MH 1 203 - Capa Anais

Propaganda
ISSN 19823150
MODERNA HEPATOLOGIA
BOLETIM DO SERVIÇO DE HEPATOLOGIA DA
SANTA CASA DO RIO DE JANEIRO E DO GRUPO DE FÍGADO DO RIO DE JANEIRO
RIO DE JANEIRO-RJ - ANO 39 - EDIÇÃO JULHO/DEZEMBRO 2013
XXII CONGRESSO BRASILEIRO
DE HEPATOLOGIA
02 A 05 DE OUTUBRO 2013
RIO DE JANEIRO
TRABALHOS CIENTÍFICOS
TRABALHOS CIENTÍFICOS
MODERNA HEPATOLOGIA
ISSN 19823150
Serviço de Hepatologia da Santa Casa do Rio de Janeiro (8ª Enfermaria)
Rua Santa Luzia, nº 206 – Castelo - 20020-020 – Rio de Janeiro-RJ - Tel.: (21) 2220-9649
E-mail: [email protected]
Grupo de Fígado do Rio de Janeiro
Rua Siqueira Campos, nº 93/802 - Copacabana –22031-070 - Rio de Janeiro-RJ
Tels.: (21) 2255-8282 e (21) 2236-4510 - e-mail: [email protected]
Ano 39 – Nº 2 – Julho/Dezembro de 2013
MODERNA HEPATOLOGIA
Editores Responsáveis
Cláudio G de Figueiredo Mendes
Eduardo Joaquim Castro
Conselho Editorial
Carlos Antônio R. Terra Filho, Carlos Eduardo Brandão-Mello, Cláudio G. de Figueiredo Mendes,
Cristiane Alves Villela Nogueira, Eduardo Joaquim Castro, Fernando Wendhausen Portella, Francesco Agoglia,
Henrique Sérgio M. Coelho, João Luiz Hauer, João Luiz Pereira, Joaquim Ribeiro Filho, Jorge André de Segadas Soares,
Letícia Cancella Nabuco, Paulo de Tarso A. Pinto, Renata de Mello Perez, Ricardo Cerqueira Alvariz,
Silvando Barbalho Rodrigues, Vera Lucia N. Pannain
DIRETORIA DO GRUPO DE FÍGADO
BIÊNIO 2011-2013
Presidente: Francesco Agoglia
Secretário: Eduardo Joaquim Castro
Tesoureiro: Marcio Fragoso Castro
Diretor Científico: João Luiz Pereira
Diretor de Divulgação: Silvando Barbalho Rodrigues
Comissões
Homepage: Paulo de Tarso A. Pinto
Moderna Hepatologia
Claudio G. de Figueiredo Mendes e Eduardo Joaquim Castro
Curso de Aperfeiçoamento em Hepatologia
Flavia Fernandes e Gustavo Henrique Pereira
Admissão: Carlos Antônio R Terra Filho e Clarice Gdalevici
Comissão Fiscal: Fernando Wendhausen Portella, Letícia Cancella Nabuco, Paulo de Tarso A. Pinto
PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA DA MODERNA HEPATOLOGIA
Trasso Comunicação Ltda
Av. N. Sra. de Copacabana, 1059 sala 1201 – 22060-001– Rio de Janeiro-RJ – Tel/Fax.: (21) 2521-6905
[email protected] - www.trasso.com.br
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
1
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
MODERNA HEPATOLOGIA
ISSN 19823150
Serviço de Hepatologia da Santa Casa do Rio de Janeiro (8ª Enfermaria)
Rua Santa Luzia, nº 206 – Castelo - 20020-020 – Rio de Janeiro-RJ - Tel.: (21) 2220-9649
E-mail: [email protected]
Grupo de Fígado do Rio de Janeiro
Rua Siqueira Campos, nº 93/802 - Copacabana –22031-070 - Rio de Janeiro-RJ
Tels.: (21) 2255-8282 e (21) 2236-4510 - e-mail: [email protected]
Ano 39 – Nº 2 – Julho/Dezembro de 2013
MODERNA HEPATOLOGIA
Editores Responsáveis
Cláudio G de Figueiredo Mendes
Eduardo Joaquim Castro
Conselho Editorial
Carlos Antônio R. Terra Filho, Carlos Eduardo Brandão-Mello, Cláudio G. de Figueiredo Mendes,
Cristiane Alves Villela Nogueira, Eduardo Joaquim Castro, Fernando Wendhausen Portella, Francesco Agoglia,
Henrique Sérgio M. Coelho, João Luiz Hauer, João Luiz Pereira, Joaquim Ribeiro Filho, Jorge André de Segadas Soares,
Letícia Cancella Nabuco, Paulo de Tarso A. Pinto, Renata de Mello Perez, Ricardo Cerqueira Alvariz,
Silvando Barbalho Rodrigues, Vera Lucia N. Pannain
DIRETORIA DO GRUPO DE FÍGADO
BIÊNIO 2013-2015
Presidente: Carlos Terra
Secretário: João Luiz Pereira
Tesoureiro: Cláudio G. de Figueiredo Mendes
Diretor Científico: Guilherme Rezende
Diretores de Divulgação: Armando Palladino, Leticia Nabuco
Comissões
Moderna Hepatologia
Cristiane Alves Villela Nogueira, Cláudio G. de Figueiredo Mendes, Eduardo Joaquim Castro
Curso de Aperfeiçoamento em Hepatologia
Flavia Fernandes e Gustavo Henrique Pereira
Admissão: Renata de Mello Perez, Maria Chiaro Chindamo, Jorge André de Segadas Soares
Comissão Fiscal:
Fernando Wendhausen Portella, Francesco Agoglia, Carlos Eduardo Brandão-Mello
Homepage: Anderson Brito
PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA DA MODERNA HEPATOLOGIA
Trasso Comunicação Ltda
Av. N. Sra. de Copacabana, 1059 sala 1201 – 22060-001– Rio de Janeiro-RJ – Tel/Fax.: (21) 2521-6905
[email protected] - www.trasso.com.br
2
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TRABALHOS CIENTÍFICOS
MENSAGEM DO PRESIDENTE DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE HEPATOLOGIA
EDITORIAL
A
pós mais de 10 anos de espera, o Congresso Brasileiro de Hepatologia volta ao
lar. Foi no Rio de Janeiro, no final da década de 60 que a hoje adulta Sociedade Brasileira
de Hepatologia nasceu. Diversos ícones da hepatologia de nosso país souberam ao
longo dos mais de 40 anos de existência da SBH trazer para os associados e interessados
pela especialidade o melhor e o mais moderno na área das doenças do fígado.
Tendo em vista o excelente trabalho desenvolvido pelos ex-presidentes, não poderia
deixar de me esforçar ao máximo para oferecer aos participantes o melhor de nossa
especialidade. Contei, para isso, com colegas e amigos do Rio de Janeiro e de todo o
Brasil, que souberam doar suas experiências em prol de um único objetivo, a realização
de um evento memorável do ponto de vista científico e social.
Participarão do congresso hepatologistas brasileiros e de diferentes países que
trarão para o Rio seus conhecimentos e simpatia, o que possibilitará trocas instantâneas
de saber. Certamente as redes sociais vieram para ficar e facilitar a vida, mas o contato
direto ainda tem valor inestimável e esse tipo de interação será nossa grande proposta.
Nas páginas desse número da revista Moderna Hepatologia, é possível verificar o
quanto cresceu a hepatologia nacional. O número de trabalhos enviados cresceu muito
e a qualidade dos estudos desenvolvidos por pesquisadores nacionais tem mostrado que
podemos fazer ciência de qualidade.
O Rio de Janeiro continua lindo e certamente ficará mais ainda com todos vocês
reunidos em nosso evento maior. A cidade que já era maravilhosa, está cada dia mais
charmosa com as mudanças que estão sendo implementadas para a Copa e para as
Olimpíadas, que ocorrerão nos próximos anos. Nossa responsabilidade é enorme, estamos
cientes, por isso estamos fazendo o possível para que todos se sintam em casa e,
porque não, um pouco cariocas.
Aproveitem ao máximo nossa casa. Estamos, assim como o Cristo do alto do
Corcovado, de braços abertos para receber nossos amigos.
Henrique Sérgio Moraes Coelho
Presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
3
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
DIRETORIA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE HEPATOLOGIA – BIÊNIO 2012/2013
Presidente
Henrique Sérgio Moraes Coelho
1º Vice Presidente
Maria Lúcia Gomes Ferraz
2º Vice Presidente
José Carlos Ferraz Fonseca
3º Vice presidente
Francisco José Dutra Souto
1º Tesoureira
Letícia Cancella Nabuco
2º Tesoureiro
André Castro Lyra
Secretario Geral
Mário Reis Álvares-da-Silva
Secretario Adjunto
Jorge André Segadas Soares
COORDENADORES / CURSOS AVANÇADOS
Cirrose e suas Complicações
Francesco Agoglia , João Luiz Hauer
Diagnóstico em Hepatologia
Alice Junqueira Moll, Maria Lúcia Cardoso Gomes Ferraz
Cirurgia e Transplante de Fígado
Joaquim Ribeiro Filho. Luiz Augusto Carneiro D’Albuquerque
Hepatologia Pediátrica
Themis Reverbel da Silveira
Terapia Intensiva em Hepatologia
Paulo Lisboa Bittencourt
4
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TRABALHOS CIENTÍFICOS
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
COMISSÃO CIENTÍFICA
Henrique Sérgio Moraes Coelho
COMISSÃO DE TEMAS LIVRES
Renata De Mello Perez - Coordenadora
Maria Lucia Cardoso Gomes Ferraz
Jorge André Segadas Soares
Carlos A. Rodrigues Terra Filho
Francisco José Dutra Souto
Leticia Cancella Nabuco
Edna Strauss
Cristiane Alves Villela Nogueira
Cristiane Valle Tovo
Fernando Wendhausen Portella
Mário Reis Álvares-da-Silva
João Luiz Pereira
COMISSÃO AVALIADORA DE TEMAS LIVRES
Adalgisa de Souza Paiva Ferreira
Aécio Flávio Meirelles de Souza
Agnaldo Soares Lima
Ajácio Bandeira de Mello Brandão
Alex Vianey Callado França
Alfeu de Medeiros Fleck Junior
Ana Carolina Ferreira Netto Cardoso
Ana de Lourdes Candolo Martinelli
Ana Lúcia Coutinho Domingues
Ana Maria Pitella S. Leite
André Castro Lyra
Angelo Alves de Mattos
Antonio Eduardo B. Silva
Carlos A. Rodrigues Terra Filho
Carlos Eduardo Brandão de Mello
Carlos Sandoval Gonçalves
Celina Maria Costa Lacet
Claudia Pinto Marques Souza de Oliveira
Claudio Augusto Marroni
Claudio G. Figueiredo Mendes
Claudio Moura Lacerda
Cristiane Alves Villela Nogueira
Cristiane Valle Tovo
Deborah Maia Crespo
Dominique Araújo Muzzillo
Dvora Joveleviths
Edison Roberto Parise
Edmundo Pessoa A. Lopes Neto
Edna Strauss
Eduardo Luiz Rachid Cançado
Elza Cotrin Soares
Esther Buzaglo Dantas Corrêa
Fabio Heleno de Lima Pace
Fabio Marinho do Rêgo Barros
Fernando Lopes Gonçales Junior
Fernando Wendhausen Portella
Francisco José Dutra Souto
Gilda Porta
Giovanni Faria Silva
Guilherme Ferreira de M. Rezende
Gustavo Henrique S. Pereira
Helma Pinchemel Cotrim
Hugo Cheinquer
Ivonete Sandra de Sousa e Silva
João Galizzi Filho
João Luiz Pereira
João Renato Rebello Pinho
João Silva de Mendonça
Jorge André de Segadas Soares
José Eymard Moraes de Medeiros Filho
José Milton de Castro Lima
lberto Queiroz Farias
Leila Maria Moreira Beltrão Pereira
Leonardo De Lucca Schiavon
Leticia Cancella Nabuco
Luciana Lofego Gonçalves
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
Luiz Augusto Carneiro D’Albuquerque
Luiz Guilherme Costa Lyra
Maria Cassia Mendes Correa
Maria Chiara Chindamo
Maria Lúcia Cardoso Gomes Ferraz
Mario Guimarães Pessoa
Mario Kondo
Mário Reis Álvares-da-Silva
Nathalie Carvalho Leite
Paulo de Tarso Aparecida Pinto
Paulo Herman
Paulo Lisboa Bittencourt
Paulo Roberto Abrão Ferreira
Paulo Roberto Lerias de Almeida
Raymundo Paraná Ferreira Filho
Renata de Mello Perez
Renato Ferreira da Silva
Rita de Cássia Martins Alves Silva
Roberto José de Carvalho Filho
Rodrigo Sebba Aires
Rosangela Teixeira
Suzane Kioko Ono
Themis Reverbel da Silveira
Thor Oliveira Dantas
Victorino Spinelli Toscano Barreto
Vincenzo Pugliese
5
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
TRABALHOS CIENTÍFICOS
6
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TRABALHOS CIENTÍFICOS
Trabalhos selecionados para premiação
TL 001
VALIDAÇÃO DO CLIF-SOFA E DA DEFINIÇÃO DE ACUTE-ON-CHRONIC LIVER FAILURE DO CONSÓRCIO EASL-CLIF COMO PREDITORES
DE MORTALIDADE NA CIRROSE
Autores: Pedro Eduardo Soares e Silva, Leonardo Fayad, César Lazzarotto, Marcelo Fernando Ronsoni, Maria Luiza Bazzo, Esther Buzaglo
Dantas-Correa, Janaína Luz Narciso-Schiavon, Leonardo de Lucca Schiavon
NEGH - Núcleo De Estudos em Gastroenterologia e Hepatologia - Universidade Federal de Santa Catarina
Introdução: Recentemente, o conceito de acute on-chronic liver
failure (ACLF) surgiu para identificar os portadores de cirrose hepática
com disfunção de órgão e elevadas taxas de mortalidade. Entretanto,
a ausência de uma definição precisa tem limitado a aplicação clínica e
atividades de pesquisas relacionadas a ACLF. Objetivos: Validar a
definição de ACLF e o escore SOFA modificado (CLIF-SOFA) recentemente propostos pelo Consórcio EASL-CLIF como preditores de
mortalidade em pacientes admitidos por descompensações agudas
da cirrose. Material e métodos: Estudo de coorte prospectivo no
qual os pacientes foram avaliados dentro de 24 horas da admissão e
nos dias 3, 7, 30 e 90. O diagnóstico de cirrose foi estabelecido
histologicamente ou pela combinação de achados clínicos, de imagem
e laboratoriais em pacientes com evidência de hipertensão portal. O
escore CLIF-SOFA e os critérios de ACLF foram aplicados na
admissão. Resultados: Entre dezembro de 2010 e novembro de
2012, 144 pacientes cirróticos foram avaliados, com média de idade
de 52,8 ± 10,9 anos e 75,7% do sexo masculino. A causa da cirrose
foi hepatite C em 41,0% e alcoólica em 39,6%. Descompensação
prévia foi relatada por 63,2% dos indivíduos. A média do MELD foi de
16,4 ± 7,0 e 51,4% dos pacientes eram Child-Pugh C. Na admissão,
40 pacientes (27,8%) preencheram critérios para ACLF (graus 1, 2 e
3 em 19,4%, 5,6% e 2,8%, respectivamente). Aqueles com ACLF
apresentaram maior CLIF-SOFA (9,8 ± 3,3 vs. 5,4 ± 2,1, P < 0,001),
maior prevalência de ascite, etiologia alcoólica, infecção na admissão,
Child-Pugh C e menores proporções de sangramento digestivo. ACLF
foi também associada a maiores taxas de leucócitos, PCR, bilirrubinas,
RNI, AST, creatinina e menores níveis de sódio. A mortalidade em 30
dias foi 57,5% no grupo com ACLF e 12,5% nos demais (P<0,001).
Quando avaliados conforme a gravidade da ACLF, a mortalidade em 30
dias foi de 42,9%, 87,5% e 100% para os graus 1, 2 e 3, respectivamente.
O escore CLIF-SOFA foi significativamente maior entre os não
sobreviventes (9,7 ± 3,5 vs. 5,7 ± 2,3, P < 0,001). A AUROC do
CLIF-SOFA para predizer mortalidade em 30 dias foi de 0,838 ± 0,038,
com sensibilidade de 94% e especificidade de 54% para valores acima
de 5. Conclusões: Nesta experiência de um único centro, o CLIFSOFA e a definição de ACLF conforme os critérios do EASL-CLIF
provaram ser fortes preditores de mortalidade no curto-prazo em
pacientes cirróticos admitidos por descompensações agudas.
TL 002
ASSOCIAÇÃO DOS POLIMORFISMOS NA REGIÃO REGULADORA DOS GENES QUE CODIFICAM NADPH OXIDASE 4 (NOX4) E P22PHOX
(CYBA) NA DHGNA
Claudia Pinto Marques Souza de Oliveira, Rabelo F, Patente T, Stefano JT, Lima RVC, Seixas M, Vani D, Cavaleiro AM; Mazo DC, Carrilho
FJ, Corrêa-Giannella ML, Oliveira CP
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução & Objetivos: A Doença hepática gordurosa não
alcóolica (DHGNA) é claramente marcada por influência ambiental,
no entanto, fatores genéticos têm sido associados a progressão
para formas mais graves de DHGNA. O estresse oxidativo tem
sido cada vez mais enfatizado nesta evolução e o sistema NADPH
parece ser uma importante fonte de produção de espécies reativas
de oxigênio. O papel dos polimorfismos do sistema NADPH nessa
população e sua possível relação com progressão de doença e
síndrome metabólica são desconhecidos. Desta maneira,
investigamos dois polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) na
região reguladora dos genes que codificam a NADPH oxidase 4
subunidade catalítica (Nox4) e sua subunidade regulatória p22phox
(CYBA) e sua relação com variáveis histológicas e bioquímicas
em pacientes com DHGNA. Métodos: 188 pacientes com DHGNA
com biópsia hepática (esteatose =47; esteato-hepatite=141), sendo
(70% do sexo feminino), foram genotipados para SNPs rs3017887
em Nox4 e -675 T → A CYBA. O DNA genômico foi extraído a partir
de células do sangue periférico e a genotipagem foi realizada
utilizando primers específicos e sondas fluorescentes marcadas
por sequenciamento. A análise histológica foi baseada na
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
classificação de Kleiner et al (2005). Todos os pacientes eram
negativos para os marcadores de hepatites virais, doença de
Wilson, hemocromatose, doenças autoimunes e tinham ingestão
diária de álcool <100 g/ semana. Resultados: A presença do alelo
A no CYBA SNP foi associada independentemente à esteatohepatite (OR= 5.06; 95% IC (1.03 - 24.82); p=0.0455), enquanto
que a presença do alelo A do polimorfismo do Nox4 SNP conferiu
proteção para o desenvolvimento da esteato-hepatite (OR= 0.38;
95% IC (0.15 - 0.94); p=0.0374). Por outro lado, o genótipo CC no
Nox4 SNP associou-se à esteato-hepatite. Assim como a presença
dos polimorfismos, a presença de Diabetes, maior concentração de
ALT e GT conferiram risco para o o desenvolvimento esteato-hepatite.
Conclusões: 1) A presença do alelo A -675 T → A em CYBA SNP foi
associada ao risco de desenvolver esteato-hepatite; 2) A freqüência
genotípica CC dos SNP rs3017887 em Nox4 foi associada à presença
de esteao-hepatite; 3) A presença do alelo A do SNPs rs3017887 em
Nox4 conferiu proteção ao desenvolvimento de esteato-hepatite no
presente estudo. No entanto, a amostra deve ser ampliada para
confirmar estas associações, bem como, para melhor explorar
possíveis relações com escores de fibrose e inflamação.
7
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
TL 003
ANGIOPOIETINA 1 E 2 SÃO ASSOCIADAS AO ESPESSAMENTO DA TÚNICA MÉDIA DE RAMOS ARTERIAIS HEPÁTICOS NA ATRESIA BILIAR
Aline Friedrichs de Souza, Jorge Luis dos Santos, Themis Reverbel da Silveira, Cleandra Gregorio, Najara Maurício Reus, Ursula Matte,
Carolina Uribe, Luise Meurer
Hospital de Clínicas de Porto Alegre
A atresia biliar (AB) é uma doença da infância caracterizada por uma
colangiopatia esclerosante progressiva que leva à obstrução biliar. O
tratamento de escolha é a portoenterostomia, cujo prognóstico é
relacionado à idade do paciente na época da cirurgia e a variáveis
histológicas como a extensão da fibrose e da reação ductular. O
espessamento da túnica média (TM) sugere uma arteriopatia na
patogenia da AB. Nós avaliamos a expressão do sistema angiopoietinas (ANGPT)/receptor tirosinaquinase com domínios imunoglobulina e EGF like (Tie2) no fígado de pacientes com AB e com colestase
intra-hepática (CIH), correlacionando com espessamento da TM, com
variáveis associadas a gravidade da doença e com o prognóstico
pós operatório. Métodos - a expressão da ANGPT1, ANGPT2 e Tie2
foi feita com o método de PCR quantitativo em amostras de fígado
obtidas de pacientes com AB (n23) na ocasião da portoenterostomia
e de crianças de idade semelhante com CIH (n7). As variáveis
histológicas foram analisadas por método morfométrico. Resultados
- a ANGPT1 e a ANGPT2 apresentaram expressão aumentada no
grupo com AB em comparação com o grupo com CIH (P=0.024 e
P=0.029, respectivamente). No grupo com AB, a expressão das ANPTs
correlacionou-se positivamente com a espessura da TM (ANGPT1:
rs=0.59, P=0.013; ANGPT2: rs=0.52, P=0.032) e não teve correlação
com variáveis associadas a gravidade da doença. O Tie2 e as ANGPTs
correlacionaram-se negativamente (ANGPT1: r s =-0.73, P<0.001;
ANGPT2: rs=-0.54, P=0.007). Conclusão - Na AB há uma expressão
aumentada da ANGPT1 e da ANGPT2 e uma correlação positiva desta
expressão com a espessura da TM, mas, não com a idade na ocasião
da portoenterostomia ou com variáveis histológicas associadas com
a gravidade da doença na época do procedimento.
TL 004
AVALIAÇÃO PROSPECTIVA DA OBESIDADE ABDOMINAL ENTRE RECEPTORES DE HEPÁTICOS DE LONGO PRAZO: PREVALÊNCIA,
INCIDÊNCIA E FATORES PREDITIVOS
Lucilene Rezende Anastácio, Kiara G. Diniz; Hélem de S. Ribeiro; Lívia G. Ferreira; Agnaldo S. Lima; Maria Isabel T. Davisson Correia;
Eduardo G. Vilela
Universidade Federal de Minas Gerais
Introdução: O excesso de gordura abdominal relaciona-se a várias
morbidades, dentre elas à síndrome metabólica. O ganho de peso
após o transplante hepático está descrito na literatura, no entanto, há
poucos estudos sobre obesidade abdominal em receptores hepáticos.
Objetivo: Avaliar a prevalência, incidência e fatores preditivos da
obesidade abdominal em receptores hepáticos de longo prazo.
Material e Métodos: Estudo prospectivo no qual receptores
hepáticos foram avaliados em relação à medida da circunferência da
cintura e obesidade abdominal segundo os critérios da International
Diabetes Federation (IDF: circunferência da cintura ≥80cm para
mulheres e ≥90cm para homens) e do National Cholesterol Expert
Panel ATP III (NCEP: circunferência da cintura ≥88cm para mulheres e
≥102cm para homens) nos anos de 2008 e 2012, usando os testes
estatísticos de McNemar e Teste T pareado. Preditores da obesidade
abdominal (entre variáveis demográficas, socioeconômicas, clínicas
de composição corporal, antropométricas, de estilo de vida e
dietéticas) foram avaliados usando análise de regressão logística
(SPSS versão 17.0). Resultado: 117 pacientes foram avaliados
(59,0% do sexo masculino; idade média 53,3±13,0 anos; tempo pós-
transplante: 7,4±3,0 anos na avaliação de 2012). Os valores médios
de circunferência da cintura subiram significativamente de
93,3±14,3cm, em 2008, para 99,4±14,9cm em 2012 (p<0,01). A
incidência de obesidade abdominal, em quatro anos, foi de 5,3%
segundo o IDF, e 4,7% segundo o NCEP. A prevalência de obesidade
abdominal segundo o IDF aumentou de 66,7% para 72,0% (p=0,09) e,
segundo o NCEP, de 38,5% para 43,2% (p=0,24), de 2008 para 2012,
respectivamente. Pela análise de regressão logística, as variáveis
preditivas da obesidade abdominal segundo o IDF foram idade
(OR:1,11; IC:1,04-1,36); gordura corporal em quilos (OR:1,19; IC:1,041,36) e Índice de Massa Corporal, IMC, (OR:1,71; IC:1,23-2,39). Pelo
NCEP, as variáveis preditivas da obesidade abdominal foram
percentual total de água corporal (OR:0,58; IC:0,43-0,77), idade
(OR:1,09; IC:1,02-1,18); IMC (OR:1,99; IC:1,34-2,97) e ausência de
prática de exercício físico (OR:14,49; IC:1,87-111,11). Conclusão:
Houve aumento na prevalência de obesidade abdominal ao longo dos
anos e nos valores de circunferência à cintura. Variáveis relacionadas
à composição corporal, idade e falta de exercício físico foram
preditivas da obesidade abdominal pós-transplante hepático.
TL 005
NÍVEIS SÉRICOS DE STRAIL COMO PREDITORES DE RESPOSTA AO TRATAMENTO COM TERAPIA DUPLA NA HEPATITE C CRÔNICA
GENÓTIPO 1
Schiavon LL, Carvalho-Filho RJ; Narciso-Schiavon JL; Sampaio JP; El Batah PN; Silva GA; Carvente CT; Carvalho-Mello IMVG; Silva ISS;
Silva AEB; Ferraz MLG
Setor de Hepatologia e Laboratório de Hepatologia Molecular Aplicada, Disciplina de Gastroenterologia, Escola Paulista de Medicina, Universidade
Federal de São Paulo.; NEGH – Núcleo de Estudos em Gastroenterologia e Hepatologia, Universidade Federal de Santa Catarina
Introdução: O processo de apoptose parece representar papel
significativo no clareamento viral induzido pelo tratamento da hepatite
C com interferon peguilado (PEG-IFN) e ribavirina (RBV). O receptor
do ligante indutor de apoptose relacionado ao TNF solúvel (sTRAIL)
parece ser um importante indutor da apoptose e pode representar um
marcador deste evento durante o tratamento antiviral da hepatite C.
Objetivos: Estudar os níveis séricos de sTRAIL como preditores de
8
resposta à terapia dupla (PEG-INF/RBV) em portadores crônicos do
HCV genótipo 1. Métodos: Estudo analítico transversal que incluiu
pacientes com Hepatite C crônica genótipo 1 tratados com PEG-IFN/
RBV. Foram excluídos os indivíduos com contraindicações ao
tratamento, tratamento prévio com interferon, infecção dupla com
HBV e/ou HIV, doença renal crônica e ausência de soro estocado. As
dosagens de sTRAIL foram feitas nos períodos pré-tratamento e na
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TRABALHOS CIENTÍFICOS
12ª semana através de ensaios imunoenzimáticos comerciais. A
classificação da SBP/SBH foi usada para análise histológica. Análises
bivariadas e de regressão logística foram usadas para investigação
dos fatores associados à RVS. Resultados: Foram incluídos 89
pacientes com média de idade ao tratamento de 46,0 ± 11,7 anos,
sendo 48% do sexo masculino. A taxa de RVS foi de 44%, 32% foram
considerados não respondedores e 24% recidivantes. Uma correlação
positiva fraca foi observada entre o sTRAIL e AST (r = 0,225, P = 0,035).
Uma tendência a maiores níveis de sTRAIL foi observada entre os
pacientes com E ≥2 (P = 0,056) e com APP ≥3 (P = 0,077). Não foram
observadas diferenças significativas na comparação do sTRAIL prétratamento e de 12ª semana, independentemente do tipo de resposta.
Na análise bivariada (variáveis pré-tratamento), RVS foi associada a
menor idade, APP ≤2, menores níveis GGT e sTRAIL (101,03 ± 72,58
vs. 175,69 ± 76,14, P < 0,001). Na análise de regressão logística, os
níveis de sTRAIL e GGT foram relacionados de forma independente à
RVS. As AUROCs do sTRAIL e da GGT como preditores de RVS
foram de 0,755 ± 0,053 e 0,690 ± 0,061, respectivamente. Valores de
sTRAIL < 200 pg/mL apresentaram sensibilidade de 82%, especificidade de 61%, VPN de 81% e VPP de 63% para predizer RVS.
Conclusões: Níveis mais baixos de sTRAIL pré-tratamento foram
associados de forma independente à RVS em portadores crônicos
do HCV tratados com terapia dupla e podem se tornar ferramentas
úteis na avaliação destes indivíduos.
TL 006
PESQUISA DO ANTICORPO ANTIANTÍGENO HEPÁTICO SOLÚVEL EM DIFERENTES DOENÇAS AUTOIMUNES HEPÁTICAS E DOENÇA
CELÍACA POR DOIS ENSAIOS
Abrantes-Lemos CP, Nakhle MC, Terrabuio DRB, Cançado ELR1
Instituto de Medicina Tropical de São Paulo/ Hospital das Clínicas da FMUSP (LIM/06)
Introdução: O anticorpo antiantígeno hepático solúvel/fígado
pâncreas (anti-SLA/LP) é considerado altamente específico para o
diagnóstico de hepatite autoimune (HAI) e é particularmente útil em
pacientes sem os marcadores clássicos da doença. Contudo, foi
encontrada sua positividade em pacientes com HAI tipo 2 (HAI-2),
colangite esclerosante primária (CEP) e hepatite crônica C (VHC). As
atuais evidências sugerem que o anti-SLA/LP não define subgrupo
diferente de HAI, mas sua positividade permite a reclassificação de
pacientes com hepatite criptogênica como HAI e identifica aqueles
com maior propensão a recidiva após suspensão do corticoide.
Objetivos: 1. Determinar a frequência da positividade do anticorpo
anti-SLA/LP, pesquisado pela técnica de ELISA por meio de dois kits
comerciais (INOVA® e EUROIMMUN®); 2.Verificar se há superioridade
de um dos ensaios; 3. Avaliar se o anticorpo anti-SLA/LP pode ser
utilizado como marcador diagnóstico da HAI. Metodologia: A
determinação do anticorpo anti-SLA/LP foi realizada por ELISA em
soros de 181 HAI-1, 31 HAI-2 e 31 HAI sem marcador (HAI-SM) com
diagnóstico provável ou definitivo segundo critérios do Grupo
Internacional de Estudos da HAI; 30 cirrose biliar primária, 30 CEP, 30
VHC com marcadores de autoimunidade, 31 celíacos e 30 controles
sadios. A detecção semiquantitativa de anticorpos IgG anti-SLA/LP
foi feita pelos kits comerciais da INOVA® e EUROIMMUN®.
Resultados: A concordância entre os dois testes foi quase absoluta.
Apenas seis soros tiveram resultados discordantes (cinco HAI-1 e
um HAI-SM), sendo quatro positivos somente pelo kit INOVA®, e dois
positivos apenas pelo EUROIMMUN®. Houve concordância absoluta
entre os dois exames na HAI-2, CBP, CEP, VHC, doença celíaca e
indivíduos saudáveis. O anti-SLA/LP foi positivo pelas duas técnicas
em 0% CBP, 3,3% CEP, 6,5% celíacos, 22,6% HAI-1, 12,9% HAI-2,
33,3% HAI-SM, 10% VHC e 0% controles. Conclusões: 1) O antiSLA/LP foi detectado em diferentes doenças hepáticas e na doença
celíaca; 2) Os dois ensaios comerciais são iguais para pesquisa do
anti-SLA/LP. No entanto, parece haver no antígeno recombinante
INOVA® epitopos não contidos no EUROIMMUN® e vice-versa. 3) Um
terço dos pacientes com HAI sem marcador apresentaram o antiSLA/LP como marcador. Projeto FAPESP 2011/5052-5
TL 007
ALELO D E GENÓTIPO D/D DOS 14 pb DO HLA-G ASSOCIADOS A DIFERENTES FORMAS DA INFECÇÃO CRÔNICA PELO VIRUS DA
HEPATITE B(HBV)
Sandro da Costa Ferreira, Silvana Gama Florêncio Chachá; Fernanda Fernandes Souza; Andreza Corrêa Teixeira; Rodrigo de Carvalho Santana;
Neifi Hassan Saloun Deghaide; Celso Teixeira Mendes - Júnior; Sérgio Zucoloto; Eduardo Antônio Donadi; Ana de Lourdes Candolo Martinelli
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP)
Introdução: A molécula HLA-G é reconhecida por suas propriedades
imunomoduladoras, sendo frequentemente expressa no fígado de
pacientes com infecção crônica pelo vírus da hepatite B (HBV). O
polimorfismo mais comum do HLA-G é a inserção/deleção (I/D) dos 14
pb, localizado na região 3 ‘UTR no exon 8, proposto como estando
associado à estabilidade e magnitude da expressão do HLA-G.
Objetivos: Avaliar a associação dos polimorfismos de inserção/
deleção dos 14bp do HLA-G com diferentes formas evolutivas da
infecção crônica pelo vírus da hepatite B (HBV). Material e métodos:
Cento e noventa e seis pacientes com infecção crônica pelo HBV
(118 HBeAg-negativo,53 HBeAg-positivo e 25 portadores inativos)
acompanhados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto-USP e 202 controles saudáveis da mesma área
geográfica foram avaliados quanto à tipificação dos polimorfismos (I/
D) dos 14 pb do HLA-G por reação de cadeia em polimerase (PCR).
Foram considerados portadores inativos os pacientes com HBV-DNA
sérico abaixo de 2.000 UI/ml (b-DNA; Bayer) e ALT sérica
persistentemente normal. Resultados: As freqüências dos alelos (I
e D) e genótipos D/D, D/I e I/I) não foram diferentes comparando-se
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
pacientes com infecção crônica pelo HBV e controles saudáveis
(P>0,05). Por outro lado, a freqüência do alelo D foi significativamente
maior nos pacientes com hepatite B crônica HBeAg-positivo em
comparação àqueles com hepatite B crônica HBeAg-negativo, [P =
0,0460, OR = 1,26, IC 95% = 1,01-1,45]. Da mesma forma a freqüência
do genótipo D/D foi significativamente maior na hepatite B crônica
HBeAg-positivo em comparação à hepatite B crônica HBeAg-negativo,
[P = 0,0356, OR = 2,08, IC 95% = 1,05-4,09]. Não foram observadas
diferenças quando portadores inativos do HBV foram comparados
aos pacientes com hepatite B crônica HBeAg negativo. Conclusões:
Os resultados mostram que há associação entre o alelo D e o genótipo
D/D dos 14 pb do HLA-G com a hepatite B crônica HBeAg-positivo. O
alelo deleção dos 14bp tem sido associado com o aumento da produção
de HLA-G podendo, desta forma influenciar a resposta imune do
hospedeiro à infecção viral e a história natural da infecção crônica
pelo HBV.
Palavras-chave: 14 bp-inserção/deleção (I/D), hepatite B crônica,
HBeAg-positivo, HLA-G
9
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
Trabalhos selecionados para Apresentação Oral
TL 008
RESISTÊNCIA INSULÍNICA ESTÁ ASSOCIADA À ALTA PREVALÊNCIA DE DEFICIÊNCIA DE VITAMINA D (DVD) EM PACIENTES COM HCV
E COINFECÇÃO HIV/HCV
Mario Peribañez Gonzalez, G.B. Klautau, M.C. Mendes-Corrêa, D.F. Mazo, F.J. Carrilho, M.G. Pessoa
Instituto de Infectologia Emílio Ribas
Introdução e Objetivos: A Vitamina D desempenha função
metabólica e também tem sido sugerida como imunomoduladora.
Sua deficiência tem sido associada à fibrose severa em pacientes
com HCV e coinfectados HIV/HCV, assim como a pior resposta a
tratamento em regimes contendo interferon. Este estudo avaliou os
níveis séricos de 25(OH)vitamina D em uma população portadora de
HCV, HIV e coinfecção HIV/HCV. E analisou fatores associados.
Pacientes e Métodos: Foram coletadas amostras de 25 (OH)
vitamina D, dados demográficos, informações clínicas e testes
laboratoriais incluindo função hepática e metabolismo glicêmico de
quatro grupos de pacientes: 1-HCV mono infecção, 2-HIV mono
infecção, 3-HIV/HCV coinfecção, seguidos em centros de referência
de São Paulo/Capital e 4- Grupo Controle de voluntários saudáveis.
Resultados: 422 pacientes foram incluídos para análise, (129)
Grupo 1, (118) Grupo 2, (53) Grupo 3 e (122) Grupo 4. A deficiência
de vitamina D foi mais acentuada em pacientes com HIV do que nos
pacientes com HCV (p=0,018 OR=0,52 95%CI:0,3-0,89). Mas os
níveis médios de vitamina D foram similarmente insuficientes em
todos os grupos analisados. Em análise geral, níveis séricos de
vitamina D < 20 ng/mL (Deficiência de Vitamina D-DVD) foi associada
com índice HOMA >5 (p=0,02 OR=2,68 95%CI:1,17-6,14) e níveis de
colesterol total >200 (p=0,006 OR=1,86 95%CI 1,19-2,9). Quando
analisados por grupos, DVD esteve associada a: 1- Índice HOMA > 5
em pacientes HCV (p=0,016 OR=5,59 95%CI: 1,37-22,7), 2- Índice
HOMA > 5 em pacientes coinfectados HIV/HCV (p=0,028 Teste de
Fisher). Conclusão: Este estudo encontrou alta prevalência de
DVD em todos os grupos analisados, incluindo o grupo controle. A
associação entre resistência à insulina e DVD foi demonstrada em
outras populações, mas pela primeira vez foi descrita em pacientes
com HCV. Este achado é relevante, pois tanto a resistência à insulina,
quanto a DVD estão relacionadas a pior prognóstico de tratamento
em regimes contendo interferon.
TL009
RESPOSTA COMPLETA PELO M-RECIST E CHILD-PUGH A EM PACIENTES COM CARCINOMA HEPATOCELULAR BCLC 0/A BENEFICIADOS
COM A INJEÇÃO PERCUTÂNEA DE ETANOL
Denise C Paranagua-Vezozzo, MD, PhD, Mauricio F Silva, MD, PhD; Flair J Carrilho, MD, PhD;Luciana T Campos, MD; Lucas S Nacif, MD;
Marcio A Diniz, PhD; Alberto Q Farias, MD, PhD; Venancio A F Alves, MD, PhD; Luis Augusto C D'Alburquerque, MD, PhD;Suzane K Ono, MD,
PhD
Departamento de Gastroenterologia da FMUSP
Introdução: A injeção percutânea de etanol (PEI) é uma opção de
tratamento bem estabelecido em pacientes cirróticos com carcinoma
hepatocelular (HCC). Os critérios radiológicos que compõem o modelo
modificado-Recist (m-Recist) são avanços importantes para avaliação
da resposta do HCC. No entanto, pouco se conhece a resposta do
impacto desta resposta na PEI e a curva de sobrevida. Objetivo:
Avaliar se a resposta do HCC de acordo com os parâmetros do mRecist poderia ser um preditor de longo tempo de sobrevida nos
pacientes estadiados pelo BCLC 0/A em pacientes com HCC
submetidos a PEI. Métodos: 79 pacientes foram analisados com um
tempo mediano de follow up de 26,8 meses, Nenhum tratamento préveo
do HCC antes da PEI foi realizado e, em 54/79 (68%) pacientes estavam
em lista de transplante. O diagnóstico do HCC foi baseado nos
guidelines atuais da Associação Americana de Estudo do Fígado
(AASLD) e Associação Europeia de Estudo do Fígado (EASL). A
avaliação da resposta do tumor foi após 1 mês do último procedimento,
de acordo com m-RECIST. A sobrevida foi calculada desde a primeira
sessão da PEI até o final do seguimento, sendo censurados o período
pós transplante daqueles casos que foram transplantados( n=16).
Resultados: Todos os pacientes eram Child-Pugh-Turcotte (CPT)
classes A ou B e BCLC estádios 0 ou A. As taxas geral da curva de
sobrevida para 1-, 3- e 5 anos foram respectivamente 79%, 48% e
37%. Na análise multivariada, CPT (HR 0,466; 95% CI, 0,243 - 0,896;
P = 0,022) e resposta do modelo m-Recist (HR 0,441; 95% CI, 0,227
- 0,856; P=0,016) foram associadas a maior sobrevida. Pacientes
com CPT A com resposta completa (RC) apresentaram em 5 anos
10
55% de sobrevida, Fig 1. Por outro lado, pacientes sem RC e CPT B,
somente 9% de sobrevida em 5 anos e, o grupo intermediário, 31% de
sobrevida em 5 anos. Conclusão: Em pacientes com BCLC 0 ou A,
a PEI se destaca como uma boa opção de tratamento naquele subgrupo
de pacientes CPT A que alcançaram RC, de acordo com o modelo mRecist, 1 mês após do procedimento.
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TRABALHOS CIENTÍFICOS
TL 010
DIFERENÇAS DA ANCESTRALIDADE GENÔMICA DE PACIENTES COM DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA (DHGNA)
ENTRE BRASIL E PORTUGAL
Claudia Pinto Marques Souza de Oliveira, Lourianne N. Cavalcante, José Tadeu Stefano, Mariana V. Machado, Daniel F. Mazo, Fabiola Rabelo, Ana
Luiza D. Angelo, Kiyoko Abe-Sandes, Luiz Guilherme C. Lyra, Flair J. Carrilho, Helena Cortez-Pinto , André C. Lyra, Claudia P. Oliveira
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução e objetivos: Doença hepática gordurosa não alcoólica
(DHGNA) é a doença do fígado mais comum atualmente no mundo, no
entanto, poucos dados estão disponíveis sobre a variação racial e
étnica. Dados anteriores americanos e europeus sugeriram que os
afro-descendentes têm DHGNA mais leve do que os brancos, que
são o grupo étnico predominante em Portugal. No entanto, no Brasil,
um país que foi colonizado por Portugal, a população é miscigenada.
Investigamos em duas coortes bem caracterizadas de adultos com
DHGNA comprovada por biópsia do Brasil e Portugal, a relação entre
ascendência genética, gravidade DHGNA e características
metabólicas. Métodos: 131 pacientes brasileiros com DHGNA
comprovada por biópsia (n = 45, simples esteatose, n = 86, EHNA)
do Brasil e de 100 pacientes portugueses com obesidade mórbida e
DHGNA comprovados por biópsia (n = 58, simples esteatose, n = 42,
EHNA) foram incluídos. O DNA foi extraído a partir de linfócitos do
sangue periférico. Ascendência genética foi analisada utilizando
sete marcadores ancestrais (PV92, APO, LPL, CKMM, AT3, SB19.3,
FY-NULL) por PCR em tempo real. Resultados: A contribuição da
ascendência genética entre brasileiros com EHNA foi de Europeus
em 48,8%, Africanos 41,7% e Ameríndia em apenas 9,5%. Esses
resultados foram semelhantes entre os indivíduos brasileiros com
esteatose simples cuja contribuição ascendência genética foi de
49,6% europeus, 37,7% Africano e 12,7% ameríndia. Por outro lado,
a,contribuição de ascendência genética entre os indivíduos
portugueses com EHNA e esteatose simples, foi 55,56% europeia e
37,98% ameríndia enquanto contribuição Africana foi de apenas
6,45%. Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) e HOMA> 2,5 foram preditores
de ENHA (p = 2.94x10-5, p = 4.0x10-2) na população brasileira e a
contribuição Africana foi ligeiramente maior entre os pacientes com
diabetes (DM2 41,3% vs não -DM2 37,3%). Por outro lado, DM2 não
foi um preditor de EHNA na população portuguesa e a contribuição da
ascendência genética europeia e ameríndia foi maior entre os pacientes
sem DM2 e HOMA <2.5. Entre os pacientes com hipertensão, a
ascendência européia foi predominante na população portuguesa.
Dislipidemia e índice de massa corporal não foram fatores preditivos
de EHNA nas duas populações e estes fatores não foram
influenciadas pela ascendência genética. Conclusões: A contribuição
da ascendência genética entre pacientes brasileiros com DHGNA é
diferente de pacientes portugueses. No entanto, estas diferenças
não parecem estar associadas com o desenvolvimento de EHNA. Por
outro lado, a presença de Diabetes Mellitus tipo 2 e HOMA> 2,5 foram
considerados bons marcadores de EHNA na população brasileira,
mas não na população portuguesa. Este estudo sugere que embora
a população brasileira tenha colonização Portuguesa, fatores relacionados a ancestralidade diferem em alguns aspectos nas duas
populações, sinalizando que estudos raciais e étnicos no Brasil
possam apresentar dificuldades de comparação com populações
americanas e européias.
TL 011
ACIDO GRAXO OMEGA 3 NO TRATAMENTO DA ESTEATOHEPATITE NÃO ALCOÓLICA (NASH): ESTUDO RANDOMIZADO PLACEBO
CONTROLADO
Claudia Pinto Marques Souza de Oliveira, M.A. Nogueira, V.A.F. Alves, J.T. Stefano, L. Rodrigues, F.J. Carrilho, D. Waitzberg
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: Existem poucas estratégias de intervenção
medicamentosa que se mostraram eficazes na doença hepática
gordurosa não alcoólica (DHGNA). Os ácidos graxos poliinsaturados
(AGPI) omega 3 parecem ser eficazes no tratamento da esteatose
hepática de modelos experimentais, mas poucos estudos
randomizados em humanos foram realizados. O objetivo deste estudo
foi avaliar prospectivamente a eficácia de AGPI Omega-3 provenientes
do óleo de peixe e linhaça na esteato-hepatite não alcoólica (pacientes
com EHNA). Métodos: Sessenta pacientes com biópsia confirmando
EHNA foram incluídos no estudo duplo cego,randomizado, placebo
controlado. Os pacientes foram randomizados em dois grupos. Omega3 grupo (n = 32) recebeu cápsulas contendo no total 945 mg de AGPI
omega-3 [á ácido linoleico / 64%, o ácido eicosapentaenóico (EPA) /
16% e o ácido docosahexaenóico (DHA) / 21%], de 3 cápsulas / dia
e Grupo Placebo (n = 28) recebeu 3 cápsulas de placebo contendo
óleo mineral. A intervenção foi realizada por 6 meses, quando os
pacientes foram novamente submetidos à biópsia hepática. O
desfecho primário foi a mudança histologica hepática de acordo com
o escore de atividade EHNA (NAS) no início (pré-intervenção) e 6
meses (após intervenção). Desfecho secundário compreendeu análise
das transaminases séricas, perfil lipídico em jejum, glicemia, parâmetros
antropométricos e níveis séricos de citocina em 0, 3 e 6 meses.
Resultados: Dos 60 pacientes avaliados, 10 não terminaram o estudo
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
(5 em Omega-3, grupo e 5 no grupo placebo). Analisando os resultados
primários, a atividade NAS melhorou ou se manteve estável em 78,26%
dos pacientes do grupo placebo e em 55,56% do grupo omega-3, no
entanto, não houve diferença significativa (p = 0,978), a balonização
hepatocelular reduziu ou se manteve estável em 95,65% no grupo de
placebo e em 77,78% no grupo ômega-3, também sem diferença
entre os grupos (p = 0,991). Omega-3 não reduziu a esteatose
hepática, inflamação lobular e fibrose. Nos parâmetros bioquímicos
houve redução do nível de triglicérides em 3 meses no grupo omega
3 (p=0,011) quando comparado com o placebo. Por outro lado,
aminotransferases séricas, colesterol total e frações, glicemia,
parâmetros antropométricos e níveis séricos de IL-6 não foram
alterados com o tratamento em 6 meses quando comparado com
placebo, Conclusões: Nossos resultados indicam que o Omega-3
PUFA de óleo de peixe e linhaça não pode melhorar, depois de 6
meses, a histologia hepática, a maioria dos parâmetros bioquímicos
e os níveis séricos de IL-6, sendo efetivo apenas na redução de
triglicérides em 3 meses de tratamento. As limitações deste estudo
foram o pequeno número de pacientes envolvidos e a composição
de Omega-3 que continha ácido linolênico (64%) em quantidade
superior a eicosapentaenóico (EPA), componente mais ativo do
Omega 3. Mais estudos são necessários para confirmar estes
resultados.
11
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
TL 012
MANEJO E RESULTADOS DOS EFEITOS COLATERAIS, COM FOCO NA ANEMIA, EM PACIENTES COM INFECÇÃO POR HEPATITE C GENÓTIPO
1: O PROGRAMA NACIONAL DE ACESSO EXPANDIDO AO TELAPREVIR
C. Villela-Nogueira, CE. Brandão-Mello, P. Abrão Ferreira, H. Cheinquer, JM. Araujo Neto, M. Pires, SB. Tenore, RJ. Carvalho-Filho, N.
Cheinquer, A. Hill, J. Läuffer, E. Parise
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil; Hospital
Universitário Gaffrèe e Güinle – Unirio, Tijuca, Rio de Janeiro, Brasil; Ambulatório de Moléstia Infecciosa Divisão de HIV e Hepatite Viral,
Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, Brasil; Divisão de Gastroenterologia, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, Brasil; Divisão de Gastroenterologia, Departamento de Hepatologia, Universidade Federal de São
Paulo, São Paulo, Brasil; MetaVirology Ltd, Londres, UK; Janssen-Cilag AG, Zug, Suíça
Introdução e objetivos: A anemia é um evento adverso comum que
ocorre durante o tratamento padrão da infecção por HCV. O HEP3002
é o programa de acesso expandido ao telaprevir, open-label, para
pacientes com hepatite C genótipo 1 apresentando fibrose grave ou
cirrose compensada, que está em andamento em 16 países. Essa
análise interina incluiu dados da semana 16 dos primeiros 97 pacientes
incluídos no Brasil. Métodos: Para iniciar o estudo era necessário
apresentar biopsia de fígado ou testes não invasivos que
demonstrassem fibrose grave ou cirrose. 97 pacientes brasileiros
foram tratados com telaprevir em combinação com interferon alfa
peguilado e ribavirina (PR), durante 12 semanas, seguidas de PR. Foi
permitido o uso de suplementos de ferro, eritropoietina (EPO) e
transfusões de sangue. A anemia foi definida como os termos de
eventos adversos clinicamente significativos de anemia ou pela
redução de hemoglobina. Todas as análises foram realizadas na
população de Intenção de Tratamento (ITT), utilizando os dados de 16
semanas. Resultados: A idade média foi de 54 anos e o peso médio
foi 77kg; 66% eram homens e 90%, caucasianos, 42% apresentavam
níveis de HCV RNA de ≥800.000 IU/mL, 38%/62% apresentavam
fibrose grave/cirrose, 41% eram genótipo 1a. Até a semana 16, 96%
dos pacientes desenvolveram anemia de grau 1-4, sendo 63% de
grau 3-4 (11% grau 4); 33 pacientes (34%) tiveram redução na dose
de ribavirina, 45 (46%) receberam EPO, 12 (12%) receberam
transfusão, 1 (1%) recebeu produtos à base de ferro e 1 (1%)
descontinuou o tratamento devido à anemia. Os resultados do período
basal da doença são demonstrados na tabela. Até a semana 16, 66%
dos pacientes desenvolveram eventos adversos grau 3 ou 4, incluindo
7 pacientes (7%) que desenvolveram erupção cutânea (rash) grau 3
ou 4; 7% dos pacientes apresentaram eventos adversos graves.
Seis pacientes (6%) descontinuaram o TVR devido aos eventos
adversos, incluindo 4 pacientes (4%) que descontinuaram devido a
erupção cutânea. Não ocorreram mortes durante o estudo.
Conclusões: Neste programa de acesso expandido ao teleprevir
para pacientes com fibrose grave ou cirrose compensada, a anemia
grau 3 ou 4 foi relatada em 63% dos pacientes, mas a descontinuação
por anemia foi rara (1%). A anemia foi tratada com a redução da dose
de ribavirina, transfusão ou uso de EPO.
TL 013
HEMOCROMATOSE HEREDITÁRIA ASSOCIADA A MUTAÇÕES HFE NO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE
RIBEIRÃO PRETO (2001-2012)
Murilo Marques Veronez, Barros A.C., Rodrigues S., Secaf M., Martinelli, A.L.C.
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP
Introdução: Hemocromatose hereditária (HH) é a doença genética
mais comum entre caucasianos, sendo as mutações no gene HFE
(C282Y e H63D; particularmente C282Y/C282Y) associadas com HH.
No Brasil, a prevalência da doença é desconhecida. No HCFMRP-USP,
em levantamento de pacientes com sobrecarga de ferro no organismo
(1990-2000), identificamos 4 pacientes com HH e, no rastreamento
familiar desses, mais 2 casos, compondo 6 casos de HH no período.
Os objetivos do presente estudo foram identificar os casos de HH em
pacientes atendidos no HCFMRP-USP com diagnóstico de sobrecarga
de ferro no organismo de 2001 a 2012 e, nesses casos, avaliar a
distribuição das mutações no gene HFE. Métodos: Foram identificados
384 pacientes com sobrecarga de ferro atendidos no HCFMRP-USP
(janeiro 2001-dezembro 2012) e seus prontuários médicos revisados.
Os critérios de HH foram: saturação de transferrina >45%, presença
de mutações em HFE e ausência de causas secundárias de sobrecarga
de ferro (hepatites virais, alcoolismo, transfusões de sangue, doenças
hematológicas e renais e, doenças hepáticas crônicas de outra
etiologia). Foram excluídos pacientes do levantamento anterior (19902000). Foram avaliados dados demográficos, enzimas hepáticas,
12
ferrocinética, biópsia hepática e mutações no gene HFE (C282Y e
H63D). Resultados: 11 indivíduos preencheram os critérios de HH. A
idade variou de 30-69 anos (mediana=53), sendo 6 homens e 5 mulheres.
Os valores (variação e mediana) de saturação de transferrina foram
48%-96% (64,5%), de ferritina 0,52-7,95 vezes o limite superior da
normalidade (xLSN) (2,66) e de ferro sérico 0,87-1,64xLSN (1,05). Os
valores (variação e mediana) de AST foram 0,22-1,76xLSN (0,81) e de
ALT 0,22-2,21xLSN (0,67). A pesquisa das mutações no gene HFE
revelou 6 casos com a mutação C282Y em homozigose (6/11;54%) e 5
com heterozigose composta (C282Y/H63D) (5/11;46%). Adicionalmente,
1 paciente com história familiar apresentava heterozigose composta
HFE. Tratava-se de paciente do sexo feminino, 59 anos, com saturação
de transferrina de 34%, ferritina 2,87xLSN, ferro 0,59xLSN, AST de
0,78xLSN e ALT de 0,65xLSN. Conclusão: No período de 1990-2012
foram diagnosticados 17 casos de HH no HCFMRP-USP. Trata-se de
hospital universitário, nível terciário que atende pacientes de Ribeirão
Preto e região. Conclui-se que a HH é causa rara de doença hepática
crônica em nosso meio e a mutação C282Y em homozigose a mais
frequentemente associada à HH.
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TRABALHOS CIENTÍFICOS
TL 014
IMPACT OF CREATININE VALUES ON MELD SCORES IN MALE AND FEMALE CANDIDATES FOR LIVER TRANSPLANTATION
Guilherme Mariante-Neto, Alfeu de Medeiros Fleck Junior, Claudio Augusto Marroni, Maria Lúcia Zanotelli, Guido Cantisani, Ajácio B. M.
Brandão
Programa de Pós-Graduação em Medicina: Hepatologia, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil
Introduction: A systematic bias against women, resulting from the use
using the MDRD formula. The accuracy of MELD, with or without
of creatinine as a measure of renal function, has been identified in Model
creatinine correction, to predict 3- and 6-month mortality after inclusion
for End-stage Liver Disease (MELD)-based liver allocation. Correction of
in a transplant waiting list was estimated. Results: Women exhibited
this bias by calculation of female creatinine levels using the Modification
significantly lower creatinine levels, glomerular filtration rate, and MELD
of Diet in Renal Disease (MDRD) formula has been suggested. Objectives:
scores than men. After creatinine correction, female MELD scores had
The present study aims to evaluate whether the correction of creatinine
a mean increase of 1.1 points. Creatinine correction yielded an increase
as proposed by Cholongitas et al. increases MELD score in women; to
of 3 points in the MELD score in 15.2% of patients, 2 points in 22.4%,
assess the accuracy of MELD score with and without creatinine correction
and 1 point in 17.6% of patients. The likelihood of death at 3 and 6
in predicting 3- and 6-month mortality in male and female candidates for
months after enrollment in the transplant waiting list was similar in
deceased-donor liver transplantation; to compare the performance of
males and females and the likelihood of receiving a transplant, as
these scores for prediction of mortality 3 and 6 months after inclusion in
assessed by Kaplan-Meier survival curves, was also similar in males
a transplant candidate registry; to determine whether sex-based
and females. Conclusion: In conclusion, the survival or the likelihood
disparities exist in access to liver transplantation in southern Brazil after
of receiving a transplant while on the waiting list were similar in men
introduction of MELD scores for organ allocation. Materials and
and women in both the pre- and post-MELD eras and creatinine
Methods: A cohort of 639 cirrhotic candidates for first-time liver
correction did not increase the accuracy of the MELD score in estimating
transplantation was studied. Creatinine levels were corrected for gender
3- and 6-month mortality in female candidates for liver transplantation.
TL 015
ASSOCIAÇÃO DE NADPH OXIDASE 4 (NOX4) E P22PHOX (CYBA) COM ALT EM PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA C (CHC)
ERF Siqueira, LB Pereira, JT Stefano, Patente T, AM Cavaleiro; L.R.S Vasconcelos; do Carmo,R.F, L MMB Pereira, FJ Carrilho, ML CorrêaGiannella ,CP Oliveira
Universidade de São Paulo
Introdução & Objetivos: Recentemente foi demonstrado em
hepatócitos humanos que a proteína não estrutural 3 (NS3) e NS5A
do vírus da hepatite C (VHC) são capazes de estimular a formação
de espécias reativas de oxigênio no tecido infectado, por meio da
ativação da NADPH-oxidase, estimulando a inflamação e fibrogênese.
Por isso, investigamos dois polimorfismos de nucleotídeo único
(SNPs) na região reguladora dos genes que codificam NADPH
oxidase 4 subunidade catalítica (Nox4) e sua subunidade regulatória
p22phox (CYBA) e sua relação com variáveis histológicas e
bioquímicas em pacientes com VHC. Métodos: 157 pacientes com
VHC virgens de tratamento (49% do sexo masculino) com HCV RNA
positivo e biópsia hepática, foram genotipados para SNPs rs3017887
em Nox4 e -675 T → A CYBA. DNA genômico foi extraído a partir de
células do sangue periférico e a genotipagem foi realizada utilizando
primers específicos e sondas fluorescentes marcadas por
sequenciamento. A análise histológica foi baseada na classificação
de METAVIR. Todos os pacientes eram negativos para os marcadores
de doença de Wilson, hemocromatose, doenças autoimunes e tinham
ingestão diária de álcool <100g/semana e sem evidência histológica
de esteato-hepatite. Resultados: A presença do genótipo CC no
Nox4 SNP foi associada a uma maior concentração de ALT na
população em geral (CC = 92,39 ± 58,85 vs CA + AA = 77,23 ± 46,41,
p = 0,0408), enquanto que o genótipo TT no CYBA SNP foi associada
com uma concentração de ALT menor na população masculina (TT =
84,06 ± 51,99 contra TA + AA = 109,67 ± 63,64, p = 0,0205). Por
outro lado, não foi encontrada associação entre as freqüências
genotípicas de Nox4 (CC contra CA / AA) e CYBA (TT contra TA/AA)
SNPs e estágios de fibrose ou inflamação nesta população.
Conclusão: As freqüências genotípicas dos SNPs rs3017887 em
Nox4 e -675 T → A em CYBA foi associada a maiores e menores
níveis de ALT respectivamente, contudo sem associação com as
variáveis histológicas relacionadas a fibrose neste presente estudo.
No entanto, a amostra deve ser ampliada para confirmar as
associações observadas com concentrações de ALT, bem como
para melhor explorar possíveis relações com escores de fibrose e
inflamação.
TL 016
ALTERAÇÕES HEPÁTICAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DOENÇA CELÍACA, E DIAGNÓSTICO DE DOENÇA CELÍACA EM
PACIENTES COM HEPATOPATIA CRÔNICA AUTO - IMUNE
Zeni Cristina Barbero Klem, Adriane Celli, Fabiane Barbero Klem, Pedro Gabriel Lorencetti
Universidade Federal do Paraná
Introdução: A doença celíaca (DC) é uma patologia autoimune
caracterizada por uma resposta imunológica humoral e celular a
presença da proteína do glúten no intestino. A apresentação clinica
pode variar desde a forma clássica de má absorção intestinal até
manifestações gastrointestinais atípicas e extraintestinais
(infertilidade, osteoporose, anemia por deficiência de ferro). Tem
sido descrito a associação de DC a várias doenças autoimunes
como diabettis mellitus tipo 1, hipotireoidismo, dermatite herpetiforme
e entre outras a hepatopatia autoimune. Os pacientes com DC podem
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
apresentar alterações clínicas e laboratoriais semelhantes a hepatite
autoimune (HAI) e a colangite esclerosante primária (CEP) em
crianças e adolescentes, e a cirrose biliar primaria em adultos.
Objetivos: Pesquisar a prevalência da associação de doença
celíaca e hepatopatia autoimune em crianças e adolescentes; Avaliar
a presença de alteração bioquímica hepática em pacientes com
diagnóstico de doença celíaca, bem como sua etiologia e evolução.
Material E Metodo: Estudo retrospectivo transversal incluindo 70
pacientes portadores de doença celíaca e 30 pacientes com hepato-
13
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
patia crônica autoimune acompanhados no ambulatório de
Gastrohepatologia Pediátrica – HC/UFPR, no período de setembro
de 2011 a setembro de 2012. Nos pacientes com doença celíaca
foram pesquisadas transaminases, fosfatase alcalina e gamaglutamiltransferase. Nos pacientes com hepatite autoimune ou colangite
esclerosante primária foi avaliada a presença do anticorpo antiendomísio (EMA) e os níveis de IgA. Resultado: Os pacientes com
DC, nenhum deles apresentou doenças hepáticas autoimunes
associadas. Entretanto, 2 pacientes (2,8%) apresentaram alterações
hepáticas. Um deles teve a alteração normalizada após dieta isenta
de glúten e o outro apresentou exames positivos para auto anticorpos
de hepatopatia autoimune que negativaram durante o acompanhamento e não apresentou alterações na biópsia hepática. aos
pacientes com hepatopatias autoimunes, 60% eram portadores de
HAI, 36,6% de CEP e 3% apresentaram overlap ao diagnóstico. De
todo o grupo, apenas 1 paciente foi diagnosticado com doença
celíaca concomitante no acompanhamento. Conclusão: Os resultados encontrados foram semelhantes aos relatados na literatura
médica, exceto a incidência de alterações hepáticas em pacientes
com DC (até 54% em alguns trabalhos). Estudos maiores e
envolvendo marcadores genéticos poderão elucidar se tal diferença
é válida.
TL 017
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES PORTADORES DE HEPATITE C ASSISTIDOS EM UM AMBULATÓRIO DE REFERÊNCIA
NO MUNICÍPIO DE IPIAÚ - BA
Luma Pestana Barbosa, Marcelo Costa Silva, Joana Angélica Mesquita, Eduardo Neto
Faculdade de Tecnologia e Ciências
Introdução: O termo qualidade de vida tem aumentado sua importância
recentemente, despertando interesse devido provavelmente à
necessidade crescente de se fazer planejamento em saúde. Diversos
estudos já demonstraram que em pacientes com hepatite C crônica a
qualidade de vida é significativamente reduzida, além de poderem
apresentar uma ampla gama de problemas de natureza neuropsiquiátrica, o que dificulta a adesão ao tratamento, contribuindo para
um desfecho clínico desfavorável. Torna-se, então, relavante avaliar
a qualidade de vida dos pacientes acometidos pela hepatite C, além
de identificar quais as principais características dos pacientes que
apresentam maior frequência de piora da qualidade de vida secundária
à doença ou às consequências que ela traz para a sua vida. A partir
dessa observação, podem-se formular estratégias de intervenção
com maior ênfase sobre esses pacientes, visando melhorar a
evolução da sua doença. Objetivo geral: Avaliar a qualidade de vida
dos pacientes portadores de hepatite C assistidos em um ambulatório
de referência no município de Ipiaú-Bahia. Objetivos específicos:
Caracterizar a amostra estudada quanto ao gênero e a idade; Identificar
qual o genótipo do vírus mais frequentemente envolvido na amostra
estudada; Relacionar qualidade de vida ao gênero nesses pacientes;
Relacionar qualidade de vida à fase do acompanhamento médico
nesses pacientes. Métodos: O estudo analisou 67 pacientes
portadores de hepatite C assistidos em um ambulatório de referência
no município de Ipiaú-Bahia, realizando um estudo descritivo e de
corte transversal, caracterizando a amostra estudada e relacionando
os domínios do questionário validado de qualidade de vida (SF-36)
com gênero e fase do acompanhamento médico. Resultados: Os
pacientes foram em sua maioria do sexo feminino (52,2%); a faixa
etária mais prevalente foi de 50 a 59 anos de idade; o genótipo 1 foi o
mais encontrado (49,25%); o domínio do SF-36 que apresentou menor
média foi limitação por aspectos físicos (46,64%); as relações que
obtiveram significância estatística foram entre os domínios limitação
por aspectos físicos, estado geral de saúde, vitalidade e limitação por
aspectos emocionais com as fases de acompanhamento médico.
Conclusão: Alguns domínios do questionário SF-36 apresentaram
significância estatística quando relacionados à fase do acompanhamento médico. Estudos posteriores devem ser realizados para
estabelecer de forma fidedigna as possíveis relações aqui observadas.
TL 018
HEPATITE AUTOIMUNE (HAI) AGUDA VERDADEIRA TEM BOM PROGNÓSTICO?
Elze Maria Gomes de Oliveira, Ana Cristina Amaral Feldner; Patrícia Marinho C Oliveira, Marlise Mucare, Valéria Lanzoni, Antonio Eduardo
Benedito Silva, Maria Lúcia Gomes Ferraz
Universidade Federal de São Paulo
Introdução: A apresentação da HAI é heterogênea,refletindo o grau
de lesão hepatocelular e de fibrose, sendo frequentemente diagnosticada como hepatite crônica, de início insidioso,com sintomas
inepecíficos, podendo ser assintomática em 34 a 45%. Porém, não é
infrequente a forma de apresentação aguda,que corresponde a duas
situações distintas: a verdadeira HAI aguda, ou “genuína”, e a
exacerbação aguda de HAI crônica. Objetivos: Avaliar a prevalência,
características clínicas e prognósticas de pacientes com HAI aguda
genuína e comparar com os casos de exacerbação aguda de HAI
crônica. Material e Métodos: Foram avaliados pacientes com
HAI,sendo incluídos aqueles com apresentação aguda,definida pela
elevação de bilirrubina total acima de 5 vezes e/ou ALT acima de 10
vezes o limite superior da normalidade. O diagnóstico de HAI baseouse nos critérios internacionais (IGAIH). Pacientes foram caracterizados como HAI “genuína” por meio da confirmação histológica de
hepatite aguda. Resultados: De 131 pacientes, 80 (61%) tiveram
características de HAI aguda na apresentação. Seis (7,5%) tiveram
histologia compatível com HAI Aguda, e 72 (90%) com doença
crônica. Oito pacientes não foram biopsiados. A maioria eram
mulheres (95,5%), com média de idade de 31,7(±17,1), sendo 54%
14
brancas. Quando HAIs agudas “genuínas” foram comparadas com
crônicos agudizados,foram observadas médias de elevação de ALT
maiores naqueles com HAI aguda genuína,embora sem diferença
estatística (28,7±11,4vs 20,2±11,8;p=0,06). Os grupos foram
semelhantes quanto aos níveis de AST, bilirrubinas, FA, gamaGT,
gamaglobulina, títulos de FAN e AML.A atividade de protrombina foi
mais elevada naqueles com histologia aguda (92,8%±10,1 vs
65,8%±20,7; p<0,001), assim como as médias de albumina (3,9g/dL±0,2
vs 3,4g/dL±0,5; p<0,001). Resposta bioquímica foi observada em todos
os casos com histologia aguda (100%),vs 71,2% dos crônicos
agudizados (p=0,03). Conclusões: A apresentação da HAI com
característica bioquímica de doença aguda foi comum (61%).
Entretanto, a forma aguda “genuína” foi um achado pouco frequente,
correspondendo a 7,5% dos casos de apresentação aguda. Os
pacientes com HAI aguda “genuína” apresentaram melhor função
hepática que os crônicos exacerbados, sugerindo que a abertura do
quadro com perda de função pode refletir a presença de doença
crônica.Por fim,os pacientes com HAI aguda “genuína” tiveram melhor
resposta bioquímica que pacientes com doença crônica, sugerindo
que o grau de reserva funcional tem impacto positivo no tratamento.
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TRABALHOS CIENTÍFICOS
TL 019
IMPACTO DA DOENÇA HEPÁTICA NO BRASIL
Lysandro Alsina Nader, Angelo Alves de Mattos; Gisele Nader Bastos
UFCSPA
Introdução: as doenças hepáticas acarretam uma perda tanto em
tempo como em qualidade de vida da população. O impacto causado
pelas doenças hepáticas no Brasil ainda é desconhecido. Objetivo:
avaliar o impacto das doenças hepáticas nas internações
hospitalares e na mortalidade no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS) brasileiro. Metodologia: foi realizado um estudo
observacional do tipo ecológico analítico, no qual os dados foram
mensurados a partir da coleta de dados secundários de internação
hospitalar e de mortalidade por doenças hepáticas, disponibilizados
pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
(DATASUS), o maior banco de dados disponível no Brasil, no período
de 2001 a 2010. Foram revisadas todas as doenças hepáticas
incluídas na Classificação Internacional de Doenças (CID-10).
Resultados: as doenças hepáticas ocupam a oitava posição no
ranking de mortalidade brasileiro, no período entre 2001 e 2009. A
prevalência de internação hospitalar por hepatopatias no período
do estudo foi de 0,72% (853.571) e a taxa de mortalidade 3,34%
(308.290). A média de idade de hospitalizações por doenças hepáticas
foi de 48,05 anos e de mortalidade 58,10 anos. Tanto internações
hospitalares quanto mortalidade por hepatopatias foram mais comuns
no sexo masculino e crescente ao longo dos anos. A cirrose hepática
foi a principal causa de hospitalização e de mortalidade por doenças
hepáticas no Brasil. A região Sul foi o local onde ocorreu a maior
taxa de hospitalizações e a Sudeste foi onde houve as mais elevadas
taxas de mortalidade por hepatopatias no Brasil. Conclusão: o
presente estudo demonstrou a relevância das doenças hepáticas,
no âmbito do SUS, no cenário brasileiro, e que o impacto dessas
doenças é não apenas significativo, mas crescente e evolutivo
quando se consideram internações hospitalares e taxas de
mortalidade.
TL 020
PADRÃO IDEAL DE AMOSTRA DE FRAGMENTO DE BIÓPSIA HEPÁTICA NA PRÁTICA CLÍNICA
Chindamo MC, Perez RM, Villela-Nogueira CA, Araujo Neto JM, Azambuja HT, Neves LG, Pannain VLN, Segadas JAS, Coelho HSM
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução: A biópsia hepática é considerada o padrão ouro para
avaliação da inflamação e fibrose nos pacientes com hepatite crônica
C (HCC). Estudos em modelos experimentais sugerem que fragmentos
adequados devem apresentar de 2-2,5 cm e/ou 11 espaços porta
(EP), estando os fragmentos reduzidos associados à subestadiamento
da doença. Objetivos: Descrever o padrão das biópsias hepáticas
na prática clínica; avaliar o impacto do tamanho do fragmento e do no
de EP na distribuição da fibrose e inflamação, em pacientes com HCC.
Metodologia: Foram incluídas biópsias hepáticas percutâneas
guiadas por USG, realizadas com agulhas tru cut 14 ou 16, como
parte da avaliação pré-tratamento de pacientes com HCC. As biópsias
foram classificadas por um único patologista pelo escore de METAVIR
e consideradas adequadas quando ≥1cm e contendo ≥6 EP.
Resultados: Foram incluídas 169 biópsias, das quais 8 (4,7%) foram
inadequadas. Das 161 biópsias analisadas, o tamanho total do
fragmento fresco foi de 3,1±0,9cm e, após fixação, de 2,3±0,5cm,
determinando uma redução média de 26% do tamanho original
(0,8±0,6cm). Quanto ao tamanho do fragmento após fixação, 97%
apresentava ≥1,5cm, 77% ≥2cm e 35% ≥2,5cm. A agulha 14 foi utilizada
em 74% dos casos. O no de passos realizados foi 1 em 6%, 2 em 56%,
3 em 32% e 4 em 6%, não havendo diferença para o tipo de agulha
utilizada (p=0,954). Comparando a realização de um ou mais
passos, houve diferença no tamanho do fragmento fresco (1,7±0,3
vs. 2,4±0,5cm; p<0,0001), e após fixação (2,0±0,6vs. 3,2±0,8cm;
p <0,0001). A média de EP na amostra foi de 15,5±6,0 e a correlação
com o tamanho do fragmento foi moderada (r=0,497; p<0,0001). Não
houve associação do no de EP com o no de passos realizados (p=0,21)
nem da agulha 14 ou 16 com o tamanho do fragmento (2,4±0,5 vs.
2,2±0,5; p=0,142). Maior no de EP foi obtido com agulha 14 (16,2±6,3
vs. 13,4±4,5; p=0,003). Número de EP ≥11 foi encontrado em 90% das
biópsias ≥1,5 cm e 100% daquelas ≥2cm, após fixação. Fragmentos
frescos ≥2cm apresentaram 15,6±6,0 EP. Houve diferença na
distribuição de fibrose e inflamação com relação ao no de EP (p<0,0001
e p=0,013) e não para o tamanho do fragmento (p=0,572 e p=0,356).
Conclusão: O no de EP apresentou maior impacto para avaliação da
fibrose e inflamação do que o tamanho do fragmento. Fragmentos
frescos ≥2cm ou >=1,5cm após fixação, podem ser adequados para
análise por conter no de EP≥11.
TL 021
FATORES CLÍNICOS, LABORATORIAIS, VIRAIS E HISTOLÓGICOS ASSOCIADOS À ESTEATOSE NA HEPATITE CRÔNICA C
Chindamo MC, Villela-Nogueira CA, Perez RM, Araujo Neto JM, Neves LG, Azambuja HT, Pannain VLN, Segadas JAS, Coelho HSM
Universidade Federal do Rio De Janeiro
Introdução: Esteatose hepática é um achado frequente na hepatite
crônica C (HCC) e varia de acordo com o genótipo viral e fatores
metabólicos da população. Objetivos: Determinar a prevalência de
esteatose na HCC, correlacionando-a com fatores clínico-laboratoriais,
genótipo viral e histologia. Pacientes e métodos: Foram incluídos
pacientes (pcs) com HCC, submetidos à biópsia hepática entre 2009
e 2012, e excluídos os coinfectados, portadores de outras hepatopatias ou com consumo de álcool >20g/d(M) e >40g/d(H). Foi avaliada
a associação de esteatose com variáveis clínicas (sexo, idade, tempo
de infecção, DM, dislipidemia, hipotireoidismo, obesidade, perímetro
abdominal, tabagismo, consumo de álcool e HAS), laboratoriais
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
(plaquetas, AST, ALT, FA, GGT, albumina, triglicerídeos, colesterol, ácido
úrico) e histológicas (estágio de fibrose e grau de inflamação pelo
escore de METAVIR), separadamente para os genótipos 1 e 3. Os pcs
foram categorizados em fibrose leve a moderada (F0-F2) ou avançada
(F3-F4). Resultados: Foram incluídos 329 pcs, 89% genótipo 1.
Esteatose foi encontrada em 42% dos pcs (64% leve, 24% moderada
e 12% intensa), fibrose leve ou moderada em 77% e atividade
inflamatória em 97% (34% grau 1, 57% grau 2 e 9% grau 3). Esteatose
foi mais prevalente no genótipo 3 comparada ao 1 (79%vs.38%;
p<0,0001), no entanto esteve associada à fibrose avançada (p=0,007)
e inflamação moderada a intensa (p<0,0001) apenas no genótipo 1. Na
15
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
análise univariada, houve associação da presença de esteatose com
tabagismo (p=0,036) e obesidade (p<0,0001) apenas para o genótipo
1 e, do perímetro abdominal ≥88cm para mulheres e ≥102cm para
homens, para ambos os genótipos. Das variáveis laboratoriais, AST,
ALT, FA, GGT, triglicerídeos e ácido úrico foram associados à esteatose
apenas para o genótipo 1. Na análise multivariada, as variáveis
independentemente associadas à presença de esteatose no genótipo
1 foram perímetro abdominal (p<0,0001), GGT (p=0,003) e ácido úrico
(p=0,004). Nenhuma variável laboratorial mostrou associação com
esteatose no genótipo 3. Conclusão: Esteatose é mais prevalente no
genótipo 3, porém está associada à maior gravidade da lesão histológica
apenas no genótipo 1. Os fatores clínicos, histológicos e laboratoriais
relacionam-se de forma distinta para os genótipos 1 e 3, sugerindo
provável efeito citopático direto do genótipo 3 na gênese da esteatose.
TL 022
COMPARAÇÃO DO DESEMPENHO DE MARCADORES NÃO INVASIVOS DE FIBROSE HEPÁTICA NA HEPATITE CRÔNICA C
Chindamo MC, Villela-Nogueira CA, Perez RM, Araujo Neto JM, Neves LG, Azambuja HT, Pannain VLN, Segadas JAS, Coelho HSM
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução: O conhecimento do estágio de fibrose na hepatite
crônica C (HCC) é essencial para a avaliação do tratamento e
prognóstico da doença. Testes não invasivos representam uma
alternativa promissora à realização da biópsia hepática. Objetivos:
Avaliar o desempenho diagnóstico dos escores APRI, FIB-4, Forns,
Fibrosis index (FI) e relação AST/ALT (RAA), como marcadores
indiretos não invasivos de fibrose hepática em pacientes (pcs) com
HCC, comparado à biópsia. Pacientes e métodos: Foram incluídos
pcs com HCC, biopsiados entre 09/2009 e 11/2012 e que realizaram
coleta de sangue para cálculo dos escores em até 3 meses da
biópsia. Foram excluídos coinfectados, portadores de outras
hepatopatias ou com consumo de álcool>20g/d (M) e >40g/d (H). Os
pcs foram classificados pelo escore METAVIR em fibrose
significativa (F2, F3 e F4), avançada (F3-F4) ou cirrose (F4). Os
escores foram calculados de acordo com as fórmulas descritas
nos estudos originais. Foram comparadas as AUROC dos testes
para fibrose significativa, avançada e cirrose. Resultados: Foram
incluídos 329 pcs (57% mulheres, 51±11anos): 53% apresentavam
fibrose leve, 47% fibrose significativa, 24% fibrose avançada e 7%
cirrose. As AUROC do APRI, FIB-4, Forns, FI e RAA foram
respectivamente 0,79 (IC 0,73-0,84), 0,78 (IC 0,73-0,83), 0,74
(IC 0,68-0,79), 0,69 (IC 0,63-0,75) e 0.60 (IC 0,54-0,67) para fibrose
significativa; 0.81 (IC 0,75-087), 0.79 (0,73-0,85), 0,74(0,68-0,81),
0,72 (0,65-0,79) e 0,66 (0,58-0,73) para fibrose avançada; 0,86
(IC 0,76-0,97), 0,84 (IC 0,73-0,95), 0,77 (IC 0,64-0,91), 0,75 (0,61-0,89)
e 0,70 (IC 0,57-0,84) para cirrose. Comparado ao APRI, os escores
FIB4, Forns, FI e RAA apresentaram AUROC semelhantes para o
diagnóstico de cirrose (p=0,71, p=0,29, p=0,20 e p=0,07). No
diagnóstico de fibrose avançada o desempenho diagnóstico foi
semelhante entre APRI, FIB4, Forns e FI (p=0,74, p=0,84, p=0,07) e,
para fibrose significativa, apenas entre os escores APRI, FIB4 e
Forns (p=0,81 e p=0,19). A correlação com os diferentes estágios
de fibrose foi maior para APRI (0,549) e FIB-4 (0,542), comparado a
Forns (0,461), FI (0,370) e RAA(0,259). Conclusão: Os marcadores
indiretos de fibrose apresentam melhor desempenho na detecção
de estágios mais avançados de fibrose. Os escores APRI, FIB-4 e
Forns apresentaram performance semelhante na identificação de
fibrose significativa, fibrose avançada e cirrose.
TL 023
FATORES ASSOCIADOS AOS NÍVEIS SÉRICOS DE ADIPONECTINA EM PORTADORES DE CIRROSE HEPÁTICA
Telma Erotides da Silva, Mariana Costa Silva, Maria Luiza Aires De Alencar, Mara Sérgia Pacheco Honório Coelho, Leticia Muraro Wildner,
Maria Luiza Bazzo, David Alejandro González Chica, Esther Buzaglo Dantas Correa, Janaina Luz Narciso-Schiavon, Leonardo de Lucca
Schiavon
NEGH - Núcleo de Estudos em Gastroenterologia e Hepatologia. Universidade Federal de Santa Catarina
Introdução: Apesar de baixos níveis de adiponectina serem
relacionados à maior progressão da fibrose na doença hepática
esteatótica não-alcoólica, paradoxalmente, pacientes cirróticos por
qualquer etiologia apresentam níveis elevados desta adipocina.
Alguns estudos sugerem uma relação entre adiponectinemia e
gravidade da cirrose. Entretanto, o impacto da resistência insulínica,
das variáveis relacionadas à composição corporal e do estado
nutricional sobre os níveis de adiponectina em cirróticos ainda é
desconhecido. Objetivos: Estudar os fatores associados aos níveis
séricos de adiponectina em cirróticos. Material e Métodos: Estudo
transversal que incluiu pacientes cirróticos acompanhados
ambulatorialmente. Os níveis de adiponectina foram determinados
por ELISA. A avaliação nutricional foi feita pelo “Royal Free Hospital
Global Assessment” e clearance de creatinina estimado pela
fórmula MDRD. Análises bivariada e de regressão logística múltipla
foram realizadas para investigação de fatores associados a
adiponectina acima do tercil superior de acordo com o sexo.
Resultados: Foram incluídos 122 pacientes, média de idade de
52,9 ± 12,8 anos e 68% do sexo masculino. O MELD médio foi de
9,84 ± 2,32 e 67% foram classificados como Child-Pugh A, 30% B e
16
3% C. Descompensações prévias da doença foram observadas em
91% da amostra. Desnutrição foi observada em 48% dos pacientes
e 39% apresentavam circunferência muscular do braço < percentil 5.
O IMC médio baseado no peso seco estimado foi de 27,1 ± 5,0 kg/m2.
Os níveis médios de adiponectina foram de 24,3 ± 15,3 ug/mL (mediana
de 21,6 ug/mL). Níveis de adiponectina acima do tercil superior
(32 ug/mL para mulheres e de 24 ug/mL para homens) se associaram de forma independente à classificação de Child-Pugh B/C (OR
4,92, IC95% 1,95 – 12,41, P = 0,001), maior clearance de creatinina
estimado (OR 1,03, IC95% 1,01 – 1,05, P = 0,012), menores valores
de HOMA-IR (OR 0,83, IC95% 0,72 – 0,96, P = 0,013) e ausência de
tabagismo atual (OR 0,25, IC95% 0,08 – 0,75, P = 0,014). Conclusões: Em cirróticos, níveis elevados de adiponectina se associaram
de forma independente à gravidade da doença hepática, menor
resistência à insulina, ausência de tabagismo e maior clearance de
creatinina, mas não às variáveis relacionadas à composição corporal
e estado nutricional. Estes achados sugerem um mecanismo
independente no qual a disfunção hepática exerceria efeito
regulatório sobre a liberação e/ou degradação da adiponectina
circulante.
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TRABALHOS CIENTÍFICOS
TL 024
TRANSARTERIAL EMBOLIZATION FOR HEPATOCELLULAR CARCINOMA: A COMPARISION OF NON-SPHERICAL PVA AND MICROSPHERES
IN POST EMBOLIZATION SYNDROME, LOCAL RESPONSE AND SURVIVAL RATES
Scaffaro LA; Álvares-da-Silva MR; Gravina G; Filho GM; Almeida CPB; Pinto LCPF; Kruel CDP
Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Background: transarterial chemoembolization (TACE) and
transarterial embolization (TAE) have improved survival rates of
patients with unresectable hepatocellular carcinoma (HCC), though
the optimal TACE/TAE embolic agent has not yet been identified.
This study was designed to compare two embolic agents – nonspherical polyvinyl alcohol (PVA) and microspheres (ME) on postembolization syndrome (PES) and TAE results in HCC. Methods:
Eight HCC patients (AASLD guidelines diagnosis-based) submitted
to TAE between August 2008 and December 2012 in a single center
were retrospectively studied. TAE was performed by superselective
catheterization followed by embolization with PVA 100-300 micra
or ME 100-300 micra. PES was analyzed according to the Southwest
Oncology Group Toxicity Criteria. Tumor response was evaluated
using mRECIST criteria. Survival rates were based on KaplanMeier curves. Results: Forty-eight patients were PVA-treated,
and 32 ME-treated. There were no differences between the groups
at the baseline, regarding age, sex, BCLC stage, Child-Pugh score,
and tumoral features. ME group had significant more PES (p=0.02)
and a trend to prolonged hospital length of stay (p=0.05) than PVA
group, although there were no differences on survival (p=0.679)
and tumoral response (p=0.369). Medians for survival time were
38.2 months (ME), and 34.3 months (PVA). Survival rates at 12, 18,
24, 36 and 48 months were 97.9, 88.8, 78.9, 53.4 and 21.4% in PVATAE, and 100, 92.9, 76.6, 58.8 and 58%, respectively, in ME-TAE
group (p= 0.734). Conclusion: ME-TAE leads to more PES than
PVA-TAE with no benefit on survival rates or local response.
TL 025
DESEMPENHO DO ENHANCED LIVER FIBROSIS SCORE (ELF) NA HEPATITE AUTOIMUNE
Elze Maria Gomes de Oliveira, Carolina Frade MGP Mota, Alessandra Dellavance, Luis Eduardo Coelho Andrade, Renata M Perez, Antonio
Eduardo Benedito Silva, Maria Lúcia Gomes Ferraz
Universidade Federal de São Paulo
Introdução: Nas hepatopatias crônicas a avaliação do grau de
fibrose é de fundamental importância, para avaliar o prognóstico,
definir tratamento e estabelecer estratégias de acompanhamento,
como o rastreamento do hepatocarcinoma. Até o momento, a biópsia
hepática é o padrão de referência para avaliação de fibrose hepática.
Porém, é procedimento invasivo, não isento de complicações,
motivando a busca de métodos não-invasivos para a avaliação da
fibrose. O ELF Score (Enhanced Liver Fibrosis) consiste em um
algorítimo de três marcadores (ácido hialurônico, pró-colágeno III e
inibidor de metaloproteinase 1) e vem sendo estudado em várias
doenças, porém ainda não foi avaliado em pacientes com Hepatite
Autoimune (HAI). Objetivos: Avaliar o desempenho do ELF em
pacientes portadores de HAI e Síndrome de Sobreposição (SS),
utilizando a biópsia hepática como padrão-ouro. Material e
Métodos: Foram selecionados 109 pacientes diagnóstico de HAI e
SS, que tinham biópsia hepática realizada há menos de 12 meses. O
diagnóstico de HAI baseou-se nos critérios internacionais (IGAIH).
A dosagem dos marcadores do escore ELF foi realizada por
quimioluminiscência (Siemens Healthcare Diagnostics). Resultados:
Dos 109 pacientes avaliados, 89 foram incluídos no estudo (90%
mulheres, mediana de idade de 34 anos, 87% com HAI e 13% com
SS). De acordo com os cut-offs propostos para o ELF,8% dos
pacientes tinham fibrose leve ou ausente, 42% fibrose moderada e
50% fibrose avançada. Utilizando os cut-offs propostos, o ELF
superestimou a fibrose em 28% dos casos e subestimou em 33%. A
acurácia diagnóstica (AUROC) do ELF para diagnóstico de fibrose
significativa (F ≥ 2) foi 0,64 (IC 95%: 0,52-0,77; p= 0,05), para fibrose
avançada (F ≥ 3) foi de 0,59 (IC 95%:0,47-0,71;p= 0,17) e para a
cirrose foi de 0,66 (IC 95%:0,54-0,77; p= 0,009). A correlação do
ELF com fibrose foi de 0,24 (p=0,22), com atividade peri-portal de
0,28 (p= 0,009) e com atividade parenquimatosa de 0,43 (p<0,001).
Conclusões: No presente estudo, o painel ELF não demonstrou
ser um bom marcador não-invasivo de fibrose em pacientes com
HAI ou SS.Usando os pontos de corte sugeridos pelo fabricante o
teste mostrou resultados tanto superestimados quanto subestimados
para a fibrose, em comparação com a biópsia hepática. É possível
que isto se justifique pelo fato de que esses biomarcadores podem
ser influenciados não somente pelo processo de fibrogênese, mas
também pela intensidade do processo necro-inflamatório, muito
intenso em pacientes com HAI.
TL 026
TRANSPLANTE HEPÁTICO INFANTIL EM PACIENTES PEDIÁTRICOS PORTADORES DE DOENÇAS GENÉTICO-METABÓLICAS
Sandra Maria Gonçalves Vieira, Camila da Rosa Witeck Pereira, Carlos Oscar Kieling, Carolina Fischinger M de Souza, Flávia Feier, Ida V
Schwartz, Sabrina Prates de Noronha Romanczuk, Maria Lúcia Zanotelli
Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Introdução: Os distúrbios genéticos e metabólicos podem
representar uma lesão primária do fígado como na deficiência de
alfa-1-antitripsina ou hipertirosenemia tipo 1, ou dano secundário à
disfunção sistêmica como na fibrose cística. Embora de ocorrência
infrequente na população adulta, as doenças genético-metabólicas
são a segunda maior indicação de transplante hepático pediátrico,
só sendo superada pela atresia biliar. Objetivo: Este estudo tem o
objetivo de descrever os resultados do transplante hepático
ortotópico em um grupo de pacientes pediátricos portadores de
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
doença genético-metabólica. Material e Métodos: Revisão histórica
de pacientes com doenças genético-metabólicas submetidos ao
transplante hepático entre os períodos de março/1995 a maio/2013.
Foram incluídos os pacientes com indicações agudas e crônicas de
transplante hepático, submetidos às diversas modalidades do
procedimento e pesquisadas indicações, complicações e sobrevidas
do paciente e do enxerto em 1 e 5 anos. Resultados: No período
estudado 19 pacientes realizaram transplante hepático, tendo como
base diagnóstica doença genético-metabólica. A mediana de idade
17
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
dos pacientes foi de 10,5 anos (IIQ 25-75: 5-14,5), com predominância
do gênero masculino (63,1%) e da raça caucasiana (84,2%). Fibrose
cística e deficiência de alfa 1 anti-tripsina foram as doenças mais
prevalente com 5 pacientes cada (31,2%), seguidas de três casos
de fibrose hepática congênita (18,7%) , três de hipertirosinemia tipo
1 (18,7%), e um caso de doença de Wilson, um de doença mitocondrial
e 1 de hiperoxalose (5,3% cada). A apresentação da doença que
levou ao transplante foi aguda em dois casos (10,5%), crônica em
16 (84,2%) e 1 paciente foi transplantado por causa primária de
origem extra-hepática (5,3%). A indicação de transplante mais
prevalente foi hipertensão portal (52,3%), seguida de doença
hepática crônica terminal (21%), hepatocarcinoma (10,5%),
insuficiência hepática aguda (10,5%) e secundária à hiperoxalose
(5,3%). Foram realizados 19 transplantes, 17 com doadores falecidos
(89,5%), implantados 14 fígados inteiros e 5 fígados reduzidos (3
segmento lateral esquerdo, 2 lobo esquerdo). Quanto às
complicações infecciosas, 12 pacientes tiveram infecção bacteriana
presumível e antibioticoterapia (63,1%), oito necessitaram da
utilização de antifúngicos (42,1%) e houve dois casos de infecção
por citomegalovírus (10,5%). Complicações vasculares ocorreram
em 3 pacientes (15,7%), 1 arterial – trombose da artéria hepática, e
2 venosas. Três pacientes sofreram complicação das vias biliares
– estenose biliar (15,7%). Biópsia hepática secundária à suspeita
de rejeição do órgão transplantado ocorreu em 12 pacientes,
confirmada em 11 pacientes, sendo manejados com ajuste da terapia
imunossupressora. Não houve re-transplante. Complicações
neoplásicas primárias ou recidiva tumoral não foram observadas. A
sobrevida do paciente e do enxerto em 1 ano foi de 84,2% e em 5 anos
de 78,9%, respectivamente. Conclusão: Fibrose cística e deficiência
de alfa-1-antitripsina foram os diagnósticos mais prevalentes, sendo a
hipertensão portal, a principal indicação do transplante. As complicações observadas foram semelhantes aquelas identificadas em
pacientes transplantados por causas não metabólicas, bem como as
sobrevidas do paciente e do enxerto.
TL 027
COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DO FIBROSCAN® E DO CAP™ VERSUS BIÓPSIA HEPÁTICA EM PACIENTES COM DHGNA
Oliveira CP, Vanni D, Mazo DC, Rabelo F, Duarte M, Stefano JT, Carrilho FJ
Departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina, USP, São Paulo
Introdução: O fibroscan® e o parâmetro de controle de atenuação
(CAP™) são métodos não invasivos usados para avaliar fibrose e
esteatose hepática, respectivamente. Objetivos: Comparar os
resultados do fibroscan® e CAP™ versus a biópsia hepática em
pacientes com Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA).
