA nas duas populações e estes fatores não foram influenciadas pela ascendência genética. Conclusões: A contribuição da ascendência genética entre pacientes brasileiros com DHGNA é diferente de pacientes portugueses. No entanto, estas diferenças não parecem estar associadas com o desenvolvimento de EHNA. Por outro lado, a presença de Diabetes Mellitus tipo 2 e HOMA> 2,5 foram considerados bons marcadores de EHNA na população brasileira, mas não na população portuguesa. Este estudo sugere que embora a população brasileira tenha colonização Portuguesa, fatores relacionados a ancestralidade diferem em alguns aspectos nas duas populações, sinalizando que estudos raciais e étnicos no Brasil possam apresentar dificuldades de comparação com populações americanas e européias. TL 011 ACIDO GRAXO OMEGA 3 NO TRATAMENTO DA ESTEATOHEPATITE NÃO ALCOÓLICA (NASH): ESTUDO RANDOMIZADO PLACEBO CONTROLADO Claudia Pinto Marques Souza de Oliveira, M.A. Nogueira, V.A.F. Alves, J.T. Stefano, L. Rodrigues, F.J. Carrilho, D. Waitzberg Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: Existem poucas estratégias de intervenção medicamentosa que se mostraram eficazes na doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA). Os ácidos graxos poliinsaturados (AGPI) omega 3 parecem ser eficazes no tratamento da esteatose hepática de modelos experimentais, mas poucos estudos randomizados em humanos foram realizados. O objetivo deste estudo foi avaliar prospectivamente a eficácia de AGPI Omega-3 provenientes do óleo de peixe e linhaça na esteato-hepatite não alcoólica (pacientes com EHNA). Métodos: Sessenta pacientes com biópsia confirmando EHNA foram incluídos no estudo duplo cego,randomizado, placebo controlado. Os pacientes foram randomizados em dois grupos. Omega3 grupo (n = 32) recebeu cápsulas contendo no total 945 mg de AGPI omega-3 [á ácido linoleico / 64%, o ácido eicosapentaenóico (EPA) / 16% e o ácido docosahexaenóico (DHA) / 21%], de 3 cápsulas / dia e Grupo Placebo (n = 28) recebeu 3 cápsulas de placebo contendo óleo mineral. A intervenção foi realizada por 6 meses, quando os pacientes foram novamente submetidos à biópsia hepática. O desfecho primário foi a mudança histologica hepática de acordo com o escore de atividade EHNA (NAS) no início (pré-intervenção) e 6 meses (após intervenção). Desfecho secundário compreendeu análise das transaminases séricas, perfil lipídico em jejum, glicemia, parâmetros antropométricos e níveis séricos de citocina em 0, 3 e 6 meses. Resultados: Dos 60 pacientes avaliados, 10 não terminaram o estudo Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 (5 em Omega-3, grupo e 5 no grupo placebo). Analisando os resultados primários, a atividade NAS melhorou ou se manteve estável em 78,26% dos pacientes do grupo placebo e em 55,56% do grupo omega-3, no entanto, não houve diferença significativa (p = 0,978), a balonização hepatocelular reduziu ou se manteve estável em 95,65% no grupo de placebo e em 77,78% no grupo ômega-3, também sem diferença entre os grupos (p = 0,991). Omega-3 não reduziu a esteatose hepática, inflamação lobular e fibrose. Nos parâmetros bioquímicos houve redução do nível de triglicérides em 3 meses no grupo omega 3 (p=0,011) quando comparado com o placebo. Por outro lado, aminotransferases séricas, colesterol total e frações, glicemia, parâmetros antropométricos e níveis séricos de IL-6 não foram alterados com o tratamento em 6 meses quando comparado com placebo, Conclusões: Nossos resultados indicam que o Omega-3 PUFA de óleo de peixe e linhaça não pode melhorar, depois de 6 meses, a histologia hepática, a maioria dos parâmetros bioquímicos e os níveis séricos de IL-6, sendo efetivo apenas na redução de triglicérides em 3 meses de tratamento. As limitações deste estudo foram o pequeno número de pacientes envolvidos e a composição de Omega-3 que continha ácido linolênico (64%) em quantidade superior a eicosapentaenóico (EPA), componente mais ativo do Omega 3. Mais estudos são necessários para confirmar estes resultados. 11 XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA TL 012 MANEJO E RESULTADOS DOS EFEITOS COLATERAIS, COM FOCO NA ANEMIA, EM PACIENTES COM INFECÇÃO POR HEPATITE C GENÓTIPO 1: O PROGRAMA NACIONAL DE ACESSO EXPANDIDO AO TELAPREVIR C. Villela-Nogueira, CE. Brandão-Mello, P. Abrão Ferreira, H. Cheinquer, JM. Araujo Neto, M. Pires, SB. Tenore, RJ. Carvalho-Filho, N. Cheinquer, A. Hill, J. Läuffer, E. Parise Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil; Hospital Universitário Gaffrèe e Güinle – Unirio, Tijuca, Rio de Janeiro, Brasil; Ambulatório de Moléstia Infecciosa Divisão de HIV e Hepatite Viral, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, Brasil; Divisão de Gastroenterologia, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, Brasil; Divisão de Gastroenterologia, Departamento de Hepatologia, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, Brasil; MetaVirology Ltd, Londres, UK; Janssen-Cilag AG, Zug, Suíça Introdução e objetivos: A anemia é um evento adverso comum que ocorre durante o tratamento padrão da infecção por HCV. O HEP3002 é o programa de acesso expandido ao telaprevir, open-label, para pacientes com hepatite C genótipo 1 apresentando fibrose grave ou cirrose compensada, que está em andamento em 16 países. Essa análise interina incluiu dados da semana 16 dos primeiros 97 pacientes incluídos no Brasil. Métodos: Para iniciar o estudo era necessário apresentar biopsia de fígado ou testes não invasivos que demonstrassem fibrose grave ou cirrose. 97 pacientes brasileiros foram tratados com telaprevir em combinação com interferon alfa peguilado e ribavirina (PR), durante 12 semanas, seguidas de PR. Foi permitido o uso de suplementos de ferro, eritropoietina (EPO) e transfusões de sangue. A anemia foi definida como os termos de eventos adversos clinicamente significativos de anemia ou pela redução de hemoglobina. Todas as análises foram realizadas na população de Intenção de Tratamento (ITT), utilizando os dados de 16 semanas. Resultados: A idade média foi de 54 anos e o peso médio foi 77kg; 66% eram homens e 90%, caucasianos, 42% apresentavam níveis de HCV RNA de ≥800.000 IU/mL, 38%/62% apresentavam fibrose grave/cirrose, 41% eram genótipo 1a. Até a semana 16, 96% dos pacientes desenvolveram anemia de grau 1-4, sendo 63% de grau 3-4 (11% grau 4); 33 pacientes (34%) tiveram redução na dose de ribavirina, 45 (46%) receberam EPO, 12 (12%) receberam transfusão, 1 (1%) recebeu produtos à base de ferro e 1 (1%) descontinuou o tratamento devido à anemia. Os resultados do período basal da doença são demonstrados na tabela. Até a semana 16, 66% dos pacientes desenvolveram eventos adversos grau 3 ou 4, incluindo 7 pacientes (7%) que desenvolveram erupção cutânea (rash) grau 3 ou 4; 7% dos pacientes apresentaram eventos adversos graves. Seis pacientes (6%) descontinuaram o TVR devido aos eventos adversos, incluindo 4 pacientes (4%) que descontinuaram devido a erupção cutânea. Não ocorreram mortes durante o estudo. Conclusões: Neste programa de acesso expandido ao teleprevir para pacientes com fibrose grave ou cirrose compensada, a anemia grau 3 ou 4 foi relatada em 63% dos pacientes, mas a descontinuação por anemia foi rara (1%). A anemia foi tratada com a redução da dose de ribavirina, transfusão ou uso de EPO. TL 013 HEMOCROMATOSE HEREDITÁRIA ASSOCIADA A MUTAÇÕES HFE NO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO (2001-2012) Murilo Marques Veronez, Barros A.C., Rodrigues S., Secaf M., Martinelli, A.L.C. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP Introdução: Hemocromatose hereditária (HH) é a doença genética mais comum entre caucasianos, sendo as mutações no gene HFE (C282Y e H63D; particularmente C282Y/C282Y) associadas com HH. No Brasil, a prevalência da doença é desconhecida. No HCFMRP-USP, em levantamento de pacientes com sobrecarga de ferro no organismo (1990-2000), identificamos 4 pacientes com HH e, no rastreamento familiar desses, mais 2 casos, compondo 6 casos de HH no período. Os objetivos do presente estudo foram identificar os casos de HH em pacientes atendidos no HCFMRP-USP com diagnóstico de sobrecarga de ferro no organismo de 2001 a 2012 e, nesses casos, avaliar a distribuição das mutações no gene HFE. Métodos: Foram identificados 384 pacientes com sobrecarga de ferro atendidos no HCFMRP-USP (janeiro 2001-dezembro 2012) e seus prontuários médicos revisados. Os critérios de HH foram: saturação de transferrina >45%, presença de mutações em HFE e ausência de causas secundárias de sobrecarga de ferro (hepatites virais, alcoolismo, transfusões de sangue, doenças hematológicas e renais e, doenças hepáticas crônicas de outra etiologia). Foram excluídos pacientes do levantamento anterior (19902000). Foram avaliados dados demográficos, enzimas hepáticas, 12 ferrocinética, biópsia hepática e mutações no gene HFE (C282Y e H63D). Resultados: 11 indivíduos preencheram os critérios de HH. A idade variou de 30-69 anos (mediana=53), sendo 6 homens e 5 mulheres. Os valores (variação e mediana) de saturação de transferrina foram 48%-96% (64,5%), de ferritina 0,52-7,95 vezes o limite superior da normalidade (xLSN) (2,66) e de ferro sérico 0,87-1,64xLSN (1,05). Os valores (variação e mediana) de AST foram 0,22-1,76xLSN (0,81) e de ALT 0,22-2,21xLSN (0,67). A pesquisa das mutações no gene HFE revelou 6 casos com a mutação C282Y em homozigose (6/11;54%) e 5 com heterozigose composta (C282Y/H63D) (5/11;46%). Adicionalmente, 1 paciente com história familiar apresentava heterozigose composta HFE. Tratava-se de paciente do sexo feminino, 59 anos, com saturação de transferrina de 34%, ferritina 2,87xLSN, ferro 0,59xLSN, AST de 0,78xLSN e ALT de 0,65xLSN. Conclusão: No período de 1990-2012 foram diagnosticados 17 casos de HH no HCFMRP-USP. Trata-se de hospital universitário, nível terciário que atende pacientes de Ribeirão Preto e região. Conclui-se que a HH é causa rara de doença hepática crônica em nosso meio e a mutação C282Y em homozigose a mais frequentemente associada à HH. Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TRABALHOS CIENTÍFICOS TL 014 IMPACT OF CREATININE VALUES ON MELD SCORES IN MALE AND FEMALE CANDIDATES FOR LIVER TRANSPLANTATION Guilherme Mariante-Neto, Alfeu de Medeiros Fleck Junior, Claudio Augusto Marroni, Maria Lúcia Zanotelli, Guido Cantisani, Ajácio B. M. Brandão Programa de Pós-Graduação em Medicina: Hepatologia, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil Introduction: A systematic bias against women, resulting from the use using the MDRD formula. The accuracy of MELD, with or without of creatinine as a measure of renal function, has been identified in Model creatinine correction, to predict 3- and 6-month mortality after inclusion for End-stage Liver Disease (MELD)-based liver allocation. Correction of in a transplant waiting list was estimated. Results: Women exhibited this bias by calculation of female creatinine levels using the Modification significantly lower creatinine levels, glomerular filtration rate, and MELD of Diet in Renal Disease (MDRD) formula has been suggested. Objectives: scores than men. After creatinine correction, female MELD scores had The present study aims to evaluate whether the correction of creatinine a mean increase of 1.1 points. Creatinine correction yielded an increase as proposed by Cholongitas et al. increases MELD score in women; to of 3 points in the MELD score in 15.2% of patients, 2 points in 22.4%, assess the accuracy of MELD score with and without creatinine correction and 1 point in 17.6% of patients. The likelihood of death at 3 and 6 in predicting 3- and 6-month mortality in male and female candidates for months after enrollment in the transplant waiting list was similar in deceased-donor liver transplantation; to compare the performance of males and females and the likelihood of receiving a transplant, as these scores for prediction of mortality 3 and 6 months after inclusion in assessed by Kaplan-Meier survival curves, was also similar in males a transplant candidate registry; to determine whether sex-based and females. Conclusion: In conclusion, the survival or the likelihood disparities exist in access to liver transplantation in southern Brazil after of receiving a transplant while on the waiting list were similar in men introduction of MELD scores for organ allocation. Materials and and women in both the pre- and post-MELD eras and creatinine Methods: A cohort of 639 cirrhotic candidates for first-time liver correction did not increase the accuracy of the MELD score in estimating transplantation was studied. Creatinine levels were corrected for gender 3- and 6-month mortality in female candidates for liver transplantation. TL 015 ASSOCIAÇÃO DE NADPH OXIDASE 4 (NOX4) E P22PHOX (CYBA) COM ALT EM PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA C (CHC) ERF Siqueira, LB Pereira, JT Stefano, Patente T, AM Cavaleiro; L.R.S Vasconcelos; do Carmo,R.F, L MMB Pereira, FJ Carrilho, ML CorrêaGiannella ,CP Oliveira Universidade de São Paulo Introdução & Objetivos: Recentemente foi demonstrado em hepatócitos humanos que a proteína não estrutural 3 (NS3) e NS5A do vírus da hepatite C (VHC) são capazes de estimular a formação de espécias reativas de oxigênio no tecido infectado, por meio da ativação da NADPH-oxidase, estimulando a inflamação e fibrogênese. Por isso, investigamos dois polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) na região reguladora dos genes que codificam NADPH oxidase 4 subunidade catalítica (Nox4) e sua subunidade regulatória p22phox (CYBA) e sua relação com variáveis histológicas e bioquímicas em pacientes com VHC. Métodos: 157 pacientes com VHC virgens de tratamento (49% do sexo masculino) com HCV RNA positivo e biópsia hepática, foram genotipados para SNPs rs3017887 em Nox4 e -675 T → A CYBA. DNA genômico foi extraído a partir de células do sangue periférico e a genotipagem foi realizada utilizando primers específicos e sondas fluorescentes marcadas por sequenciamento. A análise histológica foi baseada na classificação de METAVIR. Todos os pacientes eram negativos para os marcadores de doença de Wilson, hemocromatose, doenças autoimunes e tinham ingestão diária de álcool <100g/semana e sem evidência histológica de esteato-hepatite. Resultados: A presença do genótipo CC no Nox4 SNP foi associada a uma maior concentração de ALT na população em geral (CC = 92,39 ± 58,85 vs CA + AA = 77,23 ± 46,41, p = 0,0408), enquanto que o genótipo TT no CYBA SNP foi associada com uma concentração de ALT menor na população masculina (TT = 84,06 ± 51,99 contra TA + AA = 109,67 ± 63,64, p = 0,0205). Por outro lado, não foi encontrada associação entre as freqüências genotípicas de Nox4 (CC contra CA / AA) e CYBA (TT contra TA/AA) SNPs e estágios de fibrose ou inflamação nesta população. Conclusão: As freqüências genotípicas dos SNPs rs3017887 em Nox4 e -675 T → A em CYBA foi associada a maiores e menores níveis de ALT respectivamente, contudo sem associação com as variáveis histológicas relacionadas a fibrose neste presente estudo. No entanto, a amostra deve ser ampliada para confirmar as associações observadas com concentrações de ALT, bem como para melhor explorar possíveis relações com escores de fibrose e inflamação. TL 016 ALTERAÇÕES HEPÁTICAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DOENÇA CELÍACA, E DIAGNÓSTICO DE DOENÇA CELÍACA EM PACIENTES COM HEPATOPATIA CRÔNICA AUTO - IMUNE Zeni Cristina Barbero Klem, Adriane Celli, Fabiane Barbero Klem, Pedro Gabriel Lorencetti Universidade Federal do Paraná Introdução: A doença celíaca (DC) é uma patologia autoimune caracterizada por uma resposta imunológica humoral e celular a presença da proteína do glúten no intestino. A apresentação clinica pode variar desde a forma clássica de má absorção intestinal até manifestações gastrointestinais atípicas e extraintestinais (infertilidade, osteoporose, anemia por deficiência de ferro). Tem sido descrito a associação de DC a várias doenças autoimunes como diabettis mellitus tipo 1, hipotireoidismo, dermatite herpetiforme e entre outras a hepatopatia autoimune. Os pacientes com DC podem Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 apresentar alterações clínicas e laboratoriais semelhantes a hepatite autoimune (HAI) e a colangite esclerosante primária (CEP) em crianças e adolescentes, e a cirrose biliar primaria em adultos. Objetivos: Pesquisar a prevalência da associação de doença celíaca e hepatopatia autoimune em crianças e adolescentes; Avaliar a presença de alteração bioquímica hepática em pacientes com diagnóstico de doença celíaca, bem como sua etiologia e evolução. Material E Metodo: Estudo retrospectivo transversal incluindo 70 pacientes portadores de doença celíaca e 30 pacientes com hepato- 13 XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA patia crônica autoimune acompanhados no ambulatório de Gastrohepatologia Pediátrica – HC/UFPR, no período de setembro de 2011 a setembro de 2012. Nos pacientes com doença celíaca foram pesquisadas transaminases, fosfatase alcalina e gamaglutamiltransferase. Nos pacientes com hepatite autoimune ou colangite esclerosante primária foi avaliada a presença do anticorpo antiendomísio (EMA) e os níveis de IgA. Resultado: Os pacientes com DC, nenhum deles apresentou doenças hepáticas autoimunes associadas. Entretanto, 2 pacientes (2,8%) apresentaram alterações hepáticas. Um deles teve a alteração normalizada após dieta isenta de glúten e o outro apresentou exames positivos para auto anticorpos de hepatopatia autoimune que negativaram durante o acompanhamento e não apresentou alterações na biópsia hepática. aos pacientes com hepatopatias autoimunes, 60% eram portadores de HAI, 36,6% de CEP e 3% apresentaram overlap ao diagnóstico. De todo o grupo, apenas 1 paciente foi diagnosticado com doença celíaca concomitante no acompanhamento. Conclusão: Os resultados encontrados foram semelhantes aos relatados na literatura médica, exceto a incidência de alterações hepáticas em pacientes com DC (até 54% em alguns trabalhos). Estudos maiores e envolvendo marcadores genéticos poderão elucidar se tal diferença é válida. TL 017 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES PORTADORES DE HEPATITE C ASSISTIDOS EM UM AMBULATÓRIO DE REFERÊNCIA NO MUNICÍPIO DE IPIAÚ - BA Luma Pestana Barbosa, Marcelo Costa Silva, Joana Angélica Mesquita, Eduardo Neto Faculdade de Tecnologia e Ciências Introdução: O termo qualidade de vida tem aumentado sua importância recentemente, despertando interesse devido provavelmente à necessidade crescente de se fazer planejamento em saúde. Diversos estudos já demonstraram que em pacientes com hepatite C crônica a qualidade de vida é significativamente reduzida, além de poderem apresentar uma ampla gama de problemas de natureza neuropsiquiátrica, o que dificulta a adesão ao tratamento, contribuindo para um desfecho clínico desfavorável. Torna-se, então, relavante avaliar a qualidade de vida dos pacientes acometidos pela hepatite C, além de identificar quais as principais características dos pacientes que apresentam maior frequência de piora da qualidade de vida secundária à doença ou às consequências que ela traz para a sua vida. A partir dessa observação, podem-se formular estratégias de intervenção com maior ênfase sobre esses pacientes, visando melhorar a evolução da sua doença. Objetivo geral: Avaliar a qualidade de vida dos pacientes portadores de hepatite C assistidos em um ambulatório de referência no município de Ipiaú-Bahia. Objetivos específicos: Caracterizar a amostra estudada quanto ao gênero e a idade; Identificar qual o genótipo do vírus mais frequentemente envolvido na amostra estudada; Relacionar qualidade de vida ao gênero nesses pacientes; Relacionar qualidade de vida à fase do acompanhamento médico nesses pacientes. Métodos: O estudo analisou 67 pacientes portadores de hepatite C assistidos em um ambulatório de referência no município de Ipiaú-Bahia, realizando um estudo descritivo e de corte transversal, caracterizando a amostra estudada e relacionando os domínios do questionário validado de qualidade de vida (SF-36) com gênero e fase do acompanhamento médico. Resultados: Os pacientes foram em sua maioria do sexo feminino (52,2%); a faixa etária mais prevalente foi de 50 a 59 anos de idade; o genótipo 1 foi o mais encontrado (49,25%); o domínio do SF-36 que apresentou menor média foi limitação por aspectos físicos (46,64%); as relações que obtiveram significância estatística foram entre os domínios limitação por aspectos físicos, estado geral de saúde, vitalidade e limitação por aspectos emocionais com as fases de acompanhamento médico. Conclusão: Alguns domínios do questionário SF-36 apresentaram significância estatística quando relacionados à fase do acompanhamento médico. Estudos posteriores devem ser realizados para estabelecer de forma fidedigna as possíveis relações aqui observadas. TL 018 HEPATITE AUTOIMUNE (HAI) AGUDA VERDADEIRA TEM BOM PROGNÓSTICO? Elze Maria Gomes de Oliveira, Ana Cristina Amaral Feldner; Patrícia Marinho C Oliveira, Marlise Mucare, Valéria Lanzoni, Antonio Eduardo Benedito Silva, Maria Lúcia Gomes Ferraz Universidade Federal de São Paulo Introdução: A apresentação da HAI é heterogênea,refletindo o grau de lesão hepatocelular e de fibrose, sendo frequentemente diagnosticada como hepatite crônica, de início insidioso,com sintomas inepecíficos, podendo ser assintomática em 34 a 45%. Porém, não é infrequente a forma de apresentação aguda,que corresponde a duas situações distintas: a verdadeira HAI aguda, ou “genuína”, e a exacerbação aguda de HAI crônica. Objetivos: Avaliar a prevalência, características clínicas e prognósticas de pacientes com HAI aguda genuína e comparar com os casos de exacerbação aguda de HAI crônica. Material e Métodos: Foram avaliados pacientes com HAI,sendo incluídos aqueles com apresentação aguda,definida pela elevação de bilirrubina total acima de 5 vezes e/ou ALT acima de 10 vezes o limite superior da normalidade. O diagnóstico de HAI baseouse nos critérios internacionais (IGAIH). Pacientes foram caracterizados como HAI “genuína” por meio da confirmação histológica de hepatite aguda. Resultados: De 131 pacientes, 80 (61%) tiveram características de HAI aguda na apresentação. Seis (7,5%) tiveram histologia compatível com HAI Aguda, e 72 (90%) com doença crônica. Oito pacientes não foram biopsiados. A maioria eram mulheres (95,5%), com média de idade de 31,7(±17,1), sendo 54% 14 brancas. Quando HAIs agudas “genuínas” foram comparadas com crônicos agudizados,foram observadas médias de elevação de ALT maiores naqueles com HAI aguda genuína,embora sem diferença estatística (28,7±11,4vs 20,2±11,8;p=0,06). Os grupos foram semelhantes quanto aos níveis de AST, bilirrubinas, FA, gamaGT, gamaglobulina, títulos de FAN e AML.A atividade de protrombina foi mais elevada naqueles com histologia aguda (92,8%±10,1 vs 65,8%±20,7; p<0,001), assim como as médias de albumina (3,9g/dL±0,2 vs 3,4g/dL±0,5; p<0,001). Resposta bioquímica foi observada em todos os casos com histologia aguda (100%),vs 71,2% dos crônicos agudizados (p=0,03). Conclusões: A apresentação da HAI com característica bioquímica de doença aguda foi comum (61%). Entretanto, a forma aguda “genuína” foi um achado pouco frequente, correspondendo a 7,5% dos casos de apresentação aguda. Os pacientes com HAI aguda “genuína” apresentaram melhor função hepática que os crônicos exacerbados, sugerindo que a abertura do quadro com perda de função pode refletir a presença de doença crônica.Por fim,os pacientes com HAI aguda “genuína” tiveram melhor resposta bioquímica que pacientes com doença crônica, sugerindo que o grau de reserva funcional tem impacto positivo no tratamento. Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TRABALHOS CIENTÍFICOS TL 019 IMPACTO DA DOENÇA HEPÁTICA NO BRASIL Lysandro Alsina Nader, Angelo Alves de Mattos; Gisele Nader Bastos UFCSPA Introdução: as doenças hepáticas acarretam uma perda tanto em tempo como em qualidade de vida da população. O impacto causado pelas doenças hepáticas no Brasil ainda é desconhecido. Objetivo: avaliar o impacto das doenças hepáticas nas internações hospitalares e na mortalidade no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro. Metodologia: foi realizado um estudo observacional do tipo ecológico analítico, no qual os dados foram mensurados a partir da coleta de dados secundários de internação hospitalar e de mortalidade por doenças hepáticas, disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), o maior banco de dados disponível no Brasil, no período de 2001 a 2010. Foram revisadas todas as doenças hepáticas incluídas na Classificação Internacional de Doenças (CID-10). Resultados: as doenças hepáticas ocupam a oitava posição no ranking de mortalidade brasileiro, no período entre 2001 e 2009. A prevalência de internação hospitalar por hepatopatias no período do estudo foi de 0,72% (853.571) e a taxa de mortalidade 3,34% (308.290). A média de idade de hospitalizações por doenças hepáticas foi de 48,05 anos e de mortalidade 58,10 anos. Tanto internações hospitalares quanto mortalidade por hepatopatias foram mais comuns no sexo masculino e crescente ao longo dos anos. A cirrose hepática foi a principal causa de hospitalização e de mortalidade por doenças hepáticas no Brasil. A região Sul foi o local onde ocorreu a maior taxa de hospitalizações e a Sudeste foi onde houve as mais elevadas taxas de mortalidade por hepatopatias no Brasil. Conclusão: o presente estudo demonstrou a relevância das doenças hepáticas, no âmbito do SUS, no cenário brasileiro, e que o impacto dessas doenças é não apenas significativo, mas crescente e evolutivo quando se consideram internações hospitalares e taxas de mortalidade. TL 020 PADRÃO IDEAL DE AMOSTRA DE FRAGMENTO DE BIÓPSIA HEPÁTICA NA PRÁTICA CLÍNICA Chindamo MC, Perez RM, Villela-Nogueira CA, Araujo Neto JM, Azambuja HT, Neves LG, Pannain VLN, Segadas JAS, Coelho HSM Universidade Federal do Rio de Janeiro Introdução: A biópsia hepática é considerada o padrão ouro para avaliação da inflamação e fibrose nos pacientes com hepatite crônica C (HCC). Estudos em modelos experimentais sugerem que fragmentos adequados devem apresentar de 2-2,5 cm e/ou 11 espaços porta (EP), estando os fragmentos reduzidos associados à subestadiamento da doença. Objetivos: Descrever o padrão das biópsias hepáticas na prática clínica; avaliar o impacto do tamanho do fragmento e do no de EP na distribuição da fibrose e inflamação, em pacientes com HCC. Metodologia: Foram incluídas biópsias hepáticas percutâneas guiadas por USG, realizadas com agulhas tru cut 14 ou 16, como parte da avaliação pré-tratamento de pacientes com HCC. As biópsias foram classificadas por um único patologista pelo escore de METAVIR e consideradas adequadas quando ≥1cm e contendo ≥6 EP. Resultados: Foram incluídas 169 biópsias, das quais 8 (4,7%) foram inadequadas. Das 161 biópsias analisadas, o tamanho total do fragmento fresco foi de 3,1±0,9cm e, após fixação, de 2,3±0,5cm, determinando uma redução média de 26% do tamanho original (0,8±0,6cm). Quanto ao tamanho do fragmento após fixação, 97% apresentava ≥1,5cm, 77% ≥2cm e 35% ≥2,5cm. A agulha 14 foi utilizada em 74% dos casos. O no de passos realizados foi 1 em 6%, 2 em 56%, 3 em 32% e 4 em 6%, não havendo diferença para o tipo de agulha utilizada (p=0,954). Comparando a realização de um ou mais passos, houve diferença no tamanho do fragmento fresco (1,7±0,3 vs. 2,4±0,5cm; p<0,0001), e após fixação (2,0±0,6vs. 3,2±0,8cm; p <0,0001). A média de EP na amostra foi de 15,5±6,0 e a correlação com o tamanho do fragmento foi moderada (r=0,497; p<0,0001). Não houve associação do no de EP com o no de passos realizados (p=0,21) nem da agulha 14 ou 16 com o tamanho do fragmento (2,4±0,5 vs. 2,2±0,5; p=0,142). Maior no de EP foi obtido com agulha 14 (16,2±6,3 vs. 13,4±4,5; p=0,003). Número de EP ≥11 foi encontrado em 90% das biópsias ≥1,5 cm e 100% daquelas ≥2cm, após fixação. Fragmentos frescos ≥2cm apresentaram 15,6±6,0 EP. Houve diferença na distribuição de fibrose e inflamação com relação ao no de EP (p<0,0001 e p=0,013) e não para o tamanho do fragmento (p=0,572 e p=0,356). Conclusão: O no de EP apresentou maior impacto para avaliação da fibrose e inflamação do que o tamanho do fragmento. Fragmentos frescos ≥2cm ou >=1,5cm após fixação, podem ser adequados para análise por conter no de EP≥11. TL 021 FATORES CLÍNICOS, LABORATORIAIS, VIRAIS E HISTOLÓGICOS ASSOCIADOS À ESTEATOSE NA HEPATITE CRÔNICA C Chindamo MC, Villela-Nogueira CA, Perez RM, Araujo Neto JM, Neves LG, Azambuja HT, Pannain VLN, Segadas JAS, Coelho HSM Universidade Federal do Rio De Janeiro Introdução: Esteatose hepática é um achado frequente na hepatite crônica C (HCC) e varia de acordo com o genótipo viral e fatores metabólicos da população. Objetivos: Determinar a prevalência de esteatose na HCC, correlacionando-a com fatores clínico-laboratoriais, genótipo viral e histologia. Pacientes e métodos: Foram incluídos pacientes (pcs) com HCC, submetidos à biópsia hepática entre 2009 e 2012, e excluídos os coinfectados, portadores de outras hepatopatias ou com consumo de álcool >20g/d(M) e >40g/d(H). Foi avaliada a associação de esteatose com variáveis clínicas (sexo, idade, tempo de infecção, DM, dislipidemia, hipotireoidismo, obesidade, perímetro abdominal, tabagismo, consumo de álcool e HAS), laboratoriais Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 (plaquetas, AST, ALT, FA, GGT, albumina, triglicerídeos, colesterol, ácido úrico) e histológicas (estágio de fibrose e grau de inflamação pelo escore de METAVIR), separadamente para os genótipos 1 e 3. Os pcs foram categorizados em fibrose leve a moderada (F0-F2) ou avançada (F3-F4). Resultados: Foram incluídos 329 pcs, 89% genótipo 1. Esteatose foi encontrada em 42% dos pcs (64% leve, 24% moderada e 12% intensa), fibrose leve ou moderada em 77% e atividade inflamatória em 97% (34% grau 1, 57% grau 2 e 9% grau 3). Esteatose foi mais prevalente no genótipo 3 comparada ao 1 (79%vs.38%; p<0,0001), no entanto esteve associada à fibrose avançada (p=0,007) e inflamação moderada a intensa (p<0,0001) apenas no genótipo 1. Na 15 XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA análise univariada, houve associação da presença de esteatose com tabagismo (p=0,036) e obesidade (p<0,0001) apenas para o genótipo 1 e, do perímetro abdominal ≥88cm para mulheres e ≥102cm para homens, para ambos os genótipos. Das variáveis laboratoriais, AST, ALT, FA, GGT, triglicerídeos e ácido úrico foram associados à esteatose apenas para o genótipo 1. Na análise multivariada, as variáveis independentemente associadas à presença de esteatose no genótipo 1 foram perímetro abdominal (p<0,0001), GGT (p=0,003) e ácido úrico (p=0,004). Nenhuma variável laboratorial mostrou associação com esteatose no genótipo 3. Conclusão: Esteatose é mais prevalente no genótipo 3, porém está associada à maior gravidade da lesão histológica apenas no genótipo 1. Os fatores clínicos, histológicos e laboratoriais relacionam-se de forma distinta para os genótipos 1 e 3, sugerindo provável efeito citopático direto do genótipo 3 na gênese da esteatose. TL 022 COMPARAÇÃO DO DESEMPENHO DE MARCADORES NÃO INVASIVOS DE FIBROSE HEPÁTICA NA HEPATITE CRÔNICA C Chindamo MC, Villela-Nogueira CA, Perez RM, Araujo Neto JM, Neves LG, Azambuja HT, Pannain VLN, Segadas JAS, Coelho HSM Universidade Federal do Rio de Janeiro Introdução: O conhecimento do estágio de fibrose na hepatite crônica C (HCC) é essencial para a avaliação do tratamento e prognóstico da doença. Testes não invasivos representam uma alternativa promissora à realização da biópsia hepática. Objetivos: Avaliar o desempenho diagnóstico dos escores APRI, FIB-4, Forns, Fibrosis index (FI) e relação AST/ALT (RAA), como marcadores indiretos não invasivos de fibrose hepática em pacientes (pcs) com HCC, comparado à biópsia. Pacientes e métodos: Foram incluídos pcs com HCC, biopsiados entre 09/2009 e 11/2012 e que realizaram coleta de sangue para cálculo dos escores em até 3 meses da biópsia. Foram excluídos coinfectados, portadores de outras hepatopatias ou com consumo de álcool>20g/d (M) e >40g/d (H). Os pcs foram classificados pelo escore METAVIR em fibrose significativa (F2, F3 e F4), avançada (F3-F4) ou cirrose (F4). Os escores foram calculados de acordo com as fórmulas descritas nos estudos originais. Foram comparadas as AUROC dos testes para fibrose significativa, avançada e cirrose. Resultados: Foram incluídos 329 pcs (57% mulheres, 51±11anos): 53% apresentavam fibrose leve, 47% fibrose significativa, 24% fibrose avançada e 7% cirrose. As AUROC do APRI, FIB-4, Forns, FI e RAA foram respectivamente 0,79 (IC 0,73-0,84), 0,78 (IC 0,73-0,83), 0,74 (IC 0,68-0,79), 0,69 (IC 0,63-0,75) e 0.60 (IC 0,54-0,67) para fibrose significativa; 0.81 (IC 0,75-087), 0.79 (0,73-0,85), 0,74(0,68-0,81), 0,72 (0,65-0,79) e 0,66 (0,58-0,73) para fibrose avançada; 0,86 (IC 0,76-0,97), 0,84 (IC 0,73-0,95), 0,77 (IC 0,64-0,91), 0,75 (0,61-0,89) e 0,70 (IC 0,57-0,84) para cirrose. Comparado ao APRI, os escores FIB4, Forns, FI e RAA apresentaram AUROC semelhantes para o diagnóstico de cirrose (p=0,71, p=0,29, p=0,20 e p=0,07). No diagnóstico de fibrose avançada o desempenho diagnóstico foi semelhante entre APRI, FIB4, Forns e FI (p=0,74, p=0,84, p=0,07) e, para fibrose significativa, apenas entre os escores APRI, FIB4 e Forns (p=0,81 e p=0,19). A correlação com os diferentes estágios de fibrose foi maior para APRI (0,549) e FIB-4 (0,542), comparado a Forns (0,461), FI (0,370) e RAA(0,259). Conclusão: Os marcadores indiretos de fibrose apresentam melhor desempenho na detecção de estágios mais avançados de fibrose. Os escores APRI, FIB-4 e Forns apresentaram performance semelhante na identificação de fibrose significativa, fibrose avançada e cirrose. TL 023 FATORES ASSOCIADOS AOS NÍVEIS SÉRICOS DE ADIPONECTINA EM PORTADORES DE CIRROSE HEPÁTICA Telma Erotides da Silva, Mariana Costa Silva, Maria Luiza Aires De Alencar, Mara Sérgia Pacheco Honório Coelho, Leticia Muraro Wildner, Maria Luiza Bazzo, David Alejandro González Chica, Esther Buzaglo Dantas Correa, Janaina Luz Narciso-Schiavon, Leonardo de Lucca Schiavon NEGH - Núcleo de Estudos em Gastroenterologia e Hepatologia. Universidade Federal de Santa Catarina Introdução: Apesar de baixos níveis de adiponectina serem relacionados à maior progressão da fibrose na doença hepática esteatótica não-alcoólica, paradoxalmente, pacientes cirróticos por qualquer etiologia apresentam níveis elevados desta adipocina. Alguns estudos sugerem uma relação entre adiponectinemia e gravidade da cirrose. Entretanto, o impacto da resistência insulínica, das variáveis relacionadas à composição corporal e do estado nutricional sobre os níveis de adiponectina em cirróticos ainda é desconhecido. Objetivos: Estudar os fatores associados aos níveis séricos de adiponectina em cirróticos. Material e Métodos: Estudo transversal que incluiu pacientes cirróticos acompanhados ambulatorialmente. Os níveis de adiponectina foram determinados por ELISA. A avaliação nutricional foi feita pelo “Royal Free Hospital Global Assessment” e clearance de creatinina estimado pela fórmula MDRD. Análises bivariada e de regressão logística múltipla foram realizadas para investigação de fatores associados a adiponectina acima do tercil superior de acordo com o sexo. Resultados: Foram incluídos 122 pacientes, média de idade de 52,9 ± 12,8 anos e 68% do sexo masculino. O MELD médio foi de 9,84 ± 2,32 e 67% foram classificados como Child-Pugh A, 30% B e 16 3% C. Descompensações prévias da doença foram observadas em 91% da amostra. Desnutrição foi observada em 48% dos pacientes e 39% apresentavam circunferência muscular do braço < percentil 5. O IMC médio baseado no peso seco estimado foi de 27,1 ± 5,0 kg/m2. Os níveis médios de adiponectina foram de 24,3 ± 15,3 ug/mL (mediana de 21,6 ug/mL). Níveis de adiponectina acima do tercil superior (32 ug/mL para mulheres e de 24 ug/mL para homens) se associaram de forma independente à classificação de Child-Pugh B/C (OR 4,92, IC95% 1,95 – 12,41, P = 0,001), maior clearance de creatinina estimado (OR 1,03, IC95% 1,01 – 1,05, P = 0,012), menores valores de HOMA-IR (OR 0,83, IC95% 0,72 – 0,96, P = 0,013) e ausência de tabagismo atual (OR 0,25, IC95% 0,08 – 0,75, P = 0,014). Conclusões: Em cirróticos, níveis elevados de adiponectina se associaram de forma independente à gravidade da doença hepática, menor resistência à insulina, ausência de tabagismo e maior clearance de creatinina, mas não às variáveis relacionadas à composição corporal e estado nutricional. Estes achados sugerem um mecanismo independente no qual a disfunção hepática exerceria efeito regulatório sobre a liberação e/ou degradação da adiponectina circulante. Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TRABALHOS CIENTÍFICOS TL 024 TRANSARTERIAL EMBOLIZATION FOR HEPATOCELLULAR CARCINOMA: A COMPARISION OF NON-SPHERICAL PVA AND MICROSPHERES IN POST EMBOLIZATION SYNDROME, LOCAL RESPONSE AND SURVIVAL RATES Scaffaro LA; Álvares-da-Silva MR; Gravina G; Filho GM; Almeida CPB; Pinto LCPF; Kruel CDP Hospital de Clínicas de Porto Alegre Background: transarterial chemoembolization (TACE) and transarterial embolization (TAE) have improved survival rates of patients with unresectable hepatocellular carcinoma (HCC), though the optimal TACE/TAE embolic agent has not yet been identified. This study was designed to compare two embolic agents – nonspherical polyvinyl alcohol (PVA) and microspheres (ME) on postembolization syndrome (PES) and TAE results in HCC. Methods: Eight HCC patients (AASLD guidelines diagnosis-based) submitted to TAE between August 2008 and December 2012 in a single center were retrospectively studied. TAE was performed by superselective catheterization followed by embolization with PVA 100-300 micra or ME 100-300 micra. PES was analyzed according to the Southwest Oncology Group Toxicity Criteria. Tumor response was evaluated using mRECIST criteria. Survival rates were based on KaplanMeier curves. Results: Forty-eight patients were PVA-treated, and 32 ME-treated. There were no differences between the groups at the baseline, regarding age, sex, BCLC stage, Child-Pugh score, and tumoral features. ME group had significant more PES (p=0.02) and a trend to prolonged hospital length of stay (p=0.05) than PVA group, although there were no differences on survival (p=0.679) and tumoral response (p=0.369). Medians for survival time were 38.2 months (ME), and 34.3 months (PVA). Survival rates at 12, 18, 24, 36 and 48 months were 97.9, 88.8, 78.9, 53.4 and 21.4% in PVATAE, and 100, 92.9, 76.6, 58.8 and 58%, respectively, in ME-TAE group (p= 0.734). Conclusion: ME-TAE leads to more PES than PVA-TAE with no benefit on survival rates or local response. TL 025 DESEMPENHO DO ENHANCED LIVER FIBROSIS SCORE (ELF) NA HEPATITE AUTOIMUNE Elze Maria Gomes de Oliveira, Carolina Frade MGP Mota, Alessandra Dellavance, Luis Eduardo Coelho Andrade, Renata M Perez, Antonio Eduardo Benedito Silva, Maria Lúcia Gomes Ferraz Universidade Federal de São Paulo Introdução: Nas hepatopatias crônicas a avaliação do grau de fibrose é de fundamental importância, para avaliar o prognóstico, definir tratamento e estabelecer estratégias de acompanhamento, como o rastreamento do hepatocarcinoma. Até o momento, a biópsia hepática é o padrão de referência para avaliação de fibrose hepática. Porém, é procedimento invasivo, não isento de complicações, motivando a busca de métodos não-invasivos para a avaliação da fibrose. O ELF Score (Enhanced Liver Fibrosis) consiste em um algorítimo de três marcadores (ácido hialurônico, pró-colágeno III e inibidor de metaloproteinase 1) e vem sendo estudado em várias doenças, porém ainda não foi avaliado em pacientes com Hepatite Autoimune (HAI). Objetivos: Avaliar o desempenho do ELF em pacientes portadores de HAI e Síndrome de Sobreposição (SS), utilizando a biópsia hepática como padrão-ouro. Material e Métodos: Foram selecionados 109 pacientes diagnóstico de HAI e SS, que tinham biópsia hepática realizada há menos de 12 meses. O diagnóstico de HAI baseou-se nos critérios internacionais (IGAIH). A dosagem dos marcadores do escore ELF foi realizada por quimioluminiscência (Siemens Healthcare Diagnostics). Resultados: Dos 109 pacientes avaliados, 89 foram incluídos no estudo (90% mulheres, mediana de idade de 34 anos, 87% com HAI e 13% com SS). De acordo com os cut-offs propostos para o ELF,8% dos pacientes tinham fibrose leve ou ausente, 42% fibrose moderada e 50% fibrose avançada. Utilizando os cut-offs propostos, o ELF superestimou a fibrose em 28% dos casos e subestimou em 33%. A acurácia diagnóstica (AUROC) do ELF para diagnóstico de fibrose significativa (F ≥ 2) foi 0,64 (IC 95%: 0,52-0,77; p= 0,05), para fibrose avançada (F ≥ 3) foi de 0,59 (IC 95%:0,47-0,71;p= 0,17) e para a cirrose foi de 0,66 (IC 95%:0,54-0,77; p= 0,009). A correlação do ELF com fibrose foi de 0,24 (p=0,22), com atividade peri-portal de 0,28 (p= 0,009) e com atividade parenquimatosa de 0,43 (p<0,001). Conclusões: No presente estudo, o painel ELF não demonstrou ser um bom marcador não-invasivo de fibrose em pacientes com HAI ou SS.Usando os pontos de corte sugeridos pelo fabricante o teste mostrou resultados tanto superestimados quanto subestimados para a fibrose, em comparação com a biópsia hepática. É possível que isto se justifique pelo fato de que esses biomarcadores podem ser influenciados não somente pelo processo de fibrogênese, mas também pela intensidade do processo necro-inflamatório, muito intenso em pacientes com HAI. TL 026 TRANSPLANTE HEPÁTICO INFANTIL EM PACIENTES PEDIÁTRICOS PORTADORES DE DOENÇAS GENÉTICO-METABÓLICAS Sandra Maria Gonçalves Vieira, Camila da Rosa Witeck Pereira, Carlos Oscar Kieling, Carolina Fischinger M de Souza, Flávia Feier, Ida V Schwartz, Sabrina Prates de Noronha Romanczuk, Maria Lúcia Zanotelli Hospital de Clínicas de Porto Alegre Introdução: Os distúrbios genéticos e metabólicos podem representar uma lesão primária do fígado como na deficiência de alfa-1-antitripsina ou hipertirosenemia tipo 1, ou dano secundário à disfunção sistêmica como na fibrose cística. Embora de ocorrência infrequente na população adulta, as doenças genético-metabólicas são a segunda maior indicação de transplante hepático pediátrico, só sendo superada pela atresia biliar. Objetivo: Este estudo tem o objetivo de descrever os resultados do transplante hepático ortotópico em um grupo de pacientes pediátricos portadores de Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 doença genético-metabólica. Material e Métodos: Revisão histórica de pacientes com doenças genético-metabólicas submetidos ao transplante hepático entre os períodos de março/1995 a maio/2013. Foram incluídos os pacientes com indicações agudas e crônicas de transplante hepático, submetidos às diversas modalidades do procedimento e pesquisadas indicações, complicações e sobrevidas do paciente e do enxerto em 1 e 5 anos. Resultados: No período estudado 19 pacientes realizaram transplante hepático, tendo como base diagnóstica doença genético-metabólica. A mediana de idade 17 XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA dos pacientes foi de 10,5 anos (IIQ 25-75: 5-14,5), com predominância do gênero masculino (63,1%) e da raça caucasiana (84,2%). Fibrose cística e deficiência de alfa 1 anti-tripsina foram as doenças mais prevalente com 5 pacientes cada (31,2%), seguidas de três casos de fibrose hepática congênita (18,7%) , três de hipertirosinemia tipo 1 (18,7%), e um caso de doença de Wilson, um de doença mitocondrial e 1 de hiperoxalose (5,3% cada). A apresentação da doença que levou ao transplante foi aguda em dois casos (10,5%), crônica em 16 (84,2%) e 1 paciente foi transplantado por causa primária de origem extra-hepática (5,3%). A indicação de transplante mais prevalente foi hipertensão portal (52,3%), seguida de doença hepática crônica terminal (21%), hepatocarcinoma (10,5%), insuficiência hepática aguda (10,5%) e secundária à hiperoxalose (5,3%). Foram realizados 19 transplantes, 17 com doadores falecidos (89,5%), implantados 14 fígados inteiros e 5 fígados reduzidos (3 segmento lateral esquerdo, 2 lobo esquerdo). Quanto às complicações infecciosas, 12 pacientes tiveram infecção bacteriana presumível e antibioticoterapia (63,1%), oito necessitaram da utilização de antifúngicos (42,1%) e houve dois casos de infecção por citomegalovírus (10,5%). Complicações vasculares ocorreram em 3 pacientes (15,7%), 1 arterial – trombose da artéria hepática, e 2 venosas. Três pacientes sofreram complicação das vias biliares – estenose biliar (15,7%). Biópsia hepática secundária à suspeita de rejeição do órgão transplantado ocorreu em 12 pacientes, confirmada em 11 pacientes, sendo manejados com ajuste da terapia imunossupressora. Não houve re-transplante. Complicações neoplásicas primárias ou recidiva tumoral não foram observadas. A sobrevida do paciente e do enxerto em 1 ano foi de 84,2% e em 5 anos de 78,9%, respectivamente. Conclusão: Fibrose cística e deficiência de alfa-1-antitripsina foram os diagnósticos mais prevalentes, sendo a hipertensão portal, a principal indicação do transplante. As complicações observadas foram semelhantes aquelas identificadas em pacientes transplantados por causas não metabólicas, bem como as sobrevidas do paciente e do enxerto. TL 027 COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DO FIBROSCAN® E DO CAP™ VERSUS BIÓPSIA HEPÁTICA EM PACIENTES COM DHGNA Oliveira CP, Vanni D, Mazo DC, Rabelo F, Duarte M, Stefano JT, Carrilho FJ Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina, USP, São Paulo Introdução: O fibroscan® e o parâmetro de controle de atenuação (CAP™) são métodos não invasivos usados para avaliar fibrose e esteatose hepática, respectivamente. Objetivos: Comparar os resultados do fibroscan® e CAP™ versus a biópsia hepática em pacientes com Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA). Material e métodos: Foram incluídos pacientes com DHGNA diagnosticada por biópsia hepática entre maio de 2011 e janeiro de 2013 em Hospital Universitário. Os pacientes foram submetidos a avaliação de fibrose hepática pelo fibroscan® usando o transdutor médio ou extra-large. O CAP™ também foi utilizado para avaliar esteatose quando as medidas do fibroscan® foram feitas com o transdutor médio. O tempo máximo entre a biópsia hepática e a realização do fibroscan® e CAP™ foi de 60 dias. Foi considerado fracasso do fibroscan® e CAP™ quando: não havia 10 medidas válidas; a taxa de sucesso foi menor que 60% e/ou a razão interquartil (IQR) foi acima de 30%. Os resultados destes métodos foram comparados com a histologia hepática (critério de BRUNT), considerada padrão ouro. Os valores correspondentes do fibroscan® (kPa) em relação aos estágios de fibrose e do CAP™ (dBm-1) em relação aos graus de esteatose tiveram embasamento em estudos prévios desses métodos em DGHNA. A função de distribuição gama foi usada para comparar os resultados de fibroscan® e CAP™ versus biópsia hepática. Resultados: 65 pacientes incluídos, 71% mulheres com idade média de 56 anos (13-71 anos). Média de IMC e circunferência abdominal foi de 31.29Kg/m 2 (19.6-47.7Kg/m2 ) e 102.3cm (77-135cm), respectivamente. Distância média entre pele e fígado foi de 2.06cm (0.98-4.26cm). Comorbidades dos pacientes foram: 46% diabetes; 73% dislipidemia; 60% hipertensão arterial. O fibroscan® foi factível em 83% (IC95%: 0.7193 – 0.9039) de um total de 65 pacientes e o CAP™ foi factível em 74% (IC95%: 0.603 – 0.848) de um total de 47 pacientes. O resultado da comparação entre fibroscan®, CAP™ e biópsia hepática usando a função distribuição gama foi: fibroscan® gama=0.38 (IC95%: 0.09-0.66) e CAP™ gama=0.46 (IC95%: 0.06-0.85). Conclusão: O fibroscan® e o CAP™ foram factíveis na maioria dos pacientes com DHGNA. No entanto, a concordância desses métodos não invasivos com a histologia hepática foi insatisfatória. Talvez o IMC elevado do grupo estudado como também o comportamento heterogêneo da fibrose e da esteatose na histologia hepática da DHGNA sejam os responsáveis pelo resultado da concordância dos métodos. TL 028 O VALOR SÉRICO DA ALFA-FETOPROTEÍNA PRÉ-TRANSPLANTE HEPÁTICO NA PREDIÇÃO DA RECORRÊNCIA DO HEPATOCARCINOMA Luciana dos Santos Schraiber, Angelo Alves de Mattos, Maria Lúcia Zanotelli, Guido Pio Cracco Cantisani, Guilhermo Kiss, Lucas Ernani, Lívia Caprara Lionço Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre A recidiva do carcinoma hepatocelular (CHC) é um fator limitante na sobrevida dos indivíduos submetidos a transplante ortotópico de fígado (TOF). Além do número e tamanho do tumor, grau de diferenciação celular, invasão vascular tumoral, avaliar outros marcadores prognósticos é um passo importante para prever a recidiva e estabelecer estratégias terapêuticas. Objetivos: Analisar o valor prognóstico da alfa-fetoproteína (AFP) e sua relação com a recidiva do CHC após o TOF. Pacientes e métodos: Foram analisados, retrospectivamente, no período de 1997 a 2010, os dados de 206 pacientes com diagnóstico histopatológico confirmado de CHC submetidos a TOF. Resultados: Foi registrada uma sobrevida global em 1, 3, 5 e 14 anos de 78,6%, 65,4%, 60,5% e 38,7%. A frequência de recidiva foi de 15,5%, sendo que a mesma esteve relacionada com a sobrevida dos pacientes (p<0,001). Não foi 18 observada uma relação entre a sobrevida e os níves de AFP (p=0,153). Por outro lado, constatou-se uma correlação entre a ocorrência de recidiva tumoral e os níveis de AFP (p= 0,002). Quando realizada a análise univariada dos fatores de risco para recidiva, observou-se que o nível de AFP maior que 200 μg/L, o número de tumores, o grau de diferenciação histológica, a presença de invasão vascular e de nódulos satélites estiveram relacionados com a ocorrência de recidiva. Na análise multivariada, apenas o nível de AFP maior que 200 μg/L foi considerado como fator de risco, HR de 3,32 (95% IC, 1,40-7,91, p=0,007). Conclusão: No presente estudo, observou-se que a despeito dos níveis de AFP não terem se correlacionado com a sobrevida dos pacientes submetidos a TOF, estiveram associados a um aumento da chance de recidiva tumoral de 3,33 vezes . Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TRABALHOS CIENTÍFICOS TL 029 TRATAMENTO DE PACIENTES COM HEPATITE C GENÓTIPO 1 APRESENTANDO FIBROSE GRAVE OU CIRROSE COMPENSADA: O PROGRAMA NACIONAL DE ACESSO EXPANDIDO AO TELAPREVIR H. Cheinquer, CE. Brandão-Mello, E. Parise, C. Villela-Nogueira, N. Cheinquer, M. Pires, RJ. Carvalho-Filho, JM. Araujo Neto, SB. Tenore, A. Hill, J. Läuffer, P. Abrão Ferreira Divisão de Gastroenterologia, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, Brasil; Hospital Universitário Gaffrèe e Güinle – Unirio, Tijuca, Rio de Janeiro, Brasil; Divisão de Gastroenterologia, Departamento de Hepatologia, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, Brasil; Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil; Ambulatório de Moléstia Infecciosa Divisão de HIV e Hepatite Viral, Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, Brasil; MetaVirology Ltd, Londres, UK; Janssen-Cilag AG, Zug, Suíça Introdução e objetivos: O HEP3002 é o programa de acesso expandido ao telaprevir, open-label, para pacientes com hepatite C genótipo 1 apresentando fibrose grave ou cirrose compensada, que está em andamento em 16 países. Essa análise interina incluiu dados da semana 16 dos primeiros 97 pacientes incluídos no Brasil. Métodos: Os pacientes foram tratados com telaprevir, interferon alfa peguilado e ribavirina (PR) durante 12 semanas, seguidas de PR por 36 semanas. A fibrose grave/cirrose foi identificada por biopsia do fígado (Metavir F3-4 or Ishak 3-6) ou por testes não invasivos. Foi necessário apresentar número de plaquetas >90.000/mm3 para iniciar o tratamento. O HCV RNA foi avaliado no basal e nas semanas 4 e 12 de tratamento. A resposta virológica foi definida como HCV RNA sérico indetectável na análise da população de Intenção de Tratamento (ITT). Resultados: A idade média foi de 54 anos e o peso médio foi 77kg; 66% eram homens e 90%, caucasianos, 42% apresentavam níveis de HCV RNA de e”800.000 UI/mL, 38%/62% apresentavam fibrose grave/cirrose, 41% eram genótipo 1a, 20% eram virgens de tratamento, 32% eram recidivantes, 15% respondedores parciais, 28% nulos de resposta e 2% apresentaram viral breakthrough na terapia prévia. As respostas do HCV RNA (percentual de indetecção) nas semanas 4 e 12 (análise ITT), são apresentadas na tabela. Em geral, 5/97 pacientes (5%) atenderam à regra de parada para descontinuação do TVR (HCV RNA > 1000 UI/mL). Na semana 12, somente seis pacientes (6%) descontinuaram o TVR por eventos adversos (1 por anemia, 1 por tontura e 4 por erupção cutânea (rash). Sete pacientes (7%) apresentaram eventos adversos e nenhum paciente morreu durante o estudo. Conclusões: Neste programa de acesso expandido ao teleprevir para pacientes com fibrose grave ou cirrose compensada, 81% dos pacientes apresentaram HCV RNA indetectável na semana 12 (ITT), enquanto 68% apresentaram eRVR. As taxas de descontinuação do telaprevir devido a eventos adversos foram similares aos estudos Fase 3. TL 030 MARCADORES DE APOPTOSE E INFLAMAÇÃO EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA M.G. Ferronato, A.S. Leão, F.C. Schacher, M.T. Michalczuk, M.R. Alvares-da-Silva Universidade Federal do Rio Grande do Sul Introdução: Foi recentemente sugerido que a suscetibilidade à fibrose hepática, induzida pelo HCV, está relacionada a genes que regulam a apoptose. Objetivos: Nosso trabalho visa elucidar a possível interação entre apoptose, inflamação e fibrose em pacientes com hepatite crônica C (HCC). Material e Métodos: Pacientes com HCC, monoinfectados, com idade entre 18 a 60 anos foram incluídos e submetidos a exame clínico e histopatológico. Aqueles com insuficiência renal crônica, neoplasias malignas, abuso de álcool, gravidez e / ou uso de imunossupressores, foram excluídos. Foram determinados o índice de massa corporal, glicose, insulina, HOMA-IR, perfil lipídico, fibrose (METAVIR), níveis séricos de CK-18 (M30Apoptosense), Fas, Fas-L, I-CAM, V-CAM, MIF, PAI (HSEP-63k, Milliplex, Millipore, Copenhagen, Denmark). Resultados: Cinquenta e cinco pacientes foram incluídos, 23 deles não tinham recebido tratamento antiviral. Dos demais, 15 tinham resposta virológica sustentada (RVS) e 17 eram não-respondedores (NR) ao tratamento. A fibrose foi diretamente associada ao METAVIR, sendo que os pacientes com fibrose avançada (F3/F4) apresentaram maior sVCAM em comparação com os pacientes F0/F2 (p = 0,016). Os níveis séricos do sFas-L e sVCAM aumentaram no grupo RVS em relação aos não tratados (p = 0,006 e p = 0,019, respectivamente), conforme tabela 1. Variáveis com distribuição assimetrica descritas pela mediana (minimo-maximo) e comparadas pelo teste de KruskalWallisa, b letras diferentes representam distribuições diferentes Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 estatísticamente. Conclusão: Apoptose através sFas-L e inflamação, avaliada pelo aumento dos níveis de sVCAM, foram maiores em pacientes que eliminaram o vírus quando comparado com os não tratados. 19 XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA TL 031 TENOFOVIR APÓS UM ANO NA HEPATITE B E O AUMENTO DO PARATORMÔNIO DISSOCIADO DE MODIFICAÇÕES SÉRICAS E URINÁRIAS DE CÁLCIO E FÓSFORO José Alves Patrício Júnior, Patrícia Fátima Lopes, Andrea Alice da Silva, Eliane B. C. Esberard, Jocemir Ronaldo Lugon, Jorge Reis Almeida Universidade Federal Fluminense Introdução: O tratamento com tenofovir tem sido associado com tubulopatia renal proximal mitocondrial, síndrome de Fanconi, hipofosfatemia, dor óssea e osteomalacia. Em pacientes com HIV em uso de esquemas multidrogas tem sido relatado alterações do paratormônio e da homeostasia cálcio-fósforo. Os mecanismos associados às alterações metabólicas do tenofovir são ainda pouco compreendidos. A monoterapia com tenofovir na hepatite B pode representar um modelo clínico conveniente para um melhor estudo destas alterações. Objetivos: Estudar em pacientes adultos com hepatite B as concentrações de paratormônio (PTH) e a homeostasia do cálcio e fósforo antes (T0) e 12 meses (T12) após o início de tenofovir. Material e Métodos: Foram avaliados 34 pacientes (idade = 43,8 ± 12,3 anos; 64% homens; 74% não brancos - IBGE) com diagnóstico de infecção pelo vírus B sem doença renal, sem o uso concomitante de drogas nefrotóxicas, e sem coinfecções por HIV ou HCV, antes do inicio do tenofovir e após 12 meses. Todos assinaram termo de consentimento. Amostras de sangue e urina foram coletadas. Creatinina, cálcio e fósforo foram avaliados no sangue e na urina. Paratormônio molécula intacta foi dosada no sangue por ensaio imunoenzimático e quimioluminescência. Os dados são expressos como média e desvio padrão. O teste não paramétrico de Wilcoxon foi utilizado para análise de amostras relacionadas e foi considerado significante um p < 0,05. Resultados: Nenhuma alteração foi encontrada nos níveis séricos e urinários de cálcio e fósforo. A função renal avaliada pelo ClCr também não se modificou. Entretanto, o PTH dobrou ao final de um ano (p < 0,05). Conclusão: Em pacientes com hepatite B a mononoterapia com tenofovir causa hiperparatireoidismo, um dado ainda não relatado na literatura. Também diferente dos achados de literatura e em pacientes HIV positivos, em ambiente multidrogas, não observamos em nossa coorte a presença de alterações séricas ou urinárias do binômio cálcio-fósforo com um ano de acompanhamento. A droga se mostrou segura em relação a função renal glomerular. Nossa amostra e o tempo de acompanhamento ainda são pequenos e os resultados precisam ser confirmados. TL 032 ESTUDO DAS VARIÁVEIS CLÍNICAS E SOCIODEMOGRÁFICAS E ANÁLISE DO POLIMORFISMO HIS139ARG DO GENE MEH EM PACIENTES COM CIRROSE HEPÁTICA Gislaine Dionísio Ferreira, Vivian Romanholi Cória, Ana Lívia Silva Galbiatti, Anelise Russo, Renato Ferreira da Silva, Rita de Cássia Martins Alves da Silva, Mariângela Torreglosa Ruiz Cintra, Érika Cristina Pavarino, Eny Maria Goloni-Bertollo FAMERP - Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. UPGEM - Unidade de Pesquisa em Genética e Biologia Molecular Introdução: A cirrose representa a fase terminal da fibrose do parênquima hepático, com formação de nódulos de regeneração e distorção da rede vascular, que tem como consequência alterações da função e do fluxo sanguíneo do fígado. Ela caracteriza o estágio final de muitas patologias hepáticas com destruição celular crônica. Estudos mostram que o vírus da hepatite C é a sua principal etiologia. A cirrose está presente em cerca de 80 a 90 % dos casos de carcinoma hepatocelular, constituindo o maior fator de risco isolado para o desenvolvimento da doença. A patogenia da cirrose é um processo multifatorial, que está relacionado às variáveis: tabagismo, alcoolismo, gênero, idade e a ação de enzimas do metabolismo de xenobióticos, importantes na detoxificação ou ativação de carcinógenos. Objetivos: Investigar o polimorfismo His139Arg do gene mEH (decodificador de enzimas metabolizadoras de xenobióticos) e sua relação com a cirrose hepática e com as variáveis clínicas e sociodemográficas. Material e Métodos: Foram incluídos no estudo 105 pacientes, todos com cirrose hepática, sendo que 16 deles também apresentavam carcinoma hepatocelular, e 300 indivíduos no grupo controle. O DNA extraído foi analisado para o polimorfismo em questão. A análise estatística foi feita pelo Teste de Regressão Logística Binária. Resultados: Os resultados mostraram que a presença do polimorfismo não consiste fator relevante para o desenvolvimento da cirrose hepática (OR 0,64; IC 95% 0,38 – 1,07; p=0,085). Já a idade ≥45 anos é fator de risco para o desenvolvimento da doença (OR 8,35; IC 95% 4,59 – 15,18; p=0,000). Conclusões: O polimorfismo His139Arg do gene mEH não se apresentou como um fator relevante no desenvolvimento da cirrose hepática. Por outro lado, a idade superior a 45 anos mostrou-se fator predisponente para tal. TL 033 FATORES RELACIONADOS AO PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL NO PÓS-OPERATÓRIO PRECOCE DO TRANSPLANTE HEPÁTICO. EFEITOS DELETÉRIOS DO BALANÇO HÍDRICO POSITIVO NOS PRIMEIROS 4 DIAS DE TRANSPLANTE HEPÁTICO Liana Codes, Ygor Gomes de Souza, Paulo Lisboa Bittencourt, Andrea Ribeiro Cavalcanti, Cláudio Zollinger, Jorge Bastos Unidade de Gastroenterologia e Hepatologia do Hospital Português, Salvador, Bahia, Brasil Introdução: Balanço hídrico positivo induzido por administração agressiva de fluidos tem se correlacionado com maior mortalidade no choque séptico, na insuficiência renal aguda (IRA), na insuficiência respiratória aguda e em pos-operatório de cirurgias de grande porte. A influência do balanço hídrico positivo na morbimortalidade após o transplante hepático (TH) foi pouco estudada. Objetivo: Avaliar a influência do balanço hídrico no pós-operatório precoce após o transplante hepático. Métodos: 121 pacientes (107 homens, idade mediana 50 ± 13 anos) submetidos a TH entre junho 2006 e julho 2011 foram retrospectivamente avaliados. A maioria tinha cirrose devido a 20 hepatite C (39%) e álcool (13%). Balanço hídrico (BH), avaliado nas primeiras 12 horas e em 4 dias após a cirurgia foi comparado com três grandes eventos após o TH, incluindo a ocorrência de IRA, necessidade de diálise, e mortalidade em 28 dias. Foram usadas técnicas de análise de regressão logística multivariada para testar associações. Variáveis relacionadas a eventos adversos como gravidade de doença (expressa por MELD e APACHE II), duração da cirurgia, uso de drogas vasopressoras, lactato arterial no pósoperatório e niveis de AST foram comparadas com BH, bem como com IRA e mortalidade em 28 dias. Resultados: Média do BH Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TRABALHOS CIENTÍFICOS acumulado nas primeiras 12 horas (BHac 12h) e em 4 dias (BHac 4d) foram, respectivamente, 5472±2417 e 10955±5117 ml. A ocorrência de IRA (Rifle 2/3) foi associada com maiores níveis de AST e com BHac 4d, mas na análise multivariada a significância manteve-se apenas para BHac 4d [RR 2.3 NS = 0.02 (95% CI 1.37 to 3.86)]. Na análise univariada, diálise foi relacionada com APACHE II, níveis de AST, lactato arterial, duração da cirurgia e BHacFB 4d. Entretanto, apenas APACHE II [RR 2.5 NS = 0.003 (95% CI 1.35 to 4.62)] e BHac 4d [RR 2.88 NS = 0.0001 (95% CI 1.52 to 5.48)] foram signifivcativos na análise multivariada. Fatores de risco para mortalidade de 28 dias, identificados na análise univariada, foram duração da cirurgia, niveis de AST, APACHE II, lactato arterial e BHac 4d [RR 4.21, NS = 0.001 (95% CI 1.88 to 9.42)], mas apenas APACHE II [RR 2.63; NS = 0.04, (95% CI 1.0 to 6.87)] manteve significância na análise multivariada. Conclusões: Esses resultados sugerem que a administração agressiva de fluidos nos primeiros 4 dias de pós-operatório no TH impactam na ocorrência de IRA, diálise e mortalidade após o TH. Prognóstico desfavorável também é relacionado ao APACHE II nas primeiras 24 horas após a cirurgia. TL 034 RELEVÂNCIA DOS POLIMORFISMOS rs12979860 E rs8099917 DO GENE IL28B EM PACIENTES MONO-INFECTADOS PELO HCV E COINFECTADOS HCV/HIV Bruna Cristina Bertol, Simone Moreira; Raquel Francine Liermann Garcia; Leslie Ecker Ferreira; Guilherme Debortoli; Mauro de Souza Leite Pinho; Marcia Amendola-Pires; Alessandra Mendonça de Almeida Maciel; Carlos Eduardo Brandão-Mello; Paulo Henrique Condeixa de França Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE e Hospital Universitário Gaffrée Guinle - HUGG/UNIRIO Introdução: A coinfecção com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) impacta o curso da hepatite C, aumentando o risco de cirrose e elevando as taxas de viremia. Fatores virais e do hospedeiro têm sido associados com a persistência do vírus da hepatite C (HCV). Polimorfismos de Nucleotídeo Único (SNPs) próximos ao gene IL28B associam-se com a capacidade de eliminação do HCV pelo hospedeiro, porém pouco se conhece sobre a influência destes SNPs na coinfecção HCV/HIV. Objetivo: Estimar a relevância das variantes alélicas e genotípicas dos SNPs rs12979860 (C/T) e rs8099917 (T/G) do gene IL28B quanto a instalação da infecção pelo HCV em pacientes monoinfectados (HCV) e co-infectados (HCV/HIV). Material e Métodos: Foram incluídos 199 indivíduos controle e 230 pacientes com hepatite C crônica, sendo 53 coinfectados. A genotipagem foi realizada via Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) seguida de exposição a endonucleases específicas (RFLP). A associação das variantes com a susceptibilidade à infecção pelo HCV foi verificada através do índice Odds Ratio, com Intervalo de Confiança de 95% e considerando-se p=0,05 como o nível de significância. Resultados: Dentre os controles, 47,4% (90/190) apresentaram o genótipo CC do SNP rs12979860, 43,7% CT e 8,9% TT, enquanto 29,1% (66/227), 51,5% e 19,4% dos pacientes apresentaram CC, CT e TT, respectivamente. A análise de risco relativo para rs12979860 quanto à susceptibilidade ao HCV evidenciou ORs significativos para a presença do genótipo TT (2,447; p=0,005) e do alelo T (1,851; p<0,001) no grupo de pacientes em comparação aos controles. Quanto ao SNP rs8099917, 66,8% (133/199) dos controles apresentaram genótipo TT, 31,2% TG e 2,0% GG, enquanto 56,1% (129/230), 40,9% e 3,0% dos pacientes apresentaram TT, TG e GG, respectivamente. O genótipo GG não constituiu fator de risco para os pacientes (OR=1,530; p=0,712); no entanto, o alelo G associou-se positivamente com a infecção (OR=1,438; p=0,041). Comparando-se os pacientes mono e co-infectados, os resultados obtidos quanto às frequências alélicas e genotípicas de ambos SNPs, assim como a análise de risco, não demonstraram significância estatística. Conclusão: O genótipo TT e o alelo T do SNP rs12979860, bem como o alelo G do SNP rs8099917, constituíram fatores de risco significativo à infecção pelo HCV. Ressalta-se a existência de influência relevante dos SNPs próximos ao gene IL28B na instalação da infecção pelo HCV. TL 035 TRATAMENTO DA ENCEFALOPATIA HEPÁTICA EM RATOS COM PROBIÓTICO LACTOBACILLUS RHAMNOSUS GG: EFEITOS SOBRE NEUROINFLAMAÇÃO E AMÔNIA Renata Leke, Thayssa Dalla Costa Escobar, Thais Ortiz Hammes, Fabíola Schons Meyer, Themis Reverbel da Silveira Centro de Pesquisa Experimental, Hospital de Clínicas de Porto Alegre I n trodução: Encefalopatia Hepática (EH) é uma condição neuropsiquiátrica decorrente de doenças agudas como crônicas do fígado, cujos mecanismos patofisiológicos envolvem o aumento das concentrações de amônia e inflamação. O tratamento da EH se faz, primariamente, através da redução da amônia. Por tal motivo, o uso de probiótico foi sugerido pela sua ação sobre a regulação da microbiota, redução de pH intestinal e modulação da inflamação. O probiótico Lactobacillus rhamnosus GG (LGG) tem sido utilizado em estudos clínicos e experimentais, sendo a diminuição da inflamação na doença gordurosa hepática observada em ratos. Objetivo: Avaliar se a terapêutica com o LGG atenua e/ou reverte a EH em ratos com cirrose biliar secundária, através da sua ação nas concentrações de amônia e inflamação. Material e métodos: Utilizados 40 ratos Wistar machos de 60 dias, 20 submetidos à ligadura de ducto biliar comum (LDB) e 20 “sham-operados” (controles). Duas semanas após a cirurgia, metade dos animais controle e LDB receberam dose diária de 2,5 x10 7 UFC de LGG, por gavagem, por 4 semanas (C+LGG e LDB+LGG). A outra metade recebeu solução veículo (C e LDB). Os animais foram anestesiados e sangue coletado para determinação de amônia, parâmetros de Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 disfunção hepática e inflamatórios. Os ratos foram eutanasiados e os cérebros removidos, dissecados em córtex (cx) e hipocampo (hp) e congelados. Estas amostras foram usadas para a análise de expressão gênica de TNFá, IL1â e TLR4. Resultados: A concentração plasmática de amônia mostrou-se aumentada no dos grupos LDB e LDB+LGG, referente aos controles, entretanto não houve diferença entre os grupos LDB e LDB+LGG. Não houve alteração da expressão gênica de TLR4 entre os grupos, e os níveis de mRNA de TNF-á foram diferentes somente entre os grupos C+LGG e LDB em ambos cx e hp. Entretanto, para IL-1B os grupos LDB e LDB+LGG apresentaram níveis maiores do que os grupos C e C+LGG. O grupo LDB+LGG exibiu maior expressão de mRNA para IL1â no hp, quando comparado ao grupo LDB. Conclusão: Durante a EH há a ativação da inflamação no SNC e aumento de amônia plasmática, parâmetros que não foram atenuados pelo tratamento com LGG. Também, se demonstrou que possivelmente a neuroinflamação na EH dos ratos LDB não seja decorrente da ativação por endotoxinas, visto que os níveis de TLR4 não foram diferentes entre grupos. Como perspectiva, estão sendo avaliadas citocinas plasmáticas, para melhor entender o processo de inflamação deste modelo animal. 21 XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA TL 036 ESTUDO PROSPECTIVO DE FATORES PREDITIVOS DE ÓBITO EM PACIENTES COM HEPATITE ALCÓOLICA Márcia Raquel da Silva Folhadela, Patrícia da Silva Fucuta Pereira, Márcia Tatianna Fernandes Pereira, Hélcio Cardoso Gomes, Edla Polsineli Bedin Mascarin do Vale, André Luis Volpatto, Fausto Nasser, Edson Cartapatti da Silva Serviço de Gastro-Hepatologia - Hospital de Base da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – SP Introdução: A hepatite alcoólica (HA) tem alta morbimortalidade. Objetivo: Analisar as características clínicas, laboratoriais e fatores preditivos de óbito em pacientes com HA. Material e Métodos: Estudo prospectivo de análise de dados clínicos e laboratoriais relacionados ao óbito de pacientes em 1º episódio de HA internados em um hospital terciário, no período de 14 meses consecutivos. Análise comparativa feita pelos testes t de Student, Mann-Whitney, quiquadrado e exato de Fisher. Foi determinada a acurácia em predizer desfecho em óbito dos escores de gravidade: função discriminante de Maddrey modificada (fdM) e MELD, pela medida das áreas sob as curvas ROC (AUROC). Os melhores pontos de corte em predizer o desfecho em óbito foram identificados na curva ROC e foram calculados a sensibilidade (S), especificidade (E), valor preditivo positivo (VPP) e valor preditivo negativo (VPN). Nível descritivo < 0,05 foi considerado significante. Resultados: De 554 internações, houve 76 por HA em 67 pacientes (período de internação de 1 a 42 dias). Maioria do gênero masculino (94%), cirróticos (85%), Child-Pugh C (66%) e média de idade 50 anos. Ingestão alcoólica mediana foi 130g/ dia e tempo médio de etilismo 29 anos. Associação com vírus C em 15% dos casos. Ascite em 42%, encefalopatia hepática em 33% e hemorragia digestiva alta em 27%. Creatinina elevada na admissão hospitalar em 25% dos pacientes e 15% evoluiram para síndrome hepatorrenal. Infecção presente em 47% dos casos. Terapia para HA foi indicada quando fdM ≥32 (23 pacientes, 32%): prednisona em 4 casos (6%) e pentoxifilina em 19 casos (28%). Taxa de óbito intrahospitalar 24%. Comparação das variáveis entre óbito e alta, respectivamente: Na 131 x 136 mEq (p=0,006); ALT 84 x 36U/L (p=0,001); PCR 6,0 x 3,1mg/dL (p=0,03); creatinina 1,5 x 0,8mg/dL (p=0,006); fdM 62 x 24 (p=0,001); MELD 28 x 18 pontos (p<0,0001). AUROC fdM = 0,795 (IC 95% 0,65; 0,93); AUROC MELD 0,867 (IC 95% 0,75; 0,97); S, E, VPP, VPN em predizer óbito estão na tabela abaixo. Conclusão: HA foi um evento grave, com alta taxa de mortalidade. As principais complicações foram infecção e insuficiência renal. Os resultados sugerem que, na nossa população, um nível de corte menor da fdM (27 ao invés de 32) pode ser mais útil em identificar pacientes que irão a óbito e, portanto, discute-se a necessidade de terapia farmacológica mais precoce para os pacientes. TL 037 MUTATIONS ASSOCIATED WITH DRUG RESISTANCE IN PATIENTS WITH CHRONIC HEPATITIS B INFECTION Maria Isabel Magalhães Andrade dos Santos, Andreas Stoecker, Breno Frederico de Carvalho Dominguez Souza, Mila de Oliveira Hughes Veiga do Rosário, Sidelcina Pacheco Rugiere, Raymundo Paraná, Mitermayer G. Reis e Luciano K. Silva Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, FIOCRUZ, Salvador - BA Hepatitis B virus (HBV) infection is a public health issue. The Brazilian public health system (SUS) has provided antiviral drugs for chronic hepatitis B treatment for over 10 years, but a system for monitoring for drug-related resistance mutations is not available. This study aims to determine the presence of HBV mutations associated with resistance to nucleos(t)ide analogs among 85 patients with chronic HBV infection-naïve and treated from University Hospital Professor Edgard Santos, Salvador-BA (HUPES-UFBA). Briefly, HBV-DNA was PCR amplified with primers deduced from HBV S and P genes and sequenced using ABI Prism 3730 (Applied Biosystems, USA). Two to six forward and reverse sequences of each isolate were assembled and conflicting sites were revised using software CLC Main Workbench v. 5.0 by visual inspection of the electropherograms. Consensus sequence lengths ranged from 1011 to 1034 bp and encompassed the entire rt domain (from amino acid 1 to 344). Those sequences were submitted to the HBV drug resistance database (HBVrt DB, Stanford University, USA) to retrieve each mutation according to genotype and treatment. HBV genotype A1 (84.71%) was the most prevalent followed by genotype A2 (5.88%), F (5.88%), and C1, D2 and D4 (1.18% each). Six patients (7.06%) exhibited resistance mutations to LAM, ENT and TDF, two with patterns L180M + M204V, one with patterns L80I + L180M + M204I and three others with different patterns: L80V + L180M + M204V; M204I; A194T. All of these mutations were present in patients with genotype A (four A1 and two A2). Furthermore, this study found one patient with genotype C, common in Asian east. Prevalence of drug-related resistance mutations varies according to treatment duration and the level of genetic barrier for the drugs used. Once the drug therapy is initiated it is extremely important to monitor viral load and identify those mutations in order to support clinical decisions about patient management and also to prevent the emergence of multidrug-resistant viruses. Keywords: HBV, hepatitis B virus, resistance, nucleos(t)ides analogs. TL 038 INVESTIGAÇÃO DO POLIMORFISMO C341T DO GENE GSTP1 EM PACIENTES COM CIRROSE E CARCINOMA HEPATOCELULAR Gislaine Dionísio Ferreira, Pamela Risardi Francelin, Ana Lívia Silva Galbiatti, Anelise Russo, Renato Ferreira da Silva, Rita de Cássia Martins Alves da Silva, Mariângela Torreglosa Ruiz Cintra, Érika Cristina Pavarino, Eny Maria Goloni-Bertollo FAMERP - Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. UPGEM - Unidade de Pesquisa em Genética e Biologia Molecular Introdução: O tumor primário mais frequente do fígado é o carcinoma hepatocelular (CHC). Os principais fatores de risco desse tumor incluem infecção crônica pelos vírus das hepatites B e C, cirrose, doença hepática alcoólica e não alcoólica, além de doenças genéticas 22 hereditárias como a doença de Wilson e a hemocromatose. Essas doenças estão relacionadas com eventos biomoleculares que desencadeiam a carcinogênese do hepatocarcinoma, uma vez que elas podem interferir na síntese de DNA. Polimorfismos em genes Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TRABALHOS CIENTÍFICOS metabolizadores de xenobióticos, tais como os membros da família glutationa-S-transferases (GSTs) podem levar ao aumento da ativação dos carcinógenos ou à diminuição da habilidade para inativá-los podendo, assim, influenciar na tumorigênese. Objetivos: Analisar o polimorfismo GSTP1 C341T em pacientes com cirrose e carcinoma hepatocelular e em indivíduos sem história de neoplasia (grupo controle), visando identificar biomarcadores de suscetibilidade deste tipo de câncer. Material e Métodos: Foram incluídos 673 indivíduos (100 pacientes com cirrose, 54 pacientes com hepatocarcinoma e 519 controles). A análise molecular foi realizada por meio da Reação em Cadeia da Polimerase – Polimorfismos de Comprimentos de Fragmento de Restrição PCR-RFLP. Para análise estatística, foram utilizados os testes quiquadrado e regressão logística múltipla com p ≤ 0,05 e IC 95% considerados significantes. Resultados: Os resultados mostraram que idade ≥46 anos (OR 9,07; IC 95% 3,76 – 21,9; p=0,000), hábito etilista (OR 2,06; IC 95% 1,02 – 4,15; p=0,043) e a presença do polimorfismo GSTP1 C341T (OR 4,16; IC 95% 2,11 – 8,19; p=0,000) podem ser considerados fatores de risco para o desenvolvimento do carcinoma hepatocelular. Por outro lado, somente a idade ≥46 anos (OR 5,02; IC 95% 2,92 – 8,3; p=0,000) pode ser considerada fator de risco na progressão para cirrose. Conclusão: Indivíduos com idade maior ou igual a 46 anos apresentam maior chance de desenvolver cirrose e carcinoma hepatocelular, enquanto que o hábito etilista e presença do polimorfismo GSTP1 C341T são fatores preditores para o desenvolvimento do hepatocarcinoma. Desse modo, a identificação desse polimorfismo pode tornar a vigilância dos pacientes cirróticos mais efetiva contra o desenvolvimento do carcinoma hepatocelular. Suporte Financeiro: CNPq, FAPESP e Capes TL 039 ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA: AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO COM GENÓTIPO VIRAL E RESPOSTA TERAPÊUTICA Maria Emiliana Cigani de Lima Brandão, Carlos Eduardo Brandão Mello, Andreza Jucá Guimarães, Marilza Campos de Magalhães, Elisabeth Lampe, Adilson José de Almeida Hospital Universitário Gaffrée e Guinle/UNIRIO e Lab. de Hepatites Virais/IOC/FIOCRUZ Introdução: As alterações hematológicas se destacam no contexto das alterações extra-hepáticas relacionadas ao HCV por conta de suas implicações terapêuticas. Objetivos: Avaliar se a AHAI associada ao HCV está relacionada a um genótipo específico do HCV, e avaliar a resposta da AHAI ao tratamento. Materiais e Métodos: A amostra foi constituída de 204 pacientes com infecção crônica pelo HCV, sendo alocados em dois grupos: HCV+/AHAI+, infecção pelo HCV e AHAI (Hg ≥12,0/dL ou queda ≥2g/dL em 2 meses); HCV+/AHAI-, infecção pelo HCV e sem AHAI. Critérios de inclusão: ser de qualquer um dos sexos, de qualquer etnia, ter idade entre 18 e 83 anos e infecção pelo HCV diagnosticada por detecção de HCV-RNA no soro. Critérios de exclusão: tratamento antiviral prévio ou atual; positividade para HBsAg; positividade para anti-HIV 1/2; anemia hemolítica durante infecções agudas; uso de outros medicamentos associados a AHAI. Resultados: 88 (43,2%) pacientes eram do sexo masculino e 116 (56,8%) do sexo feminino, com 51,5±12,3 anos. Os subtipos foram: 1a (n=72; 35,3%), 1b (n=98; 48,1%), 2a (n=2; 0,9%), 2b (n=1; 0,5%), 3a (n=29; 14,2%), 3b (n=1; 0,5%) e 4a (n=1; 0,5%). Em relação aos pacientes sem AHAI (n=199), 86 (43,2%) eram do sexo masculino e 113 (56,8%) do sexo feminino, com 51,7 anos±12,1 anos. Os subtipos foram os seguintes: 1a (n=71; 35,7%), 1b (n=95; 47,8 %), 2a (n=2; 1%), 2b (n=1; 0,5%), 3a (n=28; 14%), 3b (n=1; 0,5%) e 4a (n=1; 0,5%). Dos cinco (2,4%) pacientes detectados com AHAI, 2 (40%) eram do sexo masculino e 3 (60%) do sexo feminino, com 48,2 anos±20,1 anos, com os subtipos: 1a (n=1; 20%), 1b (n=3; 60%) e 3a (n=1; 20%). O tratamento da AHAI com terapia antiviral (IFN convencional ou PEG + RBV) em três casos, dos quais dois tiveram terapia inicial com prednisona, com resposta hematológica inicial que não se sustentou após terapia antiviral. Outros dois casos foram tratados com prednisona 60 mg/dia, tendo ambos os casos apresentado resposta hematológica completa. Conclusões: A AHAI associada ao HCV parece que não ser uma manifestação extrahepática genótipo-dependente. O tratamento da AHAI baseado na terapia hematológica em nossa série sugere ser esta uma opção terapêutica a ser utilizada em casos individualizados. O tratamento da AHAI baseado na terapia antiviral em nossa série sugere não ser esta uma boa opção terapêutica. TL 040 SIGNIFICADO DOS NÍVEIS SÉRICOS DE ALANINA-AMINOTRANSFERASE EM INDIVÍDUOS ATENDIDOS POR INTOXICAÇÃO AGUDA POR COCAÍNA Fernanda Guollo, Janaína Luz Narciso-Schiavon, Adriana Mello Barotto, Marlene Zannin, Leonardo de Lucca Schiavon NEGH - Núcleo de Estudos em Gastroenterologia e Hepatologia e Centro de Informações Toxicológicas de Santa Catarina (CIT/SC) - Universidade Federal de Santa Catarina Introdução: A cocaína é um agente simpaticomimético indireto cujos efeitos principais são relacionados à ativação do sistema nervoso central. Apesar do seu reconhecido potencial hepatotóxico, existem poucos estudos avaliando as características clínicas e laboratoriais de pacientes atendidos por intoxicação por cocaína, especialmente no que diz respeito às concentrações das aminotransferases. Objetivos: Investigar o significado dos níveis de alanina aminotransferase em indivíduos atendidos por intoxicação por cocaína. Material e Métodos: Estudo retrospectivo, com revisão de prontuários padronizados, que incluiu indivíduos atendidos no período entre janeiro de 2003 a dezembro de 2010. Os níveis séricos de ALT foram divididos em tercis de acordo com o sexo. Análise bivariada foi utilizada para investigação da associação entre ALT acima do tercil superior e variáveis clínicas, laboratoriais e complicações durante a internação. Casos de elevação intensa de ALT (> 20 vezes o limite superior do normal) serão descritos detalhadamente. Resultados: Foram incluídos 93 pacientes, 79% homens com média de idade de Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 27,73 ± 9,97 anos. ALT acima do tercil superior (>48 UI/L para homens e >36 UI/L para mulheres) foi associada a maiores níveis de AST, CPK, creatinina e RNI. Além disso, indivíduos com níveis mais elevados de ALT apresentaram maiores taxas de evolução para insuficiência renal aguda (34,4% vs. 9,8%, P = 0,004) e óbito (15,6% vs. 3,3%, P = 0,045). Cinco indivíduos apresentaram elevação intensa de ALT durante o acompanhamento e todos evoluíram com evidências de insuficiência hepática aguda (icterícia, tempo de protrombina alargado com ou sem encefalopatia hepática), rabdomiólise e insuficiência renal aguda. Razão AST/ALT < 2 estava presente em dois indivíduos no momento da admissão, porém razão AST/ALT > 2 foi observada em três casos com evidências de evolução para lesão hepática aguda. Conclusões: Níveis mais elevados de ALT em pacientes atendidos por intoxicação por cocaína estão associados a indícios de lesão muscular, evolução para insuficiência renal aguda e óbito. Insuficiência hepática aguda foi observada em 5% da amostra e foi associada à rabdomiólise e insuficiência renal em todos os casos. 23 XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA TL 041 AVALIAÇÃO DO SISTEMA PORTA POR ECOENDOSCOPIA NA HIPERTENSÃO PORTA ESQUISTOSSOMÓTICA Zulane da Silva Tavares Veiga, Homero Soares Fogaças, Cristiane Alves Villela Nogueira, Fátima Aparecida Ferreira Figueiredo, Renata de Mello Perez, João Luiz Pereira, Marta G. Cavalcanti, José Mauro Peralta, Carlos Eduardo Cruz Marques, Pedro Campos Franco, Paula Moskovics Jordão Hospital Universitário Clementino Fraga Filho Introdução: A esquistossomose mansoni representa grave problema de saúde pública no Brasil. A evolução para a forma hepatoesplênica ocorre em cerca de 10% dos casos e se caracteriza por hipertensão porta e fibrose periportal. A ecoendoscopia vem sendo utilizada no estudo das alterações hemodinâmicas no sistema venoso causados por hipertensão portal cirrótica. Entretanto, os relatos na literatura não mencionam sua utilização como método de estudo na hipertensão porta esquistossomótica. Objetivos: Avaliar o desempenho da ecoendoscopia no estudo da presença e intensidade da hipertensão portal esquistossomótica. Material e métodos: Estudo descritivo bicêntrico transversal com inclusão prospectiva de 10 pacientes portadores de esquistossomose hepatoesplênica em acompanhamento ambulatorial em dois hospitais gerais de grande porte do RJ. Todos os pacientes tinham diagnóstico de esquistossomose mansônica confirmado por métodos sorológicos ou coproscópicos e a forma hepatoesplênica confirmada por varizes esôfago-gástricas na endoscopia digestiva alta e/ou esplenomegalia na USG abdômen. Todos os pacientes foram submetidos a ecoendoscopia diagnóstica após 12 horas de jejum. Foi utilizada sonda linear Pentax (Pentax, Tóquio, Japão) conectada ao sistema EUB-5500 Hitachi (Hitachi, Tóquio, Japão). Resultados: Seis pacientes eram do sexo feminino (60%) e a média de idade de 49,8 anos variando de 26 a 65 anos. Nove pacientes apresentavam varizes esofágicas na endoscopia digestiva alta e desses, sete apresentavam varizes esofágicas e paraesofágicas na ecoendoscopia. Sete pacientes apresentavam varizes paragástricas. O diâmetro médio da veia porta era de 14,7 mm (DP ± 4,63) e a média de velocidade era de 27,4cm/s (DP ± 9,11). Nove pacientes apresentavam veia porta patente e desses, sete apresentavam fluxo hepatopetal. O diâmetro média do veia esplênica era de 9,87 mm (DP ±4,19) com fluxo hepatofugal em 5 pacientes. O fluxo nas veias supra-hepáticas era trifásico em 8 pacientes e 1 apresentavam fluxo monofásico. Em relação à veia ázigos, o diâmetro médio era de 5,4 mm (DP ± 1,7 mm e a média de velocidade era de 32,3 cm/s (DP ± 11). O diâmetro médio do baço era de 15,9 cm (DP ± 3,63) e sete pacientes apresentavam colaterais. Conclusão: A ecoendoscopia, que vem sendo aplicada na análise da hipertensão portal cirrótica, representa a possibilidade de mais uma opção como método de estudo para avaliar as alterações no sistema porta causada pela esquistossomose. TL 042 PAPEL DOS GENÓTIPOS DO POLIMORFISMO DO GENE IL-28B (RS12979860 C/T) NA GRAVIDADE DO CARCINOMA HEPATOCELULAR Andreza Correa Teixeira, Alice Chagas Barros, Marie Secaf, Marcia Guimarães Villanova, Guilherme Viana Rosa, Enio David Mente, Valdair Francisco Muglia, Jorge Elias-Junior, Lucas Moretti Monsignore, Daniel Abud, Leandra Naira Zambelli Ramalho, Ana de Lourdes Candolo Martinelli Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP Introdução: Polimorfismo do gene IL28B (rs12979860 C/T) tem sido associado à resposta ao tratamento da hepatite C crônica, entretanto, seu papel no carcinoma hepatocelular (CHC), incluindo gravidade do tumor, ainda não está esclarecida. Objetivo: Avaliar a associação dos genótipos do polimorfismo do gene IL28B (rs12979860 C/T) com gravidade do CHC. Métodos: Foram incluídos no estudo 109 pacientes seguidos no Ambulatório de Lesões Focais Hepáticas com diagnóstico de CHC, de acordo com critérios internacionais (BCLC até 2006 e AASLD a partir de 2007). Os genótipos do polimorfismo rs12979860 foram avaliados fazendo-se uso de PCR em tempo real, com primers específicos. Os critérios adotados para avaliação de gravidade do CHC foram: tipo tumoral (infiltrativo difuso, multinodular e uninodular); tamanho tumoral (>10cm, 5-10cm e <5cm); e histologia, de acordo com a classificação de Edmondson-Steiner (III-IV vs. I-II). Resultados: A média de idade dos pacientes estudados foi de 55,3±10 anos (14-77 anos) e 81% eram do sexo masculino. Cirrose hepática esteve presente em 95% dos casos, com a hepatite C crônica representando a principal etiologia da doença hepática (54,8%). A frequência dos genótipos do gene rs12979860 foi de 34,8%, 51,4% e 13,8%, para os genótipos C/C, C/T e T/T, respectivamente. Não houve associação entre frequência dos genótipos do polimorfismo do gene IL28B (rs12979860 C/T) e tipo tumoral (P=0,7387), tamanho do tumor (P=0,5653), ou classificação histológica (P=0,9137). Conclusão: nossos resultados mostram que os genótipos do polimorfismo rs12979860 C/T não estão associados com a gravidade do CHC, considerando os parâmetros avaliados. Contudo, outros estudos são necessários para maiores esclarecimentos. Palavras-chave: Carcinoma hepatocelular, IL28B, rs12979860 C/T, polimorfismo. TL 043 FATORES ASSOCIADOS À SOBRECARGA SÉRICA DE FERRO EM PACIENTES TRANSPLANTADOS RENAIS Juliana Miguel Bilar, Patrícia da Silva Fucuta Pereira, Ivonete Sandra de Souza e Silva, Roberto José de Carvalho Filho, Antônio Eduardo Benedito Silva, Maria Lucia Gomes Ferraz Escola Paulista de Medicina – UNIPESP Introdução: A sobrecarga de ferro é um achado frequente em pacientes transplantados renais e os fatores associados à sobrecarga, após o Tx renal, não são completamente conhecidos. Objetivo: Avaliar fatores possivelmente associados à sobrecarga de ferro no transplantado renal. Material e métodos: Estudo transversal de pacientes transplantados renais prospectivamente avaliados entre junho 24 e dezembro de 2011. Sobrecarga de ferro sérica foi definida como ferritina maior que 300 ng/mL(homens)ou 200 ng/mL(mulheres)e saturação de transferrina ≥45%. Análise comparativa entre pacientes com e sem sobrecarga de ferro foi feita pelos testes t student, Mann Whitney, qui quadrado e exato de Fisher. Resultados: Dos 367 pacientes elegíveis para o estudo, 197 (53,7%) não foram entrevistados Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TRABALHOS CIENTÍFICOS ou não realizaram coleta de sangue para análise do perfil de ferro, 2(0,6%) recusaram participar e 168 (45,8%) foram incluídos. A média de idade foi 47±12 anos, 62% gênero masculino e 77% brancos. A etiologia da doença renal foi HAS em 29%, mediana de tempo em diálise 28 meses (0,03-275 meses) e tempo de transplante renal 65 meses (13-346 meses). Imunossupressão: prednisona, azatioprina e tacrolimus (31,5%), prednisona, azatioprina e ciclosporina (24,4%) e prednisona, tacrolimus e myfortic (17,9%). Uso de ferro parenteral prétx renal ocorreu em 85% (mediana 3600 mg de ferro e variação 100-280.300 mg). Sobrecarga sérica de ferro foi detectada em 16%: ferritina mediana 867 ng/mL (191-2.000ng/mL) e ST mediana 59% (47-104%). Na análise comparativa entre os grupos sem e com sobrecarga de ferro não foram encontradas diferenças quanto àidade(p=0,73), tempo em diálise (p=0,13), etiologia da doença renal (p=1), tempo de Tx renal (p=0,18) e clearence de creatinina (MDRD) (p=0,33) e índice de AST (p=0,071). Por outro lado, pacientes com sobrecarga de ferro foram mais frequentemente homens (p=0,009), assim como de raça não-branca (p=0,002). Além disso, nos pacientes com sobrecarga a quantidade de ferro parenteral recebida foi maior (p=0,023), assim como os níveis de hemoglobina (p=0,005), o hematócrito (p=0,024) e o índice de ALT(p=0,019). Conclusão: A prevalência de sobrecarga de ferro no Tx renal foi de 16% e ocorreu mais em homens e não brancos. O uso de ferro parenteral pré-Tx foi comum e em dose expressiva e a quantidade utilizada relacionou-se à sobrecarga de ferro. Além disso, os níveis de hemoglobina, hematócrito e índice de ALT também se associaram de maneira significante à sobrecarga de ferro. TL 044 EPIDEMIOLOGIA DO VÍRUS DA HEPATITE C ENTRE INDIVÍDUOS COM DIABETTES DO TIPO 2 Livia Melo Villar, Ana Carolina Vasques, Bruno Geloneze, Juliana Custódio Miguel, Elisangela Ferreira da Silva, Vanessa Alves Marques, Lucy Dalva da Silva, Elisabeth Lampe FIOCRUZ, UNICAMP A infecção crônica pelo vírus da hepatite C (HCV) é uma epidemia global com uma estimativa de 123 milhões de pessoas infectadas em todo o mundo. Ao mesmo tempo, a diabetes tipo 2 também está emergindo rapidamente como um problema de saúde global que ameaça atingir níveis de pandemia em 2030. A prevalência de HCV na população em geral no Brasil é de 1,38%, mas pouco se sabe sobre a prevalência de HCV entre pacientes com diabetes tipo 2. O objetivo deste estudo foi investigar a prevalência da infecção pelo HCV em pacientes com diabetes tipo 2. Amostras de soro de 459 indivíduos com diabetes tipo 2 provenientes de hospitais de referencia de três estados do Brasil (Minas Gerais, São Paulo e Ceará) foram incluídos. A definição de diabetes tipo 2 foi feita de acordo com as diretrizes da Associação Americana de Diabetes (2008). A atual pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética da Fiocruz. Os dados demográficos incluíram idade e sexo. As medições de glicose em jejum, aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT), gama glutamil-transferase (GGT) foram realizadas de acordo com procedimentos laboratoriais normalizados. A insulina foi determinada pelo método de electroquimioluminescência. A detecção de anti-HCV foi feita utilizando ensaio imunoenzimático comercial (Murex anti-HCV v.4.0, Diasorin) seguindo as instruções do fabricante. A população foi composta por 251 individuos do sexo feminino (61,07%) e com idade média ± desvio padrão igual a 56,8 ± 28,6 anos. A prevalência de HCV em pacientes com diabetes do tipo II foi de 1,52% (7/459). Entre os 7 indivíduos com anti-HCV detectado no soro, 5 também apresentaram HCV RNA, sendo 1 deles infectado pelo HCV genótipo 3 e os outros 4 indivíduos apresentavam o HCV genótipo 1. Os valores medianos de dados bioquímicos foram de 23 U/L para ALT, 21 U/L para AST, 32 U/L para GGT, 144 mg/dl para glicose e 11,4 mU/L de insulina. Concluiu-se que a prevalência do HCV é um pouco prevalente entre os pacientes diabéticos tipo 2 em comparação à população geral no Brasil. Palavras-chave: Diabetes tipo II, HCV, a prevalência. Apoio financeiro: FAPERJ e CNPQ. TL 045 EVIDÊNCIA DE INFECÇÃO PELO VÍRUS DA HEPATITE E EM PACIENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTE HEPÁTICO Michele Soares Gomes Gouvêa, Ariana Carolina Ferreira, Bruna Fecchio Nasser Wolfarth Feitoza, Mario Guimarães Pessoa, Edson Abdala, Debora Raquel Benedita Terrabuio, Adriano Cláudio Pereira de Moraes, Patricia Rodrigues Bonazzi, Luiz Augusto Carneiro D’Albuquerque, Flair José Carrilho, João Renato Rebello Pinho Instituto de Medicina Tropical da USP e Faculdade de Medicina da USP Introdução: O vírus da hepatite E (HEV) tem sido reconhecido mundialmente como uma importante causa de hepatite viral aguda. É conhecido que a evolução da infecção pelo HEV na maioria dos casos é autolimitada, entretanto, recentemente vários estudos tem demostrado a possibilidade de cronificação em indivíduos com comprometimento imunológico. No Brasil há relatos acerca da circulação do HEV entre indivíduos imunocompetentes com taxas de prevalência variando de 2,6% a 17,7%, contudo a presença e importância dessa infecção entre a população de pacientes imunocomprometidos é pouco conhecida em nosso meio. Objetivos: o presente estudo teve por objetivo estimar a soroprevalência de anticorpos anti-HEV IgG e IgM entre pacientes submetidos a transplante hepático. Material e Métodos: no período de janeiro a maio/2013 foram incluídos neste estudo 284 pacientes (174 do sexo masculino) submetidos a transplante hepático com idade média de 50,5 anos (19 a 78 anos). Foram coletadas amostras de soro desses pacientes para a pesquisa de anticorpos Anti-HEV (IgG e IgM), que foi realizada pelo método de ELISA utilizando-se o Kit RecomWell HEV IgG ou IgM (Mikrogen). Resultados: Anticorpos Anti-HEV IgG foram detectados em 8,1% (23/284) das amostras analisadas. Um Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 total de 230 amostras foram também submetidas à pesquisa de anticorpos da classe IgM, os quais foram detectados em 6 (2,6%) amostras. Apenas uma amostra, daquelas com anticorpos Anti-HEV IgG, apresentou positividade para anticorpos IgM. Tratava-se de um paciente com 69 anos, sexo masculino com nível normais de transaminases hepáticas (ALT=14 U/L; AST=19 U/L). Entre os pacientes que apresentaram reatividade para algum marcador sorológico de infecção pelo HEV a infecção crônica pelo HCV foi a causa do transplante hepático em 46,4% (13/28). Os níveis de enzimas hepáticas observados entre os pacientes com ou sem anticorpos contra o HEV não apresentaram variações significantes. Conclusões: Os resultados deste estudo indicam que a prevalência de anticorpos contra o HEV entre pacientes submetidos a transplante hepático é maior que aquela observada em estudos anteriores envolvendo populações de indivíduos imunocompetentes. Estes achados sugerem que a infecção pelo HEV deve ser investigada como possível causa de doença hepática crônica entre esse grupo de pacientes. A prevalência de HEV RNA, assim como a investigação de cronificação da infecção pelo HEV, ainda será avaliada entre os pacientes incluídos neste estudo. 25 XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA TL 046 ANÁLISE MORFOMÉTRICA DE CINCO OPÇÕES DE AUTOENXERTO ARTERIAL DE INTERPOSIÇÃO PARA TRANSPLANTE DE FÍGADO INTERVIVOS EM ADULTOS Ernesto Sasaki Imakuma, Lincoln Saito Millan, André Leopoldino Bordini, Paulo Celso Bosco Massarollo Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: Nos transplantes intervivos de fígado em adultos, o enxerto possui apenas uma artéria segmentar, cujo calibre e extensão são geralmente pequenos. Assim, a distância entre essa artéria do enxerto e a artéria hepática do receptor geralmente é grande e os calibres desproporcionais, tornando tecnicamente difícil a reconstrução arterial hepática. Nestes casos, pode-se utilizar um autoenxerto vascular de interposição para facilitar o procedimento, evitando-se assim complicações cirúrgicas. Objetivos: O presente trabalho se propôs a comparar a artéria mesentérica inferior (AMI), artéria esplênica (AE), artéria epigástrica inferior (AEI), ramo descendente da artéria circunflexa femoral lateral (ACFL) e artéria hepática própria (AHP) como opções de autoenxerto de interposição em transplantes de fígado intervivos em adultos. Material e métodos: Foram dissecados 16 cadáveres frescos e coletados as referidas artérias de cada um deles. As variáveis estudadas foram diâmetro do orifício proximal, do distal e comprimento. O diâmetro proximal da AHP e os diâmetros distais AE, AMI, AEI e ramo descendente da ACFL foram comparados ao diâmetro distal da AHD. Os diâmetros proximais e distais da AE, AEI e ramo descendente da ACFL foram comparados entre si para avaliar ganho de calibre. Resultados: Todas as artérias, exceto a AMI, apresentaram diferença estatisticamente significante em relação à AHD quanto à diâmetro. Em termos de ganho de calibre, as artérias apresentaram diferença estatisticamente significante. Todas as artérias, exceto a AHP, apresentaram comprimento de 3 cm. Conclusão: A AMI apresentou a melhor compatibilidade de diâmetro com a AHD e comprimento suficiente para uso como autoenxerto. A AHP, AE, AEI e o ramo descendente da ACFL apresentam calibre estatisticamente diferente da AHD. Destas, somente a AHP não apresentou média de comprimento suficiente para uso em transplante de fígado intervivos. TL 047 FATOR DE CRESCIMENTO ENDOTELIAL VASCULAR: VARIANTES GENÉTICAS E NÍVEL SÉRICO EM PACIENTES COM CARCINOMA HEPATOCELULAR, HEPATITE C OU CIRROSE Rafael Fernandes Ferreira, Victor Nogueira; Rita de Cássia Martins Alves da Silva, Renato Ferreira da Silva, Patricia da Silva Fucuta Pereira, Graciele Domitila Tenani, Erika Yuki Yvamoto, João Gustavo da Silva Castro Andrade, Marcela Augusta Souza Pinhel, Doroteia Rossi Silva Souza Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – FAMERP Introdução: Carcinoma hepatocelular (CHC) é o tipo mais comum de câncer de fígado e apresenta fatores de risco incluindo hepatites C (VHC), cirrose alcoólica, além de alterações genéticas. Nesse caso, destaca-se o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) associado à angiogênese. Objetivos: Analisar a distribuição do polimorfismo C936T-VEGF e os níveis séricos de VEGF. Métodos: Trezentos e vinte e quatro pacientes foram estudados, divididos em quatro grupos: G1 = 47 com CHC; G2 = 94 cirróticos por qualquer etiologia; G3 = 28 VHC sem cirrose; G4 = 155 controles. As variantes C936T-VEGF foram analisadas por reação em cadeia da polimerase (PCR) e restrição enzimática (RFLP). A dosagem de VEGF foi realizada por imunoensaio (ELISA) para 20 pacientes de cada grupo. A análise estatística compreendeu teste t, teste exato de Fisher ou Qui-quadrado (P<0,05). Resultados: A distribuição das frequências genotípicas está em equilíbrio de Hardy-Weinberg para todos os grupos. O genótipo com pelo menos um alelo mutante (_/T ) a frequência absoluta do alelo (T) prevaleceu em G1 (42,6%; 0,22, respectivamente) comparado a G2 (22,4%; 0,12 P=0,021 e P=0,0007 respectivamente) e a G4 (22,6%; 0,11; P=0,012 e P=0,021 respectivamente). Níveis séricos aumentados de VEGF foram observados em G1 (588,0±501,0 pg/mL) comparado a G2 (173,0±113,0 pg/mL), a G3 (273,0±189,0 pg/mL) e a G4 (190,0±188,0 pg/mL; P<0,01 para todos). As análises de polimorfismo C936T-VEGF e dos níveis séricos de VEGF mostraram associação entre os indivíduos com o genótipo _/T e elevados níveis de VEGF em G1 (764,4±571,7 pg/mL) comparado a G2 (128,9±64,7 pg/mL), a G3 (289,8±199,0 pg/mL) e a G4 (108,7±79,8 pg/mL; P<0,05 para todos). Conclusão: O polimorfismo VEGF-C936T está associado ao CHC assim como níveis séricos elevados de VEGF. Esses dados sugerem que o VEGF pode ter um papel no desenvolvimento dessa doença. Palavras-Chave: Carcinoma Hepatocelular; Variantes Genéticas; VEGF. TL 048 AVALIAÇÃO CLÍNICA E LABORATORIAL DE PORTADORES DE HEPATITE C CRÔNICA EM LISTA DE ESPERA PARA TRATAMENTO COM TERAPIA TRIPLA CONTENDO INIBIDOR DE PROTEASE Roberto J. Carvalho-Filho, Ana Cristina A. Feldner, Christini T. Emori, Mirella Monteiro, Ana Leatrice O. Sampaio, Silvia Uehara, Sandra R. A. Carvalho, Juliana M. Bilar, Eunice J. S. Nunes, Lívia Z. Trindade, Ivonete S.S. Silva, Edison Roberto Parise, Antonio Eduardo B. Silva, Maria Lucia G. Ferraz Setor de Hepatologia, Disciplina de Gastroenterologia, Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo Introdução: A terapia tripla com interferon peguilado (PEG), ribavirina (RBV) e inibidor de protease (IP, boceprevir ou telaprevir) é o tratamento de escolha para portadores de hepatite C crônica com genótipo 1. A liberação da terapia tripla no âmbito do SUS encontra um contingente expressivo de pacientes com indicação de tratamento, mas com contraindicações ou com fatores preditivos de evolução desfavorável. Objetivos: Avaliar portadores de HCV com genótipo 26 1, que se encontram em lista de espera para iniciar terapia tripla em um centro de referência, quanto a: 1) Adequação às diretrizes do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para Hepatite Viral C e Coinfecções; e 2) Presença de fatores preditivos de resposta e/ou complicações durante a terapia. Material e métodos: Foram considerados elegíveis todos os portadores de infecção crônica pelo HCV com genótipo 1, virgens de tratamento ou previamente tratados, Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TRABALHOS CIENTÍFICOS com indicação de terapia antiviral. Critérios de exclusão (conforme PCDT): infecção dupla com HIV e/ou HBV; CHILD B ou descompensação prévia; e fibrose F0/1/2. Resultados: Dentre os 237 casos elegíveis, foram incluídos 118 indivíduos, dos quais 48% homens, 60% F4, com média de idade de 57±10a, sendo 24% com idade > 65a. Diabetes mellitus, doença psiquiátrica atual ou prévia e história de ingestão abusiva de álcool foram identificados em 32%, 28% e 28%, respectivamente. Obesidade e LDL<100mg/dL foram observados em 29% e 70%. Genótipos HCV: 1a 33%, 1b 35% e 1a/1b 32%. A carga viral (CV) média foi de 5,9 0,8 logUI/mL e 59% possuíam CV >600.000 UI/mL. Dentre os 89% que foram tratados previamente, os padrões de resposta foram: nula 24%, parcial 10%, recidiva 26%, escape 6% e indeterminada 34%. No tratamento prévio, foram observados rash em 22%, anemia com Hb <10 g/dL em 37%, uso de EPO em 32%, uso de GSF em 32%. Quanto aos parâmetros preditivos de complicações durante a terapia tripla, sinais de hipertensão portal foram evidenciados em 50%, 11% mostraram albuminemia <3,5 g/dL, 30% com plaquetas <100.000/mm3 e 11% com plaquetas <75.000/mm3. Conclusão: Embora exista grande expectativa com a chegada dos IPs, apenas ~50% dos portadores de HCV com indicação de tratamento poderá receber tais medicações pelo SUS. Além disso, a presença de múltiplos fatores preditivos de má-resposta e de complicações poderá prejudicar significativamente a tolerabilidade e a chance de sucesso terapêutico. Revisão e adequação das diretrizes do PCDT são necessárias. TL 049 QUANTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO NO MODELO DE LESÃO HEPÁTICA CAUSADA POR RADIAÇÃO IONIZANTE Tiago de Souza Vilas-Bôas, Grazielle Suhett Dias; Karina Dutra Asensi; Lanuza Alaby Pinheiro Faccioli; Sandro Torrentes Cunha; Rodrigo Soares Fortunato; Christina Maeda Takiya; Célia Maria Coelho Resende; Paulo César Canary; Antônio Carlos Campos de Carvalho; Adriana Bastos Carvalho; Regina Coeli dos Santos Goldenberg Universidade Federal do Rio de Janeiro Introdução: O tratamento radioterápico utilizado para o câncer no fígado pode promover lesão hepática tardia induzida por radiação com presença de radicais livres, sendo interessante sua quantificação para nortear futuros tratamentos. Objetivos: Quantificar o peróxido de hidrogênio (H 2O2) hepático após a irradiação focal e correlacionar com análises bioquímicas e histológicas em um modelo experimental. Material e Métodos: Camundongos C57Bl/6 (n=12) foram submetidos à irradiação focal no fígado com dose única de 24 Gy por um acelerador linear com feixe de fótons e divididos em 4 grupos (n=3) de acordo com o protocolo experimental pós-irradiação: 3º dia (3D), 7º dia (7D), 30º dia (30D) e 60º dia (60D). Em cada dia do protocolo analisado, o sangue periférico dos animais foi coletado para verificar os níveis séricos de albumina, alanina aminotransferase (ALT) e aspartato aminotransferase (AST). Os animais foram então sacrificados para a retirada do fígado e separação de amostras de cada lobo para análises histológicas e para a quantificação de H 2O2 por meio da espectrofotometria. Um grupo controle (n=6), CTL, com camundongos não irradiados foi utilizado como referência. Resultados: A análise bioquímica mostrou que os níveis séricos de ALT, mas não de AST, nos animais irradiados aumentaram consideravelmente no 3D, em relação ao CTL, o que não foi visto no 7D. Esse parâmetro aumentou significativamente no 30D e se manteve até o 60D, confirmando lesão hepática. A albumina nos animais irradiados apresentou um decréscimo a partir do 3D e permaneceu diminuída até o 60D quando comparado ao CTL. A histologia por coloração H&E evidenciou que os animais irradiados apresentaram tumefação celular ao longo do experimento e a partir do 30D revelou infiltrado inflamatório focal nos animais irradiados. O grupo de animais irradiados apresentou leve deposição de colágeno no parênquima hepático a partir do 7D quando comparado ao CTL. A quantificação de H 2 O 2 evidenciou síntese de H 2 O 2 considerando o órgão como um todo. É possível observar uma elevação considerável da síntese de H2O2 no 3D, mantendo-se alta em relação ao CTL durante o período analisado. Conclusão: No modelo experimental de lesão hepática por radiação ionizante, os animais irradiados tiveram a síntese de H2O2 em níveis extremamente altos no período analisado, indicando persistência oxidativa, correlacionandose com o nível sérico de albumina diminuído ao longo do período analisado e início de fase fibrótica hepática. TL 050 FATORES PREDITIVOS DE FIBROSE HEPÁTICA AVANÇADA NA HEPATITE CRÔNICA C Chindamo, MC, Villela-Nogueira CA, Perez RM, Araujo Neto JM, Neves LG, Azambuja HT, Pannain VLN, Segadas JAS, Coelho HSM Universidade Federal do Rio de Janeiro Introdução: Importante progresso tem sido obtido na compreensão da progressão da fibrose em pacientes com hepatite crônica C, com ênfase em fatores do indivíduo e nas características virais. Objetivos: Avaliar fatores clínico-laboratoriais, virais e histológicos relacionados à presença de fibrose avançada na hepatite crônica C (HCC). Pacientes e métodos: Foram incluídos pacientes (pcs) com HCC, submetidos à biópsia hepática entre 2009 e 2012, e excluídos co-infectados ou portadores de outras hepatopatias. Foram analisadas variáveis clínicas (sexo, idade, tempo de doença, DM, dislipidemia, hipotireoidismo, obesidade, HAS, tabagismo), e laboratoriais (plaquetas, AST, ALT, FA, GGT, BbT, albumina, triglicerídeos, colesterol e ácido úrico). Os pacientes foram categorizados em fibrose leve a moderada (F0-F2) ou avançada (F3-F4) de acordo com o escore de METAVIR. Os fatores associados à fibrose avançada foram avaliados separadamente para os genótipos 1 e 3. Resultados: Foram incluídos 299 pacientes (56% sexo feminino, 52±11 anos, 89% genótipo 1). O tempo médio de infecção foi de 29±7anos. A prevalência de DM foi de 17%, dislipidemia 13%, hipotireoidismo 8%, tabagismo 44% (carga tabágica de 25±22 maços/ano), HAS 39% e IMC>=30, 21%. Quanto à Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 histologia, 77% apresentavam fibrose leve ou moderada, 64% atividade inflamatória moderada ou intensa, e 42% esteatose (64% leve, 24% moderada e 12% intensa). Na análise univariada houve associação de fibrose avançada com DM (p=0,003), obesidade (p=0,042), esteatose moderada e intensa (p=0,007), atividade inflamatória moderada ou intensa (p<0,0001), ALT(p<0,0001), GGT (p<0,0001), FA(p=0,009) e BbT (p=0,006), apenas com o genótipo 1. As variáveis associadas à fibrose avançada simultaneamente para os genótipos 1 e 3 foram tabagismo (p=0,004 e p=0,028), contagem de plaquetas (p<0,0001 e p=0,003) e AST (p<0,0001 e p=0,032). Na análise multivariada, as variáveis independentemente associadas à fibrose avançada foram atividade inflamatória moderada a intensa (p=0,002) e AST (p<0,0001) para o genótipo 1 e contagem de plaquetas para ambos (p=0,032 e p=0,024). Conclusão: Tabagismo está relacionado à presença de fibrose avançada nos genótipos 1 e 3, enquanto fatores metabólicos, esteatose e atividade inflamatória associam-se de forma distinta à fibrose avançada nos dois genótipos. A contagem de plaquetas representa um fator independente associado à fibrose avançada. 27 XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA TL 051 ESTUDO PROSPECTIVO ALEATORIZADO COMPARANDO MÉTODOS CONVENCIONAL OU PIGGYBACK NA DRENAGEM VENOSA DO FÍGADO TRANSPLANTADO Marília D’Elboux Guimarães Brescia, Paulo Celso Bosco Massarollo, Ernesto Sasaki Imakuma, Sérgio Mies Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução e objetivos: O objetivo desta pesquisa é comparar a eficiência clínica dos métodos convencional ou piggyback de transplante de fígado (Tx) na reconstrução do efluxo venoso do enxerto. Material e métodos: Foram estudados 32 pacientes submetidos a Tx pelo método convencional (n=15) ou piggyback (n=17). A pressão da veia hepática livre (PVHL) foi medida por catéter introduzido na veia hepática direita (VHD) do enxerto e a pressão venosa central (PVC) por catéter de Swan-Ganz. As medidas de pressão foram realizadas após a revascularização do enxerto. Resultados: Gradiente PVHL-PVC> 3 mm Hg foi encontrado em 26,7% (4/15) no grupo convencional e 17,6% (3/17) no piggyback (p=0,678). A mediana do gradiente PVCPVHL foi de 2 mm Hg (0–8 mm Hg) no grupo convencional e 3 mm Hg (0–7 mm Hg) no piggyback (p=0,734). A creatinina sérica (Cr) foi medida no pré-operatório, do 1º ao 7º dia pós-operatório (PO) e no 14º, 21º e 28º PO. A Cr global pós-operatória, calculada pela área sob a curva da Cr vs tempo, foi significativamente maior no grupo convencional (2,04 ± 0,89 vs. 1,41 ± 0,44 mg/dL; p=0,02). Não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos quanto à ocorrência de insuficiência renal aguda (p=0,120), definida como Cr ≥2,0 mg/dL, porém, à análise pelo critério de RIFLE-AKIN modificado, nota-se que, na primeira semana, o critério de falência renal é visto em maior incidência no método convencional. Quanto ao desenvolvimento de ascite maciça (p=1,000) e em relação à sobrevida dos pacientes (p=0,316), os grupos foram semelhantes. O gradiente PVHL-PVC foi significativamente menor nos casos em que o óstio da VHD é utilizado para reconstrução da via de drenagem venosa no Tx piggyback (1,4 ± 1,4 mm Hg vs. 3,9 ± 1,7 mm Hg; p=0,005 Conclusão: Conclui-se que pacientes submetidos a Tx pelos métodos convencional e piggyback apresentam resultados semelhantes em relação à drenagem venosa do enxerto, ao desenvolvimento de ascite e à sobrevida. Os valores de Cr no PO imediato são significantemente maiores no método convencional. Nos pacientes submetidos a Tx pelo método piggyback, o gradiente PVHLPVC é menor nos casos em que o óstio da VHD do receptor é incluído para implantação da VCI do enxerto. TL 052 PHASE ANGLE IS ASSOCIATED WITH ADVANCED FIBROSIS IN HCV PATIENTS Mariana de Souza Dorna, Livia Alves Santos, Fernanda Futino Gondo, Laís Augusti, Letícia de Campos Franzoni, Cassio Vieira de Oliveira, Ligia Yukie Sassaki,Fernando Gomes Romeiro, Marcos Ferreira Minicucci, Giovanni Faria Silva Faculdade de Medicina - UNESP – Botucatu Introduction: Hepatitis C is the major cause of chronic liver disease worldwide. It is also known to silently evolve to liver cirrhosis and hepatocellular carcinoma. For more than 20 years Bioelectrical Impedance has been used to assess nutritional status. More recently, Phase Angle (PhA) derived from bioelectrical impedance has been used as a predictor tool in different clinical situations, including liver diseases. Objective: Our aim was to associate PhA and advancedfibrosis in patients with hepatitis C virus (HCV). Methods: The study was conducted in a reference treatment centre in Brazil. Written informed consent was obtained from all patients. Inclusion criteria were the confirmed diagnosis for HCV and a previous liver biopsy for fibrosis staging.Exclusion criteria were ascites and age < 18 years. A single frequency bioelectrical impedance analysis was performed in all patients. Liver fibrosis was classified according to Metavir score and categorized as mild (F0 to F2) and advanced fibrosis (F3 to F4). For statistical analysis multiple logistic regression and the receiver operator characteristics (ROC) curves were used, and statistical significance was set at p<0.05. Results: We assessed 135 subjects, 60 % male, over 40 years old and 73.3% had HCV genotype 1. In multiple logistic regression, PhA was predictor of advanced liver fibrosis, adjusted by age and gender (OR:0.448; 95% CI:0.237-0.847;p:0.013). The best PhA’s cut-offs were 6.43 (AUC: 0.701; 95% CI: 0.608-0.793; p<0.001) for general data, 6.72(AUC:0.747; 95% CI:95%; p=0.0001) for male and 5.94 (AUC:0.698; CI:95%; p<0.013) for female. Conclusion: According to our data low PhA is associated with advanced liver fibrosis in HCV patients. TL 053 ASSOCIAÇÃO DE SÍNDROME METABÓLICA COM GRAVIDADE DA FIBROSE HEPÁTICA EM PACIENTES COM HEPATITE C Dyego Augusto da Silva, Rodrigo Feliciano do Carmo, Luydson Richardson Silva Vasconcelos, Maria do Socorro de Mendonça Cavalcanti, Erika Rabelo Forte de Siqueira, Patrícia Moura, Leila Maria Moreira Beltrão Pereira Universidade de Pernambuco, Universidade Federal do Vale do São Francisco, Instituto do Fígado de Pernambuco Introdução: A mortalidade associada à hepatite C crônica é resultado, principalmente, do desenvolvimento de fibrose hepática e suas posteriores complicações, tais como insuficiência hepática, hipertensão portal e carcinoma hepatocelular (HCC). A fibrogênese é um processo complexo, acompanhado de necroinflamação e ativação de células estreladas hepáticas (HSCs), que no fígado resulta no acúmulo em excesso de proteínas da matriz extracelular, entre elas, o colágeno. A síndrome metabólica está relacionada com um aumento da resistência à insulina, que por sua vez tem sido associada ao desenvolvimento de esteatose e a formas graves de fibrose. Objetivos: Investigar a prevalência de síndrome metabólica em pacientes com hepatite C atendidos em centro de referência na cidade de Recife, PE, e correlacionar com a gravidade da fibrose hepática. Material e Métodos: A população do presente estudo foi constituída por 410 pacientes maiores de 18 anos, atendidos no Serviço de Gastrohepatologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz e Instituto do Fígado de Pernambuco, com diagnóstico de HCV determinado pelo anti-HCV e HCV-RNA. As biópsias hepáticas foram avaliadas através de exame histopatológico e classificadas segundo a escala METAVIR, em fibrose leve (F0, F1 e F2) e fibrose grave (F3 e F4). A síndrome metabólica foi classificada de acordo com os critérios do Programa Nacional de Educação em Colesterol - III Painel de Tratamento de Adultos (National Cholesterol Education Program’s Adult Treatment Panel III - NCEP-ATP III-2005). A associação da síndrome metabólica 28 Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 xxx TRABALHOS CIENTÍFICOS com a gravidade da fibrose foi verificada através de regressão logística binária acrescentando-se as seguintes variáveis: idade, sexo, consumo de álcool, diabetes e genótipo viral. Resultados: A prevalência de síndrome metabólica na população de pacientes com hepatite C foi de 27,8%. Segundo a análise multivariada, a frequência de síndrome metabólica foi maior nos pacientes com fibrose grave comparados ao grupo com fibrose leve (38,3% vs 21,1%; p=0,001 OR 2,0 IC 1,33 – 3,26). A média de idade também foi maior no grupo com fibrose grave (57,3 vs 53,5; p=0.004 OR 1,03 IC 1,01 – 1,05). Conclusão: O presente estudo demonstrou uma importante correlação da presença de síndrome metabólica com a gravidade da fibrose hepática em pacientes com hepatite C da cidade de Recife, PE. TL 054 USO DE PEGINTERFERON E RIBAVIRINA POR 48 SEMANAS EM PACIENTES GT 3, NAÍVES COM FIBROSE AVANÇADA. RESULTADOS DE EFICÁCIA Fernanda Nalli, Mariana Magnoni, Renato Altikes, Fabio Yamashiro, Cassio Oliveira, Isaac Altikes, Marcia Altikes, Marjorie Golim, Maria Ines Pardini, Rejane Grotto,Mari Nilce Peres, Giovanni Faria Silva Faculdade de Medicina de Botucatu Introdução: O tratamento atual de pacientes genótipo 3 (Gt3) tem a duração de 24 semanas. Entretanto, pacientes com fibrose avançada (F3 e F4) apresentam taxas de recidiva elevadas, ainda não tem um consenso se estes pacientes deveriam ser tratados por 48 semanas. Objetivos: Avaliar as taxas de RVS e valores preditivos de RVR e RVP em pacientes Gt3 com F3/F4 tratados com PEGIFN e RBV. Metodologia: Estudo retrospectivo realizado no ambulatório de hepatites da FMB UNESP e ambulatório do Hospital Ipiranga SP. Critérios de inclusão: Gt 3, naíves, fibrose avançada (F3/F4), com intenção de tratamento por 48 semanas. Critério de exclusão: coinfecção VHB e/ou HIV, cirróticos child e”8. De 1069 pacientes de nosso banco de dados, incluímos 62 pacientes. Analise de eficácia foi feita em intenção de tratamento (ITT) e para avaliar fatores preditivos “per protocol”(PP). Resultados: Dos 62 pacientes incluídos; 41 homens (66%); 22/ F3 (35,5%); 40/ F4 (64,5%); idade 51,2 ±7,6 anos; IMC inicial de 27,5 e final de tratamento 24,8 ; glicemia 97,5±19,1. Dos 40 F4 a classificação de Child foi 5,3±0,64, MELD 8,4±3,09. AST 2,22±1,1 LSN; ALT 2,31±1,6 LSN; GGT 1,99±1,37; Plaquetas 134.800±56.000 (15.000-271.000); HOMA IR 3,77±3,3 (n=43); dose RBV inicial 15,1±2,1 e final 15,78±2,6 mg/kg/dia (n=56); 43 pacientes foram tratados com PEGIFN α2b (67%). A RVS total em ITT (45/62) foi 72,5%, categorizada por fibrose: F3 foi 82% (18/22) e para F4 foi 67,5% (27/40). A RVR (17/49) foi 34,8%, RVP (51/57) foi 89,5%. Categorizada por fibrose: RVR F3 (7/21) 33,3%, nos F4 (10/28) 35,7%; RVP F3 (18/22) 81,8%; RVP F4 (33/38) 86,8%. A análise de predição de resposta per protocol (n=60; tratamento suspenso por diagnóstico de CHC e outro com RVS, porém tratou por apenas 24 sem): O VPP de RVR para foi de 100% independente da fibrose. O VPP de RVP para RVS foi de 82,3%, categorizado por fibrose o VPP foi de 94,4% para F3 e de 75,7% para F4. O VPN da RVP foi de 100%. Conclusões: A RVS em pacientes Gt3 com fibrose avançada, tratados por 48 semanas foi elevada (72%), especialmente nos F3 (82%). O VPP da RVR foi de 100% e o de RVP foi de 82%, porém em F4 foi de 75%. TL 055 EXCESSO DE GORDURA CORPORAL E PERFIL DE CITOCINAS EM PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA C Kiara Gonçalves Dias Diniz, Mariana Izabela L. Fernandes, Daniel Gonçalves Dias Diniz, Naiara C. Souza, Tatiana Bering, Maria Isabel T. Davisson Correia, Rosangela Teixeira, Luciana Diniz Silva Departamento de Clínica Médica e Ambulatório de Hepatites Virais do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da UFMG Vários estudos têm demonstrado que o excesso de gordura corporal interfere na progressão da hepatopatia. No caso de infecção pelo vírus da hepatite C(VHC), as interrelações entre estado nutricional e evolução das lesões hepáticas não estão totalmente esclarecidas. Objetivos: (1)avaliar o estado nutricional; (2) avaliar fatores associados ao excesso de gordura corporal; (3) avaliar o perfil de citocinas, prospectivamente, em pacientes com hepatite crônica C (HCC) que aguardavam a terapia antiviral; pacientes foram pareados por sexo e idade à indivíduos assintomáticos (doadores de sangue, n=46). Pacientes e Métodos: Obesidade, dislipidemia e síndrome metabólica(SM) foram investigadas em todos os indivíduos. Características sociodemográficas, comorbidades clínicas, estilo de vida e composição corporal/antropometria também foram avaliados. Ainda, níveis séricos de interleucina (IL): IL-6, IL-10 e TNF-α foram analisados pela citometria de fluxo. Dados foram analisados pelo SPSS 17,0 e modelos de regressão linear foram criados. Influência do excesso de gordura corporal na função bioquímica e no grau de atividade necroinflamatória hepáticas foi avaliada pela correlação de Spearman. Resultados: Avaliou-se 77 pacientes com HCC (média de idade 55.32 Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 ± 12.57; sexo feminino, 64,9%; cirrose compensada, 5,2%; SM, 20,8%). Excesso de gordura corporal foi detectado em 57(74%) pacientes com HCC. Pelo índice de massa corporal(IMC), 63 pacientes (81,8%) tinham excesso de peso (IMC>25kg/m2); entre eles, 12(19%) eram obesos (IMC>30kg/m2). Sexo feminino (β=11,92; IC95%=6.13 - 17,70; p<0,001) e os níveis séricos de IL-10 (β=-1.84; IC95%=-3.41 - 0,27; p<0.02) foram associados ao excesso de gordura corporal. Foi verificada correlação entre níveis séricos de alanina aminotransferase e níveis séricos de IL-10 (r=0,47, p<0.008), idade (r=-0.33, p<0,03), SM (r=0,34, p<0,03) e consumo de álcool (r=0,33, p<0,03). Ainda, foi identificada correlação entre atividade necroinflamatória e excesso de gordura corporal (r=0,44, p<0.02). Conclusão: Sobrepeso/obesidade tem alta prevalência em pacientes com HCC. Em indivíduos infectados pelo VHC, a relação entre citocinas, sobrepeso/obesidade e distúrbios metabólicos tem sido o foco de diversas investigações. No cuidado de pacientes com HCC, o aconselhamento nutricional, a orientação sobre a redução do uso álcool e o planejamento de atividades físicas devem ser consideradas medidas preventivas e terapêuticas essenciais. PROEX, PRPq, CAPEs, CNPq 29 XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA TL 056 EXPERIÊNCIA INICIAL NO TRATAMENTO DA HEPATITE C COM TERAPIA TRIPLA Marilia Tavares Campos de Oliveira Gaboardi, Regina Gomes dos Santos, Sirleide Uchôa Pinheiro Grupo Hepato Introdução: A aprovação do boceprevir (BOC) e telaprevir (TVR) em 2011 inaugurou uma nova era no tratamento da hepatite C (VHC). Possuem ação direta contra o VHC e pertencem à classe dos inibidores da protease (IP) NS5a. Ambos são utilizados em associação com Alfapeginterferon (PEG) e Ribavirina (RBV), constituindo, assim, uma terapia tripla (PR+IP). Objetivos: O objetivo deste trabalho foi mostrar a experiência inicial de nosso grupo com esse tratamento. Material E Métodos: Analisamos os prontuários de pacientes que iniciaram a terapia tripla para o tratamento da hepatite C crônica a partir de Janeiro de 2012 a Julho de 2013 no grupo HEPATO. Resultados: Foram avaliados 31 pacientes, sendo 20 do sexo masculino (64,5%), com idade média de 50 anos (30 a 69). Todos apresentavam genótipo 1, sendo 19 (61,3%) 1B. Quanto ao número de tratamentos: 10 (32,3%) pacientes eram virgens, 15 (48,4%) o segundo , 5 (16,1%) o terceiro e 1 (3,2%) o quarto tratamento. Dos pacientes já experimentados, 12 (57,1%) eram não respondedores, 8 (38,1%) recidivantes e 1 (4,8%) pós transplante. Em relação à classificação Metavir, 17 eram F3/F4 (54,8%). Todos os pacientes virgens de tratamento realizaram a pesquisa de mutação IL28B, sendo 90 % não CC. Em relação ao IP, 24 (77,4%) utilizou BOC e 7 (22,6%) TVR. Quanto ao PEG: para 16 (52,6%) pacientes foi prescrito alfa 2 A e para 15 (48,4%) alfa 2 B. A média inicial de RBV foi de 1.192,5 mg/dia. A taxa de resposta virológica rápida (RVR) foi 7/10 (70%) nos pacientes virgens de tratamento, 5/ 7 (71%) nos recidivantes e 5/11 (45%) nos não respondedores (NR). Já a taxa de resposta virológica precoce (RVP) foi 7/9 (78%) nos virgens de tratamento, 5/5 (100%) nos recidivantes e 5/9 (55,5%) nos NR.14 pacientes terminaram o tratamento até a presente data. 9/ 14 (64%) com resposta ao final do tratamento (RFT), sendo 4/7(57%) pacientes F3/F4. Dentre os RFT 4/14 (29%) tiveram tratamento encurtado, guiado pela resposta. 