Material e métodos: Foram incluídos pacientes com DHGNA
diagnosticada por biópsia hepática entre maio de 2011 e janeiro de
2013 em Hospital Universitário. Os pacientes foram submetidos a
avaliação de fibrose hepática pelo fibroscan® usando o transdutor
médio ou extra-large. O CAP™ também foi utilizado para avaliar
esteatose quando as medidas do fibroscan® foram feitas com o
transdutor médio. O tempo máximo entre a biópsia hepática e a
realização do fibroscan® e CAP™ foi de 60 dias. Foi considerado
fracasso do fibroscan® e CAP™ quando: não havia 10 medidas
válidas; a taxa de sucesso foi menor que 60% e/ou a razão interquartil
(IQR) foi acima de 30%. Os resultados destes métodos foram
comparados com a histologia hepática (critério de BRUNT),
considerada padrão ouro. Os valores correspondentes do fibroscan®
(kPa) em relação aos estágios de fibrose e do CAP™ (dBm-1) em
relação aos graus de esteatose tiveram embasamento em estudos
prévios desses métodos em DGHNA. A função de distribuição gama
foi usada para comparar os resultados de fibroscan® e CAP™ versus
biópsia hepática. Resultados: 65 pacientes incluídos, 71% mulheres
com idade média de 56 anos (13-71 anos). Média de IMC e
circunferência abdominal foi de 31.29Kg/m 2 (19.6-47.7Kg/m2 ) e
102.3cm (77-135cm), respectivamente. Distância média entre pele e
fígado foi de 2.06cm (0.98-4.26cm). Comorbidades dos pacientes
foram: 46% diabetes; 73% dislipidemia; 60% hipertensão arterial. O
fibroscan® foi factível em 83% (IC95%: 0.7193 – 0.9039) de um total
de 65 pacientes e o CAP™ foi factível em 74% (IC95%: 0.603 –
0.848) de um total de 47 pacientes. O resultado da comparação entre
fibroscan®, CAP™ e biópsia hepática usando a função distribuição
gama foi: fibroscan® gama=0.38 (IC95%: 0.09-0.66) e CAP™
gama=0.46 (IC95%: 0.06-0.85). Conclusão: O fibroscan® e o CAP™
foram factíveis na maioria dos pacientes com DHGNA. No entanto, a
concordância desses métodos não invasivos com a histologia hepática
foi insatisfatória. Talvez o IMC elevado do grupo estudado como
também o comportamento heterogêneo da fibrose e da esteatose na
histologia hepática da DHGNA sejam os responsáveis pelo resultado
da concordância dos métodos.
TL 028
O VALOR SÉRICO DA ALFA-FETOPROTEÍNA PRÉ-TRANSPLANTE HEPÁTICO NA PREDIÇÃO DA RECORRÊNCIA DO HEPATOCARCINOMA
Luciana dos Santos Schraiber, Angelo Alves de Mattos, Maria Lúcia Zanotelli, Guido Pio Cracco Cantisani, Guilhermo Kiss, Lucas Ernani,
Lívia Caprara Lionço
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
A recidiva do carcinoma hepatocelular (CHC) é um fator limitante na
sobrevida dos indivíduos submetidos a transplante ortotópico de
fígado (TOF). Além do número e tamanho do tumor, grau de
diferenciação celular, invasão vascular tumoral, avaliar outros
marcadores prognósticos é um passo importante para prever a
recidiva e estabelecer estratégias terapêuticas. Objetivos: Analisar
o valor prognóstico da alfa-fetoproteína (AFP) e sua relação com a
recidiva do CHC após o TOF. Pacientes e métodos: Foram
analisados, retrospectivamente, no período de 1997 a 2010, os
dados de 206 pacientes com diagnóstico histopatológico confirmado
de CHC submetidos a TOF. Resultados: Foi registrada uma sobrevida
global em 1, 3, 5 e 14 anos de 78,6%, 65,4%, 60,5% e 38,7%. A
frequência de recidiva foi de 15,5%, sendo que a mesma esteve
relacionada com a sobrevida dos pacientes (p<0,001). Não foi
18
observada uma relação entre a sobrevida e os níves de AFP
(p=0,153). Por outro lado, constatou-se uma correlação entre a
ocorrência de recidiva tumoral e os níveis de AFP (p= 0,002). Quando
realizada a análise univariada dos fatores de risco para recidiva,
observou-se que o nível de AFP maior que 200 μg/L, o número de
tumores, o grau de diferenciação histológica, a presença de invasão
vascular e de nódulos satélites estiveram relacionados com a
ocorrência de recidiva. Na análise multivariada, apenas o nível de
AFP maior que 200 μg/L foi considerado como fator de risco, HR de
3,32 (95% IC, 1,40-7,91, p=0,007). Conclusão: No presente estudo,
observou-se que a despeito dos níveis de AFP não terem se
correlacionado com a sobrevida dos pacientes submetidos a TOF,
estiveram associados a um aumento da chance de recidiva tumoral
de 3,33 vezes .
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TRABALHOS CIENTÍFICOS
TL 029
TRATAMENTO DE PACIENTES COM HEPATITE C GENÓTIPO 1 APRESENTANDO FIBROSE GRAVE OU CIRROSE COMPENSADA: O PROGRAMA
NACIONAL DE ACESSO EXPANDIDO AO TELAPREVIR
H. Cheinquer, CE. Brandão-Mello, E. Parise, C. Villela-Nogueira, N. Cheinquer, M. Pires, RJ. Carvalho-Filho, JM. Araujo Neto, SB. Tenore, A.
Hill, J. Läuffer, P. Abrão Ferreira
Divisão de Gastroenterologia, Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, Brasil;
Hospital Universitário Gaffrèe e Güinle – Unirio, Tijuca, Rio de Janeiro, Brasil; Divisão de Gastroenterologia, Departamento de Hepatologia,
Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, Brasil; Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Faculdade de Medicina, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil; Ambulatório de Moléstia Infecciosa Divisão de HIV e Hepatite Viral, Universidade Federal de
São Paulo, São Paulo, Brasil; MetaVirology Ltd, Londres, UK; Janssen-Cilag AG, Zug, Suíça
Introdução e objetivos: O HEP3002 é o programa de acesso
expandido ao telaprevir, open-label, para pacientes com hepatite C
genótipo 1 apresentando fibrose grave ou cirrose compensada, que
está em andamento em 16 países. Essa análise interina incluiu dados
da semana 16 dos primeiros 97 pacientes incluídos no Brasil.
Métodos: Os pacientes foram tratados com telaprevir, interferon
alfa peguilado e ribavirina (PR) durante 12 semanas, seguidas de PR
por 36 semanas. A fibrose grave/cirrose foi identificada por biopsia
do fígado (Metavir F3-4 or Ishak 3-6) ou por testes não invasivos. Foi
necessário apresentar número de plaquetas >90.000/mm3 para iniciar
o tratamento. O HCV RNA foi avaliado no basal e nas semanas 4 e 12
de tratamento. A resposta virológica foi definida como HCV RNA sérico
indetectável na análise da população de Intenção de Tratamento (ITT).
Resultados: A idade média foi de 54 anos e o peso médio foi 77kg;
66% eram homens e 90%, caucasianos, 42% apresentavam níveis
de HCV RNA de e”800.000 UI/mL, 38%/62% apresentavam fibrose
grave/cirrose, 41% eram genótipo 1a, 20% eram virgens de tratamento, 32% eram recidivantes, 15% respondedores parciais, 28%
nulos de resposta e 2% apresentaram viral breakthrough na terapia
prévia. As respostas do HCV RNA (percentual de indetecção) nas
semanas 4 e 12 (análise ITT), são apresentadas na tabela. Em geral,
5/97 pacientes (5%) atenderam à regra de parada para descontinuação
do TVR (HCV RNA > 1000 UI/mL). Na semana 12, somente seis pacientes
(6%) descontinuaram o TVR por eventos adversos (1 por anemia, 1
por tontura e 4 por erupção cutânea (rash). Sete pacientes (7%)
apresentaram eventos adversos e nenhum paciente morreu durante o
estudo. Conclusões: Neste programa de acesso expandido ao
teleprevir para pacientes com fibrose grave ou cirrose compensada,
81% dos pacientes apresentaram HCV RNA indetectável na semana
12 (ITT), enquanto 68% apresentaram eRVR. As taxas de descontinuação do telaprevir devido a eventos adversos foram similares aos
estudos Fase 3.
TL 030
MARCADORES DE APOPTOSE E INFLAMAÇÃO EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA
M.G. Ferronato, A.S. Leão, F.C. Schacher, M.T. Michalczuk, M.R. Alvares-da-Silva
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Introdução: Foi recentemente sugerido que a suscetibilidade à
fibrose hepática, induzida pelo HCV, está relacionada a genes que
regulam a apoptose. Objetivos: Nosso trabalho visa elucidar a
possível interação entre apoptose, inflamação e fibrose em pacientes
com hepatite crônica C (HCC). Material e Métodos: Pacientes com
HCC, monoinfectados, com idade entre 18 a 60 anos foram incluídos
e submetidos a exame clínico e histopatológico. Aqueles com
insuficiência renal crônica, neoplasias malignas, abuso de álcool,
gravidez e / ou uso de imunossupressores, foram excluídos. Foram
determinados o índice de massa corporal, glicose, insulina, HOMA-IR,
perfil lipídico, fibrose (METAVIR), níveis séricos de CK-18 (M30Apoptosense), Fas, Fas-L, I-CAM, V-CAM, MIF, PAI (HSEP-63k, Milliplex,
Millipore, Copenhagen, Denmark). Resultados: Cinquenta e cinco
pacientes foram incluídos, 23 deles não tinham recebido tratamento
antiviral. Dos demais, 15 tinham resposta virológica sustentada (RVS)
e 17 eram não-respondedores (NR) ao tratamento. A fibrose foi
diretamente associada ao METAVIR, sendo que os pacientes com
fibrose avançada (F3/F4) apresentaram maior sVCAM em
comparação com os pacientes F0/F2 (p = 0,016). Os níveis séricos
do sFas-L e sVCAM aumentaram no grupo RVS em relação aos
não tratados (p = 0,006 e p = 0,019, respectivamente), conforme
tabela 1. Variáveis com distribuição assimetrica descritas pela
mediana (minimo-maximo) e comparadas pelo teste de KruskalWallisa, b letras diferentes representam distribuições diferentes
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
estatísticamente. Conclusão: Apoptose através sFas-L e inflamação,
avaliada pelo aumento dos níveis de sVCAM, foram maiores em
pacientes que eliminaram o vírus quando comparado com os não
tratados.
19
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
TL 031
TENOFOVIR APÓS UM ANO NA HEPATITE B E O AUMENTO DO PARATORMÔNIO DISSOCIADO DE MODIFICAÇÕES SÉRICAS E URINÁRIAS
DE CÁLCIO E FÓSFORO
José Alves Patrício Júnior, Patrícia Fátima Lopes, Andrea Alice da Silva, Eliane B. C. Esberard, Jocemir Ronaldo Lugon, Jorge Reis Almeida
Universidade Federal Fluminense
Introdução: O tratamento com tenofovir tem sido associado com
tubulopatia renal proximal mitocondrial, síndrome de Fanconi,
hipofosfatemia, dor óssea e osteomalacia. Em pacientes com HIV em
uso de esquemas multidrogas tem sido relatado alterações do
paratormônio e da homeostasia cálcio-fósforo. Os mecanismos
associados às alterações metabólicas do tenofovir são ainda pouco
compreendidos. A monoterapia com tenofovir na hepatite B pode
representar um modelo clínico conveniente para um melhor estudo
destas alterações. Objetivos: Estudar em pacientes adultos com
hepatite B as concentrações de paratormônio (PTH) e a homeostasia
do cálcio e fósforo antes (T0) e 12 meses (T12) após o início de
tenofovir. Material e Métodos: Foram avaliados 34 pacientes (idade
= 43,8 ± 12,3 anos; 64% homens; 74% não brancos - IBGE) com
diagnóstico de infecção pelo vírus B sem doença renal, sem o uso
concomitante de drogas nefrotóxicas, e sem coinfecções por HIV ou
HCV, antes do inicio do tenofovir e após 12 meses. Todos assinaram
termo de consentimento. Amostras de sangue e urina foram coletadas.
Creatinina, cálcio e fósforo foram avaliados no sangue e na urina.
Paratormônio molécula intacta foi dosada no sangue por ensaio
imunoenzimático e quimioluminescência. Os dados são expressos
como média e desvio padrão. O teste não paramétrico de Wilcoxon foi
utilizado para análise de amostras relacionadas e foi considerado
significante um p < 0,05. Resultados: Nenhuma alteração foi
encontrada nos níveis séricos e urinários de cálcio e fósforo. A função
renal avaliada pelo ClCr também não se modificou. Entretanto, o PTH
dobrou ao final de um ano (p < 0,05). Conclusão: Em pacientes com
hepatite B a mononoterapia com tenofovir causa hiperparatireoidismo,
um dado ainda não relatado na literatura. Também diferente dos
achados de literatura e em pacientes HIV positivos, em ambiente
multidrogas, não observamos em nossa coorte a presença de
alterações séricas ou urinárias do binômio cálcio-fósforo com um
ano de acompanhamento. A droga se mostrou segura em relação a
função renal glomerular. Nossa amostra e o tempo de acompanhamento
ainda são pequenos e os resultados precisam ser confirmados.
TL 032
ESTUDO DAS VARIÁVEIS CLÍNICAS E SOCIODEMOGRÁFICAS E ANÁLISE DO POLIMORFISMO HIS139ARG DO GENE MEH EM PACIENTES
COM CIRROSE HEPÁTICA
Gislaine Dionísio Ferreira, Vivian Romanholi Cória, Ana Lívia Silva Galbiatti, Anelise Russo, Renato Ferreira da Silva, Rita de Cássia Martins
Alves da Silva, Mariângela Torreglosa Ruiz Cintra, Érika Cristina Pavarino, Eny Maria Goloni-Bertollo
FAMERP - Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. UPGEM - Unidade de Pesquisa em Genética e Biologia Molecular
Introdução: A cirrose representa a fase terminal da fibrose do
parênquima hepático, com formação de nódulos de regeneração e
distorção da rede vascular, que tem como consequência alterações
da função e do fluxo sanguíneo do fígado. Ela caracteriza o estágio
final de muitas patologias hepáticas com destruição celular crônica.
Estudos mostram que o vírus da hepatite C é a sua principal etiologia.
A cirrose está presente em cerca de 80 a 90 % dos casos de
carcinoma hepatocelular, constituindo o maior fator de risco isolado
para o desenvolvimento da doença. A patogenia da cirrose é um
processo multifatorial, que está relacionado às variáveis: tabagismo,
alcoolismo, gênero, idade e a ação de enzimas do metabolismo de
xenobióticos, importantes na detoxificação ou ativação de
carcinógenos. Objetivos: Investigar o polimorfismo His139Arg do
gene mEH (decodificador de enzimas metabolizadoras de
xenobióticos) e sua relação com a cirrose hepática e com as variáveis
clínicas e sociodemográficas. Material e Métodos: Foram incluídos
no estudo 105 pacientes, todos com cirrose hepática, sendo que 16
deles também apresentavam carcinoma hepatocelular, e 300 indivíduos
no grupo controle. O DNA extraído foi analisado para o polimorfismo em
questão. A análise estatística foi feita pelo Teste de Regressão Logística
Binária. Resultados: Os resultados mostraram que a presença do
polimorfismo não consiste fator relevante para o desenvolvimento da
cirrose hepática (OR 0,64; IC 95% 0,38 – 1,07; p=0,085). Já a idade ≥45
anos é fator de risco para o desenvolvimento da doença (OR 8,35;
IC 95% 4,59 – 15,18; p=0,000). Conclusões: O polimorfismo His139Arg
do gene mEH não se apresentou como um fator relevante no
desenvolvimento da cirrose hepática. Por outro lado, a idade superior
a 45 anos mostrou-se fator predisponente para tal.
TL 033
FATORES RELACIONADOS AO PROGNÓSTICO DESFAVORÁVEL NO PÓS-OPERATÓRIO PRECOCE DO TRANSPLANTE HEPÁTICO. EFEITOS
DELETÉRIOS DO BALANÇO HÍDRICO POSITIVO NOS PRIMEIROS 4 DIAS DE TRANSPLANTE HEPÁTICO
Liana Codes, Ygor Gomes de Souza, Paulo Lisboa Bittencourt, Andrea Ribeiro Cavalcanti, Cláudio Zollinger, Jorge Bastos
Unidade de Gastroenterologia e Hepatologia do Hospital Português, Salvador, Bahia, Brasil
Introdução: Balanço hídrico positivo induzido por administração
agressiva de fluidos tem se correlacionado com maior mortalidade no
choque séptico, na insuficiência renal aguda (IRA), na insuficiência
respiratória aguda e em pos-operatório de cirurgias de grande porte.
A influência do balanço hídrico positivo na morbimortalidade após o
transplante hepático (TH) foi pouco estudada. Objetivo: Avaliar a
influência do balanço hídrico no pós-operatório precoce após o
transplante hepático. Métodos: 121 pacientes (107 homens, idade
mediana 50 ± 13 anos) submetidos a TH entre junho 2006 e julho 2011
foram retrospectivamente avaliados. A maioria tinha cirrose devido a
20
hepatite C (39%) e álcool (13%). Balanço hídrico (BH), avaliado nas
primeiras 12 horas e em 4 dias após a cirurgia foi comparado com
três grandes eventos após o TH, incluindo a ocorrência de IRA,
necessidade de diálise, e mortalidade em 28 dias. Foram usadas
técnicas de análise de regressão logística multivariada para testar
associações. Variáveis relacionadas a eventos adversos como
gravidade de doença (expressa por MELD e APACHE II), duração da
cirurgia, uso de drogas vasopressoras, lactato arterial no pósoperatório e niveis de AST foram comparadas com BH, bem como
com IRA e mortalidade em 28 dias. Resultados: Média do BH
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TRABALHOS CIENTÍFICOS
acumulado nas primeiras 12 horas (BHac 12h) e em 4 dias (BHac 4d)
foram, respectivamente, 5472±2417 e 10955±5117 ml. A ocorrência de
IRA (Rifle 2/3) foi associada com maiores níveis de AST e com BHac 4d,
mas na análise multivariada a significância manteve-se apenas para
BHac 4d [RR 2.3 NS = 0.02 (95% CI 1.37 to 3.86)]. Na análise univariada,
diálise foi relacionada com APACHE II, níveis de AST, lactato arterial,
duração da cirurgia e BHacFB 4d. Entretanto, apenas APACHE II [RR
2.5 NS = 0.003 (95% CI 1.35 to 4.62)] e BHac 4d [RR 2.88 NS = 0.0001
(95% CI 1.52 to 5.48)] foram signifivcativos na análise multivariada.
Fatores de risco para mortalidade de 28 dias, identificados na análise
univariada, foram duração da cirurgia, niveis de AST, APACHE II, lactato
arterial e BHac 4d [RR 4.21, NS = 0.001 (95% CI 1.88 to 9.42)], mas
apenas APACHE II [RR 2.63; NS = 0.04, (95% CI 1.0 to 6.87)] manteve
significância na análise multivariada. Conclusões: Esses resultados
sugerem que a administração agressiva de fluidos nos primeiros 4 dias
de pós-operatório no TH impactam na ocorrência de IRA, diálise e
mortalidade após o TH. Prognóstico desfavorável também é relacionado
ao APACHE II nas primeiras 24 horas após a cirurgia.
TL 034
RELEVÂNCIA DOS POLIMORFISMOS rs12979860 E rs8099917 DO GENE IL28B EM PACIENTES MONO-INFECTADOS PELO HCV E COINFECTADOS HCV/HIV
Bruna Cristina Bertol, Simone Moreira; Raquel Francine Liermann Garcia; Leslie Ecker Ferreira; Guilherme Debortoli; Mauro de Souza Leite
Pinho; Marcia Amendola-Pires; Alessandra Mendonça de Almeida Maciel; Carlos Eduardo Brandão-Mello; Paulo Henrique Condeixa de
França
Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE e Hospital Universitário Gaffrée Guinle - HUGG/UNIRIO
Introdução: A coinfecção com o vírus da imunodeficiência humana
(HIV) impacta o curso da hepatite C, aumentando o risco de cirrose e
elevando as taxas de viremia. Fatores virais e do hospedeiro têm sido
associados com a persistência do vírus da hepatite C (HCV).
Polimorfismos de Nucleotídeo Único (SNPs) próximos ao gene IL28B
associam-se com a capacidade de eliminação do HCV pelo hospedeiro,
porém pouco se conhece sobre a influência destes SNPs na coinfecção HCV/HIV. Objetivo: Estimar a relevância das variantes
alélicas e genotípicas dos SNPs rs12979860 (C/T) e rs8099917 (T/G)
do gene IL28B quanto a instalação da infecção pelo HCV em pacientes
monoinfectados (HCV) e co-infectados (HCV/HIV). Material e
Métodos: Foram incluídos 199 indivíduos controle e 230 pacientes
com hepatite C crônica, sendo 53 coinfectados. A genotipagem foi
realizada via Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) seguida de
exposição a endonucleases específicas (RFLP). A associação das
variantes com a susceptibilidade à infecção pelo HCV foi verificada
através do índice Odds Ratio, com Intervalo de Confiança de 95% e
considerando-se p=0,05 como o nível de significância. Resultados:
Dentre os controles, 47,4% (90/190) apresentaram o genótipo CC do
SNP rs12979860, 43,7% CT e 8,9% TT, enquanto 29,1% (66/227),
51,5% e 19,4% dos pacientes apresentaram CC, CT e TT,
respectivamente. A análise de risco relativo para rs12979860 quanto
à susceptibilidade ao HCV evidenciou ORs significativos para a
presença do genótipo TT (2,447; p=0,005) e do alelo T (1,851; p<0,001)
no grupo de pacientes em comparação aos controles. Quanto ao SNP
rs8099917, 66,8% (133/199) dos controles apresentaram genótipo
TT, 31,2% TG e 2,0% GG, enquanto 56,1% (129/230), 40,9% e 3,0%
dos pacientes apresentaram TT, TG e GG, respectivamente. O genótipo
GG não constituiu fator de risco para os pacientes (OR=1,530;
p=0,712); no entanto, o alelo G associou-se positivamente com a
infecção (OR=1,438; p=0,041). Comparando-se os pacientes mono e
co-infectados, os resultados obtidos quanto às frequências alélicas
e genotípicas de ambos SNPs, assim como a análise de risco, não
demonstraram significância estatística. Conclusão: O genótipo TT e
o alelo T do SNP rs12979860, bem como o alelo G do SNP rs8099917,
constituíram fatores de risco significativo à infecção pelo HCV.
Ressalta-se a existência de influência relevante dos SNPs próximos
ao gene IL28B na instalação da infecção pelo HCV.
TL 035
TRATAMENTO DA ENCEFALOPATIA HEPÁTICA EM RATOS COM PROBIÓTICO LACTOBACILLUS RHAMNOSUS GG: EFEITOS SOBRE
NEUROINFLAMAÇÃO E AMÔNIA
Renata Leke, Thayssa Dalla Costa Escobar, Thais Ortiz Hammes, Fabíola Schons Meyer, Themis Reverbel da Silveira
Centro de Pesquisa Experimental, Hospital de Clínicas de Porto Alegre
I n trodução: Encefalopatia Hepática (EH) é uma condição
neuropsiquiátrica decorrente de doenças agudas como crônicas
do fígado, cujos mecanismos patofisiológicos envolvem o aumento
das concentrações de amônia e inflamação. O tratamento da EH se
faz, primariamente, através da redução da amônia. Por tal motivo, o
uso de probiótico foi sugerido pela sua ação sobre a regulação da
microbiota, redução de pH intestinal e modulação da inflamação. O
probiótico Lactobacillus rhamnosus GG (LGG) tem sido utilizado
em estudos clínicos e experimentais, sendo a diminuição da
inflamação na doença gordurosa hepática observada em ratos.
Objetivo: Avaliar se a terapêutica com o LGG atenua e/ou reverte
a EH em ratos com cirrose biliar secundária, através da sua ação
nas concentrações de amônia e inflamação. Material e métodos:
Utilizados 40 ratos Wistar machos de 60 dias, 20 submetidos à
ligadura de ducto biliar comum (LDB) e 20 “sham-operados”
(controles). Duas semanas após a cirurgia, metade dos animais
controle e LDB receberam dose diária de 2,5 x10 7 UFC de LGG, por
gavagem, por 4 semanas (C+LGG e LDB+LGG). A outra metade
recebeu solução veículo (C e LDB). Os animais foram anestesiados e
sangue coletado para determinação de amônia, parâmetros de
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
disfunção hepática e inflamatórios. Os ratos foram eutanasiados e
os cérebros removidos, dissecados em córtex (cx) e hipocampo (hp)
e congelados. Estas amostras foram usadas para a análise de
expressão gênica de TNFá, IL1â e TLR4. Resultados: A concentração
plasmática de amônia mostrou-se aumentada no dos grupos LDB e
LDB+LGG, referente aos controles, entretanto não houve diferença
entre os grupos LDB e LDB+LGG. Não houve alteração da expressão
gênica de TLR4 entre os grupos, e os níveis de mRNA de TNF-á foram
diferentes somente entre os grupos C+LGG e LDB em ambos cx e hp.
Entretanto, para IL-1B os grupos LDB e LDB+LGG apresentaram níveis
maiores do que os grupos C e C+LGG. O grupo LDB+LGG exibiu maior
expressão de mRNA para IL1â no hp, quando comparado ao grupo
LDB. Conclusão: Durante a EH há a ativação da inflamação no SNC
e aumento de amônia plasmática, parâmetros que não foram atenuados
pelo tratamento com LGG. Também, se demonstrou que possivelmente
a neuroinflamação na EH dos ratos LDB não seja decorrente da
ativação por endotoxinas, visto que os níveis de TLR4 não foram
diferentes entre grupos. Como perspectiva, estão sendo avaliadas
citocinas plasmáticas, para melhor entender o processo de inflamação
deste modelo animal.
21
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
TL 036
ESTUDO PROSPECTIVO DE FATORES PREDITIVOS DE ÓBITO EM PACIENTES COM HEPATITE ALCÓOLICA
Márcia Raquel da Silva Folhadela, Patrícia da Silva Fucuta Pereira, Márcia Tatianna Fernandes Pereira, Hélcio Cardoso Gomes, Edla
Polsineli Bedin Mascarin do Vale, André Luis Volpatto, Fausto Nasser, Edson Cartapatti da Silva
Serviço de Gastro-Hepatologia - Hospital de Base da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – SP
Introdução: A hepatite alcoólica (HA) tem alta morbimortalidade.
Objetivo: Analisar as características clínicas, laboratoriais e fatores
preditivos de óbito em pacientes com HA. Material e Métodos:
Estudo prospectivo de análise de dados clínicos e laboratoriais
relacionados ao óbito de pacientes em 1º episódio de HA internados
em um hospital terciário, no período de 14 meses consecutivos. Análise
comparativa feita pelos testes t de Student, Mann-Whitney, quiquadrado e exato de Fisher. Foi determinada a acurácia em predizer
desfecho em óbito dos escores de gravidade: função discriminante
de Maddrey modificada (fdM) e MELD, pela medida das áreas sob as
curvas ROC (AUROC). Os melhores pontos de corte em predizer o
desfecho em óbito foram identificados na curva ROC e foram
calculados a sensibilidade (S), especificidade (E), valor preditivo
positivo (VPP) e valor preditivo negativo (VPN). Nível descritivo < 0,05
foi considerado significante. Resultados: De 554 internações, houve
76 por HA em 67 pacientes (período de internação de 1 a 42 dias).
Maioria do gênero masculino (94%), cirróticos (85%), Child-Pugh C
(66%) e média de idade 50 anos. Ingestão alcoólica mediana foi 130g/
dia e tempo médio de etilismo 29 anos. Associação com vírus C em
15% dos casos. Ascite em 42%, encefalopatia hepática em 33% e
hemorragia digestiva alta em 27%. Creatinina elevada na admissão
hospitalar em 25% dos pacientes e 15% evoluiram para síndrome
hepatorrenal. Infecção presente em 47% dos casos. Terapia para HA
foi indicada quando fdM ≥32 (23 pacientes, 32%): prednisona em 4
casos (6%) e pentoxifilina em 19 casos (28%). Taxa de óbito intrahospitalar 24%. Comparação das variáveis entre óbito e alta,
respectivamente: Na 131 x 136 mEq (p=0,006); ALT 84 x 36U/L
(p=0,001); PCR 6,0 x 3,1mg/dL (p=0,03); creatinina 1,5 x 0,8mg/dL
(p=0,006); fdM 62 x 24 (p=0,001); MELD 28 x 18 pontos (p<0,0001).
AUROC fdM = 0,795 (IC 95% 0,65; 0,93); AUROC MELD 0,867 (IC 95%
0,75; 0,97); S, E, VPP, VPN em predizer óbito estão na tabela abaixo.
Conclusão: HA foi um evento grave, com alta taxa de mortalidade.
As principais complicações foram infecção e insuficiência renal. Os
resultados sugerem que, na nossa população, um nível de corte
menor da fdM (27 ao invés de 32) pode ser mais útil em identificar
pacientes que irão a óbito e, portanto, discute-se a necessidade de
terapia farmacológica mais precoce para os pacientes.
TL 037
MUTATIONS ASSOCIATED WITH DRUG RESISTANCE IN PATIENTS WITH CHRONIC HEPATITIS B INFECTION
Maria Isabel Magalhães Andrade dos Santos, Andreas Stoecker, Breno Frederico de Carvalho Dominguez Souza, Mila de Oliveira Hughes
Veiga do Rosário, Sidelcina Pacheco Rugiere, Raymundo Paraná, Mitermayer G. Reis e Luciano K. Silva
Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, FIOCRUZ, Salvador - BA
Hepatitis B virus (HBV) infection is a public health issue. The Brazilian
public health system (SUS) has provided antiviral drugs for chronic
hepatitis B treatment for over 10 years, but a system for monitoring
for drug-related resistance mutations is not available. This study aims
to determine the presence of HBV mutations associated with
resistance to nucleos(t)ide analogs among 85 patients with chronic
HBV infection-naïve and treated from University Hospital Professor
Edgard Santos, Salvador-BA (HUPES-UFBA). Briefly, HBV-DNA was
PCR amplified with primers deduced from HBV S and P genes and
sequenced using ABI Prism 3730 (Applied Biosystems, USA). Two to
six forward and reverse sequences of each isolate were assembled
and conflicting sites were revised using software CLC Main
Workbench v. 5.0 by visual inspection of the electropherograms.
Consensus sequence lengths ranged from 1011 to 1034 bp and
encompassed the entire rt domain (from amino acid 1 to 344). Those
sequences were submitted to the HBV drug resistance database
(HBVrt DB, Stanford University, USA) to retrieve each mutation
according to genotype and treatment. HBV genotype A1 (84.71%)
was the most prevalent followed by genotype A2 (5.88%), F (5.88%),
and C1, D2 and D4 (1.18% each). Six patients (7.06%) exhibited
resistance mutations to LAM, ENT and TDF, two with patterns L180M
+ M204V, one with patterns L80I + L180M + M204I and three others
with different patterns: L80V + L180M + M204V; M204I; A194T. All of
these mutations were present in patients with genotype A (four A1
and two A2). Furthermore, this study found one patient with genotype
C, common in Asian east. Prevalence of drug-related resistance
mutations varies according to treatment duration and the level of
genetic barrier for the drugs used. Once the drug therapy is initiated
it is extremely important to monitor viral load and identify those mutations
in order to support clinical decisions about patient management and
also to prevent the emergence of multidrug-resistant viruses.
Keywords: HBV, hepatitis B virus, resistance, nucleos(t)ides analogs.
TL 038
INVESTIGAÇÃO DO POLIMORFISMO C341T DO GENE GSTP1 EM PACIENTES COM CIRROSE E CARCINOMA HEPATOCELULAR
Gislaine Dionísio Ferreira, Pamela Risardi Francelin, Ana Lívia Silva Galbiatti, Anelise Russo, Renato Ferreira da Silva, Rita de Cássia
Martins Alves da Silva, Mariângela Torreglosa Ruiz Cintra, Érika Cristina Pavarino, Eny Maria Goloni-Bertollo
FAMERP - Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. UPGEM - Unidade de Pesquisa em Genética e Biologia Molecular
Introdução: O tumor primário mais frequente do fígado é o carcinoma
hepatocelular (CHC). Os principais fatores de risco desse tumor incluem
infecção crônica pelos vírus das hepatites B e C, cirrose, doença
hepática alcoólica e não alcoólica, além de doenças genéticas
22
hereditárias como a doença de Wilson e a hemocromatose. Essas
doenças estão relacionadas com eventos biomoleculares que
desencadeiam a carcinogênese do hepatocarcinoma, uma vez que
elas podem interferir na síntese de DNA. Polimorfismos em genes
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TRABALHOS CIENTÍFICOS
metabolizadores de xenobióticos, tais como os membros da família
glutationa-S-transferases (GSTs) podem levar ao aumento da ativação
dos carcinógenos ou à diminuição da habilidade para inativá-los podendo,
assim, influenciar na tumorigênese. Objetivos: Analisar o polimorfismo
GSTP1 C341T em pacientes com cirrose e carcinoma hepatocelular e
em indivíduos sem história de neoplasia (grupo controle), visando
identificar biomarcadores de suscetibilidade deste tipo de câncer.
Material e Métodos: Foram incluídos 673 indivíduos (100 pacientes
com cirrose, 54 pacientes com hepatocarcinoma e 519 controles). A
análise molecular foi realizada por meio da Reação em Cadeia da
Polimerase – Polimorfismos de Comprimentos de Fragmento de Restrição
PCR-RFLP. Para análise estatística, foram utilizados os testes quiquadrado e regressão logística múltipla com p ≤ 0,05 e IC 95%
considerados significantes. Resultados: Os resultados mostraram
que idade ≥46 anos (OR 9,07; IC 95% 3,76 – 21,9; p=0,000), hábito
etilista (OR 2,06; IC 95% 1,02 – 4,15; p=0,043) e a presença do
polimorfismo GSTP1 C341T (OR 4,16; IC 95% 2,11 – 8,19; p=0,000)
podem ser considerados fatores de risco para o desenvolvimento do
carcinoma hepatocelular. Por outro lado, somente a idade ≥46 anos
(OR 5,02; IC 95% 2,92 – 8,3; p=0,000) pode ser considerada fator de
risco na progressão para cirrose. Conclusão: Indivíduos com idade
maior ou igual a 46 anos apresentam maior chance de desenvolver
cirrose e carcinoma hepatocelular, enquanto que o hábito etilista e
presença do polimorfismo GSTP1 C341T são fatores preditores para o
desenvolvimento do hepatocarcinoma. Desse modo, a identificação
desse polimorfismo pode tornar a vigilância dos pacientes cirróticos
mais efetiva contra o desenvolvimento do carcinoma hepatocelular.
Suporte Financeiro: CNPq, FAPESP e Capes
TL 039
ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA: AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO COM GENÓTIPO VIRAL E
RESPOSTA TERAPÊUTICA
Maria Emiliana Cigani de Lima Brandão, Carlos Eduardo Brandão Mello, Andreza Jucá Guimarães, Marilza Campos de Magalhães, Elisabeth
Lampe, Adilson José de Almeida
Hospital Universitário Gaffrée e Guinle/UNIRIO e Lab. de Hepatites Virais/IOC/FIOCRUZ
Introdução: As alterações hematológicas se destacam no contexto
das alterações extra-hepáticas relacionadas ao HCV por conta de
suas implicações terapêuticas. Objetivos: Avaliar se a AHAI associada
ao HCV está relacionada a um genótipo específico do HCV, e avaliar a
resposta da AHAI ao tratamento. Materiais e Métodos: A amostra foi
constituída de 204 pacientes com infecção crônica pelo HCV, sendo
alocados em dois grupos: HCV+/AHAI+, infecção pelo HCV e AHAI (Hg
≥12,0/dL ou queda ≥2g/dL em 2 meses); HCV+/AHAI-, infecção pelo
HCV e sem AHAI. Critérios de inclusão: ser de qualquer um dos sexos,
de qualquer etnia, ter idade entre 18 e 83 anos e infecção pelo HCV
diagnosticada por detecção de HCV-RNA no soro. Critérios de exclusão:
tratamento antiviral prévio ou atual; positividade para HBsAg; positividade
para anti-HIV 1/2; anemia hemolítica durante infecções agudas; uso de
outros medicamentos associados a AHAI. Resultados: 88 (43,2%)
pacientes eram do sexo masculino e 116 (56,8%) do sexo feminino,
com 51,5±12,3 anos. Os subtipos foram: 1a (n=72; 35,3%), 1b (n=98;
48,1%), 2a (n=2; 0,9%), 2b (n=1; 0,5%), 3a (n=29; 14,2%), 3b (n=1;
0,5%) e 4a (n=1; 0,5%). Em relação aos pacientes sem AHAI (n=199),
86 (43,2%) eram do sexo masculino e 113 (56,8%) do sexo feminino,
com 51,7 anos±12,1 anos. Os subtipos foram os seguintes: 1a (n=71;
35,7%), 1b (n=95; 47,8 %), 2a (n=2; 1%), 2b (n=1; 0,5%), 3a (n=28;
14%), 3b (n=1; 0,5%) e 4a (n=1; 0,5%). Dos cinco (2,4%) pacientes
detectados com AHAI, 2 (40%) eram do sexo masculino e 3 (60%) do
sexo feminino, com 48,2 anos±20,1 anos, com os subtipos: 1a (n=1;
20%), 1b (n=3; 60%) e 3a (n=1; 20%). O tratamento da AHAI com
terapia antiviral (IFN convencional ou PEG + RBV) em três casos, dos
quais dois tiveram terapia inicial com prednisona, com resposta
hematológica inicial que não se sustentou após terapia antiviral. Outros
dois casos foram tratados com prednisona 60 mg/dia, tendo ambos os
casos apresentado resposta hematológica completa. Conclusões: A
AHAI associada ao HCV parece que não ser uma manifestação extrahepática genótipo-dependente. O tratamento da AHAI baseado na
terapia hematológica em nossa série sugere ser esta uma opção
terapêutica a ser utilizada em casos individualizados. O tratamento da
AHAI baseado na terapia antiviral em nossa série sugere não ser esta
uma boa opção terapêutica.
TL 040
SIGNIFICADO DOS NÍVEIS SÉRICOS DE ALANINA-AMINOTRANSFERASE EM INDIVÍDUOS ATENDIDOS POR INTOXICAÇÃO AGUDA POR
COCAÍNA
Fernanda Guollo, Janaína Luz Narciso-Schiavon, Adriana Mello Barotto, Marlene Zannin, Leonardo de Lucca Schiavon
NEGH - Núcleo de Estudos em Gastroenterologia e Hepatologia e Centro de Informações Toxicológicas de Santa Catarina (CIT/SC) - Universidade
Federal de Santa Catarina
Introdução: A cocaína é um agente simpaticomimético indireto cujos
efeitos principais são relacionados à ativação do sistema nervoso
central. Apesar do seu reconhecido potencial hepatotóxico, existem
poucos estudos avaliando as características clínicas e laboratoriais
de pacientes atendidos por intoxicação por cocaína, especialmente
no que diz respeito às concentrações das aminotransferases.
Objetivos: Investigar o significado dos níveis de alanina aminotransferase em indivíduos atendidos por intoxicação por cocaína.
Material e Métodos: Estudo retrospectivo, com revisão de
prontuários padronizados, que incluiu indivíduos atendidos no período
entre janeiro de 2003 a dezembro de 2010. Os níveis séricos de ALT
foram divididos em tercis de acordo com o sexo. Análise bivariada foi
utilizada para investigação da associação entre ALT acima do tercil
superior e variáveis clínicas, laboratoriais e complicações durante a
internação. Casos de elevação intensa de ALT (> 20 vezes o limite
superior do normal) serão descritos detalhadamente. Resultados:
Foram incluídos 93 pacientes, 79% homens com média de idade de
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
27,73 ± 9,97 anos. ALT acima do tercil superior (>48 UI/L para homens
e >36 UI/L para mulheres) foi associada a maiores níveis de AST,
CPK, creatinina e RNI. Além disso, indivíduos com níveis mais elevados
de ALT apresentaram maiores taxas de evolução para insuficiência
renal aguda (34,4% vs. 9,8%, P = 0,004) e óbito (15,6% vs. 3,3%,
P = 0,045). Cinco indivíduos apresentaram elevação intensa de ALT
durante o acompanhamento e todos evoluíram com evidências de
insuficiência hepática aguda (icterícia, tempo de protrombina alargado
com ou sem encefalopatia hepática), rabdomiólise e insuficiência renal
aguda. Razão AST/ALT < 2 estava presente em dois indivíduos no
momento da admissão, porém razão AST/ALT > 2 foi observada em
três casos com evidências de evolução para lesão hepática aguda.
Conclusões: Níveis mais elevados de ALT em pacientes atendidos
por intoxicação por cocaína estão associados a indícios de lesão
muscular, evolução para insuficiência renal aguda e óbito. Insuficiência
hepática aguda foi observada em 5% da amostra e foi associada à
rabdomiólise e insuficiência renal em todos os casos.
23
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
TL 041
AVALIAÇÃO DO SISTEMA PORTA POR ECOENDOSCOPIA NA HIPERTENSÃO PORTA ESQUISTOSSOMÓTICA
Zulane da Silva Tavares Veiga, Homero Soares Fogaças, Cristiane Alves Villela Nogueira, Fátima Aparecida Ferreira Figueiredo, Renata de
Mello Perez, João Luiz Pereira, Marta G. Cavalcanti, José Mauro Peralta, Carlos Eduardo Cruz Marques, Pedro Campos Franco, Paula
Moskovics Jordão
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho
Introdução: A esquistossomose mansoni representa grave problema
de saúde pública no Brasil. A evolução para a forma hepatoesplênica
ocorre em cerca de 10% dos casos e se caracteriza por hipertensão
porta e fibrose periportal. A ecoendoscopia vem sendo utilizada no
estudo das alterações hemodinâmicas no sistema venoso causados
por hipertensão portal cirrótica. Entretanto, os relatos na literatura
não mencionam sua utilização como método de estudo na hipertensão
porta esquistossomótica. Objetivos: Avaliar o desempenho da
ecoendoscopia no estudo da presença e intensidade da hipertensão
portal esquistossomótica. Material e métodos: Estudo descritivo
bicêntrico transversal com inclusão prospectiva de 10 pacientes
portadores de esquistossomose hepatoesplênica em acompanhamento ambulatorial em dois hospitais gerais de grande porte do
RJ. Todos os pacientes tinham diagnóstico de esquistossomose
mansônica confirmado por métodos sorológicos ou coproscópicos e
a forma hepatoesplênica confirmada por varizes esôfago-gástricas
na endoscopia digestiva alta e/ou esplenomegalia na USG abdômen.
Todos os pacientes foram submetidos a ecoendoscopia diagnóstica
após 12 horas de jejum. Foi utilizada sonda linear Pentax (Pentax,
Tóquio, Japão) conectada ao sistema EUB-5500 Hitachi (Hitachi, Tóquio,
Japão). Resultados: Seis pacientes eram do sexo feminino (60%) e
a média de idade de 49,8 anos variando de 26 a 65 anos. Nove
pacientes apresentavam varizes esofágicas na endoscopia digestiva
alta e desses, sete apresentavam varizes esofágicas e paraesofágicas
na ecoendoscopia. Sete pacientes apresentavam varizes paragástricas.
O diâmetro médio da veia porta era de 14,7 mm (DP ± 4,63) e a média de
velocidade era de 27,4cm/s (DP ± 9,11). Nove pacientes apresentavam
veia porta patente e desses, sete apresentavam fluxo hepatopetal. O
diâmetro média do veia esplênica era de 9,87 mm (DP ±4,19) com
fluxo hepatofugal em 5 pacientes. O fluxo nas veias supra-hepáticas
era trifásico em 8 pacientes e 1 apresentavam fluxo monofásico. Em
relação à veia ázigos, o diâmetro médio era de 5,4 mm (DP ± 1,7 mm
e a média de velocidade era de 32,3 cm/s (DP ± 11). O diâmetro médio
do baço era de 15,9 cm (DP ± 3,63) e sete pacientes apresentavam
colaterais. Conclusão: A ecoendoscopia, que vem sendo aplicada
na análise da hipertensão portal cirrótica, representa a possibilidade
de mais uma opção como método de estudo para avaliar as alterações
no sistema porta causada pela esquistossomose.
TL 042
PAPEL DOS GENÓTIPOS DO POLIMORFISMO DO GENE IL-28B (RS12979860 C/T) NA GRAVIDADE DO CARCINOMA HEPATOCELULAR
Andreza Correa Teixeira, Alice Chagas Barros, Marie Secaf, Marcia Guimarães Villanova, Guilherme Viana Rosa, Enio David Mente, Valdair
Francisco Muglia, Jorge Elias-Junior, Lucas Moretti Monsignore, Daniel Abud, Leandra Naira Zambelli Ramalho, Ana de Lourdes Candolo
Martinelli
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP
Introdução: Polimorfismo do gene IL28B (rs12979860 C/T) tem sido
associado à resposta ao tratamento da hepatite C crônica, entretanto,
seu papel no carcinoma hepatocelular (CHC), incluindo gravidade
do tumor, ainda não está esclarecida. Objetivo: Avaliar a associação
dos genótipos do polimorfismo do gene IL28B (rs12979860 C/T)
com gravidade do CHC. Métodos: Foram incluídos no estudo 109
pacientes seguidos no Ambulatório de Lesões Focais Hepáticas
com diagnóstico de CHC, de acordo com critérios internacionais
(BCLC até 2006 e AASLD a partir de 2007). Os genótipos do
polimorfismo rs12979860 foram avaliados fazendo-se uso de PCR
em tempo real, com primers específicos. Os critérios adotados para
avaliação de gravidade do CHC foram: tipo tumoral (infiltrativo difuso,
multinodular e uninodular); tamanho tumoral (>10cm, 5-10cm e <5cm);
e histologia, de acordo com a classificação de Edmondson-Steiner
(III-IV vs. I-II). Resultados: A média de idade dos pacientes estudados
foi de 55,3±10 anos (14-77 anos) e 81% eram do sexo masculino.
Cirrose hepática esteve presente em 95% dos casos, com a hepatite
C crônica representando a principal etiologia da doença hepática
(54,8%). A frequência dos genótipos do gene rs12979860 foi de
34,8%, 51,4% e 13,8%, para os genótipos C/C, C/T e T/T, respectivamente. Não houve associação entre frequência dos genótipos do
polimorfismo do gene IL28B (rs12979860 C/T) e tipo tumoral
(P=0,7387), tamanho do tumor (P=0,5653), ou classificação histológica (P=0,9137). Conclusão: nossos resultados mostram que os
genótipos do polimorfismo rs12979860 C/T não estão associados
com a gravidade do CHC, considerando os parâmetros avaliados.
Contudo, outros estudos são necessários para maiores esclarecimentos.
Palavras-chave: Carcinoma hepatocelular, IL28B, rs12979860 C/T,
polimorfismo.
TL 043
FATORES ASSOCIADOS À SOBRECARGA SÉRICA DE FERRO EM PACIENTES TRANSPLANTADOS RENAIS
Juliana Miguel Bilar, Patrícia da Silva Fucuta Pereira, Ivonete Sandra de Souza e Silva, Roberto José de Carvalho Filho, Antônio Eduardo
Benedito Silva, Maria Lucia Gomes Ferraz
Escola Paulista de Medicina – UNIPESP
Introdução: A sobrecarga de ferro é um achado frequente em
pacientes transplantados renais e os fatores associados à sobrecarga,
após o Tx renal, não são completamente conhecidos. Objetivo: Avaliar
fatores possivelmente associados à sobrecarga de ferro no
transplantado renal. Material e métodos: Estudo transversal de
pacientes transplantados renais prospectivamente avaliados entre junho
24
e dezembro de 2011. Sobrecarga de ferro sérica foi definida como
ferritina maior que 300 ng/mL(homens)ou 200 ng/mL(mulheres)e
saturação de transferrina ≥45%. Análise comparativa entre pacientes
com e sem sobrecarga de ferro foi feita pelos testes t student, Mann
Whitney, qui quadrado e exato de Fisher. Resultados: Dos 367
pacientes elegíveis para o estudo, 197 (53,7%) não foram entrevistados
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TRABALHOS CIENTÍFICOS
ou não realizaram coleta de sangue para análise do perfil de ferro,
2(0,6%) recusaram participar e 168 (45,8%) foram incluídos. A média
de idade foi 47±12 anos, 62% gênero masculino e 77% brancos. A
etiologia da doença renal foi HAS em 29%, mediana de tempo em diálise
28 meses (0,03-275 meses) e tempo de transplante renal 65 meses
(13-346 meses). Imunossupressão: prednisona, azatioprina e tacrolimus
(31,5%), prednisona, azatioprina e ciclosporina (24,4%) e prednisona,
tacrolimus e myfortic (17,9%). Uso de ferro parenteral prétx renal
ocorreu em 85% (mediana 3600 mg de ferro e variação 100-280.300
mg). Sobrecarga sérica de ferro foi detectada em 16%: ferritina mediana
867 ng/mL (191-2.000ng/mL) e ST mediana 59% (47-104%). Na análise
comparativa entre os grupos sem e com sobrecarga de ferro não
foram encontradas diferenças quanto àidade(p=0,73), tempo em diálise
(p=0,13), etiologia da doença renal (p=1), tempo de Tx renal (p=0,18) e
clearence de creatinina (MDRD) (p=0,33) e índice de AST (p=0,071).
Por outro lado, pacientes com sobrecarga de ferro foram mais
frequentemente homens (p=0,009), assim como de raça não-branca
(p=0,002). Além disso, nos pacientes com sobrecarga a quantidade de
ferro parenteral recebida foi maior (p=0,023), assim como os níveis de
hemoglobina (p=0,005), o hematócrito (p=0,024) e o índice de
ALT(p=0,019). Conclusão: A prevalência de sobrecarga de ferro no
Tx renal foi de 16% e ocorreu mais em homens e não brancos. O uso
de ferro parenteral pré-Tx foi comum e em dose expressiva e a
quantidade utilizada relacionou-se à sobrecarga de ferro. Além disso,
os níveis de hemoglobina, hematócrito e índice de ALT também se
associaram de maneira significante à sobrecarga de ferro.
TL 044
EPIDEMIOLOGIA DO VÍRUS DA HEPATITE C ENTRE INDIVÍDUOS COM DIABETTES DO TIPO 2
Livia Melo Villar, Ana Carolina Vasques, Bruno Geloneze, Juliana Custódio Miguel, Elisangela Ferreira da Silva, Vanessa Alves Marques,
Lucy Dalva da Silva, Elisabeth Lampe
FIOCRUZ, UNICAMP
A infecção crônica pelo vírus da hepatite C (HCV) é uma epidemia
global com uma estimativa de 123 milhões de pessoas infectadas em
todo o mundo. Ao mesmo tempo, a diabetes tipo 2 também está
emergindo rapidamente como um problema de saúde global que
ameaça atingir níveis de pandemia em 2030. A prevalência de HCV
na população em geral no Brasil é de 1,38%, mas pouco se sabe
sobre a prevalência de HCV entre pacientes com diabetes tipo 2. O
objetivo deste estudo foi investigar a prevalência da infecção pelo
HCV em pacientes com diabetes tipo 2. Amostras de soro de 459
indivíduos com diabetes tipo 2 provenientes de hospitais de
referencia de três estados do Brasil (Minas Gerais, São Paulo e
Ceará) foram incluídos. A definição de diabetes tipo 2 foi feita de
acordo com as diretrizes da Associação Americana de Diabetes
(2008). A atual pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética da Fiocruz.
Os dados demográficos incluíram idade e sexo. As medições de
glicose em jejum, aspartato aminotransferase (AST), alanina
aminotransferase (ALT), gama glutamil-transferase (GGT) foram
realizadas de acordo com procedimentos laboratoriais normalizados.
A insulina foi determinada pelo método de electroquimioluminescência.
A detecção de anti-HCV foi feita utilizando ensaio imunoenzimático
comercial (Murex anti-HCV v.4.0, Diasorin) seguindo as instruções
do fabricante. A população foi composta por 251 individuos do sexo
feminino (61,07%) e com idade média ± desvio padrão igual a 56,8 ±
28,6 anos. A prevalência de HCV em pacientes com diabetes do tipo
II foi de 1,52% (7/459). Entre os 7 indivíduos com anti-HCV detectado
no soro, 5 também apresentaram HCV RNA, sendo 1 deles infectado
pelo HCV genótipo 3 e os outros 4 indivíduos apresentavam o HCV
genótipo 1. Os valores medianos de dados bioquímicos foram de 23
U/L para ALT, 21 U/L para AST, 32 U/L para GGT, 144 mg/dl para
glicose e 11,4 mU/L de insulina. Concluiu-se que a prevalência do
HCV é um pouco prevalente entre os pacientes diabéticos tipo 2 em
comparação à população geral no Brasil.
Palavras-chave: Diabetes tipo II, HCV, a prevalência.
Apoio financeiro: FAPERJ e CNPQ.
TL 045
EVIDÊNCIA DE INFECÇÃO PELO VÍRUS DA HEPATITE E EM PACIENTES SUBMETIDOS A TRANSPLANTE HEPÁTICO
Michele Soares Gomes Gouvêa, Ariana Carolina Ferreira, Bruna Fecchio Nasser Wolfarth Feitoza, Mario Guimarães Pessoa, Edson Abdala,
Debora Raquel Benedita Terrabuio, Adriano Cláudio Pereira de Moraes, Patricia Rodrigues Bonazzi, Luiz Augusto Carneiro D’Albuquerque,
Flair José Carrilho, João Renato Rebello Pinho
Instituto de Medicina Tropical da USP e Faculdade de Medicina da USP
Introdução: O vírus da hepatite E (HEV) tem sido reconhecido
mundialmente como uma importante causa de hepatite viral aguda. É
conhecido que a evolução da infecção pelo HEV na maioria dos
casos é autolimitada, entretanto, recentemente vários estudos tem
demostrado a possibilidade de cronificação em indivíduos com
comprometimento imunológico. No Brasil há relatos acerca da
circulação do HEV entre indivíduos imunocompetentes com taxas
de prevalência variando de 2,6% a 17,7%, contudo a presença e
importância dessa infecção entre a população de pacientes imunocomprometidos é pouco conhecida em nosso meio. Objetivos: o
presente estudo teve por objetivo estimar a soroprevalência de
anticorpos anti-HEV IgG e IgM entre pacientes submetidos a
transplante hepático. Material e Métodos: no período de janeiro a
maio/2013 foram incluídos neste estudo 284 pacientes (174 do sexo
masculino) submetidos a transplante hepático com idade média de
50,5 anos (19 a 78 anos). Foram coletadas amostras de soro desses
pacientes para a pesquisa de anticorpos Anti-HEV (IgG e IgM), que
foi realizada pelo método de ELISA utilizando-se o Kit RecomWell
HEV IgG ou IgM (Mikrogen). Resultados: Anticorpos Anti-HEV IgG
foram detectados em 8,1% (23/284) das amostras analisadas. Um
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
total de 230 amostras foram também submetidas à pesquisa de
anticorpos da classe IgM, os quais foram detectados em 6 (2,6%)
amostras. Apenas uma amostra, daquelas com anticorpos Anti-HEV
IgG, apresentou positividade para anticorpos IgM. Tratava-se de um
paciente com 69 anos, sexo masculino com nível normais de
transaminases hepáticas (ALT=14 U/L; AST=19 U/L). Entre os
pacientes que apresentaram reatividade para algum marcador
sorológico de infecção pelo HEV a infecção crônica pelo HCV foi a
causa do transplante hepático em 46,4% (13/28). Os níveis de
enzimas hepáticas observados entre os pacientes com ou sem
anticorpos contra o HEV não apresentaram variações significantes.
Conclusões: Os resultados deste estudo indicam que a prevalência
de anticorpos contra o HEV entre pacientes submetidos a transplante
hepático é maior que aquela observada em estudos anteriores
envolvendo populações de indivíduos imunocompetentes. Estes
achados sugerem que a infecção pelo HEV deve ser investigada
como possível causa de doença hepática crônica entre esse grupo
de pacientes. A prevalência de HEV RNA, assim como a investigação
de cronificação da infecção pelo HEV, ainda será avaliada entre os
pacientes incluídos neste estudo.
25
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
TL 046
ANÁLISE MORFOMÉTRICA DE CINCO OPÇÕES DE AUTOENXERTO ARTERIAL DE INTERPOSIÇÃO PARA TRANSPLANTE DE FÍGADO
INTERVIVOS EM ADULTOS
Ernesto Sasaki Imakuma, Lincoln Saito Millan, André Leopoldino Bordini, Paulo Celso Bosco Massarollo
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: Nos transplantes intervivos de fígado em adultos, o
enxerto possui apenas uma artéria segmentar, cujo calibre e extensão
são geralmente pequenos. Assim, a distância entre essa artéria do
enxerto e a artéria hepática do receptor geralmente é grande e os
calibres desproporcionais, tornando tecnicamente difícil a
reconstrução arterial hepática. Nestes casos, pode-se utilizar um
autoenxerto vascular de interposição para facilitar o procedimento,
evitando-se assim complicações cirúrgicas. Objetivos: O presente
trabalho se propôs a comparar a artéria mesentérica inferior (AMI),
artéria esplênica (AE), artéria epigástrica inferior (AEI), ramo
descendente da artéria circunflexa femoral lateral (ACFL) e artéria
hepática própria (AHP) como opções de autoenxerto de interposição
em transplantes de fígado intervivos em adultos. Material e métodos:
Foram dissecados 16 cadáveres frescos e coletados as referidas
artérias de cada um deles. As variáveis estudadas foram diâmetro do
orifício proximal, do distal e comprimento. O diâmetro proximal da AHP
e os diâmetros distais AE, AMI, AEI e ramo descendente da ACFL
foram comparados ao diâmetro distal da AHD. Os diâmetros proximais
e distais da AE, AEI e ramo descendente da ACFL foram comparados
entre si para avaliar ganho de calibre. Resultados: Todas as artérias,
exceto a AMI, apresentaram diferença estatisticamente significante
em relação à AHD quanto à diâmetro. Em termos de ganho de calibre,
as artérias apresentaram diferença estatisticamente significante.
Todas as artérias, exceto a AHP, apresentaram comprimento de 3 cm.
Conclusão: A AMI apresentou a melhor compatibilidade de diâmetro
com a AHD e comprimento suficiente para uso como autoenxerto. A
AHP, AE, AEI e o ramo descendente da ACFL apresentam calibre
estatisticamente diferente da AHD. Destas, somente a AHP não
apresentou média de comprimento suficiente para uso em transplante
de fígado intervivos.
TL 047
FATOR DE CRESCIMENTO ENDOTELIAL VASCULAR: VARIANTES GENÉTICAS E NÍVEL SÉRICO EM PACIENTES COM CARCINOMA
HEPATOCELULAR, HEPATITE C OU CIRROSE
Rafael Fernandes Ferreira, Victor Nogueira; Rita de Cássia Martins Alves da Silva, Renato Ferreira da Silva, Patricia da Silva Fucuta Pereira,
Graciele Domitila Tenani, Erika Yuki Yvamoto, João Gustavo da Silva Castro Andrade, Marcela Augusta Souza Pinhel, Doroteia Rossi Silva
Souza
Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – FAMERP
Introdução: Carcinoma hepatocelular (CHC) é o tipo mais comum de
câncer de fígado e apresenta fatores de risco incluindo hepatites C
(VHC), cirrose alcoólica, além de alterações genéticas. Nesse caso,
destaca-se o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF)
associado à angiogênese. Objetivos: Analisar a distribuição do
polimorfismo C936T-VEGF e os níveis séricos de VEGF.
Métodos: Trezentos e vinte e quatro pacientes foram estudados,
divididos em quatro grupos: G1 = 47 com CHC; G2 = 94 cirróticos por
qualquer etiologia; G3 = 28 VHC sem cirrose; G4 = 155 controles. As
variantes C936T-VEGF foram analisadas por reação em cadeia da
polimerase (PCR) e restrição enzimática (RFLP). A dosagem de VEGF
foi realizada por imunoensaio (ELISA) para 20 pacientes de cada
grupo. A análise estatística compreendeu teste t, teste exato de Fisher
ou Qui-quadrado (P<0,05). Resultados: A distribuição das
frequências genotípicas está em equilíbrio de Hardy-Weinberg para
todos os grupos. O genótipo com pelo menos um alelo mutante (_/T )
a frequência absoluta do alelo (T) prevaleceu em G1 (42,6%; 0,22,
respectivamente) comparado a G2 (22,4%; 0,12 P=0,021 e P=0,0007
respectivamente) e a G4 (22,6%; 0,11; P=0,012 e P=0,021
respectivamente). Níveis séricos aumentados de VEGF foram
observados em G1 (588,0±501,0 pg/mL) comparado a G2
(173,0±113,0 pg/mL), a G3 (273,0±189,0 pg/mL) e a G4 (190,0±188,0
pg/mL; P<0,01 para todos). As análises de polimorfismo C936T-VEGF
e dos níveis séricos de VEGF mostraram associação entre os
indivíduos com o genótipo _/T e elevados níveis de VEGF em G1
(764,4±571,7 pg/mL) comparado a G2 (128,9±64,7 pg/mL), a G3
(289,8±199,0 pg/mL) e a G4 (108,7±79,8 pg/mL; P<0,05 para todos).
Conclusão: O polimorfismo VEGF-C936T está associado ao CHC
assim como níveis séricos elevados de VEGF. Esses dados sugerem
que o VEGF pode ter um papel no desenvolvimento dessa doença.
Palavras-Chave: Carcinoma Hepatocelular; Variantes Genéticas;
VEGF.
TL 048
AVALIAÇÃO CLÍNICA E LABORATORIAL DE PORTADORES DE HEPATITE C CRÔNICA EM LISTA DE ESPERA PARA TRATAMENTO COM
TERAPIA TRIPLA CONTENDO INIBIDOR DE PROTEASE
Roberto J. Carvalho-Filho, Ana Cristina A. Feldner, Christini T. Emori, Mirella Monteiro, Ana Leatrice O. Sampaio, Silvia Uehara, Sandra R.
A. Carvalho, Juliana M. Bilar, Eunice J. S. Nunes, Lívia Z. Trindade, Ivonete S.S. Silva, Edison Roberto Parise, Antonio Eduardo B. Silva, Maria
Lucia G. Ferraz
Setor de Hepatologia, Disciplina de Gastroenterologia, Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo
Introdução: A terapia tripla com interferon peguilado (PEG), ribavirina
(RBV) e inibidor de protease (IP, boceprevir ou telaprevir) é o
tratamento de escolha para portadores de hepatite C crônica com
genótipo 1. A liberação da terapia tripla no âmbito do SUS encontra um
contingente expressivo de pacientes com indicação de tratamento,
mas com contraindicações ou com fatores preditivos de evolução
desfavorável. Objetivos: Avaliar portadores de HCV com genótipo
26
1, que se encontram em lista de espera para iniciar terapia tripla em um
centro de referência, quanto a: 1) Adequação às diretrizes do Protocolo
Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para Hepatite Viral C e
Coinfecções; e 2) Presença de fatores preditivos de resposta e/ou
complicações durante a terapia. Material e métodos: Foram
considerados elegíveis todos os portadores de infecção crônica pelo
HCV com genótipo 1, virgens de tratamento ou previamente tratados,
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TRABALHOS CIENTÍFICOS
com indicação de terapia antiviral. Critérios de exclusão (conforme
PCDT): infecção dupla com HIV e/ou HBV; CHILD B ou descompensação
prévia; e fibrose F0/1/2. Resultados: Dentre os 237 casos elegíveis,
foram incluídos 118 indivíduos, dos quais 48% homens, 60% F4, com
média de idade de 57±10a, sendo 24% com idade > 65a. Diabetes
mellitus, doença psiquiátrica atual ou prévia e história de ingestão
abusiva de álcool foram identificados em 32%, 28% e 28%,
respectivamente. Obesidade e LDL<100mg/dL foram observados em
29% e 70%. Genótipos HCV: 1a 33%, 1b 35% e 1a/1b 32%. A carga
viral (CV) média foi de 5,9 0,8 logUI/mL e 59% possuíam CV >600.000
UI/mL. Dentre os 89% que foram tratados previamente, os padrões de
resposta foram: nula 24%, parcial 10%, recidiva 26%, escape 6% e
indeterminada 34%. No tratamento prévio, foram observados rash em
22%, anemia com Hb <10 g/dL em 37%, uso de EPO em 32%, uso de
GSF em 32%. Quanto aos parâmetros preditivos de complicações
durante a terapia tripla, sinais de hipertensão portal foram evidenciados
em 50%, 11% mostraram albuminemia <3,5 g/dL, 30% com plaquetas
<100.000/mm3 e 11% com plaquetas <75.000/mm3. Conclusão: Embora
exista grande expectativa com a chegada dos IPs, apenas ~50% dos
portadores de HCV com indicação de tratamento poderá receber tais
medicações pelo SUS. Além disso, a presença de múltiplos fatores
preditivos de má-resposta e de complicações poderá prejudicar
significativamente a tolerabilidade e a chance de sucesso terapêutico.
Revisão e adequação das diretrizes do PCDT são necessárias.
TL 049
QUANTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO NO MODELO DE LESÃO HEPÁTICA CAUSADA POR RADIAÇÃO IONIZANTE
Tiago de Souza Vilas-Bôas, Grazielle Suhett Dias; Karina Dutra Asensi; Lanuza Alaby Pinheiro Faccioli; Sandro Torrentes Cunha; Rodrigo
Soares Fortunato; Christina Maeda Takiya; Célia Maria Coelho Resende; Paulo César Canary; Antônio Carlos Campos de Carvalho; Adriana
Bastos Carvalho; Regina Coeli dos Santos Goldenberg
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução: O tratamento radioterápico utilizado para o câncer no
fígado pode promover lesão hepática tardia induzida por radiação
com presença de radicais livres, sendo interessante sua quantificação
para nortear futuros tratamentos. Objetivos: Quantificar o peróxido
de hidrogênio (H 2O2) hepático após a irradiação focal e correlacionar
com análises bioquímicas e histológicas em um modelo experimental.
Material e Métodos: Camundongos C57Bl/6 (n=12) foram
submetidos à irradiação focal no fígado com dose única de 24 Gy por
um acelerador linear com feixe de fótons e divididos em 4 grupos
(n=3) de acordo com o protocolo experimental pós-irradiação: 3º dia
(3D), 7º dia (7D), 30º dia (30D) e 60º dia (60D). Em cada dia do protocolo
analisado, o sangue periférico dos animais foi coletado para verificar
os níveis séricos de albumina, alanina aminotransferase (ALT) e
aspartato aminotransferase (AST). Os animais foram então sacrificados
para a retirada do fígado e separação de amostras de cada lobo para
análises histológicas e para a quantificação de H 2O2 por meio da
espectrofotometria. Um grupo controle (n=6), CTL, com camundongos
não irradiados foi utilizado como referência. Resultados: A análise
bioquímica mostrou que os níveis séricos de ALT, mas não de AST, nos
animais irradiados aumentaram consideravelmente no 3D, em relação
ao CTL, o que não foi visto no 7D. Esse parâmetro aumentou
significativamente no 30D e se manteve até o 60D, confirmando lesão
hepática. A albumina nos animais irradiados apresentou um decréscimo
a partir do 3D e permaneceu diminuída até o 60D quando comparado
ao CTL. A histologia por coloração H&E evidenciou que os animais
irradiados apresentaram tumefação celular ao longo do experimento
e a partir do 30D revelou infiltrado inflamatório focal nos animais
irradiados. O grupo de animais irradiados apresentou leve deposição
de colágeno no parênquima hepático a partir do 7D quando comparado
ao CTL. A quantificação de H 2 O 2 evidenciou síntese de H 2 O 2
considerando o órgão como um todo. É possível observar uma
elevação considerável da síntese de H2O2 no 3D, mantendo-se alta em
relação ao CTL durante o período analisado. Conclusão: No modelo
experimental de lesão hepática por radiação ionizante, os animais
irradiados tiveram a síntese de H2O2 em níveis extremamente altos no
período analisado, indicando persistência oxidativa, correlacionandose com o nível sérico de albumina diminuído ao longo do período
analisado e início de fase fibrótica hepática.
TL 050
FATORES PREDITIVOS DE FIBROSE HEPÁTICA AVANÇADA NA HEPATITE CRÔNICA C
Chindamo, MC, Villela-Nogueira CA, Perez RM, Araujo Neto JM, Neves LG, Azambuja HT, Pannain VLN, Segadas JAS, Coelho HSM
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução: Importante progresso tem sido obtido na compreensão
da progressão da fibrose em pacientes com hepatite crônica C, com
ênfase em fatores do indivíduo e nas características virais.
Objetivos: Avaliar fatores clínico-laboratoriais, virais e histológicos
relacionados à presença de fibrose avançada na hepatite crônica C
(HCC). Pacientes e métodos: Foram incluídos pacientes (pcs) com
HCC, submetidos à biópsia hepática entre 2009 e 2012, e excluídos
co-infectados ou portadores de outras hepatopatias. Foram analisadas
variáveis clínicas (sexo, idade, tempo de doença, DM, dislipidemia,
hipotireoidismo, obesidade, HAS, tabagismo), e laboratoriais
(plaquetas, AST, ALT, FA, GGT, BbT, albumina, triglicerídeos, colesterol
e ácido úrico). Os pacientes foram categorizados em fibrose leve a
moderada (F0-F2) ou avançada (F3-F4) de acordo com o escore de
METAVIR. Os fatores associados à fibrose avançada foram avaliados
separadamente para os genótipos 1 e 3. Resultados: Foram incluídos
299 pacientes (56% sexo feminino, 52±11 anos, 89% genótipo 1). O
tempo médio de infecção foi de 29±7anos. A prevalência de DM foi de
17%, dislipidemia 13%, hipotireoidismo 8%, tabagismo 44% (carga
tabágica de 25±22 maços/ano), HAS 39% e IMC>=30, 21%. Quanto à
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
histologia, 77% apresentavam fibrose leve ou moderada, 64%
atividade inflamatória moderada ou intensa, e 42% esteatose (64%
leve, 24% moderada e 12% intensa). Na análise univariada houve
associação de fibrose avançada com DM (p=0,003), obesidade
(p=0,042), esteatose moderada e intensa (p=0,007), atividade
inflamatória moderada ou intensa (p<0,0001), ALT(p<0,0001), GGT
(p<0,0001), FA(p=0,009) e BbT (p=0,006), apenas com o genótipo 1.
As variáveis associadas à fibrose avançada simultaneamente para
os genótipos 1 e 3 foram tabagismo (p=0,004 e p=0,028), contagem
de plaquetas (p<0,0001 e p=0,003) e AST (p<0,0001 e p=0,032). Na
análise multivariada, as variáveis independentemente associadas à
fibrose avançada foram atividade inflamatória moderada a intensa
(p=0,002) e AST (p<0,0001) para o genótipo 1 e contagem de plaquetas
para ambos (p=0,032 e p=0,024). Conclusão: Tabagismo está
relacionado à presença de fibrose avançada nos genótipos 1 e 3,
enquanto fatores metabólicos, esteatose e atividade inflamatória
associam-se de forma distinta à fibrose avançada nos dois genótipos.
A contagem de plaquetas representa um fator independente associado
à fibrose avançada.
27
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
TL 051
ESTUDO PROSPECTIVO ALEATORIZADO COMPARANDO MÉTODOS CONVENCIONAL OU PIGGYBACK NA DRENAGEM VENOSA DO
FÍGADO TRANSPLANTADO
Marília D’Elboux Guimarães Brescia, Paulo Celso Bosco Massarollo, Ernesto Sasaki Imakuma, Sérgio Mies
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução e objetivos: O objetivo desta pesquisa é comparar a
eficiência clínica dos métodos convencional ou piggyback de transplante
de fígado (Tx) na reconstrução do efluxo venoso do enxerto. Material
e métodos: Foram estudados 32 pacientes submetidos a Tx pelo
método convencional (n=15) ou piggyback (n=17). A pressão da veia
hepática livre (PVHL) foi medida por catéter introduzido na veia hepática
direita (VHD) do enxerto e a pressão venosa central (PVC) por catéter
de Swan-Ganz. As medidas de pressão foram realizadas após a
revascularização do enxerto. Resultados: Gradiente PVHL-PVC>
3 mm Hg foi encontrado em 26,7% (4/15) no grupo convencional e
17,6% (3/17) no piggyback (p=0,678). A mediana do gradiente PVCPVHL foi de 2 mm Hg (0–8 mm Hg) no grupo convencional e 3 mm Hg
(0–7 mm Hg) no piggyback (p=0,734). A creatinina sérica (Cr) foi medida
no pré-operatório, do 1º ao 7º dia pós-operatório (PO) e no 14º, 21º e
28º PO. A Cr global pós-operatória, calculada pela área sob a curva da
Cr vs tempo, foi significativamente maior no grupo convencional (2,04
± 0,89 vs. 1,41 ± 0,44 mg/dL; p=0,02). Não houve diferença
estatisticamente significante entre os grupos quanto à ocorrência de
insuficiência renal aguda (p=0,120), definida como Cr ≥2,0 mg/dL, porém,
à análise pelo critério de RIFLE-AKIN modificado, nota-se que, na primeira
semana, o critério de falência renal é visto em maior incidência no
método convencional. Quanto ao desenvolvimento de ascite maciça
(p=1,000) e em relação à sobrevida dos pacientes (p=0,316), os grupos
foram semelhantes. O gradiente PVHL-PVC foi significativamente
menor nos casos em que o óstio da VHD é utilizado para reconstrução
da via de drenagem venosa no Tx piggyback (1,4 ± 1,4 mm Hg vs. 3,9
± 1,7 mm Hg; p=0,005 Conclusão: Conclui-se que pacientes submetidos
a Tx pelos métodos convencional e piggyback apresentam resultados
semelhantes em relação à drenagem venosa do enxerto, ao
desenvolvimento de ascite e à sobrevida. Os valores de Cr no PO
imediato são significantemente maiores no método convencional. Nos
pacientes submetidos a Tx pelo método piggyback, o gradiente PVHLPVC é menor nos casos em que o óstio da VHD do receptor é incluído
para implantação da VCI do enxerto.
TL 052
PHASE ANGLE IS ASSOCIATED WITH ADVANCED FIBROSIS IN HCV PATIENTS
Mariana de Souza Dorna, Livia Alves Santos, Fernanda Futino Gondo, Laís Augusti, Letícia de Campos Franzoni, Cassio Vieira de Oliveira,
Ligia Yukie Sassaki,Fernando Gomes Romeiro, Marcos Ferreira Minicucci, Giovanni Faria Silva
Faculdade de Medicina - UNESP – Botucatu
Introduction: Hepatitis C is the major cause of chronic liver disease
worldwide. It is also known to silently evolve to liver cirrhosis and
hepatocellular carcinoma. For more than 20 years Bioelectrical
Impedance has been used to assess nutritional status. More recently,
Phase Angle (PhA) derived from bioelectrical impedance has been
used as a predictor tool in different clinical situations, including liver
diseases. Objective: Our aim was to associate PhA and
advancedfibrosis in patients with hepatitis C virus (HCV). Methods:
The study was conducted in a reference treatment centre in Brazil.
Written informed consent was obtained from all patients. Inclusion
criteria were the confirmed diagnosis for HCV and a previous liver
biopsy for fibrosis staging.Exclusion criteria were ascites and age <
18 years. A single frequency bioelectrical impedance analysis was
performed in all patients. Liver fibrosis was classified according to
Metavir score and categorized as mild (F0 to F2) and advanced fibrosis
(F3 to F4). For statistical analysis multiple logistic regression and the
receiver operator characteristics (ROC) curves were used, and
statistical significance was set at p<0.05. Results: We assessed
135 subjects, 60 % male, over 40 years old and 73.3% had HCV
genotype 1. In multiple logistic regression, PhA was predictor of
advanced liver fibrosis, adjusted by age and gender (OR:0.448; 95%
CI:0.237-0.847;p:0.013). The best PhA’s cut-offs were 6.43 (AUC:
0.701; 95% CI: 0.608-0.793; p<0.001) for general data,
6.72(AUC:0.747; 95% CI:95%; p=0.0001) for male and 5.94 (AUC:0.698;
CI:95%; p<0.013) for female. Conclusion: According to our data low
PhA is associated with advanced liver fibrosis in HCV patients.
TL 053
ASSOCIAÇÃO DE SÍNDROME METABÓLICA COM GRAVIDADE DA FIBROSE HEPÁTICA EM PACIENTES COM HEPATITE C
Dyego Augusto da Silva, Rodrigo Feliciano do Carmo, Luydson Richardson Silva Vasconcelos, Maria do Socorro de Mendonça Cavalcanti,
Erika Rabelo Forte de Siqueira, Patrícia Moura, Leila Maria Moreira Beltrão Pereira
Universidade de Pernambuco, Universidade Federal do Vale do São Francisco, Instituto do Fígado de Pernambuco
Introdução: A mortalidade associada à hepatite C crônica é resultado,
principalmente, do desenvolvimento de fibrose hepática e suas
posteriores complicações, tais como insuficiência hepática,
hipertensão portal e carcinoma hepatocelular (HCC). A fibrogênese é
um processo complexo, acompanhado de necroinflamação e ativação
de células estreladas hepáticas (HSCs), que no fígado resulta no
acúmulo em excesso de proteínas da matriz extracelular, entre elas,
o colágeno. A síndrome metabólica está relacionada com um aumento
da resistência à insulina, que por sua vez tem sido associada ao
desenvolvimento de esteatose e a formas graves de fibrose.
Objetivos: Investigar a prevalência de síndrome metabólica em
pacientes com hepatite C atendidos em centro de referência na cidade
de Recife, PE, e correlacionar com a gravidade da fibrose hepática.
Material e Métodos: A população do presente estudo foi constituída
por 410 pacientes maiores de 18 anos, atendidos no Serviço de
Gastrohepatologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz e Instituto
do Fígado de Pernambuco, com diagnóstico de HCV determinado pelo
anti-HCV e HCV-RNA. As biópsias hepáticas foram avaliadas através
de exame histopatológico e classificadas segundo a escala METAVIR,
em fibrose leve (F0, F1 e F2) e fibrose grave (F3 e F4). A síndrome
metabólica foi classificada de acordo com os critérios do Programa
Nacional de Educação em Colesterol - III Painel de Tratamento de
Adultos (National Cholesterol Education Program’s Adult Treatment
Panel III - NCEP-ATP III-2005). A associação da síndrome metabólica
28
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
xxx
TRABALHOS CIENTÍFICOS
com a gravidade da fibrose foi verificada através de regressão
logística binária acrescentando-se as seguintes variáveis: idade, sexo,
consumo de álcool, diabetes e genótipo viral. Resultados: A
prevalência de síndrome metabólica na população de pacientes com
hepatite C foi de 27,8%. Segundo a análise multivariada, a frequência
de síndrome metabólica foi maior nos pacientes com fibrose grave
comparados ao grupo com fibrose leve (38,3% vs 21,1%; p=0,001
OR 2,0 IC 1,33 – 3,26). A média de idade também foi maior no grupo
com fibrose grave (57,3 vs 53,5; p=0.004 OR 1,03 IC 1,01 – 1,05).
Conclusão: O presente estudo demonstrou uma importante correlação
da presença de síndrome metabólica com a gravidade da fibrose
hepática em pacientes com hepatite C da cidade de Recife, PE.
TL 054
USO DE PEGINTERFERON E RIBAVIRINA POR 48 SEMANAS EM PACIENTES GT 3, NAÍVES COM FIBROSE AVANÇADA. RESULTADOS DE
EFICÁCIA
Fernanda Nalli, Mariana Magnoni, Renato Altikes, Fabio Yamashiro, Cassio Oliveira, Isaac Altikes, Marcia Altikes, Marjorie Golim, Maria Ines
Pardini, Rejane Grotto,Mari Nilce Peres, Giovanni Faria Silva
Faculdade de Medicina de Botucatu
Introdução: O tratamento atual de pacientes genótipo 3 (Gt3) tem a
duração de 24 semanas. Entretanto, pacientes com fibrose avançada
(F3 e F4) apresentam taxas de recidiva elevadas, ainda não tem um
consenso se estes pacientes deveriam ser tratados por 48 semanas.
Objetivos: Avaliar as taxas de RVS e valores preditivos de RVR e
RVP em pacientes Gt3 com F3/F4 tratados com PEGIFN e RBV.
Metodologia: Estudo retrospectivo realizado no ambulatório de
hepatites da FMB UNESP e ambulatório do Hospital Ipiranga SP.
Critérios de inclusão: Gt 3, naíves, fibrose avançada (F3/F4), com
intenção de tratamento por 48 semanas. Critério de exclusão: coinfecção VHB e/ou HIV, cirróticos child e”8. De 1069 pacientes de
nosso banco de dados, incluímos 62 pacientes. Analise de eficácia
foi feita em intenção de tratamento (ITT) e para avaliar fatores
preditivos “per protocol”(PP). Resultados: Dos 62 pacientes
incluídos; 41 homens (66%); 22/ F3 (35,5%); 40/ F4 (64,5%); idade
51,2 ±7,6 anos; IMC inicial de 27,5 e final de tratamento 24,8 ; glicemia
97,5±19,1. Dos 40 F4 a classificação de Child foi 5,3±0,64, MELD
8,4±3,09. AST 2,22±1,1 LSN; ALT 2,31±1,6 LSN; GGT 1,99±1,37;
Plaquetas 134.800±56.000 (15.000-271.000); HOMA IR 3,77±3,3
(n=43); dose RBV inicial 15,1±2,1 e final 15,78±2,6 mg/kg/dia (n=56);
43 pacientes foram tratados com PEGIFN α2b (67%). A RVS total em
ITT (45/62) foi 72,5%, categorizada por fibrose: F3 foi 82% (18/22)
e para F4 foi 67,5% (27/40). A RVR (17/49) foi 34,8%, RVP (51/57)
foi 89,5%. Categorizada por fibrose: RVR F3 (7/21) 33,3%, nos F4
(10/28) 35,7%; RVP F3 (18/22) 81,8%; RVP F4 (33/38) 86,8%. A
análise de predição de resposta per protocol (n=60; tratamento
suspenso por diagnóstico de CHC e outro com RVS, porém tratou
por apenas 24 sem): O VPP de RVR para foi de 100% independente
da fibrose. O VPP de RVP para RVS foi de 82,3%, categorizado por
fibrose o VPP foi de 94,4% para F3 e de 75,7% para F4. O VPN da
RVP foi de 100%. Conclusões: A RVS em pacientes Gt3 com
fibrose avançada, tratados por 48 semanas foi elevada (72%),
especialmente nos F3 (82%). O VPP da RVR foi de 100% e o de RVP
foi de 82%, porém em F4 foi de 75%.
TL 055
EXCESSO DE GORDURA CORPORAL E PERFIL DE CITOCINAS EM PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA C
Kiara Gonçalves Dias Diniz, Mariana Izabela L. Fernandes, Daniel Gonçalves Dias Diniz, Naiara C. Souza, Tatiana Bering, Maria Isabel T.
Davisson Correia, Rosangela Teixeira, Luciana Diniz Silva
Departamento de Clínica Médica e Ambulatório de Hepatites Virais do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina da UFMG
Vários estudos têm demonstrado que o excesso de gordura corporal
interfere na progressão da hepatopatia. No caso de infecção pelo
vírus da hepatite C(VHC), as interrelações entre estado nutricional e
evolução das lesões hepáticas não estão totalmente esclarecidas.
Objetivos: (1)avaliar o estado nutricional; (2) avaliar fatores
associados ao excesso de gordura corporal; (3) avaliar o perfil de
citocinas, prospectivamente, em pacientes com hepatite crônica C
(HCC) que aguardavam a terapia antiviral; pacientes foram pareados
por sexo e idade à indivíduos assintomáticos (doadores de sangue,
n=46). Pacientes e Métodos: Obesidade, dislipidemia e síndrome
metabólica(SM) foram investigadas em todos os indivíduos.
Características sociodemográficas, comorbidades clínicas, estilo de
vida e composição corporal/antropometria também foram avaliados.
Ainda, níveis séricos de interleucina (IL): IL-6, IL-10 e TNF-α foram
analisados pela citometria de fluxo. Dados foram analisados pelo SPSS
17,0 e modelos de regressão linear foram criados. Influência do excesso
de gordura corporal na função bioquímica e no grau de atividade
necroinflamatória hepáticas foi avaliada pela correlação de Spearman.
Resultados: Avaliou-se 77 pacientes com HCC (média de idade 55.32
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
± 12.57; sexo feminino, 64,9%; cirrose compensada, 5,2%; SM, 20,8%).
Excesso de gordura corporal foi detectado em 57(74%) pacientes com
HCC. Pelo índice de massa corporal(IMC), 63 pacientes (81,8%) tinham
excesso de peso (IMC>25kg/m2); entre eles, 12(19%) eram obesos
(IMC>30kg/m2). Sexo feminino (β=11,92; IC95%=6.13 - 17,70; p<0,001)
e os níveis séricos de IL-10 (β=-1.84; IC95%=-3.41 - 0,27; p<0.02)
foram associados ao excesso de gordura corporal. Foi verificada
correlação entre níveis séricos de alanina aminotransferase e níveis
séricos de IL-10 (r=0,47, p<0.008), idade (r=-0.33, p<0,03), SM (r=0,34,
p<0,03) e consumo de álcool (r=0,33, p<0,03). Ainda, foi identificada
correlação entre atividade necroinflamatória e excesso de gordura
corporal (r=0,44, p<0.02). Conclusão: Sobrepeso/obesidade tem alta
prevalência em pacientes com HCC. Em indivíduos infectados pelo
VHC, a relação entre citocinas, sobrepeso/obesidade e distúrbios
metabólicos tem sido o foco de diversas investigações. No cuidado de
pacientes com HCC, o aconselhamento nutricional, a orientação sobre
a redução do uso álcool e o planejamento de atividades físicas devem
ser consideradas medidas preventivas e terapêuticas essenciais.
PROEX, PRPq, CAPEs, CNPq
29
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
TL 056
EXPERIÊNCIA INICIAL NO TRATAMENTO DA HEPATITE C COM TERAPIA TRIPLA
Marilia Tavares Campos de Oliveira Gaboardi, Regina Gomes dos Santos, Sirleide Uchôa Pinheiro
Grupo Hepato
Introdução: A aprovação do boceprevir (BOC) e telaprevir (TVR) em
2011 inaugurou uma nova era no tratamento da hepatite C (VHC).
Possuem ação direta contra o VHC e pertencem à classe dos inibidores
da protease (IP) NS5a. Ambos são utilizados em associação com
Alfapeginterferon (PEG) e Ribavirina (RBV), constituindo, assim, uma
terapia tripla (PR+IP). Objetivos: O objetivo deste trabalho foi mostrar
a experiência inicial de nosso grupo com esse tratamento. Material
E Métodos: Analisamos os prontuários de pacientes que iniciaram a
terapia tripla para o tratamento da hepatite C crônica a partir de Janeiro
de 2012 a Julho de 2013 no grupo HEPATO. Resultados: Foram
avaliados 31 pacientes, sendo 20 do sexo masculino (64,5%), com
idade média de 50 anos (30 a 69). Todos apresentavam genótipo 1,
sendo 19 (61,3%) 1B. Quanto ao número de tratamentos: 10 (32,3%)
pacientes eram virgens, 15 (48,4%) o segundo , 5 (16,1%) o terceiro
e 1 (3,2%) o quarto tratamento. Dos pacientes já experimentados, 12
(57,1%) eram não respondedores, 8 (38,1%) recidivantes e 1 (4,8%)
pós transplante. Em relação à classificação Metavir, 17 eram F3/F4
(54,8%). Todos os pacientes virgens de tratamento realizaram a
pesquisa de mutação IL28B, sendo 90 % não CC. Em relação ao IP, 24
(77,4%) utilizou BOC e 7 (22,6%) TVR. Quanto ao PEG: para 16
(52,6%) pacientes foi prescrito alfa 2 A e para 15 (48,4%) alfa 2 B. A
média inicial de RBV foi de 1.192,5 mg/dia. A taxa de resposta virológica
rápida (RVR) foi 7/10 (70%) nos pacientes virgens de tratamento, 5/
7 (71%) nos recidivantes e 5/11 (45%) nos não respondedores (NR).
Já a taxa de resposta virológica precoce (RVP) foi 7/9 (78%) nos
virgens de tratamento, 5/5 (100%) nos recidivantes e 5/9 (55,5%)
nos NR.14 pacientes terminaram o tratamento até a presente data. 9/
14 (64%) com resposta ao final do tratamento (RFT), sendo 4/7(57%)
pacientes F3/F4. Dentre os RFT 4/14 (29%) tiveram tratamento
encurtado, guiado pela resposta. 5/14 (36%) dos pacientes
interromperam o tratamento por ausência de RVP(3/14 – 21%) ou
eventos adversos intoleráveis em 2 (14%). Conclusão: A terapia
tripla baseada em inibidor de protease para hepatite C crônica no
genótipo 1 aumenta pelo menos 50% as taxas de RVR, RVP e RFT. A
incidência de eventos adversos capazes de interromper o tratamento
ocorreu em apenas 14% dos casos, ou seja foi bastante tolerável.
Além disso, há a possibilidade de redução de tempo de tratamento
baseado na terapia guiada pela resposta em casos selecionados.
TL 057
AVALIAÇÃO DE FIBROSE HEPÁTICA E ELASTICIDADE ESPLÊNICA POR ELASTOGRAFIA EM PACIENTES COM ESQUISTOSSOMOSE
HEPATOESPLÊNICA
Zulane da Silva Tavares Veiga, Homero Soares Fogaças, Cristiane Alves Villela Nogueira, Fátima Aparecida Ferreira Figueiredo, Renata de
Mello Perez, Flávia F. Fernandes, João Luiz Pereira, Marta G. Cavalcanti, José Mauro Peralta, Carlos Eduardo Cruz Marques, Pedro Campos
Franco, Paula Moskovics Jordão
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho/Hospital Federal de Bonsucesso
Introdução: A forma hepatoesplênica da esquistossomose (EHE)
caracteriza-se por fibrose periportal e hipertensão porta. A elastografia
hepática transitória (EHT-Fibroscan®, EchoSens, França) tem sido
utilizada para avaliar o grau de fibrose em diversas doenças hepáticas
crônicas. Entretanto, não há, até o momento, relatos na literatura de
estudos sobre o seu uso na avaliação da fibrose hepática e da
elasticidade esplênica causada pela esquistossomose. Objetivo:
Avaliar os achados da elastografia hepática e esplênica em pacientes
com EHE. Material e Métodos: Estudo descritivo bicêntrico transversal com inclusão prospectiva de 20 pacientes portadores de EHE
em acompanhamento ambulatorial. Todos os pacientes tinham
diagnóstico de esquistossomose mansônica confirmados por métodos
sorológicos ou coproscópicos e a forma hepatoesplênica confirmada
por varizes esofagogástricas na endoscopia digestiva alta e/ou
esplenomegalia na ultrassonografia de abdome. Na EHT os valores
encontrados podem variar de 0 a 75, expressos em quilopascais
(kPa), e quanto menor a elasticidade do tecido maior será o valor
encontrado. Todos os pacientes foram submetidos à EHT com medidas
do fígado e do baço. Foram realizadas dez medidas válidas em cada
exame, com taxa de sucesso mínima de 60% e IQR de 30%. Para fins
de contextualização, foram considerados como parâmetros de fibrose
hepática os pontos de corte utilizados na Hepatite C. Até o momento,
não há valores estabelecidos em relação a elastografia do baço.
Resultados: A maioria (60%) dos pacientes era do sexo feminino e
a média de idade de 52,7 anos (DP± 13,7). O valor da EHT variou de
4,4 a 71 kPa. Dez pacientes (50%) apresentaram valores menores
que 9,5 kPa o que é compatível com fibrose leve a moderada. Os
outros dez pacientes apresentaram valores acima de 9,5, o que
corresponde a fibrose avançada. A mediana do valor da elastografia
do baço foi de 71 Kpa variando de 33 a 75. Os resultados não se
correlacionaram a achados clínicos, laboratoriais, endoscópicos e
ultrassonográficos. Conclusão: Nesta amostra, encontramos
resultados dispersos não permitindo correlação com o espectro de
manifestações clínicas da EHE. Com a continuidade do estudo,
esperamos poder correlacionar os achados da elastografia do fígado
e do baço com achados clínicos, laboratoriais e ultrassonográficos.
TL 058
SÍNDROME DE RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÊMICA (SIRS) EM PACIENTES CIRRÓTICOS COM E SEM INFECÇÕES: PREVALÊNCIA,
CORRELAÇÃO COM FUNÇÃO HEPÁTICA, CIRCULATÓRIA E PROGNÓSTICO
Gustavo Henrique Pereira, Vanessa Zenatti, Camila Alcântara, Tatiana Valdeollivas, Zulane Veiga, Gabriela Nielsen, Flávia Appel, Daniela
Martins, Flávia Fernandes, João Luiz Pereira
Hospital Federal de Bonsucesso - Ministério da Saúde - Rio de Janeiro (RJ)
Introdução: SIRS tem sido relacionada a maior incidência de
complicações e mortalidade na cirrose. Ainda que comumente
associada a infecções, não é infrequente o seu achado em pacientes
internados por outras complicações da doença. São desconhecidas
30
as diferenças clínico-laboratoriais e de prognóstico entre pacientes
que desenvolvem SIRS em associação a infecções bacterianas ou
na ausência destas. Objetivo: avaliar as diferenças nos critérios
diagnósticos, complicações, parâmetros de função hepática e
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TRABALHOS CIENTÍFICOS
hemodinâmica e sobrevida entre pacientes cirróticos de acordo com
a presença ou não de infecções bacterianas ao momento do
diagnóstico de SIRS. Material e métodos: estudo prospectivo com
inclusão consecutiva de 132 cirróticos internados. Os pacientes foram
classificados como tendo SIRS associado a infecções (Sepse)(n=35),
SIRS na ausência de infecções(n=21), infecção sem SIRS (n=33) e 43
pacientes não apresentaram SIRS ou infecções (controles). Foi avaliada
a prevalência de complicações e sobrevida. Resultados: Nos
pacientes com sepse e SIRS sem infecção, presença de 2 dos 4
critérios de SIRS foi observada em 75 e 90% dos casos respectivamente.