5/14 (36%) dos pacientes interromperam o tratamento por ausência de RVP(3/14 – 21%) ou eventos adversos intoleráveis em 2 (14%). Conclusão: A terapia tripla baseada em inibidor de protease para hepatite C crônica no genótipo 1 aumenta pelo menos 50% as taxas de RVR, RVP e RFT. A incidência de eventos adversos capazes de interromper o tratamento ocorreu em apenas 14% dos casos, ou seja foi bastante tolerável. Além disso, há a possibilidade de redução de tempo de tratamento baseado na terapia guiada pela resposta em casos selecionados. TL 057 AVALIAÇÃO DE FIBROSE HEPÁTICA E ELASTICIDADE ESPLÊNICA POR ELASTOGRAFIA EM PACIENTES COM ESQUISTOSSOMOSE HEPATOESPLÊNICA Zulane da Silva Tavares Veiga, Homero Soares Fogaças, Cristiane Alves Villela Nogueira, Fátima Aparecida Ferreira Figueiredo, Renata de Mello Perez, Flávia F. Fernandes, João Luiz Pereira, Marta G. Cavalcanti, José Mauro Peralta, Carlos Eduardo Cruz Marques, Pedro Campos Franco, Paula Moskovics Jordão Hospital Universitário Clementino Fraga Filho/Hospital Federal de Bonsucesso Introdução: A forma hepatoesplênica da esquistossomose (EHE) caracteriza-se por fibrose periportal e hipertensão porta. A elastografia hepática transitória (EHT-Fibroscan®, EchoSens, França) tem sido utilizada para avaliar o grau de fibrose em diversas doenças hepáticas crônicas. Entretanto, não há, até o momento, relatos na literatura de estudos sobre o seu uso na avaliação da fibrose hepática e da elasticidade esplênica causada pela esquistossomose. Objetivo: Avaliar os achados da elastografia hepática e esplênica em pacientes com EHE. Material e Métodos: Estudo descritivo bicêntrico transversal com inclusão prospectiva de 20 pacientes portadores de EHE em acompanhamento ambulatorial. Todos os pacientes tinham diagnóstico de esquistossomose mansônica confirmados por métodos sorológicos ou coproscópicos e a forma hepatoesplênica confirmada por varizes esofagogástricas na endoscopia digestiva alta e/ou esplenomegalia na ultrassonografia de abdome. Na EHT os valores encontrados podem variar de 0 a 75, expressos em quilopascais (kPa), e quanto menor a elasticidade do tecido maior será o valor encontrado. Todos os pacientes foram submetidos à EHT com medidas do fígado e do baço. Foram realizadas dez medidas válidas em cada exame, com taxa de sucesso mínima de 60% e IQR de 30%. Para fins de contextualização, foram considerados como parâmetros de fibrose hepática os pontos de corte utilizados na Hepatite C. Até o momento, não há valores estabelecidos em relação a elastografia do baço. Resultados: A maioria (60%) dos pacientes era do sexo feminino e a média de idade de 52,7 anos (DP± 13,7). O valor da EHT variou de 4,4 a 71 kPa. Dez pacientes (50%) apresentaram valores menores que 9,5 kPa o que é compatível com fibrose leve a moderada. Os outros dez pacientes apresentaram valores acima de 9,5, o que corresponde a fibrose avançada. A mediana do valor da elastografia do baço foi de 71 Kpa variando de 33 a 75. Os resultados não se correlacionaram a achados clínicos, laboratoriais, endoscópicos e ultrassonográficos. Conclusão: Nesta amostra, encontramos resultados dispersos não permitindo correlação com o espectro de manifestações clínicas da EHE. Com a continuidade do estudo, esperamos poder correlacionar os achados da elastografia do fígado e do baço com achados clínicos, laboratoriais e ultrassonográficos. TL 058 SÍNDROME DE RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÊMICA (SIRS) EM PACIENTES CIRRÓTICOS COM E SEM INFECÇÕES: PREVALÊNCIA, CORRELAÇÃO COM FUNÇÃO HEPÁTICA, CIRCULATÓRIA E PROGNÓSTICO Gustavo Henrique Pereira, Vanessa Zenatti, Camila Alcântara, Tatiana Valdeollivas, Zulane Veiga, Gabriela Nielsen, Flávia Appel, Daniela Martins, Flávia Fernandes, João Luiz Pereira Hospital Federal de Bonsucesso - Ministério da Saúde - Rio de Janeiro (RJ) Introdução: SIRS tem sido relacionada a maior incidência de complicações e mortalidade na cirrose. Ainda que comumente associada a infecções, não é infrequente o seu achado em pacientes internados por outras complicações da doença. São desconhecidas 30 as diferenças clínico-laboratoriais e de prognóstico entre pacientes que desenvolvem SIRS em associação a infecções bacterianas ou na ausência destas. Objetivo: avaliar as diferenças nos critérios diagnósticos, complicações, parâmetros de função hepática e Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TRABALHOS CIENTÍFICOS hemodinâmica e sobrevida entre pacientes cirróticos de acordo com a presença ou não de infecções bacterianas ao momento do diagnóstico de SIRS. Material e métodos: estudo prospectivo com inclusão consecutiva de 132 cirróticos internados. Os pacientes foram classificados como tendo SIRS associado a infecções (Sepse)(n=35), SIRS na ausência de infecções(n=21), infecção sem SIRS (n=33) e 43 pacientes não apresentaram SIRS ou infecções (controles). Foi avaliada a prevalência de complicações e sobrevida. Resultados: Nos pacientes com sepse e SIRS sem infecção, presença de 2 dos 4 critérios de SIRS foi observada em 75 e 90% dos casos respectivamente. Em ambos os grupos, alterações de leucócitos e frequência cardíaca foram os critérios observados em maior e menos número de pacientes. À admissão, a prevalência de ascite, encefalopatia hepática e hiponatremia foi maior nos pacientes com sepse (80, 54 e 29%) e infecções sem SIRS (85, 52 e 44%) que no grupo com SIRS (62, 24 e 15%) e controles (63, 37 e 15%), p<0,05. Pacientes com sepse exibiam resposta inflamatória mais acentuada, com valores de leucócitos e ptn C superiores aos demais grupos. Pacientes com infecções sem SIRS apresentavam pior função circulatória e hepática, evidenciada por valores mais baixos de PAM, Sódio, Albumina e TAP. Entre os pacientes com sepse e SIRS sem infecção não houve diferença significativa entre estes parâmetros. A sobrevida a 3 meses nos pacientes com Sepse, infecções sem SIRS, SIRS sem infecções e no grupo controle foi de 51, 46, 67 e 74% (p=0,02). Conclusões: SIRS é frequente em cirróticos hospitalizados e ocorre na ausência de infecções em cerca de 40% dos casos. Pacientes com sepse apresentam maior incidência de complicações e resposta inflamatória mais intensa que aqueles com SIRS sem infecções. O prognóstico dos pacientes com SIRS depende fundamentalmente da presença de infecções, sendo significativamente mais baixa a incidência de complicações e mortalidade na sua ausência. Não houve diferença na distribuição dos parâmetros de SIRS entre os grupos. TL 059 EFEITOS DO EMPREGO DE ANTIVIRAIS SOBRE A FUNÇÃO RENAL DE TRANSPLANTADOS RENAIS COM HEPATITE B CRÔNICA Christini Takemi Emori, Lívia Trindade, Silvia N O Uehara, Juliana Bilar, Mirella M Monteiro, Ivonete S Silva, Ana Cristina A Feldner, Roberto J Carvalho-Filho, Antonio E Silva, Maria Lucia Ferraz Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo Introdução: A hepatite B Crônica é uma causa importante de morbidade e mortalidade em pacientes transplantados renais. Devido ao risco de reativação após o transplante renal (TxR), o uso sistemático de análogos de nucleosídeos ou nucleotídeos é recomendado antes do TxR. Em pacientes que não utilizaram a profilaxia, reativações podem ocorrer e devem ser tratadas precocemente. Existe pouca experiência na literatura com o emprego de drogas mais recentes (Entecavir - ETV e Tenofovir -TDF) nessa população especial de pacientes. Objetivos: Avaliar a eficácia e segurança de ETV e TDF em pacientes transplantados renais HBsAg positivos. Material e Métodos: Foram estudados 32 pacientes transplantados renais com hepatite B crônica, nos quais foram avaliadas a resposta bioquímica, virológica e a evolução da função renal no pré, 6 meses e 12 meses após o início do tratamento antiviral com Lamivudina (LAM) (n=15), TDF (n=7) e ETV (n=10). Foram avaliados a alanina aminotransferase índice (ALTi), HBV DNA e o clearance de creatinina (ClCr), calculado pela fórmula Cockroft-Gaut e os 3 grupos foram comparados pela análise de variância (ANOVA) e testes POST HOC. Resultados: Os resultados podem ser observados na Tabela 1. Não houve diferença estatística entre os grupos pelo teste POST HOC da ALTi, carga viral e ClCr. Conclusão: A redução da carga viral em 12 meses demonstrou ser lenta e que tanto o TDF quanto o ETV são seguros quanto à função renal, quando comparados a LAM, porém um seguimento de tempo prolongado ainda é necessário. TL 060 VARIABILIDADE INTEROBSERVADOR DA ELASTOGRAFIA HEPÁTICA TRANSITÓRIA: UM FATOR A SER CONSIDERADO Hugo Perazzo, Flavia Fernandes, Amanda Gomes, Carlos Terra, Renata Perez, Fátima Figueiredo Hospital Universitário Pedro Ernesto Introdução: A elastografia hepática transitória (EHT), baseada na medida da elasticidade hepática pelo Fibroscan® (Echosens, Paris,França) é uma alternativa não-invasiva para avaliação da fibrose hepática em pacientes com hepatite C crônica (HCC). No entanto, a variabilidade interobservador, inicialmente considerada pouco significativa, vem apresentando resultados controversos. Objetivo: Avaliar a variabilidade interobservador da EHT em pacientes com HCC. Material e métodos: Estudo transversal que analisou 195 pares de exames de EHT em pacientes com HCC. Todos os pacientes foram submetidos à EHT, realizada por dois operadores considerados experientes (>500 exames) no mesmo dia. Cada examinador desconhecia o resultado do exame realizado pelo operador precedente. A concordância entre os examinadores foi comparada. Os pontos de corte utilizados para definir os estágios de METAVIR foram: <7,1para F0F1; 7,1 a 9,4 para F2; 9,5 a 12,4para F3 e > 12,4 kPa para F4. A concordância para indicação de pesquisa de varizes esofagianas Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 (VE), baseada em pontos de corte da EHT previamente publicados, também foi comparada entre os examinadores. Resultados: As medidas da EHT de ambos examinadores apresentaram excelente correlação (Spearman`s rho = 0,924, p<0,001). No entanto, a mediana da EHT do primeiro operador foi significativamente maior comparada ao segundo (11,5 vs 9,8; p<0,001). A discordância entre os examinadores em ao menos um estágio de fibrose foi de 35,2% e de 3% para dois ou mais estágios. O índice Kappa foi de 0,61 para fibrose ≥ F2 e 0,80 para cirrose. Nos 74 pacientes classificados como cirróticos, por pelo menos um dos examinadores, a discordância na indicação de pesquisa de VE foi considerável. O índice Kappa para este objetivo foi modesto (entre 0,13 a 0,61, dependendo do ponto de corte usado como referência). Conclusão: Apesar de apresentar excelente correlação entre os examinadores, a variabilidade interobservador da EHT não pode ser negligenciada. Os resultados da EHT não devem ser utilizados isoladamente como indicadores de pesquisa de varizes esofagianas. 31 XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA TL 061 ELASTOMETRIA POR MÉTODO ARFI NA HEPATITE C CRÔNICA Roberto Gomes da Silva Junior, Joel Schmillevitch, Perla Oliveira Schulz, Andrea Vieira, Luiz Arnaldo Szutan Santa Casa de Misericórdia de São Paulo; Centro de Diagnósticos Schmillevitch Introdução: Na hepatite C crônica, a biópsia é padrão-ouro para avaliação de fibrose e cirrose. Entretanto é um exame invasivo que pode apresentar complicações. Recentemente, a elastometria hepática por ARFI foi reportada como um método alternativo para esta graduação. Objetivo: comparar vários métodos não-invasivos para avaliação da fibrose na hepatite C crônica, incluindo a elastometria por ARFI e os índices APRI, Forns, FIB-4 e King em relação à biópsia hepática. Material e Métodos: estudo prospectivo com 51 pacientes atendidos de forma consecutiva e virgens de tratamento. Testes bioquímicos necessários para calcular os índices (de acordo com as fórmulas clássicas) foram realizados na mesma semana da biópsia hepática. Todos os pacientes foram submetidos à elastometria por método ARFI em até seis meses da biópsia. Foi utilizado o equipamento Acuson S2000 (Siemens Medical Systems). Todos os exames foram assistidos por um único especialista que não conhecia os parâmetros clínicos e laboratoriais dos pacientes assim como os resultados da análise histológica. Os fragmentos de tecido hepático foram revisados de acordo com a classificação METAVIR por um único especialista “cego” para os demais parâmetros. Pontos de corte foram determinados pelo cálculo da área sob a curva ROC (AUC ROC). Resultados: A extensão média dos fragmentos obtidos pela biópsia hepática foi de 20,6 mm (15 – 28 mm), o número médio de espaços-portas foi de 10,1 (8 – 14). Segundo classificação METAVIR, 8 (15,7%) pacientes não possuíam fibrose (F0), 15 (29,4%) pacientes possuíam fibrose grau F1, 10 (19,7%) pacientes F2, 9 (17,6%) pacientes F3 e 9 (17,6%) pacientes possuíam cirrose (F4). O melhor teste para predizer fibrose significativa (F ≥2 METAVIR) foi a elastometria por ARFI com AUC ROC de 0,90, seguido pelo escore FIB-4 (AUC ROC 0,86), King (AUC ROC 0,85), Forns (AUC ROC 0,84) e APRI (AUC ROC 0,82). Com o ponto de corte 1,31 m/s, ARFI obteve sensibilidade (Se) de 89,3% e especificidade (Es) de 87%. O melhor teste para predizer cirrose foi a elastometria por ARFI com AUC ROC de 0,98, seguido pelo escore FIB-4 (AUC ROC 0,94), King (AUC ROC 0,90), APRI (AUC ROC 0,82) e Forns (AUC ROC 0,81). Com o ponto de corte de 1,95 m/s, ARFI obteve 100% de Se e 95,2% de Es. Conclusão: A elastometria hepática por método ARFI apresentou ótimo desempenho no diagnóstico de fibrose significativa e cirrose em pacientes com hepatite C crônica, com acurácia superior aos índices APRI, Forns, FIB-4 e King. TL 062 AUMENTO DA FREQUENCIA DE BACTERIAS MULTIRRESISTENTES NAS INFECÇÕES DOS CIRRÓTICOS Wanda Regina Caly, Glaucia Carpi, Maria de Fátima Gomes de Sá Ribeiro, Edna Strauss Hospital Heliópolis Introdução: Infecções bacterianas são complicações frequentes que surgem nos cirróticos mais avançados e o uso indiscriminado de antibióticos pode provocar surgimento de bactérias multirresistentes, sinalizando pior prognóstico. Objetivos: Em pacientes hospitalizados, avaliar comparativamente ao longo do tempo os microrganismos isolados durante os episódios infecciosos, focando a prevalência de bactérias multirresistentes (MR). Material e Métodos: Estudo retrospectivo de 335 casos consecutivos de pacientes cirróticos internados com infecção comunitária ou que desenvolveram infecção hospitalar de 2002 a 2007 (período I) e de 2008 a 2011 (período II). Para o diagnóstico das infecções, além de hemoculturas, cultura de urina e coleta de líquido ascítico em frasco de hemocultura, foram avaliados dados clínicolaboratoriais e radiológicos. Além do isolamento bacteriano com o perfil de sensibilidade para os antibióticos testados, foram definidas as bactérias MR. O teste exato de Fisher foi usado na comparação dos resultados dos dois períodos de tempo avaliados. Resultados: Infecções comunitárias foram as mais frequentes (75%). A mediana de idade dos pacientes foi de 64anos (20-82), sendo 70% do sexo masculino. A etiologia mais frequente foi o etilismo crônico (51%), seguido de hepatite pelo vírus C (VHC) associada ao etilismo em 12,83%, VHC em 11,64%, e outras. Dentre as infecções bacterianas a peritonite bacteriana espontânea (PBE) foi a mais frequente (29,55%), seguida de infecção urinária e pneumonia com o mesmo porcentual (13,43%) e outras associações (26,58%). Pela classificação de Child-Pugh: 57% na classe C, 38% na classe B e 5% na classe A. No período A, em 49/ 195 casos (25,1%) foram isolados os microrganismos responsáveis pela infecção; enquanto no período B foram 56/140 isolamentos (40%) (p=0.0378). Bactérias MR foram isoladas em ambos os períodos, porém enquanto no período A houve 2 casos (4,1%) no período B houve 10 casos de bactérias multirresistentes (17,8%) (p=0,0351). Tanto no período A como no período B as bactérias mais frequentemente isoladas foram: Escherichia coli, Enterococcus faecalis e Staphylococcus aureus. Os antibiogramas mostraram que Estreptococos foram as bactérias MR no período A enquanto os Staphylococcus aureus, seguidos da Klebsiella pneumoniae foram as bactérias MR mais frequentes no período B. Conclusões: Em nosso meio, também constatamos um aumento significativo de bactérias MR em pacientes hospitalizados nos últimos anos. TL 063 EXPERIÊNCIA NO TRATAMENTO DE HEPATOCARCINOMA COM SORAFENIBE EM TRÊS HOSPITAIS BRASILEIROS Mariana Sousa Sala, Rogério Alves, Paula Lacerda, Denise Hebara, Roberta Cambraia, Marina Franco, Jânia Cunha, Paula Poletti Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo - IAMSPE Introdução: O hepatocarcinoma (HCC) é um tumor de difícil tratamento. O sorafenibe é estabelecido como tratamento para pacientes com doença hepática compensada (Child-Pugh A), mas existem poucos estudos em pacientes com CH avançada. Objetivo: Avaliar as características e os resultados preliminares de pacientes com HCC (de acordo com a classificação de Barcelona) acompanhados prospectivamente em três hospitais brasileiros. Métodos: A partir de maio de 32 2008, 152 pacientes iniciaram sorafenibe em doses de 800 mg/dia. 138 pacientes foram tratados por mais de um mês quando foram recrutados para análise de dados, quanto ao sexo, idade, associação com diabetes, etiologia da CH, intervalos de tratamento, redução de dose, eventos adversos, taxas de resposta, classificação de Child-Pugh, sobrevida global e sobrevida de acordo com Child-Pugh e BCLC. Resultados: A idade média dos152 pacientes (104 homens e 48 mulheres) foi de Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TRABALHOS CIENTÍFICOS 63,78 anos. Quanto à etiologia da CH: 46% hepatite C, 13% NASH, 10,71% criptogênica e 6,15% hepatite B. 45,7% dos pacientes eram Child-Pugh A, 42,4 % Child-Pugh B e 8,7% Child-Pugh C. 34% dos pacientes eram diabéticos. O intervalo médio de tratamento com sorafenibe foi de 335 dias, a taxa de resposta global atingiu 66% (37,5% permaneceram com doença estável e 25% apresentaram resposta parcial com redução do tumor pelos critérios de RECIST). Os eventos adversos foram relatados por 58,47% dos pacientes e 42,7% precisaram de modificações na dose. Os eventos adversos relatados foram: diarréia em 48,5%, náuseas e vômitos em 31,4%, dor abdominal em 45,7%, síndrome mão-pé em 25,7%, hipertensão arterial em 8,5% e sangramento em 8,5%. A incidência de eventos adversos não diferiu quanto à classificação de Child-Pugh. O tempo médio de sobrevida foi de 13,5 meses.A sobrevida no primeiro e no segundo ano foi de 75% e 68% nos pacientes Child A e 40 e 10% em pacientes Child B (p=0,002), respectivamente para o BCLC B foi de 13,5 e 14 meses. Conclusão: Os resultados mostram segurança no uso do sorafenibe em pacientes com HCC e CH avançada. Neste estudo, 50% dos pacientes eram Child B/C. O Sorafenibe foi bem tolerado em todos os subgrupos, com resposta similar e intervalos de tratamento semelhantes ao estudo Sharp, apesar de CH avançada. As taxas de sobrevida foram estatisticamente maiores em pacientes Child A quando comparados aos pacientes Child B. TL 064 ACUTE ON CHRONIC LIVER FAILURE E DISFUNÇÃO ORGÂNICA EM CIRRÓTICOS HOSPITALIZADOS: PREVALÊNCIA, FATORES DE RISCO E CORRELAÇÃO COM SOBREVIDA. ESTUDO PROSPECTIVO Gustavo Henrique Pereira, Vanessa Zenatti, Camila Alcântara, Zulane Veiga, Tatiana Valdeollivas, Daniela Martins, Flávia Fernandes, João Luiz Pereira Hospital Federal de Bonsucesso - Ministério da Saúde - Rio de Janeiro (RJ) Introdução: Acute on chronic liver failure (ACLF) é uma síndrome caracterizada por piora aguda da função hepática em cirróticos, relacionada ou não a um fator desencadeante e associada à alta mortalidade. Recentemente o escore CLIF-SOFA, baseado na falência de órgãos, foi proposto como critério diagnóstico para ACLF. Originalmente desenvolvido para pacientes em CTI, este escore não foi validado em outras populações. Objetivo: avaliar a frequência de ACLF segundo o critério CLIF-SOFA, fatores desencadeantes e correlação com prognóstico. Material e métodos: estudo prospectivo com inclusão de 145 pacientes consecutivos admitidos em enfermaria ao longo de 16 meses. Foram avaliadas presença de ACLF e fatores desencadeantes, tipo falências orgânicas e sobrevida a 28 dias. Pacientes sem ACLF, mas com disfunção renal (creatinina 1,2-1,9mg/dL) ou cerebral (encefalopatia hepática(EH) grau I-II) foram classificados à parte (Disfunção orgânica-DO). Resultados: O grupo com média de idade 57±14 anos (51% sexo masculino) e cirrose por hepatite C e/ou álcool em 62% dos casos. As principais complicações à admissão foram ascite (72%) e EH (40%), e 23% apresentavam hiponatremia. ACLF foi observado em 43 pacientes. A prevalência de hepatopatia alcoólica e infecções foi maior no grupo ACLF (54vs19% e 72vs39% p<0,05), assim como de exacerbações da doença de base (14vs5% p=0,06). Em apenas 9 pacientes não foi identificado fator precipitante. Nos pacientes com ACLF, falência renal, hepática e de coagulação foram as mais frequentes (76,17e15%). Dentre os pacientes sem ACLF, 29 desenvolveram DO (cerebral em 21 casos). A mortalidade global foi de 24%. A mortalidade dos pacientes com falência hepática (70%), renal (41%) e disfunção cerebral (45%) foi superior a dos pacientes sem estas condições (23,22e14% respectivamente, p<0,05). A sobrevida nos pacientes com ACLF, DO e daqueles sem ACLF foi de 56, 69 e 88% (p<0,001). À analise multivariada, presença de ACLF ou OD (RR 3,0 IC95% 1,1-7,4) e o sódio sérico (RR0,93 IC95%0,87-0,99) foram preditores independentes de sobrevida. Conclusões: ACLF é uma complicação frequente em cirróticos hospitalizados e habitualmente associada a fatores desencadeantes, dos quais infecções são os mais prevalentes. Seu desenvolvimento se correlaciona a elevada mortalidade a curto prazo. Em pacientes sem ACLF, a presença de disfunção cerebral ou renal é comum e identifica um subgrupo com pior prognóstico a curto prazo. TL 065 AVALIAÇÃO DA PROGRESSÃO DA FIBROSE HEPÁTICA EM PACIENTES COM HEPATITE CRÔNCIA C ATRAVÉS DA ELASTOGRAFIA HEPÁTICA Ana Carolina Cardoso, Flavia Murillo Moura, Felipe Zanetti Comerio, Nathalie Carvalho Leite, Jorge Andre Segadas Soares, Henrique Sergio Moraes Coelho, Renata M. Perez, Cristiane A. Villela-Nogueira Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - UFRJ Introdução: A progressão da fibrose hepática na hepatite crônica C (HC) deve ser reavaliada periodicamente para avaliação prognóstica e para indicação de tratamento. Até o surgimento de técnicas não invasivas esta avaliação era realizada através da biópsia hepática (BH). A elastografia hepática é um método não invasivo com boa acurácia na predição de fibrose. Objetivo: Descrever a evolução da fibrose hepática em portadores de HC avaliados inicialmente por BH e sequencialmente pela elastografia hepática. Pacientes e Métodos: Estudo longitudinal em uma coorte de pacientes com HC previamente submetidos à BH foram reavaliados através da elastografia hepática no período de fev 2012 a jul 2013. Foi avaliada a evolução da fibrose e realizada análise comparativa dos fatores demográficos e clínicos no grupo que apresentou progressão da fibrose e o grupo cujo estágio de fibrose permaneceu inalterado. As BH foram classificadas segundo o Score de METAVIR. Os pontos de corte para os diferentes graus de fibrose à elastografia de acordo com Castera e cols. Foram realizados Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 os testes de qui-quadrado, t-Student e Man-Whitney para análise estatística.Valores de p<0,05 foram considerados significantes. Resultados: Foram incluidos 254 pacientes (55 ± 10 anos; 58% feminino; 86% genótipo 1; 20% diabéticos, 41% hipertensos; 49% virgens de tratamento). Entre esses, a distribuição da fibrose hepática (METAVIR) foi a seguinte: 54% F1, 27% F2, 12% F3, 4% F4 e 3% F0. A média do tempo para reavaliação da fibrose pela elastografia foi de 30 meses. Em relação à progressão da fibrose, 39% dos pacientes progrediram a fibrose hepática em pelo menos um ponto, 31% não progrediram e em 30% foi observada a redução do valor da elastografia hepática. Os únicos fatores associados à progressão da fibrose foram o estágio da fibrose à época da realização da BH (F1vs F3) e o tempo entre a realização da BH e a elastografia em meses (17 ± 34 meses vs 54 ± 46meses). Conclusão: Pacientes com estágios mais avançados de fibrose tem maior progressão da mesma. Esta progressão é pequena em intervalo inferior a dois anos. 33 XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA TL 066 IMPORTÂNCIA DO SEQUENCIAMENTO DO GENE ATP7B NO DIAGNÓSTICO DEFINITIVO DE DOENÇA DE WILSON Thiago Ferreira de Araújo, Maria Cristina Nakhle, Fabiana Cordeiro de Araújo, Michele Soares Gomes Gouvêa, Flair José Carrilho, Eduardo Luiz Rachid Cançado Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, Disciplina de Gastroenterologia Clínica do Departamento de Gastroenterologia Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: Doença de Wilson (DW) é doença autossômica recessiva caracterizada por alterações na excreção biliar de cobre, secundária a mutações no gene ATP7B. O diagnóstico é, por vezes, difícil devido a pacientes apresentarem somente manifestações hepáticas, sem anel de Kayser-Fleisher, com níveis de ceruloplasmina menos reduzidos ou a apresentações fulminantes. Por vezes o diagnóstico poderia ser mais precoce especialmente em familiares de portadores com diagnóstico já estabelecido. Objetivos: Pesquisar mutações do gene ATP7B em casos suspeitos de DW (rastreamento familiar, doenças hepáticas criptogênicas e pacientes com insuficiência hepática aguda/crônica grave). Métodos: 41 pacientes (9 insuficiência hepática aguda grave/crônica, 17 rastreamento familiar e 15 doenças hepáticas criptogênicas) foram incluídos no estudo. As amostras de DNA foram submetidas ao sequenciamento direto dos 21 exons do gene ATP7B e suas bordas intrônicas. Resultados: Na insuficiência hepática: seis pacientes (66,6%) tinham pelo menos uma mutação no gene ATP7B (2 homozigotos, 2 heterozigotos compostos e 2 heterozigotos simples), apenas dois tinham exame histológico compatível com DW. No rastreamento familiar: dezessete pacientes apresentaram, ao menos, uma mutação (9 homozigotos, 5 heterozigotos compostos e 3 heterozigotos simples), 2 heterozigotos compostos e um heterozigoto simples tinham consanguinidade dos pais. Em uma mesma família foram identificados pacientes em heterozigose composta e homozigose recessiva. Nas doenças hepáticas criptogênicas: nos 15 pacientes sem diagnóstico definitivo, nenhum tinha anel de KF ou manifestações neuropsiquiátricas, sete tinham níveis ceruloplasmina maior que 10 mg/dL. Em oito doentes foram detectados mutações (3 homozigotos e 5 heterozigotos compostos), em 7 pacientes não foram detectadas mutações excluindo definitivamente o diagnóstico de DW. As mutações mais frequentes foram p.A1135Qfs e p.L708P. Conclusões: O sequenciamento do gene ATP7B foi importante para o diagnóstico definitivo da DW 1) no rastreamento familiar evitando-se biópsias hepáticas e realizando diagnóstico precoce; 2) na insuficiência hepática, quando o diagnostico foi estabelecido, embora tardiamente, mas importante para rastreamento de familiares; 3) em portadores de hepatopatia criptogênica. Só pelo sequenciamento do gene ATP7B, poderiam ser encontrados perfis distintos de mutações em pacientes da mesma família (heterozigotos compostos e homozigotos recessivos). TL 067 MPACTO DOS POLIMORFISMOS DO GENE DA ITPA SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE ANEMIA INDUZIDA PELA RIBAVIRINA NA TERAPIA ANTIVIRAL DA HEPATITE C Delvaux, N, Costa VD; Costa MM; de Almeida AJ; Brandão-Mello CE; Villar LM; Villela-Nogueira CA; Coelho HSM; Pollo-Flores P; Esberard EBC; Guaraná T; Lewis-Ximenez LL; Lampe E Laboratório de Referência Nacional de Hepatites Virais (LAHEP) /Instituto Oswaldo Cruz/IOC; Setor de Hematologia da Clínica Médica B (CMB) do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG); Serviço de Hepatologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Serviço de Gastroenterologia do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) da Universidade Federal Fluminense (UFF) O tratamento de pacientes com hepatite C crônica ainda é um grande desafio, tanto em termos de eficácia clínica quanto em custoefetividade. A anemia é o principal efeito adverso hematológico do tratamento com PEG-IFNα/RBV, podendo resultar na redução de sua dose e mesmo interrupção do tratamento. A anemia é também um importante efeito colateral com o uso de inibidores de protease. Pesquisas internacionais identificaram polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) no gene da inosina trifosfato pirofosfatase (ITPA) relacionados à proteção contra a anemia hemolítica induzida pela RBV. No gene da ITPA, os SNPs mais relacionados ao desenvolvimento de anemia são os que possuem o genótipo CC no rs1127354 e o AA no rs7270101. O objetivo foi avaliar a associação dos SNPs do gene ITPA com a redução dos níveis de hemoglobina (Hg) durante o tratamento antiviral com PEG-IFN?/RBV (genótipos 1/4) ou IFNα/RBV (genótipos 2/3). Além desses, também foram avaliados a associação dos SNPs rs8099917 e rs12979860 do gene IL28B com a resposta virológica sustentada (RVS). A técnica utilizada foi o sequenciamento nucleotídico direto, após extração de DNA do sangue total. Noventa pacientes, 61,4% do sexo feminino; média de idade 56,7±9,7 (28-73) anos, foram analisados. Para o gene ITPA, a distribuição do rs1127354 foi: CC 87/90 (96,7%); AC 3/90 (3,3%) e do rs7270101 foi de: AA 74/ 34 90 (82,2%); AC 15/90 (16,7%); CC 1/90 (1,1%). No gene IL28B, o SNP rs12979860 revelou a seguinte distribuição: CC 26/89 (29,2%); CT 46/89 (51,7%); TT 17/89 (19,1%); e o rs8099917: GG 6/90 (6,7%); TG 27/90 (30%); TT 57/90 (63,3%). Dentre os que já concluíram o tratamento (61/90), o genótipo CC no rs12979860 da IL28B foi identificado em 56% dos pacientes com RVS, já nos que apresentaram os genótipos CT ou TT, a RVS foi obtida em 43%. Para o SNP rs8099917, o genótipo TT foi observado em 47% dos que apresentaram RVS, enquanto que os genótipos GG ou GT foram observados em 44% daqueles com RVS. O valor médio da Hg pré-tratamento foi de 14,0±1,7g/dL, observando-se redução progressiva nas semanas 4 (12,3±1,7), 8 (11,1±1,40) e 12 (10,6±1,5) após início do tratamento antiviral. A prevalência de anemia na semana 12 foi de 83,6% (51/61), dos quais 70% (43/61) apresentaram genótipo AA no rs7270101 e 100% genótipo CC no rs1127354 do gene da ITPA. Estes resultados demonstram que o genótipo CC de rs12979860 da IL28B está associado à RVS e que o genótipo AA de rs7270101 do gene ITPA está associado com a redução dos níveis de Hg durante o tratamento antiviral. Financial support: FAPERJ, CNPq, Plataforma PDTIS/FIOCRUZ (RPT01A). Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TRABALHOS CIENTÍFICOS TL 068 UTILIZAÇÃO DO STRAIN BIDIMENSIONAL NA DETECÇÃO DA DISFUNÇÃO CARDÍACA SUBCLÍNICA EM PACIENTES CIRRÓTICOS PELA ECOCARDIOGRAFIA Angelo Antunes Salgado, Camila Aparecida de Souza Segrégio Reis; Bernado Rangel Tura; Fátima Aparecida Ferreira Figueiredo; Renata de Melo Perez; Carlos Terra Universidade do Estado do Rio de Janeiro Introdução: Embora a cardiomiopatia da cirrose seja condição de crescente interesse,sua avaliaçãotem se baseado em parâmetros ecocardiográficos restritos.A avaliação da função sistólica e diastólica por meio do strain bidimensional, que avalia a contratilidade longitudinal, radial e circunferencial, bem como a torção do ventrículo esquerdo (VE), pode trazer informações diagnósticas e prognósticas ainda não relatadas na literatura. Objetivos: determinar o papel do ecocardiograma na avaliação da deformidade miocárdica pelo strain bidimensional na detecção subclínica da disfunção ventricular dos pacientes cirróticos. Material e Métodos: Foram selecionados 79 pacientes com cirrose (grupo A) em seus diferentes estágios evolutivos (ChildA:30;Child B:31 e Child C:18) e comparados a 46 indivíduos do grupo controle (grupo B), pareados por sexo e idade. Resultados: Em relação aos parâmetros sistólicos clássicos, não houve alterações do débito cardíaco (A:8.7l/min;B:7.8l/min;p:0.7), índice cardíaco (A:5.01l/min/m2;B:4.44l/min/m 2;p:0.65), onda s septal pelo Doppler tissular (A:8.06cm/s;B:8.06cm/s;p:0.99) e fração de ejeção por Simpson (A:63.48%;B:63.91%;p:0.82) entre os grupos. Em relação aos parâmetros diastólicos clássicos, não houve alteração da relação E/A(A:1.16;B:1.19; p:0.72), e do M- color Doppler (A:75.09cm/s;B:73.75cm/s;p:0.85), havendo diferença entre a relação E/E´ da parede lateral (A:9.47;B:7.86;p:0.009), tempo de desaceleração da onda E (TDE)(A:238.92ms;B:191.30ms; p:0.005), volume atrial esquerdo indexado(A:31.67ml/m2;B:24.72ml/m2;p:0.005) e volume diastólico do VE indexado(A:47.38ml/m2;B:40.4ml/m2;p:0.004). Em relação à análise da deformação do VE, não houve diferença entre o strain longitudinal global (A:-20.50%B:-20.38%;p:0.83), strain circunferencial global(A:-19.72;B:-18.99%;p:0.32), strain rate (A:-1.20;B:1.15;p:0.10) e strain longitudinal global do VD(A:-20.74%; B:20.82%;p:0.94), com diferença significativa entre o strain radial (A:52%;B:44.93%;p:0.03) e o twist (A:10.43°;B:13.01°;p:0.008) e torção do VE (A:1.39°/cm;B:1.82°/cm;p:0.008). Conclusão: Pacientes com cirrose apresentam acentuada piora na contratilidade radial, bem como da torção/twist do VE quando comparados a indivíduos controles. Esse achado sugere que exista disfunção sistólica subclínica nesses pacientes e que o strain bidimensional tem importante papel na sua detecção. Estudos longitudinais que avaliem o significado prognóstico desses achados devem ser estimulados TL 069 CORRELAÇÃO ENTRE NÍVEL SÉRICO DE VITAMINA D, FIBROSE HEPÁTICA E RVS AO TRATAMENTO COM PEGINTERFERON E RIBAVIRINA EM HEPATITE C CRÔNICA Patricia Souza de Almeida, Lívia Zardo Trindade, Ana Leatrice de Oliveira Sampaio, Vívian Mota Guimarães, João Luiz Rodrigues de Farias, Lívia Dantas Teles, Roberto José de Carvalho Filho, Edison Roberto Parise Setor de Hepatologia da Escola Paulista de Medicina - UNIFESP Introdução: A deficiência de 25(OH)D tem sido identificada em portadores do vírus da hepatite C (HCV), particularmente em pacientes com doença avançada. Ainda é controverso se a deficiência de 25(OH)D estaria relacionada a menor chance de resposta virológica sustentada (RVS) após terapia antiviral com interferon peguilado (PEG) e ribavirina (RBV). Objetivo: Avaliar a prevalência e o impacto da deficiência de 25(OH)D em portadores do HCV tratados com PEG+RBV. Métodos: Foram analisados dados coletados de prontuários padronizados provenientes de 299 portadores de HCV genótipo 1 tratados com PEG+RBV entre 2001 e 2010, considerados elegíveis. O nível sérico de 25(OH)D foi categorizado em níveis <10 (insuficiência), entre 10 e 30 (deficiência) e >30 (suficiência). Resultados: Dos 201 indivíduos incluídos, 53% eram homens, 70% caucasoides, 53% com sobrepeso/ obesidade, com média de idade de 46,5 anos. Subtipo 1b foi identificado em 48% e 57% possuíam carga viral >800.00 UI/mL. Fibrose avançada (F3/F4) foi encontrada em 29%, enquanto que 40% dos pacientes apresentavam grau de atividade inflamatória APP3 ou APP4. Níveis insuficientes e deficientes de 25(OH)D foram observados em 28% e 41%, respectivamente. RVS foi observada em 47%, sem influência dos níveis de 25(OH)D. A deficiência de 25(OH)D não esteve relacionada nem ao grau de fibrose nem à atividade inflamatória. Apenas a albumina, o gênero e a idade apresentaram correlação com o nível sérico de 25(OH)D, fibrose hepática e RVS. Conclusão: A deficiência de vitamina D não foi associada a maior gravidade histológica em portadores do HCV. Da mesma forma, a probabilidade de obter RVS não foi influenciada pelos níveis basais de vitamina D. TL 070 CARCINOMA HEPATOCELULAR: REALIDADE DE UM SERVIÇO PÚBLICO ESPECIALIZADO Sandra Regina de A. Carvalho, Maria Lucia Gomes Ferraz, Carla Adriana L. de Matos, Antônio Eduardo Benedito Silva, Roberto de Carvalho Filho, Rogério Renato Perez, Adriano Miziara Gonzalez, Alcides Augusto Salzedas Neto, Denis Szejnfeld, Giuseppe D'Ippolito, Ivonete Sandra de S. e Silva Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina Introdução: A cirrose hepática que tem como principais causas infecção pelo HCV, HBV e álcool podem evoluir para carcinoma hepatocelular (CHC) com altas taxas de mortalidade. O rastreamento do CHC consiste em alfafetoproteína (AFP) e ultrassom abdominal e a confirmação por exame de imagem trifásico. O tratamento consiste, principalmente, em transplante hepático ou ressecção cirúrgica. Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 Objetivo: avaliar perfil clínico, epidemiológico, laboratorial e terapêutico de pacientes com CHC. Material e métodos: foram estudados retrospectivamente pacientes com diagnóstico de CHC entre 2000 e 2012 em um serviço público especializado. O diagnóstico do tumor foi confirmado por tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RNM) ou por biópsia hepática. Resultados: foram 35 XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA estudados 247 portadores de CHC com média de idade de 60±10 anos e predomínio de homens (74%). Etiologia da doença hepática crônica foi infecção pelo HCV (73%) seguida de álcool (12%) e infecção pelo HBV (8%). Na maioria dos pacientes a suspeita do tumor foi por rastreamento com ultrassom abdominal (70%) e apenas 8% por elevação isolada da AFP. Os pacientes foram classificados em Child A (57%), B (36%) e C (7%). A mediana de AFP foi de 57UI/mL. A média do MELD foi de 11. Os níveis séricos médios de AST, ALT, FA, GGT e plaquetas foram respectivamente 93U/L, 71U/L, 161U/L, 191U/ L e 123.442/µL. A média do número e tamanho de nódulos foram respectivamente 2 nódulos e 5 cm de diâmetro. Chegaram dentro do critério de Milão 107/247 (43%) pacientes. Dentre estes 60/107 (56%) foram listados para transplante hepático, o qual foi realizado em 24/ 60 (40%) pacientes. Ressecção hepática foi realizada em 14/247 (6%) dos pacientes. Quimioembolização, radiofrequência e alcoolização foram realizadas respectivamente em 122/247 (49%) 3/ 247 (1,2%) e 5/247 (2%) pacientes. Sorafenibe foi administrado a 35/ 247 (14%) pacientes. Metástase a distância foi encontrada em 24/ 247 (10%) pacientes, localizada em ordem de frequência em linfonodo regional (n=12;50%), pulmão (n=8;33%), e osso (n=4;17%). Trombose vascular tumoral esteve presente em 13% (n=31/247) dos casos. Conclusão: pacientes com CHC foram na sua maioria homens, com idade avançada, com infecção pelo HCV e MELD baixo. A maioria também chega fora de critérios para tratamento curativo, provavelmente por diagnóstico tardio do tumor. Portanto, estratégias mais adequadas de rastreamento são necessárias. TL 071 INIBIDOR DA BOMBA DE PRÓTONS COMO FATOR DE RISCO PARA PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA EM COORTE COM 256 PACIENTES CIRRÓTICOS Suelen Aparecida da Silva Miozzo, Angelo Alves de Mattos, Jorge Alberto John, Pedro Henrique Comerlato, Mariana Porto, Priscila Contiero, Renata Rodrigues da Silva Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre Introdução: O desenvolvimento de ascite é um sinal de mau prognóstico no paciente cirrótico e está relacionado à ocorrência de diversas complicações. Em adultos, após o surgimento de ascite, a sobrevida sem transplante hepático pode chegar a 50% em 5 anos. Esse dado é desconhecido na população pediátrica. Objetivos: 1) Verificar a incidência de complicações relacionadas à ascite em crianças com cirrose por atresia biliar ocorridas até 3 meses após o primeiro episódio de ascite. 2) Verificar a sobrevida do fígado nativo em 3 meses após a ocorrência de cada complicação. Materiais e métodos: Revisão retrospectiva de 44 pacientes menores de 12 anos, portadores de cirrose por atresia biliar e ascite, acompanhados na Unidade de Gastroenterologia Pediátrica do HCPA. Foram consideradas complicações da ascite: hiponatremia por diluição (HD), infecção da ascite, ascite refratária (AR) e encefalopatia hepática (EH) ocorridas em até 3 meses após o surgimento da ascite. O diagnóstico de ascite foi realizado através da realização de ultrassonografia de abdômen e para o diagnóstico de hiponatremia por diluição utilizou-se o ponto de corte de sódio sérico inferior a 135 mEq/L. Considerou-se infecção de ascite peritonite bacteriana espontânea (contagem de polimorfonucleares na ascite maior do que 250 células/µL) ou bacteriascite (cultura positiva com contagem de polimorfonucleares menor ou igual a 250 células/ µL). O diagnóstico de encefalopatia hepática foi baseado em critérios eletroencefalográficos. A sobrevida do fígado nativo foi analisada através das curvas de Kaplan-Meier. Estudo vinculado ao projeto de pesquisa aprovado pelo CEP do HCPA sob número130206. Resultados: Dos pacientes analisados, 93% apresentaram complicações. Destas, a mais freqüente foi a hiponatremia por diluição, sendo observada em 41 dos 44 pacientes avaliados. As incidências encontradas para as outras complicações da ascite foram: infecção da ascite – 17/41 (41%); ascite refratária – 9/44 (20%); encefalopatia hepática – 15/30 (50%). A probabilidade de sobrevida cumulativa após 3 meses do surgimento da ascite para cada complicação foram as seguintes: HD - 7%; infecção da ascite – 56%; AR – 75%; EH 43%. Conclusão: Após o surgimento de ascite, a incidência de complicações é alta com importante impacto na sobrevida no período de 3 meses. TL 072 HÁ DIFERENÇAS NA MORTALIDADE OU NA NECESSIDADE DE TRANSPLANTE HEPÁTICO QUANDO SE COMPARA ADULTOS E CRIANÇAS COM PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA? Fernando Pereira Schwengber, Sandra Maria Gonçalves Vieira, Melina Utz Melere, Marília C Rosso, Melina Petry de Oliveira Souza, Alexandre de Araujo, Mário Reis Alvares-da-Silva, Maria Lucia Zanotelli, Carlos Oscar Kieling Hospital de Clínicas de Porto Alegre Introdução: Peritonite bacteriana espontânea (PBE) é a infecção mais comum que acomete indivíduos com cirrose descompensada, identificada como a segunda causa de morte em pacientes adultos. A morbidade deste evento também está devidamente documentada nesta população. Demonstramos previamente que a prevalência de PBE em crianças cirróticas é semelhante àquela relatada para adultos e que tanto a mortalidade quanto a necessidade de transplante é bastante elevada após o primeiro episódio de PBE nesse grupo. Dada a grande susceptibilidade da criança às infecções, levantamos a hipótese de que o grupo pediátrico teria maior morbimortalidade que o adulto. Objetivo: comparar a mortalidade e a necessidade de transplante em duas coortes históricas (pacientes pediátricos e adultos), oriundos de uma única instituição, após o primeiro episódio de PBE. Pacientes e Métodos: Definições: PBE - contagem de polimorfonucleares na ascite > 250 células/microlitro; Cirrose - critérios clínicos, bioquímicos, ultrassonográficos e/ou histológicos. Desfecho: morte e necessidade de transplante definidas como não sobrevida com o fígado nativo e analisadas pelo método de Kaplan-Meier; Período 36 de acompanhamento: 12 meses após o episódio de PBE. Coorte pediátrica: 19 pacientes (0,4-16,4 anos;63% atresia biliar), 100% Child-Pugh C, médias de PELD (< 12 anos) e MELD: 24.4 ± 10.4 e 22.4 ± 15.0, respectivamente. Coorte de pacientes adultos: 46 pacientes (18-80 anos,67,4% Hepatite C), 78% Child-Pugh C, média de MELD 19.46±6.16. Tanto pacientes pediátricos quanto adultos foram tratados com cefotaxime e com infusão de albumina humana nos dias 1 e 3 do tratamento. Resultados: No grupo pediátrico, a probabilidade cumulativa de sobrevda com o fígado nativo foi de 78% no primeiro mês, 31% aos 3 meses, 10% aos 6 meses e 0% aos 9 meses. No grupo adulto, a probabilidade de sobrevida com o fígado nativo foi de 70% no primeiro mês, 55% aos 3 meses, 42 aos 6 meses e 25% aos 12 meses. Em geral, a sobrevida foi significativamente menor no grupo pediátrico (p=0,002). Comparando apenas os adultos Child C com as crianças, as curvas de sobrevida são estatisticamente diferentes (p=0,034). Conclusão: Após o primeiro episódio de PBE, a sobrevida com o fígado nativo foi menor em crianças do que em adultos, mesmo entre pacientes com elevado grau de gravidade da doença hepática. Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TRABALHOS CIENTÍFICOS TL 073 CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA E GENOTIPAGEM HFE EM PORTADORES DE DOENÇA HEPÁTICA CRÔNICA COM SOBRECARGA DE FERRO Andreia Silva Evangelista, Marta Mitiko Deguti, Maria Cristina Nakhle, Thiago de Araujo Ferreira, Clarice Pires Abrantes-Lemos, Eduardo Luiz Rachid Cançado Hospital das Clinicas da FMUSP Introdução: Doença hepática associada a sobrecarga de ferro pode ocorrer devido a causas genéticas ou secundárias. Objetivos: 1) analisar e correlacionar aspectos fenotípicos e genotípicos de grupo de indivíduos com doença hepática crônica e sobrecarga de ferro; 2) Correlacionar o quadro clínico com as mutações no gene HFE. Material e métodos: Foram incluídos portadores de hepatopatia crônica com saturação de transferrina (ST) >45% e ferritina sérica >350ng/mL, submetidos à pesquisa das mutações HFE. Definiram-se portadores de hemocromatose hereditária HFE (HH-HFE) aqueles que apresentavam os perfis de mutações C282Y/C282Y ou C282Y/H63D e de sobrecarga de ferro não HFE aqueles que apresentavam outros perfis (C282Y/-, H63D/- e H63D/H63D) ou pacientes sem qualquer uma das mutações mencionadas. Resultados: Dos 108 selecionados, 16 pertenceram ao grupo HH-HFE e 92 ao grupo sobrecarga de ferro não-HFE. A idade média ao diagnóstico da doença foi de 46,7 anos (16-77), 70,7% eram indivíduos de cor branca, 77,6% do sexo masculino e 64,8% tinham cirrose hepática. Entre os grupos, a frequência de cirrose hepática não foi diferente. Artropatia, carcinoma hepatocelular (CHC), diabetes e osteoporose foram mais frequentes no grupo HH-HFE (53,8% x 15,9%, 31,2% x 7,1%, 56,2% x 30%, 72,7% x 32,1%, respectivamente, p< 0,05). Os pacientes com mutações HFE diagnósticas de HH apresentaram maior chance de ter CHC (OR= 5,0, p= 0,032) quando comparados com os portadores com os outros genótipos. Os níveis de ST, ferro e ferritina foram maiores naquele grupo, bem como os graus de siderose 3 e 4 (p= 0,026). A ST correlacionou-se independentemente com o diagnóstico das mutações C282Y/C282Y e C282Y/H63D. A frequência de fatores de risco para sobrecarga de ferro não diferiu entre os grupos. No grupo HH-HFE houve maior número de pacientes sem qualquer fator de risco detectado (p= 0,019). Níveis de ST> 82% apresentaram maior valor preditivo negativo para o diagnóstico de HH-HFE do que os de ferritina, ferro, capacidade total de ligação de ferro e de transferrina. Conclusão: No presente estudo, os portadores de HH-HFE apresentaram maior sobrecarga de ferro quando comparados ao grupo de sobrecarga de ferro não-HFE; em indivíduos com doença hepática crônica, ST> 82% tem maior acurácia para diagnóstico de HH-HFE; portadores de mutações C282Y/C282Y ou C282Y/H63D têm maior chance de apresentar CHC do que os portadores de outras mutações no gene HFE e pacientes sem mutação. TL 074 PREVALÊNCIA E FATORES PREDITIVOS DE INSUFICIÊNCIA RENAL APÓS PARACENTESE SEM REPOSIÇÃO DE ALBUMINA BASEADO NOS CRITÉRIOS DA AKIN (Acute kidney injury network) Rodrigo Pereira Luz, Juliana Ribeiro de Carvalho, Cristiane Alves Villela-Nogueira, Henrique Sergio Moraes Coelho, Renata de Mello Perez Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ Introdução: Foi demonstrado em cirróticos que uma paracentese de 5 litros não causa alterações hemodinâmicas ou redução da filtração glomerular significativa, indicando não haver necessidade de reposição volêmica. Entretanto, esta avaliação foi feita apenas 48h após a paracentese, o que pode ter subestimado a prevalência de disfunção circulatória. Objetivo: Avaliar a incidência de insuficiência renal baseado nos critérios do AKIN seis dias após paracentese de até 5 litros sem reposição volêmica. Metodologia: Foram incluídos portadores de cirrose hepática e ascite de grande volume encaminhados ao ambulatório para realização de paracentese de alívio. Imediatamente antes e seis dias após a paracentese eram colhidos amostras de sangue para dosagem de creatinina. As paracenteses foram realizadas objetivando a retirada 5 litros de líquido ascítico sem qualquer reposição volêmica. A presença de insuficiência renal pós-paracentese foi caracterizada por aumento da creatinina ≥ 0,3mg/dL ou maior que 50% seis dias após a paracentese. Resultados: Foram avaliados 29 pacientes (79% homens, idade 59 ± 8 anos) com cirrose hepática (52% por HCV, 24% álcool, 7% NASH, 17% outras), sendo 21% Child B e 79% Child C. O volume médio de líquido ascítico retirado foi 4796±564ml. Após seis dias, 5 (17%) pacientes apresentaram critérios para insuficiência renal. Na analise comparativa entre pacientes com e sem elevação de creatinina pós-procedimento, as variáveis que se associaram com a presença de insuficiência renal foram: sódio sérico < 130meq/ l (p=0,009) e uso de propranolol (p=0,03). Conclusões: A incidência de insuficiência renal pós-paracentese de até 5 litros sem reposição volêmica foi superior àquela observada em outros estudos. Estes dados sugerem que este procedimento pode não ser tão seguro quanto considerado previamente, principalmente em pacientes com hiponatriemia significativa ou em uso de propranolol. TL 075 PREVALÊNCIA DA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA: O VERDADEIRO ESPECTRO EM DIABÉTICOS TIPO II Lilian Machado, Carlos Frederico Campos, Valéria Lanzoni, Márcio Miguez, Marília de Brito Gomes, Carlos A. Rodrigues Terra Filho, Renata de Mello Perez, Fátima Aparecida F. Figueiredo Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ Introdução: a doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) tornou-se a hepatopatia crônica mais comum no mundo, afetando principalmente alguns grupos de pacientes, como os diabéticos tipo II. A biópsia hepática permanece como método padrão ouro para o seu diagnóstico. A prevalência da DHGNA e seus subtipos pode estar subestimada por se basear em métodos não invasivos ou superestimada pela seleção prévia de pacientes para biópsia. Objetivos: determinar a prevalência da DHGNA e seu espectro em pacientes diabéticos tipo Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 II, com base na biópsia hepática, indicada independentemente da presença de alterações nos níveis de aminotransferases ou na ultrassonografia (US), e quantificar a esteatose e fibrose quando presentes. Métodos: diabéticos tipo II, entre 18 e 70 anos, consecutivamente atendidos no ambulatório de Diabetes do Hospital Universitário Pedro Ernesto, foram avaliados para inclusão no estudo. Foram excluídos pacientes com sorologias positivas para hepatite B ou C, outras doenças hepáticas crônicas, uso de drogas hepatotóxicas 37 XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA ou esteatogênicas, etilismo (?20g/dia), obesidade grau III, comorbidades graves, gravidez ou por recusa em participar do estudo. Os pacientes foram submetidos à avaliação clínica, exames laboratoriais, US de abdome e biópsia hepática. As lâminas foram analisadas por dois patologistas independentes e a DHGNA foi graduada pelo NASH Clinical Research Network Scoring System. Foi considerada esteatohepatite (EH) a presença de esteatose, balonização hepatocitária e inflamação lobular, com ou sem fibrose. A concordância entre os patologistas foi medida pelo coeficiente Kappa (k). Resultados: Foram incluídos 85 pacientes. A prevalência de DHGNA na amostra foi de 92%, sendo 50% esteatose simples, 40% EH e 2% cirrose. A concordância (k) entre os patologistas foi 0,78. Esteatose acentuada estava presente em 7% dos pacientes com esteatose simples e em 65% dos pacientes com EH (p<0,001). A fibrose foi diagnosticada em 76% dos pacientes com EH, sendo avançada (≥ estágio 2) em 41% deles. Não houve fibrose na esteatose simples. Conclusão: A prevalência da DHGNA estimada pela biópsia hepática sem vieses de seleção foi muito elevada, maior do que a prevalência de estudos realizados com métodos não invasivos. Apesar de elevado, o percentual de pacientes com EH ou fibrose avançada foi inferior ao dos estudos com biópsias em diabéticos selecionados por alterações no US ou nas aminotransferases. TL 076 DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA EM DIABÉTICOS TIPO II: QUANDO INDICAR A BIÓPSIA HEPÁTICA? Lilian Machado, Carlos Frederico Campos, Valéria Lanzoni, Márcio Miguez, Marilia de Brito Gomes, Carlos Terra, Renata de Mello Perez, Fátima Aparecida F. Figueiredo Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ Introdução: O diagnóstico de doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) representa um grande desafio, especialmente a sua forma mais preocupante, a esteatohepatite (EH). Há grande discussão na indicação da biópsia hepática nos pacientes de risco. Objetivos: 1) Identificar fatores preditivos de EH e fibrose avançada (≥ estágio 2) em diabéticos tipo II 2) Avaliar o valor das aminotransferases e da ultrassonografia (US) de abdome para o diagnóstico histológico de EH e fibrose avançada nestes pacientes. Métodos: Uma coorte de 83 pacientes diabéticos tipo II, entre 18 e 70 anos, atendidos no ambulatório de Diabetes do Hospital Universitário Pedro Ernesto, foram selecionados para realização da biópsia hepática independente de alterações na US ou nas aminotransferases. Foram excluídos pacientes com sorologias positivas para hepatite B ou C, outras hepatopatias, uso de drogas hepatotóxicas ou esteatogênicas, etilismo (≥20g/dia), obesidade grau III, comorbidades graves ou gravidez. Todos os pacientes foram submetidos à avaliação clínica, exames laboratoriais, US de abdome e biópsia hepática. As lâminas foram analisadas por dois patologistas independentes e a DHGNA foi graduada pelo NASH CRN Scoring System. Foi considerada EH a presença de esteatose, balonização hepatocitária e inflamação lobular. Foi aplicada análise multivariada por regressão logística. Resultados: O índice de massa corporal e a circunferência abdominal aumentada foram associados de forma independente à EH e a dosagem de alanina aminotransferase (ALT) foi associada à EH e à fibrose avançada. A prevalência de esteatose, EH e EH com fibrose avançada de acordo com os resultados de ALT e US está representada na tabela abaixo. Conclusão: A obesidade foi um cofator importante ao DM nos pacientes com EH. A biópsia hepática deve ser indicada preferencialmente nos diabéticos com ALT alterada, independente do resultado da US, e nos pacientes com ALT normal e esteatose moderada ou acentuada na US. TL 077 COMPARAÇÃO ENTRE TRÊS PARÂMETROS DE REFERÊNCIAS DO ÂNGULO DE FASE COMO FATOR PROGNÓSTICO EM CIRRÓTICOS Sabrina Alves Fernandes, Bianca Coccaro Pivatto, Fabiana Viegas Raimundo, Laura Boemeke, Juliane Alves Santos, Danielly Steffen, Cláudio Augusto Marroni UFCSPA Introdução: O estado nutricional está relacionado com a condição clínica do paciente cirrótico, porém ainda há controvérsias sobre qual parâmetro de referência deve ser utilizado para classificar o prognóstico deste paciente. O ângulo de fase (AF), método realizado através da bioimpedância elétrica, tem se mostrado um bom índice prognóstico em diferentes patologias, inclusive em pacientes com assimetria corporal. Objetivo: Comparar três parâmetros de referências validados para a utilização do ângulo de fase em pacientes cirróticos. Material e Métodos: Foram incluídos pacientes cirróticos de diferentes etiologias em acompanhamento ambulatorial e internação hospitalar. Foi realizada a bioimpedância elétrica (BIA) utilizando valores do ângulo de fase. O aparelho utilizado foi (Biodynamics, modelo 450, Seattle, WA). Os pacientes foram classificados conforme três parâmetros de referências validados para a utilização do ângulo de fase: população brasileira; população americana, e o ponto de corte de 5,44o validado para população de cirróticos. Todos os parâmetros foram correlacionados com o escore Child-Pugh. 38 Resultados: Foram avaliados 213 pacientes cirróticos; a etiologia prevalente foi o vírus da hepatite C (43,9%) seguido de álcool (24,4%). Idade média de 56,4 anos (± 11,6 anos), sendo 127 (59,6%) indivíduos do gênero masculino. Do total da amostra, 119 (56,4%) eram Child-Pugh A, 52 (24,6%) Child-Pugh B e 40(19,0%) ChildPugh C. Comparando as avaliações após a classificação pelos três parâmetros de referências para ângulo de fase houve concordância significativa na avaliação do prognóstico dos pacientes (p<0,001). Na associação com a gravidade da doença através do Child-Pugh, o ponto de corte de 5,44o apresentou maior sensibilidade para o mau prognóstico (p<0,001), embora os demais parâmetros tenham apresentado associação estatisticamente significativa, brasileira (p=0,002) e americana (p=0,009). Conclusão: O ponto de corte específico para cirróticos (5,44o) mostrou maior sensibilidade como índice prognóstico do estado nutricional associado à condição clínica desses pacientes, servindo de auxilio em uma terapêutica nutricional precoce. Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TRABALHOS CIENTÍFICOS TL 078 IMPORTÂNCIA DA DETECÇÂO DO ANTICORPO ANTIANTÍGENO HEPÁTICO SOLÚVEL/FÍGADO-PÂNCREAS (ANTI-SLA/LP) NA HEPATITE AUTOIMUNE (HAI) Terrabuio DRB, Abrantes-Lemos CP, Souza FG, Carrilho FJ, Cançado ELR Instituto de Medicina Tropical de São Paulo; LIM/06 / 2- Disciplina de Gastroenterologia Clínica do Departamento de Gastroenterologia/ Projeto FAPESP 2011/5052-5 Introdução: O anti-SLA/LP é marcador diagnóstico na HAI, sendo mais frequente na HAI tipo 1 (HAI-1) que na HAI tipo 2 (HAI-2). Sua reatividade se associaria a maior frequência de HLA DR3, alterações histológicas mais acentuadas, necessidade de maior tempo para remissão da doença e evolução para transplante hepático e maiores taxas de recidiva após suspensão do tratamento, mas ainda não é consenso se marcaria HAI tipo 3. Objetivos: Verificar se o anticorpo anti-SLA/LP seria um marcador de outro subtipo de HAI. Metodologia: Foi realizada a pesquisa do anti-SLA/LP por técnica de ELISA em 237 pacientes com diagnóstico de HAI-1, HAI-2 e HAI sem marcador (HAISM), de acordo com os critérios do Grupo Internacional de Estudos da HAI. A detecção do anticorpo anti-SLA/LP IgG foi feita pelos kits comerciais INOVA® e EUROIMMUN®. O soro foi considerado reagente se positivo pelos dois testes. Resultados: O anti-SLA/LP foi positivo em 55 casos (23,2%); 22,6% na HAI-1, 12,9% na HAI-2 e em 37,9% na HAI-SM, sem significância estatística. Não houve diferença entre os grupos anti-SLA/LP positivo e negativo na casuística geral e na avaliação dos subtipos de HAI no que se refere ao tempo de seguimento, sexo, forma de apresentação da doença, doenças autoimunes associadas, exames laboratoriais iniciais, fibrose hepática avançada na biópsia inicial, resposta ao tratamento, evolução para óbito ou transplante hepático (p>0,05). Embora não haja diferença na idade ao início da doença, aqueles com anti-SLA/LP apresentaram idade mais avançada ao início do tratamento (30,2±17,3 X 35,5±16,4;p=0,046). Na HAI-1, aqueles com anti-SLA/LP apresentaram tendência a ser mais velhos no início dos sintomas (29,8±16,8 X 35,4±16;p=0,065), menores níveis iniciais de ALT (13,6±10,6x X 17,316,3;p=0,096) e maior evolução para óbito (21% X 9,6%;p=0,08). Na HAI-2, houve tendência de maior remissão histológica naqueles com anti-SLA/LP (75% X 25,9%;p=0,087). Na HAI-SM, os pacientes com anti-SLA/LP apresentaram tendência de maiores níveis de gglobulinas ao diagnóstico (1,81±0,48 X 1,36±0,61;p=0,054). Conclusões: Não foram identificadas diferenças clínico-laboratoriais significantes entre os pacientes com e sem antiSLA/LP, logo sua positividade não definiu HAI-3. O anti-SLA/LP foi detectado em todos os subtipos de HAI, sendo importante na caracterização de um terço dos casos sem marcadores. Uma maior positividade do anti-SLA/LP poderia evidenciar diferenças que ficaram próximas à significância estatística. TL 079 AVALIAÇÃO DO PERFIL NEUROPSICOLÓGICO, NEUROFISIOLÓGICO E METABÓLICO DE PACIENTES PORTADORES DE CIRROSE SEM ENCEFALOPATIA CLÍNICA Ronaldo Carneiro dos Santos, Fernanda Tovar Moll, Ricardo de Oliveira Souza, Rodrigo Ferrone Andreiuolo, Débora Lima, Ana Maria Pittella de S. Leite, Fátima Aparecida F. Figueiredo, Carlos Terra Filho, Renata de Mello Perez Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino - IDOR e Hospital Quinta D'Or Introdução: Alterações neurocognitivas precoces na cirrose parecem ocorrer antes mesmo do desenvolvimento da encefalopatia hepática clínica (EH) e sua detecção representa importante desafio na prática clínica. Objetivos: 1. Avaliar o perfil neuropsicológico, neurofisiológico e metabólico dos portadores de cirrose sem encefalopatia clínica e determinar a relação entre os achados dos diferentes métodos de diagnóstico das alterações neurocognitivas; 2. Estimar a prevalência de encefalopatia hepática mínima (EHM) através de testes neuropsicométricos. Materiais e métodos: Cinquenta cirróticos Child A dos Ambulatórios de Hepatologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e do Hospital Quinta D'Or e 25 controles saudáveis foram incluídos. Todos os pacientes foram submetidos ao seguinte protocolo: testagem pelos 5 testes neuropsicométricos do PHES (Psychometric Hepatic Encephalopathy Score) - Digit Symbol Test (DST), Number Conection Test-A (NCT-A), Number Conection Test-B (NCT-B), Serial Dotting Test (SDT) e Line Tracing Test (LTT) -, avaliação neurofisiológica pelo Flicker Test e a Ressonância Magnética (RM) de crânio com espectroscopia. A RM foi feita em aparelho 3.0T e incluiu análise dos metabólitos cerebrais mioinositol (Mi), colina (Cho) e glutamina/ glutamato (Glx). A alteração de pelo menos 2 dos 5 testes que compõem o PHES foi adotada como critério de EHM neste estudo. Resultados: Em 56% dos pacientes estudados observou-se alteração em pelo menos um dos testes, com a seguinte distribuição: RM alterada em Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 40%, Flicker Test alterado em 30% e PHES alterado em 24%. Não houve alteração em nenhum dos testes nos controles. Entre os pacientes com EHM (PHES alterado), 83% apresentavam RM alterada, e entre os pacientes sem EHM, 26% apresentavam esta alteração (p=0,001). A relação entre as alterações dos diversos testes está demonstrada na tabela abaixo. Teste(s) alterado(s) % RM PHES + Flicker + RM Flicker PHES + RM PHES PHES + Flicker Flicker + RM 32,0 25,0 21,5 11,0 3,5 3,5 3,5 Conclusão: Não foi encontrada uma boa relação entre as alterações nos diferentes testes. A prevalência de EHM foi de 24%, taxa relativamente elevada considerando ser uma amostra exclusiva de cirróticos Child A. O achado de RM alterada foi significativamente mais alto do que o diagnóstico de EHM, o que pode sugerir a ocorrência de alterações metabólicas cerebrais antes do surgimento de alterações neurocognitivas no PHES. 39 XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA TL 080 EXPERIÊNCIA COM INIBIDORES DE PROTEASE EM PACIENTES F3 E F4 EM RECIDIVANTES E NÃO RESPONDEDORES EM SERVIÇO DE HEPATOLOGIA NA CIDADE DE SÃO PAULO, BRASIL Mônica Salum Valverde Borsoi Viana, Paula Ferreira Lacerda, Mariana Sousa Sala, Marina Pinto Franco Dias, Denise Akemi Hebara, Roberta Cambraia Cunha Ferreira, Jânia Aparecida Franco da Cunha, Betty Guz, Paula Bechara Poletti Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo Introdução: Os inibidores de protease (IPs) são novas opções terapêuticas para hepatite C (VHC), junto a interferon e ribavirina. Há maior perspectiva na erradicação do vírus, mudando a história natural da doença e suas complicações. Objetivo: Relatar o perfil dos pacientes tratados ou em tratamento com IPs em um serviço de hepatologia na cidade de São Paulo. Método: Foram acompanhados 25 pacientes portadores de VHC, prospectivamente, de abril/2012 a maio/2013, com análise descritiva dos dados. Resultados: Do total, 56% eram homens e 44% mulheres, com idade média de 57,9 anos. O Boceprevir (BOC) foi prescrito em 16 (64%) pacientes e o Telaprevir (TLV) em 9 (36%). Quanto ao genótipo, 56% eram 1b e 44% eram 1a. De acordo com a histologia e/ou elastografia, 17 (68%) eram estadio F4 e 8 (32%) F3. Em relação aos tratamentos prévios, 8 dos pacientes eram recidivantes (32%) e 17 eram não respondedores (68%). Considerando anemia valores de Hb<12mg/dL em mulheres e <13mg/dL em homens, 23 pacientes apresentaram esta alteração (92%). Desses, 15 utilizaram eritropoetina (65,2%) e 5 necessitaram de hemotransfusão (21,7%). Apenas 4 (16%) evoluíram com neutropenia importante (neutrófilos <500 céls/mL em F3 e <700 céls/mL em F4), necessitando de fator estimulador de colônias (filgrastima). Ocorreram alterações cutâneo- mucosas em 17 pacientes (68%), entre xerodermia, desconforto anorretal e rash cutâneo importante; e psiquiátricas em 16 indivíduos (64%), entre transtornos de humor e de ansiedade. Até o momento, 2 pacientes em uso de TLV e 1 em uso de BOC terminaram o tratamento, e tiveram resposta virológica sustentada (RVS). Em relação aos resultados com uso de TLV: dos 9 pacientes, 1 ainda não havia atingido a 4ªsemana (sem) de tratamento, 6 apresentavam carga viral (CV) de 4ªsem negativa, 2 se mantiveram positivas. Já haviam atingido a 12ªsem, 4 pacientes e a 36ª sem, 3 pacientes. Todas as CVs estavam negativas. Os resultados de BOC: na 8ª sem, 5 apresentaram CV positiva, enquanto 10 eram negativas.1 ainda não coletou esta CV. 12 pacientes já haviam atingido a 12ªsem. Destes, 11 com CV negativa, e 1 manteve positiva, tendo este tratamento sido suspenso. Também tiveram o tratamento suspenso outra paciente em uso de BOC, no inicio da 5ªsem por descompensação hepática e consequente transplante de fígado e 1 em uso de TLV por complicações secundárias à hemotransfusão. Conclusão: Por enquanto, a experiência desse serviço com o uso de IPs demonstrou efeitos adversos já conhecidos dos tratamentos com terapia dupla. Os pacientes vêm evoluindo com boas chances de resposta virológica ao final do tratamento. TL 081 AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DE MÉDICOS RESIDENTES DE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO SOBRE ACIDENTES OCUPACIONAIS COM MATERIAL BIOLÓGICO Daiane de Barros Silva, Ana Beatriz da Silva Sacerdote, Norma Arteiro Filgueira Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco Introdução: Embora há muito tempo sejam conhecidos os riscos de transmissão de doenças infecciosas em acidentes com material biológico, medidas padronizadas de profilaxia pós exposição passaram a existir apenas há cerca de três décadas. Os três principais agentes infecciosos envolvidos em transmissão ocupacional são os vírus das hepatites B (HBV) e C (HCV) e o Vírus da Imunodeficiência Adquirida (HIV). Com o objetivo de avaliar o conhecimento dos médicos residentes de um Hospital Universitário sobre os riscos e procedimentos envolvidos com os acidentes ocupacionais com material biológico, foi elaborado este projeto. Métodos: Médicos residentes de todos os programas de um hospital universitário foram convidados a preencher um questionário elaborado de acordo com o protocolo do Ministério da Saúde. As respostas foram avaliadas de acordo com o tempo de formado, a área da residência e a experiência pessoal com acidentes biológicos. Resultados: Foram entrevistados 90 médicos residentes, sendo 68,9% de áreas clínicas, 48,8% relatavam experiência pessoal com acidentes. Apenas 40% da amostra apontou o HBV como vírus de maior risco, e o HIV como o de menor risco de infecção após um acidente. Somente 23,3% da amostra solicitou os exames de triagem corretamente. Em relação às medidas de profilaxia pós exposição, 78,7% da amostra apontou a conduta correta a respeito do caso sobre HIV, 51% a respeito do caso sobre HCV e 57,3% e 66,6% sobre o caso sobre HBV com profissional não vacinado e vacinado, respectivamente. Somente 5,5% da amostra respondeu corretamente a mais de 50% das questões sobre profilaxia pós exposição. Conclusão: Menos da metade da amostra conhecia os riscos de infecções virais após um acidente ocupacional. Em relação a condutas após acidentes, pode-se classificar como satisfatório o conhecimento da amostra apenas em relação à profilaxia contra HIV, destacando-se que somente 5,5% da amostra foi capaz de responder corretamente a mais de 50% das questões sobre conduta pós exposição. Os achados sugerem que, embora tenha sido feito progresso no desenvolvimento de protocolos nacionais, a informação ainda não está adequadamente disseminada entre os profissionais sob risco. TL 082 PREVALÊNCIA DE TUBERCULOSE LATENTE E TOLERÂNCIA À ISONIAZIDA EM CANDIDATOS AO TRATAMENTO DA HEPATITE C CRÔNICA Silvia Naomi de Oliveira Uehara, Christini Takemi Emori, Patrícia Souza de Almeida, Mirella Medeiros Monteiro, Ivonete Sandra Souza e Silva, Roberto José de Carvalho Filho, Ana Cristina do Amaral Feldner, Antônio Eduardo Benedito Silva, Maria Lucia Cardoso Gomes Ferraz Universidade Federal de São Paulo Introdução: Tem sido observado, na prática clínica, aumento do número de casos de reativação de tuberculose (Tb) durante o tratamento de hepatite C com interferon e ribavirina. Objetivos: Conhecer a prevalência de tuberculose latente (TbL) entre os candidatos ao tratamento da hepatite C com esquemas baseados 40 em interferon, bem como a tolerância à isoniazida de pacientes com doença hepática de base. Material e Métodos: Foram incluídos indivíduos conforme critérios de inclusão e exclusão do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite Viral C e Coinfecções, do Ministério da Saúde. Realizou-se testes tuberculínicos (TT), antes Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TRABALHOS CIENTÍFICOS do início do tratamento, entre maio de 2012 e maio de 2013. Os casos com TT reator (?10mm) foram investigados para Tb através de radiografia de tórax, ultrassonografia de abome total e exame de urina tipo I. Resultados: Dos 268 portadores de hepatite C crônica incluídos, 83 (31%) realizaram o TT, entre os quais 24 (28,9%) foram reatores. Cinco pacientes (6,0%) tinham história prévia de Tb, sendo três com TT reator. Não houve diferença entre os grupos quanto à idade, ao gênero, índice de massa corporal, número de comorbidades relatadas, consumo de álcool, drogadição ou tabagismo. Dos 24 pacientes com TT reator, 15 (62,5%) utilizaram isoniazida para tratamento de TbL, por uma média de 18,2±7,4 semanas. Destes, oito (53,5%) tiveram que suspender a droga por intolerância hepática, gástrica ou sintomas sistêmicos. A média geral de elevação de alanina aminotransferase foi de 5,78±6,35 vezes o limite superior do normal (xLSN), havendo diferença entre os que não suspenderam e os que suspenderam a isoniazida (média de 1,76±1,21 e 9,8±6,96 xLSN, respectivamente, p = 0,019). Conclusão: A prevalência de TbL em candidatos ao tratamento da hepatite C foi menor do que a estimada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que é de 1/3 de infectados na população mundial, bem como foi menor que entre candidatos a transplante hepático (37%). A ocorrência de hepatotoxicidade pela isoniazida foi alta e a taxa de suspensão precoce da droga está de acordo com a descrita pela OMS. São necessários maiores estudos para avaliar a segurança de drogas alternativas no tratamento de TbL entre portadores de hepatite C e para avaliar se o interferon tem real influência no desencadeamento de tuberculose doença já que a prevalência da TbL encontrada não foi maior do que a da população geral. TL 083 ESTADO NUTRICIONAL DO PACIENTE CIRRÓTICO ASSOCIADO AO ESCORE CHILD-PUGH APÓS UM ANO DE SEGUIMENTO: ESTUDO COORTE PROSPECTIVO Sabrina Alves Fernandes, Daniella Miranda, Fabiana Viegas Raimundo, Amanda Kropidlofscky, Lara Rigon Leonhardt, Cláudio Augusto Marroni UFCSPA Introdução: A desnutrição proteico-calórica é um achado comum na cirrose hepática, podendo estar presente em 20% dos pacientes compensados e em mais de 60% dos pacientes com grave insuficiência hepática. O acompanhamento do estado nutricional do paciente cirrótico é uma forma eficaz de intervir e melhorar a qualidade de vida, tendo em vista que o comprometimento nutricional desempenha papel importante no prognóstico da doença hepática. Objetivo: Avaliar o estado nutricional de cirróticos por diferentes métodos, em dois momentos com intervalo de um ano, correlacionando com a condição clínica da cirrose através do escore Child-Pugh. Materiais e Métodos: Pacientes cirróticos em acompanhamento ambulatorial foram avaliados no início do estudo e após 1 ano, a partir do método de Dinamometria (FAM), Prega Cutânea Triciptal (PCT), Circunferência Muscular do Braço (CMB), ângulo de fase através da Bioimpedância Elétrica (BIA) e escore de Child-Pugh. Resultados: Foram avaliados 61 pacientes com idade média de 54,4 anos (± 12,9), predominantemente do sexo masculino (n=36; 59%). No início do estudo, 83,6% (n=51) dos pacientes eram Child-Pugh A, 14,8% (9) B e apenas 1,6% (n=1) era C. Quanto à etiologia, em 22 casos (36,1%) era o vírus da hepatite C e 19 (31,1%) eram alcoólica, perfazendo mais de 65% da amostra total. Dos métodos utilizados apenas o Ângulo de Fase (p=0,034) mostrou ter uma redução significativa na reavaliação. O contrário ocorreu com a avaliação por FAM apresentando aumento em seus parâmetros iniciais em comparação com os finais (p=0,005). Quando associado o escore Child-Pugh com os parâmetros antropométricos, houve diferença estatisticamente significativa somente para o Ângulo de Fase (p=0,035), demonstrando que o grupo que agravou a doença apresentou redução significativamente maior do Ângulo de Fase na reavaliação. Com os demais parâmetros o Child-Pugh não se mostrou significativamente associado: PCT (p=0,618), IMC (p=0,073), CMB (p=0,802), FAM (p=0,936) e ASG (p=0,491). Quando avaliado o escore Child-Pugh, observa-se também uma diferença significativa na reavaliação demonstrando que há um agravamento da doença (p=0,001). Conclusão: A redução do ângulo de fase pode servir como uma ferramenta no acompanhamento do estado nutricional de pacientes cirróticos auxiliando no manejo dietoterápico desses pacientes. TL 084 AVALIAÇÃO DA FIBROSE HEPÁTICA NA ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA ATRAVÉS DO ESCORE ELF Tibério Batista Medeiros, Ana Lucia C Domingues, Edmundo Pessoa Lopes, Alessandra Dellavance, Luis Eduardo C de Andrade, Maria Lucia Ferraz Universidade Federal de Pernambuco e Universidade Federal de São Paulo Introdução: a esquistossomose mansônica apresenta distribuição universal e acomete mais de 70 milhões de pessoas, constituindo uma das principais causas de doença fibrogênica do fígado. A avaliação da fibrose (periportal) na esquistossomose tem na ultrassonografia seu principal método diagnóstico. Apesar de simples e não-invasivo, o exame ultrassonográfico nem sempre está disponível em áreas endêmicas. Objetivo: correlacionar os padrões de fibrose periportal estabelecidos pela ultrassonografia com o escore ELF (Enhanced Liver Fibrosis) em pacientes com esquistossomose. Casuística e método: foram incluídos pacientes de ambos os sexos, com idade > 14 anos, oriundos de zona endêmica para esquistossomose, com antecedentes de banhos de rio. Através da ultrassonografia, realizada por um único examinador, com aparelho Siemens Acuson X 150 com transdutor convexo de 3,5 Megahertz, foi classificada a fibrose periportal nos seis padrões de Niamey (graduados de A a F, sendo A fígado normal e F fibrose muito acentuada). Os critérios de exclusão foram presença de anti-HBc, anti-HCV, consumo de etanol > 210 g/semana ou aqueles com indícios na ultrassonografia de outras doenças hepáticas. De todos os Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 pacientes foi colhido sangue para realização de: anti-HBc e anti-HCV e congelamento de alíquota de 0,5 mL de soro para realização do escore ELF, no dia ultrassonografia. A dosagem dos marcadores do escore ELF (ácido hialurônico, pró-colágeno III e inibidor de metaloproteinase 1) foi realizada por quimioluminiscência (Siemens Healthcare Diagnostics). Resultados: foram avaliados 78 pacientes, sendo 50 (64%) do sexo feminino, com média de idade de 50 ± 14 anos. Na classificação de Niamey, os pacientes foram agrupados em três grupos, tendo 7 pacientes (9%) apresentado padrão A/B, 33 (42%) padrão C/D e 38 (49%) padrão E/F. Os grupos apresentaram os seguintes escores ELF, de acordo com o padrão de fibrose: A/B = 8,55 ± 0,40; C/D = 9,31 ± 1,23; E/F = 9,52 ± 0,93. Observou-se diferença entre os grupos A/B e E/F (p = 0,010). Conclusão: Em pacientes com esquistossomose mansônica, o escore ELF foi capaz de discriminar pacientes com padrões A/B (ausência ou fibrose leve) daqueles com E/F (fibrose avançada). O teste pode ser ferramenta útil no diagnóstico ou no acompanhamento da progressão da fibrose em pacientes esquistossomóticos, nas situações em que a ultrassonografia não esteja disponível. 41 XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA TL 085 SÍNDROME DE SOBREPOSIÇÃO: MANEJO DA HEPATITE AUTOIMUNE E COLANGITE ESCLEROSANTE PRIMÁRIA DE PEQUENOS DUCTOS Caroline Isidoro, Priscila Pollo Flores, Ângela Cristina Carvalho Gouvea, Eliane Bordalo Cathalá Esberard Universidade Federal Fluminense Introdução: A síndrome de sobreposição entre hepatite autoimune (HAI) e colangite esclerosante primária (CEP) é rara e seu tratamento constitui um desafio, pois esses pacientes respondem mal ao uso de corticóides (CTC). Objetivo: Apresentação de síndrome de sobreposição rara e discutir o difícil manuseio do tratamento. Caso Clínico: DLRTF, masculino, 27 anos, iniciou quadro com icterícia e colúria, elevação de aminotransferases (17X o limite superior da normalidade - LSN), hipergamaglobulinemia policlonal, FAN negativo, anticorpos anti-LKM negativo e anti-músculo liso em títulos altos de 1/ 640 acompanhados de sorologias negativas para hepatites A, B e C. O ultrassom de abdome demonstrava esplenomegalia e a endoscopia digestiva alta não visualizou varizes de esôfago. A biópsia hepática, na época, mostrou fibrose grau 3 de METAVIR, necrose intralobular moderada, hepatite de interface compatível com hepatite autoimune. Iniciou-se corticóide com queda dos níveis das aminotransferases. Nas tentativas de desmame havia recidiva laboratorial sendo necessárias reintroduções de corticóides em dose plena. Houve evolução com aumento progressivo da GGT(11x LSN) e fosfatase alcalina (2 X LSN) conforme tabela. A colangioressonância realizada foi normal e a biópsia hepática demonstrou espaços porta com fibrose, áreas de necrose em saca bocado, infiltrado linfoplasmocitário com fibrose concêntrica em "bulbo de cebola" ao redor de ductos biliares. O diagnóstico de CEP de pequenos ductos associada à HAI em atividade foi então concluído. Discussão: A melhor terapia para a HAI é o uso do corticóide com resposta em 80% dos casos. Recaídas são frequentes e reintroduções de CTC estão associadas ao aumento do risco de cirrose e morte por insuficiência hepática. A resposta parcial ou inadequada deve suscitar a possibilidade de síndromes de sobreposição. O tratamento da síndrome HAI-CEP é controverso, podendo ser utilizado o ácido ursodeoxicólico embora não exista comprovação de seu benefício. Novos fármacos como fibratos estão sendo estudados mas ainda sem efeito comprovado. TL 086 RASTREAMENTO DO USO ABUSIVO DE ÁLCOOL EM PACIENTES COM HEPATITE C: ASSOCIAÇÃO COM CIRROSE E ABUSO/DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL Luciana Diniz Silva, Elson Cabral Velanes Neto, Eduardo Prados de Carvalho, Graziela Cançado e Nascimento, Gabriela Silva Duarte, Luciana Rodrigues da Cunha, Rosangela Teixeira, Fernando Silva Neves Departamento de Clínica Médica e Ambulatório de Hepatites Virais do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da UFMG Proporção significativa de pacientes cronicamente infectados pelo vírus da hepatite C (VHC) desenvolverão cirrose hepática e suas complicações. A história natural da infecção pelo VHC é determinada por fatores fatores genéticos e ambientais. Entre estes, abuso de álcool é fator de risco ambiental relevante e está associado ao curso acelerado da doença hepática. Neste estudo, avaliou-se o consumo de álcool prévio e atual em termos de quantidade, frequência e duração em pacientes com hepatite crônica C (HCC) e em indivíduos saudáveis (doadores de sangue). Ainda, foi analisada a relação entre positividade do Cut down/ Annoyed/ Guilty/ Eye-opener Questionnaire (CAGE; definida como duas ou mais respostas positivas), gravidade da hepatopatia e abuso/dependência de álcool. Pacientes e Métodos: 150 pacientes com HCC e 110 indivíduos saudáveis foram prospectivamente incluídos no estudo. Todos os indivíduos completaram os questionários: Mini International Neuropsychiatric Interview (MINI-Plus 5.0) e CAGE. Variáveis clínicas, laboratóriais e sociodemográficas foram avaliadas nos pacientes com HCC e no grupo controle CAGE-positivo e -negativo, respectivamente. Comorbidades psiquiátricas foram diagnosticadas de acordo com os critérios do DSM-IV. Dados foram avaliados por 42 modelos logísticos. Resultados: Características dos pacientes com HCC vs. grupo controle foram: sexo masculino (42,4% vs. 48,6%, p=0,34); idade/anos (53,2 ± 11,6 vs. 36,0 ± 7,8, p ≤0.001). Prevalência do CAGE-positivo foi de 24,2% vs. 14,7% (p=0,06) em pacientes com HCC vs controles. Abuso/dependência de álcool foi de 22,3% vs. 3,7% em pacientes com HCC vs. controles (p<0,0001). Presença de cirrose foi associada com CAGE-positivo (OR: 3,09; IC 95% 1,12-8,57, p=0,03), duração do uso de álcool/anos [33.1 ± 12,6 (pacientes cirróticos) vs. 20,8 ± 15,2 (pacientes sem cirrose); p=0,002] e freqüência do uso de álcool (≥3 vezes/semana vs. ≤2 vezes/semana, p=0,04). Na análise multivariada, ajustada por sexo, idade e renda, CAGE-positivo foi associado ao abuso/dependência de álcool atual/passado (OR: 8,13; IC95% 3,73-17,71, p<0.001). O questionário CAGE é um instrumento relevante na avaliação do consumo excessivo de álcool em pacientes com hepatite crônica C. Ainda, CAGE-positivo foi associado com cirrose nesta população. Consumo de álcool deve ser investigado em todos os pacientes infectados pelo VHC, especialmente devido ao efeito deletério do álcool na evolução da doença hepática. PROEX, PRPq, CAPEs, CNPq Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TRABALHOS CIENTÍFICOS TL 087 ANÁLISE DE SOBREVIDA EM PACIENTES COM DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA (DHGNA) Nathalie Carvalho Leite, Cláudia Regina Lopes Cardoso, Gil Fernandes Salles, Letícia Cancela Nabuco, Cristiane Alves Villela Nogueira, Renata Mello Perez, Ana Carolina Ferreira Netto Cardoso, Jorge Andre de Segadas Soares, Henrique Sérgio Moraes Coelho Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - UFRJ Introdução: Há evidências de mortalidade elevada em pacientes com DHGNA quando comparada à da população geral. Não está estabelecido na literatura que fatores de risco são relacionados à mortalidade neste grupo de pacientes.Objetivos: Análise da sobrevida e dos fatores associados à mortalidade em pacientes com DHGNA; análise do risco de eventos cardiovasculares e complicações da doença hepática nesta mesma população. Material e métodos: Foram incluídos pacientes com ultrassonografia (US) abdominal revelando fígado hiperecogênico, com redução da atenuação do feixe sonoro compatível com infiltração gordurosa hepáticas. Foram excluídos pacientes com infecção pelo HBV, HCV, HIV e ingestão alcoólica ≥ 20 g/dia. Os dados relacionados aos desfechos clínicos e óbitos foram obtidos pelos médicos durante o acompanhamento de seus pacientes. Em caso de abandono do tratamento, era feito um contato telefônico ou busca da situação vital do paciente no cadastro nacional de óbitos. O tempo de sobrevida, em meses, foi calculado a partir da data da primeira consulta clínica até a última consulta ou o óbito. Foram feitas curvas de Kaplan-Meier para cada variável e, posteriormente, a análise multivariada foi realizada por meio da regressão de Cox para verificar a associação de fatores ao desfecho primário. Resultados: Foram avaliados 613 pacientes, sendo 338(55%) do sexo feminino, com média de idade de 56+12(13-86) anos. A mediana da sobrevida foi de 63(1-300) meses e 64(10%) foram a óbito. Dentre os 59 óbitos com causa determinada, 30(51%) foram decorrentes de eventos cardiovasculares, 16(27%) de complicações decorrentes da doença hepática e 13(22%) de outras causas. Em 599 pacientes, 66 (11%) apresentaram evento cardiovascular e 28 (4,7%) complicações de doença hepática. As variáveis que se associaram de modo significante ao óbito no modelo de regressão de Cox foram: Idade (1 ano) (RR: 1,071;IC 95%= 1,040-1,1032; p<0.001), não brancos (RR: 2,734; IC 95%=1,532-4,881;p=0.01), diabetes (RR: 2,489; IC 95%=1,127-5,500;p=0.02), GamaGT anormal (RR: 2,061;IC 95%=1,145-3,710; p=0.016) e US abdominal com sinais de hepatopatia e/ou hipertensão portal (RR: 2,504;IC 95%=1,3494,648;p=0.04). Conclusão: As complicações cardiovasculares foram as principais causas de morbidade e mortalidade. Além da presença de diabetes, da idade, da categoria da ultrassonografia inicial, a elevação de gamaGT pode ser mais um fator prognóstico na DHGNA. TL 088 AVALIAÇÃO DA ESTEATOSE HEPÁTICA EM PACIENTES COM HEPATITE C ATRAVÉS DO CONTROLLED ATENUATED PARAMETER (CAP) ACOPLADO AO FIBROSCAN : PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS Ana Carolina Cardoso, Felipe Zanetti Comério, Flávia Murillo Moura, Nathalie Carvalho Leite, Claudio de Figueiredo Mendes, Henrique Sergio Moraes Coelho, Renata de Mello Perez, Cristiane A. Villela Nogueira Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - UFRJ Introdução: O CAP é uma nova ferramenta não invasiva para o diagnóstico de esteatose hepática (EH) em portadores de doença hepática crônica. Sua aplicação na prática clínica ainda não está claramente estabelecida. Objetivo: Avaliar a prevalência de esteatose hepática através do CAP acoplado ao Fibroscan® e os fatores associados à sua presença. Portadores de hepatite crônica C submetidos a elastografia hepática e CAP através do Fibroscan® tiveram seus dados demogáficos, clínicos e laboratoriais avaliados. Foi determinada a prevalência dos diferentes graus de esteatose hepática segundo os seguintes pontos de corte previamente estabelecidos: S0=até 222 dBm; S1= entre 222 e 233 dBm; S2= entre 233 e 290 dBm e S3>290dBm. Foram avaliados os fatores associados à presença de esteatose avançada (>66% ou CAP >290 dBm) detectada pelo CAP. Os testes de Chi-quadrado e MannWhitney foram realizados e um valor de p 0,05 foi considerados significantes. Resultados: Foram estudados 645 pacientes com hepatite C, no período de outubro/2011 a junho/2013 (45% masc; 56±12 anos; 82% genótipo 1). A média do CAP foi de 215±53 dBm e a mediana foi de 213 dBm. Em relação à distribuição do grau de esteatose avaliado pelo CAP, 56% apresentavam estágio S0 (esteatose < 11%); 8% S1 (esteatose entre 11% e 33%); 27% S2 (esteatose entre 33% e 66%) e 9% S3 (esteatose >66%). Quando categorizados em esteatose leve/moderada (S0-S2) e avançada (S3), houve associação entre esteatose avançada e as seguintes variáveis clínicas: gênero masculino (43% vs 69%; p<0,001); peso (68±12 vs 81±13; p<0,001) e IMC (25±4 vs 28±4; p<0,001). Conclusão: Na hepatite crônica C, o CAP acoplado ao Fibroscan® é uma ferramenta útil para o diagnóstico de esteatose hepática. Pacientes do sexo masculino, com maior peso e IMC são um grupo de risco para a presença desta comorbidade. TL 089 AVALIAÇÃO DE TRATAMENTO COM INTERFERON E RIBAVIRINA EM TRANSPLANTADOS RENAIS COM HEPATITE C Ana Leatrice de Oliveira Sampaio, Ivonete Sandra de Souza e Silva, Roberto José Carvalho Filho, Mirella Medeiros Monteiro, Sandra Carvalho,Patricia Souza de Almeida, Silva Naomi Oliveira Uehara, Christini Takemi Emori, Ana Cristina Amaral Feldner , Antonio Eduardo Benedito Silva, Maria Lúcia Gomes Ferraz UNIFESP Introdução. A terapia antiviral baseada em interferon não é habitualmente recomendada para pacientes transplantados renais com hepatite C crônica, devido ao potencial de efeitos adversos, sobretudo rejeição do enxerto. Objetivo. Avaliar a tolerância e taxa de resposta a esquemas de tratamento utilizando interferon e ribavirina em Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 transplantados renais. Material e Métodos. Foram incluídos transplantados renais com hepatite C crônica que foram tratados com IFN convencional (IFNc) ou peguilado (PegIFN) associados à ribavirina (RBV), entre 2004 e 2012. Os critérios de indicação de tratamento foram graus avançados de fibrose e/ou de atividade necroinflamatória 43 XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA à biópsia hepática. Foram empregadas doses habituais de IFNc ou PegIFN e a dose de ribavirina ajustada ao clearance de creatinina. Resultados. Foram incluídos em tratamento 17 pacientes (59% homens) com média de idade de 50,5 ± 7 anos. Genótipo 1 foi observado em 92% dos pacientes. Fibrose avançada (E3-4) foi observada em 59% dos pacientes e atividades periportal de moderada a intensa (APP3-4) em 71% destes. Esquema terapêutico: IFNc+RBV em 4 pacientes e PegIFN+RBV em 13 pacientes. Terapia com eritropoetina foi feita em 53% dos pacientes e em 29% foi necessária transfusão sangüínea. Apesar destas medidas, o tratamento foi interrompido em 22% dos pacientes por anemia. Resposta virológica sustentada foi obtida em 2/17 (12%), sendo que dois pacientes ainda estão aguardando resposta de final de tratamento. A média do clearance de creatinina dosado antes do tratamento foi de 62 ml/min e após o tratamento de 68,5 ml/min, não havendo diferença estatisticamente significante entre estes valores. Conclusões. O tratamento para hepatite C com interferon e ribavirina em transplantados renais teve baixa tolerância e a anemia foi a principal causa de suspensão da terapia. Entretanto, considerando que são pacientes com genótipo 1, imunossuprimidos e com fibrose avançada, a taxa de resposta observada e a ausência de piora significativa da função renal e de rejeição do enxerto no presente estudo sugerem que o tratamento combinado com IFN e RBV possa ser considerado, em casos selecionados. TL 090 HEPATITE B CRÔNICA E ESQUISTOSSOMOSE MANSONI: UMA ASSOCIAÇÃO DELETÉRIA José Rubens de Andrade, Luciana Diniz Silva, Camila Mendes Guimarães, Eric Bassetti-Soares, Osvaldo Flávio de Melo Couto, Rodrigo Dias Cambraia, Rosângela Teixeira Universidade Federal de Minas Gerais Introdução e Objetivos: A hepatite B crônica e a esquistossomose são prevalentes em vários países, contudo o impacto desta associação não é conhecido. Este estudo avaliou a prevalência e a morbidade desta coinfecção. Métodos: 406 adultos com hepatite B crônica (HBsAg positivo > 6 meses) foram incluídos em estudo transversal. Classificou-se a hepatite B crônica como replicativa (HBVDNA ≥ 2.000 UI/ml) HBeAg positivo ou negativo, e inativa ou de baixa replicação (HBVDNA < 2.000 UI/ml). A esquistossomose foi classificada como formas hepatoesplênica (EHE) e não EHE. Biópsias hepáticas foram classificadas por METAVIR. Estimou-se o risco de fibrose acentuada (METAVIR F3-4) por análises uni e multivariada. Resultados: 263/406 (64,8%) eram masculinos, mediana de idade 45 anos (IIQ 35-54). 235/406 tinham hepatite B replicativa (66,4% HBeAg-negativo, 33,6% -positivo). 128 (32,5%) eram cirróticos. Confirmou-se esquistossomose em 124/406 (30,5%), sendo 81,5% homens, mediana de idade 47 anos (IIQ 39,5-54). 86/124 (69,4%) tinham EHE. 61,3% e 38,7% dos pacientes coinfectados tinham hepatite B replicativa e inativa, respectivamente. Pacientes com hepatite B replicativa e EHE apresentaram fibrose hepática e inflamação mais acentuadas quando comparados aos pacientes sem EHE (80,8% vs. 43,6% para METAVIR F3-4, p<0,01; 64,0% vs. 39,8% para METAVIR A2-3, p<0,01). Idade > 50 anos (OR=1,10, IC 95% 1,06-1,14, p<0,001), sexo masculino (OR=2,61, IC 95% 1,12-6,09, p=0,03), EHE (OR=4,56, IC 95% 2,10-9,91, p<0,001) e alcoolismo (OR=2,46, IC 95% 1,16-5,19, p=0,02) foram fatores independentemente associados à cirrose em pacientes com hepatite B crônica replicativa. Conclusões: A associação da hepatite B crônica replicativa e a esquistossomose mansoni, forma EHE, é fator de risco para fibrose acentuada, o que pode resultar em desfechos deletérios para pacientes de áreas endêmicas. TL 091 ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS SÉRICOS DO SULFATO DE DEHIDROEPIANDROSTERONA E O ESTÁGIO DE FIBROSE HEPÁTICA EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA João Marcello de Araujo Neto, Cristiane Alves Villela Nogueira, Maria Chiara Chindamo, Guilherme Ferreira da Motta Rezende, Adriana Marques Caroli de Freitas Botino, Vera Lucia Nunnes Pannain, Luiz Fernando Bruzzi Porto, Ronir Luiz, Rafaela Arcoverde, Livia Neves, Henrique Sérgio Moraes Coelho, Renata de Melo Perez Universidade Federal do Rio de Janeiro Introdução: A infecção crônica pelo vírus da hepatite C induz fibrose hepática, todavia, são pouco conhecidos os motivos pelos quais alguns pacientes progridem para fibrose avançada, ao passo que, outros permanecem com doença leve. Recentemente, foi descrita uma associação inversa entre os níveis séricos do sulfato de dehidroepiandrosterona (S-DHEA) e o estágio de fibrose hepática em pacientes com doença hepática gordurosa não-alcooólica. Também foi relatado que o S-DHEA tem efeitos antifibróticos. Objetivo: Comparar os níveis séricos de S-DHEA com o estágio de fibrose hepática em pacientes com hepatite C crônica. Materiais e métodos: Foi realizado um estudo transversal com inclusão prospectiva de pacientes no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro no período de 30 de novembro de 2009 a 31 de outubro de 2012. Os critérios de inclusão foram idade entre 18 e 75 anos e ter o diagnóstico de hepatite C crônica confirmado por técnica de polymerase chain reaction. Foram excluídos pacientes com outras hepatopatias (exceto doença hepática gordurosa), co-infecção com HIV ou hepatite B, doença endócrina prévia, uso de hormônios (exceto anticoncepcionais), insuficiência renal, historia de transplante de órgãos ou consumo de álcool maior do que 20 gramas por mais de 180 dias. 44 Todos os pacientes foram voluntários e assinaram termo de consentimento livre e esclarecido. Todas as biópsias foram realizadas por indicação dos médicos assistentes e nenhuma ocorreu com o propósito único de participar da pesquisa. Foram obtidas amostras de soro dos pacientes no dia da realização da biópsia hepática, antes do procedimento. O S-DHEA foi medido por electrochemoluminescence imunoassay e, posteriormente, comparado com a fibrose avaliada pela biópsia e classificada de acordo com METAVIR. A fibrose foi subclassificada em leve (F0 e F1) X significativa (F2 a F4) e nãoavançada (F0 a 2) e avançada (F3 e 4). Como os níveis séricos de SDHEA variam com a idade, foi calculado o escore padronizado (escore Z) dos valores séricos de S-DHEA através da subtração do valor individual de S-DHEA pela média na população de mesma faixa etária e consequente divisão pelo desvio padrão na população. Por fim, também foram avaliadas as variáveis gênero, cor, idade, presença de diabetes mellitus, índice de massa corporal e perímetro abdominal. Os critérios para diagnóstico de diabetes mellitus seguiram as recomendações da sociedade americana de diabetes. O critério para Perímetro abdominal aumentado seguiu a recomendação da Organização Mundial de Saúde padronizada pelo gênero. Resultados: Foram incluídos 287 pacientes, Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TRABALHOS CIENTÍFICOS sendo 126 (44%) do gênero masculino e 127 (44%) brancos. A média de idade foi de 51 ± 11 anos. A ocorrência de DM foi 16%, de IMC ? 30Kg/m2 foi 20,9% e de aumento do perímetro abdominal foi 52,6%. A ocorrência dos graus de fibrose F0, F1, F2, F3 e F4 foi 3%, 51%, 23%, 16% e 7% respectivamente. A maioria dos pacientes (57%) não apresentou achados histopatológicos sugestivos de esteatose. A análise comparativa das medianas dos níveis séricos de S-DHEA com o estágio de fibrose hepática está representada na tabela 1. Foram desenvolvidos modelos de regressão logística binários (stepwise forward) para avaliar a relação da variável dependente fibrose (categorizada como não avançada e avançada) com o nível sérico de S-DHEA. A partir do modelo 2 foram inseridas as variáveis idade, gênero, diabetes mellitus, IMC ≥ 30Kg/m 2 aumento do perímetro abdominal e esteatose. Conclusão: Níveis baixos de S-DHEA estão associados com fibrose hepática mais avançada em pacientes com hepatite C crônica. A associação entre níveis séricos mais baixos de S-DHEA e fibrose avançada foi independente de idade, gênero e da presença de diabetes mellitus, obesidade e esteatose. (tabela 1 - Análise comparativa das medianas dos níveis séricos de S-DHEA com o estágio de fibrose hepática) A análise comparativa das medianas dos níveis séricos de S-DHEA com o estágio de fibrose hepática nos pacientes sem esteatose ou esteatohepatite (n=164) está representada na tabela 2. (tabela 2 - Análise comparativa das medianas dos níveis séricos de S-DHEA com o estágio de fibrose hepática em pacientes sem esteatose ou esteatohepatite) A análise comparativa das medianas do escore padronizado de SDHEA com o estágio de fibrose hepática está representada na tabela 3. Tabela 4 - Modelos de regressão logística - DM= diabetes mellitus, IMC= índice de massa corporal, Cir. Abd = circunferência abdominal). (tabela 3 - Análise comparativa das medianas do escore Z com o estágio de fibrose hepática) Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 45 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia Trabalhos selecionados para Menção Honrosa TL 092 CARCINOMA HEPATOCELULAR NA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA (DHGNA) EM DOIS CENTROS NO BRASIL: APLICABILIDADE DO SISTEMA DE ESTADIAMENTO BCLC Claudia Pinto Marques Souza de Oliveira, Kikuchi L, Oliveira CP, Tani CM1, Alvares-da-Silva MR, Stefano JT, Belitzki G, Diniz MA, Chagas AL, Alencar RSSM, Brizolla PC, Vezozzo DCP, Santos GR, Alves VAF, Carrilho FJ Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução e objetivos: Recentemente, a doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) surgiu como uma importante causa de doença hepática crônica, cirrose e carcinoma hepatocelular. Os objetivos deste estudo retrospectivo foram: avaliar aspectos clínicos do Carcinoma Hepatocelular (CHC) relacionado à DHGNA, descrevendo aspectos diagnósticos do tumor e aplicabilidade do sistema BCLC para avaliar se suas diretrizes de tratamento são adequados para CHC decorrente da DHGNA. Métodos: Entre janeiro de 2010 a dezembro de 2012, 42 pacientes com CHC relacionado com esteato-hepatite (EHNA) ou cirrose criptogênica foram avaliados retrospectivamente a partir de dois centros no Brasil. Parte dos pacientes incluídos vem de um observatório do CHC em DHGNA do consórcio Europeu FLIP. Apenas 29% dos pacientes não tinham biópsia hepática provando ENHA e tinham evidência clínica de cirrose criptogênica A identificação de cirrose critogênica foi baseada em características histológicas e / ou evidência radiológica ou clínica da cirrose associada a síndrome metabólica. Outras causas de doença hepática crônica, como a hepatite B, hepatite C, hepatite auto-imune, deficiência de alfa-1-antitripsina, doença de Wilson, hemocromatose e foram excluídos por exames laboratoriais adequados. Dados demográficos, fatores de risco para DHGNA, bioquímica hepática, biópsia hepática, quando disponíveis, gravidade da cirrose (classificação de Child-Pugh e MELD, o estágio do câncer de acordo com o BCLC; nível de alfa-fetoproteína (AFP) e modalidades de tratamento, foram coletadas no momento da inscrição. CHC foi diagnosticado de acordo com os critérios diagnósticos não invasivos da Associação Americana para o Estudo das Doenças do Fígado (AASLD), proposto em 2005 e atualizado em 2010. Histologia do tumor foi realizada em todos os pacientes não-cirróticos e casos inconclusivos por exame de imagem (tomografia computadorizada e/ou ressonância magnética). A sobrevida global foi calculada a partir da data do diagnóstico de CHC até à data da morte. Resultados: Trinta (71%) casos relacionados com DHGNA e 12 (29%) casos criptogênica foram coletados ao longo de 24 meses. A média de idade foi de 66,5 anos (variação de 25-80 anos) e predominou o sexo masculino (n = 26, 62%). A maioria dos pacientes (81%) foram diagnosticados com a obesidade, a diabetes, hipertensão ou dislipidemia. Quatro pacientes (10%) tiveram um fígado não-cirrótico. O número de pacientes em classe Child-Pugh A, B, e C foram de 20 (48%), 15 (35%) e 3 (7%), respectivamente. CHC foi detectado pela vigilância em 55%. CHC foi diagnosticado com base em critérios diagnósticos não invasivos da AASLD em 24 pacientes (57%). Diagnóstico do CHC foi confirmado por histologia em 18 pacientes (43%). Vinte e nove pacientes (69%) tiveram um único tumor e o diâmetro médio do maior tumor foi de 38 mm (variando de 17-150 mm). Cinco pacientes (12%) tinham invasão macrovascular e 3 (7%) disseminação extra-hepática. O valor mediano AFP foi de 11 ng / mL (intervalo, 1-20,000 ng/ ml). Um paciente (2%), 19 (45%), 8 (19%), 5 (12%) e 5 pacientes (12%) foram classificados inicialmente à muito precoce (0), inicial (A), intermediário (B), avançado (C), e terminal (D), respectivamente, pelo BCLC. Tratamentos curativos, que incluiu a ressecção, a terapia ablativa local, e transplante de fígado, foram realizados em 23 (55%) pacientes, enquanto que tratamentos paliativos, como a TACE ou sorafenibe foi dado em 11 (26%) pacientes. Oito (19%) pacientes receberam apenas suporte. Durante o período de acompanhamento (média de 11 meses, variando de 0-85 meses), 12 pacientes morreram de progressão do tumor ou complicações relacionadas à cirrose. As taxas de sobrevida em 1, 2 e 3 anos foram de 78, 61 e 54%, respectivamente. Conclusões: DHGNA é uma importante condição para o desenvolvimento do CHC, na ausência de outras doenças do fígado. CHC associado à DHGNA ocorre frequentemente com cirrose, no entanto, foi relatado um número crescente de CHC relacionado à EHNA em fígado não-cirrótico. No presente estudo, 10% dos pacientes que desenvolveram CHC no contexto da DHGNA não tinham cirrose. O BCLC é aplicável para pacientes cirróticos e deve ser detectado em um programa de rastreio regular, passível de terapia curativa. Contudo para pacientes com DHGNA não cirróticos o diagnóstico deve ser mais precoce e terapia mais agressiva. TL 093 EXPRESSÃO HEPÁTICA E SÉRICA DO miR-33a E miR-122 EM INDIVÍDUOS INFECTADOS PELO HCV Ketti Gleyzer de Oliveira, Fernanda de Mello Malta, Paola Lara Faria, Ana Catharina de Seixas Santos Nastri, Azzo Widman, Flair José Carrilho, João Renato Rebello Pinho Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: MicroRNAs (miR) são pequenos RNAs não-codificantes altamente conservados que regulam diversos processos biológicos. O miR-122 e miR-33a são descritos como reguladores do metabolismo de lipídios. A infecção pelo vírus da Hepatite C (HCV) altera a expressão de genes envolvidos na biossíntese e transporte de lípidos, resultando na estimulação do metabolismo dos lípidos e 46 criando um ambiente favorável para a replicação do vírus. Para o nosso conhecimento, não existem relatos que associem a expressão do miR-33a com o perfil lipídico na infecção pelo HCV. Objetivo: No presente estudo, foi avaliada a expressão hepática e sérica do miR33a e do miR-122. Materiais e Métodos: 67 pacientes foram incluídos neste estudo (55 infectados pelo HCV-1 e 12 infectados Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters pelo HCV-3a). Os miRNAs foram isolados a partir de amostras de sangue e de biópsias hepáticas. Os níveis de expressão do miR33a e miR-122 foram avaliados utilizando primers e sondas específicos. As reações e análises foram realizadas no equipamento ABI 7500-Fast (Applied Biosystems, Foster City, CA, EUA). As amostras foram testadas em triplicatas e como controle endógeno foi utilizado o RNU44. Os valores foram calculados utilizando o algorítmo 2 -ΔΔCt. Resultados: A expressão do miR-33a foi mais elevada no tecido hepático do que no sangue periférico, tanto na infecção pelo HCV genótipo 1 (p = 0,0036) como na infecção pelo HCV genótipo 3 (p = 0,023). Além disso, em indivíduos infectados pelo genótipo 3, observou-se correlação negativa entre a expressão de miR-33a e os níveis séricos de colesterol (r = -0,6304, P = 0,028, R2 = 0,3975). O miR-122 teve maior expressão no sangue periférico do que no tecido hepático, independente do genótipo viral. Na infecção pelo HCV genótipo 3, observamos correlação negativa entre os níveis séricos de miR-122 e carga viral do HCV (r = -0,8933, p <0,0001, r2 = 0,7979). Conclusão: A correlação observada entre os níveis de expressão do miR-122 e a carga viral do HCV-3 reforça o achado de estudos anteriores que descrevem o aumento sérico deste miR como consequência da lesão hepática promovida pelo HCV. Além disso, na infecção pelo HCV genótipo 3 foi observada forte correlação entre o nível sérico de colesterol e a expressão hepática de miR-33a, sugerindo portanto que o HCV-3 provavelmente esteja desregulando eficientemente a expressão hepática do miR-33a para favorecer o depósito de gordura nos hepatócitos. TL 094 ENTROPY LEVEL ON RESISTANCE POSITIONS OF HEPATITIS C NS3 PROTEIN SUBTYPES 1A AND 1B AGAINST PROTEASE INHIBITORS FROM DIFFERENT GEOGRAPHICAL LOCATIONS Rafael Alves da Silva, Artur Trancoso Lopo de Queiroz, Jardelina de Souza Todão, Roberto José de Carvalho Filho, Isabel Maria Vicente Guedes de Carvalho Mello Laboratório de Hepatologia Molecular Aplicada, Lhema Departamento de Gastroenterologia, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo The hepatitis c virus (HCV) infection is a major public health problem and several new drugs that targets specific viral proteins (DAA) are on clinical trials or already approved for use. Clinical trials characterized several mutations associated to treatment failure. However, the high mutation rate and HCV quasispecies characteristics makes hard any conclusion about natural polymorphism of naïve of treatment patients from different geographical locations. To assess more information 1277 HCV NS3 protein genotype 1a and 1b sequences from patients without DAA treatment contact were obtained from LosAlamos and Genbank databases. The datasets were separated according to geographical location (Europe, USA and Brazil) and subtype (1a and 1b). Phylogenetic reconstructions were performed for genotypes and geographical confirmation clades. The naïve resistance mutations analysis was performed translating nucleic acids sequence into amino acids. Shannon entropy was calculated for every associated resistance position of the protease domain (181 aa) at each geographical group. Naïve resistance mutations were observed up to 5% at positions 36, 41, 43, 54, 80, 109, 155, 156 and 168 mixed in all three geographical groups and both genotypes. The position 80 showed significant difference on the geographical analysis with the highest level on US genotype samples (Entropy = 0,79309) and low-level entropy on Brazilian genotype 1a samples (Entropy = 0,2155). The information complexity of NS3 protein Q80 position on geographical locations is important to be analyzed when compared with the absence of resistance mutation Q80K on Brazilian naïve samples and the high level presence on American and European naive samples (Q80K = 36 %). However, all three genotype 1b geographical groups presented low entropy level of Q80K and a high level of entropy at position 170. This high complexity information pattern on that position of genotype 1b sequences is associated to V170I natural polymorphism, not described yet as resistance mutation. Studies with resistance against the HCV DAA treatments make it clear that naïve patients natural polymorphisms are associated to treatment discontinues cause and the different geographical pattern of both subtypes raises important questions about the impact of same subtypes natural polymorphisms of different countries can impact on the protocol of treatment. TL 095 DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO-ALCOÓLICA: EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DO FATOR DE CRESCIMENTO TRANSFORMADOR β1 E DA ACTINA α DE MÚSCULO LISO Juliana Bigi Maya Monteiro, Geysa Bigi Maya Monteiro, Adriana Caroli-Bottino, Vera Lúcia Nunes Pannain UFRJ Introdução: A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é uma importante causa de doença hepática crônica no adulto, intimamente associada à obesidade, hiperlipidemia e diabetes mellitus do tipo II. Nas próximas décadas, poderá ser a principal causa de doença hepática crônica, superando até mesmo as hepatites virais em alguns países. Durante a agressão hepática crônica, citocinas inflamatórias são produzidas e estimulam a ativação de diversas células, em especial a célula estrelada, que passa a expressar actina α de músculo liso (α SMA) e a produzir matriz extracelular, sendo a principal responsável pela fibrose. Entre os diversos estímulos, destaca-se o fator de crescimento transformador β1 (TGF-β1) como o principal estimulante da fibrogênese. Objetivo: Avaliar a expressão imuno-histoquímica do TGF-β1 e da α -SMA em biópsias hepáticas de pacientes com o diagnóstico histológico de DHGNA em suas diferentes apresentações (esteatose, esteato-hepatite e cirrose). Material e métodos: Foram Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 estudadas retrospectivamente biópsias hepáticas de pacientes com o diagnóstico histológico de DHGNA nas colorações pela hematoxilinaeosina, tricrômico de Masson e Picro-Sirius. As amostras foram submetidas a estudo imuno-histoquímico com os anticorpos anti-α-SMA e anti-TGF-β1. Resultado: A α -SMA mostrou maior expressão em zona 3 (p<0,001) em todos os diagnósticos possíveis da DHGNA, inclusive nas biópsias que não apresentaram esteato-hepatite ou fibrose, sem diferença estatisticamente significativa entre os grupos (p=0,0707). A densidade de expressão do TGF-β1 mostrou-se independente do grau de esteatose (p=0,731), do infiltrado inflamatório (p=0,624) e da densidade de expressão da α -SMA (p=0,201). Conclusão: A α -SMA e o TGF-β1 mostraram expressão significativa em todos os estágios da DHGNA, independentemente do grau de inflamação e fibrose, indicando haver estímulo para a ativação das células estreladas e da fibrogênese desde o início do processo. 47 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia TL 096 TRATAMENTO DO CARCINOMA HEPATOCELULAR COM QUIOEMBOLIZAÇÃO: UM ESTUDO DE VIDA REAL Lívia Caprara Lionço, Angelo Alves de Mattos, Alex Finger Horbe, Ane Micheli Costabeber, Dorvaldo Paulo Tarasconi, Luciana dos Santos Schraiber Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre Introdução: A quimioembolização transarterial (TACE) é a opção de tratamento mais amplamente utilizada para pacientes com carcinoma hepatocelular (CHC) em estágio intermediário, não candidatos à abordagem curativa. Objetivo: Avaliar a sobrevida dos pacientes com CHC irressecável submetidos à TACE. Métodos: Foi realizado um estudo de coorte retrospectiva em um serviço de referência, que avaliou 101 pacientes submetidos à TACE com o intuito de tratamento paliativo. A TACE, sempre que possível, foi realizada através de cateterismo superseletivo. A resposta ao tratamento foi avaliada pelo mRECIST. O método de Kaplan-Meier foi utilizado para analisar a sobrevida. Para avaliar a associação com o óbito, foi utilizado um modelo de regressão de azares proporcionais de Cox. Resultados: Todos os pacientes eram cirróticos, a maioria Child A (62,4%), do sexo masculino (72,3%), com média de idade de 64,7±9,7 anos e média de MELD de 10,6±3,2, sendo o vírus da hepatite C a etiologia mais comum da hepatopatia (59,4%). A mediana da AFP foi de 29,9 ng/ml (1,1 a 36.600). A média do número de nódulos foi de 2,7±1,5 e do diâmetro do maior nódulo, 5,5±2,8 cm. Intercorrências após a TACE foram observadas em 30,7% dos pacientes. Na avaliação pelo mRECIST da lesão alvo, 33,7% obtiveram resposta completa, 23,8% resposta parcial, 26,7% doença estável e 15,8% doença progressiva. Pelo mRECIST geral, a maioria apresentou doença progressiva (61,4%). O tempo mediano de seguimento foi de 33,2 meses e o tempo mediano de sobrevida calculado a partir do diagnóstico foi de 26,3 meses. A taxa de sobrevida em 1, 2, 3 e 5 anos foi de 75%, 54%, 41% e 27%, respectivamente. Quando avaliadas as variáveis relacionadas ao óbito, na análise univariada, atingiram significância estatística: MELD ≥15, AFP ≥100 ng/ml e mRECIST. No modelo para o ajuste multivariável do mRECIST da lesão alvo MELD ≥15 e uma AFP ≥100 ng/ml foram fatores independentes associados a óbito. Resposta completa e resposta parcial foram fatores de proteção independentes. Já no modelo para o ajuste multivariável do mRECIST geral, apenas uma AFP ≥100 ng/ml apresentou-se associada a óbito independentemente, com significância limítrofe (p=0,055). Conclusão: A TACE mostrou ser uma terapêutica segura e eficaz para pacientes com CHC irressecável, no entanto, um nível de AFP ≥ 100 ng/ml está associado a um prognóstico mais reservado. TL 097 IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DO ESCORE MELD NA ALOCAÇÃO DE FÍGADOS: A EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO BRASILEIRO Adriana Gonçalves da Silva Machado, Ajacio Brandão, Alfeu Fleck Junior, Claudio Augusto Marroni, Maria Lucia Zanotelli, Guido Cantisani UFCSPA Introdução: o escore MELD é um acurado preditor de mortalidade em pacientes cirróticos tendo sido instituído como ferramenta para alocação de fígados no Brasil em 2006. No entanto, seu impacto na alocação de órgãos bem como na mortalidade em lista de espera e após transplante não é bem conhecido em nosso meio. Objetivos: avaliar o impacto da implantação do escore MELD na alocação de fígados e na mortalidade após transplante em um centro no sul do Brasil. Pacientes e Métodos: foram estudados pacientes adultos hepatopatas crônicos, em lista de espera para um primeiro transplante hepático (TxH) com doador falecido. Foram constituídas duas coortes, antes e após adoção do escore MELD, segundo data de ingresso em lista. O período mínimo de seguimento foi de 18 meses para avaliação dos desfechos de interesse (óbito/ transplante hepático). Resultados: a gravidade dos pacientes em lista para TxH, avaliada pelo escore MELD da data de inclusão, foi similar nas duas coortes. Risco de mortalidade em lista de espera correlacionou-se com o aumento progressivo do escore MELD, sendo que o acréscimo de uma unidade aumentou em 20% o risco de morte (HR: 1,2; IC 95%: 1,14-2,26; p < 0,001). Taxas de mortalidade em lista para TxH foram de 30,9% na era pré-MELD e de 21,7% na era pós, sem diferença estatística significativa. Verificou-se maior taxa de transplantes na era pós-MELD (40% versus 52%, p = 0,002). Quando excluídos os pacientes transplantados por carcinoma hepatocelular, as médias do escore MELD na data do transplante foram significativamente maiores no período pós-MELD (p < 0,01). Os valores do escore MELD na data do transplante não se correlacionaram com a sobrevida após o procedimento. No período de seguimento de 18 meses após transplante foram observadas taxas de mortalidade de 25,4% na era pré-MELD e de 20% na era pós-MELD, sem diferença estatisticamente significativa. Conclusão: implantação do escore MELD foi associada a menor mortalidade em lista, em comparação à era pré-MELD. Por outro lado, apesar de na era MELD terem sido transplantados pacientes mais gravemente enfermos do que no período precedente, taxas de sobrevida pós-transplante foram similares. TL 098 ENHANCED LIVER FIBROSIS (ELF) COMO PREDITOR DE FIBROSE HEPÁTICA EM PORTADORES DE HEPATITE C CRÔNICA Flavia Fernandes, Alessandra Dellavance, Luis Eduardo Andrade, Frederico Campos, Gustavo Pereira, Carlos Terra, João Luiz Pereira, Fátima Figueiredo, Renata Perez, Maria Lúcia Ferraz Hospital Universitário Pedro Ernesto, Hospital Federal de Bonsucesso, Laboratório Fleury Introdução: A fibrose hepática é o aspecto mais importante na avaliação da hepatite C crônica (HCC). A elastografia hepática transitória (EHT - Fibroscan ®) é um método não-invasivo de avaliação da fibrose bem estabelecido na HCC. O ELF é um marcador não-invasivo, sorológico, composto por: ácido hialurônico (AH), inibidor tissular da metaloproteinase I da matriz extracelular (TIMP-I) 48 e o propeptídeo amino-terminal do prócolágeno tipo III (PIIINP), que tem mostrado resultados promissores. Objetivo: Avaliar o desempenho do ELF como marcador não-invasivo de fibrose em pacientes com HCC. Material e métodos: 120 pacientes submetidos à biópsia hepática (BH) e EHT foram examinados, após assinarem TCLE. Critérios de exclusão: coinfeccão HIV ou HBV, consumo diário de Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters álcool superior a 40 gramas, colestase, IRC, ICC, uso de drogas fibrogênicas, BH com menos de 6 espacos-porta ou outra hepatopatia. Em um intervalo máximo de 3 meses após a BH, realizada a EHT e a coleta de sangue. O ELF foi calculado (ELF = 2.278 + 0.851 ln(AH) + 0.751 ln(PIIINP) + 0.394 ln(TIMP-1)) e foram aplicados os pontos de corte propostos pelo fabricante: < 7.7 fibrose ausente ou leve, ≥7.7 e < 9.8 fibrose moderada e ≥9.8 fibrose acentuada. O resultado da EHT foi expresso em kiloPascals considerando-se a mediana de 10 aquisicões, com taxa de sucesso de, no mínimo, 60% e IQR/mediana de até 30%. Todas as BHs foram revisadas pelo mesmo patologista. Resultados: 34% de homens e média de idade 53 (± DP 11.3) anos. A EHT foi inválida em 2 pacientes. A distribuição da fibrose hepática, segundo Metavir: F0, 2%; F1 - 52%; F2- 30%, F3 - 9% e F4 -7%. De acordo com os pontos de corte do ELF, havia 3 (2%) pacientes com fibrose ausente ou leve (F0-1), 74 (61%) com fibrose moderada (F2-3) e 44 (37%) com cirrose (F4). O ELF superestimou a fibrose em 76% dos casos e subestimou em um caso. A acurácia do ELF avaliada pela AUROC para fibrose significativa (≥2) foi de 0.81 (95% IC: 0.73-0.87), para fibrose avançada (F≥3) foi de 0.82 (95% IC: 0.74-0.88) e para cirrose 0.78 (95% IC: 0.70-0.85). Não houve diferença estatística significativa quando comparadas as AUROCs do ELF e EHT para (F≥ 2) (p 0.13), (F≥ 3) (p 0.08) e cirrose (p 0.11). Conclusão: O ELF apresenta bom desempenho como marcador não invasivo de fibrose. No entanto, novos pontos de corte precisam ser estabelecidos para melhorar a discriminação dos diferentes estágios de fibrose em pacientes com hepatite C crônica. TL 099 AVALIAR A ASSOCIAÇÃO ENTRE O POLIMORFISMO rs12979860 (C/T) DO GENE IL28B E A CARGA VIRAL DO HCV-RNA EM PACIENTES INFECTADOS PELO VÍRUS DA HEPATITE C (HCV) Yasmin de Macedo Mallon Couto, Maria Emiliana de Lima Brandão, Bruna Cristina Bertol, Simone Moreira, Raquel Francine Liermann Garcia, Leslie Ecker Ferreira, Guilherme Debortoli, Mauro de Souza Leite Pinho, Marcia Amendola-Pires, Alessandra Mendonça de Almeida Maciel, Carlos Eduardo Brandão-Mello, Paulo Henrique Condeixa de França Hospital Universitário Gafree e Guinle Introdução: Estudos de associação do genoma completo identificaram variações genéticas no gene da Interleucina 28 (IL28B) como o mais forte fator preditivo de controle da infecção pelo HCV. Polimorfismos de Nucleotídeo Único (SNPs) próximos ao gene IL28B associam-se com a capacidade de eliminação do HCV pelo hospedeiro. O SNP conhecido como rs12979860 demonstra forte associação a chance maior de clareamento viral espontâneo e de resposta ao tratamento. Quando um indivíduo apresenta o genótipo CC as chances de depuração espontânea do vírus e a resposta ao tratamento com interferon e ribavirina são melhores do que as dos indivíduos CT /TT. Além disso, alguns estudos relataram associação paradoxal entre os genótipos de IL28B e os níveis de HCV-RNA. Curiosamente, dois estudos encontraram associação entre o genótipo CC de IL28B e cargas virais maiores, enquanto outro estudo não encontrou associação. Objetivo: Avaliar a relevância das variantes do SNP rs12979860 (C/T) do gene IL28B e sua relação com a carga viral do HCV-RNA comparando o grupo CC versus CT/TT. Material e Métodos: Estudo observacional e descritivo. A amostra foi composta de 59 pacientes com idade superior a 18 anos, virgens de tratamento, infectados pelo HCV atendidos no ambulatório de Doenças do Fígado do HUGG. A genotipagem foi realizada via Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) seguida de exposição a endonucleases específicas (RFLP), assim como a avaliação quantitativa (carga viral) do HCV-RNA, também realizada por PCR em todos os pacientes. Os resultados da determinação da carga viral do HCV-RNA foram obtidas através da revisão dos prontuários. Resultados: Dentre os pacientes, 30,5% tinham a presença do genótipo CC no SNP rs12979860, 49,1% CT e 20,3% TT. Em relação a carga viral: 8,4% dos pacientes apresentaram HCV-RNA ≤ log 4, sendo 20% TT, 40% CT e 40% CC. 52,5% apresentavam carga viral ≥ log 4 e ≤ log 6 dentre os quais 25,8% exibiam os alelos TT, 48,3% CT e 25,8% CC. Finalmente, 38,9% dos pacientes apresentavam carga viral ≥ log 6, sendo que 13% eram TT, 52,1% CT e 34, 7% CC. Conclusão: Não foi encontrada associação entre o polimorfismo C/T do gene IL28B e a carga viral do HCV-RNA na amostra analisada de pacientes infectados pelo HCV. Casuísticas com número maior de pacientes são desejáveis para dirimir essas controvérsias. TL 100 CONCORDANCE BETWEEN HEPATIC TRANSIENT ELASTOGRAPHY BY FIBROSCAN® AND FIBROMETER® TO THE STAGE OF LIVER FIBROSIS PR Abrão Ferreira1, H Bonilha2, S Tenore1, R Cortes3, RS Diaz1,3, C Vilhena3, MC Mendes-Correa 4 1 3 2 Division of Infectious Disease - Federal University of São Paulo; Institute of Vaccination and Infectious Disease of Piracicaba; 4 Centro de Genomas Laboratory; Department of Infectious Disease School of Medicine University of São Paulo Objective: The association of hepatic transient elastography by FIBROSCAN® (FS) and non invasive biomarkers of liver fibrosis, as FIBROMETER® (FM), has demonstrated usefull to increase the acuracy of these methods, when comparated to liver biopsy. This is particularlly true whe are evaluated intermediate stages of fibrosis (clinically significant fibrosis or F2). As demonstrated in French studies, the concordance between these two types of non invasive methods can exclude the need of liver biopsy to stage fibrosis in patients with chronic hepatitis C. The objective of this study is to evaluate the percentual of concordance between FIBROSCAN® and FIBROMETER® and possible factors related to theire discordance. Methods: Was defined as reliable exam by the FS, following the manufacturer instructions, at least 10 valid mesurements (as data from the equipment), 60% of valid mesurements, interquartil range(IQR) less than 30% of valid mesurements mediana. The exams considered reliable were reclassified as much reliable (IQR<10%), reliable (IQR 11-20%) and Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 less reliable (IQR 21-30%). The invalid exam was determined by the softwear of the equipment. All patients were, initially submited to the exam with M probe. If this was not reliable or invalid, the patients were reexamined with XL probe. Results: 51 patients submited to FS and FM, in the same day, from february 2011 to march 2012 were included in the analisis, 27 (50,8%) males, with mean age of 51,7 anos (28,0-80,0), diagnosis of hepatitis C in 46 (90,2%), hepatic steatosis 3 (5,9%), hepatitis B 2 (3,9%). 42 (82,4%) patients were submited to the exam to follow up of previous biopsy and 9 (17,6%) to initial diagnosis. The mean body mass index (BMI) was 25,8 kg/m2 (18,9-41,3). The XL probe use was necessary in 6 cases (11,8%) and the mean exam duration was 3,0 minutos (2-10). No patient had invalid or non reliable exam by FS. When reclassified the reliable exams the distribuition was: much realiable 20 (39,2%), realiable 25 (49,0%) and les realiable 6 (11,8%). The stages of fibrosis by FS were: F0 11 (21,6%), F0-1 14 (27,5%), F1-2 10 (19,6%), F2 2 (3,9%), F3 4 (7,8%), F3-4 2 (3,9%), F4 8 (15,7%). To FM were: F0-1 8 49 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia (15,7%), F1-2 23 (45,1%), F2 6 (11,8%), F3 12 (23,5%), F3-4 1 (2,0%) F4 1 (2,0%). The concordance between FS and FM was oserved in 37 (72,5%) patients. We compare between concordants and non concordants: age, gender, diagnostic, exam indication, BMI, torax circunference, abdome circunference, wrist circunference, exam duration, type of probe, grade of realibility, fibrosis stage. Only the grade of realiability shown a tendence of statistical significance, related to concordance between FM and FS (much reliable = 90% of concordance, realiable = 60% of concordance, less realiable = 66% of concordance; P = 0,077). A FS result much realiable had high concordance with FM result. Among 13 cases of discordance, in 9 (69,2%) the FM result was one stage less than the FS. In two cases we observed discordance in more than two stages os fibrosis. In 11 (84,6%) patients the discordance was next to stage F2. Conclusion: We observed concordance between FM and FS in 72,5% of cases. The concordance was higher when the FS result was much reliable. Most discordance ocurred in intermediate stage of fibrosis. TL 101 POLIMORFISMO DO GENE IL28B (rs12979860) NA DOENÇA HEPATICA CAUSADA PELO VÍRUS C(HCV) EM PACIENTES TRANSPLANTADOS José Carlos Salgado da Silva, Luydson Richardson Silva Vasconcelos, Rodrigo Feliciano do Carmo, Luciano Beltrão Pereira, Erika Rabelo Forte de Siqueira, Patrícia Moura, Leila Maria Moreira Beltrão Pereira Universidade de Pernambuco, Instituto do Fígado de Pernambuco, Universidade Federal do Vale do São Francisco IIntrodução: A doença hepática provocada pelo vírus da hepatite C (HCV) é a principal causa de transplante hepático, constituindo um problema de saúde pública no mundo. A determinação de fatores que levam a evolução da reativação da infecção por este vírus póstransplante pode fornecer conhecimentos para o desenvolvimento de estratégias na prevenção da fibrose em pacientes transplantados infectados pelo HCV. Fatores genéticos do hospedeiro têm sido estudados e podem afetar no prognóstico da doença. O polimorfismo no gene IL28B é um fator importante na resposta ao tratamento com interferon, envolvido no combate ao vírus e na regulação da resposta imune inata e adaptativa. Estudos recentes mostraram a importância de variantes do gene IL28B na resposta para terapia do HCV e sua influência na progressão da doença hepática em pacientes transplantados. Objetivo: O presente trabalho estudou a relação do polimorfismo do gene IL28B com a fibrose hepática em pacientes com Hepatite C transplantados. Materiais e Métodos: Foram analisados 42 pacientes provenientes do Hospital Universitário Oswaldo Cruz e atendidos no Instituto do Fígado de Pernambuco-IFP/PE. A genotipagem do IL28B foi realizada por meio da PCR em tempo real utilizando sondas TAQMAN®, os pacientes foram divididos em dois grupos para avaliar a progressão da fibrose pós-transplante hepático, Grupo 1 (pacientes com grau de fibrose F0, na primeira biopsia pós transplante) e Grupo 2 (com grau de fibrose F1-F4 na primeira biopsia pós transplante). Resultados: O sexo masculino mostrou prevalência de 61% (n=14) e 53% (n=10) nos grupos 1 e 2 respectivamente (p=0.822), a prevalência do genótipo viral 1 no grupo 1 e 2 foi de 78% (n=18) e 79% (n=15) respectivamente, (p=0.746), também não houve associação da idade, níveis de AST e ALT entre os grupos estudados, p=0.286, p=0.218 e p=0.236, respectivamente. Foi observado uma maior freqüência do genótipo CC do IL28B no grupo 2 em relação ao grupo 1, 42,1% (n=8) vs. 21,7% (n=5), p=0,03. Conclusão: Os dados preliminares mostraram uma maior freqüência do genótipo CC nos pacientes com evolução da fibrose pós-transplante. O presente estudo precisa ser replicado em uma amostragem maior, assim como é importante uma análise do IL28B do doador para elucidar o verdadeiro papel do polimorfismo do IL28B em pacientes transplantados por HCV. Palavras-chave: HCV, IL-28B, transplantes, evolução e fibrose hepática. TL 102 ASSOCIAÇÃO DE DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA COM NEOPLASIAS MALIGNAS PRIMÁRIAS E SECUNDÁRIAS DO FÍGADO: AVALIAÇÃO EM CENTRO DE TRATAMENTO DE SÃO PAULO Perla Oliveira Schulz, Maria de Fátima Araújo Nascimento, Fabio Gonçalves Ferreira, Andrea Vieira, Luiz Arnaldo Szutan Irmandade Santa Casa de São Paulo Introdução: A prevalência da doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) vem aumentando no mundo. Estudos demonstraram a associação de carcinoma hepatocelular (CHC) e colangiocarcinoma (colangioCA) com esteatohepatite não alcoólica (EHNA) cirrótica, mas não é definido se tais neoplasias têm risco aumentado em não cirróticos. Como a DHGNA e a neoplasia colorretal têm fatores de risco em comum, trabalhos indicam que estágios precoces de EH já promoveriam um microambiente favorável ao desenvolvimento de metástases hepáticas de neoplasias colorretais (MCR). Objetivo: avaliar a associação de DHGNA com neoplasias malignas primárias e secundárias do fígado (NMPSF), comparando as prevalências nos diferentes tipos histológicos de tumores. Casuística e Métodos: Estudo retrospectivo de 120 casos de NMPSF incluídos no banco de dados do Departamento de Anatomia Patológica, de janeiro de 2007 a dezembro de 2011. As amostras foram avaliadas quanto à presença de fatores de risco para DHGNA, e quanto à presença de EH, EHNA e fibrose hepática (FH). Foi quantificada a associação dos fatores de risco com EH, EHNA e FH. Os pacientes foram divididos em grupos de 50 cada neoplasia e respectivos grupos-controles, contendo as demais neoplasias. Resultados: No grupo total não houve diferença de associação de EH em relação à população geral (34,2% X 30%, intervalo de confiança - 95%IC- 25,8-43,4). Avaliando por neoplasia, a EH foi mais prevalente no grupo-MCR (odds-ratio-OR=3,92; 95%IC 1,2-9,57; ñ - valor=0,001), mas não no grupo-CHC (OR= 0,60; 95%IC 0,15-2,22; ñ - valor=0,406) ou no grupo-colangioCA (OR= 0,70; 95%IC 0,14-3,15; ñ - valor= 0,613). Houve maior prevalência de FH no grupoCHC (OR= 3,50; 95%IC 0,96-13,88; ñ - valor= 0,032), mas não no MCR ou no colangioCA (OR= 0,47; 95%IC 0,20-1,09; ñ - valor= 0,053 e OR= 1,85; 95%IC 0,45-8,05; ñ - valor= 0,343, respectivamente). Não houve casos de EHNA em nenhum dos três tipos de tumores, mas sim nos seus controles (ñ - valor=0,552; ñ - valor=1,000 e ñ - valor=1,000, respectivamente). Ao avaliarmos a relação da presença de EH, FH e EHNA com os fatores de risco, não foi observada associação estatisticamente significante em nenhuma das neoplasias estudadas. Conclusão: Houve associação estatística de DHGNA com MCR no grupo estudado, mas não com CHC ou colangioCA. Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters TL 103 TIPO E FREQUÊNCIA DAS COMPLICAÇÕES INFECCIOSAS APÓS O TRANSPLANTE DE FÍGADO E SEU IMPACTO NA MORBIMORTALIDADE PÓS-OPERATÓRIA Isadora Pinheiro Matos, Liana Codes, Paulo Lisboa Bittencourt, Andrea Ribeiro Cavalcanti, Bruno Almeida, Leonardo Canedo, Maria Auxiliadora Evangelista, Alessandra Oliveira de Castro, Jorge Bastos Hospital Portugues, Salvador, Bahia Introdução: Infecções são uma das principais causas de óbito em pacientes submetidos a transplante hepático (TH), particularmente as infecções bacterianas de trato respiratório no primeiro mês de pósoperatório (PO). As infecções fúngicas, por outro lado, são menos frequentes, porém associadas a pior prognóstico. Objetivos: Avaliar a frequência e a topografia das complicações infecciosas no PO do TH e correlacionar sua presença com morbimortalidade peri-operatória. Métodos: 192 pacientes (84% sexo masculino, idade de 50,21 ± 12,09 anos) submetidos a TH entre 2001-2011 (67% por vírus C e/ou álcool, com MELD entre 7 a 40, a maioria transplantada por cirrose descompensada) foram retrospectivamente avaliados visando investigar ocorrência de complicações infecciosas virais, bacterianas e fúngicas em três intervalos distintos (0-30 dias, 31-180 dias e mais de 180 dias) de PO. Resultados: 118 (61.5%) pacientes apresentaram um ou mais episódios de infecções, incluindo 89 (46,4%) infecções bacterianas, 46 (24%) infecções virais e 27 (14%) infecções fúngicas. Oitenta episódios (41,5%) ocorreram no primeiro mês de PO, 54 (28%) entre 1 e 6 meses e 55 (28,5%) após 6 meses do TH. Os principais sítios de infecção foram trato respiratório, gastrointestinal, geniturinário e foco intra-abdominal. Não foram encontradas associações entre as complicações infecciosas e gravidade de doença hepática préoperatória, estimada pelas classificações de Child-Pugh e MELD; pico de ALT e complicações arteriais. Por outro lado, a presença de complicações biliares (p< 0,001) e de rejeição celular aguda (p = 0,03) se correlacionaram com maior frequência de infecções. Mortalidade PO não foi associada a presença de complicações infecciosas, mas sua ocorrência se associou a maior necessidade de suporte dialítico (p< 0,001). Conclusões: As infecções são complicações frequentes no PO do transplante hepático e influenciam sua morbidade a curto e médio prazo. TL 104 DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO-ALCOÓLICA: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS CLASSIFICAÇÕES DE KLEINER, BEDOSSA E O ESCORE DE ATIVIDADE (NAS) Juliana Bigi Maya Monteiro, Geysa Bigi Maya Monteiro, Adriana Caroli-Bottino, Vera Lúcia Nunes Pannain Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ Introdução: A esteato-hepatite não alcoólica (EHNA) é parte do espectro de lesões que caracteriza a doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA). A avaliação do comprometimento hepático pela biópsia permite estabelecer o diagnóstico e avaliar o seu possível prognóstico. Desde a descrição da doença por Ludwig e cols e, mais recentemente, por Kleiner e cols e Bedossa e cols o diagnóstico de EHNA tem passado por algumas reformulações. Quando as alterações histológicas observadas na biópsia não se enquadram completamente dentro dos critérios de EHNA propostos por Kleiner e cols estes a designam como possível EHNA. Enquanto que, para Bedossa e cols, esta categoria inexiste, e somente admitem o diagnóstico de EHNA e não-EHNA. Objetivos: Classificar biópsias hepáticas de pacientes com DHGNA segundo Kleiner e cols e Bedossa e cols, e a elas também aplicar o escore semi-quantitativo de atividade da doença (NAS), assim como verificar o índice de concordância entre os diagnósticos segundo tais classificações. Material e métodos: Foram classificadas 71 biópsias hepáticas de pacientes com DHGNA de acordo com Kleiner e cols, (não-EHNA, possível EHNA e EHNA), Bedossa e cols (não-EHNA e EHNA), além de se aplicar o escore de atividade da doença (NAS) - esteatose (03), balonização (0-2) e inflamação lobular (0-3), cujo somatório ≥5 (EHNA), 3≤ a <5 (possível EHNA) e <3 (não-EHNA). O índice de concordância (Kappa), das três categorias (não-EHNA, possível EHNA e EHNA) foi verificado entre as classificações de Kleiner e o NAS, enquanto que para todas as classificações a verificação da concordância se deu entre os diagnósticos de não-EHNA e EHNA. Resultados: O grau de concordância foi elevado entre as três classificações para o diagnóstico de não-EHNA e EHNA, evidenciada pelo índice de kappa igual a 0,964. Também foi evidenciada concordância entre Kleiner e cols e NAS, inclusive ao analisarmos o diagnóstico de possível EHNA, com índices de kappa de 0,691 (não-EHNA), 0,505 (possível EHNA) e 0,747 (EHNA). Conclusão: As três classificações são concordantes ao comparar EHNA e nãoEHNA, permitindo a utilização de qualquer uma delas para o diagnóstico histológico. Entretanto, a classificação de Bedossa e cols mostrou-se superior às demais por favorecer a interpretação dos casos indefinidos (possível EHNA) nas outras classificações em EHNA e não-EHNA. TL 105 CITOQUERATINA-18 (CK-18) SÉRICA COMO BIOMARCADOR DE GRAVIDADE NA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA (NAFLD) Andreza Correa Teixeira, Alice Chagas Barros, Marie Secaf, Leandra Naira Zambelli Ramalho, Adriana Leonarda Miranda, Marcia Guimarães Villanova, Sandro da Costa Ferreira, Silvana Gama Florêncio Chachá, Jorge Elias-Junior, Fernanda Aparecida Domenici, Maria José Franco Brochado, Ana de Lourdes Candolo Martinelli Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo Introdução: A esteato-hepatite não alcoólica (NASH) representa forma evolutiva da doença hepática gordurosa não alcoólica (NAFLD) e, a determinação da fibrose hepática na NAFLD tem papel importante na avaliação prognóstica. Objetivo: Avaliar a associação dos níveis séricos da citoqueratina-18 (CK-18) com a gravidade da NAFLD. Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 Métodos: Foram estudados 116 pacientes consecutivos, com diagnóstico de NAFLD comprovado por biópsia hepática, de acordo com os critérios de Brunt et al, 2011. As características histológicas foram assim classificadas: esteatose (0-3), inflamação lobular (0-3), balonização (0-2), inflamação portal (0-2), atividade da NAFLD 51 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia (≤4 e ≥5) e, fibrose (0-4). A dosagem sérica de CK-18 foi realizada por ensaio imunoenzimático, fazendo-se uso de kit comercial (M30Apoptosense®). O escore de fibrose NAFLD e a razão aspartato aminotransferase/plaquetas (APRI) também foram avaliados. Vinte e oito indivíduos saudáveis, da mesma região geográfica, foram incluídos como controle. Resultados: A idade média foi de 45,6±11,5 anos, com 58,6% do sexo feminino. Sobrepeso, obesidade, diabetes mellitus e dislipidemia foram encontrados em 38,4% (43/112), 56,2% (63/112), 44,2% (46/102) e 93,1% (95/102) dos pacientes, respectivamente. NASH foi diagnosticada em 89,5% (104/116) dos casos. Fibrose leve (estágios 0-1) foi caracterizada em 37,9% (44/116) e, fibrose grave (estágios 2-3), em 62,1% (72/116) dos indivíduos com NAFLD. Níveis séricos de CK-18 foram significativamente mais elevados nos pacientes com NAFLD quando comparados ao controle (357,30UI/L vs. 207,54UI/L; P=0,0023). Da mesma forma, indivíduos com NASH apresentaram valores de CK-18 superiores àqueles com esteatose, sem NASH (366,73UI/L vs. 203,84UI/L; P=0,0274). Pacientes com fibrose grave apresentaram níveis mais elevados de CK-18 quando comparados àqueles com fibrose leve (410,98UI/L vs. 276,78UI/L; P=0,0056). O escore de fibrose NAFLD foi significativamente superior no grupo com fibrose grave quando comparado à fibrose leve (-1,651 vs. -2,361; P=0,0360). Não houve diferença entre os dois grupos quando avaliado o índice APRI (fibrose leve: 0,4 e fibrose grave: 0,6; P=0,1066). Entretanto, os indivíduos com NASH apresentaram índice APRI significativamente superior quando comparados ao grupo com esteatose, sem NASH (0,6 vs. 0,3; P=0,0075). Conclusão: Níveis séricos de CK-18 podem contribuir como biomarcador de gravidade na NAFLD. Contudo, outros estudos são necessários para confirmar esses resultados. TL 106 HÁ DIFERENÇA DOS ESCORES DE QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE EM PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA B OU C? ESTUDO CASO-CONTROLE Carolina Lemos Gonçalves, Marina Castro Loures, Luciana Rodrigues da Cunha, Mariana Izabela Fernandes, Rosangela Teixeira, Fernando Silva Neves, Luciana Diniz Silva Departamento de Clínica Médica e Ambulatório de Hepatites Virais do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da UFMG Vários estudos têm demonstrado que a hepatite viral crônica (HV) interfere na qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) de pacientes infectados pelos vírus da hepatite B (VHB) ou C (VHC). A queda da QVRS na hepatite crônica C (HCC) não se associa ao estágio da doença hepática. No entanto, o efeito da gravidade da hepatopatia sobre a QVRS é ainda controverso. Dados sobre QVRS na hepatite crônica B (HCB) ainda são escassos. Objetivo: avaliar a influência de variáveis na QVRS de pacientes com HCB ou HCC: grau de comprometimento hepático, comorbidades clínicas, doenças psiquiátricas e características sociodemográficas. Pacientes e métodos: Pacientes infectados pelos VHB (n=78) ou VHC (n=78) foram pareados por sexo e idade com indivíduos assintomáticos (doadores de sangue, n= 39). Todos os indivíduos foram submetidos à avaliação psiquiátrica por meio da entrevista estruturada Mini International Neuropsychiatric Interview e das escalas Hamilton Depression Rating Scale e Hospital Anxiety and Depression Scale. Avaliou-se a QVRS por meio do questionário Medical Outomes Study 36-Item Short-Form Health Survey (SF-36). Informações pessoais, sóciodemográficas e clínicas foram colhidas e usou-se o SPSS 17.0 para análise dos dados. Foram criados modelos de regressão linear para identificar fatores associados à redução dos escores de QVRS em cada um dos 8 domínios do SF36. No modelo final, incluíram-se somente variáveis com p<0,05. Resultados: Características dos pacientes: HCB [média de idade 44,6 ± 10,4 anos; 54,6%, sexo masculino; 9%, cirrose compensada e 11,4%, transtorno depressivo maior (TDM)]; HCC (média de idade 46,5 ± 8,5 anos; 54,6%, sexo masculino; 17,9%, cirrose compensada e 37,2%, TDM); indivíduos saudáveis (idade 46,9 ± 5,3 anos; 54,6%, masculino; e 2,6%, TDM). Redução significativa dos escores dos 8 domínios do SF36 foi verificada em indivíduos com HV quando comparados aos controles. Em pacientes HCB, queda da QVRS foi independentemente associada à cirrose, TDM e idade avançada. Em pacientes com HCC, TDM associou-se a menores pontuações em 7 domínios do SF-36. Ainda, pior QVRS foi encontrada em pacientes HCC com hipertensão arterial sistêmica, cirrose, abuso/dependência de drogas ilícitas. Conclusões: Vários fatores podem influenciar a QVRS e devem ser monitorizados no acompanhamento de pacientes com HV. No cuidado de pacientes com HCB ou HCC, a otimização da QVRS deve ser considerada como medida terapêutica essencial. PROEX, PRPq, CAPEs, CNPq TL 107 REALIABILITY AND VALIDITY OF HEPATIC TRANSIENT ELASTOGRAPHY BY FIBROSCAN® USING PROBES M AND XL IN BRAZIL PR Abrão Ferreira 1 , H Bonilha 2 , S Tenore 1, R Cortes 3 , RS Diaz 1,3 , C Vilhena 3 , MC Mendes-Correa 4 1 3 2 Division of Infectious Disease - Federal University of São Paulo; Institute of Vaccination and Infectious Disease of Piracicaba; 4 Centro de Genomas Laboratory; Department of Infectious Disease School of Medicine University of São Paulo Objective: Hepatic transient elastography (FS) is a non invasive method to evaluate the stage of liver fibrosis. This technic had extense validation to chronic hepatitis C and had as gold-standard the liver biopsy. FS was, initially, discribed with M probe, but a significant number os tests were not valid or not realiable with this device. It was frequent in patients with higher body mass index (BMI). Recently, the XL probe shown a higher chance to obtein a realiable test and less chance to invalid tests. The objective of this study was evalaute realibility and validity of FS with M and XL probes. Methods: Was defined as reliable exam by the FS, following the manufacturer instructions, at least 10 valid mesurements (as data from the equipment), 60% of valid mesurements, interquartil range(IQR) less than 30% of valid mesurements mediana. The exams considered reliable were reclassified as much reliable (IQR<10%), reliable (IQR 52 11-20%) and less reliable (IQR 21-30%). The invalid exam was determined by the softwear of the equipment. All patients were, initially submited to the exam with M probe. If this was not reliable or invalid, the patients were reexamined with XL probe. Results: 175 patients submited to FS from february 2011 to march 2012 were included in the analisis, 89 (50,8%) males, with mean age of 55,0 anos (28,0-83,0), diagnosis of hepatitis C in 154 (88,0%), hepatic steatosis 11 (6,3%), hepatitis B 7 (4,0%), alcohol 2 (2,1%), hemochromatosis 1 (0,6%). 152 (86,9%) patients were submited to the exam to follow up of previous biopsy and 23 (13,1%) to initial diagnosis. The mean body mass index (BMI) was 23,8 kg/m2 (17,5-43,3). The XL probe use was necessary in 22 cases (14,7%) and the mean exam duration was 3,0 minutes (2-10). Only in two cases (BMI of 37,0 and 38,9) the exam was invalid (1,1%) and in only 1 (BMI of 30,0), not realible (0,6%). Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters When reclassified the reliable exams the distribuition was: much reliable 39 (22,7%), reliable 98 (57,0%), and les realiable 35 (20,3%). The stages of fibrosis by FS were: F0 37 (21,5%), F1 33 (19,2%), F2 34 (19,8%), F3 24 (13,7%), F4 44 (25,6%). We grouped patients with results much realiable and realiable 137 (79,7%) to compare variables with the group of patients with less realiable tests 35 (20,3%). We compare between concordants and non concordants: age, gender, diagnostic, exam indication, BMI, torax circunference, abdome circunference, wrist circunference, exam duration, type of probe, grade of realibility, fibrosis stage. Only the duration of exam less then 3 minutes had sattistical significance related to better realiabilidity of the exam (P=0,029). Conclusion: FS had a low frequency of invalid or unrealiable exams, when using the M and XL probes sequentialy. Only the exam duration less then 3 minutes was correlated with more realiability, probably explained by the easier technical factors are generate faster exams. TL 108 ESTUDO RANDOMIZADO, DUPLO-CEGO E PLACEBO-CONTROLADO DA EFICÁCIA DA NITAZOXANIDA EM TERAPIA COMBINADA COM PEGINTERFERON ALFA-2B E RIBAVIRINA NA HEPATITE C CRÔNICA Roberto J. Carvalho-Filho, Lívia Z. Trindade, Ana Cristina A. Feldner, Eunice J. S. Nunes, Carolina F. M. G. P. Mota, Andrea N. Dirani, Letícia Y. Carreira, Ivonete S. S. Silva, Maria Lucia G. Ferraz, Antonio Eduardo B. Silva Setor de Hepatologia e Laboratório de Hepatologia Molecular Aplicada (LHeMA), Disciplina de Gastroenterologia, Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo Introdução: A terapia com interferon peguilado e ribavirina (PEG+RBV) para a hepatite C crônica genótipo 1 (G1) resulta em resposta virológica sustentada (RVS) em 38-52%. Estudos recentes sugerem que a adição de nitazoxanida (NTZ) à terapia dupla resultaria em maior chance de RVS. Objetivos: Avaliar a eficácia e segurança do uso de NTZ em combinação com PEG+RBV em portadores de HCV G1, virgens de tratamento. Material e métodos: Pacientes adultos, virgens de tratamento, com HCV genótipo 1 foram aleatorizados para um de dois grupos: PLA) Lead-in com placebo por 4 semanas, seguido de PEG alfa-2b 1,5 mcg/kg/semana + RBV conforme peso + placebo, por até 48 semanas; ou NTZ) Lead-in com NTZ 500 mg 8/8h por 4 semanas, seguido de PEG alfa-2b 1,5 mcg/kg/semana + RBV conforme peso + NTZ, por até 48 semanas. Parâmetros de eficácia (RVS por intenção de tratamento) e segurança foram avaliados. Resultados: Foram incluídos 49 pacientes, com idade 47 12a, 39% homens e 21% com fibrose F3/ F4. Com relação às características pré-tratamento, não houve diferença quanto a gênero, idade, etnia, obesidade e prevalência de F3/4. A carga viral (CV) basal foi mais elevada no grupo NTZ (5,99 0,97 vs. 5,00 1,55; P=0,010), com tendência à maior proporção de pacientes com CV>600.000 UI/mL (60% VS. 33%; P=0,062). As taxas de resposta virológica rápida (RVR), resposta virológica precoce (RVP) foram de 21% e 66%, respectivamente, sem diferenças entre os grupos. As taxas de RVS foram de 28% no grupo NTZ e 42% no grupo PLA (P=0,315). As incidências de depressão, emagrecimento significativo, anemia significativa (Hb < 10 g/dL) e uso de EPO foram semelhantes nos dois grupos. Náuseas e/ou anorexia foram mais comuns no grupo NTZ (76% vs. 42%; P=0,015). Dois pacientes (4%) perderam seguimento (1 em cada grupo) e apenas 3 pacientes (6%) suspenderam a terapia por eventos adversos (2 no grupo NTZ). Conclusão: A despeito da boa tolerabilidade, o uso de NTZ associado à terapia com PEG+RBV não resultou em maior probabilidade de RVS em portadores de HCV genótipo 1, virgens de tratamento. É possível que a maior proporção de pacientes com CV elevada no grupo NTZ tenha resultado em menor taxa de RVS. TL 109 DEPRESSÃO SE SUPERPÕE AO GRAU DE HEPATOPATIA NA REDUÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA C Luciana Diniz Silva, Cláudia Cristina da Cunha, Luciana Rodrigues da Cunha, Renato Ferreira Araújo, Vanessa Martins Barcelos, Fernando Silva Neves, Rosangela Teixeira, Gifone Aguiar Rocha, Eliane Dias Gontijo Departamento de Clínica Médica e Ambulatório de Hepatites Virais do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da UFMG Pacientes com hepatite crônica C tem pior qualidade de vida que indivíduos acometidos por outras doenças crônicas do fígado. No entanto, alguns fatores que determinam a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) nesses pacientes, tais como o grau de fibrose hepática, são ainda controversos. Portanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar simultaneamente a influência de variáveis (grau de comprometimento hepático, comorbidades clínicas, ocorrência de doenças psiquiátricas e características sociodemográficas) na QVRS de pacientes infectados pelo VHC. Pacientes e Métodos: 124 pacientes com hepatite crônica C foram incluídos de forma consecutiva no estudo. Os pacientes foram submetidos à avaliação psiquiátrica por meio da entrevista estruturada Mini International Neuropsychiatric Interview e das escalas Hamilton Depression Rating Scale e Hospital Anxiety and Depression Scale. Avaliou-se a QVRS por meio do questionário Medical Outomes Study 36-Item Short-Form Health Survey (SF-36). O diagnóstico e o Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 estadiamento da doença hepática subjacente foram baseados em parâmetros clínicos, bioquímicos, sorológicos, radiológicos e histológicos. Análises de regressão linear múltipla foram usadas para avaliar a associação entre QVRS e as variáveis clínicas, psiquiátricas e sociodemográficas. Resultados: Redução QVRS foi independentemente associada ao transtorno depressivo maior (TDM), ao abuso/ dependência de álcool atual/prévia e à hipertensão arterial sistêmica, mas não se associou à cirrose hepática. Conclusões: A influência negativa do TDM na QVRS de pacientes com hepatite crônica C se superpõe à gravidade da doença hepática. Esses achados reforçam a importância do rastreamento de sintomas depressivos nesse grupo de pacientes. Ainda, baseado no fato da infecção pelo VHC ser considerada uma doença sistêmica com várias manifestações extrahepáticas, esforços devem ser despendidos no cuidado integradomédico/psiquiátrico/psicológico de pacientes com hepatite crônica C. PROEX, PRPq, CAPEs, CNPq 53 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia TL 110 ANTI-RODS & RINGS (ANTICORPOS ANTI-IMPDH2): IDENTIFICAÇÃO E RELEVÂNCIA CLÍNICA EM PORTADORES DE HEPATITE C CRÔNICA Eunice Jadriana Soares Nunes, Gerson Dierley Keppeke, Elze Maria Gomes Oliveira, Sílvia Uehara, Maria Lúcia Gomes Ferraz, Luís Eduardo Coelho Andrade, Celso Hernandes Granato UNIFESP Objetivos: Avaliar a frequência de anticorpos anti-IMPDH2 em pacientes portadores de hepatite C crônica e identificar possível associação desses autoanticorpos com variáveis demográficas, clínicas e padrões de resposta ao tratamento. Pacientes e métodos: Foram selecionados aleatoriamente 78 pacientes portadores de hepatite C crônica, submetidos a tratamento com Interferon/Peg-Interferon + Ribavirina, com monitoramento ambulatorial regular e coletas seriadas de soro. Foram analisadas variáveis epidemiológicas, aspectos clínicos, laboratoriais, histológicos e tratamentos realizados. Foram recuperados soros pré, per e pós-tratamento, que foram submetidos à análise do FAN em células HEp-2, para observação do padrão RR, empregando-se kits Euroimmun. Resultados: Dos 78 pacientes estudados, 50 (64,1%) apresentaram reatividade anti-RR positiva e 28 (35,9%) foram anti-RR negativos. Não houve diferença entre pacientes RR positivos e negativos quanto ao gênero, via de transmissão, tempo de infecção, genótipo, carga viral, níveis de ALT, AST, albumina, globulinas, plaquetas, presença de cirrose e atividade necroinflamatória significativa. Também não houve relação entre a positividade do RR com o tipo de tratamento ou padrão de resposta. Por outro lado, pacientes RR negativos apresentaram significativamente (p=0,004) maior frequência de comorbidades (43%) do que os pacientes anti-RR positivos (12%). Também foi encontrada correlação positiva para pacientes RR positivo em relação ao status virgem x retratamento (p=0,001): no baseline o padrão RR é negativo, enquanto o padrão RR positivo passa a existir e em títulos cada vez mais altos, de acordo com o maior número de semanas de tratamento (r=0,392; p<0,001). Conclusões: A frequência de anticorpos anti-RR foi elevada entre pacientes tratados com Interferon/Peg-Interferon + Ribavirina e não houve relação entre a positividade desses anticorpos e variáveis demográficas, clínicas ou resposta ao tratamento. Esses anticorpos são claramente induzidos pelo tratamento, uma vez que são negativos no baseline, e tornam-se mais frequentes e com títulos mais elevados, quanto mais longa é a exposição ao esquema terapêutico. A prevalência de comorbidades foi menor nos pacientes com anti-RR, talvez porque seja necessário um sistema imune mais "saudável" para o desenvolvimento dos autoanticorpos durante a terapia para hepatite C. TL 111 IMPACTO DA BIÓPSIA HEPÁTICA (BH) NO SEGUIMENTO DA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA (DHGNA) Natalia Lanzellotti Babo, Cristiane Alves Villela Nogueira, Claudia Regina Lopes Cardoso, Gil da Costa Mendes de Salles, Ana Carolina Ferreira Netto Cardoso, Lorraine Constant, Henrique Sérgio Moraes Coelho, Nathalie Carvalho Leite Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - UFRJ Introdução: A biópsia hepática é importante para o diagnóstico e determinação do prognóstico da DHGNA. Entretanto, não está estabelecido o impacto da análise histológica na adesão dos pacientes às mudanças de estilo de vida e controle de parâmetros metabólicos. Objetivos: Determinar a frequência do início e manutenção de atividade física, controle de parâmetros metabólicos e redução ou normalização de enzimas hepáticas em pacientes com e sem BH e, com e sem esteatohepatite (EH). Material e métodos: Foram incluídos pacientes com US revelando fígado hiperecogênico e redução da atenuação do feixe sonoro compatível com infiltração gordurosa e pelo menos mais um dos seguintes critérios: Diabetes mellitus; elevação de ALT e/ou AST; AST/ALT maior que 1. Para o diagnóstico e estadiamento da DHGNA foi utilizada a classificação proposta por Brunt (1999). Foram excluídos pacientes com infecção por HBV, HCV, HIV e ingestão alcoólica ≥ 20 g/dia. Resultados: Foram avaliados 309 pacientes com DHGNA, sendo 209 (68%) do sexo feminino, com média de idade de 59+9 (28-80) anos. Dentre os 309 pacientes, 277(90%) tinham diagnóstico de diabetes, 59 (19%) apresentavam ALT e/ou AST elevadas e 25(8%) apresentavam relação AST/ALT 54 superior a 1. Nessa amostra, 114 pacientes (37%) foram submetidos à BH e, entre esses, 93 (82%) tinham EH. Os pacientes com BH usavam com maior frequência metformina (89% vs.78%;p=0,02), enquanto aqueles sem BH utilizavam mais insulina (45% vs.32%; p=0,03). Atividade física regular (43% vs. 21%;p<0,001) e elevação do HDL colesterol (68% vs. 54%;p=0,01) foram mais frequentes no grupo de pacientes com BH. Por outro lado, não houve diferença significativa na redução de peso e na redução ou normalização de ALT e/ou AST em pacientes com e sem BH. Foi encontrada maior redução dos níveis de GamaGT (25%vs.15%;p=0,04) nos pacientes com BH. Não houve diferença na frequência do início e manutenção de atividade física, do controle de parâmetros metabólicos e da redução de enzimas hepáticas nos pacientes com e sem EH à BH. Conclusão: A comprovação histológica da presença de DHGNA pode contribuir para a maior adesão dos pacientes às mudanças de estilo de vida, propiciciando um perfil lipídico mais favorável. É importante ressaltar que o benefício não se traduziu em redução de peso ou normalização de aminotransferases, importantes parâmetros de acompanhamento da resposta terapêutica. Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters Trabalhos selecionados em formato de Pôster TL 112 REAVALIAÇÃO LABORATORIAL DA INFECÇÃO PELO VÍRUS DA HEPATITE C EM DIALISADOS ATENDIDOS NO PERÍODO DE 19901993, BELÉM, PARÁ, BRASIL Heloisa Marceliano Nunes, Kássia do Socorro Moraes Baia, Manoel do Carmo Pereira Soares, Silvana Conceição Campos da Silva, Andreza Pinheiro Malheiros, Olglaíze do Socorro da Costa Souza, Ana Maria Borges Instituto Evandro Chagas Introdução: a hepatite C é importante causa de morbidade e mortalidade mundial. Vários métodos foram desenvolvidos para a detecção do vírus da hepatite C (VHC), como o imunoenzimático (ELISA) e os métodos de quantificação e caracterização do ácido ribonucléico do VHC (VHC-RNA) e de pesquisa do antígeno do core e de anticorpos do VHC (Ag-Ab VHC). Objetivo: descrever aspectos do diagnóstico laboratorial sorológico e molecular da infecção pelo VHC, em pacientes submetidos a tratamento de diálise, em uma clínica do município de Belém, Pará, Brasil, entre 1990 e 1993. Material e Métodos: reavaliação sorológica das amostras de pacientes dialisados, para detecção da infecção do VHC, por técnica imunoenzimática. Entre os anti-VHC+ detectados, foram pesquisados o Ag-Ab VHC e o VHC-RNA por técnica molecular de RT-PCR. Para genotipagem do VHC foi utilizado a hibridação reversa. O projeto teve aprovação de Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE Nº. 0012.0.072.00011). Resultados: foram incluídos no estudo 115 amostras de soro, observando uma frequência de 53% para indivíduos do gênero masculino. Em 49,5% dos pacientes foi possível determinar a idade na primeira coleta de sangue. A análise sorológica das amostras, pelo método de ELISA de 2ª e 3ª geração, demonstrou equiparação de resultados com 62,6% para o anti-VHC+. A análise das primeiras amostras coletadas de cada paciente mostrou prevalência de 16,5% de anti-VHC+, entre as quais 4,3% apresentavam replicação viral ativa (PCR VHC-RNA+). Detectou-se alta prevalência de soroconversão em 55,2% dos dialisados. O grupo com anti-VHC, AgAb VHC e PCR VHC-RNA positivo foi o mais prevalente com 41,7%. Em relação aos pacientes anti-VHC negativo, foi possível verificar replicação viral com PCR VHC-RNA positivo em 22,7%. O genótipo 1 foi o mais prevalente em 73% das amostras. Conclusão: no momento em que se introduzia a triagem laboratorial para VHC, na aludida clínica, foi possível observar, alta prevalência de infecção pelo VHC entre os pacientes em tratamento dialítico; altos índices de soroconversão sugerindo a ocorrência de transmissão durante a diálise; equiparação entre resultados sorológicos encontrados, utilizando os métodos de ELISA de 2ª geração e de 3ª geração; presença de replicação viral entre os pacientes anti-VHC negativos e maior prevalência do genótipo 1 do VHC, entre os dialisados. A pesquisa do Ag-Ab VHC não contribuiu como forma de melhorar a sensibilidade geral dos testes sorológicos frente aos infectados. TL 113 PREVALÊNCIA DE HEPATITE B EM CAMINHONEIROS EM TRÂNSITO PELO VALE DO AÇO, MINAS GERAIS Luís Paulo Elizeu Lima, Cristiane Alvim Carvalho Manso, Mariana Jordão Barreto, Lidiane Silva Carvalho, Rafael Pereira Tigre de Oliveira, Felipe Augusto Almeida Côrtes, Leonardo Ennes Carrilho, Patrícia Gonçalves da Motta, Éric Bassetti Soares IMES Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 Introdução e Objetivos: O vírus da hepatite B (HBV) é transmitido por transfusão sanguínea, hemoderivados, compartilhamento de agulhas, relação sexual desprotegida e via transplacentária; considerado a principal causa de cirrose e carcinoma hepatocelular. Há poucos estudos sobre a hepatite B em caminhoneiros, uma população em constante deslocamento e elevada chance de comportamentos de risco para infecção pelo HBV. Objetivamos verificar a prevalência de hepatite B em caminhoneiros na região do Vale do Aço e identificar fatores de risco aos quais estão expostos. Material eMétodos: Pesquisa de campo, transversal e descritiva, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unileste – MG, n° 53.297.12. Aplicamos questionários e realizamos pesquisa de HBsAg em 200 caminhoneiros. O questionário avaliou aspectos do trabalho, estado de origem, drogas ilícitas, parceiras ocasionais, uso de preservativo, bebidas alcoólicas, drogas, hepatite prévia, imunização, hemotransfusão anterior a 1994, dentre outros. Foram distribuídos folhetos com orientações e material informativo; os testes positivos foram encaminhados para confirmação diagnóstica. Dados avaliados pelo programa EPI INFO 6.04d (CDC 2001). Variáveis quantitativas comparadas pelo “Teste t de Student” e categóricas pelo “Teste de Fisher”. Resultados: A prevalência foi de 3,5%(7/200), com média de idade (51,1 anos) superior no grupo com teste positivo e 41,5 no negativo (p=0,02); hemotransfusão anterior a 1994 foi mais frequente (28,6%) no grupo positivo que no negativo (2,6%) (p=0,02), assim como a média de tempo de trabalho: 23,0 anos no positivo e 15,5 (p=0,06) no grupo negativo; imunização contra HBV: 18,6% vacinados no grupo negativo e nenhum do positivo. Consumo de álcool, cirurgia prévia, estado civil, uso de preservativos, história de hepatite prévia, tatuagem, acupuntura e drogas ilícitas: sem diferença significativa entre os grupos. Conclusão: Caminhoneiros são considerados grupo vulnerável para contrair o HBV por passarem longos períodos fora de casa, favorecendo comportamentos de risco. O estudo mostrou maior prevalência em faixa etária superior e nos submetidos a hemotransfusão < 1994. Evidenciamos uma tendência a progressiva redução da prevalência e incidência do HBV em caminhoneiros, devido ao menor número de casos positivos nos sujeitos mais novos, provavelmente pelo aumento da cobertura vacinal e à triagem nos bancos de sangue a partir de 1994. TL 114 PREVALÊNCIA DE IMUNIDADE CONTRA HEPATITE B EM MÉDICOS RESIDENTES DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) Patrícia Travassos Karam de Arruda, Norma Arteiro Filgueira Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco Introdução e Objetivos: A hepatite B é considerada mundialmente um importante problema de saúde pública, por ser uma das principais causas de cirrose hepática e carcinoma hepatocelular. Dentre as populações sob risco para a aquisição da doença, destaca-se o grupo de profissionais de saúde. Após acidente ocupacional envolvendo material biológico, o risco de transmissão do HBV pode chegar a 40%, a depender do tipo de marcador viral presente e da situação vacinal do profissional que sofreu o acidente. Considerada segura, a vacinação em três doses tem eficácia superior a 90%. Entretanto, apesar de todas as recomendações e da ampla disponibilidade da vacina nos serviços públicos brasileiros, diversos autores já demonstraram que um número significativo de profissionais 55 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia de saúde não é vacinado adequadamente. Este trabalho tem como objetivos determinar a prevalência de imunidade contra a hepatite B entre os médicos residentes do Hospital das Clínicas da UFPE; descrever sua situação vacinal; avaliar a proporção de indivíduos que checou a soroconversão após o término do esquema e mensurar a frequência de antecedente de acidente ocupacional. Material e métodos: Os participantes responderam um questionário e forneceram uma amostra de sangue para a quantificação dos títulos de anti-HBs através do método de quimioluminescência. Valores acima de 10mUI/ml foram considerados protetores. Resultados: Participaram da pesquisa 45 médicos residentes, sendo 56% do gênero feminino, com idade média de 27 anos. Destes, 93,3% (n=43) receberam as três doses preconizadas pelo esquema vacinal, mas apenas 82,2% (n=37) apresentavam imunidade contra a hepatite B. Vinte participantes (44,4%) checaram se houve soroconversão após a imunização. 51% (n=23) dos médicos residentes já haviam sofrido acidentes ocupacionais com exposição a material biológico, sendo na maioria dos casos do tipo pérfuro-cortante (57%, n=13). Conclusão: Apesar de todas as evidências sobre a importância da vacinação contra Hepatite B, um percentual significativo dos médicos residentes não apresentava títulos protetores de anti-HBs. Este achado mostra que é essencial que as instituições de ensino e os serviços de saúde realizem campanhas de conscientização sobre os riscos de acidentes com material biológico e as medidas profiláticas, mormente a necessidade de realizar imunização contra o HBV e a posterior quantificação dos títulos de anti-HBs. TL 115 ACHADOS ANATOMOPATOLÓGICOS EM FÍGADO DE PACIENTES OBESOS MÓRBIDOS, SUBMETIDOS À CIRURGIA BARIÁTRICA, EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA Alexandre Losekann, Antonio Carlos Weston, Luis Alberto de Carli, Marilia Bittencourt Espindola, Sergio Ricardo Pioner, Gabriela Perdomo Coral Hospital Santa Casa de Porto Alegre Introdução: a doença hepática gordurosa não alcoólica engloba um espectro de alterações histopatológicas que abrangem desde a esteatose simples (ES) até a esteato-hepatite não alcoólica (EHNA). Trabalhos sugerem que depósitos de ferro (Fe) no fígado estão envolvidos na fisiopatologia da EHNA. Objetivo: determinar a prevalência de ES e de EHNA nos pacientes com obesidade mórbida, submetidos à cirurgia bariátrica e estabelecer uma correlação dos achados anatomopatológicos com a presença de fibrose hepática. Método: foram analisadas 250 biópsias hepáticas realizadas no transoperatório das cirurgias. Resultados: a esteatose esteve presente em 226 (90,4%) das amostras, sendo, 76 (30,4%) classificadas como leves; 71 (28,4%), como moderadas e 79 (31,6%) como intensas. A EHNA foi diagnosticada em 176 (70,4%) casos, nos quais, 120 (48,4%) eram de grau leve; 50 (20%) moderado, e 6 (2,4%) intenso. A fibrose foi referida em 108 (43,2%) biópsias, das quais 95 (38%) eram leves; 2 (0,8%), moderadas; 7 intensas (2,8%) e, em 4 (1,6%) casos, foi diagnosticado cirrose. Observou-se uma correlação entre o grau de esteatose e o nível de atividade inflamatória (rs=0,460; p < 0,001) e entre o grau dessa atividade com o de fibrose (rs=0,583; p < 0,001). Apenas 13 (5,2%) amostras apresentaram depósitos de Fe. Conclusão: existe uma prevalência elevada de EHNA nesses pacientes e uma correlação positiva dos graus de EHNA com a intensidade da fibrose. A baixa prevalência de depósitos de Fe encontrada torna questionável que a presença deste íon tenha alguma participação na fisiopatogenia da DHGNA. 56 TL 116 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL BIOQUÍMICA DE PACIENTES PORTADORES DE CIRROSE COM CARCINOMA HEPATOCELULAR Gabriela Zanatta Port, Kalinca Oliveira, Jonathan Soldera, Cristiane Valle Tovo Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre Contexto - Os pacientes cirróticos portadores de carcinoma hepatocelular (CHC) apresentam alterações nutricionais e desordens metabólicas, com impacto negativo sobre o prognóstico. Objetivo observar a presença de alterações do metabolismo dos macro e micronutrientes entre os pacientes cirróticos com e sem CHC e sua relação com o escore CTP e estadiamento BCLC. Métodos - estudo transversal analítico, onde foram avaliados 31 pacientes no grupo CHC e 48 no grupo CI. Foram realizados exames laboratoriais: glicose, colesterol total, colesterol HDL, triglicerídeos, albumina, creatinina, ácido úrico, saturação de transferrina, ferro, ferritina, hematócrito, hemoglobina, cobre, zinco, magnésio, vitamina B12, ácido fólico. Avaliou-se a existência de associação entre os parâmetros bioquímicos e a gravidade da doença, bem como presença de CHC. Resultados - O perfil metabólico-nutricional de pacientes portadores de cirrose pelo vírus da hepatite C e carcinoma hepatocelular apresenta-se alterado em relação ao perfil lipídico (colesterol total, HDL e triglicerídeos), proteico (albumina, creatinina e ácido úrico), ferro (saturação da transferrina, ferro e ferritina), hematócrito e hemoglobina, zinco e vitamina B12. O diagnóstico de CHC foi relacionado com piores resultados de colesterol HDL, hematócrito e aumento nos níveis séricos de ferro e ferritina. Houve correlação entre marcadores bioquímicos nutricionais e a classificação de CTP, bem como com o estadiamento BCLC. Conclusões Considerando a existência de alterações no metabolismo dos macro e micronutrientes nos pacientes cirróticos com e sem CHC e sua relação com o prognóstico das doenças e que os métodos convencionais de avaliação nutricional apresentam limitações para esta população, os exames laboratoriais bioquímicos são válidos para complementar o diagnóstico do estado nutricional de maneira rápida e prática. TL 117 UTILIDADE DE UM NOVO ÍNDICE PROGNÓSTICO EM PACIENTES COM HEPATITE ALCÓLICA Roberta Chaves Araújo, Tiago Sevá Pereira Jazon Romilson de Souza Almeida, Giane Vieria Castilho, Letícia Stahelin, Lívia dos Reis Pandolfi, Cecília Queiroz Silva Hospital de Clínicas - Disciplina de Gastroenterologia do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas - UNICAMP Objetivo: Avaliar a importância do índice age-bilirrubin-INR-creatinine (ABIC) como fator prognóstico na hepatite alcoólica e sua correlação com as complicações dessa doença, com o risco de óbito e com os escores model for end stage liver disease (MELD) e Função Discriminante de Maddrey. Métodos: Um total de 46 prontuários de pacientes internados por hepatite alcoólica no período de 2004 a 2012 foram avaliados de forma retrospectiva. Foi realizado levantamento de exames laboratoriais do primeiro dia de internação e 7 dias após, além de cálculo dos escores estudados. Resultados: Os índices ABIC, Maddrey e Meld apresentaram correlação positiva entre si e associaram-se à encefalopatia hepática e à ascite (p<0,05). O índice ABIC, classificado de alto risco, foi fator de risco para essas complicações e para óbito. Em análise de regressão logística univariada para óbito, a razão de risco do ABIC de entrada no hospital foi de 19,27 (p=0,012) e após 7 dias de 41,29 (p=0,002). A sobrevida acumulada daqueles com ABIC de alto risco foi de 93,3% em 7 dias e de apenas 26,9% em 60 dias. Conclusão: O índice prognóstico ABIC é fator de predição para complicações como ascite e encefalopatia hepática, assim como para risco de óbito, sendo ferramenta útil na prática clínica. Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters TL 118 ALTERAÇÕES CARDÍACAS NA CIRROSE HEPÁTICA: RELACÃO COM A GRAVIDADE ATRAVÉS DO ESCORE MELD Victor San Martin Carvalho Corrêa, Jazon Romilson de Souza Almeida, Elza Cotrim Soares, Osvaldo Massayoshi Ueti Universidade Estadual de Campinas Introdução: Pouco se sabe ou se discute a respeito de complicações cardíacas secundárias à cirrose hepática (CH). Durante algum tempo as alterações cardiovasculares na CH alcoólica foram atribuídas apenas à toxicidade do etanol. Recentemente pesquisas têm demonstrado que independentemente da etiologia da CH ocorrem alterações anatômicas e fisiológicas do coração; essa disfunção foi denominada cardiomiopatia cirrótica (CmC). Justificativa: Pouco se sabe ainda sobre a prevalência, relevância clínica e possibilidade de tratamento da CmC. Dentro desse contexto é clara a necessidade de novas pesquisas, tanto para acrescentar dados ao conhecimento atual, quanto para se avaliar essa doença no cenário brasileiro. Objetivo: Pesquisar alterações cardíacas em pacientes com CH candidatos a transplante hepático do Gastrocentro HC-UNICAMP. Método: Estudo retrospectivo transversal. A coleta de dados foi feita a partir do prontuário dos pacientes com diagnóstico de CH candidatos a transplante hepático. Os dados pesquisados foram: nome, idade, sexo, etiologia, escore Child-Turcotte-Pugh, escore MELD, presença e grau de ascite e laudos da avaliação cardiológica, que foi feita a partir de três exames: ecocardiograma transtorácico Doppler, eletrocardiograma de repouso e radiografia de tórax. Resultados: Não houve relação entre alteração cardíaca e a etiologia da cirrose ou ascite. As alterações cardíacas mostraram-se significativamente associadas ao escore MELD (p=0,004), e pacientes com MELD?13 apresentaram 2.9 vezes mais risco de alteração (p<0,001). Não foi observado alterações na radiografia de tórax ou eletrocardiograma de repouso. O escore MELD e MELD?13 foram associados a alterações no ecocardiograma (p=0,002 e p<0,001 respectivamente), sendo as alterações mais importantes o aumento do átrio esquerdo e do diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo. Conclusão: Pacientes cirróticos, independentemente da etiologia, apresentam alterações cardíacas, que foram associadas significativamente com a gravidade da cirrose através do escore MELD, e principalmente com o escore MELD ? 13, o que serve de alerta para uma avaliação cardiológica criteriosa nos pacientes cirróticos em estágios avançados, em especial na avaliação pré-operatória. TL 119 EFEITO DA DIETA HIPERPROTEICA NO PERFIL HEPÁTICO, LIPÍDICO E GLICÍDICO DE PACIENTES COM DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCÓOLICA (DHGNA) Claudia Pinto Marques Souza de Oliveira, Sebastião Mauro Bezerra Duarte, Jose Tadeu Stefano, Maria Beatriz Sobral de Oliveira, Daniel Ferraz de Campos Mazo, Fabiola Rabelo, Denise Vanni, Monize Aydar Nogueira, Joel Faintuch, Flair José Carrilho Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: Restrição calórica e perda de peso são as principais diretrizes no tratamento da doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA). Respostas insatisfatórias são relatadas na ausência de perda peso. Com o objetivo de investigar tal questão, um estudo de intervenção clínica preliminar utilizando dieta hipocalórica e hiperproteica foi realizado. Métodos: 73 pacientes com diagnóstico de DHGNA (idade 58,8 ± 10,9 anos, 85,42% do sexo feminino, IMC 31,8 ± 4.7kg/m2) foram incluídos no estudo e submetidos a uma dieta hipocalórica e de alto teor proteico durante 75 dias. Variáveis antropométricas [IMC e circunferência abdominal (CA)], bioimpedância corporal e segmentar, e testes bioquímicos foram realizados antes e após a intervenção nutricional. A composição da dieta consistiu em 25% gorduras (7% saturadas, 10% mono e 8% poliinsaturadas), Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 35% proteínas (vegetal e animal) e 45% carboidratos para ambos os sexos, diferenciando apenas as calorias (1200 kcal/ mulheres e 1400 kcal/ homens). A adesão à dieta e a veracidade das informações foram avaliadas por meio de recordatório alimentar de 24hs e questionário de frequência alimentar durante entrevistas mensais. Resultados: 48 (65.8%) pacientes finalizaram o estudo. Diabetes mellitus tipo II estava presente em 52,8%, 79,2% apresentaram dislipidemia e 66,7% sofriam de hipertensão arterial. Após o período de intervenção o IMC, a CA e a massa de gordura corporal diminuíram 1,3%, 1,8% e 2,5% respectivamente, mas sem significância estatística. Por outro lado, melhora significativa após 75 dias de intervenção foi confirmada para todas as frações lipídicas (HDL, LDL, VLDL e triglicérides), perfil glicídico (glicemia de jejum e hemoglobina glicada) e enzimas hepáticas (ALT, GGT e FA) (p< 0,05), exceto para AST. Contudo, quando os pacientes foram estratificados de acordo com o aumento (22/ 48, 45,8%) e diminuição (21/ 48, 43,8%) do IMC, a AST reduziu de forma coincidente com a perda de peso ou redução de gordura corpórea. Conclusão: Este é o primeiro estudo que demonstra o impacto benéfico da dieta hiperproteica por período curto, no tratamento da DHGNA. Benefício para as enzimas hepáticas, perfil glicídico e lipídico pôde ser demonstrado. Embora algum impacto na diminuição do IMC não possa ser desvinculado de certas enzimas, há razões para acreditarmos que a composição da dieta foi o fator de maior influência nesta investigação. Ensaios clínicos randomizados com longo prazo de seguimento, incluindo avaliação da histologia hepática, devem fornecer mais detalhes sobre os mecanismos fisiopatológicos, bem como, as implicações prognósticas de tal abordagem. Palavras-Chave: DHGNA, dieta hiperproteica, dieta hipocalórica, antropometria, enzimas hepáticas, lipoproteínas, perda de peso, gordura corporal. TL 120 DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO-ALCOÓLICA: AVALIAÇÃO DA RESPOSTA AO ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL EM 24 MESES Tâmara Oliveira dos Reis, Silvia M F Costa, Maria Luiza P Lima, Maria Arlene Fausto, Ana Cristina L Albricker, Geyza Armiliato, Clara G Camelo, Lucas P Horta, Teresa Cristina A Ferrari, Claudia A Couto Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais Objetivos: Determinar a proporção dos pacientes que obteve perda de peso ?5% e avaliar a resposta ao aconselhamento nutricional por meio da determinação de parâmetros antropométricos e bioquímicos. Métodos: coorte prospectiva que incluiu todos os pacientes com doença hepática gordurosa não-alcoólica (DHGNA) atendidos em ambulatório de referência de Minas Gerais. Após avaliação clínicolaboratorial, os pacientes receberam orientação de dieta hipocalórica individualizada (1400 kcal/d/mulher e 1600 kcal/d/homem) acompanhados a cada três meses por 24 meses. Considerou-se resposta terapêutica, perda de peso ?5% do peso corporal inicial ao término do seguimento. Resultados: dos 105 pacientes incluídos inicialmente, 45 (42,9%) não retornaram após a primeira avaliação. A não ser pela proporção de hipertensos que foi maior no grupo que permaneceu no estudo (63,6% vs 36,4% p = 0,02), não foram observadas outras diferenças nos parâmetros clínicos e laboratoriais entre esses dois grupos. Dos 60 indivíduos que retornaram para tratamento 49 (81,7%) eram mulheres e 11 (18,1%) homens. A idade média foi 55± 9,0 anos, tempo mediano de acompanhamento foi 6,5 meses (range 3,2-26,9 meses) e o número mediano de consultas foi três (range 2-11). A mediana do IMC foi 31,9 kg/m2 (range 23,8-44,9 kg/m2). Tiveram indicação para realização da biopsia hepática, 22 pacientes. A proporção de pacientes que alcançaram perda de peso >5% ao longo do tempo foi à seguinte: aos seis meses de seguimento, cinco dos 20 pacientes acompanhados; aos 12 meses, três de 15 pacientes; aos 18 meses, três de 12 pacientes; e ao término do seguimento, quatro dos 13 indivíduos em acompanhamento. A redução 57 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia média do peso corporal e do índice de massa corporal aos seis, 12, 18 e 24 meses foram, respectivamente: 2,5 kg, 1,5 kg, 2 kg e 1,6 kg e 1.04kg/m2, 0.66kg/m2, 0.83kg/m2 e 0.69kg/m2, sendo esses valores significativos em relação ao peso inicial. Síndrome metabólica e hipercolesterolemia foram mais freqüentes no gênero feminino tanto no início como no final do estudo. Conclusão: Diante da abordagem nutricional proposta apenas uma pequena proporção de pacientes alcançou a perda de peso objetivada e esta não foi acompanhada de melhora nos parâmetros bioquímicos, independentemente do tempo de seguimento. Observado ainda em nosso estudo e em outros centros referências de tratamento, que a modificação do estilo de vida é de difícil adesão dos pacientes, principalmente quando se considera que a intervenção deve ser mantida por longo prazo. Embora exista a recomendação da perda ponderal para melhora da doença, entretanto, não está clara qual recomendação calórica final e estratégias para aperfeiçoar a adesão para essa população. Portanto, é necessária a investigação de alternativas que aumentem a adesão às mudanças do estilo de vida deste grupo de indivíduos Palavras-chaves: Doença hepática gordurosa não-alcoólica, esteatose hepática, estilo de vida, terapia comportamental, dieta hipocalórica, obesidade TL 121 HEPATITE C RECIDIVANTE COM RESPOSTA VIRAL SUSTENTADA (RVS) AO USO DE INTERFERON PEGUILADO, RIBAVIRINA E NITAZOXANIDA Gustavo de Almeida Vieira, Geisa Perez Medina Gomide Universidade Federal do Triângulo Mineiro Introdução: O tratamento da Hepatite C tem como alvo a RVS. O uso de Interferon Peguilado (PEG) e Ribavirina (Riba) por 48 semanas leva a RVS em 38-52% dos portadores do genótipo 1, sendo pior nos homens negros, com alta carga viral e subtipo 1a. As novas drogas desenvolvidas aumentam a RVS e os eventos adversos. A Nitazoxanida, nitrotiazólico antiparasitário, demonstrou atividade antiviral e vem sendo testada contra o HCV. Age inibindo a tradução de proteínas virais pela fosforilação da proteinoquinase sRNAdependente e é indutor do Interferon. Em combinação com PEG-Riba é mais efetiva nos genótipos 4 e 1. Objetivo: Relatar um caso de HCV não respondedor a PEG-Riba, com RVS após 48 semanas com Pegasys®, Riba e Nitazoxanida (Annita®). Materiais e Métodos: Revisão de prontuário médico e revisão bibliográfica cientifica. Relato de Caso:Homem branco, nascido em 1950, diabético, em uso de Glimepil®, 84kg, obesidade abdominal. Chegou ao serviço em 2004 com Hepatite C desde 2001. Havia usado Interferon e Riba por 48 semanas, sem RVS. Exames prévios ao tratamento: Genótipo 1a, METAVIR A2F3, RNA 515.325UI. Em 2004 RNA 332.250UI, ALT 151, US: normal. Iniciados Pegasys® e Riba 1250 mg/dia por 48 semanas. Semanas 12 e 30 RNA indetectável. 48ª semana 173.000UI. Substituiu Glimepil® por Metformina. Em 2008 RNA 1.273.361UI, ALT 26. Em Outubro/2008 iniciados Riba 15 mg/kg/dia e Pegasys® por 72 semanas. 4ª semana RNA detectável. Semanas 12, 30, 48 e 72 RNA indetectável. US na 48ª semana: esteatose e hepatopatia crônica. Iniciou Lipidil®. 28 semanas após término RNA 6.754.744UI. Em Março/2011 iniciados Pegasys®, Riba 1250mg/dia e Annita® 1g/dia por 48 semanas. Semanas 12, 24 e 48 RNA indetectável. 24 e 48 semanas após término RNA indetectável (RVS). Poucos e leves efeitos adversos. US atual: esteatose, hepatopatia crônica; veia porta: calibre aumentado; fluxo hepatopetal ondulante; sem circulação colateral. Conclusão: A Hepatite C é grande batalha da saúde pública e inúmeras drogas têm sido desenvolvidas, incluindo-se inibidores de protease (IP), que passaram a integrar o Protocolo Clínico Brasileiro em 2013. Apesar das parasitoses serem o alvo inicial dos tiazólicos, eles vem sendo pesquisados no tratamento de alguns vírus com resposta satisfatória e, muitas vezes, com menos efeitos colaterais que os IP. 58 TL 122 POLIMORFISMO DO GENE DA INTERLEUCINA-28B EM PACIENTES PORTADORES CRÔNICOS DO VÍRUS DA HEPATITE C, NA AMAZÔNIA ORIENTAL Simone R.S.S. Conde, Nathália K.F. Filgueiras, Julius C.M.S.Monteiro, Bruna T.S. Santos, Pedro A.A. Lins, Sâmia Demachki, Marialva T.F.Araújo, Antônio C.R. Vallinoto Universidade Federal do Pará Introdução: A hepatite crônica pelo vírus da Hepatite C (VHC) acomete cerca de 170 milhões de pessoas no mundo e atuação de elementos pró-inflamatórios como a Interleucina-28B (IL-28B) podem estar relacionados com a resolução da infecção. Alguns de seus polimorfismos de nucleotídeo único (SNP), como rs12979860 e rs8099917, têm sido associados a maiores taxas de resposta virológica sustentada após terapêutica específica, embora, as frequência alélicas e genotípicas variem de acordo com a composição étnica da população estudada. Objetivos: Este estudo visou descrever a epidemiologia molecular dos polimorfismos do gene da IL-28B em pacientes cronicamente infectados pelo VHC. Avaliaramse 75 pacientes atendidos em um ambulatório de ensino e 98 indivíduos saudáveis (grupo controle). Avaliaram-se variáveis demográficas, clínicas, histopatológicas, bioquímicas, hematológicas e virológicas. Realizou-se genotipagem do rs12979860 e rs8099917 através de reação em cadeia da polimerase em tempo real com kits específicos. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: verificou-se no grupo infectado maioria do sexo masculino (54,7%), mediana da idade de 52 anos e hepatite crônica sem cirrose (76%). Para o rs12979860 houve tendência (P=0,0813) a maior frequência do alelo T entre os casos (51,3%) versus controles (41,3%), não visualizada para os genótipos (Casos: CC=24%, CT=49,3%, TT=26,7%; Controle: CC=36,7%, CT=48%, TT=17,3%; p=0,1865). Enquanto para o rs8099917, aferiu-se proporção significativamente maior (p=0,0195) do alelo G no grupo VHC (36,7%) em relação ao controle (24,5%) (OR=1,79; IC 95%=1,12-2,84) e tendência (p=0,0600) de diferença na proporção dos genótipos (Casos: GG=14,7%, GT=44,0%, TT=41,3%; Controle: GG=7,1%, GT=34,7%, TT=58,2%). Conclusão: observou-se que os casos apresentaram maior proporção do alelo G do rs8099917 (cerca de 1,8 vezes mais frequente), além de tendência de maior frequência do genótipo GG (rs8099917) e do alelo T do rs12979860, ambos em relação ao grupo controle. TL 123 AVALIAÇÃO DA FRUTOSE-1,6-BISFOSFATO SOBRE O ESTADO DE ATIVAÇÃO DE CÉLULAS ESTRELADAS HEPÁTICAS Fernanda Cristina de Mesquita, Shanna Bitencourt, Eduardo Caberlon, Gabriela V. da Silva, Bruno S. Basso, Julia Schmid, Gabriela A. Ferreira, Jarbas R. de Oliveira Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul A fibrose hepática é a resposta cicatricial a lesões continuadas, caracterizada pelo rompimento da arquitetura hepática associada ao aumento da expressão dos componentes da matriz extracelular. As células estreladas hepáticas (HSC) desempenham um papel fundamental no processo de fibrogênese. No fígado normal, as HSC encontram-se em sua forma quiescente de depósito de vitamina A. Durante a lesão hepática, essas células passam por uma ativação fenotípica, tornam-se miofibroblastos e adquirem propriedades fibrogênicas. A ativação de PPAR? (receptor ativado por proliferador de peroxissomo Gama) e a inibição de moléculas fibrogênicas são possíveis estratégias para estes fins. Estudos prévios relataram a propriedade anti-inflamatória da frutose-1,6-bisfosfato (FBP). Sabendo que o processo de fibrose hepática envolve mediadores inflamatórios como citocinas, quimiocinas, é importante considerar que a FBP possa ser útil na tentativa de reversão da fibrose. Portanto, o objetivo deste Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters estudo foi investigar os efeitos in vitro da FBP sobre a reversão fenotípica de HSC ativadas. A células foram tratadas com FBP nas concentrações de 0,6mM e 1,25mM. O fenótipo celular foi avaliado por coloração de Oil Red-O. As células com as gotículas de gordura coradas foram fotografadas e posteriormente quantificadas espectrofotometricamente pela dissolução dessas gotículas com isopropanol. PPAR? e colágeno tipo I foram analisados por RT-PCR. Colágeno total e TGF-?1 foram dosados no sobrenadante das células através da técnica de Picro-Sirius e ELISA respectivamente. Os resultados demonstraram que a FBP é capaz de induzir o fenótipo quiescente das HSC via ativação de PPAR?. Foi observado nas primeiras 24h de tratamento uma diminuição significativa da expressão de mRNA de colágeno tipo I. Posteriormente, houve uma redução do colágeno total e de TGF-?1 (fator de transformação do crescimento beta). Assim, pela primeira vez foi mostrado que a FBP tem ação antifibrótica pois diminuiu o estado de ativação das HSC, este comprovado pelo aumento de lipídios e decréscimo de colágeno. O primeiro mecanismo que parece estar envolvido é a super expressão de PPAR? que culmina na baixa expressão de colágeno e consequente decrescimo de mediadores pró-fibrogênicos. Estas descobertas demonstram que a FBP pode ser um potencial novo agente terapêutico para o tratamento de fibrose hepática. TL 124 AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR DE MICRONUTRIENTES EM PACIENTES COINFECTADOS POR HCV/HIV Anelise Fernanda Zanolla, Cristiane Valle Tovo, Renata Vieira de Souza, Giselle Souza Pinto, Caroline Buss Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre UFCSPA Introdução: A avaliação do consumo alimentar em pacientes coinfectados é importante para o entendimento do padrão alimentar desta população.Objetivo: Avaliar o consumo de micronutrientes na dieta de pacientes coinfectados por HIV e HCV. Método: Estudo transversal, com amostra de conveniência composta por 55 pacientes, sendo 24 do sexo feminino (43,63%), e 31 do sexo masculino (56,36%), com média de idade de 46 anos (16 a 71 anos), assistidos no ambulatório de infectologia de um hospital público da região sul do Brasil. Para avaliação da ingestão alimentar foram aplicados inquéritos recordatórios de 24 horas (IR24h), na primeira consulta de cada paciente, totalizando 55 IR24h, sendo o cálculo da ingestão executado no programa de apoio nutricional Avanutri . Os micronutrientes, de interesse, avaliados foram: ácido fólico, B12, C, D, E, zinco, sódio, cálcio, ferro. A avaliação do consumo de micronutrientes foi realizada a partir da média de ingestão consumida pelos IR24h. Os resultados encontrados foram comparados às DietaryReferenceIntakes (DRIs).Resultados: Apenas as médias de consumo de vitaminas B12 (3,63mcg,desvio padrão - DP:5,75) e C (101,28mg, DP: 110,54) atingiram as recomendações entre homens e mulheres, enquanto que o consumo de ácido fólico (172,42mcg,DP:114,12) e vitamina D (4,92mcg,DP:16,33) estão abaixo da recomendação de ingestão. Quanto à média dos minerais analisados, verificou-se que a ingestão de sódio (2481,02mg,DP:1275,67) está acima dos valores recomendados, enquanto que a ingestão de cálcio está insuficiente (596,37mg,DP:433,66). A amostra foi estratificada por sexo para o mineral zinco, e por sexo e idade para ferro, devido à recomendação diferenciada para sexo e idade. A média de ingestão de zinco está nos limites de recomendação para homens e mulheres (10,90mg,DP:7,94 e 7,52mg,DP:5,81) respectivamente. Pacientes do sexo feminino acima de 51 anos de idade (n = 08) e pacientes do sexo masculino, tiveram as recomendações de ferro atingidas (10,44mg,DP:5,62 e 20,81mg,DP:19,61,respectivamente), no entanto, a ingestão de ferro não atingiu o recomendado para mulheres com 50 anos de idade ou menos (10,90mg,DP:5,29). Na amostra estratificada, verificou-se adequação da vitamina E apenas para os homens (16,29mg,DP:14,88). Conclusão: Na população avaliada Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 de coinfectados HCV/HIV pode haver ingestão abaixo da recomendação de determinados micronutrientes. A dieta habitual, nesse padrão, pode ocasionar deficiências nutricionais nesses indivíduos. TL 125 EXISTE ASSOCIAÇÃO ENTRE VITAMINA D E FIBROSE EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA? Kalinca da Silva Oliveira, Cristiane Valle Tovo UFCSPA Introdução: Alguns autores referem que a vitamina D pode ter impacto sobre os resultados clínicos e resposta ao tratamento de pacientes com hepatite pelo vírus da hepatite C (HCV). Objetivo: Avaliar a associação do consumo de vitamina D com o grau de fibrose em pacientes com hepatite crônica pelo HCV. Materiais e Métodos: Foi realizado um estudo transversal, sem intervenções, onde a população do estudo foi constituída por pacientes portadores de hepatite pelo HCV, atendidos no ambulatório de Gastroenterologia Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre- RS. Foram excluídos os pacientes alcoolistas (ativos e inativos) e os coinfectados pelo vírus da hepatite B e HIV. Foram avaliados sexo, média de idade, vitamina D sérica e correlação com biópsia hepática. Os pacientes realizaram a dosagem de vitamina D 25 no Laboratório Central do Complexo Hospitalar Santa Casa segundo a técnica de quimiluminescência automática (Laboratório Roche diagnóstica). Os anticorpos anti-HCV foram detectados através do teste ELISA III. O RNA-HCV foi detectado através da técnica da PCR em tempo real. A biópsia hepática foi realizada como parte do protocolo para avaliação da indicação de tratamento (conforme Portaria Ministerial), utilizando a classificação METAVIR para estadiamento. Resultados: Foram avaliados 71 pacientes, sendo 42 (59,1%) do sexo feminino. A média de idade foi 52,69 ± 11,6 anos. Não houve associação entre fibrose e os níveis de vitamina D (38,97 ± 13,9 mg/dl em F0-F2 x 36,00 ± 15,5 mg/dl em F3-F4) (p=0,387). Conclusão: Não é possível afirmar que a vitamina D exerça papel protetor nesta população de pacientes. Palavras chave: Vitamina D, Hepatite C crônica e Fibrose. TL 126 ANEMIA COMO PROGNÓSTICO DE RVS NO TRATAMENTO DA HEPATITE C CRÔNICA Eric Bassetti-Soares, Laura Tassis Larangeira, Marcus Vinícius Schmidt Coelho, Mariana Nassur Rancanti Penido, Thiago Barreto Mafra Oliveira, Vitor Botelho, Rosangela Teixeira Instituto Metropolitano de Ensino Superior; Universidade Federal de Minas Gerais Introdução: O tratamento da hepatite C crônica se baseia, principalmente, em uma associação de interferon ? peguilado e ribavirina, porém, frequentemente, essa associação leva ao desenvolvimento de anemia hemolítica. Essa complicação tem despertado interesse da sociedade médica para uma relação entre ela e o prognóstico do tratamento. Atualmente os exames usados para determinação do prognóstico da hepatite C são de alto custo e depreendem maior tempo para a entrega dos resultados, sendo assim, o hemograma poderia ser uma alternativa. Objetivos: Investigar a ocorrência de anemia em pacientes portadores de hepatite C, durante a terapia antiviral contra o HCV e correlacionar a presença da anemia com o prognóstico do tratamento, verificando se a diminuição e a média da hemoglobina são fatores associados à melhor resposta virológica. Material e Métodos: Coorte observacional de 143 pacientes consecutivos do Ambulatório de Hepatites Virais do Hospital das Clínicas da UFMG, em Belo Horizonte, com idade igual ou superior a 18 anos, portadores de hepatite C crônica, submetidos ao tratamento entre 2001 a 2010 com PEG interferon e ribavirina. Resultados: As 59 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia médias da carga viral pré-tratamento e da hemoglobina pré-tratamento entre os dois grupos foi semelhante. A média da hemoglobina na semana 12 foi estatisticamente menor no grupo que respondeu ao tratamento e, além disso, a queda da hemoglobina em relação à basal foi maior nesse mesmo grupo. Não houve diferença estatística na resposta por gênero, assim como entre fibrose leve (F0-F2) e avançada (F3 e F4), apesar de ter uma tendência a melhor resultado para fibrose leve a moderada (OR: 0,56; IC: 0,28-1,14). Houve diferença estatística de resposta virológica sustentada (RVS) dentre os pacientes com genótipo 1 e os não-1 (OR: 4,08; IC: 1,71-9,73). Conclusão:Alguns exames hoje disponíveis para determinação do prognóstico do tratamento da hepatite C como genotipagem, carga viral, IL28b e estágio de fibrose, são complexos, onerosos e demandam muito tempo para a entrega do resultado. Nesse estudo, a queda da hemoglobina assim como seu valor médio na semana 12 de tratamento foi determinante prognóstico para RVS. Como o hemograma é um exame de baixo custo e mandatório para a avaliação pré e per tratamento, sua utilização como prognóstico de RVS deve ser estimulada. TL 127 ASSOCIAÇÃO DO CONSUMO DA CAFEÍNA COM O GRAU DE FIBROSE E ATIVIDADE INFLAMATÓRIA EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA hepatocarcinoma. Embora existam análogos nucleosídeos mais potentes, a lamivudina é uma droga segura que pode ser usada em pacientes com doença hepática descompensada. Objetivo: descrever caso clínico de paciente cirrótico com resposta sorológica após uso de lamivudina. Relato de caso: JF, sexo masculino, 72 anos, internado com quadro de erisipela de membros inferiores e anasarca. Teve diagnóstico de Hepatite B HBeAg positivo durante a internação. Ao exame físico apresentava-se em regular estado geral, consciente e contactuante, anictérico, aparelho respiratório e cardiovascular sem alterações, abdome com ascite moderada, edema de membros inferiores e escrotal e ausência de flapping; Child Pugh B 8. Paracentese do líquido ascítico: GASA 1,7. USG de abdome com sinais de hepatopatia crônica, hipertensão porta e ascite moderada. EDA: varizes de esôfago de grosso calibre. Iniciado terapia com lamivudina 150 mg ao dia. Após 12 meses apresentou recuperação da função hepática, com regressão completa da ascite, evoluindo para Child A. No 14° mês de tratamento, apresentou soroconversão do HBeAg com anti-HBe positivo. No 33° mês, o HBsAg foi inconclusivo, com positividade do anti-HBs 65mUI/mL que foi confirmado no 35° mês de tratamento anti-HBs 189 mUI/mL. Conclusão: Pacientes com infecção crônica pelo HBV em tratamento com Lamivudina sem resistência podem ter evolução satisfatória durante o tratamento. A substituição da Lamivudina por análogos mais potentes, neste caso, não se fez necessária. Kalinca da Silva Oliveira, Cristiane Valle Tovo TL 129 UFCSPA Introdução: Estudos mostram que o maior consumo de cafeína está associado com menores graus de fibrose em pacientes com doença hepática crônica, especialmente aqueles com infecção crônica pelo vírus da hepatite C (HCV). Objetivo: Avaliar a associação do consumo da cafeína com o grau de fibrose e atividade inflamatória em pacientes com hepatite pelo HCV. Materiais e Métodos: Foi realizado um estudo transversal, sem intervenções, onde a população do estudo foi constituída por pacientes portadores de hepatite pelo HCV, atendidos no ambulatório de Gastroenterologia - Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre- RS. Foram excluídos os pacientes alcoolistas (ativos e inativos) e os coinfectados pelo vírus da hepatite B e HIV. Os pacientes foram entrevistados e avaliados individualmente através de questionário referente ao consumo de cafeína. Os anticorpos anti-HCV foram detectados através do teste ELISA III. O RNA-HCV foi detectado através da técnica da PCR em tempo real. A biópsia hepática foi realizada como parte do protocolo para avaliação da indicação de tratamento (conforme Portaria Ministerial), utilizando a classificação METAVIR para estadiamento. Resultados: Foram avaliados 126 pacientes, sendo 75 (59,3%) do sexo feminino. Houve associação inversa estatisticamente significativa entre o consumo diário de cafeína e o grau de fibrose (p=0,004). Mas não houve associação entre a atividade inflamatória e o consumo de cafeína (p=0,405). Não foi possível estabelecer um ponto de corte para a existência de fibrose. Conclusão: O consumo de cafeína está associado a menores graus de fibrose em pacientes portadores de hepatite pelo HCV, o que sugere um papel protetor da cafeína quanto à progressão de fibrose. Palavras-chave: Cafeína, Hepatite C Crônica e Fibrose. TL 128 CLAREAMENTO DO HBsAG DURANTE TRATAMENTO COM LAMIVUDINA EM PACIENTE COM CIRROSE HEPÁTICA Christiane Henriques de Sá do Espírito Santo, Simone Lopes Guedes Moreira, Marina Paiva, Bruno Pereira de Morais, Renata Moutinho, Leonardo Altieri Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo Resumo: O objetivo do tratamento da infecção crônica pelo vírus B (HBV) é a erradicação viral que está relacionada com diminuição da atividade necroinflamatória e das complicações da doença como o 60 GASTROENTERITE EOSINOFÍLICA: UMA CAUSA RARA DE ASCITE Regina Arruda Leal, Leonardo Fayad, Esther Buzaglo Dantas-Corrêa, Teresa Maria da Silva Figueiredo, Leonardo de Lucca Schiavon, Janaína Luz Narciso-Schiavon Núcleo de Estudos em Gastroenterologia e Hepatologia (NEGH) Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Introdução: Ascite é definida como o acúmulo patológico de líquido livre na cavidade peritoneal. Quando um indivíduo se apresenta com queixa de ascite, em 85% das vezes o diagnóstico é de cirrose hepática. Outras causas de ascite, não raras, são insuficiência cardíaca congestiva, metástase hepática, carcinomatose peritoneal, ascite pancreática e tuberculose peritoneal. Dados de anamnese, exame físico e paracentese são fundamentais para o diagnóstico diferencial. O GASA substitui a antiga classificação de ascite em transudato e exsudato e é realizada subtraindo-se a albumina da ascite da albumina do soro. Um GASA ? 1,1 permite o diagnóstico de ascite secundária à hipertensão portal com 97% de acurácia. Entre os indivíduos com GASA < 1,1g/dl os diagnósticos diferenciais habitualmente envolvem doenças próprias do peritônio, como a carcinomatose peritoneal e a tuberculose peritoneal. Métodos: Trata-se de relato de caso com análise retrospectiva de dados de prontuário. Relato do Caso: Mulher de 49 anos interna com quadro de dor abdominal periumbilical associada a aumento progressivo do volume abdominal há 7 meses da admissão, sem alteração do hábito intestinal, febre ou emagrecimento. Portadora de asma desde a infância queixava-se de dispneia crônica aos moderados esforços. Ao exame físico apresentava ausculta cardíaca normal; e ausculta pulmonar com sibilos difusos esparsos e murmúrio vesicular diminuído em 1/3 inferior de hemitórax direito. Abdome globoso, ruídos hidroaéreos presentes, dor à palpação de mesogástrio, presença de semicírculo de Skoda com macicez móvel e ausência de visceromegalias. Membros inferiores sem edema. Nos exames laboratoriais apresentava de 11,4 g/dL e 718 eosinófilos/mm3); 347.000/mm3. O ultrassom e a tomografia de abdome evidenciaram ascite moderada. A análise do líquido ascítico colhido por paracentese evidenciou proteínas totais de 5,6 g/L e albumina de 3,2 g/L com GASA de 0,1. Celularidade do líquido ascítico com 600 cél/mm3 (8% eosinófilos). À biópsia por laparoscopia demonstrou aumento do número de eosinófilos no peritônio. Foi realizada terapia com prednisona 20mg ao dia com remissão clínica em um mês. Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters Conclusão: Apesar de tratar-se de uma causa rara de ascite, entre os indivíduos com GASA < 1,1 a gastroenterite eosinofílica vem surgindo como um diagnóstico diferencial não tão incomum como imaginado outrora e deve ser considerado prontamente, em especial em indivíduos com história de atopia e eosinofilia periférica. TL 130 CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E LABORATORIAIS DE PACIENTES COM CIRROSE HEPÁTICA ASSOCIADAS À DESNUTRIÇÃO MODERADA E GRAVE Samantha Thifani Alrutz Barcelos, Esther Buzaglo Dantas-Corrêa, Maria Luiza Aires de Alencar, Leonardo de Lucca Schiavon, Janaína Luz Narciso-Schiavon Núcleo de Estudos em Gastroenterologia e Hepatologia (NEGH) Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Introdução: A desnutrição proteico calórica é descrita em 50-100% dos pacientes com cirrose descompensada e em, pelo menos, 25% com cirrose compensada, o que compromete o estado geral e a evolução clínica nesses pacientes. Objetivos: Realizar avaliação nutricional de pacientes cirróticos por meio de parâmetros subjetivos (Avaliação Nutricional Subjetiva Global - ANSG), e objetivos (laboratoriais), identificar fatores associados a desnutrição moderada a grave (DMG) e correlacionar DMG com o Child-Pugh. Material e Métodos:Estudo analítico transversal, que avaliou indivíduos cirróticos internados no HU/UFSC entre dezembro de 2011 e agosto de 2012. Resultados:Foram incluídos 67 pacientes com 54,4 ± 11,7 anos e 74,6% eram homens. Cerca de 30% dos indivíduos foram classificados como Child C e MELD de 14,5 ± 6,5 (13,0). Na avaliação nutricional, observou-se que 20,9% apresentaram desnutrição grave pela ANSG, 47,8 pela hemoglobina (Hb), 14,9% por contagem total de linfócitos e 40,3% pela albumina. Quando se comparou os indivíduos Child C aos demais, observou-se que eles apresentaram menor média de peso livre de edema e ascite, com maior proporção de indivíduos que modificaram sua dieta por mais de 30 dias, e maior proporção de indivíduos com capacidade física abaixo do normal por mais de 2 semanas. Quando se comparou os indivíduos classificados como portadores de DMG pelos métodos propostos com os demais, observou-se que eles apresentavam maior mediana de MELD, piores testes de função hepática e, com exceção do método da ANSG e Hb, todos apresentaram maior proporção de descompensação da cirrose na admissão.Todos os métodos utilizados, com exceção da Hb (p = 0,192), obtiveram correlação com o Child C (p < 0,050). A ANSG não obteve os maiores índices de DMG (44,8% vs. 46,2% a 73,1%), mas demonstrou maior associação de DMG com o Child C (56,7% vs. 36,2% a 45,2%). Conclusões: A proporção de indivíduos com cirrose hepática classificada como portadora de DMG varia substancialmente entre os diferentes métodos. Desnutrição moderada e grave está relacionada com a gravidade dos testes da função hepática. Todos os métodos empregados neste estudo, com exceção da Hb, foram correlacionados com Child C, o que demonstra a sua eficácia no diagnóstico de DMG no paciente cirrótico. Assim, a avaliação nutricional, que pode ser realizada por métodos simples facilmente aplicáveis, é de fundamental importância neste grupo, a fim de permitir intervenção precoce e prevenção de complicações. TL 131 HAMARTOMAS HEPÁTICOS: RELATO DE CASO Kycia Maria Rodrigues do Ó, d'Albuquerque e Castro, FR 1 ; Spielmann,LH2; Mendonça, JH2; do Ó,KMR,3 1 Universidade Estadual do RJ ; Serviço de radiologia do Hospital 2 3 Santa Teresa, Petrópolis, RJ ; Hospital São Lucas, Petrópolis, RJ Introdução: O hamartoma Hepático é uma tumoração hepática benigna bastante rara que surge do mesenquima da tríade portal. É Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 formado por condutos biliares císticos displásicos e precursores embrionários periportais. Maresh foi o primeiro a descrever esta patologia em 1903 que iniciamente foi conhecida como tumor mesenquimal pseudocístico, fibroadenoma biliar e tumor linfangiomatoso cavernoso, até que Edemondson em 1956 deu o nome de Hamartoma Mesenquimatoso. Esta lesão é pouco comum e representa 5% de todos os tumores primários pediátricos do fígado e, a maioria dos relatos na literatura são descrições de casos isolados. Embora apareça casos em adultos, esta enfermidade se identifica em crianças menores de 2 anos de idade sendo que 80% são diagnosticados no primeiro ano de vida. Descrição do Caso: paciente do sexo feminino, branca, 64 anos, professora, solteira, natural de Sobral/Ceará; nega viroses na infância; nega tabagismo; nega etilismo; nega hepatopatia. Cirurgia de amídalas e apêndice; nega transfusão de sangue e uso de drogas ilícitas. História de fenômenos dispépticos e dor em hipocôndrio direito; em 08/2010 procurou atendimento médico quando realizou ultrasonografia de abdômen que mostrou uma imagem de fígado heterogêneo( figura 1); usou sintomáticos com melhora do quadro de dispepsia; em maio de 2013 voltou a ter queixas de dispepsia; foi realizado uma nova ultrasonografia de abdômen que mostrou imagem de fígado heterogêneo, vesícula biliar e vias biliares normais; (figura 2); solicitado ressonância de abdômen superior que mostrou um fígado normal apresentando incontáveis lesões nodulares, com diâmetros variáveis não maiores que 0.5cm, esparsas em todos os segmentos hepáticos relacionados com hamartomas biliares (figura 3). Os exames bioquímicos e de função hepática foram normais; pesquisa de marcadores dos vírus das hepatites B e C foram negativos (figura 4); encaminhada para vacinação contrao o vírus da Hepatite B. TL 132 DISTRIBUIÇÃO DA IL28B EM PACIENTES COM INFECÇÃO PELO VÍRUS DA HEPATITE C (VHC) SUA RESPOSTA A TERAPIA COM PEGINTERFERON E RIBAVIRINA Kycia Maria Rodrigues do Ó, Felipe Rodrigues dÁlbuquerque e Castro1; Bruna C Bertol2; Paulo H Condeixa França2 1 Hospital São Lucas, Petrópolis, RJ; Universidade Estadual do RJ ; Universidade da Região de Joinville/Univille Introdução: A infecção pelo vírus da Hepatite C(VHC) é um problema de saúde pública global que afeta 140 milhões de pessoas em todo o mundo e, dentre estas, 130 milhões se encontram crônicamente infectadas. O VHC causa hepatite crônica que progride para Cirrose Hepática e Hepatocarcinoma. Fatores inerentes ao vírus, hospedeiro e meio ambiente tem sido relacionados com a progressão da doença; recentemente o polimorfismo do gene da IL28B tem sido associado a resposta virológica a terapia com peginterferon e ribavirina. Material e Métodos: Um total de 20 pacientes foram envolvidos neste estudo; genotipagem da rs12979860 foi realizada. Exames de sangue, testes bioquímicos , biópsia hepática foram realizados usando os métodos padrões. Resultados: A maioria dos pacientes eram mulheres (70%) e, a idade média foi de 54 anos. Distribuição da IL28B : 14 pacientes, genótipo CT; 01 paciente, genótipo TT; e, 05 pacientes, genótipo CC. Não houve diferença entre os pacientes cirróticos e não cirróticos na distribuição dos genótipos. Conclusão: nosso estudo confirma que há uma diferença no impacto do polimorfismo da IL28B entre os vários genótipos. Um paciente com carga viral baixa e genótipos alelos CC devem se beneficiar com o tratamento padrão, com uma possível redução do tratamento para 24 semanas. Por outro lado, os portadores do alelo TT com fibrose avançada e carga viral elevada possivelmente se beneficiem com novas terapêuticas como inibidores de proteases adicionados ao peginterferon mais ribavirina. Estudos farmacoecônomicos serão necessários para avaliar a influência do gene da IL28B na decisão do tratamento da hepatite C crônica. A limitação do nosso estudo é retrospectiva considerando apenas os pacientes que realizaram o tratamento planejado. Estudos serão necessários para determinar se a rs1297860 será usada para decisão terapêutica nestes pacientes. 61 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia TL 133 VARIABILIDADE GENÉTICA DO VÍRUS DA HEPATITE B E HEPATITE C EM PACIENTES BRASILEIROS COM E SEM HEPATOCARCINOMA Oscar do Carmo Araújo, Kycia Maria Rodrigues do Ó1; José Junior Barros Filho 2; Letícia Cancela Nabuco 3; Márcia Teresinha Baroni Moraes2; Christian M Niel2; Cristiane Villela3; Natália Maria Araújo2 Laboratório de Virologia Molecular. Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz, 2 3 RJ ; Hospital Clementino Fraga Filho, UFRJ,RJ - Rio de Janeiro, Brasil Introdução: O Carcinoma Hepatocelular (CHC) é a causa mais comum de câncer de fígado no mundo. Os maiores fatores de risco são as infecções pelos vírus da Hepatite B (VHB) e vírus da Hepatite C (VHC). Várias mutações destes vírus tem sido associadas a hepatocarcinogênese. Material e Métodos:Neste estudo, nós investigamos e comparamos a prevalência dos genótipos do VHB e VHC e as mutações em pacientes com e sem HCC e sua associação com a evolução clínica. Uma cohort de 51 pacientes crônicos portadores do VHB (12 com CHC e 39 sem CHC) e 106 pacientes portadores do VHC ( 40 com CHC e 66 sem CHC) foram analizadas pelo método do sequenciamento da PCR. Resultados:Os subgenótipos do VHB A1 (61.7%), A2 (16.7%), D1 (2.8%), D6 (2.8%), F2 (5.5%), F4 (2.8%) e a co- infecção F4/G (2.8%) foram encontrados em pacientes sem CHC., enquanto A1 (90%) e A2 (10%) foram detectados em pacientes sem CHC.As mutações do CP C1653T, T1753V, G1764A e a deleção da pré-S/S foram mais prevalentes em pacientes CHC do que em pacientes sem CHC (20%, 33.3%, 66,7%, 59% e 12.5% versus 17.6%, 22.2%, 37%, 40.7% e 11.8% respectivamente. Além do mais, os níveis de ALT e AST foram mais elevados nos pacientes portadores das mutações C1653T, A1753V, A1764A, deleção pré S/S ou subgenótipo A1. Entretanto apenas a mutação T1753V era significativamente associada com as transaminases elevadas (p<0.05). Os subtipos do VHC 1 a, 1b e 3 a foram encontrados em ambos pacientes com CHC e sem CHC com as seguintes prevalências: 42.5%, 35.0% e 22.5% e 43.9%, 40.9% e 15.2% respectivamente. Conclusão: A prevalência da mutação core na posição 70 do aminoácido no subtipo 1b do VHC era significativamente maior em pacientes com Cirrose Hepática e CHC doque em pacientes sem doença hepática avançada (p<0.05). As mutações específicas e os genótipos do VHB e do VHC podem ser biomarcadores úteis na avaliação da progressão da doença e detecção precoce do CHC. TL 134 HEMOPERITÔNEO COMO COMPLICAÇÃO PARACENTESE ABDOMINAL: RELATO DE CASO Karina Zamprogno de Souza, Maria da Penha Zago Gomes, Fernanda Schwanz Coutinho, Marilia Majeski Colombo, Mayara Fiorot Lodi Universidade Federal do Espírito Santo Introdução: Paracentese abdominal deve ser realizada em todo paciente com ascite, independente da etiologia. É um procedimento fundamental para diferenciar a causa da ascite. Em cirróticos deve ser realizada para diagnóstico de peritonite bacteriana espontânea e para terapêutica. É um procedimento com baixos riscos, desde que respeitada a técnica correta. A complicação mais grave é a hemorragia. (PACHE; BILODEAU, 2005) em uma série de casos, com 4500 paracenteses, obteve a taxa de hemoperitôneo inferior a 0,2%, independente das provas de coagulação hepática ou da contagem de plaquetas; com principais fatores de risco para sangramento: alta pontuação de Child-Pugh e Meld, além do clearance de creatinina reduzido, da deficiência de fibrinogênio e da coagulação intravascular disseminada. Evidenciando,dessa forma, a necessidade de mais estudos sobre os fatores de risco para hemoperitôneo pósparacentese. Objetivo: relatar caso de paciente masculino, 50 anos, 62 portador de cirrose hepática alcoólica, vírus B e C negativos, em uso recente de álcool, CHILD C, hipertenso não controlado. Internado com ascite de grande volume que, após ser submetido a paracentese aliviadora e diagnóstica, apresentou hemoperitôneo e em 24 horas evoluiu a óbito. Material e Método: revisão de prontuário, com avaliação de exames laboratoriais e pelo laudo de necropsia. Resultados: o caso relatado chama atenção para uma complicação de paracentese, que embora rara, segundo a literatura, quando ocorre pode ser fatal. Conclusão: Devemos pesquisar fatores de risco que possam predizer um risco maior de complicações de paracentese, como hemoperitôneo, ao realizarmos este procedimento em pacientes portadores de cirrose hepática avançada. TL 135 ANGIOPLASTIA PERCUTÂNEA DE VEIA HEPÁTICA COMO TRATAMENTO DE ASCITE PERSISTENTE PÓS-TRANSPLANTE HEPÁTICO Norma Arteiro Filgueira, Laécio Leitão, Roberto Lemos, Olival Lucena, Américo Gusmão Amorim, Bernardo Sabat, Paulo Sérgio Vieira de Melo, Norma Jucá, Heloísa Ramos, Gustavo Cruz, Claudio Lacerda Unidade de Transplante de Fígado do Hospital Oswaldo Cruz da Universidade de Pernambuco Introdução:A encefalopatia hepática geralmente se apresenta de forma episódica, porém em alguns pacientes desenvolve-se com caráter persistente, quando geralmente está associada a shunt portosistêmico, muitas vezes com preservação das provas de função hepática. Nestes casos, o quadro clínico inclui alterações cognitivas, comportamentais, parkinsonismo, manifestações cerebelares, dentre outros. Método: revisão do prontuário para descrição de um caso de encefalopatia hepática persistente manifestando-se com síndrome demencial. Relato do Caso: Uma paciente de 59 anos iniciou há dois anos quadro de declínio cognitivo progressivo, amnésia anterógrada, perda das funções executivas, déficit de atenção importante, confabulação, apraxia, marcha atáxica, diminuição do equilíbrio, além de distúrbios do comportamento do tipo agressividade. Na avaliação cognitiva obteve oito pontos no miniexame do estado mental, tinha ausência de atividades instrumentais de vida diária e o exame periférico mostrava hipertonia em MMSS tipo roda denteada. A paciente tinha diagnóstico prévio de Hepatite autoimune, que estava inativa, com aminotransferases e funções sintéticas normais (Child A, MELD 10). Ressonância magnética de encéfalo demonstrou depósito de manganês em globos pálidos. A USG com Doppler evidenciou shunt espleno-renal espontâneo e estudo angiográfico evidenciou shunts calibrosos, tanto em território espleno-renal quanto mesentéricohipogástrico. Após exclusão de outras causas de demência, foi definido o diagnóstico de encefalopatia hepática persistente por shunt portossistêmico. Não houve melhora com o uso de lactulose, neomicina e bromocriptina. Procedeu-se então ao implante de plug para oclusão do shunt espleno-renal em maio de 2013 e a paciente está sendo acompanhada ambulatorialmente para avaliar a evolução do quadro neurológico. Conclusão:O diagnóstico da encefalopatia hepática persistente comumente é retardado, pelo predomínio do quadro neurológico em relação ao hepático, já que muitas vezes esta é a única manifestação da hepatopatia. A resposta às medidas terapêuticas usuais é pobre ou inexistente e a oclusão dos shunts pode ser uma opção nesses casos. TL 136 RASTREIO PARA HEPATITE B ANTES DE TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO - AVALIAÇÃO DA PRÁTICA ENTRE ONCOLOGISTAS DE RECIFE- PE Thiago Lourenço Apolinário, Ana Beatriz Sacerdote, Norma Arteiro Filgueira Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters Introdução: A encefalopatia hepática geralmente se apresenta de forma episódica, porém em alguns pacientes desenvolve-se com caráter persistente, quando geralmente está associada a shunt portosistêmico, muitas vezes com preservação das provas de função hepática. Nestes casos, o quadro clínico inclui alterações cognitivas, comportamentais, parkinsonismo, manifestações cerebelares, dentre outros. Método: revisão do prontuário para descrição de um caso de encefalopatia hepática persistente manifestando-se com síndrome demencial. Relato do Caso: Uma paciente de 59 anos iniciou há dois anos quadro de declínio cognitivo progressivo, amnésia anterógrada, perda das funções executivas, déficit de atenção importante, confabulação, apraxia, marcha atáxica, diminuição do equilíbrio, além de distúrbios do comportamento do tipo agressividade. Na avaliação cognitiva obteve oito pontos no miniexame do estado mental, tinha ausência de atividades instrumentais de vida diária e o exame periférico mostrava hipertonia em MMSS tipo roda denteada. A paciente tinha diagnóstico prévio de Hepatite autoimune, que estava inativa, com aminotransferases e funções sintéticas normais (Child A, MELD 10). Ressonância magnética de encéfalo demonstrou depósito de manganês em globos pálidos. A USG com Doppler evidenciou shunt espleno-renal espontâneo e estudo angiográfico evidenciou shunts calibrosos, tanto em território espleno-renal quanto mesentéricohipogástrico. Após exclusão de outras causas de demência, foi definido o diagnóstico de encefalopatia hepática persistente por shunt portossistêmico. Não houve melhora com o uso de lactulose, neomicina e bromocriptina. Procedeu-se então ao implante de plug para oclusão do shunt espleno-renal em maio de 2013 e a paciente está sendo acompanhada ambulatorialmente para avaliar a evolução do quadro neurológico. Conclusão: O diagnóstico da encefalopatia hepática persistente comumente é retardado, pelo predomínio do quadro neurológico em relação ao hepático, já que muitas vezes esta é a única manifestação da hepatopatia. A resposta às medidas terapêuticas usuais é pobre ou inexistente e a oclusão dos shunts pode ser uma opção nesses casos. TL 137 CORRELAÇÃO DO POLIMORFISMO NO GENE DA IL-28B COM A APRESENTAÇÃO CLÍNICA DA HEPATITE B CRÔNICA Simone Regina Souza da Silva Conde, Luciana Lopes Rocha, Vanessa Melo Ferreira, Julius Caesar Mendes Soares Monteiro, Nathália Karla Fonseca Filgueiras, Pedro Alves de Almeida Lins, Bruna Tereza Silva dos Santos, Felipe Bonfim Freitas, Samia Demachik, Marialva Tereza Araújo, Ricardo Ishak, Antonio Carlos Rosário Vallinoto Universidade Federal do Pará Introdução: Alguns polimorfismos de nucleotídeo único (SNP), como o rs12979860 e rs8099917, foram relacionados à resposta de certos indivíduos às infecções virais, como ao Vírus da hepatite B (VHB). Objetivo: Identificar a prevalência dos polimorfismos rs12979860 e rs8099917 no gene da IL-28B em pacientes portadores de hepatite B crônica, oriundos de uma casuística da Amazônia Oriental. Metodologia: Avaliou-se 65 pacientes consecutivos cronicamente infectados pelo VHB e 97 indivíduos saudáveis anti-HBc total e antiHBs positivos, como grupo controle, no período de maio de 2011 a dezembro de 2012, em um ambulatório público de referência, em Belém-Pará.. Realizou-se a genotipagem dos SNPs rs12979860 e rs8099917 através de reação em cadeia da polimerase em tempo real. O grupo de pacientes foi classificado em portadores inativos (N = 26); hepatite crônica sem cirrose (N = 27) e cirróticos (N = 12), de acordo com as variáveis, clínicas, histopatológicas, bioquímicas, hematológicas e virológicas. A presente pesquisa recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: dos 65 infectados pelo VHB, constatou-se maioria masculino (67,69%), média de idade de 48,62 anos. A frequência dos genótipos dos polimorfismos rs12979860 foi semelhante (p = 0,549) no grupo de infectados (32,3% CC , 41,5% CT e 26,2 TT) e na população controle (35% CC, 47,4% CT e 17,6% TT), assim como no polimorfismo rs8099917 (7,7% GG, 35,4% GT e Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 56,9% TT vs. 7,2% GG, 35,1% GT e 57,7% TT), respectivamente (p = 0,991). A associação dos genótipos do polimorfismo rs12979860 com a manifestação clínica revelou o predomínio do genótipo CT (53,8%) nos portadores inativos; 37% do TT nos com hepatite crônica sem cirrose e 41,6% para o genótipo CC e CT, respectivamente, nos cirróticos (p = 0,365). O genótipo predominante do polimorfismo rs8099917 nos portadores inativos, nos com hepatite crônica sem cirrose e nos cirróticos foi TT, com prevalências respectivas de 65,3%, 50% e 58,3% (p = 0,482). Conclusão: os genótipos CT e TT dos polimorfismos estudados foram os predominantes na população infectada e controle e não houve relação que evidenciasse que ambos os polimorfismos estejam relacionados com a eliminação ou persistência do vírus nos pacientes cronicamente infectados pelo VHB e sua influência nos espectro de manifestação clínica, na população estudada. TL 138 VALORES DA ELASTOGRAFIA ARFI (ACOUSTIC RADIATION FORCE IMPULSE) DO FÍGADO EM INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS Joel Schmillevitch, Ana Gorski, Tânia Moredo, Raul Muniz, Ricardo Mincis, Moyses Mincis Centro de Diagnóstico Schmillevitch Introdução: O objetivo deste trabalho é estabelecer os valores da elastografia ARFI em pacientes sem doença hepática e considerados indivíduos saudáveis. Material e Métodos: O estudo foi composto de 62 pessoas, voluntários, sem doença hepática, com exames laboratoriais normais. A elastografia ARFI foi realizada com o equipamento Siemens S2000, no Centro de Diagnósticos Schmillevitch. Todos os 62 pacientes tiveram medidas da ARFI validadas, sendo 37 mulheres e 25 homens, com idade média de 32,3 ± 12,4anos. A ultrassonografia abdominal foi realizada em todos os pacientes, com exclusão dos que apresentaram esteatose hepática ou outros sinais de hepatopatias crônicas. Foram realizadas, em cada paciente, dez medidas no segmento V, e a média expressa em metros por segundo. Resultados: As medidas da elastografia ARFI foram obtidas em todos os 62 casos. O valor médio obtido foi de 1,04 ± 0,12m/seg. Não houve diferença significativa entre os valores em homens e mulheres e também nas diferentes idades. Conclusão: Neste estudo, a média obtida pela elastografia ARFI em indivíduos normais foi de 1,01 ± 0,12m/seg. TL 139 PREVALÊNCIA DE HEPATITE A E HEPATITE B EM 1000 PACIENTES COM INFECÇÃO CRÔNICA PELO VHC EM CENTRO TERCIÁRIO DE TRATAMENTO NO BRASIL Edvaldo Ferreira da Silva, Mário Guimarães Pessôa, Daniel Ferraz de Campos Mazo, Claudia Pinto Marques Souza de Oliveira, Roseane Porto Medeiros, Flair José Carrilho Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: Pacientes com infecção crônica pelo VHC e superinfecção pelo vírus da hepatite A (VHA) ou o vírus da hepatite B (VHB), têm maior morbi-mortalidade quando comparados com pacientes que apresentam infecção aguda somente pelo VHA ou VHB. A mortalidade associada à hepatite A aguda pode estar particularmente elevada em pacientes com pré-existência de hepatite crônica causada pelo VHC. Por esta razão, a imunização ativa com vacinas contra VHA e VHB vem a ser obrigatória nesta população, e consequentemente esta sorologia deve ser determinada. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi avaliar a prevalência de marcadores sorológicos da hepatite A e hepatite B em 1.000 pacientes com infecção crônica pelo VHC em nosso Centro Terciário de Tratamento. Resultados: Dos 980 pacientes avaliados até o momento, foi obtida a sorologia Anti-VHA IgG em 789, dos quais 727 foram positivos 63 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia (92%) e 62 (8%) apresentaram Anti-VHA IgG negativos. Quando os pacientes foram estratificados por idade, o anti-VHA IgG foi encontrado em 16 (67%) dos pacientes entre 20 a 29 anos, 50 (70%) entre 30-39 anos, 89 (87%) entre 40-49 anos, 232 (93%) entre 5059 anos, 227 (99%) entre 60-69 anos e 113 (100%) dos pacientes com mais de 70 anos. A sorologia para VHB (Anti-HBc IgG) foi obtida em 889 dos 980 pacientes avaliados até o presente momento. O antiHBc IgG foi positivo em 214 pacientes avaliados (24%) dos quais 12 pacientes (1,3%) eram AgHBs positivos, 77 (8.7%) eram anti-HBc IgG isolado e 136 (15.3%) eram também anti-HBs positivos, demonstrando imunidade adquirida para o VHB. O Anti-HBC IgG foi negativo em 675 pacientes (76%), não demonstrando contato prévio com o vírus B. Destes, 164 pacientes (24%) apresentaram soroconversão após receberem 3 doses da vacina, demonstrado pela presença do anti-HBs positivo (≥ 10 UI/mL). Quando os 889 pacientes foram estratificados por idade, o anti-HBc IgG foi encontrado em 2 (8%) dos pacientes de 20 a 29 anos, 12 (16%) com 30-39 anos, 25 (21%) com 40-49 anos, 64 (23%) com 50-59 anos, 73 (29%) com 6069 anos e em 38 (26%) pacientes com mais de 70 anos. Conclusão: Em nosso estudo, encontramos uma alta prevalência do anti-VHA IgG em pacientes portadores de infecção crônica pelo VHC atendidos no Ambulatório de Hepatites do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo, porém similar ao observado na população geral da cidade de São Paulo. Encontramos uma alta prevalência do anti-HBc IgG, em portadores de infecção crônica pelo VHC em nosso estudo, superior à da população geral da cidade de São Paulo e do Brasil, quando comparados historicamente, sugerindo fatores de risco de infecção semelhantes pelo VHB e VHC, enfatizando, assim, a importância dos programas de imunização nesta população. Os pacientes com hepatite crônica pelo VHC não estão recebendo manejo adequado quanto ao rastreamento de outros vírus de hepatites e encaminhamento para imunização, como preconizado nas diretrizes internacionais e locais. TL 140 AINDA EXISTE LUGAR PARA A BIÓPSIA HEPÁTICA? DUAS DÉCADAS DE EXPERIÊNCIA NO SUL DO BRASIL Rafael Bergesch D'Incao, Marcelo Campos Appel da Silva, Paulo Roberto Lerias de Almeida, Viviane Plasse Renon, Cristiane Valle Tovo Hospital Nossa Senhora da Conceição Introdução: A biópsia hepática é método complementar de diagnóstico, estadiamento e orientação terapêutica em hepatopatias, sendo as hepatites virais crônicas as mais reconhecidas causas para indicação de estudo histopatológico. Objetivo: avaliar o perfil dos pacientes e as indicações e resultados de biópsias hepáticas percutâneas (BHP) em um Hospital terciário. Material e métodos: foi realizado estudo transversal descritivo, através de revisão de prontuários (coorte retrospectiva) de pacientes submetidos a biópsias hepáticas percutâneas (BHP) às cegas no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre, RS, no período de outubro de 1993 a dezembro de 2011. Resultados: foram realizadas 1955 BHP, tendo os pacientes média de idade de 44,8 anos, sendo 1127 (57,65%) do sexo masculino. A hepatite C crônica (VHC) foi a principal indicação de BHP (60,5%), seguida da coinfecção VHC-HIV (12,2%) e da hepatite B crônica (3,5%). Houve associação entre idade e fibrose, sendo que jovens (? 39 anos de idade) apresentavam menos fibrose do que aqueles com mais de 40 anos de idade. Quando monoinfectados VHC foram comparados a coinfectados VHC-HIV, houve maior proporção de pacientes com fibrose leve/moderada (F0-F2) do que avançada (F3-F4) em ambos os grupos, sem diferença estatisticamente significativa. Esteatose hepatica foi observada em taxas semelhantes em monoinfectados HCV e coinfectados VHC-HIV (p=0.235). Por outro lado, coinfectados apresentaram mais frequentemente aumento de ferro intra-hepático do que monoinfectados (p<0.001). Complicações ocorreram em 07 casos (0,3%) sem óbitos. Conclusão: a BHP é 64 método seguro e continua sendo fundamental para auxiliar no diagnóstico e tratamento das hepatopatias crônicas, e propicia o acesso a diversas informações úteis no manejo desta população de doentes. TL 141 ANÁLISE PRELIMINAR DA BATERIA DE AVALIAÇÃO FRONTAL (FAB) EM PACIENTES CIRRÓTICOS PARA AVALIAÇÃO DE ENCEFALOPATIA HEPÁTICA Karina Zamprogno de Souza, Maria da Penha Zago Gomes, Fernanda Schwanz Coutinho, Mayara Fiorot Lodi, Marilia Majeski Colombo, Izabelle Venturini Signoreli Universidade Federal do Espírito Santo Introdução: A Encefalopatia hepática (EH) compreende um grupo heterogêneo de anormalidades neuropsiquiátricas que ocorrem em pacientes portadores de disfunção hepática, na ausência de outras doenças cerebrais conhecidas. A EH tipo C, secundária a cirrose hepática ou shunts porto-sistêmicos, pode ser classificada em mínima (EHM), cujo diagnóstico é realizado por testes neuropsicológicos, ou persistente, cujo diagnóstico é realizado pelas manifestações clínicas. A maioria dos testes neuropsicológicos para avaliar a EHM, requerem grande demanda de tempo, são de difícil interpretação e necessitam da avaliação por profissionais da área de neuropsiquiatria. Uma alternativa, rápida e fácil de ser aplicada, seria a Bateria de Avaliação Frontal (FAB) que consiste em uma bateria para avaliar a presença e a gravidade das síndromes disexecutivas. Quando aplicada em pacientes cirróticos, de acordo com a pontuação podemos inferir a presença de EH. Objetivos: Utilizar o FAB como instrumento para avaliação de encefalopatia hepática, em pacientes cirróticos. Material e métodos: Estudo observacional, do tipo corte transversal. A coleta de dados com aplicação de questionário e aplicação do FAB, em 60 pacientes cirróticos, atendidos nos ambulatórios de hepatite e de álcool do Hospital Universitário da UFES. Resultados: A média de idade da amostra é de 57,7 anos, cerca de 78,3 % são homens, 63% são brancos, 30% são pardos, 7% são negros, 68,3% são etilistas e abstêmios a pelo menos 15 dias, 20% são HbsAg positivos, 25% são anti-HCV positivos, cerca de 13,3% apresentavam EH, cerca de 38,3% são Child A, 38,3% são Child B e 23,3% são Child C. A pontuação média do FAB da amostra é de 10,6 e mediana de 11 pontos, cerca de 81,7% dos casos apresentaram até 13 pontos e apenas 18,3% apresentaram FAB maior que 13 pontos. Entre os quesitos do FAB, o primeiro de maior comprometimento foi a Abstração, onde 46,7% não pontuaram e o segundo, foi o GO-NO-GO, demonstrando dificuldade de mudar algo aprendido. Em 8 pacientes com EH franca, a média é de 7,75 e a mediana de 5,5 pontos, cerca de 50% não pontuaram nos quesitos Sequência Motora, GO-NO-GO e Instruções Conflitantes, além disso, cerca de 62% não pontuaram no quesito Semelhança. Nos casos sem EH, a média e a mediana do FAB foi de 11 pontos. Conclusão: Os resultados demonstram que o FAB é inferior em pacientes cirróticos portadores de EH, portanto pode ser utilizado como instrumento diagnóstico desta enfermidade. TL 142 AVALIAÇÃO DOS PACIENTES TRATADOS PARA HEPATITE C COINFECTADOS OU NÃO COM O VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (HIV) Mirella Medeiros Monteiro, Marcela Cristine Marque, Walnei Barbosa Hospital Universitário de Taubaté Introdução: Estima-se que 180 milhões de pessoas no mundo tem hepatite C crônica e estão sob risco de desenvolver complicações da doença. O tratamento, se indicado, tenta evitar a progressão da doença para cirrose e hepatocarcinoma. O vírus da imunodefiência humana e o vírus da hepatite C compartilham rotas de transmissão, Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters sendo a coinfecção um fenômeno comum em diferentes grupos de risco como pessoas que receberam transfusão de sangue e hemoderivados até 1993 e usuários de drogas injetáveis.Sabe-se que 20% dos indivíduos HIV positivo são coinfectados com o HCV. Os dois vírus interagem sinergicamente e exacerbam o curso das infecções. Porém a relutância dos pacientes em inicar a terapia antiHCV, o aumento da hepatotoxicidade pelos antiretrovirais, as interações entre as drogas e os efeitos colaterais, é um desafio para conscientização da população infectada.Objetivo: O estudo tem o objetivo de avaliar a casuística inistuticional de pacientes HCV coinfectados ou não com HIV e demonstrar a resposta terapêutica e os efeitos colatareis observados durante o tratamento. Material e Métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo descritivo. Foram avaliados todos os pacientes com Hepatite C mono e coinfectados com o HIV que foram tratados no período junho de 2004 a setembro de 2011 no Serviço de Ambulatório de Hepatites da Policlínica de Taubaté-SP de acordo com o protocolo do Ministério da Saúde. Resultados: Dos 62 pacientes tratados para hepatite C, 59 foram incluídos para a análise. A maioria era do sexo masculino. Quarenta e nove (83%) indivíduos eram HCV monoinfectados; 10 (17%), HIV/ HCV coinfectados. Dos pacientes HCV monoinfectados, 65,3% eram genótipo tipo 1 e 34,6% genótipo tipo 3. Dos pacientes HIV/HCV coinfectados, 80% tinham genótipo tipo 1 e 10% genótipo tipo 3. Observou-se que a resposta virológica sustentada foi de 34,3%, 41,2% e 50% nos pacientes HCV GEN 1 monoinfectados, HCV GEN 3 monoinfectdos e HIV / HCV coinfectados, respectivamente. Conclusões: A maioria dos pacientes era monoinfectado pelo HCV. Houve a prevalência do genótipo tipo 1 seguido pelo genótipo tipo 3. A resposta virológica sustentada foi de 50% nos doentes coinfectados, 34,3% nos pacientes monoinfectados HCV-GEN1 e 41,1% nos monoinfectados HCV- GEN 2 e 3. Os pacientes tiveram boa tolerância ao tratamento e o efeito colateral mais comum foi sintomas semelhantes ao da gripe. TL 143 MORTALIDADE ALTA INTRAHOSPITALAR EM PACIENTES COM ERISIPELA E CIRROSE HEPÁTICA Renato Ferreira da Silva, Cretelli, Olívia Saes; Meirelles, Matheus Botossi; Isepon, Lincoln Bento da Silva; Valsechi, Linoel Curado; ITimura, Priscila; Marcatto, Gustavo; Silva, Rita de Cássia Martins Alves; Pereira, Patrícia da Silva Fucuta; Silva, Edson Cartapatti Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto Introdução. As infecções no paciente com cirrose hepática apresentam alta morbimortalidade e dentre estas, a erisipela tem sido pouco estudada. Objetivo. Analisar a mortalidade intra-hospitalar no paciente cirrótico com erisipela. Pacientes e Métodos. Estudo retrospectivo de pacientes internados com cirrose e erisipela, no período de 1 de julho de 2010 a 31 de dezembro de 2012. Análise comparativa foi feita pelos testes qui-quadrado, exato de Fisher, t de Student e Mann-Whitney. Resultados.No período houve 2864 internações, sendo 2046 por cirrose descompensada, em 983 pacientes cirróticos. Dentre eles, 65 (7%) tinham erisipela. Na análise demográfica, a média de idade foi 58 anos (± 10) com 53 pacientes de sexo masculino (82%). A localização mais frequente da erisipela foi em membros inferiores com 70%, seguida de tronco 21% e membros superiores 9%. A etiologia predominante da cirrose foi etilismo isolado com 35 casos (56%), seguido de etilismo e hepatite C em 11 (17%), hepatite C isolada 8 (13%), esteato-hepatite não alcoólica em 6 (9%), hepatite B em 2 (3%) e outras causas em 1 (2%). Com relação à gravidade dos pacientes, a distribuição da classificação Child-Pugh foi A em 5 (8%) dos pacientes, B em 29(46%), C em 29(46%) e a média de MELD foi 20 (± 8). Comorbidades existiam em 29 (45%) pacientes, sendo 28 de natureza metabólica. Diabete melito (DM) ocorreu em 20 casos (31%) e hipertensão arterial sistêmica (HAS) em 19 (29%). Em 11 casos houve HAS e DM concomitantemente. A concomitância entre erisipela e outras infecções ocorreu nas Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 seguintes proporções: infecção no trato urinário em 15 casos (54%), pneumonia em 7 (25%) e peritonite bacteriana espontânea em 6 (21%). Antibióticos utilizados: clindamicina 66%, oxacilina 17%, penicilina 8%, outros 9%. Taxa de óbito foi (11/65) 17%. Dos 11 pacientes que foram a óbito, 3 (27%) tinham apenas erisipela e 8 (73%) tinham erisipela e outra infecção concomitante. Distribuição de Child-Pugh entre os óbitos: A (0%), B (40%) e C (60%). Evolução para sepse em 14%. Comparação entre óbito e alta respectivamente: idade 55 x 58 anos (p=0,36); gênero masculino 73% x 83% (p=0,41); MELD 23 x 19 (p=0,16); concomitância com outra infecção 69% x 31% (p=0,02). Conclusão.A mortalidade intra-hospitalar do paciente cirrótico com erisipela foi elevada e a presença de outra infecção concomitante potencializou o desfecho em óbito. Abordagem do paciente cirrótico com erisipela necessita urgentemente ser melhor estudada. TL 144 METÁSTASES ESPLÊNICAS DE HEPATOCARCINOMA APÓS TRANSPLANTE HEPÁTICO Norma Arteiro Filgueira, Paulo Sérgio Vieira de Melo, Norma Jucá, Sérgio França, Laécio Leitão, Roberto Lemos, Olival Lucena, Américo Gusmão Amorim, Bernardo Sabat, Claudio Lacerda Unidade de Transplante de Fígado do Hospital Oswaldo Cruz Universidade de Pernambuco Introdução: A encefalopatia hepática geralmente se apresenta de forma episódica, porém em alguns pacientes desenvolve-se com caráter persistente, quando geralmente está associada a shunt portosistêmico, muitas vezes com preservação das provas de função hepática. Nestes casos, o quadro clínico inclui alterações cognitivas, comportamentais, parkinsonismo, manifestações cerebelares, dentre outros. Método: revisão do prontuário para descrição de um caso de encefalopatia hepática persistente manifestando-se com síndrome demencial. Relato do Caso: Uma paciente de 59 anos iniciou há dois anos quadro de declínio cognitivo progressivo, amnésia anterógrada, perda das funções executivas, déficit de atenção importante, confabulação, apraxia, marcha atáxica, diminuição do equilíbrio, além de distúrbios do comportamento do tipo agressividade. Na avaliação cognitiva obteve oito pontos no miniexame do estado mental, tinha ausência de atividades instrumentais de vida diária e o exame periférico mostrava hipertonia em MMSS tipo roda denteada. A paciente tinha diagnóstico prévio de Hepatite autoimune, que estava inativa, com aminotransferases e funções sintéticas normais (Child A, MELD 10). Ressonância magnética de encéfalo demonstrou depósito de manganês em globos pálidos. A USG com Doppler evidenciou shunt espleno-renal espontâneo e estudo angiográfico evidenciou shunts calibrosos, tanto em território espleno-renal quanto mesentéricohipogástrico. Após exclusão de outras causas de demência, foi definido o diagnóstico de encefalopatia hepática persistente por shunt portossistêmico. Não houve melhora com o uso de lactulose, neomicina e bromocriptina. Procedeu-se então ao implante de plug para oclusão do shunt espleno-renal em maio de 2013 e a paciente está sendo acompanhada ambulatorialmente para avaliar a evolução do quadro neurológico. Conclusão:O diagnóstico da encefalopatia hepática persistente comumente é retardado, pelo predomínio do quadro neurológico em relação ao hepático, já que muitas vezes esta é a única manifestação da hepatopatia. A resposta às medidas terapêuticas usuais é pobre ou inexistente e a oclusão dos shunts pode ser uma opção nesses casos. TL 145 ATAQUE MACIÇO POR ABELHAS - CAUSA RARA DE HEPATITE TÓXICA Norma Arteiro Filgueira, Ana Beatriz Sacerdote, Bruno Maciel de Albuquerque, Érica Nogueira Bezerra Cavalcanti, Maria Cecília Bernardes Pereira Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco 65 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia Introdução: Abelhas africanas foram trazidas ao Brasil em 1956, objetivando melhorar a produção de mel. A fuga de abelhas rainhas e o cruzamento com abelhas nativas fizeram surgir as abelhas africanizadas. Estas possuem o mesmo veneno da abelha doméstica, porém por sua agressividade, seus ataques causam inoculação de maior volume de veneno, que contém substâncias hemolíticas e vasodilatadoras. A melitina e a fosfolipase A2, dois dos principais componentes, levam a liberação de ácido araquidônico, lesão endotelial e ativação de resposta inflamatória. Métodos: Revisão do prontuário para descrição das manifestações hepáticas em um paciente que sofreu ataque maciço por abelhas. Resultados: Homem de 46 anos, previamente hígido, admitido em um serviço de urgência hipotenso e em parada respiratória, 30 minutos após ataque por enxame de abelhas durante competição de trilhas em região de mata fechada. Não havia sinais sugestivos de anafilaxia. Após ressuscitação hemodinâmica, o paciente permaneceu comatoso, com febre, diarreia e oligúria, apresentando bloqueio de ramo direito ao ECG. O exame do dorso evidenciou centenas de picadas por abelha. Laboratorialmente evidenciava-se prolongamento do INR para 9,2, plaquetopenia, elevação de aminotransferases e enzimas musculares. No terceiro dia de internação recobrou normalmente a consciência, sem déficits neurológicos aparentes, mas mantendo febre quase contínua. Apesar da melhora clínica, mantinha-se a elevação marcante e progressiva das enzimas hepáticas e musculares, atingindo níveis acima de 10.000UI/l de ALT no quarto dia de internamento, acompanhado de hiperbilirrubinemia direta, mas já com melhora do INR. Após o quinto dia o paciente passou a evoluir com regressão progressiva das alterações laboratoriais, até obter resolução espontânea sem sequelas. Conclusão: Picadas de abelhas podem causar fenômenos anafiláticos em pacientes predispostos ou quadros tóxicos quando grande volume de veneno é inoculado. Pacientes com mais de 50 picadas devem ficar em observação por 24 horas para vigiar complicações tardias do ataque e acidentes com mais de 500 a 1000 picadas podem ser letais. As principais manifestações clínicas do ataque maciço por abelhas são: hipotensão, insuficiência renal, coagulopatia, rabdomiólise e hepatite. A cronologia entre o desenvolvimento de coma e coagulopatia em relação à necrose hepática neste caso foi essencial para afastar o diagnóstico de hepatite fulminante. TL 146 PERFIL CLÍNICO E LIPÍDICO DE PORTADORES DE INFECÇÃO CRÔNICA PELO VÍRUS DA HEPATITE B (HBV) E CORRELAÇÃO COM ESTEATOSE HEPÁTICA Angélica Luciana Nau, Júlia Cristina Soares, Maria Beatriz Cacese Shiozawa, Esther Buzaglo Dantas-Corrêa, Leonardo de Lucca Schiavon, Janaína Luz Narciso-Schiavon Núcleo de Estudos em Gastroenterologia e Hepatologia (NEGH) Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Introdução: A esteatose hepática relaciona-se com a presença de síndrome metabólica. Em indivíduos portadores de infecção crônica pelo HCV, mecanismos virais foram implicados na gênese da esteatose. Por outro lado, o papel da infecção pelo HBV não está bem definido. Objetivos: Descrever o perfil clínico e lipídico de portadores de infecção pelo HBV e correlacioná-lo com a presença de esteatose hepática ao ultrassom e à biópsia hepática. Material e Métodos: Estudo analítico transversal, que avaliou indivíduos portadores de infecção crônica pelo HBV com ultrassonografia (USG) atendidos no HU/UFSC entre agosto de 2011 e dezembro de 2012. Resultados: Foram incluídos 71 pacientes com 47,5±3,1 anos, 53,5% eram homens, 11,9% com HBeAg+. Com relação ao perfil lipídico, eles apresentaram média, desvio padrão e mediana de colesterol total (CT) = 173,8±39,7 (173,0) mg/dL; HDL = 47,7±13,5 (45,0) mg/dL; LDL = 110,4±33,2 (109,5) mg/dL; triglicerídeos (TGC) = 90,3±47,8 (77,5) mg/dL; glicemia de jejum (G) = 96,2±14,2 (93,0) mg/dL. Oito pacientes (11,2%) apresentaram esteatose ao USG e entre 41 submetidos à biópsia hepática, 17 (41,5%) apresentaram esteatose. Por análise bivariada a presença 66 de esteatose ao USG correlacionou-se com IMC (P = 0,009); TAP (P=0,005); albumina (P= 0,047); CT (P=0,001); LDL (P=0,010); TCG (P=0,045); Insulina de jejum (P=0,028) e AST (P=0,007). Por análise bivariada nenhuma variável correlacionou-se com a presença de esteatose hepática à histologia. Por meio do coeficiente de correlação de Spearman, observou-se que HBV-DNA apresentou correlação+ com ferro sérico (r = 0,390; P = 0,025), saturação de transferrina (r=0,616; P<0,001), proteínas totais (r=0,481; P=0,003); alfa-feto proteína (r=0,276; P=0,040) e AST (r=0,269; P=0,027). Conclusão: Esteatose hepática ao ultrassom correlaciona-se com o perfil lipídico e o IMC e não com características do vírus e da doença hepática, sugerindo que o vírus não interfira com a presença de esteatose. TL 147 HEPATITE AUTOIMUNE ASSOCIADA A VITILIGO E TIREOIDITE DE HASHIMOTO Emilia Tiemi Oshiro Bansho, Débora Tonon, Mariana Horn André, Leonardo de Lucca Schiavon, Janaína Luz Narciso-Schiavon, Esther Buzaglo Dantas-Corrêa Núcleo de Estudos em Gastroenterologia e Hepatologia (NEGH) Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Introdução: A hepatite autoimune (HAI) é uma doença necroinflamatória crônica do fígado, de etiologia autoimune, que cursa com destruição progressiva do parênquima hepático. É descrita associação com outras doenças autoimunes em até 40-50 % dos casos. Materiais e Métodos: Trata-se de relato de um caso de HAI associada a vitiligo e tireoidite de Hashimoto. Relato de Caso: Homem de 51 anos internou com hematêmese. Diagnosticado vitiligo há 25 anos, sem outras comorbidades. Negava uso de AINHs ou outros medicamentos, negava etilismo e tabagismo. Ao exame físico apresentava lesões maculares acrômicas extensas, coalescentes, em face tórax, abdome e mãos. Exame cardiopulmonar normal. Abdome globoso, ausência de macicez móvel, Traube ocupado, baço palpável a 5 cm RCE e fígado palpável a 3 cm RCD. Nos exames laboratoriais apresentava Hb = 9,9 g/dL; VGM = 91,6 um3; HGM = 30,9 pg; 74.000 plaquetas/mm3; ALT = 57 U/L; AST = 62 U/L; GGT = 169 U/L; FA = 75 U/L; BT = 3,4 mg/dL; IgG = 1500 mg/dL e hipergamaglobulinemia. Exibia sorologias negativas para os vírus A, B e C de hepatite, além de anticorpos AML, AMA e AntiKLM1 negativos. FAN não reagente na diluição:1:80. Score de 11 para diagnóstico de HAI (GIHI 1999). A USG abdome total exibiu fígado heterogêneo, de dimensões reduzidas e esplenomegalia. Na EDA apresentou varizes esofágicas de médio calibre e gastropatia hipertensiva. Não foi submetido a biópsia hepática devido plaquetopenia. Permaneceu em acompanhamento clínico, durante o qual foi diagnosticada tireoidite de Hashimoto com TSH 12 µU/mL (0,4-4,0 µU/mL), T4 livre 0,84 ng/dL (0,89-1,76 ng/dL) e anticorpo antiperoxidase de 556 IU/ ml (<35 IU/mL). A irmã teve diagnóstico de HAI. Após dois anos de seguimento ambulatorial apresentou FAN+ 1:80 (padrão nuclear homogêneo) e IgG = 2030 mg/dL (694-1618 mg/dL), quando foi diagnosticada HAI e iniciado tratamento com prednisona em monoterapia. As aminotransferases se mantiveram 2xLSN, mas houve inversão de ALT>AST e normalização da IgG. Desenvolveu DM relacionado ao uso de corticoide e necessitou de insulinoterapia. Não tolerou a associação com azatioprina devido a um de quadro de rash cutâneo e permanece em acompanhamento com corticoide em monoterapia. Conclusão: Este estudo ressalta a necessidade de se considerar o diagnóstico de HAI em pacientes com outras doenças autoimunes que se apresentam com disfunção hepática, e da importância de se rastrear outras doenças autoimunes durante o acompanhamento desses pacientes. Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters TL 148 HEPATITE C Penélope Lacrísio dos Reis Menta, Maria Isabel Toulson Davisson Correia, Paula Vieira Teixeira Vidigal, Luciana Diniz Silva, Rosângela Teixeira Universidade Federal de Minas Gerais Introdução/Objetivos: distúrbios nutricionais são co-fatores para progressão da fibrose hepática e comorbidades em pacientes com hepatite viral. Nós investigamos o estado nutricional e ingestão de macronutrientes de pacientes com hepatite crônica pelo vírus B (VHB) ou C (VHC), em um estudo transversal. Métodos: 230 pacientes com diagnóstico confirmado de hepatite B (n=80) ou C (n=150) foram avaliados nutricionalmente pelos métodos: a) Avaliação Global Subjetiva (AGS), b) Medidas antropométricas, e c) Recordatório de 24 horas para ingestão dietética. O risco de complicações metabólicas da obesidade foi avaliada pela medida da circunferência da cintura (CC) e porcentagens de gordura corporal (%GC). O abuso de álcool prévio ao diagnóstico ou atual foi considerado acima de 20g e 30g por dia, para mulheres e homens, respectivamente. Resultados: A idade média foi de 54 (±11) e 46 (±10) anos para pacientes VHC e VHB (p<0,001), respectivamente. 121/230 (52,6%) pacientes eram do sexo feminino, 15% eram cirróticos. Pela AGS, 86,5% dos pacientes eram nutridos e 13,5% desnutridos. A desnutrição foi associada à cirrose (RP=1,25, IC95% 1,1-1,4, p<0.001), abuso de álcool, bilirrubina direta>3,0 mg/dL, INR>1,1, plaquetas<150.000/mm3, hemoglobina<12g/dL e albumina<3,5 g/dL (p<0,05). Pelo IMC, 43,9% dos pacientes eram eutróficos, 33,5% com sobrepeso, 21,3% obesos e 1,3% abaixo do peso. Obesos apresentaram maior prevalência de esteatose que pacientes eutróficos (RP=1,53, IC95% 1,15-2,04, p=0,003) ou com sobrepeso (RP=1,71, IC95% 1,33-2,20, p<0,001). Sobrepeso/obesidade foi associada com CC>94cm (homens) e 80cm (mulheres), %GC>25% (homens) e 32% (mulheres) (p<0,01), triglicerídeos>150mg/dL, HDL-c<40 mg/dL, glicose>99mg/dl, insulina>20mU/mL, RI-HOMA>3,2 e TSH>2.5mU/mL (p<0,05). Esteatose hepática foi associada com triglicerídeos>150mg/dL, VLDL-c>40mg/dL, glicose >99mg/dl e HOMA-IR>3,2 (p<0,05). Mais de 50% dos pacientes apresentaram ingestão de proteínas, gorduras totais e fibras menores que o recomendado. Conclusão: Sobrepeso e obesidade são os principais distúrbios nutricionais em pacientes com hepatite crônica B ou C. A desnutrição está associada com cirrose e a obesidade com esteatose hepática. Hábitos alimentares inadequados são comuns em pacientes com hepatite viral crônica. Intervenções nutricionais corretivas são necessárias na prática clínica para prevenir comorbidades relacionadas a estes distúrbios. TL 149 INTOXICAÇÃO ACIDENTAL POR CLOROFÓRMIO LEVANDO A INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA - RELATO DE CASO Denise Gabardo Pereira, Elisa Fernanda Ferri Cenci, Karen Yumi Watanabe, Lonize Maira Weinert Silveira, Juliana Ayres de Alencar Arrais, Daphne Benatti Gonçalves, Cláudia Alexandra Pontes Ivantes, Bruno Eugênio Canhetti Mondin, Alcindo Pissaia Júnior Hospital Nossa Senhora das Graças O clorofórmio, líquido incolor e volátil, é um anestésico externo eficiente, sendo muito tóxico se ingerido ou seus vapores aspirados. Após absorção, é rapidamente distribuído por todos os tecidos. As respostas orgânicas à intoxicação dependem da quantidade a que o indivíduo foi exposto. A metabolização desta substância ocorre no fígado e, neste órgão, a intoxicação pode causar: necrose celular com aumento de transaminases, aumento da concentração de bilirrubinas, degeneração do tecido adiposo e hepatomegalia. Nestes casos, a reversão do quadro pode ser alcançada através do uso de Nacetilcisteína (NAC). A NAC tem propriedades antioxidantes e contribui Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 para a síntese do glutationa, substância importante no processo de detoxificação. Alguns estudos mostram benefício da NAC em intoxicações por clorofórmio. Neste relato de caso, mostraremos a utilização bem sucedida desta medicação numa intoxicação acidental por este anestésico, a qual levou a insuficiência hepática. Paciente masculino de 21 anos, foi admitido no serviço, transferido de uma unidade de atendimento primário, após ingestão acidental de aproximadamente 100ml de clorofórmio 3 dias antes, apresentando rebaixamento do nível de consciência (GCS:4), insuficiência respiratória e alteração de bioquímica hepática. Na admissão em nosso serviço, encontrava-se sedado com propofol, em ventilação mecânica, dados vitais estáveis sem necessidade de drogas vasoativas, pupilas mióticas não reagentes e diurese arrastada. Exames laboratoriais mostravam, entre outros, RNI de 3,38, TGO de 8500 U/L e TGP de 6687 U/L. Feito diagnóstico de insuficiência hepática aguda por intoxicação com clorofórmio. No dia seguinte à internação, iniciou-se a administração de NAC intravenosa na seguinte sequência: dose de ataque de 150mg/kg em 15 minutos, seguido de 50mg/kg em 4 horas, seguido de dose de manutenção contínua 6,25mg/kg/h. Medicação foi administrada por 4 dias, sendo então suspensa após melhora clínica e laboratorial significativas. No quarto dia de tratamento, TGO de 255 U/L, TGP de 1340 U/L e RNI de 1,01. Recebeu alta hospitalar sem sequelas motoras, neurológicas, renais ou hepáticas e com os seguintes exames: TGO de 174 U/L, TGP de 693 U/L e RNI de 1,1. Conforme decréscimo substancial dos níveis de TGO, TGP e RNI apresentados após o uso de NAC, percebe-se a real eficácia do uso desta droga em casos de insuficiência hepática aguda nos casos de intoxicação por clorofórmio, corroborando com dados apresentados pela literatura disponível. A importância desse relato de caso reside no fato em se alertar sobre a gravidade da intoxicação por clorofórmio, com risco de rápida evolução a óbito se não tratado, e atentar para a possibilidade de boa evolução com o uso de NAC. TL 150 ASCITE POR STRONGYLOIDES STERCORALIS EM PACIENTE HIV POSITIVO Mariana Horn André, Débora Tonon; Emilia Tiemi Oshiro Bansho; Esther Buzaglo Dantas-Corrêa; Leonardo de Lucca Schiavon; Janaína Luz Narciso-Schiavon Núcleo de Estudos em Gastroenterologia e Hepatologia (NEGH) Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Introdução: Pacientes infectados com S. stercoralis são, habitualmente, assintomáticos. Formas mais graves são relatadas, geralmente, em imunossuprimidos com potencial evolução grave. A disseminação pode envolver o intestino, estômago, pulmão, o líquor e pode determinar a ocorrência de ascite. Além disso, a penetração de larvas da parede intestinal durante disseminação pode resultar em bacteremia. Material e Métodos: Trata-se de relato de um caso de uma mulher soropositiva para o HIV que desenvolveu ascite com S. stercoralis. Relato de Caso: Mulher de 33 anos procura o hospital com queixa de dor e aumento de volume abdominal há três dias, associada à febre não aferida e calafrio. Havia sido internada na semana anterior para tratamento de pneumonia e recebeu alta em uso de sulfametoxazol-trimetoprim. Diagnóstico de SIDA há quatro meses da admissão, sem uso de antirretrovirais. Nega etilismo, tabagista ativa. Ao exame físico apresentava regular estado geral, hipocorada, emagrecida, eupneica. Exame cardiopulmonar normal. Abdome globoso, ruídos hidroaéreos presentes, distendido, difusamente doloroso à palpação, sem dor à descompressão brusca. Sem edema de membros inferiores. Os exames laboratoriais evidenciaram hemoglobina de 11,9 g/dL, leucócitos de 25540/mm3, plaquetas de 296000/mm3; creatinina de 0,9 mg/dL; fosfatase alcalina 126 U/L (valor de referência - VR = 136 U/L); Gamaglutamil transferase 84 U/L (VR = 55 U/L); aspartato aminotransferase = 49 U/L (VR - 37 U/L); alanina aminotransferase de = 86 U/L (VR = 65 U/L); beta-HCG não reagente; proteínas totais de 4,6 g/L e albumina de 67 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia 2,1 g/L. A ultrassonografia demonstrou ascite moderada e distensão gasosa. O líquido ascítico colhido por paracentese evidenciou proteínas totais 3,9 g/L; albumina 1,9 g/L; GASA 0,2; celularidade total de 1950 céls com 20000 hemácias e 68% de neutrófilos; 20% de eosinófilos; 11% de monócitos e 1% de mesoteliócitos. Foi identificada larva de helminto na citologia do líquido ascítico. Foi iniciado tratamento com ivermectina para estrongiloidíase disseminada, mas a paciente evoluiu com piora da dor abdominal, foi submetida à laparotomia branca e evoluiu com insuficiência respiratória, choque séptico e óbito em 48 horas. Conclusão: Esse caso não só reforça a estrongiloidíase disseminada como causa de ascite com GASA < 1,1 em indivíduos imunossuprimidos, mas o fato de que sem diagnóstico e tratamento precoces a hiperinfecção pode ser fatal. TL 151 REAÇÃO ADVERSA CUTÂNEA GRAVE DURANTE TRATAMENTO DE HEPATITE C CRÔNICA. RELATO DE CASOS E REVISÃO DA LITERATURA Helena Maria Giordano, Fernando Miguel Resck Gadbem, Dayane Resende Fonseca Campos, Pedro Duarte Gaburri Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora - MG Introdução: O tratamento da hepatite C com interferon e ribavirina apresenta risco de várias reações adversas, entre elas alterações dermatológicas, que são potencialmente graves, atrapalhando a continuidade da terapia e o alcance da resposta viral sustentada. Objetivos: relatar quatro casos de pacientes com reação cutânea durante a terapia para hepatite C e fazer uma revisão da literatura desta complicação. Material e Métodos: Quatro pacientes do sexo feminino apresentaram reação adversa cutânea durante a terapia dupla com interferon peguilado alfa 2a e ribavirina. Três pacientes eram monoinfectadas e uma tinha coinfecção com HIV. Duas pacientes apresentaram lesão urticariforme. A terceira já era portadora de psoríase grau leve antes do tratamento e apresentou piora acentuada das lesões. A paciente com coinfecção apresentou lesões em placas elevadas eritematosas disseminadas sem associação com prurido. Todas apresentaram lesão cutânea com área maior que 50% da superfície corporal. O tratamento foi suspenso com melhora do quadro em todas elas, mas com recuperação mais lenta na paciente coinfectada, que permanece com as lesões por mais de três meses após suspensão do tratamento para hepatite C. Resultados: A literatura descreve várias lesões cutâneas associadas à própria infecção pelo vírus C e secundárias à terapia. Com a chegada da terapia tripla empregando-se o telaprevir e o boceprevir, significativo número de pacientes apresenta rash cutâneo. Em uma minoria de casos, a suspensão da terapia é necessária. Conclusões: O relato da evolução de quatro pacientes que apresentaram efeito adverso cutâneo grave durante terapia com interferon peguilado e ribavirina visa alertar sobre a possível ocorrência de lesões cutâneas em terapia tripla, que possam não ser causadas pelo uso dos Inibidores de Protease. As reações cutâneas durante o tratamento para hepatite C com interferon peguilado e ribavirina podem ser extensas obrigando a suspensão do tratamento em determinados casos. A vigilância dos pacientes durante todo o tratamento é fundamental para não colocarmos os pacientes em risco. Novos estudos serão necessários para identificarmos fatores de risco para manifestação dermatológica durante o tratamento, com ênfase para as formas graves. TL 152 CONTAGEM SERIADA DE PLAQUETAS E O VALOR DA BIÓPSIA HEPÁTICA NA AVALIAÇÃO DA HEPATITE C Helena Maria Giordano Valério, Paloma Mayer Martins Fonseca, Arytanna Borges da Silva Castro, Pedro Duarte Gaburri Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora - MG 68 Introdução. Vários parâmetros foram estudados para avaliação do estágio da fibrose hepática em portadores de hepatite crônica pelo vírus C. A biópsia hepática é ainda ferramenta muito utilizada para este fim. Porém, é método invasivo e nem sempre representativa de todo fígado. Como o acesso à elastografia hepática é ainda restrito em nosso meio, outros parâmetros são necessários para predição do acometimento hepático nesta situação, dentre ele parâmetros séricos como a contagem de plaquetas, aminotransferases e outros. Objetivos. Avaliar a relação da contagem seriada de plaquetas com o grau de fibrose histológica em portadores de hepatite C crônica. Material e métodos. Foram colhidos dados dos prontuários de candidatos ao tratamento para hepatite C crônica submetidos à biópsia hepática: grau de fibrose, plaquetas (três dosagens seriadas com intervalo menor que 60 dias), AST,ALT,GGT,albumina e ultrassom do abdome. O grau de fibrose foi relacionado ao valor da média de três dosagens do número de plaquetas. Foram também analisadas outras variáveis bioquímicas e achados do ultrassom. A graduação da fibrose histológica segundo à classificação de METAVIR foi feita pelo mesmo patologista em todos casos. Foram excluídos pacientes coinfectados com HIV ou vírus B. Resultados. Foram avaliados 93 pacientes, 63,5% homens. Segundo à classificação de Metavir, 72% dos pacientes apresentaram grau 0 ou 1 de fibrose. Após análise estatítisca, houve correlação significativa entre o grau de fibrose e a contagem das plaquetas. Pacientes com grau avançado de fibrose (3 e 4) tinham plaquetas menores que 100.000/mm³ em sua maioria, enquanto naqueles com graus 0 ou 1, o número de plaquetas foi maior que 200.000. Conclusões: 72% dos pacientes estudados não foram eleitos para tratamento e continuam apenas em seguimento clínico por apresentarem graus 0 ou 1 de fibrose histológica. Estes pacientes apresentavam plaquetas estáveis e elevadas, que permitiam pressupor baixo grau de fibrose e assim se submeteram à biópsia, se expondo aos riscos do procedimento invasivo.A contagem seriada das plaquetas nos pacientes com valores seriados acima de 200.000 pode poupá-los deste procedimento até dispormos de outro método não invasivo para avaliação do grau de fibrose ou de um tratamento que se aplique indistintamente a todos os pacientes infectados pelo vírus C. TL 153 MIOPATIA AGUDA RELACIONADA AO USO DE SORAFENIBE Denise Gabardo Pereira, Elisa Fernanda Ferri Cenci, Karen Yumi Watanabe, Lonize Maira Weinert Silveira, Juliana Ayres de Alencar Arrais, Daphne Benatti Gonçalves, Cláudia Alexandra Pontes Ivantes, Bruno Eugênio Canhetti Mondin, Alcindo Pissaia Júnior Hospital Nossa Senhora das Graças O Sorafenibe é atualmente a droga de escolha para o tratamento de Hepatocarcinoma avançado (Estágio C na Classificação de Barcelona). Os efeitos adversos mais comuns são: diarreia, síndrome mão-pé, fadiga, dor abdominal, perda de peso, perda de apetite, náusea, eritema e descamação, queda de cabelo, coceira e hipertensão. Descrevemos neste relato a associação de uma miopatia aguda ao início do uso do Sorafenibe. Paciente masculino de 61 anos, portador de cirrose hepática Child A6 e MELD 9 por hepatite C com diagnóstico recente de hepatocarcinoma infiltrativo no lobo hepático direito, foi hospitalizado por queda de estado geral, astenia, diarreia, hiporexia, aumento de volume abdominal e perda de força muscular em MMII associada à dor muscular intensa e cãibras, após 3 semanas de uso de Sorafenibe. Ao exame físico ictéricia 2+/4, abdome ascítico e edema de MMII. Ao exame neurológico, dor à palpação da musculatura dos MMII, arreflexia generalizada sem déficit sensitivo, paraparesia e discreta paresia de MMSS. O diagnóstico foi de uma miopatia aguda provavelmente desencadeada pela medicação. Nesta ocasião o MELD era de 23, a CPK de 1147 U/L e a alfa-feto proteína de 15665 ng/ml. A eletromiografia e a biópsia muscular confirmaram miosite aguda. Com a suspensão do Sorafenibe houve melhora progressiva da paraparesia dos MMII e diminuição da dor muscular. Alta hospitalar no décimo dia, com MELD 18, CPK de 76 U/L. Apesar de já terem sido descritos casos de Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters acometimento do sistema musculoesquelético, como sarcopenia e artralgia, devido ao uso de Sorafenibe, os relatos de miosite aguda provocada por essa droga são muito raros, segundo a literatura. Sabe-se que o Sorafenibe é capaz de causar danos ao músculo cardíaco de ratos e, possivelmente, o mecanismo patológico possa ser o mesmo no músculo estriado esquelético. Por isso, é de grande importância o conhecimento de miosite aguda como efeito adverso pelo uso de Sorafenibe, já que essa droga é primeira escolha para tratamento de hepatocarcinoma. TL 154 GASTROENTERITE EOSINOFÍLICA - DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE ASCITE: RELATO DE CASO Fernanda Schwanz Coutinho, Maria da Penha Zago Gomes, Karina Zamprogno de Souza, Marília Majeski Colombo, Mayara Fiorot Lodi UFES Introdução: Gastroenterite Eosinofílica (GE) é uma doença rara, de etiologia desconhecida, caracterizada pela infiltração de eosinófilos na parede do trato gastrointestinal (TGI). Provavelmente tem origem imuno-alérgica (25-75% dos casos tem antecedentes de alergia/ atopia). Mais comum em homens (3:2), caucasianos, na 3ª e 5ª décadas de vida. Pode acometer diferentes camadas do TGI levando a sintomas distintos. Talley et al (1990) classificou a GE em Mucosa (25-100%): dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia, perda de peso; Muscular (13-70%): obstrução e perfuração intestinal; Serosa (1240%):distensão abdominal, ascite exsudativa eosinofílica. Também propôs os critérios diagnósticos mais reconhecidos e usados: 1) Sintomas TGI; 2) Infiltração eosinofílica (20 ou mais eosinófilos por campo de alta resolução) em uma ou mais áreas do TGI; 3) Eosinofilia sem envolvimento de outros órgãos extraintestinais; 4) Ausência de parasitose. Outras alterações são aumento da IgE, da PCR, eosinofilia periférica (mais comum no acometimento da serosa). A base do tratamento está no uso de corticoide que, em baixas doses, está associada à remissão da doença em 80-90% dos casos. O tempo de terapia não é definido. Cursa com remissão/reagudização, podendo ter recidivas na suspensão do corticoide. Outras medicações estão sendo estudadas, mas sem eficácia definida. Objetivo: relato de caso de Ascite Eosinofílica. Material e Método: revisão de prontuário, avaliação de exames laboratoriais e biópsias. Resultados: paciente masculino, 69 anos, com dor abdominal e ascite. Evidenciado eosinofilia periférica (leucócitos: 21.390/mm3 /42% eosinófilos), IgE:1.089UI/ml (VR: até 100UI/ml) e líquido ascítico com leucócitos: 12.200/mm 3 /94% eosinófilos / GASA 0,8. US abdominal com ascite e edema difuso de alças intestinais. EDA normal com biópsias de estômago e duodeno com infiltrado eosinofílico. Pela suspeita de GE, iniciado prednisona 60mg/dia com boa resposta clínica e laboratorial - ausência de ascite, sangue periférico com leucócitos de 12.940/mm3 e 1,6% de eosinófilos. Seguiu com desmame gradual da prednisona. Encontra-se assintomático. Conclusão: Embora rara, principalmente o acometimento da serosa com ascite, GE deve ser lembrado como diagnóstico diferencial de ascite. O tratamento adequado apresenta boa resposta clínica e melhora da qualidade de vida. TL 155 FATORES ASSOCIADOS AOS NÍVEIS SÉRICOS DE 25(OH)D EM PACIENTES CIRRÓTICOS Mariana Costa Silva, Telma Erotides Silva, Maria Luiza Aires de Alencar, Mara Sérgia Pacheco Honório Coelho, Leticia Muraro Wildner, Maria Luiza Bazzo, David Alejandro González Chica, Esther Buzaglo DantasCorrea, Janaina Luz Narciso-Schiavon, Leonardo De Lucca Schiavon NEGH - Núcleo de Estudos em Gastroenterologia e Hepatologia. Universidade Federal de Santa Catarina Introdução: Níveis mais baixos de 25-hidroxivitamina D 25(OH)D têm Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 sido observados em pacientes cirróticos e foram relacionados à maior gravidade da doença e pior prognóstico. No entanto, a maioria dos estudos prévios incluiu uma grande proporção de pacientes com doença hepática muito avançada, sem o adequado controle para outras variáveis que podem se associar aos níveis de vitamina D. Objetivos: Investigar a prevalência e os fatores relacionados à hipovitaminose D em portadores de cirrose hepática acompanhados ambulatorialmente e investigar o impacto da descompensação aguda da cirrose sobre os níveis de 25(OH)D. Material e Métodos: Estudo transversal que incluiu pacientes cirróticos ambulatoriais. Os níveis séricos de 25(OH)D e PTH foram determinados por quimioluminescência. Os pacientes foram submetidos à avaliação clínica, laboratorial e nutricional. Análises bivariada e multivariada foram realizadas para investigação de fatores associados a níveis de vitamina D abaixo do tercil inferior. Trinta pacientes que haviam sido internados nos últimos seis meses foram comparados nos dois momentos (internação e avaliação ambulatorial). Resultados: Foram incluídos 133 pacientes com média de idade de 53,93 ± 12,13 anos, 72,2% homens, 67,7% Child-Pugh A. Os níveis de 25 (OH)D foram menores que 30 ng/mL em 69,9% e menores que 20 ng/mL em 14,3% da amostra. Níveis de 25(OH)D abaixo do tercil inferior (<24 ng/mL) se associaram de forma independente a maiores valores da prega tricipital (OR 1,041, IC95% 1,003 - 1,081, P = 0,034) e a cor de pele não-branca (OR 4,056, IC95% 1,005 - 16,369, P = 0,049). A 25(OH)D não se associou às variáveis relacionadas à gravidade da doença hepática. PTH > 65 pg/ mL foi encontrado em 24,6% dos pacientes, sem associação com 25(OH)D ou gravidade da doença hepática. Níveis mais baixos de 25(OH)D foram observados no momento da descompensação aguda (22,90 ± 9,53 ng/mL vs. 29,46 ± 7,06 ng/mL, P < 0,001). A internação também foi associada a maiores médias de MELD, RNI e bilirrubina total, maior mediana de PCR e menor albumina. Conclusões: Nesta amostra de pacientes cirróticos com função hepática relativamente preservada a prevalência de hipovitaminose D foi elevada e esteve associada à adiposidade e cor de pele não-branca, mas não à gravidade da doença. No entanto, os níveis significativamente mais baixos observados durante a admissão por complicações da doença sugerem um impacto da disfunção hepática ou da inflamação sistêmica sobre a 25(OH)D. TL 156 ASCITE QUILOSA: UMA COMPLICAÇÃO DA CIRROSE HEPÁTICA NEGLIGENCIADA Fernanda Schwanz Coutinho, Maria da Penha Zago Gomes, Karina Zamprogno de Souza, Marília Majeski Colombo, Mayara Fiorot Lodi UFES Introdução: Ascite Quilosa (AQ) é a ascite com líquido peritoneal rico em triglicerídeos (TG). É uma complicação rara, com incidência de 1:20.000 em um hospital de grande porte, em 20 anos. A etiologia é multifatorial, pode ser congênita, após lesão linfática por trauma ou cirurgia, infecções (Ex: tuberculose) e, em adultos, as principais causas são por cirrose hepática (CH) e malignidades. Está presente em 0,5-1% dos pacientes com CH e ascite, ocorre devido à combinação da hipertensão portal com alto fluxo linfático hepático. Pode cursar com distensão e desconforto abdominal, perda de peso, esteatorréia, náuseas, edema, desnutrição. Em cirróticos os estigmas da doença hepática crônica estão presentes. A paracentese com análise do líquido ascítico (LA) é a ferramenta mais importante para o diagnóstico. O aspecto do LA é leitoso, pode ter aumento do número de células com predomínio de linfócitos e aumento do número de proteínas. No entanto, a definição é dada pela dosagem de TG que tipicamente mostra valores acima de 200mg/dl (alguns autores >110mg/ dl). Exames podem ser realizados relacionados com a hipótese para AQ. Malignidades sempre devem ser pesquisadas. Paciente com CH sem clínica sugestiva para neoplasias, não necessita de rastreio aprofundado. O tratamento da AQ em cirróticos consiste principalmente no manejo da ascite com dieta hipossódica e diuréticos, pode ser acrescentado triglicerídeos de cadeia média (TCM) à dieta para melhor 69 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia recuperação nutricional. Objetivo: relatar caso de ascite quilosa. Material e Método: revisão de prontuário e avaliação de exames laboratoriais. Resultados: Paciente masculino, 46 anos, diabético, portador de doença renal crônica e cirrose hepática por esteatohepatite não alcoólica, apresentando ascite e edema de membros inferiores. À internação apresentava LA de aspecto leitoso, leucócitos 1.450/ mm3 (90% mononucleares), proteína 5,7 mg/dl, albumina 1,7 mg/dl, triglicerídeos 654 mg/dl, pesquisa para tuberculose negativo. Introduzido dieta assódica e com TCM (fez 14 dias de TCM endovenoso na tentativa de recuperação nutricional mais efetiva). Não foi introduzido diurético devido disfunção renal. Paciente apresentou redução do volume abdominal e melhora nutricional, recebeu alta em uso de TCM oral e dieta hipossódica. Conclusão: Embora rara, a AQ pode estar presente e, nos adultos, as causas mais comuns são malignidades e CH. A investigação deve ser voltada para a causa dessa ascite para obtermos tratamento efetivo. TL 157 ENDOCARDITE BACTERIANA DURANTE TERAPIA PARA HEPATITE C CRÔNICA. RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA Helena Maria Giordano Valério, Pedro Duarte Gaburri Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora - MG Introdução: O tratamento da hepatite C envolve uma série de efeitos colaterais, sendo frequente a ocorrência de alterações hematológicas como anemia e neutropenia. Há também maior risco de processos infecciosos, sendo os mais frequentes infecção do trato urinário, de pele e pneumonia. Objetivos: relatar evolução de paciente que apresentou endocardite bacteriana durante terapia de hepatite C com interferon peguilado e ribavirina. Revisar na literatura complicações infecciosas deste tratamento. Relato de Caso: homem de 58 anos, hepatite C crônica, com prótese mitral biológica há 27 anos. Após avaliação e liberação da cardiologia foi iniciado tratamento para hepatite C com interferon peguilado alfa2 a e ribavirina. Paciente vinha em seguimento clínico com boa tolerância, sem alterações importantes no hemograma. Apresentou queda da carga viral na semana 12 e negativação viral na semana 24. Na semana 46, foi internado por quadro de insuficiência cardíaca, sem febre. Foi submetido a exames, sendo diagnosticada endocardite bacteriana. Foi iniciado tratamento com antibióticos e suspensa a terapia para hepatite C. No décimo dia de internação, paciente apresentou piora com instabilidade hemodinâmica, transferido para CTI. Complicou com insuficiência renal e falência de múltiplos órgãos evoluindo ao óbito. Resultados de revisão: A taxa de infecções no curso da terapia com interferon e ribavirina é maior em pacientes coinfectados que monoinfectados. As infecções mais relatadas são pneumonia, infecção urinária e dermatites. A neutropenia secundária ao tratamento não está diretamente relacionada à complicação infecciosa. Há poucos relatos na literatura de evolução de endocardite durante terapia de hepatite C, e a maioria foi descrita em usuários de droga injetáveis. Conclusões. Os pacientes portadores de próteses valvares devem ser vigiados quanto aos sinais de descompensação cardíaca durante a terapia para o vírus C. A ausência de febre e de outros sinais clássicos de endocardite bacteriana pode atrasar o diagnóstico nesta população de pacientes. Avaliação cardiológica criteriosa poderia fazer parte da rotina no seguimento destes pacientes durante terapia da hepatite C e a possível indicação de antibioticoterapia profilática associada à terapia da hepatite C deve ser investigada em novos estudos. TL 158 CISTOADENOMA BILIAR: UM RELATO DE CASO Marilia Majeski Colombo, Mayara Fiorot Lodi, Karina Zamprogno Souza, Fernanda Schwanz Coutinho, Maria da Penha Zago Gomes, Luciana Lofêgo Gonçalves Hospital das Clínicas Cassiano Antônio de Moraes 70 Introdução: O cistoadenoma biliar (CAB) é um tumor cístico, benigno e raro do fígado, mais prevalente no sexo feminino e frequentemente apresenta-se na 5ª ou 6ª década de vida. Geralmente manifesta-se como cisto único e volumoso, de superfície multilobulada e com septações. Está envolto por mesênquima que mimetiza o estroma ovariano em 85-90% dos casos. Objetivos: Relatar um caso de CAB, destacando-se a importância do reconhecimento de tal entidade diagnóstica devido à grande dificuldade de diferenciação préoperatória de cistoadenocarcinoma (CAC). Material e métodos: Relato de um caso atendido pelo serviço de Gastroenterologia do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (HUCAM). Informações colhidas a partir de revisão de prontuário médico. Resultados: Tratase de paciente do sexo feminino, 57 anos, faioderma, que referia desconforto abdominal ocasional após as refeições ou à compressão abdominal, com relato de drenagem de cisto hepático por videolaparoscopia há 07 anos. Ao exame físico notava-se apenas hepatomegalia (fígado palpável a 04cm do rebordo costal direito); dentre os exames laboratoriais apresentava elevação de fosfatase alcalina (5 vezes o valor de referência) e äGT (2 vezes o valor de referência); à ressonância magnética de abdome observava-se formação cística com paredes finas e sem realce pelo meio de contraste, medindo 15,9 x 14,7 x 13,5cm e fazendo compressão de estruturas adjacentes e dilatação de via biliar intra-hepática. A paciente foi submetida a hepatectomia esquerda e ressecção do cisto. O laudo histopatológico da peça cirúrgica foi de CAB. Conclusão: O CAB, embora seja uma lesão benigna, apresenta em alguns casos um potencial de malignização; ademais o diagnóstico diferencial com lesão maligna (cistoadenocarcinoma) não pode ser feito com segurança exclusivamente por métodos radiológicos, indicando-se sempre a ressecção cirúrgica para elucidação diagnóstica definitiva e adequada terapêutica. TL 159 DESEMPENHO DE MODELOS PROGNÓSTICOS COMO PREDITORES DE MORTALIDADE EM PACIENTES COM DESCOMPENSAÇÃO AGUDA DA CIRROSE Leonardo Fayad, César Lazzarotto, Marcelo Fernando Ronsoni, Janaína Luz Narciso-Schiavon, Leonardo De Lucca Schiavon, Esther Buzaglo Dantas-Correa NEGH - Núcleo de Estudos em Gastroenterologia e Hepatologia. Universidade Federal de Santa Catarina Introdução: Pacientes admitidos por descompensações agudas da cirrose apresentam risco elevado de óbito. Apesar do MELD e suas derivações serem rotineiramente empregados, existem poucos estudos investigando o desempenho e comparando a acurácia destes modelos no contexto da descompensação aguda da cirrose. Objetivos: estudar os modelos MELD, MELD-Na, MESO, iMELD, Refit MELD e Refit MELD-Na como preditores prognósticos em cirróticos admitidos por descompensações agudas, comparando o seu desempenho na admissão e 48 horas após a internação. Material e métodos: Estudo de coorte prospectivo no qual os pacientes foram avaliados dentro de 24 horas da admissão e nos dias 3, 7, 30 e 90. Foram excluídos aqueles com internação por período inferior a 48 horas. Os modelos estudados foram calculados com exames da admissão e de 48 horas. Resultados: Foram incluídos 123 pacientes, com média de idade de 54,26 ± 10,79 anos, 76,4% do sexo masculino. Descompensação prévia foi relatada por 64,2% dos indivíduos. A média do MELD foi de 16,43 ± 7,08 e 52,0% dos pacientes eram ChildPugh C. Vinte e sete pacientes (22,0%) evoluíram para óbito durante a internação hospitalar. Na admissão foram observadas as seguintes AUROC para predição de mortalidade: MELD: 0,785 ± 0,053; MELDNa: 0,781 ± 0,053; MESO: 0,784 ± 0,052; iMELD: 0,770 ± 0,053; ReFit MELD: 0,782 ± 0,050; ReFit MELD-Na: 0,776 ± 0,052 (P > 0,05 na comparação entre os modelos de admissão). Considerando a avaliação de 48 horas, as seguintes AUROCs foram obtidas: MELD: 0,882 ± 0,039; MELD-Na: 0,858 ± 0,049; MESO: 0,880 ± 0,041; iMELD: Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters 0,842 ± 0,052; ReFit MELD: 0,876 ± 0,040; ReFit MELD-Na: 0,858 ± 0,048 (P > 0,05 na comparação entre os modelos de 48 horas). Quando os modelos executados na admissão foram comparados aos seus correspondentes calculados após 48 horas, AUROCs significativamente mais elevadas foram obtidas para todos os modelos (P < 0,05), com exceção do MELD-Na (P = 0,075) e iMELD (P = 0,119). Considerando pontos de corte escolhidos pelas curvas ROC, no geral foi notada sensibilidade semelhante nos dois momentos de cálculo, porém com significativo ganho em especificidade e VPP na avaliação de 48 horas. Conclusão: Os modelos estudados apresentaram acurácia semelhante como preditores de mortalidade em cirróticos admitidos por descompensação aguda. No entanto, o desempenho destes modelos foi significativamente melhor quando aplicados 48 horas após a internação em relação a seu cálculo no momento da admissão. TL 160 PESQUISA DE MARCADORES SOROLÓGICOS DE INFECÇÃO PELO VÍRUS DA HEPATITE E EM INDIVÍDUOS PORTADORES DO HIV Ariana Carolina Ferreira, Michele Soares Gomes-Gouvêa, Maria Cássia Jacintho Mendes-Correa, Camila Picone, João Renato Rebello Pinho Departamento de Gastroenterologia, Instituto de Medicina Tropical e Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: A infecção pelo vírus da hepatite E (HEV) é um considerável problema de saúde pública em diversas regiões do mundo. Muito embora a infecção pelo HEV tenha sido reconhecida como benigna e de curso evolutivo autolimitado, são crescentes as evidências de sua evolução para a cronicidade e cirrose em indivíduos imunossuprimidos, especialmente transplantados e portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV). A distribuição da infecção pelo HEV no Brasil é pouco conhecida e não há estudos entre populações de indivíduos portadores do HIV. Objetivos: Este estudo visa avaliar a frequência da infecção pelo HEV através da pesquisa de marcadores sorológicos Anti-HEV (IgG e IgM) em indivíduos com infecção pelo HIV. Material e Métodos: Foram analisadas 201 amostras coletadas no período de 2007 a 2013 de pacientes portadores do HIV procedentes da cidade de São Paulo. As amostras de soro foram submetidas à pesquisa qualitativa de anticorpos Anti-HEV IgG e IgM utilizando-se o kit comercial in vitro RecomWell HEV IgG ou IgM (MIKROGEN), que baseiase no princípio de ELISA sanduíche indireto com antígenos recombinantes das regiões ORF2 e ORF3 do genoma do HEV expressos em células de E. coli. Resultados: Anticorpos Anti-HEV IgG foram detectados em 10,5% (21/201) das amostras analisadas e dessas apenas uma apresentou também positividade para anticorpos Anti-HEV IgM, evidenciando uma possível infecção aguda pelo HEV. Conclusão: Através deste trabalho foi possível constatar a circulação do HEV entre a população de infectados pelo HIV. Vale ressaltar que a frequência observada nesta população foi superior aquela descrita por estudos realizados na década de 90 no Brasil em outros grupos populacionais. O quanto a presença do Anti-HEV IgG pode estar associada à infecção crônica será avaliado utilizando-se técnicas de biologia molecular para detecção do HEV RNA. TL 161 AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL DO PEIXE-ZEBRA TRATADO COM LACTOBACILLUS RHAMNOSUS GG DURANTE EXPOSIÇÃO AO ETANOL Ana Claudia Reis Schneider, Eduardo Pacheco Rico, Denis Rosemberg, Ranieli Guizzo, Laísa Beduschi Fracasso, Diogo Losch de Oliveira, Themis Reverbel da Silveira Hospital de Clínicas de Porto Alegre Introdução: Um sistema de comunicação bidirecional, conhecido como eixo entero-cerebral, compreende a microbiota intestinal do Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 hospedeiro e as suas atividades cerebrais. Os probióticos são bactérias que, quando ingeridas em quantidade adequada, exercem um efeito benéfico na saúde do hospedeiro. Evidências clínicas comprovam o papel da intervenção com probióticos na redução da ansiedade e do estresse, tanto em estudos clínicos quanto experimentais. Potenciais mecanismos pelos quais probióticos podem afetar o funcionamento do SNC são o sistema imune e a produção de metabólitos que com propriedades neuroativas. O peixe-zebra tem sido utilizado com sucesso em estudos que avaliam as alterações comportamentais provocadas pelo etanol, em exposição aguda e crônica. Objetivo: Avaliar um possível efeito do Lactobacillus rhamnosus GG (LGG) sobre o comportamento do peixe-zebra exposto ao etanol. Metodologia: Após aclimatação, peixes-zebra adultos (> 3 meses), wild-type (n = 96), foram divididos aleatoriamente em 4 grupos: Controle (C), Probiótico (P), Etanol (E) e Probiótico + Etanol (PE). O etanol foi adicionado à água (0,5% v/v) dos grupos E e PE. Os peixes foram alimentados duas vezes ao dia durante 2 semanas com ração suplementada com LGG (P e PE) e sem suplemento (C e E). Após o período de exposição, os peixes foram avaliados individualmente pelo teste open-tank sendo a atividade comportamental registrada durante uma sessão de 6 min. O aparelho é composto por um tanque trapezoidal, dividido em três zonas: inferior, média e superior. Uma câmera ligada a um computador com o programa para avaliação do comportamento (Any-Maze), monitorou a localização e atividade locomotora dos animais. Dados analisados por ANOVA twoway e post hoc teste de Tukey. Resultados: Os efeitos do tratamento com probiótico e da exposição ao etanol foram avaliados em relação à atividade locomotora e aos padrões de comportamento exploratório. Dados finais demonstraram que o etanol não promoveu mudanças significativas na locomoção, no entanto, aumentou significativamente o comportamento exploratório do grupo E em relação ao C (p <0,01). Conclusões: O LGG não apresentou efeitos nos parâmetros de comportamento per se. O etanol alterou significativamente o perfil exploratório, mas não as atividades locomotoras, indicando a redução da ansiedade nos peixes alcoolizados. Projeto aprovado pelo Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (24471). TL 162 EVENTOS ADVERSOS ASSOCIADOS AO TRATAMENTO DA HEPATITE C GENÓTIPO 1 COM PEG-INTERFERON ALFA E RIBAVIRINA: IMPACTO NA RESPOSTA VIROLÓGICA SUSTENTADA E NA ADESÃO AO TRATAMENTO Daniela Michaelis de Benedetto, Ivonete Sandra de Souza e Silva, Roberto José Carvalho Jr., Antonio Eduardo Benedito Silva, Maria Lúcia Cardoso Gomes Ferraz Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP/EPM Introdução: O vírus da hepatite C é um grande problema de saúde pública que acomete milhares de pessoas no mundo todo. O tratamento da hepatite C crônica com interferon peguilado (PegIFN) e ribavirina (RBV) é o atualmente proposto para pacientes com genótipo 1. Estas medicações podem acarretar em uma série de eventos adversos (EAs), de variadas intensidades e em diferentes sistemas, o que interfere de forma relevante, não apenas na adesão ao tratamento, como também na qualidade de vida dos pacientes. Objetivo: Este estudo objetivou estudar o impacto dos eventos adversos decorrentes do tratamento da hepatite C na resposta virológica sustentada (RVS) e na adesão ao tratamento. Casuística e Método: Foram estudados 232 pacientes anti-HCV e HCVRNA positivos, portadores do genótipo 1, que foram submetido a tratamento com PegIFN e RBV. Os eventos adversos documentados em prontuários padronizados de tratamento foram avaliados. A ocorrência de eventos adversos foi relacionada aos desfechos de RVS, reduções de doses de medicamentos, suspensões temporárias e interrupções precoces do tratamento. Resultados: Praticamente todos os pacientes apresentaram algum tipo de EA durante a terapia da hepatite C. Síndrome flu-like, 71 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia manifestações dermatológicas e as manifestações psiquiátricas se mostraram como os tipos de EAs clínicos mais frequentes durante a terapia antiviral. Dentre os eventos hematológicos, a anemia foi o EA predominante. Na análise comparativa, a redução de dose das medicações decorrentes dos EAs foi estatisticamente associada ao gênero feminino e ao estadiamento mais avançado, enquanto que a interrupção prematura da terapia foi associada a idade acima de 40 anos e menor frequência de RVS. Este estudo permitiu concluir que quase a totalidade dos pacientes tratados com PegIFN e RBV desenvolvem algum tipo de evento adverso, tanto de ordem clínica quanto de ordem laboratorial. Destes, cerca de um terço desenvolvem EA mais importante, com impacto sobre o tratamento, levando à redução de dose, suspensão temporária do tratamento ou interrupção prematura do mesmo. Entretanto, somente a interrupção precoce da terapia, que ocorreu com maior frequência em pacientes com idade mais avançada, teve impacto sobre a taxa de resposta virológica sustentada. TL 163 HEPATITE C: RECIDIVA APÓS TRANSPLANTE DE FÍGADO E RESPOSTA AO TRATAMENTO ANTIVIRAL Verena Mattos Mutter, Patricia da Silva Fucuta Pereira, Dalísio de Santi Neto, Márcia Fumie da Rocha, William José Duca, Paulo Cesar Arroyo Junior, Renato Ferreira da Silva, Rita de Cássia Martins Alves da Silva Unidade de Transplante de Fígado - Hospital de Base da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - SP Introdução. A recorrência da infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) é universal após transplante de fígado (tx) e sua abordagem é desafiadora. Objetivos. Descrever o perfil clínico e resposta à terapia antiviral na recidiva do HCV após tx. Pacientes e Métodos. Estudo retrospectivo de pacientes com HCV e tx durante o período 1998 a 2010, que foram submetidos a pelo menos uma biópsia hepática (bx) em seu acompanhamento. Todas as bx foram analisadas por um único patologista. Foi considerada para recidiva a primeira bx que diagnosticou a hepatite C após tx. Análise comparativa feita pelo teste exato de Fisher. Resultados. De 350 pacientes transplantados de fígado no período, 147 tinham HCV. Foram incluídos na análise 80 pacientes; foram excluídos aqueles sem bx após tx ou com falta de dados no prontuário. Média de idade foi 50±10 anos e 73% homens. Mediana da idade do doador foi 34,5 anos (variação 9 a 67). Etiologia da cirrose: HCV+álcool 40,5%; HCV isolado 32,4%; HCV+álcool+vírus B 20,3%; HCV+vírus B 6,8%. Proporção de genótipos do HCV foi 67%, 10% e 23% para genótipos 1, 2 e 3, respectivamente. Diabetes estava presente em 16% dos pacientes antes do tx e a ocorrência de diabetes de novo após o tx foi 18%. Imunossupressão: prednisona 97%, azatioprina 79%, ciclosporina 71%, tacrolimo 47%, micofenolato 34% e rapamicina 33%. Recidiva da hepatite C foi documentada nos primeiros 6 meses pós-tx em 40 de 56 pacientes; entre 6 e 12 meses pós-tx, em 5 de 10; entre 12 e 24 meses pós-tx, em 10 de 14; entre 24 e 60 meses pós-tx, em 1 de 3; acima de 60 meses pós-tx, em 1 de 3 pacientes avaliados consecutivamente. Mortalidade: 33,3% dos pacientes. O tempo mediano de acompanhamento entre o tx e o desfecho foi 72 meses (variação de 0,26 a 177 meses). Trinta e cinco pacientes foram submetidos a tratamento antiviral com IFN+RBV (35%) ou PegIFN+RBV (65%). Resposta virológica sustentada (RVS) global foi 53% (18/34). Taxa de RVS foi 42% e 89% para genótipos 1 e não-1, respectivamente (p=0,03). Citopenia foi o principal efeito colateral: anemia 79%, leucopenia 68%, plaquetopenia 64%. Transfusão sanguínea foi necessária em 30% dos pacientes. Conclusão. A recidiva da hepatite C foi documentada nos primeiros 6 meses na maioria dos pacientes. A terapia dupla apresentou importantes efeitos colaterais, especialmente anemia; todavia, a taxa de RVS foi semelhante à da população não imunossuprimida. A busca pela erradicação do HCV, mesmo após transplante hepático, deve ser encorajada. 72 TL 164 SÍNDROME DE BUDD-CHIARI ASSOCIADA À DOENÇA DE CROHN: RELATO DE CASO Lucas Santana Nova da Costa, Marília Ávila Acioly, Maria Auzier Freitas, Liliana Sampaio Costa Mendes, Marcos de Vasconcelos Carneiro, José Eduardo Trevizoli Hospital de Base do Distrito Federal Introdução: A síndrome de Budd-Chiari é uma patologia rara, caracterizada pela obstrução do sistema de drenagem venoso hepático. Apresenta relação descrita com a retocolite ulcerativa idiopática. No entanto, com relação à associação entre esta síndrome e doença de Crohn, menos de dez casos foram relatados na literatura até a presente data. Objetivos: Relatar caso de paciente de 21 anos, feminina, com síndrome de Budd-Chiari e doença de Crohn, associada à síndrome do anticorpo antifosfolípide. Material e Métodos: As informações foram obtidas durante seguimento clínico, revisão de prontuário e revisão de literatura. Resultados: Paciente com história de enterorragia e hematoquezia progressiva há 1 ano, foi internada com quadro de dor abdominal e vômitos associado a anemia ferropriva. Realizou enteroTC que evidenciou áreas salteadas de espessamento parietal no íleo difusamente, com focos de dilatação segmentar interpostos. No mesmo exame, o fígado tem volume aumentado associado a grande hipertrofia do lobo caudado, com contornos lobulados e realce heterogêneo (padrão em noz moscada), sem visualização das veias supra-hepáticas, além de importante estreitamento do segmento intra-hepático da veia cava inferior, sendo estes achados muito sugestivos de Síndrome de Budd-Chiari, diagnóstico este confirmado pelo ecodoppler de veias suprahepáticas. Dosagem do anticorpo anti-beta2 glicoproteína I mostrouse elevada, sugerindo o diagnóstico de síndrome do anticorpo antifosfolípide. Avaliação proctológica evidenciou orifício fistuloso em região perianal e mucosa com perda do padrão vascular. Colonoscopia evidenciou ileíte e colite segmentar à direita. Com estes achados, a paciente também recebeu o diagnóstico de Doença de Crohn. Após início de anticoagulação plena e terapia imunossupressora, paciente recebeu alta hospitalar e realiza acompanhamento ambulatorial. Conclusão: A associação entre síndrome de Budd-Chiari e doença de Crohn é extremamente rara e foi primeiramente descrita em 1989. Deste então, apenas quatro casos foram relatados na língua inglesa, segundo pesquisa em base de dados da BIREME, SCIELO e PUBMED. Apesar do pequeno número de casos relatados, o diagnóstico de Budd-Chiari deve ser lembrado em pacientes com doença de Crohn que evoluam com disfunção hepática, pois o manejo da doença inflamatória intestinal nesses pacientes sob anticoagulação torna-se delicado e exige acompanhamento rigoroso. TL 165 HEPATITE C GENÓTIPO 3 EM OBESO NÃO RESPONDEDOR (NR) A INTERFERON PEGUILADO (PEG) E RIBAVIRINA (RIBA) E RECIDIVANTE APÓS PEG-RIBA E NITAZOXANIDA Gustavo de Almeida Vieira, Geisa Perez Medina Gomide Universidade Federal do Triângulo Mineiro Introdução: O tratamento da Hepatite C tem como alvo a Resposta Viral Sustentada (RVS). O uso de Interferon Peguilado (PEG) e Ribavirina (Riba) por 24 semanas leva a RVS em cerca de 70% dos portadores do genótipo 3 com METAVIR <F3 e CV <600.000. A resistência à insulina acelera a progressão da fibrose, aumenta a incidência de hepatocarcinoma e reduz a RVS com a terapia antiviral atual. Nitazoxanida, nitrotiazólico antiparasitário, demonstrou atividade antiviral e vem sendo testada contra o HCV. Age inibindo a tradução de proteínas virais pela fosforilação da proteinoquinase sRNAdependente e é indutor do Interferon. Em combinação com PEG-Riba é mais efetiva nos genótipos 4 e 1. Objetivo: Relatar um caso de Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters HCV não respondedor a PEG-Riba, com recidiva após 48 semanas de Pegasys® (PEG), Riba e Nitazoxanida (Annita®). Materiais e Métodos: Revisão de prontuário médico e revisão bibliográfica cientifica. Relato de Caso:Homem branco, nascido em 1957, ex-UDI inaladas Glucoenergan®, obeso. Chegou ao serviço em 2005 com Hepatite C METAVIR A2F4 desde 1997, quando teve Recidiva após 24 semanas de Interferon convencional (INF). Em 1999 foi NR à associação INF-Riba. Em 2005 RNA 147.000UI, genótipo 3a, ALT 275, EDA: Varizes esofagianas GIII, iniciado Propranolol. Internado por HDA e ascite, tratado com escleroterapia e Aldactone®. Foi NR à associação PEG-Riba. TC de abdome: nódulos hepáticos benignos, esteatose, colelitiase. Iniciou Metformina. Utilizou PEG 90µg/semana de dez/2006 a set/2007. Em Março/2010 iniciados PEG, Riba 1750mg/dia e Annita® 1g/dia por 48 semanas. RNA pré-tratamento 77.717UI/ml. Semanas 12, 24 e 48 RNA indetectável. RNA detectável na semana 72. Eritropoetina 4.000UI 2/semana a partir da semana 15. Riba 1500mg a partir da semana 34. Filgrastim 2/semana e Riba 1250mg a partir da semana 41. Atualmente RNA 66.710UI/ml. Conclusão: A Hepatite C e a obesidade são batalhas atuais da saúde pública. Os inibidores de protease, novos agentes utilizados para a hepatite C, não têm como alvo o genótipo 3. O papel dos sensibilizadores à insulina em combinação com a terapia antiviral é contraditório. Apesar das parasitoses serem o alvo inicial dos tiazólicos, eles vem sendo pesquisados no tratamento de alguns vírus com resposta satisfatória e, muitas vezes, com menos efeitos colaterais que os IP. TL 166 COLANGIOCARCINOMA APÓS QUATRO ANOS DE USO DE ENTECAVIR EM PACIENTE PORTADOR DE HEPATITE B CRÔNICA HBEAG NEGATIVO Talita Ribeiro Lino Tedesco, Raquel Novaes Fossari, Fábio Alexandre Escobar, Gustavo Figueredo de Moraes, Ludmila Andrade Fernandes de Luca, Paulo Oliveira Braga, João Gilberto de Sá Jesus, Alvaro Michele Conte Hospital de Força Aérea do Galeão (HFAG) Relato de caso: Paciente masculino, 55 anos, com diagnóstico de cirrose por hepatite B crônica (HBC) HBeAg negativo, iniciou Entecavir em 2008, evoluindo com carga viral (CV) indetectável no 8º mês de tratamento. Manteve acompanhamento clínico e rastreamento para CHC regulares. Em outubro 2012, após perda de consulta periódica e após um ano do anterior, USG abdominal demonstrou nódulo hepático de 5cm localizado no seguimento VII. Ao exame físico notou-se linfonodo supra clavicular (LN-SC) esquerdo palpável. TC mostrou imagem nodular, hipodensa em segmento VII, medindo 8,3x7,8x7,6cm. Biópsia de LN-SC revelou adenocarcinoma metastático, morfologia e perfil imunohistoquímico compatível com colangiocarcinoma (CC). Iniciada quimioterapia paliativa. O paciente manteve CV indetectável, sem alteração do perfil sorológico da HBC. Discussão: O CC é o 2° tumor hepático mais frequente, corresponde a 10-25% dos tumores primários do fígado. Entre 80 e 90% originam-se nos ductos biliares, sendo 90% adenocarcinomas. Geralmente, apresentam-se em estágios avançados quando do diagnóstico, impossibilitando a terapia cirúrgica e levando a pior prognóstico. Os EUA, Japão e alguns países europeus exibem aumento da incidência do CC, possivelmente secundário a maior prevalência de seus fatores de risco. Embora, o principal deles seja a Colangite Esclerosante Primária, acredita-se que a hepatopatia por vírus B pode ser fator de risco potencial para o desenvolvimento de CC. Zhou et al, em estudo controlado, observaram que 154/317 (48,6%) pacientes portadores de CC apresentavam HBC. Recente metanálise, que incluiu 16 trabalhos, totalizando 3387 pacientes com CC observou-se 584 portadores de HBC (17,2% versus 0,6% na população controle). Ressalte-se que este risco mais elevado foi observado apenas em estudos de populações asiáticas. Se este achado sofreu influência da maior prevalência de HBC nesta região não se sabe. Embora o mecanismo oncogênico da HBC na origem do CC seja desconhecido, pensa-se Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 na participação do próprio processo inflamatório crônico causado pelo vírus. Conclusão: Parece haver maior risco de desenvolvimento de CC em portadores de HBC. Ressalta-se, portanto, a importância de manter-se acompanhamento clínico, através de exame físico detalhado e USG abdominal periódicas, dos pacientes portadores de HBC, cirróticos e não-cirróticos. TL 167 ABORDAGEM DE TUMOR NEUROENDÓCRINO NO FÍGADO Marcial Ribeiro, Wagner Peitl Miller, Maria Fernanda Sales Ferreira Caboclo, Cesar Rodrigo Trippia, Julio César Wiederkehr, Giovanni Loddo, Marco Aurelio de Quadros Cravo, Carlos Renato Ticianelli Terazaki FUNEF - Hospital São Vicente Introdução: Os tumores neuroendócrinos representam menos de 5% de todas as neoplasias de sítio primário desconhecido e são um grupo heterogêneo de neoplasmas, que diferem no comportamento biológico, aparência histológica e resposta ao tratamento. Eles frequentemente são caracterizados por crescimento lento e secreção de hormônios ou substâncias vasoativas, mas podem se apresentar como neoplasias altamente agressivas, ou ainda, serem de origem primária desconhecida, em cerca de 10% dos casos. Esses tumores são raros no fígado e, quando ocorrem, geralmente são carcinoides ou metastáticos de outro sítio. Normalmente, acometem adultos e há poucos relatos de tratamento cirúrgico, devido à rápida progressão da doença. É importante distinguir entre tumor primário ou metastático, já que o fígado é o local mais comum de metástases destes tumores. De difícil diagnóstico, somente a imunohistoquímica consegue diferenciá-los de outros carcinoides. Objetivos: Demonstrar a importância de se refazer uma investigação clínica o mais rápido possível em casos onde não temos a resposta clínica esperada ao tratamento estabelecido, e revisar a literatura a respeito dos tumores neuroendócrinos. Material e Métodos: Mulher de 50 anos apresentase com ardência em abdome superior e história prévia de mastectomia em 2009 por carcinoma ductal em mama esquerda. Devido a exames de imagem e história clínica, foi tratada em 2011 com 6 sessões de quimioterapia pensando-se em metástases hepáticas. Refratária ao tratamento, após 1 ano, teve na investigação por imunohistoquímica o diagnóstico de tumor neuroendócrino, e devido ao tamanho da lesão e possíveis metástases locais optou-se pelo transplante hepático como melhor opção terapêutica. Resultados: Em nosso caso, o tempo de evolução entre a abordagem quimioterápica e o diagnóstico imunohistológico foi determinante para que o desenvolvimento da lesão culminasse no transplante hepático, ao invés de uma lobectomia. A relevância do nosso trabalho se dá na necessidade de não se excluir a possibilidade de diagnósticos raros, por mais que a história clínica nos convença do contrário. Conclusão: O diagnóstico precoce de lesões hepáticas é fundamental para o prognóstico dos pacientes, não podendo descartar-se a possibilidade de lesões hepáticas raras antes do início ou após um tratamento refratário. Esperamos, através de nossa revisão bibliográfica, contribuir com a literatura para um melhor conhecimento dos tumores endócrinos e suas possibilidades terapêuticas. TL 168 HEPATITE C E LINFOMA, ASPECTOS DE IMAGEM E REVISÃO DA LITERATURA Marcial Ribeiro, Wagner Peitl Miller, Cesar Rodrigo Trippia, Maria Fernanda Sales Ferreira Caboclo, Carlos Henrique Trippia, Carlos Renato Ticianelli Terazaki, Francisco José Gomes de Castro, Aliana Meneses Ferreira FUNEF - Hospital São Vicente Introdução e Objetivos: Os cânceres de células linfoides incluem desde as mais indolentes até as mais agressivas neoplasias malignas 73 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia humanas. Algumas associações entre infecção viral crônica e linfoma são conhecidas. Relaciona-se o vírus Epstein Barr e o vírus da hepatite B ao linfoma de Hodgkin e de Burkitt, e o vírus da hepatite C (HCV), que tem sido associado ao aparecimento de linfomas não-Hodgkin de células B. Nosso trabalho tem como objetivo enriquecer a literatura com dois casos clínicos de comorbidades raramente associadas, em que a abordagem diagnóstica sugeria, inicialmente, lesões de metástases hepáticas. Assim, nossos relatos de casos sugerem não apenas cautela no diagnóstico diferencial de lesões que possam simular metástases hepáticas como também corrobora com a literatura a favor da associação controversa existente entre HCV e LNH de células B. Material e Métodos: O trabalho relata dois casos em que os pacientes apresentavam após exames de imagem (US, TC, RM e PET-CT), imagens características de múltiplas metástases hepáticas, que tiveram o diagnóstico de LNH de alto grau de células B nos exames anatomopatológicos e de imunohistoquimica. No primeiro caso, o paciente de 48 anos apresentava queixa vaga de dor hipocôndrio direito, com semanas de evolução, e história prévia de drogadição e Hepatite C. No segundo caso, o paciente de 46 anos iniciou inapetência, astenia progressiva, síndrome consumptiva e constipação, relacionados previamente a fatores emocionais tratados com Sertralina. Resultados: Após investigação diagnóstica, no primeiro caso encontramos uma associação de HCV e LNH e no segundo caso diagnosticamos uma associação entre HCV, LNH e HIV. Revisando a literatura, nos certificamos de que o diagnóstico de HCV e LNH é raro, o que favorece a divergência na literatura sobre essa possível associação. Assim, nosso trabalho além de corroborar estatisticamente com a literatura, revisa também os padrões de imagens de metástases hepáticas e seus diagnósticos diferenciais. Conclusão: A evidência da associação entre HCV e LNH não é universal, variando desde estudos que contestam essa evidência a estudos que concluem uma propensão seis vezes maior de se desenvolver o Linfoma não Hodgkin (LNH) em pacientes com HCV. Esta diferença de resultados é atribuída dentre outros a uma variação geográfica relacionada com o genotipo, genética da população ou mesmo fatores ambientais, a um pequeno número de amostragem, ou mesmo à inexistência de qualquer associação. TL 169 INFARTOS HEPÁTICOS EM PACIENTE COM SÍNDROME ANTICARDIOLIPINA Débora Afonso Campello, Elton Backes, Romar Virgílio Pagliarin Junior Sociedade Hospitalar São Miguel A Síndrome Anticardiolipina é caracterizada por trombose venosa ou arterial, com específica morbidade na gestação, na presença de anticorpos Antifosfolipídio. Ocorre como manifestação primária ou associada à doença sistêmica de base como Lupus Eritematoso Sistêmico. A discussão do caso tem como objetivo a revisão e diagnóstico diferencial das Complicações Hepáticas da Gravidez. Paciente L.B. feminina, branca, casada, 26 anos de idade, cuidadora infantil, gestante 24 semanas, gesta II/I. Inicia na 26ª semana com dor abdominal intensa epigástrica e em hipocôndrio direito. Na História Pregressa relata ser portadora de Síndrome Anticardiolipina, com diagnóstico há dois anos quando apresentou Trombose Venosa Profunda bilateral. Vinha desde então anticoagulada com varfarin até que no início da gestação teve a droga suspensa pelo risco de teratogenicidade, sendo mantida com heparina de baixo peso molecular. Provas de função hepática alteradas, marcadores de doenças infectocontagiosas negativos. Doppler de abdomem superior demonstra Veia Porta pérvia, sem sinais de trombos ou alterações da luz. Na Ressonância Magnética, imagens hepáticas sugestivas de áreas de infarto ou abscessos, não podendo o exame de imagem confirmar diagnóstico. A paciente evoluiu com piora da dor, oligodrâmnio severo e hipertensão arterial sistêmica. Foi submetida à laparoscopia pela possibilidade de abscessos hepáticos, onde se evidenciou áreas de infarto hepático. Houve progressão para óbito fetal e parto 74 cesariano. Pós parto a paciente foi anticoagulada a pleno com heparina de baixo peso molecular já associada à anticoagulante oral para posterior manutenção da anticoagulação. Logo após a interrupção espontânea da gestação e início da anticoagulação a paciente começa a apresentar melhora, progressiva diminuição da dor e normalização da função hepática. Pela presença de complexos antígeno-anticorpo circulantes, há obstrução de pequenos vasos hepáticos formando áreas de infarto mesmo sem obstrução do fluxo da Veia Porta. A atenção médica deve redobrar-se para com as doenças de base principalmente em situações de possível exacerbação. Quando os diagnósticos diferenciais para o quadro clínico indicavam as Complicações Hepáticas da Gravidez, a investigação médica teve de voltar-se para a doença autoimune da paciente relacionando-a a alteração hepática. TL 170 INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA NA CIRROSE: ESTUDO PROSPECTIVO Márcia Tatianna Fernandes Pereira, Patrícia da Silva Fucuta Pereira, Márcia Raquel da Silva Folhadela, Hélcio Cardoso Gomes, Edla Polsineli Bedin Mascarin do Vale, André Luis Volpatto, Fausto Nasser, Emerson Quintino de Lima, Edson Cartapatti da Silva Serviço de Gastro-Hepatologia - Hospital de Base da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - SP Introdução: Insuficiência renal aguda (IRA) é complicação comum em pacientes cirróticos e apresenta alta mortalidade. Objetivos: Estudar a prevalência, causas e desfecho da IRA em cirróticos hospitalizados, bem como fatores preditivos de óbito. Material e Métodos: Estudo prospectivo de cirróticos internados no período de 14 meses consecutivos. Pacientes com creatinina > 1,5 mg/dL recebiam expansão volêmica com albumina (1g/kg no 1º dia, 20 g no 2º dia), suspensão de diuréticos e busca por infecção; resposta a esta expansão fazia o diagnóstico de IRA pré-renal responsiva a volume (PRRV); a SHR caracterizava os que não respondiam à expansão volêmica e que não tinham causas de IRA intrínseca; proteinúria e/ou hematúria indicavam IRA intrínseca. As frações de excreção de sódio e uréia foram adjuvantes no raciocínio diagnóstico. Variáveis associadas ao óbito foram comparadas pelos testes t de Student, Mann-Whitney, qui-quadrado ou exato de Fisher. Acurácia do MELD em predizer óbito foi determinada pela curva ROC e foram calculados sensibilidade (S), especificidade (E), valor preditivo positivo (VPP) e valor preditivo negativo (VPN). Resultados: Internações de cirróticos no período: 379; prevalência de IRA 28% (108 pacientes). Média de idade 59 anos, homens 84%, cirrose alcoólica 59%, Child C 69% e MELD mediano 21 pontos. Ascite 67%, encefalopatia 51% e HDA 9%. Infecção em 70% dos casos. Classificação da IRA: PRRV 79%, SHR 13%, IRA intrínseca 8%. Na SHR, houve resposta terapêutica em 30% (droga vasoativa associada à albumina). Mortalidade intrahospitalar 36%. Comparação de variáveis entre óbito e alta, respectivamente: hepatite alcoólica 33% x 9% (p<0,001), infecção 95% x 57% (p<0,0001), CHILD 11,5 x 10 (p=0,0002), MELD 25,5 x 20 (p=0,0002), Na+ 133 x 136 mEq/L (p=0,047) e PCR 6,8 x 2,4 (p=0,002). MELD 23,5: S=61%, E=82%, VPP=66%, VPN=78%. Conclusões: Classificação da IRA em três categorias foi extremamente útil, permitindo que a simples expansão volêmica com albumina resgatasse a maioria dos cirróticos com IRA, evitando terapêuticas dispendiosas desnecessárias. SHR ocorreu em pequena parcela dos pacientes e teve baixa resposta terapêutica. Alta mortalidade demonstra a gravidade da doença; infecção e hepatite alcoólica foram preditivos marcantes de óbito. Nível de corte de MELD 23,5 teve alta especificidade, indicando que mesmo pacientes graves sobreviveram; portanto, o prognóstico não deve ser fechado e os recursos terapêuticos não devem ser interrompidos. Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters TL 171 TROMBOSE DE VEIA PORTA EM PACIENTE MASCULINO NÃO CIRRÓTICO Débora Afonso Campello, Priscila Rodrigues Garrido Bratkowski Hospital Regional Terezinha Gaio Basso A oclusão da Veia Porta por trombo, tipicamente acontece em pacientes cirróticos e ou portadores de desordens tromboembólicas. O manejo primário da trombose aguda de Veia Porta é a anticoagulação e, quando possível, correção das condições predisponentes. O relato do caso objetiva a revisão de fatores de risco para Trombose de Veia Porta que não a Cirrose Hepática. Paciente P.D.C. 44 anos, masculino, branco, escriturário, queixando dor abdominal intensa epigástrica e em hipocôndrio direito e nos 40 dias seguintes, sudorese, febrícula e perda de peso. Transaminanses discretamente aumentadas, demais exames de função hepática marcadamente alterados, marcadores de doenças infectocontagiosas negativos. Na Tomografia Computadorizada contrastada de abdômen total evidencia-se aparente trombose da Veia Porta, fígado de volume e contornos normais com tênues hipodensidades circunjacentes aos espaços portais não se podendo descartar áreas de infarto ou micro abscessos, vesícula biliar com paredes espessadas e aumento da densidade da gordura pericolecística, pâncreas sem alterações, aumento da densidade da gordura pericolônica em ascendente, ângulo hepático e transverso, líquido livre na pelve. Colonoscopia, com visualização do íleo terminal, sem alterações. Com base no exame tomográfico, laboratorial e quadro clínico, é iniciada anticoagulação plena com heparina de baixo peso molecular e antibioticoterapia de amplo espectro. O paciente apresentou boa resposta ao tratamento medicamentoso, regressão do quadro clínico, melhora laboratorial. Após completar período de antibióticoterapia endovenosa, recebe alta anticoagulado com previsão de manutenção da anticoagulação por seis meses. Como sepse abdominal e pancreatite aguda estão entre os fatores de risco para Trombose de Veia Porta, imaginam-se estes como possíveis eventos iniciais. O paciente segue em vigilância para o surgimento de neoplasias e em investigação de distúrbios da coagulação. Os pacientes que recebem terapia com anticoagulante têm aumentados os índices de recanalização do vaso quando comparados com os pacientes que não receberam anticoagulação. A instituição da terapêutica é de suma importância na prevenção de uma complicação potencialmente ainda mais grave que é o Infarto Intestinal. TL 172 RESPOSTA AO TRATAMENTO COM RITUXIMABE NA HEPATITE CRONICA C COM VASCULITE CRIOGLOBULINÊMICA REFRATARIA Kátia Valéria Bastos Dias Barbosa, Fábio Heleno de Lima Pace, Bruno Guedes Nogueira, Breno Rafael de Barros Godinho, Gabriela Ferreira Paduani, Gabriela Dalfior Ferreira, Nathalia Saber de Andrade, Simone Silveira Valadares de Paula, Juliana Ferreira de Souza, Juliano de Oliveira Machado, Tarsila Campanha R. Ribeiro, Aécio Flávio Meirelles de Souza Serviço de Hepatologia - Universidade Federal de Juiz de Fora Introdução e Objetivos: A hepatite crônica C (HCC) evolui com manifestações extra-hepáticas em até 40% dos infectados. A crioglobulinemia mista (CM) pode se apresentar sob formas graves e mais raras, como a vasculite sistêmica de pequenos vasos, caracterizada por envolver múltiplos órgãos devido à deposição de imunocomplexos. A ausência de resposta à terapia baseada em interferon (PEG-IFN) e ribavirina (RBV) implica em piora do prognóstico. O rituximabe, um anticorpo monoclonal anti-CD20, emerge como uma alternativa terapêutica recente e promissora. Objetivo: Resposta clínica ao rituximabe em portadores de HCC com CM. Material e Métodos: Relato de casos: 1. SFJ, masc, 52 anos, gen 3a, Metavir Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 A0F0, portador de CM manifesta por glomerulonefrite membranoproliferativa tipo I e vasculite cutânea com úlceras em MMII. Após controle da disfunção renal (proteinúria), com corticoterapia, foi iniciado terapia com PEG-IFN e RBV. Houve piora da vasculite cutânea, apesar da RVS ao final do tratamento, com surgimento de úlceras profundas com extenso acometimento muscular e exposição óssea. Corticoterapia, antibioticoterapia e debridamento cirúrgico sem sucesso. 2. AMVS, 61 anos, cirrose hepática por HCC, gen 1b, portadora de CM manifesta por disfunção renal (proteinúria 2g/24 h) e vasculite cutânea com áreas de necrose, associadas à artralgia e neuropatia refratária à analgesia. Submetida à terapia com PEG-IFN e RBV, suspensa com 36 sem por farmacodermia grave, não responsiva ao uso de corticoterapia em doses elevadas. Ambos foram submetidos à terapia imunossupressora com rituximabe, 375mg/m2 em aplicação semanal (4 doses). Resultado: No caso 1, houve melhora progressiva da úlcera cutânea (fotos) e remissão prolongada da proteinúria. No caso 2, houve melhora importante da púrpura palpável e lesões necróticas (fotos) e controle da neuropatia, poupando o uso de analgésicos. Em ambos, não foram observados eventos adversos significativos. Observou-se, portanto, melhora das ulcerações e lesões purpúreas, assim como, da neuropatia e nefropatia crioglobulinêmicas. Conclusão: O tratamento-padrão dessa vasculite envolve a erradicação viral. A terapêutica antiviral tem eficácia relativa podendo exacerbar a clínica da CM e o uso de outros imunossupressores parece não ter efeito na indução de remissão prolongada. O rituximabe, cujo alvo principal é a expansão de linfócitos B, foi uma terapia efetiva e bem tolerada nos pacientes com vasculite crioglobulinêmica associada à HCC. TL 173 ESTIMATIVA DE RISCO CARDIOVASCULAR ASSOCIADO À DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA Kátia Valéria Bastos Dias Barbosa, Fábio Heleno de Lima Pace, Bruno Guedes Nogueira, Breno Rafael de Barros Godinho, Gabriela Ferreira Paduani, Gabriela Dalfior Ferreira, Nathalia Saber de Andrade, Simone Silveira Valadares de Paula, Juliana Ferreira de Souza, , Juliano de Oliveira Machado, Tarsila Campanha R. Ribeiro, Aécio Flávio Meirelles de Souza Serviço de Hepatologia - Universidade Federal de Juiz de Fora Introdução: A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é considerada um fator de risco independente para doença cardiovascular (DCV), provavelmente mediada por inflamação e aumento de fatores pró-trombóticos. Objetivo: avaliar a presença e produzir um modelo explicativo envolvendo diversos fatores de risco associados à DCV em pacientes com DHGNA. Material e Métodos: Foram incluídos portadores de DHGNA segundo pelo menos dois critérios vigentes (FLI-US): clínico, perfil metabólico/bioquímico, ultrassonográfico e histológico (n=15). A síndrome metabólica (SM) foi definida pela NCEP ATP III. Avaliou-se a presença de DCV (clínica e por propedêutica complementar específica). Exclusão de portadores de outras hepatopatias crônicas. Realizada análise estatística descritiva, univariada e multivariada (regressão logística). Resultados:Foram incluídos 48 portadores de DHGNA, 16 (33,3% sexo masculino, idade média: 56,9 +12,9) e 32 (66,7% sexo feminino, idade média: 55,0 +8,54). Do total, 20 (41,7%) apresentaram glicemia de jejum alterada ou hiperglicemia pós-prandial e 14 (29,2%) com critérios para diabetes mellitus; 33 (68,8%) eram hipertensos, 37 (77,1%) dislipidêmicos. Distribuição quanto à obesidade: 11 (22,9%) não obesos, 18 (37,5%) obesidade grau 1, 15 (31,3%) grau 2 e 4 (8,3%) grau 3. Peso médio 79,7 +13,7 Kg, IMC médio 30,9 +4,2; Circunferência abdominal média de 104,21 +10,78 cm. 33 (68,8%) preencheram critérios para SM. Laboratório: ALT: 51,2 +30,6 UI/L; AST: 53,3 +36,6 UI/L; HDL: 44,9 +7,8; Triglicérides: 190,6 + 75,7; HOMA-IR: 4,6 +3,2; PCR-t 0,5 +0,4 mg/dl. Na análise univariada os níveis de AST foram significativamente relacionados à gravidade da lesão histológica hepática (n=15) (p= 0,01; 45,52 - 95% CI 34,78; 75 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia 56,26) e interessante a Correlação de Pearson positiva entre AST e HOMA-IR ( r =0,6; p=0,001). Na análise multivariada, foi possível, com as variáveis em estudo, construir um modelo explicativo preditor do principal desfecho estudado: DCV (R-Sq = 73,7% R-Sq(adj) = 55,5% P= 0,006). Foram elaboradas equações explicativas bem ajustadas para SM (R-Sq = 99,9% R-Sq(adj) = 99,5% P=0,005 e DHGNA (R-Sq = 99,6% R-Sq(adj) = 95,3% P= 0,0161). Conclusão: Observou-se que, isoladamente, as variáveis apresentaram influência, porém, sobretudo quando associadas, explicaram eficientemente a presenca de DCV em pacientes com DHGNA, corroborando para a origem multifatorial do evento. A influência genética provavelmente, preenche a lacuna restante do modelo. TL 174 FATORES PREDITIVOS DE RESPOSTA VIROLÓGICA RÁPIDA (RVR) NO TRATAMENTO DA HEPATITE CRÔNICA C Kátia Valéria Bastos Dias Barbosa, Aécio Flávio Meirelles de Souza, Bruno Guedes Nogueira, Breno Rafael de Barros Godinho, Gabriela Ferreira Paduani, Gabriela Dalfior Ferreira, Nathalia Saber de Andrade, Simone Silveira Valadares de Paula, Juliana Ferreira de Souza, Juliano de Oliveira Machado, Tarsila Campanha R. Ribeiro, Fábio Heleno de Lima Pace Serviço de Hepatologia - Universidade Federal de Juiz de Fora Introdução e Objetivos: O tratamento da hepatite crônica C (HCC) experimenta uma nova era com os antivirais de ação direta (DAAs). A seleção dos candidatos à tríplice terapia (TT) é um desafio. A cinética viral (RVR) parece ser o principal preditor de RVS. Objetivo: avaliar os preditores de RVR em uma amostra de pacientes com genótipo 1 (G1). Material e Métodos: Foram incluídos, prospectivamente, portadores de HCC, virgens de tratamento, G1, em terapia dupla com interferon peguilado e ribavirina. Foram estudadas variáveis potencialmente relacionadas à RVR e, consequentemente, ao perfil do paciente candidato à TT (não-RVR, mau respondedor). Foram pesquisados dados demográficos e perfil bioquímico, virológico (PCR - limite detecção 12 UI/ml), avaliação histológica (METAVIR). Resultados: Foram incluídos 19 pacientes, 8 (42,1% sexo masculino, idade média: 55,4 +9,9, tempo médio de infecção 20,3 +10,5 anos) e 11 (57,9% sexo feminino, idade média: 52,4 +11,9, tempo médio de infecção 22,4 +14,8 anos). 4 pacientes (50%) do sexo masculino relataram uso abusivo de álcool. Do total, o peso médio foi de 70,9 +16,9 Kg, IMC médio 25,9 +5,0, 3 (16,7%) preencheram critérios para síndrome metabólica e eram diabéticos, 7 (36,8%) eram dislipidêmicos. A carga viral (CV) média foi de 1829685 +601607 UI/ml. 9 (47,4%) pacientes apresentavam CV abaixo de 80000UI/ml. À histologia (n=16): grau de atividade(A) (n/%): A1: 2 (12,5%), A2: 11 (68,7%), A3: 3 (18,8%)e estágio de fibrose (F) (n/%): F0: 3 (18,8%), F1: 5 (31,2%), F2: 3 (18,8%), F3: 2 (12,5), F4: 3 (18,7%). A RVR foi obtida em 9 (47,4%) dos pacientes. Foram significativamente relacionados à não-RVR: idade mais avançada (p= 0,01; 52,1 - 95% CI 46,82; 57,39), peso elevado (p=0,01; 69,4 - 95% CI 61,06; 77,84) e a CV prétratamento (p=0,007; 1829684 95% CI 565753; 3093614). O maior tempo de infecção, a presença de diabetes e síndrome metabólica demonstraram tendência a reduzir a RVR. Uso abusivo de álcool (P= 0,124) e, de forma interessante, a fibrose (0,286 - 95% CI - 0,502; 1,074; p=0,455), analisada de forma isolada, não foram correlacionados à RVR. Quando associada a outras variáveis significativas, a fibrose avançada não pode ser rejeitada, mas com CI não significante. Não podemos descartar erro beta. Conclusão:O estudo demonstra que outros critérios, além de, isoladamente a fibrose hepática, devam ser considerados na seleção de pacientes candidatos à TT. 76 TL 175 ECZEMA CRAQUELÉ ASSOCIADO À TERAPIA ANTIVIRAL NA HEPATITE C CRÔNICA Carlos Henrique Lima Rodrigues, Patricia da Silva Fucuta Pereira, Edla Polsinelli Bedin Mascarin do Vale, Fabio Esper Kallás Serviço de Gastro-Hepatologia do Hospital de Base - Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - SP Introdução. As reações dermatológicas são significativo evento adverso na terapia baseada em peginterferon e ribavirina (PegIFN+RBV) contra o vírus da hepatite C (HCV) e os inibidores de protease podem potencializar este evento. Objetivo. Relatar dois casos de pacientes que desenvolveram grave eczema craquelé durante terapia com PegIFN+RBV. Relatos. Caso 1. Paciente feminina, 56 anos, médica, teve diagnóstico de cirrose hepática por HCV, genótipo 3a, por ocasião de hemorragia digestiva de varizes de fundo gástrico, erradicadas por escloroterapia com Histoacryl. Com cirrose compensada, iniciou PegIFN+RBV em março/2008. Evoluiu com descamação e fissuras profundas na pele em tronco e membros inferiores, com intensa dor e sangramento. Na semana 9, a terapia foi suspensa e prescritos prednisona, óleo de girassol enriquecido com vitaminas e hidratação intensa da pele. Na semana 12, melhora parcial das lesões e foi reintroduzido PegIFN. Na semana 15, PegIFN foi suspenso definitivamente pelo agravamento insuportável das lesões, com diagnóstico eczema craquelé; HCV-RNA estava negativo, mas tornou-se positivo 3 meses após suspensão da terapia, caracterizando recidiva viral. A paciente evoluiu com melhora do eczema craquelé após suspensão da terapia antiviral. Caso 2. Paciente masculino, 49 anos, com cirrose hepática por HCV (genótipo 1, carga viral 176.000 UI/mL) e hipertensão portal, iniciou tratamento antiviral com PegIFN+RBV em janeiro/2009. Na semana 6, carga viral de 4.980 UI/mL. Evoluiu com lesões descamativas em membros inferiores associadas a prurido e pele seca e iniciou cetoconazol tópico. Entretanto, houve progressiva piora do quadro clínico e as lesões se estenderam até região dorsal do tórax. Na semana 14 foi diagnosticado eczema craquelé. Manejado com emoliente aniônico e óleo de girassol, dexametasona tópica duas vezes ao dia, além de cloridrato de fexofenadina. Apesar do quadro, o paciente optou por continuar o tratamento antiviral, que foi tolerado até a semana 24 e interrompido por descompensação da cirrose (encefalopatia hepática) e viremia detectável. Houve melhora gradativa do eczema craquelé após suspensão da terapia antiviral. Conclusão. Atenção especial aos cuidados com a pele durante a terapia antiviral na hepatite C deve ser dada. Hidratação intensa, especialmente durante as estações secas e frias do ano, e o pronto reconhecimento e adequado manejo de alterações cutâneas são encorajados, a fim de se evitar a interrupção precoce da terapia. TL 176 DOENÇA DE MADELUNG (SÍNDROME DE LAUNOIS-BENSAUD): RELATO DE CASO Mirella Medeiros Monteiro, Carolina Frade Magalhães Giardin Pimentel Mota, Lívia Zardo Trindade, Marlise Mucare, Vivian Guimarães Mota, Ana Leatricia de Oliveira Sampaio, Natália Martins Magacho de Andrade Hospital de Transplantes Euryclides de Jesus Zerbini Introdução: A doença de Madelung (síndrome de Launois-Bensaud ou lipomatose simétrica múltipla) é uma alteração rara, benigna, de desenvolvimento pouco conhecido. Acomete geralmentehomens, entre a terceira e sexta década de vida, com forte relação ao abuso de álcool.As principais características da doença incluem acúmulo de gordura na região cérvico-facial e porção superior do tronco, de caráter progressivo, evoluindo com dor e limitação do movimento cervical, além de importante deformidade estética. Objetivo: Relatar um caso de doença de Madelung em paciente com cirrose hepática Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters de etiologia alcóolica. Relato de Caso: Paciente GJO, 66 anos, masculino, pardo, caminhoneiro, natural e procedente de São Paulo, antecedentes de tabagismo (30anos/maço) e etilismo (> 80mg/L por 40 anos) com diagnóstico de cirrose hepática por álcool (critérios clínicos e laboratoriais) há 8 anos. Teve sua primeira consulta em Junho/2013, quando à ectoscopia observou-se o fenótipo típico da síndrome. Discussão/Conclusão: A lipomatose simétrica múltipla pode estar relacionada a diferentes desordens metabólicasassociadas (hiperuricemia, dislipidemia, diabetes mellitus, hipertensão arterial, hepatopatias, hipotireoidismo e acidose tubular renal). O etilismo crônico é o principal fator ligado à síndrome. Atualmente notou-se uma crescente prevalência em pacientes infectados pelo vírus HIV em uso de antirretrovirais. A etiopatogenia desta síndrome é pouco conhecida. Muitas teorias são propostas; entre elas alterações das proteínas de membrana dos adipócitos e a presença de defeitos adquiridos ou congênitos no DNA mitocondrial das células que compõem a "gordura marrom". O diagnóstico é eminentemente clínico, baseado na observação do fenótipo clássico, história evolutiva e fatores de risco. O tratamento inicial consiste em abstinência alcoólica e controle das possíveis desordens metabólicas associadas. A conduta cirúrgica está indicada em situações de compressão de vias aéreas, trato digestivo, limitações funcionais ou má aceitação estética. TL 177 PACIENTES ATENDIDOS NO SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE DIAGNOSTICADOS COM HEPATITE C EM RONDÔNIA Gabriel de Deus Vieira, Anna Luísa Souza Corrêa, Guilherme Luiz Castiel Erse, Cledson Gonçalves Ventura, Thaianne da Cunha Alves, Karen Priscilla Oliveira Castro, Camila Maciel de Sousa Faculdade São Lucas Introdução: A hepatite C causa um grande impacto na saúde pública, devido a alta prevalência na população, bem como o alto custo do tratamento das comorbidades que a doença provoca no decorrer do curso clínico, já que grande parte dos infectados evoluem para doença hepática crônica, podendo desenvolver cirrose e carcinoma hepatocelular. Objetivo: Analisar os dados epidemiológicos da Hepatite C no estado de Rondônia, Brasil. Metodologia: Foram analisados os dados da Hepatite C durante o período de 2002 a 2012. Os dados foram cedidos pela Agência de Vigilância Sanitária do Estado de Rondônia, sendo analisados através dos sistemas de informação de agravo de notificação SinanNET e SinanW. As variáveis estudadas foram: gênero, raça, faixa etária, agravos associados e forma clínica da doença. Resultados: Ao analisar os dados epidemiológicos da Hepatite C, foram evidenciados 859 casos durante o período analisado. Desse total, 542 casos (63,1%) são do gênero masculino e 317 (46,9%) do gênero feminino. Quanto à variável raça, foram constatados 446 pardos (57%), 254 brancos (32,9%), 70 negros (9%), 16 indígenas (2%), 28 amarelos (3,6%) e 87 ignorados. Em relação à faixa etária, a que obteve o maior número de casos foi entre 40-59 anos (54%), seguida de 20-39 anos (33,5%), 10-19 anos (3,9%), acima de 60 anos (6,6%) e 0-9 anos (1,5%). Em relação à doenças sexualmente transmissíveis (DST) associadas, 1,8% dos pacientes tinha HIV e 2,1% outro tipo de DST. Também foi analisada a forma clínica da doença, sendo que 9,9% estão na aguda da doença e 91,1% na fase crônica. Conclusão: Foi evidenciado o gênero masculino com maior prevalência da doença e uma doença predominante na população adulta avançada entre 40-59 anos. A raça parda foi a mais frequente, seguida raça branca, sendo a forma crônica da doença a mais comum. Apesar de ser uma doença do homem branco, a doença também afetou uma pequena população indígena. Palavras-chave: Epidemiologia, Hepatite C, Rondônia. Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TL 178 PERFIL CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGICO DA HEPATITE DELTA NO ESTADO DE RONDÔNIA, BRASIL Gabriel de Deus Vieira, Karen Priscilla Oliveira Castro, Anna Luísa Souza Corrêa, Thaianne da Cunha Alves, Camila Maciel de Sousa Faculdade São Lucas Introdução: A infecção pelo vírus da hepatite delta é algo preocupante em áreas endêmicas de hepatite B, devido a sua progressão para insuficiência hepática em portadores assintomáticos do vírus da hepatite B. Objetivo: Analisar os dados clínicos e epidemiológicos da Hepatite Delta no estado de Rondônia, Brasil. Metodologia: Foram analisados os dados da Hepatite Delta durante o período de 1999 a 2012. Os dados foram cedidos pela Agência de Vigilância Sanitária do Estado de Rondônia, sendo analisados através dos sistemas de informação de agravo de notificação SinanNET e SinanW. As variáveis estudadas foram: gênero, raça, faixa etária, vacinação, exposição do paciente e forma clínica da doença. Resultados: Ao analisar os dados epidemiológicos da Hepatite Delta, foram evidenciados 149 casos durante o período analisado. Desse total, 93 casos (62,4%) são do gênero masculino e 56 (37,6%) do gênero feminino. Quanto à variável raça, foram constatados 72 pardos (48%), 22 brancos (14,7%), 11 negros (7,3%), 8 indígenas (5,3%), 4 amarelos (2,6%) e 32 ignorados. Em relação a faixa etária, a que teve o maior número de casos foi entre 20-39 anos (51%), seguida de 40-59 anos (38,2%), 10-19 anos (6%), acima de 60 anos (3,3%) e 0-9 anos (1,3%). Em relação à vacina de Hepatite B, 13 (8,7%) pacientes relataram ter tomado a vacina completa, 11 (7,3%) relataram estar incompleta a vacina, 125 (84%) não tomaram a vacina. 9,3% dos pacientes relatam ter tido contato com indivíduos sabidamente portadores da Hepatite B. Sobre a exposição nos últimos 6 meses, dentre as mais relevantes, 9,4% dos pacientes foram expostos à algum medicamento injetável; 1,3% realizaram acupuntura; 3,6% realizaram transfusão sanguínea e 1,5% tiveram três ou mais parceiros. Também foi analisada a forma clínica da doença, sendo que 3,2% estão na aguda da doença; 95,9% na fase crônica e 0,8% na fase fulminante. Conclusão: Concluímos que o gênero com maior prevalência da doença foi o masculino e a faixa etária com maior número de casos foi entre 20-39 anos. Há um grande número de casos que não vacinaram ou realizaram vacinação incompleta, evidenciando que a falta de vacinação adequada, entre outros fatores, está intimamente ligada ao surgimento da doença. Palavras-chave: Epidemiologia, Hepatite D, Amazônia. TL 179 PREVALÊNCIA DOS CASOS DE HEPATITE B EM ESTADO DA AMAZÔNIA OCIDENTAL, BRASIL Karen Priscilla Oliveira Castro, Gabriel de Deus Vieira, Mayara Florão, Camila Maciel de Sousa Faculdade São Lucas Introdução: No Brasil, a hepatite B é considerada um importante problema de saúde pública, tendo regiões hiperendêmicas, como a região amazônica e algumas microrregiões do Paraná, Espírito Santo e Mato Grosso. Também chamada de "hepatite do soro", é uma doença infectocontagiosa que ataca as células do fígado, os hepatócitos, por meio do vírus DNA pertencente à família Hepadnaviridae. Objetivo: Com isso, esse estudo tem como objetivo avaliar o número de casos de hepatite B no estado de Rondônia. Materiais e Métodos: Tratase de um estudo epidemiológico dos casos notificados de hepatite B no estado de Rondônia. Para a realização desse projeto, foram analisados os dados concedidos pela Agência de Vigilância Sanitária do Estado de Rondônia (AGEVISA). Os dados coletados foram referentes a pacientes cujo diagnóstico da infecção foi realizado durante o período de 2002 a 2012. As variáveis do estudo foram: ano de diagnóstico, gênero, faixa etária, vacinas, contato com paciente 77 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia sabidamente portador do VHB, exposição do paciente, fonte de infecção e forma clínica. Resultados: Foi verificado que a totalidade dos casos de hepatite B em indivíduos de 0 a 96 anos no estado de Rondônia foi de 7.131 notificações. Desses, 39.443 casos (48,2%) são em indivíduos do sexo masculino e 3.688 casos (51,8%) são em indivíduos do sexo feminino. No que diz respeito à variável raça, a que obteve maior porcentagem de notificações foi a parda, em 49,1% dos casos, correspondendo a 3.358 casos, seguido pela raça branca, com 36,4%, correspondendo a 2.484 casos. Para a raça negra foram notificados 595 casos, correspondendo a 8,8 %, já na raça indígena foram notificados 255 casos (3,7%) e na raça amarela foram notificados 141 casos (2%), 298 indivíduos foram ignorados. O número de indivíduos portadores de hepatite B que tiveram contato sexual com paciente sabidamente portador de hepatite B foi de 802 casos (11,2%), enquanto que contato domiciliar correspondeu a 1.163 (16,3%) casos. A maior prevalência da forma clínica observada foi a crônica, 2.735 casos (80, 7%), seguida pela aguda, 532 casos (15,7%) e 124 casos (3,6%) tiveram uma forma inconclusiva, 4.319 indivíduos foram ignorados. A população do estudo apresentou como principal fonte de infecção a via sexual, com 1.967 casos (69,9%), seguida pela infecção domiciliar, com r 337 (11,9%) casos, 130 (4,6%) casos correspondem a transfusão sanguínea, 126 (4,6%) casos, foram devido a tratamento cirúrgico, 102 (3,7%) casos devido a hemodiálise, 101 (3,6%) casos foram devido a transmissão vertical, 27 (0,9%) casos foram devido a acidente de trabalho e 21 (0,8%) foram devido ao uso de drogas injetáveis, 4.319 foram ignorados. Conclusão: Concluiu-se que o estado de Rondônia possui um grande número de pacientes portadores do vírus da hepatite B, tendo certo equilíbrio quanto ao gênero e prevalência da raça parda sobre as demais. Quanto ao modo de transmissão, a sexual continua sendo a mais prevalente. Palavras-chaves: Epidemiologia, Hepatite B, Amazônia. TL 180 ELASTOGRAFIA HEPÁTICA TRANSITÓRIA: A EXPERIÊNCIA DE MINAS GERAIS Guilherme Santiago Mendes, Osvaldo Couto, Leandro Fonseca, Vitor Mendes de Sá, Humberto Galizzi, João Galizzi Filho Clínica HEPSCAN Introdução: A elastrografia hepática transitória (EHT), obtida através do FribroscanR, é um método não invasivo para avaliação da consistência do parênquima hepático, validado para uso em hepatopatias crônicas de diferentes etiologias para quantificar a intensidade do processo de fibrose. Desde o início de 2012, é possível estimar também o grau de esteatose, através do Controlled Attenuation Parameter (CAP). Material e Métodos: A técnica da EHT baseia-se na emissão de ondas mecânicas de amplitude constante através de uma sonda posicionada na região intercostal direita. Essas ondas são acompanhadas por pulsos ultrassonográficos que medem a velocidade de propagação das ondas mecânicas: quanto mais fibrose, maior o índice de rigidez hepática (IRH), expresso em kPa. Os níveis de IRH têm pontos de corte distintos para identificar os estádios de fibrose, conforme a etiologia da hepatopatia. Além de inócua, a EHT permite analisar uma área de parênquima hepático pelo menos cem vezes maior que a de uma boa biópsia. Quando comparada ao estudo histológico, a acurácia da EHT é superior a 0,8 para detecção de fibrose significativa (>= F2) e 0,9 para cirrose (F4). Para que os resultados sejam confiáveis, o índice de sucesso na obtenção das medidas válidas deve superar 60% e o índice de dispersão das medidas deve ser inferior a 30%. Segundo a literatura, em cerca de 4% dos casos não é possível atingir os parâmetros técnicos recomendáveis e isso ocorre, sobretudo, em pacientes obesos. Resultados: Foram examinados 786 pacientes entre abril 2011 e julho 2012. As três principais indicações foram doença hepática gordurosa não alcoólica, hepatite C e hepatopatia alcoólica. Em apenas cinco casos não foi possível atingir os parâmetros técnicos recomendáveis, gerando um índice de fracasso de 0,6%, muito inferior 78 ao relatado pela literatura (4%). A sonda XL, desenvolvida para pacientes obesos, foi utilizada 67 ocasiões (8.5%). Conclusão: Em alguns países europeus, a EHT é realizada por técnicos, não por médicos. Nossos dados mostram que realização da EHT por médicos, com respeito rigoroso às normas técnicas, permite obter exames confiáveis, com baixíssimo índice de insucesso; a disponibilidade da sonda XL também contribui para isso. Da mesma forma, o conhecimento do hepatologista para interpretar os achados da EHT de acordo com o contexto clínico, laboratorial e de imagem, possibilita extrair informações mais sólidas do método. TL 181 EVOLUÇÃO INTRA-HOSPITALAR DE PACIENTES CIRRÓTICOS, CONFORME A EXISTÊNCIA, OU NÃO, DE EVIDÊNCIAS DE INFECÇÃO DO LÍQUIDO ASCÍTICO Guilherme Santiago Mendes, Laura Bonfim, Daniele Martinelli, Ana Carolina Pimenta, Lorena Lanza Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais Introdução: A peritonite bacteriana espontânea (PBE) é uma das infeções mais prevalentes em pacientes com cirrose hepática, tem mau prognóstico e índices de mortalidade que superam 20%. A confirmação da infecção do líquido ascítico (LA) pode ser feita pela detecção de mais de 250 células polimorfonucleares (PMN) e/ou presença de cultura bacteriana positiva. Objetivos: Examinar o LA de pacientes com cirrose hepática internados em uma enfermaria de Gastroenterologia e comparar os índices de síndrome hepatorrenal (SHR) e mortalidade entre os que apresentavam, ou não, sinais de infecção do LA. Além disso, avaliar a sensibilidade da cultura do LA para o diagnóstico de PBE, quando comparada à citometria, e qual a flora bacteriana prevalente. Material e métodos: Foram incluídos, prospectivamente, 36 pacientes com cirrose hepática de etiologias diversas. A paracentese diagnóstica foi realizada no primeiro dia de internação e 10 ml do LA colhido foraminoculados imediatamente em frasco de hemocultura para bactérias aeróbicas; o restante encaminhado para avalição da citometria e do teor proteico. Pacientes com ascite de etiologia não hepatogênica e aqueles que tivessem usado antibióticos nos últimos sete dias foram excluídos, à exceção dos que usavam apenas norfloxacina para profilaxia de PBE. Resultados: Dos 36 pacientes, sete tiveram evidências de infecção do LA pela citometria e, entre esses, apenas dois apresentaram cultura positiva. Outros quatro apresentaram cultura positiva, com citometria normal (bacteriascite - BA). Considerando a citometria e a cultura como indicadores de infecção do LA, a prevalência de PBE foi de 31.4%. Entre os 25 pacientes com ascite estéril, apenas um morreu (4%), ao passo que, entre os 11 pacientes com infecção do LA, três faleceram (27.2%). Dois dos quatro pacientes com BA morreram por sepse, a despeito do tratamento. A incidência de SHR foi de 11% no geral, 8% nos com ascite estéril e 18% nos infectados. O teor proteico não foi preditor de infecção e a E coli foi a bactéria predominante. Conclusão: A ocorrência de infecção do LA determinou índices significativamente mais altos de SHR e de mortalidade hospitalar, o que reforça a indicação de paracentese propedêutica em todos os pacientes internados. Mesmo realizada em condições adequadas, a sensibilidade da cultura do LA é baixa para diagnóstico de PBE, mas ela permite identificar pacientes com BA que também podem ter evolução desfavorável e isso justifica sua realização rotineira. TL 182 PREVALÊNCIA DE ALCOOLISMO E SUA ASSOCIAÇÃO COM OS VÍRUS DAS HEPATITES B e C EM PACIENTES INTERNADOS EM UMA ENFERMARIA DE GASTROENTEROLOGIA Guilherme Santiago Mendes, Débora Gomide, Tainá Scalabrini, Nathália Nascentes, Bernardo Silva Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters Introdução: O alcoolismo tem prevalência estimada de 12,3% na população brasileira e é determinante para a ocorrência de doenças com altos índices de morbidade e mortalidade. Isso gera um grande impacto financeiro na economia do país, pois calcula-se que 7,3% do PIB brasileiro seja consumido no tratamento das doenças relacionadas ao alcoolismo. O etanol é o principal causador de hepatopatias crônicas nos países ocidentais e sua associação com os vírus das hepatites B e C aumenta a chance de progressão para cirrose hepática. Evidências na literatura apontam prevalência maior dos marcadores de hepatites B e C na população alcoolista. Objetivos: Mensurar, por meio do questionário validado "CAGE", a prevalência de alcoolismo entre pacientes internados na enfermaria de gastroenterologia de um hospital geral. Além disso, pesquisar marcadores sorológicos de contato com os vírus das hepatites B e C e comparar a sua prevalência entre alcoolistas e não alcoolistas. Material e Métodos: Um total de 202 pacientes foi entrevistado e o CAGE foi aplicado a todos os que admitiram o hábito de consumir bebidas alcoólicas (n=87). Os marcadores de contato com o vírus B (HBsAg e AntiHBcIgG) e o vírus C (Anti HCV) foram solicitados para todos os pacientes, mas, por questões operacionais, somente 108 tiveram a sorologia completa e foram incluídos na análise. A entrevista incluiu também dados para caracterizar os hábitos comportamentais e o perfil socioeconômico dos pacientes, e os distinguiu entre alcoolistas e não alcoolistas. Resultados: Com base no CAGE, a prevalência de alcoolismo na amostra foi de 18,3%. O contato com vírus B foi evidenciado em 20% dos alcoolistas e em 26,5% dos não alcoolistas. O Anti HCV foi identificado em 4% dos alcoolistas e 7,2% dos não alcoolistas. A diferença encontrada entre os dois grupos não foi significativa. Conclusão: Considerando-se que o consumo abusivo de álcool é uma condição de grande impacto patológico, financeiro e social, e que a prevalência encontrada entre pacientes internados em uma enfermaria de gastroenterologia é ainda maior que na população em geral, seria desejável a aplicação rotineira de questionários, como o CAGE, para detectar prontamente pacientes em condição de risco para doenças relacionadas ao alcoolismo, possibilitando intervenções mais precoces. Da mesma forma, a alta prevalência de marcadores de contato com os vírus das hepatites B e C pode justificar a sua pesquisa rotineira nesse grupo de pacientes. TL 183 HEPATOTOXICIDADE COM USO DE TEMOZOLAMIDA EM PACIENTE COM GLIOBLASTOMA Mariana Sousa Sala, Renata Moutinho, Paula Ferreira Lacerda, Betty Guz, Paula Bechara Poletti, Matheus Fernandes de Oliveira, José Marcus Rotta, Diva Yamaguti Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo - IAMSPE Introdução: Glioblastoma é o tumor cerebral maligno mais freqüente em adultos, sendo responsável por até 50% de todos os gliomas. O melhor esquema terapêutico é a ressecção seguida pela radioterapia (RT) associada à temozolomida (TMZ). O efeito tóxico mais comum associado ao uso da TMZ é a mielotoxicidade. Alguns casos de aumento de enzimas hepáticas e hiperbilirrubinemia tem sido descritos. Objetivo: relatar um caso de hepatotoxicidade causada pela TMZ em paciente portadora de glioblastoma. Relato de caso: Y.V.G, 64 anos referia perda de memória e confusão mental há um mês. Na investigação diagnóstica, foi detectado glioblastoma parietal à direita. Foi submetida à ressecção cirúrgica, com sucesso, seguida de radioterapia e associada ao uso de TMZ. Após 5 meses da cirurgia e do primeiro ciclo de TMZ, a paciente foi internada com queixa de astenia e icterícia. Estava em uso de fenitoína 100mg/dia e TMZ 150mg/m 2 . Ao exame apresentava-se consciente, contactuante, ictérica 2+/4; aparelho cardio respiratório sem alterações e abdômen sem visceromegalias e sem ascite. O exame neurológico inicial foi normal. Exames laboratoriais: BT: 11,4 mg/dL( BD: 8,5 mg / dL); ALT: 257 mg/dl, AST: 233 mg/dl, Amilase: 33 mg/dl, FA: 1410 mg/dl; GGT: 2851mg/dl; albumina 3,6g/dL e TP: 95%; anti HAV IgG positivo, HBsAg, Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 anti-HBc total e anti-HBs negativos, anti-HCV negativo, sorologia para citomegalovírus, Herpes vírus e Epstein Barr negativas; marcadores de autoimunidade negativos. Ultrasson abdômen: normal. À despeito da suspensão das medicações, a paciente permaneceu ictérica, sendo submetida à biópsia hepática que revelou hepatite medicamentosa com padrão colestático. Permaneceu internada por duas semanas recebendo suporte clínico e colestiramina, tendo evolução satisfatória. Após 60 dias do evento inicial, apresentava BT: 3,5 mg/dl (D: 2,5mg/dL); ALT: 92 mg/dl, AST: 79 mg/dl, FAL: 1029 mg/dl, GGT: 1707 mg/dl. Conclusão: Hepatite colestática com o uso de TMZ é um evento raro que pode evoluir de forma grave. A suspensão imediata da medicação é fundamental e deve ser feita na suspeita diagnóstica. Pacientes que fazem uso de TMZ devem ser submetidos à monitorização clínica e laboratorial cuidadosa para avaliar dano hepático. TL 184 CARCINOMA HEPATOCELULAR COM INVASÃO VASCULAR E ATRIAL DIREITA EM PACIENTE COM CIRROSE POR NASH Larissa Morete Caieiro da Costa, Danilo Fernando Martin, Helcio Cardoso Gomes, Priscilla Itimura, Lincoln Bento S. Isepon, Patricia da Silva Fucuta Pereira Serviço de Gastro-Hepatologia - Hospital de Base da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - SP Introdução. Cada vez mais tem se evidenciado o risco aumentado de carcinoma hepatocelular (CHC) na cirrose por esteato-hepatite não alcoólica (NASH). O CHC é a 3ª causa de morte relacionada ao câncer no mundo; ocasionalmente, pode cursar com invasão da veia cava inferior até o coração. Objetivo. Descrever um caso de hepatocarcinoma com invasão vascular e de átrio direito, em paciente com cirrose por NASH. Relato de caso. Paciente masculino de 65 anos, admitido com dispneia a mínimos esforços, adinamia e palidez há 1 dia. História pregressa: diabetes, hipertensão e hipotireoidismo há 8 anos; diagnóstico de cirrose por NASH há 4 meses e de CHC há 1 mês em outro serviço, quando recebeu prescrição de sorafenibe, mas ainda não havia iniciado a medicação. Em uso de omeprazol, propranolol, enalapril, anlodipina, glicazida, levotiroxina, vitamina K, espironolactona, furosemida e albumina em pó. Exame físico da admissão: regular estado geral, taquipneico (FR 24), saturando O2 ar ambiente 83%. Pulmões: MV diminuído bilateralmente e abolido em base direita. ACV: RDR, com desdobramento de segunda bulha. Abdome globoso, tenso, fígado a 5 cm RCD endurecido e borda romba, ascite acentuada. Edema MMII 3+/4. Exames: sorologias negativas para hepatites virais e HIV; PCR 4,47 mg/dl, AST 56 U/L (40), ALT 23 U/L (41), FA 343 U/L(130), GGT 1083 U/L(60), alfafetoproteína 1667ng/dl, RNI 2,03, albumina 3, BT 2,1. TC de abdome: sinais de tromboembolismo pulmonar bilateral; fígado aumentado com hipoatenuação difusa do parênquima, contorno irregular; massa sólida 135 x 127 mm no lobo direito, infiltrativa, com áreas centrais de necrose, invadindo ramo direito das veias porta e cava inferior e átrio direito. Concluído diagnóstico de CHC - BCLC D e tromboembolismo pulmonar. Iniciado anticoagulação, suporte clínico e solicitado ecocardiograma. Paciente evoluiu com dor abdominal intensa, necessitando morfina, insuficiência renal (creatinina 3,0 mg/dL), dispneia em repouso, insuficiência respiratória e óbito após 9 dias de internação. Conclusões. O estadio avançado apresentado pelo paciente levou ao grave desfecho. É preocupante o fato de que este paciente, tendo doenças crônicas de base e, portanto, acesso à assistência médica, tenha chegado com um prognóstico tão grave. Medidas para facilitar o acesso ao rastreamento, diagnóstico precoce e, consequentemente, tratamento eficaz, são urgentemente necessárias para a otimização da abordagem do CHC em nosso país. 79 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia TL 185 ANASTOMOSE ESPLENORRENAL DISTAL (AERD) EM CIRRÓTICOS COM HDA NA ERA DOS TRANSPLANTES Tércio Genzini, Roberta Genaro, Joao William Costa Teixeira, Felipe Costa Teixeira,Camilla César,Regina Gomes,Huda Noujaim, Marcelo Perosa Hospital Real e Benemérita Beneficência de São Paulo/Hospital Bandeirantes Introdução: A Hemorragia Digestiva Alta (HDA) em cirróticos permanece complicação de alta mortalidade. Pacientes cirróticos com HDA decorrente de hipertensão portal (HP) e gradiente portal > 12 mmHg não responsivo a terapia farmacológica, tem alto risco de recidiva hemorrágica e a insistência no tratamento endoscópico eleva o custo do tratamento e não altera o prognóstico. As alternativas para estes casos são a descompressão portal e/ou o transplante de fígado (TF). Shunts não seletivos são representados pelo Shunt Porto Sistêmicos intra-hepático (TIPS) e são considerados uma ponte para o transplante. Shunts seletivos são representados pela AERD que, apesar de resultados promissores em pacientes com boa reserva hepática, têm sido praticamente abandonadas em pró do transplante hepático. Isto ocorre pela obtenção do tratamento definitivo e pelo elevado estímulo financeiro que favorecem o transplante. Material e Métodos: Neste estudo analisamos o seguimento tardio de pacientes cirróticos, com boa reserva funcional hepática, e HDA com recidiva após tratamento endoscópico e farmacológico. No período de 2000 a 2010, 18 pacientes cirróticos (6 VHC, 4 Criptogênicas, 3 VHB + VHD, 3 autoimunes e 2 VHB) foram submetidos a AERD. Todos apresentavam pelo menos 1 episódio de HDA (1 a 6), foram submetidos a tratamento endoscópico com ligadura ou esclerose de VE, faziam uso de propranolol (40 a 160 mg) para manter FC entre 55 e 60 bpm e persistiam com VE com risco de sangramento. Doze tinham medidas de gradiente portal > 12 (14 a 34 mmHg). Resultados: 14 (78%) eram do sexo masculino, idade média 42,5 anos (20 a 63), todos eram CHILD-PUGH A com MELD entre 8 e 15. O seguimento médio foi de 6 anos (3 a 15). Ocorreu 1 recidiva de HDA (6%) tratada endoscopicamente, 1 necessidade de TF (6%) por HCC (VHB) e 1 óbito (6%). O MELD aumentou em 12 pacientes para valores menores que 15 e permaneceu igual ou diminuiu em 4. 1 paciente apresentou encefalopatia atribuída a dieta inadequada. Conclusão: AERD é eficaz, preserva a função hepática e pode evitar a indicação de TF por HDA recidivante em cirróticos com boa reserva funcional. TL 186 IMPACTO DA IMUNOSSUPRESSÃO NA RECORRÊNCIA TARDIA DO CARCINOMA HEPATOCELULAR APÓS TRANSPLANTE SEQUENCIAL FÍGADO-RIM Renato Ferreira Da Silva, Fábio Leite Couto Fernandez, Rita de CMA da Silva, Dalisio de Santi Neto, Helen C Felicio, Wiliam Jose Duca, Ida Maria M Fernandes, Paulo Cesar Arroyo Jr Fundação Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto/SP Introdução: O Carcinoma Hepatocelular (CHC) é um dos cânceres mais incidentes do mundo, sendo o sexto mais comum e a terceira causa de morte em pacientes com câncer. Como ele incide em mais de 80% dos pacientes com fígados cirróticos, o transplante se apresenta como a solução ideal. Vários dados clínicos e histopatológicos são citados como fatores relacionados à recidiva, como: micro e macro invasão vascular, metástases em linfonodos, tamanho do tumor > 5 cm, envolvimento bilobar do fígado, tumor multifocal, alfa- fetoproteína > 200 ng\dl, realização de biópsia do tumor no pré-operatório, tumores moderadamente a pobremente diferenciados e o uso de drogas imunossupressoras. Relatamos aqui o segundo caso encontrado na literatura inglesa sobre recidiva tardia de HCC após transplante de fígado seguido de transplante renal. 80 Objetivos: Discutir a possível influência da imunossupressão exacerbada relacionada à recorrência tardia do tumor após o transplante sequencial de fígado e rins. Métodos: Apresentamos um caso de recorrência tardia de carcinoma hepatocelular (CHC) após o transplante de fígado, seguido por transplante de rim. A recorrência ocorreu 101 meses após o transplante do fígado e 22 meses após o transplante renal, ou seja, recorrência muito tardia em comparação com o transplante de fígado e precoce em relação ao transplante renal. Resultados: Desde maio 2003, quando foi submetido a transplante de fígado devido ao CHC, o paciente mantinha-se estável e em uso de imunossupressores de baixa dose. Em dezembro de 2009, após o transplante renal, recebeu altas doses de imunossupressores. Em junho de 2011, 18 meses após o transplante renal apresentou elevação de alfa-fetoproteína: de 6,7 ng / mL para 232,6 ng / ml. A cintilografia óssea apresentava-se sem evidência de metástase, porém a TC Tórax identificou nódulos menores que 1 cm no pulmão direito. O paciente foi submetido à toracotomia. A lobectomia prevista não foi realizada devido à doença disseminada incluindo pleura, o exame patológico demonstrou CHC metastático no pulmão com a mesma cepa do tumor primário. Conclusão: Os resultados deste estudo de caso propõem uma possível influência de esquemas imunossupressores na recorrência tumoral. Recomenda-se, portanto, vigilância permanente em pacientes com transplantes duplos, especialmente quando associada a transplante de rim e fígado. Figure 1: Gráfico de colunas dos imunossupressores utilizados em função do tempo. TL 187 ANASTOMOSE ESPLENORRENAL DISTAL (AERD) EM CIRRÓTICOS COM HDA - EXPERIÊNCIA DO HC DE RIO BRANCO-ACRE Tércio Genzini, Roberta Genaro, Isadora Oliveira Morais, Elissandra Melo Lima, Marcelo Perosa, Regina Gomes, Leandro Trama, Nilton Guiotti Siqueira Hospital Real e Benemérita Beneficência de São Paulo/Hospital Bandeirantes Introdução: A Hemorragia Digestiva Alta (HDA) em cirróticos é uma complicação de alta mortalidade. Pacientes cirróticos com HDA recidivante decorrente de hipertensão portal (HP) apesar de terapia farmacológica e endoscópica, constituem população de alto risco de morte. As alternativas são a descompressão portal e/ou o transplante de fígado (TF). Em nosso serviço não temos disponibilidade de Shunt Porto Sistêmicos intra-hepático (TIPS) e consideramos outros Shunts não seletivos de elevada morbi-mortalidade. AERD representa uma alternativa promissora em pacientes com boa reserva hepática, que pode evitar a morte por HDA e preservar a função hepática a longo prazo. Material e Métodos: Neste estudo analisamos os 3 primeiros pacientes submetidos a AERD no HC de Rio Branco -AC. Selecionamos pacientes com boa reserva funcional hepática e HDA com recidiva após tratamento endoscópico e farmacológico. No período de 2011 a 2013, 3 pacientes cirróticos (2 VHC, 1 VHB + VHD) foram submetidos a AERD. Todos apresentavam pelo menos 1 episódio de HDA (1 a 5), foram submetidos a tratamento endoscópico com esclerose de Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters VE, faziam uso de propranolol (40 a 120 mg) para manter FC entre 55 e 60 bpm e persistiam com VE com risco de sangramento. Resultados: 3 eram do sexo masculino, idade média 43 anos (36 a 47) , todos eram CHILD-PUGH A com um score para Modelo da Doença Hepática Terminal (MELD) entre 9 e 15. O seguimento variou de 1 a 3 anos. Não houve recidiva de HDA, as VE reduziram ou desapareceram no PO, não houve óbitos e nenhum pacientes foi a transplante. O MELD aumentou em 2 pacientes para valores menores que 15 e permaneceu igual em 1. 1 paciente apresentou encefalopatia atribuída a dieta inadequada. Conclusão: AERD apresenta bons resultados em centros com experiência em cirurgia hepática, preserva a função hepática e pode evitar a indicação de TF por HDA recidivante em cirróticos com boa reserva funcional. TL 188 A FORÇA MUSCULAR DE MEMBROS INFERIORES POSSUI CORRELAÇÃO COM A FORÇA DE APERTO DE MÃO EM PACIENTES COM HEPATITE CAUSADA POR VÍRUS C Rodrigo Varella Milano, Rodrigo Casales da Silva Vieira, Anderson Rech, Cristiano Ughini Luiz Alberto Forgiarini Júnior, Ronei Silveira Pinto, Alexandre Simões Dias, Mario Reis Álvares-da-Silva UFRGS Introdução: Pacientes com hepatite causada por vírus C apresentam alterações musculares, principalmente na força do aperto de mão. No entanto o comprometimento muscular periférico de membros inferiores ainda está pouco esclarecido. Objetivo: Correlacionar a força do aperto da mão com o pico de torque e a qualidade muscular dos membros inferiores em pacientes com hepatite causada por vírus C. Materiais e métodos: Foram inseridos pacientes maiores de 18 anos com diagnóstico de hepatite causada por vírus C sem cirrose, de ambos os sexos, e que não estavam recebendo nenhum tipo de tratamento. Foram excluídos indivíduos com esplenomegalia, varizes esofágicas, anemia, dislipidemia em tratamento e insuficiência renal crônica. Foram mensuradas as enzimas hepáticas (U/L) Aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotranaferase (ALT) e fosfatase alcalina (FA), bem como a força de aperto de mão (Kgf) através do dinamômetro mecânico de empunhadura com alça ajustável do tipo Baseline Smedley Spring-Type Hand Dynamometer (New York, USA). Para a avaliação dos músculos extensores de joelho do membro dominante (pico de torque isométrico e isocinético - N/m) utilizou-se um dinamometro isocinetico (Cybex Norm, Ronkonkoma, New York, EUA) na angulação de 60°. A qualidade muscular foi quantificada através da divisão da força isométrica dos extensores de joelho pela soma das espessuras dos músculos vasto lateral, medial, intermédio e reto femural avaliada através da ultrassonografia. Utilizou-se a média e desvio padrão para os dados quantitativos e a correlação de Pearson, com nível de significância de 5% (p<0,05). Resultados: Foram avaliados nove pacientes, cinco do sexo masculino com média de idade de 49+9,6 anos. Os valores das enzimas hepáticas foram (AST- 61,9±37,9; ALT- 85,1±46,9 e FA-75,5±12,8). A força de aperto de mão (Kgf) foi de 2,3±1,12 e o pico de torque (N/m) de 181,5±53,4. Houve correlação entre a força de aperto de mão e o pico de torque (R=0,72; p=0,02). A qualidade muscular teve (R=0,347), porém com um p Q0,05. Conclusão: Existe correlação da força do aperto de mão e o pico de força muscular de membros inferiores em pacientes com hepatite causada por vírus C. TL 189 ENCEFALOPATIA PERSISTENTE POR SHUNT PORTOSSISTÊMICO APRESENTANDO-SE COMO QUADRO DEMENCIAL Luciana Xavier Nunes de Farias, Jannine Maria Pires Bezerra de Carvalho, Michele Melo Bautista, Gutemberg Guerra Amorim, Laécio Leitão Batista, Norma Arteiro Filgueira Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 Introdução: A encefalopatia hepática geralmente se apresenta de forma episódica, porém em alguns pacientes desenvolve-se com caráter persistente, quando geralmente está associada a shunt portosistêmico, muitas vezes com preservação das provas de função hepática. Nestes casos, o quadro clínico inclui alterações cognitivas, comportamentais, parkinsonismo, manifestações cerebelares, dentre outros. Método: revisão do prontuário para descrição de um caso de encefalopatia hepática persistente manifestando-se com síndrome demencial. Relato do Caso: Uma paciente de 59 anos iniciou há dois anos quadro de declínio cognitivo progressivo, amnésia anterógrada, perda das funções executivas, déficit de atenção importante, confabulação, apraxia, marcha atáxica, diminuição do equilíbrio, além de distúrbios do comportamento do tipo agressividade. Na avaliação cognitiva obteve oito pontos no miniexame do estado mental, tinha ausência de atividades instrumentais de vida diária e o exame periférico mostrava hipertonia em MMSS tipo roda denteada. A paciente tinha diagnóstico prévio de Hepatite autoimune, que estava inativa, com aminotransferases e funções sintéticas normais (Child A, MELD 10). Ressonância magnética de encéfalo demonstrou depósito de manganês em globos pálidos. A USG com Doppler evidenciou shunt espleno-renal espontâneo e estudo angiográfico evidenciou shunts calibrosos, tanto em território espleno-renal quanto mesentéricohipogástrico. Após exclusão de outras causas de demência, foi definido o diagnóstico de encefalopatia hepática persistente por shunt portossistêmico. Não houve melhora com o uso de lactulose, neomicina e bromocriptina. Procedeu-se então ao implante de plug para oclusão do shunt espleno-renal em maio de 2013 e a paciente está sendo acompanhada ambulatorialmente para avaliar a evolução do quadro neurológico. Conclusão: O diagnóstico da encefalopatia hepática persistente comumente é retardado, pelo predomínio do quadro neurológico em relação ao hepático, já que muitas vezes esta é a única manifestação da hepatopatia. A resposta às medidas terapêuticas usuais é pobre ou inexistente e a oclusão dos shunts pode ser uma opção nesses casos. TL 190 FALÊNCIA HEPÁTICA EM PACIENTE COM TRAUMA GRAVE DO FÍGADO Olival Cirilo Lucena da Fonseca Neto, Danielle Teti Magalhães, Juliana Fernandes de Oliveira, Esaú da Silva Santos, Eduardo de Oliveira Costa, Clark Gleibooll Fernandes Vieira, Levi Cezar de Castro Figueiredo Hospital da Restauração - Recife/PE Introdução: O manejo dos pacientes traumatizados graves vem evoluindo nos últimos anos. No trauma hepático grave, os pacientes necessitam de assistência multidisciplinar para permitir melhor evolução. Ainda assim, em alguns casos a disfunção hepática pode ocorrer levando ao prognóstico desfavorável. A falência hepática no paciente traumatizado pode se apresentar e a necessidade do transplante hepático pode existir. Objetivos: Descrever um caso de paciente com traumatismo grave do fígado evoluindo com falência hepática aguda. Material e Métodos: Relato de caso. Resultados: CASO 1: M.S.A., 25 anos, sexo masculino, natural e procedente de Pombos-PE. Admitido na unidade de trauma de um hospital público terciário do SUS - Recife/PE, em estado geral grave, intubado, vítima de acidente automobilístico. Apresentava sinal do cinto de segurança e irritação peritoneal. Submetido à laparotomia exploradora cujo achado foi lesão grave de baço e de fígado. Realizada esplenectomia e tamponamento hepático. Na UTI, permaneceu grave e optado por nova laparotomia exploradora, em que foi encontrado fígado com sangramento difuso por várias fraturas. Nessa oportunidade, novo tamponamento hepático foi realizado. Devido à permanência de hemoglobina baixa foi optado por embolização da artéria hepática, procedimento realizado no quarto dia após a admissão. O paciente apresentou estabilização do hematócrito e hemoglobina, mas ocorreu 81 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia aparecimento de disfunção hepática (aumento da bilirrubina direta, INR de 2,5 e albumina de 2,8). Insuficiência renal dialítica ocorreu no décimo dia da internação hospitalar e o paciente estava sem ventilação mecânica quando iniciou quadro de encefalopatia. Exames do dia da disfunção neurológica mostravam bilirrubina direta de 18mg/dL, INR= 3,5, Albumina= 1,2 e lactato de 5 mmol/L. Indicado transplante hepático, entretanto, o paciente evoluiu para o óbito com parada cardiorrespiratória súbita. Conclusão: A falência hepática pode ocorrer em pacientes com trauma grave do fígado e deve ser identificada precocemente para permitir melhor evolução nesses pacientes tão graves. TL 191 A HIPERTROFIA DO LOBO ESQUERDO DO FÍGADO EM ESQUISTOSSOMÓTICOS É ACOMPANHADA DE ARTÉRIA HEPÁTICA ESQUERDA ACESSÓRIA? Olival Cirilo Lucena da Fonseca Neto, Danielle Teti Magalhães, Juliana Fernandes de Oliveira, Esaú da Silva Santos, Eduardo de Oliveira Costa, Clark Gleibooll Fernandes Vieira, Levi Cezar de Castro Figueiredo Hospital da Restauração - Recife/ PE Introdução: A hipertrofia do lobo esquerdo do fígado encontrado em esquistossomóticos com hepatoesplenomegalia sugere um aumento do metabolismo e das necessidades nutricionais e de oxigenação dos hepatócitos. O hiperfluxo portal encontrado nesses pacientes poderia justificar o crescimento deste segmento hepático, entretanto, a demanda aeróbica poderia necessitar de fluxo sanguíneo enriquecido de oxigênio não suprido pelo segmento venoso portal. Objetivos: Estudar a prevalência de artéria hepática esquerda, ramo da artéria gástrica esquerda em pacientes com esquistossomose hepatoesplênica submetidos à esplenectomia e ligadura da veia gástrica esquerda. Material e Métodos: Estudo retrospectivo entre pacientes adultos com esquistossomose hepatoesplênica submetidos à esplenectomia e ligadura da veia gástrica esquerda (cirurgia eletiva ou de urgência) em um hospital público, terciário do SUS - Recife/PE, entre janeiro de 2012 e junho de 2013. Resultados: Dezessete pacientes foram estudados, sendo onze do sexo masculino. A idade variou de 18 a 67 anos. Todos com passado de hemorragia digestiva alta. Dez procedimentos realizados na urgência. Endoscopia digestiva alta e ligadura varicosa sempre ocorreu antes do procedimento. Hemotransfusão foi necessária em sete pacientes. Durante o ato operatório o cirurgião visualizava o ligamento hepatogástrico, palpava, seccionava e realizava a ligadura da veia gástrica esquerda. Nesse momento identificava ou não a presença da artéria gástrica esquerda e seus ramos para o ligamento gastrohepático, inclusive a artéria hepática esquerda acessória. Foram encontrados quatro pacientes com artéria hepática esquerda acessória. Não ocorreu óbito. Todos os pacientes são acompanhados no ambulatório. Conclusão: A prevalência da artéria hepática esquerda, ramo da artéria gástrica esquerda, em pacientes com esquistossomose hepatoesplênica não é diferente da população geral. TL 192 HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA EM GESTANTES COM HIPERTENSÃO PORTAL Olival Cirilo Lucena da Fonseca Neto, Danielle Teti Magalhães, Juliana Fernandes de Oliveira, Esaú da Silva Santos, Eduardo de Oliveira Costa, Clark Gleibooll Fernandes Vieira, Levi Cezar de Castro Figueiredo Hospital da Restauração - Recife/ PE Introdução: Gravidez em pacientes com hipertensão portal é rara. Os efeitos da hipertensão portal durante a gestação ainda são desconhecidos. Hemorragia digestiva alta nesses pacientes é um 82 evento dramático e de alto risco para o feto e a mãe. Objetivos: Descrever o manejo e a evolução de gestantes com hipertensão portal que apresentaram hemorragia digestiva alta (HDA).Material e Métodos: Estudo retrospectivo nas pacientes gestantes atendidas na emergência de um hospital público terciário do SUS - Recife/PE, entre janeiro de 2002 e janeiro de 2013. Resultados: Onze pacientes foram atendidos. A idade variou de 23 a 47 anos. Quanto à etiologia da hipertensão portal: esquistossomose hepatoesplênica (6), cirrose por álcool (3), hepatite autoimune (1), trombose da veia porta (1). O MELD variou de 11 a 23. A gestação encontrava-se no sétimo mês em cinco pacientes; no terceiro mês, em quatro; no oitavo mês, em duas pacientes. Passado de hemorragia digestiva alta foi encontrado em todas. Aborto e prematuridade ocorreu em nove pacientes. Endoscopia digestiva alta foi realizada em todas as pacientes e sangramento de varizes esofagogástricas foi encontrado em sete. Úlcera duodenal (1), gástrica (1), gastropatia portal (2) foram os outros achados. Tratamento endoscópico ( ligadura + vasoconstrictor) foi realizado em oito pacientes. Refratariedade ao tratamento endoscópico ocorreu em seis. Balão de Sengstaken Blakemore foi usado em seis. Terlipressina foi usada em 1 caso. Esplenectomia e ligadura da veia gástrica esquerda foi necessária em dois casos (EHE). Óbito fetal ocorreu em sete pacientes. Gestação a termo ocorreu em três. Óbito materno ocorreu em uma situação. Conclusão: Hemorragia digestiva alta em pacientes com hipertensão portal é um evento grave que requer cuidados intensivos imediatos para mãe e o feto, já que a morbimortalidade é alta para ambos. TL 193 CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E CAPACIDADE FUNCIONAL EM INDIVÍDUOS COM CIRROSE CAUSADA PELO VÍRUS DA HEPATITE C Rodrigo Casales da Silva Vieira, Mario Reis Álvares-da-Silva, Álvaro Reischak de Oliveira, Julia da Silveira Gross, Ivan Lopes Braga, Sarah Hartel, Renata Lopes Kruger, Alexandre Simões Dias UFRGS Introdução: Pacientes com cirrose causada pelo vírus da hepatite C apresentam alterações no consumo máximo de oxigênio, na força do aperto de mão e na capacidade funcional. Objetivos: Comparar o consumo máximo de oxigênio (VO2máx .), a força do aperto de mão (FAM) e a capacidade funcional (CF) entre pacientes cirróticos pelo vírus da hepatite C e indivíduos saudáveis e correlacionar a FAM e a capacidade funcional com o VO2máx . Materiais e métodos: Foram incluídos pacientes maiores de 18 anos com diagnóstico de cirrose causada pelo vírus da hepatite C, de ambos os sexos. Foram excluídos indivíduos com varizes esofágicas grau 3 e 4, anemia e insuficiência renal crônica. A força de aperto de mão (Kgf) foi mensurada através do dinamômetro mecânico de empunhadura com alça ajustável do tipo Baseline Smedley Spring-Type Hand Dynamometer (New York, USA). A capacidade funcional foi avaliada pelo teste de caminhada de seis minutos (TC6) seguindo as normas da American Toracic Society (ATS), o VO2máx. foi verificado por um sistema de ergoespirometria de circuito aberto para analisador de gases (MGC, modelo CPX/D), com teste de carga progressiva em cicloergômetro (The Bike, Cibex, USA). Utilizou-se média e desvio padrão para os dados paramétricos e mediana e intervalo interquartil e correlação de Spearmam para os dados não paramétricos. Nível de significância de 5% (p<0,05). Resultados: Foram avaliados trinta e seis indivíduos, dezoito cirróticos (Ci) e dezoito indivíduos saudáveis (Co), oito do sexo masculino e dez do sexo feminino em ambos os grupos com média de idade de 55,61 ± 8,3 e 55,2 ± 8,8 anos respectivamente. Não houve diferença entre os grupos para a FAM [Kgf] (Ci)-1,89 ±0,909 e (Co)-2,46±0,116, p= 1,183. Houve diferença estatística entre os grupos para o VO2máx. (Ci- 16,2 (11,6 - 18,5) e Co-19,9 (16,3 - 26,8), p=0,007, TC6 (metros) - Ci- 521,5 (476,2 - 544,7), Co- 618 (570,7 - 643,7), p= 0,0001. Houve correlação entre a FAM e o VO 2máx.(R=0,474; p<0,047) e o VO2máx . e a distância percorrida - TC6 (R=0,801; Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters p=0,0001) no grupo cirrótico. Conclusão: Existe diferença significativa entre cirróticos e indivíduos saudáveis quanto ao consumo máximo de oxigênio e a capacidade funcional e que há correlação do consumo máximo de oxigênio com a força do aperto de mão e a capacidade funcional em pacientes com cirrose causada pelo vírus da hepatite C. TL 194 HEMORRAGIA EM OSTOMIA EM PACIENTE COM HIPERTENSÃO PORTAL Olival Cirilo Lucena da Fonseca Neto, Danielle Teti Magalhães, Juliana Fernandes de Oliveira, Esaú da Silva Santos, Eduardo de Oliveira Costa, Clark Gleibooll Fernandes Vieira, Levi Cezar de Castro Figueiredo com cirrose por álcool em um caso, esquistossomose hepatoesplênica (1) e indeterminada (1). Hemorragia digestiva alta (HDA) ocorreu apenas em 1 paciente (com Esquistossomose Hepatoesplênica - EHE). Ascite foi encontrada em 1 caso (cirrose alcoólica). A ultrassonografia de abdome com Doppler foi feita inicialmente e acompanhada de CRNM posteriormente. Obstruções biliares foram vistas em todos os pacientes. Diminuição da porção distal do ducto pancreático foi observado em 2 pacientes (< 2,3mm). Como não foram encontradas alterações clínicas e bioquímicas, esses pacientes não foram tratados para este achado radiológico. Um desses pacientes foi submetido ao TIPS e o outro, à observação clínica. Conclusão: A hipoplasia ou atrofia do ducto pancreático principal pode ser encontrada em pacientes com icterícia e cavernomatose portal sem corresponder a disfunção pancreática. TL 196 Hospital da Restauração - Recife/ PE Introdução: Sangramento digestivo em pacientes com hipertensão portal pode ocorrer proveniente de vários sítios (variz, gastropatia, enteropatia e colopatia hipertensiva). Como colaterais podem surgir em qualquer local da parede abdominal, os pacientes com cirurgia prévia e ostomias podem ser vulneráveis para sangramento, nesses novos sítios formados. Objetivo: Descrever o manejo inicial dos pacientes com hipertensão portal e sangramento em ostomias. Materiais e Métodos: Estudo retrospectivo entre 2002 e 2013 de pacientes adultos com hemorragia digestiva baixa, pela ostomia, em um hospital público terciário do SUS - Recife/PE. Resultados: Três pacientes foram encontrados. Todos do sexo masculino, 35, 53 e 61 anos foram as idades dos pacientes. Colangite Esclerosante Primária - CEP (2/3) e Cirrose Alcóolica (1/3) foram as etiologias da hipertensão portal. Doença inflamatória intestinal e trauma por PAF (projétil de arma de fogo) foram as causa da confecção das ostomias, que foram colostomia a Hartman (2) e ileostomia definitiva (1). Hemorragia maciça ocorreu nos pacientes com CEP sendo conduzidos com terlipressina e colonoscopia com hemostasia local. No cirrótico por álcool foi realizado TIPS. Todos foram inclusos na lista de transplantes de fígado com MELD 15, 21 e 20 (CEP, CEP e álcool). Ocorreu 1 óbito (CEP). Conclusão: Sangramento digestivo por ostomia é de difícil manejo e pode sinalizar o início da disfunção hepática e necessidade de transplante de fígado. TL 195 ALTERAÇÕES DO DUCTO PANCREÁTICO PRINCIPAL EM PACIENTES COM CAVERNOMATOSE PORTAL Olival Cirilo Lucena da Fonseca Neto, Danielle Teti Magalhães, Juliana Fernandes de Oliveira, Esaú da Silva Santos, Eduardo de Oliveira Costa, Clark Gleibooll Fernandes Vieira, Levi Cezar de Castro Figueiredo Hospital da Restauração - Recife/ PE Introdução: Trombose de veia porta resultando em transformação cavernomatosa não é comum. Devido à formação de colaterais venosas a possibilidade de obstrução de estruturas adjacentes pode ocorrer. A icterícia em pacientes com cavernoma portal sugere obstrução do fluxo biliar, pelas colaterais venosas, no ducto biliar principal. Adicionalmente, pode-se observar alterações no ducto pancreático principal nesses pacientes geralmente sem manifestação clínica de disfunção pancreática. Objetivo: Descrever pacientes com cavernomatose portal e icterícia, alterações do ducto pancreático principal observadas na colangiografia por Ressonância Magnética (CRNM). Materiais e Métodos: Estudo retrospectivo entre pacientes adultos com icterícia, com cavernomatose portal submetidos à CRNM em um hospital público terciário do SUS - Recife/PE, entre janeiro de 2002 a junho de 2013. Resultados: Três pacientes foram encontrados. Dois do sexo feminino. Apresentavam as seguintes idades: 60, 52 e 71 anos. A trombose da veia porta estava associada Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 DISTÚRBIOS DO SONO E SUA ASSOCIAÇÃO COM O TRATAMENTO DA HEPATITE C Eduardo Cordeiro Vitor Martins, Marcelo Costa Silva, Joana Angélica Mesquita Martins Seabra de Oliveira, Tiana Mascarenhas Godinho Reis Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Introdução: Tanto a terapia dupla quanto a terapia tripla utilizadas no tratamento do vírus da hepatite C (VHC) estão associadas ao desenvolvimento de distúrbios do sono como efeito colateral da medicação e estes podem prever o aparecimento de transtornos depressivos. O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade do sono e descrever sua frequência em pacientes portadores do VHC, em tratamento ou não, e comparar estes dois grupos. Material e métodos: Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal. A amostra foi composta por 41 pacientes portadores VHC, acompanhados pelo Centro de Hepatites Virais do município de Ipiaú-Bahia. A amostra foi dividida em dois grupos, um grupo em tratamento (interferon peguilado e ribavirina) e outro grupo sem tratamento. Para avaliar a qualidade do sono foi aplicado um questionário de autoavaliação do sono, o Mini-Sleep-Questionairre (MSQ). Para tabulação dos dados foi utilizado o programa SPSS e para a análise estatística foi utilizado o teste do X² de Pearson. Resultados: Dezesseis pacientes estavam em tratamento e desses: 6,25% apresentaram o sono muito bom, 31,25% apresentaram o sono bom, 31,25% apresentaram o sono levemente alterado, 6,25% apresentaram o sono moderadamente alterado e 25% apresentaram o sono gravemente alterado. Vinte e cinco pacientes estavam sem tratamento e desses: 40% apresentam o sono muito bom, 48% apresentam o sono bom e 12% apresentam o sono muito alterado. Houve associação estatisticamente significa (p<0,004) entre a qualidade do sono e a condição de estar ou não em tratamento. Conclusão: Os resultados indicaram que há alterações significativas na auto-avaliação da qualidade e aumento da frequência de ocorrências das queixas dos pacientes, em tratamento, relacionadas ao sono, quando comparados com aqueles que não estão em tratamento. Esse resultado poderá ser associado aos efeitos adversos provocados pelos medicamentos utilizados no tratamento, eventualmente comprometendo a adesão. Assim, torna-se necessário maior atenção no reconhecimento dos distúrbios do sono durante o tratamento do VHC para que haja o manejo correto destas alterações, não atentar para estes efeitos colaterais pode permitir que durante o seguimento do tratamento tais pacientes possam vir a desenvolver maiores consequências, como transtornos depressivos. 83 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia TL 197 SINAL DE CULLEN EM CIRRÓTICOS Olival Cirilo Lucena da Fonseca Neto, Danielle Teti Magalhães, Juliana Fernandes de Oliveira, Esaú da Silva Santos, Eduardo de Oliveira Costa, Clark Gleibooll Fernandes Vieira, Levi Cezar de Castro Figueiredo Hospital da Restauração - Recife/ PE Introdução: Equimose periumbilical é um achado incomum em pacientes com doença hepática. Geralmente, ocorre em pacientes com pancreatite aguda. Hemoperitônio também pode ser encontrado nesses pacientes. Objetivo: Descrever o sinal de Cullen em cirróticos na emergência. Materiais e Métodos: Estudo retrospectivo entre pacientes adultos admitidos na emergência de um hospital público terciário do SUS - Recife/PE, de janeiro de 2002 a junho de 2013. Resultados: Quatro pacientes foram estudados. Todos do sexo masculino. A idade variou de 32 a 65 anos. Dor abdominal foi o sintoma principal. Cirrose por álcool (2), vírus C (1), origem idiopática (1) foram as etiologias da doença hepática. Paracentese foi realizada em 1 caso (hemoperitôneo). Irritação peritoneal foi encontrada em todos. Laparotomia exploradora ocorreu em 3 situações. Pancreatite aguda, hepatocarcinoma roto e ascite hemorrágica foram os achados. Antibióticos e suporte clínico foi realizado no paciente no qual não foi realizada laparotomia. Ocorreu óbito em 2 pacientes. Conclusão: O sinal de Cullen em cirróticos pode representar alguma catástrofe abdominal e a sua identificação precoce poderá promover uma evolução mais favorável. TL 198 COMPLICAÇÕES RELACIONADAS À ASCITE EM PACIENTES PEDIÁTRICOS COM CIRROSE POR ATRESIA BILIAR Renata Rostirola Guedes, Carolina Roos Mariano da Rocha, Carlos Oscar Kieling, Sandra Maria Gonçalves Vieira Universidade Federal do Rio Grande do Sul Introdução: O desenvolvimento de ascite é um sinal de mau prognóstico no paciente cirrótico e está relacionado à ocorrência de diversas complicações. Em adultos, após o surgimento de ascite, a sobrevida sem transplante hepático pode chegar a 50% em 5 anos. Esse dado é desconhecido na população pediátrica. Objetivos: 1) Verificar a incidência de complicações relacionadas à ascite em crianças com cirrose por atresia biliar ocorridas até 3 meses após o primeiro episódio de ascite. 