Em ambos os grupos, alterações de leucócitos e frequência cardíaca
foram os critérios observados em maior e menos número de pacientes.
À admissão, a prevalência de ascite, encefalopatia hepática e
hiponatremia foi maior nos pacientes com sepse (80, 54 e 29%) e
infecções sem SIRS (85, 52 e 44%) que no grupo com SIRS (62, 24 e
15%) e controles (63, 37 e 15%), p<0,05. Pacientes com sepse exibiam
resposta inflamatória mais acentuada, com valores de leucócitos e
ptn C superiores aos demais grupos. Pacientes com infecções sem
SIRS apresentavam pior função circulatória e hepática, evidenciada
por valores mais baixos de PAM, Sódio, Albumina e TAP. Entre os
pacientes com sepse e SIRS sem infecção não houve diferença
significativa entre estes parâmetros. A sobrevida a 3 meses nos
pacientes com Sepse, infecções sem SIRS, SIRS sem infecções e no
grupo controle foi de 51, 46, 67 e 74% (p=0,02). Conclusões: SIRS
é frequente em cirróticos hospitalizados e ocorre na ausência de
infecções em cerca de 40% dos casos. Pacientes com sepse
apresentam maior incidência de complicações e resposta inflamatória
mais intensa que aqueles com SIRS sem infecções. O prognóstico
dos pacientes com SIRS depende fundamentalmente da presença de
infecções, sendo significativamente mais baixa a incidência de
complicações e mortalidade na sua ausência. Não houve diferença
na distribuição dos parâmetros de SIRS entre os grupos.
TL 059
EFEITOS DO EMPREGO DE ANTIVIRAIS SOBRE A FUNÇÃO RENAL DE TRANSPLANTADOS RENAIS COM HEPATITE B CRÔNICA
Christini Takemi Emori, Lívia Trindade, Silvia N O Uehara, Juliana Bilar, Mirella M Monteiro, Ivonete S Silva, Ana Cristina A Feldner, Roberto
J Carvalho-Filho, Antonio E Silva, Maria Lucia Ferraz
Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo
Introdução: A hepatite B Crônica é uma causa importante de
morbidade e mortalidade em pacientes transplantados renais. Devido
ao risco de reativação após o transplante renal (TxR), o uso sistemático de análogos de nucleosídeos ou nucleotídeos é recomendado
antes do TxR. Em pacientes que não utilizaram a profilaxia, reativações
podem ocorrer e devem ser tratadas precocemente. Existe pouca
experiência na literatura com o emprego de drogas mais recentes
(Entecavir - ETV e Tenofovir -TDF) nessa população especial de
pacientes. Objetivos: Avaliar a eficácia e segurança de ETV e TDF
em pacientes transplantados renais HBsAg positivos. Material e
Métodos: Foram estudados 32 pacientes transplantados renais com
hepatite B crônica, nos quais foram avaliadas a resposta bioquímica,
virológica e a evolução da função renal no pré, 6 meses e 12 meses
após o início do tratamento antiviral com Lamivudina (LAM) (n=15),
TDF (n=7) e ETV (n=10). Foram avaliados a alanina aminotransferase
índice (ALTi), HBV DNA e o clearance de creatinina (ClCr), calculado
pela fórmula Cockroft-Gaut e os 3 grupos foram comparados pela
análise de variância (ANOVA) e testes POST HOC. Resultados: Os
resultados podem ser observados na Tabela 1. Não houve diferença
estatística entre os grupos pelo teste POST HOC da ALTi, carga viral
e ClCr. Conclusão: A redução da carga viral em 12 meses demonstrou
ser lenta e que tanto o TDF quanto o ETV são seguros quanto à
função renal, quando comparados a LAM, porém um seguimento de
tempo prolongado ainda é necessário.
TL 060
VARIABILIDADE INTEROBSERVADOR DA ELASTOGRAFIA HEPÁTICA TRANSITÓRIA: UM FATOR A SER CONSIDERADO
Hugo Perazzo, Flavia Fernandes, Amanda Gomes, Carlos Terra, Renata Perez, Fátima Figueiredo
Hospital Universitário Pedro Ernesto
Introdução: A elastografia hepática transitória (EHT), baseada na
medida da elasticidade hepática pelo Fibroscan® (Echosens,
Paris,França) é uma alternativa não-invasiva para avaliação da fibrose
hepática em pacientes com hepatite C crônica (HCC). No entanto, a
variabilidade interobservador, inicialmente considerada pouco
significativa, vem apresentando resultados controversos. Objetivo:
Avaliar a variabilidade interobservador da EHT em pacientes com HCC.
Material e métodos: Estudo transversal que analisou 195 pares de
exames de EHT em pacientes com HCC. Todos os pacientes foram
submetidos à EHT, realizada por dois operadores considerados
experientes (>500 exames) no mesmo dia. Cada examinador
desconhecia o resultado do exame realizado pelo operador precedente.
A concordância entre os examinadores foi comparada. Os pontos de
corte utilizados para definir os estágios de METAVIR foram: <7,1para
F0F1; 7,1 a 9,4 para F2; 9,5 a 12,4para F3 e > 12,4 kPa para F4. A
concordância para indicação de pesquisa de varizes esofagianas
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
(VE), baseada em pontos de corte da EHT previamente publicados,
também foi comparada entre os examinadores. Resultados: As
medidas da EHT de ambos examinadores apresentaram excelente
correlação (Spearman`s rho = 0,924, p<0,001). No entanto, a mediana
da EHT do primeiro operador foi significativamente maior comparada ao
segundo (11,5 vs 9,8; p<0,001). A discordância entre os examinadores
em ao menos um estágio de fibrose foi de 35,2% e de 3% para dois ou
mais estágios. O índice Kappa foi de 0,61 para fibrose ≥ F2 e 0,80 para
cirrose. Nos 74 pacientes classificados como cirróticos, por pelo menos
um dos examinadores, a discordância na indicação de pesquisa de VE
foi considerável. O índice Kappa para este objetivo foi modesto (entre
0,13 a 0,61, dependendo do ponto de corte usado como referência).
Conclusão: Apesar de apresentar excelente correlação entre os
examinadores, a variabilidade interobservador da EHT não pode ser
negligenciada. Os resultados da EHT não devem ser utilizados
isoladamente como indicadores de pesquisa de varizes esofagianas.
31
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
TL 061
ELASTOMETRIA POR MÉTODO ARFI NA HEPATITE C CRÔNICA
Roberto Gomes da Silva Junior, Joel Schmillevitch, Perla Oliveira Schulz, Andrea Vieira, Luiz Arnaldo Szutan
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo; Centro de Diagnósticos Schmillevitch
Introdução: Na hepatite C crônica, a biópsia é padrão-ouro para
avaliação de fibrose e cirrose. Entretanto é um exame invasivo que
pode apresentar complicações. Recentemente, a elastometria hepática
por ARFI foi reportada como um método alternativo para esta
graduação. Objetivo: comparar vários métodos não-invasivos para
avaliação da fibrose na hepatite C crônica, incluindo a elastometria
por ARFI e os índices APRI, Forns, FIB-4 e King em relação à biópsia
hepática. Material e Métodos: estudo prospectivo com 51 pacientes
atendidos de forma consecutiva e virgens de tratamento. Testes
bioquímicos necessários para calcular os índices (de acordo com as
fórmulas clássicas) foram realizados na mesma semana da biópsia
hepática. Todos os pacientes foram submetidos à elastometria por
método ARFI em até seis meses da biópsia. Foi utilizado o equipamento
Acuson S2000 (Siemens Medical Systems). Todos os exames foram
assistidos por um único especialista que não conhecia os parâmetros
clínicos e laboratoriais dos pacientes assim como os resultados da
análise histológica. Os fragmentos de tecido hepático foram revisados
de acordo com a classificação METAVIR por um único especialista
“cego” para os demais parâmetros. Pontos de corte foram determinados
pelo cálculo da área sob a curva ROC (AUC ROC). Resultados: A
extensão média dos fragmentos obtidos pela biópsia hepática foi de
20,6 mm (15 – 28 mm), o número médio de espaços-portas foi de 10,1
(8 – 14). Segundo classificação METAVIR, 8 (15,7%) pacientes não
possuíam fibrose (F0), 15 (29,4%) pacientes possuíam fibrose grau
F1, 10 (19,7%) pacientes F2, 9 (17,6%) pacientes F3 e 9 (17,6%)
pacientes possuíam cirrose (F4). O melhor teste para predizer fibrose
significativa (F ≥2 METAVIR) foi a elastometria por ARFI com AUC ROC
de 0,90, seguido pelo escore FIB-4 (AUC ROC 0,86), King (AUC ROC
0,85), Forns (AUC ROC 0,84) e APRI (AUC ROC 0,82). Com o ponto de
corte 1,31 m/s, ARFI obteve sensibilidade (Se) de 89,3% e especificidade
(Es) de 87%. O melhor teste para predizer cirrose foi a elastometria por
ARFI com AUC ROC de 0,98, seguido pelo escore FIB-4 (AUC ROC
0,94), King (AUC ROC 0,90), APRI (AUC ROC 0,82) e Forns (AUC ROC
0,81). Com o ponto de corte de 1,95 m/s, ARFI obteve 100% de Se e
95,2% de Es. Conclusão: A elastometria hepática por método ARFI
apresentou ótimo desempenho no diagnóstico de fibrose significativa
e cirrose em pacientes com hepatite C crônica, com acurácia superior
aos índices APRI, Forns, FIB-4 e King.
TL 062
AUMENTO DA FREQUENCIA DE BACTERIAS MULTIRRESISTENTES NAS INFECÇÕES DOS CIRRÓTICOS
Wanda Regina Caly, Glaucia Carpi, Maria de Fátima Gomes de Sá Ribeiro, Edna Strauss
Hospital Heliópolis
Introdução: Infecções bacterianas são complicações frequentes que
surgem nos cirróticos mais avançados e o uso indiscriminado de
antibióticos pode provocar surgimento de bactérias multirresistentes,
sinalizando pior prognóstico. Objetivos: Em pacientes hospitalizados,
avaliar comparativamente ao longo do tempo os microrganismos isolados
durante os episódios infecciosos, focando a prevalência de bactérias
multirresistentes (MR). Material e Métodos: Estudo retrospectivo de
335 casos consecutivos de pacientes cirróticos internados com
infecção comunitária ou que desenvolveram infecção hospitalar de
2002 a 2007 (período I) e de 2008 a 2011 (período II). Para o diagnóstico
das infecções, além de hemoculturas, cultura de urina e coleta de
líquido ascítico em frasco de hemocultura, foram avaliados dados clínicolaboratoriais e radiológicos. Além do isolamento bacteriano com o perfil
de sensibilidade para os antibióticos testados, foram definidas as
bactérias MR. O teste exato de Fisher foi usado na comparação dos
resultados dos dois períodos de tempo avaliados. Resultados:
Infecções comunitárias foram as mais frequentes (75%). A mediana de
idade dos pacientes foi de 64anos (20-82), sendo 70% do sexo
masculino. A etiologia mais frequente foi o etilismo crônico (51%), seguido
de hepatite pelo vírus C (VHC) associada ao etilismo em 12,83%, VHC
em 11,64%, e outras. Dentre as infecções bacterianas a peritonite
bacteriana espontânea (PBE) foi a mais frequente (29,55%), seguida
de infecção urinária e pneumonia com o mesmo porcentual (13,43%) e
outras associações (26,58%). Pela classificação de Child-Pugh: 57%
na classe C, 38% na classe B e 5% na classe A. No período A, em 49/
195 casos (25,1%) foram isolados os microrganismos responsáveis
pela infecção; enquanto no período B foram 56/140 isolamentos (40%)
(p=0.0378). Bactérias MR foram isoladas em ambos os períodos, porém
enquanto no período A houve 2 casos (4,1%) no período B houve 10
casos de bactérias multirresistentes (17,8%) (p=0,0351). Tanto no
período A como no período B as bactérias mais frequentemente isoladas
foram: Escherichia coli, Enterococcus faecalis e Staphylococcus
aureus. Os antibiogramas mostraram que Estreptococos foram as
bactérias MR no período A enquanto os Staphylococcus aureus,
seguidos da Klebsiella pneumoniae foram as bactérias MR mais
frequentes no período B. Conclusões: Em nosso meio, também
constatamos um aumento significativo de bactérias MR em pacientes
hospitalizados nos últimos anos.
TL 063
EXPERIÊNCIA NO TRATAMENTO DE HEPATOCARCINOMA COM SORAFENIBE EM TRÊS HOSPITAIS BRASILEIROS
Mariana Sousa Sala, Rogério Alves, Paula Lacerda, Denise Hebara, Roberta Cambraia, Marina Franco, Jânia Cunha, Paula Poletti
Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo - IAMSPE
Introdução: O hepatocarcinoma (HCC) é um tumor de difícil tratamento.
O sorafenibe é estabelecido como tratamento para pacientes com
doença hepática compensada (Child-Pugh A), mas existem poucos
estudos em pacientes com CH avançada. Objetivo: Avaliar as
características e os resultados preliminares de pacientes com HCC (de
acordo com a classificação de Barcelona) acompanhados prospectivamente em três hospitais brasileiros. Métodos: A partir de maio de
32
2008, 152 pacientes iniciaram sorafenibe em doses de 800 mg/dia. 138
pacientes foram tratados por mais de um mês quando foram recrutados
para análise de dados, quanto ao sexo, idade, associação com diabetes,
etiologia da CH, intervalos de tratamento, redução de dose, eventos
adversos, taxas de resposta, classificação de Child-Pugh, sobrevida
global e sobrevida de acordo com Child-Pugh e BCLC. Resultados: A
idade média dos152 pacientes (104 homens e 48 mulheres) foi de
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TRABALHOS CIENTÍFICOS
63,78 anos. Quanto à etiologia da CH: 46% hepatite C, 13% NASH,
10,71% criptogênica e 6,15% hepatite B. 45,7% dos pacientes eram
Child-Pugh A, 42,4 % Child-Pugh B e 8,7% Child-Pugh C. 34% dos
pacientes eram diabéticos. O intervalo médio de tratamento com
sorafenibe foi de 335 dias, a taxa de resposta global atingiu 66%
(37,5% permaneceram com doença estável e 25% apresentaram
resposta parcial com redução do tumor pelos critérios de RECIST). Os
eventos adversos foram relatados por 58,47% dos pacientes e 42,7%
precisaram de modificações na dose. Os eventos adversos relatados
foram: diarréia em 48,5%, náuseas e vômitos em 31,4%, dor abdominal
em 45,7%, síndrome mão-pé em 25,7%, hipertensão arterial em 8,5% e
sangramento em 8,5%. A incidência de eventos adversos não diferiu
quanto à classificação de Child-Pugh. O tempo médio de sobrevida foi
de 13,5 meses.A sobrevida no primeiro e no segundo ano foi de 75% e
68% nos pacientes Child A e 40 e 10% em pacientes Child B (p=0,002),
respectivamente para o BCLC B foi de 13,5 e 14 meses. Conclusão:
Os resultados mostram segurança no uso do sorafenibe em pacientes
com HCC e CH avançada. Neste estudo, 50% dos pacientes eram Child
B/C. O Sorafenibe foi bem tolerado em todos os subgrupos, com resposta
similar e intervalos de tratamento semelhantes ao estudo Sharp, apesar
de CH avançada. As taxas de sobrevida foram estatisticamente maiores
em pacientes Child A quando comparados aos pacientes Child B.
TL 064
ACUTE ON CHRONIC LIVER FAILURE E DISFUNÇÃO ORGÂNICA EM CIRRÓTICOS HOSPITALIZADOS: PREVALÊNCIA, FATORES DE RISCO
E CORRELAÇÃO COM SOBREVIDA. ESTUDO PROSPECTIVO
Gustavo Henrique Pereira, Vanessa Zenatti, Camila Alcântara, Zulane Veiga, Tatiana Valdeollivas, Daniela Martins, Flávia Fernandes, João
Luiz Pereira
Hospital Federal de Bonsucesso - Ministério da Saúde - Rio de Janeiro (RJ)
Introdução: Acute on chronic liver failure (ACLF) é uma síndrome
caracterizada por piora aguda da função hepática em cirróticos,
relacionada ou não a um fator desencadeante e associada à alta
mortalidade. Recentemente o escore CLIF-SOFA, baseado na
falência de órgãos, foi proposto como critério diagnóstico para ACLF.
Originalmente desenvolvido para pacientes em CTI, este escore não
foi validado em outras populações. Objetivo: avaliar a frequência
de ACLF segundo o critério CLIF-SOFA, fatores desencadeantes e
correlação com prognóstico. Material e métodos: estudo
prospectivo com inclusão de 145 pacientes consecutivos admitidos
em enfermaria ao longo de 16 meses. Foram avaliadas presença de
ACLF e fatores desencadeantes, tipo falências orgânicas e sobrevida
a 28 dias. Pacientes sem ACLF, mas com disfunção renal (creatinina
1,2-1,9mg/dL) ou cerebral (encefalopatia hepática(EH) grau I-II)
foram classificados à parte (Disfunção orgânica-DO). Resultados:
O grupo com média de idade 57±14 anos (51% sexo masculino) e
cirrose por hepatite C e/ou álcool em 62% dos casos. As principais
complicações à admissão foram ascite (72%) e EH (40%), e 23%
apresentavam hiponatremia. ACLF foi observado em 43 pacientes.
A prevalência de hepatopatia alcoólica e infecções foi maior no
grupo ACLF (54vs19% e 72vs39% p<0,05), assim como de
exacerbações da doença de base (14vs5% p=0,06). Em apenas 9
pacientes não foi identificado fator precipitante. Nos pacientes
com ACLF, falência renal, hepática e de coagulação foram as mais
frequentes (76,17e15%). Dentre os pacientes sem ACLF, 29
desenvolveram DO (cerebral em 21 casos). A mortalidade global
foi de 24%. A mortalidade dos pacientes com falência hepática
(70%), renal (41%) e disfunção cerebral (45%) foi superior a dos
pacientes sem estas condições (23,22e14% respectivamente,
p<0,05). A sobrevida nos pacientes com ACLF, DO e daqueles sem
ACLF foi de 56, 69 e 88% (p<0,001). À analise multivariada,
presença de ACLF ou OD (RR 3,0 IC95% 1,1-7,4) e o sódio sérico
(RR0,93 IC95%0,87-0,99) foram preditores independentes de
sobrevida. Conclusões: ACLF é uma complicação frequente em
cirróticos hospitalizados e habitualmente associada a fatores
desencadeantes, dos quais infecções são os mais prevalentes.
Seu desenvolvimento se correlaciona a elevada mortalidade a curto
prazo. Em pacientes sem ACLF, a presença de disfunção cerebral
ou renal é comum e identifica um subgrupo com pior prognóstico a
curto prazo.
TL 065
AVALIAÇÃO DA PROGRESSÃO DA FIBROSE HEPÁTICA EM PACIENTES COM HEPATITE CRÔNCIA C ATRAVÉS DA ELASTOGRAFIA
HEPÁTICA
Ana Carolina Cardoso, Flavia Murillo Moura, Felipe Zanetti Comerio, Nathalie Carvalho Leite, Jorge Andre Segadas Soares, Henrique Sergio
Moraes Coelho, Renata M. Perez, Cristiane A. Villela-Nogueira
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - UFRJ
Introdução: A progressão da fibrose hepática na hepatite crônica C
(HC) deve ser reavaliada periodicamente para avaliação prognóstica
e para indicação de tratamento. Até o surgimento de técnicas não
invasivas esta avaliação era realizada através da biópsia hepática
(BH). A elastografia hepática é um método não invasivo com boa
acurácia na predição de fibrose. Objetivo: Descrever a evolução da
fibrose hepática em portadores de HC avaliados inicialmente por BH e
sequencialmente pela elastografia hepática. Pacientes e Métodos:
Estudo longitudinal em uma coorte de pacientes com HC previamente
submetidos à BH foram reavaliados através da elastografia hepática
no período de fev 2012 a jul 2013. Foi avaliada a evolução da fibrose
e realizada análise comparativa dos fatores demográficos e clínicos
no grupo que apresentou progressão da fibrose e o grupo cujo estágio
de fibrose permaneceu inalterado. As BH foram classificadas segundo
o Score de METAVIR. Os pontos de corte para os diferentes graus de
fibrose à elastografia de acordo com Castera e cols. Foram realizados
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
os testes de qui-quadrado, t-Student e Man-Whitney para análise
estatística.Valores de p<0,05 foram considerados significantes.
Resultados: Foram incluidos 254 pacientes (55 ± 10 anos; 58%
feminino; 86% genótipo 1; 20% diabéticos, 41% hipertensos; 49%
virgens de tratamento). Entre esses, a distribuição da fibrose hepática
(METAVIR) foi a seguinte: 54% F1, 27% F2, 12% F3, 4% F4 e 3% F0.
A média do tempo para reavaliação da fibrose pela elastografia foi de
30 meses. Em relação à progressão da fibrose, 39% dos pacientes
progrediram a fibrose hepática em pelo menos um ponto, 31% não
progrediram e em 30% foi observada a redução do valor da
elastografia hepática. Os únicos fatores associados à progressão
da fibrose foram o estágio da fibrose à época da realização da BH
(F1vs F3) e o tempo entre a realização da BH e a elastografia em
meses (17 ± 34 meses vs 54 ± 46meses). Conclusão: Pacientes
com estágios mais avançados de fibrose tem maior progressão da
mesma. Esta progressão é pequena em intervalo inferior a dois anos.
33
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
TL 066
IMPORTÂNCIA DO SEQUENCIAMENTO DO GENE ATP7B NO DIAGNÓSTICO DEFINITIVO DE DOENÇA DE WILSON
Thiago Ferreira de Araújo, Maria Cristina Nakhle, Fabiana Cordeiro de Araújo, Michele Soares Gomes Gouvêa, Flair José Carrilho, Eduardo
Luiz Rachid Cançado
Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, Disciplina de Gastroenterologia Clínica do Departamento de Gastroenterologia Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo
Introdução: Doença de Wilson (DW) é doença autossômica
recessiva caracterizada por alterações na excreção biliar de cobre,
secundária a mutações no gene ATP7B. O diagnóstico é, por vezes,
difícil devido a pacientes apresentarem somente manifestações
hepáticas, sem anel de Kayser-Fleisher, com níveis de ceruloplasmina
menos reduzidos ou a apresentações fulminantes. Por vezes o
diagnóstico poderia ser mais precoce especialmente em familiares
de portadores com diagnóstico já estabelecido. Objetivos: Pesquisar
mutações do gene ATP7B em casos suspeitos de DW (rastreamento
familiar, doenças hepáticas criptogênicas e pacientes com
insuficiência hepática aguda/crônica grave). Métodos: 41 pacientes
(9 insuficiência hepática aguda grave/crônica, 17 rastreamento
familiar e 15 doenças hepáticas criptogênicas) foram incluídos no
estudo. As amostras de DNA foram submetidas ao sequenciamento
direto dos 21 exons do gene ATP7B e suas bordas intrônicas.
Resultados: Na insuficiência hepática: seis pacientes (66,6%)
tinham pelo menos uma mutação no gene ATP7B (2 homozigotos, 2
heterozigotos compostos e 2 heterozigotos simples), apenas dois
tinham exame histológico compatível com DW. No rastreamento
familiar: dezessete pacientes apresentaram, ao menos, uma mutação
(9 homozigotos, 5 heterozigotos compostos e 3 heterozigotos
simples), 2 heterozigotos compostos e um heterozigoto simples
tinham consanguinidade dos pais. Em uma mesma família foram
identificados pacientes em heterozigose composta e homozigose
recessiva. Nas doenças hepáticas criptogênicas: nos 15 pacientes
sem diagnóstico definitivo, nenhum tinha anel de KF ou manifestações
neuropsiquiátricas, sete tinham níveis ceruloplasmina maior que 10
mg/dL. Em oito doentes foram detectados mutações (3 homozigotos
e 5 heterozigotos compostos), em 7 pacientes não foram detectadas
mutações excluindo definitivamente o diagnóstico de DW. As
mutações mais frequentes foram p.A1135Qfs e p.L708P.
Conclusões: O sequenciamento do gene ATP7B foi importante
para o diagnóstico definitivo da DW 1) no rastreamento familiar
evitando-se biópsias hepáticas e realizando diagnóstico precoce;
2) na insuficiência hepática, quando o diagnostico foi estabelecido,
embora tardiamente, mas importante para rastreamento de familiares;
3) em portadores de hepatopatia criptogênica. Só pelo
sequenciamento do gene ATP7B, poderiam ser encontrados perfis
distintos de mutações em pacientes da mesma família (heterozigotos
compostos e homozigotos recessivos).
TL 067
MPACTO DOS POLIMORFISMOS DO GENE DA ITPA SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE ANEMIA INDUZIDA PELA RIBAVIRINA NA TERAPIA
ANTIVIRAL DA HEPATITE C
Delvaux, N, Costa VD; Costa MM; de Almeida AJ; Brandão-Mello CE; Villar LM; Villela-Nogueira CA; Coelho HSM; Pollo-Flores P; Esberard
EBC; Guaraná T; Lewis-Ximenez LL; Lampe E
Laboratório de Referência Nacional de Hepatites Virais (LAHEP) /Instituto Oswaldo Cruz/IOC; Setor de Hematologia da Clínica Médica B (CMB)
do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG); Serviço de Hepatologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Serviço de Gastroenterologia do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) da Universidade Federal
Fluminense (UFF)
O tratamento de pacientes com hepatite C crônica ainda é um grande
desafio, tanto em termos de eficácia clínica quanto em custoefetividade. A anemia é o principal efeito adverso hematológico do
tratamento com PEG-IFNα/RBV, podendo resultar na redução de sua
dose e mesmo interrupção do tratamento. A anemia é também um
importante efeito colateral com o uso de inibidores de protease.
Pesquisas internacionais identificaram polimorfismos de nucleotídeo
único (SNPs) no gene da inosina trifosfato pirofosfatase (ITPA)
relacionados à proteção contra a anemia hemolítica induzida pela
RBV. No gene da ITPA, os SNPs mais relacionados ao desenvolvimento
de anemia são os que possuem o genótipo CC no rs1127354 e o AA
no rs7270101. O objetivo foi avaliar a associação dos SNPs do gene
ITPA com a redução dos níveis de hemoglobina (Hg) durante o
tratamento antiviral com PEG-IFN?/RBV (genótipos 1/4) ou IFNα/RBV
(genótipos 2/3). Além desses, também foram avaliados a associação
dos SNPs rs8099917 e rs12979860 do gene IL28B com a resposta
virológica sustentada (RVS). A técnica utilizada foi o sequenciamento
nucleotídico direto, após extração de DNA do sangue total. Noventa
pacientes, 61,4% do sexo feminino; média de idade 56,7±9,7 (28-73)
anos, foram analisados. Para o gene ITPA, a distribuição do rs1127354
foi: CC 87/90 (96,7%); AC 3/90 (3,3%) e do rs7270101 foi de: AA 74/
34
90 (82,2%); AC 15/90 (16,7%); CC 1/90 (1,1%). No gene IL28B, o SNP
rs12979860 revelou a seguinte distribuição: CC 26/89 (29,2%); CT
46/89 (51,7%); TT 17/89 (19,1%); e o rs8099917: GG 6/90 (6,7%); TG
27/90 (30%); TT 57/90 (63,3%). Dentre os que já concluíram o
tratamento (61/90), o genótipo CC no rs12979860 da IL28B foi
identificado em 56% dos pacientes com RVS, já nos que apresentaram
os genótipos CT ou TT, a RVS foi obtida em 43%. Para o SNP rs8099917,
o genótipo TT foi observado em 47% dos que apresentaram RVS,
enquanto que os genótipos GG ou GT foram observados em 44%
daqueles com RVS. O valor médio da Hg pré-tratamento foi de
14,0±1,7g/dL, observando-se redução progressiva nas semanas 4
(12,3±1,7), 8 (11,1±1,40) e 12 (10,6±1,5) após início do tratamento
antiviral. A prevalência de anemia na semana 12 foi de 83,6% (51/61),
dos quais 70% (43/61) apresentaram genótipo AA no rs7270101 e
100% genótipo CC no rs1127354 do gene da ITPA. Estes resultados
demonstram que o genótipo CC de rs12979860 da IL28B está
associado à RVS e que o genótipo AA de rs7270101 do gene ITPA
está associado com a redução dos níveis de Hg durante o tratamento
antiviral.
Financial support: FAPERJ, CNPq, Plataforma PDTIS/FIOCRUZ
(RPT01A).
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TRABALHOS CIENTÍFICOS
TL 068
UTILIZAÇÃO DO STRAIN BIDIMENSIONAL NA DETECÇÃO DA DISFUNÇÃO CARDÍACA SUBCLÍNICA EM PACIENTES CIRRÓTICOS PELA
ECOCARDIOGRAFIA
Angelo Antunes Salgado, Camila Aparecida de Souza Segrégio Reis; Bernado Rangel Tura; Fátima Aparecida Ferreira Figueiredo; Renata de
Melo Perez; Carlos Terra
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Introdução: Embora a cardiomiopatia da cirrose seja condição de
crescente interesse,sua avaliaçãotem se baseado em parâmetros
ecocardiográficos restritos.A avaliação da função sistólica e
diastólica por meio do strain bidimensional, que avalia a
contratilidade longitudinal, radial e circunferencial, bem como a
torção do ventrículo esquerdo (VE), pode trazer informações
diagnósticas e prognósticas ainda não relatadas na literatura.
Objetivos: determinar o papel do ecocardiograma na avaliação
da deformidade miocárdica pelo strain bidimensional na detecção
subclínica da disfunção ventricular dos pacientes cirróticos.
Material e Métodos: Foram selecionados 79 pacientes com
cirrose (grupo A) em seus diferentes estágios evolutivos
(ChildA:30;Child B:31 e Child C:18) e comparados a 46 indivíduos
do grupo controle (grupo B), pareados por sexo e idade.
Resultados: Em relação aos parâmetros sistólicos clássicos, não
houve alterações do débito cardíaco (A:8.7l/min;B:7.8l/min;p:0.7),
índice cardíaco (A:5.01l/min/m2;B:4.44l/min/m 2;p:0.65), onda s septal
pelo Doppler tissular (A:8.06cm/s;B:8.06cm/s;p:0.99) e fração de
ejeção por Simpson (A:63.48%;B:63.91%;p:0.82) entre os grupos.
Em relação aos parâmetros diastólicos clássicos, não houve
alteração da relação E/A(A:1.16;B:1.19; p:0.72), e do M- color
Doppler (A:75.09cm/s;B:73.75cm/s;p:0.85), havendo diferença
entre a relação E/E´ da parede lateral (A:9.47;B:7.86;p:0.009), tempo
de desaceleração da onda E (TDE)(A:238.92ms;B:191.30ms; p:0.005),
volume atrial esquerdo indexado(A:31.67ml/m2;B:24.72ml/m2;p:0.005)
e volume diastólico do VE indexado(A:47.38ml/m2;B:40.4ml/m2;p:0.004).
Em relação à análise da deformação do VE, não houve diferença
entre o strain longitudinal global (A:-20.50%B:-20.38%;p:0.83), strain
circunferencial global(A:-19.72;B:-18.99%;p:0.32), strain rate (A:-1.20;B:1.15;p:0.10) e strain longitudinal global do VD(A:-20.74%; B:20.82%;p:0.94), com diferença significativa entre o strain radial
(A:52%;B:44.93%;p:0.03) e o twist (A:10.43°;B:13.01°;p:0.008) e
torção do VE (A:1.39°/cm;B:1.82°/cm;p:0.008). Conclusão:
Pacientes com cirrose apresentam acentuada piora na contratilidade radial, bem como da torção/twist do VE quando comparados
a indivíduos controles. Esse achado sugere que exista disfunção
sistólica subclínica nesses pacientes e que o strain bidimensional
tem importante papel na sua detecção. Estudos longitudinais que
avaliem o significado prognóstico desses achados devem ser
estimulados
TL 069
CORRELAÇÃO ENTRE NÍVEL SÉRICO DE VITAMINA D, FIBROSE HEPÁTICA E RVS AO TRATAMENTO COM PEGINTERFERON E RIBAVIRINA
EM HEPATITE C CRÔNICA
Patricia Souza de Almeida, Lívia Zardo Trindade, Ana Leatrice de Oliveira Sampaio, Vívian Mota Guimarães, João Luiz Rodrigues de Farias,
Lívia Dantas Teles, Roberto José de Carvalho Filho, Edison Roberto Parise
Setor de Hepatologia da Escola Paulista de Medicina - UNIFESP
Introdução: A deficiência de 25(OH)D tem sido identificada em
portadores do vírus da hepatite C (HCV), particularmente em pacientes
com doença avançada. Ainda é controverso se a deficiência de 25(OH)D
estaria relacionada a menor chance de resposta virológica sustentada
(RVS) após terapia antiviral com interferon peguilado (PEG) e ribavirina
(RBV). Objetivo: Avaliar a prevalência e o impacto da deficiência de
25(OH)D em portadores do HCV tratados com PEG+RBV. Métodos:
Foram analisados dados coletados de prontuários padronizados
provenientes de 299 portadores de HCV genótipo 1 tratados com
PEG+RBV entre 2001 e 2010, considerados elegíveis. O nível sérico de
25(OH)D foi categorizado em níveis <10 (insuficiência), entre 10 e 30
(deficiência) e >30 (suficiência). Resultados: Dos 201 indivíduos
incluídos, 53% eram homens, 70% caucasoides, 53% com sobrepeso/
obesidade, com média de idade de 46,5 anos. Subtipo 1b foi identificado
em 48% e 57% possuíam carga viral >800.00 UI/mL. Fibrose avançada
(F3/F4) foi encontrada em 29%, enquanto que 40% dos pacientes
apresentavam grau de atividade inflamatória APP3 ou APP4. Níveis
insuficientes e deficientes de 25(OH)D foram observados em 28% e
41%, respectivamente. RVS foi observada em 47%, sem influência
dos níveis de 25(OH)D. A deficiência de 25(OH)D não esteve relacionada
nem ao grau de fibrose nem à atividade inflamatória. Apenas a albumina,
o gênero e a idade apresentaram correlação com o nível sérico de
25(OH)D, fibrose hepática e RVS. Conclusão: A deficiência de
vitamina D não foi associada a maior gravidade histológica em
portadores do HCV. Da mesma forma, a probabilidade de obter RVS
não foi influenciada pelos níveis basais de vitamina D.
TL 070
CARCINOMA HEPATOCELULAR: REALIDADE DE UM SERVIÇO PÚBLICO ESPECIALIZADO
Sandra Regina de A. Carvalho, Maria Lucia Gomes Ferraz, Carla Adriana L. de Matos, Antônio Eduardo Benedito Silva, Roberto de Carvalho
Filho, Rogério Renato Perez, Adriano Miziara Gonzalez, Alcides Augusto Salzedas Neto, Denis Szejnfeld, Giuseppe D'Ippolito, Ivonete
Sandra de S. e Silva
Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina
Introdução: A cirrose hepática que tem como principais causas
infecção pelo HCV, HBV e álcool podem evoluir para carcinoma
hepatocelular (CHC) com altas taxas de mortalidade. O rastreamento
do CHC consiste em alfafetoproteína (AFP) e ultrassom abdominal e a
confirmação por exame de imagem trifásico. O tratamento consiste,
principalmente, em transplante hepático ou ressecção cirúrgica.
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
Objetivo: avaliar perfil clínico, epidemiológico, laboratorial e terapêutico
de pacientes com CHC. Material e métodos: foram estudados
retrospectivamente pacientes com diagnóstico de CHC entre 2000 e
2012 em um serviço público especializado. O diagnóstico do tumor foi
confirmado por tomografia computadorizada (TC) ou ressonância
magnética (RNM) ou por biópsia hepática. Resultados: foram
35
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
estudados 247 portadores de CHC com média de idade de 60±10
anos e predomínio de homens (74%). Etiologia da doença hepática
crônica foi infecção pelo HCV (73%) seguida de álcool (12%) e
infecção pelo HBV (8%). Na maioria dos pacientes a suspeita do
tumor foi por rastreamento com ultrassom abdominal (70%) e apenas
8% por elevação isolada da AFP. Os pacientes foram classificados
em Child A (57%), B (36%) e C (7%). A mediana de AFP foi de 57UI/mL.
A média do MELD foi de 11. Os níveis séricos médios de AST, ALT, FA,
GGT e plaquetas foram respectivamente 93U/L, 71U/L, 161U/L, 191U/
L e 123.442/µL. A média do número e tamanho de nódulos foram
respectivamente 2 nódulos e 5 cm de diâmetro. Chegaram dentro do
critério de Milão 107/247 (43%) pacientes. Dentre estes 60/107 (56%)
foram listados para transplante hepático, o qual foi realizado em 24/
60 (40%) pacientes. Ressecção hepática foi realizada em 14/247
(6%) dos pacientes. Quimioembolização, radiofrequência e
alcoolização foram realizadas respectivamente em 122/247 (49%) 3/
247 (1,2%) e 5/247 (2%) pacientes. Sorafenibe foi administrado a 35/
247 (14%) pacientes. Metástase a distância foi encontrada em 24/
247 (10%) pacientes, localizada em ordem de frequência em linfonodo
regional (n=12;50%), pulmão (n=8;33%), e osso (n=4;17%). Trombose
vascular tumoral esteve presente em 13% (n=31/247) dos casos.
Conclusão: pacientes com CHC foram na sua maioria homens, com
idade avançada, com infecção pelo HCV e MELD baixo. A maioria
também chega fora de critérios para tratamento curativo,
provavelmente por diagnóstico tardio do tumor. Portanto, estratégias
mais adequadas de rastreamento são necessárias.
TL 071
INIBIDOR DA BOMBA DE PRÓTONS COMO FATOR DE RISCO PARA PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA EM COORTE COM 256
PACIENTES CIRRÓTICOS
Suelen Aparecida da Silva Miozzo, Angelo Alves de Mattos, Jorge Alberto John, Pedro Henrique Comerlato, Mariana Porto, Priscila Contiero,
Renata Rodrigues da Silva
Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
Introdução: O desenvolvimento de ascite é um sinal de mau
prognóstico no paciente cirrótico e está relacionado à ocorrência de
diversas complicações. Em adultos, após o surgimento de ascite, a
sobrevida sem transplante hepático pode chegar a 50% em 5 anos.
Esse dado é desconhecido na população pediátrica. Objetivos: 1)
Verificar a incidência de complicações relacionadas à ascite em
crianças com cirrose por atresia biliar ocorridas até 3 meses após o
primeiro episódio de ascite. 2) Verificar a sobrevida do fígado nativo em
3 meses após a ocorrência de cada complicação. Materiais e
métodos: Revisão retrospectiva de 44 pacientes menores de 12 anos,
portadores de cirrose por atresia biliar e ascite, acompanhados na
Unidade de Gastroenterologia Pediátrica do HCPA. Foram consideradas
complicações da ascite: hiponatremia por diluição (HD), infecção da
ascite, ascite refratária (AR) e encefalopatia hepática (EH) ocorridas
em até 3 meses após o surgimento da ascite. O diagnóstico de ascite
foi realizado através da realização de ultrassonografia de abdômen e
para o diagnóstico de hiponatremia por diluição utilizou-se o ponto de
corte de sódio sérico inferior a 135 mEq/L. Considerou-se infecção de
ascite peritonite bacteriana espontânea (contagem de polimorfonucleares na ascite maior do que 250 células/µL) ou bacteriascite
(cultura positiva com contagem de polimorfonucleares menor ou igual
a 250 células/ µL). O diagnóstico de encefalopatia hepática foi baseado
em critérios eletroencefalográficos. A sobrevida do fígado nativo foi
analisada através das curvas de Kaplan-Meier. Estudo vinculado ao
projeto de pesquisa aprovado pelo CEP do HCPA sob número130206. Resultados: Dos pacientes analisados, 93% apresentaram
complicações. Destas, a mais freqüente foi a hiponatremia por diluição,
sendo observada em 41 dos 44 pacientes avaliados. As incidências
encontradas para as outras complicações da ascite foram: infecção
da ascite – 17/41 (41%); ascite refratária – 9/44 (20%); encefalopatia
hepática – 15/30 (50%). A probabilidade de sobrevida cumulativa
após 3 meses do surgimento da ascite para cada complicação foram
as seguintes: HD - 7%; infecção da ascite – 56%; AR – 75%; EH 43%.
Conclusão: Após o surgimento de ascite, a incidência de
complicações é alta com importante impacto na sobrevida no período
de 3 meses.
TL 072
HÁ DIFERENÇAS NA MORTALIDADE OU NA NECESSIDADE DE TRANSPLANTE HEPÁTICO QUANDO SE COMPARA ADULTOS E CRIANÇAS
COM PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA?
Fernando Pereira Schwengber, Sandra Maria Gonçalves Vieira, Melina Utz Melere, Marília C Rosso, Melina Petry de Oliveira Souza,
Alexandre de Araujo, Mário Reis Alvares-da-Silva, Maria Lucia Zanotelli, Carlos Oscar Kieling
Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Introdução: Peritonite bacteriana espontânea (PBE) é a infecção
mais comum que acomete indivíduos com cirrose descompensada,
identificada como a segunda causa de morte em pacientes adultos. A
morbidade deste evento também está devidamente documentada
nesta população. Demonstramos previamente que a prevalência de
PBE em crianças cirróticas é semelhante àquela relatada para adultos
e que tanto a mortalidade quanto a necessidade de transplante é
bastante elevada após o primeiro episódio de PBE nesse grupo. Dada
a grande susceptibilidade da criança às infecções, levantamos a
hipótese de que o grupo pediátrico teria maior morbimortalidade que o
adulto. Objetivo: comparar a mortalidade e a necessidade de
transplante em duas coortes históricas (pacientes pediátricos e
adultos), oriundos de uma única instituição, após o primeiro episódio
de PBE. Pacientes e Métodos: Definições: PBE - contagem de
polimorfonucleares na ascite > 250 células/microlitro; Cirrose - critérios
clínicos, bioquímicos, ultrassonográficos e/ou histológicos. Desfecho:
morte e necessidade de transplante definidas como não sobrevida
com o fígado nativo e analisadas pelo método de Kaplan-Meier; Período
36
de acompanhamento: 12 meses após o episódio de PBE. Coorte
pediátrica: 19 pacientes (0,4-16,4 anos;63% atresia biliar), 100%
Child-Pugh C, médias de PELD (< 12 anos) e MELD: 24.4 ± 10.4 e 22.4
± 15.0, respectivamente. Coorte de pacientes adultos: 46 pacientes
(18-80 anos,67,4% Hepatite C), 78% Child-Pugh C, média de MELD
19.46±6.16. Tanto pacientes pediátricos quanto adultos foram tratados
com cefotaxime e com infusão de albumina humana nos dias 1 e 3 do
tratamento. Resultados: No grupo pediátrico, a probabilidade
cumulativa de sobrevda com o fígado nativo foi de 78% no primeiro
mês, 31% aos 3 meses, 10% aos 6 meses e 0% aos 9 meses. No
grupo adulto, a probabilidade de sobrevida com o fígado nativo foi de
70% no primeiro mês, 55% aos 3 meses, 42 aos 6 meses e 25% aos 12
meses. Em geral, a sobrevida foi significativamente menor no grupo
pediátrico (p=0,002). Comparando apenas os adultos Child C com as
crianças, as curvas de sobrevida são estatisticamente diferentes
(p=0,034). Conclusão: Após o primeiro episódio de PBE, a sobrevida
com o fígado nativo foi menor em crianças do que em adultos, mesmo
entre pacientes com elevado grau de gravidade da doença hepática.
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TRABALHOS CIENTÍFICOS
TL 073
CARACTERIZAÇÃO FENOTÍPICA E GENOTIPAGEM HFE EM PORTADORES DE DOENÇA HEPÁTICA CRÔNICA COM SOBRECARGA DE FERRO
Andreia Silva Evangelista, Marta Mitiko Deguti, Maria Cristina Nakhle, Thiago de Araujo Ferreira, Clarice Pires Abrantes-Lemos, Eduardo
Luiz Rachid Cançado
Hospital das Clinicas da FMUSP
Introdução: Doença hepática associada a sobrecarga de ferro pode
ocorrer devido a causas genéticas ou secundárias. Objetivos: 1)
analisar e correlacionar aspectos fenotípicos e genotípicos de grupo
de indivíduos com doença hepática crônica e sobrecarga de ferro; 2)
Correlacionar o quadro clínico com as mutações no gene HFE.
Material e métodos: Foram incluídos portadores de hepatopatia
crônica com saturação de transferrina (ST) >45% e ferritina sérica
>350ng/mL, submetidos à pesquisa das mutações HFE. Definiram-se
portadores de hemocromatose hereditária HFE (HH-HFE) aqueles que
apresentavam os perfis de mutações C282Y/C282Y ou C282Y/H63D
e de sobrecarga de ferro não HFE aqueles que apresentavam outros
perfis (C282Y/-, H63D/- e H63D/H63D) ou pacientes sem qualquer
uma das mutações mencionadas. Resultados: Dos 108 selecionados, 16 pertenceram ao grupo HH-HFE e 92 ao grupo sobrecarga
de ferro não-HFE. A idade média ao diagnóstico da doença foi de 46,7
anos (16-77), 70,7% eram indivíduos de cor branca, 77,6% do sexo
masculino e 64,8% tinham cirrose hepática. Entre os grupos, a
frequência de cirrose hepática não foi diferente. Artropatia, carcinoma
hepatocelular (CHC), diabetes e osteoporose foram mais frequentes
no grupo HH-HFE (53,8% x 15,9%, 31,2% x 7,1%, 56,2% x 30%,
72,7% x 32,1%, respectivamente, p< 0,05). Os pacientes com
mutações HFE diagnósticas de HH apresentaram maior chance de
ter CHC (OR= 5,0, p= 0,032) quando comparados com os
portadores com os outros genótipos. Os níveis de ST, ferro e
ferritina foram maiores naquele grupo, bem como os graus de
siderose 3 e 4 (p= 0,026). A ST correlacionou-se independentemente
com o diagnóstico das mutações C282Y/C282Y e C282Y/H63D. A
frequência de fatores de risco para sobrecarga de ferro não diferiu
entre os grupos. No grupo HH-HFE houve maior número de pacientes
sem qualquer fator de risco detectado (p= 0,019). Níveis de ST> 82%
apresentaram maior valor preditivo negativo para o diagnóstico de
HH-HFE do que os de ferritina, ferro, capacidade total de ligação de
ferro e de transferrina. Conclusão: No presente estudo, os
portadores de HH-HFE apresentaram maior sobrecarga de ferro
quando comparados ao grupo de sobrecarga de ferro não-HFE; em
indivíduos com doença hepática crônica, ST> 82% tem maior acurácia
para diagnóstico de HH-HFE; portadores de mutações C282Y/C282Y
ou C282Y/H63D têm maior chance de apresentar CHC do que os
portadores de outras mutações no gene HFE e pacientes sem
mutação.
TL 074
PREVALÊNCIA E FATORES PREDITIVOS DE INSUFICIÊNCIA RENAL APÓS PARACENTESE SEM REPOSIÇÃO DE ALBUMINA BASEADO NOS
CRITÉRIOS DA AKIN (Acute kidney injury network)
Rodrigo Pereira Luz, Juliana Ribeiro de Carvalho, Cristiane Alves Villela-Nogueira, Henrique Sergio Moraes Coelho, Renata de Mello Perez
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
Introdução: Foi demonstrado em cirróticos que uma paracentese
de 5 litros não causa alterações hemodinâmicas ou redução da
filtração glomerular significativa, indicando não haver necessidade
de reposição volêmica. Entretanto, esta avaliação foi feita apenas
48h após a paracentese, o que pode ter subestimado a prevalência
de disfunção circulatória. Objetivo: Avaliar a incidência de
insuficiência renal baseado nos critérios do AKIN seis dias após
paracentese de até 5 litros sem reposição volêmica. Metodologia:
Foram incluídos portadores de cirrose hepática e ascite de grande
volume encaminhados ao ambulatório para realização de paracentese
de alívio. Imediatamente antes e seis dias após a paracentese eram
colhidos amostras de sangue para dosagem de creatinina. As
paracenteses foram realizadas objetivando a retirada 5 litros de
líquido ascítico sem qualquer reposição volêmica. A presença de
insuficiência renal pós-paracentese foi caracterizada por aumento
da creatinina ≥ 0,3mg/dL ou maior que 50% seis dias após a
paracentese. Resultados: Foram avaliados 29 pacientes (79%
homens, idade 59 ± 8 anos) com cirrose hepática (52% por HCV,
24% álcool, 7% NASH, 17% outras), sendo 21% Child B e 79% Child
C. O volume médio de líquido ascítico retirado foi 4796±564ml. Após
seis dias, 5 (17%) pacientes apresentaram critérios para insuficiência
renal. Na analise comparativa entre pacientes com e sem elevação
de creatinina pós-procedimento, as variáveis que se associaram
com a presença de insuficiência renal foram: sódio sérico < 130meq/
l (p=0,009) e uso de propranolol (p=0,03). Conclusões: A incidência
de insuficiência renal pós-paracentese de até 5 litros sem reposição
volêmica foi superior àquela observada em outros estudos. Estes
dados sugerem que este procedimento pode não ser tão seguro
quanto considerado previamente, principalmente em pacientes com
hiponatriemia significativa ou em uso de propranolol.
TL 075
PREVALÊNCIA DA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA: O VERDADEIRO ESPECTRO EM DIABÉTICOS TIPO II
Lilian Machado, Carlos Frederico Campos, Valéria Lanzoni, Márcio Miguez, Marília de Brito Gomes, Carlos A. Rodrigues Terra Filho, Renata
de Mello Perez, Fátima Aparecida F. Figueiredo
Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
Introdução: a doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA)
tornou-se a hepatopatia crônica mais comum no mundo, afetando
principalmente alguns grupos de pacientes, como os diabéticos tipo II.
A biópsia hepática permanece como método padrão ouro para o seu
diagnóstico. A prevalência da DHGNA e seus subtipos pode estar
subestimada por se basear em métodos não invasivos ou superestimada
pela seleção prévia de pacientes para biópsia. Objetivos: determinar
a prevalência da DHGNA e seu espectro em pacientes diabéticos tipo
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
II, com base na biópsia hepática, indicada independentemente da
presença de alterações nos níveis de aminotransferases ou na
ultrassonografia (US), e quantificar a esteatose e fibrose quando
presentes. Métodos: diabéticos tipo II, entre 18 e 70 anos,
consecutivamente atendidos no ambulatório de Diabetes do Hospital
Universitário Pedro Ernesto, foram avaliados para inclusão no estudo.
Foram excluídos pacientes com sorologias positivas para hepatite B ou
C, outras doenças hepáticas crônicas, uso de drogas hepatotóxicas
37
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
ou esteatogênicas, etilismo (?20g/dia), obesidade grau III, comorbidades
graves, gravidez ou por recusa em participar do estudo. Os pacientes
foram submetidos à avaliação clínica, exames laboratoriais, US de
abdome e biópsia hepática. As lâminas foram analisadas por dois
patologistas independentes e a DHGNA foi graduada pelo NASH Clinical
Research Network Scoring System. Foi considerada esteatohepatite
(EH) a presença de esteatose, balonização hepatocitária e inflamação
lobular, com ou sem fibrose. A concordância entre os patologistas foi
medida pelo coeficiente Kappa (k). Resultados: Foram incluídos 85
pacientes. A prevalência de DHGNA na amostra foi de 92%, sendo
50% esteatose simples, 40% EH e 2% cirrose. A concordância (k)
entre os patologistas foi 0,78. Esteatose acentuada estava presente
em 7% dos pacientes com esteatose simples e em 65% dos pacientes
com EH (p<0,001). A fibrose foi diagnosticada em 76% dos pacientes
com EH, sendo avançada (≥ estágio 2) em 41% deles. Não houve
fibrose na esteatose simples. Conclusão: A prevalência da DHGNA
estimada pela biópsia hepática sem vieses de seleção foi muito elevada,
maior do que a prevalência de estudos realizados com métodos não
invasivos. Apesar de elevado, o percentual de pacientes com EH ou
fibrose avançada foi inferior ao dos estudos com biópsias em
diabéticos selecionados por alterações no US ou nas
aminotransferases.
TL 076
DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA EM DIABÉTICOS TIPO II: QUANDO INDICAR A BIÓPSIA HEPÁTICA?
Lilian Machado, Carlos Frederico Campos, Valéria Lanzoni, Márcio Miguez, Marilia de Brito Gomes, Carlos Terra, Renata de Mello Perez,
Fátima Aparecida F. Figueiredo
Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ
Introdução: O diagnóstico de doença hepática gordurosa não
alcoólica (DHGNA) representa um grande desafio, especialmente a
sua forma mais preocupante, a esteatohepatite (EH). Há grande
discussão na indicação da biópsia hepática nos pacientes de risco.
Objetivos: 1) Identificar fatores preditivos de EH e fibrose avançada
(≥ estágio 2) em diabéticos tipo II 2) Avaliar o valor das
aminotransferases e da ultrassonografia (US) de abdome para o
diagnóstico histológico de EH e fibrose avançada nestes pacientes.
Métodos: Uma coorte de 83 pacientes diabéticos tipo II, entre 18 e
70 anos, atendidos no ambulatório de Diabetes do Hospital
Universitário Pedro Ernesto, foram selecionados para realização da
biópsia hepática independente de alterações na US ou nas aminotransferases. Foram excluídos pacientes com sorologias positivas
para hepatite B ou C, outras hepatopatias, uso de drogas
hepatotóxicas ou esteatogênicas, etilismo (≥20g/dia), obesidade
grau III, comorbidades graves ou gravidez. Todos os pacientes foram
submetidos à avaliação clínica, exames laboratoriais, US de abdome
e biópsia hepática. As lâminas foram analisadas por dois patologistas
independentes e a DHGNA foi graduada pelo NASH CRN Scoring
System. Foi considerada EH a presença de esteatose, balonização
hepatocitária e inflamação lobular. Foi aplicada análise multivariada
por regressão logística. Resultados: O índice de massa corporal e
a circunferência abdominal aumentada foram associados de forma
independente à EH e a dosagem de alanina aminotransferase (ALT)
foi associada à EH e à fibrose avançada. A prevalência de esteatose,
EH e EH com fibrose avançada de acordo com os resultados de ALT
e US está representada na tabela abaixo.
Conclusão: A obesidade foi um cofator importante ao DM nos
pacientes com EH. A biópsia hepática deve ser indicada
preferencialmente nos diabéticos com ALT alterada, independente do
resultado da US, e nos pacientes com ALT normal e esteatose
moderada ou acentuada na US.
TL 077
COMPARAÇÃO ENTRE TRÊS PARÂMETROS DE REFERÊNCIAS DO ÂNGULO DE FASE COMO FATOR PROGNÓSTICO EM CIRRÓTICOS
Sabrina Alves Fernandes, Bianca Coccaro Pivatto, Fabiana Viegas Raimundo, Laura Boemeke, Juliane Alves Santos, Danielly Steffen,
Cláudio Augusto Marroni
UFCSPA
Introdução: O estado nutricional está relacionado com a condição
clínica do paciente cirrótico, porém ainda há controvérsias sobre qual
parâmetro de referência deve ser utilizado para classificar o
prognóstico deste paciente. O ângulo de fase (AF), método realizado
através da bioimpedância elétrica, tem se mostrado um bom índice
prognóstico em diferentes patologias, inclusive em pacientes com
assimetria corporal. Objetivo: Comparar três parâmetros de
referências validados para a utilização do ângulo de fase em pacientes
cirróticos. Material e Métodos: Foram incluídos pacientes cirróticos
de diferentes etiologias em acompanhamento ambulatorial e internação
hospitalar. Foi realizada a bioimpedância elétrica (BIA) utilizando
valores do ângulo de fase. O aparelho utilizado foi (Biodynamics,
modelo 450, Seattle, WA). Os pacientes foram classificados
conforme três parâmetros de referências validados para a utilização
do ângulo de fase: população brasileira; população americana, e o
ponto de corte de 5,44o validado para população de cirróticos. Todos
os parâmetros foram correlacionados com o escore Child-Pugh.
38
Resultados: Foram avaliados 213 pacientes cirróticos; a etiologia
prevalente foi o vírus da hepatite C (43,9%) seguido de álcool
(24,4%). Idade média de 56,4 anos (± 11,6 anos), sendo 127 (59,6%)
indivíduos do gênero masculino. Do total da amostra, 119 (56,4%)
eram Child-Pugh A, 52 (24,6%) Child-Pugh B e 40(19,0%) ChildPugh C. Comparando as avaliações após a classificação pelos três
parâmetros de referências para ângulo de fase houve concordância
significativa na avaliação do prognóstico dos pacientes (p<0,001).
Na associação com a gravidade da doença através do Child-Pugh,
o ponto de corte de 5,44o apresentou maior sensibilidade para o
mau prognóstico (p<0,001), embora os demais parâmetros tenham
apresentado associação estatisticamente significativa, brasileira
(p=0,002) e americana (p=0,009). Conclusão: O ponto de corte
específico para cirróticos (5,44o) mostrou maior sensibilidade como
índice prognóstico do estado nutricional associado à condição clínica
desses pacientes, servindo de auxilio em uma terapêutica nutricional
precoce.
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TRABALHOS CIENTÍFICOS
TL 078
IMPORTÂNCIA DA DETECÇÂO DO ANTICORPO ANTIANTÍGENO HEPÁTICO SOLÚVEL/FÍGADO-PÂNCREAS (ANTI-SLA/LP) NA HEPATITE
AUTOIMUNE (HAI)
Terrabuio DRB, Abrantes-Lemos CP, Souza FG, Carrilho FJ, Cançado ELR
Instituto de Medicina Tropical de São Paulo; LIM/06 / 2- Disciplina de Gastroenterologia Clínica do Departamento de Gastroenterologia/ Projeto
FAPESP 2011/5052-5
Introdução: O anti-SLA/LP é marcador diagnóstico na HAI, sendo
mais frequente na HAI tipo 1 (HAI-1) que na HAI tipo 2 (HAI-2). Sua
reatividade se associaria a maior frequência de HLA DR3, alterações
histológicas mais acentuadas, necessidade de maior tempo para
remissão da doença e evolução para transplante hepático e maiores
taxas de recidiva após suspensão do tratamento, mas ainda não é
consenso se marcaria HAI tipo 3. Objetivos: Verificar se o anticorpo
anti-SLA/LP seria um marcador de outro subtipo de HAI. Metodologia:
Foi realizada a pesquisa do anti-SLA/LP por técnica de ELISA em 237
pacientes com diagnóstico de HAI-1, HAI-2 e HAI sem marcador (HAISM), de acordo com os critérios do Grupo Internacional de Estudos
da HAI. A detecção do anticorpo anti-SLA/LP IgG foi feita pelos kits
comerciais INOVA® e EUROIMMUN®. O soro foi considerado reagente
se positivo pelos dois testes. Resultados: O anti-SLA/LP foi positivo
em 55 casos (23,2%); 22,6% na HAI-1, 12,9% na HAI-2 e em 37,9% na
HAI-SM, sem significância estatística. Não houve diferença entre os
grupos anti-SLA/LP positivo e negativo na casuística geral e na
avaliação dos subtipos de HAI no que se refere ao tempo de seguimento,
sexo, forma de apresentação da doença, doenças autoimunes
associadas, exames laboratoriais iniciais, fibrose hepática avançada
na biópsia inicial, resposta ao tratamento, evolução para óbito ou
transplante hepático (p>0,05). Embora não haja diferença na idade ao
início da doença, aqueles com anti-SLA/LP apresentaram idade mais
avançada ao início do tratamento (30,2±17,3 X 35,5±16,4;p=0,046). Na
HAI-1, aqueles com anti-SLA/LP apresentaram tendência a ser mais
velhos no início dos sintomas (29,8±16,8 X 35,4±16;p=0,065), menores
níveis iniciais de ALT (13,6±10,6x X 17,316,3;p=0,096) e maior evolução
para óbito (21% X 9,6%;p=0,08). Na HAI-2, houve tendência de maior
remissão histológica naqueles com anti-SLA/LP (75% X 25,9%;p=0,087).
Na HAI-SM, os pacientes com anti-SLA/LP apresentaram tendência de
maiores níveis de gglobulinas ao diagnóstico (1,81±0,48 X
1,36±0,61;p=0,054). Conclusões: Não foram identificadas diferenças
clínico-laboratoriais significantes entre os pacientes com e sem antiSLA/LP, logo sua positividade não definiu HAI-3. O anti-SLA/LP foi
detectado em todos os subtipos de HAI, sendo importante na
caracterização de um terço dos casos sem marcadores. Uma maior
positividade do anti-SLA/LP poderia evidenciar diferenças que ficaram
próximas à significância estatística.
TL 079
AVALIAÇÃO DO PERFIL NEUROPSICOLÓGICO, NEUROFISIOLÓGICO E METABÓLICO DE PACIENTES PORTADORES DE CIRROSE SEM
ENCEFALOPATIA CLÍNICA
Ronaldo Carneiro dos Santos, Fernanda Tovar Moll, Ricardo de Oliveira Souza, Rodrigo Ferrone Andreiuolo, Débora Lima, Ana Maria Pittella
de S. Leite, Fátima Aparecida F. Figueiredo, Carlos Terra Filho, Renata de Mello Perez
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino - IDOR e Hospital Quinta D'Or
Introdução: Alterações neurocognitivas precoces na cirrose parecem
ocorrer antes mesmo do desenvolvimento da encefalopatia hepática
clínica (EH) e sua detecção representa importante desafio na prática
clínica. Objetivos: 1. Avaliar o perfil neuropsicológico, neurofisiológico
e metabólico dos portadores de cirrose sem encefalopatia clínica e
determinar a relação entre os achados dos diferentes métodos de
diagnóstico das alterações neurocognitivas; 2. Estimar a prevalência
de encefalopatia hepática mínima (EHM) através de testes neuropsicométricos. Materiais e métodos: Cinquenta cirróticos Child A
dos Ambulatórios de Hepatologia do Hospital Universitário Pedro
Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e do Hospital
Quinta D'Or e 25 controles saudáveis foram incluídos. Todos os
pacientes foram submetidos ao seguinte protocolo: testagem pelos 5
testes neuropsicométricos do PHES (Psychometric Hepatic
Encephalopathy Score) - Digit Symbol Test (DST), Number Conection
Test-A (NCT-A), Number Conection Test-B (NCT-B), Serial Dotting
Test (SDT) e Line Tracing Test (LTT) -, avaliação neurofisiológica
pelo Flicker Test e a Ressonância Magnética (RM) de crânio com
espectroscopia. A RM foi feita em aparelho 3.0T e incluiu análise dos
metabólitos cerebrais mioinositol (Mi), colina (Cho) e glutamina/
glutamato (Glx). A alteração de pelo menos 2 dos 5 testes que compõem
o PHES foi adotada como critério de EHM neste estudo. Resultados:
Em 56% dos pacientes estudados observou-se alteração em pelo
menos um dos testes, com a seguinte distribuição: RM alterada em
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
40%, Flicker Test alterado em 30% e PHES alterado em 24%. Não
houve alteração em nenhum dos testes nos controles. Entre os
pacientes com EHM (PHES alterado), 83% apresentavam RM alterada,
e entre os pacientes sem EHM, 26% apresentavam esta alteração
(p=0,001). A relação entre as alterações dos diversos testes está
demonstrada na tabela abaixo.
Teste(s) alterado(s)
%
RM
PHES + Flicker + RM
Flicker
PHES + RM
PHES
PHES + Flicker
Flicker + RM
32,0
25,0
21,5
11,0
3,5
3,5
3,5
Conclusão: Não foi encontrada uma boa relação entre as alterações
nos diferentes testes. A prevalência de EHM foi de 24%, taxa
relativamente elevada considerando ser uma amostra exclusiva de
cirróticos Child A. O achado de RM alterada foi significativamente
mais alto do que o diagnóstico de EHM, o que pode sugerir a ocorrência
de alterações metabólicas cerebrais antes do surgimento de alterações
neurocognitivas no PHES.
39
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
TL 080
EXPERIÊNCIA COM INIBIDORES DE PROTEASE EM PACIENTES F3 E F4 EM RECIDIVANTES E NÃO RESPONDEDORES EM SERVIÇO DE
HEPATOLOGIA NA CIDADE DE SÃO PAULO, BRASIL
Mônica Salum Valverde Borsoi Viana, Paula Ferreira Lacerda, Mariana Sousa Sala, Marina Pinto Franco Dias, Denise Akemi Hebara,
Roberta Cambraia Cunha Ferreira, Jânia Aparecida Franco da Cunha, Betty Guz, Paula Bechara Poletti
Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo
Introdução: Os inibidores de protease (IPs) são novas opções
terapêuticas para hepatite C (VHC), junto a interferon e ribavirina. Há
maior perspectiva na erradicação do vírus, mudando a história natural
da doença e suas complicações. Objetivo: Relatar o perfil dos pacientes
tratados ou em tratamento com IPs em um serviço de hepatologia na
cidade de São Paulo. Método: Foram acompanhados 25 pacientes
portadores de VHC, prospectivamente, de abril/2012 a maio/2013, com
análise descritiva dos dados. Resultados: Do total, 56% eram homens
e 44% mulheres, com idade média de 57,9 anos. O Boceprevir (BOC)
foi prescrito em 16 (64%) pacientes e o Telaprevir (TLV) em 9 (36%).
Quanto ao genótipo, 56% eram 1b e 44% eram 1a. De acordo com a
histologia e/ou elastografia, 17 (68%) eram estadio F4 e 8 (32%) F3. Em
relação aos tratamentos prévios, 8 dos pacientes eram recidivantes
(32%) e 17 eram não respondedores (68%). Considerando anemia
valores de Hb<12mg/dL em mulheres e <13mg/dL em homens, 23
pacientes apresentaram esta alteração (92%). Desses, 15 utilizaram
eritropoetina (65,2%) e 5 necessitaram de hemotransfusão (21,7%).
Apenas 4 (16%) evoluíram com neutropenia importante (neutrófilos
<500 céls/mL em F3 e <700 céls/mL em F4), necessitando de fator
estimulador de colônias (filgrastima). Ocorreram alterações cutâneo-
mucosas em 17 pacientes (68%), entre xerodermia, desconforto
anorretal e rash cutâneo importante; e psiquiátricas em 16 indivíduos
(64%), entre transtornos de humor e de ansiedade. Até o momento, 2
pacientes em uso de TLV e 1 em uso de BOC terminaram o tratamento,
e tiveram resposta virológica sustentada (RVS). Em relação aos
resultados com uso de TLV: dos 9 pacientes, 1 ainda não havia atingido
a 4ªsemana (sem) de tratamento, 6 apresentavam carga viral (CV) de
4ªsem negativa, 2 se mantiveram positivas. Já haviam atingido a 12ªsem,
4 pacientes e a 36ª sem, 3 pacientes. Todas as CVs estavam negativas.
Os resultados de BOC: na 8ª sem, 5 apresentaram CV positiva, enquanto
10 eram negativas.1 ainda não coletou esta CV. 12 pacientes já haviam
atingido a 12ªsem. Destes, 11 com CV negativa, e 1 manteve positiva,
tendo este tratamento sido suspenso. Também tiveram o tratamento
suspenso outra paciente em uso de BOC, no inicio da 5ªsem por
descompensação hepática e consequente transplante de fígado e 1
em uso de TLV por complicações secundárias à hemotransfusão.
Conclusão: Por enquanto, a experiência desse serviço com o uso de
IPs demonstrou efeitos adversos já conhecidos dos tratamentos com
terapia dupla. Os pacientes vêm evoluindo com boas chances de
resposta virológica ao final do tratamento.
TL 081
AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DE MÉDICOS RESIDENTES DE HOSPITAL UNIVERSITÁRIO SOBRE ACIDENTES OCUPACIONAIS COM
MATERIAL BIOLÓGICO
Daiane de Barros Silva, Ana Beatriz da Silva Sacerdote, Norma Arteiro Filgueira
Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco
Introdução: Embora há muito tempo sejam conhecidos os riscos de
transmissão de doenças infecciosas em acidentes com material
biológico, medidas padronizadas de profilaxia pós exposição passaram
a existir apenas há cerca de três décadas. Os três principais agentes
infecciosos envolvidos em transmissão ocupacional são os vírus das
hepatites B (HBV) e C (HCV) e o Vírus da Imunodeficiência Adquirida
(HIV). Com o objetivo de avaliar o conhecimento dos médicos residentes
de um Hospital Universitário sobre os riscos e procedimentos envolvidos
com os acidentes ocupacionais com material biológico, foi elaborado
este projeto. Métodos: Médicos residentes de todos os programas de
um hospital universitário foram convidados a preencher um questionário
elaborado de acordo com o protocolo do Ministério da Saúde. As
respostas foram avaliadas de acordo com o tempo de formado, a área
da residência e a experiência pessoal com acidentes biológicos.
Resultados: Foram entrevistados 90 médicos residentes, sendo 68,9%
de áreas clínicas, 48,8% relatavam experiência pessoal com acidentes.
Apenas 40% da amostra apontou o HBV como vírus de maior risco, e
o HIV como o de menor risco de infecção após um acidente. Somente
23,3% da amostra solicitou os exames de triagem corretamente. Em
relação às medidas de profilaxia pós exposição, 78,7% da amostra
apontou a conduta correta a respeito do caso sobre HIV, 51% a respeito
do caso sobre HCV e 57,3% e 66,6% sobre o caso sobre HBV com
profissional não vacinado e vacinado, respectivamente. Somente 5,5%
da amostra respondeu corretamente a mais de 50% das questões
sobre profilaxia pós exposição. Conclusão: Menos da metade da
amostra conhecia os riscos de infecções virais após um acidente
ocupacional. Em relação a condutas após acidentes, pode-se classificar
como satisfatório o conhecimento da amostra apenas em relação à
profilaxia contra HIV, destacando-se que somente 5,5% da amostra foi
capaz de responder corretamente a mais de 50% das questões sobre
conduta pós exposição. Os achados sugerem que, embora tenha sido
feito progresso no desenvolvimento de protocolos nacionais, a
informação ainda não está adequadamente disseminada entre os
profissionais sob risco.
TL 082
PREVALÊNCIA DE TUBERCULOSE LATENTE E TOLERÂNCIA À ISONIAZIDA EM CANDIDATOS AO TRATAMENTO DA HEPATITE C CRÔNICA
Silvia Naomi de Oliveira Uehara, Christini Takemi Emori, Patrícia Souza de Almeida, Mirella Medeiros Monteiro, Ivonete Sandra Souza e Silva,
Roberto José de Carvalho Filho, Ana Cristina do Amaral Feldner, Antônio Eduardo Benedito Silva, Maria Lucia Cardoso Gomes Ferraz
Universidade Federal de São Paulo
Introdução: Tem sido observado, na prática clínica, aumento do
número de casos de reativação de tuberculose (Tb) durante o
tratamento de hepatite C com interferon e ribavirina. Objetivos:
Conhecer a prevalência de tuberculose latente (TbL) entre os
candidatos ao tratamento da hepatite C com esquemas baseados
40
em interferon, bem como a tolerância à isoniazida de pacientes com
doença hepática de base. Material e Métodos: Foram incluídos
indivíduos conforme critérios de inclusão e exclusão do Protocolo
Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite Viral C e Coinfecções,
do Ministério da Saúde. Realizou-se testes tuberculínicos (TT), antes
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TRABALHOS CIENTÍFICOS
do início do tratamento, entre maio de 2012 e maio de 2013. Os
casos com TT reator (?10mm) foram investigados para Tb através
de radiografia de tórax, ultrassonografia de abome total e exame de
urina tipo I. Resultados: Dos 268 portadores de hepatite C crônica
incluídos, 83 (31%) realizaram o TT, entre os quais 24 (28,9%)
foram reatores. Cinco pacientes (6,0%) tinham história prévia de
Tb, sendo três com TT reator. Não houve diferença entre os grupos
quanto à idade, ao gênero, índice de massa corporal, número de
comorbidades relatadas, consumo de álcool, drogadição ou
tabagismo. Dos 24 pacientes com TT reator, 15 (62,5%) utilizaram
isoniazida para tratamento de TbL, por uma média de 18,2±7,4
semanas. Destes, oito (53,5%) tiveram que suspender a droga por
intolerância hepática, gástrica ou sintomas sistêmicos. A média geral
de elevação de alanina aminotransferase foi de 5,78±6,35 vezes o
limite superior do normal (xLSN), havendo diferença entre os que
não suspenderam e os que suspenderam a isoniazida (média de
1,76±1,21 e 9,8±6,96 xLSN, respectivamente, p = 0,019).
Conclusão: A prevalência de TbL em candidatos ao tratamento da
hepatite C foi menor do que a estimada pela Organização Mundial de
Saúde (OMS) que é de 1/3 de infectados na população mundial, bem
como foi menor que entre candidatos a transplante hepático (37%).
A ocorrência de hepatotoxicidade pela isoniazida foi alta e a taxa de
suspensão precoce da droga está de acordo com a descrita pela
OMS. São necessários maiores estudos para avaliar a segurança
de drogas alternativas no tratamento de TbL entre portadores de
hepatite C e para avaliar se o interferon tem real influência no
desencadeamento de tuberculose doença já que a prevalência da
TbL encontrada não foi maior do que a da população geral.
TL 083
ESTADO NUTRICIONAL DO PACIENTE CIRRÓTICO ASSOCIADO AO ESCORE CHILD-PUGH APÓS UM ANO DE SEGUIMENTO: ESTUDO
COORTE PROSPECTIVO
Sabrina Alves Fernandes, Daniella Miranda, Fabiana Viegas Raimundo, Amanda Kropidlofscky, Lara Rigon Leonhardt, Cláudio Augusto Marroni
UFCSPA
Introdução: A desnutrição proteico-calórica é um achado comum na
cirrose hepática, podendo estar presente em 20% dos pacientes
compensados e em mais de 60% dos pacientes com grave
insuficiência hepática. O acompanhamento do estado nutricional do
paciente cirrótico é uma forma eficaz de intervir e melhorar a qualidade
de vida, tendo em vista que o comprometimento nutricional desempenha
papel importante no prognóstico da doença hepática. Objetivo: Avaliar
o estado nutricional de cirróticos por diferentes métodos, em dois
momentos com intervalo de um ano, correlacionando com a condição
clínica da cirrose através do escore Child-Pugh. Materiais e
Métodos: Pacientes cirróticos em acompanhamento ambulatorial
foram avaliados no início do estudo e após 1 ano, a partir do método
de Dinamometria (FAM), Prega Cutânea Triciptal (PCT), Circunferência
Muscular do Braço (CMB), ângulo de fase através da Bioimpedância
Elétrica (BIA) e escore de Child-Pugh. Resultados: Foram avaliados
61 pacientes com idade média de 54,4 anos (± 12,9), predominantemente do sexo masculino (n=36; 59%). No início do estudo,
83,6% (n=51) dos pacientes eram Child-Pugh A, 14,8% (9) B e apenas
1,6% (n=1) era C. Quanto à etiologia, em 22 casos (36,1%) era o vírus
da hepatite C e 19 (31,1%) eram alcoólica, perfazendo mais de 65% da
amostra total. Dos métodos utilizados apenas o Ângulo de Fase (p=0,034)
mostrou ter uma redução significativa na reavaliação. O contrário
ocorreu com a avaliação por FAM apresentando aumento em seus
parâmetros iniciais em comparação com os finais (p=0,005). Quando
associado o escore Child-Pugh com os parâmetros antropométricos,
houve diferença estatisticamente significativa somente para o Ângulo
de Fase (p=0,035), demonstrando que o grupo que agravou a doença
apresentou redução significativamente maior do Ângulo de Fase na
reavaliação. Com os demais parâmetros o Child-Pugh não se mostrou
significativamente associado: PCT (p=0,618), IMC (p=0,073), CMB
(p=0,802), FAM (p=0,936) e ASG (p=0,491). Quando avaliado o escore
Child-Pugh, observa-se também uma diferença significativa na
reavaliação demonstrando que há um agravamento da doença
(p=0,001). Conclusão: A redução do ângulo de fase pode servir como
uma ferramenta no acompanhamento do estado nutricional de pacientes
cirróticos auxiliando no manejo dietoterápico desses pacientes.
TL 084
AVALIAÇÃO DA FIBROSE HEPÁTICA NA ESQUISTOSSOMOSE MANSÔNICA ATRAVÉS DO ESCORE ELF
Tibério Batista Medeiros, Ana Lucia C Domingues, Edmundo Pessoa Lopes, Alessandra Dellavance, Luis Eduardo C de Andrade, Maria Lucia
Ferraz
Universidade Federal de Pernambuco e Universidade Federal de São Paulo
Introdução: a esquistossomose mansônica apresenta distribuição
universal e acomete mais de 70 milhões de pessoas, constituindo
uma das principais causas de doença fibrogênica do fígado. A
avaliação da fibrose (periportal) na esquistossomose tem na
ultrassonografia seu principal método diagnóstico. Apesar de simples
e não-invasivo, o exame ultrassonográfico nem sempre está disponível
em áreas endêmicas. Objetivo: correlacionar os padrões de fibrose
periportal estabelecidos pela ultrassonografia com o escore ELF
(Enhanced Liver Fibrosis) em pacientes com esquistossomose.
Casuística e método: foram incluídos pacientes de ambos os sexos,
com idade > 14 anos, oriundos de zona endêmica para
esquistossomose, com antecedentes de banhos de rio. Através da
ultrassonografia, realizada por um único examinador, com aparelho
Siemens Acuson X 150 com transdutor convexo de 3,5 Megahertz,
foi classificada a fibrose periportal nos seis padrões de Niamey
(graduados de A a F, sendo A fígado normal e F fibrose muito
acentuada). Os critérios de exclusão foram presença de anti-HBc,
anti-HCV, consumo de etanol > 210 g/semana ou aqueles com indícios
na ultrassonografia de outras doenças hepáticas. De todos os
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
pacientes foi colhido sangue para realização de: anti-HBc e anti-HCV
e congelamento de alíquota de 0,5 mL de soro para realização do
escore ELF, no dia ultrassonografia. A dosagem dos marcadores do
escore ELF (ácido hialurônico, pró-colágeno III e inibidor de
metaloproteinase 1) foi realizada por quimioluminiscência (Siemens
Healthcare Diagnostics). Resultados: foram avaliados 78 pacientes,
sendo 50 (64%) do sexo feminino, com média de idade de 50 ± 14
anos. Na classificação de Niamey, os pacientes foram agrupados em
três grupos, tendo 7 pacientes (9%) apresentado padrão A/B, 33
(42%) padrão C/D e 38 (49%) padrão E/F. Os grupos apresentaram
os seguintes escores ELF, de acordo com o padrão de fibrose: A/B =
8,55 ± 0,40; C/D = 9,31 ± 1,23; E/F = 9,52 ± 0,93. Observou-se diferença
entre os grupos A/B e E/F (p = 0,010). Conclusão: Em pacientes com
esquistossomose mansônica, o escore ELF foi capaz de discriminar
pacientes com padrões A/B (ausência ou fibrose leve) daqueles com
E/F (fibrose avançada). O teste pode ser ferramenta útil no diagnóstico
ou no acompanhamento da progressão da fibrose em pacientes
esquistossomóticos, nas situações em que a ultrassonografia não
esteja disponível.
41
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
TL 085
SÍNDROME DE SOBREPOSIÇÃO: MANEJO DA HEPATITE AUTOIMUNE E COLANGITE ESCLEROSANTE PRIMÁRIA DE PEQUENOS DUCTOS
Caroline Isidoro, Priscila Pollo Flores, Ângela Cristina Carvalho Gouvea, Eliane Bordalo Cathalá Esberard
Universidade Federal Fluminense
Introdução: A síndrome de sobreposição entre hepatite autoimune
(HAI) e colangite esclerosante primária (CEP) é rara e seu tratamento
constitui um desafio, pois esses pacientes respondem mal ao uso de
corticóides (CTC). Objetivo: Apresentação de síndrome de
sobreposição rara e discutir o difícil manuseio do tratamento. Caso
Clínico: DLRTF, masculino, 27 anos, iniciou quadro com icterícia e
colúria, elevação de aminotransferases (17X o limite superior da
normalidade - LSN), hipergamaglobulinemia policlonal, FAN negativo,
anticorpos anti-LKM negativo e anti-músculo liso em títulos altos de 1/
640 acompanhados de sorologias negativas para hepatites A, B e C.
O ultrassom de abdome demonstrava esplenomegalia e a endoscopia
digestiva alta não visualizou varizes de esôfago. A biópsia hepática,
na época, mostrou fibrose grau 3 de METAVIR, necrose intralobular
moderada, hepatite de interface compatível com hepatite autoimune.
Iniciou-se corticóide com queda dos níveis das aminotransferases.
Nas tentativas de desmame havia recidiva laboratorial sendo
necessárias reintroduções de corticóides em dose plena. Houve
evolução com aumento progressivo da GGT(11x LSN) e fosfatase
alcalina (2 X LSN) conforme tabela. A colangioressonância realizada
foi normal e a biópsia hepática demonstrou espaços porta com fibrose,
áreas de necrose em saca bocado, infiltrado linfoplasmocitário com
fibrose concêntrica em "bulbo de cebola" ao redor de ductos biliares.
O diagnóstico de CEP de pequenos ductos associada à HAI em
atividade foi então concluído. Discussão: A melhor terapia para a HAI
é o uso do corticóide com resposta em 80% dos casos. Recaídas são
frequentes e reintroduções de CTC estão associadas ao aumento do
risco de cirrose e morte por insuficiência hepática. A resposta parcial
ou inadequada deve suscitar a possibilidade de síndromes de
sobreposição. O tratamento da síndrome HAI-CEP é controverso,
podendo ser utilizado o ácido ursodeoxicólico embora não exista
comprovação de seu benefício. Novos fármacos como fibratos estão
sendo estudados mas ainda sem efeito comprovado.
TL 086
RASTREAMENTO DO USO ABUSIVO DE ÁLCOOL EM PACIENTES COM HEPATITE C: ASSOCIAÇÃO COM CIRROSE E ABUSO/DEPENDÊNCIA
DE ÁLCOOL
Luciana Diniz Silva, Elson Cabral Velanes Neto, Eduardo Prados de Carvalho, Graziela Cançado e Nascimento, Gabriela Silva Duarte,
Luciana Rodrigues da Cunha, Rosangela Teixeira, Fernando Silva Neves
Departamento de Clínica Médica e Ambulatório de Hepatites Virais do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina da UFMG
Proporção significativa de pacientes cronicamente infectados pelo
vírus da hepatite C (VHC) desenvolverão cirrose hepática e suas
complicações. A história natural da infecção pelo VHC é determinada
por fatores fatores genéticos e ambientais. Entre estes, abuso de
álcool é fator de risco ambiental relevante e está associado ao
curso acelerado da doença hepática. Neste estudo, avaliou-se o
consumo de álcool prévio e atual em termos de quantidade, frequência
e duração em pacientes com hepatite crônica C (HCC) e em
indivíduos saudáveis (doadores de sangue). Ainda, foi analisada a
relação entre positividade do Cut down/ Annoyed/ Guilty/ Eye-opener
Questionnaire (CAGE; definida como duas ou mais respostas
positivas), gravidade da hepatopatia e abuso/dependência de álcool.
Pacientes e Métodos: 150 pacientes com HCC e 110 indivíduos
saudáveis foram prospectivamente incluídos no estudo. Todos os
indivíduos completaram os questionários: Mini International
Neuropsychiatric Interview (MINI-Plus 5.0) e CAGE. Variáveis
clínicas, laboratóriais e sociodemográficas foram avaliadas nos
pacientes com HCC e no grupo controle CAGE-positivo e -negativo,
respectivamente. Comorbidades psiquiátricas foram diagnosticadas
de acordo com os critérios do DSM-IV. Dados foram avaliados por
42
modelos logísticos. Resultados: Características dos pacientes com
HCC vs. grupo controle foram: sexo masculino (42,4% vs. 48,6%,
p=0,34); idade/anos (53,2 ± 11,6 vs. 36,0 ± 7,8, p ≤0.001).
Prevalência do CAGE-positivo foi de 24,2% vs. 14,7% (p=0,06) em
pacientes com HCC vs controles. Abuso/dependência de álcool foi de
22,3% vs. 3,7% em pacientes com HCC vs. controles (p<0,0001).
Presença de cirrose foi associada com CAGE-positivo (OR: 3,09;
IC 95% 1,12-8,57, p=0,03), duração do uso de álcool/anos [33.1 ±
12,6 (pacientes cirróticos) vs. 20,8 ± 15,2 (pacientes sem cirrose);
p=0,002] e freqüência do uso de álcool (≥3 vezes/semana vs. ≤2
vezes/semana, p=0,04). Na análise multivariada, ajustada por sexo,
idade e renda, CAGE-positivo foi associado ao abuso/dependência
de álcool atual/passado (OR: 8,13; IC95% 3,73-17,71, p<0.001). O
questionário CAGE é um instrumento relevante na avaliação do
consumo excessivo de álcool em pacientes com hepatite crônica C.
Ainda, CAGE-positivo foi associado com cirrose nesta população.
Consumo de álcool deve ser investigado em todos os pacientes
infectados pelo VHC, especialmente devido ao efeito deletério do
álcool na evolução da doença hepática.
PROEX, PRPq, CAPEs, CNPq
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TRABALHOS CIENTÍFICOS
TL 087
ANÁLISE DE SOBREVIDA EM PACIENTES COM DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA (DHGNA)
Nathalie Carvalho Leite, Cláudia Regina Lopes Cardoso, Gil Fernandes Salles, Letícia Cancela Nabuco, Cristiane Alves Villela Nogueira,
Renata Mello Perez, Ana Carolina Ferreira Netto Cardoso, Jorge Andre de Segadas Soares, Henrique Sérgio Moraes Coelho
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - UFRJ
Introdução: Há evidências de mortalidade elevada em pacientes
com DHGNA quando comparada à da população geral. Não está
estabelecido na literatura que fatores de risco são relacionados à
mortalidade neste grupo de pacientes.Objetivos: Análise da
sobrevida e dos fatores associados à mortalidade em pacientes
com DHGNA; análise do risco de eventos cardiovasculares e
complicações da doença hepática nesta mesma população. Material
e métodos: Foram incluídos pacientes com ultrassonografia (US)
abdominal revelando fígado hiperecogênico, com redução da
atenuação do feixe sonoro compatível com infiltração gordurosa
hepáticas. Foram excluídos pacientes com infecção pelo HBV, HCV,
HIV e ingestão alcoólica ≥ 20 g/dia. Os dados relacionados aos
desfechos clínicos e óbitos foram obtidos pelos médicos durante o
acompanhamento de seus pacientes. Em caso de abandono do
tratamento, era feito um contato telefônico ou busca da situação
vital do paciente no cadastro nacional de óbitos. O tempo de
sobrevida, em meses, foi calculado a partir da data da primeira
consulta clínica até a última consulta ou o óbito. Foram feitas curvas
de Kaplan-Meier para cada variável e, posteriormente, a análise
multivariada foi realizada por meio da regressão de Cox para verificar
a associação de fatores ao desfecho primário. Resultados: Foram
avaliados 613 pacientes, sendo 338(55%) do sexo feminino, com
média de idade de 56+12(13-86) anos. A mediana da sobrevida foi
de 63(1-300) meses e 64(10%) foram a óbito. Dentre os 59 óbitos
com causa determinada, 30(51%) foram decorrentes de eventos
cardiovasculares, 16(27%) de complicações decorrentes da
doença hepática e 13(22%) de outras causas. Em 599 pacientes,
66 (11%) apresentaram evento cardiovascular e 28 (4,7%)
complicações de doença hepática. As variáveis que se associaram
de modo significante ao óbito no modelo de regressão de Cox
foram: Idade (1 ano) (RR: 1,071;IC 95%= 1,040-1,1032; p<0.001),
não brancos (RR: 2,734; IC 95%=1,532-4,881;p=0.01), diabetes
(RR: 2,489; IC 95%=1,127-5,500;p=0.02), GamaGT anormal (RR:
2,061;IC 95%=1,145-3,710; p=0.016) e US abdominal com sinais
de hepatopatia e/ou hipertensão portal (RR: 2,504;IC 95%=1,3494,648;p=0.04). Conclusão: As complicações cardiovasculares
foram as principais causas de morbidade e mortalidade. Além da
presença de diabetes, da idade, da categoria da ultrassonografia
inicial, a elevação de gamaGT pode ser mais um fator prognóstico
na DHGNA.
TL 088
AVALIAÇÃO DA ESTEATOSE HEPÁTICA EM PACIENTES COM HEPATITE C ATRAVÉS DO CONTROLLED ATENUATED PARAMETER (CAP)
ACOPLADO AO FIBROSCAN : PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS
Ana Carolina Cardoso, Felipe Zanetti Comério, Flávia Murillo Moura, Nathalie Carvalho Leite, Claudio de Figueiredo Mendes, Henrique
Sergio Moraes Coelho, Renata de Mello Perez, Cristiane A. Villela Nogueira
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - UFRJ
Introdução: O CAP é uma nova ferramenta não invasiva para o
diagnóstico de esteatose hepática (EH) em portadores de doença
hepática crônica. Sua aplicação na prática clínica ainda não está
claramente estabelecida. Objetivo: Avaliar a prevalência de
esteatose hepática através do CAP acoplado ao Fibroscan® e os
fatores associados à sua presença. Portadores de hepatite crônica
C submetidos a elastografia hepática e CAP através do Fibroscan®
tiveram seus dados demogáficos, clínicos e laboratoriais avaliados.
Foi determinada a prevalência dos diferentes graus de esteatose
hepática segundo os seguintes pontos de corte previamente estabelecidos: S0=até 222 dBm; S1= entre 222 e 233 dBm; S2= entre
233 e 290 dBm e S3>290dBm. Foram avaliados os fatores
associados à presença de esteatose avançada (>66% ou CAP
>290 dBm) detectada pelo CAP. Os testes de Chi-quadrado e
MannWhitney foram realizados e um valor de p 0,05 foi considerados
significantes. Resultados: Foram estudados 645 pacientes com
hepatite C, no período de outubro/2011 a junho/2013 (45% masc;
56±12 anos; 82% genótipo 1). A média do CAP foi de 215±53 dBm e
a mediana foi de 213 dBm. Em relação à distribuição do grau de
esteatose avaliado pelo CAP, 56% apresentavam estágio S0
(esteatose < 11%); 8% S1 (esteatose entre 11% e 33%); 27% S2
(esteatose entre 33% e 66%) e 9% S3 (esteatose >66%). Quando
categorizados em esteatose leve/moderada (S0-S2) e avançada
(S3), houve associação entre esteatose avançada e as seguintes
variáveis clínicas: gênero masculino (43% vs 69%; p<0,001); peso
(68±12 vs 81±13; p<0,001) e IMC (25±4 vs 28±4; p<0,001).
Conclusão: Na hepatite crônica C, o CAP acoplado ao Fibroscan®
é uma ferramenta útil para o diagnóstico de esteatose hepática.
Pacientes do sexo masculino, com maior peso e IMC são um grupo
de risco para a presença desta comorbidade.
TL 089
AVALIAÇÃO DE TRATAMENTO COM INTERFERON E RIBAVIRINA EM TRANSPLANTADOS RENAIS COM HEPATITE C
Ana Leatrice de Oliveira Sampaio, Ivonete Sandra de Souza e Silva, Roberto José Carvalho Filho, Mirella Medeiros Monteiro, Sandra
Carvalho,Patricia Souza de Almeida, Silva Naomi Oliveira Uehara, Christini Takemi Emori, Ana Cristina Amaral Feldner , Antonio Eduardo
Benedito Silva, Maria Lúcia Gomes Ferraz
UNIFESP
Introdução. A terapia antiviral baseada em interferon não é habitualmente recomendada para pacientes transplantados renais com
hepatite C crônica, devido ao potencial de efeitos adversos, sobretudo
rejeição do enxerto. Objetivo. Avaliar a tolerância e taxa de resposta
a esquemas de tratamento utilizando interferon e ribavirina em
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
transplantados renais. Material e Métodos. Foram incluídos transplantados renais com hepatite C crônica que foram tratados com IFN
convencional (IFNc) ou peguilado (PegIFN) associados à ribavirina
(RBV), entre 2004 e 2012. Os critérios de indicação de tratamento
foram graus avançados de fibrose e/ou de atividade necroinflamatória
43
XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE HEPATOLOGIA
à biópsia hepática. Foram empregadas doses habituais de IFNc ou
PegIFN e a dose de ribavirina ajustada ao clearance de creatinina.
Resultados. Foram incluídos em tratamento 17 pacientes (59%
homens) com média de idade de 50,5 ± 7 anos. Genótipo 1 foi
observado em 92% dos pacientes. Fibrose avançada (E3-4) foi
observada em 59% dos pacientes e atividades periportal de
moderada a intensa (APP3-4) em 71% destes. Esquema terapêutico:
IFNc+RBV em 4 pacientes e PegIFN+RBV em 13 pacientes. Terapia
com eritropoetina foi feita em 53% dos pacientes e em 29% foi
necessária transfusão sangüínea. Apesar destas medidas, o
tratamento foi interrompido em 22% dos pacientes por anemia.
Resposta virológica sustentada foi obtida em 2/17 (12%), sendo
que dois pacientes ainda estão aguardando resposta de final de
tratamento. A média do clearance de creatinina dosado antes do
tratamento foi de 62 ml/min e após o tratamento de 68,5 ml/min, não
havendo diferença estatisticamente significante entre estes valores.
Conclusões. O tratamento para hepatite C com interferon e ribavirina
em transplantados renais teve baixa tolerância e a anemia foi a
principal causa de suspensão da terapia. Entretanto, considerando
que são pacientes com genótipo 1, imunossuprimidos e com fibrose
avançada, a taxa de resposta observada e a ausência de piora
significativa da função renal e de rejeição do enxerto no presente
estudo sugerem que o tratamento combinado com IFN e RBV possa
ser considerado, em casos selecionados.
TL 090
HEPATITE B CRÔNICA E ESQUISTOSSOMOSE MANSONI: UMA ASSOCIAÇÃO DELETÉRIA
José Rubens de Andrade, Luciana Diniz Silva, Camila Mendes Guimarães, Eric Bassetti-Soares, Osvaldo Flávio de Melo Couto, Rodrigo
Dias Cambraia, Rosângela Teixeira
Universidade Federal de Minas Gerais
Introdução e Objetivos: A hepatite B crônica e a esquistossomose
são prevalentes em vários países, contudo o impacto desta
associação não é conhecido. Este estudo avaliou a prevalência e a
morbidade desta coinfecção. Métodos: 406 adultos com hepatite B
crônica (HBsAg positivo > 6 meses) foram incluídos em estudo
transversal. Classificou-se a hepatite B crônica como replicativa
(HBVDNA ≥ 2.000 UI/ml) HBeAg positivo ou negativo, e inativa ou de
baixa replicação (HBVDNA < 2.000 UI/ml). A esquistossomose foi
classificada como formas hepatoesplênica (EHE) e não EHE. Biópsias
hepáticas foram classificadas por METAVIR. Estimou-se o risco de
fibrose acentuada (METAVIR F3-4) por análises uni e multivariada.
Resultados: 263/406 (64,8%) eram masculinos, mediana de idade
45 anos (IIQ 35-54). 235/406 tinham hepatite B replicativa (66,4%
HBeAg-negativo, 33,6% -positivo). 128 (32,5%) eram cirróticos.
Confirmou-se esquistossomose em 124/406 (30,5%), sendo 81,5%
homens, mediana de idade 47 anos (IIQ 39,5-54). 86/124 (69,4%)
tinham EHE. 61,3% e 38,7% dos pacientes coinfectados tinham hepatite
B replicativa e inativa, respectivamente. Pacientes com hepatite B
replicativa e EHE apresentaram fibrose hepática e inflamação mais
acentuadas quando comparados aos pacientes sem EHE (80,8% vs.
43,6% para METAVIR F3-4, p<0,01; 64,0% vs. 39,8% para METAVIR
A2-3, p<0,01). Idade > 50 anos (OR=1,10, IC 95% 1,06-1,14, p<0,001),
sexo masculino (OR=2,61, IC 95% 1,12-6,09, p=0,03), EHE (OR=4,56,
IC 95% 2,10-9,91, p<0,001) e alcoolismo (OR=2,46, IC 95% 1,16-5,19,
p=0,02) foram fatores independentemente associados à cirrose em
pacientes com hepatite B crônica replicativa. Conclusões: A
associação da hepatite B crônica replicativa e a esquistossomose
mansoni, forma EHE, é fator de risco para fibrose acentuada, o que
pode resultar em desfechos deletérios para pacientes de áreas
endêmicas.
TL 091
ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS SÉRICOS DO SULFATO DE DEHIDROEPIANDROSTERONA E O ESTÁGIO DE FIBROSE HEPÁTICA
EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA
João Marcello de Araujo Neto, Cristiane Alves Villela Nogueira, Maria Chiara Chindamo, Guilherme Ferreira da Motta Rezende, Adriana
Marques Caroli de Freitas Botino, Vera Lucia Nunnes Pannain, Luiz Fernando Bruzzi Porto, Ronir Luiz, Rafaela Arcoverde, Livia Neves,
Henrique Sérgio Moraes Coelho, Renata de Melo Perez
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução: A infecção crônica pelo vírus da hepatite C induz fibrose
hepática, todavia, são pouco conhecidos os motivos pelos quais alguns
pacientes progridem para fibrose avançada, ao passo que, outros
permanecem com doença leve. Recentemente, foi descrita uma
associação inversa entre os níveis séricos do sulfato de dehidroepiandrosterona (S-DHEA) e o estágio de fibrose hepática em pacientes
com doença hepática gordurosa não-alcooólica. Também foi relatado
que o S-DHEA tem efeitos antifibróticos. Objetivo: Comparar os níveis
séricos de S-DHEA com o estágio de fibrose hepática em pacientes
com hepatite C crônica. Materiais e métodos: Foi realizado um estudo
transversal com inclusão prospectiva de pacientes no Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de
Janeiro no período de 30 de novembro de 2009 a 31 de outubro de
2012. Os critérios de inclusão foram idade entre 18 e 75 anos e ter o
diagnóstico de hepatite C crônica confirmado por técnica de polymerase
chain reaction. Foram excluídos pacientes com outras hepatopatias
(exceto doença hepática gordurosa), co-infecção com HIV ou hepatite
B, doença endócrina prévia, uso de hormônios (exceto anticoncepcionais), insuficiência renal, historia de transplante de órgãos ou
consumo de álcool maior do que 20 gramas por mais de 180 dias.
44
Todos os pacientes foram voluntários e assinaram termo de
consentimento livre e esclarecido. Todas as biópsias foram realizadas
por indicação dos médicos assistentes e nenhuma ocorreu com o
propósito único de participar da pesquisa. Foram obtidas amostras de
soro dos pacientes no dia da realização da biópsia hepática, antes do
procedimento. O S-DHEA foi medido por electrochemoluminescence
imunoassay e, posteriormente, comparado com a fibrose avaliada pela
biópsia e classificada de acordo com METAVIR. A fibrose foi
subclassificada em leve (F0 e F1) X significativa (F2 a F4) e nãoavançada (F0 a 2) e avançada (F3 e 4). Como os níveis séricos de SDHEA variam com a idade, foi calculado o escore padronizado (escore
Z) dos valores séricos de S-DHEA através da subtração do valor
individual de S-DHEA pela média na população de mesma faixa etária e
consequente divisão pelo desvio padrão na população. Por fim, também
foram avaliadas as variáveis gênero, cor, idade, presença de diabetes
mellitus, índice de massa corporal e perímetro abdominal. Os critérios
para diagnóstico de diabetes mellitus seguiram as recomendações da
sociedade americana de diabetes. O critério para Perímetro abdominal
aumentado seguiu a recomendação da Organização Mundial de Saúde
padronizada pelo gênero. Resultados: Foram incluídos 287 pacientes,
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TRABALHOS CIENTÍFICOS
sendo 126 (44%) do gênero masculino e 127 (44%) brancos. A média
de idade foi de 51 ± 11 anos. A ocorrência de DM foi 16%, de IMC ?
30Kg/m2 foi 20,9% e de aumento do perímetro abdominal foi 52,6%. A
ocorrência dos graus de fibrose F0, F1, F2, F3 e F4 foi 3%, 51%, 23%,
16% e 7% respectivamente. A maioria dos pacientes (57%) não
apresentou achados histopatológicos sugestivos de esteatose. A análise
comparativa das medianas dos níveis séricos de S-DHEA com o estágio
de fibrose hepática está representada na tabela 1.
Foram desenvolvidos modelos de regressão logística binários (stepwise
forward) para avaliar a relação da variável dependente fibrose
(categorizada como não avançada e avançada) com o nível sérico de
S-DHEA. A partir do modelo 2 foram inseridas as variáveis idade,
gênero, diabetes mellitus, IMC ≥ 30Kg/m 2 aumento do perímetro
abdominal e esteatose. Conclusão: Níveis baixos de S-DHEA estão
associados com fibrose hepática mais avançada em pacientes com
hepatite C crônica. A associação entre níveis séricos mais baixos de
S-DHEA e fibrose avançada foi independente de idade, gênero e da
presença de diabetes mellitus, obesidade e esteatose.
(tabela 1 - Análise comparativa das medianas dos níveis séricos de S-DHEA
com o estágio de fibrose hepática)
A análise comparativa das medianas dos níveis séricos de S-DHEA
com o estágio de fibrose hepática nos pacientes sem esteatose ou
esteatohepatite (n=164) está representada na tabela 2.
(tabela 2 - Análise comparativa das medianas dos níveis séricos de S-DHEA com
o estágio de fibrose hepática em pacientes sem esteatose ou esteatohepatite)
A análise comparativa das medianas do escore padronizado de SDHEA com o estágio de fibrose hepática está representada na tabela 3.
Tabela 4 - Modelos de regressão logística - DM= diabetes mellitus, IMC= índice
de massa corporal, Cir. Abd = circunferência abdominal).
(tabela 3 - Análise comparativa das medianas do escore Z com o estágio de
fibrose hepática)
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
45
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
Trabalhos selecionados para Menção Honrosa
TL 092
CARCINOMA HEPATOCELULAR NA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA (DHGNA) EM DOIS CENTROS NO BRASIL:
APLICABILIDADE DO SISTEMA DE ESTADIAMENTO BCLC
Claudia Pinto Marques Souza de Oliveira, Kikuchi L, Oliveira CP, Tani CM1, Alvares-da-Silva MR, Stefano JT, Belitzki G, Diniz MA, Chagas AL,
Alencar RSSM, Brizolla PC, Vezozzo DCP, Santos GR, Alves VAF, Carrilho FJ
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução e objetivos: Recentemente, a doença hepática
gordurosa não alcoólica (DHGNA) surgiu como uma importante causa
de doença hepática crônica, cirrose e carcinoma hepatocelular. Os
objetivos deste estudo retrospectivo foram: avaliar aspectos clínicos
do Carcinoma Hepatocelular (CHC) relacionado à DHGNA,
descrevendo aspectos diagnósticos do tumor e aplicabilidade do
sistema BCLC para avaliar se suas diretrizes de tratamento são
adequados para CHC decorrente da DHGNA. Métodos: Entre janeiro
de 2010 a dezembro de 2012, 42 pacientes com CHC relacionado
com esteato-hepatite (EHNA) ou cirrose criptogênica foram avaliados
retrospectivamente a partir de dois centros no Brasil. Parte dos
pacientes incluídos vem de um observatório do CHC em DHGNA do
consórcio Europeu FLIP. Apenas 29% dos pacientes não tinham biópsia
hepática provando ENHA e tinham evidência clínica de cirrose
criptogênica A identificação de cirrose critogênica foi baseada em
características histológicas e / ou evidência radiológica ou clínica da
cirrose associada a síndrome metabólica. Outras causas de doença
hepática crônica, como a hepatite B, hepatite C, hepatite auto-imune,
deficiência de alfa-1-antitripsina, doença de Wilson, hemocromatose
e foram excluídos por exames laboratoriais adequados. Dados
demográficos, fatores de risco para DHGNA, bioquímica hepática,
biópsia hepática, quando disponíveis, gravidade da cirrose (classificação de Child-Pugh e MELD, o estágio do câncer de acordo com o
BCLC; nível de alfa-fetoproteína (AFP) e modalidades de tratamento,
foram coletadas no momento da inscrição. CHC foi diagnosticado de
acordo com os critérios diagnósticos não invasivos da Associação
Americana para o Estudo das Doenças do Fígado (AASLD), proposto
em 2005 e atualizado em 2010. Histologia do tumor foi realizada em
todos os pacientes não-cirróticos e casos inconclusivos por exame
de imagem (tomografia computadorizada e/ou ressonância magnética).
A sobrevida global foi calculada a partir da data do diagnóstico de
CHC até à data da morte. Resultados: Trinta (71%) casos
relacionados com DHGNA e 12 (29%) casos criptogênica foram
coletados ao longo de 24 meses. A média de idade foi de 66,5 anos
(variação de 25-80 anos) e predominou o sexo masculino (n = 26,
62%). A maioria dos pacientes (81%) foram diagnosticados com a
obesidade, a diabetes, hipertensão ou dislipidemia. Quatro pacientes
(10%) tiveram um fígado não-cirrótico. O número de pacientes em
classe Child-Pugh A, B, e C foram de 20 (48%), 15 (35%) e 3 (7%),
respectivamente. CHC foi detectado pela vigilância em 55%. CHC foi
diagnosticado com base em critérios diagnósticos não invasivos da
AASLD em 24 pacientes (57%). Diagnóstico do CHC foi confirmado
por histologia em 18 pacientes (43%). Vinte e nove pacientes (69%)
tiveram um único tumor e o diâmetro médio do maior tumor foi de 38
mm (variando de 17-150 mm). Cinco pacientes (12%) tinham invasão
macrovascular e 3 (7%) disseminação extra-hepática. O valor mediano
AFP foi de 11 ng / mL (intervalo, 1-20,000 ng/ ml). Um paciente (2%),
19 (45%), 8 (19%), 5 (12%) e 5 pacientes (12%) foram classificados
inicialmente à muito precoce (0), inicial (A), intermediário (B), avançado
(C), e terminal (D), respectivamente, pelo BCLC. Tratamentos curativos,
que incluiu a ressecção, a terapia ablativa local, e transplante de
fígado, foram realizados em 23 (55%) pacientes, enquanto que
tratamentos paliativos, como a TACE ou sorafenibe foi dado em 11
(26%) pacientes. Oito (19%) pacientes receberam apenas suporte.
Durante o período de acompanhamento (média de 11 meses, variando
de 0-85 meses), 12 pacientes morreram de progressão do tumor ou
complicações relacionadas à cirrose. As taxas de sobrevida em 1, 2
e 3 anos foram de 78, 61 e 54%, respectivamente. Conclusões:
DHGNA é uma importante condição para o desenvolvimento do CHC,
na ausência de outras doenças do fígado. CHC associado à DHGNA
ocorre frequentemente com cirrose, no entanto, foi relatado um número
crescente de CHC relacionado à EHNA em fígado não-cirrótico. No
presente estudo, 10% dos pacientes que desenvolveram CHC no
contexto da DHGNA não tinham cirrose. O BCLC é aplicável para
pacientes cirróticos e deve ser detectado em um programa de rastreio
regular, passível de terapia curativa. Contudo para pacientes com
DHGNA não cirróticos o diagnóstico deve ser mais precoce e terapia
mais agressiva.
TL 093
EXPRESSÃO HEPÁTICA E SÉRICA DO miR-33a E miR-122 EM INDIVÍDUOS INFECTADOS PELO HCV
Ketti Gleyzer de Oliveira, Fernanda de Mello Malta, Paola Lara Faria, Ana Catharina de Seixas Santos Nastri, Azzo Widman, Flair José Carrilho,
João Renato Rebello Pinho
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: MicroRNAs (miR) são pequenos RNAs não-codificantes
altamente conservados que regulam diversos processos biológicos.
O miR-122 e miR-33a são descritos como reguladores do metabolismo
de lipídios. A infecção pelo vírus da Hepatite C (HCV) altera a
expressão de genes envolvidos na biossíntese e transporte de
lípidos, resultando na estimulação do metabolismo dos lípidos e
46
criando um ambiente favorável para a replicação do vírus. Para o
nosso conhecimento, não existem relatos que associem a expressão
do miR-33a com o perfil lipídico na infecção pelo HCV. Objetivo: No
presente estudo, foi avaliada a expressão hepática e sérica do miR33a e do miR-122. Materiais e Métodos: 67 pacientes foram
incluídos neste estudo (55 infectados pelo HCV-1 e 12 infectados
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
pelo HCV-3a). Os miRNAs foram isolados a partir de amostras de
sangue e de biópsias hepáticas. Os níveis de expressão do miR33a e miR-122 foram avaliados utilizando primers e sondas
específicos. As reações e análises foram realizadas no equipamento
ABI 7500-Fast (Applied Biosystems, Foster City, CA, EUA). As
amostras foram testadas em triplicatas e como controle endógeno
foi utilizado o RNU44. Os valores foram calculados utilizando o
algorítmo 2 -ΔΔCt. Resultados: A expressão do miR-33a foi mais
elevada no tecido hepático do que no sangue periférico, tanto na
infecção pelo HCV genótipo 1 (p = 0,0036) como na infecção pelo
HCV genótipo 3 (p = 0,023). Além disso, em indivíduos infectados
pelo genótipo 3, observou-se correlação negativa entre a expressão
de miR-33a e os níveis séricos de colesterol (r = -0,6304, P = 0,028,
R2 = 0,3975). O miR-122 teve maior expressão no sangue periférico
do que no tecido hepático, independente do genótipo viral. Na
infecção pelo HCV genótipo 3, observamos correlação negativa
entre os níveis séricos de miR-122 e carga viral do HCV (r = -0,8933,
p <0,0001, r2 = 0,7979). Conclusão: A correlação observada entre os
níveis de expressão do miR-122 e a carga viral do HCV-3 reforça o
achado de estudos anteriores que descrevem o aumento sérico deste
miR como consequência da lesão hepática promovida pelo HCV. Além
disso, na infecção pelo HCV genótipo 3 foi observada forte correlação
entre o nível sérico de colesterol e a expressão hepática de miR-33a,
sugerindo portanto que o HCV-3 provavelmente esteja desregulando
eficientemente a expressão hepática do miR-33a para favorecer o
depósito de gordura nos hepatócitos.
TL 094
ENTROPY LEVEL ON RESISTANCE POSITIONS OF HEPATITIS C NS3 PROTEIN SUBTYPES 1A AND 1B AGAINST PROTEASE INHIBITORS
FROM DIFFERENT GEOGRAPHICAL LOCATIONS
Rafael Alves da Silva, Artur Trancoso Lopo de Queiroz, Jardelina de Souza Todão, Roberto José de Carvalho Filho, Isabel Maria Vicente Guedes
de Carvalho Mello
Laboratório de Hepatologia Molecular Aplicada, Lhema
Departamento de Gastroenterologia, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo
The hepatitis c virus (HCV) infection is a major public health problem
and several new drugs that targets specific viral proteins (DAA) are on
clinical trials or already approved for use. Clinical trials characterized
several mutations associated to treatment failure. However, the high
mutation rate and HCV quasispecies characteristics makes hard any
conclusion about natural polymorphism of naïve of treatment patients
from different geographical locations. To assess more information 1277
HCV NS3 protein genotype 1a and 1b sequences from patients without
DAA treatment contact were obtained from LosAlamos and Genbank
databases. The datasets were separated according to geographical
location (Europe, USA and Brazil) and subtype (1a and 1b). Phylogenetic
reconstructions were performed for genotypes and geographical
confirmation clades. The naïve resistance mutations analysis was
performed translating nucleic acids sequence into amino acids. Shannon
entropy was calculated for every associated resistance position of the
protease domain (181 aa) at each geographical group. Naïve resistance
mutations were observed up to 5% at positions 36, 41, 43, 54, 80, 109,
155, 156 and 168 mixed in all three geographical groups and both
genotypes. The position 80 showed significant difference on the
geographical analysis with the highest level on US genotype samples
(Entropy = 0,79309) and low-level entropy on Brazilian genotype 1a
samples (Entropy = 0,2155). The information complexity of NS3 protein
Q80 position on geographical locations is important to be analyzed
when compared with the absence of resistance mutation Q80K on
Brazilian naïve samples and the high level presence on American and
European naive samples (Q80K = 36 %). However, all three genotype
1b geographical groups presented low entropy level of Q80K and a
high level of entropy at position 170. This high complexity information
pattern on that position of genotype 1b sequences is associated to
V170I natural polymorphism, not described yet as resistance mutation.
Studies with resistance against the HCV DAA treatments make it clear
that naïve patients natural polymorphisms are associated to treatment
discontinues cause and the different geographical pattern of both
subtypes raises important questions about the impact of same subtypes
natural polymorphisms of different countries can impact on the protocol
of treatment.
TL 095
DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO-ALCOÓLICA: EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DO FATOR DE CRESCIMENTO
TRANSFORMADOR β1 E DA ACTINA α DE MÚSCULO LISO
Juliana Bigi Maya Monteiro, Geysa Bigi Maya Monteiro, Adriana Caroli-Bottino, Vera Lúcia Nunes Pannain
UFRJ
Introdução: A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é
uma importante causa de doença hepática crônica no adulto, intimamente
associada à obesidade, hiperlipidemia e diabetes mellitus do tipo II. Nas
próximas décadas, poderá ser a principal causa de doença hepática
crônica, superando até mesmo as hepatites virais em alguns países.
Durante a agressão hepática crônica, citocinas inflamatórias são
produzidas e estimulam a ativação de diversas células, em especial a
célula estrelada, que passa a expressar actina α de músculo liso (α SMA) e a produzir matriz extracelular, sendo a principal responsável
pela fibrose. Entre os diversos estímulos, destaca-se o fator de
crescimento transformador β1 (TGF-β1) como o principal estimulante
da fibrogênese. Objetivo: Avaliar a expressão imuno-histoquímica do
TGF-β1 e da α -SMA em biópsias hepáticas de pacientes com o
diagnóstico histológico de DHGNA em suas diferentes apresentações
(esteatose, esteato-hepatite e cirrose). Material e métodos: Foram
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
estudadas retrospectivamente biópsias hepáticas de pacientes com o
diagnóstico histológico de DHGNA nas colorações pela hematoxilinaeosina, tricrômico de Masson e Picro-Sirius. As amostras foram submetidas a estudo imuno-histoquímico com os anticorpos anti-α-SMA e
anti-TGF-β1. Resultado: A α -SMA mostrou maior expressão em zona
3 (p<0,001) em todos os diagnósticos possíveis da DHGNA, inclusive
nas biópsias que não apresentaram esteato-hepatite ou fibrose, sem
diferença estatisticamente significativa entre os grupos (p=0,0707).
A densidade de expressão do TGF-β1 mostrou-se independente do
grau de esteatose (p=0,731), do infiltrado inflamatório (p=0,624) e da
densidade de expressão da α -SMA (p=0,201). Conclusão: A α -SMA
e o TGF-β1 mostraram expressão significativa em todos os estágios
da DHGNA, independentemente do grau de inflamação e fibrose,
indicando haver estímulo para a ativação das células estreladas e da
fibrogênese desde o início do processo.
47
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
TL 096
TRATAMENTO DO CARCINOMA HEPATOCELULAR COM QUIOEMBOLIZAÇÃO: UM ESTUDO DE VIDA REAL
Lívia Caprara Lionço, Angelo Alves de Mattos, Alex Finger Horbe, Ane Micheli Costabeber, Dorvaldo Paulo Tarasconi, Luciana dos Santos
Schraiber
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
Introdução: A quimioembolização transarterial (TACE) é a opção
de tratamento mais amplamente utilizada para pacientes com
carcinoma hepatocelular (CHC) em estágio intermediário, não
candidatos à abordagem curativa. Objetivo: Avaliar a sobrevida dos
pacientes com CHC irressecável submetidos à TACE. Métodos: Foi
realizado um estudo de coorte retrospectiva em um serviço de
referência, que avaliou 101 pacientes submetidos à TACE com o
intuito de tratamento paliativo. A TACE, sempre que possível, foi
realizada através de cateterismo superseletivo. A resposta ao
tratamento foi avaliada pelo mRECIST. O método de Kaplan-Meier foi
utilizado para analisar a sobrevida. Para avaliar a associação com o
óbito, foi utilizado um modelo de regressão de azares proporcionais
de Cox. Resultados: Todos os pacientes eram cirróticos, a maioria
Child A (62,4%), do sexo masculino (72,3%), com média de idade de
64,7±9,7 anos e média de MELD de 10,6±3,2, sendo o vírus da hepatite
C a etiologia mais comum da hepatopatia (59,4%). A mediana da AFP
foi de 29,9 ng/ml (1,1 a 36.600). A média do número de nódulos foi de
2,7±1,5 e do diâmetro do maior nódulo, 5,5±2,8 cm. Intercorrências
após a TACE foram observadas em 30,7% dos pacientes. Na avaliação
pelo mRECIST da lesão alvo, 33,7% obtiveram resposta completa,
23,8% resposta parcial, 26,7% doença estável e 15,8% doença
progressiva. Pelo mRECIST geral, a maioria apresentou doença
progressiva (61,4%). O tempo mediano de seguimento foi de 33,2
meses e o tempo mediano de sobrevida calculado a partir do
diagnóstico foi de 26,3 meses. A taxa de sobrevida em 1, 2, 3 e 5
anos foi de 75%, 54%, 41% e 27%, respectivamente. Quando
avaliadas as variáveis relacionadas ao óbito, na análise univariada,
atingiram significância estatística: MELD ≥15, AFP ≥100 ng/ml e
mRECIST. No modelo para o ajuste multivariável do mRECIST da lesão
alvo MELD ≥15 e uma AFP ≥100 ng/ml foram fatores independentes
associados a óbito. Resposta completa e resposta parcial foram
fatores de proteção independentes. Já no modelo para o ajuste
multivariável do mRECIST geral, apenas uma AFP ≥100 ng/ml
apresentou-se associada a óbito independentemente, com
significância limítrofe (p=0,055). Conclusão: A TACE mostrou ser
uma terapêutica segura e eficaz para pacientes com CHC
irressecável, no entanto, um nível de AFP ≥ 100 ng/ml está associado
a um prognóstico mais reservado.
TL 097
IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DO ESCORE MELD NA ALOCAÇÃO DE FÍGADOS: A EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO BRASILEIRO
Adriana Gonçalves da Silva Machado, Ajacio Brandão, Alfeu Fleck Junior, Claudio Augusto Marroni, Maria Lucia Zanotelli, Guido Cantisani
UFCSPA
Introdução: o escore MELD é um acurado preditor de mortalidade
em pacientes cirróticos tendo sido instituído como ferramenta para
alocação de fígados no Brasil em 2006. No entanto, seu impacto na
alocação de órgãos bem como na mortalidade em lista de espera e
após transplante não é bem conhecido em nosso meio. Objetivos:
avaliar o impacto da implantação do escore MELD na alocação de
fígados e na mortalidade após transplante em um centro no sul do
Brasil. Pacientes e Métodos: foram estudados pacientes adultos
hepatopatas crônicos, em lista de espera para um primeiro transplante
hepático (TxH) com doador falecido. Foram constituídas duas coortes,
antes e após adoção do escore MELD, segundo data de ingresso em
lista. O período mínimo de seguimento foi de 18 meses para avaliação
dos desfechos de interesse (óbito/ transplante hepático).
Resultados: a gravidade dos pacientes em lista para TxH, avaliada
pelo escore MELD da data de inclusão, foi similar nas duas coortes.
Risco de mortalidade em lista de espera correlacionou-se com o
aumento progressivo do escore MELD, sendo que o acréscimo de
uma unidade aumentou em 20% o risco de morte (HR: 1,2; IC 95%:
1,14-2,26; p < 0,001). Taxas de mortalidade em lista para TxH foram
de 30,9% na era pré-MELD e de 21,7% na era pós, sem diferença
estatística significativa. Verificou-se maior taxa de transplantes na
era pós-MELD (40% versus 52%, p = 0,002). Quando excluídos os
pacientes transplantados por carcinoma hepatocelular, as médias do
escore MELD na data do transplante foram significativamente maiores
no período pós-MELD (p < 0,01). Os valores do escore MELD na data
do transplante não se correlacionaram com a sobrevida após o
procedimento. No período de seguimento de 18 meses após transplante
foram observadas taxas de mortalidade de 25,4% na era pré-MELD e
de 20% na era pós-MELD, sem diferença estatisticamente significativa.
Conclusão: implantação do escore MELD foi associada a menor
mortalidade em lista, em comparação à era pré-MELD. Por outro lado,
apesar de na era MELD terem sido transplantados pacientes mais
gravemente enfermos do que no período precedente, taxas de
sobrevida pós-transplante foram similares.
TL 098
ENHANCED LIVER FIBROSIS (ELF) COMO PREDITOR DE FIBROSE HEPÁTICA EM PORTADORES DE HEPATITE C CRÔNICA
Flavia Fernandes, Alessandra Dellavance, Luis Eduardo Andrade, Frederico Campos, Gustavo Pereira, Carlos Terra, João Luiz Pereira, Fátima
Figueiredo, Renata Perez, Maria Lúcia Ferraz
Hospital Universitário Pedro Ernesto, Hospital Federal de Bonsucesso, Laboratório Fleury
Introdução: A fibrose hepática é o aspecto mais importante na
avaliação da hepatite C crônica (HCC). A elastografia hepática
transitória (EHT - Fibroscan ®) é um método não-invasivo de
avaliação da fibrose bem estabelecido na HCC. O ELF é um marcador
não-invasivo, sorológico, composto por: ácido hialurônico (AH),
inibidor tissular da metaloproteinase I da matriz extracelular (TIMP-I)
48
e o propeptídeo amino-terminal do prócolágeno tipo III (PIIINP), que
tem mostrado resultados promissores. Objetivo: Avaliar o desempenho do ELF como marcador não-invasivo de fibrose em pacientes
com HCC. Material e métodos: 120 pacientes submetidos à biópsia
hepática (BH) e EHT foram examinados, após assinarem TCLE.
Critérios de exclusão: coinfeccão HIV ou HBV, consumo diário de
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
álcool superior a 40 gramas, colestase, IRC, ICC, uso de drogas
fibrogênicas, BH com menos de 6 espacos-porta ou outra hepatopatia. Em um intervalo máximo de 3 meses após a BH, realizada a
EHT e a coleta de sangue. O ELF foi calculado (ELF = 2.278 + 0.851
ln(AH) + 0.751 ln(PIIINP) + 0.394 ln(TIMP-1)) e foram aplicados os
pontos de corte propostos pelo fabricante: < 7.7 fibrose ausente ou
leve, ≥7.7 e < 9.8 fibrose moderada e ≥9.8 fibrose acentuada. O
resultado da EHT foi expresso em kiloPascals considerando-se a
mediana de 10 aquisicões, com taxa de sucesso de, no mínimo,
60% e IQR/mediana de até 30%. Todas as BHs foram revisadas pelo
mesmo patologista. Resultados: 34% de homens e média de idade
53 (± DP 11.3) anos. A EHT foi inválida em 2 pacientes. A distribuição
da fibrose hepática, segundo Metavir: F0, 2%; F1 - 52%; F2- 30%,
F3 - 9% e F4 -7%. De acordo com os pontos de corte do ELF, havia
3 (2%) pacientes com fibrose ausente ou leve (F0-1), 74 (61%) com
fibrose moderada (F2-3) e 44 (37%) com cirrose (F4). O ELF superestimou a fibrose em 76% dos casos e subestimou em um caso. A
acurácia do ELF avaliada pela AUROC para fibrose significativa (≥2)
foi de 0.81 (95% IC: 0.73-0.87), para fibrose avançada (F≥3) foi de
0.82 (95% IC: 0.74-0.88) e para cirrose 0.78 (95% IC: 0.70-0.85).
Não houve diferença estatística significativa quando comparadas
as AUROCs do ELF e EHT para (F≥ 2) (p 0.13), (F≥ 3) (p 0.08) e cirrose
(p 0.11). Conclusão: O ELF apresenta bom desempenho como
marcador não invasivo de fibrose. No entanto, novos pontos de corte
precisam ser estabelecidos para melhorar a discriminação dos
diferentes estágios de fibrose em pacientes com hepatite C crônica.
TL 099
AVALIAR A ASSOCIAÇÃO ENTRE O POLIMORFISMO rs12979860 (C/T) DO GENE IL28B E A CARGA VIRAL DO HCV-RNA EM PACIENTES
INFECTADOS PELO VÍRUS DA HEPATITE C (HCV)
Yasmin de Macedo Mallon Couto, Maria Emiliana de Lima Brandão, Bruna Cristina Bertol, Simone Moreira, Raquel Francine Liermann Garcia, Leslie
Ecker Ferreira, Guilherme Debortoli, Mauro de Souza Leite Pinho, Marcia Amendola-Pires, Alessandra Mendonça de Almeida Maciel, Carlos
Eduardo Brandão-Mello, Paulo Henrique Condeixa de França
Hospital Universitário Gafree e Guinle
Introdução: Estudos de associação do genoma completo identificaram
variações genéticas no gene da Interleucina 28 (IL28B) como o mais
forte fator preditivo de controle da infecção pelo HCV. Polimorfismos de
Nucleotídeo Único (SNPs) próximos ao gene IL28B associam-se com a
capacidade de eliminação do HCV pelo hospedeiro. O SNP conhecido
como rs12979860 demonstra forte associação a chance maior de
clareamento viral espontâneo e de resposta ao tratamento. Quando um
indivíduo apresenta o genótipo CC as chances de depuração
espontânea do vírus e a resposta ao tratamento com interferon e
ribavirina são melhores do que as dos indivíduos CT /TT. Além disso,
alguns estudos relataram associação paradoxal entre os genótipos de
IL28B e os níveis de HCV-RNA. Curiosamente, dois estudos encontraram
associação entre o genótipo CC de IL28B e cargas virais maiores,
enquanto outro estudo não encontrou associação. Objetivo: Avaliar a
relevância das variantes do SNP rs12979860 (C/T) do gene IL28B e
sua relação com a carga viral do HCV-RNA comparando o grupo CC
versus CT/TT. Material e Métodos: Estudo observacional e descritivo.
A amostra foi composta de 59 pacientes com idade superior a 18 anos,
virgens de tratamento, infectados pelo HCV atendidos no ambulatório
de Doenças do Fígado do HUGG. A genotipagem foi realizada via
Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) seguida de exposição a
endonucleases específicas (RFLP), assim como a avaliação quantitativa
(carga viral) do HCV-RNA, também realizada por PCR em todos os
pacientes. Os resultados da determinação da carga viral do HCV-RNA
foram obtidas através da revisão dos prontuários. Resultados: Dentre
os pacientes, 30,5% tinham a presença do genótipo CC no SNP
rs12979860, 49,1% CT e 20,3% TT. Em relação a carga viral: 8,4%
dos pacientes apresentaram HCV-RNA ≤ log 4, sendo 20% TT, 40%
CT e 40% CC. 52,5% apresentavam carga viral ≥ log 4 e ≤ log 6
dentre os quais 25,8% exibiam os alelos TT, 48,3% CT e 25,8% CC.
Finalmente, 38,9% dos pacientes apresentavam carga viral ≥ log 6,
sendo que 13% eram TT, 52,1% CT e 34, 7% CC. Conclusão: Não foi
encontrada associação entre o polimorfismo C/T do gene IL28B e a
carga viral do HCV-RNA na amostra analisada de pacientes infectados
pelo HCV. Casuísticas com número maior de pacientes são desejáveis
para dirimir essas controvérsias.
TL 100
CONCORDANCE BETWEEN HEPATIC TRANSIENT ELASTOGRAPHY BY FIBROSCAN® AND FIBROMETER® TO THE STAGE OF LIVER FIBROSIS
PR Abrão Ferreira1, H Bonilha2, S Tenore1, R Cortes3, RS Diaz1,3, C Vilhena3, MC Mendes-Correa 4
1
3
2
Division of Infectious Disease - Federal University of São Paulo; Institute of Vaccination and Infectious Disease of Piracicaba;
4
Centro de Genomas Laboratory; Department of Infectious Disease School of Medicine University of São Paulo
Objective: The association of hepatic transient elastography by
FIBROSCAN® (FS) and non invasive biomarkers of liver fibrosis, as
FIBROMETER® (FM), has demonstrated usefull to increase the
acuracy of these methods, when comparated to liver biopsy. This is
particularlly true whe are evaluated intermediate stages of fibrosis
(clinically significant fibrosis or F2). As demonstrated in French
studies, the concordance between these two types of non invasive
methods can exclude the need of liver biopsy to stage fibrosis in
patients with chronic hepatitis C. The objective of this study is to
evaluate the percentual of concordance between FIBROSCAN®
and FIBROMETER® and possible factors related to theire
discordance. Methods: Was defined as reliable exam by the FS,
following the manufacturer instructions, at least 10 valid
mesurements (as data from the equipment), 60% of valid
mesurements, interquartil range(IQR) less than 30% of valid
mesurements mediana. The exams considered reliable were
reclassified as much reliable (IQR<10%), reliable (IQR 11-20%) and
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
less reliable (IQR 21-30%). The invalid exam was determined by the
softwear of the equipment. All patients were, initially submited to the
exam with M probe. If this was not reliable or invalid, the patients
were reexamined with XL probe. Results: 51 patients submited to
FS and FM, in the same day, from february 2011 to march 2012 were
included in the analisis, 27 (50,8%) males, with mean age of 51,7
anos (28,0-80,0), diagnosis of hepatitis C in 46 (90,2%), hepatic
steatosis 3 (5,9%), hepatitis B 2 (3,9%). 42 (82,4%) patients were
submited to the exam to follow up of previous biopsy and 9 (17,6%)
to initial diagnosis. The mean body mass index (BMI) was 25,8 kg/m2
(18,9-41,3). The XL probe use was necessary in 6 cases (11,8%)
and the mean exam duration was 3,0 minutos (2-10). No patient had
invalid or non reliable exam by FS. When reclassified the reliable
exams the distribuition was: much realiable 20 (39,2%), realiable 25
(49,0%) and les realiable 6 (11,8%). The stages of fibrosis by FS
were: F0 11 (21,6%), F0-1 14 (27,5%), F1-2 10 (19,6%), F2 2 (3,9%),
F3 4 (7,8%), F3-4 2 (3,9%), F4 8 (15,7%). To FM were: F0-1 8
49
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
(15,7%), F1-2 23 (45,1%), F2 6 (11,8%), F3 12 (23,5%), F3-4 1
(2,0%) F4 1 (2,0%). The concordance between FS and FM was
oserved in 37 (72,5%) patients. We compare between concordants
and non concordants: age, gender, diagnostic, exam indication, BMI,
torax circunference, abdome circunference, wrist circunference,
exam duration, type of probe, grade of realibility, fibrosis stage.
Only the grade of realiability shown a tendence of statistical
significance, related to concordance between FM and FS (much
reliable = 90% of concordance, realiable = 60% of concordance,
less realiable = 66% of concordance; P = 0,077). A FS result much
realiable had high concordance with FM result. Among 13 cases of
discordance, in 9 (69,2%) the FM result was one stage less than the
FS. In two cases we observed discordance in more than two stages
os fibrosis. In 11 (84,6%) patients the discordance was next to
stage F2. Conclusion: We observed concordance between FM
and FS in 72,5% of cases. The concordance was higher when the
FS result was much reliable. Most discordance ocurred in
intermediate stage of fibrosis.
TL 101
POLIMORFISMO DO GENE IL28B (rs12979860) NA DOENÇA HEPATICA CAUSADA PELO VÍRUS C(HCV) EM PACIENTES TRANSPLANTADOS
José Carlos Salgado da Silva, Luydson Richardson Silva Vasconcelos, Rodrigo Feliciano do Carmo, Luciano Beltrão Pereira, Erika Rabelo Forte
de Siqueira, Patrícia Moura, Leila Maria Moreira Beltrão Pereira
Universidade de Pernambuco, Instituto do Fígado de Pernambuco, Universidade Federal do Vale do São Francisco
IIntrodução: A doença hepática provocada pelo vírus da hepatite C
(HCV) é a principal causa de transplante hepático, constituindo um
problema de saúde pública no mundo. A determinação de fatores que
levam a evolução da reativação da infecção por este vírus póstransplante pode fornecer conhecimentos para o desenvolvimento
de estratégias na prevenção da fibrose em pacientes transplantados
infectados pelo HCV. Fatores genéticos do hospedeiro têm sido
estudados e podem afetar no prognóstico da doença. O polimorfismo
no gene IL28B é um fator importante na resposta ao tratamento com
interferon, envolvido no combate ao vírus e na regulação da resposta
imune inata e adaptativa. Estudos recentes mostraram a importância
de variantes do gene IL28B na resposta para terapia do HCV e sua
influência na progressão da doença hepática em pacientes
transplantados. Objetivo: O presente trabalho estudou a relação do
polimorfismo do gene IL28B com a fibrose hepática em pacientes com
Hepatite C transplantados. Materiais e Métodos: Foram analisados
42 pacientes provenientes do Hospital Universitário Oswaldo Cruz e
atendidos no Instituto do Fígado de Pernambuco-IFP/PE. A genotipagem
do IL28B foi realizada por meio da PCR em tempo real utilizando
sondas TAQMAN®, os pacientes foram divididos em dois grupos
para avaliar a progressão da fibrose pós-transplante hepático, Grupo
1 (pacientes com grau de fibrose F0, na primeira biopsia pós
transplante) e Grupo 2 (com grau de fibrose F1-F4 na primeira
biopsia pós transplante). Resultados: O sexo masculino mostrou
prevalência de 61% (n=14) e 53% (n=10) nos grupos 1 e 2
respectivamente (p=0.822), a prevalência do genótipo viral 1 no
grupo 1 e 2 foi de 78% (n=18) e 79% (n=15) respectivamente,
(p=0.746), também não houve associação da idade, níveis de AST e
ALT entre os grupos estudados, p=0.286, p=0.218 e p=0.236,
respectivamente. Foi observado uma maior freqüência do genótipo
CC do IL28B no grupo 2 em relação ao grupo 1, 42,1% (n=8) vs.
21,7% (n=5), p=0,03. Conclusão: Os dados preliminares mostraram
uma maior freqüência do genótipo CC nos pacientes com evolução
da fibrose pós-transplante. O presente estudo precisa ser replicado
em uma amostragem maior, assim como é importante uma análise do
IL28B do doador para elucidar o verdadeiro papel do polimorfismo
do IL28B em pacientes transplantados por HCV.
Palavras-chave: HCV, IL-28B, transplantes, evolução e fibrose
hepática.
TL 102
ASSOCIAÇÃO DE DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA COM NEOPLASIAS MALIGNAS PRIMÁRIAS E SECUNDÁRIAS DO
FÍGADO: AVALIAÇÃO EM CENTRO DE TRATAMENTO DE SÃO PAULO
Perla Oliveira Schulz, Maria de Fátima Araújo Nascimento, Fabio Gonçalves Ferreira, Andrea Vieira, Luiz Arnaldo Szutan
Irmandade Santa Casa de São Paulo
Introdução: A prevalência da doença hepática gordurosa não
alcoólica (DHGNA) vem aumentando no mundo. Estudos demonstraram
a associação de carcinoma hepatocelular (CHC) e colangiocarcinoma
(colangioCA) com esteatohepatite não alcoólica (EHNA) cirrótica, mas
não é definido se tais neoplasias têm risco aumentado em não
cirróticos. Como a DHGNA e a neoplasia colorretal têm fatores de
risco em comum, trabalhos indicam que estágios precoces de EH já
promoveriam um microambiente favorável ao desenvolvimento de
metástases hepáticas de neoplasias colorretais (MCR). Objetivo:
avaliar a associação de DHGNA com neoplasias malignas primárias e
secundárias do fígado (NMPSF), comparando as prevalências nos
diferentes tipos histológicos de tumores. Casuística e Métodos:
Estudo retrospectivo de 120 casos de NMPSF incluídos no banco de
dados do Departamento de Anatomia Patológica, de janeiro de 2007 a
dezembro de 2011. As amostras foram avaliadas quanto à presença
de fatores de risco para DHGNA, e quanto à presença de EH, EHNA
e fibrose hepática (FH). Foi quantificada a associação dos fatores de
risco com EH, EHNA e FH. Os pacientes foram divididos em grupos de
50
cada neoplasia e respectivos grupos-controles, contendo as demais
neoplasias. Resultados: No grupo total não houve diferença de
associação de EH em relação à população geral (34,2% X 30%,
intervalo de confiança - 95%IC- 25,8-43,4). Avaliando por neoplasia,
a EH foi mais prevalente no grupo-MCR (odds-ratio-OR=3,92; 95%IC
1,2-9,57; ñ - valor=0,001), mas não no grupo-CHC (OR= 0,60; 95%IC
0,15-2,22; ñ - valor=0,406) ou no grupo-colangioCA (OR= 0,70; 95%IC
0,14-3,15; ñ - valor= 0,613). Houve maior prevalência de FH no grupoCHC (OR= 3,50; 95%IC 0,96-13,88; ñ - valor= 0,032), mas não no MCR
ou no colangioCA (OR= 0,47; 95%IC 0,20-1,09; ñ - valor= 0,053 e
OR= 1,85; 95%IC 0,45-8,05; ñ - valor= 0,343, respectivamente). Não
houve casos de EHNA em nenhum dos três tipos de tumores, mas sim
nos seus controles (ñ - valor=0,552; ñ - valor=1,000 e ñ - valor=1,000,
respectivamente). Ao avaliarmos a relação da presença de EH, FH e
EHNA com os fatores de risco, não foi observada associação
estatisticamente significante em nenhuma das neoplasias estudadas.
Conclusão: Houve associação estatística de DHGNA com MCR no
grupo estudado, mas não com CHC ou colangioCA.
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
TL 103
TIPO E FREQUÊNCIA DAS COMPLICAÇÕES INFECCIOSAS APÓS O TRANSPLANTE DE FÍGADO E SEU IMPACTO NA MORBIMORTALIDADE
PÓS-OPERATÓRIA
Isadora Pinheiro Matos, Liana Codes, Paulo Lisboa Bittencourt, Andrea Ribeiro Cavalcanti, Bruno Almeida, Leonardo Canedo, Maria Auxiliadora
Evangelista, Alessandra Oliveira de Castro, Jorge Bastos
Hospital Portugues, Salvador, Bahia
Introdução: Infecções são uma das principais causas de óbito em
pacientes submetidos a transplante hepático (TH), particularmente as
infecções bacterianas de trato respiratório no primeiro mês de pósoperatório (PO). As infecções fúngicas, por outro lado, são menos
frequentes, porém associadas a pior prognóstico. Objetivos: Avaliar
a frequência e a topografia das complicações infecciosas no PO do TH
e correlacionar sua presença com morbimortalidade peri-operatória.
Métodos: 192 pacientes (84% sexo masculino, idade de 50,21 ±
12,09 anos) submetidos a TH entre 2001-2011 (67% por vírus C e/ou
álcool, com MELD entre 7 a 40, a maioria transplantada por cirrose
descompensada) foram retrospectivamente avaliados visando
investigar ocorrência de complicações infecciosas virais, bacterianas
e fúngicas em três intervalos distintos (0-30 dias, 31-180 dias e mais
de 180 dias) de PO. Resultados: 118 (61.5%) pacientes apresentaram
um ou mais episódios de infecções, incluindo 89 (46,4%) infecções
bacterianas, 46 (24%) infecções virais e 27 (14%) infecções fúngicas.
Oitenta episódios (41,5%) ocorreram no primeiro mês de PO, 54 (28%)
entre 1 e 6 meses e 55 (28,5%) após 6 meses do TH. Os principais
sítios de infecção foram trato respiratório, gastrointestinal, geniturinário
e foco intra-abdominal. Não foram encontradas associações entre
as complicações infecciosas e gravidade de doença hepática préoperatória, estimada pelas classificações de Child-Pugh e MELD; pico
de ALT e complicações arteriais. Por outro lado, a presença de
complicações biliares (p< 0,001) e de rejeição celular aguda (p =
0,03) se correlacionaram com maior frequência de infecções.
Mortalidade PO não foi associada a presença de complicações
infecciosas, mas sua ocorrência se associou a maior necessidade
de suporte dialítico (p< 0,001). Conclusões: As infecções são
complicações frequentes no PO do transplante hepático e influenciam
sua morbidade a curto e médio prazo.
TL 104
DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO-ALCOÓLICA: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS CLASSIFICAÇÕES DE KLEINER, BEDOSSA E O
ESCORE DE ATIVIDADE (NAS)
Juliana Bigi Maya Monteiro, Geysa Bigi Maya Monteiro, Adriana Caroli-Bottino, Vera Lúcia Nunes Pannain
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
Introdução: A esteato-hepatite não alcoólica (EHNA) é parte do
espectro de lesões que caracteriza a doença hepática gordurosa
não alcoólica (DHGNA). A avaliação do comprometimento hepático
pela biópsia permite estabelecer o diagnóstico e avaliar o seu possível
prognóstico. Desde a descrição da doença por Ludwig e cols e,
mais recentemente, por Kleiner e cols e Bedossa e cols o diagnóstico
de EHNA tem passado por algumas reformulações. Quando as
alterações histológicas observadas na biópsia não se enquadram
completamente dentro dos critérios de EHNA propostos por Kleiner
e cols estes a designam como possível EHNA. Enquanto que, para
Bedossa e cols, esta categoria inexiste, e somente admitem o
diagnóstico de EHNA e não-EHNA. Objetivos: Classificar biópsias
hepáticas de pacientes com DHGNA segundo Kleiner e cols e
Bedossa e cols, e a elas também aplicar o escore semi-quantitativo
de atividade da doença (NAS), assim como verificar o índice de
concordância entre os diagnósticos segundo tais classificações.
Material e métodos: Foram classificadas 71 biópsias hepáticas
de pacientes com DHGNA de acordo com Kleiner e cols, (não-EHNA,
possível EHNA e EHNA), Bedossa e cols (não-EHNA e EHNA), além
de se aplicar o escore de atividade da doença (NAS) - esteatose (03), balonização (0-2) e inflamação lobular (0-3), cujo somatório ≥5
(EHNA), 3≤ a <5 (possível EHNA) e <3 (não-EHNA). O índice de
concordância (Kappa), das três categorias (não-EHNA, possível
EHNA e EHNA) foi verificado entre as classificações de Kleiner e o
NAS, enquanto que para todas as classificações a verificação da
concordância se deu entre os diagnósticos de não-EHNA e EHNA.
Resultados: O grau de concordância foi elevado entre as três
classificações para o diagnóstico de não-EHNA e EHNA, evidenciada
pelo índice de kappa igual a 0,964. Também foi evidenciada
concordância entre Kleiner e cols e NAS, inclusive ao analisarmos
o diagnóstico de possível EHNA, com índices de kappa de 0,691
(não-EHNA), 0,505 (possível EHNA) e 0,747 (EHNA). Conclusão:
As três classificações são concordantes ao comparar EHNA e nãoEHNA, permitindo a utilização de qualquer uma delas para o
diagnóstico histológico. Entretanto, a classificação de Bedossa e
cols mostrou-se superior às demais por favorecer a interpretação
dos casos indefinidos (possível EHNA) nas outras classificações
em EHNA e não-EHNA.
TL 105
CITOQUERATINA-18 (CK-18) SÉRICA COMO BIOMARCADOR DE GRAVIDADE NA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA
(NAFLD)
Andreza Correa Teixeira, Alice Chagas Barros, Marie Secaf, Leandra Naira Zambelli Ramalho, Adriana Leonarda Miranda, Marcia Guimarães
Villanova, Sandro da Costa Ferreira, Silvana Gama Florêncio Chachá, Jorge Elias-Junior, Fernanda Aparecida Domenici, Maria José Franco
Brochado, Ana de Lourdes Candolo Martinelli
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
Introdução: A esteato-hepatite não alcoólica (NASH) representa
forma evolutiva da doença hepática gordurosa não alcoólica (NAFLD)
e, a determinação da fibrose hepática na NAFLD tem papel importante
na avaliação prognóstica. Objetivo: Avaliar a associação dos níveis
séricos da citoqueratina-18 (CK-18) com a gravidade da NAFLD.
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
Métodos: Foram estudados 116 pacientes consecutivos, com
diagnóstico de NAFLD comprovado por biópsia hepática, de acordo
com os critérios de Brunt et al, 2011. As características histológicas
foram assim classificadas: esteatose (0-3), inflamação lobular (0-3),
balonização (0-2), inflamação portal (0-2), atividade da NAFLD
51
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
(≤4 e ≥5) e, fibrose (0-4). A dosagem sérica de CK-18 foi realizada
por ensaio imunoenzimático, fazendo-se uso de kit comercial (M30Apoptosense®). O escore de fibrose NAFLD e a razão aspartato
aminotransferase/plaquetas (APRI) também foram avaliados. Vinte e
oito indivíduos saudáveis, da mesma região geográfica, foram incluídos
como controle. Resultados: A idade média foi de 45,6±11,5 anos,
com 58,6% do sexo feminino. Sobrepeso, obesidade, diabetes mellitus
e dislipidemia foram encontrados em 38,4% (43/112), 56,2% (63/112),
44,2% (46/102) e 93,1% (95/102) dos pacientes, respectivamente.
NASH foi diagnosticada em 89,5% (104/116) dos casos. Fibrose leve
(estágios 0-1) foi caracterizada em 37,9% (44/116) e, fibrose grave
(estágios 2-3), em 62,1% (72/116) dos indivíduos com NAFLD. Níveis
séricos de CK-18 foram significativamente mais elevados nos pacientes
com NAFLD quando comparados ao controle (357,30UI/L vs.
207,54UI/L; P=0,0023). Da mesma forma, indivíduos com NASH
apresentaram valores de CK-18 superiores àqueles com esteatose,
sem NASH (366,73UI/L vs. 203,84UI/L; P=0,0274). Pacientes com fibrose
grave apresentaram níveis mais elevados de CK-18 quando comparados
àqueles com fibrose leve (410,98UI/L vs. 276,78UI/L; P=0,0056). O
escore de fibrose NAFLD foi significativamente superior no grupo com
fibrose grave quando comparado à fibrose leve (-1,651 vs. -2,361;
P=0,0360). Não houve diferença entre os dois grupos quando avaliado
o índice APRI (fibrose leve: 0,4 e fibrose grave: 0,6; P=0,1066).
Entretanto, os indivíduos com NASH apresentaram índice APRI significativamente superior quando comparados ao grupo com esteatose, sem
NASH (0,6 vs. 0,3; P=0,0075). Conclusão: Níveis séricos de CK-18
podem contribuir como biomarcador de gravidade na NAFLD. Contudo,
outros estudos são necessários para confirmar esses resultados.
TL 106
HÁ DIFERENÇA DOS ESCORES DE QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE EM PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA B OU C? ESTUDO CASO-CONTROLE
Carolina Lemos Gonçalves, Marina Castro Loures, Luciana Rodrigues da Cunha, Mariana Izabela Fernandes, Rosangela Teixeira, Fernando Silva
Neves, Luciana Diniz Silva
Departamento de Clínica Médica e Ambulatório de Hepatites Virais do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da UFMG
Vários estudos têm demonstrado que a hepatite viral crônica (HV)
interfere na qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) de
pacientes infectados pelos vírus da hepatite B (VHB) ou C (VHC). A
queda da QVRS na hepatite crônica C (HCC) não se associa ao
estágio da doença hepática. No entanto, o efeito da gravidade da
hepatopatia sobre a QVRS é ainda controverso. Dados sobre QVRS
na hepatite crônica B (HCB) ainda são escassos. Objetivo: avaliar
a influência de variáveis na QVRS de pacientes com HCB ou HCC:
grau de comprometimento hepático, comorbidades clínicas, doenças
psiquiátricas e características sociodemográficas. Pacientes e
métodos: Pacientes infectados pelos VHB (n=78) ou VHC (n=78)
foram pareados por sexo e idade com indivíduos assintomáticos
(doadores de sangue, n= 39). Todos os indivíduos foram submetidos
à avaliação psiquiátrica por meio da entrevista estruturada Mini
International Neuropsychiatric Interview e das escalas Hamilton
Depression Rating Scale e Hospital Anxiety and Depression Scale.
Avaliou-se a QVRS por meio do questionário Medical Outomes
Study 36-Item Short-Form Health Survey (SF-36). Informações
pessoais, sóciodemográficas e clínicas foram colhidas e usou-se o
SPSS 17.0 para análise dos dados. Foram criados modelos de
regressão linear para identificar fatores associados à redução dos
escores de QVRS em cada um dos 8 domínios do SF36. No modelo
final, incluíram-se somente variáveis com p<0,05. Resultados:
Características dos pacientes: HCB [média de idade 44,6 ± 10,4
anos; 54,6%, sexo masculino; 9%, cirrose compensada e 11,4%,
transtorno depressivo maior (TDM)]; HCC (média de idade 46,5 ± 8,5
anos; 54,6%, sexo masculino; 17,9%, cirrose compensada e 37,2%,
TDM); indivíduos saudáveis (idade 46,9 ± 5,3 anos; 54,6%, masculino;
e 2,6%, TDM). Redução significativa dos escores dos 8 domínios do
SF36 foi verificada em indivíduos com HV quando comparados aos
controles. Em pacientes HCB, queda da QVRS foi independentemente
associada à cirrose, TDM e idade avançada. Em pacientes com
HCC, TDM associou-se a menores pontuações em 7 domínios do
SF-36. Ainda, pior QVRS foi encontrada em pacientes HCC com
hipertensão arterial sistêmica, cirrose, abuso/dependência de drogas
ilícitas. Conclusões: Vários fatores podem influenciar a QVRS e
devem ser monitorizados no acompanhamento de pacientes com
HV. No cuidado de pacientes com HCB ou HCC, a otimização da
QVRS deve ser considerada como medida terapêutica essencial.
PROEX, PRPq, CAPEs, CNPq
TL 107
REALIABILITY AND VALIDITY OF HEPATIC TRANSIENT ELASTOGRAPHY BY FIBROSCAN® USING PROBES M AND XL IN BRAZIL
PR Abrão Ferreira 1 , H Bonilha 2 , S Tenore 1, R Cortes 3 , RS Diaz 1,3 , C Vilhena 3 , MC Mendes-Correa 4
1
3
2
Division of Infectious Disease - Federal University of São Paulo; Institute of Vaccination and Infectious Disease of Piracicaba;
4
Centro de Genomas Laboratory; Department of Infectious Disease School of Medicine University of São Paulo
Objective: Hepatic transient elastography (FS) is a non invasive
method to evaluate the stage of liver fibrosis. This technic had extense
validation to chronic hepatitis C and had as gold-standard the liver
biopsy. FS was, initially, discribed with M probe, but a significant
number os tests were not valid or not realiable with this device. It was
frequent in patients with higher body mass index (BMI). Recently, the
XL probe shown a higher chance to obtein a realiable test and less
chance to invalid tests. The objective of this study was evalaute
realibility and validity of FS with M and XL probes. Methods: Was
defined as reliable exam by the FS, following the manufacturer
instructions, at least 10 valid mesurements (as data from the
equipment), 60% of valid mesurements, interquartil range(IQR) less
than 30% of valid mesurements mediana. The exams considered
reliable were reclassified as much reliable (IQR<10%), reliable (IQR
52
11-20%) and less reliable (IQR 21-30%). The invalid exam was
determined by the softwear of the equipment. All patients were, initially
submited to the exam with M probe. If this was not reliable or invalid,
the patients were reexamined with XL probe. Results: 175 patients
submited to FS from february 2011 to march 2012 were included in the
analisis, 89 (50,8%) males, with mean age of 55,0 anos (28,0-83,0),
diagnosis of hepatitis C in 154 (88,0%), hepatic steatosis 11 (6,3%),
hepatitis B 7 (4,0%), alcohol 2 (2,1%), hemochromatosis 1 (0,6%).
152 (86,9%) patients were submited to the exam to follow up of
previous biopsy and 23 (13,1%) to initial diagnosis. The mean body
mass index (BMI) was 23,8 kg/m2 (17,5-43,3). The XL probe use was
necessary in 22 cases (14,7%) and the mean exam duration was 3,0
minutes (2-10). Only in two cases (BMI of 37,0 and 38,9) the exam
was invalid (1,1%) and in only 1 (BMI of 30,0), not realible (0,6%).
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
When reclassified the reliable exams the distribuition was: much reliable
39 (22,7%), reliable 98 (57,0%), and les realiable 35 (20,3%). The
stages of fibrosis by FS were: F0 37 (21,5%), F1 33 (19,2%), F2 34
(19,8%), F3 24 (13,7%), F4 44 (25,6%). We grouped patients with
results much realiable and realiable 137 (79,7%) to compare variables
with the group of patients with less realiable tests 35 (20,3%). We
compare between concordants and non concordants: age, gender,
diagnostic, exam indication, BMI, torax circunference, abdome
circunference, wrist circunference, exam duration, type of probe,
grade of realibility, fibrosis stage. Only the duration of exam less then
3 minutes had sattistical significance related to better realiabilidity of
the exam (P=0,029). Conclusion: FS had a low frequency of invalid
or unrealiable exams, when using the M and XL probes sequentialy.
Only the exam duration less then 3 minutes was correlated with more
realiability, probably explained by the easier technical factors are
generate faster exams.
TL 108
ESTUDO RANDOMIZADO, DUPLO-CEGO E PLACEBO-CONTROLADO DA EFICÁCIA DA NITAZOXANIDA EM TERAPIA COMBINADA COM
PEGINTERFERON ALFA-2B E RIBAVIRINA NA HEPATITE C CRÔNICA
Roberto J. Carvalho-Filho, Lívia Z. Trindade, Ana Cristina A. Feldner, Eunice J. S. Nunes, Carolina F. M. G. P. Mota, Andrea N. Dirani, Letícia Y. Carreira, Ivonete
S. S. Silva, Maria Lucia G. Ferraz, Antonio Eduardo B. Silva
Setor de Hepatologia e Laboratório de Hepatologia Molecular Aplicada (LHeMA), Disciplina de Gastroenterologia, Escola Paulista de
Medicina - Universidade Federal de São Paulo
Introdução: A terapia com interferon peguilado e ribavirina
(PEG+RBV) para a hepatite C crônica genótipo 1 (G1) resulta em
resposta virológica sustentada (RVS) em 38-52%. Estudos recentes
sugerem que a adição de nitazoxanida (NTZ) à terapia dupla
resultaria em maior chance de RVS. Objetivos: Avaliar a eficácia e
segurança do uso de NTZ em combinação com PEG+RBV em
portadores de HCV G1, virgens de tratamento. Material e métodos:
Pacientes adultos, virgens de tratamento, com HCV genótipo 1 foram
aleatorizados para um de dois grupos: PLA) Lead-in com placebo
por 4 semanas, seguido de PEG alfa-2b 1,5 mcg/kg/semana + RBV
conforme peso + placebo, por até 48 semanas; ou NTZ) Lead-in
com NTZ 500 mg 8/8h por 4 semanas, seguido de PEG alfa-2b 1,5
mcg/kg/semana + RBV conforme peso + NTZ, por até 48 semanas.
Parâmetros de eficácia (RVS por intenção de tratamento) e
segurança foram avaliados. Resultados: Foram incluídos 49
pacientes, com idade 47 12a, 39% homens e 21% com fibrose F3/
F4. Com relação às características pré-tratamento, não houve
diferença quanto a gênero, idade, etnia, obesidade e prevalência de
F3/4. A carga viral (CV) basal foi mais elevada no grupo NTZ (5,99
0,97 vs. 5,00 1,55; P=0,010), com tendência à maior proporção de
pacientes com CV>600.000 UI/mL (60% VS. 33%; P=0,062). As
taxas de resposta virológica rápida (RVR), resposta virológica
precoce (RVP) foram de 21% e 66%, respectivamente, sem
diferenças entre os grupos. As taxas de RVS foram de 28% no
grupo NTZ e 42% no grupo PLA (P=0,315). As incidências de
depressão, emagrecimento significativo, anemia significativa (Hb <
10 g/dL) e uso de EPO foram semelhantes nos dois grupos. Náuseas
e/ou anorexia foram mais comuns no grupo NTZ (76% vs. 42%;
P=0,015). Dois pacientes (4%) perderam seguimento (1 em cada
grupo) e apenas 3 pacientes (6%) suspenderam a terapia por eventos
adversos (2 no grupo NTZ). Conclusão: A despeito da boa
tolerabilidade, o uso de NTZ associado à terapia com PEG+RBV não
resultou em maior probabilidade de RVS em portadores de HCV
genótipo 1, virgens de tratamento. É possível que a maior proporção
de pacientes com CV elevada no grupo NTZ tenha resultado em
menor taxa de RVS.
TL 109
DEPRESSÃO SE SUPERPÕE AO GRAU DE HEPATOPATIA NA REDUÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES COM HEPATITE
CRÔNICA C
Luciana Diniz Silva, Cláudia Cristina da Cunha, Luciana Rodrigues da Cunha, Renato Ferreira Araújo, Vanessa Martins Barcelos, Fernando
Silva Neves, Rosangela Teixeira, Gifone Aguiar Rocha, Eliane Dias Gontijo
Departamento de Clínica Médica e Ambulatório de Hepatites Virais do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da UFMG
Pacientes com hepatite crônica C tem pior qualidade de vida que
indivíduos acometidos por outras doenças crônicas do fígado. No
entanto, alguns fatores que determinam a qualidade de vida
relacionada à saúde (QVRS) nesses pacientes, tais como o grau de
fibrose hepática, são ainda controversos. Portanto, o objetivo do
presente estudo foi avaliar simultaneamente a influência de variáveis
(grau de comprometimento hepático, comorbidades clínicas, ocorrência de doenças psiquiátricas e características sociodemográficas)
na QVRS de pacientes infectados pelo VHC. Pacientes e
Métodos: 124 pacientes com hepatite crônica C foram incluídos de
forma consecutiva no estudo. Os pacientes foram submetidos à
avaliação psiquiátrica por meio da entrevista estruturada Mini
International Neuropsychiatric Interview e das escalas Hamilton
Depression Rating Scale e Hospital Anxiety and Depression Scale.
Avaliou-se a QVRS por meio do questionário Medical Outomes
Study 36-Item Short-Form Health Survey (SF-36). O diagnóstico e o
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
estadiamento da doença hepática subjacente foram baseados em
parâmetros clínicos, bioquímicos, sorológicos, radiológicos e
histológicos. Análises de regressão linear múltipla foram usadas para
avaliar a associação entre QVRS e as variáveis clínicas, psiquiátricas
e sociodemográficas. Resultados: Redução QVRS foi independentemente associada ao transtorno depressivo maior (TDM), ao abuso/
dependência de álcool atual/prévia e à hipertensão arterial sistêmica,
mas não se associou à cirrose hepática. Conclusões: A influência
negativa do TDM na QVRS de pacientes com hepatite crônica C se
superpõe à gravidade da doença hepática. Esses achados reforçam
a importância do rastreamento de sintomas depressivos nesse grupo
de pacientes. Ainda, baseado no fato da infecção pelo VHC ser
considerada uma doença sistêmica com várias manifestações extrahepáticas, esforços devem ser despendidos no cuidado integradomédico/psiquiátrico/psicológico de pacientes com hepatite crônica C.
PROEX, PRPq, CAPEs, CNPq
53
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
TL 110
ANTI-RODS & RINGS (ANTICORPOS ANTI-IMPDH2): IDENTIFICAÇÃO E RELEVÂNCIA CLÍNICA EM PORTADORES DE HEPATITE C CRÔNICA
Eunice Jadriana Soares Nunes, Gerson Dierley Keppeke, Elze Maria Gomes Oliveira, Sílvia Uehara, Maria Lúcia Gomes Ferraz, Luís Eduardo
Coelho Andrade, Celso Hernandes Granato
UNIFESP
Objetivos: Avaliar a frequência de anticorpos anti-IMPDH2 em
pacientes portadores de hepatite C crônica e identificar possível
associação desses autoanticorpos com variáveis demográficas,
clínicas e padrões de resposta ao tratamento. Pacientes e métodos:
Foram selecionados aleatoriamente 78 pacientes portadores de hepatite
C crônica, submetidos a tratamento com Interferon/Peg-Interferon +
Ribavirina, com monitoramento ambulatorial regular e coletas seriadas
de soro. Foram analisadas variáveis epidemiológicas, aspectos
clínicos, laboratoriais, histológicos e tratamentos realizados. Foram
recuperados soros pré, per e pós-tratamento, que foram submetidos
à análise do FAN em células HEp-2, para observação do padrão RR,
empregando-se kits Euroimmun. Resultados: Dos 78 pacientes
estudados, 50 (64,1%) apresentaram reatividade anti-RR positiva e
28 (35,9%) foram anti-RR negativos. Não houve diferença entre
pacientes RR positivos e negativos quanto ao gênero, via de
transmissão, tempo de infecção, genótipo, carga viral, níveis de ALT,
AST, albumina, globulinas, plaquetas, presença de cirrose e atividade
necroinflamatória significativa. Também não houve relação entre a
positividade do RR com o tipo de tratamento ou padrão de resposta.
Por outro lado, pacientes RR negativos apresentaram significativamente (p=0,004) maior frequência de comorbidades (43%) do que os
pacientes anti-RR positivos (12%). Também foi encontrada correlação
positiva para pacientes RR positivo em relação ao status virgem x retratamento (p=0,001): no baseline o padrão RR é negativo, enquanto
o padrão RR positivo passa a existir e em títulos cada vez mais altos,
de acordo com o maior número de semanas de tratamento (r=0,392;
p<0,001). Conclusões: A frequência de anticorpos anti-RR foi elevada
entre pacientes tratados com Interferon/Peg-Interferon + Ribavirina e
não houve relação entre a positividade desses anticorpos e variáveis
demográficas, clínicas ou resposta ao tratamento. Esses anticorpos
são claramente induzidos pelo tratamento, uma vez que são negativos
no baseline, e tornam-se mais frequentes e com títulos mais elevados,
quanto mais longa é a exposição ao esquema terapêutico. A prevalência
de comorbidades foi menor nos pacientes com anti-RR, talvez porque
seja necessário um sistema imune mais "saudável" para o desenvolvimento dos autoanticorpos durante a terapia para hepatite C.
TL 111
IMPACTO DA BIÓPSIA HEPÁTICA (BH) NO SEGUIMENTO DA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA (DHGNA)
Natalia Lanzellotti Babo, Cristiane Alves Villela Nogueira, Claudia Regina Lopes Cardoso, Gil da Costa Mendes de Salles, Ana Carolina Ferreira
Netto Cardoso, Lorraine Constant, Henrique Sérgio Moraes Coelho, Nathalie Carvalho Leite
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - UFRJ
Introdução: A biópsia hepática é importante para o diagnóstico e
determinação do prognóstico da DHGNA. Entretanto, não está
estabelecido o impacto da análise histológica na adesão dos pacientes
às mudanças de estilo de vida e controle de parâmetros metabólicos.
Objetivos: Determinar a frequência do início e manutenção de atividade
física, controle de parâmetros metabólicos e redução ou normalização
de enzimas hepáticas em pacientes com e sem BH e, com e sem
esteatohepatite (EH). Material e métodos: Foram incluídos
pacientes com US revelando fígado hiperecogênico e redução da
atenuação do feixe sonoro compatível com infiltração gordurosa e
pelo menos mais um dos seguintes critérios: Diabetes mellitus; elevação
de ALT e/ou AST; AST/ALT maior que 1. Para o diagnóstico e
estadiamento da DHGNA foi utilizada a classificação proposta por
Brunt (1999). Foram excluídos pacientes com infecção por HBV, HCV,
HIV e ingestão alcoólica ≥ 20 g/dia. Resultados: Foram avaliados
309 pacientes com DHGNA, sendo 209 (68%) do sexo feminino, com
média de idade de 59+9 (28-80) anos. Dentre os 309 pacientes,
277(90%) tinham diagnóstico de diabetes, 59 (19%) apresentavam
ALT e/ou AST elevadas e 25(8%) apresentavam relação AST/ALT
54
superior a 1. Nessa amostra, 114 pacientes (37%) foram submetidos
à BH e, entre esses, 93 (82%) tinham EH. Os pacientes com BH
usavam com maior frequência metformina (89% vs.78%;p=0,02),
enquanto aqueles sem BH utilizavam mais insulina (45% vs.32%;
p=0,03). Atividade física regular (43% vs. 21%;p<0,001) e elevação
do HDL colesterol (68% vs. 54%;p=0,01) foram mais frequentes no
grupo de pacientes com BH. Por outro lado, não houve diferença
significativa na redução de peso e na redução ou normalização de
ALT e/ou AST em pacientes com e sem BH. Foi encontrada maior
redução dos níveis de GamaGT (25%vs.15%;p=0,04) nos pacientes
com BH. Não houve diferença na frequência do início e manutenção
de atividade física, do controle de parâmetros metabólicos e da
redução de enzimas hepáticas nos pacientes com e sem EH à BH.
Conclusão: A comprovação histológica da presença de DHGNA pode
contribuir para a maior adesão dos pacientes às mudanças de estilo
de vida, propiciciando um perfil lipídico mais favorável. É importante
ressaltar que o benefício não se traduziu em redução de peso ou
normalização de aminotransferases, importantes parâmetros de
acompanhamento da resposta terapêutica.
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
Trabalhos selecionados em formato de Pôster
TL 112
REAVALIAÇÃO LABORATORIAL DA INFECÇÃO PELO VÍRUS DA
HEPATITE C EM DIALISADOS ATENDIDOS NO PERÍODO DE 19901993, BELÉM, PARÁ, BRASIL
Heloisa Marceliano Nunes, Kássia do Socorro Moraes Baia, Manoel do
Carmo Pereira Soares, Silvana Conceição Campos da Silva, Andreza
Pinheiro Malheiros, Olglaíze do Socorro da Costa Souza, Ana Maria Borges
Instituto Evandro Chagas
Introdução: a hepatite C é importante causa de morbidade e
mortalidade mundial. Vários métodos foram desenvolvidos para a
detecção do vírus da hepatite C (VHC), como o imunoenzimático
(ELISA) e os métodos de quantificação e caracterização do ácido
ribonucléico do VHC (VHC-RNA) e de pesquisa do antígeno do core
e de anticorpos do VHC (Ag-Ab VHC). Objetivo: descrever aspectos
do diagnóstico laboratorial sorológico e molecular da infecção pelo
VHC, em pacientes submetidos a tratamento de diálise, em uma clínica
do município de Belém, Pará, Brasil, entre 1990 e 1993. Material e
Métodos: reavaliação sorológica das amostras de pacientes
dialisados, para detecção da infecção do VHC, por técnica
imunoenzimática. Entre os anti-VHC+ detectados, foram pesquisados
o Ag-Ab VHC e o VHC-RNA por técnica molecular de RT-PCR. Para
genotipagem do VHC foi utilizado a hibridação reversa. O projeto teve
aprovação de Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE Nº. 0012.0.072.00011). Resultados: foram incluídos no estudo 115 amostras de soro,
observando uma frequência de 53% para indivíduos do gênero
masculino. Em 49,5% dos pacientes foi possível determinar a idade
na primeira coleta de sangue. A análise sorológica das amostras, pelo
método de ELISA de 2ª e 3ª geração, demonstrou equiparação de
resultados com 62,6% para o anti-VHC+. A análise das primeiras
amostras coletadas de cada paciente mostrou prevalência de 16,5%
de anti-VHC+, entre as quais 4,3% apresentavam replicação viral
ativa (PCR VHC-RNA+). Detectou-se alta prevalência de
soroconversão em 55,2% dos dialisados. O grupo com anti-VHC, AgAb VHC e PCR VHC-RNA positivo foi o mais prevalente com 41,7%.
Em relação aos pacientes anti-VHC negativo, foi possível verificar
replicação viral com PCR VHC-RNA positivo em 22,7%. O genótipo 1
foi o mais prevalente em 73% das amostras. Conclusão: no momento
em que se introduzia a triagem laboratorial para VHC, na aludida
clínica, foi possível observar, alta prevalência de infecção pelo VHC
entre os pacientes em tratamento dialítico; altos índices de
soroconversão sugerindo a ocorrência de transmissão durante a
diálise; equiparação entre resultados sorológicos encontrados,
utilizando os métodos de ELISA de 2ª geração e de 3ª geração;
presença de replicação viral entre os pacientes anti-VHC negativos e
maior prevalência do genótipo 1 do VHC, entre os dialisados. A
pesquisa do Ag-Ab VHC não contribuiu como forma de melhorar a
sensibilidade geral dos testes sorológicos frente aos infectados.
TL 113
PREVALÊNCIA DE HEPATITE B EM CAMINHONEIROS EM TRÂNSITO
PELO VALE DO AÇO, MINAS GERAIS
Luís Paulo Elizeu Lima, Cristiane Alvim Carvalho Manso, Mariana Jordão
Barreto, Lidiane Silva Carvalho, Rafael Pereira Tigre de Oliveira, Felipe
Augusto Almeida Côrtes, Leonardo Ennes Carrilho, Patrícia Gonçalves
da Motta, Éric Bassetti Soares
IMES
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
Introdução e Objetivos: O vírus da hepatite B (HBV) é transmitido
por transfusão sanguínea, hemoderivados, compartilhamento de
agulhas, relação sexual desprotegida e via transplacentária;
considerado a principal causa de cirrose e carcinoma hepatocelular.
Há poucos estudos sobre a hepatite B em caminhoneiros, uma
população em constante deslocamento e elevada chance de
comportamentos de risco para infecção pelo HBV. Objetivamos
verificar a prevalência de hepatite B em caminhoneiros na região do
Vale do Aço e identificar fatores de risco aos quais estão expostos.
Material eMétodos: Pesquisa de campo, transversal e descritiva,
aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unileste – MG, n°
53.297.12. Aplicamos questionários e realizamos pesquisa de HBsAg
em 200 caminhoneiros. O questionário avaliou aspectos do trabalho,
estado de origem, drogas ilícitas, parceiras ocasionais, uso de
preservativo, bebidas alcoólicas, drogas, hepatite prévia, imunização,
hemotransfusão anterior a 1994, dentre outros. Foram distribuídos
folhetos com orientações e material informativo; os testes positivos
foram encaminhados para confirmação diagnóstica. Dados avaliados
pelo programa EPI INFO 6.04d (CDC 2001). Variáveis quantitativas
comparadas pelo “Teste t de Student” e categóricas pelo “Teste de
Fisher”. Resultados: A prevalência foi de 3,5%(7/200), com média
de idade (51,1 anos) superior no grupo com teste positivo e 41,5 no
negativo (p=0,02); hemotransfusão anterior a 1994 foi mais frequente
(28,6%) no grupo positivo que no negativo (2,6%) (p=0,02), assim
como a média de tempo de trabalho: 23,0 anos no positivo e 15,5
(p=0,06) no grupo negativo; imunização contra HBV: 18,6% vacinados
no grupo negativo e nenhum do positivo. Consumo de álcool, cirurgia
prévia, estado civil, uso de preservativos, história de hepatite prévia,
tatuagem, acupuntura e drogas ilícitas: sem diferença significativa
entre os grupos. Conclusão: Caminhoneiros são considerados grupo
vulnerável para contrair o HBV por passarem longos períodos fora
de casa, favorecendo comportamentos de risco. O estudo mostrou
maior prevalência em faixa etária superior e nos submetidos a
hemotransfusão < 1994. Evidenciamos uma tendência a progressiva
redução da prevalência e incidência do HBV em caminhoneiros, devido
ao menor número de casos positivos nos sujeitos mais novos,
provavelmente pelo aumento da cobertura vacinal e à triagem nos
bancos de sangue a partir de 1994.
TL 114
PREVALÊNCIA DE IMUNIDADE CONTRA HEPATITE B EM MÉDICOS
RESIDENTES DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE)
Patrícia Travassos Karam de Arruda, Norma Arteiro Filgueira
Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco
Introdução e Objetivos: A hepatite B é considerada mundialmente
um importante problema de saúde pública, por ser uma das principais
causas de cirrose hepática e carcinoma hepatocelular. Dentre as
populações sob risco para a aquisição da doença, destaca-se o
grupo de profissionais de saúde. Após acidente ocupacional
envolvendo material biológico, o risco de transmissão do HBV pode
chegar a 40%, a depender do tipo de marcador viral presente e da
situação vacinal do profissional que sofreu o acidente. Considerada
segura, a vacinação em três doses tem eficácia superior a 90%.
Entretanto, apesar de todas as recomendações e da ampla
disponibilidade da vacina nos serviços públicos brasileiros, diversos
autores já demonstraram que um número significativo de profissionais
55
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
de saúde não é vacinado adequadamente. Este trabalho tem como
objetivos determinar a prevalência de imunidade contra a hepatite B
entre os médicos residentes do Hospital das Clínicas da UFPE;
descrever sua situação vacinal; avaliar a proporção de indivíduos
que checou a soroconversão após o término do esquema e mensurar
a frequência de antecedente de acidente ocupacional. Material e
métodos: Os participantes responderam um questionário e
forneceram uma amostra de sangue para a quantificação dos títulos
de anti-HBs através do método de quimioluminescência. Valores acima
de 10mUI/ml foram considerados protetores. Resultados: Participaram
da pesquisa 45 médicos residentes, sendo 56% do gênero feminino,
com idade média de 27 anos. Destes, 93,3% (n=43) receberam as
três doses preconizadas pelo esquema vacinal, mas apenas 82,2%
(n=37) apresentavam imunidade contra a hepatite B. Vinte
participantes (44,4%) checaram se houve soroconversão após a
imunização. 51% (n=23) dos médicos residentes já haviam sofrido
acidentes ocupacionais com exposição a material biológico, sendo
na maioria dos casos do tipo pérfuro-cortante (57%, n=13).
Conclusão: Apesar de todas as evidências sobre a importância da
vacinação contra Hepatite B, um percentual significativo dos médicos
residentes não apresentava títulos protetores de anti-HBs. Este achado
mostra que é essencial que as instituições de ensino e os serviços
de saúde realizem campanhas de conscientização sobre os riscos
de acidentes com material biológico e as medidas profiláticas, mormente
a necessidade de realizar imunização contra o HBV e a posterior
quantificação dos títulos de anti-HBs.
TL 115
ACHADOS ANATOMOPATOLÓGICOS EM FÍGADO DE PACIENTES
OBESOS MÓRBIDOS, SUBMETIDOS À CIRURGIA BARIÁTRICA, EM
UM CENTRO DE REFERÊNCIA
Alexandre Losekann, Antonio Carlos Weston, Luis Alberto de Carli, Marilia
Bittencourt Espindola, Sergio Ricardo Pioner, Gabriela Perdomo Coral
Hospital Santa Casa de Porto Alegre
Introdução: a doença hepática gordurosa não alcoólica engloba
um espectro de alterações histopatológicas que abrangem desde
a esteatose simples (ES) até a esteato-hepatite não alcoólica
(EHNA). Trabalhos sugerem que depósitos de ferro (Fe) no fígado
estão envolvidos na fisiopatologia da EHNA. Objetivo: determinar
a prevalência de ES e de EHNA nos pacientes com obesidade
mórbida, submetidos à cirurgia bariátrica e estabelecer uma
correlação dos achados anatomopatológicos com a presença de
fibrose hepática. Método: foram analisadas 250 biópsias hepáticas
realizadas no transoperatório das cirurgias. Resultados: a
esteatose esteve presente em 226 (90,4%) das amostras, sendo,
76 (30,4%) classificadas como leves; 71 (28,4%), como moderadas
e 79 (31,6%) como intensas. A EHNA foi diagnosticada em 176
(70,4%) casos, nos quais, 120 (48,4%) eram de grau leve; 50
(20%) moderado, e 6 (2,4%) intenso. A fibrose foi referida em 108
(43,2%) biópsias, das quais 95 (38%) eram leves; 2 (0,8%),
moderadas; 7 intensas (2,8%) e, em 4 (1,6%) casos, foi
diagnosticado cirrose. Observou-se uma correlação entre o grau
de esteatose e o nível de atividade inflamatória (rs=0,460; p <
0,001) e entre o grau dessa atividade com o de fibrose (rs=0,583;
p < 0,001). Apenas 13 (5,2%) amostras apresentaram depósitos
de Fe. Conclusão: existe uma prevalência elevada de EHNA nesses
pacientes e uma correlação positiva dos graus de EHNA com a
intensidade da fibrose. A baixa prevalência de depósitos de Fe
encontrada torna questionável que a presença deste íon tenha
alguma participação na fisiopatogenia da DHGNA.
56
TL 116
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL BIOQUÍMICA DE PACIENTES
PORTADORES DE CIRROSE COM CARCINOMA HEPATOCELULAR
Gabriela Zanatta Port, Kalinca Oliveira, Jonathan Soldera, Cristiane
Valle Tovo
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
Contexto - Os pacientes cirróticos portadores de carcinoma
hepatocelular (CHC) apresentam alterações nutricionais e desordens
metabólicas, com impacto negativo sobre o prognóstico. Objetivo observar a presença de alterações do metabolismo dos macro e
micronutrientes entre os pacientes cirróticos com e sem CHC e sua
relação com o escore CTP e estadiamento BCLC. Métodos - estudo
transversal analítico, onde foram avaliados 31 pacientes no grupo CHC
e 48 no grupo CI. Foram realizados exames laboratoriais: glicose,
colesterol total, colesterol HDL, triglicerídeos, albumina, creatinina, ácido
úrico, saturação de transferrina, ferro, ferritina, hematócrito, hemoglobina, cobre, zinco, magnésio, vitamina B12, ácido fólico. Avaliou-se
a existência de associação entre os parâmetros bioquímicos e a
gravidade da doença, bem como presença de CHC. Resultados - O
perfil metabólico-nutricional de pacientes portadores de cirrose pelo
vírus da hepatite C e carcinoma hepatocelular apresenta-se alterado
em relação ao perfil lipídico (colesterol total, HDL e triglicerídeos), proteico
(albumina, creatinina e ácido úrico), ferro (saturação da transferrina,
ferro e ferritina), hematócrito e hemoglobina, zinco e vitamina B12. O
diagnóstico de CHC foi relacionado com piores resultados de colesterol
HDL, hematócrito e aumento nos níveis séricos de ferro e ferritina.
Houve correlação entre marcadores bioquímicos nutricionais e a classificação de CTP, bem como com o estadiamento BCLC. Conclusões Considerando a existência de alterações no metabolismo dos macro e
micronutrientes nos pacientes cirróticos com e sem CHC e sua relação
com o prognóstico das doenças e que os métodos convencionais de
avaliação nutricional apresentam limitações para esta população, os
exames laboratoriais bioquímicos são válidos para complementar o
diagnóstico do estado nutricional de maneira rápida e prática.
TL 117
UTILIDADE DE UM NOVO ÍNDICE PROGNÓSTICO EM PACIENTES
COM HEPATITE ALCÓLICA
Roberta Chaves Araújo, Tiago Sevá Pereira Jazon Romilson de Souza
Almeida, Giane Vieria Castilho, Letícia Stahelin, Lívia dos Reis Pandolfi,
Cecília Queiroz Silva
Hospital de Clínicas - Disciplina de Gastroenterologia do Departamento
de Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas - UNICAMP
Objetivo: Avaliar a importância do índice age-bilirrubin-INR-creatinine
(ABIC) como fator prognóstico na hepatite alcoólica e sua correlação
com as complicações dessa doença, com o risco de óbito e com os
escores model for end stage liver disease (MELD) e Função
Discriminante de Maddrey. Métodos: Um total de 46 prontuários de
pacientes internados por hepatite alcoólica no período de 2004 a
2012 foram avaliados de forma retrospectiva. Foi realizado
levantamento de exames laboratoriais do primeiro dia de internação e
7 dias após, além de cálculo dos escores estudados. Resultados:
Os índices ABIC, Maddrey e Meld apresentaram correlação positiva
entre si e associaram-se à encefalopatia hepática e à ascite (p<0,05).
O índice ABIC, classificado de alto risco, foi fator de risco para essas
complicações e para óbito. Em análise de regressão logística univariada
para óbito, a razão de risco do ABIC de entrada no hospital foi de
19,27 (p=0,012) e após 7 dias de 41,29 (p=0,002). A sobrevida
acumulada daqueles com ABIC de alto risco foi de 93,3% em 7 dias e
de apenas 26,9% em 60 dias. Conclusão: O índice prognóstico ABIC
é fator de predição para complicações como ascite e encefalopatia
hepática, assim como para risco de óbito, sendo ferramenta útil na
prática clínica.
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
TL 118
ALTERAÇÕES CARDÍACAS NA CIRROSE HEPÁTICA: RELACÃO
COM A GRAVIDADE ATRAVÉS DO ESCORE MELD
Victor San Martin Carvalho Corrêa, Jazon Romilson de Souza Almeida,
Elza Cotrim Soares, Osvaldo Massayoshi Ueti
Universidade Estadual de Campinas
Introdução: Pouco se sabe ou se discute a respeito de complicações
cardíacas secundárias à cirrose hepática (CH). Durante algum tempo
as alterações cardiovasculares na CH alcoólica foram atribuídas
apenas à toxicidade do etanol. Recentemente pesquisas têm
demonstrado que independentemente da etiologia da CH ocorrem
alterações anatômicas e fisiológicas do coração; essa disfunção foi
denominada cardiomiopatia cirrótica (CmC). Justificativa: Pouco se
sabe ainda sobre a prevalência, relevância clínica e possibilidade de
tratamento da CmC. Dentro desse contexto é clara a necessidade de
novas pesquisas, tanto para acrescentar dados ao conhecimento
atual, quanto para se avaliar essa doença no cenário brasileiro.
Objetivo: Pesquisar alterações cardíacas em pacientes com CH
candidatos a transplante hepático do Gastrocentro HC-UNICAMP.
Método: Estudo retrospectivo transversal. A coleta de dados foi feita
a partir do prontuário dos pacientes com diagnóstico de CH candidatos
a transplante hepático. Os dados pesquisados foram: nome, idade,
sexo, etiologia, escore Child-Turcotte-Pugh, escore MELD, presença
e grau de ascite e laudos da avaliação cardiológica, que foi feita a
partir de três exames: ecocardiograma transtorácico Doppler,
eletrocardiograma de repouso e radiografia de tórax. Resultados:
Não houve relação entre alteração cardíaca e a etiologia da cirrose
ou ascite. As alterações cardíacas mostraram-se significativamente
associadas ao escore MELD (p=0,004), e pacientes com MELD?13
apresentaram 2.9 vezes mais risco de alteração (p<0,001). Não foi
observado alterações na radiografia de tórax ou eletrocardiograma
de repouso. O escore MELD e MELD?13 foram associados a alterações
no ecocardiograma (p=0,002 e p<0,001 respectivamente), sendo as
alterações mais importantes o aumento do átrio esquerdo e do diâmetro
diastólico do ventrículo esquerdo. Conclusão: Pacientes cirróticos,
independentemente da etiologia, apresentam alterações cardíacas,
que foram associadas significativamente com a gravidade da cirrose
através do escore MELD, e principalmente com o escore MELD ? 13,
o que serve de alerta para uma avaliação cardiológica criteriosa nos
pacientes cirróticos em estágios avançados, em especial na avaliação
pré-operatória.
TL 119
EFEITO DA DIETA HIPERPROTEICA NO PERFIL HEPÁTICO,
LIPÍDICO E GLICÍDICO DE PACIENTES COM DOENÇA HEPÁTICA
GORDUROSA NÃO ALCÓOLICA (DHGNA)
Claudia Pinto Marques Souza de Oliveira, Sebastião Mauro Bezerra
Duarte, Jose Tadeu Stefano, Maria Beatriz Sobral de Oliveira, Daniel
Ferraz de Campos Mazo, Fabiola Rabelo, Denise Vanni, Monize Aydar
Nogueira, Joel Faintuch, Flair José Carrilho
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: Restrição calórica e perda de peso são as principais
diretrizes no tratamento da doença hepática gordurosa não alcoólica
(DHGNA). Respostas insatisfatórias são relatadas na ausência de
perda peso. Com o objetivo de investigar tal questão, um estudo de
intervenção clínica preliminar utilizando dieta hipocalórica e
hiperproteica foi realizado. Métodos: 73 pacientes com diagnóstico
de DHGNA (idade 58,8 ± 10,9 anos, 85,42% do sexo feminino, IMC
31,8 ± 4.7kg/m2) foram incluídos no estudo e submetidos a uma dieta
hipocalórica e de alto teor proteico durante 75 dias. Variáveis
antropométricas [IMC e circunferência abdominal (CA)], bioimpedância
corporal e segmentar, e testes bioquímicos foram realizados antes e
após a intervenção nutricional. A composição da dieta consistiu em
25% gorduras (7% saturadas, 10% mono e 8% poliinsaturadas),
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
35% proteínas (vegetal e animal) e 45% carboidratos para ambos os
sexos, diferenciando apenas as calorias (1200 kcal/ mulheres e 1400
kcal/ homens). A adesão à dieta e a veracidade das informações
foram avaliadas por meio de recordatório alimentar de 24hs e
questionário de frequência alimentar durante entrevistas mensais.
Resultados: 48 (65.8%) pacientes finalizaram o estudo. Diabetes
mellitus tipo II estava presente em 52,8%, 79,2% apresentaram
dislipidemia e 66,7% sofriam de hipertensão arterial. Após o período
de intervenção o IMC, a CA e a massa de gordura corporal diminuíram
1,3%, 1,8% e 2,5% respectivamente, mas sem significância estatística.
Por outro lado, melhora significativa após 75 dias de intervenção foi
confirmada para todas as frações lipídicas (HDL, LDL, VLDL e
triglicérides), perfil glicídico (glicemia de jejum e hemoglobina glicada)
e enzimas hepáticas (ALT, GGT e FA) (p< 0,05), exceto para AST.
Contudo, quando os pacientes foram estratificados de acordo com o
aumento (22/ 48, 45,8%) e diminuição (21/ 48, 43,8%) do IMC, a AST
reduziu de forma coincidente com a perda de peso ou redução de
gordura corpórea. Conclusão: Este é o primeiro estudo que demonstra
o impacto benéfico da dieta hiperproteica por período curto, no
tratamento da DHGNA. Benefício para as enzimas hepáticas, perfil
glicídico e lipídico pôde ser demonstrado. Embora algum impacto na
diminuição do IMC não possa ser desvinculado de certas enzimas, há
razões para acreditarmos que a composição da dieta foi o fator de
maior influência nesta investigação. Ensaios clínicos randomizados
com longo prazo de seguimento, incluindo avaliação da histologia
hepática, devem fornecer mais detalhes sobre os mecanismos
fisiopatológicos, bem como, as implicações prognósticas de tal
abordagem.
Palavras-Chave: DHGNA, dieta hiperproteica, dieta hipocalórica,
antropometria, enzimas hepáticas, lipoproteínas, perda de peso,
gordura corporal.
TL 120
DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO-ALCOÓLICA: AVALIAÇÃO
DA RESPOSTA AO ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL EM 24
MESES
Tâmara Oliveira dos Reis, Silvia M F Costa, Maria Luiza P Lima, Maria
Arlene Fausto, Ana Cristina L Albricker, Geyza Armiliato, Clara G
Camelo, Lucas P Horta, Teresa Cristina A Ferrari, Claudia A Couto
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais
Objetivos: Determinar a proporção dos pacientes que obteve perda
de peso ?5% e avaliar a resposta ao aconselhamento nutricional por
meio da determinação de parâmetros antropométricos e bioquímicos.