2) Verificar a sobrevida do fígado nativo em 3 meses após a ocorrência de cada complicação. Materiais e métodos: Revisão retrospectiva de 44 pacientes menores de 12 anos, portadores de cirrose por atresia biliar e ascite, acompanhados na Unidade de Gastroenterologia Pediátrica do HCPA. Foram consideradas complicações da ascite: hiponatremia por diluição (HD), infecção da ascite, ascite refratária (AR) e encefalopatia hepática (EH) ocorridas em até 3 meses após o surgimento da ascite. O diagnóstico de ascite foi realizado através da realização de ultrassonografia de abdômen e para o diagnóstico de hiponatremia por diluição utilizou-se o ponto de corte de sódio sérico inferior a 135 mEq/L. Considerou-se infecção de ascite peritonite bacteriana espontânea (contagem de polimorfonucleares na ascite maior do que 250 células/µL) ou bacteriascite (cultura positiva com contagem de polimorfonucleares menor ou igual a 250 células/ µL). O diagnóstico de encefalopatia hepática foi baseado em critérios eletroencefalográficos. A sobrevida do fígado nativo foi analisada através das curvas de Kaplan-Meier. Estudo vinculado ao projeto de pesquisa aprovado pelo CEP do HCPA sob número13-0206. Resultados: Dos pacientes analisados, 93% apresentaram complicações. Destas, a mais freqüente foi a hiponatremia por diluição, sendo observada em 41 dos 44 pacientes avaliados. As incidências encontradas para as outras complicações da ascite foram: infecção da ascite - 17/41 84 (41%); ascite refratária - 9/44 (20%); encefalopatia hepática - 15/30 (50%). A probabilidade de sobrevida cumulativa após 3 meses do surgimento da ascite para cada complicação foram as seguintes: HD - 7%; infecção da ascite - 56%; AR - 75%; EH 43%. Conclusão: Após o surgimento de ascite, a incidência de complicações é alta com importante impacto na sobrevida no período de 3 meses. TL 199 HEPATITE COLESTÁTICA APÓS USO DE EMBONATO DE PIRVÍNIO: UM RELATO DE CASO Maria Auzier Freitas, Lucas Santana Nova da Costa, Marília Ávila Acioly, Marcos de Vasconcelos Carneiro, José Eduardo Trevizoli, Liliana Sampaio Costa Mendes Hospital de Base do Distrito Federal Introdução: Medicações são causa relativamente comum de injúria hepática, a qual normalmente é representada por anormalidade nos testes de bioquímica hepática. O embonato de pirvínio é usado em nosso meio para tratar enterobíase. Até a presente data, não foram encontrados relatos de hepatite colestática após uso desta medicação. Objetivo: relatar caso de paciente que evoluiu com hepatite colestática após uso de embonato de pirvínio. Materiais e métodos: Dados obtidos durante acompanhamento ambulatorial e hospitalar da paciente, com revisão de prontuário e em literatura médica, com base de dados da BIREME, PUBMED e SCIELO. Resultados: ICS, sexo feminino, 28 anos, solteira, professora, natural e procedente de João Pinheiro-MG, previamente hígida, iniciou prurido cutâneo difuso e intenso no dia seguinte ao uso de embonato de pirvínio, evoluindo com icterícia progressiva, generalizada e colúria 7 dias após uso da medicação. O medicamento foi utilizado em dose única de 600mg, via oral. Paciente relatava uso prévio de anticoncepcional oral (Tâmisa 20), desde 2011 e negava uso de outras medicações no período. A mesma apresentava, no início do acompanhamento médico, hiperbilirrubinemia (bilirrubina direta atingindo 27,61), níveis elevados de AST e ALT(>1000U/L), de fosfatase alcalina e GGT. Sorologias para hepatites virais foram negativas, assim como marcadores para hepatite autoimune. Eletroforese de proteínas e dosagem de IgG foram normais. Função hepática encontrava-se alterada, com normalização do TAP após uso parenteral de vitamina K. Foi introduzido uso de ácido ursodesoxicólico um mês após início da icterícia. Nos meses subsequentes, houve queda dos níveis de bilirrubinas, transaminases e enzimas canaliculares, porém sem normalização. USG de abdome de controle foi sugestiva de hepatopatia crônica, com discreta esplenomegalia. Biópsia hepática realizada 5 meses após uso da medicação anti-parasitária foi conclusiva para hepatopatia crônica em cirrotização, com infiltrado inflamatório moderado constituído de linfócitos e eosinófilos. Conclusão: A sequência temporal entre o uso do embonato de pirvínio e o surgimento da hepatite colestática leva à conclusão de que a lesão hepática provavelmente foi causada pelo uso da medicação, embora não tenham sido encontrados na literatura relatos de caso sobre essa associação. A presença de infiltrado eosinofílico em biópsia hepática reforça a hipótese. TL 200 COMO O RASTREAMENTO ULTRASSONOGRÁFICO DETECTOU O CARCINOMA HEPATOCELULAR EM PACIENTES CIRRÓTICOS NA VIDA REAL? ANÁLISE PRELIMINAR Izabelle Venturini Signorelli, Maria da Penha Zago Gomes, Carlos Sandoval Gonçalves, Luciana Lofego Gonçalves, Patricia Lofego Gonçalves, Karina Zamprogno de Souza, Fernanda Schwanz Coutinho, Gustavo Leite Franklin, Ana Tereza Parpaiola Mendonça Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes da Universidade Federal do Espírito Santo Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters Introdução: O risco do Carcinoma Hepatocelular (CHC) é alto nos pacientes com Cirrose Hepática (CH) e o rastreamento ultrassonográfico (US) a cada 06 meses é considerado um método eficaz para o diagnóstico precoce do CHC. Objetivos: Avaliar em um Programa de Referência em Hepatologia como é realizado o US nos pacientes com CH. Material e Métodos: Trabalho retrospectivo avaliando 148 pacientes cirróticos atendidos por especialistas em Hepatologia com diagnóstico de CH há pelo menos 06 meses. Resultados e Discussão: 75,4% dos cirróticos eram homens sendo 56,5% alcoolistas, 20% portadores do vírus B, 21,5% vírus C e 11,2% com síndrome metabólica. O acompanhamento em média foi de 66 meses (±48,8) e mediana de 48 meses. Dos 148 pacientes, 18 (12,5%) desenvolveram CHC em 21,8 meses de acompanhamento (±28,5), com mediana de 26,5 meses. O US foi realizado em média 05 vezes durante o acompanhamento, com intervalo médio de 14,3 meses e mediana de 11,9 meses. Provavelmente este grande intervalo entre os exames, pode ter sido a causa do diagnóstico de CHC com tamanho em média de 4,1 cm, sendo que apenas 04 dos CHC foram diagnosticados até 02 cm de diâmetro, e 38,9% (07 casos) até 3 cm; 03 casos foram diagnosticados com mais de 05 cm (16,7%). Destes pacientes, 12 tinham apenas 01 nódulo e entre os que tinham mais de 01 nódulo, 01 paciente tinha 05 lesões. Conclusão: A dificuldade do serviço público em agendar consultas e ultrassonografias, o acompanhamento irregular dos pacientes e o grande número de pacientes com vírus B e alcoolismo podem ser a causa do diagnóstico tardio do CHC durante o rastreamento ultrassonográfico dos pacientes com CH no nosso estado do Espírito Santo. TL 201 NÍVEIS SÉRICOS DE HEPCIDINA EM INDIVÍDUOS MONOINFECTADOS CRONICAMENTE PELO VÍRUS DA HEPATITE C, NAIVE, COMPARADO A CONTROLES SAUDÁVEIS Ari Ben-Hur Stefani Leão, Maria da Graça Ferronato, Carlos Kupski, Mário Reis Álvares-da-Silva UFRGS Introdução: Os pacientes com hepatite C crônica (HCC) tem uma tendência à elevação do ferro hepático, condição esta relacionada ao aumento do estresse oxidativo, mais rápida progressão da fibrose, pior resposta ao tratamento com Interferon e desenvolvimento de carcinoma hepatocelular. O mecanismo de homeostase do ferro tem como peça central a hepcidina, um hormônio polipeptídico de origem hepática, que apresenta a função de inibir a absorção do ferro pelos enterócitos e promover a recirculação deste metal em suas reservas intra-hepáticas e no sistema reticuloendotelial. A redução dos níveis de hepcidina parece ser um dos mecanismos fisiopatológicos envolvidos na sobrecarga de ferro hepático nos pacientes com HCC como sugerido em estudos com modelos animais e alguns estudos em humanos. Uma das limitações dos estudos em humanos até agora publicados é não apresentarem uma metodologia clara quanto à seleção de pacientes para possíveis fatores pró-inflamatórios confundidores, os quais poderiam alterar a expressão da hepcidina, como: obesidade, diabetes e cirrose. Objetivos: Neste estudo tentamos minimizar estes fatores confundidores para obtermos resultados mais fidedignos em relação à expressão da hepcidina nesta população. Métodos: Estudo transversal, com 29 casos e 9 controles, avaliando no soro de pacientes com HCC monoinfectado, naive, não diabéticos, não cirróticos e não obesos os níveis do hormônio hepcidina, através de um ELISA, comparados com controles saudáveis com as mesmas características. Neste estudo ainda foram mensurados os graus de fibrose hepática (metavir), perfil lipídico, Homa-ir e ferritina. Resultados: Os níveis de hepcidina foram significativamente mais baixos nos pacientes com HCC do que nos controles (8,4 pg/ml(± 4,94) vs 19,51pg/ml (±5,51) com p<0,001. Não houve relação entre os níveis de ferritina e hepcidina na amostra avaliada. E entre os casos não houve diferença entre os níveis de hepcidina em relação ao genótipo viral, carga viral e graus de fibrose. Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 Conclusão: Mediante uma população selecionada para possíveis fatores confundidores a expressão da hepcidina esta reduzida nos pacientes com HCC, podendo ser um dos mecanismos centrais no acumulo de ferro hepático nesta população levando às já citadas complicações. A importância destes achados reside na reafirmação de que estratégias que atuem neste mecanismo podem levar tanto a uma maior resposta ao tratamento em populações selecionadas quanto a prevenção da progressão da fibrose. TL 202 INFECÇÃO OCULTA PELO VÍRUS DA HEPATITE B (HBV) EM PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA PELO VÍRUS DA HEPATITE C (HCV) NA AMAZÔNIA ORIENTAL Esther Castello Branco Mello Miranda, Ivanete do Socorro Abraçado Amaral, Lizomar de Jesus Maúes Pereira Móia, Maria Silvia de Brito Barbosa, Camila Renata Monteiro dos Reis, Mirley Castro de Araújo, Samia Demachki, Manoel do Carmo Pereira Soares Hospital Santa Casa de Misericórdia do Estado do Pará Introdução: A infecção oculta pelo HBV em pacientes com infecção crônica pelo HCV pode ter um importante impacto clínico, favorecendo ou acelerando a progressão da fibrose hepática e o estabelecimento de cirrose. Objetivo: Avaliar a prevalência de infecção oculta pelo HBV em pacientes com hepatite crônica pelo HCV em uma casuística da Amazônia oriental. Material e Método: Foram analisados dados de 1000 pacientes com infecção crônica pelo HCV atendidos no Hospital Santa Casa de Misericórdia do Estado do Pará. Foram definidos 35 indivíduos (3,5%) com critérios anti-HCV/ HCV-RNA/ Anti-HBc total isolado positivos. Foram avaliados aspectos clínico-demográficos, bioquímicos e histopatológicos. A pesquisa do HCV-RNA e HBV-DNA utilizou kits comerciais Amplicor®Roche. Resultados: Encontrou-se uma prevalência de 6,9% de infecção oculta pelo HBV, sendo a maioria dos pacientes homens, com média de idade de 54,2 anos. Os fatores de risco mais frequentes foram: transfusões sanguíneas (51,4%) e cirurgias (51,4%). Histórico de etilismo foi encontrado em 37.1%. Observou-se elevação das enzimas hepáticas e a maioria era infectada pelo genótipo 1 do HCV (88,2 %). A maioria dos pacientes apresentava doença hepática crônica (60%) e apenas dois pacientes apresentavam carcinoma hepatocelular. Observou-se graus variáveis de fibrose hepática e pouca atividade de doença, estando uma minoria com doença hepática avançada. Conclusão: A presença de hepatite B oculta em parte da amostra não caracterizou alteração laboratorial e/ou histológica diferenciada nesse grupo. Nos pacientes estudados não foi encontrado relação entre a presença de hepatite B oculta e a gravidade da doença hepática. TL 203 AVALIAÇÃO DOS ÍNDICES NAFLD SCORE E APRI EM PACIENTES COM ESTEATOSE HEPÁTICA Luciana Brosina de Leon, Fabio Lantz, Smile Calisto da Costa Becker, Roberta Cristina Petry, Eduardo Wink, Cristiane Valle Tovo Hospital Nossa Senhora da Conceição Introdução: A história natural da esteatose hepática é variada sendo que uma expressiva população desenvolve quadro de esteatohepatite com riscos de evolução para cirrose ou hepatocarcinoma. Índices como NAFLD Score e APRI tem boa acurácia quando sugerem ausência ou presença de fibrose significativa, entretanto esses índices tem o escore intermediário, onde a possibilidade de fibrose significativa não é indeterminável por esses métodos. Objetivo: calcular os índices APRI e NAFLD Score em pacientes com esteatose hepática do ambulatório de gastroenterologia de Hospital de atendimento terciário do sul do Brasil. Método: Estudo prospectivo realizado no ambulatório de Gastroenterologia do Hospital Nossa Senhora da Conceição/RS onde foram coletados dados de pacientes com esteatose hepática sem investigação prévia no período de fevereiro 85 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia de 2012 a julho de 2013.Foram excluídos os pacientes que após avaliação diagnostica obtiveram diagnostico de esteatose alcoólica ou associada ao VHC. Resultados: A amostra constitui-se de 41 pacientes com diagnóstico de esteatose hepática através de exame de imagem. Ao serem excluídos os pacientes com VHC/etiologia alcoólica, 30 pacientes foram avaliados. A população estudada foi de 23 mulheres (76%) e 07 homens (24%), com média de idade de 54,6 anos. O índice APRI foi considerado normal em 24(80%), indeterminado em 04(13) e com fibrose significativa em 02(7%). Em relação ao NAFLD Score, foi considerado normal em 10(33%), indeterminado em 19(63%) e com fibrose significativa em 1(6%). A possibilidade de o exame ser considerado normal foi significativamente maior no índice APRI (p<0,01), RR 2,4 (IC95%1,44,1). Conclusão: O índice APRI na população estudada foi em sua maioria preditivo de fibrose não avançada, enquanto que o NAFLD Score apresentou resultados de grau indeterminado. Visto a discrepância entre esses resultados, avaliação baseada em biópsia hepática é necessária para determinar qual método tem maior acurácia. TL 204 AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE O PESO, O IMC E O GRAU DE FIBROSE HEPÁTICA EM PACIENTES NO PRÉ-OPERATÓRIO DE CIRURGIA BARIÁTRICA Taianne Machado Nascimento, Antônio Alves Júnior, Marco Antônio Fontes Sarmento, Maria Rosa Melo Alves, Tiago Rodrigo Pereira de Freitas, Bruna Karoline Pinheiro França, Paulo Vicente dos Santos Filho UFS Introdução: A obesidade é um problema crescente de saúde no mundo. Uma de suas conseqüências é a doença hepática gordurosa não-alcoólica (DHGNA) que é o aumento de gordura no fígado não relacionado ao etilismo. Ela engloba desde esteatose hepática isolada, que é o acúmulo de gordura sem inflamação, até esteato-hepatite com fibrose, podendo levar à cirrose hepática. Um dos tratamentos para a obesidade é a cirurgia bariátrica. Objetivo: Verificar a relação entre o grau de fibrose hepática e o peso em pacientes no préoperatório de cirurgia bariátrica. Material e Método: Durante o período de Janeiro de 2011 a Abril de 2013, foi realizado um estudo observacional transversal, avaliando 50 pacientes no pré-operatório de cirurgia bariátrica. Os dados clínicos utilizados foram peso, IMC e sexo. Para categorizar o perfil hepático foi utilizado o escore de fibrose do NAFLD (non alcoholic fatty liver disease) que avalia o grau de fibrose avançada no fígado a partir da idade e do IMC e das dosagens plasmáticas de ALT, AST, albumina e plaquetas. Pacientes com NAFLD abaixo de -1,455 não apresentariam fibrose avançada e seriam categorizados como grupo I, pacientes com NAFLD acima de 0,676 apresentariam fibrose avançada e seriam do grupo II, enquanto pacientes com NAFLD entre esses valores, apresentam escore indeterminado e seriam do grupo III. Resultados: O grupo I era composto de 2 (4%) pacientes, ambas do sexo feminino, a média do peso e do IMC foi de 88,5 Kg e 34,5Kg/m². A média de ALT,AST, albumina e plaquetas(mm³) foi de respectivamente, 17,5U/L, 18U/L, 3,55g/dL e 512.000. O grupo II era composto de 22(44%) pacientes, 13 do sexo feminino e 9 do sexo masculino, a média do peso e do IMC foi de 117Kg e 41Kg/m²; a média de ALT,AST, albumina e plaquetas (mm³) foi de respectivamente, 27,6U/L, 23,7U/L, 4,17g/dL e 228091. Enquanto o grupo III era composto de 26(52%) pacientes, 20 do sexo feminino e 6 do sexo masculino, a média do peso e do IMC foi de 110,3Kg e 39,2Kg/m². A média de ALT, AST, albumina e plaquetas (mm³) foi de respectivamente,35,7 U/L,22,3U/L, 4,14g/dL e 295137. Conclusão: Os pacientes do grupo II, categorizados como portadores de fibrose hepática avançada, apresentaram maiores peso e IMC quando comparados com essas médias dos grupos I e II . 86 TL 205 NAÏVE RESISTANCE MUTATIONS TO PROTEASE INHIBITORS ON BRAZILIAN HCV INFECTED PATIENTS: A NEW CONCERN ABOUT GENOTYPING TARGET TECHNIQUES Isabel M. V. G. de Carvalho1,2, Rafael Alves2, Polyana A. VasconcelosMedeiros de Souza1, Edvaldo F. da Silva3, Daniel Mazo3, Flair J. Carrilho3, Artur T.L. Queiroz4, Mário G. Pessoa3 1 2 Imunologia Viral, Instituto Butantan, São Paulo, Brazil. Laboratório de Hepatologia Molecular Aplicada, Setor de Hepatites (LHeMA), Divisão de Gastroenterologia, Universidade Federal de São Paulo, 3 São Paulo, Brazil. Department of Gastroenterology, University of 4 São Paulo School of Medicine, São Paulo, Brazil. Laboratório de Imunoparasitologia, Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz, Salvador, Bahia, Brazil Abstract. Background & Aims: Several new direct acting antiviral (DAA) drugs are in development for chronic hepatitis C virus (HCV) infection treatment, including the already approved NS3 protease inhibitors. HCV variants presenting drug-resistant phenotypes were observed both in vitro and during clinical trials. Our aim was characterize amino acid changes at positions previously associated with resistance in protease (NS3) from treatment-naïve HCV Brazilian patients infected with genotypes 1a and 1b. Methods: Plasma samples were obtained from 171 previously identified HCV 1a and 1b patients-infected naïve of DAA treatment. Nested PCR and Sanger sequencing methods were used to obtain the genetic information of the NS3 protein. Bioinformatics tool were used to confirm subtype information and analyze frequencies of resistance mutations and codon composition. Results: Non-NS3 target techniques demonstrated discordance with phylogenetic analyses. Genotype 1a showed 7.4% patients with resistance-associated mutation, at V36L, T54S, Q80K and R115K positions. Nevertheless, genotype 1b presented 5.1% patients with resistance-associated mutations at V36L, Q41R, T54S and D168S positions. The positions 155 and 80 codons presented differences between world isolates and the Brazilian sequenced population of this study. Conclusions: Our study shows that genotyping methods targeting NS3 protein shows higher sensitivity, compared to mainstream methodologies. The resistance mutations presence in naïve patients and codon composition bias by geographically locations needs attention to improve new treatments effectiveness. Keywords: HCV; Hepatitis C; Protease Inhibitors; Resistance; Genotyping; TL 206 GAMA-GLUTAMIL TRANSPEPTIDASE (GGT): HÁ CORRELAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS SÉRICOS DE GGT E DE ALFA-FETOPROTEÍNA EM PACIENTES CIRRÓTICOS COM CARCINOMA HEPATOCELULAR? Renato Ferreira da Silva, Cibele Matsuura de Oliveira, Patrícia da Silva Fucuta Pereira, Paulo César Arroyo Júnior, Willian José Duca, Helen Catharine Camarero de Felício, João Paulo Correa do Amaral, José Eduardo Pivaro Monteiro, Rita de Cássia Martins Alves da Silva FAMERP/Hospital de Base de São José do Rio Preto Introdução: A alfa-fetoproteína (AFP) é freqüentemente utilizada como ferramenta prognóstica em carcinoma hepatocelular (CHC). Alguns estudos sugerem que os níveis séricos de gama-glutamil transpeptidase (GGT) podem também ter esse papel. Este estudo tem como intuito verificar se há interação entre os valores séricos de GGT e AFP em pacientes cirróticos com carcinoma hepatocelular a fim de investigar o possível papel da GGT neste contexto. Objetivos: Analisar a correlação entre níveis séricos de GGT e AFP em pacientes cirróticos com carcinoma hepatocelular. Métodos: Estudo retrospectivo de pacientes com diagnóstico de carcinoma hepatocelular, de 1998 a Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters 2012, em um Hospital Universitário. As variáveis estudadas foram: gênero, idade, diâmetro do tumor, número de nódulos e classificação histológica de Edmondson-Steiner. O diagrama em árvore foi aplicado para verificar a possível interação entre as variáveis. O teste de MannWhitney foi usado para comparar as variáveis contínuas com distribuição não-normal. Resultados: Na revisão de 277 prontuários de pacientes com carcinoma hepatocelular, 84,5% eram do gênero masculino, com média de idade de 57 anos. A classificação histológica de EdmondsonSteiner (grau 1 a 4) mostrou essa distribuição: G1=33,3%, G3=56,9% e G4= 9,8%. O número de nódulos foi: 1 - 64,6%, 2 - 10,2%, 3 - 3,4% e múltiplos nódulos - 21,8%. O valor da mediana da AFP foi 60,7 ng/ml (variando de 1,1 ng/ml a 219.200,00 ng/ml). O valor da mediana da GGT foi 124,5 UI/L (variando de 10 UI/L a 967 UI/L). Os pacientes foram dicotomizados de acordo com o nível de corte da GGT = 166 UI/L (Diagrama em Árvore). Entre os pacientes com GGT <= 166 UI/L, o valor da mediana da AFP (variação) foi 41,5 ng/ml (1,1 - 100.672,00) e entre aqueles com GGT > 166 UI/L foi 180 ng/ml (2,4 - 219.200,00), p = 0,014. Não houve diferença entre o diâmetro do maior nódulo entre os dois grupos: mediana 4,6 cm (0,6 - 26) e mediana 5 cm (2 15,4) para GGT <= 166 UI/L e > 166 UI/L, respectivamente, p = 0,11. Conclusão: Identificou-se um valor de corte que mostrou interação entre GGT e AFP. Quando GGT foi maior que 166 UI/L, os valores da AFP foram significativamente maiores se comparado com pacientes com menor valor de GGT. A significância clínica deste achado não pôde ser explicada a partir dessa análise. Portanto, o estudo de outras variáveis poderá esclarecer o papel da GGT em pacientes com CHC. Palavras-chave: alfa-fetoproteína, gama-glutamil transpeptidase, carcinoma hepatocelular TL 207 ATIVIDADE DE ENZIMAS ANTIOXIDANTES E PERFIL BIOQUÍMICO EM PACIENTES PORTADORES DO VÍRUS DA HEPATITE C Adriana Paulino do Nascimento, Luana Jéssica da Silva, Luis Cristóvão de Moraes Sobrino Porto HLA - UERJ Introdução: As doenças hepáticas crônicas representam importante problema de saúde pública, atingindo cerca de 1,5 milhões de pessoas por ano. A infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) é atualmente a principal causa de doença hepática crônica. Existe uma associação entre a presença do HCV e o aumento das espécies reativas de oxigênio e nitrogênio. Objetivo: Baseado nisto, o objetivo do trabalho foi avaliar o perfil bioquímico e a atividade antioxidante de indivíduos controle e de pacientes com HCV sem tratamento, com 12, 24 e 48 semanas de tratamento e pós-tratamento. Material e Métodos: Foram estudados 17 voluntários controle e 86 pacientes com HCV, sendo 56 sem tratamento, 7 com 12 semanas de tratamento, 9 com 24 semanas de tratamento, 3 com 48 semanas de tratamento e 11 póstratamento. Amostras de sangue foram coletadas e processadas e o plasma foi utilizado para as análises bioquímicas e de atividade antioxidante. Resultados: Os voluntários controle apresentaram resultados de bioquímica padrão, perfil renal e perfil hepático dentro da faixa dos valores de referência. Os subgrupos de pacientes com HCV sem tratamento, 12 e 24 semanas de tratamento e pós-tratamento apresentaram alteração do perfil hepático com elevação das enzimas hepáticas alanina transaminase e aspartato transaminase e da bilirrubina direta. A glicemia também estava elevada nos pacientes com HCV sem tratamento e com 24 semanas de tratamento, assim como o ácido úrico nos pacientes com HCV com 12 e 24 semanas de tratamento. O subgrupo de pacientes com HCV com 48 semanas de tratamento foi o único que não apresentou alteração das enzimas hepáticas, apresentando elevação nos resultados de albumina, glicemia, ácido úrico e bilirrubina direta. Não encontramos diferença na atividade das enzimas antioxidantes glutationa peroxidase e superóxido dismutase entre os grupos de indivíduos controle e os pacientes com HCV, assim como entre os subgrupos de pacientes Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 com HCV. Conclusão: Nossos resultados mostraram que embora houvesse alteração no perfil hepático, os pacientes com HCV não apresentaram alteração na atividade de duas importantes enzimas antioxidantes. Entretanto, mais indivíduos precisam ser inseridos no estudo para confirmar estes resultados, assim como outros indicadores de estresse oxidativo. TL 208 INCIDÊNCIA DE REATIVAÇÃO DE HEPATITE B EM COORTE DE PORTADORES INATIVOS Flavio Vecchi Barbosa Junior, Karina de Almeida Vieira, Renata Vaucher de Oliveira, Francisco Jose Dutra Souto Hospital Universitário Júlio Muller, Universidade Federal de Mato Grosso Introdução: A infecção crônica pelo HBV pode ter um comportamento benigno, em que há pouca lesão tecidual e baixa replicação viral, chamado estado de portador inativo. No entanto, a diferenciação da hepatite B crônica HBeAg negativo pode ser difícil e o seguimento desses indivíduos para monitorar essa situação é recomendada. Objetivos: Descrever coorte aberta de portadores inativos do HBV, descrevendo a incidência de reativação, cirrose e carcinoma hepatocelular (CHC). Analisar fatores que possam prever o surgimento de reativação. Material e Métodos: Pacientes considerados portadores inativos acompanhados em um serviço de referência em Hepatologia. Descrição de taxas de densidade de incidência e análise multivariada por regressão de Cox para variáveis associadas à reativação. Resultados: 224 pacientes sem evidências de doença hepática, aminotransferases, função hepática e ultrassom normais foram incluídos se não apresentassem sinais de atividade no primeiro ano. Carga viral (DNA do HBV) inicial foi pesquisada em 88 (39%) dos casos e tinham que estar abaixo de 2.000 UI/mL. O acompanhamento foi no mínimo de 12 meses e máximo de 118, com mediana de 19 meses. Trinta pacientes reativaram: elevação de ALT (70%), elevação de DNA HBV acima de 2.000 UI/mL (40%), cirrose (10%) e CHC (3,3%). A densidade de incidência de reativação foi de 11,8 reativações por 100 pessoas-ano (IC95%: 8,3 - 16,9). A densidade de incidência de cirrose e CHC foram, respectivamente, 1,2 e 0,4 casos por 100 pessoas-ano. Na análise de Cox, estavam associados à reativação ter entrado na coorte em anos amis recentes (p=0,001) e valor de AST inicial normal mas próximo do limite máximo (0,022). Conclusão: A densidade de incidência encontrada reforça a necessidade da equipe de saúde se manter atenta aos pacientes classificados como portadores inativos pelo risco de reativação em torno de dez reativações novas por 100 pessoas-ano. A incidência de cirrose e CHC podem ter sido baixas porque o tempo de acompanhamento precisaria ser mais longo para permitir a ocorrência dessas complicações de longo prazo. A AST próxima do limite máximo normal pode ser uma pista para atividade viral ressurgida, ou antes, não suspeitada. A maior taxa de reativação nos anos mais recentes da coorte pode ser consequência do maior acesso a testes moleculares nos últimos anos, melhora na sensibilidade ou critérios internacionais atuais mais rigorosos para separar os ativos dos portadores inativos. TL 209 PRESENÇA DE CIRROSE HEPÁTICA E DIABETES MELLITUS SÃO PREDITORES DE NÃO RESPOSTA AO TRATAMENTO ANTIVIRAL EM UMA COORTE COM 394 PACIENTES PORTADORES DE GENÓTIPO 1 DE HEPATITE C: RESULTADO DE UM ESTUDO DE VIDA REAL Daniela Martins Mariz, Flavia Ferreira Fernandes, Zulane da Silva Tavares Veiga, Gustavo Henrique Santos Pereira, Camila Marques de Alcantara Barreto, Carlos Frederico Ferreira Campos, Emília Omram Ahmed, João Luiz Pereira Setor de Gastro-hepatologia do Hospital Federal de Bonsucesso 87 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia Introdução: Estudos de registro de interferon peguilhado (INFPEG) e ribavirina (RBV) evidenciaram resposta virológica sustentada (RVS) de 42 a 46% para portadores de infecção crônica pelo vírus C (HCV), genótipo 1. Na prática diária estes resultados não costumam ser reproduzidos. Objetivo: Avaliar os fatores que interferem na RVS do tratamento da HCV genótipo 1 em um estudo de vida real. Material e Método: Foram avaliados, em uma coorte não selecionada, consecutiva, 394 pacientes, portadores de HCV, genótipo 1, monoinfectados, tratados no período de janeiro de 2003 a junho de 2011. Na análise univariada (testes qui-quadrado e ttest) foram estudadas variáveis demográficas e laboratoriais como preditoras de RVS. Os resultados foram expressos em percentuais para variáveis categóricas e médias ± DP para variáveis contínuas. Em seguida foi realizada regressão logística para as variáveis significativas (p<0.05). Resultados: Os pacientes eram na sua maioria homens (54%), brancos (55%) com média de idade de 53 anos (±9 anos). A carga viral pré-tratamento era elevada (>600.000 UI/ml) em 53% dos pacientes. Observamos 48% de fibrose leve (F1/F2 Metavir), 24% de fibrose avançada (F3/F4 Metavir) e 28% de cirrose clínico-laboratorial. Dentre os pacientes com cirrose hepática encontramos: 63% com varizes esofageanas (VE) sem ascite, 11% com ascite e/ou VE e/ou encefalopatia hepática e 7% com hemorragia digestiva prévia. Em 19% dos cirróticos o diagnóstico foi apenas histológico. A média do Child foi 5.68 (±1.32) e do Meld 9.35 (±2.53). Dezoito porcento foram tratados com interferon convencional, 27% PEG2a e 55% PEG 2b. Obtivemos RVS em 26%, 48% foram não respondedores, 7% recidivaram durante o tratamento e 16% após. Na análise univariada se correlacionaram com RVS: cirrose hepática (p 0.044), cor branca (p 0.025), resistência insulínica (p 0.04) e resposta virológica rápida(p <0.001). Na análise multivariada: ausência de DM (RR 2.3, IC 95% de 1.1-4.8, p 0.026) e ausência de cirrose (RR 2.6, IC 95%, 1.1-6.2, p 0.0033) se correlacionaram com RVS. Conclusão: No dia a dia do tratamento de pacientes com HCV não conseguimos obter a RVS informada em estudos de registro. DM e cirrose hepática devem ser considerados como fatores pré-tratamento associados à redução da probabilidade de obter RVS. TL 210 COMPARAÇÃO DA EFICÁCIA DO INTERFERON PEGUILADO ALFA 2a E ALFA 2b NO TRATAMENTO DE PACIENTES PORTADORES DE HEPATITE C CRÔNICA GENÓTIPO 1 Fernanda de Quadros Onófrio, Cristiane Valle Tovo, Henrique de Azeredo Mirenda, Angelo Alves de Mattos, Alberi Feltrin, Leandro Casagrande, Paulo Roberto Lerias de Almeida e alfa 2b apresentaram 31,4% e 28,2% respectivamente, p=0,67. Conclusão: Pacientes com VHC genótipo 1 tratados com PEG-IFN alfa-2a e alfa-2b apresentam taxa de RVS semelhantes. TL 211 PREVALÊNCIA DO MARCADOR DA HEPATITE C EM PACIENTES COM DIABETES MELLITUS Débora Araújo, Tiemi Oki L, Camilla Lima, Eloy Franca, Tereza Virgínia Nascimento, Karla Rezende, Alex Franca Universidade Federal de Sergipe Introdução: Diversos estudos epidemiológicos têm evidenciado a relação entre a infecção pelo vírus C da hepatite (HCV) e diabetes mellitus (DM). No entanto, existem ainda certas lacunas na literatura e presença de dados inconclusivos. Alguns estudos relatam que os diabéticos fazem parte do grupo de risco para infecção pelo HCV. Referem que tal ligação pode ser devido à maior exposição parenteral desses pacientes, através de dispositivos para aplicar insulina e medida da glicemia constantemente; ou mesmo pela predisposição, causada pelo vírus, ao desenvolvimento da doença. Diante disso e da escassez de estudos epidemiológicos sobre o assunto, este estudo foi realizado. Objetivos: Determinar a prevalência do marcador sorológico da hepatite C em pacientes com diabetes mellitus no nosso meio. Material e Métodos: Foi realizado teste sorológico para o anticorpo anti-HCV em 242 pacientes, sendo 166 com diabetes mellitus e 86 sem a doença (grupo controle). Foram coletados, também, dados de inúmeras variáveis através de um questionário estruturado. Resultados: A amostra dos pacientes com diabetes mellitus consistiu de 26 com diabetes tipo 1 e 140 tipo 2. Entre eles a maioria do sexo feminino (75,9%). Idade média de 55,8 anos. No grupo dos pacientes com DM, 123 usavam insulina e mais de 70% apresentaram lesões em órgãos-alvo devido a complicações causadas pela doença. Na amostra estudada nenhum paciente apresentou positividade do marcador sorológico da hepatite C, seja no grupo dos pacientes com diabetes ou no grupo controle. Conclusão: Na amostra avaliada não houve maior prevalência de marcador de hepatite C nos pacientes diabéticos quando comparados a indivíduos não diabéticos. A gravidade do DM parece não interferir na maior prevalência de hepatite C. TL 212 QUANTIFICAÇÃO DO HBsAg: UMA NOVA PERSPECTIVA PARA O MONITORAMENTO DA HEPATITE B CRÔNICA Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre Renata Moura Tereza Virginia Nascimento, Alex Vianey Introdução: A hepatite pelo vírus C (VHC) é uma das principais causas de hepatopatia crônica no Brasil e acarreta significativa morbimortalidade, sendo de grande importância conhecer a eficácia das drogas disponíveis para sua terapêutica. Desde 2002 o interferon alfa peguilhado (PEG-IFN) vem sendo usado no tratamento desta infecção, combinado à ribavirina, com bons resultados. Existem dois tipos de PEG-IFN: o alfa 2a e o alfa 2b; no entanto, as evidências produzidas até o momento não são conclusivas em indicar a superioridade de um em relação à outro. Objetivo: Comparar a eficácia dos dois tipos de PEG-IFN no tratamento de infectados pelo VHC genótipo 1 avaliados em um centro de aplicação e monitorização de medicamentos injetáveis (CAMMI) do Estado do Rio Grande do Sul. Materiais e Métodos: Revisão de prontuários dos pacientes com VHC genótipo 1 encaminhados para um CAMMI do Estado no período de 2004 a 2011 e comparação das taxas de resposta virológica sustentada (RVS) entre os dois grupos de tratamento. Resultados: Foram avaliados 700 pacientes, sendo 56,7% do sexo masculino, com média de idade de 51 anos. A taxa de pacientes com resposta virológica completa na semana 12 foi de 57,9% no grupo tratado com PEG-IFN alfa 2a e de 48,2% no grupo tratado com PEGIFN alfa 2b (p=0,04). Em relação à RVS, pacientes que receberam PEG-IFN alfa 2 Universidade Federal de Sergipe 88 Introdução: A mensuração do VHB DNA é considerada padrão ouro para o monitoramento da carga viral, porém, é de alto custo e não disponível em algumas regiões. A quantificação HBsAg tem surgido como uma alternativa barata e de fácil realização no monitoramento do tratamento da Hepatite B. A ausência de estudos em nosso meio levou à elaboração de pesquisa para avaliar a utilidade da quantificação do HBsAg em relação a outros marcadores de replicação viral clínica. Objetivos: avaliar a relação entre a quantificação do HBsAg e medida de carga viral do VHB pela PCR e o HBeAg em pacientes com hepatite B crônica; correlacionar os níveis de HBsAg com as transaminases. Material e Métodos: Estudo observacional, prospectivo, com portadores de hepatite B crônica, com idade ≥ 18 anos, em acompanhamento regular no período de 11/2011 a 12/2012. Foram excluídos pacientes com VHC e/ou HIV e em uso de imunossupressores. A seleção dos pacientes (128) foi aleatória, oriunda de demanda espontânea. Foram realizadas análises do HBsAg quantitativo, HBeAg e quantificação da carga viral do VHB DNA. O trabalho foi realizado mediante aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa. As sorologias foram realizadas utilizando equipamento automatizado Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters Architect, com resultados expressos em UI/mL e em S/CO, respectivamente. A quantificação da carga viral do VHB foi realizada através da PCR Real Time (PCR-VHB), com equipamentos automatizados da Roche Diagnostics - Ampliprep (extração) e Cobas Taqman 48 (amplificação e detecção). Utilizou-se o teste de Spearmn para a análise das correlações (com valores entre 0 e 1, entendendo-se que quanto mais próxima de 1, mais perfeita é a correlação, onde são classificadas como fraca (< 0,30), regular (0,30-0,60), forte (0,61-0,90) e muito forte (>0,90). Considerou-se significativo quando p ≤ 0,05 Resultados: Dos 128 pacientes, 77 (60,2%) eram do sexo masculino; a faixa etária predominante foi de 31-50anos (59,4%); apresentaram HbeAg reagente 25 (19,5%) e carga viral acima de 2.000UI/ml, 40 (31,2%). A correlação global entre o HBsAg quantitativo e o PCR-VHB foi fraca (rs=0.197; p=0,025) mesmo quando considerados apenas os HBeAg + (rs=0.235; p=0,263). A correlação entre o VHB DNA e o HBeAg foi regular (rs=0,544; p=0,026).Não foi verificada correlação estatística entre as transaminases e o HBsAg quantitativo. Conclusão: Os resultados sugerem não haver relação entre a quantificação do HbsAg e outros sinais séricos de replicação viral. TL 213 PERFIL NUTRICIONAL DE PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA CANDIDATOS A TRATAMENTO COM PEG-INTERFERON E RIBAVIRINA Vanessa Aparecida de Santis e Silva, Maria Lucia G. Ferraz, Roberto de Carvalho Filho, Antonio Eduardo Benedito Silva, Ivonete S. S. Silva UNIFESP Introdução: O tratamento da hepatite C crônica é baseado na combinação de interferon peguilado e ribavirina, o qual interfere no estado nutricional dos pacientes. Por outro lado, poucos estudos avaliam o estado nutricional no pré-tratamento. Objetivo: Avaliar o estado nutricional e o perfil alimentar dos pacientes candidatos ao tratamento da hepatite C crônica com peginterferon e ribavirina. Material e Métodos: Estudo descritivo prospectivo, realizado em pacientes com hepatite C crônica genótipo 1, candidatos a tratamento com PEG-interferon mais ribavirina entre 2011 e 2013. Foi realizada avaliação antropométrica (peso, estatura, cirunferências e dobras cutâneas) e análise qualitativa e quantitativa do hábito alimentar a partir do recordatório habitual. Resultados: Foram avaliados 61 pacientes, com média de idade de 49±11 anos, sendo 52% mulheres. Segundo o índice de massa corporal (IMC), 5% eram desnutridos, 39% eutróficos, 36% sobrepeso e 20% obesos; dados semelhantes aos encontrados no Sisvan- 2013 (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional) em que 4,7% da população brasileira têm desnutrição, 37,7% eutrofia, 32,9% sobrepeso e 24,7% obesidade. A partir da avaliação da circunferência abdominal (Cabd), 79% apresentaram risco para doenças crônicas não transmissíveis. Segundo a dobra cutânea tricipital (DCT), 78% eram eutróficos e 20% obesos; e de acordo com a circunferência muscular do braço (CMB), 57% eram eutróficos e 20% tinham deficiência de massa magra. Na análise do hábito alimentar, 52% consumiam carboidratos, 20% proteínas e 31% lipídeos. Taxas semelhantes a estas são descritas na população brasileira POF (Pesquisa de Orçamento Familiar) 2008-2009. Em relação à qualidade alimentar, 87% apresentaram alimentação não equilibrada. Conclusão: Os pacientes foram na sua maioria eutróficos de acordo com o IMC, DCT e CMB, porém com risco aumentado para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. Da mesma forma o consumo de macronutrientes foi adequado, porém com baixa qualidade. Diante disso, observa-se a importância da avaliação nutricional adequada no pré-tratamento para que possíveis deficiências/excessos no perfil nutricional sejam corrigidos. Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TL 214 ÍNDICE PLAQUETA/BAÇO COMO PREDITOR DE DESCOMPENSAÇÃO HEPÁTICA EM PACIENTES PORTADORES DE HEPATITE C CRÔNICA E TROMBOCITOPENIA Flavia Fernandes, Gustavo Pereira, Zulane Veiga, Daniela Martins, Camila Barreto, José Carlos Lino, Aline Peixoto, João Luiz Pereira Hospital Federal de Bonsucesso Introdução: Métodos não invasivos têm sido avaliados no intuito de predizer risco de descompensação nas hepatopatias crônicas. O índice plaqueta/baço (P/B) é composto por exames simples, não invasivos, e que fazem parte da rotina dos pacientes com hepatite C crônica (HCC). Não há estudos avaliando o valor do P/B para predição de descompensação hepática nesta população. Objetivo: avaliar a acurácia do P/B nos pacientes ambulatoriais com HCC e plaquetopenia, como preditores de descompensação. Material e métodos: estudo prospectivo com inclusão de 76 pacientes consecutivos, portadores de HCC e plaquetopenia (plaquetas abaixo de 150.000). À inclusão, após assinarem TCLE, foram realizados EDA, USG de abdome e exames laboratoriais. Avaliada a incidência de descompensações ao longo de 2 anos. A presença de fatores associados à descompensação foi avaliada segundo o modelo de Cox. Resultados: média de idade de 57±11 anos, 53 % do sexo feminino, diâmetro bipolar do baço (DBB) 119 ± 23mm, plaquetas de 110 ± 34 x109/L. A média do P/B foi 956±383. Os valores de bilirrubina, albumina e INR foram 1,2±0,6, 4,4±0,5 e 1,13±0,11. MELD 9±2, 95% Child A. À EDA, 26 pacientes apresentavam varizes esofagianas (VE). Ao final de dois anos, houve perda de seguimento de 13 (17%) pacientes, 52 (82%) seguiam livres de descompensações, 11 apresentaram uma ou mais descompensações. Houve 3 óbitos. As descompensações mais frequentes foram ascite, encefalopatia hepática e hemorragia digestiva alta varicosa (6,3 e 2 eventos). À análise univariada, P/B, albumina e VE foram fatores preditores de descompensações, com p valor de 0.020, 0,080 e 0.009, respectivamente. MELD, Child, DBB e plaquetas não foram preditores de descompensações. Os valores de P/B e albumina inferiores a 1000 e 4,4, respectivamente, foram aqueles com maior acurácia em predizer o desfecho (RR 8,6 (IC 95% 1,1-1,68) e 4,8 (IC 95% 1,2-18,6)). À análise multivariada, índice P/B inferior a 1000 foi o único preditor independente de descompensações (RR 9,0 IC95% 1,1 - 7,1, p 0.037). A sobrevida livre de descompensações nos pacientes com P/B maior ou menor que 1000 foi de 97 e 77% (p 0.013). Conclusão: pacientes ambulatoriais com HCC e plaquetopenia apresentam, no prazo de 2 anos, elevada incidência de complicações relacionadas à doença. A presença de hipertensão porta, avaliada de forma não invasiva, pode predizer a sobrevida livre de descompensações neste grupo de pacientes. TL 215 TRATAMENTO DA HEPATITE C CRÔNICA: INFLUÊNCIA DOS ASPECTOS NUTRICIONAIS NA RESPOSTA VIROLOGICA RÁPIDA Vanessa Aparecida de Santis e Silva, Maria Lucia G. Ferraz, Roberto de Carvalho Filho, Antonio Eduardo Benedito Silva, Ivonete S. S. Silva UNIFESP Introdução: Durante o tratamento da hepatite C crônica baseado em interferon peguilado (PEG-IFN) e ribavirina (RBV), um importante fator preditivo de resposta é o comportamento da carga viral na semana 4 de tratamento. Pacientes com resposta rápida (RVR) têm alta chance de apresentar resposta virológica sustentada (RVS). O impacto do estado nutricional sobre o comportamento da RVR ainda não é conhecido. Objetivo: avaliar aspectos nutricionais de portadores de hepatite C crônica tratados com PEG-IFN e RBV em relação à resposta virológica rápida (RVR). Material e Métodos: Estudo prospectivo de pacientes com hepatite C crônica genótipo 1, virgens de tratamento, tratados entre 2011 e 2013. Durante o tratamento foi analisada a RVR 89 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia (presença ou ausência do HCVRNA na 4ª semana) que foi comparada com medidas antropométricas (peso, estatura, circunferências e dobras cutâneas) determinadas no período basal e na quarta semana. Resultados: Foram avaliados 61 pacientes, com média de idade de 49 ± 11 anos, sendo 52% mulheres. Dos pacientes estudados, 11,5% (n=7) tiveram RVR. Foram estudadas as medidas antropométricas: dobra cutânea tricipital (DCT), cálculo do índice de massa corporal (IMC), cirunferência abdominal (Cabd) e circunferência muscular do braço (CMB), no período basal e na 4ª semana de tratamento. Pacientes desnutridos, quando avaliados pela CMB, tiveram significativamente menor ocorrência de RVR, quando comparados a pacientes eutróficos (0% versus 21%, p=0,03). Conclusão: A análise antropométrica neste estudo demonstrou que pacientes que chegaram desnutridos, de acordo com a CMB na 4ª semana de tratamento, não alcançaram a RVR, o que pode ter impacto na chance de alcançar a resposta virológica sustentada. Desse modo, esforços devem ser feitos para a correção dos aspectos nutricionais para otimizar a resposta ao tratamento. TL 216 ASSOCIAÇÃO DOS ASPECTOS NUTRICIONAIS COM GRAVIDADE HISTOLÓGICA NA HEPATITE C CRÔNICA Vanessa Aparecida de Santis e Silva, Maria Lucia G. Ferraz, Roberto de Carvalho Filho, Antonio Eduardo Benedito Silva, Ivonete S. S. Silva UNIFESP Introdução: Diversos fatores de progressão da fibrose hepática na infecção crônica pelo vírus da hepatite C (HCV) têm sido identificados, porém o papel dos aspectos nutricionais na evolução da doença não está claramente definido. Objetivo: avaliar a associação do estado nutricional e do perfil alimentar com aspectos histopatológicos de pacientes com hepatite C crônica candidatos a tratamento antiviral. Material e Métodos: Foram estudados prospectivamente, entre 2011 e 2013, pacientes com hepatite C crônica genótipo 1 candidatos a tratamento. No pré-tratamento, foram realizadas: biópsia hepática, medidas antropométricas (peso, estatura, circunferências e dobras cutâneas) e análise qualitativa do hábito alimentar a partir do recordatório habitual. Os achados histológicos analisados incluíram fibrose, atividade necroinflamatória periportal e esteatose hepática. Resultados: Foram avaliados 56 pacientes, com média de idade de 49 ± 11 anos, sendo 52% do gênero feminino. Treze pacientes (23%) apresentaram fibrose avançada (F3- F4), 14 (25%) apresentaram maior grau de atividade periportal (APP 3-4) e esteatose hepática esteve presente em 14 (25%) pacientes. As medidas antropométricas estudadas: índice de massa corporal (IMC), dobra cutânea tricipital (DCT), circunferência muscular do braço (CMB) e circunferência abdominal (Cabd), não tiveram relação com doença mais avançada ou presença de esteatose. Em relação à qualidade alimentar, os pacientes com fibrose mais avançada tiveram maior frequência de alimentação não equilibrada, quando comparados a pacientes com fibrose menos avançada (91% versus 67%; p=0,03). Do mesmo modo, pacientes com maiores graus de APP apresentaram mais frequentemente alimentação não equilibrada (97% versus 57%; p<0,001). Conclusão: A avaliação antropométrica não mostrou relação com gravidade de doença hepática, porém a má qualidade alimentar associou-se à doença hepática mais avançada, o que indica a necessidade de assistência nutricional aos pacientes com infecção crônica pelo HCV, sobretudo nas fases mais avançadas da doença. TL 217 MANEJO DE PACIENTE PORTADORA DE HEPATITE C ASSOCIADA À DOENÇA AUTOIMUNE: RELATO DE CASO Rodrigo Bartilotti Barachisio Lisboa, Hayza Borges da Silva Vieira Santos Centro Universitário Serra dos Órgãos 90 Introdução: A hepatite C (HC) é uma doença causada pelo vírus RNA da família Flaviviridae (HCV), seu diagnóstico é dado quando o anticorpo do HCV e seus ácidos nucleicos são detectados sorologicamente. Os casos mais graves de HC podem progredir para cirrose e descompensação hepática, sendo a imunossupressão um fator de risco para essa evolução. O tratamento disponível atualmente no Brasil dispõe de interferons e de ribavirina, a decisão terapêutica deve considerar uma série de fatores, que incluem a presença de comorbidades como, por exemplo, doenças autoimunes, já que a terapia disponível está intimamente ligada à resposta imunológica. Objetivos: Apresentar um relato de caso que explicita a necessidade da busca de linhas de cuidados que incluam soluções alternativas para portadores de doenças cujos tratamentos se contrapõem. Divulgar os quadros clínicos da HC e da Neuromielite Óptica (NMO). Material e Métodos: Relatamos o caso de uma paciente de 60 anos, sexo feminino, diagnosticada como portadora do vírus da HC desde os seus 51 anos e, posteriormente, após a perda de sua visão esquerda, diagnosticada com NMO (IgG-NMO +) e esclerose múltipla a partir da análise de uma tomografia computadorizada que detectou lesão medular. Resultados: Foi tratada por meio de sessões regulares de pulsoterapia para minimizar os efeitos da doença autoimune, entretanto, cursou com o aumento do HCV, tornando ineficaz a conduta. A busca pelo tratamento ideal que tratasse eficazmente as duas patologias se baseou em terapias não-farmacológicas de forma que não houvesse desajuste imunológico e aumentasse a qualidade de vida da paciente, no entanto, a conduta ocasionou a progressão - ainda que lenta - da NMO, gerando cegueira bilateral. Conclusão: Os tratamentos das patologias apresentadas pela paciente são antagônicos de forma que a escolha por um deles piora o prognóstico da outra. A conduta para esse quadro clínico levou em consideração a vontade da paciente, o que a deixaria mais satisfeita, de forma que é impossível classificar um desses tratamentos como o ideal a ser seguido. A busca pelos tratamentos alternativos se mostrou ser um meio eficaz de retardar a evolução do quadro autoimune e impedir a piora do quadro hepático, entretanto, esse ainda é um ramo pouco explorado pelo SUS-RJ, gerando um tratamento de alto custo que nem sempre podia ser arcado pela doente (tratamento descontínuo). TL 218 PERFIL DOS PACIENTES COM CIRROSE HEPÁTICA AVANÇADA ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE Elisa Grossi Mendonça, Maurício Augusto Bragagnolo Júnior, Carolina Frade Magalhães Pimentel, Ana Cristina do Amaral Feldner, Roberto José de Carvalho Filho, Mário Kondo UNIFESP Introdução: A cirrose hepática é uma condição ocasionada por certas doenças crônicas do fígado que provocam a formação de tecido cicatrizal e dano permanente ao órgão. Apesar das causas variarem, todas resultam no mesmo processo. Estima-se que aproximadamente 40% dos pacientes com cirrose são assintomáticos, mas podem apresentar complicações como: ascite, icterícia, hipertensão portal e encefalopatia hepática, que estão relacionados com a severidade da doença. Objetivos: Caracterizar o perfil dos pacientes de acordo com a etiologia da doença, descompensações associadas e severidade. Materiais e Métodos: Pacientes com idade acima de 18 anos, com diagnóstico de cirrose hepática, nos Ambulatórios de Doenças Hepáticas da Disciplina de Gastroenterologia da Universidade Federal de São Paulo. A avaliação do paciente foi realizada na forma de consulta clínica, com coleta de dados nos prontuários médicos. O estadiamento da doença hepática foi acessado através da Classificação de Child modificada por Pugh e. Resultados: Foram avaliados 86 pacientes, sendo 58 (67%) do sexo masculino, com média de idade de 55 ± 11 anos, as etiologias mais frequentes da cirrose hepática foram álcool (38,4%) e vírus da Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters hepatite C (24,4%). Quanto à gravidade da doença, 14 (16,3%) eram Child A, 37 (43%) Child B e 35 (40,7%) Child C. O Escore MELD teve como pontuação média 13,5 ± 5,2. Na avaliação inicial em relação às descompensações 34 (39,5%) tinham ascite e 12 (14%) tinham encefalopatia hepática. Quanto às condições clínicas previamente existentes no grupo estudado, a ascite foi a mais frequente entre as associadas à cirrose hepática (86% dos casos), enquanto a hipertensão arterial sistêmica e o diabetes mellitus foram as condições não diretamente associadas à cirrose hepática mais frequentes (29,0% e 26,7%), respectivamente. Conclusão:A cirrose hepática ainda tem como principais causas o consumo de álcool e vírus C, sendo a ascite a maior complicação, aumentando a severidade da doença. TL 219 TEMPO DE ESPERA E DESENVOLVIMENTO DE CIRROSE REDUZEM A POSSIBILIDADE DE RETRATAMENTO DA HEPATITE C CRÔNICA EM NÃO RESPONDEDORES Flavia Fernandes, Daniela Martins, Zulane Veiga, Camila Barreto, Vanessa Zenatti, Gustavo Pereira, João Luiz Pereira Hospital Federal de Bonsucesso Na última década o tratamento da hepatite C crônica (HCC) foi realizado com Interferon Peguilado e Ribavirina. A resposta virológica sustentada (RVS) está aquém do desejado e um grande número de pacientes previamente tratados aguarda nova oportunidade de tratamento. Objetivo: conhecer as características clínicas atuais e possibilidade de retratamento com inibidores de protease (IP) dos pacientes com HCC, genótipo1, não respondedores (NR). Material e métodos: análise de 394 pacientes com HCC, gen 1, tratados de 2003 a junho de 2011. Resultados: dos 394 pacientes tratados, 100 (25.6%) obtiveram RVS. Dentre os 294 NR houve 4 óbitos e 5 encaminhamentos ao transplante. Foram analisados os dados de 278 pacientes. São 151 homes (55%), com média de idade atual de 58 (±10) anos, dos quais 26 (9%) não conseguiram concluir o primeiro tratamento, 11% usaram eritropoetina e 7% GCSF. Dentre os que tiveram a carga viral avaliada durante o tratamento (90 pacientes) 27% não reduziram 2 log na 12ª semana, 51% reduziram 2 log na 12ª semana e 23% recidivaram após o término do tratamento. No momento do tratamento 22% apresentavam fibrose avançada (F3-4 Metavir) e 32% cirrose diagnosticada por critérios clínicos. Dentre os cirróticos 64% tinham sinais de hipertensão porta. Atualmente 45% destes pacientes apresentam cirrose, dos quais 16% apresentaram descompensações após o primeiro tratamento. A média do MELD era de 8.28 (±1.99) e atualmente é de 9.29 (±2.98) - p = 0,0016. O tempo médio de espera por um novo tratamento é de 5.48 (± 2.33) anos. Atualmente 118 (51%) pacientes tem indicação de retratamento pelos critérios do Ministério da Saúde (F≥3 de Metavir). Destes 29 (25%) tem critério de gravidade pelo CUPIC, 55 (46%) tem outras contraindicações e 19 (16%) apresentam ambas condições desfavoráveis. Considerandose os óbitos, pacientes encaminhados ao transplante e contraindicações atuais, 74/127 (58%) dos pacientes com indicação perderam a oportunidade de retratamento. O tempo de espera pelo retratamento se correlaciona a maior incidência de contra-indicações (p 0.04), ocorrendo em 39% que aguardam há menos de 5 anos e em 77% dos que aguardam há mais de 5 anos. Conclusão: a maioria dos pacientes com HCC previamente tratados, e que preenchem os critérios de retratamento com IP do Ministério da Saúde, apresentam contra-indicações ao uso de IP. A condição clínica desta população se deteriora progressivamente. São necessárias novas estratégias para o retratamento deste pacientes. Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TL 220 TRATAMENTO DA HEPATITE C CRÔNICA EM PACIENTES COM CIRROSE E HIPERTENSÃO PORTA Flavia Fernandes, Zulane Veiga, Daniela Martins, Gustavo Pereira, Emilia Ahmed, Vanessa Zenatti, João Luiz Pereira Hospital Federal de Bonsucesso Introdução: o tratamento da hepatite C crônica (HCC) com Interferon Peguilado (INFPEG) e ribavirina (RBV) acarreta diversos eventos adversos, sabidamente mais frequentes na população com cirrose. No estudo IDEAL, com o uso da dose de 1.0µg/Kg/dia de PEGINF ?2b obteve-se a mesma taxa de resposta virológica sustentada (RVS) que com a dose plena (1.5µg/Kg/dia). Objetivos: observar a tolerância e RVS de uma população de pacientes cirróticos por HCC e com hipertesão portal (HP) ao tratamento com PEGINF α2b na dose de 1.0µg/Kg/dia associado à RBV. Material e métodos: a HP foi definida como uma das seguintes condições: presença de varizes esofagianas (VE) ou plaquetas abaixo de 100.000/mm3 e baço maior que 13 cm a ultrassonografia abdominal (USG). O tratamento com PEGINF α2b na dose de 1.0µg/Kg/dia associado à RBV foi conduzido de forma habitual. Resultados: Entre fevereiro de 2011 e março de 2013, 17 pacientes com cirrose por HCC e HP, sem descompensação prévia, foram tratados. Apenas um deles era genótipo 3, os demais genótipo1. Todos assinaram TCLE. Trata-se de 58% de homens, com média de idade de 58 (DP±6) anos. Todos eram CHILD A, a média do MELD era 10 (DP±2) e 16 apresentavam VE. Dois (12%) apresentavam os critérios de gravidade descritos pelo estudo CUPIC (albumina<3,5 e plaquetas < 100.000). A dose média de RBV utilizada foi de 1000 mg (DP± 158mg). Apenas 2 pacientes concluíram o tratamento e 1 obteve RVS (o portador do genótipo 3). Os 14 demais tiveram o tratamento interrompido em média com 8 semanas (2 - 20), sendo que em 7 deles a interrupção ocorreu até a quarta semana. Um paciente apresentou resposta virológica rápida e 2 resposta precoce completa. Em um paciente foi necessário o uso de GCSF, em 2 EPO e a RBV foi suspensa em 1 caso. Os motivos que levaram à interrupção do tratamento foram: hemorragia digestiva alta (2), ascite (3), encefalopatia hepática (3), neutropenia grave, infeções não-PBE (3), síndrome coronariana aguda e colecistite alitiásica. Discussão: apesar do objetivo inicial ter sido a inclusão de 50 pacientes, interrompemos o estudo por considerarmos o risco de novos eventos adversos graves. Conclusão: a população de pacientes cirróticos por HCC, e que desenvolveram HP, apresenta elevada incidência e complexidade de descompensações relacionadas à doença durante o tratamento com PEGIFN e RBV. O tratamento destes pacientes com novos esquemas terapêuticos que ainda incluam estas drogas deve ser criteriosamente avaliado. TL 221 AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL POR PARÂMETROS ANTROPOMÉTRICOS DOS PACIENTES COM CIRROSE HEPÁTICA Elisa Grossi Mendonça, Maurício Augusto Bragagnolo Júnior, Carolina Frade Magalhães Pimentel, Ana Cristina do Amaral Feldner, Roberto José de Carvalho Filho, Flávia de Cassia dos Reis, Mário Kondo UNIFESP Introdução: A má nutrição não é causa de doença hepática, provavelmente, a desnutrição é o resultado de complicações da hepatopatia crônica. A avaliação nutricional é a peça chave para o manuseio do paciente, pois é através dela que se determina o diagnóstico nutricional no qual irá se basear a conduta de correção e/ ou adequação da ingestão alimentar. Objetivo: Avaliar a frequência de desnutrição em portadores de cirrose hepática (CH) atendidos em ambulatório. Métodos: Pacientes com diagnóstico de cirrose hepática, confirmada pela presença de alterações clínicas, laboratoriais, ultra-sonográficas e endoscópicas compatíveis ou por 91 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia confirmação histopatológica, quando possível. Com história de descompensações prévias ou cirrose hepática avançada e que consentiram participar deste estudo. O estado nutricional foi determinado pelos métodos antropométricos peso, altura, Índice de massa corporal (IMC), Circunferência do braço (CB), Circunferência Muscular do Braço (CMB), Prega Cutânea Triceptal (PCT). Resultados: De acordo com a avaliação pelo IMC a média foi de 25,3 ± 4,0 Kg/m², sendo que 8 (9,3%) foram considerados desnutridos, 44 (51,2%) eutróficos, 18 (20,9%) classificados com sobrepeso e 16 (18,6%) obesos. De acordo com avaliação pela CB 26 (30,2%) foram classificados como desnutridos, 17 (19,8%) apresentaram risco para desnutrição, 42 (48,8%) eram eutróficos e 1 (1,2%) era obeso. Quando avaliados pela CMB 25 (29,1%) eram desnutridos, 19 (22,1%) apresentavam risco para desnutrição, 41 (47,6%) estavam eutróficos e 1 (1,2%) foi classificado com obeso. Utilizando a PCT como parâmetro 13 (15,1%) estavam desnutridos, 19 (22,1%) apresentavam risco de desnutrição, 43 (50%) foram classificados como eutróficos e 11(12,8%) eram obesos. Conclusão:A desnutrição é comum em pacientes cirróticos em atendimento ambulatorial, porém, a frequência do seu diagnóstico varia segundo o método utilizado para avaliação nutricional, podendo subdiagnosticar ou superestimar a desnutrição. TL 222 AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE PACIENTES COM CIRROSE HEPÁTICA VERSUS CONTROLE SAUDÁVEIS ATRAVÉS DA DEXA Elisa Grossi Mendonça, Maurício Augusto Bragagnolo Júnior, Carolina Frade Magalhães Pimentel, Ana Cristina do Amaral Feldner, Roberto José de Carvalho Filho, Flávia de Cassia dos Reis, Mário Kondo UNIFESP Introdução: O interesse em conhecer as quantidades dos diferentes componentes corporais e suas relações com o estado de saúde tem sido uma constante para os profissionais envolvidos. Sabe-se que a composição corporal deve ser aferida sempre que possível. A Absortometria Radiológica de Dupla Energia (DEXA) não pode ser considerada como um método padrão ouro para determinação da massa magra, mas o método tem demonstrado ser confiável para avaliação da massa gorda, apresentando coeficientes de variação apenas 2% a 3%. Alterações na composição corporal são mais recentemente categorizadas em síndromes associadas a diferentes condições e doenças e o potencial papel da DEXA na avaliação da composição corporal em pacientes cirróticos. Métodos: Para o estudo da composição corporal foi utilizado o densitômetro de dupla emissão com fonte de raio-X da marca LUNAR DPX com softaware 2004. Eles foram posicionados pela pesquisadora na posição demarcada no aparelho, de forma que estivesse deitado, com as pernas esticadas no equipamento, com contenção nas pernas e braços, para que não houvesse alteração na posição causando erro no scanner. Foram avaliados massa adiposa (MA), percentual de gordura total (PGT) do tecido e região, percentual de gordura dos segmentos do corpo. Resultados: Comparadas as variáveis estudadas no grupo cirrose e controle, observou-se uma significativa redução nos percentuais de gordura do grupo com cirrose em relação aos controles nos diversos segmentos avaliados, bem como nos percentuais de gordura do tecido e da região, como também nos percentuais de gordura ginoide e androide. Ocorreu uma maior tendência em relação à obesidade no grupo controle em relação ao grupo com cirrose hepática (64,17% VS 37,21%, p= 0,054, pelo teste qui quadrado). E uma frequência significativa maior de eutrofia e desnutrição segunda a DEXA no grupo cirrótico em relação aos controles saudáveis (eutrofia = 30,23% vs 13,43%, p<0,05, pelo teste qui quadrado; e desnutrição = 18,60% vs 2,98%, p=0,015 pelo teste qui quadrado com correção de Yates). Conclusão: A DEXA é de interesse na avaliação nutricional de pacientes cirróticos pela gordura corporal, não só porque pode fornecer informações adicionais e mais precisa do estado nutricional, mas também, porque faz a estimativa dos 92 compartimentos corporais metabolicamente ativos por ser um método mais preciso e fornece dados precisos de perdas ou ganhos nos compartimentos corporais. TL 223 COINFECÇÃO POR CITOMEGALOVÍRUS E HERPES VÍRUS SIMPLES NO PÓS-TRANSPLANTE HEPÁTICO Daniela Lima Dias Soares, Suzana Silva Leal, Ana Luiza Cardoso Pinheiro, Conceição Maria de Oliveira Mendonça, Victor Rossi Bastos, Mariama Dantas Fagundes, Eduardo Lorens Braga, André Castro Lyra, Jorge Luiz Andrade Bastos Hospital São Rafael, Salvador - BA O transplante de fígado consiste na terapia mais efetiva para o tratamento de pacientes com cirrose hepática terminal. O uso de imunossupressores reduz os índices de rejeição aguda, porém predispõe a ocorrência de infecções por agentes oportunistas. Infecções por citomegalovírus (CMV) e outros herpes vírus são uma das principais causas de morbimortalidade após transplante de órgão sólidos. O CMV é o agente mais frequentemente associado à doença grave e morte, podendo ocasionar uma síndrome viral, doença localizada ou disseminada. Relatamos o caso de um paciente de 56 anos, sexo masculino, no 3° mês de pós-operatório de transplante hepático por cirrose criptogênica, em uso de imunossupressão com tacrolimus, micofenolato e prednisona, cursando com lesões cutâneas descamativas, disseminadas, mais proeminentes em membros superiores e inferiories há cerca de 15 dias da consulta. Evoluiu com úlceras dolorosas em mucosa oral associadas à odinofagia e dor abdominal difusa, de moderada intensidade. Foi submetido à Endoscopia Digestiva Alta (EDA) para investigação do quadro que evidenciou múltiplas ulcerações rasas, ovaladas, medindo entre 0,3 a 0,5 cm, não recobertas por fibrina, em toda extensão do esôfago, além de úlceras profundas, circulares, bordas elevadas e hiperemiadas, em estômago e segunda porção duodenal. Foram realizadas biópsias das bordas e do centro das maiores lesões e o material encaminhado à anatomia patológica. Análise microscópica do esôfago revelou células multinucleadas, cromatina lisa, homogênea e hipercromática, com infiltrado inflamatório mononuclear na lâmina própria, achados típicos de esofagite herpética. As úlceras gástricas e duodenais tinham células epiteliais com núcleos aumentados e hipercromáticos, com inclusões eosinofílicas intranucleares, características de processo inflamatório ulcerado por citomegalovírus. Solicitados PCR para CMV e herpes vírus simples que resultaram positivos. Foi iniciado curso terapêutico com Ganciclovir e Aciclovir, havendo melhora dos sintomas e cicatrização das úlceras do trato gastrointestinal. A coinfecção por citomegalovírus e herpes vírus simples é extremamente rara, acometendo indivíduos imunocompremetidos, A busca pelo diagnóstico correto é fundamental, já que as duas entidades requerem terapias anti-virais distintas, e se não tratadas, resultam em importante morbimortalidade. TL 224 O USO DE AMINOÁCIDOS DE CADEIA RAMIFICADA NA CIRROSE PODE EVITAR O TRANSPLANTE HEPÁTICO? RELATO DE CASO Letícia de Campos Franzoni, Laís Augusti, Lívia Alves Amaral Santos, Mariana de Souza Dorna, Fabio da Silva Yamashiro, Cassio Vieira de Olivieira, Talles Bazeia Lima, Júlio Pinheiro Baima, Durval Ferreira, Ligia Yukie Sassaki, Giovanni Faria Silva, Carlos Antonio Caramori, Fernando Gomes Romeiro Faculdade de Medicina de Botucatu / UNESP Introdução: A cirrose hepática (CH) é uma das principais causas de morte no mundo. Sua mortalidade está diretamente relacionada à hipertensão portal e suas complicações, como ascite, peritonite bacteriana espontânea (PBE) e encefalopatia hepática (EH). Para Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters estimar a mortalidade por CH é utilizado o escore MELD (Model of End-Stage Liver Disease), sendo que valores maiores indicam maior risco de óbito. O tratamento definitivo para a CH é o transplante hepático (TH), porém a mortalidade durante sua espera é grande e por isso outros tratamentos são utilizados para aumento da sobrevida. Entretanto, para pacientes com EH, as classes de medicamentos disponíveis não mudaram muito nos últimos anos, exceto pela recomendação do uso de aminoácidos de cadeia ramificada (AACR). AACR são recomendados para redução da mortalidade em casos graves de CH e também para melhora da EH, porém até o momento não há relatos sobre pacientes que não precisaram mais do transplante por terem recebido tratamento com AACR. Relato do Caso: Paciente de 60 anos, cirrótico por uso abusivo de álcool (abstinente há anos), com antecedente de ascite, PBE, icterícia e EH persistente (graus 1 a 3). Esteve internado por EH em duas ocasiões, chegando a ter escore MELD de 20 pontos e Gama glutamiltransferase (GGT) de 284 U/L. Permaneceu inscrito na lista de TH pela Faculdade de Medicina de Botucatu durante 18 meses, devido à presença de EH persistente, que o impedia de realizar as mais simples atividades de auto-cuidado. No ambulatório de pré-transplante hepático foram prescritos AACR em pó, na dose de 30g ao dia, conforme utilizado em estudos clínicos e recomendado pelos Guidelines de nutrição em CH. Após 5 meses do uso de AACR, o paciente diminuiu sua pontuação do escore MELD para 13 pontos, saiu da lista de TH, sentiu-se significativamente melhor, manteve apenas EH mínima e sua GGT caiu para 123 U/L. Passado um ano do início do uso dos AACR, o paciente não teve mais crises de EH que precisassem de internação, mantém apenas EH mínima, permanece fora da lista de TH, teve normalização da GGT e melhora da qualidade de vida. Conclusão:Apesar dos benefícios já reconhecidos do uso dos AACR na EH, pela primeira vez foi documentada a retirada de um paciente da lista de transplante após seu uso. O preço dos AACR ainda é um obstáculo, mas para casos selecionados de EH persistente a suplementação pode ser bastante vantajosa, com investimento muito menor que o valor gasto para a realização do transplante. TL 225 INTOLERÂNCIA À GLICOSE E DIABETES MELLITUS ENTRE RECEPTORES DE HEPÁTICOS DE LONGO PRAZO: AVALIAÇÃO PROSPECTIVA Lucilene Rezende Anastácio, Kiara G. Diniz; Hélem de S. Ribeiro; Lívia G. Ferreira; Agnaldo S. Lima; Maria Isabel T. Davisson Correia; Eduardo G. Vilela Universidade Federal de Minas Gerais Introdução: A sobrevida após o transplante hepático tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, bem como a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis. Embora se saiba que os medicamentos imunossupressores utilizados sejam diabetogênicos e contribuam para as elevadas taxas de incidência dessa doença após o transplante, há poucos estudos na literatura com receptores hepáticos de longo prazo. Objetivo: Avaliar a prevalência, incidência e fatores preditivos da intolerância à glicose e diabetes mellitus de forma prospectiva, em receptores hepáticos de longo prazo. Material e Métodos: Trata-se de estudo prospectivo, no qual receptores hepáticos foram avaliados em relação à glicemia de jejum e à prevalência de intolerância à glicose (glicemia de jejum ≥ 100mg/dL) e diabetes mellitus (segundo os critérios da American Diabetes Association, 2004) nos anos de 2008 e 2012, usando os testes estatísticos de McNemar e Teste T pareado. Preditores da intolerância à glicose e diabetes mellitus (entre variáveis demográficas, socioeconômicas, clínicas de composição corporal, antropométricas, de estilo de vida e dietéticas) foram avaliados usando análise de regressão logística (SPSS versão 17.0). Resultado: 117 pacientes foram avaliados, dos quais 59,0% eram do sexo masculino; idade média 53,3±13,0 anos; tempo médio de transplante: 7,4±3,0 anos na avaliação de 2012. As indicações mais frequências para o transplante Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 hepático foram: cirrose por vírus da hepatite C (30,8%); etanólica (26,5%); criptogênica (12,0%); hepatite autoimune (11,1%). Os valores médios de glicose sérica de jejum subiram significativamente de 98,8±24,7mg/dL, em 2008, para 109,2±33,3mg/dL, em 2012 (p<0,01). A incidência de intolerância à glicose foi de 26,4% e a de diabetes mellitus, 6,7% em relação aos anos de 2008 e 2012. A prevalência de intolerância à glicose aumentou de 34,2% para 48,6% (p<0,01) e a de diabetes mellitus, 17,9% para 24,6% (p=0,08), de 2008 para 2012, respectivamente. Pela análise de regressão logística, a única variável preditiva da intolerância à glicose foi a idade (OR: 1,06; IC: 1,02-1,09; p<0,01). Conclusão: Houve aumento na prevalência e incidência de intolerância à glicose e diabetes mellitus entre receptores hepáticos de longo prazo e a maior idade mostrou-se preditiva de tais acometimentos. TL 226 TRATAMENTO DA COINFECÇÃO PELOS VÍRUS DA HEPATITE C (HCV) E DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (HIV) - AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DO ESQUEMA COMBINADO DE PEGINTERFERON ALFA 2a E RIBAVIRINA Carlos Eduardo Brandão-Mello, Marcia Maria Amendola-Pires, Karla Gripp, Ligia Monnerat, Soraia Viana Hospital Universitário Gaffrée e Guinle - Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro Introdução: A coinfecção pelos vírus da hepatite C (HCV) e da imunodeficiência humana (HIV) é fenômeno freqüente (ao redor de 30%), principalmente entre os indivíduos que se contaminam pela via parenteral. A imunodeficiência induzida pelo HIV parece acelerar o curso da hepatite crônica pelo HCV para a cirrose e falência hepática, tornando-a importante causa de morbi-mortalidade. O tratamento da hepatite crônica pelo HCV com Peg-Interferon-alfa peguilado e Ribavirina é a opção terapêutica atual para a coinfecção HCV-HIV. Objetivos: Avaliar a eficácia terapêutica (resposta virológica sustentada - RVS) do esquema combinado de Peg-Interferon-α e Ribavirina para coinfectados HCV e HIV. O objetivo secundário foi identificar os fatores preditivos de RVS. Casuística e Métodos: Estudo retrospectivo, aberto, não-randomizado, em coinfectados HCV e HIV, sendo avaliado variáveis clínicas, bioquímicas (ALT, ã -GT, Bilirrubina, Albumina), hematológicas, virológicas (genotipagem; carga viral do HCV-RNA e HIV-RNA) e histológica. Foram avaliados, também, a resposta virológica rápida e precoce e sua correlação com a resposta virológica sustentada. Resultados: No período de junho de 2005 a dezembro de 2012, 100 coinfectados foram incluídos e tratados, sendo 75% do sexo masculino, com média de idade de 46.5 ± 10 anos. Setenta e oito (78%) coinfectados apresentavam genótipo 1, sendo que 28% apresentavam fibrose em pontes ou cirrose. A infecção pelo HIV encontrava-se estável, com média de CD4 de 534 céls./mm3 e HIV-RNA indetectável em 73%. A RVS foi de 36%. Genótipo não-1, ALT resposta virológica rápida e precoce foram preditivos de RVS. A carga viral do HCV basal apresentou tendência preditiva de RVS. Conclusões: A RVS no grupo de coinfectados tratados com Peg-interferon-α e ribavirina foi discretamente inferior (36%) ao encontrada nos ensaios clínicos internacionais (27%-55%). A RVS foi associado ao genotipo não-1, ALT, resposta virológica rápida e precoce (RVR, RVP) e carga viral basal. Idade, sexo, fibrose, CD4, HAART e provas funcionais hepáticas não se correlacionaram com a RVS. TL 227 HEPATITE ALCOÓLICA – CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E EVOLUÇÃO EM PACIENTES INTERNADOS Zulane da Silva Tavares Veiga, Flávia F. Fernandes, Gustavo Henrique dos Santos Pereira, Daniela Martins Mariz, Emília Omram Ahamed, Cristiane Maria Barreto, Marta Vieira D'Almeida, João Luiz Pereira Hospital Federal de Bonsucesso 93 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia Introdução: Dentro do espectro de doenças relacionados ao álcool, uma parcela dos pacientes desenvolvem hepatite alcoólica, cujo prognóstico é variável. Contudo, nas formas graves, a mortalidade pode chegar a mais de 50% no primeiro mês. São indicativos de mau prognóstico a hiperbilirrubinemia, TAP menor que 40%, insuficiência renal e a presença de encefalopatia hepática. Ainda que diversos sistemas de avaliação de prognóstico tenham sido descritos, a função discriminante de Maddrey (FD Maddrey) ainda é o mais utilizado. O tratamento é basicamente suportivo nas formas leves, porém nas formas graves, um grupo de pacientes beneficia-se com o uso de corticoides. Ainda nas formas graves, é indicado o uso de pentoxifilina para prevenção de síndrome hepatorenal. Objetivos: Apresentar o perfil clínico e evolução de pacientes internados com o diagnóstico de hepatite alcoólica em um hospital no Rio de Janeiro. Material e métodos: Estudo retrospectivo baseado na análise de prontuários de 10 pacientes com diagnóstico de hepatite alcoólica internados nos últimos 3 anos. Resultados: Nove pacientes eram do sexo masculino e a média de idade de 51 anos (DP ±12,4). Todos os pacientes consumiam mais de 50 g de álcool diariamente por mais de 10 anos com predomínio de destilados. Seis pacientes apresentavam icterícia como principal motivo da internação com média de Bilirrubina total de 16,1 (DP ± 9,7). Cinco pacientes apresentaram encefalopatia hepática. Injúria renal foi diagnosticada em dois pacientes e infecção bacteriana em seis. Seis pacientes eram cirróticos dos quais três apresentavam varizes de esôfago de médio calibre, três apresentavam ascite e quatro tinham esplenomegalia. Sete pacientes apresentaram a forma grave com Maddrey variando de 45 a 83, e destes, quatro eram cirróticos. Dos pacientes graves, quatro utilizaram prednisona e dois utilizaram pentoxifilina. Dos pacientes que utilizaram prednisona, três tiveram interrupção do tratamento no 7º dia pelo escore Lille. No grupo de pacientes com a forma grave, três(43%) evoluiram para óbito nos primeiros 60 dias de internação. Dois pacientes perderam seguimento e cinco pacientes mantém acompanhamento ambulatorial Conclusão: Apesar do diagnóstico e tratamento adequados, pacientes com hepatite aguda grave ainda apresentam alta taxa de mortalidade. TL 228 ANÁLISE DO PICO DE TRANSAMINASES APÓS TRANSPLANTE DE FÍGADO COMPARANDO AS SOLUÇÕES DE PRESERVAÇÃO HTK E SPS-1 Giuliano Ancelmo Bento, Gustavo Santos Stoduto de Carvalho, Klaus Steinbruck, Rafael Dias Vasconcelos, Reinaldo Afonso Fernades Junior, Lucio Filgueiras Pacheco Moreira Centro Estadual de Transplantes Introdução: Foram idealizadas inúmeras soluções de preservação, porém o grande salto veio com a Solução da Universidade de Wisconsin (SW) em 1988, permitindo maior tempo de isquemia. Contudo, sua alta viscosidade, associada à má perfusão da microcirculação, e o alto custo limitam sua utilização. Uma alternativa foi a formulação do HTK, uma solução mais fluida, com custo mais baixo. Recentemente foi desenvolvida a solução de SPS-1, com a mesma formulação da SW, porém com menor viscosidade e a um preço mais acessível. Objetivo: comparar o pico de transaminases relacionado aos transplantes de fígado com a utilização das soluções de preservação HTK e SPS-1. Material e métodos: No período de fevereiro de 2012 a junho de 2013 foram realizados 85 transplantes de fígado utilizando o HTK (n=44) e o SPS1 (n=41). A escolha da solução de acordo com sua disponibilidade no centro. No estudo foram analisadas características do doador (idade, IMC, gênero, causa mortis, transaminases, uso de aminas, tempo de internação) e do receptor (MELD, vírus, tempo de isquemia total, pico de transaminases pós transplante, bilirrubina total e INR no 7 dia pós transplante). Resultados. Os grupos dos doadores foram comparáveis em relação a idade, sexo, IMC, causa mortis, transaminases, uso de aminas e tempo de internação. Dois receptores foram excluídos por evoluírem 94 para óbito antes do sétimo dia. Nos pacientes que foram utilizados o HTK, encontramos medianas do pico de AST:1083UI/L e ALT:774UI/L comparado ao pico de AST: 877UI/L e ALT: 572UI/L nos pacientes que foram utilizados o SPS-1. Conclusão: Neste estudo encontramos uma maior mediana de pico de transaminases com o uso do HTK, (AST: 1083, ALT: 774) quando comparado ao SPS-1, (AST:877, ALT: 572), entretanto se faz necessário outros estudos para avaliar o impacto dessas alterações com relação a disfunção do fígado transplantado TL 229 DISPEPSIA COMO SINTOMA PRINCIPAL DA DOENÇA POLICÍSTICA FÍGADO-RIM: RELATO DE CASO Wanda Regina Caly, Anielle Jacomini, Cristina Giovanetti Anjos, Jader Cronemberger Oliveira Hospital Heliópolis Introdução: A doença policística fígado-rim (DPFR) do adulto tem característica genética, autossômica dominante, causada por mutações nos genes PKD1 ou PKD2. A DPFR é relatada em todas as raças com prevalência de 1:400 a 1:1000. Os pacientes com DPFR podem apresentar complicações como hipertensão arterial sistêmica, hematúria, proteinúria, insuficiência renal e infecções do trato urinário. A maioria dos portadores morrem de causas cardíacas e o tratamento objetiva retardar a progressão da doença com medidas inespecíficas: antagonistas dos receptores da vasopressina, aumento da ingestão de líquidos, inibidores do sistema renina-angiotensina-aldosterona e controle rigoroso da pressão arterial. Objetivos: relatar o caso de paciente com a DPFR diagnosticado a partir de sintoma dispéptico importante, internado no início de junho de 2013. Material e métodos: homem, 52 anos, pardo, natural e proveniente de SP, metalúrgico, solteiro, com queixa de plenitude pós-prandial, queimação retroesternal, constipação intestinal e emagrecimento de 5kg nos últimos 3 meses. Antecedente pessoal de etilismo 180g/dia por 22 anos e tabagismo 70 maços/ano, sem doenças associadas. Antecedente familiar de doença renal cística (4 irmãs). Exame físico: BEG, corado, anictérico, hidratado, normotenso, afebril, ausculta cardiorrespiratória normal; abdome plano, flácido, palpação dolorosa no epigastrio, massa palpável e endurecida em torno de 10 cm, contornos irregulares em flanco esquerdo. Resultados: Hb:16,1; Ht:49,8%; leucócitos: 6660; plaquetas: 175000; uréia 34; creatinina 0,8; PT: 6,4; albumina: 4,5; BbT: 0,3; AST: 18; ALT: 13; fosfatase alcalina: 64; gamaGT: 60; alfa-fetoproteína: 2,5; urina 1: 1000 leucócitos e sem hemácias; urina 24 horas: Naur:normal, sem proteinúria; USG abdome total: imagem de múltiplos cistos renais/hepáticos; EDA: pangastrite enantematosa leve; TC abdome: imagem compatível com doença policística renal e hepática; enema opaco: trânsito intestinal sem alterações. Paciente manteve-se durante a internação com sintomas dispépticos, devido a compressão extrínseca das vísceras ocas pelos múltiplos cistos hepáticos-renais, mesmo em uso de prócinéticos. Avaliado pela equipe de urologia que indicou cirurgia de esvaziamento dos cistos renais. Conclusão: no caso apresentado a dispepsia foi o sintoma principal que levou à investigação e confirmação da DPFR. TL 230 FATORES CLÍNICOS-BIOQUÍMICOS DE ASSOCIAÇÃO COM A ASCITE REFRATÁRIA E RELACIONADOS COM MAIOR LETALIDADE Wanda Regina Caly, Marina Seixas Studart e Neves, Rodrigo Martins Abreu, Aline Siqueira Ferreira, Suzane Kioko-Ono, Flair José Carrilho Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo Introdução: A ascite refratária é complicação grave em pacientes com cirrose avançada e responsável por pior prognóstico. Objetivos: Avaliar as características clínicas-bioquímicas que se relacionam aos Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters pacientes refratários, assim como, com a letalidade neste grupo de pacientes. Material e Métodos: Estudo retrospectivo e observacional de 106 pacientes cirróticos de várias etiologias, avaliados no período de março de 2009 a Junho de 2013, portadores de ascite refratária (R)-(78) diagnosticada de acordo com os critérios estipulados pelo IAC (2003) e de ascite não refratária (NR)-(28), diagnosticada através das recomendações do "guideline" EASL, 2010. A cirrose hepática foi diagnosticada por estudo histo-patológico e/ou por critérios clínicos, bioquímicos, ultrassonográficos e endoscópicos.Vários parâmetros clínicos e bioquímicos foram avaliados, a saber: idade, gênero, tempo de surgimento da ascite, escore de Meld na primeira (MI) e última avaliação (MF), antecedentes de hemorragia digestiva alta (HDA), encefalopatia hepática, peritonite bacteriana espontânea, hidrotórax, presença de síndrome hepatorrenal tipo 2, inserção de TIPS e frequência de óbito. Os parâmetros bioquímicos avaliados foram:uréia, creatinina, contagem plaquetária (Pq), albumina sérica, bilirrubina total(BbT) e sódio urinário de 24 horas, avaliados antes do início dos diuréticos. Resultados: 68,9% dos pacientes eram do gênero masculino; 40% de etiologia alcoólica e com idade entre 32-74 anos; 56,13±8,97(R) e 57,11±10,46(NR).A avaliação bioquímica mostrou alguns parâmetros que discriminaram os grupos na análise estatística, sendo que os apresentados são as medianas dos parâmetros analisados dos R e NR, respectivamente: uréia:51,00 e 45,00; creatinina: 1,26 e 1,04; albumina:3,20 e 3,80 (p=0,001); BbT: 1,40 e 0,99; Pq: 107500 e 106500 e sódio urinário: 9,00 e 31,00 (p=0,001). Verificou-se que os R se associaram com maior frequência de óbitos (p=0,006), com maiores médias de MI e MF (p=0,007e p=0,001) e com antecedente de HDA (p=0,050). Vários parâmetros se associaram com a presença de óbito: menor tempo médio de surgimento de ascite (p=0,024); maior média de MI e MF (p=0,012 e p=0,003); menor média de albumina (p<0,001); menor contagem plaquetária (p=0,020) e maior média de BbT (p=0,001). Conclusões: As características clínicas e bioquímicas associadas aos refratários e a maior letalidade observada nestes pacientes estão relacionadas à maior gravidade da doença de base na ocasião do diagnóstico. TL 231 HEPATITE C GENÓTIPO 3 COM ESCAPE APÓS INTERFERON PEGUILADO (PEG) E RIBAVIRINA (RIBA) E NÃO RESPONDEDOR (NR) APÓS PEG-RIBA E NITAZOXANIDA Gustavo de Almeida Vieira, Geisa Perez Medina Gomide Universidade Federal do Triângulo Mineiro Introdução: O tratamento da Hepatite C tem como alvo a Resposta Viral Sustentada (RVS). O uso de Interferon Peguilado (PEG) e Ribavirina (Riba) por 24 semanas leva a RVS em cerca de 70% dos portadores do genótipo 3 com METAVIR <F3 e CV <600.000. A resistência à insulina acelera a progressão da fibrose, aumenta a incidência de hepatocarcinoma e reduz a RVS com a terapia antiviral atual. Nitazoxanida (Annita®), nitrotiazólico antiparasitário, demonstrou atividade antiviral e vem sendo testada contra o HCV. Age inibindo a tradução de proteínas virais pela fosforilação da proteinoquinase sRNA-dependente e é indutor do Interferon. Em combinação com PEG-Riba é mais efetiva nos genótipos 4 e 1. Objetivo: Relatar um caso de HCV com escape após Pegasys®-Riba e Não Respondedor a PegIntron®-Riba e Annita®. Materiais e Métodos: Revisão de prontuário médico e revisão bibliográfica cientifica. Relato de Caso:Mulher, nascida em 1951, ex-tabagista e etilista social. Chegou ao serviço em 2005 com sobrepeso, doença por refluxo gastroesofágico e esofagite erosiva, foi tratada e em 2006 ao realizar pré-operatório de cirúrgica plástica recebeu o diagnóstico de Hepatite C. Genótipo 3a, RNA 406.659 UI/mL, METAVIR A0F1 e esteatose macrogoticular leve. Iniciado esquema com Pegasys®-Riba (1000 mg/dia). Apresentou vários eventos adversos leves, incluindo psiquiátricos. RNA detectável na 4ª semana, indetectável na 12ª. Optado por manter o tratamento até 48 semanas, quando RNA 238.045 UI/mL. Após escape, proposto uso de metformina, mas endocrinologista não concordou. Iniciado esquema Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 com PegIntron® (1.5 µg/kg), Riba (15 mg/kg) e Annita® (1000 mg/dia). 4ª semana RNA detectável, 12ª semana RNA 328.636 UI/mL, tratamento suspenso. Atualmente em uso de Glifage XR® 500, Fluoxetina 20 mg. US com hepatomegalia e esteatose moderada. RNA 4.037.804 UI/mL. Conclusão: A Hepatite C e a obesidade são batalhas atuais da saúde pública. Os inibidores de protease, novos agentes utilizados para a hepatite C, não têm como alvo o genótipo 3. O papel dos sensibilizadores à insulina em combinação com a terapia antiviral é contraditório. Apesar das parasitoses serem o alvo inicial dos tiazólicos, eles vem sendo pesquisados no tratamento de alguns vírus com resposta satisfatória e, muitas vezes, com menos efeitos colaterais que os IP. TL 232 COLEDOCOCELE: LEMBRAR PARA DIAGNOSTICAR Rodrigo Lovatti, Gabriela F. Souza, Karina V. Camargos, Itiberê P. da Costa Hospital do IPSEMG Os cistos das vias biliares podem ocorrer por toda a árvore biliar. Chama atenção a sua relação com uma série de anormalidades anatômicas como atresia de vias biliares, atresia duodenal e colônica, más formações arteriovenosas do pâncreas, dentre outras. São divididos de acordo com a classificação de Todani em tipo I ao tipo IV, sendo a coledococele classificada como tipo III. O diagnóstico é feito através de exames de imagem. O tratamento é realizado através da esfincterotomia endoscópica. O caso relata uma paciente de 67 anos que apresentou quadro de dor tipo cólica em hipocôndrio direito, icterícia colestática e alteração de transaminases com quatro dias de duração. Colangiorressonância mostrou dilatação fusiforme em colédoco terminal. Realizada duodenoscopia que evidenciou abaulamento arredondado no teto da papila. Realizada esfincterotomia endoscópica com resolução do caso. Este caso mostra que a apresentação da coledococele não é exclusiva do público infantil, necessitando de suspeição para o diagnóstico em adultos, uma vez que pode simular simples quadro de cólica biliar até quadros colestáticos. TL 233 INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA AGUDA GRAVE EM PACIENTE COM LINFOMA DE BURKITT Tirzah de Mendonça Lopes, Dayane Regina Gusso, Tiago Sevá Pereira, Jazon Romilson de Souza Almeida, Ilka de Fátima S. F. Boin, Paula de Melo Campos, Priscila Oliveira Percout, Priscila Andrade Santana, Carolina Oliveira Santos UNICAMP Introdução: Atualmente, utiliza-se o termo "insuficiência hepática aguda grave" (hepatite fulminante) para uma condição clínica rara, em que o transplante hepático é o único tratamento para muitos pacientes. As doenças linfoproliferativas são um diagnóstico diferencial não usual, não sendo o transplante opção terapêutica para estes casos. Objetivo: Relatar o caso de um paciente com insuficiência hepática aguda como apresentação de Linfoma de Burkitt. Relato do caso: AFS, de 53 anos, com quadro de mal estar inespecífico há quatro meses. Evoluiu com icterícia e aumento do volume abdominal e, após oito dias, confusão mental. Ao exame físico, notava-se icterícia, flapping, fígado a 15cm do RCD, esplenomegalia e edema em membros inferiores. Exames complementares: AST 442U/L, ALT 260U/L, GGT 1756U/L, FALC 1011U/L, LDH 1292U/L, Bi 12mg/dL (direta 9,7mg/dL), TP 32,3", (INR 2,62), Hb 8,5 (eritroblastos 61%), leucócitos 30.400/mm³ (promielócitos 1%, mielócitos 6%, metamielócitos 2%, bastões 5%, neutrófilos 72%, linfócitos 5%), sorologias para hepatites virais A, B e C negativas e ceruloplasmina normal. USG de abdome: fígado aumentado, com ecotextura grosseiramente heterogênea e pequenas áreas nodulares hipoecóicas 95 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia mal delimitadas, baço aumentado e heterogêneo, sem ascite. TC de abdome: hepatomegalia acentuada, com alteração textural hepática difusa. O paciente preenchia critérios para definição de hepatite fulminante segundo a AASLD (INR>1,5 e encefalopatia em paciente sem cirrose pré-existente). Entretanto, chamava atenção a hepatomegalia volumosa com padrão heterogêneo, o predomínio de enzimas canaliculares sobre transaminases, o aumento da desidrogenase lática e de eritroblastos e a leucocitose significativa com desvio à esquerda não escalonado. Além disso, o paciente tinha história de astenia há quatro meses, apesar do quadro agudo da doença. Diante desses achados, pensou-se em uma doença linfoproliferativa como etiologia do quadro. Foi solicitado avaliação da Hematologia, que realizou mielograma e biópsia de medula óssea, confirmando nossa hipótese com o diagnóstico de Linfoma de Burkitt. Conclusão: Paciente com Linfoma de Burkitt, apresentando-se com insuficiência hepática aguda grave (hepatite fulminante). TL 234 HEPATITE COLESTÁTICA GRAVE ANABOLIZANTES: RELATO DE CASO POR ESTERÓIDES Anderson Antônio de Faria, Fernanda Maria Farage Osório, Luciana Costa Faria, Teresa Cristina de Abreu Ferrari, Cláudia Alves Couto Instituto alfa de Gastroenterologia, Hospital das Clinicas da UFMG Introdução: Os anabolizantes androgênios esteróides são derivados sintéticos da testosterona. O uso de dessas substâncias por atletas ocorre há mais de 50 anos. Atualmente, o uso por não-atletas tem aumentado em todo mundo e, consequentemente, efeitos adversos graves têm sido relatados, sendo o fígado frequentemente acometido. Objetivos: Descrever um caso de hepatite colestática grave induzida por esteróides anabolizantes. Relato do Caso: Homem, 32 anos, solteiro, fisioterapeuta, previamente hígido. Apresentou, em janeiro/ 2012, quadro de mal estar seguido de icterícia, colúria, hipocolia fecal e prurido. Exames laboratoriais: BT/BD=10,5/6,5mg/dl, ALT=102U/l, AST=39U/l, FA=196U/l, GGT=164U/l. Sem passado mórbido ou doenças heredofamiliares dignas de nota. Consumo esporádico de álcool em pequena quantidade, não usuário de drogas ilícitas. Em dezembro/ 2011, iniciou uso de "Mega Pak" (polivitamínico e minerais), "M-Drol" (anabolizante esteróide - 2a,17a dimethyl etiocholan 3-one, 17b-ol) e Whey Protein. Então, cogitou-se a possibilidade de lesão hepática induzida pelo anabolizante e seu uso foi imediatamente interrompido. O paciente evoluiu com emagrecimento (21kg), prurido intratável, elevação progressiva enzimas canaliculares (FA=1089U/l) e bilirrubinas (BT/BD=55/36mg/dl) e disfunção renal. Biopsia hepática foi compatível com hepatite colestática medicamentosa. Iniciado ácido ursodesoxicólico em março/2012, quando foi atendido em no Hospital das Clínicas-UFMG. Houve, a partir de então, melhora lenta e progressiva, com normalização das enzimas hepáticas 6 meses após do início do quadro. Discussão: O uso de anabolizantes com finalidades estéticas tem aumentado em todo mundo. Doses suprafisiológicas de testosterona e seus derivados são capazes de aumentar a massa muscular e a força. Cerca de 3 milhões de americanos consomem estas substâncias, sendo 2/3 dos usuários atletas não-profissionais, que as utilizam com finalidades estéticas. No Brasil, os estudos ainda são poucos e há grande variação no percentual de usuários entre as populações. Efeitos adversos dos esteróides envolvem múltiplos sistemas orgânicos: cardiovascular, endócrino, renal e hepático. As alterações hepáticas variam amplamente e podem incluir desde flutuações leves das aminotransferases até quadros graves de hepatite colestática. Conclusões: A maioria das publicações científicas sobre anabolizantes esteróides relacionam-se a aspectos epidemiológicos. Não há conduta terapêutica estabelecida com base em ensaios clínicos, além da retirada da substância, para tratamento dos efeitos adversos desses agentes. Grande parte dos pacientes evoluem favoravelmente, mas em alguns casos os danos podem ser irreversíveis. No caso em questão, houve melhora apos o inicio do ácido ursodesoxicólico. 96 TL 235 DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO-ALCOÓLICA: AVALIAÇÃO DA RESPOSTA AO ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NO LONGO PRAZO Tâmara Oliveira dos Reis, Maria Luiza R. P. Lima, Clara G. Camelo, Ana Cristina L. Albricker, Maria Arlene Fausto, Teresa C. Abreu Ferrari, Claudia Alves Couto Instituto alfa de Gastroenterologia, Hospital das Clinicas da UFMG Introducão: A doença hepática gordurosa não-alcoólica (DHGNA) é atualmente a doença hepática crônica mais comum. Dieta hipocalórica e exercício físico são considerados principal medida terapêutica. No entanto, estas medidas comportamentais devem ser mantidas no longo prazo. Objetivos: Avaliar a resposta ao aconselhamento nutricional por meio da determinação de parâmetros antropométricos e bioquímicos em pacientes com DHGNA, no longo prazo. Métodos: coorte prospectiva de pacientes com DHGNA assistidos no HC-UFMG, 2005-2011. DHGNA diagnosticada pelos critérios AGA. Após avaliação clínico-laboratorial, os pacientes receberam orientação de dieta hipocalórica individualizada (1400kcal/d/mulher e 1600kcal/d/homem) sendo acompanhados trimestralmente. Considerou-se resposta terapêutica, perda de peso ≥5% do peso corporal inicial, ao término do seguimento. Resultados: dos 105 pacientes incluídos, 45 (42,9%) não retornaram após a primeira avaliação. Exceto pela proporção de hipertensos, maior no grupo que permaneceu no estudo (63,6% vs 36,4% p = 0,02), não foram observadas outras diferenças nos parâmetros clínicos e laboratoriais entre esses grupos. Dos 60 indivíduos que retornaram para tratamento, 49 (81,7%) eram mulheres; idade média 55± 9 anos; tempo mediano de acompanhamento 6,5 meses (3,2-26,9 meses) e o número mediano de consultas 3 (2-11). A mediana do IMC foi 31,9 kg/m2 (23,8-44,9kg/m2). Tiveram indicação para realização da biopsia hepática, 22 pacientes. A proporção de pacientes que alcançaram perda de peso >5% ao longo do tempo foi à seguinte: aos 6 meses de seguimento, 5 dos 20 pacientes acompanhados; aos 12 meses, 3 de 15 pacientes; aos 18 meses, 3 de 12 pacientes; e ao término do seguimento, 4 dos 13 indivíduos em acompanhamento. A redução média do peso corporal e do IMC aos 6, 12, 18 e 24 meses foram, respectivamente: 2,5kg, 1,5kg, 2kg e 1,6kg e 1,04kg/m2, 0,66kg/m2, 0,83kg/m2 e 0,69kg/m2, sendo esses valores significativos em relação ao peso inicial. Síndrome metabólica e hipercolesterolemia foram mais frequentes no gênero feminino, tanto no início como no final do estudo. Conclusão: Diante da abordagem nutricional proposta apenas uma pequena proporção de pacientes alcançou a perda de peso objetivada e esta não foi acompanhada de melhora nos parâmetros bioquímicos, independentemente do tempo de seguimento. Portanto, é necessária a investigação de alternativas que aumentem a adesão às mudanças do estilo de vida deste grupo de indivíduos. Palavras-chaves: doença hepática gordurosa não-alcoólica, esteatose hepática, estilo de vida, terapia comportamental, dieta hipocalórica, obesidade TL 236 RESPOSTA VIROLÓGICA SUSTENTADA APÓS TRATAMENTO ULTRA CURTO DE 4 SEMANAS COM ESQUEMA TRÍPLICE COM TELAPREVIR - RELATO DE CASO Rosamar Eulira Fontes Rezende Centro de Referência em Especialidades - Secretária Municipal de Saúde de Ribeirão Preto (CRE SMS-RP) Introdução: Estudos de fase II (PROVE 1 e PROVE 2) com terapia tríplice com telaprevir (TVR) realizados em indivíduos infectados pelo HCV, genótipo 1, com perfil genético IL28B CC, sem cirrose, virgens de tratamento, demonstraram taxas de resposta virológica sustentada (RVS) semelhantes, utilizando esquemas de TVR/PR12 semanas ou Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters TVR12/PR24 semanas. Resultados, obtidos com o mesmo perfil de pacientes, incluindo recidivantes, têm sido reproduzidos por estudo de Fase III (CONCISE), sugerindo que a duração do tratamento com esquema tríplice com TVR, nesta população, poderia ser encurtado para 12 semanas. Objetivo: Relatar um caso de hepatite C crônica, virgem de tratamento, com fibrose grave, submetido ao esquema tríplice com TVR, com tempo de tratamento ultra curto de 4 semanas, com obtenção de RVS. Relato do Caso: I.R., 59 anos, sexo feminino, branca. Antecedente de púrpura trombocitopênica idiopática, com várias transfusões de sangue e de plaquetas na infância e esplenectomia em 2010. Diagnóstico de HCV em 2011 [Genótipo 1b, HCV-RNA quantitativo de 1.048.125UI/mL (6,02log), biópsia hepática com METAVIR A3F3], perfil genético IL28B CC. Indicado tratamento com PEG IFN alfa 2a 180mcg/semana, RBV 1g/dia e TVR 2,25g/dia. Administrou, por conta própria, dose isolada de 1 ampola de PEG IFN associada à RBV 500mg, cerca de 30 dias antes de receber o TVR. Coletado novo HCV-RNA quantitativo pré-tratamento com carga viral (CV) detectável, <12UI/mL (resultado visto após 4 semanas de terapia tríplice). Durante o tratamento, apresentou febre, prurido cutâneo e cefaléia. Na 4ª semana, evoluiu com anemia sintomática [Hb 10,6g/dL sendo Hb inicial de 14,0g/dL). Introduzido eritropoietina 40.000UI/ semana e reduzida dose da RBV (750mg/dia). HCV-RNA 4ª semana de tratamento com CV indetectável. Na 5º semana, cursou com palpitações, síncope e precordialgia atípica, sendo internada e todas as drogas da terapia tríplice suspensas, de forma definitiva, devido efeitos colaterais. Realizado HCV-RNA quantitativo 24 semanas após o término do tratamento com CV indetectável, configurando RVS. Conclusão: Fatores do hospedeiro (sexo, idade, perfil IL28B, estágio da fibrose), bem como fatores virais (genótipo e níveis de RNA viral) são, sabidamente, determinantes na obtenção de RVS. Em relação ao caso apresentado, estudos adicionais são necessários para elucidar outras condições virais e do hospedeiro que possam ter contribuído para obtenção de RVS com apenas 4 semanas de tratamento. TL 237 REGRESSÃO DE CARCINOMA HEPATOCELULAR ASSOCIADA À MORINDA CITRIFOLIA: MITO OU REALIDADE? - RELATO DE CASO Rosamar Eulira Fontes Rezende, Michel Soares Gomes Gouvêa, João Renato Rebello Pinho, Adriana Zuolo Coppini, Paulo Celso Bosco Masarollo 1 - Centro de Referência em Especialidades - Secretária Municipal de Saúde de Ribeirão Preto (CRE SMS-RP); 2 - Departamento de Gastroenterologia - Instituto de Medicina Tropical - Faculdade de Medicina - USP; 3 - Serviço de Transplante Hepático - Irmandade da Santa da Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP) Introdução: O uso da medicina complementar e alternativa é comum entre pacientes com câncer. O suco da fruta Morinda citrifolia ou Noni, planta medicinal do sudeste asiático, tem sido alvo de pesquisas em pacientes com neoplasia, devido suas propriedades antiproliferativa (citotoxicidade/apoptose) e antiangiogênica. Relato de Caso: OFM, 60 anos, sexo masculino, diagnóstico de hepatite B crônica em 1985, após doação de sangue. Procurou atendimento médico em 2006, sendo constatado HBsAg positivo, HBeAg negativo, aminotransferases 1,5x acima do VR, PCR HBV-DNA quantitativo de 3900 UI/mL e biópsia hepática METAVIR A2F1. Prescrito em abril/ 2007, lamivudina 150mg/dia, obtendo-se carga viral (CV) indetectável, após 6 meses de uso do antiviral. Apresentou em maio/2012, elevação de alfa feto proteína (AFP) de 334,10 ng/ml (VR<8,1 ng/ml) e ressonância de abdome (18/06/2012) revelou nódulo hepático, 2,4x1,8cm, segmento VIII, compatível com carcinoma hepatocelular. Descartado metástase loco-regionais e a distância, elastografia hepática pelo fibroscan® evidenciou elasticidade (mediana) de 5,6 kPa, correspondente ao estadiamento F0F1 de Metavir e endoscopia digestiva alta sem sinais de hipertensão portal. Indicado Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 ressecção cirúrgica do nódulo hepático. Dois meses antes do procedimento cirúrgico, paciente iniciou, por conta própria, ingestão de suco de Morinda citrifolia, 50ml 2x/dia. Em junho de 2012, após 5 anos de CV indetectável, houve elevação para 129 UI/mL (resultado repetido e confirmado em julho e setembro/2012), pesquisa de genotipagem e de resistência aos antivirais, demonstrou subgenótipo D3, mutações L180M (+) e M204V (+), sendo modificado antiviral para tenofovir 300mg/dia. Submetido à intervenção cirúrgica (06/09/ 2012), identificado nódulo de consistência endurecida, US intraoperatório, nódulo de 2x2cm, segmento VIII, próximo à veia hepática média e cava inferior. Realizado nodulectomia: anatomopatológico revelou necrose de padrão isquêmico circundada por fibrose. Após procedimento cirúrgico, evoluiu com normalização de AFP e última ressonância de abdome (março/2013), sem sinais de lesões residuais ou recidivas. Nova CV realizada após 9 meses de tenofovir, indetectável. Conclusão: Pesquisas in vitro e em animais in vivo sugerem atividade anti-tumoral associada à Morinda citrifolia. Estudos adicionais são necessários para determinação da substância ativa presente na fruta que poderia ser utilizada como terapia adjuvante em pacientes com neoplasia. TL 238 FATORES DE RISCO PARA RECORRÊNCIA DE CARCINOMA HEPATOCELULAR APÓS O TRANSPLANTE DE FÍGADO Lucas Gama Barbosa, Paulo Lisboa Bittencourt, Andrea Ribeiro Cavalcante, Liana Codes, Juliana Ribeiro de Freitas and Equipe de Transplante Hepático* do Hospital Portugues; Salvador; Bahia Hospital Portugues/Hospital Universitário Prof. Edgard Santos, Salvador/BA Transplante hepático (TH) oferece a melhor chance de cura e maior sobrevida livre da doença para pacientes com cirrose e carcinoma hepatocelular (CHC) que preenchem os critérios de Milão. Embora esses critérios tenham sido aceitos internacionalmente na indicação de TH para CHC, recidiva tumoral pode ocorrer em 4%-16% dos casos. Objetivos: Avaliar a frequência de recorrência de CHC após TH, e investigar os achados clínicos, laboratoriais e histológicos relacionados a um maior risco de recorrência tumoral após TH. Pacientes e métodos: 167 pacientes submetidos ao TH, entre maio de 2001 e maio de 2011, foram investigados retrospectivamente, e 23% deles apresentaram CHC após a análise patológica do fígado explantado. Parâmetros clínicos, laboratoriais e histopatológicos, previamente relacionados a um maior risco de recidiva tumoral, foram comparados de acordo com a ocorrência de CHC após TH. Resultados: Trinta e oito pacientes (36 homens; idade mediana 59 [44-69] anos) foram submetidos ao TH por CHC. 74% deles tinham hepatite C e/ou álcool como etiologia para cirrose. A mediana do número de nódulos e do diâmetro do maior nódulo foram, respectivamente, 1 [1-4] nódulo e 2,5 [1-7] cm. A maioria dos pacientes apresentou tumores moderadamente diferenciados (63%), com uma frequência de invasão vascular de 13%. Sobrevida global acumulada foi de 71% após uma média de 15 [6-76] meses de seguimento. Todos os indivíduos que apresentaram recidiva de CHC morreram dentro de 4 [3-10] meses após a recorrência tumoral. Pacientes com recorrência tiveram mais sessões de quimioembolização (100% vs. 48% dos pacientes sem recorrência, p =0,003), mais nódulos ao exame do explante (2,5 [1-4] vs. 1 [1-3] dos pacientes sem recorrência, p =0,05), mais invasão microvascular (75% vs. 9% dos pacientes sem recorrência, p =0,002) e maior frequência de tipos histológicos adversos (100% vs. 4% dos pacientes sem recorrência, p = 0,0001). Conclusões: Recidiva do tumor ocorreu em 14% dos indivíduos submetidos ao TH devido a CHC, e foi mais frequente em pacientes com tipos histológicos adversos, nódulos mais numerosos e invasão vascular microscópica, retratados no fígado explantado. TH para CHC no Brasil é associado com melhores desfechos quando empregados os critérios de Milão, atualmente estabelecidos. 97 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia 239 ANÁLISE DO ESQUEMA VACINAL CONTRA HEPATITE B EM ESTUDANTES DE AUXILIAR TÉCNICO EM ENFERMAGEM Marilia Tavares Campos de Oliveira Gaboardi, Leonardo Weissmann, Regina Gomes dos Santos Grupo HEPATO, Grupo de Hepatites do Instituto de Infectologia Emilio Ribas Introdução: A hepatite B representa um problema de saúde pública mundial, sendo a vacinação a principal forma de prevenção. É a doença ocupacional infecciosa mais importante para os trabalhadores da saúde, sendo que a principal fonte de transmissão ocupacional é a exposição percutânea ou de mucosa ao sangue de indivíduos infectados pelo vírus, mesmo em pequenas quantidades, além dos fluidos corporais que também transmitem o vírus da hepatite B (VHB). Além disso, o VHB sobrevive mais de uma semana no sangue seco em temperatura ambiente e é resistente a detergentes comuns e álcool. A imunização pré-exposição é representada pela imunização ativa com a vacinação contra hepatite B, sendo o esquema clássico de zero, um e seis meses. Objetivos: Analisar a prevalência da vacinação completa contra a hepatite B em um grupo de estudantes de Auxiliar Técnico em Enfermagem. Material e Métodos:Foram analisadas as cadernetas de vacinação de estudantes de uma escola de enfermagem da cidade de Osasco (SP), entregues no momento da inscrição para o curso de Auxiliar Técnico em Enfermagem com o esquema vacinal para hepatite B, documento obrigatório para a realização do curso. Resultados: Analisamos 214 cadernetas de vacinação. 197 (92,1%) eram do sexo feminino. A média de idade foi de 29 anos (18 a 56 ). 21 (9,8%) estavam sem data de nascimento. De acordo com a idade da 1.ª dose do esquema vacinal para hepatite B, das 193 cadernetas que puderam ser analisadas 62 (32,1%) tomou entre os 5 a 20 anos, 74 (28,3%) entre os 21 a 30 anos, 49 (25,4%) entre os 31 a 40 anos e 8 (4,2%) entre os 41 a 60 anos. Em relação ao esquema vacinal, 2 estudantes (0,9%) não tomaram a vacina, 41 (19,2%) somente 1 dose, 67 (31,3%) 2 doses e 104 (48,3%) completaram as 3 doses, sendo que somente 14 estudantes (6,54% do total e 13,5% dos que completaram as 3 doses) tomaram nas datas preconizadas. Conclusão: 48,3% dos estudantes haviam tomado as 3 doses da vacina ao iniciar o curso. Espera-se soroconversão (anti-HBsAg ≥10 UI/ml) após três doses em mais de 95% dos vacinados. Intervalos maiores do que os recomendados proporcionam resultados equivalentes, não havendo a necessidade de reiniciar o esquema. Um a dois meses após a terceira dose recomenda-se avaliação da soroconversão. É importante que os trabalhadores da saúde saibam se estão imunizados contra a hepatite B, pois, em caso negativo, eles devem ser alertados de que são suscetíveis ao VHB e deverão seguir a conduta da Secretaria de Saúde. TL 240 MUTAÇÕES DE OCORRÊNCIA NATURAL RELACIONADAS À RESISTÊNCIA AOS INIBIDORES DE POLIMERASE EM PACIENTES MONO-INFECTADOS (HCV) E CO-INFECTADOS (HCV-HIV) DE GENÓTIPO 1 Caroline Furtado Noble, Maria Cássia Mendes-Correa, Gaspar Lisboa Neto, João Paulo Moreira, Olavo Henrique Munhoz Leite, David Everson Uip, João Renato Rebello Pinho, Flair José Carrilho Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: O gene da NS5B codifica uma RNA polimerase RNAdependente que necessita de uma atividade de revisão, gerando uma alta diversidade genética viral. Os AADs representam novas opções para o tratamento do HCV. Embora uma alta barreira de resistência esteja descrita, a eficácia dos inibidores de núcleosídeos é limitada pela presença de mutações afetando a sensibilidade viral a essa classe de drogas. Objetivos: Determinar a presença de mutações a 98 inibidores da NS5B em pacientes monoinfectados (HCV) e coinfectados (HCV-HIV). Material e Métodos: Foram recrutados pacientes monoinfectados (HCV) e coinfectados (HIV-HCV) de genótipo 1. O RNA viral foi submetido à transcriptase reversa e um fragmento de 1793 pb abrangendo a região NS5B foi amplificado e sequenciado. As sequências de HCV foram genotipadas através de reconstruções filogenéticas utilizando-se como referência as sequências de NS5B obtidas no GenBank. Análises filogenéticas foram conduzidas utilizando-se a simulação de Markov Chain Monte Carlo (MCMC) implementada em BEAST v.1.5.3. Resultados: Obtiveramse sequências de genótipo 1 do HCV para 142 amostras em monoinfectados e 60 amostras do grupo de coinfectados. Os Subtipos de HCV encontrados nos coinfectados foram: 1a - 47 (68.12%) e 1b - 13 (18.84%); E nos monoinfectados foram: 1a - 43 (30.28%) e 1b 95 (66.9%). A mutação Q309R foi mais frequente nos pacientes coinfectados de Subtipo 1a do que nos monoinfectados (33.3%). As mutações D310N, T329I e Y448H (2.0%) também foram encontradas dentre os coinfectados de Subtipo 1a. Nos monoinfectados de Subtipo 1a, foram encontrados os mutantes M414I e I482L enquanto que nos pacientes de Subtipo 1b desse mesmo grupo, foram encontradas as mutações C316N e C316Y. Conclusão: O Subtipo 1a foi mais frequente nos coinfectados, e o 1b nos monoinfectados. As mutações Q309R, D310N e T329I foram previamente descritas como estando associadas a resistência a Ribavirina. A mutação Y448H confere resistência a vários inibidores não-nucleosídeos da NS5B (in vitro) e foi observada em pacientes que receberam GS-91901. Os mutantes C316N/Y e I482L têm sido descritos como estando associados a resistência a JTK-853 e Filibuvir. Um alto nível de variantes resistentes a drogas no baseline do paciente poderiam resultar em uma pior resposta ao tratamento. Portanto, a determinação de mutações pré-existentes pode ser significativa na predição da resposta ao tratamento. TL 241 DOENÇAS HEPÁTICAS OCASIONADAS POR DROGAS (DHOD) Paulo Cesar Rios da Silveira Prefeitura Municipal de Angra dos Reis Introdução: Cerca de 80 a 90% das DHOD são hepatites agudas, sendo os testes da função hepática os fiéis marcadores do tipo e gravidade da lesão. O metabolismo, resposta bioquímica e imunológica são influenciadas por diversos fatores: genéticos, idade, sexo, estado nutricional, tabagismo, álcool, doença hepática prévia ou presente, uso de outras drogas, aditivos alimentares, integridade da flora intestinal e poluentes ambientais entre outros. Métodos: Alertar o médico a conhecer e detectar as reações do fígado às drogas através do relato de um Caso Clínico: Homem leucodérmico, 72 anos, casado, natural do RJ, aposentado, sem hepatopatias prévias e não etilista, admitido com dor abdominal alta, náuseas, vômitos, astenia e icterícia (3+/4+) há 07 dias, com exacerbação nas últimas 72horas. Estava sob uso de Flutamida (tid) há 20 dias, para tratamento de Ca da próstata. Exames complementares (admissão): Plqts=138 mil; BT=23,6(d=6,4); ast=1998; alt=2534; albumina=3,4; tap=29"/43%%; ggt=650; fa=430. Após 48horas: marcadores virais A, B e C negativos; BT=20(d=6,3); ast=1101; alt=1702; ggt=520; fa=402; albumina=3,5. Após 72horas: Plqts=130mil; tap=22"/59%%; ast=980; alt=1589; ggt=523; PCR<6. No 5º dia: tap=15,6"/85%%; BT=19,3(d=9,3); ast=498; alt=473; ggt=560; US Abdomen=colelitíase (19mm), vesícula com paredes espessadas. No 7º dia: tap=16"/ 67%%; Plqts=133mil; HC=normal; U=18; C=0,9; amilase=43; BT=11,8(d=8,5); ast=176; alt=262; ggt=513; fa=591; ferritina=2366; psa=3,99; FAN, AML e AAM negativos; AFP=30,7; gama globulina=20,4; relação A/G=1,36; EEGD=pangastrite enant. Moderada. TU=negativo; ColangioRM= colelitíase. Alta hospitalar. Resultados: Após suspensão da Flutamida (na admissão) houve remissão lenta, mas progressiva dos sintomas seguida de queda das enzimas hepáticas e demais provas no período de seis meses. Alta ambulatorial com referência à Cirurgia. Conclusão: A Flutamida é um Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters antiandrogênico não esteroidal, que impede os andrógenos de expressar suas atividades nos tecidos alvos. A hepatotoxicidade por Flutamida não excede 0,18%%, provavelmente por mecanismo idiossincrásico envolvendo o Citocromo P450. A única indicação terapêutica aprovada pela ANVISA é o Ca de próstata. A melhor forma de prevenção das DHOD é conhecer bem a hepatoxicidade de cada droga, os fatores predisponentes, sempre alertando ao paciente sobre os para-efeitos, mantendo-o sob vigilância, realizando controle bioquímico frequente e eventualmente biopsia hepática. TL 242 AVALIAÇÃO CLÍNICA-BIOQUÍMICA E DO ESTILO DE VIDA EM PACIENTES PORTADORES DE DOENÇA HEPATICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA Fabiola Rabelo, Wanda Regina Caly, Aline Coelho Rocha, Wilson Roberto Catapani Faculdade de Medicina do ABC Introdução: A Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA) está habitualmente associada à Síndrome Metabólica, estipulada pela ATPIII (Adult Treatment Painel) verificando-se que tanto a dieta orientada como a atividade física tem importância fundamental no controle dessa síndrome, além da adesão medicamentosa voltada para as diversas morbidades. Objetivos: Verificar a evolução clínica e bioquímica hepática de pacientes portadores de DHGNA, ambulatoriais, em um período mínimo de 05 anos de seguimento. Material e Métodos: Estudo retrospectivo de 12 pacientes, portadores de DHGNA, diagnosticada por exames de imagem (Ultrassom/ Tomografia abdominal) e/ou biópsia hepática, Os pacientes foram encaminhados para dieta orientada por nutricionista na consulta inicial (CI) e solicitados á fazerem atividade física regular (mínimo: 150 minutos/semana). O uso de medicamentos específicos foi realizado, quando necessário (hipoglicemiantes orais, estatinas / fibrato, antihipertensivos). Do total de pacientes incluídos, 5 eram diabéticos, 5 hipertensos e 8 dislipidêmicos. Em todos os pacientes foram solicitados exames laboratoriais gerais e coletados dados antropométricos, que foram avaliados á consulta inicial (CI) e á consulta final (CF). Resultados: A idade média foi de 50,6 anos (34-76), todos do gênero feminino. O diagnóstico de obesidade foi feito em 7/12 (58,3%) nas avaliações inicial e final. Apenas 41,7% só cumpriram a dieta orientada na CI. Mantiveram-se hipertensos 41,7% dos pacientes nas duas avaliações; 33,3% não apresentaram hipertensão na CI e CF e 25% se tornaram hipertensos (CF). Durante toda a evolução, 33,3% não realizaram atividade física durante todo o acompanhamento, enquanto que o mesmo percentual realizou exercícios físicos apenas ao início do tratamento. Na avaliação dos níveis glicêmicos (CI e CF), houve significante redução de seus valores, nas avaliações CI e CF, respectivamente: 139,5 ± 70,03 e 103,8±41,59, p= 0,017 (IC 7.32 a 64.10). Da mesma forma, houve redução significativa das dosagens do colesterol inicial e final: 250,7 ± 75,0 e 198,1 ±87,8 p= 0,0005 (IC 27.76 a 77.39), em que pesem as diferenças de tratamento observadas. Conclusões: A despeito do pequeno número de pacientes, verificamos que o seguimento da DHGNA se mostra difícil na medida em que há resistência na prática de mudanças no estilo de vida. Verificamos que apenas alguns dos parâmetros dependentes do uso de medicamentos foram os que se modificaram na evolução desses anos. TL 243 RELATO DE CASO - ADENOMA HEPÁTICO COM DISPLASIA EM PACIENTE COM DIAGNÓSTICO DE GLICOGENOSE TIPO I Susan Louise Kakitani Takata, Ana Lc Martinelli, Márcia Villanova, Andreza Teixeira, Karla Sawada Toda, Rafael Lopes Gurgel, Fernanda Sumire Araki FMUSP- RP Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 Introdução: A glicogenose tipo I é uma doença autossômica recessiva relacionada ao metabolismo do carboidrato, causada pela deficiência da glicose-6-fosfatase. Existem diversos relatos de lesões focais hepáticas nestes pacientes, porém a grande maioria é relacionada ao adenoma hepatocelular. São poucos os casos de hiperplasia nodular focal e carcinoma hepatocelular. Objetivos: Relatar caso de paciente com glicogenose tipo I submetido a hepatectomia parcial devido a suspeita de hepatocarcinoma. Material e métodos: revisão de prontuário e de artigos. Resultados: Paciente masculino, 23 anos, em acompanhamento pelo serviço de hepatologia desde seus 2 anos de idade por diagnóstico de glicogenose tipo I. Manteve seguimento sem intercorrências até os 19 anos, quando, ao realizar ultrassom abdominal de rotina, foi detectada lesão nodular focal em segmento 6 do fígado. A ressonância magnética do abdome mostrou lesão de 1,5 cm, de características indeterminadas, não podendo excluir nódulo displásico. Optado por seguimento com exames de imagem. Após 1 ano e 7 meses, também em ressonância magnética de abdome, foram detectados dois nódulos hepáticos, em segmentos 6 e 7, sendo que as características não permitiam definir as lesões como benignas. Optado por biópsia hepática percutânea por agulha que mostrou adenoma hepático, sem características para malignidade. Realizada hepatectomia parcial do segmento 6, nodulectomia nos segmentos 5 e 7 e alcoolização intraoperatória de três nódulos em segmentos 3, 4 e 5 . A avaliação anatomopatológica de todas as lesões permitiu o diagnóstico de adenomas hepatocelulares, sendo que o maior deles (2,7 cm em segmento 6) apresentava focos de displasia hepatocelular tipo pequenas células. O paciente segue em acompanhamento ambulatorial, clinicamente assintomático, e sem novas lesões hepáticas focais em exames de imagem periódicos. Discussão: A incidência de adenoma hepatocelular é maior que o de carcinoma hepatocelular na glicogenose, porém há relatos de malignização a partir de adenomas. Os mecanismos de desenvolvimento do carcinoma hepatocelular na glicogenose não são bem definidos, porém discute-se como possível explicação períodos prolongados de hipoglicemia, a partir de acúmulo de metabólitos anormais no fígado que agiriam como carcinogênicos. Por outro lado, há relatos de casos de regressão do adenoma após adequação da dieta. TL 244 ETIOLOGIA DA CIRROSE EM PACIENTES AVALIADOS EM NÍVEL AMBULATORIAL Angelo Alves de Mattos, Jorge Alberto John, Suelen Aparecida da Silva Miozzo, Pedro Henrique Comerlato, Mariana Porto, Priscila Contiero, Renata Rodrigues da Silva Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre Introdução: As doenças hepáticas representam importante problema de saúde pública, devido à prevalência e ao prognóstico muitas vezes sombrio. As etiologias mais comuns das hepatopatias crônicas são as infecções crônicas pelo vírus da hepatite B (VHB) e C (VHC), doença hepática alcoólica e doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), com suas prevalências variando de acordo com a região. Os trabalhos que avaliam esta população em nível ambulatorial são escassos na literatura do nosso país. Objetivos: Avaliar a prevalência de cada etiologia nos pacientes com diagnóstico de cirrose, atendidos em um ambulatório terciário. Materiais e Métodos: Foi realizado um estudo de coorte, observacional e retrospectivo em todos pacientes com diagnóstico de cirrose com acompanhamento em ambulatório terciário, entre março de 2005 a março de 2010. Foram incluídos todos os pacientes com diagnóstico de cirrose e seguimento mínimo de um ano. Foram excluídos casos de coinfecção com HIV, com transplante de órgãos prévio, com diagnóstico de CHC avançado no primeiro atendimento, com aqueles com ausência de registro adequado ou com perda de seguimento. Critérios para etiologia: VHC - anti-HCV + PCR-VHC; VHB - HBsAg + PCR-VHB; Álcool - ingestão >210g/ semana por 10 anos (homens) ou 140g (mulheres); Outros casos- 99 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia outros diagnósticos realizados através de histologia, exames laboratoriais/imagem ou por exclusão. O projeto foi aprovado pelo CEP institucional. Os dados foram analisados com o programa SPSS 18.0. Resultados: Entre os 527 pacientes incluídos no estudo, a principal etiologia encontrada para a cirrose foi o VHC, 186 (35%), sendo seguida pelo álcool, 126 (24%), associação de VHC e álcool, 119 (23%), criptogênica, 20 (3,8%), hepatite autoimune, 16 (3%), VHB, 11 (2,1%), VHB e álcool, 9 (1,7%), cirrose biliar primária, 9 (1,7%), álcool e etiologias não-virais associados, 7 (1,3%), DHGNA, 6 (1,1%), associação de VHB, VHC e álcool, 4 (0,8%), doença de Wilson, 3 (0,6%), cirrose biliar secundária, 3 (0,6%), colangite esclerosante primária, 2 (0,4%). As demais associações corresponderam a 1% dos casos. Conclusão: O VHC como agente único corresponde a pouco mais de um terço dos casos, índice que aumenta para 50% quando associado com outras etiologias. O álcool também está relacionado de forma significativa aos casos de cirrose. Já o VHB teve baixa prevalência, diferenciando nossa região de outras do País, onde essa infecção é considerada como causa importante de cirrose. TL 245 CARCINOMA HEPATOCELULAR EM ESQUISTOSSOMOSE HEPATOESPLÊNICA PACIENTE COM Susan Louise Kakitani Takata, Ana Lc Martinelli, Márcia Villanova, Andreza Teixeira,Karla Sawada Toda, Rafael Lopes Gurgel, Fernanda Sumire Araki FMUSP- RP Introdução: A esquistossomose é uma doença endêmica de diversas regiões do Brasil e discute-se ser um possível fator de risco para o carcinoma hepatocelular. Objetivos: Relatar o caso de paciente com diagnóstico de esquistossomose que apresentou carcinoma hepatocelular. Material e métodos: revisão de prontuário e de artigos. Resultados: Paciente masculino, 74 anos, em acompanhamento pelo serviço de hepatologia desde 2006 com diagnóstico de esquistossomose. Relatou uso de praziquantel na época do diagnóstico. Em novembro de 2011, ressonância de abdome mostrou imagens compatíveis com carcinoma hepatocelular em segmento III/IV de 6,8x 6,7x 7,5cm (com sangramento no interior, além de causar dilatação de vias biliares intra-hepáticas lobo esquerdo) e em segmento VII de 1,4cm, além de nódulos displásicos em segmento VII. O paciente foi submetido a biópsia que confirmou tanto o diagnóstico de esquistossomose quanto o de carcinoma hepatocelular. Realizada hepatectomia lateral esquerda e evoluiu bem, em acompanhamento ambulatorial com ressonância de abdômen semestral. Discussão: Relata-se um caso de carcinoma hepatocelular associado a esquistossomose hepatoesplênica sem evidência de outras causas de doença hepática crônica. Os artigos de revisão da literatura mostram que pacientes com esquistossomose possuem maior incidência de infecções pelas hepatites B e C em relação a pacientes de grupo controle. Acredita-se que pacientes com esquistossomose hepatoesplênica possuem maior susceptibilidade a se tornarem portadores crônicos destes vírus devido a um sistema imune debilitado pela doença, além de terem progressão da lesão hepática mais acelerada, inclusive para carcinoma hepatocelular. Alguns estudos realizados em regiões endêmicas no Brasil e no Egito mostram uma maior incidência de hepatocarcinoma em pacientes com esquistomossomose, porém estes casos em geral são associados a pelo menos um outro fator de risco, como infecções virais ou exposição a aflatoxina. Assim, o papel da esquistossomose como fator de risco isolado para o hepatocarcinoma ainda é discutível, porém acredita-se que possa ser importante cofator. 