Métodos: coorte prospectiva que incluiu todos os pacientes com
doença hepática gordurosa não-alcoólica (DHGNA) atendidos em
ambulatório de referência de Minas Gerais. Após avaliação clínicolaboratorial, os pacientes receberam orientação de dieta hipocalórica
individualizada (1400 kcal/d/mulher e 1600 kcal/d/homem)
acompanhados a cada três meses por 24 meses. Considerou-se
resposta terapêutica, perda de peso ?5% do peso corporal inicial ao
término do seguimento. Resultados: dos 105 pacientes incluídos
inicialmente, 45 (42,9%) não retornaram após a primeira avaliação. A
não ser pela proporção de hipertensos que foi maior no grupo que
permaneceu no estudo (63,6% vs 36,4% p = 0,02), não foram
observadas outras diferenças nos parâmetros clínicos e laboratoriais
entre esses dois grupos. Dos 60 indivíduos que retornaram para
tratamento 49 (81,7%) eram mulheres e 11 (18,1%) homens. A idade
média foi 55± 9,0 anos, tempo mediano de acompanhamento foi 6,5
meses (range 3,2-26,9 meses) e o número mediano de consultas foi
três (range 2-11). A mediana do IMC foi 31,9 kg/m2 (range 23,8-44,9
kg/m2). Tiveram indicação para realização da biopsia hepática, 22
pacientes. A proporção de pacientes que alcançaram perda de peso
>5% ao longo do tempo foi à seguinte: aos seis meses de seguimento,
cinco dos 20 pacientes acompanhados; aos 12 meses, três de 15
pacientes; aos 18 meses, três de 12 pacientes; e ao término do
seguimento, quatro dos 13 indivíduos em acompanhamento. A redução
57
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
média do peso corporal e do índice de massa corporal aos seis, 12,
18 e 24 meses foram, respectivamente: 2,5 kg, 1,5 kg, 2 kg e 1,6 kg e
1.04kg/m2, 0.66kg/m2, 0.83kg/m2 e 0.69kg/m2, sendo esses valores
significativos em relação ao peso inicial. Síndrome metabólica e
hipercolesterolemia foram mais freqüentes no gênero feminino tanto
no início como no final do estudo. Conclusão: Diante da abordagem
nutricional proposta apenas uma pequena proporção de pacientes
alcançou a perda de peso objetivada e esta não foi acompanhada de
melhora nos parâmetros bioquímicos, independentemente do tempo
de seguimento. Observado ainda em nosso estudo e em outros centros
referências de tratamento, que a modificação do estilo de vida é de
difícil adesão dos pacientes, principalmente quando se considera
que a intervenção deve ser mantida por longo prazo. Embora exista
a recomendação da perda ponderal para melhora da doença,
entretanto, não está clara qual recomendação calórica final e
estratégias para aperfeiçoar a adesão para essa população. Portanto,
é necessária a investigação de alternativas que aumentem a adesão
às mudanças do estilo de vida deste grupo de indivíduos
Palavras-chaves: Doença hepática gordurosa não-alcoólica,
esteatose hepática, estilo de vida, terapia comportamental, dieta
hipocalórica, obesidade
TL 121
HEPATITE C RECIDIVANTE COM RESPOSTA VIRAL SUSTENTADA
(RVS) AO USO DE INTERFERON PEGUILADO, RIBAVIRINA E
NITAZOXANIDA
Gustavo de Almeida Vieira, Geisa Perez Medina Gomide
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Introdução: O tratamento da Hepatite C tem como alvo a RVS. O uso
de Interferon Peguilado (PEG) e Ribavirina (Riba) por 48 semanas
leva a RVS em 38-52% dos portadores do genótipo 1, sendo pior nos
homens negros, com alta carga viral e subtipo 1a. As novas drogas
desenvolvidas aumentam a RVS e os eventos adversos. A
Nitazoxanida, nitrotiazólico antiparasitário, demonstrou atividade
antiviral e vem sendo testada contra o HCV. Age inibindo a tradução
de proteínas virais pela fosforilação da proteinoquinase sRNAdependente e é indutor do Interferon. Em combinação com PEG-Riba
é mais efetiva nos genótipos 4 e 1. Objetivo: Relatar um caso de
HCV não respondedor a PEG-Riba, com RVS após 48 semanas com
Pegasys®, Riba e Nitazoxanida (Annita®). Materiais e Métodos:
Revisão de prontuário médico e revisão bibliográfica cientifica. Relato
de Caso:Homem branco, nascido em 1950, diabético, em uso de
Glimepil®, 84kg, obesidade abdominal. Chegou ao serviço em 2004
com Hepatite C desde 2001. Havia usado Interferon e Riba por 48
semanas, sem RVS. Exames prévios ao tratamento: Genótipo 1a,
METAVIR A2F3, RNA 515.325UI. Em 2004 RNA 332.250UI, ALT 151,
US: normal. Iniciados Pegasys® e Riba 1250 mg/dia por 48 semanas.
Semanas 12 e 30 RNA indetectável. 48ª semana 173.000UI. Substituiu
Glimepil® por Metformina. Em 2008 RNA 1.273.361UI, ALT 26. Em
Outubro/2008 iniciados Riba 15 mg/kg/dia e Pegasys® por 72 semanas.
4ª semana RNA detectável. Semanas 12, 30, 48 e 72 RNA indetectável.
US na 48ª semana: esteatose e hepatopatia crônica. Iniciou Lipidil®.
28 semanas após término RNA 6.754.744UI. Em Março/2011 iniciados
Pegasys®, Riba 1250mg/dia e Annita® 1g/dia por 48 semanas.
Semanas 12, 24 e 48 RNA indetectável. 24 e 48 semanas após término
RNA indetectável (RVS). Poucos e leves efeitos adversos. US atual:
esteatose, hepatopatia crônica; veia porta: calibre aumentado; fluxo
hepatopetal ondulante; sem circulação colateral. Conclusão: A
Hepatite C é grande batalha da saúde pública e inúmeras drogas têm
sido desenvolvidas, incluindo-se inibidores de protease (IP), que
passaram a integrar o Protocolo Clínico Brasileiro em 2013. Apesar
das parasitoses serem o alvo inicial dos tiazólicos, eles vem sendo
pesquisados no tratamento de alguns vírus com resposta satisfatória
e, muitas vezes, com menos efeitos colaterais que os IP.
58
TL 122
POLIMORFISMO DO GENE DA INTERLEUCINA-28B EM PACIENTES
PORTADORES CRÔNICOS DO VÍRUS DA HEPATITE C, NA
AMAZÔNIA ORIENTAL
Simone R.S.S. Conde, Nathália K.F. Filgueiras, Julius C.M.S.Monteiro,
Bruna T.S. Santos, Pedro A.A. Lins, Sâmia Demachki, Marialva
T.F.Araújo, Antônio C.R. Vallinoto
Universidade Federal do Pará
Introdução: A hepatite crônica pelo vírus da Hepatite C (VHC)
acomete cerca de 170 milhões de pessoas no mundo e atuação de
elementos pró-inflamatórios como a Interleucina-28B (IL-28B) podem
estar relacionados com a resolução da infecção. Alguns de seus
polimorfismos de nucleotídeo único (SNP), como rs12979860 e
rs8099917, têm sido associados a maiores taxas de resposta
virológica sustentada após terapêutica específica, embora, as
frequência alélicas e genotípicas variem de acordo com a composição
étnica da população estudada. Objetivos: Este estudo visou
descrever a epidemiologia molecular dos polimorfismos do gene da
IL-28B em pacientes cronicamente infectados pelo VHC. Avaliaramse 75 pacientes atendidos em um ambulatório de ensino e 98 indivíduos
saudáveis (grupo controle). Avaliaram-se variáveis demográficas,
clínicas, histopatológicas, bioquímicas, hematológicas e virológicas.
Realizou-se genotipagem do rs12979860 e rs8099917 através de
reação em cadeia da polimerase em tempo real com kits específicos.
Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados:
verificou-se no grupo infectado maioria do sexo masculino (54,7%),
mediana da idade de 52 anos e hepatite crônica sem cirrose (76%).
Para o rs12979860 houve tendência (P=0,0813) a maior frequência
do alelo T entre os casos (51,3%) versus controles (41,3%), não
visualizada para os genótipos (Casos: CC=24%, CT=49,3%,
TT=26,7%; Controle: CC=36,7%, CT=48%, TT=17,3%; p=0,1865).
Enquanto para o rs8099917, aferiu-se proporção significativamente
maior (p=0,0195) do alelo G no grupo VHC (36,7%) em relação ao
controle (24,5%) (OR=1,79; IC 95%=1,12-2,84) e tendência (p=0,0600)
de diferença na proporção dos genótipos (Casos: GG=14,7%,
GT=44,0%, TT=41,3%; Controle: GG=7,1%, GT=34,7%, TT=58,2%).
Conclusão: observou-se que os casos apresentaram maior proporção
do alelo G do rs8099917 (cerca de 1,8 vezes mais frequente), além de
tendência de maior frequência do genótipo GG (rs8099917) e do alelo
T do rs12979860, ambos em relação ao grupo controle.
TL 123
AVALIAÇÃO DA FRUTOSE-1,6-BISFOSFATO SOBRE O ESTADO DE
ATIVAÇÃO DE CÉLULAS ESTRELADAS HEPÁTICAS
Fernanda Cristina de Mesquita, Shanna Bitencourt, Eduardo Caberlon,
Gabriela V. da Silva, Bruno S. Basso, Julia Schmid, Gabriela A. Ferreira,
Jarbas R. de Oliveira
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
A fibrose hepática é a resposta cicatricial a lesões continuadas,
caracterizada pelo rompimento da arquitetura hepática associada ao
aumento da expressão dos componentes da matriz extracelular. As
células estreladas hepáticas (HSC) desempenham um papel
fundamental no processo de fibrogênese. No fígado normal, as HSC
encontram-se em sua forma quiescente de depósito de vitamina A.
Durante a lesão hepática, essas células passam por uma ativação
fenotípica, tornam-se miofibroblastos e adquirem propriedades
fibrogênicas. A ativação de PPAR? (receptor ativado por proliferador
de peroxissomo Gama) e a inibição de moléculas fibrogênicas são
possíveis estratégias para estes fins. Estudos prévios relataram a
propriedade anti-inflamatória da frutose-1,6-bisfosfato (FBP). Sabendo
que o processo de fibrose hepática envolve mediadores inflamatórios
como citocinas, quimiocinas, é importante considerar que a FBP possa
ser útil na tentativa de reversão da fibrose. Portanto, o objetivo deste
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
estudo foi investigar os efeitos in vitro da FBP sobre a reversão
fenotípica de HSC ativadas. A células foram tratadas com FBP nas
concentrações de 0,6mM e 1,25mM. O fenótipo celular foi avaliado
por coloração de Oil Red-O. As células com as gotículas de gordura
coradas foram fotografadas e posteriormente quantificadas
espectrofotometricamente pela dissolução dessas gotículas com
isopropanol. PPAR? e colágeno tipo I foram analisados por RT-PCR.
Colágeno total e TGF-?1 foram dosados no sobrenadante das células
através da técnica de Picro-Sirius e ELISA respectivamente. Os
resultados demonstraram que a FBP é capaz de induzir o fenótipo
quiescente das HSC via ativação de PPAR?. Foi observado nas
primeiras 24h de tratamento uma diminuição significativa da expressão
de mRNA de colágeno tipo I. Posteriormente, houve uma redução do
colágeno total e de TGF-?1 (fator de transformação do crescimento
beta). Assim, pela primeira vez foi mostrado que a FBP tem ação
antifibrótica pois diminuiu o estado de ativação das HSC, este
comprovado pelo aumento de lipídios e decréscimo de colágeno. O
primeiro mecanismo que parece estar envolvido é a super expressão
de PPAR? que culmina na baixa expressão de colágeno e consequente
decrescimo de mediadores pró-fibrogênicos. Estas descobertas
demonstram que a FBP pode ser um potencial novo agente terapêutico
para o tratamento de fibrose hepática.
TL 124
AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR DE MICRONUTRIENTES
EM PACIENTES COINFECTADOS POR HCV/HIV
Anelise Fernanda Zanolla, Cristiane Valle Tovo, Renata Vieira de Souza,
Giselle Souza Pinto, Caroline Buss
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre UFCSPA
Introdução: A avaliação do consumo alimentar em pacientes
coinfectados é importante para o entendimento do padrão alimentar
desta população.Objetivo: Avaliar o consumo de micronutrientes na
dieta de pacientes coinfectados por HIV e HCV. Método: Estudo
transversal, com amostra de conveniência composta por 55 pacientes,
sendo 24 do sexo feminino (43,63%), e 31 do sexo masculino
(56,36%), com média de idade de 46 anos (16 a 71 anos), assistidos
no ambulatório de infectologia de um hospital público da região sul do
Brasil. Para avaliação da ingestão alimentar foram aplicados inquéritos
recordatórios de 24 horas (IR24h), na primeira consulta de cada
paciente, totalizando 55 IR24h, sendo o cálculo da ingestão executado
no programa de apoio nutricional Avanutri . Os micronutrientes, de
interesse, avaliados foram: ácido fólico, B12, C, D, E, zinco, sódio,
cálcio, ferro. A avaliação do consumo de micronutrientes foi realizada
a partir da média de ingestão consumida pelos IR24h. Os resultados
encontrados foram comparados às DietaryReferenceIntakes
(DRIs).Resultados: Apenas as médias de consumo de vitaminas
B12 (3,63mcg,desvio padrão - DP:5,75) e C (101,28mg, DP: 110,54)
atingiram as recomendações entre homens e mulheres, enquanto
que o consumo de ácido fólico (172,42mcg,DP:114,12) e vitamina D
(4,92mcg,DP:16,33) estão abaixo da recomendação de ingestão.
Quanto à média dos minerais analisados, verificou-se que a ingestão
de sódio (2481,02mg,DP:1275,67) está acima dos valores
recomendados, enquanto que a ingestão de cálcio está insuficiente
(596,37mg,DP:433,66). A amostra foi estratificada por sexo para o
mineral zinco, e por sexo e idade para ferro, devido à recomendação
diferenciada para sexo e idade. A média de ingestão de zinco está
nos limites de recomendação para homens e mulheres
(10,90mg,DP:7,94 e 7,52mg,DP:5,81) respectivamente. Pacientes
do sexo feminino acima de 51 anos de idade (n = 08) e pacientes do
sexo masculino, tiveram as recomendações de ferro atingidas
(10,44mg,DP:5,62 e 20,81mg,DP:19,61,respectivamente), no entanto,
a ingestão de ferro não atingiu o recomendado para mulheres com
50 anos de idade ou menos (10,90mg,DP:5,29). Na amostra
estratificada, verificou-se adequação da vitamina E apenas para os
homens (16,29mg,DP:14,88). Conclusão: Na população avaliada
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
de coinfectados HCV/HIV pode haver ingestão abaixo da
recomendação de determinados micronutrientes. A dieta habitual,
nesse padrão, pode ocasionar deficiências nutricionais nesses
indivíduos.
TL 125
EXISTE ASSOCIAÇÃO ENTRE VITAMINA D E FIBROSE EM
PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA?
Kalinca da Silva Oliveira, Cristiane Valle Tovo
UFCSPA
Introdução: Alguns autores referem que a vitamina D pode ter impacto
sobre os resultados clínicos e resposta ao tratamento de pacientes
com hepatite pelo vírus da hepatite C (HCV). Objetivo: Avaliar a
associação do consumo de vitamina D com o grau de fibrose em
pacientes com hepatite crônica pelo HCV. Materiais e Métodos:
Foi realizado um estudo transversal, sem intervenções, onde a
população do estudo foi constituída por pacientes portadores de
hepatite pelo HCV, atendidos no ambulatório de Gastroenterologia Complexo Hospitalar Santa Casa de Porto Alegre- RS. Foram excluídos
os pacientes alcoolistas (ativos e inativos) e os coinfectados pelo
vírus da hepatite B e HIV. Foram avaliados sexo, média de idade,
vitamina D sérica e correlação com biópsia hepática. Os pacientes
realizaram a dosagem de vitamina D 25 no Laboratório Central do
Complexo Hospitalar Santa Casa segundo a técnica de
quimiluminescência automática (Laboratório Roche diagnóstica). Os
anticorpos anti-HCV foram detectados através do teste ELISA III. O
RNA-HCV foi detectado através da técnica da PCR em tempo real. A
biópsia hepática foi realizada como parte do protocolo para avaliação
da indicação de tratamento (conforme Portaria Ministerial), utilizando
a classificação METAVIR para estadiamento. Resultados: Foram
avaliados 71 pacientes, sendo 42 (59,1%) do sexo feminino. A média
de idade foi 52,69 ± 11,6 anos. Não houve associação entre fibrose
e os níveis de vitamina D (38,97 ± 13,9 mg/dl em F0-F2 x 36,00 ± 15,5
mg/dl em F3-F4) (p=0,387). Conclusão: Não é possível afirmar que a
vitamina D exerça papel protetor nesta população de pacientes.
Palavras chave: Vitamina D, Hepatite C crônica e Fibrose.
TL 126
ANEMIA COMO PROGNÓSTICO DE RVS NO TRATAMENTO DA
HEPATITE C CRÔNICA
Eric Bassetti-Soares, Laura Tassis Larangeira, Marcus Vinícius
Schmidt Coelho, Mariana Nassur Rancanti Penido, Thiago Barreto
Mafra Oliveira, Vitor Botelho, Rosangela Teixeira
Instituto Metropolitano de Ensino Superior; Universidade Federal de
Minas Gerais
Introdução: O tratamento da hepatite C crônica se baseia,
principalmente, em uma associação de interferon ? peguilado e
ribavirina, porém, frequentemente, essa associação leva ao
desenvolvimento de anemia hemolítica. Essa complicação tem
despertado interesse da sociedade médica para uma relação entre
ela e o prognóstico do tratamento. Atualmente os exames usados
para determinação do prognóstico da hepatite C são de alto custo e
depreendem maior tempo para a entrega dos resultados, sendo assim,
o hemograma poderia ser uma alternativa. Objetivos: Investigar a
ocorrência de anemia em pacientes portadores de hepatite C, durante
a terapia antiviral contra o HCV e correlacionar a presença da anemia
com o prognóstico do tratamento, verificando se a diminuição e a
média da hemoglobina são fatores associados à melhor resposta
virológica. Material e Métodos: Coorte observacional de 143
pacientes consecutivos do Ambulatório de Hepatites Virais do Hospital
das Clínicas da UFMG, em Belo Horizonte, com idade igual ou superior
a 18 anos, portadores de hepatite C crônica, submetidos ao tratamento
entre 2001 a 2010 com PEG interferon e ribavirina. Resultados: As
59
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
médias da carga viral pré-tratamento e da hemoglobina pré-tratamento
entre os dois grupos foi semelhante. A média da hemoglobina na
semana 12 foi estatisticamente menor no grupo que respondeu ao
tratamento e, além disso, a queda da hemoglobina em relação à basal
foi maior nesse mesmo grupo. Não houve diferença estatística na
resposta por gênero, assim como entre fibrose leve (F0-F2) e avançada
(F3 e F4), apesar de ter uma tendência a melhor resultado para fibrose
leve a moderada (OR: 0,56; IC: 0,28-1,14). Houve diferença estatística
de resposta virológica sustentada (RVS) dentre os pacientes com
genótipo 1 e os não-1 (OR: 4,08; IC: 1,71-9,73). Conclusão:Alguns
exames hoje disponíveis para determinação do prognóstico do
tratamento da hepatite C como genotipagem, carga viral, IL28b e estágio
de fibrose, são complexos, onerosos e demandam muito tempo para a
entrega do resultado. Nesse estudo, a queda da hemoglobina assim
como seu valor médio na semana 12 de tratamento foi determinante
prognóstico para RVS. Como o hemograma é um exame de baixo custo
e mandatório para a avaliação pré e per tratamento, sua utilização
como prognóstico de RVS deve ser estimulada.
TL 127
ASSOCIAÇÃO DO CONSUMO DA CAFEÍNA COM O GRAU DE
FIBROSE E ATIVIDADE INFLAMATÓRIA EM PACIENTES COM
HEPATITE C CRÔNICA
hepatocarcinoma. Embora existam análogos nucleosídeos mais
potentes, a lamivudina é uma droga segura que pode ser usada em
pacientes com doença hepática descompensada. Objetivo:
descrever caso clínico de paciente cirrótico com resposta sorológica
após uso de lamivudina. Relato de caso: JF, sexo masculino, 72
anos, internado com quadro de erisipela de membros inferiores e
anasarca. Teve diagnóstico de Hepatite B HBeAg positivo durante a
internação. Ao exame físico apresentava-se em regular estado geral,
consciente e contactuante, anictérico, aparelho respiratório e
cardiovascular sem alterações, abdome com ascite moderada, edema
de membros inferiores e escrotal e ausência de flapping; Child Pugh
B 8. Paracentese do líquido ascítico: GASA 1,7. USG de abdome com
sinais de hepatopatia crônica, hipertensão porta e ascite moderada.
EDA: varizes de esôfago de grosso calibre. Iniciado terapia com
lamivudina 150 mg ao dia. Após 12 meses apresentou recuperação
da função hepática, com regressão completa da ascite, evoluindo
para Child A. No 14° mês de tratamento, apresentou soroconversão
do HBeAg com anti-HBe positivo. No 33° mês, o HBsAg foi
inconclusivo, com positividade do anti-HBs 65mUI/mL que foi
confirmado no 35° mês de tratamento anti-HBs 189 mUI/mL. Conclusão:
Pacientes com infecção crônica pelo HBV em tratamento com
Lamivudina sem resistência podem ter evolução satisfatória durante
o tratamento. A substituição da Lamivudina por análogos mais potentes,
neste caso, não se fez necessária.
Kalinca da Silva Oliveira, Cristiane Valle Tovo
TL 129
UFCSPA
Introdução: Estudos mostram que o maior consumo de cafeína está
associado com menores graus de fibrose em pacientes com doença
hepática crônica, especialmente aqueles com infecção crônica pelo
vírus da hepatite C (HCV). Objetivo: Avaliar a associação do consumo
da cafeína com o grau de fibrose e atividade inflamatória em pacientes
com hepatite pelo HCV. Materiais e Métodos: Foi realizado um
estudo transversal, sem intervenções, onde a população do estudo
foi constituída por pacientes portadores de hepatite pelo HCV,
atendidos no ambulatório de Gastroenterologia - Complexo Hospitalar
Santa Casa de Porto Alegre- RS. Foram excluídos os pacientes
alcoolistas (ativos e inativos) e os coinfectados pelo vírus da hepatite
B e HIV. Os pacientes foram entrevistados e avaliados individualmente
através de questionário referente ao consumo de cafeína. Os
anticorpos anti-HCV foram detectados através do teste ELISA III. O
RNA-HCV foi detectado através da técnica da PCR em tempo real. A
biópsia hepática foi realizada como parte do protocolo para avaliação
da indicação de tratamento (conforme Portaria Ministerial), utilizando a
classificação METAVIR para estadiamento. Resultados: Foram
avaliados 126 pacientes, sendo 75 (59,3%) do sexo feminino. Houve
associação inversa estatisticamente significativa entre o consumo diário
de cafeína e o grau de fibrose (p=0,004). Mas não houve associação
entre a atividade inflamatória e o consumo de cafeína (p=0,405). Não
foi possível estabelecer um ponto de corte para a existência de fibrose.
Conclusão: O consumo de cafeína está associado a menores graus
de fibrose em pacientes portadores de hepatite pelo HCV, o que sugere
um papel protetor da cafeína quanto à progressão de fibrose.
Palavras-chave: Cafeína, Hepatite C Crônica e Fibrose.
TL 128
CLAREAMENTO DO HBsAG DURANTE TRATAMENTO COM
LAMIVUDINA EM PACIENTE COM CIRROSE HEPÁTICA
Christiane Henriques de Sá do Espírito Santo, Simone Lopes Guedes
Moreira, Marina Paiva, Bruno Pereira de Morais, Renata Moutinho,
Leonardo Altieri
Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo
Resumo: O objetivo do tratamento da infecção crônica pelo vírus B
(HBV) é a erradicação viral que está relacionada com diminuição da
atividade necroinflamatória e das complicações da doença como o
60
GASTROENTERITE EOSINOFÍLICA: UMA CAUSA RARA DE ASCITE
Regina Arruda Leal, Leonardo Fayad, Esther Buzaglo Dantas-Corrêa,
Teresa Maria da Silva Figueiredo, Leonardo de Lucca Schiavon,
Janaína Luz Narciso-Schiavon
Núcleo de Estudos em Gastroenterologia e Hepatologia (NEGH) Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Introdução: Ascite é definida como o acúmulo patológico de líquido
livre na cavidade peritoneal. Quando um indivíduo se apresenta com
queixa de ascite, em 85% das vezes o diagnóstico é de cirrose
hepática. Outras causas de ascite, não raras, são insuficiência
cardíaca congestiva, metástase hepática, carcinomatose peritoneal,
ascite pancreática e tuberculose peritoneal. Dados de anamnese,
exame físico e paracentese são fundamentais para o diagnóstico
diferencial. O GASA substitui a antiga classificação de ascite em
transudato e exsudato e é realizada subtraindo-se a albumina da
ascite da albumina do soro. Um GASA ? 1,1 permite o diagnóstico de
ascite secundária à hipertensão portal com 97% de acurácia. Entre
os indivíduos com GASA < 1,1g/dl os diagnósticos diferenciais
habitualmente envolvem doenças próprias do peritônio, como a
carcinomatose peritoneal e a tuberculose peritoneal. Métodos:
Trata-se de relato de caso com análise retrospectiva de dados de
prontuário. Relato do Caso: Mulher de 49 anos interna com quadro
de dor abdominal periumbilical associada a aumento progressivo do
volume abdominal há 7 meses da admissão, sem alteração do hábito
intestinal, febre ou emagrecimento. Portadora de asma desde a
infância queixava-se de dispneia crônica aos moderados esforços.
Ao exame físico apresentava ausculta cardíaca normal; e ausculta
pulmonar com sibilos difusos esparsos e murmúrio vesicular diminuído
em 1/3 inferior de hemitórax direito. Abdome globoso, ruídos
hidroaéreos presentes, dor à palpação de mesogástrio, presença
de semicírculo de Skoda com macicez móvel e ausência de
visceromegalias. Membros inferiores sem edema. Nos exames
laboratoriais apresentava de 11,4 g/dL e 718 eosinófilos/mm3);
347.000/mm3. O ultrassom e a tomografia de abdome evidenciaram
ascite moderada. A análise do líquido ascítico colhido por paracentese
evidenciou proteínas totais de 5,6 g/L e albumina de 3,2 g/L com
GASA de 0,1. Celularidade do líquido ascítico com 600 cél/mm3 (8%
eosinófilos). À biópsia por laparoscopia demonstrou aumento do
número de eosinófilos no peritônio. Foi realizada terapia com
prednisona 20mg ao dia com remissão clínica em um mês.
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
Conclusão: Apesar de tratar-se de uma causa rara de ascite,
entre os indivíduos com GASA < 1,1 a gastroenterite eosinofílica
vem surgindo como um diagnóstico diferencial não tão incomum
como imaginado outrora e deve ser considerado prontamente, em
especial em indivíduos com história de atopia e eosinofilia periférica.
TL 130
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E LABORATORIAIS DE PACIENTES
COM CIRROSE HEPÁTICA ASSOCIADAS À DESNUTRIÇÃO
MODERADA E GRAVE
Samantha Thifani Alrutz Barcelos, Esther Buzaglo Dantas-Corrêa,
Maria Luiza Aires de Alencar, Leonardo de Lucca Schiavon, Janaína
Luz Narciso-Schiavon
Núcleo de Estudos em Gastroenterologia e Hepatologia (NEGH) Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Introdução: A desnutrição proteico calórica é descrita em 50-100%
dos pacientes com cirrose descompensada e em, pelo menos, 25%
com cirrose compensada, o que compromete o estado geral e a
evolução clínica nesses pacientes. Objetivos: Realizar avaliação
nutricional de pacientes cirróticos por meio de parâmetros subjetivos
(Avaliação Nutricional Subjetiva Global - ANSG), e objetivos
(laboratoriais), identificar fatores associados a desnutrição moderada
a grave (DMG) e correlacionar DMG com o Child-Pugh. Material e
Métodos:Estudo analítico transversal, que avaliou indivíduos
cirróticos internados no HU/UFSC entre dezembro de 2011 e agosto
de 2012. Resultados:Foram incluídos 67 pacientes com 54,4 ± 11,7
anos e 74,6% eram homens. Cerca de 30% dos indivíduos foram
classificados como Child C e MELD de 14,5 ± 6,5 (13,0). Na avaliação
nutricional, observou-se que 20,9% apresentaram desnutrição grave
pela ANSG, 47,8 pela hemoglobina (Hb), 14,9% por contagem total de
linfócitos e 40,3% pela albumina. Quando se comparou os indivíduos
Child C aos demais, observou-se que eles apresentaram menor média
de peso livre de edema e ascite, com maior proporção de indivíduos
que modificaram sua dieta por mais de 30 dias, e maior proporção de
indivíduos com capacidade física abaixo do normal por mais de 2
semanas. Quando se comparou os indivíduos classificados como
portadores de DMG pelos métodos propostos com os demais,
observou-se que eles apresentavam maior mediana de MELD, piores
testes de função hepática e, com exceção do método da ANSG e Hb,
todos apresentaram maior proporção de descompensação da cirrose
na admissão.Todos os métodos utilizados, com exceção da Hb (p =
0,192), obtiveram correlação com o Child C (p < 0,050). A ANSG não
obteve os maiores índices de DMG (44,8% vs. 46,2% a 73,1%), mas
demonstrou maior associação de DMG com o Child C (56,7% vs.
36,2% a 45,2%). Conclusões: A proporção de indivíduos com cirrose
hepática classificada como portadora de DMG varia substancialmente
entre os diferentes métodos. Desnutrição moderada e grave está
relacionada com a gravidade dos testes da função hepática. Todos
os métodos empregados neste estudo, com exceção da Hb, foram
correlacionados com Child C, o que demonstra a sua eficácia no
diagnóstico de DMG no paciente cirrótico. Assim, a avaliação nutricional,
que pode ser realizada por métodos simples facilmente aplicáveis, é
de fundamental importância neste grupo, a fim de permitir intervenção
precoce e prevenção de complicações.
TL 131
HAMARTOMAS HEPÁTICOS: RELATO DE CASO
Kycia Maria Rodrigues do Ó, d'Albuquerque e Castro, FR 1 ;
Spielmann,LH2; Mendonça, JH2; do Ó,KMR,3
1
Universidade Estadual do RJ ; Serviço de radiologia do Hospital
2
3
Santa Teresa, Petrópolis, RJ ; Hospital São Lucas, Petrópolis, RJ
Introdução: O hamartoma Hepático é uma tumoração hepática
benigna bastante rara que surge do mesenquima da tríade portal. É
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
formado por condutos biliares císticos displásicos e precursores
embrionários periportais. Maresh foi o primeiro a descrever esta
patologia em 1903 que iniciamente foi conhecida como tumor
mesenquimal pseudocístico, fibroadenoma biliar e tumor linfangiomatoso cavernoso, até que Edemondson em 1956 deu o nome de
Hamartoma Mesenquimatoso. Esta lesão é pouco comum e representa
5% de todos os tumores primários pediátricos do fígado e, a maioria
dos relatos na literatura são descrições de casos isolados. Embora
apareça casos em adultos, esta enfermidade se identifica em
crianças menores de 2 anos de idade sendo que 80% são
diagnosticados no primeiro ano de vida. Descrição do Caso:
paciente do sexo feminino, branca, 64 anos, professora, solteira,
natural de Sobral/Ceará; nega viroses na infância; nega tabagismo;
nega etilismo; nega hepatopatia. Cirurgia de amídalas e apêndice;
nega transfusão de sangue e uso de drogas ilícitas. História de
fenômenos dispépticos e dor em hipocôndrio direito; em 08/2010
procurou atendimento médico quando realizou ultrasonografia de
abdômen que mostrou uma imagem de fígado heterogêneo( figura
1); usou sintomáticos com melhora do quadro de dispepsia; em maio
de 2013 voltou a ter queixas de dispepsia; foi realizado uma nova
ultrasonografia de abdômen que mostrou imagem de fígado
heterogêneo, vesícula biliar e vias biliares normais; (figura 2);
solicitado ressonância de abdômen superior que mostrou um fígado
normal apresentando incontáveis lesões nodulares, com diâmetros
variáveis não maiores que 0.5cm, esparsas em todos os segmentos
hepáticos relacionados com hamartomas biliares (figura 3). Os
exames bioquímicos e de função hepática foram normais; pesquisa
de marcadores dos vírus das hepatites B e C foram negativos (figura
4); encaminhada para vacinação contrao o vírus da Hepatite B.
TL 132
DISTRIBUIÇÃO DA IL28B EM PACIENTES COM INFECÇÃO PELO
VÍRUS DA HEPATITE C (VHC) SUA RESPOSTA A TERAPIA COM
PEGINTERFERON E RIBAVIRINA
Kycia Maria Rodrigues do Ó, Felipe Rodrigues dÁlbuquerque e Castro1;
Bruna C Bertol2; Paulo H Condeixa França2
1
Hospital São Lucas, Petrópolis, RJ; Universidade Estadual do RJ ;
Universidade da Região de Joinville/Univille
Introdução: A infecção pelo vírus da Hepatite C(VHC) é um problema
de saúde pública global que afeta 140 milhões de pessoas em todo o
mundo e, dentre estas, 130 milhões se encontram crônicamente
infectadas. O VHC causa hepatite crônica que progride para Cirrose
Hepática e Hepatocarcinoma. Fatores inerentes ao vírus, hospedeiro
e meio ambiente tem sido relacionados com a progressão da doença;
recentemente o polimorfismo do gene da IL28B tem sido associado a
resposta virológica a terapia com peginterferon e ribavirina. Material
e Métodos: Um total de 20 pacientes foram envolvidos neste estudo;
genotipagem da rs12979860 foi realizada. Exames de sangue, testes
bioquímicos , biópsia hepática foram realizados usando os métodos
padrões. Resultados: A maioria dos pacientes eram mulheres (70%)
e, a idade média foi de 54 anos. Distribuição da IL28B : 14 pacientes,
genótipo CT; 01 paciente, genótipo TT; e, 05 pacientes, genótipo CC.
Não houve diferença entre os pacientes cirróticos e não cirróticos na
distribuição dos genótipos. Conclusão: nosso estudo confirma que
há uma diferença no impacto do polimorfismo da IL28B entre os vários
genótipos. Um paciente com carga viral baixa e genótipos alelos CC
devem se beneficiar com o tratamento padrão, com uma possível
redução do tratamento para 24 semanas. Por outro lado, os portadores
do alelo TT com fibrose avançada e carga viral elevada possivelmente
se beneficiem com novas terapêuticas como inibidores de proteases
adicionados ao peginterferon mais ribavirina. Estudos farmacoecônomicos serão necessários para avaliar a influência do gene da
IL28B na decisão do tratamento da hepatite C crônica. A limitação do
nosso estudo é retrospectiva considerando apenas os pacientes
que realizaram o tratamento planejado. Estudos serão necessários
para determinar se a rs1297860 será usada para decisão terapêutica
nestes pacientes.
61
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
TL 133
VARIABILIDADE GENÉTICA DO VÍRUS DA HEPATITE B E HEPATITE
C EM PACIENTES BRASILEIROS COM E SEM HEPATOCARCINOMA
Oscar do Carmo Araújo, Kycia Maria Rodrigues do Ó1; José Junior
Barros Filho 2; Letícia Cancela Nabuco 3; Márcia Teresinha Baroni
Moraes2; Christian M Niel2; Cristiane Villela3; Natália Maria Araújo2
Laboratório de Virologia Molecular. Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz,
2
3
RJ ; Hospital Clementino Fraga Filho, UFRJ,RJ - Rio de Janeiro,
Brasil
Introdução: O Carcinoma Hepatocelular (CHC) é a causa mais comum
de câncer de fígado no mundo. Os maiores fatores de risco são as
infecções pelos vírus da Hepatite B (VHB) e vírus da Hepatite C
(VHC). Várias mutações destes vírus tem sido associadas a
hepatocarcinogênese. Material e Métodos:Neste estudo, nós
investigamos e comparamos a prevalência dos genótipos do VHB e
VHC e as mutações em pacientes com e sem HCC e sua associação
com a evolução clínica. Uma cohort de 51 pacientes crônicos
portadores do VHB (12 com CHC e 39 sem CHC) e 106 pacientes
portadores do VHC ( 40 com CHC e 66 sem CHC) foram analizadas
pelo método do sequenciamento da PCR. Resultados:Os
subgenótipos do VHB A1 (61.7%), A2 (16.7%), D1 (2.8%), D6 (2.8%),
F2 (5.5%), F4 (2.8%) e a co- infecção F4/G (2.8%) foram encontrados
em pacientes sem CHC., enquanto A1 (90%) e A2 (10%) foram
detectados em pacientes sem CHC.As mutações do CP C1653T,
T1753V, G1764A e a deleção da pré-S/S foram mais prevalentes em
pacientes CHC do que em pacientes sem CHC (20%, 33.3%, 66,7%,
59% e 12.5% versus 17.6%, 22.2%, 37%, 40.7% e 11.8%
respectivamente. Além do mais, os níveis de ALT e AST foram mais
elevados nos pacientes portadores das mutações C1653T, A1753V,
A1764A, deleção pré S/S ou subgenótipo A1. Entretanto apenas a
mutação T1753V era significativamente associada com as
transaminases elevadas (p<0.05). Os subtipos do VHC 1 a, 1b e 3 a
foram encontrados em ambos pacientes com CHC e sem CHC com as
seguintes prevalências: 42.5%, 35.0% e 22.5% e 43.9%, 40.9% e
15.2% respectivamente. Conclusão: A prevalência da mutação core
na posição 70 do aminoácido no subtipo 1b do VHC era
significativamente maior em pacientes com Cirrose Hepática e CHC
doque em pacientes sem doença hepática avançada (p<0.05). As
mutações específicas e os genótipos do VHB e do VHC podem ser
biomarcadores úteis na avaliação da progressão da doença e
detecção precoce do CHC.
TL 134
HEMOPERITÔNEO COMO COMPLICAÇÃO PARACENTESE
ABDOMINAL: RELATO DE CASO
Karina Zamprogno de Souza, Maria da Penha Zago Gomes, Fernanda
Schwanz Coutinho, Marilia Majeski Colombo, Mayara Fiorot Lodi
Universidade Federal do Espírito Santo
Introdução: Paracentese abdominal deve ser realizada em todo
paciente com ascite, independente da etiologia. É um procedimento
fundamental para diferenciar a causa da ascite. Em cirróticos deve
ser realizada para diagnóstico de peritonite bacteriana espontânea e
para terapêutica. É um procedimento com baixos riscos, desde que
respeitada a técnica correta. A complicação mais grave é a hemorragia.
(PACHE; BILODEAU, 2005) em uma série de casos, com 4500
paracenteses, obteve a taxa de hemoperitôneo inferior a 0,2%,
independente das provas de coagulação hepática ou da contagem
de plaquetas; com principais fatores de risco para sangramento: alta
pontuação de Child-Pugh e Meld, além do clearance de creatinina
reduzido, da deficiência de fibrinogênio e da coagulação intravascular
disseminada. Evidenciando,dessa forma, a necessidade de mais
estudos sobre os fatores de risco para hemoperitôneo pósparacentese. Objetivo: relatar caso de paciente masculino, 50 anos,
62
portador de cirrose hepática alcoólica, vírus B e C negativos, em uso
recente de álcool, CHILD C, hipertenso não controlado. Internado com
ascite de grande volume que, após ser submetido a paracentese
aliviadora e diagnóstica, apresentou hemoperitôneo e em 24 horas
evoluiu a óbito. Material e Método: revisão de prontuário, com
avaliação de exames laboratoriais e pelo laudo de necropsia.
Resultados: o caso relatado chama atenção para uma complicação
de paracentese, que embora rara, segundo a literatura, quando ocorre
pode ser fatal. Conclusão: Devemos pesquisar fatores de risco que
possam predizer um risco maior de complicações de paracentese,
como hemoperitôneo, ao realizarmos este procedimento em pacientes
portadores de cirrose hepática avançada.
TL 135
ANGIOPLASTIA PERCUTÂNEA DE VEIA HEPÁTICA COMO
TRATAMENTO DE ASCITE PERSISTENTE PÓS-TRANSPLANTE
HEPÁTICO
Norma Arteiro Filgueira, Laécio Leitão, Roberto Lemos, Olival Lucena,
Américo Gusmão Amorim, Bernardo Sabat, Paulo Sérgio Vieira de
Melo, Norma Jucá, Heloísa Ramos, Gustavo Cruz, Claudio Lacerda
Unidade de Transplante de Fígado do Hospital Oswaldo Cruz da
Universidade de Pernambuco
Introdução:A encefalopatia hepática geralmente se apresenta de
forma episódica, porém em alguns pacientes desenvolve-se com
caráter persistente, quando geralmente está associada a shunt portosistêmico, muitas vezes com preservação das provas de função
hepática. Nestes casos, o quadro clínico inclui alterações cognitivas,
comportamentais, parkinsonismo, manifestações cerebelares, dentre
outros. Método: revisão do prontuário para descrição de um caso
de encefalopatia hepática persistente manifestando-se com síndrome
demencial. Relato do Caso: Uma paciente de 59 anos iniciou há dois
anos quadro de declínio cognitivo progressivo, amnésia anterógrada,
perda das funções executivas, déficit de atenção importante,
confabulação, apraxia, marcha atáxica, diminuição do equilíbrio, além
de distúrbios do comportamento do tipo agressividade. Na avaliação
cognitiva obteve oito pontos no miniexame do estado mental, tinha
ausência de atividades instrumentais de vida diária e o exame periférico
mostrava hipertonia em MMSS tipo roda denteada. A paciente tinha
diagnóstico prévio de Hepatite autoimune, que estava inativa, com
aminotransferases e funções sintéticas normais (Child A, MELD 10).
Ressonância magnética de encéfalo demonstrou depósito de
manganês em globos pálidos. A USG com Doppler evidenciou shunt
espleno-renal espontâneo e estudo angiográfico evidenciou shunts
calibrosos, tanto em território espleno-renal quanto mesentéricohipogástrico. Após exclusão de outras causas de demência, foi definido
o diagnóstico de encefalopatia hepática persistente por shunt
portossistêmico. Não houve melhora com o uso de lactulose, neomicina
e bromocriptina. Procedeu-se então ao implante de plug para oclusão
do shunt espleno-renal em maio de 2013 e a paciente está sendo
acompanhada ambulatorialmente para avaliar a evolução do quadro
neurológico. Conclusão:O diagnóstico da encefalopatia hepática
persistente comumente é retardado, pelo predomínio do quadro
neurológico em relação ao hepático, já que muitas vezes esta é a
única manifestação da hepatopatia. A resposta às medidas
terapêuticas usuais é pobre ou inexistente e a oclusão dos shunts
pode ser uma opção nesses casos.
TL 136
RASTREIO PARA HEPATITE B ANTES DE TRATAMENTO
QUIMIOTERÁPICO - AVALIAÇÃO DA PRÁTICA ENTRE
ONCOLOGISTAS DE RECIFE- PE
Thiago Lourenço Apolinário, Ana Beatriz Sacerdote, Norma Arteiro
Filgueira
Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
Introdução: A encefalopatia hepática geralmente se apresenta de
forma episódica, porém em alguns pacientes desenvolve-se com
caráter persistente, quando geralmente está associada a shunt portosistêmico, muitas vezes com preservação das provas de função
hepática. Nestes casos, o quadro clínico inclui alterações cognitivas,
comportamentais, parkinsonismo, manifestações cerebelares, dentre
outros. Método: revisão do prontuário para descrição de um caso
de encefalopatia hepática persistente manifestando-se com síndrome
demencial. Relato do Caso: Uma paciente de 59 anos iniciou há dois
anos quadro de declínio cognitivo progressivo, amnésia anterógrada,
perda das funções executivas, déficit de atenção importante,
confabulação, apraxia, marcha atáxica, diminuição do equilíbrio, além
de distúrbios do comportamento do tipo agressividade. Na avaliação
cognitiva obteve oito pontos no miniexame do estado mental, tinha
ausência de atividades instrumentais de vida diária e o exame periférico
mostrava hipertonia em MMSS tipo roda denteada. A paciente tinha
diagnóstico prévio de Hepatite autoimune, que estava inativa, com
aminotransferases e funções sintéticas normais (Child A, MELD 10).
Ressonância magnética de encéfalo demonstrou depósito de
manganês em globos pálidos. A USG com Doppler evidenciou shunt
espleno-renal espontâneo e estudo angiográfico evidenciou shunts
calibrosos, tanto em território espleno-renal quanto mesentéricohipogástrico. Após exclusão de outras causas de demência, foi definido
o diagnóstico de encefalopatia hepática persistente por shunt
portossistêmico. Não houve melhora com o uso de lactulose, neomicina
e bromocriptina. Procedeu-se então ao implante de plug para oclusão
do shunt espleno-renal em maio de 2013 e a paciente está sendo
acompanhada ambulatorialmente para avaliar a evolução do quadro
neurológico. Conclusão: O diagnóstico da encefalopatia hepática
persistente comumente é retardado, pelo predomínio do quadro
neurológico em relação ao hepático, já que muitas vezes esta é a
única manifestação da hepatopatia. A resposta às medidas
terapêuticas usuais é pobre ou inexistente e a oclusão dos shunts
pode ser uma opção nesses casos.
TL 137
CORRELAÇÃO DO POLIMORFISMO NO GENE DA IL-28B COM A
APRESENTAÇÃO CLÍNICA DA HEPATITE B CRÔNICA
Simone Regina Souza da Silva Conde, Luciana Lopes Rocha, Vanessa
Melo Ferreira, Julius Caesar Mendes Soares Monteiro, Nathália Karla
Fonseca Filgueiras, Pedro Alves de Almeida Lins, Bruna Tereza Silva
dos Santos, Felipe Bonfim Freitas, Samia Demachik, Marialva Tereza
Araújo, Ricardo Ishak, Antonio Carlos Rosário Vallinoto
Universidade Federal do Pará
Introdução: Alguns polimorfismos de nucleotídeo único (SNP), como
o rs12979860 e rs8099917, foram relacionados à resposta de certos
indivíduos às infecções virais, como ao Vírus da hepatite B (VHB).
Objetivo: Identificar a prevalência dos polimorfismos rs12979860 e
rs8099917 no gene da IL-28B em pacientes portadores de hepatite B
crônica, oriundos de uma casuística da Amazônia Oriental.
Metodologia: Avaliou-se 65 pacientes consecutivos cronicamente
infectados pelo VHB e 97 indivíduos saudáveis anti-HBc total e antiHBs positivos, como grupo controle, no período de maio de 2011 a
dezembro de 2012, em um ambulatório público de referência, em
Belém-Pará.. Realizou-se a genotipagem dos SNPs rs12979860 e
rs8099917 através de reação em cadeia da polimerase em tempo
real. O grupo de pacientes foi classificado em portadores inativos
(N = 26); hepatite crônica sem cirrose (N = 27) e cirróticos (N = 12), de
acordo com as variáveis, clínicas, histopatológicas, bioquímicas,
hematológicas e virológicas. A presente pesquisa recebeu aprovação
do Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: dos 65 infectados pelo
VHB, constatou-se maioria masculino (67,69%), média de idade de
48,62 anos. A frequência dos genótipos dos polimorfismos rs12979860
foi semelhante (p = 0,549) no grupo de infectados (32,3% CC , 41,5% CT
e 26,2 TT) e na população controle (35% CC, 47,4% CT e 17,6% TT),
assim como no polimorfismo rs8099917 (7,7% GG, 35,4% GT e
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
56,9% TT vs. 7,2% GG, 35,1% GT e 57,7% TT), respectivamente
(p = 0,991). A associação dos genótipos do polimorfismo rs12979860
com a manifestação clínica revelou o predomínio do genótipo CT
(53,8%) nos portadores inativos; 37% do TT nos com hepatite crônica
sem cirrose e 41,6% para o genótipo CC e CT, respectivamente, nos
cirróticos (p = 0,365). O genótipo predominante do polimorfismo
rs8099917 nos portadores inativos, nos com hepatite crônica sem
cirrose e nos cirróticos foi TT, com prevalências respectivas de 65,3%,
50% e 58,3% (p = 0,482). Conclusão: os genótipos CT e TT dos
polimorfismos estudados foram os predominantes na população
infectada e controle e não houve relação que evidenciasse que ambos
os polimorfismos estejam relacionados com a eliminação ou
persistência do vírus nos pacientes cronicamente infectados pelo
VHB e sua influência nos espectro de manifestação clínica, na
população estudada.
TL 138
VALORES DA ELASTOGRAFIA ARFI (ACOUSTIC RADIATION
FORCE IMPULSE) DO FÍGADO EM INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS
Joel Schmillevitch, Ana Gorski, Tânia Moredo, Raul Muniz, Ricardo
Mincis, Moyses Mincis
Centro de Diagnóstico Schmillevitch
Introdução: O objetivo deste trabalho é estabelecer os valores da
elastografia ARFI em pacientes sem doença hepática e considerados
indivíduos saudáveis. Material e Métodos: O estudo foi composto
de 62 pessoas, voluntários, sem doença hepática, com exames
laboratoriais normais. A elastografia ARFI foi realizada com o
equipamento Siemens S2000, no Centro de Diagnósticos Schmillevitch.
Todos os 62 pacientes tiveram medidas da ARFI validadas, sendo 37
mulheres e 25 homens, com idade média de 32,3 ± 12,4anos. A
ultrassonografia abdominal foi realizada em todos os pacientes, com
exclusão dos que apresentaram esteatose hepática ou outros sinais
de hepatopatias crônicas. Foram realizadas, em cada paciente, dez
medidas no segmento V, e a média expressa em metros por segundo.
Resultados: As medidas da elastografia ARFI foram obtidas em todos
os 62 casos. O valor médio obtido foi de 1,04 ± 0,12m/seg. Não houve
diferença significativa entre os valores em homens e mulheres e
também nas diferentes idades. Conclusão: Neste estudo, a média
obtida pela elastografia ARFI em indivíduos normais foi de 1,01 ±
0,12m/seg.
TL 139
PREVALÊNCIA DE HEPATITE A E HEPATITE B EM 1000 PACIENTES
COM INFECÇÃO CRÔNICA PELO VHC EM CENTRO TERCIÁRIO DE
TRATAMENTO NO BRASIL
Edvaldo Ferreira da Silva, Mário Guimarães Pessôa, Daniel Ferraz de
Campos Mazo, Claudia Pinto Marques Souza de Oliveira, Roseane
Porto Medeiros, Flair José Carrilho
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: Pacientes com infecção crônica pelo VHC e
superinfecção pelo vírus da hepatite A (VHA) ou o vírus da hepatite B
(VHB), têm maior morbi-mortalidade quando comparados com
pacientes que apresentam infecção aguda somente pelo VHA ou
VHB. A mortalidade associada à hepatite A aguda pode estar
particularmente elevada em pacientes com pré-existência de hepatite
crônica causada pelo VHC. Por esta razão, a imunização ativa com
vacinas contra VHA e VHB vem a ser obrigatória nesta população, e
consequentemente esta sorologia deve ser determinada. Objetivo:
O objetivo deste trabalho foi avaliar a prevalência de marcadores
sorológicos da hepatite A e hepatite B em 1.000 pacientes com infecção
crônica pelo VHC em nosso Centro Terciário de Tratamento.
Resultados: Dos 980 pacientes avaliados até o momento, foi obtida
a sorologia Anti-VHA IgG em 789, dos quais 727 foram positivos
63
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
(92%) e 62 (8%) apresentaram Anti-VHA IgG negativos. Quando os
pacientes foram estratificados por idade, o anti-VHA IgG foi
encontrado em 16 (67%) dos pacientes entre 20 a 29 anos, 50 (70%)
entre 30-39 anos, 89 (87%) entre 40-49 anos, 232 (93%) entre 5059 anos, 227 (99%) entre 60-69 anos e 113 (100%) dos pacientes
com mais de 70 anos. A sorologia para VHB (Anti-HBc IgG) foi obtida
em 889 dos 980 pacientes avaliados até o presente momento. O antiHBc IgG foi positivo em 214 pacientes avaliados (24%) dos quais 12
pacientes (1,3%) eram AgHBs positivos, 77 (8.7%) eram anti-HBc
IgG isolado e 136 (15.3%) eram também anti-HBs positivos,
demonstrando imunidade adquirida para o VHB. O Anti-HBC IgG foi
negativo em 675 pacientes (76%), não demonstrando contato prévio
com o vírus B. Destes, 164 pacientes (24%) apresentaram soroconversão após receberem 3 doses da vacina, demonstrado pela
presença do anti-HBs positivo (≥ 10 UI/mL). Quando os 889 pacientes
foram estratificados por idade, o anti-HBc IgG foi encontrado em 2
(8%) dos pacientes de 20 a 29 anos, 12 (16%) com 30-39 anos, 25
(21%) com 40-49 anos, 64 (23%) com 50-59 anos, 73 (29%) com 6069 anos e em 38 (26%) pacientes com mais de 70 anos. Conclusão:
Em nosso estudo, encontramos uma alta prevalência do anti-VHA IgG
em pacientes portadores de infecção crônica pelo VHC atendidos no
Ambulatório de Hepatites do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina de São Paulo, porém similar ao observado na população
geral da cidade de São Paulo. Encontramos uma alta prevalência do
anti-HBc IgG, em portadores de infecção crônica pelo VHC em nosso
estudo, superior à da população geral da cidade de São Paulo e do
Brasil, quando comparados historicamente, sugerindo fatores de risco
de infecção semelhantes pelo VHB e VHC, enfatizando, assim, a
importância dos programas de imunização nesta população. Os
pacientes com hepatite crônica pelo VHC não estão recebendo manejo
adequado quanto ao rastreamento de outros vírus de hepatites e
encaminhamento para imunização, como preconizado nas diretrizes
internacionais e locais.
TL 140
AINDA EXISTE LUGAR PARA A BIÓPSIA HEPÁTICA? DUAS
DÉCADAS DE EXPERIÊNCIA NO SUL DO BRASIL
Rafael Bergesch D'Incao, Marcelo Campos Appel da Silva, Paulo
Roberto Lerias de Almeida, Viviane Plasse Renon, Cristiane Valle
Tovo
Hospital Nossa Senhora da Conceição
Introdução: A biópsia hepática é método complementar de
diagnóstico, estadiamento e orientação terapêutica em hepatopatias,
sendo as hepatites virais crônicas as mais reconhecidas causas
para indicação de estudo histopatológico. Objetivo: avaliar o perfil
dos pacientes e as indicações e resultados de biópsias hepáticas
percutâneas (BHP) em um Hospital terciário. Material e métodos:
foi realizado estudo transversal descritivo, através de revisão de
prontuários (coorte retrospectiva) de pacientes submetidos a biópsias
hepáticas percutâneas (BHP) às cegas no Hospital Nossa Senhora
da Conceição, em Porto Alegre, RS, no período de outubro de 1993 a
dezembro de 2011. Resultados: foram realizadas 1955 BHP, tendo
os pacientes média de idade de 44,8 anos, sendo 1127 (57,65%) do
sexo masculino. A hepatite C crônica (VHC) foi a principal indicação
de BHP (60,5%), seguida da coinfecção VHC-HIV (12,2%) e da hepatite
B crônica (3,5%). Houve associação entre idade e fibrose, sendo
que jovens (? 39 anos de idade) apresentavam menos fibrose do que
aqueles com mais de 40 anos de idade. Quando monoinfectados VHC
foram comparados a coinfectados VHC-HIV, houve maior proporção
de pacientes com fibrose leve/moderada (F0-F2) do que avançada
(F3-F4) em ambos os grupos, sem diferença estatisticamente
significativa. Esteatose hepatica foi observada em taxas semelhantes
em monoinfectados HCV e coinfectados VHC-HIV (p=0.235). Por outro
lado, coinfectados apresentaram mais frequentemente aumento de
ferro intra-hepático do que monoinfectados (p<0.001). Complicações
ocorreram em 07 casos (0,3%) sem óbitos. Conclusão: a BHP é
64
método seguro e continua sendo fundamental para auxiliar no
diagnóstico e tratamento das hepatopatias crônicas, e propicia o
acesso a diversas informações úteis no manejo desta população de
doentes.
TL 141
ANÁLISE PRELIMINAR DA BATERIA DE AVALIAÇÃO FRONTAL
(FAB) EM PACIENTES CIRRÓTICOS PARA AVALIAÇÃO DE
ENCEFALOPATIA HEPÁTICA
Karina Zamprogno de Souza, Maria da Penha Zago Gomes, Fernanda
Schwanz Coutinho, Mayara Fiorot Lodi, Marilia Majeski Colombo, Izabelle
Venturini Signoreli
Universidade Federal do Espírito Santo
Introdução: A Encefalopatia hepática (EH) compreende um grupo
heterogêneo de anormalidades neuropsiquiátricas que ocorrem em
pacientes portadores de disfunção hepática, na ausência de outras
doenças cerebrais conhecidas. A EH tipo C, secundária a cirrose
hepática ou shunts porto-sistêmicos, pode ser classificada em mínima
(EHM), cujo diagnóstico é realizado por testes neuropsicológicos, ou
persistente, cujo diagnóstico é realizado pelas manifestações clínicas.
A maioria dos testes neuropsicológicos para avaliar a EHM, requerem
grande demanda de tempo, são de difícil interpretação e necessitam
da avaliação por profissionais da área de neuropsiquiatria. Uma
alternativa, rápida e fácil de ser aplicada, seria a Bateria de Avaliação
Frontal (FAB) que consiste em uma bateria para avaliar a presença e
a gravidade das síndromes disexecutivas. Quando aplicada em
pacientes cirróticos, de acordo com a pontuação podemos inferir a
presença de EH. Objetivos: Utilizar o FAB como instrumento para
avaliação de encefalopatia hepática, em pacientes cirróticos.
Material e métodos: Estudo observacional, do tipo corte transversal.
A coleta de dados com aplicação de questionário e aplicação do FAB,
em 60 pacientes cirróticos, atendidos nos ambulatórios de hepatite e
de álcool do Hospital Universitário da UFES. Resultados: A média de
idade da amostra é de 57,7 anos, cerca de 78,3 % são homens, 63%
são brancos, 30% são pardos, 7% são negros, 68,3% são etilistas e
abstêmios a pelo menos 15 dias, 20% são HbsAg positivos, 25% são
anti-HCV positivos, cerca de 13,3% apresentavam EH, cerca de 38,3%
são Child A, 38,3% são Child B e 23,3% são Child C. A pontuação
média do FAB da amostra é de 10,6 e mediana de 11 pontos, cerca de
81,7% dos casos apresentaram até 13 pontos e apenas 18,3%
apresentaram FAB maior que 13 pontos. Entre os quesitos do FAB, o
primeiro de maior comprometimento foi a Abstração, onde 46,7% não
pontuaram e o segundo, foi o GO-NO-GO, demonstrando dificuldade
de mudar algo aprendido. Em 8 pacientes com EH franca, a média é de
7,75 e a mediana de 5,5 pontos, cerca de 50% não pontuaram nos
quesitos Sequência Motora, GO-NO-GO e Instruções Conflitantes,
além disso, cerca de 62% não pontuaram no quesito Semelhança.
Nos casos sem EH, a média e a mediana do FAB foi de 11 pontos.
Conclusão: Os resultados demonstram que o FAB é inferior em
pacientes cirróticos portadores de EH, portanto pode ser utilizado
como instrumento diagnóstico desta enfermidade.
TL 142
AVALIAÇÃO DOS PACIENTES TRATADOS PARA HEPATITE C
COINFECTADOS OU NÃO COM O VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA
HUMANA (HIV)
Mirella Medeiros Monteiro, Marcela Cristine Marque, Walnei Barbosa
Hospital Universitário de Taubaté
Introdução: Estima-se que 180 milhões de pessoas no mundo tem
hepatite C crônica e estão sob risco de desenvolver complicações da
doença. O tratamento, se indicado, tenta evitar a progressão da
doença para cirrose e hepatocarcinoma. O vírus da imunodefiência
humana e o vírus da hepatite C compartilham rotas de transmissão,
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
sendo a coinfecção um fenômeno comum em diferentes grupos de
risco como pessoas que receberam transfusão de sangue e
hemoderivados até 1993 e usuários de drogas injetáveis.Sabe-se
que 20% dos indivíduos HIV positivo são coinfectados com o HCV.
Os dois vírus interagem sinergicamente e exacerbam o curso das
infecções. Porém a relutância dos pacientes em inicar a terapia antiHCV, o aumento da hepatotoxicidade pelos antiretrovirais, as interações
entre as drogas e os efeitos colaterais, é um desafio para
conscientização da população infectada.Objetivo: O estudo tem o
objetivo de avaliar a casuística inistuticional de pacientes HCV
coinfectados ou não com HIV e demonstrar a resposta terapêutica e
os efeitos colatareis observados durante o tratamento. Material e
Métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo descritivo. Foram
avaliados todos os pacientes com Hepatite C mono e coinfectados
com o HIV que foram tratados no período junho de 2004 a setembro
de 2011 no Serviço de Ambulatório de Hepatites da Policlínica de
Taubaté-SP de acordo com o protocolo do Ministério da Saúde.
Resultados: Dos 62 pacientes tratados para hepatite C, 59 foram
incluídos para a análise. A maioria era do sexo masculino. Quarenta e
nove (83%) indivíduos eram HCV monoinfectados; 10 (17%), HIV/
HCV coinfectados. Dos pacientes HCV monoinfectados, 65,3% eram
genótipo tipo 1 e 34,6% genótipo tipo 3. Dos pacientes HIV/HCV
coinfectados, 80% tinham genótipo tipo 1 e 10% genótipo tipo 3.
Observou-se que a resposta virológica sustentada foi de 34,3%,
41,2% e 50% nos pacientes HCV GEN 1 monoinfectados, HCV GEN
3 monoinfectdos e HIV / HCV coinfectados, respectivamente.
Conclusões: A maioria dos pacientes era monoinfectado pelo HCV.
Houve a prevalência do genótipo tipo 1 seguido pelo genótipo tipo 3.
A resposta virológica sustentada foi de 50% nos doentes
coinfectados, 34,3% nos pacientes monoinfectados HCV-GEN1 e
41,1% nos monoinfectados HCV- GEN 2 e 3. Os pacientes tiveram
boa tolerância ao tratamento e o efeito colateral mais comum foi
sintomas semelhantes ao da gripe.
TL 143
MORTALIDADE ALTA INTRAHOSPITALAR EM PACIENTES COM
ERISIPELA E CIRROSE HEPÁTICA
Renato Ferreira da Silva, Cretelli, Olívia Saes; Meirelles, Matheus
Botossi; Isepon, Lincoln Bento da Silva; Valsechi, Linoel Curado; ITimura,
Priscila; Marcatto, Gustavo; Silva, Rita de Cássia Martins Alves; Pereira,
Patrícia da Silva Fucuta; Silva, Edson Cartapatti
Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto
Introdução. As infecções no paciente com cirrose hepática
apresentam alta morbimortalidade e dentre estas, a erisipela tem sido
pouco estudada. Objetivo. Analisar a mortalidade intra-hospitalar no
paciente cirrótico com erisipela. Pacientes e Métodos. Estudo
retrospectivo de pacientes internados com cirrose e erisipela, no
período de 1 de julho de 2010 a 31 de dezembro de 2012. Análise
comparativa foi feita pelos testes qui-quadrado, exato de Fisher, t de
Student e Mann-Whitney. Resultados.No período houve 2864
internações, sendo 2046 por cirrose descompensada, em 983
pacientes cirróticos. Dentre eles, 65 (7%) tinham erisipela. Na análise
demográfica, a média de idade foi 58 anos (± 10) com 53 pacientes de
sexo masculino (82%). A localização mais frequente da erisipela foi
em membros inferiores com 70%, seguida de tronco 21% e membros
superiores 9%. A etiologia predominante da cirrose foi etilismo isolado
com 35 casos (56%), seguido de etilismo e hepatite C em 11 (17%),
hepatite C isolada 8 (13%), esteato-hepatite não alcoólica em 6 (9%),
hepatite B em 2 (3%) e outras causas em 1 (2%). Com relação à
gravidade dos pacientes, a distribuição da classificação Child-Pugh
foi A em 5 (8%) dos pacientes, B em 29(46%), C em 29(46%) e a
média de MELD foi 20 (± 8). Comorbidades existiam em 29 (45%)
pacientes, sendo 28 de natureza metabólica. Diabete melito (DM)
ocorreu em 20 casos (31%) e hipertensão arterial sistêmica (HAS)
em 19 (29%). Em 11 casos houve HAS e DM concomitantemente. A
concomitância entre erisipela e outras infecções ocorreu nas
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
seguintes proporções: infecção no trato urinário em 15 casos (54%),
pneumonia em 7 (25%) e peritonite bacteriana espontânea em 6 (21%).
Antibióticos utilizados: clindamicina 66%, oxacilina 17%, penicilina
8%, outros 9%. Taxa de óbito foi (11/65) 17%. Dos 11 pacientes que
foram a óbito, 3 (27%) tinham apenas erisipela e 8 (73%) tinham
erisipela e outra infecção concomitante. Distribuição de Child-Pugh
entre os óbitos: A (0%), B (40%) e C (60%). Evolução para sepse em
14%. Comparação entre óbito e alta respectivamente: idade 55 x 58
anos (p=0,36); gênero masculino 73% x 83% (p=0,41); MELD 23 x 19
(p=0,16); concomitância com outra infecção 69% x 31% (p=0,02).
Conclusão.A mortalidade intra-hospitalar do paciente cirrótico com
erisipela foi elevada e a presença de outra infecção concomitante
potencializou o desfecho em óbito. Abordagem do paciente cirrótico
com erisipela necessita urgentemente ser melhor estudada.
TL 144
METÁSTASES ESPLÊNICAS DE HEPATOCARCINOMA APÓS
TRANSPLANTE HEPÁTICO
Norma Arteiro Filgueira, Paulo Sérgio Vieira de Melo, Norma Jucá,
Sérgio França, Laécio Leitão, Roberto Lemos, Olival Lucena, Américo
Gusmão Amorim, Bernardo Sabat, Claudio Lacerda
Unidade de Transplante de Fígado do Hospital Oswaldo Cruz Universidade de Pernambuco
Introdução: A encefalopatia hepática geralmente se apresenta de
forma episódica, porém em alguns pacientes desenvolve-se com
caráter persistente, quando geralmente está associada a shunt portosistêmico, muitas vezes com preservação das provas de função
hepática. Nestes casos, o quadro clínico inclui alterações cognitivas,
comportamentais, parkinsonismo, manifestações cerebelares, dentre
outros. Método: revisão do prontuário para descrição de um caso
de encefalopatia hepática persistente manifestando-se com síndrome
demencial. Relato do Caso: Uma paciente de 59 anos iniciou há dois
anos quadro de declínio cognitivo progressivo, amnésia anterógrada,
perda das funções executivas, déficit de atenção importante,
confabulação, apraxia, marcha atáxica, diminuição do equilíbrio, além
de distúrbios do comportamento do tipo agressividade. Na avaliação
cognitiva obteve oito pontos no miniexame do estado mental, tinha
ausência de atividades instrumentais de vida diária e o exame periférico
mostrava hipertonia em MMSS tipo roda denteada. A paciente tinha
diagnóstico prévio de Hepatite autoimune, que estava inativa, com
aminotransferases e funções sintéticas normais (Child A, MELD 10).
Ressonância magnética de encéfalo demonstrou depósito de
manganês em globos pálidos. A USG com Doppler evidenciou shunt
espleno-renal espontâneo e estudo angiográfico evidenciou shunts
calibrosos, tanto em território espleno-renal quanto mesentéricohipogástrico. Após exclusão de outras causas de demência, foi definido
o diagnóstico de encefalopatia hepática persistente por shunt
portossistêmico. Não houve melhora com o uso de lactulose, neomicina
e bromocriptina. Procedeu-se então ao implante de plug para oclusão
do shunt espleno-renal em maio de 2013 e a paciente está sendo
acompanhada ambulatorialmente para avaliar a evolução do quadro
neurológico. Conclusão:O diagnóstico da encefalopatia hepática
persistente comumente é retardado, pelo predomínio do quadro
neurológico em relação ao hepático, já que muitas vezes esta é a
única manifestação da hepatopatia. A resposta às medidas
terapêuticas usuais é pobre ou inexistente e a oclusão dos shunts
pode ser uma opção nesses casos.
TL 145
ATAQUE MACIÇO POR ABELHAS - CAUSA RARA DE HEPATITE
TÓXICA
Norma Arteiro Filgueira, Ana Beatriz Sacerdote, Bruno Maciel de Albuquerque, Érica Nogueira Bezerra Cavalcanti, Maria Cecília Bernardes
Pereira
Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco
65
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
Introdução: Abelhas africanas foram trazidas ao Brasil em 1956,
objetivando melhorar a produção de mel. A fuga de abelhas rainhas e
o cruzamento com abelhas nativas fizeram surgir as abelhas
africanizadas. Estas possuem o mesmo veneno da abelha doméstica,
porém por sua agressividade, seus ataques causam inoculação de
maior volume de veneno, que contém substâncias hemolíticas e
vasodilatadoras. A melitina e a fosfolipase A2, dois dos principais
componentes, levam a liberação de ácido araquidônico, lesão endotelial
e ativação de resposta inflamatória. Métodos: Revisão do prontuário
para descrição das manifestações hepáticas em um paciente que
sofreu ataque maciço por abelhas. Resultados: Homem de 46 anos,
previamente hígido, admitido em um serviço de urgência hipotenso e
em parada respiratória, 30 minutos após ataque por enxame de abelhas
durante competição de trilhas em região de mata fechada. Não havia
sinais sugestivos de anafilaxia. Após ressuscitação hemodinâmica,
o paciente permaneceu comatoso, com febre, diarreia e oligúria,
apresentando bloqueio de ramo direito ao ECG. O exame do dorso
evidenciou centenas de picadas por abelha. Laboratorialmente
evidenciava-se prolongamento do INR para 9,2, plaquetopenia,
elevação de aminotransferases e enzimas musculares. No terceiro
dia de internação recobrou normalmente a consciência, sem déficits
neurológicos aparentes, mas mantendo febre quase contínua. Apesar
da melhora clínica, mantinha-se a elevação marcante e progressiva
das enzimas hepáticas e musculares, atingindo níveis acima de
10.000UI/l de ALT no quarto dia de internamento, acompanhado de
hiperbilirrubinemia direta, mas já com melhora do INR. Após o quinto
dia o paciente passou a evoluir com regressão progressiva das
alterações laboratoriais, até obter resolução espontânea sem
sequelas. Conclusão: Picadas de abelhas podem causar fenômenos
anafiláticos em pacientes predispostos ou quadros tóxicos quando
grande volume de veneno é inoculado. Pacientes com mais de 50
picadas devem ficar em observação por 24 horas para vigiar
complicações tardias do ataque e acidentes com mais de 500 a 1000
picadas podem ser letais. As principais manifestações clínicas do
ataque maciço por abelhas são: hipotensão, insuficiência renal,
coagulopatia, rabdomiólise e hepatite. A cronologia entre o
desenvolvimento de coma e coagulopatia em relação à necrose
hepática neste caso foi essencial para afastar o diagnóstico de
hepatite fulminante.
TL 146
PERFIL CLÍNICO E LIPÍDICO DE PORTADORES DE INFECÇÃO
CRÔNICA PELO VÍRUS DA HEPATITE B (HBV) E CORRELAÇÃO
COM ESTEATOSE HEPÁTICA
Angélica Luciana Nau, Júlia Cristina Soares, Maria Beatriz Cacese
Shiozawa, Esther Buzaglo Dantas-Corrêa, Leonardo de Lucca
Schiavon, Janaína Luz Narciso-Schiavon
Núcleo de Estudos em Gastroenterologia e Hepatologia (NEGH) Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Introdução: A esteatose hepática relaciona-se com a presença de
síndrome metabólica. Em indivíduos portadores de infecção crônica
pelo HCV, mecanismos virais foram implicados na gênese da esteatose.
Por outro lado, o papel da infecção pelo HBV não está bem definido.
Objetivos: Descrever o perfil clínico e lipídico de portadores de
infecção pelo HBV e correlacioná-lo com a presença de esteatose
hepática ao ultrassom e à biópsia hepática. Material e Métodos:
Estudo analítico transversal, que avaliou indivíduos portadores de
infecção crônica pelo HBV com ultrassonografia (USG) atendidos no
HU/UFSC entre agosto de 2011 e dezembro de 2012. Resultados:
Foram incluídos 71 pacientes com 47,5±3,1 anos, 53,5% eram homens,
11,9% com HBeAg+. Com relação ao perfil lipídico, eles apresentaram
média, desvio padrão e mediana de colesterol total (CT) = 173,8±39,7
(173,0) mg/dL; HDL = 47,7±13,5 (45,0) mg/dL; LDL = 110,4±33,2 (109,5)
mg/dL; triglicerídeos (TGC) = 90,3±47,8 (77,5) mg/dL; glicemia de
jejum (G) = 96,2±14,2 (93,0) mg/dL. Oito pacientes (11,2%) apresentaram esteatose ao USG e entre 41 submetidos à biópsia hepática, 17
(41,5%) apresentaram esteatose. Por análise bivariada a presença
66
de esteatose ao USG correlacionou-se com IMC (P = 0,009); TAP
(P=0,005); albumina (P= 0,047); CT (P=0,001); LDL (P=0,010); TCG
(P=0,045); Insulina de jejum (P=0,028) e AST (P=0,007). Por análise
bivariada nenhuma variável correlacionou-se com a presença de
esteatose hepática à histologia. Por meio do coeficiente de
correlação de Spearman, observou-se que HBV-DNA apresentou
correlação+ com ferro sérico (r = 0,390; P = 0,025), saturação de
transferrina (r=0,616; P<0,001), proteínas totais (r=0,481; P=0,003);
alfa-feto proteína (r=0,276; P=0,040) e AST (r=0,269; P=0,027).
Conclusão: Esteatose hepática ao ultrassom correlaciona-se com
o perfil lipídico e o IMC e não com características do vírus e da
doença hepática, sugerindo que o vírus não interfira com a presença
de esteatose.
TL 147
HEPATITE AUTOIMUNE ASSOCIADA A VITILIGO E TIREOIDITE DE
HASHIMOTO
Emilia Tiemi Oshiro Bansho, Débora Tonon, Mariana Horn André,
Leonardo de Lucca Schiavon, Janaína Luz Narciso-Schiavon, Esther
Buzaglo Dantas-Corrêa
Núcleo de Estudos em Gastroenterologia e Hepatologia (NEGH) Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Introdução: A hepatite autoimune (HAI) é uma doença necroinflamatória crônica do fígado, de etiologia autoimune, que cursa com
destruição progressiva do parênquima hepático. É descrita associação
com outras doenças autoimunes em até 40-50 % dos casos.
Materiais e Métodos: Trata-se de relato de um caso de HAI
associada a vitiligo e tireoidite de Hashimoto. Relato de Caso: Homem
de 51 anos internou com hematêmese. Diagnosticado vitiligo há 25
anos, sem outras comorbidades. Negava uso de AINHs ou outros
medicamentos, negava etilismo e tabagismo. Ao exame físico
apresentava lesões maculares acrômicas extensas, coalescentes,
em face tórax, abdome e mãos. Exame cardiopulmonar normal. Abdome
globoso, ausência de macicez móvel, Traube ocupado, baço palpável
a 5 cm RCE e fígado palpável a 3 cm RCD. Nos exames laboratoriais
apresentava Hb = 9,9 g/dL; VGM = 91,6 um3; HGM = 30,9 pg; 74.000
plaquetas/mm3; ALT = 57 U/L; AST = 62 U/L; GGT = 169 U/L; FA = 75 U/L;
BT = 3,4 mg/dL; IgG = 1500 mg/dL e hipergamaglobulinemia. Exibia
sorologias negativas para os vírus A, B e C de hepatite, além de
anticorpos AML, AMA e AntiKLM1 negativos. FAN não reagente na
diluição:1:80. Score de 11 para diagnóstico de HAI (GIHI 1999). A USG
abdome total exibiu fígado heterogêneo, de dimensões reduzidas e
esplenomegalia. Na EDA apresentou varizes esofágicas de médio
calibre e gastropatia hipertensiva. Não foi submetido a biópsia hepática
devido plaquetopenia. Permaneceu em acompanhamento clínico, durante
o qual foi diagnosticada tireoidite de Hashimoto com TSH 12 µU/mL
(0,4-4,0 µU/mL), T4 livre 0,84 ng/dL (0,89-1,76 ng/dL) e anticorpo
antiperoxidase de 556 IU/ ml (<35 IU/mL). A irmã teve diagnóstico de
HAI. Após dois anos de seguimento ambulatorial apresentou FAN+ 1:80
(padrão nuclear homogêneo) e IgG = 2030 mg/dL (694-1618 mg/dL),
quando foi diagnosticada HAI e iniciado tratamento com prednisona
em monoterapia. As aminotransferases se mantiveram 2xLSN, mas
houve inversão de ALT>AST e normalização da IgG. Desenvolveu DM
relacionado ao uso de corticoide e necessitou de insulinoterapia. Não
tolerou a associação com azatioprina devido a um de quadro de rash
cutâneo e permanece em acompanhamento com corticoide em
monoterapia. Conclusão: Este estudo ressalta a necessidade de se
considerar o diagnóstico de HAI em pacientes com outras doenças
autoimunes que se apresentam com disfunção hepática, e da
importância de se rastrear outras doenças autoimunes durante o
acompanhamento desses pacientes.
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
TL 148
HEPATITE C
Penélope Lacrísio dos Reis Menta, Maria Isabel Toulson Davisson
Correia, Paula Vieira Teixeira Vidigal, Luciana Diniz Silva, Rosângela
Teixeira
Universidade Federal de Minas Gerais
Introdução/Objetivos: distúrbios nutricionais são co-fatores para
progressão da fibrose hepática e comorbidades em pacientes com
hepatite viral. Nós investigamos o estado nutricional e ingestão de
macronutrientes de pacientes com hepatite crônica pelo vírus B (VHB)
ou C (VHC), em um estudo transversal. Métodos: 230 pacientes
com diagnóstico confirmado de hepatite B (n=80) ou C (n=150) foram
avaliados nutricionalmente pelos métodos: a) Avaliação Global
Subjetiva (AGS), b) Medidas antropométricas, e c) Recordatório de
24 horas para ingestão dietética. O risco de complicações metabólicas
da obesidade foi avaliada pela medida da circunferência da cintura
(CC) e porcentagens de gordura corporal (%GC). O abuso de álcool
prévio ao diagnóstico ou atual foi considerado acima de 20g e 30g
por dia, para mulheres e homens, respectivamente. Resultados: A
idade média foi de 54 (±11) e 46 (±10) anos para pacientes VHC e
VHB (p<0,001), respectivamente. 121/230 (52,6%) pacientes eram
do sexo feminino, 15% eram cirróticos. Pela AGS, 86,5% dos
pacientes eram nutridos e 13,5% desnutridos. A desnutrição foi
associada à cirrose (RP=1,25, IC95% 1,1-1,4, p<0.001), abuso de
álcool, bilirrubina direta>3,0 mg/dL, INR>1,1, plaquetas<150.000/mm3,
hemoglobina<12g/dL e albumina<3,5 g/dL (p<0,05). Pelo IMC, 43,9%
dos pacientes eram eutróficos, 33,5% com sobrepeso, 21,3%
obesos e 1,3% abaixo do peso. Obesos apresentaram maior
prevalência de esteatose que pacientes eutróficos (RP=1,53, IC95%
1,15-2,04, p=0,003) ou com sobrepeso (RP=1,71, IC95% 1,33-2,20,
p<0,001). Sobrepeso/obesidade foi associada com CC>94cm
(homens) e 80cm (mulheres), %GC>25% (homens) e 32% (mulheres)
(p<0,01), triglicerídeos>150mg/dL, HDL-c<40 mg/dL, glicose>99mg/dl,
insulina>20mU/mL, RI-HOMA>3,2 e TSH>2.5mU/mL (p<0,05).
Esteatose hepática foi associada com triglicerídeos>150mg/dL,
VLDL-c>40mg/dL, glicose >99mg/dl e HOMA-IR>3,2 (p<0,05). Mais
de 50% dos pacientes apresentaram ingestão de proteínas, gorduras
totais e fibras menores que o recomendado. Conclusão: Sobrepeso e
obesidade são os principais distúrbios nutricionais em pacientes com
hepatite crônica B ou C. A desnutrição está associada com cirrose e a
obesidade com esteatose hepática. Hábitos alimentares inadequados
são comuns em pacientes com hepatite viral crônica. Intervenções
nutricionais corretivas são necessárias na prática clínica para prevenir
comorbidades relacionadas a estes distúrbios.
TL 149
INTOXICAÇÃO ACIDENTAL POR CLOROFÓRMIO LEVANDO A
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA - RELATO DE CASO
Denise Gabardo Pereira, Elisa Fernanda Ferri Cenci, Karen Yumi
Watanabe, Lonize Maira Weinert Silveira, Juliana Ayres de Alencar
Arrais, Daphne Benatti Gonçalves, Cláudia Alexandra Pontes Ivantes,
Bruno Eugênio Canhetti Mondin, Alcindo Pissaia Júnior
Hospital Nossa Senhora das Graças
O clorofórmio, líquido incolor e volátil, é um anestésico externo eficiente,
sendo muito tóxico se ingerido ou seus vapores aspirados. Após
absorção, é rapidamente distribuído por todos os tecidos. As respostas
orgânicas à intoxicação dependem da quantidade a que o indivíduo
foi exposto. A metabolização desta substância ocorre no fígado e,
neste órgão, a intoxicação pode causar: necrose celular com aumento
de transaminases, aumento da concentração de bilirrubinas,
degeneração do tecido adiposo e hepatomegalia. Nestes casos, a
reversão do quadro pode ser alcançada através do uso de Nacetilcisteína (NAC). A NAC tem propriedades antioxidantes e contribui
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
para a síntese do glutationa, substância importante no processo de
detoxificação. Alguns estudos mostram benefício da NAC em
intoxicações por clorofórmio. Neste relato de caso, mostraremos a
utilização bem sucedida desta medicação numa intoxicação acidental
por este anestésico, a qual levou a insuficiência hepática. Paciente
masculino de 21 anos, foi admitido no serviço, transferido de uma
unidade de atendimento primário, após ingestão acidental de
aproximadamente 100ml de clorofórmio 3 dias antes, apresentando
rebaixamento do nível de consciência (GCS:4), insuficiência respiratória e alteração de bioquímica hepática. Na admissão em nosso
serviço, encontrava-se sedado com propofol, em ventilação mecânica,
dados vitais estáveis sem necessidade de drogas vasoativas, pupilas
mióticas não reagentes e diurese arrastada. Exames laboratoriais
mostravam, entre outros, RNI de 3,38, TGO de 8500 U/L e TGP de
6687 U/L. Feito diagnóstico de insuficiência hepática aguda por
intoxicação com clorofórmio. No dia seguinte à internação, iniciou-se
a administração de NAC intravenosa na seguinte sequência: dose de
ataque de 150mg/kg em 15 minutos, seguido de 50mg/kg em 4 horas,
seguido de dose de manutenção contínua 6,25mg/kg/h. Medicação
foi administrada por 4 dias, sendo então suspensa após melhora
clínica e laboratorial significativas. No quarto dia de tratamento, TGO
de 255 U/L, TGP de 1340 U/L e RNI de 1,01. Recebeu alta hospitalar
sem sequelas motoras, neurológicas, renais ou hepáticas e com os
seguintes exames: TGO de 174 U/L, TGP de 693 U/L e RNI de 1,1.
Conforme decréscimo substancial dos níveis de TGO, TGP e RNI
apresentados após o uso de NAC, percebe-se a real eficácia do uso
desta droga em casos de insuficiência hepática aguda nos casos de
intoxicação por clorofórmio, corroborando com dados apresentados
pela literatura disponível. A importância desse relato de caso reside
no fato em se alertar sobre a gravidade da intoxicação por clorofórmio,
com risco de rápida evolução a óbito se não tratado, e atentar para a
possibilidade de boa evolução com o uso de NAC.
TL 150
ASCITE POR STRONGYLOIDES STERCORALIS EM PACIENTE
HIV POSITIVO
Mariana Horn André, Débora Tonon; Emilia Tiemi Oshiro Bansho; Esther
Buzaglo Dantas-Corrêa; Leonardo de Lucca Schiavon; Janaína Luz
Narciso-Schiavon
Núcleo de Estudos em Gastroenterologia e Hepatologia (NEGH) Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Introdução: Pacientes infectados com S. stercoralis são, habitualmente, assintomáticos. Formas mais graves são relatadas, geralmente, em imunossuprimidos com potencial evolução grave. A
disseminação pode envolver o intestino, estômago, pulmão, o líquor e
pode determinar a ocorrência de ascite. Além disso, a penetração de
larvas da parede intestinal durante disseminação pode resultar em
bacteremia. Material e Métodos: Trata-se de relato de um caso de
uma mulher soropositiva para o HIV que desenvolveu ascite com S.
stercoralis. Relato de Caso: Mulher de 33 anos procura o hospital
com queixa de dor e aumento de volume abdominal há três dias,
associada à febre não aferida e calafrio. Havia sido internada na
semana anterior para tratamento de pneumonia e recebeu alta em
uso de sulfametoxazol-trimetoprim. Diagnóstico de SIDA há quatro
meses da admissão, sem uso de antirretrovirais. Nega etilismo,
tabagista ativa. Ao exame físico apresentava regular estado geral,
hipocorada, emagrecida, eupneica. Exame cardiopulmonar normal.
Abdome globoso, ruídos hidroaéreos presentes, distendido,
difusamente doloroso à palpação, sem dor à descompressão brusca.
Sem edema de membros inferiores. Os exames laboratoriais
evidenciaram hemoglobina de 11,9 g/dL, leucócitos de 25540/mm3,
plaquetas de 296000/mm3; creatinina de 0,9 mg/dL; fosfatase alcalina
126 U/L (valor de referência - VR = 136 U/L); Gamaglutamil
transferase 84 U/L (VR = 55 U/L); aspartato aminotransferase = 49
U/L (VR - 37 U/L); alanina aminotransferase de = 86 U/L (VR = 65 U/L);
beta-HCG não reagente; proteínas totais de 4,6 g/L e albumina de
67
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
2,1 g/L. A ultrassonografia demonstrou ascite moderada e distensão
gasosa. O líquido ascítico colhido por paracentese evidenciou
proteínas totais 3,9 g/L; albumina 1,9 g/L; GASA 0,2; celularidade
total de 1950 céls com 20000 hemácias e 68% de neutrófilos; 20%
de eosinófilos; 11% de monócitos e 1% de mesoteliócitos. Foi
identificada larva de helminto na citologia do líquido ascítico. Foi
iniciado tratamento com ivermectina para estrongiloidíase
disseminada, mas a paciente evoluiu com piora da dor abdominal, foi
submetida à laparotomia branca e evoluiu com insuficiência
respiratória, choque séptico e óbito em 48 horas. Conclusão: Esse
caso não só reforça a estrongiloidíase disseminada como causa de
ascite com GASA < 1,1 em indivíduos imunossuprimidos, mas o fato
de que sem diagnóstico e tratamento precoces a hiperinfecção pode
ser fatal.
TL 151
REAÇÃO ADVERSA CUTÂNEA GRAVE DURANTE TRATAMENTO
DE HEPATITE C CRÔNICA. RELATO DE CASOS E REVISÃO DA
LITERATURA
Helena Maria Giordano, Fernando Miguel Resck Gadbem, Dayane
Resende Fonseca Campos, Pedro Duarte Gaburri
Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora - MG
Introdução: O tratamento da hepatite C com interferon e ribavirina
apresenta risco de várias reações adversas, entre elas alterações
dermatológicas, que são potencialmente graves, atrapalhando a
continuidade da terapia e o alcance da resposta viral sustentada.
Objetivos: relatar quatro casos de pacientes com reação cutânea
durante a terapia para hepatite C e fazer uma revisão da literatura
desta complicação. Material e Métodos: Quatro pacientes do sexo
feminino apresentaram reação adversa cutânea durante a terapia
dupla com interferon peguilado alfa 2a e ribavirina. Três pacientes
eram monoinfectadas e uma tinha coinfecção com HIV. Duas pacientes
apresentaram lesão urticariforme. A terceira já era portadora de
psoríase grau leve antes do tratamento e apresentou piora acentuada
das lesões. A paciente com coinfecção apresentou lesões em placas
elevadas eritematosas disseminadas sem associação com prurido.
Todas apresentaram lesão cutânea com área maior que 50% da
superfície corporal. O tratamento foi suspenso com melhora do quadro
em todas elas, mas com recuperação mais lenta na paciente
coinfectada, que permanece com as lesões por mais de três meses
após suspensão do tratamento para hepatite C. Resultados: A
literatura descreve várias lesões cutâneas associadas à própria
infecção pelo vírus C e secundárias à terapia. Com a chegada da
terapia tripla empregando-se o telaprevir e o boceprevir, significativo
número de pacientes apresenta rash cutâneo. Em uma minoria de
casos, a suspensão da terapia é necessária. Conclusões: O relato
da evolução de quatro pacientes que apresentaram efeito adverso
cutâneo grave durante terapia com interferon peguilado e ribavirina
visa alertar sobre a possível ocorrência de lesões cutâneas em terapia
tripla, que possam não ser causadas pelo uso dos Inibidores de
Protease. As reações cutâneas durante o tratamento para hepatite C
com interferon peguilado e ribavirina podem ser extensas obrigando
a suspensão do tratamento em determinados casos. A vigilância dos
pacientes durante todo o tratamento é fundamental para não
colocarmos os pacientes em risco. Novos estudos serão necessários
para identificarmos fatores de risco para manifestação dermatológica
durante o tratamento, com ênfase para as formas graves.
TL 152
CONTAGEM SERIADA DE PLAQUETAS E O VALOR DA BIÓPSIA
HEPÁTICA NA AVALIAÇÃO DA HEPATITE C
Helena Maria Giordano Valério, Paloma Mayer Martins Fonseca,
Arytanna Borges da Silva Castro, Pedro Duarte Gaburri
Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora - MG
68
Introdução. Vários parâmetros foram estudados para avaliação do
estágio da fibrose hepática em portadores de hepatite crônica pelo
vírus C. A biópsia hepática é ainda ferramenta muito utilizada para
este fim. Porém, é método invasivo e nem sempre representativa de
todo fígado. Como o acesso à elastografia hepática é ainda restrito
em nosso meio, outros parâmetros são necessários para predição
do acometimento hepático nesta situação, dentre ele parâmetros
séricos como a contagem de plaquetas, aminotransferases e outros.
Objetivos. Avaliar a relação da contagem seriada de plaquetas com
o grau de fibrose histológica em portadores de hepatite C crônica.
Material e métodos. Foram colhidos dados dos prontuários de
candidatos ao tratamento para hepatite C crônica submetidos à biópsia
hepática: grau de fibrose, plaquetas (três dosagens seriadas com
intervalo menor que 60 dias), AST,ALT,GGT,albumina e ultrassom do
abdome. O grau de fibrose foi relacionado ao valor da média de três
dosagens do número de plaquetas. Foram também analisadas outras
variáveis bioquímicas e achados do ultrassom. A graduação da fibrose
histológica segundo à classificação de METAVIR foi feita pelo mesmo
patologista em todos casos. Foram excluídos pacientes coinfectados
com HIV ou vírus B. Resultados. Foram avaliados 93 pacientes,
63,5% homens. Segundo à classificação de Metavir, 72% dos pacientes
apresentaram grau 0 ou 1 de fibrose. Após análise estatítisca, houve
correlação significativa entre o grau de fibrose e a contagem das
plaquetas. Pacientes com grau avançado de fibrose (3 e 4) tinham
plaquetas menores que 100.000/mm³ em sua maioria, enquanto
naqueles com graus 0 ou 1, o número de plaquetas foi maior que
200.000. Conclusões: 72% dos pacientes estudados não foram eleitos
para tratamento e continuam apenas em seguimento clínico por
apresentarem graus 0 ou 1 de fibrose histológica. Estes pacientes
apresentavam plaquetas estáveis e elevadas, que permitiam pressupor
baixo grau de fibrose e assim se submeteram à biópsia, se expondo
aos riscos do procedimento invasivo.A contagem seriada das plaquetas
nos pacientes com valores seriados acima de 200.000 pode poupá-los
deste procedimento até dispormos de outro método não invasivo para
avaliação do grau de fibrose ou de um tratamento que se aplique
indistintamente a todos os pacientes infectados pelo vírus C.
TL 153
MIOPATIA AGUDA RELACIONADA AO USO DE SORAFENIBE
Denise Gabardo Pereira, Elisa Fernanda Ferri Cenci, Karen Yumi
Watanabe, Lonize Maira Weinert Silveira, Juliana Ayres de Alencar
Arrais, Daphne Benatti Gonçalves, Cláudia Alexandra Pontes Ivantes,
Bruno Eugênio Canhetti Mondin, Alcindo Pissaia Júnior
Hospital Nossa Senhora das Graças
O Sorafenibe é atualmente a droga de escolha para o tratamento de
Hepatocarcinoma avançado (Estágio C na Classificação de Barcelona).
Os efeitos adversos mais comuns são: diarreia, síndrome mão-pé,
fadiga, dor abdominal, perda de peso, perda de apetite, náusea, eritema
e descamação, queda de cabelo, coceira e hipertensão. Descrevemos
neste relato a associação de uma miopatia aguda ao início do uso do
Sorafenibe. Paciente masculino de 61 anos, portador de cirrose
hepática Child A6 e MELD 9 por hepatite C com diagnóstico recente de
hepatocarcinoma infiltrativo no lobo hepático direito, foi hospitalizado
por queda de estado geral, astenia, diarreia, hiporexia, aumento de
volume abdominal e perda de força muscular em MMII associada à dor
muscular intensa e cãibras, após 3 semanas de uso de Sorafenibe.
Ao exame físico ictéricia 2+/4, abdome ascítico e edema de MMII. Ao
exame neurológico, dor à palpação da musculatura dos MMII, arreflexia
generalizada sem déficit sensitivo, paraparesia e discreta paresia de
MMSS. O diagnóstico foi de uma miopatia aguda provavelmente
desencadeada pela medicação. Nesta ocasião o MELD era de 23, a
CPK de 1147 U/L e a alfa-feto proteína de 15665 ng/ml. A eletromiografia
e a biópsia muscular confirmaram miosite aguda. Com a suspensão
do Sorafenibe houve melhora progressiva da paraparesia dos MMII e
diminuição da dor muscular. Alta hospitalar no décimo dia, com MELD
18, CPK de 76 U/L. Apesar de já terem sido descritos casos de
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
acometimento do sistema musculoesquelético, como sarcopenia e
artralgia, devido ao uso de Sorafenibe, os relatos de miosite aguda
provocada por essa droga são muito raros, segundo a literatura.
Sabe-se que o Sorafenibe é capaz de causar danos ao músculo
cardíaco de ratos e, possivelmente, o mecanismo patológico possa
ser o mesmo no músculo estriado esquelético. Por isso, é de grande
importância o conhecimento de miosite aguda como efeito adverso
pelo uso de Sorafenibe, já que essa droga é primeira escolha para
tratamento de hepatocarcinoma.
TL 154
GASTROENTERITE EOSINOFÍLICA - DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
DE ASCITE: RELATO DE CASO
Fernanda Schwanz Coutinho, Maria da Penha Zago Gomes, Karina
Zamprogno de Souza, Marília Majeski Colombo, Mayara Fiorot Lodi
UFES
Introdução: Gastroenterite Eosinofílica (GE) é uma doença rara, de
etiologia desconhecida, caracterizada pela infiltração de eosinófilos
na parede do trato gastrointestinal (TGI). Provavelmente tem origem
imuno-alérgica (25-75% dos casos tem antecedentes de alergia/
atopia). Mais comum em homens (3:2), caucasianos, na 3ª e 5ª
décadas de vida. Pode acometer diferentes camadas do TGI levando
a sintomas distintos. Talley et al (1990) classificou a GE em Mucosa
(25-100%): dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia, perda de peso;
Muscular (13-70%): obstrução e perfuração intestinal; Serosa (1240%):distensão abdominal, ascite exsudativa eosinofílica. Também
propôs os critérios diagnósticos mais reconhecidos e usados: 1)
Sintomas TGI; 2) Infiltração eosinofílica (20 ou mais eosinófilos por
campo de alta resolução) em uma ou mais áreas do TGI; 3) Eosinofilia
sem envolvimento de outros órgãos extraintestinais; 4) Ausência de
parasitose. Outras alterações são aumento da IgE, da PCR, eosinofilia
periférica (mais comum no acometimento da serosa). A base do
tratamento está no uso de corticoide que, em baixas doses, está
associada à remissão da doença em 80-90% dos casos. O tempo de
terapia não é definido. Cursa com remissão/reagudização, podendo
ter recidivas na suspensão do corticoide. Outras medicações estão
sendo estudadas, mas sem eficácia definida. Objetivo: relato de
caso de Ascite Eosinofílica. Material e Método: revisão de prontuário,
avaliação de exames laboratoriais e biópsias. Resultados: paciente
masculino, 69 anos, com dor abdominal e ascite. Evidenciado eosinofilia
periférica (leucócitos: 21.390/mm3 /42% eosinófilos), IgE:1.089UI/ml
(VR: até 100UI/ml) e líquido ascítico com leucócitos: 12.200/mm 3 /94%
eosinófilos / GASA 0,8. US abdominal com ascite e edema difuso de
alças intestinais. EDA normal com biópsias de estômago e duodeno
com infiltrado eosinofílico. Pela suspeita de GE, iniciado prednisona
60mg/dia com boa resposta clínica e laboratorial - ausência de ascite,
sangue periférico com leucócitos de 12.940/mm3 e 1,6% de eosinófilos.
Seguiu com desmame gradual da prednisona. Encontra-se
assintomático. Conclusão: Embora rara, principalmente o acometimento da serosa com ascite, GE deve ser lembrado como diagnóstico
diferencial de ascite. O tratamento adequado apresenta boa resposta
clínica e melhora da qualidade de vida.
TL 155
FATORES ASSOCIADOS AOS NÍVEIS SÉRICOS DE 25(OH)D EM
PACIENTES CIRRÓTICOS
Mariana Costa Silva, Telma Erotides Silva, Maria Luiza Aires de Alencar,
Mara Sérgia Pacheco Honório Coelho, Leticia Muraro Wildner, Maria
Luiza Bazzo, David Alejandro González Chica, Esther Buzaglo DantasCorrea, Janaina Luz Narciso-Schiavon, Leonardo De Lucca Schiavon
NEGH - Núcleo de Estudos em Gastroenterologia e Hepatologia.
Universidade Federal de Santa Catarina
Introdução: Níveis mais baixos de 25-hidroxivitamina D 25(OH)D têm
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
sido observados em pacientes cirróticos e foram relacionados à maior
gravidade da doença e pior prognóstico. No entanto, a maioria dos
estudos prévios incluiu uma grande proporção de pacientes com
doença hepática muito avançada, sem o adequado controle para
outras variáveis que podem se associar aos níveis de vitamina D.
Objetivos: Investigar a prevalência e os fatores relacionados à
hipovitaminose D em portadores de cirrose hepática acompanhados
ambulatorialmente e investigar o impacto da descompensação aguda
da cirrose sobre os níveis de 25(OH)D. Material e Métodos: Estudo
transversal que incluiu pacientes cirróticos ambulatoriais. Os níveis
séricos de 25(OH)D e PTH foram determinados por quimioluminescência. Os pacientes foram submetidos à avaliação clínica, laboratorial
e nutricional. Análises bivariada e multivariada foram realizadas para
investigação de fatores associados a níveis de vitamina D abaixo do
tercil inferior. Trinta pacientes que haviam sido internados nos últimos
seis meses foram comparados nos dois momentos (internação e
avaliação ambulatorial). Resultados: Foram incluídos 133 pacientes
com média de idade de 53,93 ± 12,13 anos, 72,2% homens, 67,7%
Child-Pugh A. Os níveis de 25 (OH)D foram menores que 30 ng/mL em
69,9% e menores que 20 ng/mL em 14,3% da amostra. Níveis de
25(OH)D abaixo do tercil inferior (<24 ng/mL) se associaram de forma
independente a maiores valores da prega tricipital (OR 1,041, IC95%
1,003 - 1,081, P = 0,034) e a cor de pele não-branca (OR 4,056,
IC95% 1,005 - 16,369, P = 0,049). A 25(OH)D não se associou às
variáveis relacionadas à gravidade da doença hepática. PTH > 65 pg/
mL foi encontrado em 24,6% dos pacientes, sem associação com
25(OH)D ou gravidade da doença hepática. Níveis mais baixos de
25(OH)D foram observados no momento da descompensação aguda
(22,90 ± 9,53 ng/mL vs. 29,46 ± 7,06 ng/mL, P < 0,001). A internação
também foi associada a maiores médias de MELD, RNI e bilirrubina
total, maior mediana de PCR e menor albumina. Conclusões: Nesta
amostra de pacientes cirróticos com função hepática relativamente
preservada a prevalência de hipovitaminose D foi elevada e esteve
associada à adiposidade e cor de pele não-branca, mas não à
gravidade da doença. No entanto, os níveis significativamente mais
baixos observados durante a admissão por complicações da doença
sugerem um impacto da disfunção hepática ou da inflamação sistêmica
sobre a 25(OH)D.
TL 156
ASCITE QUILOSA: UMA COMPLICAÇÃO DA CIRROSE HEPÁTICA
NEGLIGENCIADA
Fernanda Schwanz Coutinho, Maria da Penha Zago Gomes, Karina
Zamprogno de Souza, Marília Majeski Colombo, Mayara Fiorot Lodi
UFES
Introdução: Ascite Quilosa (AQ) é a ascite com líquido peritoneal
rico em triglicerídeos (TG). É uma complicação rara, com incidência
de 1:20.000 em um hospital de grande porte, em 20 anos. A etiologia
é multifatorial, pode ser congênita, após lesão linfática por trauma ou
cirurgia, infecções (Ex: tuberculose) e, em adultos, as principais
causas são por cirrose hepática (CH) e malignidades. Está presente
em 0,5-1% dos pacientes com CH e ascite, ocorre devido à
combinação da hipertensão portal com alto fluxo linfático hepático.
Pode cursar com distensão e desconforto abdominal, perda de peso,
esteatorréia, náuseas, edema, desnutrição. Em cirróticos os estigmas
da doença hepática crônica estão presentes. A paracentese com
análise do líquido ascítico (LA) é a ferramenta mais importante para o
diagnóstico. O aspecto do LA é leitoso, pode ter aumento do número
de células com predomínio de linfócitos e aumento do número de
proteínas. No entanto, a definição é dada pela dosagem de TG que
tipicamente mostra valores acima de 200mg/dl (alguns autores >110mg/
dl). Exames podem ser realizados relacionados com a hipótese para
AQ. Malignidades sempre devem ser pesquisadas. Paciente com CH
sem clínica sugestiva para neoplasias, não necessita de rastreio
aprofundado. O tratamento da AQ em cirróticos consiste principalmente
no manejo da ascite com dieta hipossódica e diuréticos, pode ser
acrescentado triglicerídeos de cadeia média (TCM) à dieta para melhor
69
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
recuperação nutricional. Objetivo: relatar caso de ascite quilosa.
Material e Método: revisão de prontuário e avaliação de exames
laboratoriais. Resultados: Paciente masculino, 46 anos, diabético,
portador de doença renal crônica e cirrose hepática por esteatohepatite
não alcoólica, apresentando ascite e edema de membros inferiores.
À internação apresentava LA de aspecto leitoso, leucócitos 1.450/
mm3 (90% mononucleares), proteína 5,7 mg/dl, albumina 1,7 mg/dl,
triglicerídeos 654 mg/dl, pesquisa para tuberculose negativo.
Introduzido dieta assódica e com TCM (fez 14 dias de TCM endovenoso
na tentativa de recuperação nutricional mais efetiva). Não foi
introduzido diurético devido disfunção renal. Paciente apresentou
redução do volume abdominal e melhora nutricional, recebeu alta em
uso de TCM oral e dieta hipossódica. Conclusão: Embora rara, a AQ
pode estar presente e, nos adultos, as causas mais comuns são
malignidades e CH. A investigação deve ser voltada para a causa
dessa ascite para obtermos tratamento efetivo.
TL 157
ENDOCARDITE BACTERIANA DURANTE TERAPIA PARA HEPATITE
C CRÔNICA. RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA
Helena Maria Giordano Valério, Pedro Duarte Gaburri
Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora - MG
Introdução: O tratamento da hepatite C envolve uma série de efeitos
colaterais, sendo frequente a ocorrência de alterações hematológicas
como anemia e neutropenia. Há também maior risco de processos
infecciosos, sendo os mais frequentes infecção do trato urinário, de
pele e pneumonia. Objetivos: relatar evolução de paciente que
apresentou endocardite bacteriana durante terapia de hepatite C com
interferon peguilado e ribavirina. Revisar na literatura complicações
infecciosas deste tratamento. Relato de Caso: homem de 58 anos,
hepatite C crônica, com prótese mitral biológica há 27 anos. Após
avaliação e liberação da cardiologia foi iniciado tratamento para
hepatite C com interferon peguilado alfa2 a e ribavirina. Paciente
vinha em seguimento clínico com boa tolerância, sem alterações
importantes no hemograma. Apresentou queda da carga viral na
semana 12 e negativação viral na semana 24. Na semana 46, foi
internado por quadro de insuficiência cardíaca, sem febre. Foi
submetido a exames, sendo diagnosticada endocardite bacteriana.
Foi iniciado tratamento com antibióticos e suspensa a terapia para
hepatite C. No décimo dia de internação, paciente apresentou piora
com instabilidade hemodinâmica, transferido para CTI. Complicou com
insuficiência renal e falência de múltiplos órgãos evoluindo ao óbito.
Resultados de revisão: A taxa de infecções no curso da terapia com
interferon e ribavirina é maior em pacientes coinfectados que
monoinfectados. As infecções mais relatadas são pneumonia,
infecção urinária e dermatites. A neutropenia secundária ao tratamento
não está diretamente relacionada à complicação infecciosa. Há poucos
relatos na literatura de evolução de endocardite durante terapia de
hepatite C, e a maioria foi descrita em usuários de droga injetáveis.
Conclusões. Os pacientes portadores de próteses valvares devem
ser vigiados quanto aos sinais de descompensação cardíaca durante
a terapia para o vírus C. A ausência de febre e de outros sinais clássicos
de endocardite bacteriana pode atrasar o diagnóstico nesta população
de pacientes. Avaliação cardiológica criteriosa poderia fazer parte da
rotina no seguimento destes pacientes durante terapia da hepatite C e
a possível indicação de antibioticoterapia profilática associada à terapia
da hepatite C deve ser investigada em novos estudos.
TL 158
CISTOADENOMA BILIAR: UM RELATO DE CASO
Marilia Majeski Colombo, Mayara Fiorot Lodi, Karina Zamprogno Souza,
Fernanda Schwanz Coutinho, Maria da Penha Zago Gomes, Luciana
Lofêgo Gonçalves
Hospital das Clínicas Cassiano Antônio de Moraes
70
Introdução: O cistoadenoma biliar (CAB) é um tumor cístico, benigno
e raro do fígado, mais prevalente no sexo feminino e frequentemente
apresenta-se na 5ª ou 6ª década de vida. Geralmente manifesta-se
como cisto único e volumoso, de superfície multilobulada e com
septações. Está envolto por mesênquima que mimetiza o estroma
ovariano em 85-90% dos casos. Objetivos: Relatar um caso de
CAB, destacando-se a importância do reconhecimento de tal entidade
diagnóstica devido à grande dificuldade de diferenciação préoperatória de cistoadenocarcinoma (CAC). Material e métodos:
Relato de um caso atendido pelo serviço de Gastroenterologia do
Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (HUCAM). Informações
colhidas a partir de revisão de prontuário médico. Resultados: Tratase de paciente do sexo feminino, 57 anos, faioderma, que referia
desconforto abdominal ocasional após as refeições ou à compressão
abdominal, com relato de drenagem de cisto hepático por
videolaparoscopia há 07 anos. Ao exame físico notava-se apenas
hepatomegalia (fígado palpável a 04cm do rebordo costal direito);
dentre os exames laboratoriais apresentava elevação de fosfatase
alcalina (5 vezes o valor de referência) e äGT (2 vezes o valor de
referência); à ressonância magnética de abdome observava-se
formação cística com paredes finas e sem realce pelo meio de
contraste, medindo 15,9 x 14,7 x 13,5cm e fazendo compressão de
estruturas adjacentes e dilatação de via biliar intra-hepática. A paciente
foi submetida a hepatectomia esquerda e ressecção do cisto. O laudo
histopatológico da peça cirúrgica foi de CAB. Conclusão: O CAB,
embora seja uma lesão benigna, apresenta em alguns casos um
potencial de malignização; ademais o diagnóstico diferencial com lesão
maligna (cistoadenocarcinoma) não pode ser feito com segurança
exclusivamente por métodos radiológicos, indicando-se sempre a
ressecção cirúrgica para elucidação diagnóstica definitiva e adequada
terapêutica.
TL 159
DESEMPENHO DE MODELOS PROGNÓSTICOS COMO PREDITORES
DE MORTALIDADE EM PACIENTES COM DESCOMPENSAÇÃO
AGUDA DA CIRROSE
Leonardo Fayad, César Lazzarotto, Marcelo Fernando Ronsoni,
Janaína Luz Narciso-Schiavon, Leonardo De Lucca Schiavon, Esther
Buzaglo Dantas-Correa
NEGH - Núcleo de Estudos em Gastroenterologia e Hepatologia.
Universidade Federal de Santa Catarina
Introdução: Pacientes admitidos por descompensações agudas da
cirrose apresentam risco elevado de óbito. Apesar do MELD e suas
derivações serem rotineiramente empregados, existem poucos
estudos investigando o desempenho e comparando a acurácia destes
modelos no contexto da descompensação aguda da cirrose.
Objetivos: estudar os modelos MELD, MELD-Na, MESO, iMELD, Refit
MELD e Refit MELD-Na como preditores prognósticos em cirróticos
admitidos por descompensações agudas, comparando o seu
desempenho na admissão e 48 horas após a internação. Material e
métodos: Estudo de coorte prospectivo no qual os pacientes foram
avaliados dentro de 24 horas da admissão e nos dias 3, 7, 30 e 90.
Foram excluídos aqueles com internação por período inferior a 48
horas. Os modelos estudados foram calculados com exames da
admissão e de 48 horas. Resultados: Foram incluídos 123 pacientes,
com média de idade de 54,26 ± 10,79 anos, 76,4% do sexo masculino.
Descompensação prévia foi relatada por 64,2% dos indivíduos. A
média do MELD foi de 16,43 ± 7,08 e 52,0% dos pacientes eram ChildPugh C. Vinte e sete pacientes (22,0%) evoluíram para óbito durante
a internação hospitalar. Na admissão foram observadas as seguintes
AUROC para predição de mortalidade: MELD: 0,785 ± 0,053; MELDNa: 0,781 ± 0,053; MESO: 0,784 ± 0,052; iMELD: 0,770 ± 0,053; ReFit
MELD: 0,782 ± 0,050; ReFit MELD-Na: 0,776 ± 0,052 (P > 0,05 na
comparação entre os modelos de admissão). Considerando a
avaliação de 48 horas, as seguintes AUROCs foram obtidas: MELD:
0,882 ± 0,039; MELD-Na: 0,858 ± 0,049; MESO: 0,880 ± 0,041; iMELD:
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
0,842 ± 0,052; ReFit MELD: 0,876 ± 0,040; ReFit MELD-Na: 0,858 ±
0,048 (P > 0,05 na comparação entre os modelos de 48 horas).
Quando os modelos executados na admissão foram comparados
aos seus correspondentes calculados após 48 horas, AUROCs
significativamente mais elevadas foram obtidas para todos os modelos
(P < 0,05), com exceção do MELD-Na (P = 0,075) e iMELD (P = 0,119).
Considerando pontos de corte escolhidos pelas curvas ROC, no geral
foi notada sensibilidade semelhante nos dois momentos de cálculo,
porém com significativo ganho em especificidade e VPP na avaliação
de 48 horas. Conclusão: Os modelos estudados apresentaram
acurácia semelhante como preditores de mortalidade em cirróticos
admitidos por descompensação aguda. No entanto, o desempenho
destes modelos foi significativamente melhor quando aplicados 48
horas após a internação em relação a seu cálculo no momento da
admissão.
TL 160
PESQUISA DE MARCADORES SOROLÓGICOS DE INFECÇÃO PELO
VÍRUS DA HEPATITE E EM INDIVÍDUOS PORTADORES DO HIV
Ariana Carolina Ferreira, Michele Soares Gomes-Gouvêa, Maria Cássia
Jacintho Mendes-Correa, Camila Picone, João Renato Rebello Pinho
Departamento de Gastroenterologia, Instituto de Medicina Tropical
e Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: A infecção pelo vírus da hepatite E (HEV) é um
considerável problema de saúde pública em diversas regiões do mundo.
Muito embora a infecção pelo HEV tenha sido reconhecida como
benigna e de curso evolutivo autolimitado, são crescentes as
evidências de sua evolução para a cronicidade e cirrose em indivíduos
imunossuprimidos, especialmente transplantados e portadores do vírus
da imunodeficiência humana (HIV). A distribuição da infecção pelo
HEV no Brasil é pouco conhecida e não há estudos entre populações
de indivíduos portadores do HIV. Objetivos: Este estudo visa avaliar
a frequência da infecção pelo HEV através da pesquisa de marcadores
sorológicos Anti-HEV (IgG e IgM) em indivíduos com infecção pelo
HIV. Material e Métodos: Foram analisadas 201 amostras coletadas
no período de 2007 a 2013 de pacientes portadores do HIV procedentes
da cidade de São Paulo. As amostras de soro foram submetidas à
pesquisa qualitativa de anticorpos Anti-HEV IgG e IgM utilizando-se o kit
comercial in vitro RecomWell HEV IgG ou IgM (MIKROGEN), que baseiase no princípio de ELISA sanduíche indireto com antígenos recombinantes
das regiões ORF2 e ORF3 do genoma do HEV expressos em células de
E. coli. Resultados: Anticorpos Anti-HEV IgG foram detectados em
10,5% (21/201) das amostras analisadas e dessas apenas uma
apresentou também positividade para anticorpos Anti-HEV IgM,
evidenciando uma possível infecção aguda pelo HEV. Conclusão:
Através deste trabalho foi possível constatar a circulação do HEV
entre a população de infectados pelo HIV. Vale ressaltar que a
frequência observada nesta população foi superior aquela descrita
por estudos realizados na década de 90 no Brasil em outros grupos
populacionais. O quanto a presença do Anti-HEV IgG pode estar
associada à infecção crônica será avaliado utilizando-se técnicas de
biologia molecular para detecção do HEV RNA.
TL 161
AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL DO PEIXE-ZEBRA TRATADO
COM LACTOBACILLUS RHAMNOSUS GG DURANTE EXPOSIÇÃO
AO ETANOL
Ana Claudia Reis Schneider, Eduardo Pacheco Rico, Denis
Rosemberg, Ranieli Guizzo, Laísa Beduschi Fracasso, Diogo Losch
de Oliveira, Themis Reverbel da Silveira
Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Introdução: Um sistema de comunicação bidirecional, conhecido
como eixo entero-cerebral, compreende a microbiota intestinal do
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
hospedeiro e as suas atividades cerebrais. Os probióticos são
bactérias que, quando ingeridas em quantidade adequada, exercem
um efeito benéfico na saúde do hospedeiro. Evidências clínicas
comprovam o papel da intervenção com probióticos na redução da
ansiedade e do estresse, tanto em estudos clínicos quanto
experimentais. Potenciais mecanismos pelos quais probióticos podem
afetar o funcionamento do SNC são o sistema imune e a produção de
metabólitos que com propriedades neuroativas. O peixe-zebra tem
sido utilizado com sucesso em estudos que avaliam as alterações
comportamentais provocadas pelo etanol, em exposição aguda e
crônica. Objetivo: Avaliar um possível efeito do Lactobacillus
rhamnosus GG (LGG) sobre o comportamento do peixe-zebra exposto
ao etanol. Metodologia: Após aclimatação, peixes-zebra adultos (>
3 meses), wild-type (n = 96), foram divididos aleatoriamente em 4
grupos: Controle (C), Probiótico (P), Etanol (E) e Probiótico + Etanol
(PE). O etanol foi adicionado à água (0,5% v/v) dos grupos E e PE. Os
peixes foram alimentados duas vezes ao dia durante 2 semanas com
ração suplementada com LGG (P e PE) e sem suplemento (C e E).
Após o período de exposição, os peixes foram avaliados individualmente pelo teste open-tank sendo a atividade comportamental
registrada durante uma sessão de 6 min. O aparelho é composto por
um tanque trapezoidal, dividido em três zonas: inferior, média e
superior. Uma câmera ligada a um computador com o programa para
avaliação do comportamento (Any-Maze), monitorou a localização e
atividade locomotora dos animais. Dados analisados por ANOVA twoway e post hoc teste de Tukey. Resultados: Os efeitos do tratamento
com probiótico e da exposição ao etanol foram avaliados em relação
à atividade locomotora e aos padrões de comportamento exploratório.
Dados finais demonstraram que o etanol não promoveu mudanças
significativas na locomoção, no entanto, aumentou significativamente
o comportamento exploratório do grupo E em relação ao C (p <0,01).
Conclusões: O LGG não apresentou efeitos nos parâmetros de
comportamento per se. O etanol alterou significativamente o perfil
exploratório, mas não as atividades locomotoras, indicando a redução
da ansiedade nos peixes alcoolizados. Projeto aprovado pelo
Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (24471).
TL 162
EVENTOS ADVERSOS ASSOCIADOS AO TRATAMENTO DA
HEPATITE C GENÓTIPO 1 COM PEG-INTERFERON ALFA E
RIBAVIRINA: IMPACTO NA RESPOSTA VIROLÓGICA SUSTENTADA
E NA ADESÃO AO TRATAMENTO
Daniela Michaelis de Benedetto, Ivonete Sandra de Souza e Silva,
Roberto José Carvalho Jr., Antonio Eduardo Benedito Silva, Maria
Lúcia Cardoso Gomes Ferraz
Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP/EPM
Introdução: O vírus da hepatite C é um grande problema de saúde
pública que acomete milhares de pessoas no mundo todo. O tratamento
da hepatite C crônica com interferon peguilado (PegIFN) e ribavirina
(RBV) é o atualmente proposto para pacientes com genótipo 1. Estas
medicações podem acarretar em uma série de eventos adversos
(EAs), de variadas intensidades e em diferentes sistemas, o que
interfere de forma relevante, não apenas na adesão ao tratamento,
como também na qualidade de vida dos pacientes. Objetivo: Este
estudo objetivou estudar o impacto dos eventos adversos decorrentes
do tratamento da hepatite C na resposta virológica sustentada (RVS)
e na adesão ao tratamento. Casuística e Método: Foram estudados
232 pacientes anti-HCV e HCVRNA positivos, portadores do genótipo 1,
que foram submetido a tratamento com PegIFN e RBV. Os eventos
adversos documentados em prontuários padronizados de tratamento
foram avaliados. A ocorrência de eventos adversos foi relacionada
aos desfechos de RVS, reduções de doses de medicamentos,
suspensões temporárias e interrupções precoces do tratamento.
Resultados: Praticamente todos os pacientes apresentaram algum
tipo de EA durante a terapia da hepatite C. Síndrome flu-like,
71
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
manifestações dermatológicas e as manifestações psiquiátricas se
mostraram como os tipos de EAs clínicos mais frequentes durante a
terapia antiviral. Dentre os eventos hematológicos, a anemia foi o EA
predominante. Na análise comparativa, a redução de dose das
medicações decorrentes dos EAs foi estatisticamente associada ao
gênero feminino e ao estadiamento mais avançado, enquanto que a
interrupção prematura da terapia foi associada a idade acima de 40
anos e menor frequência de RVS. Este estudo permitiu concluir que
quase a totalidade dos pacientes tratados com PegIFN e RBV
desenvolvem algum tipo de evento adverso, tanto de ordem clínica
quanto de ordem laboratorial. Destes, cerca de um terço desenvolvem
EA mais importante, com impacto sobre o tratamento, levando à
redução de dose, suspensão temporária do tratamento ou interrupção
prematura do mesmo. Entretanto, somente a interrupção precoce da
terapia, que ocorreu com maior frequência em pacientes com idade
mais avançada, teve impacto sobre a taxa de resposta virológica
sustentada.
TL 163
HEPATITE C: RECIDIVA APÓS TRANSPLANTE DE FÍGADO E
RESPOSTA AO TRATAMENTO ANTIVIRAL
Verena Mattos Mutter, Patricia da Silva Fucuta Pereira, Dalísio de Santi
Neto, Márcia Fumie da Rocha, William José Duca, Paulo Cesar Arroyo
Junior, Renato Ferreira da Silva, Rita de Cássia Martins Alves da Silva
Unidade de Transplante de Fígado - Hospital de Base da Faculdade
de Medicina de São José do Rio Preto - SP
Introdução. A recorrência da infecção pelo vírus da hepatite C (HCV)
é universal após transplante de fígado (tx) e sua abordagem é
desafiadora. Objetivos. Descrever o perfil clínico e resposta à terapia
antiviral na recidiva do HCV após tx. Pacientes e Métodos. Estudo
retrospectivo de pacientes com HCV e tx durante o período 1998 a
2010, que foram submetidos a pelo menos uma biópsia hepática (bx)
em seu acompanhamento. Todas as bx foram analisadas por um
único patologista. Foi considerada para recidiva a primeira bx que
diagnosticou a hepatite C após tx. Análise comparativa feita pelo
teste exato de Fisher. Resultados. De 350 pacientes transplantados
de fígado no período, 147 tinham HCV. Foram incluídos na análise 80
pacientes; foram excluídos aqueles sem bx após tx ou com falta de
dados no prontuário. Média de idade foi 50±10 anos e 73% homens.
Mediana da idade do doador foi 34,5 anos (variação 9 a 67). Etiologia
da cirrose: HCV+álcool 40,5%; HCV isolado 32,4%; HCV+álcool+vírus
B 20,3%; HCV+vírus B 6,8%. Proporção de genótipos do HCV foi
67%, 10% e 23% para genótipos 1, 2 e 3, respectivamente. Diabetes
estava presente em 16% dos pacientes antes do tx e a ocorrência de
diabetes de novo após o tx foi 18%. Imunossupressão: prednisona
97%, azatioprina 79%, ciclosporina 71%, tacrolimo 47%, micofenolato
34% e rapamicina 33%. Recidiva da hepatite C foi documentada nos
primeiros 6 meses pós-tx em 40 de 56 pacientes; entre 6 e 12 meses
pós-tx, em 5 de 10; entre 12 e 24 meses pós-tx, em 10 de 14; entre 24
e 60 meses pós-tx, em 1 de 3; acima de 60 meses pós-tx, em 1 de 3
pacientes avaliados consecutivamente. Mortalidade: 33,3% dos
pacientes. O tempo mediano de acompanhamento entre o tx e o
desfecho foi 72 meses (variação de 0,26 a 177 meses). Trinta e
cinco pacientes foram submetidos a tratamento antiviral com IFN+RBV
(35%) ou PegIFN+RBV (65%). Resposta virológica sustentada (RVS)
global foi 53% (18/34). Taxa de RVS foi 42% e 89% para genótipos 1
e não-1, respectivamente (p=0,03). Citopenia foi o principal efeito
colateral: anemia 79%, leucopenia 68%, plaquetopenia 64%.
Transfusão sanguínea foi necessária em 30% dos pacientes.
Conclusão. A recidiva da hepatite C foi documentada nos primeiros
6 meses na maioria dos pacientes. A terapia dupla apresentou
importantes efeitos colaterais, especialmente anemia; todavia, a taxa
de RVS foi semelhante à da população não imunossuprimida. A busca
pela erradicação do HCV, mesmo após transplante hepático, deve
ser encorajada.
72
TL 164
SÍNDROME DE BUDD-CHIARI ASSOCIADA À DOENÇA DE CROHN:
RELATO DE CASO
Lucas Santana Nova da Costa, Marília Ávila Acioly, Maria Auzier
Freitas, Liliana Sampaio Costa Mendes, Marcos de Vasconcelos
Carneiro, José Eduardo Trevizoli
Hospital de Base do Distrito Federal
Introdução: A síndrome de Budd-Chiari é uma patologia rara,
caracterizada pela obstrução do sistema de drenagem venoso
hepático. Apresenta relação descrita com a retocolite ulcerativa
idiopática. No entanto, com relação à associação entre esta síndrome
e doença de Crohn, menos de dez casos foram relatados na literatura
até a presente data. Objetivos: Relatar caso de paciente de 21
anos, feminina, com síndrome de Budd-Chiari e doença de Crohn,
associada à síndrome do anticorpo antifosfolípide. Material e
Métodos: As informações foram obtidas durante seguimento clínico,
revisão de prontuário e revisão de literatura. Resultados: Paciente
com história de enterorragia e hematoquezia progressiva há 1 ano,
foi internada com quadro de dor abdominal e vômitos associado a
anemia ferropriva. Realizou enteroTC que evidenciou áreas salteadas
de espessamento parietal no íleo difusamente, com focos de dilatação
segmentar interpostos. No mesmo exame, o fígado tem volume
aumentado associado a grande hipertrofia do lobo caudado, com
contornos lobulados e realce heterogêneo (padrão em noz moscada),
sem visualização das veias supra-hepáticas, além de importante
estreitamento do segmento intra-hepático da veia cava inferior, sendo
estes achados muito sugestivos de Síndrome de Budd-Chiari,
diagnóstico este confirmado pelo ecodoppler de veias suprahepáticas. Dosagem do anticorpo anti-beta2 glicoproteína I mostrouse elevada, sugerindo o diagnóstico de síndrome do anticorpo
antifosfolípide. Avaliação proctológica evidenciou orifício fistuloso em
região perianal e mucosa com perda do padrão vascular. Colonoscopia
evidenciou ileíte e colite segmentar à direita. Com estes achados, a
paciente também recebeu o diagnóstico de Doença de Crohn. Após
início de anticoagulação plena e terapia imunossupressora, paciente
recebeu alta hospitalar e realiza acompanhamento ambulatorial.
Conclusão: A associação entre síndrome de Budd-Chiari e doença
de Crohn é extremamente rara e foi primeiramente descrita em 1989.
Deste então, apenas quatro casos foram relatados na língua inglesa,
segundo pesquisa em base de dados da BIREME, SCIELO e PUBMED.
Apesar do pequeno número de casos relatados, o diagnóstico de
Budd-Chiari deve ser lembrado em pacientes com doença de Crohn
que evoluam com disfunção hepática, pois o manejo da doença
inflamatória intestinal nesses pacientes sob anticoagulação torna-se
delicado e exige acompanhamento rigoroso.
TL 165
HEPATITE C GENÓTIPO 3 EM OBESO NÃO RESPONDEDOR (NR) A
INTERFERON PEGUILADO (PEG) E RIBAVIRINA (RIBA) E RECIDIVANTE
APÓS PEG-RIBA E NITAZOXANIDA
Gustavo de Almeida Vieira, Geisa Perez Medina Gomide
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Introdução: O tratamento da Hepatite C tem como alvo a Resposta
Viral Sustentada (RVS). O uso de Interferon Peguilado (PEG) e
Ribavirina (Riba) por 24 semanas leva a RVS em cerca de 70% dos
portadores do genótipo 3 com METAVIR <F3 e CV <600.000. A
resistência à insulina acelera a progressão da fibrose, aumenta a
incidência de hepatocarcinoma e reduz a RVS com a terapia antiviral
atual. Nitazoxanida, nitrotiazólico antiparasitário, demonstrou atividade
antiviral e vem sendo testada contra o HCV. Age inibindo a tradução
de proteínas virais pela fosforilação da proteinoquinase sRNAdependente e é indutor do Interferon. Em combinação com PEG-Riba
é mais efetiva nos genótipos 4 e 1. Objetivo: Relatar um caso de
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
HCV não respondedor a PEG-Riba, com recidiva após 48 semanas de
Pegasys® (PEG), Riba e Nitazoxanida (Annita®). Materiais e
Métodos: Revisão de prontuário médico e revisão bibliográfica
cientifica. Relato de Caso:Homem branco, nascido em 1957, ex-UDI
inaladas Glucoenergan®, obeso. Chegou ao serviço em 2005 com
Hepatite C METAVIR A2F4 desde 1997, quando teve Recidiva após 24
semanas de Interferon convencional (INF). Em 1999 foi NR à
associação INF-Riba. Em 2005 RNA 147.000UI, genótipo 3a, ALT 275,
EDA: Varizes esofagianas GIII, iniciado Propranolol. Internado por
HDA e ascite, tratado com escleroterapia e Aldactone®. Foi NR à
associação PEG-Riba. TC de abdome: nódulos hepáticos benignos,
esteatose, colelitiase. Iniciou Metformina. Utilizou PEG 90µg/semana
de dez/2006 a set/2007. Em Março/2010 iniciados PEG, Riba
1750mg/dia e Annita® 1g/dia por 48 semanas. RNA pré-tratamento
77.717UI/ml. Semanas 12, 24 e 48 RNA indetectável. RNA detectável na semana 72. Eritropoetina 4.000UI 2/semana a partir da semana
15. Riba 1500mg a partir da semana 34. Filgrastim 2/semana e Riba
1250mg a partir da semana 41. Atualmente RNA 66.710UI/ml.
Conclusão: A Hepatite C e a obesidade são batalhas atuais da saúde
pública. Os inibidores de protease, novos agentes utilizados para a
hepatite C, não têm como alvo o genótipo 3. O papel dos sensibilizadores
à insulina em combinação com a terapia antiviral é contraditório. Apesar
das parasitoses serem o alvo inicial dos tiazólicos, eles vem sendo
pesquisados no tratamento de alguns vírus com resposta satisfatória
e, muitas vezes, com menos efeitos colaterais que os IP.
TL 166
COLANGIOCARCINOMA APÓS QUATRO ANOS DE USO DE
ENTECAVIR EM PACIENTE PORTADOR DE HEPATITE B CRÔNICA
HBEAG NEGATIVO
Talita Ribeiro Lino Tedesco, Raquel Novaes Fossari, Fábio Alexandre
Escobar, Gustavo Figueredo de Moraes, Ludmila Andrade Fernandes
de Luca, Paulo Oliveira Braga, João Gilberto de Sá Jesus, Alvaro
Michele Conte
Hospital de Força Aérea do Galeão (HFAG)
Relato de caso: Paciente masculino, 55 anos, com diagnóstico de
cirrose por hepatite B crônica (HBC) HBeAg negativo, iniciou Entecavir
em 2008, evoluindo com carga viral (CV) indetectável no 8º mês de
tratamento. Manteve acompanhamento clínico e rastreamento para
CHC regulares. Em outubro 2012, após perda de consulta periódica e
após um ano do anterior, USG abdominal demonstrou nódulo hepático
de 5cm localizado no seguimento VII. Ao exame físico notou-se
linfonodo supra clavicular (LN-SC) esquerdo palpável. TC mostrou
imagem nodular, hipodensa em segmento VII, medindo 8,3x7,8x7,6cm.
Biópsia de LN-SC revelou adenocarcinoma metastático, morfologia e
perfil imunohistoquímico compatível com colangiocarcinoma (CC).
Iniciada quimioterapia paliativa. O paciente manteve CV indetectável,
sem alteração do perfil sorológico da HBC. Discussão: O CC é o 2°
tumor hepático mais frequente, corresponde a 10-25% dos tumores
primários do fígado. Entre 80 e 90% originam-se nos ductos biliares,
sendo 90% adenocarcinomas. Geralmente, apresentam-se em
estágios avançados quando do diagnóstico, impossibilitando a terapia
cirúrgica e levando a pior prognóstico. Os EUA, Japão e alguns países
europeus exibem aumento da incidência do CC, possivelmente
secundário a maior prevalência de seus fatores de risco. Embora, o
principal deles seja a Colangite Esclerosante Primária, acredita-se
que a hepatopatia por vírus B pode ser fator de risco potencial para
o desenvolvimento de CC. Zhou et al, em estudo controlado,
observaram que 154/317 (48,6%) pacientes portadores de CC
apresentavam HBC. Recente metanálise, que incluiu 16 trabalhos,
totalizando 3387 pacientes com CC observou-se 584 portadores de
HBC (17,2% versus 0,6% na população controle). Ressalte-se que
este risco mais elevado foi observado apenas em estudos de
populações asiáticas. Se este achado sofreu influência da maior
prevalência de HBC nesta região não se sabe. Embora o mecanismo
oncogênico da HBC na origem do CC seja desconhecido, pensa-se
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
na participação do próprio processo inflamatório crônico causado
pelo vírus. Conclusão: Parece haver maior risco de desenvolvimento
de CC em portadores de HBC. Ressalta-se, portanto, a importância de
manter-se acompanhamento clínico, através de exame físico detalhado
e USG abdominal periódicas, dos pacientes portadores de HBC,
cirróticos e não-cirróticos.
TL 167
ABORDAGEM DE TUMOR NEUROENDÓCRINO NO FÍGADO
Marcial Ribeiro, Wagner Peitl Miller, Maria Fernanda Sales Ferreira
Caboclo, Cesar Rodrigo Trippia, Julio César Wiederkehr, Giovanni Loddo,
Marco Aurelio de Quadros Cravo, Carlos Renato Ticianelli Terazaki
FUNEF - Hospital São Vicente
Introdução: Os tumores neuroendócrinos representam menos de
5% de todas as neoplasias de sítio primário desconhecido e são um
grupo heterogêneo de neoplasmas, que diferem no comportamento
biológico, aparência histológica e resposta ao tratamento. Eles
frequentemente são caracterizados por crescimento lento e secreção
de hormônios ou substâncias vasoativas, mas podem se apresentar
como neoplasias altamente agressivas, ou ainda, serem de origem
primária desconhecida, em cerca de 10% dos casos. Esses tumores
são raros no fígado e, quando ocorrem, geralmente são carcinoides
ou metastáticos de outro sítio. Normalmente, acometem adultos e há
poucos relatos de tratamento cirúrgico, devido à rápida progressão
da doença. É importante distinguir entre tumor primário ou metastático,
já que o fígado é o local mais comum de metástases destes tumores.
De difícil diagnóstico, somente a imunohistoquímica consegue
diferenciá-los de outros carcinoides. Objetivos: Demonstrar a
importância de se refazer uma investigação clínica o mais rápido
possível em casos onde não temos a resposta clínica esperada ao
tratamento estabelecido, e revisar a literatura a respeito dos tumores
neuroendócrinos. Material e Métodos: Mulher de 50 anos apresentase com ardência em abdome superior e história prévia de mastectomia
em 2009 por carcinoma ductal em mama esquerda. Devido a exames
de imagem e história clínica, foi tratada em 2011 com 6 sessões de
quimioterapia pensando-se em metástases hepáticas. Refratária ao
tratamento, após 1 ano, teve na investigação por imunohistoquímica o
diagnóstico de tumor neuroendócrino, e devido ao tamanho da lesão
e possíveis metástases locais optou-se pelo transplante hepático
como melhor opção terapêutica. Resultados: Em nosso caso, o
tempo de evolução entre a abordagem quimioterápica e o diagnóstico
imunohistológico foi determinante para que o desenvolvimento da
lesão culminasse no transplante hepático, ao invés de uma lobectomia.
A relevância do nosso trabalho se dá na necessidade de não se
excluir a possibilidade de diagnósticos raros, por mais que a história
clínica nos convença do contrário. Conclusão: O diagnóstico precoce
de lesões hepáticas é fundamental para o prognóstico dos pacientes,
não podendo descartar-se a possibilidade de lesões hepáticas raras
antes do início ou após um tratamento refratário. Esperamos, através
de nossa revisão bibliográfica, contribuir com a literatura para um
melhor conhecimento dos tumores endócrinos e suas possibilidades
terapêuticas.
TL 168
HEPATITE C E LINFOMA, ASPECTOS DE IMAGEM E REVISÃO DA
LITERATURA
Marcial Ribeiro, Wagner Peitl Miller, Cesar Rodrigo Trippia, Maria
Fernanda Sales Ferreira Caboclo, Carlos Henrique Trippia, Carlos
Renato Ticianelli Terazaki, Francisco José Gomes de Castro, Aliana
Meneses Ferreira
FUNEF - Hospital São Vicente
Introdução e Objetivos: Os cânceres de células linfoides incluem
desde as mais indolentes até as mais agressivas neoplasias malignas
73
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
humanas. Algumas associações entre infecção viral crônica e linfoma
são conhecidas. Relaciona-se o vírus Epstein Barr e o vírus da hepatite
B ao linfoma de Hodgkin e de Burkitt, e o vírus da hepatite C (HCV),
que tem sido associado ao aparecimento de linfomas não-Hodgkin de
células B. Nosso trabalho tem como objetivo enriquecer a literatura
com dois casos clínicos de comorbidades raramente associadas, em
que a abordagem diagnóstica sugeria, inicialmente, lesões de
metástases hepáticas. Assim, nossos relatos de casos sugerem não
apenas cautela no diagnóstico diferencial de lesões que possam
simular metástases hepáticas como também corrobora com a literatura
a favor da associação controversa existente entre HCV e LNH de
células B. Material e Métodos: O trabalho relata dois casos em que
os pacientes apresentavam após exames de imagem (US, TC, RM e
PET-CT), imagens características de múltiplas metástases hepáticas,
que tiveram o diagnóstico de LNH de alto grau de células B nos
exames anatomopatológicos e de imunohistoquimica. No primeiro caso,
o paciente de 48 anos apresentava queixa vaga de dor hipocôndrio
direito, com semanas de evolução, e história prévia de drogadição e
Hepatite C. No segundo caso, o paciente de 46 anos iniciou inapetência,
astenia progressiva, síndrome consumptiva e constipação,
relacionados previamente a fatores emocionais tratados com
Sertralina. Resultados: Após investigação diagnóstica, no primeiro
caso encontramos uma associação de HCV e LNH e no segundo
caso diagnosticamos uma associação entre HCV, LNH e HIV.
Revisando a literatura, nos certificamos de que o diagnóstico de HCV
e LNH é raro, o que favorece a divergência na literatura sobre essa
possível associação. Assim, nosso trabalho além de corroborar
estatisticamente com a literatura, revisa também os padrões de
imagens de metástases hepáticas e seus diagnósticos diferenciais.
Conclusão: A evidência da associação entre HCV e LNH não é
universal, variando desde estudos que contestam essa evidência a
estudos que concluem uma propensão seis vezes maior de se
desenvolver o Linfoma não Hodgkin (LNH) em pacientes com HCV.
Esta diferença de resultados é atribuída dentre outros a uma variação
geográfica relacionada com o genotipo, genética da população ou
mesmo fatores ambientais, a um pequeno número de amostragem, ou
mesmo à inexistência de qualquer associação.
TL 169
INFARTOS HEPÁTICOS EM PACIENTE COM SÍNDROME
ANTICARDIOLIPINA
Débora Afonso Campello, Elton Backes, Romar Virgílio Pagliarin Junior
Sociedade Hospitalar São Miguel
A Síndrome Anticardiolipina é caracterizada por trombose venosa ou
arterial, com específica morbidade na gestação, na presença de
anticorpos Antifosfolipídio. Ocorre como manifestação primária ou
associada à doença sistêmica de base como Lupus Eritematoso
Sistêmico. A discussão do caso tem como objetivo a revisão e
diagnóstico diferencial das Complicações Hepáticas da Gravidez.
Paciente L.B. feminina, branca, casada, 26 anos de idade, cuidadora
infantil, gestante 24 semanas, gesta II/I. Inicia na 26ª semana com dor
abdominal intensa epigástrica e em hipocôndrio direito. Na História
Pregressa relata ser portadora de Síndrome Anticardiolipina, com
diagnóstico há dois anos quando apresentou Trombose Venosa
Profunda bilateral. Vinha desde então anticoagulada com varfarin até
que no início da gestação teve a droga suspensa pelo risco de
teratogenicidade, sendo mantida com heparina de baixo peso
molecular. Provas de função hepática alteradas, marcadores de
doenças infectocontagiosas negativos. Doppler de abdomem superior
demonstra Veia Porta pérvia, sem sinais de trombos ou alterações da
luz. Na Ressonância Magnética, imagens hepáticas sugestivas de
áreas de infarto ou abscessos, não podendo o exame de imagem
confirmar diagnóstico. A paciente evoluiu com piora da dor, oligodrâmnio
severo e hipertensão arterial sistêmica. Foi submetida à laparoscopia
pela possibilidade de abscessos hepáticos, onde se evidenciou áreas
de infarto hepático. Houve progressão para óbito fetal e parto
74
cesariano. Pós parto a paciente foi anticoagulada a pleno com heparina
de baixo peso molecular já associada à anticoagulante oral para
posterior manutenção da anticoagulação. Logo após a interrupção
espontânea da gestação e início da anticoagulação a paciente começa
a apresentar melhora, progressiva diminuição da dor e normalização
da função hepática. Pela presença de complexos antígeno-anticorpo
circulantes, há obstrução de pequenos vasos hepáticos formando
áreas de infarto mesmo sem obstrução do fluxo da Veia Porta. A
atenção médica deve redobrar-se para com as doenças de base
principalmente em situações de possível exacerbação. Quando os
diagnósticos diferenciais para o quadro clínico indicavam as
Complicações Hepáticas da Gravidez, a investigação médica teve de
voltar-se para a doença autoimune da paciente relacionando-a a
alteração hepática.
TL 170
INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA NA CIRROSE: ESTUDO
PROSPECTIVO
Márcia Tatianna Fernandes Pereira, Patrícia da Silva Fucuta Pereira,
Márcia Raquel da Silva Folhadela, Hélcio Cardoso Gomes, Edla Polsineli
Bedin Mascarin do Vale, André Luis Volpatto, Fausto Nasser, Emerson
Quintino de Lima, Edson Cartapatti da Silva
Serviço de Gastro-Hepatologia - Hospital de Base da Faculdade de
Medicina de São José do Rio Preto - SP
Introdução: Insuficiência renal aguda (IRA) é complicação comum
em pacientes cirróticos e apresenta alta mortalidade. Objetivos:
Estudar a prevalência, causas e desfecho da IRA em cirróticos
hospitalizados, bem como fatores preditivos de óbito. Material e
Métodos: Estudo prospectivo de cirróticos internados no período de
14 meses consecutivos. Pacientes com creatinina > 1,5 mg/dL
recebiam expansão volêmica com albumina (1g/kg no 1º dia, 20 g no
2º dia), suspensão de diuréticos e busca por infecção; resposta a
esta expansão fazia o diagnóstico de IRA pré-renal responsiva a
volume (PRRV); a SHR caracterizava os que não respondiam à
expansão volêmica e que não tinham causas de IRA intrínseca;
proteinúria e/ou hematúria indicavam IRA intrínseca. As frações de
excreção de sódio e uréia foram adjuvantes no raciocínio diagnóstico.
Variáveis associadas ao óbito foram comparadas pelos testes t de
Student, Mann-Whitney, qui-quadrado ou exato de Fisher. Acurácia
do MELD em predizer óbito foi determinada pela curva ROC e foram
calculados sensibilidade (S), especificidade (E), valor preditivo positivo
(VPP) e valor preditivo negativo (VPN). Resultados: Internações de
cirróticos no período: 379; prevalência de IRA 28% (108 pacientes).
Média de idade 59 anos, homens 84%, cirrose alcoólica 59%, Child C
69% e MELD mediano 21 pontos. Ascite 67%, encefalopatia 51% e
HDA 9%. Infecção em 70% dos casos. Classificação da IRA: PRRV
79%, SHR 13%, IRA intrínseca 8%. Na SHR, houve resposta terapêutica
em 30% (droga vasoativa associada à albumina). Mortalidade intrahospitalar 36%. Comparação de variáveis entre óbito e alta,
respectivamente: hepatite alcoólica 33% x 9% (p<0,001), infecção
95% x 57% (p<0,0001), CHILD 11,5 x 10 (p=0,0002), MELD 25,5 x 20
(p=0,0002), Na+ 133 x 136 mEq/L (p=0,047) e PCR 6,8 x 2,4 (p=0,002).
MELD 23,5: S=61%, E=82%, VPP=66%, VPN=78%. Conclusões:
Classificação da IRA em três categorias foi extremamente útil,
permitindo que a simples expansão volêmica com albumina resgatasse
a maioria dos cirróticos com IRA, evitando terapêuticas dispendiosas
desnecessárias. SHR ocorreu em pequena parcela dos pacientes e
teve baixa resposta terapêutica. Alta mortalidade demonstra a
gravidade da doença; infecção e hepatite alcoólica foram preditivos
marcantes de óbito. Nível de corte de MELD 23,5 teve alta
especificidade, indicando que mesmo pacientes graves sobreviveram;
portanto, o prognóstico não deve ser fechado e os recursos
terapêuticos não devem ser interrompidos.
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
TL 171
TROMBOSE DE VEIA PORTA EM PACIENTE MASCULINO NÃO
CIRRÓTICO
Débora Afonso Campello, Priscila Rodrigues Garrido Bratkowski
Hospital Regional Terezinha Gaio Basso
A oclusão da Veia Porta por trombo, tipicamente acontece em
pacientes cirróticos e ou portadores de desordens tromboembólicas.
O manejo primário da trombose aguda de Veia Porta é a anticoagulação
e, quando possível, correção das condições predisponentes. O relato
do caso objetiva a revisão de fatores de risco para Trombose de Veia
Porta que não a Cirrose Hepática. Paciente P.D.C. 44 anos, masculino,
branco, escriturário, queixando dor abdominal intensa epigástrica e
em hipocôndrio direito e nos 40 dias seguintes, sudorese, febrícula e
perda de peso. Transaminanses discretamente aumentadas, demais
exames de função hepática marcadamente alterados, marcadores
de doenças infectocontagiosas negativos. Na Tomografia Computadorizada contrastada de abdômen total evidencia-se aparente
trombose da Veia Porta, fígado de volume e contornos normais com
tênues hipodensidades circunjacentes aos espaços portais não se
podendo descartar áreas de infarto ou micro abscessos, vesícula
biliar com paredes espessadas e aumento da densidade da gordura
pericolecística, pâncreas sem alterações, aumento da densidade da
gordura pericolônica em ascendente, ângulo hepático e transverso,
líquido livre na pelve. Colonoscopia, com visualização do íleo terminal,
sem alterações. Com base no exame tomográfico, laboratorial e quadro
clínico, é iniciada anticoagulação plena com heparina de baixo peso
molecular e antibioticoterapia de amplo espectro. O paciente
apresentou boa resposta ao tratamento medicamentoso, regressão
do quadro clínico, melhora laboratorial. Após completar período de
antibióticoterapia endovenosa, recebe alta anticoagulado com previsão
de manutenção da anticoagulação por seis meses. Como sepse
abdominal e pancreatite aguda estão entre os fatores de risco para
Trombose de Veia Porta, imaginam-se estes como possíveis eventos
iniciais. O paciente segue em vigilância para o surgimento de
neoplasias e em investigação de distúrbios da coagulação. Os
pacientes que recebem terapia com anticoagulante têm aumentados
os índices de recanalização do vaso quando comparados com os
pacientes que não receberam anticoagulação. A instituição da
terapêutica é de suma importância na prevenção de uma complicação
potencialmente ainda mais grave que é o Infarto Intestinal.
TL 172
RESPOSTA AO TRATAMENTO COM RITUXIMABE NA HEPATITE
CRONICA C COM VASCULITE CRIOGLOBULINÊMICA
REFRATARIA
Kátia Valéria Bastos Dias Barbosa, Fábio Heleno de Lima Pace, Bruno
Guedes Nogueira, Breno Rafael de Barros Godinho, Gabriela Ferreira
Paduani, Gabriela Dalfior Ferreira, Nathalia Saber de Andrade, Simone
Silveira Valadares de Paula, Juliana Ferreira de Souza, Juliano de
Oliveira Machado, Tarsila Campanha R. Ribeiro, Aécio Flávio Meirelles
de Souza
Serviço de Hepatologia - Universidade Federal de Juiz de Fora
Introdução e Objetivos: A hepatite crônica C (HCC) evolui com
manifestações extra-hepáticas em até 40% dos infectados. A
crioglobulinemia mista (CM) pode se apresentar sob formas graves e
mais raras, como a vasculite sistêmica de pequenos vasos,
caracterizada por envolver múltiplos órgãos devido à deposição de
imunocomplexos. A ausência de resposta à terapia baseada em
interferon (PEG-IFN) e ribavirina (RBV) implica em piora do prognóstico.
O rituximabe, um anticorpo monoclonal anti-CD20, emerge como uma
alternativa terapêutica recente e promissora. Objetivo: Resposta
clínica ao rituximabe em portadores de HCC com CM. Material e
Métodos: Relato de casos: 1. SFJ, masc, 52 anos, gen 3a, Metavir
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
A0F0, portador de CM manifesta por glomerulonefrite membranoproliferativa tipo I e vasculite cutânea com úlceras em MMII. Após
controle da disfunção renal (proteinúria), com corticoterapia, foi
iniciado terapia com PEG-IFN e RBV. Houve piora da vasculite cutânea,
apesar da RVS ao final do tratamento, com surgimento de úlceras
profundas com extenso acometimento muscular e exposição óssea.
Corticoterapia, antibioticoterapia e debridamento cirúrgico sem
sucesso. 2. AMVS, 61 anos, cirrose hepática por HCC, gen 1b,
portadora de CM manifesta por disfunção renal (proteinúria 2g/24 h)
e vasculite cutânea com áreas de necrose, associadas à artralgia e
neuropatia refratária à analgesia. Submetida à terapia com PEG-IFN e
RBV, suspensa com 36 sem por farmacodermia grave, não responsiva
ao uso de corticoterapia em doses elevadas. Ambos foram submetidos
à terapia imunossupressora com rituximabe, 375mg/m2 em aplicação
semanal (4 doses). Resultado: No caso 1, houve melhora progressiva
da úlcera cutânea (fotos) e remissão prolongada da proteinúria. No
caso 2, houve melhora importante da púrpura palpável e lesões
necróticas (fotos) e controle da neuropatia, poupando o uso de
analgésicos. Em ambos, não foram observados eventos adversos
significativos. Observou-se, portanto, melhora das ulcerações e
lesões purpúreas, assim como, da neuropatia e nefropatia crioglobulinêmicas. Conclusão: O tratamento-padrão dessa vasculite
envolve a erradicação viral. A terapêutica antiviral tem eficácia relativa
podendo exacerbar a clínica da CM e o uso de outros imunossupressores parece não ter efeito na indução de remissão prolongada.
O rituximabe, cujo alvo principal é a expansão de linfócitos B, foi uma
terapia efetiva e bem tolerada nos pacientes com vasculite crioglobulinêmica associada à HCC.
TL 173
ESTIMATIVA DE RISCO CARDIOVASCULAR ASSOCIADO À DOENÇA
HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA
Kátia Valéria Bastos Dias Barbosa, Fábio Heleno de Lima Pace, Bruno
Guedes Nogueira, Breno Rafael de Barros Godinho, Gabriela Ferreira
Paduani, Gabriela Dalfior Ferreira, Nathalia Saber de Andrade, Simone
Silveira Valadares de Paula, Juliana Ferreira de Souza, , Juliano de
Oliveira Machado, Tarsila Campanha R. Ribeiro, Aécio Flávio Meirelles
de Souza
Serviço de Hepatologia - Universidade Federal de Juiz de Fora
Introdução: A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é
considerada um fator de risco independente para doença
cardiovascular (DCV), provavelmente mediada por inflamação e
aumento de fatores pró-trombóticos. Objetivo: avaliar a presença e
produzir um modelo explicativo envolvendo diversos fatores de risco
associados à DCV em pacientes com DHGNA. Material e Métodos:
Foram incluídos portadores de DHGNA segundo pelo menos dois
critérios vigentes (FLI-US): clínico, perfil metabólico/bioquímico,
ultrassonográfico e histológico (n=15). A síndrome metabólica (SM)
foi definida pela NCEP ATP III. Avaliou-se a presença de DCV (clínica
e por propedêutica complementar específica). Exclusão de portadores
de outras hepatopatias crônicas. Realizada análise estatística
descritiva, univariada e multivariada (regressão logística).
Resultados:Foram incluídos 48 portadores de DHGNA, 16 (33,3%
sexo masculino, idade média: 56,9 +12,9) e 32 (66,7% sexo feminino,
idade média: 55,0 +8,54). Do total, 20 (41,7%) apresentaram glicemia
de jejum alterada ou hiperglicemia pós-prandial e 14 (29,2%) com
critérios para diabetes mellitus; 33 (68,8%) eram hipertensos, 37
(77,1%) dislipidêmicos. Distribuição quanto à obesidade: 11 (22,9%)
não obesos, 18 (37,5%) obesidade grau 1, 15 (31,3%) grau 2 e 4
(8,3%) grau 3. Peso médio 79,7 +13,7 Kg, IMC médio 30,9 +4,2;
Circunferência abdominal média de 104,21 +10,78 cm. 33 (68,8%)
preencheram critérios para SM. Laboratório: ALT: 51,2 +30,6 UI/L;
AST: 53,3 +36,6 UI/L; HDL: 44,9 +7,8; Triglicérides: 190,6 + 75,7;
HOMA-IR: 4,6 +3,2; PCR-t 0,5 +0,4 mg/dl. Na análise univariada os
níveis de AST foram significativamente relacionados à gravidade da
lesão histológica hepática (n=15) (p= 0,01; 45,52 - 95% CI 34,78;
75
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
56,26) e interessante a Correlação de Pearson positiva entre AST e
HOMA-IR ( r =0,6; p=0,001). Na análise multivariada, foi possível, com
as variáveis em estudo, construir um modelo explicativo preditor do
principal desfecho estudado: DCV (R-Sq = 73,7% R-Sq(adj) = 55,5%
P= 0,006). Foram elaboradas equações explicativas bem ajustadas
para SM (R-Sq = 99,9% R-Sq(adj) = 99,5% P=0,005 e DHGNA (R-Sq
= 99,6% R-Sq(adj) = 95,3% P= 0,0161). Conclusão: Observou-se
que, isoladamente, as variáveis apresentaram influência, porém,
sobretudo quando associadas, explicaram eficientemente a presenca
de DCV em pacientes com DHGNA, corroborando para a origem
multifatorial do evento. A influência genética provavelmente, preenche
a lacuna restante do modelo.
TL 174
FATORES PREDITIVOS DE RESPOSTA VIROLÓGICA RÁPIDA (RVR)
NO TRATAMENTO DA HEPATITE CRÔNICA C
Kátia Valéria Bastos Dias Barbosa, Aécio Flávio Meirelles de Souza,
Bruno Guedes Nogueira, Breno Rafael de Barros Godinho, Gabriela
Ferreira Paduani, Gabriela Dalfior Ferreira, Nathalia Saber de Andrade,
Simone Silveira Valadares de Paula, Juliana Ferreira de Souza, Juliano
de Oliveira Machado, Tarsila Campanha R. Ribeiro, Fábio Heleno de
Lima Pace
Serviço de Hepatologia - Universidade Federal de Juiz de Fora
Introdução e Objetivos: O tratamento da hepatite crônica C (HCC)
experimenta uma nova era com os antivirais de ação direta (DAAs).
A seleção dos candidatos à tríplice terapia (TT) é um desafio. A cinética
viral (RVR) parece ser o principal preditor de RVS. Objetivo: avaliar
os preditores de RVR em uma amostra de pacientes com genótipo 1
(G1). Material e Métodos: Foram incluídos, prospectivamente,
portadores de HCC, virgens de tratamento, G1, em terapia dupla com
interferon peguilado e ribavirina. Foram estudadas variáveis
potencialmente relacionadas à RVR e, consequentemente, ao perfil
do paciente candidato à TT (não-RVR, mau respondedor). Foram
pesquisados dados demográficos e perfil bioquímico, virológico (PCR
- limite detecção 12 UI/ml), avaliação histológica (METAVIR).
Resultados: Foram incluídos 19 pacientes, 8 (42,1% sexo masculino,
idade média: 55,4 +9,9, tempo médio de infecção 20,3 +10,5 anos) e
11 (57,9% sexo feminino, idade média: 52,4 +11,9, tempo médio de
infecção 22,4 +14,8 anos). 4 pacientes (50%) do sexo masculino
relataram uso abusivo de álcool. Do total, o peso médio foi de 70,9
+16,9 Kg, IMC médio 25,9 +5,0, 3 (16,7%) preencheram critérios para
síndrome metabólica e eram diabéticos, 7 (36,8%) eram dislipidêmicos.
A carga viral (CV) média foi de 1829685 +601607 UI/ml. 9 (47,4%)
pacientes apresentavam CV abaixo de 80000UI/ml. À histologia (n=16):
grau de atividade(A) (n/%): A1: 2 (12,5%), A2: 11 (68,7%), A3: 3
(18,8%)e estágio de fibrose (F) (n/%): F0: 3 (18,8%), F1: 5 (31,2%),
F2: 3 (18,8%), F3: 2 (12,5), F4: 3 (18,7%). A RVR foi obtida em 9
(47,4%) dos pacientes. Foram significativamente relacionados à
não-RVR: idade mais avançada (p= 0,01; 52,1 - 95% CI 46,82; 57,39),
peso elevado (p=0,01; 69,4 - 95% CI 61,06; 77,84) e a CV prétratamento (p=0,007; 1829684 95% CI 565753; 3093614). O maior
tempo de infecção, a presença de diabetes e síndrome metabólica
demonstraram tendência a reduzir a RVR. Uso abusivo de álcool (P=
0,124) e, de forma interessante, a fibrose (0,286 - 95% CI - 0,502;
1,074; p=0,455), analisada de forma isolada, não foram correlacionados à RVR. Quando associada a outras variáveis significativas,
a fibrose avançada não pode ser rejeitada, mas com CI não significante.
Não podemos descartar erro beta. Conclusão:O estudo demonstra
que outros critérios, além de, isoladamente a fibrose hepática, devam
ser considerados na seleção de pacientes candidatos à TT.
76
TL 175
ECZEMA CRAQUELÉ ASSOCIADO À TERAPIA ANTIVIRAL NA
HEPATITE C CRÔNICA
Carlos Henrique Lima Rodrigues, Patricia da Silva Fucuta Pereira, Edla
Polsinelli Bedin Mascarin do Vale, Fabio Esper Kallás
Serviço de Gastro-Hepatologia do Hospital de Base - Faculdade de
Medicina de São José do Rio Preto - SP
Introdução. As reações dermatológicas são significativo evento
adverso na terapia baseada em peginterferon e ribavirina
(PegIFN+RBV) contra o vírus da hepatite C (HCV) e os inibidores de
protease podem potencializar este evento. Objetivo. Relatar dois
casos de pacientes que desenvolveram grave eczema craquelé
durante terapia com PegIFN+RBV. Relatos. Caso 1. Paciente feminina,
56 anos, médica, teve diagnóstico de cirrose hepática por HCV,
genótipo 3a, por ocasião de hemorragia digestiva de varizes de fundo
gástrico, erradicadas por escloroterapia com Histoacryl. Com cirrose
compensada, iniciou PegIFN+RBV em março/2008. Evoluiu com
descamação e fissuras profundas na pele em tronco e membros
inferiores, com intensa dor e sangramento. Na semana 9, a terapia foi
suspensa e prescritos prednisona, óleo de girassol enriquecido com
vitaminas e hidratação intensa da pele. Na semana 12, melhora parcial
das lesões e foi reintroduzido PegIFN. Na semana 15, PegIFN foi
suspenso definitivamente pelo agravamento insuportável das lesões,
com diagnóstico eczema craquelé; HCV-RNA estava negativo, mas
tornou-se positivo 3 meses após suspensão da terapia, caracterizando recidiva viral. A paciente evoluiu com melhora do eczema
craquelé após suspensão da terapia antiviral. Caso 2. Paciente
masculino, 49 anos, com cirrose hepática por HCV (genótipo 1, carga
viral 176.000 UI/mL) e hipertensão portal, iniciou tratamento antiviral
com PegIFN+RBV em janeiro/2009. Na semana 6, carga viral de 4.980
UI/mL. Evoluiu com lesões descamativas em membros inferiores
associadas a prurido e pele seca e iniciou cetoconazol tópico.
Entretanto, houve progressiva piora do quadro clínico e as lesões se
estenderam até região dorsal do tórax. Na semana 14 foi diagnosticado
eczema craquelé. Manejado com emoliente aniônico e óleo de girassol,
dexametasona tópica duas vezes ao dia, além de cloridrato de
fexofenadina. Apesar do quadro, o paciente optou por continuar o
tratamento antiviral, que foi tolerado até a semana 24 e interrompido
por descompensação da cirrose (encefalopatia hepática) e viremia
detectável. Houve melhora gradativa do eczema craquelé após
suspensão da terapia antiviral. Conclusão. Atenção especial aos
cuidados com a pele durante a terapia antiviral na hepatite C deve ser
dada. Hidratação intensa, especialmente durante as estações secas
e frias do ano, e o pronto reconhecimento e adequado manejo de
alterações cutâneas são encorajados, a fim de se evitar a interrupção
precoce da terapia.
TL 176
DOENÇA DE MADELUNG (SÍNDROME DE LAUNOIS-BENSAUD):
RELATO DE CASO
Mirella Medeiros Monteiro, Carolina Frade Magalhães Giardin Pimentel
Mota, Lívia Zardo Trindade, Marlise Mucare, Vivian Guimarães Mota,
Ana Leatricia de Oliveira Sampaio, Natália Martins Magacho de Andrade
Hospital de Transplantes Euryclides de Jesus Zerbini
Introdução: A doença de Madelung (síndrome de Launois-Bensaud
ou lipomatose simétrica múltipla) é uma alteração rara, benigna, de
desenvolvimento pouco conhecido. Acomete geralmentehomens, entre
a terceira e sexta década de vida, com forte relação ao abuso de
álcool.As principais características da doença incluem acúmulo de
gordura na região cérvico-facial e porção superior do tronco, de
caráter progressivo, evoluindo com dor e limitação do movimento
cervical, além de importante deformidade estética. Objetivo: Relatar
um caso de doença de Madelung em paciente com cirrose hepática
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
de etiologia alcóolica. Relato de Caso: Paciente GJO, 66 anos,
masculino, pardo, caminhoneiro, natural e procedente de São Paulo,
antecedentes de tabagismo (30anos/maço) e etilismo (> 80mg/L por
40 anos) com diagnóstico de cirrose hepática por álcool (critérios
clínicos e laboratoriais) há 8 anos. Teve sua primeira consulta em
Junho/2013, quando à ectoscopia observou-se o fenótipo típico da
síndrome. Discussão/Conclusão: A lipomatose simétrica múltipla
pode estar relacionada a diferentes desordens metabólicasassociadas
(hiperuricemia, dislipidemia, diabetes mellitus, hipertensão arterial,
hepatopatias, hipotireoidismo e acidose tubular renal). O etilismo
crônico é o principal fator ligado à síndrome. Atualmente notou-se
uma crescente prevalência em pacientes infectados pelo vírus HIV
em uso de antirretrovirais. A etiopatogenia desta síndrome é pouco
conhecida. Muitas teorias são propostas; entre elas alterações das
proteínas de membrana dos adipócitos e a presença de defeitos
adquiridos ou congênitos no DNA mitocondrial das células que
compõem a "gordura marrom". O diagnóstico é eminentemente clínico,
baseado na observação do fenótipo clássico, história evolutiva e
fatores de risco. O tratamento inicial consiste em abstinência alcoólica
e controle das possíveis desordens metabólicas associadas. A
conduta cirúrgica está indicada em situações de compressão de
vias aéreas, trato digestivo, limitações funcionais ou má aceitação
estética.
TL 177
PACIENTES ATENDIDOS NO SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE
DIAGNOSTICADOS COM HEPATITE C EM RONDÔNIA
Gabriel de Deus Vieira, Anna Luísa Souza Corrêa, Guilherme Luiz
Castiel Erse, Cledson Gonçalves Ventura, Thaianne da Cunha Alves,
Karen Priscilla Oliveira Castro, Camila Maciel de Sousa
Faculdade São Lucas
Introdução: A hepatite C causa um grande impacto na saúde pública,
devido a alta prevalência na população, bem como o alto custo do
tratamento das comorbidades que a doença provoca no decorrer do
curso clínico, já que grande parte dos infectados evoluem para doença
hepática crônica, podendo desenvolver cirrose e carcinoma
hepatocelular. Objetivo: Analisar os dados epidemiológicos da Hepatite
C no estado de Rondônia, Brasil. Metodologia: Foram analisados os
dados da Hepatite C durante o período de 2002 a 2012. Os dados
foram cedidos pela Agência de Vigilância Sanitária do Estado de
Rondônia, sendo analisados através dos sistemas de informação de
agravo de notificação SinanNET e SinanW. As variáveis estudadas
foram: gênero, raça, faixa etária, agravos associados e forma clínica
da doença. Resultados: Ao analisar os dados epidemiológicos da
Hepatite C, foram evidenciados 859 casos durante o período analisado.
Desse total, 542 casos (63,1%) são do gênero masculino e 317
(46,9%) do gênero feminino. Quanto à variável raça, foram constatados
446 pardos (57%), 254 brancos (32,9%), 70 negros (9%), 16 indígenas
(2%), 28 amarelos (3,6%) e 87 ignorados. Em relação à faixa etária,
a que obteve o maior número de casos foi entre 40-59 anos (54%),
seguida de 20-39 anos (33,5%), 10-19 anos (3,9%), acima de 60
anos (6,6%) e 0-9 anos (1,5%). Em relação à doenças sexualmente
transmissíveis (DST) associadas, 1,8% dos pacientes tinha HIV e
2,1% outro tipo de DST. Também foi analisada a forma clínica da
doença, sendo que 9,9% estão na aguda da doença e 91,1% na fase
crônica. Conclusão: Foi evidenciado o gênero masculino com maior
prevalência da doença e uma doença predominante na população
adulta avançada entre 40-59 anos. A raça parda foi a mais frequente,
seguida raça branca, sendo a forma crônica da doença a mais comum.
Apesar de ser uma doença do homem branco, a doença também
afetou uma pequena população indígena.
Palavras-chave: Epidemiologia, Hepatite C, Rondônia.
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TL 178
PERFIL CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGICO DA HEPATITE DELTA NO
ESTADO DE RONDÔNIA, BRASIL
Gabriel de Deus Vieira, Karen Priscilla Oliveira Castro, Anna Luísa
Souza Corrêa, Thaianne da Cunha Alves, Camila Maciel de Sousa
Faculdade São Lucas
Introdução: A infecção pelo vírus da hepatite delta é algo preocupante
em áreas endêmicas de hepatite B, devido a sua progressão para
insuficiência hepática em portadores assintomáticos do vírus da
hepatite B. Objetivo: Analisar os dados clínicos e epidemiológicos da
Hepatite Delta no estado de Rondônia, Brasil. Metodologia: Foram
analisados os dados da Hepatite Delta durante o período de 1999 a
2012. Os dados foram cedidos pela Agência de Vigilância Sanitária
do Estado de Rondônia, sendo analisados através dos sistemas de
informação de agravo de notificação SinanNET e SinanW. As variáveis
estudadas foram: gênero, raça, faixa etária, vacinação, exposição
do paciente e forma clínica da doença. Resultados: Ao analisar os
dados epidemiológicos da Hepatite Delta, foram evidenciados 149
casos durante o período analisado. Desse total, 93 casos (62,4%)
são do gênero masculino e 56 (37,6%) do gênero feminino. Quanto à
variável raça, foram constatados 72 pardos (48%), 22 brancos
(14,7%), 11 negros (7,3%), 8 indígenas (5,3%), 4 amarelos (2,6%) e
32 ignorados. Em relação a faixa etária, a que teve o maior número de
casos foi entre 20-39 anos (51%), seguida de 40-59 anos (38,2%),
10-19 anos (6%), acima de 60 anos (3,3%) e 0-9 anos (1,3%). Em
relação à vacina de Hepatite B, 13 (8,7%) pacientes relataram ter
tomado a vacina completa, 11 (7,3%) relataram estar incompleta a
vacina, 125 (84%) não tomaram a vacina. 9,3% dos pacientes relatam
ter tido contato com indivíduos sabidamente portadores da Hepatite
B. Sobre a exposição nos últimos 6 meses, dentre as mais relevantes,
9,4% dos pacientes foram expostos à algum medicamento injetável;
1,3% realizaram acupuntura; 3,6% realizaram transfusão sanguínea
e 1,5% tiveram três ou mais parceiros. Também foi analisada a forma
clínica da doença, sendo que 3,2% estão na aguda da doença; 95,9%
na fase crônica e 0,8% na fase fulminante. Conclusão: Concluímos
que o gênero com maior prevalência da doença foi o masculino e a
faixa etária com maior número de casos foi entre 20-39 anos. Há um
grande número de casos que não vacinaram ou realizaram vacinação
incompleta, evidenciando que a falta de vacinação adequada, entre
outros fatores, está intimamente ligada ao surgimento da doença.
Palavras-chave: Epidemiologia, Hepatite D, Amazônia.
TL 179
PREVALÊNCIA DOS CASOS DE HEPATITE B EM ESTADO DA
AMAZÔNIA OCIDENTAL, BRASIL
Karen Priscilla Oliveira Castro, Gabriel de Deus Vieira, Mayara Florão,
Camila Maciel de Sousa
Faculdade São Lucas
Introdução: No Brasil, a hepatite B é considerada um importante
problema de saúde pública, tendo regiões hiperendêmicas, como a
região amazônica e algumas microrregiões do Paraná, Espírito Santo
e Mato Grosso. Também chamada de "hepatite do soro", é uma doença
infectocontagiosa que ataca as células do fígado, os hepatócitos,
por meio do vírus DNA pertencente à família Hepadnaviridae. Objetivo:
Com isso, esse estudo tem como objetivo avaliar o número de casos
de hepatite B no estado de Rondônia. Materiais e Métodos: Tratase de um estudo epidemiológico dos casos notificados de hepatite B
no estado de Rondônia. Para a realização desse projeto, foram
analisados os dados concedidos pela Agência de Vigilância Sanitária
do Estado de Rondônia (AGEVISA). Os dados coletados foram
referentes a pacientes cujo diagnóstico da infecção foi realizado
durante o período de 2002 a 2012. As variáveis do estudo foram: ano
de diagnóstico, gênero, faixa etária, vacinas, contato com paciente
77
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
sabidamente portador do VHB, exposição do paciente, fonte de
infecção e forma clínica. Resultados: Foi verificado que a totalidade
dos casos de hepatite B em indivíduos de 0 a 96 anos no estado de
Rondônia foi de 7.131 notificações. Desses, 39.443 casos (48,2%)
são em indivíduos do sexo masculino e 3.688 casos (51,8%) são em
indivíduos do sexo feminino. No que diz respeito à variável raça, a
que obteve maior porcentagem de notificações foi a parda, em 49,1%
dos casos, correspondendo a 3.358 casos, seguido pela raça branca,
com 36,4%, correspondendo a 2.484 casos. Para a raça negra foram
notificados 595 casos, correspondendo a 8,8 %, já na raça indígena
foram notificados 255 casos (3,7%) e na raça amarela foram
notificados 141 casos (2%), 298 indivíduos foram ignorados. O número
de indivíduos portadores de hepatite B que tiveram contato sexual
com paciente sabidamente portador de hepatite B foi de 802 casos
(11,2%), enquanto que contato domiciliar correspondeu a 1.163
(16,3%) casos. A maior prevalência da forma clínica observada foi a
crônica, 2.735 casos (80, 7%), seguida pela aguda, 532 casos (15,7%)
e 124 casos (3,6%) tiveram uma forma inconclusiva, 4.319 indivíduos
foram ignorados. A população do estudo apresentou como principal
fonte de infecção a via sexual, com 1.967 casos (69,9%), seguida pela
infecção domiciliar, com r 337 (11,9%) casos, 130 (4,6%) casos
correspondem a transfusão sanguínea, 126 (4,6%) casos, foram devido
a tratamento cirúrgico, 102 (3,7%) casos devido a hemodiálise, 101
(3,6%) casos foram devido a transmissão vertical, 27 (0,9%) casos
foram devido a acidente de trabalho e 21 (0,8%) foram devido ao uso
de drogas injetáveis, 4.319 foram ignorados. Conclusão: Concluiu-se
que o estado de Rondônia possui um grande número de pacientes
portadores do vírus da hepatite B, tendo certo equilíbrio quanto ao
gênero e prevalência da raça parda sobre as demais. Quanto ao modo
de transmissão, a sexual continua sendo a mais prevalente.
Palavras-chaves: Epidemiologia, Hepatite B, Amazônia.
TL 180
ELASTOGRAFIA HEPÁTICA TRANSITÓRIA: A EXPERIÊNCIA DE
MINAS GERAIS
Guilherme Santiago Mendes, Osvaldo Couto, Leandro Fonseca, Vitor
Mendes de Sá, Humberto Galizzi, João Galizzi Filho
Clínica HEPSCAN
Introdução: A elastrografia hepática transitória (EHT), obtida através
do FribroscanR, é um método não invasivo para avaliação da
consistência do parênquima hepático, validado para uso em
hepatopatias crônicas de diferentes etiologias para quantificar a
intensidade do processo de fibrose. Desde o início de 2012, é possível
estimar também o grau de esteatose, através do Controlled Attenuation
Parameter (CAP). Material e Métodos: A técnica da EHT baseia-se
na emissão de ondas mecânicas de amplitude constante através de
uma sonda posicionada na região intercostal direita. Essas ondas
são acompanhadas por pulsos ultrassonográficos que medem a
velocidade de propagação das ondas mecânicas: quanto mais fibrose,
maior o índice de rigidez hepática (IRH), expresso em kPa. Os níveis
de IRH têm pontos de corte distintos para identificar os estádios de
fibrose, conforme a etiologia da hepatopatia. Além de inócua, a EHT
permite analisar uma área de parênquima hepático pelo menos cem
vezes maior que a de uma boa biópsia. Quando comparada ao estudo
histológico, a acurácia da EHT é superior a 0,8 para detecção de
fibrose significativa (>= F2) e 0,9 para cirrose (F4). Para que os
resultados sejam confiáveis, o índice de sucesso na obtenção das
medidas válidas deve superar 60% e o índice de dispersão das
medidas deve ser inferior a 30%. Segundo a literatura, em cerca de
4% dos casos não é possível atingir os parâmetros técnicos
recomendáveis e isso ocorre, sobretudo, em pacientes obesos.
Resultados: Foram examinados 786 pacientes entre abril 2011 e
julho 2012. As três principais indicações foram doença hepática
gordurosa não alcoólica, hepatite C e hepatopatia alcoólica. Em apenas
cinco casos não foi possível atingir os parâmetros técnicos
recomendáveis, gerando um índice de fracasso de 0,6%, muito inferior
78
ao relatado pela literatura (4%). A sonda XL, desenvolvida para
pacientes obesos, foi utilizada 67 ocasiões (8.5%). Conclusão: Em
alguns países europeus, a EHT é realizada por técnicos, não por
médicos. Nossos dados mostram que realização da EHT por médicos,
com respeito rigoroso às normas técnicas, permite obter exames
confiáveis, com baixíssimo índice de insucesso; a disponibilidade da
sonda XL também contribui para isso. Da mesma forma, o
conhecimento do hepatologista para interpretar os achados da EHT
de acordo com o contexto clínico, laboratorial e de imagem, possibilita
extrair informações mais sólidas do método.
TL 181
EVOLUÇÃO INTRA-HOSPITALAR DE PACIENTES CIRRÓTICOS,
CONFORME A EXISTÊNCIA, OU NÃO, DE EVIDÊNCIAS DE INFECÇÃO
DO LÍQUIDO ASCÍTICO
Guilherme Santiago Mendes, Laura Bonfim, Daniele Martinelli, Ana
Carolina Pimenta, Lorena Lanza
Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais
Introdução: A peritonite bacteriana espontânea (PBE) é uma das
infeções mais prevalentes em pacientes com cirrose hepática, tem
mau prognóstico e índices de mortalidade que superam 20%. A
confirmação da infecção do líquido ascítico (LA) pode ser feita pela
detecção de mais de 250 células polimorfonucleares (PMN) e/ou
presença de cultura bacteriana positiva. Objetivos: Examinar o LA
de pacientes com cirrose hepática internados em uma enfermaria de
Gastroenterologia e comparar os índices de síndrome hepatorrenal
(SHR) e mortalidade entre os que apresentavam, ou não, sinais de
infecção do LA. Além disso, avaliar a sensibilidade da cultura do LA
para o diagnóstico de PBE, quando comparada à citometria, e qual a
flora bacteriana prevalente. Material e métodos: Foram incluídos,
prospectivamente, 36 pacientes com cirrose hepática de etiologias
diversas. A paracentese diagnóstica foi realizada no primeiro dia de
internação e 10 ml do LA colhido foraminoculados imediatamente em
frasco de hemocultura para bactérias aeróbicas; o restante
encaminhado para avalição da citometria e do teor proteico. Pacientes
com ascite de etiologia não hepatogênica e aqueles que tivessem
usado antibióticos nos últimos sete dias foram excluídos, à exceção
dos que usavam apenas norfloxacina para profilaxia de PBE.
Resultados: Dos 36 pacientes, sete tiveram evidências de infecção
do LA pela citometria e, entre esses, apenas dois apresentaram cultura
positiva. Outros quatro apresentaram cultura positiva, com citometria
normal (bacteriascite - BA). Considerando a citometria e a cultura
como indicadores de infecção do LA, a prevalência de PBE foi de
31.4%. Entre os 25 pacientes com ascite estéril, apenas um morreu
(4%), ao passo que, entre os 11 pacientes com infecção do LA, três
faleceram (27.2%). Dois dos quatro pacientes com BA morreram por
sepse, a despeito do tratamento. A incidência de SHR foi de 11% no
geral, 8% nos com ascite estéril e 18% nos infectados. O teor proteico
não foi preditor de infecção e a E coli foi a bactéria predominante.
Conclusão: A ocorrência de infecção do LA determinou índices
significativamente mais altos de SHR e de mortalidade hospitalar, o
que reforça a indicação de paracentese propedêutica em todos os
pacientes internados. Mesmo realizada em condições adequadas, a
sensibilidade da cultura do LA é baixa para diagnóstico de PBE, mas
ela permite identificar pacientes com BA que também podem ter
evolução desfavorável e isso justifica sua realização rotineira.
TL 182
PREVALÊNCIA DE ALCOOLISMO E SUA ASSOCIAÇÃO COM OS
VÍRUS DAS HEPATITES B e C EM PACIENTES INTERNADOS EM
UMA ENFERMARIA DE GASTROENTEROLOGIA
Guilherme Santiago Mendes, Débora Gomide, Tainá Scalabrini, Nathália
Nascentes, Bernardo Silva
Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
Introdução: O alcoolismo tem prevalência estimada de 12,3% na
população brasileira e é determinante para a ocorrência de doenças
com altos índices de morbidade e mortalidade. Isso gera um grande
impacto financeiro na economia do país, pois calcula-se que 7,3% do
PIB brasileiro seja consumido no tratamento das doenças relacionadas
ao alcoolismo. O etanol é o principal causador de hepatopatias
crônicas nos países ocidentais e sua associação com os vírus das
hepatites B e C aumenta a chance de progressão para cirrose
hepática. Evidências na literatura apontam prevalência maior dos
marcadores de hepatites B e C na população alcoolista. Objetivos:
Mensurar, por meio do questionário validado "CAGE", a prevalência
de alcoolismo entre pacientes internados na enfermaria de
gastroenterologia de um hospital geral. Além disso, pesquisar
marcadores sorológicos de contato com os vírus das hepatites B e C
e comparar a sua prevalência entre alcoolistas e não alcoolistas.
Material e Métodos: Um total de 202 pacientes foi entrevistado e o
CAGE foi aplicado a todos os que admitiram o hábito de consumir
bebidas alcoólicas (n=87). Os marcadores de contato com o vírus B
(HBsAg e AntiHBcIgG) e o vírus C (Anti HCV) foram solicitados para
todos os pacientes, mas, por questões operacionais, somente 108
tiveram a sorologia completa e foram incluídos na análise. A entrevista
incluiu também dados para caracterizar os hábitos comportamentais
e o perfil socioeconômico dos pacientes, e os distinguiu entre
alcoolistas e não alcoolistas. Resultados: Com base no CAGE, a
prevalência de alcoolismo na amostra foi de 18,3%. O contato com
vírus B foi evidenciado em 20% dos alcoolistas e em 26,5% dos não
alcoolistas. O Anti HCV foi identificado em 4% dos alcoolistas e 7,2%
dos não alcoolistas. A diferença encontrada entre os dois grupos não
foi significativa. Conclusão: Considerando-se que o consumo abusivo
de álcool é uma condição de grande impacto patológico, financeiro e
social, e que a prevalência encontrada entre pacientes internados
em uma enfermaria de gastroenterologia é ainda maior que na
população em geral, seria desejável a aplicação rotineira de
questionários, como o CAGE, para detectar prontamente pacientes
em condição de risco para doenças relacionadas ao alcoolismo,
possibilitando intervenções mais precoces. Da mesma forma, a alta
prevalência de marcadores de contato com os vírus das hepatites B
e C pode justificar a sua pesquisa rotineira nesse grupo de pacientes.
TL 183
HEPATOTOXICIDADE COM USO DE TEMOZOLAMIDA EM
PACIENTE COM GLIOBLASTOMA
Mariana Sousa Sala, Renata Moutinho, Paula Ferreira Lacerda, Betty
Guz, Paula Bechara Poletti, Matheus Fernandes de Oliveira, José
Marcus Rotta, Diva Yamaguti
Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo - IAMSPE
Introdução: Glioblastoma é o tumor cerebral maligno mais freqüente
em adultos, sendo responsável por até 50% de todos os gliomas. O
melhor esquema terapêutico é a ressecção seguida pela radioterapia
(RT) associada à temozolomida (TMZ). O efeito tóxico mais comum
associado ao uso da TMZ é a mielotoxicidade. Alguns casos de
aumento de enzimas hepáticas e hiperbilirrubinemia tem sido descritos.
Objetivo: relatar um caso de hepatotoxicidade causada pela TMZ em
paciente portadora de glioblastoma. Relato de caso: Y.V.G, 64 anos
referia perda de memória e confusão mental há um mês. Na
investigação diagnóstica, foi detectado glioblastoma parietal à direita.
Foi submetida à ressecção cirúrgica, com sucesso, seguida de
radioterapia e associada ao uso de TMZ. Após 5 meses da cirurgia
e do primeiro ciclo de TMZ, a paciente foi internada com queixa de
astenia e icterícia. Estava em uso de fenitoína 100mg/dia e TMZ
150mg/m 2 . Ao exame apresentava-se consciente, contactuante,
ictérica 2+/4; aparelho cardio respiratório sem alterações e abdômen
sem visceromegalias e sem ascite. O exame neurológico inicial foi
normal. Exames laboratoriais: BT: 11,4 mg/dL( BD: 8,5 mg / dL); ALT:
257 mg/dl, AST: 233 mg/dl, Amilase: 33 mg/dl, FA: 1410 mg/dl; GGT:
2851mg/dl; albumina 3,6g/dL e TP: 95%; anti HAV IgG positivo, HBsAg,
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
anti-HBc total e anti-HBs negativos, anti-HCV negativo, sorologia para
citomegalovírus, Herpes vírus e Epstein Barr negativas; marcadores
de autoimunidade negativos. Ultrasson abdômen: normal. À despeito
da suspensão das medicações, a paciente permaneceu ictérica, sendo
submetida à biópsia hepática que revelou hepatite medicamentosa
com padrão colestático. Permaneceu internada por duas semanas
recebendo suporte clínico e colestiramina, tendo evolução satisfatória.
Após 60 dias do evento inicial, apresentava BT: 3,5 mg/dl (D: 2,5mg/dL);
ALT: 92 mg/dl, AST: 79 mg/dl, FAL: 1029 mg/dl, GGT: 1707 mg/dl.
Conclusão: Hepatite colestática com o uso de TMZ é um evento raro
que pode evoluir de forma grave. A suspensão imediata da medicação
é fundamental e deve ser feita na suspeita diagnóstica. Pacientes
que fazem uso de TMZ devem ser submetidos à monitorização clínica
e laboratorial cuidadosa para avaliar dano hepático.
TL 184
CARCINOMA HEPATOCELULAR COM INVASÃO VASCULAR E
ATRIAL DIREITA EM PACIENTE COM CIRROSE POR NASH
Larissa Morete Caieiro da Costa, Danilo Fernando Martin, Helcio
Cardoso Gomes, Priscilla Itimura, Lincoln Bento S. Isepon, Patricia da
Silva Fucuta Pereira
Serviço de Gastro-Hepatologia - Hospital de Base da Faculdade de
Medicina de São José do Rio Preto - SP
Introdução. Cada vez mais tem se evidenciado o risco aumentado
de carcinoma hepatocelular (CHC) na cirrose por esteato-hepatite
não alcoólica (NASH). O CHC é a 3ª causa de morte relacionada ao
câncer no mundo; ocasionalmente, pode cursar com invasão da veia
cava inferior até o coração. Objetivo. Descrever um caso de
hepatocarcinoma com invasão vascular e de átrio direito, em paciente
com cirrose por NASH. Relato de caso. Paciente masculino de 65
anos, admitido com dispneia a mínimos esforços, adinamia e palidez
há 1 dia. História pregressa: diabetes, hipertensão e hipotireoidismo
há 8 anos; diagnóstico de cirrose por NASH há 4 meses e de CHC há
1 mês em outro serviço, quando recebeu prescrição de sorafenibe,
mas ainda não havia iniciado a medicação. Em uso de omeprazol,
propranolol, enalapril, anlodipina, glicazida, levotiroxina, vitamina K,
espironolactona, furosemida e albumina em pó. Exame físico da
admissão: regular estado geral, taquipneico (FR 24), saturando O2
ar ambiente 83%. Pulmões: MV diminuído bilateralmente e abolido em
base direita. ACV: RDR, com desdobramento de segunda bulha.
Abdome globoso, tenso, fígado a 5 cm RCD endurecido e borda
romba, ascite acentuada. Edema MMII 3+/4. Exames: sorologias
negativas para hepatites virais e HIV; PCR 4,47 mg/dl, AST 56 U/L
(40), ALT 23 U/L (41), FA 343 U/L(130), GGT 1083 U/L(60), alfafetoproteína 1667ng/dl, RNI 2,03, albumina 3, BT 2,1. TC de abdome:
sinais de tromboembolismo pulmonar bilateral; fígado aumentado
com hipoatenuação difusa do parênquima, contorno irregular; massa
sólida 135 x 127 mm no lobo direito, infiltrativa, com áreas centrais
de necrose, invadindo ramo direito das veias porta e cava inferior e
átrio direito. Concluído diagnóstico de CHC - BCLC D e tromboembolismo pulmonar. Iniciado anticoagulação, suporte clínico e
solicitado ecocardiograma. Paciente evoluiu com dor abdominal
intensa, necessitando morfina, insuficiência renal (creatinina
3,0 mg/dL), dispneia em repouso, insuficiência respiratória e
óbito após 9 dias de internação. Conclusões. O estadio avançado
apresentado pelo paciente levou ao grave desfecho. É preocupante
o fato de que este paciente, tendo doenças crônicas de base e,
portanto, acesso à assistência médica, tenha chegado com um
prognóstico tão grave. Medidas para facilitar o acesso ao
rastreamento, diagnóstico precoce e, consequentemente, tratamento
eficaz, são urgentemente necessárias para a otimização da
abordagem do CHC em nosso país.