100 TL 246 TEMPO DE SOBREVIDA EM PACIENTES COM CIRROSE ATENDIDOS EM AMBULATÓRIO TERCIÁRIO Angelo Alves de Mattos, Jorge Alberto John, Suelen Aparecida da Silva Miozzo, Pedro Henrique Comerlato, Mariana Porto, Priscila Contiero, Renata Rodrigues da Silva Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre Introdução: Estudos que avaliam o tempo de sobrevida de pacientes com cirrose, acompanhados em nível ambulatorial, são escassos na literatura. Objetivos: Avaliar o tempo de sobrevida de pacientes cirróticos acompanhados em nível ambulatorial, bem como os fatores de risco relacionados. Materiais e Métodos: Realizamos um estudo de coorte, observacional e retrospectivo em todos pacientes com diagnóstico de cirrose, acompanhados de forma consecutiva em um ambulatório de nível terciário. Foram incluídos todos com diagnóstico de cirrose e seguimento mínimo de um ano. Foram excluídos casos de coinfecção com HIV, com transplante de órgãos prévio, com diagnóstico de CHC avançado no primeiro atendimento e aqueles com ausência de registros adequados ou os com perda de seguimento. Para a sobrevida dos pacientes utilizamos curvas de Kaplan-Meier (KM). Para fatores independentemente associados ao óbito, utilizamos na regressão de Cox um processo de seleção retrógrada (backward selection) com nível de significância aumentado para α=0,10. Resultados: Foram avaliados 527 pacientes, tendo sido Identificada uma sobrevida mediana de 12 anos observando-se uma taxa de sobrevida de 73% aos 5 anos e 57% aos 10 anos. Ao avaliarmos a sobrevida de acordo com o fator etiológico, identificamos uma sobrevida, em 5 e 10 anos, respectivamente, de 68% e 46% para os pacientes com VHC, 77% e 66% para os com etiologia alcoólica, 70% e 45% quando ambos os fatores estiveram envolvidos e de 84% e 68% para as demais causas (p=0,004). Efetuando uma análise multivariada se identificou como fatores de risco para óbito no inicio do acompanhamento, a etiologia relacionada com VHC (p=0,014); os níveis de albumina (p=0,005) e a presença de CHC (p=0,001). No final do seguimento foram considerados fatores de risco pacientes com Child B ou C (p<0,003), escore de MELD >15 (p=0,086), níveis de creatinina (p=0,037), de albumina (p=0,087) e de sódio (p<0,001, além da presença de CHC (p=0,066). Conclusão: Observamos que a sobrevida dos pacientes variou de acordo com a etiologia e que é importante o reconhecimento de fatores de risco associados com o intuito de identificar a população que necessita de um maior controle. TL 247 APRESENTAÇÃO ATÍPICA DE CARCINOMA HEPATOCELULAR: METÁSTASE PARA PARTES MOLES Carolina Oliveira Santos, Tirzah de Mendonça Lopes, Lucas Marques de Faria, Leticia Stahelin, Livia dos Reis Pandolfi, Jazon Romilson de Souza Almeida, Tiago Sevá Pereira, Leonardo Trevisan Munici, Fernanda Proa Ferreira UNICAMP Introdução: O carcinoma hepatocelular (CHC) tem como sítios metastáticos mais comuns os pulmões, linfonodos periportais, adrenais e ossos. Lesões metastáticas, muito raramente, constituem a forma de apresentação clínica primária do CHC. Objetivo: Relatar apresentação inicial atípica de carcinoma hepatocelular com lesão metastática em tecidos moles. Relato de caso: VT, 53 anos, masculino, com história de há oito meses ter notado lesão nodular de 1cm em região glútea, dolorosa, sem outros sinais flogísticos. Após quatro meses, a lesão já se apresentava com 10cm, extendendo-se para coxa, procurando atendimento médico. Exames realizados: RNM de coxa esquerda: volumoso processo expansivo muscular, destruindo osso ilíaco adjacente; Cintilografia Óssea: lesão extensa e irregular de partes moles em coxa esquerda e pequena lesão Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters osteoblástica na transição isquiopélvica; PET-TC: lesão osteolítica hipermetabólica no ísquio esquerdo, com volumosa extensão para tecidos moles; aumento de atividade metabólica em topografia de veia cava inferior, veia supra-hepática direita e átrio direito. Realizada biopsia da lesão que evidenciou neoplasia maligna epitelióide inespecífica, sendo paciente encaminhado para 10 sessões de radioterapia. No entanto a imunohistoquímica evidenciou achados sugestivos de CHC (AE1/AE3 e CEA positivos). O paciente foi encaminhado à Hepatologia. Ao exame físico, notava-se fígado a 3cm do rebordo costal direito, baço percutível, edema em membros inferiores (++/4+), destacando-se em face externa de coxa esquerda massa palpável, endurecida e dolorosa. Referia etilismo importante, sem outras comorbidades. Exames laboratoriais: AFP 82,8ng/mL, INR 0,92, albumina 4,1g/dL, ALT 47U/L, AST 86U/L, Bi 0,34mg/dL, FALC 162U/L, GGT 204U/L, Hb 11,9g/dL, plaquetas 394.000/mm³, leucometria 11.170/mm3, AgHBs negativo, anti-HBc negativo e anti-HCV positivo. Endoscopia digestiva alta: varizes esofágicas de médio calibre. TC de abdome: fígado sugestivo de hepatopatia crônica, com lesão hipercaptante na fase arterial, com wash-out, ocupando todo o lobo direito, e invasão de veia porta, veia cava inferior e átrio direito. Conclusão: Carcinoma hepatocelular infiltrativo com invasão vascular em paciente sem diagnóstico prévio de cirrose hepática, apresentandose com metástase em face externa de coxa esquerda. TL 248 PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO CALAZAR NO ESTADO DO MARANHÃO Graça Maria de Castro Viana, Walter Hugo Brandão Nascimento, Marcos Antonio Custódio Neto da Silva, Geusa Feliapa de Barros Bezerra, Walbert Edson Muniz Filho, Maria do Desterro Soares Brandão Nascimento Universidade Federal do Maranhão - UFMA Introdução: A leishmaniose visceral (LV) ou calazar é uma zoonose de grande relevância na saúde coletiva devido à sua importância epidemiológica, alta letalidade em pacientes não tratados e soroprevalência. A leishmaniose visceral é uma doença de notificação compulsória, que se tornou um importante problema de saúde pública no Brasil. No Maranhão, os primeiros registros de casos autóctones humanos de LV em área urbana ocorreram em 1982, no município de São Luís. As condições sócio-econômicas, ambientais e hábitos de vida são fatores significativos na epidemiologia da leishmaniose visceral em áreas endêmicas. É uma doença febril de curso prolongado, caracterizada por palidez, emagrecimento, aumento do volume abdominal, hepatoesplenomegalia e edema. O diagnóstico é realizado a partir de achados clínico-epidemiológicos e exames complementares. Objetivos: Investigar as características epidemiológicas da leishmaniose visceral, identificando os aspectos sociodemográficos da endemia no Estado do Maranhão. Material e Métodos: Estudo retrospectivo, descritivo, de casos diagnosticados de Leishmaniose Visceral no Estado do Maranhão. Foram analisados os registros do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) por intermédio do Departamento de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão no período de 2001 a 2013. Foram analisados: idade, sexo, escolaridade, manifestações hemorrágicas, droga inicial e evolução. Resultados: No período em questão foram observados 5.982 casos humanos de LV, com uma média de 460,15 casos/ano. Quanto à idade, 2.428 casos (40.6%) ocorreram em crianças na faixa etária entre 1 e 4 anos. Quanto ao sexo, prevaleceu o sexo masculino com 58.8% dos casos. Quanto à escolaridade, 21.07% dos casos tinham o ensino fundamental incompleto. A maior parte dos pacientes teve a confirmação parasitológica, o critério clínico-epidemiológico isoladamente não foi relevante. 224 casos (3.74%) apresentaram fenômenos hemorrágicos. O antimonial pentavalente foi a droga de 1ª escolha no tratamento em 90.3% dos casos. Nessa casuística, 95.25% dos casos evoluíram para cura. Conclusão: A leishmaniose visceral encontra-se amplamente distribuída no Estado do Maranhão. A análise dos dados clínicos e Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 epidemiológicos é importante para a definição da melhor conduta e a fim de evitar os óbitos e complicações decorrentes dessa doença. TL 249 ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS DO CALAZAR NO MUNICÍPIO DE CAXIAS - MA Marcos Antonio Custódio Neto da Silva, Walter Hugo Brandão Nascimento, Geusa Feliapa de Barros Bezerra, Walbert Edson Muniz Filho, Irenes Sousa da Silva, Graça Maria de Castro Viana, Maria do Desterro Soares Brandão Nascimento Universidade Federal do Maranhão - UFMA A Leishmaniose Visceral (LV) é uma antropozoonose causada pelo protozoário da família Trypnosomatidae, gênero e subgênero Leishmania e espécie chagasi-L. (L.) chagasi. A LV é endêmica em 47 países, sendo que 90% dos casos ocorrem no Brasil, especialmente na Região Nordeste. Na LV a faixa etária menor de 10 anos, especialmente a menor de cinco anos, é a mais frequentemente atingida. A infecção pela L.(L) chagasi caracteriza-se por um estado febril, palidez, emagrecimento, aumento do volume abdominal, hepatoesplenomegalia e edema. Observam-se ainda outras manifestações clínicas como tosse, diarreia, icterícia e hemorragias que dificultam o diagnóstico diferencial com outras doenças, retardando a identificação, o que pode levar o paciente à morte. O diagnóstico é realizado a partir de achados clínico-epidemiológicos e de exames complementares como fixação do complemento, imunofluorescência indireta, teste de aglutinação direta, ELISA e DotELISA, assim como técnicas de biologia molecular como a reação em cadeia da polimerase. O padrão-ouro é o diagnóstico parasitológico por aspiração de baço, medula, fígado e linfonodos. Objetivos: Objetivou-se analisar os dados clínicos, epidemiológicos, laboratoriais e terapêuticos de pacientes portadores de leishmaniose visceral (LV), em uma área endêmica do Estado do Maranhão. Material e Métodos: Estudo retrospectivo, descritivo, de casos diagnosticados de Leishmaniose Visceral no município de Caxias, atendidos no Hospital Infantil Dr. João Viana, no período de 2007 a 2011. Os dados avaliados foram fornecidos pela Secretaria de Vigilância Epidemiológica. Foram analisados idade, sexo, raça, critério diagnóstico, manifestações clínicas, droga inicial e evolução. Resultados: Observou-se que do total de 180 casos (100%), 70% estavam na faixa etária até 9 anos de idade, 108 casos eram do sexo masculino (60%) e 72 casos eram do sexo feminino (40%). Quanto à raça, 80,6% dos casos eram pardos. Em relação ao critério diagnóstico, houve prevalência do método clínico-epidemiológico (85,5%). Quanto às manifestações clínicas, 6% dos casos apresentaram hemorragia, 21,6% quadros infecciosos, 51,7% hepatomegalia, 76,7% esplenomegalia, 79,7% palidez, 77,9% emagrecimento, 51,1% tosse e/ou diarreia, 24% icterícia, 25,7% edema, 86,4% astenia e 95, 5% febre. A droga inicial foi o antamonial pentavalente em 87,2% dos casos e 92,3% dos casos evoluíram para cura. Conclusão: A Leishmaniose Visceral é uma doença endêmica que apresenta diversas complicações, especialmente em crianças. O diagnóstico precoce e o controle da doença devem ser aprimorados A LV é um problema de saúde pública e deve ser combatido, a fim de minimizar danos e custos. TL 250 CARCINOMA HEPATOCELULAR EM PACIENTES INTERNADOS NA ENFERMARIA DE GASTROENTEROLOGIA DE UM HOSPITAL TERCIÁRIO Natália de Carvalho Trevizoli, Ana Carolina Benvindo Lopes, Fernando Sevilla Casan, Liliana Sampaio Costa Mendes, José Eduardo Trevizoli Hospital de Base do Distrito Federal Introdução: O carcinoma hepatocelular (CHC) é uma neoplasia primária do fígado, que usualmente se desenvolve relacionado à 101 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia cirrose hepática. O diagnóstico pode ser baseado em exames de imagem, dosagem de alfa-fetoproteína (AFP) e/ou biópsia. As opções terapêuticas curativas incluem ressecção, transplante hepático e ablação. Alternativas destinadas ao controle do crescimento tumoral são quimioembolização e sorafenibe. Também há o tratamento paliativo, visando garantir qualidade de vida. Objetivos: Descrever o perfil epidemiológico, proposta de tratamento e evolução dos pacientes com diagnóstico de CHC internados na enfermaria de Gastroenterologia de um hospital terciário. Material e Métodos: Estudo longitudinal de dados obtidos através da revisão de prontuários. Foram analisadas as internações que ocorreram no período de Março de 2012 a Junho de 2013. Resultados: Foram analisados 22 pacientes com diagnóstico de CHC (previamente ou durante a internação). Do total, 81,8% apresentavam cirrose hepática. O diagnóstico foi não invasivo em 77,2%, baseado em exames de imagem característicos e/ou na elevação de AFP. Cinco pacientes (22,7%) apresentavam infecção por VHC e quatro (18,1%) por VHB. Um paciente apresentava perfil sorológico compatível com infecção anterior por VHB (cura). Em dois pacientes não cirróticos não foi encontrado nenhum fator de risco conhecidamente associado ao CHC. Em 7 pacientes (31,8%) nenhum tipo de tratamento específico contra o tumor foi empregado, por se tratar de neoplasia avançada. Em dois pacientes (9%) o diagnóstico de CHC e cirrose ocorreu na mesma internação do óbito, por rápida deterioração clínica. Quatro pacientes (18,1%) continuam em acompanhamento ambulatorial no serviço, realizando sessões de quimioembolização e/ou em uso de sorafenibe. Um paciente foi submetido ao transplante hepático após downstage, e no acompanhamento foi identificado acometimento metastático para pulmões e pele. Conclusão: O perfil epidemiológico dos pacientes com CHC é semelhante ao de outras populações ocidentais descritas na literatura. Na maioria dos casos não é necessário a realização de biópsia para confirmar o diagnóstico, especialmente na presença de cirrose hepática e exame radiológico compatível (wash out). Infelizmente, poucos pacientes chegam ao serviço com condições de tratamento curativo. TL 251 COINFECÇÃO DO VÍRUS DA HEPATITE C EM PACIENTES INFECTADOS PELO HIV NA CIDADE DE SÃO CARLOS, ESTADO DE SÃO PAULO Letícia de Franceschi, Laura Queluz Clementino, Mariana Morais Carvalho, Sigrid de Sousa dos Santos, Paulo Inácio da Costa Departamento de Medicina, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de São Carlos Introdução:No Brasil, estima-se que 16,7-31,2% dos pacientes infectados com HIV sejam coinfectados por vírus da hepatite C (VHC). A transmissão parenteral do VHC justifica a importância da coinfecção em indivíduos que adquiriram HIV por uso de drogas injetáveis ou produtos sanguíneos contaminados. A transmissão sexual do VHC ocorre com menor frequência (2-8%), e está associada a práticas sexuais de alto risco (sexo anal, múltiplos parceiros sexuais). Entre os pacientes infectados por HIV, 10-14% com história de exposição sexual de alto risco e 85-90% com relato de uso de drogas por via intravenosa são coinfectados com VHC. A disponibilidade de terapia antirretroviral de alta potência modificou o perfil da mortalidade dos que vivem com HIV/aids no Brasil, com diminuição da mortalidade por doenças definidoras de aids e aumento da mortalidade por doenças hepáticas. Embora estudos em grandes centros brasileiros já tenham estimado a prevalência de coinfecção HIV-VHC, a taxa de coinfecção em pequenos municípios é desconhecida. Material e Métodos: Estudo transversal. Está programada a inclusão de 214 pacientes infectados pelo HIV acompanhados no Centro Municipal de Especialidades de São Carlos. Serão coletados dados sobre idade, sexo, modo de transmissão do HIV, classificação CDC/08, drogas antirretrovirais, comorbidades, coinfecções e imunização. As amostras de sangue foram coletadas para contagem de CD4, carga viral do 102 HIV, VHC sorologia e enzimas hepáticas de março de 2012 a julho de 2013. Resultados parciais: Até o momento, 53 pacientes foram inclusos, sendo 62,3% do sexo masculino, com idade média de 42 anos (2163). Em relação à epidemiologia da infecção por HIV: 50,9% heterossexual, 32,1% homens que fazem sexo com homens, 13,2% usuários de drogas injetáveis e 3,8% desconhecida. Classificação CDC: 39,6% A; 26,4% B e 34,0% C. A coinfecção com VHC foi detectada em dez pacientes (18,9%), 90% do sexo masculino, idade média de 45,8 anos (39-58) sendo que, 70% relataram história de uso de drogas por via intravenosa e 60% relataram abuso de álcool atual ou anterior. A maioria dos pacientes coinfectados com VHC estava em uso de esquema antirretroviral incluindo inibidores de protease (70%). A mediana da contagem de CD4 foi de 830 células/mm3 e carga plasmática de HIV não detectável em 60%. Conclusão: as características epidemiológicas e clínicas de pacientes infectados pelo VIH com coinfecção por VHC parecem ser semelhantes entre pequenas e grandes cidades do Brasil. TL 252 EXPRESSÃO GÊNICA DA IL28B EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA NO BASELINE E SEMANA QUATRO DE TRATAMENTO Rafael Gonçalves de Azevedo, Nathalia Mantovani Pena, Luiz Claudio Santana, Maira Cicero Ferreira, Paulo Roberto Abrão Ferreira, Edson Guimarães Lo Turco, Maria Lúcia Ferraz, Ricardo Sobhie Diaz e Shirley Vasconcelos Komninakis Universidade Federal de São Paulo Introdução: a melhor terapia para infecção crônica pelo Vírus da Hepatite C (HCV) é administração de interferon peguilado mais ribavirina. A ocorrência de polimorfismos em um único nucleotídeo (SNPs), no gene da interleucina 28B (IL28B) está associada com a resposta ou falha virológica em pacientes infectados pelo HCV. O SNP rs12979860 está associado com cura espontânea sem tratamento e com cura após terapia. Outro SNP, o rs8099917, esta associado com falha virológica em pacientes tratados. Nos últimos anos estudos mostraram que esses SNPs possuem influência na expressão da IL28B, o que pode explicar diferentes respostas virológicas em grupos distintos de pacientes, afrodescendentes e caucasianos por exemplo. Objetivo: correlacionar a influência da expressão da IL28B em pacientes monoinfectados cronicamente pelo HCV no Brasil com os diferentes genótipos dos SNPs rs12979860 e rs8099917 e a resposta virológica rápida (RVR). Material e métodos: 30 pacientes foram avaliados no baseline (antes do início da terapia) e na quarta semana de tratamento. PBMCs foram obtidas e RNA total isolado pelo kit RNeasy Mini (Qiagen, USA). Transcrição reversa do RNA mensageiro feita com High Capacity RNA-to-cDNA kit (Applied Biosystems, USA). Quantificação relativa no 7500 RealTime PCR (Applied Biosystems, USA) com TaqMan Gene Expression Assays kit (Applied Biosystems, USA). 304 e 476 pares de bases (regiões rs12979860 e rs8099917 respectivamente) foram amplificados pela Reação em Cadeia da Polimerase. Genotipagem dos SNPs foi realizada pelos fragmentos gerados no ABI Prism 3130 Genetic Analyser (Applied Biosystems, USA). Sequências obtidas foram editadas no Sequencher 5.0.1 e análises estatísticas realizadas no SPSS 21. A quantificação relativa da IL28B foi avaliada no DataAssist 3.01 (Applied Biosystems, USA). Resultado: indivíduos rs12979860 CT/TT foram fortemente associados com presença de fibrose avançada. rs8099917 TT foram significativamente associados com descendência caucasiana. rs12979860 CT;TT/rs8099917 TG;GG foram fortemente associados com a presença de fibrose avançada. Não houve diferença significante quando comparamos a expressão gênica da IL28B em todos os pacientes no momento baseline versus quarta semana de tratamento. rs12979860 CC/rs8099917 TT versus rs12979860 CT;TT/rs8099917 TG;GG tiveram diferenças significativamente maiores nos níveis de expressão da IL28B, tanto baseline quando na quarto semanas depois. Conclusão: concluímos que quando os alelos rs12979860 e rs8099917, e os na expressão da Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters IL28B são observados juntos, se tornam melhores preditores de RVR do que analisados separadamente. Apesar dos nossos resultados, mais estudos são necessários para esclarecer melhor a relação desses SNPs com a expressão da IL28B. TL 253 VARIÁVEIS ASSOCIADAS AO SUCESSO TERAPÊUTICO DA HEPATITE B CRÔNICA NA PRÁTICA CLÍNICA Rodrigo Martins Abreu, Aline Siqueira Ferreira, Eduardo Remor, Priscilla Alves Rocha, Vanusa Barbosa Pinto, Flair José Carrilho, Suzane Kioko Ono Departamento de Gastroenterologia, Disciplina de Gastroenterologia Clínica da FMUSP, São Paulo, Brasil Introdução: Embora a adesão seja uma variável importante, poucos estudos estão disponíveis em relação ao uso de análogos de nucleos(t)ídeos na prática clínica. É de fundamental importância incrementar estratégias de intervenção nos serviços de saúde e avaliá-las a partir da compreensão das variáveis associadas à adesão. Objetivos: Avaliar a presença de associações entre variáveis que expliquem a adesão ao tratamento. Material e Métodos: Trata-se de um estudo transversal realizado no período de dezembro de 2010 a agosto de 2011. Foram avaliados 183 pacientes com hepatite B crônica em tratamento com adefovir, entecavir, lamivudina e/ou tenofovir. Foram coletadas informações sócio-demográficas, relacionadas ao tratamento e registros de farmácia referente à dispensação. A adesão ao tratamento foi avaliada por meio do "Questionário para avaliação da adesão ao tratamento antiviral em pacientes portadores de hepatite B crônica" (CEAT-VHB), adaptado e validado a partir do CEAT-VIH, para esse grupo de pacientes. Foram utilizados testes estatísticos para verificar a presença de associações entre a adesão (ou não) ao tratamento com as variáveis categóricas (Qui-quadrado) e quantitativas (Mann-Whitney). Resultados: O CEATVHB identificou 56,8% (104) dos pacientes em adesão ao tratamento. Entre os fatores sócio-demográficos, foi observado que os pacientes em adesão ao tratamento são mais velhos (p = 0,0035). Com relação às variáveis relacionadas ao tratamento antiviral, há associação entre o grupo adesão e o relato do paciente de dificuldade de seguir ao tratamento (p = 0,005). Dos 104 pacientes em adesão, 13% relataram dificuldade de seguir o tratamento. Por outro lado, dos 79 pacientes em não adesão, somente 30% relataram essa dificuldade, o que sugere que o paciente não reconhece sua dificuldade, mas esta falha é revelada pelo CEAT-VHB. Foi verificado que os problemas relacionados à dispensação de medicamentos (falta do antiviral e/ou não retirada do mesmo pelo paciente) não tiveram associação com os grupos adesão e não adesão (p > 0,05). As demais variáveis não apresentaram diferenças entre os grupos (p > 0,05). Conclusão: Podemos verificar que a adesão ao tratamento foi baixa, sendo a idade uma variável importante para o paciente se manter em adesão a longo prazo. De acordo com os resultados preliminares, sugere-se a importância de um programa continuado de promoção da saúde e orientação a tomada de medicamentos a fim de tentar aumentar a adesão ao tratamento. TL 254 DADOS DEMOGRÁFICOS E MOLECULARES ASSOCIADOS A PACIENTES COM SOROLOGIA POSITIVA PARA HEPATITE C EM UM LABORATÓRIO DE REFERÊNCIA Vânia Sarmento, Andrea Silva, Olglaize Souza, Heloisa Nunes, Manoel Soares Instituto Evandro Chagas O vírus da Hepatite C (VHC) é a principal causa de hepatite crônica no ocidente e atualmente, o maior responsável por insuficiência hepática Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 e indicação de transplante hepático em países desenvolvidos. O diagnóstico inicial específico é mediado por técnicas sorológicas. Contudo é sabido que a presença de Anti-HCV não define a evidência de infecção ativa e pode merecer várias interpretações alternativas. Os resultados reagentes desse marcador deverão ser confirmados por testes moleculares para detecção de ácido nucléico do VHC. Objetivo: Analisar dados demográficos e resultados de biologia molecular associados a casos com sorologia positiva para hepatite C em casuística de um laboratório de referência. Material e Métodos: Foi realizado um levantamento no período de junho de 2012 a junho de 2013 de casos suspeitos de hepatite C e com sorologia positiva por enzimaimunoensaio (ELISA) para anti-HCV, com dados demográficos e laboratoriais e de biologia molecular para o VHC na mesma data de coleta. Os testes sorológicos (ELISA) foi realizado por kits comerciais (ORTHOTM HCV 3.0 ELISA e MUREX ANTI-HCV 4.0) e a detecção de RNA-VHC pela técnica de reação em cadeia pela polimerase (AMPLICOR® HCV, v2.0) e para genotipagem foi realizada técnica de hibridização reversa utilizando kit (LINEAR ARRAY HCV GENOTYPING TEST). Resultados: As amostras foram de indivíduos procedentes de vários municípios do estado do Pará (96,6%) e de outros estados (3,4%). Do total estudado observou-se que 51% das amostras correspondem ao gênero masculino e 49% ao gênero feminino, com a média de 51,1 anos. Observou-se que dos 210 casos, 164 (78,1%) tinham resultado positivo para RNA-VHC (Grupo 1) e 46 (21,9%) apresentaram resultado negativo para RNA-VHC (Grupo 2). Quanto aos valores de densidade óptica (DO) obtidos para esses dois grupos, 2,94% do Grupo 1 apresentou DO <3, já o Grupo 2 apresentou 40% dos resultados com DO <3. Os genótipos mais prevalentes entre os 77 pacientes examinados foram o genótipo 1 (71,4%), seguido do genótipo 3 (23,4%). Conclusão: Após análise, observou-se que não houve influência do genótipo e da situação demográfica para a reatividade de anti-HCV ou RNA-VHC. O genótipo mais prevalente (1) está em acordo com outros estudos para esta região. Os resultados mostram ampla predominância de reatividade para RNA-VHC nos casos com DO >3, em detrimento de baixa reatividade nos casos com DO <3, sugerindo, quanto a estes últimos, inespecíficidade, "clearance" ou baixa carga viral. TL 255 INFLUÊNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA REGULAR NOS NÍVEIS DE ENZIMAS HEPÁTICAS EM MULHERES Crimério R Santos Júnior, Helma P Cotrim, Adriano O Santos, Paulo Adriano Schwingel, Tainá Viana, Marcos Vinicius Carruego, Mariana Romero Universidade Federal da Bahia Introdução: Exercício físico regular é recomendado para prevenção e tratamento de doenças crônicas, entretanto a relação entre a prática e alterações de enzimas hepáticas não é muito bem conhecida, sendo os poucos dados disponíveis, extraído de amostras masculinas. Objetivo: avaliar a relação entre indicadores antropométricos e níveis das enzimas hepáticas em mulheres de diferentes estilos de vida. Métodos: Estudo analítico que avaliou mulheres com 18-45 anos de idade entre 2010 e 2012. Foram submetidas à entrevista para determinação do nível de atividade física, avaliação clinica e antropométrica: IMC, Circunferência da Cintura (CC), percentual de Gordura Corporal (%GC) e exames laboratoriais (ALT, AST e GGT) e CPK (marcador de agressão muscular). Foram excluídos indivíduos com doenças cardiorrespiratórias, renais e hepatites virais, além de consumidores álcool ≥140 g/semana; expostos a produtos químicos e esteroides anabolizantes. A relação entre as variáveis foi avaliada através do teste de correlação linear de Pearson ou Spearman e possíveis associações através dos testes Qui Quadrado de Pearson e exato de Fisher, adotando 5% como nível de significância. Resultados: Sessenta e cinco voluntárias participaram do estudo (Tabela 1). No grupo ativo, enzimas hepáticas estavam elevadas em 16,7%: AST (3); GGT (2); ALT-AST (1) e CPK em 44,4%. Verificou-se 103 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia correlação moderada entre IMC e CC (r=0,73; p<0,01) e fracas entre %GC com IMC (r=0,51; p<0,01) e CC (r=0,51; p<0,01). Fracas correlações foram encontradas entre AST com CPK (r=0,63; p<0,01) e com ALT (r=0,47; p<0,01). No grupo não ativo, 10,3%: AST (1); GGT (1); nas três (1) tinham enzimas hepáticas elevadas e CPK 24,1%. O IMC apresentou moderada correlação com CC (r=0,85; p<0,01) e %GC fracas correlações com IMC (r=0,52; p<0,01) e CC (r=0,51; p<0,01). CPK apresentou fraca correlação apenas com AST (r=0,56; p<0,01). Em ativos (p=0,27) e não ativos (p=0,75), não se observou associação entre CPK elevada e enzimas hepáticas elevadas. Não foi verificada correlação entre aminotransferases e indicadores antropométricos nos grupos. Conclusões: a) esse estudo, realizados com mulheres praticantes de atividade física regular, mostra que alterações em CPK não implicaram em alterações de ALT, AST e GGT; b) alterações dos indicadores antropométricos também não se relacionaram com alterações enzimas hepáticas ou CPK nestes indivíduos. Esses resultados sugerem que a atividade física deve ser incentivada, e que sua prática regular não influência sobre níveis séricos de enzimas hepáticas. TL 256 TROMBOSE DE VEIA PORTA POR DEFICIÊNCIA DE PROTEÍNA S após a paciente consultou com dermatologista e teve diagnóstico de deficiência de proteína S. Paciente foi então encaminhada para hematologista tendo tido seu tratamento otimizado e solicitada a investigação da família que mostrou-se negativa. O diagnóstico atual é de Deficiência de proteína S adquirida Conclusão: Trombose da veia porta é uma condição incomum, associada à cirrose avançada, doenças reumáticas, contracepção oral e terapia de reposição hormonal(2). A Proteína S atua como um cofator para o aumento da proteína C, dependente de vitamina K, possuindo ação anticoagulante independente da proteína C no plasma.(6) Adicionalmente, a proteína S tem efeitos citoprotetores como anti-inflamatório, anti-apoptótico e estimulando a fagocitose de células apoptóticas(7,8) . Salientamos a importância da investigação completa dos pacientes acometidos por trombose portal em especial quando não há história prévia de fatores de risco para esse tipo de trombose e necessidade de adequação do tratamento. 1. Sarin SK, Agarwal SR, editors. Extrahepatic portal vein obstruction. Seminars in liver disease; 2002: Copyright© 2002 by Thieme Medical Publishers, Inc., 333 Seventh Avenue, New York, NY 10001, USA. Tel.:+ 1 (212) 584-4662. 2. Primignani M. Portal vein thrombosis, revisited. Digestive and Liver Disease. 2010;42(3):163-70. 3. Grainge MJ, West J, Card TR. Venous thromboembolism during active disease and remission in inflammatory bowel disease: a cohort study. The Lancet. 2010;375(9715):657-63. 4. Kappelman MD, Horvath-Puho E, Sandler RS, Rubin DT, Ullman TA, Pedersen L, et al. Thromboembolic risk among Danish children and adults with inflammatory bowel diseases: a population-based nationwide study. Gut. 2011;60(7):937-43. 5. Bernstein CN, Blanchard JF, Houston DS, Wajda A. The incidence of deep venous thrombosis and pulmonary embolism among patients with inflammatory bowel disease: a population-based cohort study. Thrombosis And Haemostasisstuttgart-. 2001;85(3):430-4. 6. Hackeng TM, Seré KM, Tans G, Rosing J. Protein S stimulates inhibition of the tissue factor pathway by tissue factor pathway inhibitor. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America. 2006;103(9):3106-11. 7. Anderson HA, Maylock CA, Williams JA, Paweletz CP, Shu H, Shacter E. Serum-derived protein S binds to phosphatidylserine and stimulates the phagocytosis of apoptotic cells. Nature immunology. 2002;4(1):87-91. 8. Liu D, Guo H, Griffin JH, Fernández JA, Zlokovic BV. Protein S confers neuronal protection during ischemic/hypoxic injury in mice. Circulation. 2003;107(13):1791-6. 9. Heijboer H, Brandjes DP, Büller HR, Sturk A, ten Cate JW. Deficiencies of coagulation-inhibiting and fibrinolytic proteins in outpatients with deep-vein thrombosis. New England journal of medicine. 1990;323(22):1512-6. 10. Anderson FA, Spencer FA. Risk factors for venous thromboembolism. Circulation. 2003;107(23 suppl 1):I-9-I-16. Michelle Larissa Zini Lise, Aline Daniele Schuster, Michael Laurence Zini Lise, Fernanda Cristina de Mesquita TL 257 PUCRS INFLUÊNCIA DO TAMANHO DA BIÓPSIA HEPÁTICA PARA O DIAGNÓSTICO E ESTADIAMENTO DAS HEPATITES CRÔNICAS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO Introdução: A trombose da veia porta (TVP) é comum em países em desenvolvimento, sendo responsável por até 20% de todos os casos de hipertensão portal.(1) Esta, refere-se a uma obstrução no tronco da veia porta que pode conduzir a hipertensão portal e redução no fornecimento de sangue para o fígado. É frequente na presença de cirrose avançada, em especial associada a carcinoma hepatocelular e doença inflamatória intestinal (IBD)(2), ambas associadas a situações de hipercoagulabilidade(3-5), porém é relativamente rara em um indivíduo previamente saudável (2). Objetivo: Relato de caso de paciente com TVP. Materiais/Métodos: Paciente feminina, 52 anos, branca, aposentada, iniciou com dores difusas no abdômen de caráter leve, consultou com cirurgião geral que atribuiu as dores à colelitíase sendo medicada com analgésicos. Tinha história de cirurgia para hérnia de hiato de médio porte há cerca de três meses e gastrite leve. As dores evoluíram em poucos dias para moderada intensidade, associandose a vômitos e diarreia sanguinolenta levando à internação da paciente. Durante a investigação foi realizada tomografia de abdômen com diagnóstico de extensa trombose de veia porta e mesentérica, com necrose de alças intestinais e acometimento hepático. Submetida à cirurgia de urgência com remoção de 70cm de intestino delgado. Iniciada anticoagulação com varfarina. A investigação revelou uso de reposição hormonal, referida como a causa da trombose. Meses 104 Aline Dal Pozzo Antunes, Ana Paula Almeida Serafini, Angelo Alves de Mattos, Gabriela P Coral Pós-Gradução Hepatologia da UFCSPA, Santa Casa de Porto Alegre Introdução: A avaliação da fibrose é de fundamental importância nas hepatites crônicas; embora existam atualmente métodos acurados de avaliação não invasiva da fibrose hepática, a biópsia permanece sendo o padrão-ouro. Por outro lado, a retirada de um fragmento hepático para biópsia representa uma pequena parte do órgão e como a distribuição da fibrose pode ser heterogênea, é de fundamental importância que a amostra seja representativa para que se limite o risco de uma avaliação inadequada. O tamanho adequado é discutível, pois há variação de resultados nos estudos que sugerem o tamanho mínimo aceitável para diagnóstico mais acurado. Objetivos:avaliar a influencia do tamanho do fragmento da biopsia hepática para o diagnostico das hepatites crônicas virais; correlacionar o tamanho do fragmento na macroscopia com o numero de espaços-porta; correlacionar o numero de espaços-porta com o estadiamento da hepatite crônica; avaliar o grau de fibrose de acordo com a faixa etária do paciente. Material e Métodos: estudo retrospectivo Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters avaliando biópsias hepáticas no período de 2009 a 2010 em hospital terciário, avaliando o tamanho macroscópico da amostra, o numero de espaços-porta representados e o estadiamento pelo Metavir de espécimes corados pelo HE, tricrômico de Masson para avaliação de fibrose e Perls para avaliação de ferro hepático. Resultados: foram avaliados 482 casos de hepatite crônica viral; destes, 39 (8.09%) tiveram diagnóstico de cirrose hepática. O diagnóstico de hepatite crônica foi realizado independentemente do numero de espaçosporta representados. Por outro lado, em vinte e sete casos (5.6%) havia representação de cinco espaços-porta ou menos, o que impossibilitou o estadiamento. Duzentos e sessenta e quatro pacientes (58%) tinham fibrose leve (F0,F1), nestes a média de idade foi de 46.28. Cento e noventa e um pacientes (42%) tinham fibrose significativa ou avançada (F2,F3,F4), com média de idade mais avançada 51,20 (p<0.001). Usando como ponto de corte o tamanho em cm do fragmento ≥ a 1.5 ou < que 1.5 observou-se que em 214 casos (47%) o fragmento era ≥ a 1.5 cm. A média de espaços porta representados foi de 13,54 (±4.739). Nos casos em que o fragmento era menor que 1.5 cm a média de espaços-porta representados foi menor (11,42±5,0) p=0.002. Conclusão:o tamanho do fragmento e o numero de espaços-porta representados se correlacionam com o estadiamento das hepatites crônicas, além disso, a idade favorece o diagnóstico de fibrose leve. TL 258 OXIGENIOTERAPIA HIPERBÁRICA POR DISFUNÇÃO PRIMÁRIA DE ENXERTO EM PÓS TRANSPLANTE HEPÁTICO IMEDIATO Rodrigo da Silva Pires, Mello FPT; Andrade RO; Brito T; Sousa CT; Monte Filho A; Ribeiro Filho J; Fernandes ESM Hospital Adventista Silvestre Introdução: O transplante hepático é o único tratamento curativo para pacientes com doença hepática em estágio terminal. No Brasil, há uma quantidade limitada de doadores cadáveres e o uso de órgãos de doadores com critérios expandidos representa um importante contingente de doadores, que contribui para maximizar o número de órgãos. Entretanto essa prática aumenta o risco de disfunção primária do enxerto, injúrias de preservação e de reperfusão, dentre outras complicações. Alguns estudos têm demonstrado que a oxigenioterapia hiperbárica beneficia pacientes com essas injúrias, por melhorar a microcirculação hepática, com mecanismos como hiperexpressão endotelial de CAM, produção de NO, expressão de INOS, interferindo no metabolismo celular. Objetivos: Este estudo tem o objetivo de relatar um caso de um paciente com disfunção primária de enxerto no pós-transplante hepático imediato, que recebeu terapia com câmara hiperbárica. Material e Métodos: Receptor de 57 anos, ex-etilista enveterado, portador de cirrose hepática. História de varizes de esôfago e PBE. Nega HAS, DM ou tabagismo. Exames prévios demonstram anti-HBC positivo e trombose de veia porta grau II em AngioTC. Recebeu fígado de doador cadáver de 62 anos com tempo de isquemia fria de 13 horas. No pós-operatório imediato o paciente evoluiu com sinais de disfunção primária de enxerto, injúria de preservação grave, SIRS e insuficiência renal, apresentando 15960 de TGO e 7148 de TGP. Resultados: Recebeu 3 dias de terapia em câmara hiperbárica e hemodiálise precocemente, evoluindo com melhora clínica e da função hepática, imediatamente após o tratamento. Conclusão: Apesar de poucos estudos, o tratamento com oxigenioterapia hiperbárica em pacientes com disfunção primária de enxerto no pós-transplante imediato, deve ser considerado promissor, pois há uma melhora da microcirculação no enxerto com a oferta de oxigênio sob alta pressão às células hepáticas em sofrimento. Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TL 259 ALPPS – EXPERIÊNCIA DO GRUPO DE FÍGADO DO HOSPITAL ADVENTISTA SILVESTRE Matos, MC; Mello, FPT; Monte Filho, A; Ribeiro Filho, J; Fernandes, ESM Hospital Adventista Silvestre Introdução: Atualmente, a ressecção hepática apresenta-se como única modalidade curativa para diversos tumores hepáticos. O uso de terapias neoadjuvantes e adjuvantes têm sido um importante instrumento do arsenal terapêutico desses tumores. A cirurgia hepatobiliar vem evoluindo enormemente nas últimas décadas, principalmente devido ao melhor conhecimento da regeneração hepática e seus mecanismos, além do incremento dos procedimentos de hipertrofia do fígado remanescente, assim como a melhora dos exames de imagem, aparecimento da tomografia com volumetria hepática e avaliação pré operatória minuciosa da vascularização hepática, possibilitando ressecções hepáticas mais agressivas. Várias modalidades de hepatectomias têm sido propostas, dentre elas, a hepatectomia em 2 estágios com embolização portal, a qual tem ganhado popularidade. Recentemente, Baumgart e Santibañes propuseram um novo tipo de cirurgia, que veio a receber o acrônimo de ALPPS (Associated Liver Partitition and Portal Vein Ligation for Staged Hepatectomy). Materiais e Métodos: 15 pacientes foram submetidos à ALPPS devido ao volume hepático remanescente insuficiente de acordo com a volumetria hepática. As indicações foram: metástase de tumor de cólon (9) e colo de útero (1), colangiocarcinoma hilar e periférico (4) e sarcoma primário do fígado (1). Cirurgias realizadas: trissectorectomias e hepatectomia direita. Resultados: A volumetria hepática foi realizada somente em 6 pacientes, com incremento de mais de 50% do volume do remanescente hepático após 7 dias da primeira cirurgia. Em outros casos não foi possível a realização de volumetria hepática. 1 paciente não apresentou hipertrofia suficiente no 7° dia e foi optado por ser submetido a cirurgia somente na 3ª semana. Ocorreu 1 óbito antes da 2ª cirurgia e 5 óbitos após a realização da 2ª cirurgia, sendo 3 deles por infecção, 1 por trombose em veia hepática esquerda e 1 por insuficiência hepática. Conclusão: O ALPPS é uma nova modalidade de tratamento para grandes ressecções hepáticas com volume residual insuficiente, cujos resultados ainda estão em fase de validação. Portanto, sua indicação deve ser criteriosa. TL 260 DOENÇA DE CAROLI: RELATO DE CASO Lucas Santana Nova da Costa, Marília Ávila Acioly, Maria Auzier Freitas, Liliana Sampaio Costa Mendes, Carmem Alves Pereira, Marcos de Vasconcellos Carneiro, José Eduardo Trevizoli Hospital de Base do Distrito Federal Introdução: A doença de Caroli, descrita pelo médico francês Jacques Caroli em 1958, é uma patologia rara, caracterizada pela dilatação cística segmentar não obstrutiva das vias biliares intra-hepáticas. É hereditária, geralmente com padrão de transmissão autossômico recessivo. Ocorre predisposição para formação de cálculos intrahepáticos, levando à ocorrência de colangites de repetição. Quando temos associação da doença com fibrose hepática congênita, denominamos esta condição de Síndrome de Caroli. Objetivo: Relatar o caso de um paciente do sexo masculino, que teve o diagnóstico de Doença de Caroli aos 28 anos e a evolução do quadro durante 15 anos de acompanhamento. Materiais e métodos: As informações foram obtidas durante seguimento clínico, revisão de prontuário e da literatura médica na língua inglesa em base de dados do PUBMED, BIREME e SCIELO. Resultados: Paciente com história de dor epigástrica recorrente há 3 meses, afebril, associada a episódios de icterícia e acolia fecal, foi internado para investigação. Apresentava elevação de enzimas canaliculares e transaminases, sem 105 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia hiperbilirrubinemia. Realizou ecografia de abdome que evidenciou fígado heterogêneo, com múltiplas calcificações disseminadas em ambos os lobos e lesões císticas irregulares esparsas, além de ectasia da árvore biliar intra-hepática irregularmente. TC de abdome reforçou os achados descritos, o que nos levou ao diagnóstico de doença de Caroli. Vem sendo acompanhado ambulatorialmente há 15 anos. No período, mantém elevação discreta de enzimas canaliculares, apesar do uso regular de ácido ursodesoxicólico. Evoluindo progressivamente com hipertensão portal, com varizes de esôfago diagnosticadas há 1 ano, sem sinais de insuficiência hepática até o momento. Ocorreram três episódios de colangite durante evolução. Apresentou coledocolitíase há 3 meses, sendo realizada CPRE com retirada satisfatória dos cálculos. Elastografia padrão colestase mostrou 44kpa. Realiza acompanhamento regular no serviço. Conclusão: Como o paciente apresenta hipertensão portal sem sinais de insuficiência hepática, não podemos excluir o diagnóstico de fibrose hepática congênita e, com isso, síndrome de Caroli. No entanto, não foi realizada biópsia hepática. Devemos sempre estar atentos e agir rapidamente aos sinais de colangite ouc oledocolitíase, visando evitar ocorrência de cirrose biliar secundária. Apesar de rara, a doença de Caroli não deve ser esquecida no diagnóstico diferencial de colangites de repetição. TL 261 TRANSPLANTE HEPÁTICO INTERVIVOS PARA CHC ALÉM DO CRITÉRIO DE MILÃO Raul Evora Silva, Eduardo de Souza Martins Fernandes, Astério Pinto do Monte Filho, Felipe Pedreira Tavares de Mello, Leandro Moreira Savattone Pimentel, Ronaldo de Oliveira Andrade, Carlos Rocha Maia, Monique Couto Matos, Maira de Freitas Vilela Hospital Adventista Silvestre Introdução: O Carcinoma hepatocelular é uma complicação freqüente de pacientes hepatopatas crônicos que estão listados para transplante hepático. No Brasil e diversos países do mundo, o critério de Milão é regulamentado legalmente, e a pontuação especial pelo Meld é vinculado a obediência do critério. Outros critérios são amplamente utilizados, como São Francisco, Kioto, Pittsburg e Hangzhou e resultados semelhantes são relatados. No Brasil, somente transplante intervivos são aceitos para transplantar estes pacientes. Objetivo: Esse estudo tem o objetivo de relevar a influência determinante do Critério de Milão em pacientes portadores de CHC, os métodos diagnósticos e terapêuticos , muitas vezes inconclusivos e principalmente divisor quanto a possibilidade de transplante com doador cadáver. A realização do transplante inter vivos acaba sendo a única saída para pacientes fora do critério de Milão, tornado-os inaptos a possibilidade de serem listados para retransplante com doador cadáver. Material e Método: Paciente masculino 54 anos, natural do Paraná, residente de Niterói RJ, professor universitário, grupo O+. Chegou ao diagnóstico de cirrose por vírus C em 2008, que após o rastreio para CHC, evidenciou 02 nódulos hepáticos em segmento VIII e V medindo respectivamente 4.9 e 4.8 cm compatíveis com carcinoma hepatocelular. Em Maio de 2012 foi submetido a quimioembolização, permitindo em futuro próximo a realização de transplante hepático (downstaging). Através do exame de imagem RNM de controle, mostraram redução da maior lesão em segmento VIII de 4.9 cm para 3.1 cm, enquanto o nódulo localizado no segmento V não apresentou redução de tamanho. Estava programado para realizar nova quimioembolização, que teve de ser adiada por no va internação devido a descompensação hepática. Resultado: Paciente foi submetido a transplante hepático com doador vivo, de lobo direito, incluindo veia hepática média, com doadora de 56 anos. Ambos os pacientes apresentaram boa evolução pós operatória, com o receptor obtendo alta hospitalar em 17 dias. O exame histopatológico revelou cuja analise, que o explante demonstrava tumores dentro do critério de Milão. Com o tecido hepático demonstrando duas lesões nodulares medindo 3,0 e 3,5 cm, nos maiores eixos, ambas no segmento V, porém com extensas áreas de necrose pós-embolização. 106 TL 262 MAIOR RISCO DE PBE EM CIRRÓTICOS QUE USAM INIBIDORES DE BOMBA DE PRÓTONS Maria de Fátima Gomes de Sá Ribeiro, Wanda Regina Caly, Edna Strauss Hospital Heliópolis Introdução: Inibidores de bomba de próton (IBP), frequentemente usados por cirróticos, suprimindo a acidez gástrica promovem supercrescimento e translocação bacteriana, predispondo ao desenvolvimento de peritonite bacteriana espontânea (PBE). Por outro lado, o propranolol diminuindo a permeabilidade intestinal, reduz a translocação bacteriana, podendo ter efeito protetor ao desenvolvimento de PBE. Objetivos: Avaliar a prevalência de PBE em grupos de cirróticos com ascite fazendo ou não uso de IBP e com ou sem uso de propranolol, nas doses usuais. Metodos: Estudo de coorte retrospectivo em 225 pacientes cirróticos internados com ascite durante o período de 2007 a 2011. A causa da cirrose foi álcoolica em 124 pacientes (55,5%), alcoólica associada a VHC ou VHB: 34 (15,1%), VHC ou VHB em 29 (12,9%) e outras: 38 (16,9%). A Idade média de foi de 56,6 anos (30-82 anos), sendo 166 homens (73,8%). O diagnóstico de cirrose e da ascite foi clínico-laboratoriais e o diagnóstico de PBE pela contagem de neutrófilos > 250/ mm3 no líquido ascítico. A maioria dos cirróticos (130/225 ) 57,8% pertencia a classe B de Child-Pugh (CP), seguida de Child Pugh- C em 77/225 (34,2%) e Child Pugh- A em 18/225 (8%). IBP era utilizado em 99/225 (44%), sendo que 38/99 (38.3%) usavam concomitantemente o propranolol. No grupo sem uso de IBP 28/126 (22,2%) usavam propranolol. O teste exato de Fisher foi usado para comparações entre os grupos. Resultados: No global houve 49/225 (21,7%) casos de PBE. No grupo com IBP ocorreu PBE em 31/99 (31,3%) contra 18/126 (14,3%) no grupo sem IBP (p=0,006). A comparação do uso de propranolol no grupo sem IBP mostrou PBE em 3/28 (10,7%), porém seu grupo controle sem propranolol teve PBE em 15/98 (15,3%) (p= 0,222). No grupo com uso concomitante de propranolol com IBP houve PBE em 13/38 (34,2%), não diferente do grupo com IBP sem propranolol 18/61 (29,5%) (p= 0,155). Conclusões: O uso de IBP aumentou significativamente a prevalência de PBE nos cirróticos com ascite. Não ficou demonstrada, nesta casuística retrospectiva, a influência do propranolol no desenvolvimento de PBE. TL 263 RECIDIVA GANGLIONAR DE HEPATOCARCINOMA APÓS RESSECÇÃO CIRÚRGICA: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO Leal CRG, Flores PP, Guaraná T, Feuchard C, Sá AC, Vasconcelos T, Magalhães CR, Pinto PTA, Balbi E, Moreira LFP, Martinho JMG, Esberard EBC Hospital Federal dos Servidores do Estado, Hospital Universitário Antônio Pedro Introdução: O sorafenibe é recomendado como tratamento de primeira escolha para pacientes com carcinoma hepatocelular (CHC) irressecável que não são elegíveis para terapias locorregionais. Esse medicamento foi o primeiro agente sistêmico a demonstrar melhora significativa da sobrevida global e do tempo para a progressão da doença em pacientes com CHC avançado. No entanto, não existe, atualmente, nenhum grande estudo sobre o tratamento da recidiva do CHC após o transplante hepático ou a ressecção cirúrgica. Alguns estudos avaliaram a eficácia e segurança do uso de sorafenibe nesses casos. Relato de caso: Paciente portador de cirrose hepática por hepatite C crônica (Child-Pugh A) respondedor a tratamento com pegInterferon e ribavirina, com alfafetoproteína (AFP) normal e endoscopia digestiva alta com variz de esôfago de fino calibre. Evoluiu com elevação de AFP chegando a 601 ng/mL.Realizada tomografia computadorizada de abdome que demostrou nódulo hepático medindo Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters 2.1cm em segmento V compatível com CHC. O paciente foi classificado como BCLC A e indicado ressecção da lesão como tratamento curativo. Foi submetido à ressecção cirúrgica do nódulo hepático com queda da AFP para valores abaixo de 20 ng/mL. Após 2 anos, os níveis séricos de AFP começaram a elevar-se progressivamente atingindo valores como 5.415 ng/mL, acompanhado apenas de piora da hipertensão porta (varizes esofagianas de grosso calibre). Investigação negativa para recidiva hepática do tumor, assim como outros possíveis sítios de lesão, como trato gastrointestinal e testículo. Realizou tomografia por emissão de pósitrons (PET-CT), para avaliar a presença de recidiva de carcinoma hepatocelular. O PET-CT confirmou a recidiva do carcinoma hepatocelular apenas em gânglio no hilo hepático. Foi submetido a ressecção cirúrgica ganglionar com histopatológico confirmando a recidiva ganglionar do CHC. Evoluiu satisfatoriamente no pós operatório, com AFP novamente em queda (604,2 ng/mL) 30 dias após a cirurgia, sendo iniciado sorafenibe. Conclusão: A tomografia por emissão de pósitrons com PET-CT tem alta sensibilidade e acurácia na detecção da recorrência local do CHC após a hepatectomia e/ou ablação por radiofreqüência. Ela pode também ser usada para detectar lesão extra-hepática recorrente após o tratamento do CHC de modo eficaz. Sorafenibe pode ser bem tolerado e seguro em pacientes com recidiva de CHC após ressecção cirúrgica ou transplante hepático, inclusive com discreto aumento na sobrevida. TL 264 CIRURGIA HEPÁTICA NUM CENTRO DE TRANSPLANTE DE FÍGADO EM SÃO PAULO - SP Rodrigo Paschoal Braga, Carlos Eduardo Sandoli Baia Hospital de Transplantes do Estado de São Paulo Introdução: Nossa instituição é o primeiro centro público especializado em transplante de órgãos e tecidos no país. Atende apenas pacientes do sistema público e desde sua inauguração em 15\06\2010 já realizou 31 cirurgias hepáticas. Objetivo: Avaliação das ressecções hepáticas realizadas no período de junho\2010 a maio\2013. Material e Métodos: Revisão dos prontuários dos pacientes operados. Resultado: No período avaliado foram realizadas 31 ressecções hepáticas, sendo 51,5 % ( n=18) dos pacientes do sexo feminino e 48,5% (n=16) do sexo masculino. As principais indicações para cirurgia foram: Hepatocarcinoma (69,7%), Cisto Hepático (12%), Hemangioma (6%), Litíase intra-hepática (6%), Adenoma (3,15%) e Cistoadenocarcinoma (3,15%). Os tipos de cirurgia realizado estão assim distribuídos: Segmentectomia hepática (38,7%), Segmentectomia lateral esquerda (25,8%), Hepatectomia direita (19,3%), Hepatectomia esquerda (6,5%), Cistectomia (6,5%) e Hepatectomia central (3,2%). Não ocorreu nenhum óbito e 2 casos foram reoperados por sangramento. Conclusão: Contamos com uma equipe multidisciplinar composta por cirurgiões, hepatologistas clínicos, patalogista, fisioterapeutas e enfermagem que possibilita prestar um atendimento global com qualidade aos pacientes da rede pública do estado de São Paulo que necessitam de transplante ou ressecção hepática. TL 265 MANIFESTAÇÃO DERMATOLÓGICA COMO PREDITOR DE SOBREVIDA EM PACIENTE PORTADOR DE CARCINOMA HEPATOCELULAR TRATADO COM SORAFENIBE Leal CRG, Magalhães CR, Barbosa D, Carvalho BCJ, Franz C, Martinho JMG, Nabuco LC, Pinto PTA Hospital Federal dos Servidores do Estado, Hospital Universitário Antônio Pedro Introdução: O carcinoma hepatocelular é, atualmente, um dos tumores de maior incidência em todo o mundo. Conforme os protocolos Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 internacionais, o tratamento oferecido ao paciente deve ser definido de acordo com o estadiamento da lesão e o Performance Status do paciente. O sorafenibe é um inibidor da tirosina quinase, que atua sobre a angiogênese tumoral, inibindo a proliferação celular, e capaz de aumentar a sobrevida global média e o tempo para progressão de doença em pacientes portadores de carcinoma hepatocelular avançado. Entretanto, eventos adversos intoleráveis são observados em alguns casos. Relato do caso: Paciente portador de carcinoma hepatocelular diagnosticado através de uma ressonância nuclear magnética com estudo dinâmico de abdome que evidenciou dois nódulos hepáticos, além de uma lesão infiltrativa em lobo esquerdo, e trombose tumoral em ramo esquerdo da veia porta. Apresentava, ainda, lesão pulmonar compatível com metástase. Após anamnese, exame físico e realização de exames complementares, o paciente foi classificado como Child B7, Performance Status 1 e BCLC C com indicação de iniciar tratamento medicamentoso com sorafenibe. Iniciado sorafenibe em dose plena com boa tolerância inicial, porém, o paciente apresentou extenso rash cutâneo em tórax e abdome após 4 semanas de tratamento. Suspenso o sorafenibe por 7 dias e realizado tratamento com anti-histamínico e corticoide oral por uma semana, com reintrodução posterior do sorafenibe após melhora clínica das lesões. O paciente continuou em acompanhamento ambulatorial, sem novas lesões cutâneas ou outros eventos adversos relacionados a medicação. Foi realizada nova tomografia de abdome com estudo dinâmico após 3 meses do início do tratamento, evidenciando uma resposta parcial pelo mRecist, com uma importante redução da vascularização da lesão e da angiogênese dos trombos tumorais. Conclusão: Atualmente os eventos adversos dermatológicos são as principais causas de redução (13%), interrupção (21%) e descontinuação (10%) do tratamento com sorafenibe. A maioria desses eventos adversos ocorre nos primeiros dias de tratamento e influenciam a conduta e o resultado desses pacientes. O aparecimento de eventos adversos dermatológicos em 60 dias após o início do sorafenibe está associado a uma melhor sobrevida global. Portanto, esses eventos adversos não devem ser considerados eventos negativos impeditivos da manutenção do tratamento com sorafenibe. TL 266 TRATAMENTO DO CARCINOMA HEPATOCELULAR AVANÇADO COM SORAFENIBE: UMA EXPERIÊNCIA INICIAL DO RIO DE JANEIRO Leal CRG, Magalhães CR, Valle E, Barbosa D, Carvalho BCJ, Nazar A, Aquino D, Martinho JMG, Nabuco LC, Pinto PTA Hospital Federal dos Servidores do Estado, Hospital Universitário Antônio Pedro O Carcinoma Hepatocelular (CHC) vem ocupando a sexta causa de morte por neoplasia no Brasil nos últimos 10 anos. Apenas 30 - 40% dos pacientes portadores de CHC são diagnosticados em um estágio precoce e submetidos a um tratamento curativo, atingindo uma sobrevida em 5 anos de 60 - 70%. Entretanto, a maioria desses pacientes tem o diagnóstico em um estágio avançado, onde o tratamento de escolha é o sorafenibe, único a mostrar aumento significativo na sobrevida desses pacientes. Objetivo: Descrever o tratamento com sorafenibe em pacientes portadores de CHC avançado no ambulatório de hepatologia de um hospital terciário no Rio de Janeiro. Material e métodos: Foram incluídos no estudo 44 pacientes com diagnóstico de CHC (05 femininos e 39 masculinos) com idade média de 60 anos acompanhados no período de janeiro de 2011 a junho de 2013. Os pacientes eram avaliados no momento do diagnóstico e a cada 4 semanas. A resposta tumoral foi analisada a cada ciclo de 8 semanas através dos critérios do mRECIST. Resultados: As principais características encontradas no momento do diagnóstico foram: Child-Pugh A (57%) e B (43%), Performance Status 0 (59%), alfafetoproteina > 1000ng/mL (39%), BCLC C (64%), Okuda II (52%), TNM III (59%), lesão multicêntrica (57%) e sem metástase à distância (82%). Os pacientes foram tratados com sorafenibe por uma média 107 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia de 17 semanas. Durante o tratamento 57% dos pacientes apresentaram algum efeito colateral, sendo necessário a redução da dose em 30% dos casos e a suspensão apenas em 4%. Os principais efeitos colaterais apresentados foram: diarreia (34%), sangramento (11%) e síndrome mão-pé (9%). Após 3 ciclos 4% dos pacientes apresentaram resposta completa, 2% resposta parcial e 16% apresentaram progressão de doença. A mortalidade desses pacientes aos 3 meses foi de 9%, aos 6 meses de 20% e aos 9 meses de 43%. Conclusão: O uso do sorafenibe deve ser incentivado no tratamento do CHC avançado em pacientes portadores de cirrose hepática Child-Pugh A e BCLC C (ou BCLC A e B que evoluiram para o BCLC C) ou portadores de contra-indicação a outro tipo de tratamento. Apesar da ausência de um grupo controle nesse estudo, houve uma boa tolerância ao uso da medicação com uma resposta satisfatória até o momento. Estudos futuros ainda são necessários na população brasileira para confirmar esses achados. TL 267 RESSECÇÃO CIRÚRGICA DO HEPATOCARCINOMA NO CIRRÓTICO NUM CENTRO DE TRANSPLANTE Rodrigo Paschoal Braga, Carlos Eduardo Sandoli Baia Hospital de Transplantes do Estado de São Paulo Introdução: O hepatocarcinoma (HCC) está entre a terceira causa de morte pelo câncer. Conforme o sistema de estadiamento BCLB a ressecção cirúrgica é preconizada apenas para pacientes ChildPugh A com tumor único menor que 2cm. Objetivo: O trabalho tem como objetivo fazer uma análise dos pacientes cirróticos portadores de HCC com Child A e Meld menor que 10 submetidos a tratamento operatório. Material e Métodos: Revisão dos prontuários dos pacientes operados no período compreendido entre junho\2010 a maio\2013. Resultado: No período avaliado foram realizadas 17 ressecções hepáticas, sendo 66,6 % ( n=12) pacientes do sexo masculino e 27,8% (n=5) do sexo feminino. A média de idade foi de 61 anos. A etiologia da doença de base foi: VHC(n=9), VHC+HIV(n=2), VHB(n=2),VHB+HIV(n=1),CBP(n=1),NASH(n=1),HAI(n=1).As cirurgias realizadas foram: segmentectomia (n=11), segmentectomia lateral esquerda (n=4), hepatectomia direita (n=1) e hepatectomia central (n=1). Tumores bem diferenciado prevaleceu em 64,7% (n=11) dos casos assim como o estádio T1, segundo a classificação TMN, em 59,8% (n=10).O tamanho médio dos nódulos ressecados foi de 4,8cm.As margens cirúrgicas ficaram comprometida em apenas 1 caso devido acometimento do diafragma. Invasão vascular microscópica ocorreu em 2casos e macroscópica em apenas 1 paciente. A quimioembolização antes do procedimento foi realizada em 4 pacientes com necrose maior que 90% em metade deles impossibilitando avaliação histológica adequada. Não houve nenhum óbito e 2 casos reoperados por sangramento. Conclusão: O tratamento cirúrgico do hepatocarcinoma no cirrótico é uma opção terapêutica factível que tem sua importância principalmente devido a escassez de doadores e o número cada vez maior de pacientes em lista de espera para o transplante de fígado. TL 268 ELASTOGRAFIA HEPÁTICA (FIBROSCAN®): VALIDAÇÃO DO MÉTODO EM PACIENTES TRANSPLANTADOS POR HEPATITE C Bianca Della Guardia, Lidiane Vieira Marins, Andréia Silva Evangelista, Guilherme Eduardo Gonçalves Felga, Marcio Dias de Almeida Hospital Israelita Albert Einstein Introdução: a fibrose hepática medida pela elastografia hepática (Fibroscan®) (EH) já é um método não invasivo validado em várias doenças hepáticas, principalmente a hepatite C. Recentes estudos têm demonstrado que em pacientes transplantados de fígado pelo vírus da hepatite C (VHC) o método também pode ser uma tecnologia 108 valiosa. Objetivo: determinar o desempenho e os pontos de corte da EH para os variados estadios de fibrose em pacientes transplantados de fígado pelo VHC, em comparação com a histologia hepática. Pacientes e métodos: foram avaliadas as biópsias hepáticas de pacientes transplantados por VHC no HIAE no período de 2010 a 2012. A EH foi realizada no momento da biópsia hepática. Os resultados foram expressos em KPa, após dez medidas válidas e taxa de sucesso superior a 70%. A classificação histológica METAVIR foi usada para avaliar fibrose nas biópsias hepáticas. Para avaliação do desempenho da EH foram construídas curvas ROC, com intervalo de confiança de 95%. As definições dos pontos de corte para a EH foram determinadas garantindo uma especificidade igual ou superior a 90% para cada estádio de fibrose hepática observada à histologia. Resultados: entre os 200 casos avaliados não foi possível realizar a EH em quatro (2%) por IMC acima de 30. O desempenho da EH em transplantados de fígado pelo VHC pode ser observado na tabela 1. Os pontos de corte para a EH de acordo com a classificação METAVIR foram: 8,1 para F≥1 (n=97, sensibilidade (S)=0,53, E=0,94); 12,3 para F≥2 (n=47, S=0,49, E=0,91); 16,5 para F≥3 (n=28, S=0,55, E=0,9); 17,6 para F=4 (n=20, S=1, E=0,91). Discussão: com os resultados deste estudo foi possível a determinação de pontos de corte pela EH para cada grau de fibrose observado à histologia hepática em transplantados de fígado com VHC. O método pode ser usado como alternativa, não invasiva, para acompanhamento desses pacientes no póstransplante, evitando maiores riscos associados à biópsia hepática e possibilitando uma indicação de terapia antiviral precoce. TL 269 PERFIL DE SENSIBILIDADE DAS BACTÉRIAS ENCONTRADAS NAS PERITONITES BACTERIANAS ESPONTÂNEAS NO HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE EM UM HOSPITAL UNIVERISTÁRIO Roberta Cristina Petry, Jerônimo de Conto Oliveira, Antônio Barros Lopes, Caroline Deutschendorf, Mário Reis Álvares-da-Silva Hospital de Clínicas de Porto Alegre Introdução: A peritonite bacteriana espontânea (PBE) é complicação grave da cirrose, com alta morbimortalidade. O tratamento é feito usualmente com cefalosporinas de terceira geração, conforme recomendações de diretrizes, visando cobertura dos germes mais comumente implicados nessa infecção. Apesar de haver preocupação crescente sobre surgimento de germes multirresistentes em diversas situações clínicas, há poucos dados nacionais sobre o perfil microbiológico das PBEs. Objetivos: Traçar o perfil de sensibilidade das bactérias implicadas em PBEs em um hospital universitário. Materiais e Métodos: Foram revisados registros médicos de pacientes do Hospital de Clínicas de Porto Alegre com cultura de ascite positiva no período de julho de 2011 a dezembro de 2012. A partir desses dados, foram selecionadas as culturas relacionadas a PBE em pacientes com cirrose. Foram excluídas as culturas de pacientes não cirróticos, assim como as relacionadas a peritonite secundária e a bacterascite. Dos pacientes com mais de uma PBE, foi avaliado o primeiro episódio nesse período. Resultados:No período estudado, foram encontradas 462 culturas de ascite positivas. Houve 25 pacientes com PBE com cultura positiva. A idade média foi de 56 anos (desvio padrão = 13). Hepatite C (44%) e álcool (24%) foram as etiologias da cirrose mais prevalentes. 72% dos pacientes foram classificados como Child-Pugh C. 48% das paracenteses foram realizadas com mais de 72 horas de internação. Os germes isolados Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters nas culturas foram os seguintes: 36% bacilos Gram-negativos sensíveis a cefalosporinas; 12% bacilos Gram-negativos produtores de beta-lactamase de espectro estendido (ESBL); 20% Staphylococcus aureus resistente a oxacilina; 32% outros germes Gram-positivos. Houve 60% de mortalidade hospitalar nesses pacientes. Conclusão:Em uma amostra é de pacientes com alta gravidade, com PBE e cirrose descompensada Nesse grupo de pacientes, houve crescimento de 32% de bactérias resistentes aos antibióticos de escolha para tratamento empírico da PBE. A nossa amostra é limitada para avaliar os fatores causais para o índice de resistência. TL 270 ANÁLISE DO DESFECHO DE PACIENTES CIRRÓTICOS PORTADORES DE CARCINOMA HEPATOCELULAR EM LISTA DE ESPERA PARA TRANSPLANTE HEPÁTICO Leonardo Wagner Grillo, Cláudio Augusto Marroni, Gustavo Drügg Hahn, Leonardo Comerlatto E Lucas Gonçalves Matte Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre Introdução e Objetivos: Cirróticos possuem maior risco de desenvolver carcinoma hepatocelular (CHC) e o transplante ortotópico de fígado (TOF) é a única opção terapêutica capaz de tratar simultaneamente o câncer e a disfunção hepática. Objetiva-se avaliar o desfecho de pacientes cirróticos portadores de CHC em lista de espera para transplante hepático, determinando fatores preditivos de retirada de lista (dropout) e a frequência de dropout. Material e Métodos: Estudo observacional, retrospectivo, de coorte histórica, em hospital geral no sul do Brasil de maio de 2006 a dezembro de 2010, de pacientes até a realização do transplante hepático ou dropout. Análise por modelo de Regressão de Cox e curvas de Kaplan-Meier com comparação pelo teste de Log-rank. Resultados: De 148 pacientes, 70,9% foram transplantados e 29,1% foram excluídos da lista por progressão do tumor e ou morte, estando 79,1% dentro do critério de Milão. Fatores preditivos de dropout na análise univariada com significância estatística (p<0,05): nível de Alfafetoproteína > 20 ng/ml [Hazard ratio (HR), 2,4; 95% intervalo de confiança (IC), 1,3-4,4] e tumor fora do critério de Milão (HR, 3.4; 95% IC 1.8-6.2); em análise multivariável com significância estatística (p<0,05): classificação de Child-Pugh B e C (HR, 2,1; 95% IC 1,1-4,2) e tumor fora do critério de Milão (HR, 2,9; 95% IC 1,4-6,0). Fatores independentes de dropout da lista para TOF: tumor fora do critério de Milão (HR, 2,9; 95% IC 1,4-6,0) e possuir classificação de Child-Pugh B ou C (HR 2,1; 95% IC 1,1-4,2). Conclusão: O critério de Milão, assim como o nível da Alfafetoproteína e a classificação de ChildPugh identificaram indivíduos com maior risco de saída de lista (dropout) durante espera por órgão. . TL 271 PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E FATORES PREDITIVOS DE MORTALIDADE DO HEPATOCARCINOMA EM UM HOSPITAL NO RIO DE JANEIRO Leal CRG, Magalhães CR, Valle E, Rosa MM, Weberszpil MCM, Silva DMP, Barbosa D, Carvalho BCJ, Nazar A, Martinho JMG, Nabuco LC, Pinto PTA Hospital Federal dos Servidores do Estado, Hospital Universitário Antônio Pedro O carcinoma hepatocelular (CHC) é, atualmente, um dos tumores de maior incidência em todo o mundo, ocupando o sexto lugar entre as principais neoplasias primárias, sendo considerada a terceira causa de mortalidade por câncer no mundo. No Brasil, este tipo de câncer foi a sexta causa de morte por neoplasia nos últimos 10 anos. A incidência do CHC é bastante heterogênea, apresentando taxas mais elevadas em países subdesenvolvidos e em áreas com maior Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 densidade demográfica. Objetivo: Traçar o perfil clínico e epidemiológico dos pacientes com diagnóstico de CHC em um hospital terciário no município do Rio de Janeiro; avaliar a sobrevida destes pacientes em 6 e 9 meses; determinar os fatores preditivos de sobrevida na população estudada. Material e métodos: Foram incluídos no estudo 107 pacientes com diagnóstico de CHC (25 femininos e 82 masculinos) com idade média de 60 anos (± 10) atendidos no ambulatório do referido hospital. As principais características clínicas e epidemiológicas dos pacientes foram determinadas no momento de inclusão no estudo. A sobrevida dos pacientes foi avaliada aos 6 e 9 meses de segmento. Analisamos os fatores preditivos de sobrevida aos 6 meses utilizando o teste t de student para as variáveis quantitativas e x2 para as categóricas. Resultados: A sobrevida dos pacientes aos 6 meses de seguimento foi de 81% e em 9 meses de 70%. A causa mais freqüente de óbito aos 6 meses foi progressão de doença (96%). Na análise univariada os fatores preditivos de sobrevida aos 6 meses foram: Child-Pugh C (p=0,011), Performance Status (PS) 2 ou 3 (p=0,001), presença de mais de 1 lesão (p=0,026), Critério de Milão negativo (p=0,002), BCLC C ou D (p<0,001), OKUDA III (p<0,001), TNM IV (p=0,003), presença de trombose tumoral (p<0,001) e metástase à distância (p=0,001). Conclusão: Na população estudada, fatores como Child-Pugh, PS, BCLC, OKUDA, TNM, presença de trombose tumoral e de metástase foram relacionados a uma maior mortalidade, possivelmente por estarem associados a doença mais avançada. A maioria dos pacientes com diagnóstico de CHC apresenta tumores em estágio intermediário ou avançado, quando somente é possível oferecer tratamento paliativo. Dessa forma, para que se consiga sucesso com tratamentos curativos em uma maior população, é imprescindível que se faça o diagnóstico da neoplasia em fase precoce, através do rastreamento periódico dos indivíduos em risco, aumentando a chance de cura e a sobrevida desses pacientes. TL 272 DOENÇA DO ENXERTO CONTRA HOSPEDEIRO COM MANIFESTAÇÃO HEPÁTICA EXCLUSIVA Anderson Antônio de Faria, Luciana Costa Faria, Fernanda Maria Farage Osório, Célio Geraldo Oliveira Gomes, Francisco Guilherme Cancela Penna, Teresa Cristina de Abreu Ferrari, Cláudia Alves Couto Ambulatório de Fígado do Instituto Alfa de Gastroenterologia, Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Introdução: A doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH) é uma complicação frequente após transplante de medula óssea (TMO), podendo ocorrer em até 50% dos pacientes. Pode ser agudo ou crônico e frequentemente acomete mais de um órgão. A pele é lesada na maioria das vezes e o acometimento hepático isolado é raro. Objetivos: Descrever um caso de DECH crônico com acometimento hepático isolado. Relato do Caso: Paciente masculino, 48 anos, submetido a TMO alogênico não aparentado por síndrome mielodisplásica em setembro de 2011. Em janeiro de 2012 apresentou elevação de enzimas hepáticas, tanto das aminotransferases (>10X), quanto da fosfatase alcalina e da GGT (cerca de 20X). A investigação etiológica das principais causas de hepatopatia foi negativas e a biópsia hepática evidenciou agressão a pequenos ductos por linfócitos, inflamação lobular e portal, sem fibrose, achados compatíveis com DECH. Iniciado tratamento específico com ciclosporina e corticoide, após o qual o paciente evoluiu com melhora dos exames. Após um ano, o tratamento foi suspenso e as enzimas hepáticas voltaram a se alterar. O paciente evoluiu com recidiva da doença hematológica e por isso foi optado por não retratar a DECH. Discussão: A DECH ocorre com mais frequência após TMO, mas pode ocorrer após transplante de órgãos sólidos. É divida em aguda e crônica principalmente com base nas manifestações clínicas. Diversos órgãos podem ser acometidos, sendo a pele e o trato gastrointestinal os mais freqüentes. O acometimento hepático isolado é evento muito raro. O padrão de lesão mais comum são as alterações 109 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia canaliculares, contudo pode ser também hepatocelular. O diagnóstico presuntivo é feito com base nos parâmetros clínicos, mas a biópsiahepática é essencial quando não há alterações de pele. O tratamento tem como base a imunossupressão e o prognóstico não é ruim. Quando há acometimento hepático, pode haver evolução para cirrose, e em alguns casos o tratamento definitivo é o transplante hepático. Conclusões: Relatamos um caso de DECH crônico com acometimento hepático exclusivo em um paciente submetido a TMO por mielodisplasia. Houve resposta ao tratamento inicial, porém com recidiva após a suspensão da terapêutica. Devido a recidiva da doença hematológica, foi optado por não retratar a DECH. TL 273 NECROSE MACIÇA DO PARÊNQUIMA HEPÁTICO POR INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA AGUDA SIMULANDO NÓDULOS HEPÁTICOS Carolina Frade Magalhães Girardin Pimentel Mota, Lívia Zardo Trindade, Ana Cristina Amaral Feldner, Adriano Mizziara Gonzalez, Mário Kondo UNIFESP Introdução: A insuficiência hepática aguda é sabidamente um evento de alta mortalidade. A indicação de transplante hepático pode ser a única alternativa terapêutica para estes pacientes e o atraso em sua realização pode comprometer diretamente o prognóstico nestes casos. O achado de nódulos hepáticos em exames de imagem neste grupo de pacientes é frequente, e suas características podem simular achados de neoplasias primárias ou metastáticas. A importância no diagnóstico diferencial rápido dessas situações é fundamental para a sua abordagem. Objetivo: Descrever um caso de necrose maciça do parênquima hepático secundária a insuficiência hepática aguda por Doença de Wilson simulando nódulos hepáticos de origem neoplásica. Relato de Caso: Paciente, 16 anos, sexo feminino, estudante. Admitida no hospital com relato de aumento do volume abdominal e edema de membros inferiores há 2 meses, com piora progressiva e queda do estado geral há 1 semana. Previamente hígida, sem antecedentes patológicos pregressos ou familiares dignos de nota. Exames laboratoriais evidenciavam piora progressiva de função hepática e, dez dias após internação, surgimento de encefalopatia, completando os critérios diagnósticos para insuficiência hepática aguda. Ceruloplasmina baixa, elevação de excreção urinária de cobre e presença do anel de Kayser-Fleisher sugeriam etiologia secundária a Doença de Wilson. Exames de imagem com padrão sugestivo de múltiplos nódulos hepáticos gerou dúvidas quanto possível origem neoplásica da disfunção hepática. Biópsia transjugular realizada sem evidencia de malignidade. Transplante hepático realizado com sucesso. Anatomopatológico do explante evidenciava padrão de necrose difusa de todo o parênquima sem sinais de malignidade. Paciente evoluiu bem no pós operatório. Acompanhamento clínico 3 anos após sem evidências de neoplasias. Discussão: O achado sugestivo de nódulos hepáticos nos quadros de insuficiência hepática aguda pode gerar dúvidas quanto a etiologia do quadro hepático e retardar a realização do transplante. Tal apresentação é incomum, mas deve fazer parte do diagnóstico diferencial de quadros de necrose maciça do parênquima hepático. O atraso na conduta pode impactar diretamente no prognóstico desses pacientes. TL 274 EPIDEMIOLOGIA E PROGNÓSTICO DA FALÊNCIA HEPÁTICA FULMINANTE EM UM CENTRO TRANSPLANTADOR BRASILEIRO Regina Gomes dos Santos, Marilia Tavares Campos de Oliveira Gaboardi, Cacilda Pedrosa de Oliveira, Huda Maria Noujaim, Leonardo Toledo Mota, Juan Rafael Branez Pereira, Marcelo Perosa de Miranda, Tércio Genzini Grupo HEPATO 110 Falência hepática fulminante (FHF), definida como súbita insuficiência na ausência de doença hepática pré-existente, pode levar o paciente à morte em até 80% dos casos. Não há tratamentos específicos com benefício comprovado, exceto o transplante hepático. Objetivos: Analisar a epidemiologia, critérios de gravidade e evolução dos pacientes com FHF encaminhados ao Grupo HEPATO. Material e Métodos:Foram revisados os registros médicos de 67 pacientes do período de Dezembro de 2000 a Junho de 2013 com diagnóstico de hepatite fulminante. Resultados: Foram identificados 67 pacientes de 17 a 78 anos, média de 39,5 anos, sendo 49 (73%) do gênero feminino. As etiologias foram: medicamentosa em 24 (35,8%), hepatite B em 10 (14,9%), hepatite autoimune em 7 (10,5%), hepatite A em 2 (3%), doença de Wilson em 2 (3%), mista (dengue e paracetamol) em 1 (1,5%), não foi possível determinar a causa em 11 (16,4%) e foi desconhecida em 10 (14,9%). O quadro clínico/laboratorial foi de bilirrubinas >17 em 53/59 pacientes (89,8%), INR>3,5 em 38/59 pacientes (64,4%), com encefalopatia grau IV por West-Haven em 28/58 pacientes (48,3%), e esta se iniciou após 7 dias do início da icterícia em 47/54 pacientes (87%). Evoluíram com insuficiência renal 25/59 (42,4%) de pacientes. Em 16/50 (32%) casos haviam sinais clínico e/ou laboratoriais de infecção. Foram transplantados 49 pacientes (73%), com média de espera de 3,6 dias (0 a 27), 17 (25%) evoluíram para óbito em média de 5,2 dias (1 a 29) e um paciente regenerou. A sobrevida dos transplantados foi de 65% (32/49). Conclusão:A etiologia da hepatite fulminante varia de acordo com a região geográfica e mudou ao longo dos últimos 10 anos em várias regiões. Em nossa casuística a maioria foi por medicamentos (35,8%) seguida de causa indeterminada ou desconhecida (31,3%). A mediana de tempo de espera para o transplante foi de 3,6 dias, menor do que nos Estados Unidos, que é de 7 dias. Apesar dos avanços significativos em cuidados intensivos e uma melhor compreensão da fisiopatologia da insuficiência hepática aguda, a taxa de mortalidade permanece alta, maior do que no transplante hepático devido a outras causas.Trata-se, no entanto, de permitir a sobrevivência de 65% dos pacientes em nossa casuística, que de outra forma teria falecido devido à insuficiência hepática. Esse índice é compatível com os dados da literatura. Acreditamos ser necessária uma estatística brasileira da falência hepática fulminante. TL 275 HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA COMO MANIFESTAÇÃO DE HISTOPLASMOSE INVASIVA NO PÓS-TRANSPLANTE HEPÁTICO - RELATO DE CASO Carolina Frade Magalhães Girardin Pimentel Mota, Catia Rejânia R Melo, Cláudia Micaela Antezana Santos, Daniela Costa Menezes de Gonçalves, Ricardo Kawaoka Myiake, Cristiane Maria de Freitas Ribeiro, Marcos Túlio M Meniconi, Edilson Duarte dos Santos Júnior Hospital Samaritano de São Paulo - Núcleo de Gastroenterologia Introdução: A histoplasmose é uma das micoses sistêmicas mais prevalentes na população mundial. O fungo Histoplasma capsulatum está presente no solo e, para causar infecção, deve ser inalado. A maioria das infecções é assintomática em indivíduos imunocompetentes, contudo, raramente, casos invasivos podem comprometer pacientes imunossuprimidos. Objetivo: Descrever um caso de histoplasmose em paciente pós transplante hepático manifestado com hemorragia digestiva alta. Resumo do caso: MMSS, 59 anos, feminina, casada, natural e procedente de São Paulo. Internada em março de 2011 com quadro de tosse seca, sudorese noturna e perda ponderal de 2kg no último mês. Paciente transplantada de fígado em 2009 por cirrose hepática secundária a hepatite C crônica. Realizados escarros com BAAR negativo, tomografia computadorizada com acometimento miliar bilateral e broncoscopia com biópsia sugestiva de processo granulomatoso. Iniciado tratamento empírico para tuberculose com os achados preliminares descritos. Paciente evoluiu com piora clínica e evidência de sepse de foco pulmonar. Na unidade de terapia intensiva, apresentou queda Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters significativa de hemoglobina sem exteriorização de sangramento. Realizada endoscopia digestiva alta com evidência de lesão elevada, com sangramento ativo, em segunda porção duodenal. Biópsia da lesão confirmou diagnóstico de Histoplasmose. Iniciada anfotericina B lipossomal, contudo paciente apresentou piora clínica evoluindo para óbito. Discussão: A histoplasmose invasiva é uma patologia rara que acomete pacientes imunossuprimidos. Alguns estudos na literatura sugerem incidência global de 1:1000 transplantes, sendo maior a frequência no transplante de pâncreas. Os sintomas mais prevalentes são febre, dispneia e diarreia. Sugere-se que a maioria dos pacientes apresentam acometimento pulmonar e disseminação ao diagnóstico. Lesões do trato gastrointestinal são achados raros. O tratamento é realizado, nas formas graves, com anfotericina lipossomal por um ano. Um alto índice de suspeição é necessário para a introdução precoce do tratamento específico, evitando-se assim as complicações graves relacionadas a esta infecção. TL 276 COINFECÇÃO POR VÍRUS DA HEPATITE B EM PACIENTES INFECTADOS POR HIV NO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS, ESTADO DE SÃO PAULO Letícia de Franceschi, Laura Queluz Clementino, Mariana Morais Carvalho, Sigrid de Sousa dos Santos, Paulo Inácio da Costa Departamento de Medicina, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de São Carlos Introdução: Na era da terapia antirretroviral de alta potência, a doença hepática tornou-se importante causa de morbimortalidade em indivíduos infectados por HIV. A prevalência da coinfecção por vírus da hepatite B (VHB) é maior em pacientes infectados por HIV que na população geral, variando em grandes cidades brasileiras de 3,7 a 24,3%. Os pacientes infectados por HIV apresentam mais cronificação da infecção por VHB, maiores níveis séricos de DNA de VHB, declínio mais rápido dos anticorpos contra antígeno de superfície do VHB (anti-HBs), perfis sorológicos incomuns, hepatite B oculta, aumento de episódios de reativação, progressão mais rápida para cirrose hepática e carcinoma hepatocelular agressivo. Objetivos: Avaliar o perfil epidemiológico dos marcadores sorológicos de infecção por VHB e a cobertura da vacinação contra hepatite B em indivíduos infectados por HIV em município brasileiro de porte médio. Material e Métodos: Estudo transversal de 214 pacientes infectados por HIV atendidos no Centro Municipal de Especialidades de São Carlos de março de 2012 a março de 2014. Realização de entrevista, revisão de prontuário e carteira vacinal, e coleta de exames laboratoriais. Dados: idade; sexo; modo de transmissão do HIV; classificação da infecção por HIV (CDC/2008); medicações antirretrovirais; comorbidades; coinfecções; imunizações; contagem de CD4; carga plasmática do HIV; marcadores sorológicos VHB e enzimas hepáticas. Resultados parciais: Até o momento, inclusos 53 pacientes: 62,3% sexo masculino, idade média 42 anos (21-63). Em relação à epidemiologia da infecção por HIV: 50,9% heterossexual, 32,1% homens que fazem sexo com homens, 13,2% usuários de drogas injetáveis (UDI) e 3,8% desconhecida. Classificação CDC: 39,6% A; 26,4% B e 34% C. Contato com VHB (anti-HBc + e/ou HBsAg +) detectado em 13 pacientes (24,5%), sendo 76,9% do sexo masculino, idade média 46 anos e 38,5% UDI. Quanto à infecção por HIV, a contagem média de CD4 foi 744 células/mm3 e carga plasmática do HIV indetectável em 69,2%. Esquema antirretroviral com inibidores da protease em 61,5%. Hepatite B crônica (HBsAg) diagnosticada em 2 pacientes (3,8%), sendo um anti-HBc (-). Entre 40 pacientes sem contato prévio com VHB, apenas 27 foram vacinados (67,5%). Conclusão: Uso de drogas intravenosas apresenta papel epidemiológico importante no perfil de pacientes coinfectados HIVVHB mesmo em municípios menores. Muitos pacientes infectados por HIV e susceptíveis ao VHB nunca foram vacinados. Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TL 277 RETRANSPLANTE DE FÍGADO EM ADULTOS: EXPERIÊNCIA DE UM ÚNICO CENTRO EM 15 ANOS Fernanda Calçado, Denise Costa, Samanta Basto, Renata de Mello Perez, Rodrigo Martinez, Henrique Sérgio Moraes Coelho Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ Introdução: O transplante hepático é o tratamento definitivo para pacientes com doença hepática em estágio terminal. Porém, uma proporção significativa destes pacientes evolui com perda da função do enxerto, sendo o retransplante a única opção terapêutica nestes casos. A incidência de retransplantes varia de 5-22% na literatura mundial. Objetivos: Analisar a prevalência, as indicações, as características e a mortalidade dos retransplantes realizados em um único centro no Rio de Janeiro, durante 15 anos de programa de transplante hepático. Material e Métodos: Estudo retrospectivo realizado em um período de 15 anos (1998 a 2013) em um centro de transplante hepático, sendo selecionados os pacientes submetidos a retransplante. As variáveis analisadas foram: variáveis demográficas, diagnóstico primário, indicações de retransplante, intervalo de tempo entre o transplante primário e o retransplante, MELD, imunossupressão no pré operatório, mortalidade após o retransplante e as causas de óbito. Resultados: Foram realizados 419 transplantes hepáticos no período, sendo 31 retransplantes (7%). Foram incluídos 28 pacientes ( idade 43 +/- 17 anos, 65 % sexo masculino). A média do MELD foi 20 +/- 8 Três deles submeteram-se a dois retransplantes. Os principais diagnósticos primários foram: CHC (25,8%) e hepatite C (16,1%). As principais indicações de retransplante foram : trombose de artéria hepática (33%), disfunção primária do enxerto (19%), outras complicações vasculares (9%) e rejeição crônica (9%). A mortalidade global pós retransplante foi de 65 % e as principais causas de óbito foram sepse (39%) e hemorragia (16%). Os retransplantes foram categorizados em dois grupos: precoce (< 6 meses) e tardio (> 6 meses). No grupo precoce (74%) a causa mais comum foi trombose de artéria hepática (45%), e no grupo tardio, recidiva de doença de base (50%). O grupo precoce apresentou mortalidade estatisticamente semelhante em relação ao grupo tardio (56% x 87%; p=0,2). Conclusões: A prevalência de retransplante e a sobrevida foi semelhante a observada na literatura. Observou-se uma incidência mais elevada de complicações vasculares como etiologia de retransplante - incluindo-se estenose de veia cava inferior e trombose de veia porta. A mortalidade entre os grupos precoce e tardio foi semelhante, muito embora este resultado pudesse ser diferente com uma amostra maior de pacientes. TL 278 TRANSPLANTE HEPÁTICO NA ANEMIA FALCIFORME Juliana Delgado Campos, Joyce Roma, Alessandra Gouveia Longo, Karina Paulino, Barbara Rodrigues, Mariana La Cava, Ana Maria Pittella, Elisabeth Balbi, Lucio Pacheco, Ricardo Coutinho Nogueira, Bianca Guaraldi, Gabriela Vizzoni, Thaise Kaiser, Frederico Campos, Pollyana Valente Hospital Quinta D'Or Introdução: O acometimento hepático é frequente em portadores de anemia falciforme (AF) com dados de autópsia mostrando prevalência 29% de cirrose hepática. A injúria hepática relacionada à AF pode variar desde elevação de transaminases por crise vaso-oclusivas à insuficiência hepática ( manifestada como colestase intra-hepática da AF). O transplante hepático (TH) é considerado uma importante modalidade terapêutica para esses pacientes. Objetivo: Relatar um caso de paciente com hepatopatia secundária à AF submetido a TH. Relato de caso: Paciente CGJ, masculino, 53 anos, portador de AF diagnosticada na infância. Recebeu diagnóstico de cirrose hepática aos 41 anos. Complicou com carcinoma hepatocelular, nódulo único dentro dos critérios de Milão, sendo submetido à quimioembolização 111 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia em 2011 e a TH em 2012 . Evoluiu com choque vasoplégico no pósoperatório imediato, AVE isquêmico, isquemia parcial do enxerto, síndrome torácica aguda, infarto ósseo e infecção por citomegalovírus. Faleceu 45 dias após o transplante por choque séptico. Discussão: As principais complicações pós-operatórias do TH na AF são tromboses, eventos neurológicos e crises vaso-oclusivas. A sobrevida em 5 anos é em torno de 44%. A principal estratégia no manejo pós transplante envolve hemotransfusões e/ou transfusões de troca com objetivo de manter hemoglobina entre 8-10g/dl e HbS< 30%. As complicações neurológicas podem estar relacionadas a uma maior susceptibilidade à neurotoxicidade dos imunossupressores, especialmente naqueles pacientes que apresentam vasculopatia pela AF no SNC. Apesar do correto manejo inicial deste paciente a evolução do caso foi desfavorável. Conclusão: O transplante hepático pode ser a única alternativa para o paciente falcêmico com falência hepática. Apesar da alta mortalidade (em torno de 60%) na AF, o encaminhamento precoce a um centro de referência e o correto manejo das complicações pós operátorias, podem melhorar o prognóstico. TL 279 PERFIL CLÍNICO-SOROLÓGICO DOS PACIENTES COM CARCINOMA HEPATOCELULAR DO SERVIÇO DE RIO BRANCO AMAZÔNIA OCIDENTAL (RESULTADOS PARCIAIS) Odon Paes Barbosa Júnior, Cirley Maria de Oliveira Lobato Universidade Federal do Acre - PIBIC Introdução: Carcinoma Hepatocelular (CHC) representa a principal causa de óbito e complicação mais frequente em pacientes com cirrose hepática. Trata-se da 5° e 3°causa de câncer e morte no mundo, com 500 mil mortes/ano. Enquanto a mortalidade por cirrose hepática diminuiu, a mortalidade por CHC aumentou. Com incidência variável, provavelmente relacionada a fatores etiológicos, como infecção pelo vírus da hepatite B (VHB) e C (VHC). Na Amazônia Ocidental observa-se alta prevalência de ambos, porem não existem estudos que mostrem a prevalência de CHC. Objetivo: Verificar as características clínico-sorológicas dos portadores de CHC, atendidos no Serviço de Atendimento Especializado (SAE-HD) entre 2001 a 2011. Material e Métodos: Estudo transversal, descritivo, através da análise das variáveis sexo, idade, tipo da hepatite, carga viral, biópsia hepática, resultado de ultrassom, de tomografia, ressonância, análises bioquímicas (Alfafetoproteína), comorbidades e tratamento contidas nos prontuários dos pacientes com CHC. Resultados: Dos 73 pacientes com diagnóstico de CHC, analisamos 40 prontuários. Destes, 82,5% (33) eram do sexo masculino, com média de idade de 53 anos (variando de 23 a 67 anos), 17,5% (7) tinham história de ingesta de álcool, 2,5% (1) apresentava metástase. Quanto ao BCLC, 72,5% (29) e 17,5% (7) foram classificados como A e C respectivamente, em relação à performance, 92,5% (37) era ambulatorial. Todos os pacientes tinham cirrose, 67,5 (27) eram Child A, 62,5% (25) tinham o VHC, destes 3 tinham coinfecção com o VHB e 1 com o VHB e delta. O genótipo do VHC mais frequente foi o 1 (68%). Dos 18 pacientes que tinham cirrose pelo VHB, 66,7% (12) eram anti-HBe positivo e 66,7% (12) tinham coinfecção com o vírus delta. Dos 12 pacientes com o VHD 66,7% (8) eram anti-HBe positivo. Todos os pacientes apresentavam co-morbidade, as mais frequentes: hipertensão arterial (40%) e diabetes (27,5%). A média de alfafetoproteína foi de 1511,89 (1 a 37846). 35% (14) dos pacientes transplantaram. Conclusão: Observou-se a relação da infecção pelo VHB, C e delta e a etiologia do Carcinoma Hepatocelular. O VHC parece ser o principal fator de risco para CHC em nosso meio. Sexo masculino, idade média na quinta década de vida, doença hepática avançada e presença de comorbidades como diabetes, etilismo e hipertensão arterial, não difere da encontrada em outros estudos. A alfafetoproteína ainda tem valor no diagnóstico em nosso meio. 112 TL 280 EMBOLIA GASOSA APÓS ABLAÇÃO POR RADIOFREQUÊNCIA DE HEPATOCARCINOMA Juliana Delgado Campos, Joyce Roma, Alessandra Gouveia Longo, Karina Paulino, Bárbara Rodrigues, Mariana La Cava, Ana Maria Pittella, Henrique Salas, Gabriela Vizzoni, Ricardo Coutinho, Bianca Guaraldi, Pollyana Valente, Thaise Kaiser, Alice Moll Hospital Quinta D'or Introdução: A ablação por radiofrequência (ARF) guiada por tomografia computadorizada (TC) é um procedimento minimamente invasivo para tratamento de carcinoma hepatocelular (CHC) com baixas taxas de complicações. Objetivo: Relatar o caso de um paciente portador de CHC submetido à ablação por radiofrequência complicada por embolia gasosa. Relato de caso: Paciente GCM, masculino, 67 anos, portador de cirrose hepática de etiologia alcoólica, complicada com CHC e síndrome hepatopulmonar. Foi submetido eletivamente à ARF guiada por TC, sem intercorrências durante o procedimento. Na TC de controle realizada imediatamente após o procedimento observou-se grande quantidade de gás no parênquima hepático, nas cavidades cardíacas, no pulmão, nos grandes vasos do tórax e encéfalo. Por este motivo foi mantido em ventilação mecânica, em unidade de terapia intensiva especializada em patologias hepatobiliares com objetivo de aguardar a reabsorção espontânea da embolia gasosa. Evoluiu bem, sendo extubado no 4º dia pós ARF. Nova TC realizada 15 dias após o procedimento não observou focos de embolia gasosa. Resultados/Discussão: A abordagem de CHC por radioablação percutânea é considerada modalidade terapêutica curativa para CHC em casos selecionados. É uma boa opção para o tratamento de pacientes com múltiplas comorbidades ou que não são candidatos à ressecção ou transplante. Tal técnica produz elevadas temperaturas levando a combustão de tecidos e como consequência gera gás carbônico e vapor de água. Tais gases, se produzidos em maior quantidade, podem se manifestar clinicamente através de embolia gasosa. Relatos na literatura descrevem como focos gasosos pós ARF principalmente no parênquima e vasos hepáticos. Entretanto nosso paciente apresentou grande volume de gás em diversos órgãos, inclusive cavidades cardíacas esquerdas e encéfalo, provavelmente pela presença de shunt secundário a síndrome hepatopulmonar. Considera-se que tal complicação habitualmente tem bom prognóstico, pois os gases são reabsorvidos em pouco tempo. Conclusão: A radioablação é considerada um procedimento seguro por ser minimamente invasivo. Complicações são pouco frequentes e a embolia gasosa é ainda mais rara. Quando ocorre é tratada com mediadas de suporte e frequentemente tem boa evolução. TL 281 NEFRITE INTERSTICIAL AGUDA SECUNDÁRIA AO USO DA CEFALOSPORINA E OXACILINA: UMA CAUSA INFREQUENTE DE INSUFICIÊNCIA RENAL NA CIRROSE Camila Alcantara, Natália Babo, Fernanda Perrone, Flavia Appel, Gabriela Nielsen, Cristiane Barreto, Marta Campos, Gustavo Henrique Pereira, João Luiz Pereira Hospital Federal de Bonsucesso Introdução: Insuficiência Renal Aguda (IRA) é uma complicação freqüente na cirrose hepática e ocorre habitualmente em pacientes com infecções bacterianas, hemorragia digestiva ou em uso de diuréticos. Nefrotoxicidade é causa infrequente de IRA, sendo habitualmente descrita em usuários de AINES e aminoglicosídeos. A nefrite intersticial aguda (NIA) é uma forma de IRA caracterizada por inflamação do interstício e túbulos renais, em geral secundária a resposta alérgica a drogas. Ainda que seja frequente o uso de antibióticos, não há relato de IRA secundária a NIA nesta população. Objetivo: Relatar caso de IRA na cirrose hepática secundaria a NIA, Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters em paciente em uso de Cefalosporina e Oxacilina. Relato de caso: Masculino, 50 anos, cirrose hepática por vírus B e C, em uso de entecavir,admitido por dor abdominal, febre e vômitos. Ao exame ascite moderada, edema de MMII, icterícia e febre. A paracentese diagnóstica revelou peritonite bacteriana espontânea (PBE) sendo iniciados Ceftriaxone e Albumina. Em vigência desta infecção, apresentou piora da função renal com posterior normalização ao término do tratamento (creatinina máxima e ao final do tratamento, de 3,8 mg/dl e 1,2 mg/dl). No terceiro dia de internação, evoluiu com celulite em membro inferior direito, tratada com oxacilina por 10 dias. Ao 13?dia de internação, nova piora da função renal (creatinina 2,5mg/dl) e oligúria. Realizada cultura e prova de volume com albumina, sendo afastadas infecção e hipovolemia. O hemograma evidenciava eosinofilia (10%), e o sedimento urinário piúria e eosinofilúria. Estabelecido o diagnostico de NIA e suspenso o tratamento antimicrobiano. Evoluiu com melhora progressiva da função renal e da eosinofilia, e resolução da eosinofiluria após 45 dias. Foi acompanhado em nosso serviço por dois meses, mantendo função renal normal, quando foi submetido a transplante hepático. Conclusão: A NIA é uma forma rara de IRA por nefrotoxicidade cujo diagnóstico se baseia em dados da história clínica e achados do sedimento urinário. O pronto diagnóstico é de fundamental importância, uma vez que a suspensão do agente causal é a medida terapêutica mais importante. Ainda que infrequente, a NIA deve ser incluída no diagnóstico diferencial da IRA em pacientes que fizeram uso de medicamentos potencialmente associados a esta complicação. TL 282 ABORDAGEM DA SÍNDROME DE BUDD-CHIARI PELA RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA Camila Alcantara, Flavia Appel, Gabriela Nielsen, Thiago Pagot, Marcia Quercetti, Gustavo Henrique Pereira, Zulane Veiga, Rafael Brás, João Luiz Pereira Hospital Federal de Bonsucesso Introdução: A síndrome de Budd-chiari (SBC) é caracterizada pela oclusão das veias supra-hepáticas, geralmente de natureza trombótica. Acomete habitualmente mulheres, geralmente na terceira ou quarta décadas de vida e possui uma apresentação clinica muito variável a depender do grau e da velocidade de instalação da obstrução vascular. O tratamento consiste no controle das complicações da hipertensão portal associado a pesquisa de trombofilia e na utilização de anticoagulante. A anastomose portossistêmica intra-hepática transjugular (TIPS) tem sido utilizada como opção terapêutica, com bons resultados ainda pouco expressivos na literatura. Objetivo: Relatar a utilização do TIPS como opção terapêutica no controle das complicações da hipertensão portal relacionadas a SBC. Método: Relato de caso e revisão da literatura. Relato de caso: Feminina, 22 anos, puérpera, com relato de hematêmese durante o trabalho de parto, além de um episódio de descompensação hidrópica aos 15 anos com boa resposta ao diurético. Na investigação etiológica, sorologia para os vírus da hepatite B e C e pesquisa para autoimunidade negativas, endoscopia digestiva alta com varizes do esôfago e Ultrassonografia (USG) abdominal com sinais de hepatopatia crônica, além de ectasia e tortuosidade vascular junto a porção extra-hepatica da veia cava inferior (VCI) e a porção proximal das veias hepáticas direita e esquerda. Tomografia Computadorizada (TC) do abdome evidenciou uma captação hepática heterogênea do meio de contaste (padrão em mosaico) e confirmou os achados ultrassonográficos. Exame físico revelou ascite moderada. Nesse contexto, foi feito o diagnóstico de SBC e realizada pesquisa para trombofilia. Foi iniciado varfarina, propanolol e sessões de ligadura elástica. No manejo da ascite, necessitou de doses crescentes de diurético, chegando a fazer uso diário de Furosemida e Aldactone nas doses respectivas de 80 mg e 200mg/dia. Um ano após o diagnóstico, foi submetida a nova TC do abdome que revelou oclusão subtotal da porção hepática da VCI e obstrução completa das veias hepáticas. Optamos pela colocação do TIPS. Resultados: Paciente evoluiu com melhora importante da 0: sem Hepatologia injúria renal aguda ; 1, 39 2, 3:–estágios AKIN Moderna – Vol. Nº 2 – Jul/Dez 2013 ascite, necessitando atualmente de 50mg de Aldactone. Conclusão: A colocação de TIPS constitui-se numa estratégia terapêutica efetiva na SBC, ficando reservada principalmente para os casos de ascite e hemorragia digestiva refratárias ao tratamento clínico. TL 283 PREVALÊNCIA DA INFECÇÃO PELO HCV (HCV-RNA DETECTÁVEL) EM TRANSPLANTADOS RENAIS COM ANTI-HCV NEGATIVO Cibele Franz, Letícia Cancella Nabuco, Pedro Túlio Monteiro de Castro e Abreu Rocha, Luis Cristóvão Porto, Magda C B Castilho, Rebeca Costa e Angela Santos, Henrique Sergio Moraes Coelho, Cristiane Alves Villela-Nogueira, Renata de Mello Perez Universidade Federal do Rio de Janeiro Introdução: A infecção pelo HCV é uma importante causa de doença hepática após transplante renal (TX renal). Imunossupressão é um fator que contribui para reativação de infecções virais em pacientes submetidos ao TX renal e que pode causar falso-negativo da sorologia anti-HCV. Objetivo: Avaliar a prevalência de infecção pelo HCV (HCVRNA detectável) em transplantados renais com anti-HCV negativo. Material e Métodos: Foram estudados 97 pacientes transplantados renais com sorologia anti-HCV negativa, em acompanhamento no Ambulatório de Transplante Renal. Foram excluídos pacientes coinfectados por HBV e/ou HIV. Em todos os pacientes foi realizada pesquisa de HCV-RNA por PCR em tempo real (Murex, Abbott, África do Sul) com limite inferior de quantificação de 12 UI/mL. Os pacientes com e sem viremia foram comparados quanto às seguintes variáveis: idade, gênero, tipo de doador (cadáver/vivo), tempo de transplante, tempo em diálise, terapia dialítica, hemotransfusão, uso de drogas injetáveis, vacinação prévia contra HBV, esquema imunossupressor, sorologia de HBV, ALT e GGT. Resultados: Entre os 97 transplantados renais incluídos no estudo, a determinação do HCV-RNA por PCR em tempo real identificou 6 pacientes (6%) com carga viral detectável, porém todos estes casos apresentaram carga viral abaixo do limite de quantificação (<12UI/mL), sendo portanto consideradas amostras positivas com viremia detectável não quantificável. Na análise comparativa entre os transplantados renais com e sem HCV-RNA detectável, nenhuma das variáveis avaliadas apresentou associação com a presença de viremia. Conclusão: A prevalência de infecção pelo HCV em transplantados renais com sorologia anti-HCV negativa é baixa (6%), mas esses casos alertam para a possibilidade de falsonegativo da sorologia neste grupo de pacientes, possivelmente relacionada à imunossupressão. TL 284 EMBOLIZAÇÃO ESPLÊNICA PARCIAL PARA TRATAMENTO DE HIPERESPLENISMO NA CIRROSE HEPÁTICA: UM RELATO DE CASO Maria Auzier Freitas, Marcos de Vasconcelos Carneiro, Lucas Santana Nova da Costa, Liliana Sampaio Costa Mendes, José Eduardo Trevizoli, Marlia Ávila Acioly Hospital de Base do Distrito Federal Introdução: Hiperesplenismo é uma complicação da hipertensão portal em cirróticos, que pode levar ao surgimento de trombocitopenia e leucopenia. A embolização esplênica tem sido usada como uma alternativa efetiva à esplenectomia cirúrgica para estes casos. Objetivo: Relatar caso de paciente portadora de cirrose hepática por esteato-hepatite não-alcoólica, com plaquetopenia e leucopenia secundárias a hiperesplenismo, que foi submetida a embolização esplênica parcial. Materiais e métodos: Informações obtidas durante acompanhamento ambulatorial e hospitalar da paciente, com revisão em literatura médica, com base de dados da BIREME, PUBMED e SCIELO. Resultados: M.A.R.C., sexo feminino, 51 anos, com diagnóstico de diabetes mellitus, dislipidemia e cirrose hepática por esteato-hepatite não-alcoólica. Relato de 04 episódios de hemorragia 113 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia digestiva alta no passado, por varizes esofágicas secundárias a hipertensão portal. Embora a paciente se mantivesse compensada do ponto de vista da hepatopatia crônica(Child-Pugh A) e sem indicação de transplante hepático até o momento, evoluia com plaquetopenia progressiva e leucopenia, devido ao hiperesplenismo, com contagem plaquetária atingindo 20.000 e apresentava, portanto, risco de sangramento. Por este motivo, foi submetida a embolização esplênica parcial com injeção de micropartículas 900/1200. Após embolização esplênica, notou-se redução de cerca de 30% da perfusão do parênquima esplênico. A paciente evoluiu com melhora progressiva da trombocitopenia e da leucopenia, obtendo, 9 dias após procedimento, contagem plaquetária em sangue periférico de 113.000. Durante internamento em enfermaria, nos 7 dias seguintes ao procedimento, foi feito uso de antibiótico profilático e não ocorreram complicações como febre, rotura esplênica e abcesso esplênico, sendo relatados, no entanto, dor abdominal moderada, náuseas e vômitos. Conclusão: O aumento progressivo da contagem de plaquetas e leucócitos em sangue periférico após a embolização esplênica parcial, reforça a conclusão de que o procedimento é uma alternativa efetiva a esplenectomia cirúrgica para tratamento do hiperesplenismo em pacientes cirróticos. Figura 1 : Pico do escore MELD de acordo com o estágio AKIN TL 285 CRITÉRIO AKIN COMO PREDITOR DE MORTALIDADE EM PACIENTES COM CIRROSE APÓS PERITONITE BACTERIANA Alexandre de Araujo, Mário Reis Álvares-da-Silva Hospital de Clínicas de Porto Alegre; Universidade Federal do Rio Grande do Sul Introdução: Injúria renal aguda (IRA) é frequente e correlacionase com alta mortalidade na peritonite bacteriana espontânea (PBE). O critério AKIN (Acute Kidney Injury Network) é útil para avaliar o prognóstico de pacientes com cirrose. O objetivo deste estudo foi avaliar o critério AKIN na predição de morte em pacientes com cirrose após PBE. Métodos: 46 pacientes com cirrose e PBE foram incluidos em um estudo de coorte. Injúria renal foi estimada pelo critério AKIN (graus 1, 2 ou 3) para avaliar a associação entre a gravidade da IRA e a mortalidade. O período médio de seguimento foi 13,22 meses. A sobrevida foi avaliada através da curva de Kaplan-Meier e o risco de mortalidade foi calculado através do modelo de regressão de Cox e aferição do hazard ratio de acordo com o critério AKIN. Resultados: A idade média dos pacientes foi 56,94 ± 9,49 e 29 (63%) eram homens. A maioria dos pacientes era Child-Pugh C (78,3%). A média do escore MELD foi 19,46 ± 6,16. IRA ocorreu em 43,5% dos pacientes (8,7, 17,4 and 17,4% respectivamente para critérios AKIN 1, 2 e 3). Mortalidade hospitalar para AKIN 1, 2 e 3 foi 50, 37,5 and 62,5% versus 3,8% para pacientes sem injúria renal (p= 0,002, 0,001 e <0,001 respectivamente). Pacientes com critérios AKIN 1, 2 ou 3 não tiveram diferença significativa em relação ao escore MELD (p=0,893). A hazard ratio e o intervalo de confiança de 95% para pacientes com IRA (AKIN graus 1, 2 e 3 agrupados) foi 3,41 (1,58-7,36). Conclusão: O critério AKIN é útil para predizer mortalidade em pacientes com PBE Figure 2: Sobrevida de acordo com os critérios AKIN Figura 3: Sobrevida de acordo com a injúria renal aguda 114 Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters TL 286 PREVALÊNCIA DE ALTERAÇÕES NA GASOMETRIA ARTERIAL DE CANDIDATOS A TRANSPLANTE HEPÁTICO E CORRELAÇÃO DESTES ACHADOS COM VASODILATAÇÃO PULMONAR Luciana Carius, Renata de Mello Perez, Elizabeth Balbi, Lucio Pacheco, Ana Carla Maruo Palis, Fábio Jubram Hospital Quinta Dor, Hospital São Francisco de Assis, Hospital Federal de Bonsucesso Introdução: A síndrome hepatopulmonar se caracteriza por uma anormalidade na oxigenação (PO2 <80mmHg ou Gradiente alvéoloarterial >15mmHg), na presença de doença hepática, induzida por vasodilatação intrapulmonar. O ecocardiograma com microbolhas é considerado o exame de escolha para identificar a vasodilatação. A prevalência da SHP é estimada em 5-32% e o único tratamento definitivo é o transplante hepático, que deve ser realizado na fase inicial da doença. Dessa forma, a realização de um rastreamento é importante, mas não existe consenso de como realizá-lo. Material e métodos: Foram estudados 58 pacientes candidatos a transplante hepático, independente de sintomatologia respiratória, submetidos à gasometria arterial, determinação de Sa02 pela oximetria de pulso e realização de ecocardiograma transtorácico contrastado com microbolhas (pelo mesmo examinador), sendo que 36 exames foram revisados por um segundo examinador. Resultados: 31 pacientes (53%) apresentaram gradiente alvéolo-arterial >15mmHg, em 13 pacientes (22%) associado a hipoxemia leve e em 2 pacientes (3%), hipoxemia grave. O ecocardiograma com microbolhas evidenciou shunt intrapulmonar em 53 pacientes (91,3%). A revisão do segundo examinador concordou em relação à presença do shunt em 100% dos casos, porém houve discordância na mensuração do grau de vasodilatação em 30% dos pacientes. Discussão e conclusões: Essa avaliação inicial demonstra uma prevalência maior do que a estimada de alterações no gradiente alvéolo-arterial, mesmo em pacientes assintomáticos e, principalmente, uma elevada prevalência de vasodilatação pulmonar pelo ecocardiograma, sem repercussões graves na oxigenação. Porém é necessário determinar se a longo prazo esses pacientes irão evoluir com deterioração da função respiratória ou se o achado isolado de vasodilatação pelo ecocardiograma pode não ter significado clínico. TL 287 DOENÇA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA: PREVALÊNCIA E FATORES DE RISCO EM CRIANÇAS OBESAS Deise R Felix, Fabiola Costenaro, Catarina Gottschal, Gabriela Coral Pós-Graduação em Hepatologia UFCSPA/Santa Casa de Porto Alegre Introdução: A obesidade na infância é considerada a pandemia do novo milênio. Entre as suas diversas repercussões, destaca-se, nos dias de hoje a Doença Gordurosa Hepática não Alcoólica (DGNA). Objetivos: Estimar a prevalência da DGNA em crianças obesas; analisar dados antropométricos relacionados com esta prevalência; identificar as variáveis dietéticas (tempo de aleitamento materno exclusivo, ingestão de lipídes, fibra solúveis e outras) que possam estar associadas com a DGNA; reconhecer os fatores de risco associados com DGNA e determinar as variáveis socioeconômicas associadas com a DGNA. Material e métodos: estudo transversal com crianças obesas. Foram excluídas crianças com outras doenças hepáticas, doenças genéticas ou imunodeficiências e aquelas que utilizavam medicamentos hepatotóxicos. Para o diagnóstico e classificação de obesidade foi utilizado o parâmetro adotado pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC). A classificação antropométrica (peso e estatura) e a classificação da condição nutricional foram realizadas seguindo a preconização da Organização Mundial da Saúde (OMS). Foram avaliadas as dobras cutâneas tricipital e subescapular, a Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 circunferência do braço e a circunferência cintura e quadril. Foram obtidas as informações sobre atividade física, horas de sono, horas de TV, tipo de brincadeiras, e permanência em creche ou escola nas 24 horas anteriores ao dia da entrevista; foi realizado inquérito alimentar. Também foram avaliados parâmetros sócio econômicos e fatores de risco familiares para síndrome metabólica, alem de avaliação laboratorial e por ultrassonografia. Resultados: foram avaliados 39 crianças das quais 8 (20.5%) foram diagnosticas com DGNA. Na análise multivariada os fatores preditivos para DGNA foram o gênero masculino (OR: 1,62; IC95%: 1,08 - 2,44; p=0,038); a não realização de atividade física (OR: 3,35; IC95%:1,97 - 0,006; p=0,006); a GGT alterada (OR: 3,07; IC95%: 1,03 - 9,11; p=0,10); o consumo exagerado de hidratos de carbono (OR: 2,17; IC95%: 1,05 - 6,82; p=0,038); e história de hipertensão arterial familiar (OR:1,13; IC95%: 1,05 - 4,84; p=0,048). Conclusão: a prevalência de DGNA na faixa etária analizada é alta. O gênero masculino, a ingestão excessiva de carbohidratos e a inatividade física são fatores de risco importantes. Alem disso, a GGT foi o único parâmetro laboratorial correlacionado à DGNA neste estudo. A hipertensão familiar influencio a ocorrência da DGNA na criança obesa. TL 288 DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA EM PACIENTES OBESOS GRAVES: ENZIMAS HEPÁTICAS & INDICAÇÃO DE BIÓPSIA Ana Clara Vasconcelos, Helma P Cotrim, Erivado Alves, Maria Clara Vieira, Alice Karoline De Oliveira, Sabrina Figueiredo, Daniela Nascimento, Fernanda Araújo, Priscila Almeida, Luis A R Freitas Universidade Federal da Bahia Introdução: A DHGNA no obeso grave é de amplo espectro e inclui a esteatose, esteatoepatite (NASH) e cirrose. Entretanto, a indicação de biópsia hepática (BH), durante a cirurgia bariátrica (CBA) está em discussão. Não existem ainda critérios bem definidos para indicar esse procedimento. Objetivo: avaliar a relevância das aminotranferases para indicação da BH para obesos submetidos à CBA. Metodologia: estudo série de casos, que incluiu obesos graves (IMC>35 kg/m2 com comorbidades ou IMC>40), que se submeteram a cirurgia bariátrica entre 2006 a junho/2013. Foram avaliados parâmetros clínicos, ultrassonografia e dados laboratoriais, entre eles ALT e AST. Critérios histológicos para diagnóstico da Pathology Committee of the NASH Clinical Research Network. Foram excluídos obesos com história de ingestão alcoólica ≥20g/semana e/ou outras hepatopatias. Resultados: Foram avaliados 162 obesos graves com média de idades de 37,96 ± 11,34 anos e 67,3% eram mulheres. Diabetes foi observada em 16,7% dos pacientes, dislipidemia em 74,1% e 56,8% (67/118) resistência à insulina. ALT estava normal em 67,5% dos obesos, AST em 72% e ALT e AST em 64,8%. Dentre os pacientes que tinham aminotransferases normais (AST e ALT), 81,9% apresentavam esteatoepatite na histologia; desses 80% apresentavam fibrose graus I e II, 2% fibrose grau III. Conclusões: A maioria dos obesos, nesse estudo, apresentavam aminotransferases normais, no entanto esteatoepatite com fibrose foi o diagnostico mais frequente à histologia. Os resultados mostram uma dissociação entre alterações de AST/ALT e gravidade histológica nesses pacientes, e sugerem que níveis séricos de enzimas hepáticas não podem ser considerados parâmetros para indicação de biópsia hepática em obesos que se submetem a cirurgia bariátrica. TL 289 CARCINOMATOSE MUCINOSA PERITONEAL Flávia Appel, Natalia Babo, Gabriela Nielsen, Camila Alcantara, Renan Marzullo, Thiago Pagot, Fernanda Perrone, Frederico Campos, João Luiz Pereira Hospital Federal de Bonsucesso 115 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia Introdução: a carcinomatose mucinosa peritoneal é um tumor de crescimento indolente que se caracteriza por ascite mucinosa e implantes na cavidade peritoneal . É uma doença rara freqüentemente relacionados a cistoadenocarcinomas de ovário ou de apêndice. Ocasionalmente pode se originar do colón, mama, endométrio, pâncreas, carcinoma do ducto biliar comum e ducto onfalomesentérico. O diagnóstico pode ser feito por meio de citopatologia de aspiração por agulha fina, ultrassonografia(US), tomografia(TC) e ressonância magnética(RNM). Os dois últimos são de grande importância pois permitem um melhor estudo de determinadas áreas de difícil avaliação pela US, definindo melhor a lesão e extensão da doença. Objetivo: apresentar caso de carcinomatose mucinosa peritoneal com apresentação pela RNM e TC com espessamento peritoneal comprometendo todo o tecido e associado a "omental cake". Relato de Caso: RCSC, 64, homem, negro encaminhado para avaliação de aumento de volume abdominal. Ao exame físico observou-se abdômen globoso e massa endurecida a palpação difusamente ocupando todo o abdômen .Realizada TC e RNM tendo como laudo: "espessamento peritoneal difuso, formando uma carapaça que envolvia o fígado e os demais órgãos abdominais sugerindo carcinomatose peritoneal. Observa-se formação ovalada e hipodensa com calcificações de permeio na fossa ilíaca direita. Ascite". Realizada laparoscopia que evidenciou massa comprometendo difusamente o peritônio e região cecal. Realizada citoredução e enviado material para a histopatologia cujo laudo foi de carcinomatose mucinosa peritoneal. Encaminhado para a Oncologia onde está realizando quimioterapia sistêmica. Conclusão: relatado caso, com ênfase nas imagens radiológicas, de apresentação peculiar de carcinoma mucinoso. TL 290 ASSOCIAÇÃO ENTRE FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR E GRAVIDADE DA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA Alice Karoline De Oliveira, Helma P Cotrim, Erivaldo Alves, Sabrina Figueiredo, Maria Clara Vieira, Yanaihara Pinchemel, Fernanda Araújo, Luis A R Freitas Universidade Federal da Bahia Introdução: Os pacientes com DHGNA têm como fatores de risco principais a obesidade, dislipidemia e diabetes mellitus tipo II, e por isso tem também maior risco de morbidade e mortalidade cardiovascular. Objetivo: avaliar se o número de fatores de risco cardiovascular (FRCV) associados à obesidade influencia na gravidade da DHGNA. Metodologia: estudo série de casos, que incluiu obesos com IMC>35 kg/m 2 que se submeteram a cirurgia bariátrica (CBA) entre 2006 a junho/2013. Critérios histológicos para diagnóstico da Pathology Committee of the NASH Clinical Research Network. Foram excluídos obesos com história de ingestão alcoólica ≥20g/semana e/ou outras hepatopatias. Os pacientes foram divididos em cinco grupos segundo o número de fatores de risco vascular: obesidade central, hipertensão arterial, HDL baixo, hipertrigliceridemia, hiperglicemia. Resultados: Foram avaliados 186 pacientes, com uma média de idade de 37,4 ± 11 anos, dos quais 72% eram do sexo feminino. A média do IMC foi de 43,7 kg/m². A avaliação histológica mostrou: fígado normal e alterações inespecíficas, 17% dos casos, esteatose em 22%, e esteatoepatite com fibrose em 78%. Entre os pacientes com esteatose 78% apresentavam 1 ou 2 fatores de RCV. Naqueles com esteatoepatite 43,5% apresentavam 3 ou mais fatores. Conclusão: os resultados de estudo sugerem que o maior o número de fatores de risco cardiovascular associados à obesidade, pode influenciar na gravidade da DHGNA. 116 TL 291 AVALIAÇÃO DA RESPOSTA VIROLÓGICA SUSTENTADA EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA GENÓTIPO 1 TRATADOS COM ESQUEMA ANTIVIRAL TRÍPLICE Carvalho BC, Leal CRG, Griman AB, Nazar NA, Queiroz VP, Quelhas LS, Theodoro CF, Garçoni C, Magalhães CR, Nabuco LC, Pinto PTA Hospital Federal dos Servidores do Estado Ministério da Saúde. Rio de Janeiro - RJ Introdução: Na atualidade, o esquema padrão para o tratamento da hepatite C crônica pelo genótipo 1 (HCVG1) é a terapia tríplice com alfapeginterferona (Peg-IFN), ribavirina (RBV) e um inibidor da protease (IP): boceprevir (BOC) ou telaprevir (TVR). Estudos recentes apontam para uma taxa de resposta virológica sustentada (RVS) de 63-75% em doentes naives tratados com o esquema antiviral tríplice. Em pacientes não respondedores (NR) a um tratamento prévio com Peg-IFN + RBV essa taxa é de 64-66%. O objetivo desse estudo é a avaliação das taxas de RVS em pacientes com HCVG1, tratados em um hospital terciário no Rio de Janeiro com o esquema antiviral tríplice. Material e métodos: Dos 26 pacientes em tratamento pudemos avaliar a presença ou não de RVS em 15 doentes, que receberam o esquema de Peg-IFN alfa 2b 1,5 mcg/Kg/SC/semanal, RBV 750 a 1250 mg/dia e BOC 800 mg de 8/8hs ou TVR 750 mg de 8/8hs. A duração dessa terapia tríplice antiviral variou de 28 a 48 semanas, Avaliamos os fatores preditivos de RVS, bem como efeitos adversos, e as taxas de NR( falha terapêutica, breaktrough e recaída virológica). O armazenamento e análise estatística dos dados foram feitos utilizando o programa SPSS, Chicago 14.0. Resultados: Dos 15 pacientes analisados, 9 (60%) eram do sexo masculino, com média de idade de 55 ± 9 anos e 13 eram brancos (87%). Desses 15 pacientes, 8 tinham cirrose (53%) e 11 eram NR a tratamento duplo prévio com Peg-IFN alfa + RBV (73%). A taxa global de RVS foi de 33%. Das variáveis analisadas como fatores preditivos de RVS, somente a contagem de plaquetas (p=0,0042) e o valor da queda do Log após o lead-In (p=0,011) alcançaram significância estatística. Entre os NR ao tratamento antiviral tríplice (67%), observamos falha terapêutica em 30%, Breaktrough virológico em 40% e recidiva em 30%. O efeito adverso mais frequente com o uso de IPs, foi anemia, observada em 73%. Conclusão:Nesse estudo, encontramos taxa de RVS global abaixo da referida na literatura mundial, provavelmente pela elevada percentagem de pacientes cirróticos (53%) e NR a um tratamento anterior com Peg-IFN alfa e RBV, tratados pelo esquema tríplice antiviral. TL 292 REATIVAÇÃO DE LEISHMANIOSE CUTÂNEO-MUCOSA DURANTE TRATAMENTO DE HEPATITE B CRÔNICA COM INTERFERON Christini Takemi Emori, Silvia N O Uehara, Roberto J Carvalho-Filho, Ana Cristina A Feldner, Ivonete S Silva, Antonio E Silva, Maria Lucia Ferraz Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo Introdução: A leishmaniose compreende um espectro de doenças causadas por várias espécies de Leishmania, incluindo as formas cutânea, cutâneo-mucosa e visceral. As manifestações clínicas dependem da patogenicidade do parasita e da resposta imune do hospedeiro. Objetivo: descrever um caso de reativação de Leishmaniose cutâneo-mucosa durante o tratamento com alfainterferon alfa-2b para hepatite B crônica. Relato do caso: Paciente masculino, pardo, 52 anos, natural da Bahia, procedente de São Paulo há 30 anos. Encaminhado por sorologia positiva para hepatite B, assintomático. Referia viagem há 5 anos para Bahia, sem outros fatores de risco. Ao exame físico nenhuma evidência de doença hepática crônica. Sorologias pré-tratamento: HBsAg, anti-HBc IgG e HBeAg positivo. TGP 2,7x Limite Superior do Normal (LSN),TGO 2,7xLSN, biópsia hepática A0F0(Metavir). Foi submetido a tratamento Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters com alfainterferon alfa-2b 5 milhões de UI/dia por 24 semanas. No final, apresentava-se com HBV DNA de 23.801 UI/mL, sem soroconversão de HBeAg, TGP 0,87xLSN, TGO 0,82xLSN. Evoluiu no 4ºmês de tratamento com perda ponderal de 10 Kg, astenia e sinusite sem melhora após antibioticoterapia. Foi encaminhado à otorrinolaringologia por rouquidão persistente, destruição de septo nasal, alargamento nasal e lesão em palato mole. A biópsia mostrou processo inflamatório granulomatoso com necrose caseosa, sugestivo de leishmaniose. Sorologia positiva IgG 1/80 por imunofluorescência indireta e reação de Montenegro 30 mm. Foi tratado com meglumina antimoniato por 30 dias. Apresentou melhora da rouquidão e das lesões de palato, sem intercorrências. Discussão: A forma mucosa da leishmaniose é caracterizada por resposta imune celular exacerbada à presença de Leishmania, determinando o potencial destrutivo observado, com destruição de septo nasal ou palato. Pode ocorrer anos após a cicatrização espontânea de uma lesão cutânea localizada. O paciente não tinha história prévia de manifestação clínica nem tratamento para leishmaniose tegumentar, mas viajou pelo sul da Bahia há 5 anos, uma área endêmica, e desenvolveu leishmaniose muco-cutânea poucos meses após o início do IFN, sugerindo associação da reativação com o efeito imunomodulador do IFN. Conclusão: Este parece ser o primeiro relato de caso de reativação de leishmaniose muco-cutânea por Interferon. Tendo em vista esse achado, deve-se considerar a triagem para leishmaniose em paciente de zona endêmica que será submetido ao tratamento com Interferon. TL 293 INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA POR TUMOR NEUROENDÓCRINO: UM CASO RARO A SER DESCRITO Flávia Appel, Camila Alcantara, Gabriela Nielse, Emilia Omram Ahamed, Marcia Quercetti, Flávia F Fernandes, Frederico Campos, João Luiz Pereira Hospital Federal de Bonsucesso Introdução: A incidência dos tumores neuroendócrinos vem aumentando nos últimos anos. Segundo dados da Suécia, Suíça e Reino Unido, o número de casos novos dos tumores neuroendócrinos gastrointestinais está entre 2 a 3 por 100.000 pessoas/ano, com discreto predomínio no sexo feminino. Estatísticas americanas mostram predomínio na raça negra. A maioria dos tumores gastrointestinais neuroendócrinos são não- funcionastes. Os primários podem causar efeito de massa e as metástases são preferencialmente hepáticas. A sobrevida em 5 anos é maior nos tumores de reto (74 a 88%) e menor nos tumores de pâncreas (27 a 43%). Habitualmente esses pacientes evoluem para o óbito sem apresentarem disfunção hepática. Objetivo: descrever caso de insuficiência hepática por tumor neuroendócrino. Relato de Caso: KRSO, 34 anos, negra, procurou atendimento por dor lombar de forte intensidade, que dificultava a deambulação. Ao exame físico observava-se aumento de volume abdominal às custas de hepatomegalia que chegava a fossa ilíaca direita . Realizada inicialmente uma tomografia computadorizada com contraste que evidenciou o aumento de volume hepático por massa de aspecto metástatico. Realizadas Endoscopia Digestiva Alta e Baixa, Ultrassonografia de Tireóide e Mamografia que não demonstraram o sitio primário. Foi indicada biópsia da massa hepática ,porém a paciente evoluiu com quadro inicial de síndrome colestática e posterior disfunção hepatocelular (aumento de bilirrubinas, queda do TAP e encefalopatia). Houve rápida evolução para insuficiência hepática e óbito. Realizada biopsia pós-mortem cujo laudo foi de carcinoma neuroendócrino, confirmado pelo perfil imunohistoquímico com Queratina Pan, Queratina 7, Cromogranina, Sinaptofisina positivos. Conclusão:Os tumores neuroendócrinos geralmente são de crescimento indolente e é possível um diagnostico etiológico e tratamento especifico. No entanto, raramente, como no caso retratado, podem apresentar comportamento agressivo e evoluir para insuficiência hepática. Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TL 294 INFLUÊNCIA DOS GRAUS DE OBESIDADE NA GRAVIDADE DA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA Sabrina Figueiredo, Helma P Cotrim, Erivaldo Alves, Carla Daltro, Yanaihara Pinchemel, Maria Clara Vieira, Alice Karoline De Oliveira, Priscila Almeida, Luis A R Freitas Universidade Federal da Bahia Introdução: o estudo da DHGNA no obeso grave tem despertado interesse nas últimas décadas pelas peculiaridades clínicas e histológicas que apresenta. Objetivo: avaliar a influência dos graus de obesidade e gravidade da DHGNA. Metodologia: estudo série de casos, que incluiu obesos graves (IMC>35 kg/m 2 com comorbidades ou IMC>40), que se submeteram a cirurgia bariátrica entre 2006 a junho/2013. Foram avaliados parâmetros clínicos e dados laboratoriais. A obesidade foi estratificada a partir de critérios definidos pela Organização Mundial de Saúde. Os critérios histológicos Pathology Committee of the NASH Clinical Research Network foram adotados para diagnóstico da DHGNA. Foram excluídos obesos com história de ingestão alcoólica ≥20g/semana e/ou outras hepatopatias. Resultados: Foram incluídos 223 pacientes. A média de idades dos pacientes foi de 37,64 ± 10,94 anos e 70% eram mulheres. O IMC médio foi de 44,28 ± 5,83 kg/m2 , sendo 22% com obesidade grau II e 78% obesidade grau III. Diabetes mellitus foi observada em 13,5% dos pacientes, enquanto dislipidemia esteve presente em 61,9%. A resistência à insulina foi observada em 78,9%; sendo, 20,6% em pacientes com obesidade grau II e 79,4%, obesidade grau III. A avaliação histológica mostrou que dos pacientes com obesidade grau II, 18,4% apresentavam esteatose, e 67,3% esteatoepatite. Desses 58% a esteatoepatite se associou a fibrose graus I e II. Dos pacientes com obesidade grau III, 6,3% apresentavam esteatose, 85,6% esteatoepatite, desses 73,8% fibrose grau I e II, e 2,8% fibrose grau 3 e ou cirrose. Conclusões: observou-se maior associação entre grau de obesidade e formas mais graves de DHGNA, como esteatoepatite com fibrose e cirrose; a resistência à insulina (RI) foi mais frequente em pacientes com obesidade grau III; os dados sugerem que tanto o grau de obesidade quanto a RI podem ter influenciado na maior gravidade da DHGNA. TL295 ALFAFETOPROTEÍNA E DIAGNÓSTICO DO CARCINOMA HEPATOCELULAR: AINDA HÁ LUGAR PARA ESTE MARCADOR? Sandra Regina de A. Carvalho, Carla Adriana L de Matos, Maria Lucia Gomes Ferraz, Antônio Eduardo Benedito Silva, Rogério Renato Perez, Adriano Miziara Gonzalez, Alcides Augusto Salzedas Neto, Ivonete Sandra de S. e Silva Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina Introdução: A alfafetoproteína (AFP) em conjunto com o ultrassom abdominal tem sido utilizada há muito tempo no rastreamento do carcinoma hepatocelular (CHC), porém devido à baixa sensibilidade muitos autores têm abandonado o seu uso no rastreamento do tumor. Objetivo: avaliar a contribuição da AFP no diagnóstico do CHC. Material e métodos: foram estudados pacientes com diagnóstico de CHC entre 2000 e 2012. O diagnóstico do tumor foi realizado mediante tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RNM) ou biópsia hepática. Foi determinada a proporção de pacientes que apresentou diagnóstico de CHC a partir da elevação da AFP sem evidência de lesão hepática ao exame de ultrassom. Resultados: foram estudados 247 portadores de CHC. A média de idade foi de 60±10 anos havendo predomínio do sexo masculino (74%) e de infecção pelo HCV (73%). Suspeita diagnóstica a partir do ultrassom abdominal foi determinada em 173/247 (70%) pacientes. Por outro lado, 19/247 (8%) pacientes tiveram a suspeita diagnóstica do CHC a partir da elevação isolada de alfafetoproteína, sem evidência de lesão 117 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia ao ultrassom abdominal. Conclusão: um número considerável de pacientes com CHC foi identificado a partir de valores elevados de AFP, sem evidência de tumor ao exame de ultrassom, portanto a AFP permanece como ferramenta útil no rastreamento do carcinoma hepatocelular. TL 296 CRIOGLOBULINEMIA RELACIONADA À INFECÇÃO PELO HCV COM MANIFESTAÇÕES GRAVES DURANTE A TERAPIA ANTIVIRAL RELATO DE CASO Theodoro F, Quelhas L, Weberszpil M, Rosa M, Malta D, Franz C, Mendes R, Pinto PTA, Valle E, Nabuco LC Hospital Federal dos Servidores do Estado Introdução: Crioglubulinemia é a manifestação extra-hepática mais comum relacionada ao vírus da hepatite C, entretanto a síndrome crioglobulinêmica está presente em uma minoria desses pacientes. A tríade de púrpura palpável, artralgia e fraqueza pode ser acompanhada de lesões mais graves com envolvimento renal, neurológico e ulceras de extremidades. O manejo terapêutico da síndrome crioglobulinemica deve ser individualizado de acordo com a gravidade das manifestações clinicas. Objetivos: Apresentar um caso de síndrome crioglobulinêmica relacionada a hepatite crônica C tratada com interferonpeguilado e ribavirina que durante o esquema antiviral e resposta virológica rápida evoluiu com aparecimento de manifestações graves. Material e Métodos: Paciente feminina, 23 anos queixas de dor em articulações de joelhos e tornozelos associada a lesões cutâneas em membros inferiores há 6 meses. Encaminhada ao setor de hepatologia por apresentar anti-HCV positivo. Ao exame físico, lúcida, corada, anictérica, sinais vitais estáveis, sem estigmas de hepatopatia crônica. Artrite em articulações periféricas dos membros superiores e inferiores. Púrpuras palpáveis bilateralmente em membros inferiores. Exames laboratoriais: hemograma, TAP, hepatograma, creatinina e albumina normais. VHS=80; Crio(+), FR(+); C4=8(12-20); proteinúria(2g/24h); PCR-HCV=850.000ui/ml, genótipo1, US abdominal normal. Biópsia cutânea compatível com vasculite leucocitoclástica. Resultados: Proposto tratamento com Interferon Peguilado e Ribavirina. Obteve RVR (PCR na 4ª semana indetectável) com desaparecimento do quadro cutâneo e articular, normalização dos níveis de C4 e do EAS. Na 24ª semana do tratamento, com PCRHCV indetectável, houve retorno da vasculite em MIS, hipertensão arterial grave, anasarca, neuropatia periférica e síndrome nefrótica (12g/24h), Crio(+), FR(+). Iniciado terapia com prednisona associado ao esquema antiviral, sendo suspenso após 30 dias por ausência de resposta. Após a combinação de anti-CD20 (Rituximab) com IFN peguilado e RBV houve desaparecimento de todos os sintomas, normalização da função renal com manutenção da resposta virológica. Conclusões: Embora a terapia antiviral seja recomendada para tratamento da crioglobulinemia com manifestações brandas, o tratamento com interferon pode induzir ou exacerbar as manifestações da vasculite. O uso sequencial ou combinado de terapia antiviral com anti-CD20 é a estratégia recomendada para o manejo de lesões graves. TL 297 HEPATOTOXICIDADE POR USO DE ESTERÓIDES ANABOLIZANTES Gabriela Mattos Nielsen, Camila Alcantara, Flávia Appel, Gustavo Henrique Pereira, Flávia F Fernandes, Daniela Mariz, Zulane Veiga, João Luiz Pereira Hospital Federal de Bonsucesso Introdução: A utilização de Esteróides Anabolizantes (EAS) com objetivos estéticos e melhora no desempenho físico é uma prática comum que vem aumentando nos últimos anos. Entretanto, seu uso indiscriminado tem sido associado a graus variáveis de 118 hepatoxicidade.Objetivo: Relatar o caso de dois pacientes com hepatoxicidade após uso de EAS. Relatos de casos: 1) Masculino, 34 anos, negro, apresentando astenia e náuseas há 1 mês, evoluindo com icterícia progressiva, acolia, colúria e prurido. Relato de uso de EAS (estanozolol) há 2 meses. Ao exame: Ictérico 4+/4+ e sem sinais de encefalopatia hepática (EH). Apresentava hiperbilirrubinemia (Bt:51), discreto aumento de transaminases,elevação significativa da fosfatase alcalina e GGT (426 e 102, respectivamente), TAP:41%,INR:1,92 e Creatinina:2,1.No segundo dia de internação evoluiu com inversão do ciclo sono-vigília e flapping. Foi tratado com lactulose, havendo melhora do quadro de EH após sete dias. Realizados exames de imagem que afastaram doença biliar. Marcadores virais negativos, assim como marcadores de autoimunidade e doenças metabólicas. Caso 2) Masculino, 30 anos, negro, apresentando prostração, anorexia, náuseas e vômitos, evoluindo com icterícia progressiva, acolia, colúria, prurido. História de uso de EAS há 5 meses. Ao exame: Ictérico 4+/4+ e lesões por coçadura em todo corpo. Apresentava hiperbilirrubinemia(BT:39), aumento discreto de transaminases e elevação acentuada de FA e GGT(770 e 100, respectivamente), TAP:48%, INR:1,58. Exames de imagem foram normais, marcadores virais, pesquisa de auto-imunidade, assim como marcadores para doenças metabólicas foram negativos. Trazia biópsia hepática de outro serviço mostrando colestase hepatocanalicular moderada, hiperplasia de células de Kuppfer, infiltrado inflamatório lobular e necrose leve de hepatócitos. Resultados: Tratados com ácido ursodesoxicólico, anti-histamínicos, Vitamina K e suporte clínico. Na evolução do primeiro caso houve normalização da função renal após 30 dias e do hepatograma após 9 meses do início do quadro e no segundo caso após 6 meses. Conclusão:Ainda que a colestase seja a forma de apresentação clínica mais freqüente, lesão hepatocelular por uso de EAS pode ocorrer com gravidade, sobretudo com o desenvolvimento de EH, como um dos casos apresentados. À despeito do curso geralmente benigno, a hepatotoxicidade por uso de EAS acarreta morbidade significativa com demora de vários meses na resolução do quadro clínico e laboratorial. TL 298 FATORES PREDITIVOS DE SOBREVIDA ENTRE PORTADORES DE CARCINOMA HEPATOCELULAR Sandra Regina de A. Carvalho, Maria Lucia Gomes Ferraz, Carla Adriana L.de Matos, Antônio Eduardo Benedito Silva, Roberto de Carvalho Filho, Rogério Renato Perez, Adriano Miziara Gonzalez, Alcides Augusto Salzedas Neto, Ivonete Sandra de S. e Silva Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina Introdução: Carcinoma hepatocelular (CHC) é uma das neoplasias malignas do fígado mais comum e responsável por alta mortalidade. O diagnóstico precoce é um importante fator que pode influenciar a sobrevida. Objetivo: avaliar fatores preditivos relacionados à sobrevida de pacientes com carcinoma hepatocelular. Material e métodos: foram estudados pacientes com diagnóstico de CHC entre 2000 e 2012. O diagnóstico do tumor foi realizado mediante tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RNM) ou biópsia hepática. Para determinação dos fatores preditivos de sobrevida foi utilizado o método de Kaplan-Meier com construção de um modelo de regressão de Cox. Resultados: foram estudados 247 portadores de CHC. Destes a média de idade foi de 60±10 anos havendo predomínio de homens (74%). A principal etiologia da doença hepática crônica foi infecção pelo HCV (73%) seguida de álcool (12%) e infecção pelo HBV (8%). Os pacientes foram classificados em Child A (57%), B (36%) e C (7%). A mediana de AFP foi de 57UI/mL. A média do MELD foi de 11. A média do número e tamanho de nódulos foi respectivamente 2 nódulos e 5 cm de diâmetro. Metástase a distância e trombose vascular tumoral foram encontradas respectivamente em 10% e 13% dos casos. Estavam dentro do critério de Milão 43% dos casos dos quais 22% foram submetidos ao transplante hepático. Ressecção hepática foi realizada em 6% dos pacientes. Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters Quimioembolização, radiofrequência e alcoolização foram realizadas respectivamente em 49%, 1,2% e 2% dos pacientes. Sorafenibe foi administrado a 14% dos casos. A taxa de sobrevida global foi de 74% em 12 meses e de 40% em 36 meses. Os fatores preditivos de maior chance de óbito foram sexo masculino (OR= 27; P< 0,001), idade avançada (OR= 1,09; P< 0,004), níveis séricos de alfafetoproteína acima de 20 UI/mL (OR= 3,15; P< 0,03), RNI prolongado (OR= 22,6; P< 0,01) e trombose vascular tumoral (OR= 16,3; P< 0,004). Fatores associados a menor chance de óbito foram infecção pelo HCV (OR= 0,20; P< 0,003) e níveis elevados de albumina (OR= 0,21; P< 0,009). Conclusão: neste estudo sexo masculino, idade avançada, alfafetoproteína elevada e trombose vascular tumoral foram associados a menor sobrevida. Por outro lado a infecção pelo HCV, bem como níveis séricos elevados de albumina, se associaram a menor chance de óbito entre portadores de CHC. de 60±10 anos e predomínio de homens (75%). Dentre estes 35 (17%) usaram sorafenibe. A média da dose diária total foi de 630mg. A média do tempo de uso foi de 6 meses. Entre os que usaram sorafenibe 25 (71%) foram submetidos a quimioembolização intrarterial. Os efeitos colaterais mais frequentes foram diarreia, síndrome mão-pé e cefaléia e ocorreram em apenas 13 pacientes dos quais 6 descontinuaram o tratamento. A média do tempo de sobrevida foi maior entre aqueles que usaram sorafenibe comparada com aqueles que não usaram (40 meses x 21 meses; P < 0,001). Conclusão: o uso de sorafenibe resultou em efeitos colaterais que levaram a descontinuidade do tratamento em um número considerável de pacientes, entretanto, seu uso aumentou a sobrevida dos pacientes, quando comparada com aqueles que não usaram este medicamento. TL 301 TL 299 QUIMIOEMBOLIZAÇÃO INTRARTERIAL AUMENTA A SOBREVIDA DO PACIENTE COM CARCINOMA HEPATOCELULAR FORA DE CRITÉRIOS PARA TRATAMENTO CURATIVO Sandra Regina de A. Carvalho, Ivonete Sandra de S e Silva, Denis Szejnfeld, Giuseppe D'Ippolito, Rogério Renato Perez, Adriano Miziara Gonzalez, Alcides Augusto Salzedas Neto, Carla Adriana L de Matos Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina Introdução: Pacientes com carcinoma hepatocelular (CHC) fora de critérios para tratamento curativo podem apresentar aumento da sobrevida com quimioembolização intrarterial. Objetivos: avaliar a sobrevida de pacientes com CHC tratados com quimioembolização intrarterial. Material e métodos: foram estudados pacientes com diagnóstico de CHC entre 2000 e 2012, fora de critério para transplante hepático ou ressecção hepática, e que receberam tratamento paliativo com quimioembolização intrarterial. O diagnóstico do tumor foi realizado mediante tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RMN) ou biópsia hepática. A taxa de sobrevida foi determinada comparando aqueles que realizaram ou não quimioembolização intrarterial. Resultados: foram estudados 208 pacientes com média de idade de 60±10 anos e predomínio de homens (75%). Dentre estes, 97 foram submetidos a quimioembolização intrarterial. O numero de sessões variou de 1-5 e houve boa tolerância na maioria dos casos. A média do tempo de sobrevida foi maior entre aqueles que realizaram quimioembolização intrarterial comparada com aqueles que não realizaram (32 meses x 17 meses; P < 0,001). Conclusão: em pacientes com CHC fora de critérios para tratamento curativo a quimioembolização intrarterial resultou em importante incremento na sobrevida. TL 300 AUMENTO DA SOBREVIDA COM O USO DE SORAFENIBE NO TRATAMENTO DO CARCINOMA HEPATOCELULAR Sandra Regina de A. Carvalho, Ivonete Sandra de S e Silva, Denis Szejnfeld, Giuseppe D'Ippolito, Rogério Renato Perez, Adriano Miziara Gonzalez, Alcides Augusto Salzedas Neto, Carla Adriana L Matos Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina Introdução: Pacientes com carcinoma hepatocelular (CHC) fora de critérios para tratamento curativo podem apresentar discreto aumento da sobrevida com o uso de sorafenibe. Objetivo: avaliar a sobrevida de pacientes com CHC tratados com sorafenibe. Material e métodos: foram estudados pacientes com diagnóstico de CHC entre 2000 e 2012 que não preenchiam critérios para tratamento curativo e que receberam tratamento com sorafenibe e/ou quimioembolização. A taxa de sobrevida foi determinada comparando aqueles que usaram ou não sorafenibe. A dose de sorafenibe prescrita foi de 800mg/dia e foi reduzida conforme tolerância. Resultados: foram estudados 208 pacientes com média de idade Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 CARCINOMA HEPATOCELULAR: REALIDADE DE UM SERVIÇO PÚBLICO ESPECIALIZADO Sandra Regina de A. Carvalho, Maria Lucia Gomes Ferraz, Carla Adriana L.de Matos, Antônio Eduardo Benedito Silva, Roberto de Carvalho Filho, Rogério Renato Perez, Adriano Miziara Gonzalez, Alcides Augusto Salzedas Neto, Denis Szejnfeld, Giuseppe D'Ippolito, Ivonete Sandra de S. e Silva Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina Introdução: A cirrose hepática que tem como principais causas infecção pelo HCV, HBV e álcool podem evoluir para carcinoma hepatocelular (CHC) com altas taxas de mortalidade. O rastreamento do CHC consiste em alfafetoproteína (AFP) e ultrassom abdominal e a confirmação por exame de imagem trifásico. O tratamento consiste, principalmente, em transplante hepático ou ressecção cirúrgica. Objetivo: avaliar perfil clínico, epidemiológico, laboratorial e terapêutico de pacientes com CHC. Material e métodos: foram estudados retrospectivamente pacientes com diagnóstico de CHC entre 2000 e 2012 em um serviço público especializado. O diagnóstico do tumor foi confirmado por tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RNM) ou por biópsia hepática. Resultados: foram estudados 247 portadores de CHC com média de idade de 60±10 anos e predomínio de homens (74%). Etiologia da doença hepática crônica foi infecção pelo HCV (73%) seguida de álcool (12%) e infecção pelo HBV (8%). Na maioria dos pacientes a suspeita do tumor foi por rastreamento com ultrassom abdominal (70%) e apenas 8% por elevação isolada da AFP. Os pacientes foram classificados em Child A (57%), B (36%) e C (7%). A mediana de AFP foi de 57UI/mL. A média do MELD foi de 11. Os níveis séricos médios de AST, ALT, FA, GGT e plaquetas foram respectivamente 93U/L, 71U/L, 161U/L, 191U/L e 123.442/µL. A média do número e tamanho de nódulos foram respectivamente 2 nódulos e 5 cm de diâmetro. Chegaram dentro do critério de Milão 107/247 (43%) pacientes. Dentre estes 60/107 (56%) foram listados para transplante hepático, o qual foi realizado em 24/60 (40%) pacientes. Ressecção hepática foi realizada em 14/247 (6%) dos pacientes. Quimioembolização, radiofrequência e alcoolização foram realizadas respectivamente em 122/247 (49%) 3/247 (1,2%) e 5/247 (2%) pacientes. Sorafenibe foi administrado a 35/247 (14%) pacientes. Metástase a distância foi encontrada em 24/247 (10%) pacientes, localizada em ordem de frequência em linfonodo regional (n=12;50%), pulmão (n=8;33%), e osso (n=4;17%). Trombose vascular tumoral esteve presente em 13% (n=31/247) dos casos. Conclusão: pacientes com CHC foram na sua maioria homens, com idade avançada, com infecção pelo HCV e MELD baixo. A maioria também chega fora de critérios para tratamento curativo, provavelmente por diagnóstico tardio do tumor. Portanto, estratégias mais adequadas de rastreamento são necessárias. 119 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia TL 302 A PRESENÇA DE SÍNDROME METABÓLICA NA INFECÇÃO CRÔNICA PELO VÍRUS C RELACIONA-SE COM PIOR EVOLUÇÃO DA DOENÇA HEPÁTICA Ana Claudia Oliveira, Edison Roberto Parise, Ibrahim El Bacha Universidade Federal de São Paulo Resumo: Introdução: Estudos têm demonstrado associação entre a hepatite crônica C (HCC) e alterações metabólicas, particularmente aquelas relacionadas aos distúrbios no metabolismo de glicose e lipídeos. Resistência insulínica (RI) é um achado frequente na HCC mais do que em doenças hepáticas de outras etiologias. Estudos têm demonstrado que a presença de RI e diabetes mellitus (DM) interfere negativamente na evolução da doença hepática para cronicidade. Porém, é controverso o papel da síndrome metabólica (SM), que compartilha da RI como evento fisiopatológico, na HCC. Objetivo: Avaliar a presença de SM em portadores de hepatite crônica C e seu significado na evolução da doença hepática C. Material e Métodos: Foram estudados 187 pacientes portadores de HCC detectados por anti-HCV e HCV-RNA positivos, genótipo 1, divididos em grupos, de acordo com a presença de RI e SM; G1: HCC sem RI e sem SM (n=82); G2: com RI sem SM (n=64) e G3: com RI e SM (n=48). Os pacientes realizaram dosagens do perfil lipídico, glicêmico e bioquímico. Todos realizaram biópsia hepática onde foram avaliados grau de lesão estrutural (F), atividade inflamatória (APP), e presença de esteatose hepática. Os grupos foram analisados comparativamente quanto aos perfís lipídico, glicêmico e bioquímico e lesão histológica. Análise multifatorial foi realizada para avaliar os fatores relacionados à pior evolução estrutural hepática. Foi considerada significância estatística p<0,05. Resultados: Os pacientes portadores de HCC associado à presença de RI apresentaram idade mais avançada (48,6±14,2 x 53,8±11,7;p<0,001), e maiores níveis de glicemia (88,3±9,5 x 99,7±26,5; p<0,001), insulina (6,6±2,8 x 18,1±6,2; p<0,001), HOMA-IR (1,4±0,6 x 3,86±1,4; p<0,001) e circunferência de cintura (31,4% x 40%; p=0,007) do que os indivíduos sem RI. A associação de SM à RI, nesses pacientes, além das alterações descritas foi acompanhada também de HDLcolesterol mais baixo (51,5±12,8 x 39,4±11,6; p<0,001), e maiores níveis de triglicérides (97,1±65,9 x 164,8±104,8; p<0,001), hipertensão arterial sistêmica (28,5% x 75%; p<0,001) e graus mais avançados de fibrose hepática (χ2=11,670; p<0,001). Esse grupo apresentou também maior magnitude de HOMA-IR quando comparado aos indivíduos com RI e sem SM (3,86±1,4 x 5,25±2,6; p<0,001). Na análise de regressão logística APP ≥3 (1,005;p=0,027) e HOMA-IR≥2 (11,670;p<0,001) estiveram independentemente associados à progressão da doença hepática. Conclusões: A presença de SM em portadores de hepatite crônica C com RI associouse a pior evolução da doença hepática. APP e HOMA-IR foram os únicos fatores independentemente associados à fibrose mais avançada. TL 303 INVESTIGAÇÃO DE DOENÇA CELÍACA A PARTIR DE TRANSAMINASES ELEVADAS Manuel Antônio Lescano, Vani Abreu de Souza Filho Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Introdução: A doença Celíaca é um tipo de enteropatia que acomete o intestino delgado em crianças e adultos com predisposição genética, precipitada pela ingestão de alimentos contendo glúten. Apresenta uma prevalência em torno de 1% da população. As manifestações são variáveis, na forma clássica com queixas intestinais, tais como diarreia e desconforto abdominal. Alterações extraintestinais tem sido observadas com mais frequência, sobre tudo em adultos; entre elas cabe destaque a elevação de enzimas hepáticas, ataxia, epilepsia com calcificações occipitais, entre outras. O diagnóstico definitivo 120 deve ser realizado através de endoscopia com biópsia e testes sorológicos. O tratamento corresponde a uma dieta com restrição total de glúten. Objetivo: Relatar um caso de doença celíaca em paciente adulto que foi suspeitada inicialmente a partir da elevação de transaminases hepáticas. Discussão: Paciente do sexo feminino, 39 anos, com história prévia de hipotireoidismo subclínico e trombocitose, foi encaminhada para o Hepatologista para investigação de elevação de transaminases.Referia dificuldade em ganhar peso (IMC=17) e anemia ferropriva de longa data. Frente a esses dados, suspeitou-se de doença celíaca, sendo solicitada endoscopia que evidenciou na segunda porção duodenal atrofia importante com padrão em "mosaico". A biopsia revelou relação vilosidade:cripta invertida, perda de borda em escova (Marsh III).Foi orientada dieta sem glúten com posterior normalização das enzimas hepáticas, ganho de peso e normalização das outras alterações. Conclusão: Constitui medida importante em pacientes com elevação de enzimas hepáticas, afastar a possibilidade de doença Celíaca. TL 304 IMPACTO DO ESCORE MELD NO PROGNÓTICO PÓS TRANSPLANTE Thiago Barcellos Annunziata, Lucio Pacheco, Reinaldo Fernandes, Elizabeth Balbi, Fernanda Couto Pereira, Karina Paulino, Klaus Steinbruck, Giuliano Bento, Rafael Vasconcelos, Gustavo Stoduto, Lucas Demetrius, Thomas Auel, Betina Bertrand, Gabriela Vizzoni, Thiago Bellinha Hospital São Francisco de Assis/ Centro Estadual de Transplante/RJ Introdução: O escore MELD (Model for End-stage Liver Disease) vem sendo utilizado como ferramenta para avaliação do risco de mortalidade do paciente com cirrose hepática. A partir de julho de 2006, começou a ser empregado no Brasil como critério de organização de pacientes em fila para transplante hepático. Dessa forma, é dada prioridade ao paciente com maior gravidade visando diminuir a mortalidade na fila de espera. Contudo, ainda não está bem estabelecido se o MELD elevado interfere no prognóstico pós-operatório; os resultados na literatura variam ao tentar demonstrar tal associação. Objetivo: O objetivo desse trabalho é avaliar se o MELD pré-operatório correlaciona-se com o prognóstico no pós-operatório dos pacientes submetidos a transplante hepático. Materiais e métodos: Foram avaliados 40 pacientes submetidos a transplante hepático com doador falecido e transplante intervivos no período entre fevereiro e junho de 2013. Os MELDs utilizados foram calculados com exames coletados na internação para o transplante. Os pacientes foram divididos em 2 grupos de acordo com o escore MELD: grupo 1, MELD ≥ 25 (n=16), e grupo 2, MELD < 25 (n=24), os quais foram avaliados quanto à sobrevida nos primeiros 30 dias pós transplante. Resultados: No grupo 1 ocorreu 1 óbito, sendo observada sobrevida de 93%, enquanto no grupo 2 foram constatados 4 óbitos, com sobrevida de 84%. A média de tempo de internação no grupo 1 foi de 24,5 dias e no grupo 2 foi de 19,8 dias. Conclusão: Desse modo, apesar de uma amostra ainda pequena em virtude de ser a experiência inicial de um serviço, os resultados preliminares sugerem que não há relação entre MELD elevado e maior risco de mortalidade no período pós transplante precoce. Entretanto, nota-se um período de internação mais curto para os pacientes com MELD < 25. TL 305 HEPATITE C GENÓTIPO 1 EM RVS APÓS 6 SEMANAS DE INTERFERON PEGUILADO E RIBAVIRINA EM PACIENTE COM INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA HIPERTENSIVA Matheus Magela Dos Reis, Patrícia Naves De Resende, Gustavo de Almeida, Geisa Perez Medina Gomide, Rodrigo Juliano Molina, Sônia Cançado de Oliveira Cabral Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters Introdução: No Brasil, a prevalência de anti-HCV positivo entre pacientes em diálise é aproximadamente 11%. A terapia antiviral em pacientes que necessitam de hemodiálise tem menos sucesso e está associada a mais eventos adversos. Objetivo: Relatar caso de cura de hepatite C com tratamento durante seis semanas com Interferon Peguilado α2a 180 µg/semana (Pegasys®) e Ribavirina 1000 mg/dia (Riba) em paciente com insuficiência renal crônica. Material e métodos: Revisão de prontuário disponível no arquivo hospitalar e por pesquisa na base de dados do PubMed com palavras chaves "Hepatite C" e "insuficiência renal". Relato de caso: M.A.M.A: sexo feminino, nascida em 15/12/1971, natural de São Paulo-SP, procedente de Uberaba-MG, casada, do lar. Três gestações, todas partos normais. Encaminhada em Setembro/2010, do serviço de terapia renal substitutiva do HC, devido sorologia positiva para Hepatite C, em protocolo para início de terapia dialítica. Previamente hipertensa há 5 anos, com difícil controle dos níveis tensionais, evoluiu com edema agudo pulmonar hipertensivo, necessitando de terapia dialítica. Em uso de Losartana, Atenolol, Nifedipina e Omeprazol. Genótipo 1, RNA-HCV quantitativo: 28.517 UI/mL, METAVIR A1F0. Aminotransferases normais. Iniciado tratamento com Pegasys® e Riba. Interrompido tratamento na 6ª semana devido à intolerância às medicações como vômitos, anemia e sintomas depressivos, refratários a uso de Domperidona, Eritropoetina, Ácido Fólico e Fluoxetina. Um ano após suspensão do tratamento, nova gestação, parto cesário com laqueadura de trompas. Atualmente em realização de protocolo para transplante renal. Resultados: RNAHCV qualitativo na 4ª semana indetectável (Limite inferior 50 UI/mL). Dois anos após término do tratamento manteve resposta viral sustentada (RVS) com carga viral indetectável (Limite inferior 12 UI/mL). Conclusão: Cerca de metade dos pacientes com insuficiência renal que realizam tratamento antiviral são capazes de atingir resposta ao fim do tratamento. A despeito do que é descrito na literatura, o caso relatado demonstra resposta viral rápida e sustentada com apenas seis semanas de tratamento. TL 306 A DISFUNÇÃO ENDOTELIAL NA CIRROSE E SUA RELAÇÃO COM GRAVIDADE DA DOENÇA Anderson Brito de Azevedo Silva, Allec Póvoa Señorans, Janaína Gabriella Pereira Alves, Michele Monteiro da Rocha, Rodrigo Pereira Luz, Henrique Sérgio Moraes Coelho, Eliete Bouskela, Raquel Carvalho Castiglione, Cristiane Alves Villela Nogueira, Renata de Mello Perez Universidade Federal do Rio de Janeiro Introdução: Existem estudos documentando a ocorrência de disfunção circulatória na cirrose, no entanto, pouco se encontra com relação à função endotelial destes pacientes. Sabe-se que o endotélio é importante na regulação do fluxo sanguíneo. Não há trabalhos que avaliem o endotélio após o transplante hepático. Objetivo: Avaliar a presença de disfunção endotelial nos pacientes cirróticos, de acordo com escala de gravidade de doença, e seu comportamento após o transplante hepático. Metodologia: Foram avaliados 20 pacientes cirróticos, além de 5 indivíduos saudáveis como controle. Foram excluídos pacientes tabagistas, hipertensos ou diabéticos. Os pacientes foram classificados de acordo com a escala de Child-Pugh e submetidos à avaliação da função endotelial através do exame de Pletismografia com oclusão venosa. A disfunção do endotélio foi avaliada pela capacidade de vasodilatação em resposta à isquemia, medida pela diferença (Δ) entre fluxo após isquemia e o fluxo basal. Os pacientes submetidos ao transplante foram reavaliados 1 mês após o procedimento. Resultados: Dentre os 20 pacientes cirróticos incluídos no estudo, 8 eram Child A, 3 Child B e 9 Child C. A média das idades foi de 57(±4) anos no grupo controle, 58(±7) no Child A, 51(±8) no Child B e 56(±12) no Child C. O MELD médio foi de 9 no grupo A, 13 no B e 16 no C. O ΔFluxo foi de: Grupo Controle 2,9 (±0,4) ml/min/100g de tecido, Child A 2,3 (±0,5), Child B 1,7(±0,6) e Child C 1,8 (±0,6). A diferença do ΔFluxo entre o grupo controle e Child C obteve um pvalor de 0,003. No período do estudo, 2 pacientes do grupo Child C Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 foram submetidos a transplante hepático, e tiveram a função endotelial reavaliadas após 1 mês. O primeiro caso, o ΔFluxo variou de 2,0 ml/min/100g para 3,4 ml/min/100g. O segundo caso, o ΔFluxo foi de 1,2 para 3,0. Conclusão: O estudo sugere a presença de disfunção endotelial periférica no paciente cirrótico, de forma proporcional à gravidade da doença. A reversão do ΔFluxo após o transplante para valores compatíveis aos do grupo controle, sugere uma relação de causa-efeito entre a cirrose e esta disfunção endotelial. Este estudo traz essa análise pela primeira vez na literatura. TL 307 NÍVEIS DE CORTISOL MATINAL E APÓS ESTÍMULO COM ACTH EM PORTADORES DE CIRROSE HEPÁTICA Rodrigo Pereira Luz, Renata de Mello Perez, Cristiane Alves Villela Nogueira, Henrique Sérgio Moraes Coelho UFRJ Introdução: Foi demonstrado recentemente que portadores de cirrose podem apresentar insuficiência adrenal na ausência de sepse. Entretanto, existem poucos estudos sobre a função adrenal de pacientes cirróticos ambulatoriais. O objetivo deste estudo foi avaliar os seguintes parâmetros: 1) A relação entre os níveis de cortisol (matinal e após estímulo com ACTH) e a função hepática, 2) prevalência de insuficiência adrenal em pacientes cirróticos ambulatoriais. Pacientes e métodos: Os níveis de cortisol matinal foram avaliados, e aqueles com valores entre 5µg/dL e 18µg/dL foram selecionados para realizar o teste com 250 µg de ACTH. O pico e o delta do cortisol foram comparados com a classificação de Child-Pugh e o escore MELD. Insuficiência adrenal foi definida pela presença de cortisol matinal ≤ 5µg/dL ou pico de cortisol após infusão de ACTH < 18µg/dL. Resultados: 105 pacientes foram incluídos neste estudo (38% Child A, 31% B, 31% C). A média do cortisol matinal foi 13,0±4,7µg/dl. Dezessete pacientes (16%) apresentaram cortisol matinal ≥18µg/dL e nenhum paciente apresentou cortisol matinal ≤ 5µg/dL. Os pacientes com Child C apresentaram níveis de pico (p=0,04) e delta cortisol (p<0,01) mais baixos do que pacientes Child A ou B, assim como pacientes com MELD>12 apresentaram níveis de pico (p=0,02) e delta (p<0,01) cortisol mais baixos do que pacientes com MELD≤12. Insuficiência adrenal foi observada em 8% dos pacientes e esteve associada com a presença de ascite (p=0,04) e encefalopatia hepática (0,003). Conclusão: Pacientes com cirrose mais avançada apresentam menor resposta ao estímulo com ACTH, o que pode representar diminuição da reserva adrenal. A prevalência de insuficiência adrenal na população estudada é baixa e está associada com sinais clínicos de insuficiência hepática avançada, como ascite e encefalopatia. TL 308 USO DE IMUNOGLOBULINA HIPERIMUNE HUMANA EM BAIXAS DOSES NO TRANSPLANTE HEPÁTICO POR HEPATITE B SEGUIMENTO DE LONGO PRAZO Fernanda Gdalevici Miodownik, Samanta Teixeira Basto, Henrique Sérgio Moraes Coelho, Roberta Celles UFRJ - HUCFF Introdução: Pacientes infectados pelo vírus da hepatite B (HBV) submetidos a transplante hepático devem realizar profilaxia contínua com Imunoglobulina hiperimune humana (HBIg), a fim de evitar a reinfecção grave no enxerto. No entanto, há grande controvérsia com relação ao esquema ideal de dose. Objetivo: Descrever a experiência de um protocolo específico de HBIg em baixas doses, com tempo de seguimento superior a 10 anos. Pacientes e métodos: Foram avaliados retrospectivamente todos os pacientes submetidos a transplante hepático (TH) no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - UFRJ, devido à cirrose por vírus B no período de outubro de 2000 a julho de 2013. Esses pacientes fizeram uso de 121 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia lamivudina no pré-operatório e do seguinte protocolo de HBIg: 10.000 UI na cirurgia, 1.000 UI/dia na primeira semana, 1.000 UI/semana até o fim do primeiro mês, 1000 UI quinzenalmente no segundo mês e 1.000 UI mensalmente a partir do terceiro mês. Resultados: Foram inicialmente avaliados 21 pacientes, sendo excluídos 9 casos que evoluíram para óbito no pós-operatório imediato. Desta forma, foram incluídos no estudo 12 pacientes. Destes, 10 (83,33%) fizeram uso de lamivudina antes do transplante, com média do tempo de tratamento de um ano e 2 meses. No momento do transplante, 10 pacientes apresentavam HBV-DNA negativo pelo método de PCR. Após um período de seguimento médio de 8,5 anos, nenhum paciente demonstrou clínica ou achados histológicos sugestivos de recidiva de vírus B. Um caso apresentou HBV-DNA detectável, com título de 22.000 cópias/mL, sem repercussão clínica no enxerto, porém evoluiu para óbito devido à recidiva de hepatocarcinoma. Dois casos apresentaram HBsAg reagente, porém sem HBV-DNA detectável. A média de anti-HBs titulado foi de 151,22 mUI/ml. Conclusão: Este protocolo de HBIG em baixas doses, associado à lamivudina, se mostrou extremamente eficaz para prevenir a recorrência de vírus B no pós TH, com um tempo de seguimento superior a 10 anos. Apesar da posologia de HBIg heterogênea, a baixíssima recorrência observada corrobora a tendência mundial de utilizar dose reduzida da imunoglobulina. Estes dados preliminares incentivam o uso deste mesmo esquema em casuísticas maiores. TL 309 INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA SUBAGUDA SECUNDÁRIA À INFECÇÃO POR VÍRUS EPSTEIN-BARR: RELATO DE CASO DE EVOLUÇÃO FATAL Perla Oliveira Schulz, Alessandra Evangelista Munhoz Comenalli, Bruno Brandão Pavan, Pedro Campelo Neto, Anderson Simabuco Kohatsu Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo Introdução: Insuficiência hepática aguda (IHA) é definida como síndrome sistêmica, caracterizada pela presença de coagulopatia (INR >1,5) e alteração mental (encefalopatia hepática), secundários à deterioração da função hepática, em pacientes sem hepatopatia prévia, e com evolução do quadro em um período menor que 26 semanas. Objetivo: Discutir caso de IHA induzida por EBV. Método: Relato de caso. Caso clínico: , 51 anos, portadora de hipertensão arterial sistêmica, em uso de metildopa 500mg/dia e hidroclorotiazida 25 mg/dia há um ano. Iniciou quadro de astenia, icterícia, colúria, acolia, náuseas emagrecimento de 10 kg há 4 meses. Ao exame encontrava-se em bom estado geral, ictérica (2+/4+), ausência de estigmas de hepatopatia crônica ou flapping, sem alterações ao exame abdominal. Hb=14, leuco=6.300, seg=65,4%, AST=4623, ALT=1780, BT=17,8, BD=10,9, Cr=1,0, Ur=37. MELD 20, Child-Pugh B. Investigação para hepatite autoimune, doença de Wilson, hepatites infecciosas, foram negativas, exceto por sorologia para EBV IgM positiva, e PCR qualitativo para EBV detectado. Iniciadas medidas de suporte clínico e contatada a equipe de transplante hepático, visto que atingiu os Critérios da King's College, mas a paciente evoluiu com piora progressiva da função hepática e renal, encefalopatia hepática grau III, ascite, associado à pneumonia nosocomial, atingindo MELD 43 e Child-Pugh C. Evoluiu a óbito após 25 dias de internação devido a hemorragias múltiplas. Discussão: A classificação para a IHA baseiase no tempo de instalação da icterícia, dividindo-se em: hiperaguda (<7 dias), aguda (7 a 21 dias) e subaguda (21 dias a 26 semanas A etiologia é variada e estabelecida em cerca de 60 a 80% dos casos, sendo infecções virais e hepatotoxidades as causas mais comuns. O EBV é o principal agente infeccioso da mononucleose, normalmente assintomático em infecções latentes em adultos. Esplenomegalia ocorre em 50% dos casos, mas icterícia e hepatomegalia são incomuns. A infecção subaguda é rara e caracteriza-se por febre, linfonodomegalia e hepatoesplenomegalia associados a provas de função hepática alteradas e citopenias. Não há tratamento específico para o vírus, visto que o aciclovir não promove cura ou beneficio sobre a infecção latente, sendo realizado apenas medicação 122 sintomática. O prognóstico geralmente é bom, sem complicações tardias, com o desenvolvimento de imunidade duradoura. Conclusão: A infecção por EBV é comum na população geral, e geralmente evolui com quadro de hepatite leve, mas raramente pode evoluir para IHA e nesse caso o risco de mortalidade é de 85%, caso não seja indicado o transplante hepático precocemente. Portanto, uma vez definido o diagnóstico da hepatopatia, medidas de suporte devem ser imediatamente iniciadas, com monitorização intensiva do paciente. TL 310 AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E NUTRICIONAIS DE PACIENTES COM O VÍRUS C DA HEPATITE (VHC) ASSOCIADO E NÃO - ASSOCIADO À DHGNA Marijara Vilas Boas Silva, Helma Pinchemel Cotrim, Raquel Rocha dos Santos PPGMS/UFBA Introdução: A Hepatite pelo vírus C (HVC) é uma epidemia silenciosa de elevada prevalência no Ocidente. Esta lesão hepática de caráter necroinflamatório é uma das maiores causas de morbi-mortalidade relacionada às doenças hepáticas crônicas. A DHGNA é uma afecção presente nos quadros de HVC relacionada à virologia ou estado metabólico do paciente. O objetivo deste trabalho foi investigar o perfil clínico e nutricional dos pacientes portadores da HVC, relacionados à presença ou não de DHGNA, considerando os fatores clínicos e nutricionais apresentados nos dois grupos estudados. Objetivos - Geral: Avaliar as características clínicas e nutricionais de pacientes com o vírus C da Hepatite (VHC) associado e nãoassociado à DHGNA. Específicos: - Avaliar a ocorrência de DHGNA e SM em pacientes com VHC; Avaliar se existe associação entre o consumo alimentar e a ocorrência de fatores relacionados à DHGNA. Material e Métodos: Estudo comparativo, descritivo do tipo corte transversal. A amostra foi composta por voluntários, portadores do vírus da hepatite C (VHC) diagnosticados por meio de Anti- HCV e RNA positivos no período de Maio/12 a Março/13. Foi aplicado questionário geral, o qual contemplou informações sobre as condições clínicas e demográficas dos pacientes. O Questionário de Frequência Alimentar (QFA) foi aplicado para a avaliar os aspectos qualiquantitativos do consumo alimentar referente à ingestão de macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios), fibras totais (25 g/dia - quantidade recomendada) e colesterol (>300mg/dia dieta com alto teor de colesterol). Na avaliação antropométrica foram aferidos Peso, Altura e Circunferência da Cintura (CC), para a identificação do Índice de Massa Corporal (IMC) e Obesidade central (> 80cm para mulheres e > 90 cm para homens respectivamente). Resultados:Quarenta e sete pacientes foram avaliados, sendo que destes, 24 são do sexo feminino (51%) e 23 do sexo masculino (48,9%). Do total, 06 apresentam diagnóstico de DHGNA e 27 não o apresentam. Dos 06 pacientes com DHGNA, 04 possuem Sobrepeso e dos 27 sem DHGNA, 17 têm sobrepeso. De acordo com a avaliação do consumo alimentar dos 34 pacientes avaliados, observou-se um predomínio do consumo de carboidratos de alto índice glicêmico no grupo com DHGNA em comparação ao grupo sem DHGNA ( 53% e 47% respectivamente) . Quanto ao consumo de gorduras saturadas, houve um consumo semelhante entre os dois grupos comparados (52,9% e 47,1% respectivamente). O consumo médio de fibras totais/ paciente apresentou-se > a 25g/dia em 01 dos 06 pacientes (16,6 %) portadores de DHGNA e 15 dos 27 (55,5 %) pacientes sem DHGNA. Quanto ao consumo diário de colesterol, 03 dos 06 (50 %) pacientes do grupo DHGNA apresentaram consumo > a 300mg/dia, enquanto que 17 dos 27 (62,9 %) pacientes sem DHGNA apresentaram este mesmo consumo. Conclusão: O consumo alimentar e as características antropométricas de pacientes com HVC parecem não influenciar na frequência da DHGNA na população estudada. Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters TL 311 FIBROSCAN® NA INDICAÇÃO DE TRATAMENTO TRIPLO COM INIBIDORES DE PROTEASE EM PORTADORES DE HEPATITE CRONICA C GENOTIPO1 Adriana Gonçalves da Silva Machado, Caroline Possa Marroni, Eduardo Emerim, Alexandro Alves, Davi Kuhn, Maria do Carmo Zinn, Katia de Barros, Marcus Osorio, Rafael Nogueira, Rosani Tesser e Paulo Abrão Ferreira HMIPV Introdução: elastograma pelo FibroScan® é um método de quantificação da fibrose hepática avaliada pela medida da elasticidade do tecido. Por tratar-se de método não invasivo, de fácil e rápida execução é utilizado nos pacientes para estimar grau de fibrose hepática com adequada sensibilidade e especificidade, principalmente nos estádios extremos da doença. Desta forma, é ferramenta útil para definir a indicação de tratamento triplo em portadores de hepatite C crônica genótipo 1. Objetivo: avaliar o uso do FibroScan® na indicação de tratamento com inibidores de protease (IP). Pacientes e métodos: avaliou-se por FibroScan® 52 pacientes com hepatite C crônica genótipo 1 candidatos à biópsia hepática (BxH) para indicação de tratamento com IP. Os exames foram executados pelo mesmo médico durante preceptoria realizada em serviço de hepatites no sul do país. Dados relativos às características dos pacientes e aos resultados dos exames foram registrados em questionário previamente elaborado. Resultados: média de idade da população estudada foi 50,9 anos, sendo 63,4% mulheres e 36,6% homens. BxH prévia foi realizada em 23% da amostra. Sete pacientes foram previamente tratados com peginterferon e ribavirina, sendo a totalidade destes não respondedores. Comorbidades mais freqüentemente encontradas foram: sobrepeso/obesidade (63,5%), HAS (23%) e DM (17%). Média do índice de massa corporal, circunferência abdominal e torácica foi, respectivamente: 26kg/m 2, 91,5cm e 85,7cm. Em relação à estimativa da elasticidade hepática, a média foi de 8,3 KPa. Correlacionando-se os valores obtidos com o elastograma e a classificação de METAVIR através dos pontos de corte sugeridos em suplemento da Sociedade Brasileira de Hepatologia, encontramos 24 pacientes com F0-F1 (46,15%), 9 pacientes com F1-F2 (17,3%) 3 com F2 (5,76%), 5 com F3 (9,61%), 6 pacientes F3-F4 (11,53%) e 3 pacientes com F4 (5,76%). Em 2 pacientes (3,84%), o método foi considerado inválido. Após a execução do Fibroscan, 46,15% dos pacientes foram alocados para seguir acompanhamento clínico, 26,9% foram selecionados para tratamento com IP e 23,06% necessitaram realizar BxH para diagnóstico complementar. Conclusão: setenta e três por cento dos pacientes estudados foram dispensados da realização de BxH. O FibroScan® mostrouse um bom método para seleção de candidatos a tratamento com IP. TL 312 DETECÇÃO DE HEPATITE B E C EM POPULAÇÃO DE INTERNOS PORTADORES DE HIV EM UNIDADES PRISIONAIS DA SEAP Clarice Gdalevici, Neuza Correa, Sonia Barbosa Costa Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro - SES e SEAP Introdução: Estudos da literatura mostram grande impacto das hepatites virais crônicas B e C nos pacientes infectados pelo HIV, com ou sem AIDS. No Brasil, pesquisas de coinfecção HIV/HBV e/ou HCV mostram uma prevalência em torno de 5 a 8% para HIV/HBV e 17 a 36% de HIV/HCV. A hepatopatia crônica pelos vírus B e C é importante causa de hospitalização e óbito entre os pacientes com HIV/AIDS em decorrência da evolução mais rápida para a cirrose hepática e hepatocarcinoma. Estudos realizados em populações prisionais mostram que a infecção pelo HCV pode assumir proporções muito elevadas, com prevalência variando entre 3.1% a 52%. Presença do Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 marcador HBsAg nesta população, varia de 1,5 a 3,8%, e de antiHBs, entre 15 e 24%. Em internos portadores de HIV da Penitenciária de Ribeirão Preto 8.5% também apresentavam HBsAg reagente. Objetivos: Estimar a prevalência de HBsAg e de anti-HCV entre 106 presidiários portadores de HIV/AIDS de 20 unidades prisionais da SEAP no RJ através da realização de testes rápidos. Material e Métodos: Em parceria com a Coordenação de DST/AIDS da SEAP foram testados 106 internos portadores do vírus HIV, em 20 unidades prisionais da SEAP, sendo 83 homens e 23 mulheres; com idade entre 21 e 66 anos para mulheres, e 19 a 62 anos para os homens. Após aconselhamento e termo de consentimento livre e informado assinado, foi apresentado um questionário opcional sobre fatores de risco para transmissão de HIV/HBV e HCV. Em caso de resultado reagente seria realizada coleta de sangue venoso, previamente autorizado pelo interno, para confirmação por sorologia convencional. Os testes rápidos utilizados foram Biomanguinhos® para o HBsAg e VAMA®para o anti-HCV Resultados: Encontramos quatro internos do sexo masculino (3,8%) reagentes para o HBsAg, confirmados pela sorologia, e três do sexo feminino (2,8%) para o anti-HCV. Destas, duas confirmaram por sorologia. Conclusão: A prevalência da hepatite B e de anti-HCV em coinfectados com HIV é mais elevada do que na população em geral: 1.6% nas capitais do Sudeste, e em especial em grupos privados de liberdade, sendo necessário instituir programas de prevenção e detecção na porta de entrada para impedir a disseminação maior deste vírus neste ambiente. TL 313 ABSCESSO HEPÁTICO EM ADULTOS: ANÁLISE RETROSPECTIVA DE 10 ANOS Lívia dos Reis Pandolfi, Jazon Romilson de Almeida, Ademar Yamanaka, Tirzah Lopes de Mendonça, Carolina Oliveira Santos, Letícia Stahelin, Priscila Andrade Santana, Lucas Marques de Faria UNICAMP Introdução: Abscesso hepático piogênico é uma doença pouco frequente, associado a significativa morbimortalidade e que vêm sofrendo mudanças na epidemiologia e mortalidade nas últimas décadas. Objetivos: Avaliar os aspectos clínicos, laboratoriais e a resposta ao tratamento clínico. Materiais e métodos: Trata-se de estudo observacional retrospectivo, com análise de dados de pacientes internados com abscesso hepático em serviço terciário de Gastroenterologia Clínica, no período de maio de 2002 a maio de 2012. Resultados: Dos 50 pacientes avaliados, 64%(32) eram do sexo masculino; a idade média ao diagnóstico foi 46 anos. Os sinais e sintomas mais frequentes foram dor abdominal em quadrante superior direito, febre e hepatomegalia presentes em 92%, 88% e 36% dos casos respectivamente. Em relação aos exames laboratoriais foi observado anemia em 88%, leucocitose (76%), hipoalbuminemia (75%) e aumento de GGT (56%). Comorbidades estavam presentes em 44% (22) dos pacientes: diabetes mellitus em 10, doença hepatobiliar (7), cirrose hepática (7) e neoplasia extra-hepática (6). A etiologia do abscesso foi identificada em 42% (21) dos casos, sendo 11 decorrentes de causas biliares. Houve comprometimento do lobo direito em 62% e 64% eram únicos. Os agentes piogênicos foram identificados em 38%(19) dos pacientes, 78%(15) decorrentes de bactérias gram negativas da flora entérica,10%(2) causados por bactérias gram negativas multirresistentes, 5%(1) por bactérias gram positivas e 5%(1) por fungo. O esquema antibiótico mais utilizado foi Ceftriaxone e Metronidazol. Em relação ao tratamento, antibioticoterapia isolada foi realizada em 24% (12) pacientes, punção percutânea guiada por ultrasson em 38% (19) e drenagem com cateter em 36% (18). Apenas 6 pacientes necessitaram de abordagem cirúrgica. A resolução do abscesso foi alcançada em 95,6% dos casos, apenas 4 pacientes evoluiram com óbito. Conclusões: Os dados sugerem que a punção e drenagem percutânea associada a antibioticoterapia apresentam bons resultados terapêuticos. 123 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia TL314 ANGIOMIOLIPOMA: RELATO DE TRÊS CASOS Maira de Freitas Vilela, Felipe Pedreira Tavares de Mello, Monique Couto Mattos, Raul Évora, Rodrigo da Silva Pires, Carlos Rocha Maia, Leandro Moreira Savattone Pimentel, Ronaldo de Oliveira Andrade, Joaquim Ribeiro Filho, Eduardo de Souza Martins Fernandes Hospital Adventista Silvestre Introdução: O angiomiolipoma é um tumor mesenquimal benigno que ocorre com mais frequência no rim, sendo que apenas 5 a 10% têm como localização o fígado, representando menos de 1 % das lesões benignas, não havendo prevalência de sexos, com pico de prevalência aos 50 anos. É composto por vasos sanguíneos, tecido adiposo e músculo liso. Em 60% dos pacientes, a lesão é assintomática, sendo comumente um achado ocasional em exames de imagem. Quando sintomas estão presentes, estes são: desconforto abdominal, massa palpável no hipocôndrio direito, febre, perda ponderal e malestar. O angiomiolipoma hepático é um tumor de difícil diagnóstico, sendo confirmado somente após a análise anatomopatológica. Tem a sua importância como diagnóstico diferencial de outras neoplasias mais comuns, especialmente o carcinoma hepatocelular. Relato de caso: O presente estudo faz referencia a três casos de angiomiolipoma hepático em paciente do sexo masculino entre e anos de idade, Discussão: Neste relato de caso dois dos pacientes o achado da massa abdominal foi acidental, com confirmação diagnóstico somente após anatomopatológico. É encontrado entre 20 a 40 % dos pacientes com esclerose tuberosa. Os exames de imagem variam a acurácia de acordo com o principal tipo histológico, com maior dificuldade para diagnóstico tipo miomatosoe angiomatoso. Os principais métodos de imagem utilizados são Tomografia Computadorizada (TC), Ultrassonografia (USG), Angiografia e Ressonância Magnética este que é considerado o exame padrão-ouro. Na literatura foram descritos alguns casos de malignidade relacionado ao tumor, havendo recorrência após a cirurgia entre 6 meses a 3 anos. O manejo conservador pode ocorrer quando o tumor mede menos de 5 cm, o diagnóstico é estabelecido pela biópsia por agulha, pacientes com boa adesão, e sorologia negativa para hepatite B. TL 315 PERFIL SOROLÓGICO DOS PORTADORES DE HEPATITE B E RESPOSTA TERAPÊUTICA EM UMA UNIDADE DE REFERÊNCIA TERCIÁRIA Priscila Andrade Santana, Sônia Letícia Silva Lorena, Tiago Sevá Pereira, Marlone Cunha da Silva, Letícia Stahelin, Lívia dos Reis Pandolfi, Carolina Oliveira Santos, Tirzah de Mendonça Lopes, Lucas Marques de Faria, Vanessa Mendonça Câmara UNICAMP Introdução: O perfil sorológico da hepatite B é determinante de prognóstico e escassas são as informações sobre sua prevalência e resposta ao tratamento no Brasil. A fim de se conhecer a realidade local, foi realizado um estudo sobre o perfil desses pacientes numa unidade de referência terciária. Objetivo: Identificar o perfil sorológico e a resposta ao tratamento preconizado. Métodos: Foi realizada uma análise do banco de dados de portadores crônicos de hepatite B, no período de 2007 a 2013, que são acompanhados no ambulatório de gastroenterologia de um serviço universitário. Foram considerados respondedores os que estavam com carga viral negativa até o momento da avaliação. Resultados: Foram analisados 190 pacientes. Destes, 134 (70,5%) eram HBeAg negativo e 56 (29,5%) eram HBeAg positivo. Foram encontrados 50 cirróticos ao diagnóstico (26,3%), com uma taxa de resposta ao tratamento de 39,4%. Cerca de um quarto dos pacientes (48/190), tinham um perfil mutante, sendo que 41% responderam ao primeiro tratamento instituído. Entretanto, cerca de 60% dos pacientes imunorreagentes não tiveram resposta ao primeiro tratamento. Setenta e quatro eram portadores inativos (38,9%) 124 e destes, 6 foram tratados por causa de imunossupressão. Apenas 1,5% foi classificado como imunotolerante e 8 pacientes (4,2%), não se enquadravam em nenhuma das fases da história natural da hepatite B. Em relação aos medicamentos utilizados, 60,4% foram tratados com lamivudina, com negativação da carga viral em 23,6% e percentual de resistência de 50,6%. A negativação do DNA viral com uso de adefovir, entecavir e tenofovir foi respectivamente de 33,3%, 45% e 80% até o momento desta análise. Em alguns pacientes HBeAg positivo foram utilizados interferon convencional ou peguilado, com taxa respectiva de resposta 18,1 e 33,3%. No que se refere à resposta geral ao primeiro tratamento, 3 pacientes obtiveram soroconversão para Anti-HBe (3,2%) e 1 obteve soroconversão para Anti-HBS (1%). Conclusão: Neste estudo, grande parte dos portadores de hepatite B encontram-se em estado inativo seguido pelo perfil mutante, dados semelhantes aos descritos para a região sudeste no inquérito epidemiológico nacional. É um dos poucos estudos brasileiros no que se refere à avaliação de tratamento, corroborando informações consensuais de elevada resistência à lamivudina. Ressalta-se que mais de um quarto dos pacientes já eram cirróticos, reforçando a importância de um diagnóstico e tratamento precoces. TL 316 PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES TRANSPLANTADOS DE FÍGADO NO ESTADO DA BAHIA, PERÍODO DE JANEIRO DE 2011 A DEZEMBRO DE 2012 Alice Karoline de Oliveira, Carla Dinamérica Kobayashi, Caroline Dallalana Garcia Oliveira, Thelma Lopes Menezes, Carolina América Melo Sodré, Eraldo Salustiano de Moura Universidade Federal da Bahia, Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Secretaria da Saúde do Estado da Bahia Introdução: A história do transplante hepático no Brasil se iniciou em 1963 e na Bahia, no ano 2000; desde então, têm-se uma demanda gradativamente crescente deste tipo de procedimento. O perfil do transplantado hepático está relacionado principalmente a fatores biológicos como gênero, idade, tipo sanguíneo e patologia de base. Objetivo: Traçar o perfil clínico-epidemiológico dos pacientes submetidos a transplante hepático no estado da Bahia durante o período de janeiro de 2011 a dezembro de 2012. Metodologia: Tratase de um estudo retrospectivo com coleta de dados realizada no mês de julho de 2013 através do Sistema de Gerenciamento do Ministério da Saúde (SIG), na Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos- Bahia. Foram coletados dados como sexo, idade, grupo sanguíneo, tempo em lista, causa da falência hepática e MELD de 96 pacientes transplantados entre janeiro de 2011 a dezembro de 2012. A análise dos dados foi realizada utilizando o programa EPIINFO, versão 3.5.1. Resultados: Dos pacientes transplantados, 71 (74%) eram do sexo masculino, com idade variando entre 16 a 69 anos e mediana de 54,5 anos, destes, 53 (55,2%) procedentes de Salvador. Houve predomínio do grupo sanguíneo O (n= 51, 53,1%), seguido do grupo A (n=35, 36,5%); o menor MELD foi 6 e o maior 47 com mediana igual a 16. Para a maioria, 62 pacientes (64,58%), o tempo em lista foi menor ou igual a 90 dias. Hepatite por vírus foi a causa mais freqüente da falência hepática, com 28 pacientes (29,1%), seguida de câncer primário do fígado, 21 (21,9%) e álcool, 18 (18,8%). Entre as mulheres, hepatite autoimune foi a principal causa de transplante, 9 das 25 pacientes (36%). Dos pacientes transplantados, 13 (13,54%) necessitaram de retransplante, desses, 5 foram retransplantados e 8 morreram em lista. Conclusão:O estudo mostra que o tempo em lista de transplante hepático no Estado da Bahia é curto e os pacientes são transplantados com MELD pouco elevado. Hepatite por vírus é a principal causa de falência hepática na população geral, enquanto que a hepatite autoimune foi a causa mais prevalente no sexo feminino. Devido a limitação do Sistema não foi possível identificar quais os vírus (B ou C) foram responsáveis pela evolução da doença, dados que precisam ser identificados e informados em próximos estudos. Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters TL 317 HEPATODUODENOPANCREATECTOMIA (HDP): EXPERIÊNCIA COM 31 CASOS Monique Couto Matos, Felipe Pedreira Tavares de Mello, Joaquim Ribeiro Filho, Leandro Moreira Savattone Pimentel, Ronaldo de Oliveira Andrade, Raul Evora, Maíra de Freitas Vilela, Eduardo de Souza Martins Fernandes Hospital Adventista Silvestre Introdução: A HDP é a operação abdominal mais complexa envolvendo a combinação de ressecção duodenopancreática e, na maioria das vezes, grandes quantidades de parênquima hepático são também removidas, especialmente nos pacientes portadores de colangiocarcinomas hílares ou carcinomas de vesícula biliar que apresentem extensão a região pancreática/duodenal. No Japão, berço dessas operações, a HDP já apresenta 3 a 4 décadas de maturidade com índices menores de morbi-mortalidade em relação aos centros ocidentais. No entanto, diversos serviços especializados vêem desenvolvendo experiência no manuseio desta operação e das suas inúmeras complicações pos operatórias. Apesar dos resultados serem ainda insatisfatórios, o tratamento cirúrgico é a única chance de cura dos tumores malignos das vias biliares. Objetivo: Análise crítica dos resultados desta cirurgia específica. Materias e métodos: Entre 2003 a 2013, 31 pacientes foram submetidos a HDP, sendo 15 casos por neoplasia de vesícula, 7 casos de tumor de Klatskin, , 6 casos de tumores neuroendócrinos metastáticos, 1 IPMN metastático, 1 metastase hepática câncer colon com envolvimento pâncreas e 1 caso de melanoma metastático para pâncreas e fígado. Resultados: A morbidade pós operatória foi de 100% e a mortalidade global de 38,7% (12/31). A idade média foi de 62 a e a ressecção vascular ocorreu em 51,6% (16/31). Conclusão: A HDP é uma operação realizada em poucos centros mundiais devido a sua enorme complexidade e graves potencias complicações, sendo ainda tema de muita controvérsia na literatura. TL 318 HEMOBILIA: CAUSA INCOMUM DE HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA Cassiana Alves da Silva, Leandro Valerio Costa Batista, Karina Pina Abreu, Juliana de Oliveira Machado,Marilia da Silva Nery, José Carlos Aguiar Bonadia, Michelle Carvalho Harriz, Paula Bechara Poletti IAMSPE Introdução: O sangramento do trato hepatobiliar é uma causa rara de hemorragia digestiva alta e ocorre quando há comunicação ou fístula entre o ducto biliar e um vaso sanguíneo. A causa principal está relacionada à injúria iatrogênica, porém patologias do fígado, trato biliar e pâncreas estão relacionados. A tríade de Quinke (cólica abdominal, icterícia e hematêmese/melena), descreve o quadro clássico dos pacientes com hemobilia estando presente em aproximadamente 30% dos casos. O diagnóstico pode ser feito pela visualização de sangramento pela papila duodenal. A Terapêutica inicial consiste na estabilização hemodinâmica com a resolução da hemorragia e posteriormente, diagnóstico etiológico e tratamento da hemobilia. Objetivo: Relatar caso de hemobilia de causa não iatrogênica e realizar revisão do tema. Material e métodos: C.R.A.R., 59 anos, interna para investigar quadro de síndrome ictérica/ colestática. Durante internação apresentou quadro de hematêmese, associado à piora da icterícia e posterior dor abdominal. Endoscopia digestiva alta e duodenoscopia evidenciaram hemorragia através da papila duodenal. Realizado angiografia com embolização, seguido, após estabilização, de CPRE que realizou desobstrução das vias biliares e evidenciou hepatocolédoco de calibre aumentado, com cerca de 1,4 cm em seu terço médio, associado a irregularidades parietais e aparente perda de expansibilidade em sua porção distal (neoplasia?), sendo aventada a hipótese diagnóstica de colangiocarcinoma. Durante Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 tal procedimento, não realizada biópsia por dificuldades técnicas. Devido as comorbidades clínicas do paciente (DM tipo 2, HAS, IRC dialítica) que contra-indicam possível quimioterapia, paciente foi encaminhado aos cuidados paliativos, não sendo indicado biópsia guiado por USG endoscópico para confirmação diagnóstica. Resultado: Nosso paciente apresentou a tríade clássica de hemobilia, sendo submetido com êxito a angiografia com embolização para controle de sangramento e, posteriormente, a CPRE para desobstrução das vias biliares e investigação da causa da hemobilia. Conclusão: Hemobilia é uma causa rara de hemorragia digestiva e deve sempre ser lembrada para que seu diagnóstico não deixe de ser realizado, principalmente quando associado a quadro de obstrução biliar. Suas causas principais são traumáticas, neoplásicas e inflamatórias relacionadas ao fígado, pâncreas e trato biliar, possuindo ampla possibilidade de exames para diagnóstica e terapêutica. TL 319 CAUSAS AGUDAS DE RETRANSPLANTE HEPÁTICO Leandro Moreira Savattone Pimentel, Carlos Rocha Maia, Maíra de Freitas Vilela, Monique Couto Matos, Felipe Pedreira Tavares de Mello, Ronaldo de Oliveira Andrade, Joaquim Ribeiro Filho, Romulo Joventino Coelho, Rodrigo da Silva Pires, Asterio Pinto do Monte Filho, Raul Evora da Silva, Eduardo de Souza Martins Fernandes Hospital Adventista Silvestre Introdução: Transplante hepático é uma modalidade terapêutica para pacientes em estagio terminal de doença hepática, distúrbios metabólicos ou pacientes com falência hepática aguda. Nos casos de perda aguda do enxerto, o retransplante apresenta se como única opção terapêutica salvadora, embora o resultado não seja satisfatório, segundo a literatura mundial. De 7 a 10% dos pacientes transplantados são submetidos a retransplante por causas agudas nos Estado Unidos. A casuística brasileira gira em torno de 5%. Dentre as causas agudas mais comuns de retransplante hepático nos Estados Unidos, a disfunção primaria de enxerto é a mais freqüente, seguida de trombose arterial. Objetivo: Avaliar as causas agudas de retransplante hepático no Hospital Adventista Silvestre em comparação com a média nacional e americana. Materiais e métodos: Análise retrospectiva dos 6 casos de retransplante agudo no Hospital Adventista Silvestre de 2010 a 2013, em um total de 118 transplantes de fígado. Resultado: A porcentagem de retransplantes por causas agudas no Hospital Adventista Silvestre é de 5,08%, em um universo amostral de 118 casos. Dentre esses casos 83,34% são por disfunção primaria de enxerto e 16,66% por trombose arterial. Conclusão: O serviço de transplante hepático do Hospital Adventista Silvestre, em comparação com os dados nacionais e americanos apresenta similaridade nos seus resultados. TL 320 STREPTOCOCCUS INFANTARIUS EM CIRRÓTICOS, UM AGENTE INFECCIOSO RARO: RELATO DE DOIS CASOS E REVISÃO DE LITERATURA Isabela Lima Emmanuel, Thaís Barreto Teixeira, Anderson Brito, Guilherme Santoro, Samanta Teixeira Basto, Eduardo de Souza Martins Fernandes Hospital Adventista Silvestre Resumo: O Streptococcus bovis, considerado um patógeno emergente, forma parte da flora habitual do trato gastrointestinal, sendo amplamente descrito em associação a pacientes com câncer de colon e endocardite bacteriana. O Biotiopo II/1 de S.bovis, denominado S. infantarius já foi identificado em poucas séries de casos e foi relacionado com peritonite bacteriana espontânea, de forma anedotal. Descrevemos neste trabalho dois casos de bacteremia e peritonite bacteriana espontânea por S. infantarius, em 125 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia pacientes cirróticos em fase avançada, com evolução favorável, diagnosticado em dois meios diferentes: sangue e líquido ascítico, em pacientes sem correlação entre si. Relatos de caso: caso 1- MCF, sexo masculino, 57 anos. Portador de cirrose hepática por vírus C, Child-Pugh C-10, MELD 14, diabético insulino dependente. Evoluiu com febre, com tremores e náuseas tendo sido identificado bacteremia por Streptococcus infantarius em três amostras de hemoculturas, tendo sido confirmado mais um episódio de peritonite bacteriana espontânea, sem germe identificável na cultura do líquido ascítico nesta ocasião. A bacteremia por S. infantarius foi tratada com sucesso e o paciente foi submetido a transplante hepático posteriormente. Caso 2 CRF, feminino, 37 anos, com hepatomegalia, desnutrição grave, ascite marcante e edema de membros inferiores, tendo sido diagnosticada com síndrome de Budd Chiari secundaria a trombofilia. Evoluiu com peritonite bacteriana, com crescimento de S.infantarius em líquido ascítico e em uma amostra de hemocultura. Evoluiu favoravelmente com tratamento antibiótico e foi submetida a transplante hepático posteriormente. Ambos pacientes apresentavam colonoscopia e ecocardiograma normais. Discussão: O S. infantarius é um subtipo do S bovis, menos conhecido, mas de identificação e taxonomia progressivamente mais descritos. Assim como já inicialmente reportados em relatos anedotais de literatura anteriores, parece estar relacionado com bacteremia e peritonite bacteriana espontânea em pacientes hepatopatas. Estes dois casos sugerem que possivelmente o grau de hepatopatia é um preditor de doença. TL 321 OXIGENIOTERAPIA HIPERBÁRICA POR DISFUNÇÃO PRIMÁRIA DE ENXERTO EM PÓS TRANSPLANTE HEPÁTICO IMEDIATO Rodrigo da Silva Pires, Felipe Pedreira Tavares de Mello, Ronaldo de Oliveira Andrade, Leandro Moreira Savattone Pimentel, Maira de Freitas Vilela, Astério Monte Filho, Romulo Joventino Coelho, Claudia Tavares Sousa, Joaquim Ribeiro Filho, Eduardo de Souza Martins Fernandes Hospital Adventista Silvestre Introdução: O transplante hepático é o único tratamento curativo para pacientes com doença hepática em estágio terminal. No Brasil, há uma quantidade limitada de doadores cadáveres e o uso de órgãos de doadores com critérios expandidos representa um importante contingente de doadores, que contribui para minimizar esse fator limitante de número de órgãos. Entretanto essa prática aumenta o risco de disfunção por isquemia, injúria de preservação e injúria por reperfusão. Alguns estudos têm demonstrado que a oxigenioterapia hiperbárica beneficia pacientes com injúria de reperfusão, por melhorar a microcirculação hepática, com mecanismos como expressão endotelial de CAM, produção de NO, expressão de NOS, metabolismo celular. Objetivos: Este estudo tem o objetivo de relatar um caso de um paciente com disfunção primária de enxerto no pós transplante hepático imediato, que recebeu terapia com câmara hiperbárica. Metodologia/Caso: Receptor de 57 anos, ex-etilista enveterado, portador de cirrose hepática. História de varizes de esôfago e PBE. Nega HAS, DM ou tabagismo. Exames prévios demonstram anti-HBC positivo e trombose de veia porta grau II em AngioTC. Recebeu fígado de doador cadáver de 62 anos com tempo de isquemia fria de 13 horas. No pós operatório imediato o paciente evoluiu com sinais de disfunção primária de enxerto, injúria de preservação grave, SIRS e insuficiência renal, apresentando 15960 de TGO e 7148 de TGP. Resultados: Recebeu 3 dias de terapia em câmara hiperbárica e hemodiálise precocemente, evoluindo com melhora clínica e da função hepática, no dia seguinte ao início do tratamento. Conclusão: Apesar de poucos estudos, o tratamento com câmara hiperbárica em pacientes com disfunção primária de enxerto no pós-transplante imediato, deve ser considerado promissor, pois há uma melhora da microcirculação no enxerto com a oferta de oxigênio sob alta pressão às células hepáticas em sofrimento. 126 TL 322 APLICAÇÃO DO CRITICAL FLICKER FREQUENCY TEST NA AVALIAÇÃO DE ENCEFALOPATIA HEPÁTICA EM UMA COORTE DE PACIENTES AMBULATORIAIS COM CIRROSE Rodrigo Pereira Luz, Anderson Brito de Azevedo Silva, Carlo S. R. Araujo, Fernanda C. Paschoal, Cristiane A. Villela-Nogueira, Renata M. Perez UFRJ Introdução: As complicações da cirrose, como encefalopatia hepática, ascite, hemorragia digestiva e peritonite bacteriana espontânea, geralmente se associam a menor sobrevida dos pacientes e, freqüentemente, levam à inclusão dos mesmos na fila do transplante. A encefalopatia hepática muitas vezes não é percebida no exame clínico habitual e seu diagnóstico depende de investigação complementar. Objetivos: 1. Estruturar uma coorte de pacientes ambulatoriais com cirrose hepática com objetivo de avaliar a ocorrência de complicações clínicas da cirrose e seus fatores preditivos. 2. Aplicar o Critical Flicker Frequency Test (CFF) em pacientes com cirrose hepática para avaliar encefalopatia. Metodologia: Estudo observacional prospectivo com inclusão de pacientes cirróticos, com idade >= 18 anos, em acompanhamento no ambulatório de Hepatologia do HUCFF. Foram excluídos pacientes com anti-HIV positivo ou transplantados. Os pacientes incluídos serão acompanhados durante pelo menos 24 meses, com avaliação da ocorrência de complicações clínicas.. A encefalopatia hepática foi avaliada pela presença de sinais clínicos e aplicação do CFF. O CFF é realizado através de um analisador com formato de um binóculo, que emite um estímulo luminoso inicialmente com uma alta frequência que progressivamente vai sendo reduzida. O paciente registra o momento em que a luz contínua passa a ser identificada como vibratória. Resultados: Até o momento, foram incluídos 39 pacientes cirróticos, com idade de 60 ± 13 anos (23 - 79 anos), sendo 65% do gênero feminino. Com relação à etiologia, 57.5% dos pacientes apresentavam cirrose por HCV, 17.5% por doença hepática alcoólica, 5% por hepatite autoimune, 2.5% por HBV, 5% por esteato-hepatite não-alcoólica e 12.5% por outras etiologias. Quanto ao grau de função hepática, 45% eram CHILD A, 47.5% CHILD B e 7.5% CHILD C. O MELD era de 11 ± 4 com mediana de 11 (6 - 23). Na avaliação de encefalopatia hepática, 15% apresentavam sinais ou sintomas clínicos sugestivos. O CFF foi aplicado em 39 pacientes, sendo observada média de 38,3 ± 3,5 com mediana de 38,6. Vinte e dois pacientes (55%) apresentaram valores do CFF < 39. Destes, 77% não apresentavam sinais clínicos de encefalopatia. Conclusão: A utilização do CFF demonstrou a presença de valores baixos em pacientes sem sinais clínicos de encefalopatia, o que pode sugerir a presença de encefalopatia mínima em significativa proporção de cirróticos ambulatoriais. TL 323 ESTUDO DA EVOLUÇÃO DA HISTÓRIA NATURAL DOS PACIENTES PORTADORES INATIVOS DO VÍRUS DA HEPATITE B CRÔNICA EM UMA CASUÍSTICA AMAZÔNICA Leonita B. Ribeiro, Simone R.S.S. Conde, Adriano T. de Oliveira, Luciana L. Rocha, Vanessa M. Ferreira, Nathália K.F. Filgueiras, Julius C.M.S. Monteiro, Bruna T.S. Santos, Pedro A.A. Lins, Felipe B. Freitas, Sâmia Demachki, Marialva T. F. Araújo, Ricardo Ishak, Antônio C.R. Vallinoto Universidade Federal do Pará Introdução: Entre as fases que hepatite B crônica pode apresentar existe a de portador inativo, caracterizada por ausência de replicação do vírus B. O portador inativo apresenta um prognóstico muito favorável, podendo até evoluir para cura sorológica. Porém ele pode também reativar a replicação viral, causando lesões hepáticas (Pungpapong et al., 2007). Objetivo Geral: Descrever a evolução clínica e virológica de pacientes portadores inativos do vírus da Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters Hepatite B crônica. Objetivos Específicos: Relatar a prevalência de pacientes com hepatite B crônica que se mantém como portador inativo, que evoluem para reativação da replicação viral e para cura espontânea; correlacionar os fatores virológicos e imunogenéticos com a evolução clínica dos portadores inativos. Material e Métodos: Foi realizado um estudo transversal, observacional e epidemiológico. Selecionou-se 21 pacientes portadores de hepatite B crônica em fase de portador inativo, a partir do ano de 2002. A seleção obedeceu a critérios usados para definir um paciente como portador inativo, assim se mantendo por no mínimo 5 anos ou que em algum momento evoluiu para cura sorológica, ou para reativação da replicação viral. Grupos: grupo I - pacientes que se mantiveram portadores inativos no mínimo por 5 anos; grupo II - que evoluíram para replicação viral; grupo III - que evoluíram para cura sorológica. Os dados foram obtidos através de consulta a prontuários. Resultados: 52,4% (n = 11) dos pacientes se mantiveram no grupo I, 38,1% (n = 8) no grupo II e 9,5% (n = 2) no grupo III. O etilismo não influenciou na evolução para replicação viral. As transaminases dos pacientes do grupo II tiveram sempre superiores às dos pacientes do grupo I. Sobre o polimorfismo ressalta-se a importante prevalência do genótipo AT no estudo da INF-gama no grupo I. Para TGF-beta1, nos pacientes do grupo II o genótipo CC não foi encontrado. No estudo do nível sérico das citocinas pacientes do grupo I e grupo III tiveram níveis séricos de TGF-beta1 superiores aos do grupo II. Conclusão:pacientes portadores inativos tendem a se manter nesse estágio da doença e um pequeno percentual evolui para cura sorológica da hepatite B. Pacientes do grupo II apresentam níveis elevados de transaminases. Sugerimos que o etilismo não influencia na reativação da replicação viral no portador inativo. A ausência do genótipo CC para citocina TGF-beta1 e baixos níveis séricos desta citocina podem estar relacionada à reativação da replicação viral. TL 324 MÉTODOS NÃO INVASIVOS PARA O DIAGNÓSTICO DE VARIZES ESOFÁGICAS PASSÍVEIS DE TRATAMENTO ENDOSCÓPICO EM CRIANÇAS COM HIPERTENSÃO PORTAL Marina Rossato Adami, Cristina Targa Ferreira, Carlos Oscar Kieling, Fernando Pereira Schwengber, Vania Hirakata, Sandra Maria Gonçalves Vieira HCPA Introdução: O sangramento de varizes esofágicas(VE) é uma complicação grave da hipertensão portal.O padrão áureo para diagnóstico de VE é a endoscopia, que pode ser usada como tratamento para VE de médio e grande calibres, mas ainda é considerado um procedimento invasivo em pacientes pediátricos. Objetivo: avaliar parâmetros clínicos e laboratoriais em predizer VE passíveis de tratamento endoscópico em crianças com hipertensão portal intrahepática. Métodos: Noventa e oito crianças com hipertensão portal intra-hepática foram estudadas retrospectivamente (média de idade de 8,9 ± 4,7 anos). Os pacientes não tinham história de sangramento e foram submetidos à endoscopia digestiva alta para triagem VE. Foi avaliado o tamanho das varizes(F1,F2 e F3: Sociedade Japonesa de hipertensão portal). Os pacientes foram classificados em dois grupos:G1:VE pequeno calibre(F1) e sem varizes e G2:VE passíveis de tratamento endoscópico(F2 e F3). Foram avaliados os parâmetros: contagem de plaquetas;tamanho do baço (em cm e através do escore z);relação contagem de plaquetas/escore z baço; relação contagem de plaquetas/tamanho do baço (cm); regra clínica proposta por Gana et al.(CPR);teste APRI; escore de risco proposto por Park et al. e classificação de Child-Pugh. Resultados: Trinta e duas crianças apresentavam VE classificadas como F2 e F3. Nas análises univariadas, contagem de plaquetas, CPR, escore de risco,relação contagem de plaquetas/escore z baço e Child-Pugh foram estatisticamente significativos. Os melhores preditores não invasivos de VE F2 e F3 foram: contagem de plaquetas (AUROC 0,67, IC 95%, 0,57-0,78), CPR (AUROC 0,65, IC 95%, 0,54-0,76) e escore de risco Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 (AUROC 0,66, IC 95%: 0,56-0,76). Um modelo de regressão logística foi aplicado com VE F2 e F3 como variável dependente e corrigido pela albumina, classificação de Child-Pugh, bilirrubina e escore z baço. Crianças com CPR < 114 eram 8,6 vezes mais propensos a ter VE F2 e F3. Escore de risco> -1,2 aumentou a probabilidade de VE passíveis de tratamento endoscópico(OR 6,09 IC 95%, 1,43-25,90, P = 0,014), bem como a relação contagem de plaquetas /escore z baço inferior a 25(OR 3,99, 95% CI, 1,04 -15,32, P = 0,043). Conclusões: Crianças com hipertensão portal intra-hepática com CPR<114, escore de risco > - 1.2 e relação contagem de plaquetas/ escore z do baço com pontuação < 25 tinham mais chance de apresentar VE F2 e F3. Os três testes poderão ser úteis para selecionar crianças cirróticas para tratamento endoscópico. TL 325 ACURÁCIA DOS DIFERENTES MÉTODOS NÃO INVASIVOS PREDITORES DE VARIZES ESOFÁGICAS EM CRIANÇAS DE ACORDO COM A CLASSIFICAÇÃO DE CHILD-PUGH Marina Rossato Adami, Sandra Maria Gonçalves Vieira, Cristina Targa Ferreira, Fernando Pereira Schwengber, Vania Hirakata, Carlos Oscar Kieling HCPA Introdução: O sangramento de varizes esofágicas (VE) pode ser uma complicação fatal da hipertensão portal. Em adultos cirróticos, há indicação de endoscopia no momento do diagnóstico de cirrose. A gravidade da doença hepática estimada pela classificação de ChildPugh é fator de risco para sangramento digestivo, como demonstrado na população de adultos cirróticos. Em pacientes pediátricos esses dados ainda não foram avaliados. Objetivo: avaliar parâmetros clínicos e laboratoriais na predição de VE em crianças com hipertensão portal intra-hepática de acordo com a classificação de Child-Pugh. Métodos: Estudo retrospectivo em 98 crianças (média idade: 8,9 ± 4,7 anos) com hipertensão portal intra-hepática. Pacientes não tinham história de sangramento e foram submetidos à endoscopia digestiva alta para triagem de VE. Foi avaliado o tamanho das VE (F1, F2 e F3) de acordo com a Sociedade Japonesa de Hipertensão Portal. Os pacientes foram classificados em dois grupos: classificação ChildPugh A e Child-Pugh BC. Os parâmetros avaliados foram: contagem de plaquetas, escore z baço, contagem de plaquetas / escore z baço, contagem de plaquetas / tamanho do baço (cm), regra clínica proposta por Gana et al.(CPR), teste APRI e escore de risco proposto por Park et al. Resultados: Cinqüenta e três pacientes foram classificados como Child-Pugh A (CPC-A) e quarenta e cinco como Child-Pugh B e C (CPC-BC). Os melhores preditores não invasivos de VE no grupo CPC-A foram: contagem de plaquetas (AUROC 0,76; IC 95%, 0,63-0,90), CPR (AUROC 0,81; IC 95%, 0,68-0,94) e escore de risco (AUROC 0,80; IC 95%, 0,67-0,93). As especificidades (E) e valores preditivos positivos (VPP) de cada uma das variáveis que alcançaram significância estatística foram: contagem de plaquetas < 90.000: E 90% e VPP 87,5%; CPR < 114: E 94,1% e VPP 94,7% e escore de risco > -1,2: E 84,2% e VPP 88,9%. No grupo CPC-BC, os melhores preditores foram: contagem de plaquetas (AUROC 0,90; IC 95% 0,79-1,00) e contagem de plaquetas / escore z baço (AUROC 0,90; IC 95%, 0,78-1,00). A contagem de plaquetas < 90.000 apresentou especificidade e VPP de 100% em crianças CPC-BC. Conclusões: Parâmetros não invasivos como contagem de plaquetas menor que 90.000, CPR menor que 114 e escore de risco maior que -1,2 podem ser úteis na triagem de crianças com CPC-A para o procedimento endoscópico. Em crianças com doença hepática mais avançada (CPC-BC), a contagem de plaquetas inferior a 90.000 indica a presença de VE. 127 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia TL 326 ACOMETIMENTO HEPÁTICO COM PADRÃO COLESTÁTICO NA SARCOIDOSE Fernanda Ferreira Francisco, Cristiane Vilella, Flavia Musauer, Beatriz Pillar, Cesar Amorim, Eduardo Peixoto, João Nametala, Homero Fogaça UFRJ Objetivo: relatar um caso de doença hepática com padrão colestático secundária a sarcoidose. Introdução: a sarcoidose é uma doença multissistêmica de etiologia desconhecida, caracterizada pelo acúmulo de linfócitos T, fagócitos e granulomas não caseosos em tecidos envolvidos. Os pulmões são afetados em cerca de 90 por cento, e representa a maior parte da morbimortalidade associada a esta doença. O envolvimento do sistema gastrointestinal clinicamente reconhecível ocorre em 0,1 a 0,9 % dos pacientes. Dentro do trato digestivo, o estômago é o mais comumente envolvido. O fígado é quase sempre acometido, embora as conseqüências clínicas do seu envolvimento sejam variáveis. A maioria dos casos são assintomáticos (70%) e têm apenas alterações bioquímicas (aumento de transaminases e enzimas canaliculares). Doença hepática clinicamente aparente é incomum. O diagnóstico é sugerido pela biópsia hepática, contendo granulomas mononucleares não caseosos, estéreis e sem partículas. O tratamento da sarcoidose hepática depende das manifestações clínicas da doença. A maioria são assintomáticos, e, portanto, não necessitam de tratamento específico. Os corticosteróides são a base da terapia. Nos casos de colestase grave e sintomas constitucionais, um curso curto de corticosteróides e ácido ursodesoxicólico pode ser considerado. Caso Clínico: paciente, sexo feminino, 34 anos, negra, natural do RJ, inicia há 6 meses quadro de febre intermitente, sudorese noturna, icterícia, perda de peso (aproximadamente 20 kg no período) e hepatoesplenomegalia. Solicitados exames laboratoriais que evidenciam anemia microcítica e hipocrômica, VHS normal, aumento de bilirrubinas ás custas de direita, elevação discreta de transaminases (TGO>TGP), enzimas canaliculares (FA>GGT), INR alargado, sorologias para hepatites virais não reagentes e anticorpo anti mitocôndria negativo. Realizada TC de abdome que descreve: fígado aumentado de tamanho com sinais de esteatose hepática e esplenomegalia homogênea. Diante disso, optado pela biópsia transjugular hepática que revelou esteatose grau II, fibrose perissinusoidal e infiltrado granulomatoso crônico sugestivo de sarcoidose. Culturas para fungos e BAAR negativos. Durante internação, iniciou tratamento com corticoide e ácido ursodesoxicólico, evoluindo com melhora sintomática e redução gradual dos níveis de bilirrubinas e enzimas canaliculares. Conclusão:a sarcoidose é uma doença granulomatosa sistêmica, cujo envolvimento hepático é comum, embora com apresentações variáveis, sendo raro o padrão colestático. TL 327 DOENÇA POLICÍSTICA DO FIGADO COM COMPLICAÇÕES DE ASCITE E HIPERTENSÃO PORTA Tatiana Valdeolivas, Mariana Coelho, Renan Marzulo, Zulane Veiga, Daniela Mariz, Flavia Fernandes, Gustavo Henrique Pereira, João Luiz Pereira Hospital Federal de Bonsucesso Introdução: A doença policística do fígado e rim é uma desordem genética que permanece assintomática na maioria dos casos. A sintomatologia e a gravidade geralmente estão relacionadas aos cistos renais, levando à insuficiência renal com necessidade de diálise e até mesmo transplante. A doença hepática depende do tamanho e da quantidade dos cistos, podendo gerar sintomas ligados à compressão local, com dor abdominal, distensão, dispnéia, refluxo gastro esofágico, obstrução de fluxo das veias cava inferior, hepática e porta, causando hipertensão portal e, até mesmo, obstrução biliar. Os cistos hepáticos 128 são susceptíveis a rompimento, infecção e hemorragia. Objetivo: Descrever 4 casos de doença policística hepática com suas complicações.Relato de casos: Foram acompanhados 4 casos de pacientes com idades entre 47 e 60 anos, dois do sexo masculino e dois do sexo feminino. Uma das pacientes desenvolveu ascite v olumosa após um episódio infeccioso, mantendo o quadro não responsivo a diuréticos e necessitando de paracenteses regulares para alívio do quadro. Um segundo paciente, masculino, obteve o diagnóstico durante investigação de plaquetopenia. Ressonância nuclear magnética evidenciava múltiplas formações císticas difusas por todo o parênquima hepático, as maiores medindo 8,0 X 10,0 cm. USG com doppler com veia porta aumentada de calibre e fluxo hepatopetal,veias calibrosas no hilo esplênico e veias hepáticas tortuosas. Os outros dois pacientes permanecem em acompanhamento ambulatorial, mantendo fígado aumentado com presença dos cistos, sem outros comemorativos. Conclusão: A doença policística do rim é conhecida como causa freqüente de insuficiência renal. Entretanto, complicações relacionadas a doença hepática, apesar de pouco relatadas, podem ser causa importante de hipertensão portal e ascite. TL 328 HEPATITE AUTO IMUNE TIPO 2 SUPERPOSTA A CIRROSE BILIAR PRIMÁRIA EM PACIENTE CIRRÓTICA MANIFESTADA COMO HEPATITE AGUDA NO PERÍODO PÓS PARTO Tatiana Valdeolivas, Vanessa Zenatti, Cristiane Barreto, Flavia Fernandes, Daniela Mariz, Zulane Veiga, Gustavo Henrique Pereira, João Luiz Pereira Hospital Federal de Bonsucesso Introdução: A cirrose biliar primaria (CBP) é uma hepatopatia crônica que acomete mulheres jovens, podendo associar-se à hepatite autoimune (HAI) em uma síndrome de superposição. A gestação e o puerpério são condições associadas a exacerbações de HAI e elevada morbi-mortalidade materno fetal. Ainda que existam relatos esporádicos de gestações bem-sucedidas em pacientes com diagnóstico prévio de HAI-CBP, não há descrição de gestações em pacientes cirróticas, ou de síndrome de superposição sequencial CBP-HAI no período puerperal. Objetivo: relatar caso de paciente com diagnóstico prévio de CBP que desenvolve uma síndrome de superposição com HAI no terceiro mês após o parto. Relato de caso: Paciente feminina, 21 anos, iniciou em julho de 2007 investigação de prurido, acompanhada por aumento de transaminases, com função sintética hepática normal. Apresentava IgM sérica normal, anticorpo antimitocôndria M2 negativo, plaquetopenia, fígado de contornos irregulares e ascite leve à USG. Biópsia hepática com alterações degenerativas de ductos biliares e hepatite de interface linfocítica, sendo estabelecido o diagnóstico de CBP. Iniciado tratamento com ácido ursodesoxicólico, com normalização dos exames laboratoriais e resolução da ascite e prurido. Em abril de 2012 encontrava-se gestante (6 semanas), sendo suspenso o ácido ursodesoxicólico. Permaneceu com exames nos limites da normalidade. O parto ocorreu a termo, sem intercorrências, exceto por discreta ascite, com pronta resolução após tratamento com espironolactona por 1 mês. No terceiro mês pós parto, apresentou icterícia e elevação de transaminases (10XLSN), e da IgG sérica (1,2 XLSN), acompanhados por anti LKM1 positivo (1/320). Iniciado 60 mg de prednisona com reduções progressivas ate 20 mg quando então se associou 50 mg de azatioprina. Evoluiu com resolução da icterícia e normalização das aminotransferases após 1 e 3 meses. Conclusão: o surgimento de uma síndrome de superposição seqüencial pode levar a alterações significativas na função hepática em pacientes portadoras de hepatopatias crônicas autoimunes, em especial àquelas já em fase de cirrose. O diagnostico de síndrome de superposição com HAI deve ser considerado em pacientes com CBP que se apresentam com hepatites agudas ictéricas. O pronto reconhecimento e instituição de medidas terapêuticas específicas para HAI são fundamentais para indução de remissão e impedir descompensação de CBP. Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters TL 329 CARCINOMA HEPATOCELULAR & DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA: UMA CRESCENTE ASSOCIAÇÃO Maria Clara Vieira, Helma P Cotrim, Luiz Antonio R Freitas, Paulo Bittencourt, Eduardo Braga, Viviane Mello, Daniela V da Silva, Yanaihara Pinchemel Universidade Federal da Bahia Introdução: A associação do carcinoma hepatocelular (CHC) com a DHGNA tem sido motivo de grande interesse, uma vez que a DHGNA é considerada a mais frequente doença crônica do fígado da atualidade. Essa associação vem cada vez mais sendo observada não sòmente nos casos de cirrose como também em pacientes com esteatoepatite sem cirrose. Objetivos: descrever as principais características de pacientes com DHGNA e CHC. Metodologia: estudo serie de casos, onde foram avaliados casos de CHC relacionados à DHGNA, procedentes de serviços de referência em Hepatologia. Foram utilizados para diagnóstico de CHC critérios internacionais, ou seja, dois métodos de imagem, ultrassonografia, tomografia computadorizada e/ou ressonância magnética, ou diagnóstico histológico. Foram excluídos outros fatores de risco para CHC como vírus B e C, hemocromatose, álcool. Foram também considerados CHC relacionados à DHGNA casos de etiologia não determinada, mas com fatores de risco para DHGNA ou apresentando síndrome metabólica. Resultados: A amostra avaliada é composta de 15 casos de CHC associados à DHGNA. A média de idade dos pacientes foi de 61,9 ± 14,8 anos, 66,7% eram homens e 33,3% mulheres. Fatores de risco para DHGNA: diabetes em 73,33%, dislipidemia em 26,67%; obesidade em 40%. Hipertensão arterial foi verificada em 53,33% e 60% preencheram critérios para SM. Em 26,7% a doença hepática estava compensada e 73,3% apresentavam sinais de insuficiência hepática ao serem diagnosticados. O nível sérico da alfa fetoproteína estava elevado em 40% dos pacientes. Nove pacientes tiveram diagnóstico por métodos de imagem. Dos seis pacientes com diagnóstico de CHC na biópsia de fígado, dois apresentavam esteatoepatite com fibrose (grau II) e quatro cirrose. Conclusões: o estudo chama a atenção para o diagnóstico tardio de CHC em pacientes com DHGNA. Muitos nessa série foram diagnosticados já com insuficiência hepática; mostra que CHC pode ocorrer em pacientes com esteatoepatite sem cirrose; colabora com a discussão de incluir pacientes com DHGNA, que apresentam esteatoepatite com fibrose e cirrose em protocolos de diagnóstico precoce do CHC. TL 330 INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA APÓS PULSOTERAPIA COM METILPREDNISOLONA EM PACIENTE COM ESCLEROSE MULTIPLA Fernanda Sumire Araki, Susan Louise Kakitani Takata, Rafael Lopes Gurgel, Karla Sawada Toda, Andreza Correa Teixeira, Marcia Guimarães Villanova, Erick Apinages-Santos, Maria Auxiliadora-Martins, Enio David Mente, Anibal Basile-Filho, Ana de Lourdes Candolo Martinelli Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo Introdução: A pulsoterapia com metilprednisolona é o tratamento padrão para os surtos de esclerose múltipla (EM). Insuficiência hepática aguda (IHA) representa síndrome grave que pode estar relacionada ao uso de medicamentos. Entretanto, poucos são os relatos de metilprednisolona como causa de IAH. Objetivo: relatar caso de IAH por hepatite autoimune (HAI) com necessidade de transplante hepático, após uso de pulsoterapia com metilprednisolona. Relato de caso: sexo feminino, 25 anos, branca, atendida em julho/ 2007 na Divisão de Gastroenterologia de um Hospital Universitário, com diagnóstico há 4 meses de EM, queixando de náuseas e epigastralgia. Havia sido submetida a pulsoterapia com metilprednisolona, em outro Serviço, devido sintomas neurológicos. Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 Exames laboratoriais mostravam hepatite aguda e sorologia positiva para infecção por Epstein Baar vírus (EBV). Apresentou melhora clínica e laboratorial espontânea. Em janeiro/2008, após novo surto de EM, foi novamente submetida a pulsoterapia, em outro Serviço, sem melhora importante dos sintomas. Em fevereiro/2008, recebeu 1 dose de interferon beta, 300mcg. Após 2 dias, apresentou icterícia, colúria e acolia fecal, e exames laboratoriais compatíveis com IHA e PCR para EBV negativa. Em abril/2012, após novo surto de EM, foi submetida a pulsoterapia com metilprednisolona por 3 dias. Após 15 dias, apresentou novamente icterícia, colúria e acolia fecal. Foi internada com IAH, evoluindo com redução do nível de consciência, sendo submetida ao transplante de fígado de doador cadáver em 13/06/13. Após o transplante, apresentou sinais de sepse, com disfunção do enxerto e instabilidade hemodinâmica, evoluindo a óbito em 22/06/13. O explante mostrava sinais de hepatite autoimune, fase cirrótica, com moderada atividade inflamatória. O fígado do doador mostrava sinais de lesão por isquemia/reperfusão grave (pós-implante). Discussão: poucos são os relatos na literatura de indução de HAI após pulsoterapia com metilprednisolona. Evolução para IHA grave, com necessidade de transplante hepático parece ser evento raro. Nesses casos, o mecanismo de rebote imunológico parece ser o mais provável. TL331 SHUNT MESO-ATRIAL COMO ABORDAGEM PRÉ TRANSPLANTE HEPÁTICO NA SÍNDROME DE BUDD CHIARI Monique Couto Matos, Raul Evora da Silva, Maíra de Freitas Vilela, Leandro Moreira Savattone Pimentel, Ronaldo de Oliveira Andrade, Felipe Pedreira Tavares de Mello, Asterio Pinto do Monte Filho, Joaquim Ribeiro Filho, Eduardo de Souza Martins Fernandes Hospital Adventista Silvestre Introdução: A síndrome de Budd Chiari é uma disordem rara causada pela obstrução venosa do fluxo de saída do fígado ou da obstrução da veia cava retro hepática, resultando em disfunção hepática. Acomete pacientes jovens, portadores de doenças que provoquem um estado de hipercoagulabilidade, como doenças mieloproliferativas entre outras. A síndrome pode apresentar-se desde um quadro assintomático ao de disfunção hepática grave, quando o transplante hepático, torna-se a opção de tratamento mais efetiva. Em uma das suas vertentes, há o acometimento de veia cava retro hepática, na qual a abordagem cirúrgica torna-se mais difícil. Portanto, a realização de um shunt meso-atrial, torna-se uma medida terapêutica necessária ou sendo uma ponte para o transplante hepático. Objetivo: Relatar um caso de transplante hepático em paciente portador de Síndrome de Budd Chiari com shunt meso-atrial prévio. Materiais e métodos: Paciente L. T. S., 16 anos, masculino, negro, natural e residente de Campo Grande, brasileiro. Iniciou quadro de dor, aumento do volume abdominal e edema em membros inferiores em dezembro de 2012. Havendo piora progressiva dos sintomas, necessitou de internação hospitalar em outra instituição, onde ficou de 28/02/2013 a 06/03/ 2013. Durante esse período foram realizados exames de imagem evidenciando hepatomegalia, ascite, derrames pleural e pericárdico, falha de enchimento em veias supra hepáticas, veia cava inferior afilada; flebografia por punção venosa unilateral identificando oclusão de veia cava retrohepática. Angiografia abdominal sem alterações; pesquisa de mutação de gene de protrombina, proteína C, fator V de leiden, confirmando diagnóstico de Síndrome de Budd Chiari por trombofilia idiopática. Nesta mesma internação, foi submetido a um shunt mesoatrial, seguido de uma piora do quadro clínico geral, evoluindo com PBE, pneumonia complicad, piora progressiva da função hepática e encefalopatia hepática. Paciente foi transferido para esta instituição, Hospital Adventista Silvestre, para continuidade do tratamento e transplante hepático. Resultados: O paciente foi submetido ao transplante hepático, tecnicamente difícil devido à operação prévia. Realizado doppler intraoperatório evidenciando patência no shunt meso-atrial. Durante fase de anepatia, foi mantido o shunt para evitar congestão esplâncnica e síndrome de reperfusão, 129 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia sendo removido completamente após a revascularização portal. Tolerou bem a cirurgia, permanecendo no CTI por 04 dias e 10 dias de internação hospitalar no total. Conclusão: O shunt mesoatrial foi eficaz neste caso, apresentando um bom funcionamento no período pré-transplante. TL 332 HEPATITE COLESTÁTICA SUPERPOSTA A HEPATITE AUTOIMUNE COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO DE HEPATOTOXICIDADE POR ENALAPRIL Flávia Appel, Gabriela Nielsen, Camila Alcantara, Zulane Veiga, Flávia F Fernandes, Daniela Mariz, Gustavo Henrique Pereira, Frederico Campos, João Luiz Pereira Hospital Federal de Bonsucesso Introdução: Pacientes com hepatite autoimune (HAI) podem desenvolver colestase ao longo da evolução da doença. Ainda que seja frequente o desenvolvimento de síndromes de superposição com outras doenças autoimunes, outras etiologias como doenças infiltrativas, paraneoplásicas e tóxicas devem ser avaliadas, especialmente em pacientes com múltipla comorbidades. Os Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECAS) são drogas amplamente utilizados na prática clínica com relatos esporádicos de hepatotoxicidade. Objetivo: Apresentar um caso de colestase secundária a enalapril em portadora de hepatite autoimune com lenta resposta bioquímica após a suspensão da droga. Relato de Caso: feminina, 42 anos, portadora de HAI há 13 anos, em remissão bioquímica há 12 anos com uso de Azatioprina(175mg) e Prednisona (5mg). Uso regular de Enalapril, Omeprazol, Hidroxicloroquina, Ciclobenzaprina para tratamento de HAS, DRGE, e Sjögren, sem mudanças nos medicamentos ou posologia há 3 anos. Avaliada inicialmente por icterícia, náuseas e vômitos de início há 3 meses. Exames laboratoriais mostravam aumento de transaminases (3xLSN), fosfatase alcalina e gama GT (6xLSN) e bilirrubinas, além de alteração na função de síntese hepática (Albumina 2,4 g/L, TAP 62 %). USG e Colangio RNM não observaram alterações de vias biliares ou achados patológicos. Sorologias virais e para auto-imunidade negativas, exceto por FAN positivo (1:160). Biópsia hepática que evidenciou colestase hepatocanalicular moderada e ausência de padrão de hepatite crônica ou lesão de ductos, compatível com hepatotoxicidaede por enalapril. Neste momento, foi suspenso o enalapril e mantida demais medicamentos. Evolui com resolução da icterícia e diminuição dos valores de transaminases e FALC/GGT, assim como normalização das provas de função sintética hepática ao longo dos meses seguintes. Conclusão: Ainda que pouco habitual em pacientes com hepatopatias autoimunes, a hepatoxicidade deve ser sempre incluída no diagnóstico diferencial das colestases. O seu desenvolvimento pode ocorrer mesmo em indivíduos em uso prolongado de medicamentos e apresentar-se com piora da função hepatocelular em pacientes com hepatopatia crônica. O pronto diagnóstico pode levar a retirada imediata do agente causal e evitar modificações desnecessárias e possivelmente danosas no tratamento da doença hepática de base. TL 333 HEPATITE C CRÔNICA E COLESTASE: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Thiago R. Pagot, Flávia Appel, Gabriela Nielsen, Camila Alcântara, Marta Campos, Flávia F. Fernandes, Frederico Campos, João Luiz Pereira Hospital Federal de Bonsucesso Introdução: A hepatite C crônica cursa com lesão hepatocelular, muitas vezes levando a aumentos de até dez vezes na dosagem sérica de aminotransferases, geralmente com predomínio de ALT. As enzimas canaliculares, fosfatase alcalina e ãGT, podem estar acima 130 do limite da normalidade, porém não costumam elevar-se de forma significativa. Objetivo: Relatar caso de paciente do sexo feminino, em acompanhamento por diagnóstico de hepatite C crônica, cujos resultados laboratoriais sugeriam patologia associada. Relato de Caso: SGS, feminina, 65 anos, diabética, portadora de hepatite C, genótipo 1, carga viral 1.130.000 UI/mL. Exames laboratoriais apresentavam um padrão de colestase, com ãGT que flutuava entre 1000 e 2000 U/L, além de fosfatase alcalina em torno de 300 U/L, AST de 577 U/L, ALT de 426 U/L, com bilirrubinas normais. Dosagem de albumina sérica e coagulograma dentro da normalidade. Realizada biópsia hepática, contendo sete espaços-porta completos, levemente alargados por fibrose, com infiltrado linfocitário portal leve a moderado, e áreas de agressão a epitélio de ductos biliares interlobulares, além de esteatose macrogoticular leve, podendo corresponder a sobreposição com hepatopatia biliar autoimune. Classificação Metavir A1F1. Realizado Fibroscan três meses após a biópsia, que constatou resultado discordante da mesma, com mediana de 16.3 kPa, IQR 3.5 e 100% de medidas válidas, compatível com fibrose acentuada (F4). Solicitados marcadores imunológicos, obtendo-se os seguintes resultados: FAN reagente 1:80, padrão nuclear pontilhado fino; Antimitocôndria reagente 1:20; Anti-músculo liso não-reagente; IgG 2400 (VR: 650-1600). Baseado no anticorpo anti-mitocôndria positivo e nas áreas de agressão a ductos biliares, aventou-se o diagnóstico de cirrose biliar primária. Iniciada terapêutica com ácido ursodesoxicólico na dose de 750 mg/dia (13 mg/kg), o que levou a uma queda de aproximadamente 50% na dosagem de ãGT sérica (1109 para 545 U/L), num período de dois meses. Paciente segue em acompanhamento. Conclusão: A hepatite C crônica não costuma cursar com colestase. Quando encontrada, a colestase deve levar à investigação de outra hipótese diagnóstica, ou patologia superposta, muitas vezes com tratamento específico. TL 334 APENDICITE AGUDA NO POS OPERATORIO IMEDIATO DE TRANSPLANTE HEPÁTICO: RELATO DE CASO DE REVISÃO DA LITERATURA Ronaldo de Oliveira Andrade, Felipe Pedreira Tavares de Mello, Samanta Basto, Claudia Cristina Sousa, Bruno Vilanova, Leandro Albuquerque Cavalcanti Barros, Raul Evora Silva, Rodrigo da Silva Pires, Maira de Freitas Vilela, Monique Couto Matos, Leandro Moreira Savattone Pimentel, Romulo Joventino Coelho, Carlos Rocha Maia, Asterio Pinto do Monte Filho, Eduardo de Souza Martins Fernandes Hospital Adventista Silvestre Introdução: Poucos casos são relatados na literatura de apendicite aguda após transplante hepático (Tx). A incidência varia de 0.01% 0.49%. não sugerindo maiores incidências nestes grupos de pacientes. No entanto, o diagnóstico é dificultado pelo status de imunossupressão e a baixa sintomatologia clinica, especialmente das manobras semióticas. Com isso o diagnóstico tardio pode ter evolução desastrosa devido ao comprometimento sistêmico dos receptores de transplante hepático. Objetivo: Demonstrar um caso de apendicite aguda no pós Tx imediato em paciente portador de colangite esclerosante primária (CEP) com história de retocolite ulcerativa idiopática (RCUI) em uso de corticoide prolongado e imunossupressão com tracrolimus. Material e Metodo: receptor, homem, 43a, natural Rj, portador de CEP e RCU, submetido a transplante de fígado em 03/03/2012, pela técnica convencional com anastomose biliodigestiva, sem complicações. Recebeu alta do CTI após 72h com provas de função hepática (PFH) demonstrando bom funcionamento do enxerto, dieta oral e em uso de tracolimus. No D5 pós operatório evoluiu com piora clinica e laboratorial, dor no andar inferior do abdome, sem sinais de irritação peritoneal ou massas palpáveis. Iniciado antibioticoterapia empírica de amplo espectro. Realizou TC de abdome total na ocasião sem evidências de apendicite aguda sugerindo colite em atividade. Na ocasião não apresentava febre, náuseas ou vômitos. No D12 evoluiu com drenagem de moderada quantidade de secreção espessa e gelatinosa pela Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters ferida operatória (FO). Apresentou febrícula com manutenção da drenagem. Submetido à laparotomia exploradora em 17/03/2012 identificado apendicite purulenta com peritonite grau IV. Mantido em peritoneostomia com múltiplas reabordagens cirúrgicas. Anatomopatológico confirmando apendicite aguda. Resultado: Evoluiu ao óbito no D40 pós Tx Hepático por sepse fúngica decorrente de peritonite tardia com múltiplas reabordagens cirúrgicas devido a peritoneostomia. Conclusão: Apendicite Aguda representa um grande desafio diagnóstico nos pacientes transplantados pois pobres sintomas clínicos podem mascarar infecções abdominais devastadoras devido à apresentação atípica e a presença das complicações relacionadas ao enxerto se manifestarem com sintomas similares. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem prevenir complicações e alterar o desfecho. TL 335 DOSAGEM SÉRICA DE INTERLEUCINA-6 EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM HEPATOPATIA CRÔNICA: UMA ABORDAGEM NUTRICIONAL Daniele Santetti, Cristina Toscani Leal Dornelles, Carlos Oscar Kieling, Jorge Luiz dos Santos, Fernanda Urruth Fontella, Isabel Cristina Ribas Werlang, Sanda Maria Gonçalves Vieira, Helena Ayako Sueno Goldani Universidade Federal do Rio Grande do Sul Introdução: A patogênese da desnutrição na doença hepática crônica é multifatorial, tem como possível etiologia a combinação de condições como a redução do consumo calórico decorrente de anorexia e de restrições dietéticas, quando em vigência de colestase, a má absorção intestinal, as anormalidades no metabolismo de macronutrientes e o aumento de citocinas pró-inflamatórias, resultando em um estado hipermetabólico causador da piora nutricional. A intervenção precoce na nutrição de crianças e adolescentes com hepatopatia crônica tem se mostrado fundamental no manejo destes pacientes. Objetivo: Avaliar o perfil antropométrico de crianças e adolescentes com hepatopatia crônica, relacionando-o com o perfil inflamatório, mensurado pela dosagem sérica de interleucina-6 (IL-6). Material e Métodos: Estudo transversal envolvendo 43 crianças e adolescentes com diagnóstico clínico de hepatopatia crônica regularmente atendidos em ambulatório da especialidade. A gravidade da hepatopatia foi avaliada através da classificação de Child-Pugh e dos escores PELD e MELD. Os parâmetros antropométricos foram estatura/idade, índice de massa corporal/idade e dobra cutânea tricipital/idade de acordo com os padrões WHO. Os pontos de corte para classificação do estado nutricional adotados foram de risco para baixo peso (escore-z < -1,00) e desnutrição (escore-z < -2,00). A dosagem sérica de IL-6 foi determinada pelo método ELISA. Resultados: A mediana de idade da amostra foi de 60 meses (17-116), a atresia biliar correspondeu a 72% da amostra. Cinquenta e sete por cento dos pacientes cirróticos pertenciam à classificação ChildPugh A, 34,2% B e 8,6% C, sendo esta a apresentação mais grave. Escores PELD e MELD superiores a 15 foram encontrados em 14,3%. Foi detectado risco para baixo peso em 23,3% da amostra e 11,6% eram desnutridos, totalizando 34,9% de risco nutricional. A IL-6 apresentou valores aumentados naqueles pacientes em risco nutricional (P<0,05), correlacionando-se com o escore-z da dobra cutânea tricipital para a idade (rs= -0,61; P<0,001). Foi encontrada associação entre a IL-6 e a gravidade da doença hepática avaliada a partir da classificação de Child-Pugh (P<0,001). Conclusão: Achados indicam que a atividade inflamatória se faz presente na evolução da doença hepática crônica. Do ponto de vista nutricional, parece existir associação entre o aumento de IL-6 sérica e a presença de risco nutricional em crianças e adolescentes com hepatopatia crônica. Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TL 336 METÁSTASE HEPÁTICA DE TUMOR CARCINÓIDE: DESAFIO DO DIAGNÓSTICO DO SÍTIO PRIMÁRIO Gabriela Nielsen, Camila Barreto, Flavia Appel, Flavia Fernandes, Daniela Martins, Zulane Veiga, Gustavo Pereira, João Luiz Pereira Hospital Federal de Bonsucesso Introdução: Tumor Carcinóide é um tipo de tumor neuroendócrino, podendo ocorrer em diferentes órgãos. No trato gastrointestinal, ocorre principalmente no apêndice e íleo, sendo este último o que mais ocasiona metástases. A síndrome carcinoide é rara e ocorre em menos de 10% dos pacientes com este tipo de neoplasia. Objetivo: Relatar dois casos apresentando esta síndrome, dando enfoque na dificuldade de localização do sitio primário para futuro tratamento curativo. Caso 1: Feminina, negra, 54 anos, apresentando perda ponderal, aumento de volume abdominal, diarreia não invasiva, associado a flush facial e episódios de sudorese com taquicardia. Sem comorbidades. Ao exame físico: Bom estado geral, porém emagrecida. Ausculta pulmonar apresentando sibilos bilaterais e abdome globoso. Hepatomegalia dolorosa a palpação, com nodulações. Exames laboratoriais com discreto aumento das transaminases, além de elevação da Fosfatase alcalina e Gama-GT (467 e 641, respectivamente). Caso 2: Feminina, negra, apresentando diarreia intensa, não invasiva, flush facial e perda ponderal. Ao exame físico: Bom estado geral, flush facial e desidratada +/4+. Abdome apresentando hepatomegalia com nodulações. Exames laboratoriais com alterações na série vermelha( anemia normocítica;normocrômica) e hipocalemia. Resultados: Realizadas em ambas pacientes tomografia de tórax, abdome e pelve, colonoscopia e endoscopia digestiva alta, Mamografia, ultrassonografia de tireóide. Tomografia abdominal de ambas apresentou resultado semelhante, com hepatomegalia importante, fígado heterogêneo, lobulado, nódulos de tamanhos variados, com captação irregular de contraste, sendo o maior medindo 10 cm. Os outros exames citados foram normais, sem detecção do sítio primário. Ácido hidroxiindolacético positivo em ambas. Biópsias hepáticas confirmaram o diagnóstico, com imuno-histoquímica revelando cromogranina. A paciente do caso 1 faleceu após dois meses do diagnóstico e a outra está em acompanhamento oncológico apenas em uso de análogo da somatostatina, como tratamento paliativo. Conclusão: Muitas vezes opta-se pelo uso de análogos da somatostatina antes mesmo da detecção do sítio primário, que nestes casos foram intensamente investigados, porém sem êxito. Estes vêm oferecer melhorias na qualidade de vida. O tratamento curativo, entre eles o transplante hepático, só é viável após detecção do foco primário. TL 337 CALAZAR NA 26a SEMANA DE TRATAMENTO DE HEPATITE CRÔNICA PELO VÍRUS C: DILEMA DIAGNÓSTICO E ABORDAGEM TERAPÊUTICA José Milton de Castro Lima, Samara Jacinto de Lima, André Ventura da Nóbrega, Suerda Guiomar Fernandes, Marcelo de Castro Lima, Eveline Santana Girão, Éder Janes Cavalcante Guerra, Jefferson Alexandre Silveira Universidade Federal do Ceará Introdução: Interferon peguilado e Ribavirina era o tratamento da hepatite crônica pelo vírus C (HVC), G1, até o surgimento dos inibidores de proteases, com RVS entre 45 a 50%. O risco de infecção é um dos diversos efeitos adversos desta terapêutica. Objetivo: Descrever o caso de um paciente que desenvolveu calazar na 26a semana de tratamento da HVC, discutir as dificuldades diagnósticas e a terapêutica utilizada. Material e método: Relato de caso: Sr. 52 anos, natural e procedente de Fortaleza, técnico de mecânica, iniciou tratamento para HVC em 09/2009, obteve a RVP (RNA HVC negativo). No 4o mês apresentou febre intermitente, anorexia, inicialmente 131 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia considerados efeitos adversos das medicações. Urinocultura, Rx de tórax nls e HIV (-). Manteve-se Pegintron + Ribavirina, associando-se filgastrima e eritropoietina (pancitopenia). No 5o mês evoluiu com esplenomegalia, que progrediu até cerca de 13 cm abaixo do RCE além de febre diária e perda de 16 kg. Optou-se por internação, suspender esquema na 26a semana e investigar. Hemoculturas e urinoculturas negativas, ECO transesofágico nl, HIV, HBsAg, antiHBc IgM, anti-HAV IgM e pesquisa de K39 negativos. US abdominal sem ascite ou abscesso, baço 22 cm. Mielograma: setor megacariocítico levemente hipocelular, leve dismegacariopoiese, blastos 0% e presença de Leishmanias. Iniciou-se Anfotericina B 50 mg/dia - 21 dias. Após 3 dias a febre cedeu, redução progressiva do baço, no D10 não se palpava o baço. Optou-se por não reintroduzir tratamento para HVC. Houve positivação do RNA HVC. Após 18 meses da suspensão do PegIntron + Ribavirina optou-se por reintroduzir o esquema em 11/2011 associado à anfotericina B 50 mg IV a cada 15 dias. Apresentou RVP, RFVT e RVS, sem reativação do calazar. Discussão: Resposta imunológica mediada por células T e a ativação de macrófagos desempenham papel importante durante a infecção primária ou a reativação da infecção latente pela leishmaniose. Acredita-se que o polietilenoglicol induz a redução da atividade fagocítica podendo aumentar o risco de infecção ou reativação de parasitas intracelulares ou, alternativamente, que a diminuição das células T help seja responsável pelo desenvolvimento da doença naqueles pacientes em uso de INF. Calazar deve ser pensado e investigado em pacientes em uso de INF que evoluam com quadro clínico de febre prolongada, perda de peso, pancitopenia, e esplenomegalia em zona endêmica de calazar, uma vez que se não tratado a mortalidade é elevada. TL 338 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS HEPATITES VIRAIS NO MARANHÃO E IMPACTO NA SAÚDE PÚBLICA Vicktor Bruno Pereira Pinto, Lívia Gonçalves Neves, Walter Hugo Brandão Nascimento, Almir José Guimarães Gouveia, Marcos Antonio Custódio Neto da Silva, Anna Christianny Brandão Nascimento, Thaise Nunes de Sousa, Geusa Felipa de Barros Bezerra, Walbert Edson Muniz Filho, Flávia Castello Branco Vidal, Dulcelena Ferreira Silva, Maria do Desterro Soares Brandão Nascimento Universidade Federal do Maranhão Introdução: As hepatites virais (HV) são um grave problema de saúde pública. Segundo estimativas, bilhões de pessoas já tiveram contado com os vírus e milhões são portadores crônicos. No Brasil, relatos das HV são raros antes do século XIX. No Maranhão (MA), a assistência ao portador de HV está restrita a serviços de nível terciário, com recentes avanços para a atenção básica. Objetivos: Revisar aspectos históricos das HV no MA, relacionando-os com dados do Brasil e do mundo. Material e Métodos: Realizou-se revisão das pesquisas de monografias de conclusão do curso de Medicina da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) no período de 1988 a 2013, além de dados atualizados do Ministério da Saúde e bases de dados Pubmed e Bireme, tendo como unitermos: hepatites virais, epidemiologia, fatores de risco, prevalência e transmissão. Resultados: Estudos de prevalência das HV no MA, realizados em 1998, mostram que, dos 139 pacientes, 89 eram homens e 50 mulheres, tendo como faixa etária predominante de 41 a 50 anos. Em 1999, um trabalho com 62.317 doadores de sangue em São Luís mostrou que 16,07% apresentavam positividade para algum marcador viral, com predomínio do anti-HBc (14,54%). Em 2001, verificou-se que, embora o rastreamento de grávidas e vacinação de neonatos de mães positivas sejam eficazes no controle da transmissão perinatal de hepatite B, não erradicam a doença. Em 2002, detectaram-se nos pacientes positivos para HVC as seguintes sorologias positivas: anti-HIV, Chagas, anti-Hbc, HbsAg e outras. O primeiro estudo sobre o tratamento da hepatite C crônica foi realizado em 2002, com 83 pacientes: destes, 12 eram tratados com monoterapia com ribavirina 132 e apenas 2 se curaram. Segundo estudos de 2011 sobre a genotipagem do HBV, o subgenótipo A1 é exclusivo de afrodescendentes do MA. Com relação ao HVC, verificou-se predomínio do genótipo 1, independente do possível risco de infecção. Foram encontrados três genótipos de HBV no Brasil: A, D e F - e seus respectivos subgenótipos - A1, D2, D3, D4 e F2a, bem como coinfecção por HBV e HDV, descrevendo pela primeira vez no Brasil o genótipo HDV-8. Conclusão:No MA, pesquisas preliminares sobre HV demonstram preocupação com a prevalência das hepatites B e C, bem como tratamento da hepatite crônica. Pesquisas mais recentes, demonstraram evidências de subgenótipos específicos de comunidades afrodescendentes do estado. TL 339 HEPATITE AGUDA COLESTÁTICA COM ANTI-MITOCÔNDRIA REAGENTE COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO DE SÍFILIS SECUNDÁRIA Marcelo de Castro Lima, José Milton de Castro Lima, Maria Teresa Gonçalves de Medeiros, Ticiana Mota Esmeraldo, Jorge Luiz Nobre Rodrigues, Éder Janes Cavalcante Guerra Universidade Federal do Ceará Introdução - Sífilis é uma doença infecciosa crônica causada pelo Treponema pallidum, com transmissão por via sexual, sanguínea e vertical (congênita). Em sua forma secundária atinge diversos órgãos, dentre os quais o fígado. Objetivo: relatar o caso de uma paciente imunocompetente que apresentou um quadro de hepatite aguda cursando de forma colestática, e lesões cutâneas, que foram atribuídas inicialmente a colestase. Material e método: Relato de caso: Sra. de 55 anos, casada, natural e procedente de Fortaleza, do lar, procurou atendimento com quadro de adinamia, anorexia há 4 semanas e nos últimos 15 dias antes do atendimento lesões pruriginosas planas pelo corpo, com intensificação do prurido mais a noite. Negava febre, icterícia, mialgia, coluria, ou acolia fecal. Nega tabagismo, alcoolismo, transfusão sanguínea. Negava relacionamento extraconjugal. Havia feito uso de glutamina, óleo linoleico, pholia negra - tendo suspendido há pelo menos 1 mês antes do início dos sintomas. Na investigação apresentava: AST:805 (40), ALT:1.430 (40), γGT:304 (47), FA:260 (100). INR, proteínas totais e frações, hemograma, bilirrubinas normais. Anti-HAV IgM, HBsAg, anti-HBc IgM, anti-HCV, CMV, Herpes, Epstein-Barr, Dengue, Parcovírus e HIV negativos. Ceruloplasmina e dosagem de α1 antitripsina normais. FAN, anti-músculo liso, anti-LKM1 negativos; dosagem de Ferritina: 1.539; IST: 58%. Dosagem de anti-mitocôndria 1:40. Com todos marcadores negativos ficou possibilidade de hepatite tóxica, cirrose biliar primária ou síndrome de superposição hepatite autoimune/cirrose biliar primária. Após 15 dias, retornou com VDRL:1:128, TPHA (Treponema pallidum hemagglutination). Optamos por administrar penicilina benzatina 1.200.000 U - uma ampola IM, repetindo após 15 dias. Houve redução das aminotransferases: AST: 457, ALT: 605, e FA: 113 e γGT: 81, após 3 semanas da segunda dose da penicilina benzatina. Após 105 dias normalizou AST, ALT, FA, γgt, VDRL 1:8, HIV continuou negativo, anti-mitocôndria negativou e nova determinação FAN, anti-SM e antiLKM1 negativos. Discussão: paciente imunocompetetente, sem relacionamento extraconjugal apresentou quadro de hepatite aguda colestática como manifestação de sífilis secundária, com regressão clínica e laboratorial após tratamento com penicilina benzatina. Pode ocorrer reação cruzada com anti-mitocôndria e que quando trata a sífilis tende a negativar este exame, como ocorreu neste caso. O esposo não aceitou realizar VDRL. Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters TL 340 LESÃO HEPÁTICA INDUZIDA POR DROGAS EM PACIENTE COM POLIMEDICAÇÃO: COMO DEFINIR A SUBSTÂNCIA AGRESSORA? - RELATO DE CASO Perla Oliveira Schulz, Kelly Cristina dos Santos, Thatja Silveira Cajubá Britto, Nathalia Borio Pedrão, Paulo Eugênio de Araújo Brant, Roberto Gomes da Silva Junior, Andrea Vieira Irmandade Santa Casa de São Paulo Introdução: Por ser a principal sede de metabolização das substâncias exógenas, o fígado torna-se exposto à ação tóxica desses compostos químicos ou de seus subprodutos. Diversos psicotrópicos podem induzir à hepatotoxicidade, promovendo diferentes tipos de lesão histológica. A comum associação destas substâncias pode potencializar o efeito nocivo ao fígado, agravando quadros de lesões hepáticas induzidas por drogas (LHID). Objetivo: Discutir o risco elevado de LHID em indivíduos com polimedicações. Método: Relato de caso. Caso clínico: , 22 anos, diagnóstico recente de esquizofrenia, há 3 meses usando biperideno 2 mg/dia e risperidona 4 mg/dia. Iniciou, há 20 dias, icterícia, acolia, colúria, náuseas, vômitos e prurido. Negava uso de drogas ou etilismo. Exames com hiperbilirrubinemia direta, elevação de enzimas canaliculares, função hepática preservada. Apresentou piora clínico-laboratorial após troca de medicações para haloperidol. Investigação excluiu causas obstrutivas, inflamatórias, infecciosas e metabólicas. Biópsia hepática evidenciou hepatite aguda e colestase intra-hepática, compatível com hepatite medicamentosa, provavelmente por risperidona, e agravada por haloperidol. Após a suspensão de todos os fármacos, evoluiu com melhora clínica e laboratorial completa. Discussão: As LHID representam grande desafio para o raciocínio clínico, pois existem aspectos que dificultam a sua abordagem como: variedade de substâncias disponíveis, automedicação, fármaco-vigilância deficiente, multimedicação, existência de hepatopatia prévia, suscetibilidade individual, ausência de critérios diagnósticos e de marcadores específicos. Ainda, as escalas de causalidade limitam-se à avaliação da relação temporal entre a exposição à droga e a doença hepática e à exclusão de outras causas, e a biópsia hepática não permite o diagnóstico etiológico definitivo, embora haja lesões histológicas mais características de determinadas substâncias. A risperidona pode causar colestase com hepatite aguda, enquanto o haloperidol pode gerar síndrome ductopênica. Conclusão: Psicotrópicos são importante classe de drogas potencialmente hepatotóxicas, pela frequência de sua prescrição, comumente em indivíduos com multimedicações, e pelo seu metabolismo hepático. Portanto, ao usar continuamente estas drogas, deve-se monitorizar as enzimas hepáticas. TL 341 TUBERCULOSE HEPÁTICA COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO NODULAR FOCAL HEPÁTICA: DILEMA DIAGNÓSTICO José Milton de Castro Lima, Olga Vale Oliveira Machado, Francisco Fernando Pimenta Lima, Marcelo de Castro Lima, Maria Teresa Gonçalves de Medeiros Universidade Federal do Ceará Introdução - Tuberculose é uma doença infectocontagiosa causada pelo M. tuberculosis, podendo manifestar-se nas formas pulmonar e, ou extrapulmonar. Os sítios extrapulmonares incluem: pleura, gânglios, trato geniturinário, ósteo-articular, sistema nervoso central, trato gastrointestinal. Manifestações clínicas bastante variável. Na TB miliar o envolvimento hepático ocorre em até 75% dos casos. Objetivo descrever um caso de TB com envolvimento nodular no fígado cujo diagnóstico diferencial era neoplasia. Relato de caso - Sr. 40 anos, bancário, procurou atendimento por apresentar há 3 semanas indisposição, dificuldade em manter atividades diárias e febre esporádica (37,5 a 38,3oC). Relatou anorexia sem perda ponderal. Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 Negava dor abdominal, icterícia, alteração de hábito intestinal ou urinário, tosse ou dor pleurítica. Aventou-se hipótese de TB pulmonar, mas não houve confirmação radiológica, nem havia história pessoal ou familiar de TB. Relato de transfusão sanguínea há 20 anos, não fuma, bebe 6 unidades de álcool por semana. Nega doença hepática na família. Exames realizados em 30.3.12 - Htc 37%, Hb 12,4 g/dl, Leucócitos 8.190/mm3, diferencial nl, Plaquetas 470.000/mm3 AST 23, ALT 16, Proteínas totais 7,6 g/dl, Albumina 4,3 INR 1,04, gama GT 51 (<78), CA 19.9: 4,8; CEA: 0.8; AFP 4,17. Sorologias: Anti-HVA IgG (+); Anti-HBs 129; HBsAg, Anti-HBc IgG, Anti-HCV, VDRL, HIV negativos. Raio X de Tórax normal; US - nódulos hepáticos e litíase biliar; TC de abdome nódulos hipocaptantes segmento VII de 1,7 cm com calcificação central, no segmento II de 1,3 cm e no segmento VI duas calcificações, além de litíase biliar, algumas calcificações punctiforme também no baço. Linfonodos 1,1 cm porta-cava; RM confirmou nódulos e não acrescentou novos dados; EGD e Colonoscopia normais. Realizado colecistectomia e biópsias das lesões nodulares, que evidenciou processo inflamatório crônico granulomatoso caseoso sugestivo de TB. Fora prescrito esquema RIPE (2 meses - RIPE, 4 meses - R e I) com melhora clínica e imaginológica (regressão total dos nódulos, persistindo calcificação). Discussão - O envolvimento hepático na TB pode ser classificado em miliar (hepatite granulomatosa, hepatobiliar) por disseminação hematogênica que é a forma mais comum ou na forma de envolvimento focal, com formação de nódulos, por disseminação portal como apresentado neste caso, que respondeu ao esquema RIPE, no diagnóstico diferencial pensou-se neoplasia primária ou metástase hepática. TL 342 DOENÇA HEPÁTICA VENOOCLUSIVA ASSOCIADA A USO DE FULVESTRANTO: RELATO DE CASO Marília Ávila Acioly, Marília Ávila Acioly, Lucas Santana Nova da Costa, Maria Auzier Freitas, José Eduardo Trevizoli, Alessandro Igor C. Leal, Liliana Sampaio Costa Mendes Hospital de Base do Distrito Federal Introdução: A doença venooclusiva constitui uma desordem circulatória que afeta primariamente o sinusóide hepático. É caracterizada clinicamente por quadro de hepatomegalia, dor abdominal, ascite e icterícia, ocorrendo mais frequentemente em pacientes submetidos a transplante de medula óssea e, menos comumente, após uso de quimioterápicos em pacientes não transplantados, ingestão de toxinas alcaloides, altas doses de radioterapia ou transplante hepático. Objetivos: Relatar o caso de paciente de 64 anos, sexo feminino, que desenvolveu doença hepática venooclusiva durante tratamento de câncer de mama com Fulvestranto. Material e Métodos: As informações foram obtidas durante seguimento clínico, revisão de prontuário, registro de métodos diagnósticos e revisão de literatura. Resultados: Paciente com diagnóstico de carcinoma lobular de mama direita em 2009, tendo sido submetida a tratamento cirúrgico e bloqueio hormonal com Anastrozol por 18 meses. Em junho de 2011, durante mastectomia profilática contralateral, foi diagnosticada recidiva de doença, quando foi indicado Tamoxifeno por 17 meses. Em 2012, por ocasião de evidência de doença óssea, iniciado tratamento com Fulvestranto. Na quinta dose da medicação, paciente evoluiu com ascite tensa, dor abdominal e icterícia. Exames laboratoriais compatíveis com falência hepática aguda e análise do líquido ascítico comprovando hipertensão portal. Realizada RNM de abdome com achado de fígado com padrão micronodular heterogeneamente difuso, sem captação de contraste. USG doppler de veia porta observou inversão do fluxo. Os achados clínicos, laboratoriais e de imagem, permitiram o diagnóstico de doença venooclusiva. A paciente apresentou disfunções renal e hepática progressivas e evoluiu para óbito, mesmo após tentativa de terapia fibrinolítica. Conclusão: Muitas drogas já foram descritas como associadas ao desenvolvimento de doença venooclusiva, entretanto não havia relatos prévios da associação 133 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia com Fulvestranto, uma droga da classe dos inibidores do estrogênio, utilizada no tratamento do câncer de mama, cujo metabolismo é predominantemente hepático. As doenças vasculares do fígado compreendem um grupo heterogêneo de desordens hepáticas raras, por essa razão, ainda pouco compreendidas. Fatores que possam estar relacionados ao desenvolvimento dessa entidade clínica são úteis para o maior esclarecimento quanto à patogênese e para prevenção de novos casos. TL 343 CINÉTICA VIRAL EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA TRATADOS COM BOCEPREVIR: UMA EXPERIÊNCIA CLÍNICA Giovanni Faria Silva, Hamilton Bonilha, Fabio da Silva Yamashiro, Cássio Vieira de Oliveira, Flávia Chiacchio, Aline Aki Tanikawa, Rejane Maria Tommasini Grotto, Maria Inês de Moura Campos Pardini Faculdade de Medicina de Botucatu Introdução: A terapia tríplice com inibidores de protease de primeira geração aumentou a taxa de resposta virológica sustentada (RVS) em 1,7 vezes em pacientes genótipo 1 naïve e, em até 3 vezes em experimentados. Entretanto, quando pacientes F4 e respondedores nulos (RN) prévios foram analisados a taxa de RVS com telaprevir (TVR) foi de 14%, comparado com 10% do grupo controle com peginterferon (PegIfn) e ribavirina (RBV). Estudos prévios de cinética viral mostraram queda da carga viral (CV) quando doses de indução são realizadas e, atualmente, a terapia tripla com boceprevir (BOC) mostra resultados melhores de RVS quando se tem queda maior que 1 log no lead in. Objetivos: Analisar resultados interinos da CV em pacientes F4 RN submetidos à terapia de indução prévia ao tratamento triplo com BOC. Material e Métodos: Análise retrospectiva; inclusão: F4, RN prévios, gt1, submetidos à terapia de indução com peginterferon alfa 2b 1,5 mcg/kg peso 2 vezes por semana e RBV (12 a 15 mg/kg/dia) no lead in, a seguir mesma dose PegInf 2b 1x por semana, RBV e BOC (4 cp 3 x/dia). Exclusão: coinfecção, naïve, fibrose moderada a discreta. Análise de resposta virológica nas semanas 4, 8 e 12 em intenção de tratamento. Resultados: Dos 16 pacientes avaliados, 14 (87,5%) eram do sexo masculino, média de idade de 45,2 anos (ó =10,3), 56% gt 1a e média de plaquetas/mm 3 de 160.000 (ó=76.262). Quinze pacientes foram analisados até TW12. A média do nível de RNA viral (log) na TW0 foi de 6,33 (ó=0,52), 5,2 (ó =0,66) na TW4, 2,68 (ó =1,13) na TW8 e 2,81 na TW12 (ó=1,72). A análise da semana 4 mostrou queda de 1,15 na média da CV. Na semana 8, 25% dos pacientes apresentaram CV indetectável e a queda da média da CV foi de 3,65. Resultados da semana 12 mostraram 7/15 (47%) com RNA indetectável, destes quatro pacientes apresentaram RNA indetectável já na semana 8 (sem escape). Conclusão: A terapia de indução no lead in mostrou bons resultados de CV na semana 12 para os pacientes de difícil resposta (F4 e RN), sendo promissora a RVS nestes pacientes. TL 344 HEPATITE CRÔNICA PELO VÍRUS B ASSOCIADO COM SÍNDROME DE POEMS: DIFICULDADE DIAGNÓSTICA José Milton de Castro Lima, André Ventura da Nóbrega, Samara Jacinto de Lima, Suyanne Maria de Albuquerque Xerez Martins, Francisco George Magalhães de Oliveira, Rosangela de Albuquerque Ribeiro R. Holanda, Marcelo de Castro Lima, Maria Teresa Gonçalves de Medeiros, Manoel Joaquim Diogenes Teixeira, Suerda Guiomar Fernandes Universidade Federal do Ceará Introdução: A síndrome de POEMS é um distúrbio multisistêmico associado com discrasias de plasmócitos. Trata-se de uma síndrome rara, a maioria dos casos ocorre entre a 4a e 5a década de vida. 134 Caracteriza por Polineuropatia, Organomegalia, Endocrinopatia, gamapatia Monoclonal e lesões cutâneas (Skin). A patogênese permanece obscura. A síndrome de POEMS, embora rara, deve ser incluída no diagnóstico diferencial de polineuropatias, lesões osteoescleróticas, discrasias de plasmócitos, neoplasias, doenças do tecido conjuntivo, infecções e vasculites. Objetivo: descrever uma associação entre a síndrome de POEMS e Hepatite B, ressaltando também as dificuldades no diagnóstico e o tratamento. Material e método: Relato de caso, Sr. 47 anos, caminhoneiro, ao doar sangue detectou HBsAg (+), avaliado em Mossoró e a seguir no HUWC-UFC, na investigação relatou perda ponderal de 17 kg nos últimos 18 meses, associada a inapetência, astenia e lombalgia, já apresentava uma lesão na coluna a RM, sendo tratado na época com sintomáticos. Paciente passou apresentar perda de força de membro superior direito, espessamento da pele, e hepatoesplenomegalia. Foi avaliado pelo setor de ortopedia, hematologia, clínica médica, com hipótese de sd. paraneoplásica, hanseníase, mas a pesquisa de globias foi negativa, a EGD e colonoscopia normais, US de abdome: linfonodomegalia paraórtico e hepatoesplenomegalia. Cintilografia óssea sem evidência de lesões osteoblásticas. Pesquisa de BAAR em 3 amostras de escarro negativas. Htc, Hg, leucócitos e plaquetas, AST, ALT e INR normais, eletroforese de proteína pico monoclonal discreto de gama (0,14g/dl) com presença de paraproteina M IgA/Lambda na imunofixação. Sorologia negativa para sífilis, HCV e HIV. Eletroneuromiografia - neuropatia sensitivo-motora, axono-mielínica envolvendo ambos os MMSS. RM da coluna evidenciou lesão insuflante acometendo o corpo vertebral de L2. Biópsia óssea mostrou proliferação de células plasmocitóides compatível com plasmocitoma. Em suma, o paciente apresentava uma infecção crônica pelo vírus da Hepatite B, associado a polineuropatia, esplenomegalia, adenopatias, pico monoclonal de IgA e lambda, alterações de pele e lesão osteoescleróticas. Conclusão: firmou-se o diagnóstico de síndrome de POEMS. Paciente, no momento, se encontra em acompanhamento na hematologia, aguardando programação para a quimioterapia, e como apresentava carga viral B de 21.000 UI/ml e submeter-se-á a quiomioterapia iniciamos entecavir 0,5 mg. TL 345 CIRROSE POR HCV GENÓTIPO 1A, TRATADA COM 7 SEMANAS DE INTERFERON PEGUILADO/RIBAVIRINA, TRANSPLANTADA POR HEPATOCARCINOMA, EM RVS Matheus Magela dos Reis, Patrícia Naves de Resende, Gustavo de Almeida, Geisa Perez Medina Gomide, Rodrigo Juliano Molina, Sônia Cançado de Oliveira Cabral Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro Introdução: A hepatopatia crônica causada pelo vírus da hepatite C (HCV) é a indicação mais comum de transplante hepático no mundo. A recorrência da hepatite C após o transplante hepático é elevada e em grande parte dos pacientes pode evoluir com cirrose e perda do enxerto de forma acelerada. Objetivo: Relatar caso de portadora de cirrose por hepatite C genótipo 1a, tratada durante sete semanas com Interferon Peguilado α2a (Pegasys®) e Ribavirina (Riba), em Resposta Viral Sustentada (RVS), mesmo após transplante hepático por hepatocarcinoma. Materiais e métodos: Revisão de prontuário disponível no arquivo hospitalar e por pesquisa na base de dados do PubMed com palavras chaves "Hepatite C" e "transplante hepático". Relato de caso: Z.A.A, nascida em 05/10/1947, solteira, auxiliar de laboratório, natural de Santa Juliana e procedente de Uberaba. Encaminhada ao nosso serviço em 1994 para acompanhamento de hepatite C diagnosticada em 1991. Iniciou tratamento em facultativo, porém apresentou leucopenia e o tratamento foi suspenso após 2ª dose de Interferon Convencional. Biópsia hepática em 1996 mostrava Classificação de Ishak: Atividade Histológica 5 e Estadiamento 1. A paciente manteve seguimento em facultativo de 1997 a 2006, quando retornou ao serviço com biópsia de 2005 que mostrava Hepatopatia Crônica com Regeneração Nodular. Genótipo 1a, RNA-HCV Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters quantitativo 3.279 UI/mL, Plaquetas 71.000. Apresentava vitiligo e hipotireoidismo em tratamento. Em 2006 iniciados Pegasys® e Riba. 4ª semana: Plaquetas 32.000 e RNA-HCV qualitativo indetectável. 