79
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
TL 185
ANASTOMOSE ESPLENORRENAL DISTAL (AERD) EM CIRRÓTICOS
COM HDA NA ERA DOS TRANSPLANTES
Tércio Genzini, Roberta Genaro, Joao William Costa Teixeira, Felipe
Costa Teixeira,Camilla César,Regina Gomes,Huda Noujaim, Marcelo
Perosa
Hospital Real e Benemérita Beneficência de São Paulo/Hospital
Bandeirantes
Introdução: A Hemorragia Digestiva Alta (HDA) em cirróticos
permanece complicação de alta mortalidade. Pacientes cirróticos com
HDA decorrente de hipertensão portal (HP) e gradiente portal > 12
mmHg não responsivo a terapia farmacológica, tem alto risco de
recidiva hemorrágica e a insistência no tratamento endoscópico eleva
o custo do tratamento e não altera o prognóstico. As alternativas para
estes casos são a descompressão portal e/ou o transplante de fígado
(TF). Shunts não seletivos são representados pelo Shunt Porto
Sistêmicos intra-hepático (TIPS) e são considerados uma ponte para
o transplante. Shunts seletivos são representados pela AERD que,
apesar de resultados promissores em pacientes com boa reserva
hepática, têm sido praticamente abandonadas em pró do transplante
hepático. Isto ocorre pela obtenção do tratamento definitivo e pelo
elevado estímulo financeiro que favorecem o transplante. Material
e Métodos: Neste estudo analisamos o seguimento tardio de
pacientes cirróticos, com boa reserva funcional hepática, e HDA
com recidiva após tratamento endoscópico e farmacológico. No
período de 2000 a 2010, 18 pacientes cirróticos (6 VHC, 4
Criptogênicas, 3 VHB + VHD, 3 autoimunes e 2 VHB) foram submetidos
a AERD. Todos apresentavam pelo menos 1 episódio de HDA (1 a 6),
foram submetidos a tratamento endoscópico com ligadura ou esclerose
de VE, faziam uso de propranolol (40 a 160 mg) para manter FC entre
55 e 60 bpm e persistiam com VE com risco de sangramento. Doze
tinham medidas de gradiente portal > 12 (14 a 34 mmHg). Resultados:
14 (78%) eram do sexo masculino, idade média 42,5 anos (20 a 63),
todos eram CHILD-PUGH A com MELD entre 8 e 15. O seguimento médio
foi de 6 anos (3 a 15). Ocorreu 1 recidiva de HDA (6%) tratada
endoscopicamente, 1 necessidade de TF (6%) por HCC (VHB) e 1
óbito (6%). O MELD aumentou em 12 pacientes para valores menores
que 15 e permaneceu igual ou diminuiu em 4. 1 paciente apresentou
encefalopatia atribuída a dieta inadequada. Conclusão: AERD é eficaz,
preserva a função hepática e pode evitar a indicação de TF por HDA
recidivante em cirróticos com boa reserva funcional.
TL 186
IMPACTO DA IMUNOSSUPRESSÃO NA RECORRÊNCIA TARDIA DO
CARCINOMA HEPATOCELULAR APÓS TRANSPLANTE
SEQUENCIAL FÍGADO-RIM
Renato Ferreira Da Silva, Fábio Leite Couto Fernandez, Rita de CMA
da Silva, Dalisio de Santi Neto, Helen C Felicio, Wiliam Jose Duca, Ida
Maria M Fernandes, Paulo Cesar Arroyo Jr
Fundação Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto/SP
Introdução: O Carcinoma Hepatocelular (CHC) é um dos cânceres
mais incidentes do mundo, sendo o sexto mais comum e a terceira
causa de morte em pacientes com câncer. Como ele incide em mais
de 80% dos pacientes com fígados cirróticos, o transplante se
apresenta como a solução ideal. Vários dados clínicos e
histopatológicos são citados como fatores relacionados à recidiva,
como: micro e macro invasão vascular, metástases em linfonodos,
tamanho do tumor > 5 cm, envolvimento bilobar do fígado, tumor
multifocal, alfa- fetoproteína > 200 ng\dl, realização de biópsia do
tumor no pré-operatório, tumores moderadamente a pobremente
diferenciados e o uso de drogas imunossupressoras. Relatamos aqui
o segundo caso encontrado na literatura inglesa sobre recidiva tardia
de HCC após transplante de fígado seguido de transplante renal.
80
Objetivos: Discutir a possível influência da imunossupressão
exacerbada relacionada à recorrência tardia do tumor após o
transplante sequencial de fígado e rins. Métodos: Apresentamos
um caso de recorrência tardia de carcinoma hepatocelular (CHC)
após o transplante de fígado, seguido por transplante de rim. A
recorrência ocorreu 101 meses após o transplante do fígado e 22
meses após o transplante renal, ou seja, recorrência muito tardia em
comparação com o transplante de fígado e precoce em relação ao
transplante renal. Resultados: Desde maio 2003, quando foi submetido
a transplante de fígado devido ao CHC, o paciente mantinha-se estável
e em uso de imunossupressores de baixa dose. Em dezembro de
2009, após o transplante renal, recebeu altas doses de
imunossupressores. Em junho de 2011, 18 meses após o transplante
renal apresentou elevação de alfa-fetoproteína: de 6,7 ng / mL para
232,6 ng / ml. A cintilografia óssea apresentava-se sem evidência de
metástase, porém a TC Tórax identificou nódulos menores que 1 cm
no pulmão direito. O paciente foi submetido à toracotomia. A lobectomia
prevista não foi realizada devido à doença disseminada incluindo
pleura, o exame patológico demonstrou CHC metastático no pulmão
com a mesma cepa do tumor primário. Conclusão: Os resultados
deste estudo de caso propõem uma possível influência de esquemas
imunossupressores na recorrência tumoral. Recomenda-se, portanto,
vigilância permanente em pacientes com transplantes duplos,
especialmente quando associada a transplante de rim e fígado.
Figure 1: Gráfico de colunas dos imunossupressores utilizados em função do tempo.
TL 187
ANASTOMOSE ESPLENORRENAL DISTAL (AERD) EM CIRRÓTICOS
COM HDA - EXPERIÊNCIA DO HC DE RIO BRANCO-ACRE
Tércio Genzini, Roberta Genaro, Isadora Oliveira Morais, Elissandra
Melo Lima, Marcelo Perosa, Regina Gomes, Leandro Trama, Nilton
Guiotti Siqueira
Hospital Real e Benemérita Beneficência de São Paulo/Hospital
Bandeirantes
Introdução: A Hemorragia Digestiva Alta (HDA) em cirróticos é uma
complicação de alta mortalidade. Pacientes cirróticos com HDA
recidivante decorrente de hipertensão portal (HP) apesar de terapia
farmacológica e endoscópica, constituem população de alto risco de
morte. As alternativas são a descompressão portal e/ou o transplante
de fígado (TF). Em nosso serviço não temos disponibilidade de Shunt
Porto Sistêmicos intra-hepático (TIPS) e consideramos outros Shunts
não seletivos de elevada morbi-mortalidade. AERD representa uma
alternativa promissora em pacientes com boa reserva hepática, que
pode evitar a morte por HDA e preservar a função hepática a longo
prazo. Material e Métodos: Neste estudo analisamos os 3 primeiros
pacientes submetidos a AERD no HC de Rio Branco -AC. Selecionamos
pacientes com boa reserva funcional hepática e HDA com recidiva
após tratamento endoscópico e farmacológico. No período de 2011 a
2013, 3 pacientes cirróticos (2 VHC, 1 VHB + VHD) foram submetidos
a AERD. Todos apresentavam pelo menos 1 episódio de HDA (1 a
5), foram submetidos a tratamento endoscópico com esclerose de
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
VE, faziam uso de propranolol (40 a 120 mg) para manter FC entre 55
e 60 bpm e persistiam com VE com risco de sangramento. Resultados:
3 eram do sexo masculino, idade média 43 anos (36 a 47) , todos
eram CHILD-PUGH A com um score para Modelo da Doença Hepática
Terminal (MELD) entre 9 e 15. O seguimento variou de 1 a 3 anos. Não
houve recidiva de HDA, as VE reduziram ou desapareceram no PO,
não houve óbitos e nenhum pacientes foi a transplante. O MELD
aumentou em 2 pacientes para valores menores que 15 e permaneceu
igual em 1. 1 paciente apresentou encefalopatia atribuída a dieta
inadequada. Conclusão: AERD apresenta bons resultados em centros
com experiência em cirurgia hepática, preserva a função hepática e
pode evitar a indicação de TF por HDA recidivante em cirróticos com
boa reserva funcional.
TL 188
A FORÇA MUSCULAR DE MEMBROS INFERIORES POSSUI
CORRELAÇÃO COM A FORÇA DE APERTO DE MÃO EM PACIENTES
COM HEPATITE CAUSADA POR VÍRUS C
Rodrigo Varella Milano, Rodrigo Casales da Silva Vieira, Anderson
Rech, Cristiano Ughini Luiz Alberto Forgiarini Júnior, Ronei Silveira
Pinto, Alexandre Simões Dias, Mario Reis Álvares-da-Silva
UFRGS
Introdução: Pacientes com hepatite causada por vírus C apresentam
alterações musculares, principalmente na força do aperto de mão. No
entanto o comprometimento muscular periférico de membros inferiores
ainda está pouco esclarecido. Objetivo: Correlacionar a força do
aperto da mão com o pico de torque e a qualidade muscular dos
membros inferiores em pacientes com hepatite causada por vírus C.
Materiais e métodos: Foram inseridos pacientes maiores de 18
anos com diagnóstico de hepatite causada por vírus C sem cirrose,
de ambos os sexos, e que não estavam recebendo nenhum tipo de
tratamento. Foram excluídos indivíduos com esplenomegalia, varizes
esofágicas, anemia, dislipidemia em tratamento e insuficiência renal
crônica. Foram mensuradas as enzimas hepáticas (U/L) Aspartato
aminotransferase (AST), alanina aminotranaferase (ALT) e fosfatase
alcalina (FA), bem como a força de aperto de mão (Kgf) através do
dinamômetro mecânico de empunhadura com alça ajustável do tipo
Baseline Smedley Spring-Type Hand Dynamometer (New York, USA).
Para a avaliação dos músculos extensores de joelho do membro
dominante (pico de torque isométrico e isocinético - N/m) utilizou-se
um dinamometro isocinetico (Cybex Norm, Ronkonkoma, New York,
EUA) na angulação de 60°. A qualidade muscular foi quantificada
através da divisão da força isométrica dos extensores de joelho pela
soma das espessuras dos músculos vasto lateral, medial, intermédio
e reto femural avaliada através da ultrassonografia. Utilizou-se a
média e desvio padrão para os dados quantitativos e a correlação de
Pearson, com nível de significância de 5% (p<0,05). Resultados:
Foram avaliados nove pacientes, cinco do sexo masculino com média
de idade de 49+9,6 anos. Os valores das enzimas hepáticas foram
(AST- 61,9±37,9; ALT- 85,1±46,9 e FA-75,5±12,8). A força de aperto
de mão (Kgf) foi de 2,3±1,12 e o pico de torque (N/m) de 181,5±53,4.
Houve correlação entre a força de aperto de mão e o pico de torque
(R=0,72; p=0,02). A qualidade muscular teve (R=0,347), porém com
um p Q0,05. Conclusão: Existe correlação da força do aperto de
mão e o pico de força muscular de membros inferiores em pacientes
com hepatite causada por vírus C.
TL 189
ENCEFALOPATIA PERSISTENTE POR SHUNT PORTOSSISTÊMICO
APRESENTANDO-SE COMO QUADRO DEMENCIAL
Luciana Xavier Nunes de Farias, Jannine Maria Pires Bezerra de
Carvalho, Michele Melo Bautista, Gutemberg Guerra Amorim, Laécio
Leitão Batista, Norma Arteiro Filgueira
Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
Introdução: A encefalopatia hepática geralmente se apresenta de
forma episódica, porém em alguns pacientes desenvolve-se com
caráter persistente, quando geralmente está associada a shunt portosistêmico, muitas vezes com preservação das provas de função
hepática. Nestes casos, o quadro clínico inclui alterações cognitivas,
comportamentais, parkinsonismo, manifestações cerebelares, dentre
outros. Método: revisão do prontuário para descrição de um caso
de encefalopatia hepática persistente manifestando-se com síndrome
demencial. Relato do Caso: Uma paciente de 59 anos iniciou há dois
anos quadro de declínio cognitivo progressivo, amnésia anterógrada,
perda das funções executivas, déficit de atenção importante,
confabulação, apraxia, marcha atáxica, diminuição do equilíbrio, além
de distúrbios do comportamento do tipo agressividade. Na avaliação
cognitiva obteve oito pontos no miniexame do estado mental, tinha
ausência de atividades instrumentais de vida diária e o exame periférico
mostrava hipertonia em MMSS tipo roda denteada. A paciente tinha
diagnóstico prévio de Hepatite autoimune, que estava inativa, com
aminotransferases e funções sintéticas normais (Child A, MELD 10).
Ressonância magnética de encéfalo demonstrou depósito de
manganês em globos pálidos. A USG com Doppler evidenciou shunt
espleno-renal espontâneo e estudo angiográfico evidenciou shunts
calibrosos, tanto em território espleno-renal quanto mesentéricohipogástrico. Após exclusão de outras causas de demência, foi definido
o diagnóstico de encefalopatia hepática persistente por shunt
portossistêmico. Não houve melhora com o uso de lactulose, neomicina
e bromocriptina. Procedeu-se então ao implante de plug para oclusão
do shunt espleno-renal em maio de 2013 e a paciente está sendo
acompanhada ambulatorialmente para avaliar a evolução do quadro
neurológico. Conclusão: O diagnóstico da encefalopatia hepática
persistente comumente é retardado, pelo predomínio do quadro
neurológico em relação ao hepático, já que muitas vezes esta é a
única manifestação da hepatopatia. A resposta às medidas
terapêuticas usuais é pobre ou inexistente e a oclusão dos shunts
pode ser uma opção nesses casos.
TL 190
FALÊNCIA HEPÁTICA EM PACIENTE COM TRAUMA GRAVE DO
FÍGADO
Olival Cirilo Lucena da Fonseca Neto, Danielle Teti Magalhães, Juliana
Fernandes de Oliveira, Esaú da Silva Santos, Eduardo de Oliveira
Costa, Clark Gleibooll Fernandes Vieira, Levi Cezar de Castro
Figueiredo
Hospital da Restauração - Recife/PE
Introdução: O manejo dos pacientes traumatizados graves vem
evoluindo nos últimos anos. No trauma hepático grave, os pacientes
necessitam de assistência multidisciplinar para permitir melhor
evolução. Ainda assim, em alguns casos a disfunção hepática pode
ocorrer levando ao prognóstico desfavorável. A falência hepática no
paciente traumatizado pode se apresentar e a necessidade do
transplante hepático pode existir. Objetivos: Descrever um caso de
paciente com traumatismo grave do fígado evoluindo com falência
hepática aguda. Material e Métodos: Relato de caso. Resultados:
CASO 1: M.S.A., 25 anos, sexo masculino, natural e procedente de
Pombos-PE. Admitido na unidade de trauma de um hospital público
terciário do SUS - Recife/PE, em estado geral grave, intubado, vítima
de acidente automobilístico. Apresentava sinal do cinto de segurança
e irritação peritoneal. Submetido à laparotomia exploradora cujo achado
foi lesão grave de baço e de fígado. Realizada esplenectomia e
tamponamento hepático. Na UTI, permaneceu grave e optado por
nova laparotomia exploradora, em que foi encontrado fígado com
sangramento difuso por várias fraturas. Nessa oportunidade, novo
tamponamento hepático foi realizado. Devido à permanência de
hemoglobina baixa foi optado por embolização da artéria hepática,
procedimento realizado no quarto dia após a admissão. O paciente
apresentou estabilização do hematócrito e hemoglobina, mas ocorreu
81
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
aparecimento de disfunção hepática (aumento da bilirrubina direta,
INR de 2,5 e albumina de 2,8). Insuficiência renal dialítica ocorreu no
décimo dia da internação hospitalar e o paciente estava sem ventilação
mecânica quando iniciou quadro de encefalopatia. Exames do dia da
disfunção neurológica mostravam bilirrubina direta de 18mg/dL, INR=
3,5, Albumina= 1,2 e lactato de 5 mmol/L. Indicado transplante hepático,
entretanto, o paciente evoluiu para o óbito com parada cardiorrespiratória súbita. Conclusão: A falência hepática pode ocorrer em
pacientes com trauma grave do fígado e deve ser identificada
precocemente para permitir melhor evolução nesses pacientes tão
graves.
TL 191
A HIPERTROFIA DO LOBO ESQUERDO DO FÍGADO EM
ESQUISTOSSOMÓTICOS É ACOMPANHADA DE ARTÉRIA
HEPÁTICA ESQUERDA ACESSÓRIA?
Olival Cirilo Lucena da Fonseca Neto, Danielle Teti Magalhães, Juliana
Fernandes de Oliveira, Esaú da Silva Santos, Eduardo de Oliveira
Costa, Clark Gleibooll Fernandes Vieira, Levi Cezar de Castro
Figueiredo
Hospital da Restauração - Recife/ PE
Introdução: A hipertrofia do lobo esquerdo do fígado encontrado em
esquistossomóticos com hepatoesplenomegalia sugere um aumento
do metabolismo e das necessidades nutricionais e de oxigenação
dos hepatócitos. O hiperfluxo portal encontrado nesses pacientes
poderia justificar o crescimento deste segmento hepático, entretanto,
a demanda aeróbica poderia necessitar de fluxo sanguíneo
enriquecido de oxigênio não suprido pelo segmento venoso portal.
Objetivos: Estudar a prevalência de artéria hepática esquerda, ramo
da artéria gástrica esquerda em pacientes com esquistossomose
hepatoesplênica submetidos à esplenectomia e ligadura da veia
gástrica esquerda. Material e Métodos: Estudo retrospectivo entre
pacientes adultos com esquistossomose hepatoesplênica submetidos
à esplenectomia e ligadura da veia gástrica esquerda (cirurgia eletiva
ou de urgência) em um hospital público, terciário do SUS - Recife/PE,
entre janeiro de 2012 e junho de 2013. Resultados: Dezessete
pacientes foram estudados, sendo onze do sexo masculino. A idade
variou de 18 a 67 anos. Todos com passado de hemorragia digestiva
alta. Dez procedimentos realizados na urgência. Endoscopia digestiva
alta e ligadura varicosa sempre ocorreu antes do procedimento.
Hemotransfusão foi necessária em sete pacientes. Durante o ato
operatório o cirurgião visualizava o ligamento hepatogástrico, palpava,
seccionava e realizava a ligadura da veia gástrica esquerda. Nesse
momento identificava ou não a presença da artéria gástrica esquerda
e seus ramos para o ligamento gastrohepático, inclusive a artéria
hepática esquerda acessória. Foram encontrados quatro pacientes
com artéria hepática esquerda acessória. Não ocorreu óbito. Todos
os pacientes são acompanhados no ambulatório. Conclusão: A
prevalência da artéria hepática esquerda, ramo da artéria gástrica
esquerda, em pacientes com esquistossomose hepatoesplênica não
é diferente da população geral.
TL 192
HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA EM GESTANTES COM
HIPERTENSÃO PORTAL
Olival Cirilo Lucena da Fonseca Neto, Danielle Teti Magalhães, Juliana
Fernandes de Oliveira, Esaú da Silva Santos, Eduardo de Oliveira
Costa, Clark Gleibooll Fernandes Vieira, Levi Cezar de Castro
Figueiredo
Hospital da Restauração - Recife/ PE
Introdução: Gravidez em pacientes com hipertensão portal é rara.
Os efeitos da hipertensão portal durante a gestação ainda são
desconhecidos. Hemorragia digestiva alta nesses pacientes é um
82
evento dramático e de alto risco para o feto e a mãe. Objetivos:
Descrever o manejo e a evolução de gestantes com hipertensão
portal que apresentaram hemorragia digestiva alta (HDA).Material e
Métodos: Estudo retrospectivo nas pacientes gestantes atendidas
na emergência de um hospital público terciário do SUS - Recife/PE,
entre janeiro de 2002 e janeiro de 2013. Resultados: Onze pacientes
foram atendidos. A idade variou de 23 a 47 anos. Quanto à etiologia
da hipertensão portal: esquistossomose hepatoesplênica (6), cirrose
por álcool (3), hepatite autoimune (1), trombose da veia porta (1). O
MELD variou de 11 a 23. A gestação encontrava-se no sétimo mês em
cinco pacientes; no terceiro mês, em quatro; no oitavo mês, em duas
pacientes. Passado de hemorragia digestiva alta foi encontrado em
todas. Aborto e prematuridade ocorreu em nove pacientes. Endoscopia
digestiva alta foi realizada em todas as pacientes e sangramento de
varizes esofagogástricas foi encontrado em sete. Úlcera duodenal
(1), gástrica (1), gastropatia portal (2) foram os outros achados.
Tratamento endoscópico ( ligadura + vasoconstrictor) foi realizado
em oito pacientes. Refratariedade ao tratamento endoscópico ocorreu
em seis. Balão de Sengstaken Blakemore foi usado em seis.
Terlipressina foi usada em 1 caso. Esplenectomia e ligadura da veia
gástrica esquerda foi necessária em dois casos (EHE). Óbito fetal
ocorreu em sete pacientes. Gestação a termo ocorreu em três. Óbito
materno ocorreu em uma situação. Conclusão: Hemorragia digestiva
alta em pacientes com hipertensão portal é um evento grave que
requer cuidados intensivos imediatos para mãe e o feto, já que a
morbimortalidade é alta para ambos.
TL 193
CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO E CAPACIDADE FUNCIONAL
EM INDIVÍDUOS COM CIRROSE CAUSADA PELO VÍRUS DA
HEPATITE C
Rodrigo Casales da Silva Vieira, Mario Reis Álvares-da-Silva, Álvaro
Reischak de Oliveira, Julia da Silveira Gross, Ivan Lopes Braga, Sarah
Hartel, Renata Lopes Kruger, Alexandre Simões Dias
UFRGS
Introdução: Pacientes com cirrose causada pelo vírus da hepatite C
apresentam alterações no consumo máximo de oxigênio, na força do
aperto de mão e na capacidade funcional. Objetivos: Comparar o
consumo máximo de oxigênio (VO2máx .), a força do aperto de mão
(FAM) e a capacidade funcional (CF) entre pacientes cirróticos pelo
vírus da hepatite C e indivíduos saudáveis e correlacionar a FAM e a
capacidade funcional com o VO2máx . Materiais e métodos: Foram
incluídos pacientes maiores de 18 anos com diagnóstico de cirrose
causada pelo vírus da hepatite C, de ambos os sexos. Foram excluídos
indivíduos com varizes esofágicas grau 3 e 4, anemia e insuficiência
renal crônica. A força de aperto de mão (Kgf) foi mensurada através
do dinamômetro mecânico de empunhadura com alça ajustável do
tipo Baseline Smedley Spring-Type Hand Dynamometer (New York,
USA). A capacidade funcional foi avaliada pelo teste de caminhada de
seis minutos (TC6) seguindo as normas da American Toracic Society
(ATS), o VO2máx. foi verificado por um sistema de ergoespirometria de
circuito aberto para analisador de gases (MGC, modelo CPX/D), com
teste de carga progressiva em cicloergômetro (The Bike, Cibex,
USA). Utilizou-se média e desvio padrão para os dados paramétricos
e mediana e intervalo interquartil e correlação de Spearmam para os
dados não paramétricos. Nível de significância de 5% (p<0,05).
Resultados: Foram avaliados trinta e seis indivíduos, dezoito
cirróticos (Ci) e dezoito indivíduos saudáveis (Co), oito do sexo
masculino e dez do sexo feminino em ambos os grupos com média
de idade de 55,61 ± 8,3 e 55,2 ± 8,8 anos respectivamente. Não
houve diferença entre os grupos para a FAM [Kgf] (Ci)-1,89 ±0,909
e (Co)-2,46±0,116, p= 1,183. Houve diferença estatística entre os
grupos para o VO2máx. (Ci- 16,2 (11,6 - 18,5) e Co-19,9 (16,3 - 26,8),
p=0,007, TC6 (metros) - Ci- 521,5 (476,2 - 544,7), Co- 618 (570,7 - 643,7),
p= 0,0001. Houve correlação entre a FAM e o VO 2máx.(R=0,474;
p<0,047) e o VO2máx . e a distância percorrida - TC6 (R=0,801;
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
p=0,0001) no grupo cirrótico. Conclusão: Existe diferença
significativa entre cirróticos e indivíduos saudáveis quanto ao
consumo máximo de oxigênio e a capacidade funcional e que há
correlação do consumo máximo de oxigênio com a força do aperto
de mão e a capacidade funcional em pacientes com cirrose causada
pelo vírus da hepatite C.
TL 194
HEMORRAGIA EM OSTOMIA EM PACIENTE COM HIPERTENSÃO
PORTAL
Olival Cirilo Lucena da Fonseca Neto, Danielle Teti Magalhães, Juliana
Fernandes de Oliveira, Esaú da Silva Santos, Eduardo de Oliveira
Costa, Clark Gleibooll Fernandes Vieira, Levi Cezar de Castro
Figueiredo
com cirrose por álcool em um caso, esquistossomose hepatoesplênica
(1) e indeterminada (1). Hemorragia digestiva alta (HDA) ocorreu
apenas em 1 paciente (com Esquistossomose Hepatoesplênica - EHE).
Ascite foi encontrada em 1 caso (cirrose alcoólica). A ultrassonografia
de abdome com Doppler foi feita inicialmente e acompanhada de CRNM
posteriormente. Obstruções biliares foram vistas em todos os
pacientes. Diminuição da porção distal do ducto pancreático foi
observado em 2 pacientes (< 2,3mm). Como não foram encontradas
alterações clínicas e bioquímicas, esses pacientes não foram tratados
para este achado radiológico. Um desses pacientes foi submetido ao
TIPS e o outro, à observação clínica. Conclusão: A hipoplasia ou
atrofia do ducto pancreático principal pode ser encontrada em
pacientes com icterícia e cavernomatose portal sem corresponder a
disfunção pancreática.
TL 196
Hospital da Restauração - Recife/ PE
Introdução: Sangramento digestivo em pacientes com hipertensão
portal pode ocorrer proveniente de vários sítios (variz, gastropatia,
enteropatia e colopatia hipertensiva). Como colaterais podem surgir
em qualquer local da parede abdominal, os pacientes com cirurgia
prévia e ostomias podem ser vulneráveis para sangramento, nesses
novos sítios formados. Objetivo: Descrever o manejo inicial dos
pacientes com hipertensão portal e sangramento em ostomias.
Materiais e Métodos: Estudo retrospectivo entre 2002 e 2013 de
pacientes adultos com hemorragia digestiva baixa, pela ostomia, em
um hospital público terciário do SUS - Recife/PE. Resultados: Três
pacientes foram encontrados. Todos do sexo masculino, 35, 53 e 61
anos foram as idades dos pacientes. Colangite Esclerosante Primária
- CEP (2/3) e Cirrose Alcóolica (1/3) foram as etiologias da hipertensão
portal. Doença inflamatória intestinal e trauma por PAF (projétil de
arma de fogo) foram as causa da confecção das ostomias, que
foram colostomia a Hartman (2) e ileostomia definitiva (1). Hemorragia
maciça ocorreu nos pacientes com CEP sendo conduzidos com
terlipressina e colonoscopia com hemostasia local. No cirrótico por
álcool foi realizado TIPS. Todos foram inclusos na lista de transplantes
de fígado com MELD 15, 21 e 20 (CEP, CEP e álcool). Ocorreu 1 óbito
(CEP). Conclusão: Sangramento digestivo por ostomia é de difícil
manejo e pode sinalizar o início da disfunção hepática e necessidade
de transplante de fígado.
TL 195
ALTERAÇÕES DO DUCTO PANCREÁTICO PRINCIPAL EM
PACIENTES COM CAVERNOMATOSE PORTAL
Olival Cirilo Lucena da Fonseca Neto, Danielle Teti Magalhães, Juliana
Fernandes de Oliveira, Esaú da Silva Santos, Eduardo de Oliveira
Costa, Clark Gleibooll Fernandes Vieira, Levi Cezar de Castro
Figueiredo
Hospital da Restauração - Recife/ PE
Introdução: Trombose de veia porta resultando em transformação
cavernomatosa não é comum. Devido à formação de colaterais
venosas a possibilidade de obstrução de estruturas adjacentes pode
ocorrer. A icterícia em pacientes com cavernoma portal sugere
obstrução do fluxo biliar, pelas colaterais venosas, no ducto biliar
principal. Adicionalmente, pode-se observar alterações no ducto
pancreático principal nesses pacientes geralmente sem manifestação
clínica de disfunção pancreática. Objetivo: Descrever pacientes com
cavernomatose portal e icterícia, alterações do ducto pancreático
principal observadas na colangiografia por Ressonância Magnética
(CRNM). Materiais e Métodos: Estudo retrospectivo entre pacientes
adultos com icterícia, com cavernomatose portal submetidos à CRNM
em um hospital público terciário do SUS - Recife/PE, entre janeiro de
2002 a junho de 2013. Resultados: Três pacientes foram
encontrados. Dois do sexo feminino. Apresentavam as seguintes
idades: 60, 52 e 71 anos. A trombose da veia porta estava associada
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
DISTÚRBIOS DO SONO E SUA ASSOCIAÇÃO COM O TRATAMENTO
DA HEPATITE C
Eduardo Cordeiro Vitor Martins, Marcelo Costa Silva, Joana Angélica
Mesquita Martins Seabra de Oliveira, Tiana Mascarenhas Godinho
Reis
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Introdução: Tanto a terapia dupla quanto a terapia tripla utilizadas no
tratamento do vírus da hepatite C (VHC) estão associadas ao
desenvolvimento de distúrbios do sono como efeito colateral da
medicação e estes podem prever o aparecimento de transtornos
depressivos. O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade do sono
e descrever sua frequência em pacientes portadores do VHC, em
tratamento ou não, e comparar estes dois grupos. Material e
métodos: Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal. A
amostra foi composta por 41 pacientes portadores VHC, acompanhados pelo Centro de Hepatites Virais do município de Ipiaú-Bahia.
A amostra foi dividida em dois grupos, um grupo em tratamento
(interferon peguilado e ribavirina) e outro grupo sem tratamento. Para
avaliar a qualidade do sono foi aplicado um questionário de autoavaliação do sono, o Mini-Sleep-Questionairre (MSQ). Para tabulação
dos dados foi utilizado o programa SPSS e para a análise estatística
foi utilizado o teste do X² de Pearson. Resultados: Dezesseis
pacientes estavam em tratamento e desses: 6,25% apresentaram o
sono muito bom, 31,25% apresentaram o sono bom, 31,25%
apresentaram o sono levemente alterado, 6,25% apresentaram o
sono moderadamente alterado e 25% apresentaram o sono
gravemente alterado. Vinte e cinco pacientes estavam sem tratamento
e desses: 40% apresentam o sono muito bom, 48% apresentam o
sono bom e 12% apresentam o sono muito alterado. Houve associação
estatisticamente significa (p<0,004) entre a qualidade do sono e a
condição de estar ou não em tratamento. Conclusão: Os resultados
indicaram que há alterações significativas na auto-avaliação da
qualidade e aumento da frequência de ocorrências das queixas dos
pacientes, em tratamento, relacionadas ao sono, quando comparados
com aqueles que não estão em tratamento. Esse resultado poderá
ser associado aos efeitos adversos provocados pelos medicamentos
utilizados no tratamento, eventualmente comprometendo a adesão.
Assim, torna-se necessário maior atenção no reconhecimento dos
distúrbios do sono durante o tratamento do VHC para que haja o
manejo correto destas alterações, não atentar para estes efeitos
colaterais pode permitir que durante o seguimento do tratamento tais
pacientes possam vir a desenvolver maiores consequências, como
transtornos depressivos.
83
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
TL 197
SINAL DE CULLEN EM CIRRÓTICOS
Olival Cirilo Lucena da Fonseca Neto, Danielle Teti Magalhães, Juliana
Fernandes de Oliveira, Esaú da Silva Santos, Eduardo de Oliveira
Costa, Clark Gleibooll Fernandes Vieira, Levi Cezar de Castro
Figueiredo
Hospital da Restauração - Recife/ PE
Introdução: Equimose periumbilical é um achado incomum em
pacientes com doença hepática. Geralmente, ocorre em pacientes
com pancreatite aguda. Hemoperitônio também pode ser encontrado
nesses pacientes. Objetivo: Descrever o sinal de Cullen em cirróticos
na emergência. Materiais e Métodos: Estudo retrospectivo entre
pacientes adultos admitidos na emergência de um hospital público
terciário do SUS - Recife/PE, de janeiro de 2002 a junho de 2013.
Resultados: Quatro pacientes foram estudados. Todos do sexo
masculino. A idade variou de 32 a 65 anos. Dor abdominal foi o sintoma
principal. Cirrose por álcool (2), vírus C (1), origem idiopática (1)
foram as etiologias da doença hepática. Paracentese foi realizada em
1 caso (hemoperitôneo). Irritação peritoneal foi encontrada em todos.
Laparotomia exploradora ocorreu em 3 situações. Pancreatite aguda,
hepatocarcinoma roto e ascite hemorrágica foram os achados.
Antibióticos e suporte clínico foi realizado no paciente no qual não foi
realizada laparotomia. Ocorreu óbito em 2 pacientes. Conclusão: O
sinal de Cullen em cirróticos pode representar alguma catástrofe
abdominal e a sua identificação precoce poderá promover uma
evolução mais favorável.
TL 198
COMPLICAÇÕES RELACIONADAS À ASCITE EM PACIENTES
PEDIÁTRICOS COM CIRROSE POR ATRESIA BILIAR
Renata Rostirola Guedes, Carolina Roos Mariano da Rocha, Carlos
Oscar Kieling, Sandra Maria Gonçalves Vieira
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Introdução: O desenvolvimento de ascite é um sinal de mau
prognóstico no paciente cirrótico e está relacionado à ocorrência de
diversas complicações. Em adultos, após o surgimento de ascite, a
sobrevida sem transplante hepático pode chegar a 50% em 5 anos.
Esse dado é desconhecido na população pediátrica. Objetivos: 1)
Verificar a incidência de complicações relacionadas à ascite em
crianças com cirrose por atresia biliar ocorridas até 3 meses após o
primeiro episódio de ascite. 2) Verificar a sobrevida do fígado nativo
em 3 meses após a ocorrência de cada complicação. Materiais e
métodos: Revisão retrospectiva de 44 pacientes menores de 12
anos, portadores de cirrose por atresia biliar e ascite, acompanhados
na Unidade de Gastroenterologia Pediátrica do HCPA. Foram
consideradas complicações da ascite: hiponatremia por diluição (HD),
infecção da ascite, ascite refratária (AR) e encefalopatia hepática
(EH) ocorridas em até 3 meses após o surgimento da ascite. O
diagnóstico de ascite foi realizado através da realização de
ultrassonografia de abdômen e para o diagnóstico de hiponatremia
por diluição utilizou-se o ponto de corte de sódio sérico inferior a 135
mEq/L. Considerou-se infecção de ascite peritonite bacteriana
espontânea (contagem de polimorfonucleares na ascite maior do que
250 células/µL) ou bacteriascite (cultura positiva com contagem de
polimorfonucleares menor ou igual a 250 células/ µL). O diagnóstico
de encefalopatia hepática foi baseado em critérios eletroencefalográficos. A sobrevida do fígado nativo foi analisada através das
curvas de Kaplan-Meier. Estudo vinculado ao projeto de pesquisa
aprovado pelo CEP do HCPA sob número13-0206. Resultados: Dos
pacientes analisados, 93% apresentaram complicações. Destas, a
mais freqüente foi a hiponatremia por diluição, sendo observada em
41 dos 44 pacientes avaliados. As incidências encontradas para as
outras complicações da ascite foram: infecção da ascite - 17/41
84
(41%); ascite refratária - 9/44 (20%); encefalopatia hepática - 15/30
(50%). A probabilidade de sobrevida cumulativa após 3 meses do
surgimento da ascite para cada complicação foram as seguintes: HD
- 7%; infecção da ascite - 56%; AR - 75%; EH 43%. Conclusão:
Após o surgimento de ascite, a incidência de complicações é alta com
importante impacto na sobrevida no período de 3 meses.
TL 199
HEPATITE COLESTÁTICA APÓS USO DE EMBONATO DE PIRVÍNIO:
UM RELATO DE CASO
Maria Auzier Freitas, Lucas Santana Nova da Costa, Marília Ávila
Acioly, Marcos de Vasconcelos Carneiro, José Eduardo Trevizoli,
Liliana Sampaio Costa Mendes
Hospital de Base do Distrito Federal
Introdução: Medicações são causa relativamente comum de injúria
hepática, a qual normalmente é representada por anormalidade nos
testes de bioquímica hepática. O embonato de pirvínio é usado em
nosso meio para tratar enterobíase. Até a presente data, não foram
encontrados relatos de hepatite colestática após uso desta
medicação. Objetivo: relatar caso de paciente que evoluiu com
hepatite colestática após uso de embonato de pirvínio. Materiais e
métodos: Dados obtidos durante acompanhamento ambulatorial e
hospitalar da paciente, com revisão de prontuário e em literatura
médica, com base de dados da BIREME, PUBMED e SCIELO.
Resultados: ICS, sexo feminino, 28 anos, solteira, professora, natural
e procedente de João Pinheiro-MG, previamente hígida, iniciou prurido
cutâneo difuso e intenso no dia seguinte ao uso de embonato de
pirvínio, evoluindo com icterícia progressiva, generalizada e colúria 7
dias após uso da medicação. O medicamento foi utilizado em dose
única de 600mg, via oral. Paciente relatava uso prévio de
anticoncepcional oral (Tâmisa 20), desde 2011 e negava uso de outras
medicações no período. A mesma apresentava, no início do acompanhamento médico, hiperbilirrubinemia (bilirrubina direta atingindo
27,61), níveis elevados de AST e ALT(>1000U/L), de fosfatase
alcalina e GGT. Sorologias para hepatites virais foram negativas,
assim como marcadores para hepatite autoimune. Eletroforese de
proteínas e dosagem de IgG foram normais. Função hepática
encontrava-se alterada, com normalização do TAP após uso
parenteral de vitamina K. Foi introduzido uso de ácido
ursodesoxicólico um mês após início da icterícia. Nos meses
subsequentes, houve queda dos níveis de bilirrubinas,
transaminases e enzimas canaliculares, porém sem normalização.
USG de abdome de controle foi sugestiva de hepatopatia crônica,
com discreta esplenomegalia. Biópsia hepática realizada 5 meses
após uso da medicação anti-parasitária foi conclusiva para
hepatopatia crônica em cirrotização, com infiltrado inflamatório
moderado constituído de linfócitos e eosinófilos. Conclusão: A
sequência temporal entre o uso do embonato de pirvínio e o
surgimento da hepatite colestática leva à conclusão de que a lesão
hepática provavelmente foi causada pelo uso da medicação, embora
não tenham sido encontrados na literatura relatos de caso sobre
essa associação. A presença de infiltrado eosinofílico em biópsia
hepática reforça a hipótese.
TL 200
COMO O RASTREAMENTO ULTRASSONOGRÁFICO DETECTOU O
CARCINOMA HEPATOCELULAR EM PACIENTES CIRRÓTICOS NA
VIDA REAL? ANÁLISE PRELIMINAR
Izabelle Venturini Signorelli, Maria da Penha Zago Gomes, Carlos
Sandoval Gonçalves, Luciana Lofego Gonçalves, Patricia Lofego
Gonçalves, Karina Zamprogno de Souza, Fernanda Schwanz Coutinho,
Gustavo Leite Franklin, Ana Tereza Parpaiola Mendonça
Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes da Universidade
Federal do Espírito Santo
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
Introdução: O risco do Carcinoma Hepatocelular (CHC) é alto nos
pacientes com Cirrose Hepática (CH) e o rastreamento ultrassonográfico (US) a cada 06 meses é considerado um método eficaz para
o diagnóstico precoce do CHC. Objetivos: Avaliar em um Programa
de Referência em Hepatologia como é realizado o US nos pacientes
com CH. Material e Métodos: Trabalho retrospectivo avaliando 148
pacientes cirróticos atendidos por especialistas em Hepatologia com
diagnóstico de CH há pelo menos 06 meses. Resultados e
Discussão: 75,4% dos cirróticos eram homens sendo 56,5%
alcoolistas, 20% portadores do vírus B, 21,5% vírus C e 11,2% com
síndrome metabólica. O acompanhamento em média foi de 66 meses
(±48,8) e mediana de 48 meses. Dos 148 pacientes, 18 (12,5%)
desenvolveram CHC em 21,8 meses de acompanhamento (±28,5),
com mediana de 26,5 meses. O US foi realizado em média 05 vezes
durante o acompanhamento, com intervalo médio de 14,3 meses e
mediana de 11,9 meses. Provavelmente este grande intervalo entre
os exames, pode ter sido a causa do diagnóstico de CHC com tamanho
em média de 4,1 cm, sendo que apenas 04 dos CHC foram
diagnosticados até 02 cm de diâmetro, e 38,9% (07 casos) até 3 cm;
03 casos foram diagnosticados com mais de 05 cm (16,7%). Destes
pacientes, 12 tinham apenas 01 nódulo e entre os que tinham mais de
01 nódulo, 01 paciente tinha 05 lesões. Conclusão: A dificuldade do
serviço público em agendar consultas e ultrassonografias, o
acompanhamento irregular dos pacientes e o grande número de
pacientes com vírus B e alcoolismo podem ser a causa do diagnóstico
tardio do CHC durante o rastreamento ultrassonográfico dos pacientes
com CH no nosso estado do Espírito Santo.
TL 201
NÍVEIS SÉRICOS DE HEPCIDINA EM INDIVÍDUOS MONOINFECTADOS
CRONICAMENTE PELO VÍRUS DA HEPATITE C, NAIVE,
COMPARADO A CONTROLES SAUDÁVEIS
Ari Ben-Hur Stefani Leão, Maria da Graça Ferronato, Carlos Kupski,
Mário Reis Álvares-da-Silva
UFRGS
Introdução: Os pacientes com hepatite C crônica (HCC) tem uma
tendência à elevação do ferro hepático, condição esta relacionada
ao aumento do estresse oxidativo, mais rápida progressão da fibrose,
pior resposta ao tratamento com Interferon e desenvolvimento de
carcinoma hepatocelular. O mecanismo de homeostase do ferro tem
como peça central a hepcidina, um hormônio polipeptídico de origem
hepática, que apresenta a função de inibir a absorção do ferro pelos
enterócitos e promover a recirculação deste metal em suas reservas
intra-hepáticas e no sistema reticuloendotelial. A redução dos níveis
de hepcidina parece ser um dos mecanismos fisiopatológicos
envolvidos na sobrecarga de ferro hepático nos pacientes com HCC
como sugerido em estudos com modelos animais e alguns estudos
em humanos. Uma das limitações dos estudos em humanos até agora
publicados é não apresentarem uma metodologia clara quanto à
seleção de pacientes para possíveis fatores pró-inflamatórios
confundidores, os quais poderiam alterar a expressão da hepcidina,
como: obesidade, diabetes e cirrose. Objetivos: Neste estudo
tentamos minimizar estes fatores confundidores para obtermos
resultados mais fidedignos em relação à expressão da hepcidina
nesta população. Métodos: Estudo transversal, com 29 casos e 9
controles, avaliando no soro de pacientes com HCC monoinfectado,
naive, não diabéticos, não cirróticos e não obesos os níveis do
hormônio hepcidina, através de um ELISA, comparados com controles
saudáveis com as mesmas características. Neste estudo ainda foram
mensurados os graus de fibrose hepática (metavir), perfil lipídico,
Homa-ir e ferritina. Resultados: Os níveis de hepcidina foram
significativamente mais baixos nos pacientes com HCC do que nos
controles (8,4 pg/ml(± 4,94) vs 19,51pg/ml (±5,51) com p<0,001. Não
houve relação entre os níveis de ferritina e hepcidina na amostra
avaliada. E entre os casos não houve diferença entre os níveis de
hepcidina em relação ao genótipo viral, carga viral e graus de fibrose.
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
Conclusão: Mediante uma população selecionada para possíveis
fatores confundidores a expressão da hepcidina esta reduzida nos
pacientes com HCC, podendo ser um dos mecanismos centrais no
acumulo de ferro hepático nesta população levando às já citadas
complicações. A importância destes achados reside na reafirmação
de que estratégias que atuem neste mecanismo podem levar tanto a
uma maior resposta ao tratamento em populações selecionadas
quanto a prevenção da progressão da fibrose.
TL 202
INFECÇÃO OCULTA PELO VÍRUS DA HEPATITE B (HBV) EM
PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA PELO VÍRUS DA HEPATITE
C (HCV) NA AMAZÔNIA ORIENTAL
Esther Castello Branco Mello Miranda, Ivanete do Socorro Abraçado
Amaral, Lizomar de Jesus Maúes Pereira Móia, Maria Silvia de Brito
Barbosa, Camila Renata Monteiro dos Reis, Mirley Castro de Araújo,
Samia Demachki, Manoel do Carmo Pereira Soares
Hospital Santa Casa de Misericórdia do Estado do Pará
Introdução: A infecção oculta pelo HBV em pacientes com infecção
crônica pelo HCV pode ter um importante impacto clínico, favorecendo
ou acelerando a progressão da fibrose hepática e o estabelecimento
de cirrose. Objetivo: Avaliar a prevalência de infecção oculta pelo
HBV em pacientes com hepatite crônica pelo HCV em uma casuística
da Amazônia oriental. Material e Método: Foram analisados dados
de 1000 pacientes com infecção crônica pelo HCV atendidos no
Hospital Santa Casa de Misericórdia do Estado do Pará. Foram definidos
35 indivíduos (3,5%) com critérios anti-HCV/ HCV-RNA/ Anti-HBc total
isolado positivos. Foram avaliados aspectos clínico-demográficos,
bioquímicos e histopatológicos. A pesquisa do HCV-RNA e HBV-DNA
utilizou kits comerciais Amplicor®Roche. Resultados: Encontrou-se
uma prevalência de 6,9% de infecção oculta pelo HBV, sendo a maioria
dos pacientes homens, com média de idade de 54,2 anos. Os fatores
de risco mais frequentes foram: transfusões sanguíneas (51,4%) e
cirurgias (51,4%). Histórico de etilismo foi encontrado em 37.1%.
Observou-se elevação das enzimas hepáticas e a maioria era infectada
pelo genótipo 1 do HCV (88,2 %). A maioria dos pacientes apresentava
doença hepática crônica (60%) e apenas dois pacientes apresentavam carcinoma hepatocelular. Observou-se graus variáveis de
fibrose hepática e pouca atividade de doença, estando uma minoria
com doença hepática avançada. Conclusão: A presença de hepatite
B oculta em parte da amostra não caracterizou alteração laboratorial
e/ou histológica diferenciada nesse grupo. Nos pacientes estudados
não foi encontrado relação entre a presença de hepatite B oculta e a
gravidade da doença hepática.
TL 203
AVALIAÇÃO DOS ÍNDICES NAFLD SCORE E APRI EM PACIENTES
COM ESTEATOSE HEPÁTICA
Luciana Brosina de Leon, Fabio Lantz, Smile Calisto da Costa Becker,
Roberta Cristina Petry, Eduardo Wink, Cristiane Valle Tovo
Hospital Nossa Senhora da Conceição
Introdução: A história natural da esteatose hepática é variada sendo
que uma expressiva população desenvolve quadro de esteatohepatite
com riscos de evolução para cirrose ou hepatocarcinoma. Índices
como NAFLD Score e APRI tem boa acurácia quando sugerem ausência
ou presença de fibrose significativa, entretanto esses índices tem o
escore intermediário, onde a possibilidade de fibrose significativa
não é indeterminável por esses métodos. Objetivo: calcular os índices
APRI e NAFLD Score em pacientes com esteatose hepática do
ambulatório de gastroenterologia de Hospital de atendimento terciário
do sul do Brasil. Método: Estudo prospectivo realizado no
ambulatório de Gastroenterologia do Hospital Nossa Senhora da
Conceição/RS onde foram coletados dados de pacientes com
esteatose hepática sem investigação prévia no período de fevereiro
85
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
de 2012 a julho de 2013.Foram excluídos os pacientes que após
avaliação diagnostica obtiveram diagnostico de esteatose alcoólica
ou associada ao VHC. Resultados: A amostra constitui-se de 41
pacientes com diagnóstico de esteatose hepática através de exame
de imagem. Ao serem excluídos os pacientes com VHC/etiologia
alcoólica, 30 pacientes foram avaliados. A população estudada foi
de 23 mulheres (76%) e 07 homens (24%), com média de idade de
54,6 anos. O índice APRI foi considerado normal em 24(80%),
indeterminado em 04(13) e com fibrose significativa em 02(7%). Em
relação ao NAFLD Score, foi considerado normal em 10(33%),
indeterminado em 19(63%) e com fibrose significativa em 1(6%). A
possibilidade de o exame ser considerado normal foi
significativamente maior no índice APRI (p<0,01), RR 2,4 (IC95%1,44,1). Conclusão: O índice APRI na população estudada foi em sua
maioria preditivo de fibrose não avançada, enquanto que o NAFLD
Score apresentou resultados de grau indeterminado. Visto a
discrepância entre esses resultados, avaliação baseada em biópsia
hepática é necessária para determinar qual método tem maior
acurácia.
TL 204
AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE O PESO, O IMC E O GRAU DE
FIBROSE HEPÁTICA EM PACIENTES NO PRÉ-OPERATÓRIO DE
CIRURGIA BARIÁTRICA
Taianne Machado Nascimento, Antônio Alves Júnior, Marco Antônio
Fontes Sarmento, Maria Rosa Melo Alves, Tiago Rodrigo Pereira de
Freitas, Bruna Karoline Pinheiro França, Paulo Vicente dos Santos Filho
UFS
Introdução: A obesidade é um problema crescente de saúde no
mundo. Uma de suas conseqüências é a doença hepática gordurosa
não-alcoólica (DHGNA) que é o aumento de gordura no fígado não
relacionado ao etilismo. Ela engloba desde esteatose hepática isolada,
que é o acúmulo de gordura sem inflamação, até esteato-hepatite
com fibrose, podendo levar à cirrose hepática. Um dos tratamentos
para a obesidade é a cirurgia bariátrica. Objetivo: Verificar a relação
entre o grau de fibrose hepática e o peso em pacientes no préoperatório de cirurgia bariátrica. Material e Método: Durante o
período de Janeiro de 2011 a Abril de 2013, foi realizado um estudo
observacional transversal, avaliando 50 pacientes no pré-operatório
de cirurgia bariátrica. Os dados clínicos utilizados foram peso, IMC e
sexo. Para categorizar o perfil hepático foi utilizado o escore de
fibrose do NAFLD (non alcoholic fatty liver disease) que avalia o
grau de fibrose avançada no fígado a partir da idade e do IMC e das
dosagens plasmáticas de ALT, AST, albumina e plaquetas. Pacientes
com NAFLD abaixo de -1,455 não apresentariam fibrose avançada e
seriam categorizados como grupo I, pacientes com NAFLD acima de
0,676 apresentariam fibrose avançada e seriam do grupo II, enquanto
pacientes com NAFLD entre esses valores, apresentam escore
indeterminado e seriam do grupo III. Resultados: O grupo I era
composto de 2 (4%) pacientes, ambas do sexo feminino, a média do
peso e do IMC foi de 88,5 Kg e 34,5Kg/m². A média de ALT,AST,
albumina e plaquetas(mm³) foi de respectivamente, 17,5U/L, 18U/L,
3,55g/dL e 512.000. O grupo II era composto de 22(44%) pacientes,
13 do sexo feminino e 9 do sexo masculino, a média do peso e do IMC
foi de 117Kg e 41Kg/m²; a média de ALT,AST, albumina e plaquetas
(mm³) foi de respectivamente, 27,6U/L, 23,7U/L, 4,17g/dL e 228091.
Enquanto o grupo III era composto de 26(52%) pacientes, 20 do sexo
feminino e 6 do sexo masculino, a média do peso e do IMC foi de
110,3Kg e 39,2Kg/m². A média de ALT, AST, albumina e plaquetas
(mm³) foi de respectivamente,35,7 U/L,22,3U/L, 4,14g/dL e 295137.
Conclusão: Os pacientes do grupo II, categorizados como portadores
de fibrose hepática avançada, apresentaram maiores peso e IMC
quando comparados com essas médias dos grupos I e II .
86
TL 205
NAÏVE RESISTANCE MUTATIONS TO PROTEASE INHIBITORS ON
BRAZILIAN HCV INFECTED PATIENTS: A NEW CONCERN ABOUT
GENOTYPING TARGET TECHNIQUES
Isabel M. V. G. de Carvalho1,2, Rafael Alves2, Polyana A. VasconcelosMedeiros de Souza1, Edvaldo F. da Silva3, Daniel Mazo3, Flair J. Carrilho3,
Artur T.L. Queiroz4, Mário G. Pessoa3
1
2
Imunologia Viral, Instituto Butantan, São Paulo, Brazil. Laboratório
de Hepatologia Molecular Aplicada, Setor de Hepatites (LHeMA),
Divisão de Gastroenterologia, Universidade Federal de São Paulo,
3
São Paulo, Brazil. Department of Gastroenterology, University of
4
São Paulo School of Medicine, São Paulo, Brazil. Laboratório de
Imunoparasitologia, Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz, Fundação
Oswaldo Cruz, Salvador, Bahia, Brazil
Abstract. Background & Aims: Several new direct acting antiviral
(DAA) drugs are in development for chronic hepatitis C virus (HCV)
infection treatment, including the already approved NS3 protease
inhibitors. HCV variants presenting drug-resistant phenotypes were
observed both in vitro and during clinical trials. Our aim was
characterize amino acid changes at positions previously associated
with resistance in protease (NS3) from treatment-naïve HCV Brazilian
patients infected with genotypes 1a and 1b. Methods: Plasma
samples were obtained from 171 previously identified HCV 1a and 1b
patients-infected naïve of DAA treatment. Nested PCR and Sanger
sequencing methods were used to obtain the genetic information of
the NS3 protein. Bioinformatics tool were used to confirm subtype
information and analyze frequencies of resistance mutations and
codon composition. Results: Non-NS3 target techniques
demonstrated discordance with phylogenetic analyses. Genotype 1a
showed 7.4% patients with resistance-associated mutation, at V36L,
T54S, Q80K and R115K positions. Nevertheless, genotype 1b
presented 5.1% patients with resistance-associated mutations at
V36L, Q41R, T54S and D168S positions. The positions 155 and 80
codons presented differences between world isolates and the
Brazilian sequenced population of this study. Conclusions: Our study
shows that genotyping methods targeting NS3 protein shows higher
sensitivity, compared to mainstream methodologies. The resistance
mutations presence in naïve patients and codon composition bias by
geographically locations needs attention to improve new treatments
effectiveness.
Keywords: HCV; Hepatitis C; Protease Inhibitors; Resistance;
Genotyping;
TL 206
GAMA-GLUTAMIL TRANSPEPTIDASE (GGT): HÁ CORRELAÇÃO
ENTRE OS NÍVEIS SÉRICOS DE GGT E DE ALFA-FETOPROTEÍNA
EM
PACIENTES
CIRRÓTICOS
COM
CARCINOMA
HEPATOCELULAR?
Renato Ferreira da Silva, Cibele Matsuura de Oliveira, Patrícia da Silva
Fucuta Pereira, Paulo César Arroyo Júnior, Willian José Duca, Helen
Catharine Camarero de Felício, João Paulo Correa do Amaral, José
Eduardo Pivaro Monteiro, Rita de Cássia Martins Alves da Silva
FAMERP/Hospital de Base de São José do Rio Preto
Introdução: A alfa-fetoproteína (AFP) é freqüentemente utilizada
como ferramenta prognóstica em carcinoma hepatocelular (CHC).
Alguns estudos sugerem que os níveis séricos de gama-glutamil
transpeptidase (GGT) podem também ter esse papel. Este estudo tem
como intuito verificar se há interação entre os valores séricos de
GGT e AFP em pacientes cirróticos com carcinoma hepatocelular a
fim de investigar o possível papel da GGT neste contexto. Objetivos:
Analisar a correlação entre níveis séricos de GGT e AFP em pacientes
cirróticos com carcinoma hepatocelular. Métodos: Estudo retrospectivo
de pacientes com diagnóstico de carcinoma hepatocelular, de 1998 a
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
2012, em um Hospital Universitário. As variáveis estudadas foram:
gênero, idade, diâmetro do tumor, número de nódulos e classificação
histológica de Edmondson-Steiner. O diagrama em árvore foi aplicado
para verificar a possível interação entre as variáveis. O teste de MannWhitney foi usado para comparar as variáveis contínuas com distribuição
não-normal. Resultados: Na revisão de 277 prontuários de pacientes
com carcinoma hepatocelular, 84,5% eram do gênero masculino, com
média de idade de 57 anos. A classificação histológica de EdmondsonSteiner (grau 1 a 4) mostrou essa distribuição: G1=33,3%, G3=56,9%
e G4= 9,8%. O número de nódulos foi: 1 - 64,6%, 2 - 10,2%, 3 - 3,4%
e múltiplos nódulos - 21,8%. O valor da mediana da AFP foi 60,7 ng/ml
(variando de 1,1 ng/ml a 219.200,00 ng/ml). O valor da mediana da GGT
foi 124,5 UI/L (variando de 10 UI/L a 967 UI/L). Os pacientes foram
dicotomizados de acordo com o nível de corte da GGT = 166 UI/L
(Diagrama em Árvore). Entre os pacientes com GGT <= 166 UI/L, o
valor da mediana da AFP (variação) foi 41,5 ng/ml (1,1 - 100.672,00)
e entre aqueles com GGT > 166 UI/L foi 180 ng/ml (2,4 - 219.200,00),
p = 0,014. Não houve diferença entre o diâmetro do maior nódulo
entre os dois grupos: mediana 4,6 cm (0,6 - 26) e mediana 5 cm (2 15,4) para GGT <= 166 UI/L e > 166 UI/L, respectivamente, p = 0,11.
Conclusão: Identificou-se um valor de corte que mostrou interação
entre GGT e AFP. Quando GGT foi maior que 166 UI/L, os valores da
AFP foram significativamente maiores se comparado com pacientes
com menor valor de GGT. A significância clínica deste achado não
pôde ser explicada a partir dessa análise. Portanto, o estudo de
outras variáveis poderá esclarecer o papel da GGT em pacientes
com CHC.
Palavras-chave: alfa-fetoproteína, gama-glutamil transpeptidase,
carcinoma hepatocelular
TL 207
ATIVIDADE DE ENZIMAS ANTIOXIDANTES E PERFIL BIOQUÍMICO
EM PACIENTES PORTADORES DO VÍRUS DA HEPATITE C
Adriana Paulino do Nascimento, Luana Jéssica da Silva, Luis Cristóvão
de Moraes Sobrino Porto
HLA - UERJ
Introdução: As doenças hepáticas crônicas representam importante
problema de saúde pública, atingindo cerca de 1,5 milhões de pessoas
por ano. A infecção pelo vírus da hepatite C (HCV) é atualmente a
principal causa de doença hepática crônica. Existe uma associação
entre a presença do HCV e o aumento das espécies reativas de
oxigênio e nitrogênio. Objetivo: Baseado nisto, o objetivo do trabalho
foi avaliar o perfil bioquímico e a atividade antioxidante de indivíduos
controle e de pacientes com HCV sem tratamento, com 12, 24 e 48
semanas de tratamento e pós-tratamento. Material e Métodos:
Foram estudados 17 voluntários controle e 86 pacientes com HCV,
sendo 56 sem tratamento, 7 com 12 semanas de tratamento, 9 com 24
semanas de tratamento, 3 com 48 semanas de tratamento e 11 póstratamento. Amostras de sangue foram coletadas e processadas e o
plasma foi utilizado para as análises bioquímicas e de atividade
antioxidante. Resultados: Os voluntários controle apresentaram
resultados de bioquímica padrão, perfil renal e perfil hepático dentro
da faixa dos valores de referência. Os subgrupos de pacientes com
HCV sem tratamento, 12 e 24 semanas de tratamento e pós-tratamento
apresentaram alteração do perfil hepático com elevação das enzimas
hepáticas alanina transaminase e aspartato transaminase e da
bilirrubina direta. A glicemia também estava elevada nos pacientes
com HCV sem tratamento e com 24 semanas de tratamento, assim
como o ácido úrico nos pacientes com HCV com 12 e 24 semanas de
tratamento. O subgrupo de pacientes com HCV com 48 semanas de
tratamento foi o único que não apresentou alteração das enzimas
hepáticas, apresentando elevação nos resultados de albumina,
glicemia, ácido úrico e bilirrubina direta. Não encontramos diferença
na atividade das enzimas antioxidantes glutationa peroxidase e
superóxido dismutase entre os grupos de indivíduos controle e os
pacientes com HCV, assim como entre os subgrupos de pacientes
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
com HCV. Conclusão: Nossos resultados mostraram que embora
houvesse alteração no perfil hepático, os pacientes com HCV não
apresentaram alteração na atividade de duas importantes enzimas
antioxidantes. Entretanto, mais indivíduos precisam ser inseridos no
estudo para confirmar estes resultados, assim como outros
indicadores de estresse oxidativo.
TL 208
INCIDÊNCIA DE REATIVAÇÃO DE HEPATITE B EM COORTE DE
PORTADORES INATIVOS
Flavio Vecchi Barbosa Junior, Karina de Almeida Vieira, Renata
Vaucher de Oliveira, Francisco Jose Dutra Souto
Hospital Universitário Júlio Muller, Universidade Federal de Mato
Grosso
Introdução: A infecção crônica pelo HBV pode ter um comportamento
benigno, em que há pouca lesão tecidual e baixa replicação viral,
chamado estado de portador inativo. No entanto, a diferenciação da
hepatite B crônica HBeAg negativo pode ser difícil e o seguimento
desses indivíduos para monitorar essa situação é recomendada.
Objetivos: Descrever coorte aberta de portadores inativos do HBV,
descrevendo a incidência de reativação, cirrose e carcinoma
hepatocelular (CHC). Analisar fatores que possam prever o surgimento
de reativação. Material e Métodos: Pacientes considerados
portadores inativos acompanhados em um serviço de referência em
Hepatologia. Descrição de taxas de densidade de incidência e análise
multivariada por regressão de Cox para variáveis associadas à
reativação. Resultados: 224 pacientes sem evidências de doença
hepática, aminotransferases, função hepática e ultrassom normais
foram incluídos se não apresentassem sinais de atividade no primeiro
ano. Carga viral (DNA do HBV) inicial foi pesquisada em 88 (39%) dos
casos e tinham que estar abaixo de 2.000 UI/mL. O acompanhamento
foi no mínimo de 12 meses e máximo de 118, com mediana de 19
meses. Trinta pacientes reativaram: elevação de ALT (70%), elevação
de DNA HBV acima de 2.000 UI/mL (40%), cirrose (10%) e CHC
(3,3%). A densidade de incidência de reativação foi de 11,8
reativações por 100 pessoas-ano (IC95%: 8,3 - 16,9). A densidade
de incidência de cirrose e CHC foram, respectivamente, 1,2 e 0,4
casos por 100 pessoas-ano. Na análise de Cox, estavam associados
à reativação ter entrado na coorte em anos amis recentes (p=0,001)
e valor de AST inicial normal mas próximo do limite máximo (0,022).
Conclusão: A densidade de incidência encontrada reforça a
necessidade da equipe de saúde se manter atenta aos pacientes
classificados como portadores inativos pelo risco de reativação em
torno de dez reativações novas por 100 pessoas-ano. A incidência
de cirrose e CHC podem ter sido baixas porque o tempo de acompanhamento precisaria ser mais longo para permitir a ocorrência
dessas complicações de longo prazo. A AST próxima do limite
máximo normal pode ser uma pista para atividade viral ressurgida,
ou antes, não suspeitada. A maior taxa de reativação nos anos
mais recentes da coorte pode ser consequência do maior acesso
a testes moleculares nos últimos anos, melhora na sensibilidade
ou critérios internacionais atuais mais rigorosos para separar os
ativos dos portadores inativos.
TL 209
PRESENÇA DE CIRROSE HEPÁTICA E DIABETES MELLITUS SÃO
PREDITORES DE NÃO RESPOSTA AO TRATAMENTO ANTIVIRAL
EM UMA COORTE COM 394 PACIENTES PORTADORES DE GENÓTIPO
1 DE HEPATITE C: RESULTADO DE UM ESTUDO DE VIDA REAL
Daniela Martins Mariz, Flavia Ferreira Fernandes, Zulane da Silva
Tavares Veiga, Gustavo Henrique Santos Pereira, Camila Marques de
Alcantara Barreto, Carlos Frederico Ferreira Campos, Emília Omram
Ahmed, João Luiz Pereira
Setor de Gastro-hepatologia do Hospital Federal de Bonsucesso
87
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
Introdução: Estudos de registro de interferon peguilhado (INFPEG) e
ribavirina (RBV) evidenciaram resposta virológica sustentada (RVS)
de 42 a 46% para portadores de infecção crônica pelo vírus C (HCV),
genótipo 1. Na prática diária estes resultados não costumam ser
reproduzidos. Objetivo: Avaliar os fatores que interferem na RVS do
tratamento da HCV genótipo 1 em um estudo de vida real. Material e
Método: Foram avaliados, em uma coorte não selecionada,
consecutiva, 394 pacientes, portadores de HCV, genótipo 1, monoinfectados, tratados no período de janeiro de 2003 a junho de 2011.
Na análise univariada (testes qui-quadrado e ttest) foram estudadas
variáveis demográficas e laboratoriais como preditoras de RVS. Os
resultados foram expressos em percentuais para variáveis
categóricas e médias ± DP para variáveis contínuas. Em seguida foi
realizada regressão logística para as variáveis significativas (p<0.05).
Resultados: Os pacientes eram na sua maioria homens (54%),
brancos (55%) com média de idade de 53 anos (±9 anos). A carga
viral pré-tratamento era elevada (>600.000 UI/ml) em 53% dos
pacientes. Observamos 48% de fibrose leve (F1/F2 Metavir), 24% de
fibrose avançada (F3/F4 Metavir) e 28% de cirrose clínico-laboratorial.
Dentre os pacientes com cirrose hepática encontramos: 63% com
varizes esofageanas (VE) sem ascite, 11% com ascite e/ou VE e/ou
encefalopatia hepática e 7% com hemorragia digestiva prévia. Em
19% dos cirróticos o diagnóstico foi apenas histológico. A média do
Child foi 5.68 (±1.32) e do Meld 9.35 (±2.53). Dezoito porcento foram
tratados com interferon convencional, 27% PEG2a e 55% PEG 2b.
Obtivemos RVS em 26%, 48% foram não respondedores, 7%
recidivaram durante o tratamento e 16% após. Na análise univariada
se correlacionaram com RVS: cirrose hepática (p 0.044), cor branca
(p 0.025), resistência insulínica (p 0.04) e resposta virológica rápida(p
<0.001). Na análise multivariada: ausência de DM (RR 2.3, IC 95% de
1.1-4.8, p 0.026) e ausência de cirrose (RR 2.6, IC 95%, 1.1-6.2, p
0.0033) se correlacionaram com RVS. Conclusão: No dia a dia do
tratamento de pacientes com HCV não conseguimos obter a RVS
informada em estudos de registro. DM e cirrose hepática devem ser
considerados como fatores pré-tratamento associados à redução da
probabilidade de obter RVS.
TL 210
COMPARAÇÃO DA EFICÁCIA DO INTERFERON PEGUILADO ALFA
2a E ALFA 2b NO TRATAMENTO DE PACIENTES PORTADORES DE
HEPATITE C CRÔNICA GENÓTIPO 1
Fernanda de Quadros Onófrio, Cristiane Valle Tovo, Henrique de
Azeredo Mirenda, Angelo Alves de Mattos, Alberi Feltrin, Leandro
Casagrande, Paulo Roberto Lerias de Almeida
e alfa 2b apresentaram 31,4% e 28,2% respectivamente, p=0,67.
Conclusão: Pacientes com VHC genótipo 1 tratados com PEG-IFN
alfa-2a e alfa-2b apresentam taxa de RVS semelhantes.
TL 211
PREVALÊNCIA DO MARCADOR DA HEPATITE C EM PACIENTES
COM DIABETES MELLITUS
Débora Araújo, Tiemi Oki L, Camilla Lima, Eloy Franca, Tereza Virgínia
Nascimento, Karla Rezende, Alex Franca
Universidade Federal de Sergipe
Introdução: Diversos estudos epidemiológicos têm evidenciado a
relação entre a infecção pelo vírus C da hepatite (HCV) e diabetes
mellitus (DM). No entanto, existem ainda certas lacunas na literatura e
presença de dados inconclusivos. Alguns estudos relatam que os
diabéticos fazem parte do grupo de risco para infecção pelo HCV.
Referem que tal ligação pode ser devido à maior exposição parenteral
desses pacientes, através de dispositivos para aplicar insulina e
medida da glicemia constantemente; ou mesmo pela predisposição,
causada pelo vírus, ao desenvolvimento da doença. Diante disso e
da escassez de estudos epidemiológicos sobre o assunto, este estudo
foi realizado. Objetivos: Determinar a prevalência do marcador
sorológico da hepatite C em pacientes com diabetes mellitus no nosso
meio. Material e Métodos: Foi realizado teste sorológico para o
anticorpo anti-HCV em 242 pacientes, sendo 166 com diabetes mellitus
e 86 sem a doença (grupo controle). Foram coletados, também,
dados de inúmeras variáveis através de um questionário estruturado.
Resultados: A amostra dos pacientes com diabetes mellitus consistiu
de 26 com diabetes tipo 1 e 140 tipo 2. Entre eles a maioria do sexo
feminino (75,9%). Idade média de 55,8 anos. No grupo dos pacientes
com DM, 123 usavam insulina e mais de 70% apresentaram lesões
em órgãos-alvo devido a complicações causadas pela doença. Na
amostra estudada nenhum paciente apresentou positividade do
marcador sorológico da hepatite C, seja no grupo dos pacientes
com diabetes ou no grupo controle. Conclusão: Na amostra avaliada
não houve maior prevalência de marcador de hepatite C nos
pacientes diabéticos quando comparados a indivíduos não
diabéticos. A gravidade do DM parece não interferir na maior
prevalência de hepatite C.
TL 212
QUANTIFICAÇÃO DO HBsAg: UMA NOVA PERSPECTIVA PARA O
MONITORAMENTO DA HEPATITE B CRÔNICA
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
Renata Moura Tereza Virginia Nascimento, Alex Vianey
Introdução: A hepatite pelo vírus C (VHC) é uma das principais
causas de hepatopatia crônica no Brasil e acarreta significativa
morbimortalidade, sendo de grande importância conhecer a eficácia
das drogas disponíveis para sua terapêutica. Desde 2002 o interferon
alfa peguilhado (PEG-IFN) vem sendo usado no tratamento desta
infecção, combinado à ribavirina, com bons resultados. Existem dois
tipos de PEG-IFN: o alfa 2a e o alfa 2b; no entanto, as evidências
produzidas até o momento não são conclusivas em indicar a
superioridade de um em relação à outro. Objetivo: Comparar a eficácia
dos dois tipos de PEG-IFN no tratamento de infectados pelo VHC
genótipo 1 avaliados em um centro de aplicação e monitorização de
medicamentos injetáveis (CAMMI) do Estado do Rio Grande do Sul.
Materiais e Métodos: Revisão de prontuários dos pacientes com
VHC genótipo 1 encaminhados para um CAMMI do Estado no período
de 2004 a 2011 e comparação das taxas de resposta virológica
sustentada (RVS) entre os dois grupos de tratamento. Resultados:
Foram avaliados 700 pacientes, sendo 56,7% do sexo masculino,
com média de idade de 51 anos. A taxa de pacientes com resposta
virológica completa na semana 12 foi de 57,9% no grupo tratado com
PEG-IFN alfa 2a e de 48,2% no grupo tratado com PEGIFN alfa 2b
(p=0,04). Em relação à RVS, pacientes que receberam PEG-IFN alfa 2
Universidade Federal de Sergipe
88
Introdução: A mensuração do VHB DNA é considerada padrão ouro
para o monitoramento da carga viral, porém, é de alto custo e não
disponível em algumas regiões. A quantificação HBsAg tem surgido
como uma alternativa barata e de fácil realização no monitoramento
do tratamento da Hepatite B. A ausência de estudos em nosso meio
levou à elaboração de pesquisa para avaliar a utilidade da quantificação do HBsAg em relação a outros marcadores de replicação
viral clínica. Objetivos: avaliar a relação entre a quantificação do
HBsAg e medida de carga viral do VHB pela PCR e o HBeAg em
pacientes com hepatite B crônica; correlacionar os níveis de HBsAg
com as transaminases. Material e Métodos: Estudo observacional,
prospectivo, com portadores de hepatite B crônica, com idade ≥ 18
anos, em acompanhamento regular no período de 11/2011 a 12/2012.
Foram excluídos pacientes com VHC e/ou HIV e em uso de imunossupressores. A seleção dos pacientes (128) foi aleatória, oriunda de
demanda espontânea. Foram realizadas análises do HBsAg quantitativo, HBeAg e quantificação da carga viral do VHB DNA. O trabalho
foi realizado mediante aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa. As
sorologias foram realizadas utilizando equipamento automatizado
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
Architect, com resultados expressos em UI/mL e em S/CO,
respectivamente. A quantificação da carga viral do VHB foi realizada
através da PCR Real Time (PCR-VHB), com equipamentos automatizados da Roche Diagnostics - Ampliprep (extração) e Cobas Taqman
48 (amplificação e detecção). Utilizou-se o teste de Spearmn para a
análise das correlações (com valores entre 0 e 1, entendendo-se
que quanto mais próxima de 1, mais perfeita é a correlação, onde são
classificadas como fraca (< 0,30), regular (0,30-0,60), forte (0,61-0,90)
e muito forte (>0,90). Considerou-se significativo quando p ≤ 0,05
Resultados: Dos 128 pacientes, 77 (60,2%) eram do sexo masculino;
a faixa etária predominante foi de 31-50anos (59,4%); apresentaram
HbeAg reagente 25 (19,5%) e carga viral acima de 2.000UI/ml, 40
(31,2%). A correlação global entre o HBsAg quantitativo e o PCR-VHB
foi fraca (rs=0.197; p=0,025) mesmo quando considerados apenas
os HBeAg + (rs=0.235; p=0,263). A correlação entre o VHB DNA e o
HBeAg foi regular (rs=0,544; p=0,026).Não foi verificada correlação
estatística entre as transaminases e o HBsAg quantitativo. Conclusão:
Os resultados sugerem não haver relação entre a quantificação do
HbsAg e outros sinais séricos de replicação viral.
TL 213
PERFIL NUTRICIONAL DE PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA
CANDIDATOS A TRATAMENTO COM PEG-INTERFERON E
RIBAVIRINA
Vanessa Aparecida de Santis e Silva, Maria Lucia G. Ferraz, Roberto
de Carvalho Filho, Antonio Eduardo Benedito Silva, Ivonete S. S. Silva
UNIFESP
Introdução: O tratamento da hepatite C crônica é baseado na
combinação de interferon peguilado e ribavirina, o qual interfere no
estado nutricional dos pacientes. Por outro lado, poucos estudos
avaliam o estado nutricional no pré-tratamento. Objetivo: Avaliar o
estado nutricional e o perfil alimentar dos pacientes candidatos ao
tratamento da hepatite C crônica com peginterferon e ribavirina.
Material e Métodos: Estudo descritivo prospectivo, realizado em
pacientes com hepatite C crônica genótipo 1, candidatos a tratamento
com PEG-interferon mais ribavirina entre 2011 e 2013. Foi realizada
avaliação antropométrica (peso, estatura, cirunferências e dobras
cutâneas) e análise qualitativa e quantitativa do hábito alimentar a
partir do recordatório habitual. Resultados: Foram avaliados 61
pacientes, com média de idade de 49±11 anos, sendo 52% mulheres.
Segundo o índice de massa corporal (IMC), 5% eram desnutridos,
39% eutróficos, 36% sobrepeso e 20% obesos; dados semelhantes
aos encontrados no Sisvan- 2013 (Sistema de Vigilância Alimentar e
Nutricional) em que 4,7% da população brasileira têm desnutrição,
37,7% eutrofia, 32,9% sobrepeso e 24,7% obesidade. A partir da
avaliação da circunferência abdominal (Cabd), 79% apresentaram
risco para doenças crônicas não transmissíveis. Segundo a dobra
cutânea tricipital (DCT), 78% eram eutróficos e 20% obesos; e de
acordo com a circunferência muscular do braço (CMB), 57% eram
eutróficos e 20% tinham deficiência de massa magra. Na análise do
hábito alimentar, 52% consumiam carboidratos, 20% proteínas e 31%
lipídeos. Taxas semelhantes a estas são descritas na população
brasileira POF (Pesquisa de Orçamento Familiar) 2008-2009. Em relação
à qualidade alimentar, 87% apresentaram alimentação não equilibrada.
Conclusão: Os pacientes foram na sua maioria eutróficos de acordo
com o IMC, DCT e CMB, porém com risco aumentado para o
desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. Da mesma
forma o consumo de macronutrientes foi adequado, porém com baixa
qualidade. Diante disso, observa-se a importância da avaliação
nutricional adequada no pré-tratamento para que possíveis
deficiências/excessos no perfil nutricional sejam corrigidos.
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TL 214
ÍNDICE PLAQUETA/BAÇO COMO PREDITOR DE DESCOMPENSAÇÃO HEPÁTICA EM PACIENTES PORTADORES DE HEPATITE
C CRÔNICA E TROMBOCITOPENIA
Flavia Fernandes, Gustavo Pereira, Zulane Veiga, Daniela Martins,
Camila Barreto, José Carlos Lino, Aline Peixoto, João Luiz Pereira
Hospital Federal de Bonsucesso
Introdução: Métodos não invasivos têm sido avaliados no intuito de
predizer risco de descompensação nas hepatopatias crônicas. O
índice plaqueta/baço (P/B) é composto por exames simples, não
invasivos, e que fazem parte da rotina dos pacientes com hepatite C
crônica (HCC). Não há estudos avaliando o valor do P/B para predição
de descompensação hepática nesta população. Objetivo: avaliar a
acurácia do P/B nos pacientes ambulatoriais com HCC e plaquetopenia,
como preditores de descompensação. Material e métodos: estudo
prospectivo com inclusão de 76 pacientes consecutivos, portadores
de HCC e plaquetopenia (plaquetas abaixo de 150.000). À inclusão,
após assinarem TCLE, foram realizados EDA, USG de abdome e
exames laboratoriais. Avaliada a incidência de descompensações ao
longo de 2 anos. A presença de fatores associados à descompensação foi avaliada segundo o modelo de Cox. Resultados: média
de idade de 57±11 anos, 53 % do sexo feminino, diâmetro bipolar do
baço (DBB) 119 ± 23mm, plaquetas de 110 ± 34 x109/L. A média do P/B
foi 956±383. Os valores de bilirrubina, albumina e INR foram 1,2±0,6,
4,4±0,5 e 1,13±0,11. MELD 9±2, 95% Child A. À EDA, 26 pacientes
apresentavam varizes esofagianas (VE). Ao final de dois anos, houve
perda de seguimento de 13 (17%) pacientes, 52 (82%) seguiam livres
de descompensações, 11 apresentaram uma ou mais descompensações. Houve 3 óbitos. As descompensações mais frequentes
foram ascite, encefalopatia hepática e hemorragia digestiva alta
varicosa (6,3 e 2 eventos). À análise univariada, P/B, albumina e VE
foram fatores preditores de descompensações, com p valor de 0.020,
0,080 e 0.009, respectivamente. MELD, Child, DBB e plaquetas não
foram preditores de descompensações. Os valores de P/B e albumina
inferiores a 1000 e 4,4, respectivamente, foram aqueles com maior
acurácia em predizer o desfecho (RR 8,6 (IC 95% 1,1-1,68) e 4,8
(IC 95% 1,2-18,6)). À análise multivariada, índice P/B inferior a 1000
foi o único preditor independente de descompensações (RR 9,0 IC95%
1,1 - 7,1, p 0.037). A sobrevida livre de descompensações nos pacientes
com P/B maior ou menor que 1000 foi de 97 e 77% (p 0.013).
Conclusão: pacientes ambulatoriais com HCC e plaquetopenia
apresentam, no prazo de 2 anos, elevada incidência de complicações
relacionadas à doença. A presença de hipertensão porta, avaliada de
forma não invasiva, pode predizer a sobrevida livre de descompensações neste grupo de pacientes.
TL 215
TRATAMENTO DA HEPATITE C CRÔNICA: INFLUÊNCIA DOS
ASPECTOS NUTRICIONAIS NA RESPOSTA VIROLOGICA RÁPIDA
Vanessa Aparecida de Santis e Silva, Maria Lucia G. Ferraz, Roberto
de Carvalho Filho, Antonio Eduardo Benedito Silva, Ivonete S. S. Silva
UNIFESP
Introdução: Durante o tratamento da hepatite C crônica baseado em
interferon peguilado (PEG-IFN) e ribavirina (RBV), um importante fator
preditivo de resposta é o comportamento da carga viral na semana 4
de tratamento. Pacientes com resposta rápida (RVR) têm alta chance
de apresentar resposta virológica sustentada (RVS). O impacto do
estado nutricional sobre o comportamento da RVR ainda não é
conhecido. Objetivo: avaliar aspectos nutricionais de portadores de
hepatite C crônica tratados com PEG-IFN e RBV em relação à resposta
virológica rápida (RVR). Material e Métodos: Estudo prospectivo
de pacientes com hepatite C crônica genótipo 1, virgens de tratamento,
tratados entre 2011 e 2013. Durante o tratamento foi analisada a RVR
89
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
(presença ou ausência do HCVRNA na 4ª semana) que foi comparada
com medidas antropométricas (peso, estatura, circunferências e
dobras cutâneas) determinadas no período basal e na quarta semana.
Resultados: Foram avaliados 61 pacientes, com média de idade de
49 ± 11 anos, sendo 52% mulheres. Dos pacientes estudados, 11,5%
(n=7) tiveram RVR. Foram estudadas as medidas antropométricas:
dobra cutânea tricipital (DCT), cálculo do índice de massa corporal
(IMC), cirunferência abdominal (Cabd) e circunferência muscular do
braço (CMB), no período basal e na 4ª semana de tratamento. Pacientes
desnutridos, quando avaliados pela CMB, tiveram significativamente
menor ocorrência de RVR, quando comparados a pacientes eutróficos
(0% versus 21%, p=0,03). Conclusão: A análise antropométrica
neste estudo demonstrou que pacientes que chegaram desnutridos,
de acordo com a CMB na 4ª semana de tratamento, não alcançaram
a RVR, o que pode ter impacto na chance de alcançar a resposta
virológica sustentada. Desse modo, esforços devem ser feitos para
a correção dos aspectos nutricionais para otimizar a resposta ao
tratamento.
TL 216
ASSOCIAÇÃO DOS ASPECTOS NUTRICIONAIS COM GRAVIDADE
HISTOLÓGICA NA HEPATITE C CRÔNICA
Vanessa Aparecida de Santis e Silva, Maria Lucia G. Ferraz, Roberto
de Carvalho Filho, Antonio Eduardo Benedito Silva, Ivonete S. S. Silva
UNIFESP
Introdução: Diversos fatores de progressão da fibrose hepática na
infecção crônica pelo vírus da hepatite C (HCV) têm sido identificados,
porém o papel dos aspectos nutricionais na evolução da doença não
está claramente definido. Objetivo: avaliar a associação do estado
nutricional e do perfil alimentar com aspectos histopatológicos de
pacientes com hepatite C crônica candidatos a tratamento antiviral.
Material e Métodos: Foram estudados prospectivamente, entre
2011 e 2013, pacientes com hepatite C crônica genótipo 1 candidatos
a tratamento. No pré-tratamento, foram realizadas: biópsia hepática,
medidas antropométricas (peso, estatura, circunferências e dobras
cutâneas) e análise qualitativa do hábito alimentar a partir do
recordatório habitual. Os achados histológicos analisados incluíram
fibrose, atividade necroinflamatória periportal e esteatose hepática.
Resultados: Foram avaliados 56 pacientes, com média de idade de
49 ± 11 anos, sendo 52% do gênero feminino. Treze pacientes (23%)
apresentaram fibrose avançada (F3- F4), 14 (25%) apresentaram
maior grau de atividade periportal (APP 3-4) e esteatose hepática
esteve presente em 14 (25%) pacientes. As medidas antropométricas
estudadas: índice de massa corporal (IMC), dobra cutânea tricipital
(DCT), circunferência muscular do braço (CMB) e circunferência
abdominal (Cabd), não tiveram relação com doença mais avançada
ou presença de esteatose. Em relação à qualidade alimentar, os
pacientes com fibrose mais avançada tiveram maior frequência de
alimentação não equilibrada, quando comparados a pacientes com
fibrose menos avançada (91% versus 67%; p=0,03). Do mesmo modo,
pacientes com maiores graus de APP apresentaram mais
frequentemente alimentação não equilibrada (97% versus 57%;
p<0,001). Conclusão: A avaliação antropométrica não mostrou relação
com gravidade de doença hepática, porém a má qualidade alimentar
associou-se à doença hepática mais avançada, o que indica a
necessidade de assistência nutricional aos pacientes com infecção
crônica pelo HCV, sobretudo nas fases mais avançadas da doença.
TL 217
MANEJO DE PACIENTE PORTADORA DE HEPATITE C ASSOCIADA
À DOENÇA AUTOIMUNE: RELATO DE CASO
Rodrigo Bartilotti Barachisio Lisboa, Hayza Borges da Silva Vieira
Santos
Centro Universitário Serra dos Órgãos
90
Introdução: A hepatite C (HC) é uma doença causada pelo vírus RNA
da família Flaviviridae (HCV), seu diagnóstico é dado quando o
anticorpo do HCV e seus ácidos nucleicos são detectados
sorologicamente. Os casos mais graves de HC podem progredir para
cirrose e descompensação hepática, sendo a imunossupressão um
fator de risco para essa evolução. O tratamento disponível atualmente
no Brasil dispõe de interferons e de ribavirina, a decisão terapêutica
deve considerar uma série de fatores, que incluem a presença de
comorbidades como, por exemplo, doenças autoimunes, já que a
terapia disponível está intimamente ligada à resposta imunológica.
Objetivos: Apresentar um relato de caso que explicita a necessidade
da busca de linhas de cuidados que incluam soluções alternativas
para portadores de doenças cujos tratamentos se contrapõem.
Divulgar os quadros clínicos da HC e da Neuromielite Óptica (NMO).
Material e Métodos: Relatamos o caso de uma paciente de 60
anos, sexo feminino, diagnosticada como portadora do vírus da HC
desde os seus 51 anos e, posteriormente, após a perda de sua visão
esquerda, diagnosticada com NMO (IgG-NMO +) e esclerose múltipla
a partir da análise de uma tomografia computadorizada que detectou
lesão medular. Resultados: Foi tratada por meio de sessões regulares
de pulsoterapia para minimizar os efeitos da doença autoimune,
entretanto, cursou com o aumento do HCV, tornando ineficaz a
conduta. A busca pelo tratamento ideal que tratasse eficazmente
as duas patologias se baseou em terapias não-farmacológicas de
forma que não houvesse desajuste imunológico e aumentasse a
qualidade de vida da paciente, no entanto, a conduta ocasionou a
progressão - ainda que lenta - da NMO, gerando cegueira bilateral.
Conclusão: Os tratamentos das patologias apresentadas pela
paciente são antagônicos de forma que a escolha por um deles
piora o prognóstico da outra. A conduta para esse quadro clínico
levou em consideração a vontade da paciente, o que a deixaria
mais satisfeita, de forma que é impossível classificar um desses
tratamentos como o ideal a ser seguido. A busca pelos tratamentos
alternativos se mostrou ser um meio eficaz de retardar a evolução
do quadro autoimune e impedir a piora do quadro hepático,
entretanto, esse ainda é um ramo pouco explorado pelo SUS-RJ,
gerando um tratamento de alto custo que nem sempre podia ser
arcado pela doente (tratamento descontínuo).
TL 218
PERFIL DOS PACIENTES COM CIRROSE HEPÁTICA AVANÇADA
ATENDIDOS AMBULATORIALMENTE
Elisa Grossi Mendonça, Maurício Augusto Bragagnolo Júnior, Carolina
Frade Magalhães Pimentel, Ana Cristina do Amaral Feldner, Roberto
José de Carvalho Filho, Mário Kondo
UNIFESP
Introdução: A cirrose hepática é uma condição ocasionada por certas
doenças crônicas do fígado que provocam a formação de tecido
cicatrizal e dano permanente ao órgão. Apesar das causas variarem,
todas resultam no mesmo processo. Estima-se que aproximadamente
40% dos pacientes com cirrose são assintomáticos, mas podem
apresentar complicações como: ascite, icterícia, hipertensão portal
e encefalopatia hepática, que estão relacionados com a severidade
da doença. Objetivos: Caracterizar o perfil dos pacientes de acordo
com a etiologia da doença, descompensações associadas e severidade. Materiais e Métodos: Pacientes com idade acima de 18
anos, com diagnóstico de cirrose hepática, nos Ambulatórios de
Doenças Hepáticas da Disciplina de Gastroenterologia da
Universidade Federal de São Paulo. A avaliação do paciente foi
realizada na forma de consulta clínica, com coleta de dados nos
prontuários médicos. O estadiamento da doença hepática foi
acessado através da Classificação de Child modificada por Pugh e.
Resultados: Foram avaliados 86 pacientes, sendo 58 (67%) do
sexo masculino, com média de idade de 55 ± 11 anos, as etiologias
mais frequentes da cirrose hepática foram álcool (38,4%) e vírus da
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
hepatite C (24,4%). Quanto à gravidade da doença, 14 (16,3%) eram
Child A, 37 (43%) Child B e 35 (40,7%) Child C. O Escore MELD teve
como pontuação média 13,5 ± 5,2. Na avaliação inicial em relação às
descompensações 34 (39,5%) tinham ascite e 12 (14%) tinham
encefalopatia hepática. Quanto às condições clínicas previamente
existentes no grupo estudado, a ascite foi a mais frequente entre as
associadas à cirrose hepática (86% dos casos), enquanto a
hipertensão arterial sistêmica e o diabetes mellitus foram as condições
não diretamente associadas à cirrose hepática mais frequentes
(29,0% e 26,7%), respectivamente. Conclusão:A cirrose hepática
ainda tem como principais causas o consumo de álcool e vírus C,
sendo a ascite a maior complicação, aumentando a severidade da
doença.
TL 219
TEMPO DE ESPERA E DESENVOLVIMENTO DE CIRROSE REDUZEM
A POSSIBILIDADE DE RETRATAMENTO DA HEPATITE C CRÔNICA
EM NÃO RESPONDEDORES
Flavia Fernandes, Daniela Martins, Zulane Veiga, Camila Barreto,
Vanessa Zenatti, Gustavo Pereira, João Luiz Pereira
Hospital Federal de Bonsucesso
Na última década o tratamento da hepatite C crônica (HCC) foi realizado
com Interferon Peguilado e Ribavirina. A resposta virológica sustentada
(RVS) está aquém do desejado e um grande número de pacientes
previamente tratados aguarda nova oportunidade de tratamento.
Objetivo: conhecer as características clínicas atuais e possibilidade
de retratamento com inibidores de protease (IP) dos pacientes com
HCC, genótipo1, não respondedores (NR). Material e métodos:
análise de 394 pacientes com HCC, gen 1, tratados de 2003 a junho
de 2011. Resultados: dos 394 pacientes tratados, 100 (25.6%)
obtiveram RVS. Dentre os 294 NR houve 4 óbitos e 5 encaminhamentos
ao transplante. Foram analisados os dados de 278 pacientes. São
151 homes (55%), com média de idade atual de 58 (±10) anos, dos
quais 26 (9%) não conseguiram concluir o primeiro tratamento, 11%
usaram eritropoetina e 7% GCSF. Dentre os que tiveram a carga viral
avaliada durante o tratamento (90 pacientes) 27% não reduziram 2
log na 12ª semana, 51% reduziram 2 log na 12ª semana e 23%
recidivaram após o término do tratamento. No momento do tratamento
22% apresentavam fibrose avançada (F3-4 Metavir) e 32% cirrose
diagnosticada por critérios clínicos. Dentre os cirróticos 64% tinham
sinais de hipertensão porta. Atualmente 45% destes pacientes
apresentam cirrose, dos quais 16% apresentaram descompensações
após o primeiro tratamento. A média do MELD era de 8.28 (±1.99) e
atualmente é de 9.29 (±2.98) - p = 0,0016. O tempo médio de espera
por um novo tratamento é de 5.48 (± 2.33) anos. Atualmente 118
(51%) pacientes tem indicação de retratamento pelos critérios do
Ministério da Saúde (F≥3 de Metavir). Destes 29 (25%) tem critério de
gravidade pelo CUPIC, 55 (46%) tem outras contraindicações e 19
(16%) apresentam ambas condições desfavoráveis. Considerandose os óbitos, pacientes encaminhados ao transplante e contraindicações atuais, 74/127 (58%) dos pacientes com indicação
perderam a oportunidade de retratamento. O tempo de espera pelo
retratamento se correlaciona a maior incidência de contra-indicações
(p 0.04), ocorrendo em 39% que aguardam há menos de 5 anos e em
77% dos que aguardam há mais de 5 anos. Conclusão: a maioria
dos pacientes com HCC previamente tratados, e que preenchem os
critérios de retratamento com IP do Ministério da Saúde, apresentam
contra-indicações ao uso de IP. A condição clínica desta população
se deteriora progressivamente. São necessárias novas estratégias
para o retratamento deste pacientes.