6ª semana: Plaquetas 27.000. 7ª semana: Plaquetas 10.000. Tratamento interrompido. Em 2008, diagnosticado hepatocarcinoma, sendo submetida a transplante hepático ortotópico em setembro do mesmo ano, em facultativo. Resultado: Mantém RNA-HCV indetectável desde então, em uso de Puran T4 e Tacrolimus. Conclusão: A recidiva de hepatite C no período pós operatório do transplante hepático ocorre em cerca de 64% dos pacientes no primeiro ano. Entretanto, o caso relatado demonstra Resposta Viral Sustentada após transplante hepático e imunossupressão, mesmo com tratamento interrompido na 7ª semana de esquema terapêutico. TL 346 AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA DA LESÃO HEPÁTICA INDUZIDA PELO USO CRÔNICO DE METOTREXATO Daniel Barusco Duran, João Marcello de Araujo Neto, Lívia Menezes Elias, Juliane Gomes Leal Pereira, Gabriellen Vitiello, Leonardo Alves Araújo, Luana Fleming, Maria Chiara Chindamo Universidade Federal do Rio de Janeiro Introdução: O metotrexato é um medicamento bastante utilizado no tratamento da artrite reumatoide e psoríase. Nas décadas de 80 e 90, foram relatadas elevadas taxas de hepatoxicidade relacionadas ao uso deste fármaco. No entanto, novas evidências sugerem que o dano ao fígado pode ser dependente da presença concomitante de fatores de risco metabólicos ou uso de álcool. Além disso, a doença de base que levou ao uso do metotrexato também parece ter influência na intensidade de deposição da fibrose. Objetivos: Avaliar as alterações histopatológicas induzidas pelo metotrexato de acordo com a dose individual acumulada em pacientes acompanhados no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (HUCFF/UFRJ). Materiais e métodos: Foi realizado um estudo observacional retrospectivo no HUCFF/UFRJ por meio da revisão sistemática dos prontuários de pacientes em uso de metotrexato e que foram submetidos à biópsia hepática percutânea guiada por ultrassonografia para avaliação de toxicidade induzida pela droga no período de janeiro de 2009 a julho de 2013. As variáveis clínicas analisadas foram gênero e idade. A análise histopatológica foi realizada de acordo com a classificação de Roenigk em estágios I, II, III e IV. Foi realizado o cálculo da dose total acumulada de metotrexato até a data da biópsia hepática, descrito em gramas. Resultados: Foram avaliados 27 indivíduos sendo 19 (70%) do gênero masculino. Quanto à doença de base, 24 (89%) pacientes apresentavam psoríase, 2 (7%) apresentavam artrite reumatoide e 1 (4%) apresentava pênfigo vulgar. A média de idade da amostra foi de 58 ± 9 anos. Em relação à toxicidade hepática avaliada pela biópsia hepática, 21 (78%) pacientes apresentaram classificação histopatológica em estágio I, 4 (15%) apresentaram lesão estágio II, 2 (7%) pacientes apresentaram lesão estágio III. Nenhum paciente apresentou cirrose. A média de dose acumulada nos pacientes com lesão hepática estágio I foi 3,4 ± 1,7 g, nos pacientes com lesão grau II foi 3,5 ± 1,1 g e naqueles com grau III foi de 2,0 ± 0,1g (p=0,47). Não houve diferença no grau de toxicidade hepática com relação ao sexo (p=0,44) ou tipo de doença de base em tratamento com metotrexato (p=0,66). Conclusão: A maioria dos pacientes em uso crônico de metotrexato não desenvolve toxicidade hepática significativa. Neste estudo, não houve influência da dose acumulada de metotrexato na toxicidade hepática, sugerindo que a presença de outros fatores de risco contribua para a indução da lesão hepática. TL 347 DETECÇÃO DE INFLAMAÇÃO E FIBROSE HEPÁTICAS EM PACIENTES DIABÉTICOS TIPO 2: DIFUSÃO POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA COMPARADA À BIÓPSIA HEPÁTICA Daniella Braz Parente, Jaime A. Oliveira Neto, Lilian M. Silva, Fernando F. Paiva, Fátima A. F. Figueiredo, Valeria Lanzoni, Carlos Frederico F. Campos, Marilia B. Gomes, Pedro Emmanuel A. A. Brasil, Antonio EirasAraujo, Rosana S. Rodrigues, Renata M. Perez 1. IDOR (Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino), 2. UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), 3. UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Introdução: Atualmente só é possível diferenciar as diversas formas de apresentação da DHGNA (esteatose, esteato-hepatite e/ou fibrose) por biópsia, que é um método invasivo, com risco de complicações, sujeito a erro de amostragem, com variabilidade inter e intraobservador. Devido às limitações da biópsia hepática e à necessidade de estadiamento da DHGNA, métodos não invasivos de avaliação da gravidade da DHGNA tem sido avaliados. Objetivo: Avaliar a contribuição da sequência difusão trigada com a respiração com a técnica IVIM (intravoxel incoherent motion) para diagnosticar inflamação e fibrose hepática em pacientes diabéticos utilizando a biópsia hepática como padrão ouro. Materiais e Métodos: Trinta e oito pacientes com diabetes tipo 2 foram incluídos neste estudo prospectivo. Todos os pacientes foram submetidos à biópsia hepática e RM de abdome. O estudo foi realizado em um aparelho de 3,0T. Foi realizada sequência ponderada em difusão trigada com a respiração utilizando-se 10 valores de b (0, 10, 20, 40, 80, 160, 200, 400, 800 e 1000 s/mm2). Utilizando-se um fitting biexponencial, foram calculados os componentes de difusão propriamente dita (D), o componente de perfusão (D*) e a fração de volume vascular (f). D, D* e f foram comparados nos grupos com e sem esteato-hepatite e também nos grupos com e sem fibrose hepática. As médias e medianas foram comparadas utilizando-se o teste t de estudante e o teste Ramksum, respectivamente. Resultados:Na análise histológica, 13 pacientes apresentavam esteato-hepatite e 15 tinham fibrose. Um valor de D médio menor foi observado no grupo com esteato-hepatite (0,9 s/mm2 (IQR 0,8-1,0 s/mm2) versus 0,8 s/mm2 (IQR 0,7-0,8 s/mm2), p<0.05). Não houve diferença significativa entre os grupos com e sem esteatohepatite em relação a D* (p=1,0) e f (p=0,12). Em relação à fibrose hepática, não houve diferença significativa entre os grupos para D (p = 0,17), D* (p = 0,30) e f (p = 0,10). Conclusão: A sequência ponderada em difusão trigada com a respiração com a técnica IVIM (intravoxel incoherent motion) em aparelho de 3,0T tem o potencial de ajudar no diagnóstico de esteato-hepatite. A redução do componente de difusão propriamente dito (D) pode potencialmente ser utilizada como marcador de esteato-hepatite na doença hepática gordurosa não-alcoólica. Esta técnica de RM não contribuiu para o diagnóstico de fibrose hepática. TL 348 ACURÁCIA DE DIFERENTES TÉCNICAS DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA PARA QUANTIFICAÇÃO DE ESTEATOSE HEPÁTICA EM PACIENTES DIABÉTICOS TIPO 2: COMPARAÇÃO COM A BIÓPSIA HEPÁTICA Daniella Braz Parente, Jaime A. Oliveira Neto, Lilian M. Silva, Fernando F. Paiva, Fátima A. F. Figueiredo, Valeria Lanzoni, Carlos Frederico F. Campos, Marilia B. Gomes, Pedro Emmanuel A. A. Brasil, Antonio EirasAraujo, Rosana S. Rodrigues, Renata M. Perez 1. IDOR (Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino), 2. UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), 3. UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Introdução: Existe uma elevada prevalência de doença hepática gordurosa não-alcoólica (DHGNA) em pacientes com diabetes mellitus Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 135 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia e, neste grupo, as comorbidades são frequentes, o que pode acarretar maior risco de complicações na biópsia hepática. Desta forma, é fundamental avaliar métodos não-invasivos que possam ser úteis para a detecção da presença e intensidade de DHGNA. Dados sobre o desempenho da ressonância magnética (RM) no diagnóstico de DHGNA em pacientes diabéticos são escassos. Objetivo: Avaliar a acurácia das sequências duplo-eco, triplo-eco, múltiplos-ecos e espectroscopia de prótons para quantificação de esteatose hepática em pacientes diabéticos utilizado a biópsia hepática como padrão ouro. Materiais e Métodos: Trinta e oito pacientes com diabetes tipo 2 foram incluídos neste estudo. Todos os pacientes realizaram biópsia hepática para investigação de doença hepática gordurosa não alcoólica e ressonância magnética de abdome. O estudo foi realizado em um aparelho de 3,0T. Foram realizadas sequências duploeco, triplo-eco, múltiplos-ecos e espectroscopia de prótons. O efeito T2* foi corrigido nas sequências triplo-eco e múltiplos-ecos. Espectroscopia de prótons de voxel único foi realizada no segmento V do fígado para mensuração dos picos de água e gordura. Uma espectroscopia multi-eco foi realizada na mesma posição para correção do efeito T2. Os achados da RM foram comparados à biópsia hepática. Coeficiente de Spearman foi utilizado para a correlação entre as medidas de fração de gordura estimadas pelas diferentes técnicas de RM e a quantificação da esteatose por biópsia hepática. Resultados: As medidas de fração de gordura estimadas pelas diferentes técnicas de RM mostraram boa correlação com a biópsia hepática (duplo-eco: rho2 = 0,856; p<0,001; triplo-eco: rho2 = 0,825; p<0,001; múltiplos-ecos: rho2 = 0,841; p<0,001; espectroscopia de prótons: rho2= 0,729; p<0,001). De acordo com as curvas ROC, todas as técnicas de RM apresentaram alta sensibilidade (0,86-0,97) e especificidade (1,0) para o diagnóstico de esteatose (AUC 0,940,98). Os pontos de corte para o diagnóstico de esteatose hepática variaram de 1,27% a 3,07%. Conclusão: Todas as técnicas de RM avaliadas apresentaram excelente correlação com a quantificação histológica de esteatose, o que sugere que a RM pode representar uma alternativa não-invasiva para a detecção e quantificação da esteatose hepática em pacientes diabéticos. Pontos de corte mais baixos devem ser considerados para o diagnóstico de doença hepática gordurosa não-alcoólica quando se utilizar a RM. TL 349 REAÇÃO URTICARIFORME EM CIRRÓTICO POR VÍRUS DA HEPATITE C, EM USO DE TERAPIA COM INIBIDOR DE PROTEASE Juliana de Oliveira Machado, Leandro Valerio Costa Batista, Karina Pina de Abreu, Cassiana Alves da Silva, Marilia da Silva Nery, Paula Bechara Poletti, Monica Salum Viana IAMSPE Introdução: As reações transfusionais podem ser classificadas em agudas (imediatas) ou tardias, de acordo com o tempo decorrido entre a transfusão e a ocorrência do incidente. Para o Sistema Nacional de Hemovigilância, reação transfusional imediata é aquela que ocorre durante a transfusão ou em até 24 horas após e, reação transfusional tardia, aquela que ocorre após 24 horas da transfusão. Dentre os diversos tipos de reações transfusionais, tem-se as reações urticariformes ou alérgicas (reações entre um alérgeno (antígeno) e um anticorpo IgE pré-formado). O quadro clínico é caracterizado por pápulas pruriginosas e/ou eritema da pele. Geralmente, apresenta boa evolução. Objetivo: Relatar a ocorrência de reação urticariforme em paciente com cirrose hepática (CH) por vírus da hepatite C (HCV), em uso de terapia com inibidor de protease (IP). Material e Métodos: M.H.R.P, 65anos, CH por HCV, genótipo 1b, já submetida a 2 tratamentos prévios, sem resposta, iniciou tratamento com Telaprevir, Ribavirina e Interferon alfa 2b. Interna para transfusão de concentrado de hemácias, devido à anemia secundária à terapia tripla - hemoglobina (Hb 6,9). Em retorno ambulatorial precoce, apresenta lesões eritematosas confluentes e pruriginosas em dorso e Hb 7,3, sendo retransfundida apresentando após 2 concentrados de hemácias, piora 136 das lesões (eritema e prurido em face, tronco e dorso), prescrito hidroxizine e hidrocortisona tópica. Na 11ª semana de tratamento, reinterna por febre e placas hiperemiadas e pruriginosas em tronco, dorso e membros, sem sinais infecciosos, sendo suspenso o IP. Mesmo após suspensão do IP, paciente apresentou piora do rash cutâneo durante transfusão de hemocomponente. Pela persistência do quadro cutâneo, supenso Ribavirina e Interferon e introduzido corticoide via oral, recebendo alta com melhora das lesões cutâneas. Mesmo sem a terapia anti HCV, após 15 dias da suspensão da mesma, foi submetida a nova transfusão e observado recidiva do rash, mais intenso, sendo reintroduzido medicações anti-alérgicas. Retorna ao ambulatório, 40 dias após, sem lesões cutâneas. Resultado: A paciente apresentou uma relação temporal entre a transfusão e a piora das manifestações cutâneas, além da piora das lesões após transfusão, mesmo após a suspensão da terapia tripla. Conclusão: O uso de hemocomponentes vem crescendo no Brasil e esta tendência será maior na era dos IP. Embora considerada uma terapia segura e efetiva, existem diversos riscos de efeitos adversos. TL 350 TRANSPLANTE DE FÍGADO PARA HEPATOCARCINOMA NA ERA MELD EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA NO BRASIL: CARACTERÍSTICAS CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICAS E RESULTADOS Rita de Cássia Martins Alves da Silva, Gustavo Marcatto, Paulo César Arroyo-Jr., William José Duca, Saulo Anzei, Helen Catarina Camarero de Felício, Patrícia da Silva Fucuta Pereira, Dalísio De Santi-Neto & Renato Ferreira da Silva FAMERP Introdução. A sobrevida após transplante (tx) hepático para candidatos com hepatocarcinoma (HCC) pode chegar a 70% em 5 anos e sua recorrência, para candidatos dentro do critério de Milão (CM), pode atingir 10%. Objetivo. Analisar características clínicas e resultados de uma coorte de transplantados com HCC. Material e Método. Estudo retrospectivo de todos os cirróticos com HCC transplantados no período de 2006-2011. Testes estatísticos: t de Student, exato de Fisher e Mann-Whitney e Kaplan-Meier. Resultados. Foram incluídos 24 pacientes. Gênero masculino 75% e média de idade 60±11 anos. Etiologia da cirrose: HCV=10 (42%), HCV+álcool=6 (25%), HBV=3 (13%), HCV+álcool+HBV=2 (8%), HBV+HDV=1 (4%), álcool=1 (4%) e NASH=1 (4%). CM antes e após o tx foi 100% e 75%, respectivamente. Downstage foi feito em 2 (8%) pacientes. Análise do explante mostrou mediana do número de nódulos = 2 (1-18) e o diâmetro total dos nódulos foi 6 cm (2,5-15). Invasão vascular foi 50%. Edmondson Steiner Graus I, II e III, respectivamente: 4%, 58% e 38%. Mediana de alfa-fetoproteína no diagnóstico e pico no seguimento: 79 ng/mL (2-1595) e 109 ng/mL (5,4-17.581). TACE pré-tx foi realizada em 46% dos pacientes (11/23). Houve recorrência de HCC em 4 (17%) pacientes, ocorrendo em 14, 15, 17 e 65 meses após o tx, com tempo mediano de 16 meses (14-65). A recorrência atingiu fígado, parede abdominal, pulmão e adrenal. A única variável preditiva de recorrência de HCC foi CM: para pacientes fora e dentro deste critério, 50% x 6%, p=0,03. Mortalidade observada foi 8/24 (33%) e ocorreu em média 11±9 meses após o tx: para 6 pacientes sem recidiva, foi 7±7 meses, e para cada um dos 2 recidivantes, foi 22 meses após o tx. A sobrevida cumulativa (Kaplan-Meier) foi 50 meses (IC 95% 22;77) para pacientes com recidiva e 59 meses (IC 95% 44;74) para os sem recidiva, p=0,71. O único fator associado ao óbito foi a soma do diâmetro dos nódulos: 7 x 4 cm para pacientes que foram a óbito ou não, p=0,01. Conclusão. Estratégia downstage não foi comumente adotada na presente coorte. Recorrencia foi semelhante à da literatura. Taxa de sobrevida foi comparável àquela de pacientes sem HCC e, além disso, não houve diferença de tempo de sobrevida entre pacientes com e sem recidiva. Variáveis preditivas de desfecho desfavorável foram critérios de Milão e diâmetro total dos nódulos no explante, que foram associados com recorrência e morte, respectivamente. Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters TL 351 RELAÇÃO ENTRE ÁREA DE GORDURA VISCERAL AVALIADA POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA E GRAVIDADE HISTOLÓGICA DA DHGNA EM PACIENTES COM DIABETES TIPO 2 Daniella Braz Parente, Jaime A. Oliveira Neto, Lilian M. Silva, Fernando F. Paiva, Fátima A. F. Figueiredo, Valeria Lanzoni, Carlos Frederico F. Campos, Marilia B. Gomes, Pedro Emmanuel A. A. Brasil, Antonio EirasAraujo, Rosana S. Rodrigues, Renata M. Perez 1. IDOR (Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino), 2. UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), 3. UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Introdução: A doença hepática gordurosa não-alcoólica (DHGNA) está associada à obesidade e parece ser principalmente relacionada à gordura visceral. Estudos avaliando a relação entre a área de gordura visceral e a parâmetros de gravidade histológica da DHGNA ainda são escassos. Objetivo: Avaliar se a área de gordura visceral determinada pela ressonância magnética (RM) está associada à intensidade da esteatose hepática, à presença de esteato-hepatite e à fibrose em pacientes diabéticos tipo 2, utilizando a biópsia hepática como padrão-ouro. Materiais e Métodos: Trinta e oito pacientes com diabetes tipo 2 foram incluídos neste estudo. Todos os pacientes foram submetidos à RM e à biópsia hepática. O estudo foi realizado em um aparelho de RM 3,0T. A área de gordura visceral foi medida ao nível da cicatriz umbilical na sequência ponderada em T1 fora de fase. A área de gordura visceral foi comparada entre os pacientes com e sem esteato-hepatite e entre os pacientes com e sem fibrose. Foi avaliada a correlação entre área de gordura visceral e gravidade da esteatose hepática na histologia. Resultados: A correlação entre o grau de esteatose e a área de gordura visceral foi significativa (p<0,001; r= 0,328). Na análise histológica, 13 pacientes apresentavam esteato-hepatite e 15 apresentavam algum grau de fibrose. Pacientes com esteato-hepatite apresentaram maior área de gordura visceral (20824mm 2 versus 12577mm 2, p<0,001). Não houve diferença significativa na área de gordura visceral nos grupos com e sem fibrose hepática (p=0,20). Conclusão: O aumento da área de gordura visceral está associado à gravidade da esteatose hepática e à presença de esteato-hepatite, o que evidencia a importância da obesidade visceral na DHGNA. A avaliação da área de gordura visceral pode ser útil para identificar os pacientes com maior risco de esteato-hepatite. TL 352 INCORPORAÇÃO DO SÓDIO AO MELD: DEVEMOS UTILIZAR OS NOVOS ESCORES? Alice Ruberti Schmal, Renata M. Perez, Samanta T. Basto, Fernanda L. Calçado, Andre L. Torres, Emilia Matos, Basilio de Bragança Pereira, Cristiane A. Villela-Nogueira Universidade Federal do Rio de Janeiro Introdução: A identificação de pacientes com maior risco de mortalidade na fila de transplante hepático (TxH) representa um grande desafio, o que ressalta a importância de modelos preditivos de sobrevida. Avaliar a performance dos escores MELDNa, MESO e iMELD como preditores de sobrevida em pacientes portadores de cirrose e compará-los ao MELD em dois períodos: era pré-MELD e pós-MELD. Foram avaliados cirróticos em lista de TxH de 1997 a 2011, divididos em dois grupos: era pré-MELD até 2006 (ordem cronológica de alocação) e era pós-MELD (critério de gravidade). Foram incluídos pacientes com variáveis disponíveis para cálculo dos escores. Critérios de exclusão: sorologia para HIV+, pacientes em fila para segundo TxH. Foram avaliadas variáveis demográficas, etiologia da doença, carcinoma hepatocelular (CHC), MELD e sódio sérico (SNa). O MELD foi calculado com a fórmula padrão. Para o cálculo dos novos escores foram adotadas as seguintes fórmulas: MESO = (MELD/SNa mEq/L)x10; MELDNa = MELD - Na -[0.025 x MELD Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 x (140-Na)]+140; e iMELD=(MELD+(Idade x 0,3) - (0,7 x SNa) + 100. Análise estatística: Os dados foram analisados com o programa R e aplicados modelos de Cox e Weilbull, assim como a árvore de sobrevida. Para análise comparativa entre os modelos foi aplicado o critério de Akaike. Foram incluídos 688 pacientes da era pré-MELD (grupo A) e 116 da era pós-MELD (grupo B). Foram excluídos 40 pacientes no grupo A e 1 no grupo B, por progressão do CHC, perda de seguimento ou melhora clínica. Em relação ao desfecho no grupo A e B, 18% e 19% dos pacientes foram submetidos ao TxH e 37% e 46% foram a óbito, respectivamente. A idade, gênero e etiologia foram semelhantes entre os grupos. A mediana do sódio era de 139 e 135 nos grupos A e B. A incidência de CHC foi maior no grupo B (30%vs.13%). Não houve diferença entre os grupos em relação à media dos escores. No grupo A todos os escores, SNa e idade apresentaram significância estatística, enquanto que no B, somente os escores. Na segunda análise, as variáveis independentes foram aplicadas em um segundo modelo e na árvore de sobrevida, com significância estatística de todos os escores. Na análise comparativa entre os escores, o MELDNa obteve melhor performance no grupo A e o MESO no grupo B. Em ambos os períodos, os novos escores apresentaram melhor performance na predição da sobrevida que o MELD. Esses dados ressaltam a importância da incorporação do SNa nos escores de avaliação de sobrevida em pacientes em lista de TxH. TL 353 ANÁLISE RETROSPECTIVA DA EVOLUÇAO DO CHILD-PUGH (CP) E DO MELD UM MÊS APÓS A QUIMIOEMBOLIZAÇAO TRANSARTERIAL (TACE) André Rodrigo Miquelin, Rita de Cássia Martins Alves da Silva, Gustavo Marcatto, Caroline Albuquerque Marcondes, Laura Ferreira Martinez, Nicole de Oliveira Mazzeto, Paulo César Arroyo Júnior, Willian José Duca, Moacir Fernandes de Goodoy Renato Ferreira da Silva FAMERP Introdução: Carcinoma hepatocelular (CHC) é o tipo mais comum de câncer de fígado. Tratamentos curativos disponíveis para tumores em estádio precoce restritos ao fígado é a ressecção cirúrgica, transplante de fígado e crio e radioablação. A TACE consiste na injeção de agentes quimioembolizantes pela artéria Hepática para indução de necroses isquêmicas do tumor.Objetivos: Avaliar a variação dos valores do Child-Pugh (CP) e o Meld dos pacientes submetidos a apenas uma TACE. Métodos: Avaliamos retrospectivamente todos os prontuários de pacientes que foram submetidos à TACE no período de janeiro de 2000 a janeiro de 2013. O critério de exclusão foi a falta de dados completos nos prontuários. Foram avaliados 94 pacientes, e incluídos 65 para análise do MELD e 62 para análise do CP separadamente. As características demográficas e clínicas destes pacientes foram: Quanto à classificação CP, 29 (45,3%) foram CP-A, 23 (35,9%) CP-B e 10 (18,7%) CP-C, sendo 46 do sexo masculino , com uma média de idade de 56,3 anos, quanto à etiologia tivemos 25 com VHC, 20 com VHB e 17 devido ao álcool. Em relação ao Meld, 45 pacientes do sexo masculino , com uma média de idade de 56,7 anos, e, quanto à etiologia, tivemos 27 com VHC, 20 com VHB e 19 devido ao álcool. As classificações de CP e Meld foram avaliadas antes e um mês após o procedimento. Para a análise do Meld foram avaliados diferentes pontos de corte para identificar o valor capaz de discriminar os pacientes que evoluíram com melhora ou piora. A análise estatística foi realizada pelo teste t pareado para o Meld. O nível de significância foi P<0,05. Resultados: Análise global para a classificação CP mostrou piora em 19,35% dos pacientes. Para as diferentes classificações ocorreu piora para CP-A em 10/29 (34,4%) e CP-B em 4/23 (17,3%). Para os pacientes CP-C a classificação permaneceu igual em 6/10 (60%). A análise dos diferentes valores do Meld mostrou que pacientes com MELD ≥ 11 (n=35) teve piora do MELD, p = 0,04. Em pacientes com Meld abaixo de 11 (n=30) não houve piora significante destes valores quando comparados antes e após a TACE, valor p = 0,07. Conclusão: Identificamos um valor de corte do 137 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia MELD de 11 que discrimina pacientes com potencial de descompensação após a TACE. Análises adicionais deste dado poderão indicar mais um fator para a seleção de pacientes para este tratamento. A maioria dos pacientes não apresentou piora na classificação de CP. TL 354 STATUS VACINAL E PERFIL DE MARCADORES SOROLÓGICOS EM HEPATITE B DE PACIENTES EM TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA NA CIDADE DE SÃO CARLOS, SP Maia Nogueira Crown Guimarães, Tila Facincani, Andrea Cruz Ferraz de Oliveira, Sigrid de Sousa dos Santos Universidade Federal de São Carlos Introdução: A vacinação contra hepatite B é recomendada para pacientes com insuficiência renal crônica dialítica (IRD), havendo relatos de infecção por vírus da hepatite B (VHB) em unidades de hemodiálise. Objetivos: Propomos estudo para avaliar o perfil sorológico e a vacinação contra VHB em pacientes com IRD no município de São Carlos. Material e Métodos: Incluímos pacientes adultos em terapia dialítica no Serviço de Nefrologia de São Carlos, advindos do Município de São Carlos e região, que assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Realizadas entrevista, revisão do prontuário e da carteira de vacinação. Pacientes sem perfil sorológico para infecção por VHB foram encaminhados para realizar dosagem de anticorpos anti-HBc (IgG), anti-HBs e de AgHBs. Os com vacinação incompleta foram encaminhados à Unidade Básica de Saúde para atualização vacinal, sendo avaliados eventuais efeitos adversos da vacina contra VHB. Resultados parciais: No momento do estudo, 179 pacientes com IRD estavam em terapia no serviço. Inclusos 128 pacientes; 64,1% sexo masculino; idade média de 53,8 anos (22-85); 62% procedentes de São Carlos e 32% de cidades próximas; 82% antecedente de hipertensão arterial, 25% diabetes mellitus; 14,1% tabagistas; 12,5% etilistas. Diagnóstico patológico da lesão renal: 43,7% vascular; 14,8% glomerular; 11,7% tubulointersticial; 1,6% perda de transplante, e 25,8% desconhecido. Tempo de insuficiência renal de 0,1 a 40 anos; perda de transplante em 11%. Todos os pacientes haviam dosado AgHBs, sendo 127 AgHBs(-), um AgHBs+ e um sem resultado. O anti-HBc não estava disponível no prontuário dos pacientes, sendo solicitado durante o estudo. Até o momento, 54 pacientes dosaram anti-HBC, com 4 positivos (7,1%) e 2 indeterminados (3,6%), sendo os 6 anti-HBs+. Dados da vacinação contra VHB disponíveis em 107 pacientes (83,6%): 74 vacinação completa; 17 incompleta; 11 não vacinados, e 7 com contato prévio com VHB. Dos pacientes encaminhados para atualizar a vacinação contra VHB, 32 comprovaram vacinação até o fechamento do estudo e 5 tiveram reação local (5 dor, 2 edema e 3 rubor). Conclusão: Verificamos o uso do AgHBs para a triagem da infecção por VHB e a baixa cobertura vacinal (75%). Encontramos 6 pacientes com infecção prévia por VHB, passível de reativação em caso de imunossupressão. O estudo reforça a importância da dosagem de anti-HBc para triagem de pacientes com IRD e da recomendação de vacinação contra hepatite B em serviços de diálise. TL 355 AVALIAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DOS ESTÁGIOS DE FIBROSE EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Livia Menezes Elias, Juliane Gomes Leal Pereira, Gabriellen Vitiello, Daniel Brusco Duran, Vera Pannain, Adriana Caroli-Botino, Guilherme Ferrreira da Motta Rezende, João Marcello de Araujo Neto Universidade Federal do Rio de Janeiro Introdução: A infecção crônica pelo vírus da hepatite C é a principal causa de cirrose hepática no Brasil e no mundo. Atualmente, a decisão sobre o início da terapêutica viral é baseada, entre outras coisas, no 138 estágio de fibrose do fígado. A biópsia hepática é o método clássico para estadiamento do dano hepático. Conhecer a distribuição dos estágios de fibrose em uma amostra populacional de pacientes com hepatite C permite planejar políticas públicas regionalizadas para o manejo desta infecção. O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho realiza biópsias hepáticas percutâneas guiadas por ultrassonografia para diversos centros de atendimento à doenças hepáticas no Estado do Rio de Janeiro. Objetivos: Avaliar a distribuição dos estágios de fibrose hepática induzida pela hepatite C nos pacientes submetidos à biópsia hepática no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Materiais e métodos: Foi realizado um estudo observacional retrospectivo através da revisão sistemática dos prontuários de todos os pacientes com hepatite C crônica submetidos à biópsia hepática percutânea guiada por ultrassonografia no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho no período de janeiro de 2009 a junho de 2013. Inicialmente, foram avaliados os dados sócio-demográficos gênero e idade. Em seguida, conforme a classificação de METAVIR, os resultados histopatológicos foram ordenados em fibrose F0, F1, F2, F3 ou F4. Por fim, os pacientes foram subclassificados em fibrose leve a moderada (estágio de fibrose F0, F1 ou F2) ou avançada (F3 ou F4). Resultados: Foram identificados 441 pacientes que realizaram biópsia hepática guiada por ultrassonografia sendo 258 (58,5%) do gênero feminino e 183 (41,5%) do gênero masculino. A média de idade da amostra foi 54 ± 11 anos. A distribuição dos estágios de fibrose está classificada na tabela abaixo: Do total da amostra, 346 (78,5%) indivíduos apresentaram fibrose leve a moderada, ao passo que apenas 95 (21,5%) apresentaram fibrose avançada. Conclusão: Trata-se de um estudo atual que avaliou uma grande amostra populacional de pacientes com hepatite C crônica no Estado do Rio de Janeiro. Predominam os estágios de fibrose F1 e F2, respectivamente. A ocorrência de fibrose leve a moderada acomete a maioria da amostra populacional. TL 356 MEDIDA DO GRADIENTE DE PRESSÃO VENOSA HEPÁTICA (GPVH) E CORRELAÇÃO COM MARCADORES NÃO INVASIVOS NA HIPERTENSÃO PORTA CIRRÓTICA Priscila Pollo Flores, Mônica Soldan, Danielle Kunz, Ubiratan Cassano, Alexandre Cerqueira, Roberta Marchiori, Guilherme Ferreira da Motta Rezende Universidade Federal do Rio de Janeiro Introdução: A hipertensão porta cirrótica (HPC) é a principal causa de complicações e óbitos em pacientes com doença hepática crônica avançada. A avaliação da gravidade da HPC é fundamental em termos prognósticos. O padrão ouro para sua aferição é a medida do gradiente de pressão venosa hepática (GPVH), um método invasivo. Desta forma, parâmetros não invasivos que possam estimar a HPC devem ser identificados. Metodologia: Realização de estudo transversal em 31 pacientes com HPC que foram submetidos à medida do GPVH e exames laboratoriais incluindo albumina, bilirrubina, dosagem de plaquetas, INR, além de cálculo dos escores de ChildPugh e MELD do último mês. Resultados: A variável mais fortemente associada ao GPVH foi a contagem de plaquetas (correlação de Pearson = -630, p<0,05), inversamente relacionadas. O GPVH foi subdividido em dois grupos tendo como ponto de corte 12 mmHg, Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters valor relacionado ao maior risco de hemorragia digestiva alta por varizes de esôfago (HDA). Os níveis de plaquetas/mm 3 (média ± DP; mediana; Vmin - Vmáx) dos grupos foram respectivamente: Grupo <12 mmHg 121.888 ± 98.437; 83.000; 40.000-324.000, Grupo ≥ 12 mmHg 76.055 ± 33.525; 62.000; 38.000-150.000 e a diferença entre eles não atingiu significância estatística. Contudo, não foi possível identificar através da curva R.O.C. um ponto de corte do nível de plaquetas com sensibilidade e especificidade aceitáveis para discriminar pacientes com maior risco de HDA. Conclusão: Embora a plaquetopenia seja considerada um marcador de HPC, a mesma não é capaz, assim como os demais parâmetros não invasivos (tabela 1) de identificar pacientes com maior risco de HDA. tempo de surgimento da ascite, escore de MELD na primeira (MI) e frequência de óbito. Os parâmetros bioquímicos avaliados: ureia, creatinina, bilirrubina total (BbT), albumina sérica, contagem plaquetária e sódio urinário (24 horas), dosado antes do início dos diuréticos. Resultados: Do total, 68,9% eram do gênero masculino; 40% de etiologia alcoólica; idade entre 32-74 anos; 56,13±8,97(R) e 57,11±10,46(NR). Na comparação dos grupos RI e RR, os RI apresentaram maior média de idade (p=0,027), de MI, de uréia e de creatinina (p=0,002; 0=0,029 e p=0,007), respectivamente e ainda antecedente de menor tempo de surgimento da ascite do que os RR, com valores médios de 22,9±19,7 e 33,64±33,45 meses, respectivamente (p=0,024). AR se associou com maior frequência de óbitos (p=0,006) e com menor tempo médio de surgimento de ascite (p=0,024); maior média de MI e MF (p=0,012 e p=0,003); menor média de albumina (p<0,001); menor contagem plaquetária (p=0,020) e maior média de BbT (p=0,001). A análise mostrou que a média de sobrevida do grupo AR foi de 7 meses enquanto a do grupo NR foi de 12 meses (p=0,1056). Conclusões: Pacientes com AR possuem pior prognóstico e os RI apresentaram características de maior gravidade da cirrose desde o início do seguimento. Dado o pequeno número de pacientes envolvidos neste estudo, novos trabalhos com maior casuística deverão confirmar nossos resultados. TL 358 HEPATOCARCINOMA NO ESTADO DO MARANHÃO: ASPECTOS HISTÓRICOS E EPIDEMIOLÓGICOS Almir José Guimarães Gouveia, Lívia Gonçalves Neves, Walter Hugo Brandão Nascimento, Vicktor Bruno Pereira Pinto, Marcos Antonio Custódio Neto da Silva, Anna Christianny Brandão Nascimento, Thaise Nunes de Sousa, Geusa Felipa de Barros Bezerra, Walbert Edson Muniz Filho, Flávia Castello Branco Vidal, Dulcelena Ferreira Silva, Maria do Desterro Soares Brandão Nascimento Universidade Federal do Maranhão TL 357 AVALIAÇÃO DA SOBREVIDA E DE FATORES RELACIONADOS COM A MAIOR MORTALIDADE EM CIRRÓTICOS COM ASCITE REFRATÁRIA Wanda Regina Caly, Marina Seixas Studart e Neves, Rodrigo Martins Abreu, Aline Siqueira Ferreira, Suzane Kioko Ono, Flair José Carrilho Hospital das Clínicas da FMUSP Introdução: A ascite refratária (AR) acomete cirróticos avançados e relaciona-se com pior prognóstico. Objetivos: Avaliar a sobrevida média de pacientes cirróticos portadores de ascite refratária (AR) e dos fatores relacionados à mortalidade. Material e Métodos: Estudo retrospectivo e observacional de 106 pacientes cirróticos, avaliados no período de março de 2009 a Junho de 2013, portadores de AR-(78) diagnosticada de acordo com os critérios estipulados pelo IAC (2003), classificadas como ascite refratária intolerante (RI)-(n=64) e ascite refratária resistente (RR)- (n=14) e ascite não refratária (NR)-(28), diagnosticadas através das recomendações do "guideline" (EASL, 2010). A cirrose hepática foi diagnosticada por estudo histopatológico e/ou por critérios clínicos, ultrassonográficos e endoscópicos. O óbito foi o principal desfecho na avaliação do seguimento clínico e a sobrevida em meses(M) foi calculada a partir da data do diagnóstico da AR até a última visita clínica ou óbito. Os parâmetros clínicos avaliados: idade, gênero, Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 Introdução: O carcinoma hepatocelular (CHC) é o quinto tipo de câncer mais comum em homens e o sétimo em mulheres, responsável por cerca de 700.000 mortes por ano no mundo. Cerca de 50% dos pacientes com CHC têm cirrose hepática, que pode estar associada ao alcoolismo ou hepatite crônica, cujo fator etiológico predominante é a infecção pelos vírus da hepatite B (HBV) e C (HCV). No Brasil, em 98% dos diagnosticados possuem relação direta com cirrose hepática e/ou hepatite crônica secundária à infecção pelo HCV (54%) ou da HBV (16%) e ao consumo de álcool (14%), fatores de risco com diferenças regionais de prevalência relevantes. Objetivo: Analisar dados históricos e epidemiológicos do CHC no Estado do Maranhão. Material e Métodos:Realizou-se revisão das pesquisas de monografias de conclusão do curso de Medicina da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) no período de 1988 a 2013, além de dados atualizados do Ministério da Saúde e bases de dados Sciencedirect, Pubmed e Bireme, tendo como unitermos: hepatocarcinoma, carcinoma hepatocelular, epidemiologia. Resultados: Estudos preliminares acerca do CHC no MA, evidenciaram 17 pacientes no período de 1992 a 1996 registrados no Hospital Universitário/ UFMA (HUUFMA), compreendidos na faixa etária média de 53,5 anos sendo o gênero masculino o mais acometido (proporção homem/mulher de 3,4/1). A sintomatologia relatada inclui principalmente hepatomegalia, dor abdominal e perda ponderal; e quanto ao diagnóstico histopatológico da casuística revela o padrão pseudoglandular ou acinar. Em 1999, a mesma equipe de pesquisadores constatou que a prevalência das síndromes ictéricas por CHC é aproximadamente igual à de etiologia obstrutiva. Estudos de 2001, revelam que a transmissão perinatal de hepatite B é uma das principais causas de cirrose e carcinoma hepatocelular. Em 2003, uma revisão de 17 casos de CHC do HUUFMA entre os anos de 1996 a 2000 também verificou predominância do gênero masculino, e apontou três fatores etiológicos determinantes no aparecimento dessa neoplasia: infecção por HBV 139 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia ou HBC, aflatoxinas e cirrose alcoólica; destes pacientes 69,2% tiveram contato com HBV. Conclusão: No MA, estudos preliminares sobre CHC demonstram preocupação com os fatores etiológicos predominantes, principalmente no tocante à infecção por HBV e HCV e diagnóstico de cirrose. TL 359 AVALIAÇÃO NO NAT HIV/HCV BIO-MANGUINHOS/FIOCRUZ NO HEMOCE NO PERÍODO DE JUNHO DE 2012 A JUNHO DE 2013 José Milton de Castro Lima, José Lúcio Jorge Barbosa, Richeyla Kelly de Assis Custódio, José Newton Benevides de Sá Júnior, Emanna Odilia de Castro Lima, Marcelo de Castro Lima, Maria Teresa Gonçalves de Medeiros, Francisca Vania Barreto Aguiar Ferreira Gomes HEMOCE - SESA-CE e Universidade Federal do Ceará Introdução: Os Hemocentros tem como missão o cuidado com a qualidade do sangue e hemoderivados desde o recrutamento de doadores, processamento, análise imunoematológica, distribuição e aplicação. Embora as hepatites pos-transfusionais, e transmissão de HIV possa ocorrer, hoje a probabilidade é pequena. Entretanto um doador pode se encontrar num período em que os testes que detectam anticorpos estejam negativos (janela imunológica), portanto tem sido desenvolvido pesquisa para implementar testes que detectem o ácido nucléico (NAT). A portaria N0 112 de 29.01.2004, MS - Previa a implantação no Brasil do NAT para a detecção de patógenos virais em unidades de doação de sangue. Após um estudo piloto no HEMOSC em 2008 possibilitou a implantação de melhorias para utilização dos kits e plataformas NAT, e após o estudo multicêntrico, ocorrido entre 2010 e 2011, foi introduzido o NAT no HEMOCE (Hemocentro do Ceará) em junho/2012. O HEMOCE realiza o NAT HIV/HCV nas amostras do Piaui (HEMOPI) e Maranhão (HEMOMAR). Objetivo: comparar a prevalência da HIV e HCV por NAT no Ceará, no Piaui e Maranhão. Material e métodos: analisar todas as doações realizadas de junho de 2012 a junho de 2013, em que foram realizados além do testes sorológico: ELISA - Murex anti-HCV (Versão 4.0); HIV: Quimioliminescência - Anti-HIV 1+2 VITROS e outro teste de Quimioliminescência - pesquisa combinada Ag/Ac - ARCHITECT Ag/ Ac HIV) e NAT HIV/HCV - PCR em tempo real - BIO-MANGUINHOS/ FIOCRUZ. Resultados: total de 181.038 doações, sendo 56,74% do HEMOCE, 21,58% do HEMOPI e 21,68% do HEMOMAR. Detectou-se um total de 122 doações positivas NAT para HIV, o que corresponde 0,54% no HEMOCE, 0,71% no HEMOMAR e 0,97% no HEMOPI por 100.000 doações, sendo a diferença significante p=0,02 quando se compara HEMOCE x HEMOPI+HEMOMAR, quando compara HEMOCE x HEMOPI, p=0,007; HEMOCE x HEMOMAR, p=0,29. Em relação ao HVC foram detectados 41 NAT positivos, sendo 0,13% no HEMOCE, 0,28% no HEMOPI e 0,40% no HEMOMAR por cada 100.000 doações, sendo a diferença significante quando compara HEMOCE x HEMOPI+HEMOMAR, p=0,006; HEMOCE x HEMOPI p=0,007; e HEMOCE x HEMOMAR p=0,03. Discussão: A utilização do NAT HIV/HCV aumenta ainda mais a segurança na doação, uma vez que reduz a janela imunológica do HIV de 22 para 10 dias, e do HCV de 60 para 12 dias. Embora preliminares esses resultados demonstram uma maior prevalência do HIV por 100.000 doações no HEMOPI, e uma maior prevalência do HCV por 100.000 doações no HEMOMAR. TL 360 SÍNDROME HEPATOPULMONAR COMO INDICAÇÃO DE TRANSPLANTE HEPÁTICO EM PACIENTE PEDIÁTRICO - RELATO DE CASO Isabela Torga Mazzei, Juliana Silva Ferraz, Georgia Lima de Paula, Carina Santos Rios, Leonardo Camargo, Daniela Gorga do Amaral, Regina Helena Guedes da Motta Mattar, Ramiro Antero de Azevedo Escola Paulista de Medicina - UNIFESP 140 Introdução: A síndrome hepatopulmonar é uma complicação secundária à doença hepática, principalmente quando esta se encontra em grau avançado. Definida como um defeito de oxigenação decorrente de dilatações intrapulmonares, apresenta-se com hipoxemia e shunt intrapulmonar. Sendo o transplante hepático o único tratamento efetivo, esses pacientes entram na fila como condição especial. Descrição do caso: Paciente de 7 anos, feminina, encaminhada ao serviço de transplante hepático em 2006, aos 5 meses de vida, por atresia de vias biliares extra-hepáticas. Aos 3 meses havia sido submetida a portoenterostomia de Kasai, com drenagem parcial. Ao primeiro exame físico no serviço, apresentava-se com 7kg, baço a 3cm do rebordo costal esquerdo e fígado a 6cm do rebordo costal direito. De 2006 a 2010, a paciente evoluiu assintomática e sem uso de medicações. A partir de 2008, já demonstrava sinais de hipertensão portal e hiperesplenismo, como varizes esofágicas e plaquetopenia, entretanto mantinha Pediatric End-stage Liver Disease-PELD inferior ao necessário para ingresso na lista de transplantes. Aos 5 anos de vida, paciente apresentou episódios de sangramentos nasais esporádicos e broncoespasmo. Mãe referia cianose aos esforços e ao exame apresentava sopro sistólico , baqueteamento digital e cianose periférica, com hipótese diagnóstica de síndrome hepatopulmonar. Solicitadas gasometrias e cintilografia pulmonar que confirmaram a hipótese diagnóstica demonstrando hipoxemia e shunt pulmonar respectivamente. Foi ,então, prescrito oxigênio intradomiciliar contínuo e a paciente foi listada para transplante hepático, como condição especial. Após um mês, paciente retorna ao ambulatório, apresentando saturação de 61% em ar ambiente. Em junho/2012 foi chamada para transplante hepático, entretanto não foi conseguido contato com a paciente. Novamente listada, aguarda na fila até a data presente. Comentários: A presença da síndrome hepatopulmonar em pacientes hepatopatas caracteriza-se como situação especial levando a listagem imediata para transplante hepático. Sua prevalência é variada entre os estudos, entretanto, sabe-se que a condição leva à piora do prognóstico desses pacientes, sendo o transplante a única medida terapêutica efetiva. TL 361 AVALIAÇÃO DA HEMOCROMATOSE HEREDITÁRIA (HH) ATRAVÉS DE ELASTOGRAFIA - ARFI Cynara Feuchard, Priscila Pollo Flores, Thaís Guaraná, Thadeu Emmerick, César Órtega, Raul Muniz, Eliane Bordalo Cathalá Esberard Universidade Federal Fluminense A HH é uma doença caracterizada pelo depósito excessivo de ferro nas células e está associada a uma grande variedade de fatores genéticos, sendo o mais comum a mutação no gene HFE, que está localizado no cromossomo 6. Os principais órgãos acometidos são fígado, coração e pâncreas. A ausência de fibrose severa pode ser estimada com exames clínicos e bioquímicos. Porém, graus leves de fibrose não são identificados e podem modificar o tratamento e prognóstico deste pacientes. A elastografia, método desenvolvido recentemente, é não invasiva e permite estadiamento da fibrose hepática. Objetivo: Avaliar e descrever utilização e achados da elastografia por ARFI para estudo da HH. Material e Métodos: Revisão de prontuário de 3 pacientes de Hospital Universitário com mutação homozigota para C282Y ou H63D e sem outros fatores de agressão hepática. Elastografia por ARFI foi realizada Siemens Acuson S2000. O transdutor de ultrassom automaticamente produz um estímulo acústico que gera ondas de cisalhamento que se propagam através do fígado. Sua velocidade medida em metros/segundos. Dez medidas são realizadas de cada paciente. O valor médio foi calculado e registrado. As medidas foram feitas em todos os segmentos e os valores utilizados foram (Friedrich-Rust et al, 2012): F2 - 1,34 m/s; F3 - 1,55 m/s; F4 - 1,8 m/s. Resultados: Caso 1: Mulher, 64 anos, transaminases aumentadas, ferritina >1500, IST 98,3%, plaquetas e albumina normais. Biópsia hepática: Metavir F3. Elastografia: Metavir F4. Caso 2: Homem, 71 anos, transaminases aumentadas, Ferritina Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters >3000, IST 92,7%, albumina normal, plaquetopenia. Ultrassonografia e endoscopia digestiva alta sem sinais de hipertensão porta. Elastografia: Metavir F3. Caso 3: Homem, 58 anos, transaminases aumentadas, ferritina > 3000, IST 85%, albumina e plaquetas normais. Ultrassonografia e endoscopia digestiva alta sem sinais de hipertensão porta. Elastografia: Metavir F2/F3. Conclusão: A elastografia com ARFI foi capaz de diagnosticar estágios mais avançados como F3 e F4 pela classificação de METAVIR em homozigotos para HH com acurácia. Nesta doença, os estudos são escassos e ainda são necessários para validar o método. Desta forma, a capacidade de estagiar a fibrose de forma não invasiva neste grupo de pacientes pode modificar o acompanhamento e rastreamento das complicações clínicas. TL 362 FREQUÊNCIA DOS POLIMORFISMOS DE NUCLEOTÍDEO ÚNICO (SNP) RS 12979860 NOS GENES HUMANOS DA INTERLEUCINA 28B NO RIO DE JANEIRO Giseli de Almeida Silva Carriello, Raquel Loyola, Saulo Rambaldi, Priscila Pollo Flores, Thaís Guaraná, Luis Cristóvão da Silva Porto, Renata Perez, Eliane Bordalo Cathalá Esberard Universidade Federal Fluminense, Universidade do Estado do Rio de Janeiro Introdução: A hepatite C evolui numa parcela importante dos infectados para a cirrose e carcinoma hepatocelular. Aproximadamente, três milhões de brasileiros são infectados por este vírus. O tratamento disponível envolve muitos efeitos colaterais e taxa de resposta insuficiente. Entre os fatores do hospedeiro implicados no sucesso do tratamento, recentemente foi descoberto o polimorfismo da interleucina 28B (IL28B). O polimorfismo de nucleotídeo único rs 12979860 pode resultar nos alelos CC, CT e TT. Além disso, o clareamento espontâneo da infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) também está relacionado à determinados alelos genotípicos. A presença dos alelos CC aumenta em duas vezes a probabilidade de resposta ao tratamento com interferon peguilado e ribavirina. O alelo T é conhecido como de risco e denota menor probabilidade de resposta. A população brasileira apresenta características únicas pela miscigenação e formação histórica necessitando de estudos com base populacional em nosso país. Objetivos: Descrever a frequência dos alelos do polimorfismo único do gene da interleucina 28B em uma população de pacientes com hepatite C atendida em hospital universitário do estado do Rio de Janeiro. Materiais e Métodos: Estudo prospectivo de 21 pacientes com hepatite C do ambulatório de Fígado de Hospital Universitário. Todos foram submetidos à coleta de sangue e pesquisa de polimorfismo de nucleotídeo único (SNP) rs12979860 pela técnica de extração de DNA de sangue periférico. O polimorfismo foi genotipado através do método PCR com primers específicos. Resultados: Os genótipos mais prevalentes de rs12979860 foram CT (38% -8 pacientes) seguido de CC(33%- 7 pacientes) e TT (29%-6 pacientes). Il 28b CT CC TT Total % 38% 33% 29% 100% n 8 7 6 21 Conclusão: A nossa casuística regional no Rio de Janeiro, assim como em outros estudos já realizados no Brasil, apresenta prevalência maior do genótipo CT, em seguida o genótipo CC e, por último, o menos frequente genótipo TT. Estudos multicêntricos no Brasil são necessários para melhor caracterização genotípica da nossa população visto que existem grandes diferenças regionais e na taxa de resposta virológica sustentada. Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TL 363 HEPATITE AGUDA COLESTÁTICA COM ANTI-MITOCÔNDRIA REAGENTE COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO DE SÍFILIS SECUNDÁRIA José Milton de Castro Lima, Ticiana Mota Esmeraldo, Jorge Luiz Nobre Rodrigues, Marcelo de Castro Lima, Maria Teresa Gonçalves de Medeiros Universidade Federal do Ceará Introdução - Sífilis é uma doença infecciosa crônica causada pelo Treponema pallidum, com transmissão por via sexual, sanguínea e vertical (congênita). Em sua forma secundária atinge diversos órgãos, dentre os quais o fígado. Objetivo: relatar o caso de uma paciente imunocompetente que apresentou um quadro de hepatite aguda cursando de forma colestática, e lesões cutâneas, que foram atribuídas inicialmente a colestase. Material e método: Relato de caso: Sra. de 55 anos, casada, natural e procedente de Fortaleza, do lar, procurou atendimento com quadro de adinamia, anorexia há 4 semanas e nos últimos 15 dias antes do atendimento lesões pruriginosas planas pelo corpo, com intensificação do prurido mais a noite. Negava febre, icterícia, mialgia, coluria, ou acolia fecal. Nega tabagismo, alcoolismo, transfusão sanguínea. Negava relacionamento extraconjugal. Havia feito uso de glutamina, óleo linoleico, pholia negra - tendo suspendido há pelo menos 1 mês antes do início dos sintomas. Na investigação apresentava: AST:805 (40), ALT:1.430 (40), ?GT:304 (47), FA:260 (100). INR, proteínas totais e frações, hemograma, bilirrubinas normais. Anti-HAV IgM, HBsAg, anti-HBc IgM, anti-HCV, CMV, Herpes, EpsteinBarr, Dengue, Parcovírus e HIV negativos. Ceruloplasmina e dosagem de α1 anti-tripsina normais. FAN, anti-músculo liso, anti-LKM1 negativos; dosagem de Ferritina: 1.539; IST: 58%. Dosagem de antimitocôndria 1:40. Com todos marcadores negativos ficou possibilidade de hepatite tóxica, cirrose biliar primária ou síndrome de superposição hepatite autoimune/cirrose biliar primária. Após 15 dias, retornou com VDRL:1:128, TPHA (Treponema pallidum hemagglutination). Optamos por administrar penicilina benzatina 1.200.000 U - uma ampola IM, repetindo após 15 dias. Houve redução das aminotransferases: AST: 457, ALT: 605, e FA: 113 e ãGT: 81, após 3 semanas da segunda dose da penicilina benzatina. Após 105 dias normalizou AST, ALT, FA, ãgt, VDRL 1:8, HIV continuou negativo, anti-mitocôndria negativou e nova determinação FAN, anti-SM e anti-LKM1 negativos. Discussão: paciente imunocompetetente, sem relacionamento extraconjugal apresentou quadro de hepatite aguda colestática como manifestação de sífilis secundária, com regressão clínica e laboratorial após tratamento com penicilina benzatina. Pode ocorrer reação cruzada com anti-mitocôndria e que quando trata a sífilis tende a negativar este exame, como ocorreu neste caso. O esposo não aceitou realizar VDRL. TL 364 MANEJO DE TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS ASSOCIADOS À TERAPIA COM INIBIDOR DE PROTEASE Mônica Salum Valverde Borsoi Viana, Paula Ferreira Lacerda, Roberta Cambraia Cunha Ferreira, Marina Pinto Franco Dias, Denise Akemi Hebara, Mariana Sousa Sala, Jânia Aparecida Franco da Cunha, Betty Guz, Paula Bechara Poletti Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo Introdução: Os eventos adversos mais severos relacionados ao tratamento da hepatite C são causados tanto pelo Peginterferon como pela Ribavirina. O advento dos Inibidores de Protease (IPs) para uso em terapia tripla com essas medicações trouxe risco adicional para o desenvolvimento de eventos adversos mais frequentes e intensos. As alterações psiquiátricas, em especial a depressão, não são incomuns durante o tratamento e necessitam de terapêutica específica. Objetivo: Relatar os transtornos psiquiátricos que 141 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia ocorreram em pacientes tratados ou em tratamento com IPs em Serviço de Hepatologia na cidade de São Paulo, Brasil e sua abordagem. Método: Foram acompanhados 26 pacientes portadores de VHC, prospectivamente, de abril/2012 a maio/2013. Resultados: Dos 26 pacientes tratados com inibidor de protease (IP), Boceprevir (BOC) e Telaprevir (TLV), 16 (64%) apresentaram alterações psiquiátricas como depressão, ansiedade, insônia. Destes 16 pacientes, 9 (56%) eram usuários de BOC e 7 (44%) de TLV.Nove de 16 pacientestiveram depressão isolada. Destes, 4 usaram duloxetina (30-60mg/dia), 4 sertralina (50 mg/dia) e 1 usou venlafaxina (75 mg/dia). 3 pacientes apresentaram quadro misto de ansiedade e depressão, sendo prescritos duloxetina (30-60mg/dia) ou venlafaxina (75-150mg/dia), associadas a clonazepam (2,5-5mg/dia) ou bupropiona (150mg/dia). 3 pacientes tiveram depressão associada a perda de peso e foi iniciado olanzapina (2,5-5mg/dia). 1 paciente com quadro depressivo recusou tratamento medicamentoso. Insônia foi observada em 6 dos 16 pacientes e foi tratada com zolpidem (10mg/dia). Não foi necessário suspender nenhum tratamento por estes efeitos adversos psiquiátricos, visto que os pacientes apresentaram melhora clínica com o tratamento instituído. Conclusão: O rápido reconhecimento e breve inicio de tratamento dos transtornos psiquiátricos são essenciais para a aderência do paciente ao tratamento da hepatite C e, portanto, aumenta as chances de resposta virológica sustentada. TL 365 SÍNDROME DUCTOPÊNICA INDUZIDA POR CLAVULANATO Eric Silva Pereira, Priscila Pollo Flores, Thaís Guaraná, Priscila Gava, Bóris Medrano Ossio, Raíssa Dantas Batista Rangel, Ângela Cristina Gouvea Carvalho, Eliane Bordalo Cathalá Esberard Universidade Federal Fluminense Introdução: A síndrome ductopênica é uma rara forma de acometimento hepático que engloba um grupo de desordens caracterizadas por destruição dos ductos biliares intra-hepáticos e colestase progressivas, podendo evoluir para cirrose hepática. A fisiopatologia ainda é desconhecida, entretanto nota-se associação com drogas, neoplasias, infecções, doenças autoimunes, transplantes, desordens isquêmicas e genéticas. Objetivo: Relato de caso de hepatotoxicidade por amoxicilina/clavulanato caracterizada por síndrome ductopênica. Materiais e Métodos: Revisão bibliográfica no Pubmed de artigos sobre hepatotoxicidade por clavulanato. Caso Clínico: Paciente de 35 anos, sexo feminino, apresentou icterícia progressiva, acolia fecal, colúria e prurido precedidos por sintomas inespecíficos. Negava febre. Ao exame físico encontrava-se ictérica 3+/4+, sem rash e sem sinais de encefalopatia hepática. Negava comorbidades, mas alegava que 3 semanas antes encontrava-se internada para tratamento de pneumonia tendo feito uso de amoxicilina e clavulanato durante 14 dias. Aos exames laboratoriais apresentava: TGO= 243 UI/L (37), TGP=346 UI/L(65), Fosfatase alcalina=372 U/L, GGT=293 U/L(41), Bilirrubina total=12.2 mg/dl, Bilirrubina direta=10.1mg/dl, Albumina=3.6 g/dl, INR=1.04. A investigação diagnóstica foi iniciada com realização de sorologias virais que foram negativas e ultrassonografia abdominal, a qual foi normal. Os anticorpos antimitocôndria M2, Anti-músculo liso, Anti-LKM 1 e p-ANCA foram negativos. A biópsia hepática realizada demonstrou: "hepatócitos com exuberante colestase além de focos de necrose hepatocitária associada à infiltrado linfocitário e fibrose pericelular. Os espaçosporta apresentam fibrose porto-portal por vezes esboçando nódulos, infiltrado linfocitário com poucos plasmócitos em torno de ductos e dúctulos com exocitose, destruição e desaparecimento dos mesmos. Alguns espaços-porta não apresentam ducto interlobar. O quadro é compatível com "Vanishing bile duct syndrome." Conclusão: É descrita colestase induzida por amoxicilina/ clavulanato. A apresentação clínica pode ocorrer após 6 semanas (média 18 dias) do início da terapia. Febre, rash e eosinofilia podem estar presentes. Achados histopatológicos incluem hepatite colestática, ductopenia e 142 raramente, cirrose. Houve, assim, rápida evolução (31 dias) para cirrose à histopatologia em paciente com síndrome ductopênica por amoxicilina/clavulanato. TL 366 AVALIAÇÃO DE TUMOR HEPÁTICO METASTÁTICO ATRAVÉS DE BIÓPIA HEPÁTICA PERCUTÂNEA Gabriellen Vitiello, Lívia Menezes Elias, Daniel Barusco Duran, Juliane Gomes Leal Pereira, Vera Pannain, Adriana Caroli Bottino, Guliherme Ferreira da Motta Resende, João Marcello de Araujo Neto Universidade Federal do Rio de Janeiro Introdução: O diagnóstico radiológico de nódulo hepático sugestivo de implante metastático (sem característica radiológica de lesão primário do fígado) durante exames de rotina é frequente na prática clínica. A pesquisa do sitio primário demanda tempo e grande investimento em exames complementares. Ocasionalmente, apesar de importante esforço semiológico, o sitio primário permanece desconhecido. A biópsia hepática percutânea guiada por ultrassonografia é um método diagnóstico de baixa complexidade realizado à beira do leito que auxilia na elucidação da origem das metástases. Todavia, ainda não está estabelecido na literatura se a biópsia deve ser realizada como exame inicial na investigação do nódulo ou se deve ser reservada para casos em que a investigação com outros métodos complementares foi inconclusiva. Objetivos: Avaliar o uso da biópsia hepática percutânea guiada por ultrassonografia como ferramenta diagnóstica em pacientes com nódulos hepáticos sugestivos de implante secundário. Materiais e métodos: Foram incluídos todos os pacientes que realizaram biópsia percutânea de nódulo hepático guiada por ultrassonografia pelo Serviço de Hepatologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro no período de julho de 2011 a julho de 2013. Foram excluídos pacientes cujo sítio primário da neoplasia era conhecido ou que apresentavam características radiológicas típicas de hepatocarcinoma. A análise das variáveis foi feita através de revisão de prontuário. Todos os sujeitos de pesquisa foram avaliados conforme as variáveis: gênero, idade, resultado histopatológico da biópsia, sucesso na obtenção de material neoplásico e complicação grave relacionada ao procedimento. Os resultados histopatológicos foram classificados como: adenocarcinoma, carcinoma e outros tipos de tumores. Foi considerado como sucesso na obtenção de material neoplásico todas as biópsias cujo material obtido continha tecido neoplásico. Por fim, foram consideradas como complicações graves quaisquer iatrogenias que tenham levado à internação ou óbito do paciente. Resultados: Foram incluídos 14 pacientes sendo 9 (64%) do gênero masculino e 5 (36%) do gênero feminino. A média de idade foi 56 ± 15 anos. Adenocarcinoma foi o tipo histológico mais comum sendo encontrado em 5 (36%) pacientes, seguindo-se por 4 (29%) pacientes com carcinoma e 3 (21%) com outras neoplasias. Em apenas 2 (14%) pacientes a biópsia hepática não obteve fragmento contendo neoplasia, sendo caracterizadas como insucesso na obtenção de material neoplásico. Não houve complicações graves relacionadas ao método. Conclusão: A biópsia hepática percutânea guiada por ultrassonografia é um bom método diagnóstico para investigação da origem tecidual de nódulos hepáticos suspeitos de implantes secundários. É incomum o insucesso na obtenção de material neoplásico. Embora, este estudo tenha um numero limitado de pacientes, o método parece ser seguro. A principal limitação do trabalho é a ausência de avaliação imunohistoquímica que, muitas vezes, é capaz de concluir a investigação do sitio primário. Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters TL 367 ALBENDAZOL COMO TRATAMENTO DE EQUINOCOCOSE CÍSTICA HEPÁTICA - RELATO DE CASO Bruno Abdala Candido Lopes, Isabela Pizzatto Teixeira, Jean Rodrigo Tafarel PUCPR Introdução: a Equinococose é uma doença endêmica no sul do Brasil, causada em uma de suas formas pelo Echinococcus granulosus. Apresenta-se mais comumente na forma cística, sendo o fígado o órgão mais comumente atingido. Sua clínica geralmente está associada ao efeito de massa provocado pelo crescimento do cisto hidático ou ao seu rompimento dentro da árvore biliar, mas é variável, permanecendo assintomática em considerável parte dos casos. Relato de Caso: relatamos o caso de um homem, de 60 anos, que foi diagnosticado com Equinococose Cística Hepática após correlação de exames de imagem (ultrassonogradia de abdome superior com cisto de lobo hepático direito, com conteúdo heterogêneo, medindo 120x90 mm) e teste sorológico (ELISA), e que não desejava o tratamento cirúrgico de sua condição (1ª escolha). Realizou-se tratamento com Albendazol 15mg/kg/dia, em 3 ciclos de 28 dias consecutivos, sendo os mesmos separados entre si por 14 dias. Após 6 meses do término da medicação foi repetido a ressonância magnética de abdome superior e verificou-se redução dimensional da lesão, passando a medir 89x86x74mm (redução de 29,13%), além do cisto se apresentar com uma maior homogeneidade do seu conteúdo. Conclusão: apesar de não termos a cura clínica, obtivemos redução volumétrica da lesão em paciente que se opunha ao tratamento cirúrgico. Ainda há dúvidas e falta evidência clínica se a realização de uma nova intervenção com 3 ciclos de Albendazol seria benéfica para maior redução do cisto hidático. TL 368 REATIVAÇÃO DA HEPATITE B APÓS CESSAÇÃO DA TERAPIA PREEMPTIVA EM MIELOMA MÚLTIPLO TRATADO COM TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEO Karla Sawada Toda, Rafael Lopes Gurgel, Susan Louise Kakitani Takata, Fernanda Sumire Arike, Fernanda Fernandes de Souza Hospital das Clinicas Faculdade de Medicina Ribeirão Preto - USP Introdução: Pacientes com indicação de quimioterapia/ transplante de órgãos que possuem hepatite B (HBV) inativa tem o risco de sua reativação elevada. Discutiremos um caso de reativação após cessação da lamivudina no transplante de medula óssea (TMO). Relato de Caso:Paciente, 60 anos, feminino, com diagnóstico de mieloma múltiplo e portador inativa de HBV crônica (Anti-HBC IGG positivo, HbsAg negativo/anti-HbsAg negativo e HBVDNA indetectável). Iniciou seguimento em dezembro de 2009 e foi indicado uso preemptivo da lamivudina 150mg/dia em abril 2010. O TMO autólogo ocorreu em agosto 2010, mantendo HBV-DNA em níveis indetectáveis durante o uso do antiviral, sendo suspenso em novembro de 2011. Em março 2012, paciente iniciou quadro de dor abdominal, náuseas, vômitos, hiporexia e perda ponderal associado com elevação do ALT/AST, e HBsAg positivo, HBeAg positivo e HBVDNA com 222.918.638UI/mL, iniciando entecavir 1,0mg/dia. A paciente evoluiu com febre e piora do estado geral, necessitando de internação, e foi associado tenofovir 300mg/dia. Atualmente, paciente possui quadro clínico-laboratorial estável e os níveis de AST/ALT normais e um HBVDNA de setembro 2012 está com 28 UI/mL em uso da terapia antiviral. Discussão: Portadores do HBV submetidos a quimioterapia ou imunossupressão têm risco elevado de reativação viral. Nesse contexto, pacientes HBsAg negativos com anticorpo anti-HBc positivos e HBV DNA indetectável que recebem quimioterapia ou imunossupressão devem ser acompanhados rigorosamente com dosagens periódicas de HBVDNA e ALT, e tratados com terapia Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 antiviral após a confirmação de reativação e antes da elevação do ALT. A profilaxia com antivirais está recomendada em pacientes com positividade da carga viral e em transplantes de medula óssea de um dador não imune e opcional nos casos em que a carga viral é negativa. A terapia antiviral preemptiva é considerada eficaz, em que pese, relatos de casos com reativação de hepatite B após retirada do antiviral preemptivo. Assim, a melhor opção de profilaxia ainda não foi estabelecida, necessitando de maiores estudos para avaliação do tempo de terapia. TL 369 EXPERIÊNCIA DE QUATRO CENTROS BRASILEIROS NO TRATAMENTO DA HEPATITE C CRÔNICA GENÓTIPO 1 COM INTERFERON PEGUILADO, RIBAVIRINA E BOCEPREVIR Fernanda Soares Gomes Canedo, Rodrigo Sebba Aires, Giovanni Faria Silva, Raymundo Paraná, Cristiane A Villela-Nogueira, Renata de Mello Perez, Henrique Sérgio Moraes Coelho HUCFF-UFRJ Introdução: O tratamento atual da hepatite crônica C genótipo 1 inclui interferon peguilado (PEG-IFN), ribavirina (RBV) e um inibidor de protease (IP). A experiência brasileira com o esquema tríplice ainda não é conhecida. Objetivo: Avaliar, em pacientes com hepatite crônica C genótipo 1 tratados com PEG-IFN, RBV e BCP, taxas de resposta nas semanas 4, 8 e 12 de tratamento, além dos principais efeitos adversos e incidência de falha terapêutica e análise preliminar de RVS. Metodologia: Foram avaliados pacientes com hepatite C crônica genótipo 1, virgens de tratamento ou experimentados, com diferentes graus de fibrose, tratados com PEG-IFN alfa 2a ou alfa 2b, RBV (1315 mg/Kg/dia) e BCP (800 mg 8/8h) em quatro centros brasileiros, com avaliação do HCV-RNA por PCR quantitativo nas semanas 4, 8, 12 e 24 de tratamento (limite de detecção de 15 UI/mL). Foram analisadas as taxas de resposta virológica, além da incidência de anemia e sua gravidade e prevalência de outros eventos adversos. Resultados: Foram incluídos 163 pacientes, 37% do sexo feminino, com média de idade de 52 anos. Destes, 17% apresentavam diagnóstico de diabetes mellitus. Em 41% havia evidência de cirrose. Eram virgens de tratamento 17%, recidivantes 37%, não respondedores parciais 24% e não respondedores nulos 22% dos pacientes. Na quarta semana de tratamento, 3% dos pacientes apresentavam HCV-RNA indetectável. Na semana 8, 53% dos pacientes com cirrose, 56 e 63% dos pacientes com fibrose graus 3 e 0-2 encontravam-se com HCV-RNA <25 UI/ml. Após 12 semanas de tratamento, 67-75% dos pacientes apresentavam HCV-RNA indetectável. Dos pacientes incluídos, 44 haviam terminado o tratamento, sendo 25 tratamentos suspensos, 17 por falhas primárias e 2 escapes. Seis pacientes tiveram o tratamento suspenso por eventos adversos graves, 2 por hemorragia digestiva alta e 4 por sepse grave, todos cirróticos. Observou-se desenvolvimento de ascite e encefalopatia em 4 e 2 pacientes, respectivamente. Anemia (Hb < 10g/dl) ocorreu em 26% dos pacientes. Houve queda de pelo menos 2 g de Hb em 56% dos pacientes na semana 4. Ao longo do tratamento, 6,2% dos pacientes apresentaram Hb abaixo de 8g/dl, com necessidade de hemotransfusão. Uma análise preliminar evidenciou taxa de RVS de 69%. Conclusão: O tratamento da hepatite C crônica genótipo 1 com PEGIFN, RBV e BCP se mostrou seguro e eficaz, com taxas de resposta maiores do que o observado na terapia dupla convencional, inclusive em pacientes com cirrose hepática. A prevalência de eventos adversos é maior naqueles pacientes cirróticos, com necessidade de maior vigilância durante o tratamento. 143 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia TL 370 SÍNDROME METABÓLICA E DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA EM OBESOS GRAVES Carla Daltro, Isabela Pimenta, Deusaline Gadelha, Mônica Medrado Oliveira, Erivaldo Alves, Helma Cotrim Universidade Federal da Bahia Introdução: A Doença Hepática Gordurosa não Alcoólica (DHGNA) e a Síndrome Metabólica (SM) têm em comum a resistência insulínica e alguns consideram a DHGNA a manifestação hepática da SM. Objetivo: Investigar a relevância da associação entre SM e DHGNA em obesos graves encaminhados à cirurgia bariátrica. Metodologia: Estudo de corte transversal. Foram estudados obesos graves (IMC>35kg/m2) sem história de ingestão alcoólica crônica e sem outras doenças do fígado. Variáveis estudadas: dados demográficos, ultrassom de abdômen e os componentes da SM: triglicérides, HDL-C, glicemia de jejum, pressão arterial, circunferência abdominal. Para diagnóstico da SM foram utilizados os critérios da International Diabetes Federation. Resultados: Foram estudados 202 indivíduos com média de idade 38,7 anos (DP: 11,2), IMC 42,0 kg/m2 (DP: 5,2), sendo 83,7% do sexo feminino. Esteatose hepática foi observada em 70,8% dos casos pela ultrassonografia. A SM esteve presente em 55,9% dos pacientes estudados, 53,8% das mulheres e 66,7% dos homens (p=0,175). Quanto à frequência dos componentes da SM, 49,5% apresentavam HDL-col baixo, 44,3% hipertrigliceridemia, 47,0% tinham hipertensão arterial sistêmica e 33,2% diabetes ou glicemia ≥ 100 mg/dl. O grupo com SM era mais velho do que aquele sem a síndrome (41,4±10,8 vs 35,2±10,9 anos; p<0,001), apresentava HOMA-IR mais elevado [mediana: 5,5 (3,9 - 8,6) vs 3,7 (2,1 - 5,4); p<0,001) e tinha maior percentual de esteatose hepática [63,6% vs 37,3%; p<0,001. RP: 1,7; IC95% (1,2 - 2,4)]. Conclusão: Foi observada elevada prevalência de SM e DHGNA entre os obesos graves. O paciente com SM tem 70% a mais de probabilidade de apresentar esteatose hepática. Palavras-chave: Obesidade; Síndrome Metabólica; Doença Hepática Gordurosa não Alcoólica; Resistência à insulina. TL 371 ENCEFALOPATIA HEPÁTICA POR SHUNT PORTOSSISTÊMICO COM APRESENTAÇÃO ATÍPICA PARKISONISMO RELATO DE CASO Tárcia Nogueira Ferreira Gomes, Virgínia Brasil de Almeida, Antônio Eduardo Benedito Silva, Ivonete Sandra Souza e Silva, Lívia de Almeida Costa, Lívia Guimarães Moreira da Silva, Luiz Augusto Cardoso Lacombe, Luiza Fabres do Carmo UNIFESP Introdução: Encefalopatia hepática por shunt portossistêmico compreende uma variedade de distúrbios motores e neuropsiquiátricos, que é mais frequentemente encontrada em pacientes com cirrose hepática e mais raramente em pacientes sem história prévia de hepatopatia. Objetivos: Relata-se caso de encefalopatia hepática (EH) secundária a shunt portossistêmico (SPS) que procurou neurologista por quadro sugestivo de Parkinsonismo. Material e métodos: Realizamos a revisão do prontuário da paciente e da literatura mais atual sobre o tema utilizando o PubMed como base de dados. Caso Clínico: Mulher, 60 anos, com esquistossomose hepatoesplênica que fez desconexão ázigoportal há 13 anos, após HDA. Há 5 anos, evolui com tremor em extremidades, movimentos orolabiais atípicos e disartria, alteração da marcha, lentificação psicomotora e demência. Referia constipação intestinal e negava etilismo. Ao exame apresentava déficit cognitivo, discinesia orofacial, leve instabilidade de marcha sem ataxia, tremor de ação e flapping, sem estigmas de hepatopatia. Inicialmente fez RNM de crânio que demonstrou diminuição do volume do putâmen e depósito mineral (manganês?) em núcleos da base. A partir daí realizou-se a amônia 144 sérica (61mmol/L, normall 9-33), USG com Doppler portal e angioTC de abdome (fibrose periportal, trombose crônica de veia porta e shunt esplenorrenal). Função hepática normal. Usou lactulose e propranolol com melhora da constipação intestinal e regressão do quadro neurológico. O quadro clínico associado à hiperamonemia, SPS e melhora dos sintomas após tratamento são concordantes com EH com apresentação atípica. Acredita-se que a EH se deva à cirurgia abdominal prévia e/ou à trombose da veia porta com inversão do fluxo. Conclusão: Este caso mostra a importância da RNM de crânio no diagnóstico de complicações de hepatopatias. A presença de depósitos de manganês na RNM permitiu ao neurologista o diagnóstico e encaminhamento adequados. TL 372 AVALIAÇÃO DE DEMANDA POR BIÓPSIA HEPÁTICA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO RIO DE JANEIRO Juliane Gomes Leal Pereira, Lívia Menezes Elias, Gabriellen Vitiello, Daniel Brusco Duran, Vera Pannain, Adriana Caroli-Botino, Guilherme Ferrreira da Motta Rezende, João Marcello de Araujo Neto Universidade Federal do Rio de Janeiro Introdução: A biópsia hepática é um importante exame complementar para o diagnóstico e estadiamento de diversas doenças no fígado. Como este exame demanda estrutura hospitalar e equipe especializada, em geral é feito em centros de referência. No Estado do Rio de Janeiro, o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro é o maior pólo para a realização de biópsias hepáticas percutâneas guiadas por ultrassonografia. É importante conhecer a demanda por este exame para que se possa planejar o desenvolvimento e estruturação de novos centros de referência. Objetivos: Caracterizar a demanda por biópsia hepática no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Materiais e métodos: Foi realizado um estudo observacional retrospectivo através da revisão sistemática dos prontuários de todos os pacientes submetidos a biópsia hepática percutânea guiada por ultrassonografia no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho no período de janeiro de 2009 a junho de 2013. Inicialmente, foram avaliadas as variáveis sócio-demográficas gênero e idade. Em seguida, avaliamos a demanda anual deste exame. Por fim, as suas indicações foram classificadas como: hepatite C, hepatite B, esteatose hepática, pós-transplante, uso de metotrexato, hepatite autoimune, hepatopatia a esclarecer, nódulo hepático, coinfecção com HIV, doenças colestáticas e outros. Foi classificada como hepatite C, toda biópsia realizada com o objetivo do diagnóstico e estadiamento da lesão hepática pelo vírus da hepatite C. Foi classificada como hepatite B, toda biópsia realizada com o objetivo do diagnóstico e estadiamento da lesão hepática pelo vírus da hepatite B. Foi classificada como esteatose hepática, toda biópsia indicada em paciente com suspeita clínica de esteatose hepática para avaliação diagnóstica e estadiamento histopatológico. Foi classificada como pós-transplante, toda biópsia realizada em paciente que realizou previamente transplante hepático. Foi classificada como uso de metotrexato, toda biópsia realizada em paciente com história de uso recente deste medicamento e sem outras hepatopatias com o objetivo de quantificar a lesão hepática induzida pela droga. Foi classificada como hepatite autoimune, toda biópsia indicada em paciente com diagnóstico clínico e/ou histopatológico de hepatite autoimune. Foi classificado como hepatopatia a esclarecer, toda biópsia realizada em paciente com alteração do hepatograma cuja investigação clínica foi inconclusiva. Foi classificada como nódulo hepático, toda biópsia realizada com o objetivo de definir a etiologia neoplásica de nódulo hepático independente da presença de outras hepatopatias. Foi classificada como coinfecção com HIV, toda biópsia realizada em paciente com coinfecção pelos vírus do HIV e de outras hepatites virais. Foi classificada como doença colestática, toda biópsia realizada em paciente com cirrose biliar primária ou colangite esclerosante primária. Por fim, foi classificada como outros, toda biópsia realizada por outra indicação não classificada em nenhuma categoria anterior Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters ou cuja indicação foi desconhecida. Resultados: Foram incluídas 779 biópsias no estudo, sendo 420 (54%) do sexo feminino. A média de idade foi 52 ± 12 anos. A distribuição anual da demanda está descrita na tabela abaixo. Ano Quantidade de exames 2009 129 2010 126 2011 139 2012 229 Jan - Jun 2013 156 TL 374 A distribuição das indicações de biópsia hepática encontra-se na tabela abaixo. Indicação Hepatite C Pós-transplante Hepatopatia a esclarecer Hepatite autoimune Uso de metotrexato Hepatite B Esteatose Co-infecção Nódulo hepático Doenças colestáticas Outros n (779) 466 51 33 30 28 24 15 15 14 4 99 de GGT (p:0,02), assim como à presença de esteatose hepática (0,01). Quando à análise histológica observou-se uma maior frequência de resistência insulínica entre portadores de hepatite crônica C com fibrose hepática avançada (p:0,05). Não foi observada relação entre resistência insulínica e genótipo e carga viral do VHC. Conclusão: É comum a presença de RI em portadores de hepatite crônica C e esta pode ser um dos fatores envolvidos no processo de fibrose hepática induzida pelo vírus da hepatite C. % 59,8% 6,5% 4,2% 3,9% 3,6% 3,1% 1,9% 1,9% 1,8% 0,5% 12,7% IConclusão: Este estudo avaliou uma grande amostra de indivíduos submetidos à biópsia hepática percutânea em um Hospital de referência no Estado do Rio de Janeiro. A hepatite C é a principal indicação de biópsia hepática no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, refletindo alta prevalência desta doença e a importância deste exame para seu manejo. Há ainda grande representação de pacientes após transplante hepático, visto que o estudo foi conduzido em centro de referência para transplante no Estado do Rio de Janeiro. Há uma demanda crescente por biópsias hepáticas nos últimos 4 anos. TL 373 FREQUÊNCIA DE RESISTÊNCIA INSULÍNICA EM PORTADORES DE HEPATITE CRÔNICA C NÃO DIABÉTICOS E ANÁLISE DOS FATORES ASSOCIADOS Juliana Ferreira, Aécio Flavio Meirelles de Souza, Fabio Heleno de Lima Pace, Tarsila C R Ribeiro, Katia Valéria Bastos Dias Barbosa, Juliano Machado de Oliveira, Gabriela Dalfior Ferreira Universidade Federal de Juiz de Fora Introdução e Objetivos: Portadores de doença hepática crônica, especialmente cirróticos, são predispostos ao desenvolvimento de resistência insulínica (RI). O VHC por mecanismos diversos parece induzir o surgimento da RI independente do grau de comprometimento hepático. Sua ocorrência tem sido associada à fibrose avançada e menores índices de resposta virológica sustentada. O objetivo do estudo é determinar a prevalência de resistência a insulina (RI) em portadores de hepatite crônica C e verificar a associação desta com variáveis clínico-laboratoriais e histológicas. Material e Métodos: Foram avaliados, prospectivamente, 94 pacientes portadores de hepatite crônica C virgens de tratamento e não diabéticos assistidos pelo Centro de Referência em Hepatologia do Hospital Universitário da UFJF (HU-UFJF). Foi considerada resistência insulínica HOMA-IR ? 2,5. A média de idade observada foi de 50,4 anos (17-79 anos) e 51% dos pacientes eram do sexo feminino. Resultados: Setenta e sete porcento eram genótipo 1. Quanto à histologia, APP > 2 foi evidenciada em 44% e esteatose em 40%, sendo a maioria leve (5-33%). Fibrose avançada (> 2) observada em 29%. A presença de síndrome metabólica foi evidenciada em 29% dos casos. A resistência insulínica foi demonstrada em 25% dos pacientes e foi associada à elevação Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 PACIENTES COM HEPATOPATIA CRÔNICA VIRAL AVANÇADA: A RELEVÂNCIA DO CUIDADO PALIATIVO Luanna Rocha Vieira Martins, Alessandro Fernandes Guimarães, Eric Vinícius Ávila Pires, Raphael Guilherme Dias Cruz, Tamyres Marques, Rosangela Teixeira, Munir Murad Junior, Luciana Diniz Silva Departamento de Clínica Médica e Ambulatório de Hepatites Virais do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da UFMG Assistência a pacientes com hepatopatias avançadas não pode estar centrada somente na abordagem biológica da doença, sem levar em consideração a percepção do indivíduo sobre sua saúde e sobre aspectos físicos, psicológicos e socioculturais que pertencem à própria experiência de adoecimento, e em plano mais amplo, ao seu viver. Modalidades terapêuticas curativas se reduzem nas hepatopatias avançadas. Nesse contexto, torna-se fundamental inserir na prática clínica os "Cuidados Paliativos", isto é, apesar da impossibilidade de cura, pode-se oferecer opções terapêuticas voltadas ao bem-estar/ conforto do paciente preservando sua dignidade. Seguem os resumos de três casos atendidos em um Ambulatório de Cuidados Especiais: 1) V.E.F, 57 anos, portador do vírus da hepatite C (VHC), cirrótico e com hepatocarcinoma (CHC), submetido à terapia com Sorafenibe, associada a medidas para controle da dor e abordagem psicológica; 2) J.P.R.F., 60 anos, sexo masculino, com cirrose de etiologia alcoólica e CHC avançado multifocal, apresenta náusea, vômito, icterícia, prurido, insônia e encefalopatia hepática. A consulta é direcionada à escuta do paciente e de seus familiares. O foco do atendimento é o paciente e seus sintomas e não simplesmente a sua doença; 3) P.F.V, 70 anos, com cirrose (Child C10) secundária à infecçaõ pelo VHC. Há cinco anos foi encaminhada ao Serviço de Transplante Hepático, contudo recusou a ser submetida a esse procedimento. Atualmente, é acompanhada no ambulatório de Cuidados Especiais. Nesses casos, o tratamento está direcionado para a melhora da qualidade de vida desses indivíduos. Diante das dificuldades de cura física, torna-se essencial estimular a integralidade do cuidado prestado e minimizar o sofrimento. TL 375 AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO TIREOIDIANA EM INDIVÍDUOS COM INFILTRAÇÃO GORDUROSA HEPÁTICA NÃO ALCOÓLICA TRATADOS COM METFORMINA Luis Jesuino de Oliveira Andrade, Larissa Santos França, Alexandre Justo de Oliveira Lima, Paulo Roberto Santa de Melo, Carla Daltro, Helma P. Cotrim Faculdade de Medicina - UESC-BA - UFBA Estudos têm demonstrado que o uso de metformina (MET) em pacientes (pt) com diabetes induz a redução dos níveis séricos do hormônio estimulante da tireóide (TSH), por provável efeito da MET no metabolismo hepático da levotiroxina. Ainda não existem dados sobre o efeito do tratamento com MET sobre o TSH em indivíduos com infiltração gordurosa hepática não alcoólica (NASH). Objetivo: Avaliar as alterações nas concentrações séricas de TSH em pt com NASH tratados com MET. Material e Método: Estudo de coorte. O TSH de 50 mulheres com NASH, diagnosticada por ultrassonografia, e idade 145 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia média de 58.36 anos foi avaliado antes e 90 dias após o inicio do tratamento com MET. Todos os pt apresentavam anticorpo antitireoidiano (TPOAb) negativo. Foi calculado o risco relativo (RR) da amostra em modificarem os seus níveis de TSH no curso do tratamento. Resultado: O valor médio do TSH antes do inicio do tratamento com MET foi de 3.54 ± 1.37 mIU/L e 90 dias após foi de 1.79 ± 1.23 mIU/L. O RR foi de 4.5 (IC 95% - 2.60 a 19.50). Conclusão: Nossos resultados demonstram um RR significativo da MET reduzir os níveis de TSH, independentemente da positividade de anti-TPO. Portanto a função tireoidiana deve ser avaliada antes e no curso do tratamento com MET em pt com NASH. TL 376 BILIOPATIA PORTAL EM PACIENTE COM TROMBOSE DE VEIA PORTA SECUNDÁRIA À ESPLENECTOMIA: RELATO DE CASO Marília Ávila Acioly, Marília Ávila Acioly, Lucas Santana Nova da Costa, Maria Auzier Freitas, José Eduardo Trevizoli, Liliana Sampaio Costa Mendes, Daniela Mariano C. Louro Hospital de Base do Distrito Federal Introdução: O termo Biliopatia Portal (BP) refere-se às anormalidades das estruturas do trato biliar, incluindo ductos biliares intra e extra-hepáticos, ducto cístico e vesícula biliar em pacientes com hipertensão porta (HP). A obstrução da veia porta extra-hepática é geralmente seguida pela formação de pontes de colaterais hepatopetais, que drenam o sangue venoso esplâncnico para a veia porta hepática, resultando na formação de uma rede venosa conhecida como cavernoma portal. Esse plexo venoso neoformado pode causar compressão extrínseca das vias biliares (VVBB), resultando em obstrução e isquemia biliar. Objetivos: Relatar caso de paciente que desenvolveu BP secundária à trombose de veia porta (TP) após procedimento de esplenectomia. Material e Métodos: As informações foram obtidas durante seguimento clínico, revisão de prontuário, registro de métodos diagnósticos e revisão de literatura. Resultados: Paciente de 51 anos, com TP crônica após esplenectomia, indicada por hemorragia digestiva alta varicosa em paciente portador de esquistossomose, evoluiu com quadro de icterícia colestática e dilatação de VVBB intra-hepáticas, além de estenose em colédoco distal. Realizou colangiopancreatografia endoscópica retrógrada com colocação de prótese. A tomografia de abdome realizada em seguida - para elucidação diagnóstica da compressão extrínseca das VVBB - evidenciou fígado de dimensões reduzidas e contorno irregular, além de ascite moderada e trombose de veia porta com sinais de transformação cavernomatosa. Tais achados permitiram o diagnóstico de BP. Após drenagem de VVBB, paciente evoluiu remissão de clínica e laboratorial da colestase. Conclusão: A importância em se reconhecer os casos de pacientes com HP que evoluem com BP se dá na medida em que intervenções terapêuticas no sentido de descomprimir as VVBB podem prevenir da deterioração da função hepática por complicações ligadas a essa entidade clínica, como colangite supurativa, isquemia de VVBB e cirrose biliar secundária. O aparecimento da ascite, como no caso relatado, está relacionado com o tempo de duração da obstrução extra-hepática da veia porta e deterioração hepatocelular devido a ocorrência da redução do suprimento portal para o fígado. Quadros de icterícia colestática desproporcional ao grau de disfunção hepática, associada a achados de dilatação de VVBB devem ser investigados para essa possibilidade diagnóstica - passível de intervenção -, prevenindo o dano hepatocelular irreversível. 146 TL 377 RELATO DE CASO DE SÍNDROME HEPATOPULMONAR RESOLVIDA APÓs O TRANSPLANTE DE FÍGADO Káritas Rios Lima Matsunaga, Adriano Cláudio Pereira de Moraes, Cecília de Oliveira Maia Pinto, Marcos de Vasconcelos Carneiro, André L C. Watanabe, Rodrigo Barbosa Villaça HFA, ICDF Introdução: a Síndrome Hepatopulmonar (SHP) é uma condição caracterizada pela tríade: doença hepática, dilatação intrapulmonar e hipoxemia arterial, podendo resultar em uma condição severa e debilitante, com necessidade de oxigenioterapia contínua. De acordo com as portarias que regem o transplante hepático no Brasil, a SHP é considerada uma situação especial, fazendo com que os pacientes tenham prioridade na lista, já que essa condição não modifica o MELD. A prática clinica tem demonstrado uma melhora significativa da PaO2 após o transplante. Objetivo: relatar o caso de uma paciente jovem com cirrose autoimune e SHP grave, com hipoxemia severa, dependente de oxigenioterapia, a qual foi submetida ao transplante hepático. Material e métodos: as informações foram obtidas por meio de revisão do prontuário, entrevista com o paciente e revisão da literatura. Resultados: J.N.A. de 17 anos, com diagnóstico de cirrose autoimune há cinco anos, apresentou há três anos quadro de dispnéia e queda da PaO2 (oscilando de 27 a 52 mmHg). Foi diagnosticada com SHP após a realização de ecocardiograma com microbolhas, o qual evidenciou shunt pulmonar acentuado, confirmado por cintilografia pulmonar. Evoluiu com deterioração do quadro clínico, apresentando piora da dispneia, ascite e infecções de repetição. Submetida ao transplante hepático ortotópico em março de 2013, evoluiu já nos três primeiros meses com melhora clínica progressiva e reversão completa da SHP (pré-transplante - PaO2: 41 mmHg; pós-transplante - PaO2: 89,5 mm Hg). Conclusão: o transplante hepático é de extrema relevância no tratamento de alguns casos de SHP, restaurando a função hepática e eliminando a necessidade de oxigênio contínuo, com melhora importante da qualidade de vida. TL 378 HEPATITE AUTOIMUNE: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E RESPOSTA BIOQUÍMICA EM DOIS CENTROS DE REFERÊNCIA NO RIO DE JANEIRO Louise Verdolin, Vivian Rotman, Priscila Pollo Flores, Thaís Guaraná, Ana Cláudia de Sá, Thereza Vasconcellos, Alice Ruberti Schmall, Eliane Bordalo Cathalá Esberard, Henrique Sérgio Moraes Coelho Universidade Federal Fluminense, Universidade Federal do Rio de Janeiro Introdução: Hepatite autoimune (HAI) é uma doença inflamatória crônica do fígado, causando 11 a 20% das hepatites crônicas nos países ocidentais. Atinge entre 1:5000 a1:10000 habitantes no mundo. Em 7080% dos casos acomete mulheres entre 10 e 20 anos de idade, podendo surgir após os 60 anos. em 20% dos casos. Seu tratamento consiste no uso de prednisona associada ou não à azatioprina e tem como objetivo indução de remissão, cujo conceito atual corresponde à normalização dos parâmetros bioquímicos e imunológicos associada à histologia com pouca ou nenhuma inflamação. A resposta ao tratamento convencional avaliada com os critérios atuais pode ser descrita da seguinte forma: 7% dos pacientes apresentam falência, 13 % evoluem com resposta incompleta (melhoram, porém sem atingir remissão). Essas considerações confirmam a necessidade da disponibilidade de novas formas de tratamento mais efetivas para retardar a progressão para doença hepática terminal. Objetivo: Relatar o perfil epidemiológico e taxas de remissão bioquímica e histológica (nos casos com biópsia disponível) de pacientes com hepatite autoimune acompanhados nos ambulatórios de dois hospitais universitários do Rio de Janeiro. Material e Métodos: Revisão de prontuários dos pacientes portadores de HAI, Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters acompanhados nos ambulatórios de hepatologia de dois hospitais universitários entre 2002 e 2012. Resultados: Foram avaliados 120 pacientes, com idade média de 36 anos, sendo 81% do sexo feminino. Hepatite autoimune tipo 1 foi o tipo predominante, acometendo 69% dos casos. Evidência de cirrose no diagnóstico foi observada em 18% da amostra. Com relação ao tratamento convencional, 55% (66 pacientes) alcançaram remissão bioquímica. Biópsia hepática foi realizada em 25 pacientes, após um tempo médio de 1 ano pós-remissão bioquímica, tendo sido observada resposta histológica completa em apenas 5 paciente. Conclusão: A população atendida nos dois hospitais universitários segue padrão semelhante ao da literatura, havendo predominância da HAI tipo1, sexo feminino e faixa etária mais jovem. A taxa de resposta bioquímica ocorreu em aproximadamente metade dos pacientes, porém só foi traduzida por remissão histológica em 5 pacientes. Esses achados demonstram a importância da análise histológica para definição da adequação do tratamento. TL 379 MENINGITE CRIPTOCÓCICA EM VIGÊNCIA DO TRATAMENTO DA HEPATITE AUTOIMUNE: RELATO DE CASO Osvaldo Flávio de Melo Couto, Adriana Baião da Neiva, Itamar Tadeu Gonçalves Cardoso Hospital Vera Cruz, Belo Horizonte Introdução: a hepatite autoimune (HAI) é uma doença inflamatória do fígado, idiopática, caracterizada pela presença de elementos clínicos, alterações em aminotransferases, presença de autoanticorpos circulantes e alterações histológicas específicas que sugerem uma reação imunológica contra antígenos do hospedeiro, levando a um processo inflamatório hepatocitário que, caso não tratado, evolui para cirrose hepática e suas complicações. O tratamento é feito com imunossupressores e a sua eficácia é avaliada pela capacidade em induzir remissão completa e mantida. Objetivo: relatar o caso de um paciente, em tratamento para HAI, com complicação incomum durante o tratamento. Método (descrição do caso): paciente masculino, 33 anos, com diagnóstico de HAI do tipo 1 há cerca de um ano, em uso de Azatioprina 75mg e prednisona 7,5mg/dia. Foi admitido ao Hospital Vera Cruz em outubro de 2012 com quadro de cefaléia holocraniana intensa. Ao exame físico verificou-se rigidez de nuca. Realizada punção lombar e coloração do líquor pela tinta da China que resultou positiva. Iniciado tratamento com anfotericina B lipossomal associada a 5-flucitosina. Posteriormente, verificou-se na cultura do líquor o crescimento de Cryptococcus neoformans. Durante os primeiros dias de tratamento o paciente evoluiu com hipoacusia importante bilateral e paraparesia em membros inferiores. Após 14 dias de tratamento repetiu-se análise do líquor que mantinha cultura positiva para Cryptococcus. A imunossupressão foi gradativamente reduzida com monitoração das provas de função hepáticas até a dose de azatioprina 50mg e prednisona 5mg/dia. Devido a cefaléia intensa, foram realizadas punções lombares de alívio. Após 4 semanas de tratamento, a cultura do líquor mantinhase positiva. Acrescentou-se fluconazol ao esquema terapêutico e retirou-se a prednisona do esquema de imunossupressão. Os sintomas neurológicos apresentaram melhora parcial a partir da oitava semana de tratamento, sendo suspensas a anfotericina e a 5-flucitosina. As culturas permaneceram positivas durante 12 semanas de tratamento. Após negativação das culturas, aumentou-se a imunossupressão até as doses pré-internação. Nesta época verificava-se elevação discreta em aminotransferares. Os sintomas neurológicos apresentaram remissão praticamente total após 24 semanas do início do tratamento, com leve seqüela auditiva unilateral. Atualmente o paciente mantém dose de manutenção de fluconazol. Conclusão: a meningeite criptocócica é uma complicação potencial do tratamento imunossupressor e pode apresentar-se de forma grave com potencial estabelecimento de seqüuelas neurológicas permanentes. Em pacientes com HAI é importante a adequada redução da imunossupressão, principalmente em pacientes sem resposta precoce (duas semanas). Nesta situação, a monitoração das provas de função hepática é mandatória. Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TL 380 ASPECTOS CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICOS DOS CASOS DE HEPATITE B EM SERGIPE NOTIFICADOS EM UM SERVIÇO DE REFERÊNCIA, 2007-2012 Lucas Teixeira Vieira, Tacianne Rolemberg Braga, Mayza Souza Costa, Tereza Virgínia Silva Bezerra do Nascimento, Ângela Maria da Silva, Alex Vianey Callado França, Luan Fellipe Bispo Almeida, Camilla Andrade Lima, Ana Terra Fonseca Barreto, Márcia Maria Macêdo Lima Universidade Federal de Sergipe Introdução: A hepatite vírus B (VHB), doença de notificação compulsória, apresenta grande importância em nosso meio devido a sua alta prevalência. Objetivos: Caracterizar os aspectos clínicos e epidemiológicos dos pacientes com VHB, notificados pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar de um hospital escola de Sergipe. Material e Métodos: Foi delineado um estudo transversal, descritivo, quantitativo, com análise retrospectiva de uma série histórica de cinco anos (Agosto/2007 - Julho/2012). As variáveis analisadas foram obtidas a partir da leitura de 665 fichas de investigação de Hepatites Virais do SINAN. Resultados Entre os 1.063 casos de hepatites virais notificados, 62,56% foram por VHB, com predominância do sexo masculino (62,26%). A mediana da idade foi de 37 anos, com maioria (29,02%) entre 30-39 anos; 5,41% tinham <20 anos, o que pode indicar falhas na cobertura vacinal. Quanto à procedência, 40,6% eram da capital do estado (Aracaju), seguidos por municípios da área metropolitana: Nª Sra. do Socorro (12,03%) e São Cristóvão (6,32%). Em relação às comorbidades, 5,56% dos casos apresentavam coinfecção com HIV/AIDS e 3,3%, com hepatite C. Houve 34 (5,11%) gestantes portadoras de VHB, dado preocupante devido aos riscos de transmissão vertical. Os fatores de risco mais encontrados foram: possuir três ou mais parceiros sexuais (39,5%) e possuir tatuagem ou piercing (24,37%). Quanto à confirmação diagnóstica, 17,29% foram inconclusivos, 3,31%, cicatriz sorológica (Anti-HBs +) e 79,4% dos casos foram confirmados laboratorialmente. Destes, 92,05% eram clinicamente crônicos/portadores assintomáticos e 7,95%, agudos; 16,85% apresentaram alta replicação viral (HBeAg +) e 47,54%, soroconversão, indicativo de bom prognóstico (Anti-HBe+). Não houve casos de hepatite fulminante. Conclusão: O estudo revela a predominância da Hepatite B em Sergipe no sexo masculino e na terceira década de vida, abrangendo principalmente os centros urbanos. Clinicamente, predomina os casos crônicos/portadores assintomáticos, sendo que a transmissão sexual é a maior forma de contágio. Tais dados corroboram, em grande parte, os aspectos clínico-epidemiológicos já descritos na literatura nacional. TL 381 O EFEITO DO TRATAMENTO COM CÉLULAS DA MEDULA ÓSSEA SOBRE A ATIVAÇÃO DAS PROTEÍNAS ERK 1/2 EM UM MODELO DE INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA AGUDA Gustavo Alfredo Ochs de Muñoz, arlos O. Kieling, Mónica Luján Lópes, Carolina Uribe, Nelson A. Kretzmann, Ursula Matte Hospital de Clínicas de Porto Alegre Introdução: As células da medula óssea total (MOT) encapsuladas aumentaram a sobrevida de ratos com insuficiência hepática (IHA), porém as cascatas de sinalização envolvidas neste processo ainda não são compreendidas. Após dano no tecido hepático, há uma intensa proliferação de hepatócitos e células não parenquimatosas. Este processo proliferativo é orquestrado por diversas vias de sinalização, dentre as quais, a via das ERK 1/2 é a mais bem estudada. Esta via pertence à via das MAP kinases, a qual tem ação não só na indução da entrada da célula no ciclo celular como, também, mediação de resposta a estresse, promoção de sobrevivência e regulação do metabolismo. Objetivos: Avaliar a ativação das proteínas ERK 1/2 e sua correlação com o número de mitoses em um modelo murino de 147 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia IHA, hepatectomia de 90% (HP 90%), quando tratados com MOT. Materiais e Métodos: células MOT foram microencapsuladas em alginato de sódio e transplantadas no peritônio de ratos Wistar após cirurgia HP 90% (MOT, n=15) e comparados com grupo de ratos que receberam cápsulas vazias (CO, n=15). Quatro horas antes da eutanásia dos animais, estes receberam uma dose intraperitoneal (0,3mg/Kg) de 5-Bromo-2´-deoxiuridina (BrdU). Os animais foram eutanasiados em 6, 12, 24, 48 e 72 horas. Uma fração do fígado remanescente foi imediatamente congelada para extração de proteínas e outra conservada em formol 10% tamponado. A análise da ativação das ERK 1/2 foi feita através de western blot e a de proliferação por contagem de células em mitose e células positivamente marcadas para BrdU por imunohistoquímica. A análise estatística foi realizada por ANOVA de uma via e teste t de Student. Resultados: não observamos diferenças no número de mitoses e células marcadas para BrdU entre os grupos em nenhum dos tempos estudados. A ativação das ERK 1/2, no entanto, foi maior no grupo MOT em relação ao CO nas 24 e 48 horas após a HP90%(p<0,05). Conclusão: estes dados indicam que a resposta ao tratamento se deve a uma melhora no estado das células, por ativação de vias de sobrevivência, ao invés de uma resposta proliferativa. TL 382 ESCLEROSE SISTÊMICA PROGRESSIVA E HIPERTENSÃO PORTA Priscila Pollo Flores, Tatiana Melo Fernandes, Cesar Ortega, Renata Perez, Vera Pannain Universidade Federal do Rio de Janeiro Introdução: Esclerose Sistêmica (ES) é uma doença autoimune que pode acometer o fígado. A cirrose biliar primária é a doença hepática mais associada à ES e pode evoluir para hipertensão porta e suas complicações. Outras doenças prevalentes devem ser pesquisadas como esteatohepatite e a toxicidade por drogas. Objetivo: O caso a seguir mostra o acometimento hepático grave em uma paciente portadora de ES. Caso clínico: Paciente feminina, 41 anos em acompanhamento devido à esteatose hepática com aminotransferases normais e poliartrite inflamatória. O exame clínico revelou sobrepeso associado à espessamento da pele. A presença de distúrbio motor esofagiano foi detectada por esofagomanometria e sugestiva de Esclerodermia, a qual foi confirmada por biópsia de pele. Os exames laboratoriais revelaram: Anti-DNA, anti-Scl 70, anti-centrômero e sorologias para hepatites virais negativos. O tratamento foi iniciado com prednisona, metotrexate e colchicina obtendo boa resposta. Após 2 meses de evolução houve piora pulmonar sendo necessária pulsoterapia com ciclofosfamida e bosentana visando doença intersticial pulmonar grave. Outras alterações surgiram como elevação de enzimas hepáticas para 1,5 X o valor superior da normalidade e teleangiectasias cutâneas e no trato gastrointestinal visualizadas pela endoscopia. Observou-se o aparecimento também de esclerodactilia e fenômeno de Raynaud. Realizada ultrassonografia de abdome total apenas com esteatose hepática. Os autoanticorpos para hepatite autoimune (FAN, anticorpo anti-músculo liso, anticorpo anti-LKM 1) foram negativos mas havia hipergamaglobulinemia policlonal. O anticorpo anti-mitocôndria foi positivo 1/80 e a colangioressonância não visualizou dilatação de vias biliares. A biópsia hepática demonstrou balonização focal de hepatócitos, esteatose macrovacuolar e espessamento fibroso compatível com esteatohepatite com leve atividade e alteração arquitetural estágio 1(SBH, 2006). No decorrer do acompanhamento, houve evolução da hepatopatia crônica complicada por hipertensão porta, esplenomegalia e varizes esofagianas, necessitando de ligadura elástica. Discussão:A rápida evolução da doença hepática com hipertensão porta grave demonstra a necessidade de investigação adequada das hepatopatias nas doenças autoimunes e a contribuição multifatorial da toxicidade medicamentosa, esteatohepatite e doença autoimune na evolução da doença. 148 TL 383 AVALIAÇÃO DA GAMA-GT COMO FATOR PREDITIVO DE RESPOSTA VIROLÓGICA NO TRATAMENTO DA HEPATITE C CRÔNICA GENÓTIPO 1 COM INTERFERON PEGUILADO, RIBAVIRINA E BOCEPREVIR EM QUATRO CENTROS BRASILEIROS Fernanda Soares Gomes Canedo, Rodrigo Sebba Aires, Giovanni Faria Silva, Raymundo Paraná, Cristiane A Villela-Nogueira, Renata de Mello Perez, Henrique Sérgio Moraes-Coelho HUCFF-UFRJ Introdução: A gama-GT (GGT) tem valor preditivo de resposta no tratamento da hepatite C crônica genótipo 1 com interferon peguilado (PEG-IFN) e Ribavirina (RBV). Entretanto, no tratamento triplo com Boceprevir (BCP), esse valor ainda não está bem estabelecido. Objetivo: Avaliar, em pacientes com hepatite crônica C genótipo 1 tratados com PEG-IFN, RBV e BCP, o valor da GGT como fator preditivo de resposta virológica. Metodologia: Foram avaliados pacientes com hepatite C crônica genótipo 1, virgens de tratamento ou experimentados, com diferentes graus de fibrose, tratados com PEGIFN alfa 2a ou alfa 2b, RBV (13-15 mg/Kg/dia) e BCP (800 mg 8/8h) em quatro centros brasileiros, com avaliação da GGT pré tratamento e do HCV-RNA (limite de detecção de 15 UI/mL) nas semanas 4, 8 e 12. Resultados: Foram incluídos 90 pacientes, 39% do sexo feminino, com média de idade de 52 anos. Destes, 23 (26%) apresentavam GGT normal e 67 (74%) GGT alterada antes do início do tratamento. A proporção de pacientes com HCV-RNA indetectável nas semanas 4, 8 e 12 está representada na tabela abaixo. HCV-RNA (-) Sem 4 GGT normal GGT elevada 0% 3% HCV-RNA (-) Sem 8 HCV-RNA (-) Sem 12 86% 46% 95% 65% Conclusão: A GGT parece ter valor como fator preditivo de resposta virológica inicial na terapia tríplice com BCP, assim como observado no tratamento duplo, entretanto, faltam estudos para confirmar essa tendência. TL 384 CISTO HEPÁTICO CILIADO EM PACIENTE JOVEM: UM RELATO DE CASO Ana Luíza Cardoso Pinheiro, Mariama Alves Dantas Fagundes, Daniela Lima Dias Soares, Suzana Silva Leal, Conceição Maria de Oliveira Mendonça, Victor Rossi Bastos, André Lyra Hospital São Rafael Introdução: Os cistos ciliados hepáticos (CHFCs) são lesões congênitas raras que surgem a partir da tecido embrionário. Eles são formados durante o desenvolvimento fetal por evaginação das respectivas porções do intestino anterior, e são caracterizados por um revestimento epitelial ciliar. Cerca de 100 casos de CHFC têm sido relatados, dos quais apenas 13 eram em crianças. Embora CHFC normalmente é benigna, a transformação maligna para carcinoma espinocelular (CEC) tem sido relatada em três casos. A taxa de sobrevivência após a progressão para malignidade é baixa. Apresentamos um relato de caso de achado incidental de cisto ciliado hepático em paciente jovem, diagnosticado aos 12 anos de idade. A importância de relatá-lo se deve ao fato de ser uma entidade rara, pouco relatada em jovens, além do que o nosso caso apresentou-se inicialmente como um cisto simples e, posteriormente, com características radiológicas de cisto ciliado, o que não há relatado em literatura conforme nosso conhecimento. Objetivo: Relatar o caso de um cisto ciliado hepático paciente jovem. Relato de caso: Trata- Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters se de paciente jovem, sem co-morbidades, com achado incidental ultrassonográfico de cisto hepático de 2,3cm em segmento IV aos 12 anos, em acompanhamento desde então com hepatologista. Transaminases, enzimas canaliculares hepáticas, provas de função hepáticas e alfa-fetoproteína permanecendo sempre normais. Assintomático. Ressonância de abdome do início do diagnóstico apresentava imagem cística com hipersinal em T2 e hiposinal em T1 sem impregnação ao contraste, com sinais de septação, caracterizando cisto hepático simples. Feito acompanhamento regular anual com ultrassonografia e bianual com ressonância de abdome. Ressonâncias de abdome subsequentes começaram a apresentar heterogenicidade em lesão com imagem cística com único septo separando conteúdo anecóico de conteúdo hipoecogênico (conteúdo proteíco), sem aumento do volume da lesão. Conclusão: Cistos hepáticos ciliares devem ser considerados em diagnóstico diferencial de outros cistos hepáticos solitários, incluindo cistos simples, cistoadenomas hepatobiliares e cistos parasitários. O comportamento do mesmo e potencialidade para malignização é ainda incerta, e pouco relatada. TL 385 INFECÇÃO CRUZADA DE KLEBSIELLA PNEUMONIAE CARBAPENEMASE (KPC) ENTRE DOADOR E RECEPTOR DE FÍGADO: RELATO DE CASO Claudia Cristina Tavares de Sousa, Anderson Brito de Azevedo Silva, Felipe Tavares de Mello, Ronaldo Oliveira Andrade, Eduardo de Souza Martins Fernandes Hospital Adventista Silvestre Introdução: Há na literatura estudos e relatos sobre transmissão de infecções, entre doador e receptores de órgãos sólidos. Relatamos aqui um caso de transmissão entre doador e receptor de uma bactéria de alta virulência e resistência, a KPC. Objetivos: Relatar infecção cruzada de KPC entre doador de fígado sem infecção documentada e receptor, com desfecho desfavorável e análise da virulência do germe. Material e Métodos: Mulher, 60 anos, com cirrose por hepatite C e Carcinoma Hepatocelular, Child A, listada para transplante. Realizado transplante hepático com doador falecido, 27 anos, vítima de TCE, com 9 dias de internação, sem relato de infecção ou uso de antibiótico, além de hemoculturas negativas. Apesar disso, foram realizadas coletas de cultura protocolares do doador. A cirurgia ocorreu sem intercorrências com profilaxia antibiótica com AmpicilinaSulbactam. A receptora evoluiu bem nas primeiras 48 horas, apesar de positivação em andamento de bacilo gram negativo de culturas do doador. Mesmo com boa evolução, iniciou-se Meropenem, até identificação do germe. Mesmo assim, iniciou quadro de piora clínica no 3? dia, com sintomas respiratórios, com evolução para sepse grave no 4? dia, quando identificou-se na cultura do doador o patógeno KPC. Foi ampliado o esquema para Polimixina B e Ciprofloxacina conforme sensibilidade do antibiograma. Apesar do tratamento, a paciente evoluiu para óbito no décimo dia devido à sepse grave, com o mesmo patógeno isolado em suas amostras de hemocultura. Discussão: Estudos demonstram, como de González-Segura et al, que culturas positivas de doadores não são suficientes para determinar infecção no receptor e portanto, não são consideradas um critério de contra-indicação ao procedimento. No entanto, alguns relatos apresentam transmissão cruzada de germes de alta virulência, e suas análises críticas são relacionadas ao longo tempo para identificação dos germes. No caso apresentado, apesar de condutas protocolares e precoces, não foi possível obter melhor desfecho. Conclusão: Baseando-se neste caso e em outros relatados na literatura, concluímos que há necessidade de novos métodos diagnósticos, com capacidade de identificação mais rápida a fim de antecipar conduta antimicrobiana frente à alta virulência dos germes emergentes. Com isso, pode-se evitar o desfecho desfavorável como o relatado no caso. Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 TL 386 ASSOCIAÇÃO ENTRE RESPOSTA VIROLÓGICA SUSTENTADA E MORTALIDADE, DESCOMPENSAÇÃO DA CIRROSE E CARCINOMA HEPATOCELULAR EM PACIENTES COM CIRROSE POR HEPATITE C Alexandre de Araujo, Ricardo Zwirtes, Hugo Cheinquer Hospital de Clínicas de Porto Alegre; Universidade Federal do Rio Grande do Sul Introdução: o tratamento da hepatite C (HCV) em pacientes com cirrose é um desafio e visa obter resposta virológica sustentada (RVS). Poucos estudos avaliam seu impacto em desfechos clínicos relevantes. Objetivos: comparar as taxas de mortalidade, descompensação da cirrose e carcinoma hepatocelular (CHC) em cirróticos com e sem RVS. Métodos: 221 pacientes com cirrose por HCV submetidos a tratamento baseado em interferon foram incluídos nessa coorte. RVS foi definida como RNA do HCV negativo 24 semanas após o tratamento. Os desfechos aferidos foram mortalidade, descompensação da cirrose e carcinoma hepatocelular. Resultados: Os dados demográficos e clinico-laboratoriais são apresentados na tabela 1. RVS ocorreu em 77 pacientes (35%), 15 (24%) com genótipo 1 e 42 (55%) com genótipos 2/3 (P=0,02). A taxa de mortalidade foi 15% (n=32), sendo 4% (n=3) no grupo com RVS e 21% (n=29) no grupo sem RVS. Não ocorreram mortes durante o curso da terapia. CHC ocorreu em 5 (6%) e 23 (16%) pacientes com e sem RVS, respectivamente. Descompensação da cirrose ocorreu em 4 pacientes (5%) com RVS versus 30 pacientes (34%) sem RVS. Conclusões: pacientes com cirrose pelo HCV que atingem RVS têm menor ocorrência de mortalidade, carcinoma hepatocelular e descompensação da cirrose. 149 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia nas semanas 4 e 12 de terapia tripla, respectivamente, com 82% de eRVR. Cinco dos 28 (18%) não alcançaram RVR, sendo que 4 eram respondedores nulos e 1 naïve HIV positivo, sendo 2 tratados com Boceprevir e 3 com Telaprevir. Anemia grave (grau 3 ou 4) ocorreu em 3/28 pacientes, sendo necessária redução de dose de ribavirina em 14/28, uso de EPO em 4/28 e transfusão de sangue em apenas 1/ 28 pacientes. Rash cutaneo ocorreu em 10/28, sendo a maioria (7/ 10) de forma leve (grau 1) . Conclusões: Nesta análise interina de pacientes tratados com terapia tríplice com IP chamou a atenção o alto índice de RVR e de eRVR (82%), além da segurança e boa tolerância do tratamento. TL 388 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL EM HEPATOPATIAS NA INFÂNCIA Figura 1: Sobrevida acumulada em pacientes com e sem RVS Lucas Marques de Faria, Jazon Romilson de Souza Almeida, Tiago Sevá Pereira, Carolina de Oliveira Santos, Tirzah Lopes, Priscila Santana, Leticia Stahelin, Livia Pandolfi UNICAMP Figura 2: Incidência cumulativa de CHC em pacientes com e sem RVS TL 387 ANÁLISE DA RESPOSTA VIROLÓGICA RÁPIDA E PRECOCE DO TRATAMENTO DA HEPATITE CRÔNICA C COM O USO DE INIBIDORES DE PROTEASE (IP) - EXPERIÊNCIA DE VIDA REAL DE UMA CLÍNICA PRIVADA Carlos Eduardo Brandão-Mello, Marcia Amendola-Pires, Claudio Figueiredo-Mendes Clinica de Doenças do Fígado - Rio de Janeiro Introdução & Objetivo: O tratamento "padrão ouro" da hepatite crônica pelo HCV genótipo 1 nos dias de hoje é a associação de pegIFN, ribavirina e inibidores de protease (IP). Os estudos de registro mostraram taxas de RVS de 65 - 75% para os naïve e de 30-65% para os experimentados. Desconhece-se a eficácia do tratamento em pacientes tratados fora de estudos de registro (vida real). O objetivo é avaliar a RVR e RVP do tratamento antiviral com o emprego de IPs em pacientes atendidos numa clínica privada. Material e Métodos: Pacientes com infecção crônica pelo HCV confirmado por RT-PCR e estadiamento por biópsia ou testes não invasivos foram tratados com telaprevir ou boceprevir, peg- interferon-alfa e ribavirina (PR), de acordo com os guidelines nacionais e internacionais. HCVRNA foi avaliado no baseline, nas semanas 4, 12, 24, 48 e 72 de tratamento. Resultados: 28 pacientes, sendo 19 do sexo masculino (67%), com média de idade de 51 9.8 anos foram incluídos. 48% apresentavam carga viral HCV-RNA ? 6.0 log UI/mL; 50% tinham fibrose leve/moderada (F1/F2) e 50% fibrose avançada (F3) /cirrose (F4). Quanto ao genótipo, 25 dos 28 apresentavam genótipo 1 (20-1b/ 51a) e 3 gen. 4; 35% eram naïve, 65% experimentados, sendo 8 nulos, 2 respondedores parciais e 8 recidivantes. Vinte e um foram tratados com Telaprevir e 7 com Boceprevir. Um terço eram coinfectados com o HIV. HCV-RNA indetectável (< 15 UI/L) foi alcançado em 82% e 89% 150 Introdução: A investigação quanto a etiologia em hepatopatias crônicas na infância permanece como desafio até hoje. Existe na literatura mundial diversas citações de casos inicialmente diagnosticados como hepatite auto imune ,através de biópsias hepáticas com histologia compatível que, na realidade ,demonstraramse posteriormente como Doença de Wilson. Consequentemente, houve atraso no tratamento efetivo inicial para controle de tal patologia. Objetivo: Relatar caso de paciente com Dça de Wilson inicialmente diagnosticado e tratado como Hepatite Autoimune. Relato de caso: BSF, 16 anos, iniciou em 2009 um quadro clínico inespecífico de dor em hipocôndrio direito e sensação de dor e desconforto em membros inferiores. Negava comorbidades previas ou quaisquer outras queixas. Inicialmente exames laboratoriais em primeira avaliação de 2011 demonstravam AST:127/ALT:63/ Fosfatase Alcalina:1238 / GGT:107/ Bilirrubina total: 2,67 , além de RNI 1,68 e 63 mil plaquetas ao Hemograma. Ultrassonografia abdominal ainda evidenciou sinais sugestivos de hepatopatia crônica e Esplenomegalia. Demais exames: sorologias para hepatites b,c e HIV normais, Alfa1- antitripsina normal, cobre urinário normal. FAN normal; Eletroforese de Proteinas normal. Relizada biópsia hepática 7/2011 que evidenciou: Hepatite Crônica em fase de Cirrose com intensa atividade de interface. Hepatócitos em pseudoroseta. Sugestiva de etiologia hepatite autoimune. Iniciouse terapia específica com Prednisona e Azatioprina sem melhora clínica e laboratorial. Apresentou, então, no final de 2012 ,quadro de dificuldade para deambular e para articulação de palavras. Aventada possibilidade de quadro síndrômico compatível com Doença de Wilson, iniciou-se nova investigação que demonstrou:: Ceruloplasmina: 0,02 ; RNM crânio: lesão bilateral e simétrica de nucleo estriado com discreta perda volumétrica associada. Comprometimento de tratos piramidais e provável depósito metálico pálidas, compatível com doença de Wilson. Avaliado pela equipe de neurologia que confirmou: Parkinsonismo + Distonia. Na avaliação oftalmológica de 2013 foram visualizados os anéis de Kayser-Fleisher. Foi Iniciada a terapia com D- Penicilamina. Conclusão: Paciente com Doença de Wilson inicialmente apresentando-se com quadro histológico compatível com Hepatite auto imune, retardando tratamento específico necessário. TL 389 EHNA: ALTA PREVALENCIA EM PACIENTES ENDOCRINOLÓGICOS Maria Lucia Pedroso, Rodrigo Bremer Nones, Claudia Ivantes, Marielle Malucelli Hospital de Clínicas da UFPR Introdução: A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é uma doença muito prevalente a nível mundial e preocupante devido poder apresentar-se como esteatohepatite não alcoólica (EHNA) e Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013 Temas livres/Abstracts – Posters assim ter potencial para evoluir até cirrose e ou hepatocarcinoma. A melhor forma de diagnosticar EHNA é através da biópsia hepática, ainda que os critérios histológicos diagnósticos venham sendo frequentemente rediscutidos. Existem alguns fatores de risco para EHNA e evolução da fibrose, destacando-se a obesidade e o diabetes melitus tipo 2 (DM). O objetivo deste trabalho foi avaliar o diagnóstico de EHNA em serviços de hepatologia referenciados por endocrinologistas para encaminhamento de pacientes com suspeita de DHGNA. Materiais e Métodos: Avaliou-se 195 pacientes assintomáticos, com diagnóstico de DHGNA, em dois serviços de hepatologia, de uma mesma cidade, atendidos no período de março de 2005 à janeiro de 2011. Todos foram convidados à realizar biópsia hepática, independente da presença de alterações laboratoriais, exceto aqueles que já apresentavam evidencias ecográficas de cirrose. O diagnóstico histológico de EHNA foi realizado de acordo com o guideline da American Association for the Study of Liver AASLD (2012) e comparado com a classificação de Kliener. Resultados: Um total de 66 pacientes com DHGNA foram incluídos, sendo que oito casos já tinham diagnóstico ecográfico de cirrose e 58 pacientes realizaram biópsia hepática. Entre este total de casos com DHGNA: a) 64% eram do sexo feminino; b) idade média 55 (±9,6) anos; c) índice de massa corpóreo médio 31 (±5,6); d) 31% eram obesos; e) 65% eram diabéticos tipo II (DM); f) 36% dos casos eram tanto diabéticos quanto obesos; g) 26% (17/66) apresentavam fibrose avançada (METAVIR graus 3 e 4) sendo que 88% tinham DM e 41% eram também obesos. O diagnóstico histológico de EHNA ocorreu em 51/58 (88%) dos casos, segundo as novas determinações da AASLD. Se o diagnóstico tivesse sido realizado pela classificação de Kliener 7 casos não teriam sido diagnosticados. Entre os pacientes com EHNA: a) 69% eram do sexo feminino; b) 63% eram obesos; c)63% apresentavam DM d) 37% apresentavam obesidade e DM. Houveram 9/51 casos (18%) com fibrose avançada (METAVIR graus 3 e 4), sendo que todos eram diabéticos e 5 eram também obesos. Conclusão: Observou-se alta prevalência de casos de EHNA, com alto percentual de casos com DM ou obesidade e uma associação entre os casos com fibrose hepática avançada e DM. TL 390 REAPARECIMENTO DO HBSAG EM INFECÇÃO OCULTA PELO VÍRUS DA HEPATITE B APÓS SOROCONVERSÃO DO HIV EM HOMEM QUE FAZ SEXO COM HOMEM Reis-Zenatti, VL; Almeida, AJ; Hasselmann, B; Gola, TF; Sousa, PS; Ginuino, CF; Fernandes, CAF; Moraes, SR; Lampe, E; Lewis-Ximenez, LL Ambulatório de Hepatites Virais/ Laboratório de Referência Nacional em Hepatites Virais/IOC, Fiocruz, Ministério da Saúde. Rio de Janeiro. Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels, RJ Introdução: A infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) é um problema de saúde pública mundial, com estimativas de 350 milhões de pessoas infectadas em todo o planeta. Sua forma oculta é caracterizada pelo HBV DNA detectável na ausência de HBsAg em indivíduos com ou sem marcadores sorológicos de contato com o vírus. Dados da literatura científica indicam que a imunossupressão, seja ela causada por quimioterapia, imunomoduladores ou imunodeficiências, seja neoplásica ou secundária ao HIV (vírus da imunodeficiência humana), pode provocar a reativação viral. Objetivo: relatar o caso de reaparecimento do HBsAg em indivíduo masculino com infecção oculta pelo HBV, após soroconversão do anti-HIV. Relato de Caso: Homem de 47 anos, inicialmente anti-HIV não reagente, com histórico de hepatite B aguda iniciada em 2010, a qual evoluiu para infecção oculta do vírus após 5 meses. Não havia concomitância do vírus da hepatite Delta (HDV). Seu acompanhamento era feito de forma periódica, com realização de sorologias para HBV e HIV, além de quantificação do DNA viral através de exames moleculares, os quais se mostravam ora positivos, em baixos valores, ora abaixo dos limites quantitativos do método, embora detectáveis. Esse perfil de infecção oculta foi observado até o 14º mês, quando em revisão rotineira, houve Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013 reaparecimento do HBsAg, sem atividade inflamatória, além da elevação da carga viral (3.179 UI/mL, log 3,5) e da detecção de anti-HIV, confirmado pelo Western Blot. Possuía em sua história socioepidemiológica, ser profissional do sexo e usuário de cocaína inalável com uso de parafernália compartilhada, além da prática de felação sem uso de preservativos e de se relacionar sexualmente com homens. Desde então, iniciou acompanhamento conjunto com o infectologista. Não houve recidiva clínica até o momento da elaboração desse relato. Conclusão:Em pacientes com hepatite B oculta, o reaparecimento do HBsAg deverá motivar a busca por alguma condição que leve ao comprometimento do sistema imune, dentre eles a infecção pelo HIV. TL 391 HEPATITE AGUDA GRAVE INDUZIDA PELA SÍNDROME DRESS Suzana Silva Leal, Daniela Lima Dias Soares, Conceição Maria de Oliveira Mendonça, Ana Luiza Cardoso Pinheiro, Victor Rossi Bastos, Mariama Dantas Fagundes, André Castro Lyra Hospital São Rafael Introdução: A reação à droga com eosinofilia e sintomas sistêmicos (DRESS) é uma reação de hipersensibilidade rara, potencialmente fatal, que inclui erupção cutânea, anormalidades hematológicas (eosinofilia, linfocitose atípica), linfadenopatia e envolvimento de órgãos como fígado, rim e pulmão. O envolvimento hepático ocorre em 6080% dos casos, sendo na maioria das vezes uma hepatite assintomática, leve e transitória. Comprometimento grave da função hepática pode ocorrer, sendo responsável pela maioria das mortes e havendo relatos da necessidade de transplante hepático de urgência. Objetivo: Relatar o caso de um paciente com hepatite aguda grave associada à síndrome DRESS. Relato de caso: Trata-se de um paciente de 37 anos, negro, do sexo masculino, cursando com quadro de febre, cefaleia, mialgia após 3 semanas do início do tratamento para Hanseníase com Rifampicina, Daptomicina e Clorfazimina. O paciente evoluiu com rash cutâneo eritematoso, seguido de dermatite esfoliativa, icterícia, anasarca, ascite, derrame pleural e sonolência, porém sem "flapping" ou outras evidências que sugerissem encefalopatia hepática. Negava uso de drogas ilícitas, álcool ou transfusão sanguínea. Exames complementares evidenciaram anemia, leucograma inicialmente normal com posterior eosinofilia grave (2400/ mm3), níveis de transaminases cerca de 10X o limite superior da normalidade (LSN), bilirrubinas que atingiram 40 mg/dL à custa da fração conjugada, mantendo tempo de protrombina normal. Sorologias para hepatites virais (HAV, HBV, HCV, EBV, HSV, CMV), bem como os marcadores de doencas hepáticas autoimunes foram negativos. A sorologia para leptospirose foi negativa. Os níveis de ceruloplasmina estavam dentro da normalidade. Ultra-sonografia de abdome não mostrou dilatação de vias biliares ou alteração da ecotextura hepática. O paciente cursou ainda com insuficiência renal aguda com necessidade de terapia de substituição renal. Após a retirada da droga, o paciente apresentou melhora lenta, porém progressiva e resolução total do quadro hepático e renal cerca de 30 dias depois. Conclusão: O envolvimento hepático no curso da síndrome DRESS é raro, no entanto, quando ocorre pode ser grave e até mesmo fatal, sendo os níveis de transaminases e bilirrubinas importantes preditores de gravidade e necessidade de transplante hepático. A suspeita diagnóstica é de suma importância uma vez que a retirada da droga é o tratamento mais efetivo. TL 392 PREVALÊNCIA DE DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA EM JOVENS UNIVERSITÁRIOS Bruna Barbosa Oliveira, Janaina Goes do Nascimento, Alessandra Rosset Carvalho, Tatiana Arrais Fortaleza, Cristina Melo Rocha Universidade do Estado do Amazonas, Universidade Federal do Amazonas, FAPEAM 151 XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia Introdução: A doença hepática gordurosa (DHG) pode ser causada por uma variedade de insultos, tendo sido mais frequentemente associada à síndrome metabólica e ao consumo de álcool. Objetivos: investigar a prevalência de DHG em jovens universitários. Metodologia: Um estudo transversal, descritivo, prospectivo e não controlado realizado em universitários de até 40 anos de idade. O projeto foi divulgado em cinco universidades públicas e privadas. Foram excluídos sujeitos sabidamente portadores de hepatopatias. Questionário auto-aplicado incluía dados sociais, uso de medicamentos, comportamento relacionado à saúde, como consumo de álcool, tabagismo e atividade física. Medidas antropométricas e ultrassonografia abdominal foram realizadas. Resultados: Entre os 81 voluntários, 40,7% eram do gênero masculino e 59,3% do gênero feminino, com idade média de 23 anos, oriundos de diversos cursos de graduação, sendo da Med