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TL 220
TRATAMENTO DA HEPATITE C CRÔNICA EM PACIENTES COM
CIRROSE E HIPERTENSÃO PORTA
Flavia Fernandes, Zulane Veiga, Daniela Martins, Gustavo Pereira,
Emilia Ahmed, Vanessa Zenatti, João Luiz Pereira
Hospital Federal de Bonsucesso
Introdução: o tratamento da hepatite C crônica (HCC) com Interferon
Peguilado (INFPEG) e ribavirina (RBV) acarreta diversos eventos
adversos, sabidamente mais frequentes na população com cirrose.
No estudo IDEAL, com o uso da dose de 1.0µg/Kg/dia de PEGINF ?2b
obteve-se a mesma taxa de resposta virológica sustentada (RVS)
que com a dose plena (1.5µg/Kg/dia). Objetivos: observar a tolerância
e RVS de uma população de pacientes cirróticos por HCC e com
hipertesão portal (HP) ao tratamento com PEGINF α2b na dose de
1.0µg/Kg/dia associado à RBV. Material e métodos: a HP foi definida
como uma das seguintes condições: presença de varizes esofagianas
(VE) ou plaquetas abaixo de 100.000/mm3 e baço maior que 13 cm a
ultrassonografia abdominal (USG). O tratamento com PEGINF α2b na
dose de 1.0µg/Kg/dia associado à RBV foi conduzido de forma habitual.
Resultados: Entre fevereiro de 2011 e março de 2013, 17 pacientes
com cirrose por HCC e HP, sem descompensação prévia, foram
tratados. Apenas um deles era genótipo 3, os demais genótipo1.
Todos assinaram TCLE. Trata-se de 58% de homens, com média de
idade de 58 (DP±6) anos. Todos eram CHILD A, a média do MELD era
10 (DP±2) e 16 apresentavam VE. Dois (12%) apresentavam os
critérios de gravidade descritos pelo estudo CUPIC (albumina<3,5 e
plaquetas < 100.000). A dose média de RBV utilizada foi de 1000 mg
(DP± 158mg). Apenas 2 pacientes concluíram o tratamento e 1 obteve
RVS (o portador do genótipo 3). Os 14 demais tiveram o tratamento
interrompido em média com 8 semanas (2 - 20), sendo que em 7 deles
a interrupção ocorreu até a quarta semana. Um paciente apresentou
resposta virológica rápida e 2 resposta precoce completa. Em um
paciente foi necessário o uso de GCSF, em 2 EPO e a RBV foi
suspensa em 1 caso. Os motivos que levaram à interrupção do
tratamento foram: hemorragia digestiva alta (2), ascite (3), encefalopatia hepática (3), neutropenia grave, infeções não-PBE (3), síndrome
coronariana aguda e colecistite alitiásica. Discussão: apesar do
objetivo inicial ter sido a inclusão de 50 pacientes, interrompemos o
estudo por considerarmos o risco de novos eventos adversos graves.
Conclusão: a população de pacientes cirróticos por HCC, e que
desenvolveram HP, apresenta elevada incidência e complexidade de
descompensações relacionadas à doença durante o tratamento com
PEGIFN e RBV. O tratamento destes pacientes com novos esquemas
terapêuticos que ainda incluam estas drogas deve ser criteriosamente
avaliado.
TL 221
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL POR PARÂMETROS
ANTROPOMÉTRICOS DOS PACIENTES COM CIRROSE HEPÁTICA
Elisa Grossi Mendonça, Maurício Augusto Bragagnolo Júnior, Carolina
Frade Magalhães Pimentel, Ana Cristina do Amaral Feldner, Roberto
José de Carvalho Filho, Flávia de Cassia dos Reis, Mário Kondo
UNIFESP
Introdução: A má nutrição não é causa de doença hepática,
provavelmente, a desnutrição é o resultado de complicações da
hepatopatia crônica. A avaliação nutricional é a peça chave para o
manuseio do paciente, pois é através dela que se determina o
diagnóstico nutricional no qual irá se basear a conduta de correção e/
ou adequação da ingestão alimentar. Objetivo: Avaliar a frequência
de desnutrição em portadores de cirrose hepática (CH) atendidos em
ambulatório. Métodos: Pacientes com diagnóstico de cirrose
hepática, confirmada pela presença de alterações clínicas, laboratoriais, ultra-sonográficas e endoscópicas compatíveis ou por
91
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
confirmação histopatológica, quando possível. Com história de
descompensações prévias ou cirrose hepática avançada e que
consentiram participar deste estudo. O estado nutricional foi determinado pelos métodos antropométricos peso, altura, Índice de massa
corporal (IMC), Circunferência do braço (CB), Circunferência Muscular
do Braço (CMB), Prega Cutânea Triceptal (PCT). Resultados: De
acordo com a avaliação pelo IMC a média foi de 25,3 ± 4,0 Kg/m²,
sendo que 8 (9,3%) foram considerados desnutridos, 44 (51,2%)
eutróficos, 18 (20,9%) classificados com sobrepeso e 16 (18,6%)
obesos. De acordo com avaliação pela CB 26 (30,2%) foram
classificados como desnutridos, 17 (19,8%) apresentaram risco para
desnutrição, 42 (48,8%) eram eutróficos e 1 (1,2%) era obeso.
Quando avaliados pela CMB 25 (29,1%) eram desnutridos, 19 (22,1%)
apresentavam risco para desnutrição, 41 (47,6%) estavam eutróficos
e 1 (1,2%) foi classificado com obeso. Utilizando a PCT como parâmetro
13 (15,1%) estavam desnutridos, 19 (22,1%) apresentavam risco de
desnutrição, 43 (50%) foram classificados como eutróficos e
11(12,8%) eram obesos. Conclusão:A desnutrição é comum em
pacientes cirróticos em atendimento ambulatorial, porém, a frequência
do seu diagnóstico varia segundo o método utilizado para avaliação
nutricional, podendo subdiagnosticar ou superestimar a desnutrição.
TL 222
AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE PACIENTES COM
CIRROSE HEPÁTICA VERSUS CONTROLE SAUDÁVEIS ATRAVÉS
DA DEXA
Elisa Grossi Mendonça, Maurício Augusto Bragagnolo Júnior, Carolina
Frade Magalhães Pimentel, Ana Cristina do Amaral Feldner, Roberto
José de Carvalho Filho, Flávia de Cassia dos Reis, Mário Kondo
UNIFESP
Introdução: O interesse em conhecer as quantidades dos diferentes
componentes corporais e suas relações com o estado de saúde tem
sido uma constante para os profissionais envolvidos. Sabe-se que a
composição corporal deve ser aferida sempre que possível. A
Absortometria Radiológica de Dupla Energia (DEXA) não pode ser
considerada como um método padrão ouro para determinação da
massa magra, mas o método tem demonstrado ser confiável para
avaliação da massa gorda, apresentando coeficientes de variação
apenas 2% a 3%. Alterações na composição corporal são mais
recentemente categorizadas em síndromes associadas a diferentes
condições e doenças e o potencial papel da DEXA na avaliação da
composição corporal em pacientes cirróticos. Métodos: Para o estudo
da composição corporal foi utilizado o densitômetro de dupla emissão
com fonte de raio-X da marca LUNAR DPX com softaware 2004. Eles
foram posicionados pela pesquisadora na posição demarcada no
aparelho, de forma que estivesse deitado, com as pernas esticadas
no equipamento, com contenção nas pernas e braços, para que não
houvesse alteração na posição causando erro no scanner. Foram
avaliados massa adiposa (MA), percentual de gordura total (PGT) do
tecido e região, percentual de gordura dos segmentos do corpo.
Resultados: Comparadas as variáveis estudadas no grupo cirrose
e controle, observou-se uma significativa redução nos percentuais
de gordura do grupo com cirrose em relação aos controles nos
diversos segmentos avaliados, bem como nos percentuais de gordura
do tecido e da região, como também nos percentuais de gordura
ginoide e androide. Ocorreu uma maior tendência em relação à
obesidade no grupo controle em relação ao grupo com cirrose
hepática (64,17% VS 37,21%, p= 0,054, pelo teste qui quadrado). E
uma frequência significativa maior de eutrofia e desnutrição segunda
a DEXA no grupo cirrótico em relação aos controles saudáveis
(eutrofia = 30,23% vs 13,43%, p<0,05, pelo teste qui quadrado; e
desnutrição = 18,60% vs 2,98%, p=0,015 pelo teste qui quadrado
com correção de Yates). Conclusão: A DEXA é de interesse na
avaliação nutricional de pacientes cirróticos pela gordura corporal,
não só porque pode fornecer informações adicionais e mais precisa
do estado nutricional, mas também, porque faz a estimativa dos
92
compartimentos corporais metabolicamente ativos por ser um método
mais preciso e fornece dados precisos de perdas ou ganhos nos
compartimentos corporais.
TL 223
COINFECÇÃO POR CITOMEGALOVÍRUS E HERPES VÍRUS SIMPLES
NO PÓS-TRANSPLANTE HEPÁTICO
Daniela Lima Dias Soares, Suzana Silva Leal, Ana Luiza Cardoso
Pinheiro, Conceição Maria de Oliveira Mendonça, Victor Rossi Bastos,
Mariama Dantas Fagundes, Eduardo Lorens Braga, André Castro
Lyra, Jorge Luiz Andrade Bastos
Hospital São Rafael, Salvador - BA
O transplante de fígado consiste na terapia mais efetiva para o
tratamento de pacientes com cirrose hepática terminal. O uso de
imunossupressores reduz os índices de rejeição aguda, porém
predispõe a ocorrência de infecções por agentes oportunistas.
Infecções por citomegalovírus (CMV) e outros herpes vírus são uma
das principais causas de morbimortalidade após transplante de órgão
sólidos. O CMV é o agente mais frequentemente associado à doença
grave e morte, podendo ocasionar uma síndrome viral, doença
localizada ou disseminada. Relatamos o caso de um paciente de 56
anos, sexo masculino, no 3° mês de pós-operatório de transplante
hepático por cirrose criptogênica, em uso de imunossupressão com
tacrolimus, micofenolato e prednisona, cursando com lesões cutâneas
descamativas, disseminadas, mais proeminentes em membros
superiores e inferiories há cerca de 15 dias da consulta. Evoluiu com
úlceras dolorosas em mucosa oral associadas à odinofagia e dor
abdominal difusa, de moderada intensidade. Foi submetido à
Endoscopia Digestiva Alta (EDA) para investigação do quadro que
evidenciou múltiplas ulcerações rasas, ovaladas, medindo entre 0,3
a 0,5 cm, não recobertas por fibrina, em toda extensão do esôfago,
além de úlceras profundas, circulares, bordas elevadas e
hiperemiadas, em estômago e segunda porção duodenal. Foram
realizadas biópsias das bordas e do centro das maiores lesões e o
material encaminhado à anatomia patológica. Análise microscópica
do esôfago revelou células multinucleadas, cromatina lisa, homogênea
e hipercromática, com infiltrado inflamatório mononuclear na lâmina
própria, achados típicos de esofagite herpética. As úlceras gástricas
e duodenais tinham células epiteliais com núcleos aumentados e
hipercromáticos, com inclusões eosinofílicas intranucleares,
características de processo inflamatório ulcerado por citomegalovírus.
Solicitados PCR para CMV e herpes vírus simples que resultaram
positivos. Foi iniciado curso terapêutico com Ganciclovir e Aciclovir,
havendo melhora dos sintomas e cicatrização das úlceras do trato
gastrointestinal. A coinfecção por citomegalovírus e herpes vírus
simples é extremamente rara, acometendo indivíduos imunocompremetidos, A busca pelo diagnóstico correto é fundamental, já que
as duas entidades requerem terapias anti-virais distintas, e se não
tratadas, resultam em importante morbimortalidade.
TL 224
O USO DE AMINOÁCIDOS DE CADEIA RAMIFICADA NA CIRROSE
PODE EVITAR O TRANSPLANTE HEPÁTICO? RELATO DE CASO
Letícia de Campos Franzoni, Laís Augusti, Lívia Alves Amaral Santos,
Mariana de Souza Dorna, Fabio da Silva Yamashiro, Cassio Vieira de
Olivieira, Talles Bazeia Lima, Júlio Pinheiro Baima, Durval Ferreira,
Ligia Yukie Sassaki, Giovanni Faria Silva, Carlos Antonio Caramori,
Fernando Gomes Romeiro
Faculdade de Medicina de Botucatu / UNESP
Introdução: A cirrose hepática (CH) é uma das principais causas de
morte no mundo. Sua mortalidade está diretamente relacionada à
hipertensão portal e suas complicações, como ascite, peritonite
bacteriana espontânea (PBE) e encefalopatia hepática (EH). Para
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
estimar a mortalidade por CH é utilizado o escore MELD (Model of
End-Stage Liver Disease), sendo que valores maiores indicam maior
risco de óbito. O tratamento definitivo para a CH é o transplante
hepático (TH), porém a mortalidade durante sua espera é grande e
por isso outros tratamentos são utilizados para aumento da sobrevida.
Entretanto, para pacientes com EH, as classes de medicamentos
disponíveis não mudaram muito nos últimos anos, exceto pela
recomendação do uso de aminoácidos de cadeia ramificada (AACR).
AACR são recomendados para redução da mortalidade em casos
graves de CH e também para melhora da EH, porém até o momento
não há relatos sobre pacientes que não precisaram mais do transplante
por terem recebido tratamento com AACR. Relato do Caso: Paciente
de 60 anos, cirrótico por uso abusivo de álcool (abstinente há anos),
com antecedente de ascite, PBE, icterícia e EH persistente (graus 1 a
3). Esteve internado por EH em duas ocasiões, chegando a ter escore
MELD de 20 pontos e Gama glutamiltransferase (GGT) de 284 U/L.
Permaneceu inscrito na lista de TH pela Faculdade de Medicina de
Botucatu durante 18 meses, devido à presença de EH persistente,
que o impedia de realizar as mais simples atividades de auto-cuidado.
No ambulatório de pré-transplante hepático foram prescritos AACR
em pó, na dose de 30g ao dia, conforme utilizado em estudos clínicos
e recomendado pelos Guidelines de nutrição em CH. Após 5 meses
do uso de AACR, o paciente diminuiu sua pontuação do escore MELD
para 13 pontos, saiu da lista de TH, sentiu-se significativamente melhor,
manteve apenas EH mínima e sua GGT caiu para 123 U/L. Passado
um ano do início do uso dos AACR, o paciente não teve mais crises de
EH que precisassem de internação, mantém apenas EH mínima,
permanece fora da lista de TH, teve normalização da GGT e melhora
da qualidade de vida. Conclusão:Apesar dos benefícios já
reconhecidos do uso dos AACR na EH, pela primeira vez foi
documentada a retirada de um paciente da lista de transplante após
seu uso. O preço dos AACR ainda é um obstáculo, mas para casos
selecionados de EH persistente a suplementação pode ser bastante
vantajosa, com investimento muito menor que o valor gasto para a
realização do transplante.
TL 225
INTOLERÂNCIA À GLICOSE E DIABETES MELLITUS ENTRE
RECEPTORES DE HEPÁTICOS DE LONGO PRAZO: AVALIAÇÃO
PROSPECTIVA
Lucilene Rezende Anastácio, Kiara G. Diniz; Hélem de S. Ribeiro; Lívia
G. Ferreira; Agnaldo S. Lima; Maria Isabel T. Davisson Correia; Eduardo
G. Vilela
Universidade Federal de Minas Gerais
Introdução: A sobrevida após o transplante hepático tem aumentado
consideravelmente nos últimos anos, bem como a prevalência de
doenças crônicas não transmissíveis. Embora se saiba que os
medicamentos imunossupressores utilizados sejam diabetogênicos
e contribuam para as elevadas taxas de incidência dessa doença
após o transplante, há poucos estudos na literatura com receptores
hepáticos de longo prazo. Objetivo: Avaliar a prevalência, incidência
e fatores preditivos da intolerância à glicose e diabetes mellitus de
forma prospectiva, em receptores hepáticos de longo prazo. Material
e Métodos: Trata-se de estudo prospectivo, no qual receptores
hepáticos foram avaliados em relação à glicemia de jejum e à
prevalência de intolerância à glicose (glicemia de jejum ≥ 100mg/dL) e
diabetes mellitus (segundo os critérios da American Diabetes
Association, 2004) nos anos de 2008 e 2012, usando os testes
estatísticos de McNemar e Teste T pareado. Preditores da intolerância
à glicose e diabetes mellitus (entre variáveis demográficas,
socioeconômicas, clínicas de composição corporal, antropométricas,
de estilo de vida e dietéticas) foram avaliados usando análise de
regressão logística (SPSS versão 17.0). Resultado: 117 pacientes
foram avaliados, dos quais 59,0% eram do sexo masculino; idade
média 53,3±13,0 anos; tempo médio de transplante: 7,4±3,0 anos na
avaliação de 2012. As indicações mais frequências para o transplante
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
hepático foram: cirrose por vírus da hepatite C (30,8%); etanólica
(26,5%); criptogênica (12,0%); hepatite autoimune (11,1%). Os valores
médios de glicose sérica de jejum subiram significativamente de
98,8±24,7mg/dL, em 2008, para 109,2±33,3mg/dL, em 2012 (p<0,01).
A incidência de intolerância à glicose foi de 26,4% e a de diabetes
mellitus, 6,7% em relação aos anos de 2008 e 2012. A prevalência de
intolerância à glicose aumentou de 34,2% para 48,6% (p<0,01) e a de
diabetes mellitus, 17,9% para 24,6% (p=0,08), de 2008 para 2012,
respectivamente. Pela análise de regressão logística, a única variável
preditiva da intolerância à glicose foi a idade (OR: 1,06; IC: 1,02-1,09;
p<0,01). Conclusão: Houve aumento na prevalência e incidência de
intolerância à glicose e diabetes mellitus entre receptores hepáticos
de longo prazo e a maior idade mostrou-se preditiva de tais
acometimentos.
TL 226
TRATAMENTO DA COINFECÇÃO PELOS VÍRUS DA HEPATITE C
(HCV) E DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (HIV) - AVALIAÇÃO DA
EFICÁCIA TERAPÊUTICA DO ESQUEMA COMBINADO DE
PEGINTERFERON ALFA 2a E RIBAVIRINA
Carlos Eduardo Brandão-Mello, Marcia Maria Amendola-Pires, Karla
Gripp, Ligia Monnerat, Soraia Viana
Hospital Universitário Gaffrée e Guinle - Escola de Medicina e
Cirurgia do Rio de Janeiro
Introdução: A coinfecção pelos vírus da hepatite C (HCV) e da
imunodeficiência humana (HIV) é fenômeno freqüente (ao redor de
30%), principalmente entre os indivíduos que se contaminam pela via
parenteral. A imunodeficiência induzida pelo HIV parece acelerar o
curso da hepatite crônica pelo HCV para a cirrose e falência hepática,
tornando-a importante causa de morbi-mortalidade. O tratamento da
hepatite crônica pelo HCV com Peg-Interferon-alfa peguilado e
Ribavirina é a opção terapêutica atual para a coinfecção HCV-HIV.
Objetivos: Avaliar a eficácia terapêutica (resposta virológica
sustentada - RVS) do esquema combinado de Peg-Interferon-α e
Ribavirina para coinfectados HCV e HIV. O objetivo secundário foi
identificar os fatores preditivos de RVS. Casuística e Métodos:
Estudo retrospectivo, aberto, não-randomizado, em coinfectados HCV
e HIV, sendo avaliado variáveis clínicas, bioquímicas (ALT, ã -GT,
Bilirrubina, Albumina), hematológicas, virológicas (genotipagem; carga
viral do HCV-RNA e HIV-RNA) e histológica. Foram avaliados, também,
a resposta virológica rápida e precoce e sua correlação com a resposta
virológica sustentada. Resultados: No período de junho de 2005 a
dezembro de 2012, 100 coinfectados foram incluídos e tratados,
sendo 75% do sexo masculino, com média de idade de 46.5 ± 10
anos. Setenta e oito (78%) coinfectados apresentavam genótipo 1,
sendo que 28% apresentavam fibrose em pontes ou cirrose. A
infecção pelo HIV encontrava-se estável, com média de CD4 de 534
céls./mm3 e HIV-RNA indetectável em 73%. A RVS foi de 36%. Genótipo
não-1, ALT resposta virológica rápida e precoce foram preditivos de
RVS. A carga viral do HCV basal apresentou tendência preditiva de
RVS. Conclusões: A RVS no grupo de coinfectados tratados com
Peg-interferon-α e ribavirina foi discretamente inferior (36%) ao
encontrada nos ensaios clínicos internacionais (27%-55%). A RVS foi
associado ao genotipo não-1, ALT, resposta virológica rápida e precoce
(RVR, RVP) e carga viral basal. Idade, sexo, fibrose, CD4, HAART e
provas funcionais hepáticas não se correlacionaram com a RVS.
TL 227
HEPATITE ALCOÓLICA – CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E
EVOLUÇÃO EM PACIENTES INTERNADOS
Zulane da Silva Tavares Veiga, Flávia F. Fernandes, Gustavo Henrique
dos Santos Pereira, Daniela Martins Mariz, Emília Omram Ahamed,
Cristiane Maria Barreto, Marta Vieira D'Almeida, João Luiz Pereira
Hospital Federal de Bonsucesso
93
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
Introdução: Dentro do espectro de doenças relacionados ao álcool,
uma parcela dos pacientes desenvolvem hepatite alcoólica, cujo
prognóstico é variável. Contudo, nas formas graves, a mortalidade
pode chegar a mais de 50% no primeiro mês. São indicativos de mau
prognóstico a hiperbilirrubinemia, TAP menor que 40%, insuficiência
renal e a presença de encefalopatia hepática. Ainda que diversos
sistemas de avaliação de prognóstico tenham sido descritos, a função
discriminante de Maddrey (FD Maddrey) ainda é o mais utilizado. O
tratamento é basicamente suportivo nas formas leves, porém nas
formas graves, um grupo de pacientes beneficia-se com o uso de
corticoides. Ainda nas formas graves, é indicado o uso de pentoxifilina
para prevenção de síndrome hepatorenal. Objetivos: Apresentar o
perfil clínico e evolução de pacientes internados com o diagnóstico
de hepatite alcoólica em um hospital no Rio de Janeiro. Material e
métodos: Estudo retrospectivo baseado na análise de prontuários
de 10 pacientes com diagnóstico de hepatite alcoólica internados nos
últimos 3 anos. Resultados: Nove pacientes eram do sexo masculino
e a média de idade de 51 anos (DP ±12,4). Todos os pacientes
consumiam mais de 50 g de álcool diariamente por mais de 10 anos
com predomínio de destilados. Seis pacientes apresentavam icterícia
como principal motivo da internação com média de Bilirrubina total de
16,1 (DP ± 9,7). Cinco pacientes apresentaram encefalopatia hepática.
Injúria renal foi diagnosticada em dois pacientes e infecção bacteriana
em seis. Seis pacientes eram cirróticos dos quais três apresentavam
varizes de esôfago de médio calibre, três apresentavam ascite e
quatro tinham esplenomegalia. Sete pacientes apresentaram a forma
grave com Maddrey variando de 45 a 83, e destes, quatro eram
cirróticos. Dos pacientes graves, quatro utilizaram prednisona e dois
utilizaram pentoxifilina. Dos pacientes que utilizaram prednisona, três
tiveram interrupção do tratamento no 7º dia pelo escore Lille. No
grupo de pacientes com a forma grave, três(43%) evoluiram para
óbito nos primeiros 60 dias de internação. Dois pacientes perderam
seguimento e cinco pacientes mantém acompanhamento ambulatorial
Conclusão: Apesar do diagnóstico e tratamento adequados,
pacientes com hepatite aguda grave ainda apresentam alta taxa de
mortalidade.
TL 228
ANÁLISE DO PICO DE TRANSAMINASES APÓS TRANSPLANTE
DE FÍGADO COMPARANDO AS SOLUÇÕES DE PRESERVAÇÃO HTK
E SPS-1
Giuliano Ancelmo Bento, Gustavo Santos Stoduto de Carvalho, Klaus
Steinbruck, Rafael Dias Vasconcelos, Reinaldo Afonso Fernades Junior, Lucio Filgueiras Pacheco Moreira
Centro Estadual de Transplantes
Introdução: Foram idealizadas inúmeras soluções de preservação,
porém o grande salto veio com a Solução da Universidade de
Wisconsin (SW) em 1988, permitindo maior tempo de isquemia.
Contudo, sua alta viscosidade, associada à má perfusão da
microcirculação, e o alto custo limitam sua utilização. Uma alternativa
foi a formulação do HTK, uma solução mais fluida, com custo mais
baixo. Recentemente foi desenvolvida a solução de SPS-1, com a
mesma formulação da SW, porém com menor viscosidade e a um
preço mais acessível. Objetivo: comparar o pico de transaminases
relacionado aos transplantes de fígado com a utilização das soluções
de preservação HTK e SPS-1. Material e métodos: No período de
fevereiro de 2012 a junho de 2013 foram realizados 85 transplantes
de fígado utilizando o HTK (n=44) e o SPS1 (n=41). A escolha da
solução de acordo com sua disponibilidade no centro. No estudo
foram analisadas características do doador (idade, IMC, gênero, causa
mortis, transaminases, uso de aminas, tempo de internação) e do
receptor (MELD, vírus, tempo de isquemia total, pico de transaminases
pós transplante, bilirrubina total e INR no 7 dia pós transplante).
Resultados. Os grupos dos doadores foram comparáveis em relação
a idade, sexo, IMC, causa mortis, transaminases, uso de aminas e
tempo de internação. Dois receptores foram excluídos por evoluírem
94
para óbito antes do sétimo dia. Nos pacientes que foram utilizados o
HTK, encontramos medianas do pico de AST:1083UI/L e ALT:774UI/L
comparado ao pico de AST: 877UI/L e ALT: 572UI/L nos pacientes que
foram utilizados o SPS-1. Conclusão: Neste estudo encontramos
uma maior mediana de pico de transaminases com o uso do HTK,
(AST: 1083, ALT: 774) quando comparado ao SPS-1, (AST:877, ALT:
572), entretanto se faz necessário outros estudos para avaliar o
impacto dessas alterações com relação a disfunção do fígado
transplantado
TL 229
DISPEPSIA COMO SINTOMA PRINCIPAL DA DOENÇA
POLICÍSTICA FÍGADO-RIM: RELATO DE CASO
Wanda Regina Caly, Anielle Jacomini, Cristina Giovanetti Anjos, Jader
Cronemberger Oliveira
Hospital Heliópolis
Introdução: A doença policística fígado-rim (DPFR) do adulto tem
característica genética, autossômica dominante, causada por
mutações nos genes PKD1 ou PKD2. A DPFR é relatada em todas as
raças com prevalência de 1:400 a 1:1000. Os pacientes com DPFR
podem apresentar complicações como hipertensão arterial sistêmica,
hematúria, proteinúria, insuficiência renal e infecções do trato urinário.
A maioria dos portadores morrem de causas cardíacas e o tratamento
objetiva retardar a progressão da doença com medidas inespecíficas:
antagonistas dos receptores da vasopressina, aumento da ingestão
de líquidos, inibidores do sistema renina-angiotensina-aldosterona e
controle rigoroso da pressão arterial. Objetivos: relatar o caso de
paciente com a DPFR diagnosticado a partir de sintoma dispéptico
importante, internado no início de junho de 2013. Material e métodos:
homem, 52 anos, pardo, natural e proveniente de SP, metalúrgico,
solteiro, com queixa de plenitude pós-prandial, queimação
retroesternal, constipação intestinal e emagrecimento de 5kg nos
últimos 3 meses. Antecedente pessoal de etilismo 180g/dia por 22
anos e tabagismo 70 maços/ano, sem doenças associadas.
Antecedente familiar de doença renal cística (4 irmãs). Exame físico:
BEG, corado, anictérico, hidratado, normotenso, afebril, ausculta
cardiorrespiratória normal; abdome plano, flácido, palpação dolorosa
no epigastrio, massa palpável e endurecida em torno de 10 cm,
contornos irregulares em flanco esquerdo. Resultados: Hb:16,1;
Ht:49,8%; leucócitos: 6660; plaquetas: 175000; uréia 34; creatinina
0,8; PT: 6,4; albumina: 4,5; BbT: 0,3; AST: 18; ALT: 13; fosfatase alcalina:
64; gamaGT: 60; alfa-fetoproteína: 2,5; urina 1: 1000 leucócitos e
sem hemácias; urina 24 horas: Naur:normal, sem proteinúria; USG
abdome total: imagem de múltiplos cistos renais/hepáticos; EDA:
pangastrite enantematosa leve; TC abdome: imagem compatível com
doença policística renal e hepática; enema opaco: trânsito intestinal
sem alterações. Paciente manteve-se durante a internação com
sintomas dispépticos, devido a compressão extrínseca das vísceras
ocas pelos múltiplos cistos hepáticos-renais, mesmo em uso de
prócinéticos. Avaliado pela equipe de urologia que indicou cirurgia de
esvaziamento dos cistos renais. Conclusão: no caso apresentado
a dispepsia foi o sintoma principal que levou à investigação e
confirmação da DPFR.
TL 230
FATORES CLÍNICOS-BIOQUÍMICOS DE ASSOCIAÇÃO COM A
ASCITE REFRATÁRIA E RELACIONADOS COM MAIOR LETALIDADE
Wanda Regina Caly, Marina Seixas Studart e Neves, Rodrigo Martins
Abreu, Aline Siqueira Ferreira, Suzane Kioko-Ono, Flair José Carrilho
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo
Introdução: A ascite refratária é complicação grave em pacientes
com cirrose avançada e responsável por pior prognóstico. Objetivos:
Avaliar as características clínicas-bioquímicas que se relacionam aos
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
pacientes refratários, assim como, com a letalidade neste grupo de
pacientes. Material e Métodos: Estudo retrospectivo e observacional
de 106 pacientes cirróticos de várias etiologias, avaliados no período
de março de 2009 a Junho de 2013, portadores de ascite refratária
(R)-(78) diagnosticada de acordo com os critérios estipulados pelo
IAC (2003) e de ascite não refratária (NR)-(28), diagnosticada através
das recomendações do "guideline" EASL, 2010. A cirrose hepática foi
diagnosticada por estudo histo-patológico e/ou por critérios clínicos,
bioquímicos, ultrassonográficos e endoscópicos.Vários parâmetros
clínicos e bioquímicos foram avaliados, a saber: idade, gênero, tempo
de surgimento da ascite, escore de Meld na primeira (MI) e última
avaliação (MF), antecedentes de hemorragia digestiva alta (HDA),
encefalopatia hepática, peritonite bacteriana espontânea, hidrotórax,
presença de síndrome hepatorrenal tipo 2, inserção de TIPS e
frequência de óbito. Os parâmetros bioquímicos avaliados foram:uréia,
creatinina, contagem plaquetária (Pq), albumina sérica, bilirrubina
total(BbT) e sódio urinário de 24 horas, avaliados antes do início dos
diuréticos. Resultados: 68,9% dos pacientes eram do gênero
masculino; 40% de etiologia alcoólica e com idade entre 32-74 anos;
56,13±8,97(R) e 57,11±10,46(NR).A avaliação bioquímica mostrou
alguns parâmetros que discriminaram os grupos na análise estatística,
sendo que os apresentados são as medianas dos parâmetros
analisados dos R e NR, respectivamente: uréia:51,00 e 45,00;
creatinina: 1,26 e 1,04; albumina:3,20 e 3,80 (p=0,001); BbT: 1,40 e
0,99; Pq: 107500 e 106500 e sódio urinário: 9,00 e 31,00 (p=0,001).
Verificou-se que os R se associaram com maior frequência de óbitos
(p=0,006), com maiores médias de MI e MF (p=0,007e p=0,001) e com
antecedente de HDA (p=0,050). Vários parâmetros se associaram
com a presença de óbito: menor tempo médio de surgimento de ascite
(p=0,024); maior média de MI e MF (p=0,012 e p=0,003); menor média
de albumina (p<0,001); menor contagem plaquetária (p=0,020) e maior
média de BbT (p=0,001). Conclusões: As características clínicas e
bioquímicas associadas aos refratários e a maior letalidade observada
nestes pacientes estão relacionadas à maior gravidade da doença
de base na ocasião do diagnóstico.
TL 231
HEPATITE C GENÓTIPO 3 COM ESCAPE APÓS INTERFERON
PEGUILADO (PEG) E RIBAVIRINA (RIBA) E NÃO RESPONDEDOR
(NR) APÓS PEG-RIBA E NITAZOXANIDA
Gustavo de Almeida Vieira, Geisa Perez Medina Gomide
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Introdução: O tratamento da Hepatite C tem como alvo a Resposta
Viral Sustentada (RVS). O uso de Interferon Peguilado (PEG) e
Ribavirina (Riba) por 24 semanas leva a RVS em cerca de 70% dos
portadores do genótipo 3 com METAVIR <F3 e CV <600.000. A
resistência à insulina acelera a progressão da fibrose, aumenta a
incidência de hepatocarcinoma e reduz a RVS com a terapia antiviral
atual. Nitazoxanida (Annita®), nitrotiazólico antiparasitário, demonstrou
atividade antiviral e vem sendo testada contra o HCV. Age inibindo a
tradução de proteínas virais pela fosforilação da proteinoquinase
sRNA-dependente e é indutor do Interferon. Em combinação com
PEG-Riba é mais efetiva nos genótipos 4 e 1. Objetivo: Relatar um
caso de HCV com escape após Pegasys®-Riba e Não Respondedor a
PegIntron®-Riba e Annita®. Materiais e Métodos: Revisão de
prontuário médico e revisão bibliográfica cientifica. Relato de
Caso:Mulher, nascida em 1951, ex-tabagista e etilista social. Chegou
ao serviço em 2005 com sobrepeso, doença por refluxo gastroesofágico
e esofagite erosiva, foi tratada e em 2006 ao realizar pré-operatório de
cirúrgica plástica recebeu o diagnóstico de Hepatite C. Genótipo 3a,
RNA 406.659 UI/mL, METAVIR A0F1 e esteatose macrogoticular leve.
Iniciado esquema com Pegasys®-Riba (1000 mg/dia). Apresentou
vários eventos adversos leves, incluindo psiquiátricos. RNA detectável
na 4ª semana, indetectável na 12ª. Optado por manter o tratamento até
48 semanas, quando RNA 238.045 UI/mL. Após escape, proposto uso
de metformina, mas endocrinologista não concordou. Iniciado esquema
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
com PegIntron® (1.5 µg/kg), Riba (15 mg/kg) e Annita® (1000 mg/dia).
4ª semana RNA detectável, 12ª semana RNA 328.636 UI/mL, tratamento
suspenso. Atualmente em uso de Glifage XR® 500, Fluoxetina 20 mg.
US com hepatomegalia e esteatose moderada. RNA 4.037.804 UI/mL.
Conclusão: A Hepatite C e a obesidade são batalhas atuais da saúde
pública. Os inibidores de protease, novos agentes utilizados para a
hepatite C, não têm como alvo o genótipo 3. O papel dos sensibilizadores à insulina em combinação com a terapia antiviral é contraditório. Apesar das parasitoses serem o alvo inicial dos tiazólicos, eles
vem sendo pesquisados no tratamento de alguns vírus com resposta
satisfatória e, muitas vezes, com menos efeitos colaterais que os IP.
TL 232
COLEDOCOCELE: LEMBRAR PARA DIAGNOSTICAR
Rodrigo Lovatti, Gabriela F. Souza, Karina V. Camargos, Itiberê P. da
Costa
Hospital do IPSEMG
Os cistos das vias biliares podem ocorrer por toda a árvore biliar.
Chama atenção a sua relação com uma série de anormalidades
anatômicas como atresia de vias biliares, atresia duodenal e colônica,
más formações arteriovenosas do pâncreas, dentre outras. São
divididos de acordo com a classificação de Todani em tipo I ao tipo IV,
sendo a coledococele classificada como tipo III. O diagnóstico é feito
através de exames de imagem. O tratamento é realizado através da
esfincterotomia endoscópica. O caso relata uma paciente de 67 anos
que apresentou quadro de dor tipo cólica em hipocôndrio direito,
icterícia colestática e alteração de transaminases com quatro dias de
duração. Colangiorressonância mostrou dilatação fusiforme em
colédoco terminal. Realizada duodenoscopia que evidenciou
abaulamento arredondado no teto da papila. Realizada esfincterotomia
endoscópica com resolução do caso. Este caso mostra que a
apresentação da coledococele não é exclusiva do público infantil,
necessitando de suspeição para o diagnóstico em adultos, uma vez
que pode simular simples quadro de cólica biliar até quadros
colestáticos.
TL 233
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA AGUDA GRAVE EM PACIENTE COM
LINFOMA DE BURKITT
Tirzah de Mendonça Lopes, Dayane Regina Gusso, Tiago Sevá Pereira,
Jazon Romilson de Souza Almeida, Ilka de Fátima S. F. Boin, Paula de
Melo Campos, Priscila Oliveira Percout, Priscila Andrade Santana,
Carolina Oliveira Santos
UNICAMP
Introdução: Atualmente, utiliza-se o termo "insuficiência hepática
aguda grave" (hepatite fulminante) para uma condição clínica rara,
em que o transplante hepático é o único tratamento para muitos
pacientes. As doenças linfoproliferativas são um diagnóstico
diferencial não usual, não sendo o transplante opção terapêutica
para estes casos. Objetivo: Relatar o caso de um paciente com
insuficiência hepática aguda como apresentação de Linfoma de Burkitt.
Relato do caso: AFS, de 53 anos, com quadro de mal estar
inespecífico há quatro meses. Evoluiu com icterícia e aumento do
volume abdominal e, após oito dias, confusão mental. Ao exame físico,
notava-se icterícia, flapping, fígado a 15cm do RCD, esplenomegalia
e edema em membros inferiores. Exames complementares: AST
442U/L, ALT 260U/L, GGT 1756U/L, FALC 1011U/L, LDH 1292U/L, Bi
12mg/dL (direta 9,7mg/dL), TP 32,3", (INR 2,62), Hb 8,5 (eritroblastos
61%), leucócitos 30.400/mm³ (promielócitos 1%, mielócitos 6%,
metamielócitos 2%, bastões 5%, neutrófilos 72%, linfócitos 5%),
sorologias para hepatites virais A, B e C negativas e ceruloplasmina
normal. USG de abdome: fígado aumentado, com ecotextura
grosseiramente heterogênea e pequenas áreas nodulares hipoecóicas
95
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
mal delimitadas, baço aumentado e heterogêneo, sem ascite. TC de
abdome: hepatomegalia acentuada, com alteração textural hepática
difusa. O paciente preenchia critérios para definição de hepatite
fulminante segundo a AASLD (INR>1,5 e encefalopatia em paciente
sem cirrose pré-existente). Entretanto, chamava atenção a
hepatomegalia volumosa com padrão heterogêneo, o predomínio de
enzimas canaliculares sobre transaminases, o aumento da
desidrogenase lática e de eritroblastos e a leucocitose significativa
com desvio à esquerda não escalonado. Além disso, o paciente tinha
história de astenia há quatro meses, apesar do quadro agudo da
doença. Diante desses achados, pensou-se em uma doença
linfoproliferativa como etiologia do quadro. Foi solicitado avaliação da
Hematologia, que realizou mielograma e biópsia de medula óssea,
confirmando nossa hipótese com o diagnóstico de Linfoma de Burkitt.
Conclusão: Paciente com Linfoma de Burkitt, apresentando-se com
insuficiência hepática aguda grave (hepatite fulminante).
TL 234
HEPATITE COLESTÁTICA GRAVE
ANABOLIZANTES: RELATO DE CASO
POR
ESTERÓIDES
Anderson Antônio de Faria, Fernanda Maria Farage Osório, Luciana
Costa Faria, Teresa Cristina de Abreu Ferrari, Cláudia Alves Couto
Instituto alfa de Gastroenterologia, Hospital das Clinicas da UFMG
Introdução: Os anabolizantes androgênios esteróides são derivados
sintéticos da testosterona. O uso de dessas substâncias por atletas
ocorre há mais de 50 anos. Atualmente, o uso por não-atletas tem
aumentado em todo mundo e, consequentemente, efeitos adversos
graves têm sido relatados, sendo o fígado frequentemente acometido.
Objetivos: Descrever um caso de hepatite colestática grave induzida
por esteróides anabolizantes. Relato do Caso: Homem, 32 anos,
solteiro, fisioterapeuta, previamente hígido. Apresentou, em janeiro/
2012, quadro de mal estar seguido de icterícia, colúria, hipocolia fecal
e prurido. Exames laboratoriais: BT/BD=10,5/6,5mg/dl, ALT=102U/l,
AST=39U/l, FA=196U/l, GGT=164U/l. Sem passado mórbido ou doenças
heredofamiliares dignas de nota. Consumo esporádico de álcool em
pequena quantidade, não usuário de drogas ilícitas. Em dezembro/
2011, iniciou uso de "Mega Pak" (polivitamínico e minerais), "M-Drol"
(anabolizante esteróide - 2a,17a dimethyl etiocholan 3-one, 17b-ol) e
Whey Protein. Então, cogitou-se a possibilidade de lesão hepática
induzida pelo anabolizante e seu uso foi imediatamente interrompido.
O paciente evoluiu com emagrecimento (21kg), prurido intratável,
elevação progressiva enzimas canaliculares (FA=1089U/l) e
bilirrubinas (BT/BD=55/36mg/dl) e disfunção renal. Biopsia hepática
foi compatível com hepatite colestática medicamentosa. Iniciado ácido
ursodesoxicólico em março/2012, quando foi atendido em no Hospital
das Clínicas-UFMG. Houve, a partir de então, melhora lenta e
progressiva, com normalização das enzimas hepáticas 6 meses após
do início do quadro. Discussão: O uso de anabolizantes com
finalidades estéticas tem aumentado em todo mundo. Doses
suprafisiológicas de testosterona e seus derivados são capazes de
aumentar a massa muscular e a força. Cerca de 3 milhões de
americanos consomem estas substâncias, sendo 2/3 dos usuários
atletas não-profissionais, que as utilizam com finalidades estéticas.
No Brasil, os estudos ainda são poucos e há grande variação no
percentual de usuários entre as populações. Efeitos adversos dos
esteróides envolvem múltiplos sistemas orgânicos: cardiovascular,
endócrino, renal e hepático. As alterações hepáticas variam amplamente e podem incluir desde flutuações leves das aminotransferases até quadros graves de hepatite colestática. Conclusões: A
maioria das publicações científicas sobre anabolizantes esteróides
relacionam-se a aspectos epidemiológicos. Não há conduta terapêutica
estabelecida com base em ensaios clínicos, além da retirada da
substância, para tratamento dos efeitos adversos desses agentes.
Grande parte dos pacientes evoluem favoravelmente, mas em alguns
casos os danos podem ser irreversíveis. No caso em questão, houve
melhora apos o inicio do ácido ursodesoxicólico.
96
TL 235
DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO-ALCOÓLICA: AVALIAÇÃO
DA RESPOSTA AO ACONSELHAMENTO NUTRICIONAL NO LONGO
PRAZO
Tâmara Oliveira dos Reis, Maria Luiza R. P. Lima, Clara G. Camelo,
Ana Cristina L. Albricker, Maria Arlene Fausto, Teresa C. Abreu Ferrari,
Claudia Alves Couto
Instituto alfa de Gastroenterologia, Hospital das Clinicas da UFMG
Introducão: A doença hepática gordurosa não-alcoólica (DHGNA) é
atualmente a doença hepática crônica mais comum. Dieta hipocalórica
e exercício físico são considerados principal medida terapêutica. No
entanto, estas medidas comportamentais devem ser mantidas no longo
prazo. Objetivos: Avaliar a resposta ao aconselhamento nutricional
por meio da determinação de parâmetros antropométricos e
bioquímicos em pacientes com DHGNA, no longo prazo. Métodos:
coorte prospectiva de pacientes com DHGNA assistidos no HC-UFMG,
2005-2011. DHGNA diagnosticada pelos critérios AGA. Após avaliação
clínico-laboratorial, os pacientes receberam orientação de dieta
hipocalórica individualizada (1400kcal/d/mulher e 1600kcal/d/homem)
sendo acompanhados trimestralmente. Considerou-se resposta
terapêutica, perda de peso ≥5% do peso corporal inicial, ao término
do seguimento. Resultados: dos 105 pacientes incluídos, 45 (42,9%)
não retornaram após a primeira avaliação. Exceto pela proporção de
hipertensos, maior no grupo que permaneceu no estudo (63,6% vs
36,4% p = 0,02), não foram observadas outras diferenças nos
parâmetros clínicos e laboratoriais entre esses grupos. Dos 60
indivíduos que retornaram para tratamento, 49 (81,7%) eram mulheres;
idade média 55± 9 anos; tempo mediano de acompanhamento 6,5
meses (3,2-26,9 meses) e o número mediano de consultas 3 (2-11).
A mediana do IMC foi 31,9 kg/m2 (23,8-44,9kg/m2). Tiveram indicação
para realização da biopsia hepática, 22 pacientes. A proporção de
pacientes que alcançaram perda de peso >5% ao longo do tempo foi
à seguinte: aos 6 meses de seguimento, 5 dos 20 pacientes
acompanhados; aos 12 meses, 3 de 15 pacientes; aos 18 meses, 3
de 12 pacientes; e ao término do seguimento, 4 dos 13 indivíduos em
acompanhamento. A redução média do peso corporal e do IMC aos 6,
12, 18 e 24 meses foram, respectivamente: 2,5kg, 1,5kg, 2kg e 1,6kg
e 1,04kg/m2, 0,66kg/m2, 0,83kg/m2 e 0,69kg/m2, sendo esses valores
significativos em relação ao peso inicial. Síndrome metabólica e
hipercolesterolemia foram mais frequentes no gênero feminino, tanto
no início como no final do estudo. Conclusão: Diante da abordagem
nutricional proposta apenas uma pequena proporção de pacientes
alcançou a perda de peso objetivada e esta não foi acompanhada de
melhora nos parâmetros bioquímicos, independentemente do tempo
de seguimento. Portanto, é necessária a investigação de alternativas
que aumentem a adesão às mudanças do estilo de vida deste grupo
de indivíduos.
Palavras-chaves: doença hepática gordurosa não-alcoólica,
esteatose hepática, estilo de vida, terapia comportamental, dieta
hipocalórica, obesidade
TL 236
RESPOSTA VIROLÓGICA SUSTENTADA APÓS TRATAMENTO
ULTRA CURTO DE 4 SEMANAS COM ESQUEMA TRÍPLICE COM
TELAPREVIR - RELATO DE CASO
Rosamar Eulira Fontes Rezende
Centro de Referência em Especialidades - Secretária Municipal de
Saúde de Ribeirão Preto (CRE SMS-RP)
Introdução: Estudos de fase II (PROVE 1 e PROVE 2) com terapia
tríplice com telaprevir (TVR) realizados em indivíduos infectados pelo
HCV, genótipo 1, com perfil genético IL28B CC, sem cirrose, virgens
de tratamento, demonstraram taxas de resposta virológica sustentada
(RVS) semelhantes, utilizando esquemas de TVR/PR12 semanas ou
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
TVR12/PR24 semanas. Resultados, obtidos com o mesmo perfil de
pacientes, incluindo recidivantes, têm sido reproduzidos por estudo
de Fase III (CONCISE), sugerindo que a duração do tratamento com
esquema tríplice com TVR, nesta população, poderia ser encurtado
para 12 semanas. Objetivo: Relatar um caso de hepatite C crônica,
virgem de tratamento, com fibrose grave, submetido ao esquema
tríplice com TVR, com tempo de tratamento ultra curto de 4 semanas,
com obtenção de RVS. Relato do Caso: I.R., 59 anos, sexo feminino,
branca. Antecedente de púrpura trombocitopênica idiopática, com
várias transfusões de sangue e de plaquetas na infância e
esplenectomia em 2010. Diagnóstico de HCV em 2011 [Genótipo 1b,
HCV-RNA quantitativo de 1.048.125UI/mL (6,02log), biópsia hepática
com METAVIR A3F3], perfil genético IL28B CC. Indicado tratamento
com PEG IFN alfa 2a 180mcg/semana, RBV 1g/dia e TVR 2,25g/dia.
Administrou, por conta própria, dose isolada de 1 ampola de PEG IFN
associada à RBV 500mg, cerca de 30 dias antes de receber o TVR.
Coletado novo HCV-RNA quantitativo pré-tratamento com carga viral
(CV) detectável, <12UI/mL (resultado visto após 4 semanas de terapia
tríplice). Durante o tratamento, apresentou febre, prurido cutâneo e
cefaléia. Na 4ª semana, evoluiu com anemia sintomática [Hb 10,6g/dL
sendo Hb inicial de 14,0g/dL). Introduzido eritropoietina 40.000UI/
semana e reduzida dose da RBV (750mg/dia). HCV-RNA 4ª semana
de tratamento com CV indetectável. Na 5º semana, cursou com
palpitações, síncope e precordialgia atípica, sendo internada e todas
as drogas da terapia tríplice suspensas, de forma definitiva, devido
efeitos colaterais. Realizado HCV-RNA quantitativo 24 semanas após
o término do tratamento com CV indetectável, configurando RVS.
Conclusão: Fatores do hospedeiro (sexo, idade, perfil IL28B, estágio
da fibrose), bem como fatores virais (genótipo e níveis de RNA viral)
são, sabidamente, determinantes na obtenção de RVS. Em relação
ao caso apresentado, estudos adicionais são necessários para
elucidar outras condições virais e do hospedeiro que possam ter
contribuído para obtenção de RVS com apenas 4 semanas de
tratamento.
TL 237
REGRESSÃO DE CARCINOMA HEPATOCELULAR ASSOCIADA À
MORINDA CITRIFOLIA: MITO OU REALIDADE? - RELATO DE
CASO
Rosamar Eulira Fontes Rezende, Michel Soares Gomes Gouvêa, João
Renato Rebello Pinho, Adriana Zuolo Coppini, Paulo Celso Bosco
Masarollo
1 - Centro de Referência em Especialidades - Secretária Municipal
de Saúde de Ribeirão Preto (CRE SMS-RP); 2 - Departamento de
Gastroenterologia - Instituto de Medicina Tropical - Faculdade de
Medicina - USP; 3 - Serviço de Transplante Hepático - Irmandade da
Santa da Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP)
Introdução: O uso da medicina complementar e alternativa é comum
entre pacientes com câncer. O suco da fruta Morinda citrifolia ou
Noni, planta medicinal do sudeste asiático, tem sido alvo de pesquisas
em pacientes com neoplasia, devido suas propriedades antiproliferativa (citotoxicidade/apoptose) e antiangiogênica. Relato de
Caso: OFM, 60 anos, sexo masculino, diagnóstico de hepatite B
crônica em 1985, após doação de sangue. Procurou atendimento
médico em 2006, sendo constatado HBsAg positivo, HBeAg negativo,
aminotransferases 1,5x acima do VR, PCR HBV-DNA quantitativo de
3900 UI/mL e biópsia hepática METAVIR A2F1. Prescrito em abril/
2007, lamivudina 150mg/dia, obtendo-se carga viral (CV) indetectável,
após 6 meses de uso do antiviral. Apresentou em maio/2012, elevação
de alfa feto proteína (AFP) de 334,10 ng/ml (VR<8,1 ng/ml) e
ressonância de abdome (18/06/2012) revelou nódulo hepático,
2,4x1,8cm, segmento VIII, compatível com carcinoma hepatocelular.
Descartado metástase loco-regionais e a distância, elastografia
hepática pelo fibroscan® evidenciou elasticidade (mediana) de
5,6 kPa, correspondente ao estadiamento F0F1 de Metavir e
endoscopia digestiva alta sem sinais de hipertensão portal. Indicado
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
ressecção cirúrgica do nódulo hepático. Dois meses antes do
procedimento cirúrgico, paciente iniciou, por conta própria, ingestão
de suco de Morinda citrifolia, 50ml 2x/dia. Em junho de 2012, após 5
anos de CV indetectável, houve elevação para 129 UI/mL (resultado
repetido e confirmado em julho e setembro/2012), pesquisa de
genotipagem e de resistência aos antivirais, demonstrou subgenótipo
D3, mutações L180M (+) e M204V (+), sendo modificado antiviral
para tenofovir 300mg/dia. Submetido à intervenção cirúrgica (06/09/
2012), identificado nódulo de consistência endurecida, US intraoperatório, nódulo de 2x2cm, segmento VIII, próximo à veia hepática
média e cava inferior. Realizado nodulectomia: anatomopatológico
revelou necrose de padrão isquêmico circundada por fibrose. Após
procedimento cirúrgico, evoluiu com normalização de AFP e última
ressonância de abdome (março/2013), sem sinais de lesões residuais
ou recidivas. Nova CV realizada após 9 meses de tenofovir, indetectável. Conclusão: Pesquisas in vitro e em animais in vivo sugerem
atividade anti-tumoral associada à Morinda citrifolia. Estudos adicionais
são necessários para determinação da substância ativa presente na
fruta que poderia ser utilizada como terapia adjuvante em pacientes
com neoplasia.
TL 238
FATORES DE RISCO PARA RECORRÊNCIA DE CARCINOMA
HEPATOCELULAR APÓS O TRANSPLANTE DE FÍGADO
Lucas Gama Barbosa, Paulo Lisboa Bittencourt, Andrea Ribeiro
Cavalcante, Liana Codes, Juliana Ribeiro de Freitas and Equipe de
Transplante Hepático* do Hospital Portugues; Salvador; Bahia
Hospital Portugues/Hospital Universitário Prof. Edgard Santos,
Salvador/BA
Transplante hepático (TH) oferece a melhor chance de cura e maior
sobrevida livre da doença para pacientes com cirrose e carcinoma
hepatocelular (CHC) que preenchem os critérios de Milão. Embora
esses critérios tenham sido aceitos internacionalmente na indicação
de TH para CHC, recidiva tumoral pode ocorrer em 4%-16% dos
casos. Objetivos: Avaliar a frequência de recorrência de CHC após
TH, e investigar os achados clínicos, laboratoriais e histológicos
relacionados a um maior risco de recorrência tumoral após TH.
Pacientes e métodos: 167 pacientes submetidos ao TH, entre
maio de 2001 e maio de 2011, foram investigados retrospectivamente,
e 23% deles apresentaram CHC após a análise patológica do fígado
explantado. Parâmetros clínicos, laboratoriais e histopatológicos,
previamente relacionados a um maior risco de recidiva tumoral, foram
comparados de acordo com a ocorrência de CHC após TH.
Resultados: Trinta e oito pacientes (36 homens; idade mediana 59
[44-69] anos) foram submetidos ao TH por CHC. 74% deles tinham
hepatite C e/ou álcool como etiologia para cirrose. A mediana do número
de nódulos e do diâmetro do maior nódulo foram, respectivamente, 1
[1-4] nódulo e 2,5 [1-7] cm. A maioria dos pacientes apresentou tumores
moderadamente diferenciados (63%), com uma frequência de invasão
vascular de 13%. Sobrevida global acumulada foi de 71% após uma
média de 15 [6-76] meses de seguimento. Todos os indivíduos que
apresentaram recidiva de CHC morreram dentro de 4 [3-10] meses
após a recorrência tumoral. Pacientes com recorrência tiveram mais
sessões de quimioembolização (100% vs. 48% dos pacientes sem
recorrência, p =0,003), mais nódulos ao exame do explante (2,5 [1-4]
vs. 1 [1-3] dos pacientes sem recorrência, p =0,05), mais invasão
microvascular (75% vs. 9% dos pacientes sem recorrência, p =0,002)
e maior frequência de tipos histológicos adversos (100% vs. 4% dos
pacientes sem recorrência, p = 0,0001). Conclusões: Recidiva do
tumor ocorreu em 14% dos indivíduos submetidos ao TH devido a
CHC, e foi mais frequente em pacientes com tipos histológicos
adversos, nódulos mais numerosos e invasão vascular microscópica,
retratados no fígado explantado. TH para CHC no Brasil é associado
com melhores desfechos quando empregados os critérios de Milão,
atualmente estabelecidos.
97
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
239
ANÁLISE DO ESQUEMA VACINAL CONTRA HEPATITE B EM
ESTUDANTES DE AUXILIAR TÉCNICO EM ENFERMAGEM
Marilia Tavares Campos de Oliveira Gaboardi, Leonardo Weissmann,
Regina Gomes dos Santos
Grupo HEPATO, Grupo de Hepatites do Instituto de Infectologia
Emilio Ribas
Introdução: A hepatite B representa um problema de saúde pública
mundial, sendo a vacinação a principal forma de prevenção. É a
doença ocupacional infecciosa mais importante para os trabalhadores
da saúde, sendo que a principal fonte de transmissão ocupacional é
a exposição percutânea ou de mucosa ao sangue de indivíduos
infectados pelo vírus, mesmo em pequenas quantidades, além dos
fluidos corporais que também transmitem o vírus da hepatite B (VHB).
Além disso, o VHB sobrevive mais de uma semana no sangue seco
em temperatura ambiente e é resistente a detergentes comuns e
álcool. A imunização pré-exposição é representada pela imunização
ativa com a vacinação contra hepatite B, sendo o esquema clássico
de zero, um e seis meses. Objetivos: Analisar a prevalência da
vacinação completa contra a hepatite B em um grupo de estudantes
de Auxiliar Técnico em Enfermagem. Material e Métodos:Foram
analisadas as cadernetas de vacinação de estudantes de uma escola
de enfermagem da cidade de Osasco (SP), entregues no momento da
inscrição para o curso de Auxiliar Técnico em Enfermagem com o
esquema vacinal para hepatite B, documento obrigatório para a
realização do curso. Resultados: Analisamos 214 cadernetas de
vacinação. 197 (92,1%) eram do sexo feminino. A média de idade foi
de 29 anos (18 a 56 ). 21 (9,8%) estavam sem data de nascimento.
De acordo com a idade da 1.ª dose do esquema vacinal para hepatite
B, das 193 cadernetas que puderam ser analisadas 62 (32,1%) tomou
entre os 5 a 20 anos, 74 (28,3%) entre os 21 a 30 anos, 49 (25,4%)
entre os 31 a 40 anos e 8 (4,2%) entre os 41 a 60 anos. Em relação
ao esquema vacinal, 2 estudantes (0,9%) não tomaram a vacina, 41
(19,2%) somente 1 dose, 67 (31,3%) 2 doses e 104 (48,3%)
completaram as 3 doses, sendo que somente 14 estudantes (6,54%
do total e 13,5% dos que completaram as 3 doses) tomaram nas
datas preconizadas. Conclusão: 48,3% dos estudantes haviam tomado
as 3 doses da vacina ao iniciar o curso. Espera-se soroconversão
(anti-HBsAg ≥10 UI/ml) após três doses em mais de 95% dos vacinados.
Intervalos maiores do que os recomendados proporcionam resultados
equivalentes, não havendo a necessidade de reiniciar o esquema. Um
a dois meses após a terceira dose recomenda-se avaliação da
soroconversão. É importante que os trabalhadores da saúde saibam
se estão imunizados contra a hepatite B, pois, em caso negativo, eles
devem ser alertados de que são suscetíveis ao VHB e deverão seguir
a conduta da Secretaria de Saúde.
TL 240
MUTAÇÕES DE OCORRÊNCIA NATURAL RELACIONADAS À
RESISTÊNCIA AOS INIBIDORES DE POLIMERASE EM PACIENTES
MONO-INFECTADOS (HCV) E CO-INFECTADOS (HCV-HIV) DE
GENÓTIPO 1
Caroline Furtado Noble, Maria Cássia Mendes-Correa, Gaspar Lisboa
Neto, João Paulo Moreira, Olavo Henrique Munhoz Leite, David Everson
Uip, João Renato Rebello Pinho, Flair José Carrilho
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: O gene da NS5B codifica uma RNA polimerase RNAdependente que necessita de uma atividade de revisão, gerando uma
alta diversidade genética viral. Os AADs representam novas opções
para o tratamento do HCV. Embora uma alta barreira de resistência
esteja descrita, a eficácia dos inibidores de núcleosídeos é limitada
pela presença de mutações afetando a sensibilidade viral a essa
classe de drogas. Objetivos: Determinar a presença de mutações a
98
inibidores da NS5B em pacientes monoinfectados (HCV) e
coinfectados (HCV-HIV). Material e Métodos: Foram recrutados
pacientes monoinfectados (HCV) e coinfectados (HIV-HCV) de
genótipo 1. O RNA viral foi submetido à transcriptase reversa e um
fragmento de 1793 pb abrangendo a região NS5B foi amplificado e
sequenciado. As sequências de HCV foram genotipadas através de
reconstruções filogenéticas utilizando-se como referência as
sequências de NS5B obtidas no GenBank. Análises filogenéticas foram
conduzidas utilizando-se a simulação de Markov Chain Monte Carlo
(MCMC) implementada em BEAST v.1.5.3. Resultados: Obtiveramse sequências de genótipo 1 do HCV para 142 amostras em
monoinfectados e 60 amostras do grupo de coinfectados. Os Subtipos
de HCV encontrados nos coinfectados foram: 1a - 47 (68.12%) e 1b
- 13 (18.84%); E nos monoinfectados foram: 1a - 43 (30.28%) e 1b 95 (66.9%). A mutação Q309R foi mais frequente nos pacientes
coinfectados de Subtipo 1a do que nos monoinfectados (33.3%). As
mutações D310N, T329I e Y448H (2.0%) também foram encontradas
dentre os coinfectados de Subtipo 1a. Nos monoinfectados de Subtipo
1a, foram encontrados os mutantes M414I e I482L enquanto que nos
pacientes de Subtipo 1b desse mesmo grupo, foram encontradas as
mutações C316N e C316Y. Conclusão: O Subtipo 1a foi mais
frequente nos coinfectados, e o 1b nos monoinfectados. As mutações
Q309R, D310N e T329I foram previamente descritas como estando
associadas a resistência a Ribavirina. A mutação Y448H confere
resistência a vários inibidores não-nucleosídeos da NS5B (in vitro) e
foi observada em pacientes que receberam GS-91901. Os mutantes
C316N/Y e I482L têm sido descritos como estando associados a
resistência a JTK-853 e Filibuvir. Um alto nível de variantes resistentes
a drogas no baseline do paciente poderiam resultar em uma pior resposta
ao tratamento. Portanto, a determinação de mutações pré-existentes
pode ser significativa na predição da resposta ao tratamento.
TL 241
DOENÇAS HEPÁTICAS OCASIONADAS POR DROGAS (DHOD)
Paulo Cesar Rios da Silveira
Prefeitura Municipal de Angra dos Reis
Introdução: Cerca de 80 a 90% das DHOD são hepatites agudas,
sendo os testes da função hepática os fiéis marcadores do tipo e
gravidade da lesão. O metabolismo, resposta bioquímica e imunológica
são influenciadas por diversos fatores: genéticos, idade, sexo, estado
nutricional, tabagismo, álcool, doença hepática prévia ou presente,
uso de outras drogas, aditivos alimentares, integridade da flora
intestinal e poluentes ambientais entre outros. Métodos: Alertar o
médico a conhecer e detectar as reações do fígado às drogas através
do relato de um Caso Clínico: Homem leucodérmico, 72 anos, casado,
natural do RJ, aposentado, sem hepatopatias prévias e não etilista,
admitido com dor abdominal alta, náuseas, vômitos, astenia e icterícia
(3+/4+) há 07 dias, com exacerbação nas últimas 72horas. Estava
sob uso de Flutamida (tid) há 20 dias, para tratamento de Ca da
próstata. Exames complementares (admissão): Plqts=138 mil;
BT=23,6(d=6,4); ast=1998; alt=2534; albumina=3,4; tap=29"/43%%;
ggt=650; fa=430. Após 48horas: marcadores virais A, B e C
negativos; BT=20(d=6,3); ast=1101; alt=1702; ggt=520; fa=402;
albumina=3,5. Após 72horas: Plqts=130mil; tap=22"/59%%; ast=980;
alt=1589; ggt=523; PCR<6. No 5º dia: tap=15,6"/85%%;
BT=19,3(d=9,3); ast=498; alt=473; ggt=560; US Abdomen=colelitíase
(19mm), vesícula com paredes espessadas. No 7º dia: tap=16"/
67%%; Plqts=133mil; HC=normal; U=18; C=0,9; amilase=43;
BT=11,8(d=8,5); ast=176; alt=262; ggt=513; fa=591; ferritina=2366;
psa=3,99; FAN, AML e AAM negativos; AFP=30,7; gama
globulina=20,4; relação A/G=1,36; EEGD=pangastrite enant.
Moderada. TU=negativo; ColangioRM= colelitíase. Alta hospitalar.
Resultados: Após suspensão da Flutamida (na admissão) houve
remissão lenta, mas progressiva dos sintomas seguida de queda das
enzimas hepáticas e demais provas no período de seis meses. Alta
ambulatorial com referência à Cirurgia. Conclusão: A Flutamida é um
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
antiandrogênico não esteroidal, que impede os andrógenos de
expressar suas atividades nos tecidos alvos. A hepatotoxicidade por
Flutamida não excede 0,18%%, provavelmente por mecanismo
idiossincrásico envolvendo o Citocromo P450. A única indicação
terapêutica aprovada pela ANVISA é o Ca de próstata. A melhor forma
de prevenção das DHOD é conhecer bem a hepatoxicidade de cada
droga, os fatores predisponentes, sempre alertando ao paciente sobre
os para-efeitos, mantendo-o sob vigilância, realizando controle
bioquímico frequente e eventualmente biopsia hepática.
TL 242
AVALIAÇÃO CLÍNICA-BIOQUÍMICA E DO ESTILO DE VIDA EM
PACIENTES PORTADORES DE DOENÇA HEPATICA GORDUROSA
NÃO ALCOÓLICA
Fabiola Rabelo, Wanda Regina Caly, Aline Coelho Rocha, Wilson
Roberto Catapani
Faculdade de Medicina do ABC
Introdução: A Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA)
está habitualmente associada à Síndrome Metabólica, estipulada pela
ATPIII (Adult Treatment Painel) verificando-se que tanto a dieta
orientada como a atividade física tem importância fundamental no
controle dessa síndrome, além da adesão medicamentosa voltada
para as diversas morbidades. Objetivos: Verificar a evolução clínica
e bioquímica hepática de pacientes portadores de DHGNA, ambulatoriais, em um período mínimo de 05 anos de seguimento. Material e
Métodos: Estudo retrospectivo de 12 pacientes, portadores de
DHGNA, diagnosticada por exames de imagem (Ultrassom/ Tomografia
abdominal) e/ou biópsia hepática, Os pacientes foram encaminhados
para dieta orientada por nutricionista na consulta inicial (CI) e solicitados
á fazerem atividade física regular (mínimo: 150 minutos/semana). O
uso de medicamentos específicos foi realizado, quando necessário
(hipoglicemiantes orais, estatinas / fibrato, antihipertensivos). Do total
de pacientes incluídos, 5 eram diabéticos, 5 hipertensos e 8
dislipidêmicos. Em todos os pacientes foram solicitados exames
laboratoriais gerais e coletados dados antropométricos, que foram
avaliados á consulta inicial (CI) e á consulta final (CF). Resultados:
A idade média foi de 50,6 anos (34-76), todos do gênero feminino. O
diagnóstico de obesidade foi feito em 7/12 (58,3%) nas avaliações
inicial e final. Apenas 41,7% só cumpriram a dieta orientada na CI.
Mantiveram-se hipertensos 41,7% dos pacientes nas duas avaliações;
33,3% não apresentaram hipertensão na CI e CF e 25% se tornaram
hipertensos (CF). Durante toda a evolução, 33,3% não realizaram
atividade física durante todo o acompanhamento, enquanto que o
mesmo percentual realizou exercícios físicos apenas ao início do
tratamento. Na avaliação dos níveis glicêmicos (CI e CF), houve
significante redução de seus valores, nas avaliações CI e CF,
respectivamente: 139,5 ± 70,03 e 103,8±41,59, p= 0,017 (IC 7.32 a
64.10). Da mesma forma, houve redução significativa das dosagens
do colesterol inicial e final: 250,7 ± 75,0 e 198,1 ±87,8 p= 0,0005 (IC
27.76 a 77.39), em que pesem as diferenças de tratamento
observadas. Conclusões: A despeito do pequeno número de
pacientes, verificamos que o seguimento da DHGNA se mostra difícil
na medida em que há resistência na prática de mudanças no estilo de
vida. Verificamos que apenas alguns dos parâmetros dependentes
do uso de medicamentos foram os que se modificaram na evolução
desses anos.
TL 243
RELATO DE CASO - ADENOMA HEPÁTICO COM DISPLASIA EM
PACIENTE COM DIAGNÓSTICO DE GLICOGENOSE TIPO I
Susan Louise Kakitani Takata, Ana Lc Martinelli, Márcia Villanova,
Andreza Teixeira, Karla Sawada Toda, Rafael Lopes Gurgel, Fernanda
Sumire Araki
FMUSP- RP
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
Introdução: A glicogenose tipo I é uma doença autossômica
recessiva relacionada ao metabolismo do carboidrato, causada pela
deficiência da glicose-6-fosfatase. Existem diversos relatos de lesões
focais hepáticas nestes pacientes, porém a grande maioria é
relacionada ao adenoma hepatocelular. São poucos os casos de
hiperplasia nodular focal e carcinoma hepatocelular. Objetivos: Relatar
caso de paciente com glicogenose tipo I submetido a hepatectomia
parcial devido a suspeita de hepatocarcinoma. Material e métodos:
revisão de prontuário e de artigos. Resultados: Paciente masculino,
23 anos, em acompanhamento pelo serviço de hepatologia desde
seus 2 anos de idade por diagnóstico de glicogenose tipo I. Manteve
seguimento sem intercorrências até os 19 anos, quando, ao realizar
ultrassom abdominal de rotina, foi detectada lesão nodular focal em
segmento 6 do fígado. A ressonância magnética do abdome mostrou
lesão de 1,5 cm, de características indeterminadas, não podendo
excluir nódulo displásico. Optado por seguimento com exames de
imagem. Após 1 ano e 7 meses, também em ressonância magnética
de abdome, foram detectados dois nódulos hepáticos, em segmentos
6 e 7, sendo que as características não permitiam definir as lesões
como benignas. Optado por biópsia hepática percutânea por agulha
que mostrou adenoma hepático, sem características para
malignidade. Realizada hepatectomia parcial do segmento 6,
nodulectomia nos segmentos 5 e 7 e alcoolização intraoperatória de
três nódulos em segmentos 3, 4 e 5 . A avaliação anatomopatológica
de todas as lesões permitiu o diagnóstico de adenomas
hepatocelulares, sendo que o maior deles (2,7 cm em segmento 6)
apresentava focos de displasia hepatocelular tipo pequenas células.
O paciente segue em acompanhamento ambulatorial, clinicamente
assintomático, e sem novas lesões hepáticas focais em exames de
imagem periódicos. Discussão: A incidência de adenoma
hepatocelular é maior que o de carcinoma hepatocelular na
glicogenose, porém há relatos de malignização a partir de adenomas.
Os mecanismos de desenvolvimento do carcinoma hepatocelular
na glicogenose não são bem definidos, porém discute-se como
possível explicação períodos prolongados de hipoglicemia, a partir
de acúmulo de metabólitos anormais no fígado que agiriam como
carcinogênicos. Por outro lado, há relatos de casos de regressão
do adenoma após adequação da dieta.
TL 244
ETIOLOGIA DA CIRROSE EM PACIENTES AVALIADOS EM NÍVEL
AMBULATORIAL
Angelo Alves de Mattos, Jorge Alberto John, Suelen Aparecida da
Silva Miozzo, Pedro Henrique Comerlato, Mariana Porto, Priscila
Contiero, Renata Rodrigues da Silva
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
Introdução: As doenças hepáticas representam importante problema
de saúde pública, devido à prevalência e ao prognóstico muitas vezes
sombrio. As etiologias mais comuns das hepatopatias crônicas são
as infecções crônicas pelo vírus da hepatite B (VHB) e C (VHC),
doença hepática alcoólica e doença hepática gordurosa não alcoólica
(DHGNA), com suas prevalências variando de acordo com a região.
Os trabalhos que avaliam esta população em nível ambulatorial são
escassos na literatura do nosso país. Objetivos: Avaliar a prevalência
de cada etiologia nos pacientes com diagnóstico de cirrose, atendidos
em um ambulatório terciário. Materiais e Métodos: Foi realizado um
estudo de coorte, observacional e retrospectivo em todos pacientes
com diagnóstico de cirrose com acompanhamento em ambulatório
terciário, entre março de 2005 a março de 2010. Foram incluídos
todos os pacientes com diagnóstico de cirrose e seguimento mínimo
de um ano. Foram excluídos casos de coinfecção com HIV, com
transplante de órgãos prévio, com diagnóstico de CHC avançado no
primeiro atendimento, com aqueles com ausência de registro adequado
ou com perda de seguimento. Critérios para etiologia: VHC - anti-HCV
+ PCR-VHC; VHB - HBsAg + PCR-VHB; Álcool - ingestão >210g/
semana por 10 anos (homens) ou 140g (mulheres); Outros casos-
99
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
outros diagnósticos realizados através de histologia, exames
laboratoriais/imagem ou por exclusão. O projeto foi aprovado pelo
CEP institucional. Os dados foram analisados com o programa SPSS
18.0. Resultados: Entre os 527 pacientes incluídos no estudo, a
principal etiologia encontrada para a cirrose foi o VHC, 186 (35%),
sendo seguida pelo álcool, 126 (24%), associação de VHC e álcool,
119 (23%), criptogênica, 20 (3,8%), hepatite autoimune, 16 (3%),
VHB, 11 (2,1%), VHB e álcool, 9 (1,7%), cirrose biliar primária, 9
(1,7%), álcool e etiologias não-virais associados, 7 (1,3%), DHGNA,
6 (1,1%), associação de VHB, VHC e álcool, 4 (0,8%), doença de
Wilson, 3 (0,6%), cirrose biliar secundária, 3 (0,6%), colangite
esclerosante primária, 2 (0,4%). As demais associações corresponderam a 1% dos casos. Conclusão: O VHC como agente único
corresponde a pouco mais de um terço dos casos, índice que
aumenta para 50% quando associado com outras etiologias. O álcool
também está relacionado de forma significativa aos casos de cirrose.
Já o VHB teve baixa prevalência, diferenciando nossa região de
outras do País, onde essa infecção é considerada como causa
importante de cirrose.
TL 245
CARCINOMA HEPATOCELULAR EM
ESQUISTOSSOMOSE HEPATOESPLÊNICA
PACIENTE
COM
Susan Louise Kakitani Takata, Ana Lc Martinelli, Márcia Villanova,
Andreza Teixeira,Karla Sawada Toda, Rafael Lopes Gurgel, Fernanda
Sumire Araki
FMUSP- RP
Introdução: A esquistossomose é uma doença endêmica de diversas
regiões do Brasil e discute-se ser um possível fator de risco para o
carcinoma hepatocelular. Objetivos: Relatar o caso de paciente com
diagnóstico de esquistossomose que apresentou carcinoma hepatocelular. Material e métodos: revisão de prontuário e de artigos.
Resultados: Paciente masculino, 74 anos, em acompanhamento pelo
serviço de hepatologia desde 2006 com diagnóstico de esquistossomose. Relatou uso de praziquantel na época do diagnóstico. Em
novembro de 2011, ressonância de abdome mostrou imagens
compatíveis com carcinoma hepatocelular em segmento III/IV de 6,8x
6,7x 7,5cm (com sangramento no interior, além de causar dilatação
de vias biliares intra-hepáticas lobo esquerdo) e em segmento VII de
1,4cm, além de nódulos displásicos em segmento VII. O paciente foi
submetido a biópsia que confirmou tanto o diagnóstico de esquistossomose quanto o de carcinoma hepatocelular. Realizada hepatectomia lateral esquerda e evoluiu bem, em acompanhamento ambulatorial
com ressonância de abdômen semestral. Discussão: Relata-se um
caso de carcinoma hepatocelular associado a esquistossomose
hepatoesplênica sem evidência de outras causas de doença hepática
crônica. Os artigos de revisão da literatura mostram que pacientes
com esquistossomose possuem maior incidência de infecções pelas
hepatites B e C em relação a pacientes de grupo controle. Acredita-se
que pacientes com esquistossomose hepatoesplênica possuem maior
susceptibilidade a se tornarem portadores crônicos destes vírus devido
a um sistema imune debilitado pela doença, além de terem progressão
da lesão hepática mais acelerada, inclusive para carcinoma hepatocelular. Alguns estudos realizados em regiões endêmicas no Brasil e
no Egito mostram uma maior incidência de hepatocarcinoma em
pacientes com esquistomossomose, porém estes casos em geral são
associados a pelo menos um outro fator de risco, como infecções
virais ou exposição a aflatoxina. Assim, o papel da esquistossomose
como fator de risco isolado para o hepatocarcinoma ainda é discutível,
porém acredita-se que possa ser importante cofator.
100
TL 246
TEMPO DE SOBREVIDA EM PACIENTES COM CIRROSE ATENDIDOS
EM AMBULATÓRIO TERCIÁRIO
Angelo Alves de Mattos, Jorge Alberto John, Suelen Aparecida da
Silva Miozzo, Pedro Henrique Comerlato, Mariana Porto, Priscila
Contiero, Renata Rodrigues da Silva
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
Introdução: Estudos que avaliam o tempo de sobrevida de pacientes
com cirrose, acompanhados em nível ambulatorial, são escassos na
literatura. Objetivos: Avaliar o tempo de sobrevida de pacientes
cirróticos acompanhados em nível ambulatorial, bem como os fatores
de risco relacionados. Materiais e Métodos: Realizamos um estudo
de coorte, observacional e retrospectivo em todos pacientes com
diagnóstico de cirrose, acompanhados de forma consecutiva em um
ambulatório de nível terciário. Foram incluídos todos com diagnóstico
de cirrose e seguimento mínimo de um ano. Foram excluídos casos de
coinfecção com HIV, com transplante de órgãos prévio, com diagnóstico
de CHC avançado no primeiro atendimento e aqueles com ausência de
registros adequados ou os com perda de seguimento. Para a sobrevida
dos pacientes utilizamos curvas de Kaplan-Meier (KM). Para fatores
independentemente associados ao óbito, utilizamos na regressão de
Cox um processo de seleção retrógrada (backward selection) com
nível de significância aumentado para α=0,10. Resultados: Foram
avaliados 527 pacientes, tendo sido Identificada uma sobrevida mediana
de 12 anos observando-se uma taxa de sobrevida de 73% aos 5 anos
e 57% aos 10 anos. Ao avaliarmos a sobrevida de acordo com o fator
etiológico, identificamos uma sobrevida, em 5 e 10 anos, respectivamente, de 68% e 46% para os pacientes com VHC, 77% e 66%
para os com etiologia alcoólica, 70% e 45% quando ambos os fatores
estiveram envolvidos e de 84% e 68% para as demais causas
(p=0,004). Efetuando uma análise multivariada se identificou como
fatores de risco para óbito no inicio do acompanhamento, a etiologia
relacionada com VHC (p=0,014); os níveis de albumina (p=0,005) e a
presença de CHC (p=0,001). No final do seguimento foram considerados
fatores de risco pacientes com Child B ou C (p<0,003), escore de
MELD >15 (p=0,086), níveis de creatinina (p=0,037), de albumina
(p=0,087) e de sódio (p<0,001, além da presença de CHC (p=0,066).
Conclusão: Observamos que a sobrevida dos pacientes variou de
acordo com a etiologia e que é importante o reconhecimento de fatores
de risco associados com o intuito de identificar a população que
necessita de um maior controle.
TL 247
APRESENTAÇÃO ATÍPICA DE CARCINOMA HEPATOCELULAR:
METÁSTASE PARA PARTES MOLES
Carolina Oliveira Santos, Tirzah de Mendonça Lopes, Lucas Marques
de Faria, Leticia Stahelin, Livia dos Reis Pandolfi, Jazon Romilson de
Souza Almeida, Tiago Sevá Pereira, Leonardo Trevisan Munici,
Fernanda Proa Ferreira
UNICAMP
Introdução: O carcinoma hepatocelular (CHC) tem como sítios
metastáticos mais comuns os pulmões, linfonodos periportais, adrenais
e ossos. Lesões metastáticas, muito raramente, constituem a forma
de apresentação clínica primária do CHC. Objetivo: Relatar
apresentação inicial atípica de carcinoma hepatocelular com lesão
metastática em tecidos moles. Relato de caso: VT, 53 anos,
masculino, com história de há oito meses ter notado lesão nodular de
1cm em região glútea, dolorosa, sem outros sinais flogísticos. Após
quatro meses, a lesão já se apresentava com 10cm, extendendo-se
para coxa, procurando atendimento médico. Exames realizados: RNM
de coxa esquerda: volumoso processo expansivo muscular,
destruindo osso ilíaco adjacente; Cintilografia Óssea: lesão extensa
e irregular de partes moles em coxa esquerda e pequena lesão
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
osteoblástica na transição isquiopélvica; PET-TC: lesão osteolítica
hipermetabólica no ísquio esquerdo, com volumosa extensão para
tecidos moles; aumento de atividade metabólica em topografia de veia
cava inferior, veia supra-hepática direita e átrio direito. Realizada
biopsia da lesão que evidenciou neoplasia maligna epitelióide
inespecífica, sendo paciente encaminhado para 10 sessões de
radioterapia. No entanto a imunohistoquímica evidenciou achados
sugestivos de CHC (AE1/AE3 e CEA positivos). O paciente foi
encaminhado à Hepatologia. Ao exame físico, notava-se fígado a 3cm
do rebordo costal direito, baço percutível, edema em membros
inferiores (++/4+), destacando-se em face externa de coxa esquerda
massa palpável, endurecida e dolorosa. Referia etilismo importante,
sem outras comorbidades. Exames laboratoriais: AFP 82,8ng/mL, INR
0,92, albumina 4,1g/dL, ALT 47U/L, AST 86U/L, Bi 0,34mg/dL, FALC
162U/L, GGT 204U/L, Hb 11,9g/dL, plaquetas 394.000/mm³, leucometria
11.170/mm3, AgHBs negativo, anti-HBc negativo e anti-HCV positivo.
Endoscopia digestiva alta: varizes esofágicas de médio calibre. TC
de abdome: fígado sugestivo de hepatopatia crônica, com lesão
hipercaptante na fase arterial, com wash-out, ocupando todo o lobo
direito, e invasão de veia porta, veia cava inferior e átrio direito.
Conclusão: Carcinoma hepatocelular infiltrativo com invasão vascular
em paciente sem diagnóstico prévio de cirrose hepática, apresentandose com metástase em face externa de coxa esquerda.
TL 248
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO CALAZAR NO ESTADO DO
MARANHÃO
Graça Maria de Castro Viana, Walter Hugo Brandão Nascimento, Marcos
Antonio Custódio Neto da Silva, Geusa Feliapa de Barros Bezerra, Walbert
Edson Muniz Filho, Maria do Desterro Soares Brandão Nascimento
Universidade Federal do Maranhão - UFMA
Introdução: A leishmaniose visceral (LV) ou calazar é uma zoonose
de grande relevância na saúde coletiva devido à sua importância
epidemiológica, alta letalidade em pacientes não tratados e
soroprevalência. A leishmaniose visceral é uma doença de notificação
compulsória, que se tornou um importante problema de saúde pública
no Brasil. No Maranhão, os primeiros registros de casos autóctones
humanos de LV em área urbana ocorreram em 1982, no município de
São Luís. As condições sócio-econômicas, ambientais e hábitos de
vida são fatores significativos na epidemiologia da leishmaniose
visceral em áreas endêmicas. É uma doença febril de curso prolongado,
caracterizada por palidez, emagrecimento, aumento do volume
abdominal, hepatoesplenomegalia e edema. O diagnóstico é realizado
a partir de achados clínico-epidemiológicos e exames complementares.
Objetivos: Investigar as características epidemiológicas da
leishmaniose visceral, identificando os aspectos sociodemográficos
da endemia no Estado do Maranhão. Material e Métodos: Estudo
retrospectivo, descritivo, de casos diagnosticados de Leishmaniose
Visceral no Estado do Maranhão. Foram analisados os registros do
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) por
intermédio do Departamento de Vigilância Epidemiológica da Secretaria
de Estado da Saúde do Maranhão no período de 2001 a 2013. Foram
analisados: idade, sexo, escolaridade, manifestações hemorrágicas,
droga inicial e evolução. Resultados: No período em questão foram
observados 5.982 casos humanos de LV, com uma média de 460,15
casos/ano. Quanto à idade, 2.428 casos (40.6%) ocorreram em
crianças na faixa etária entre 1 e 4 anos. Quanto ao sexo, prevaleceu
o sexo masculino com 58.8% dos casos. Quanto à escolaridade,
21.07% dos casos tinham o ensino fundamental incompleto. A maior
parte dos pacientes teve a confirmação parasitológica, o critério
clínico-epidemiológico isoladamente não foi relevante. 224 casos
(3.74%) apresentaram fenômenos hemorrágicos. O antimonial
pentavalente foi a droga de 1ª escolha no tratamento em 90.3% dos
casos. Nessa casuística, 95.25% dos casos evoluíram para cura.
Conclusão: A leishmaniose visceral encontra-se amplamente
distribuída no Estado do Maranhão. A análise dos dados clínicos e
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
epidemiológicos é importante para a definição da melhor conduta e
a fim de evitar os óbitos e complicações decorrentes dessa doença.
TL 249
ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS DO CALAZAR NO
MUNICÍPIO DE CAXIAS - MA
Marcos Antonio Custódio Neto da Silva, Walter Hugo Brandão
Nascimento, Geusa Feliapa de Barros Bezerra, Walbert Edson Muniz
Filho, Irenes Sousa da Silva, Graça Maria de Castro Viana, Maria do
Desterro Soares Brandão Nascimento
Universidade Federal do Maranhão - UFMA
A Leishmaniose Visceral (LV) é uma antropozoonose causada pelo
protozoário da família Trypnosomatidae, gênero e subgênero
Leishmania e espécie chagasi-L. (L.) chagasi. A LV é endêmica em
47 países, sendo que 90% dos casos ocorrem no Brasil, especialmente
na Região Nordeste. Na LV a faixa etária menor de 10 anos,
especialmente a menor de cinco anos, é a mais frequentemente
atingida. A infecção pela L.(L) chagasi caracteriza-se por um estado
febril, palidez, emagrecimento, aumento do volume abdominal,
hepatoesplenomegalia e edema. Observam-se ainda outras
manifestações clínicas como tosse, diarreia, icterícia e hemorragias
que dificultam o diagnóstico diferencial com outras doenças,
retardando a identificação, o que pode levar o paciente à morte. O
diagnóstico é realizado a partir de achados clínico-epidemiológicos e
de exames complementares como fixação do complemento,
imunofluorescência indireta, teste de aglutinação direta, ELISA e DotELISA, assim como técnicas de biologia molecular como a reação em
cadeia da polimerase. O padrão-ouro é o diagnóstico parasitológico
por aspiração de baço, medula, fígado e linfonodos. Objetivos:
Objetivou-se analisar os dados clínicos, epidemiológicos, laboratoriais
e terapêuticos de pacientes portadores de leishmaniose visceral (LV),
em uma área endêmica do Estado do Maranhão. Material e Métodos:
Estudo retrospectivo, descritivo, de casos diagnosticados de
Leishmaniose Visceral no município de Caxias, atendidos no Hospital
Infantil Dr. João Viana, no período de 2007 a 2011. Os dados avaliados
foram fornecidos pela Secretaria de Vigilância Epidemiológica. Foram
analisados idade, sexo, raça, critério diagnóstico, manifestações
clínicas, droga inicial e evolução. Resultados: Observou-se que do
total de 180 casos (100%), 70% estavam na faixa etária até 9 anos
de idade, 108 casos eram do sexo masculino (60%) e 72 casos eram
do sexo feminino (40%). Quanto à raça, 80,6% dos casos eram
pardos. Em relação ao critério diagnóstico, houve prevalência do
método clínico-epidemiológico (85,5%). Quanto às manifestações
clínicas, 6% dos casos apresentaram hemorragia, 21,6% quadros
infecciosos, 51,7% hepatomegalia, 76,7% esplenomegalia, 79,7%
palidez, 77,9% emagrecimento, 51,1% tosse e/ou diarreia, 24%
icterícia, 25,7% edema, 86,4% astenia e 95, 5% febre. A droga inicial
foi o antamonial pentavalente em 87,2% dos casos e 92,3% dos
casos evoluíram para cura. Conclusão: A Leishmaniose Visceral é
uma doença endêmica que apresenta diversas complicações,
especialmente em crianças. O diagnóstico precoce e o controle da
doença devem ser aprimorados A LV é um problema de saúde pública
e deve ser combatido, a fim de minimizar danos e custos.
TL 250
CARCINOMA HEPATOCELULAR EM PACIENTES INTERNADOS NA
ENFERMARIA DE GASTROENTEROLOGIA DE UM HOSPITAL
TERCIÁRIO
Natália de Carvalho Trevizoli, Ana Carolina Benvindo Lopes, Fernando
Sevilla Casan, Liliana Sampaio Costa Mendes, José Eduardo Trevizoli
Hospital de Base do Distrito Federal
Introdução: O carcinoma hepatocelular (CHC) é uma neoplasia
primária do fígado, que usualmente se desenvolve relacionado à
101
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
cirrose hepática. O diagnóstico pode ser baseado em exames de
imagem, dosagem de alfa-fetoproteína (AFP) e/ou biópsia. As opções
terapêuticas curativas incluem ressecção, transplante hepático e
ablação. Alternativas destinadas ao controle do crescimento tumoral
são quimioembolização e sorafenibe. Também há o tratamento
paliativo, visando garantir qualidade de vida. Objetivos: Descrever o
perfil epidemiológico, proposta de tratamento e evolução dos pacientes
com diagnóstico de CHC internados na enfermaria de Gastroenterologia de um hospital terciário. Material e Métodos: Estudo
longitudinal de dados obtidos através da revisão de prontuários. Foram
analisadas as internações que ocorreram no período de Março de
2012 a Junho de 2013. Resultados: Foram analisados 22 pacientes
com diagnóstico de CHC (previamente ou durante a internação). Do
total, 81,8% apresentavam cirrose hepática. O diagnóstico foi não
invasivo em 77,2%, baseado em exames de imagem característicos
e/ou na elevação de AFP. Cinco pacientes (22,7%) apresentavam
infecção por VHC e quatro (18,1%) por VHB. Um paciente apresentava
perfil sorológico compatível com infecção anterior por VHB (cura).
Em dois pacientes não cirróticos não foi encontrado nenhum fator de
risco conhecidamente associado ao CHC. Em 7 pacientes (31,8%)
nenhum tipo de tratamento específico contra o tumor foi empregado,
por se tratar de neoplasia avançada. Em dois pacientes (9%) o
diagnóstico de CHC e cirrose ocorreu na mesma internação do óbito,
por rápida deterioração clínica. Quatro pacientes (18,1%) continuam
em acompanhamento ambulatorial no serviço, realizando sessões de
quimioembolização e/ou em uso de sorafenibe. Um paciente foi
submetido ao transplante hepático após downstage, e no
acompanhamento foi identificado acometimento metastático para
pulmões e pele. Conclusão: O perfil epidemiológico dos pacientes
com CHC é semelhante ao de outras populações ocidentais descritas
na literatura. Na maioria dos casos não é necessário a realização de
biópsia para confirmar o diagnóstico, especialmente na presença de
cirrose hepática e exame radiológico compatível (wash out).
Infelizmente, poucos pacientes chegam ao serviço com condições
de tratamento curativo.
TL 251
COINFECÇÃO DO VÍRUS DA HEPATITE C EM PACIENTES
INFECTADOS PELO HIV NA CIDADE DE SÃO CARLOS, ESTADO DE
SÃO PAULO
Letícia de Franceschi, Laura Queluz Clementino, Mariana Morais
Carvalho, Sigrid de Sousa dos Santos, Paulo Inácio da Costa
Departamento de Medicina, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde,
Universidade Federal de São Carlos
Introdução:No Brasil, estima-se que 16,7-31,2% dos pacientes
infectados com HIV sejam coinfectados por vírus da hepatite C (VHC).
A transmissão parenteral do VHC justifica a importância da coinfecção
em indivíduos que adquiriram HIV por uso de drogas injetáveis ou
produtos sanguíneos contaminados. A transmissão sexual do VHC
ocorre com menor frequência (2-8%), e está associada a práticas
sexuais de alto risco (sexo anal, múltiplos parceiros sexuais). Entre
os pacientes infectados por HIV, 10-14% com história de exposição
sexual de alto risco e 85-90% com relato de uso de drogas por via
intravenosa são coinfectados com VHC. A disponibilidade de terapia
antirretroviral de alta potência modificou o perfil da mortalidade dos
que vivem com HIV/aids no Brasil, com diminuição da mortalidade por
doenças definidoras de aids e aumento da mortalidade por doenças
hepáticas. Embora estudos em grandes centros brasileiros já tenham
estimado a prevalência de coinfecção HIV-VHC, a taxa de coinfecção
em pequenos municípios é desconhecida. Material e Métodos:
Estudo transversal. Está programada a inclusão de 214 pacientes
infectados pelo HIV acompanhados no Centro Municipal de
Especialidades de São Carlos. Serão coletados dados sobre idade,
sexo, modo de transmissão do HIV, classificação CDC/08, drogas
antirretrovirais, comorbidades, coinfecções e imunização. As amostras
de sangue foram coletadas para contagem de CD4, carga viral do
102
HIV, VHC sorologia e enzimas hepáticas de março de 2012 a julho de
2013. Resultados parciais: Até o momento, 53 pacientes foram inclusos,
sendo 62,3% do sexo masculino, com idade média de 42 anos (2163). Em relação à epidemiologia da infecção por HIV: 50,9%
heterossexual, 32,1% homens que fazem sexo com homens, 13,2%
usuários de drogas injetáveis e 3,8% desconhecida. Classificação
CDC: 39,6% A; 26,4% B e 34,0% C. A coinfecção com VHC foi
detectada em dez pacientes (18,9%), 90% do sexo masculino, idade
média de 45,8 anos (39-58) sendo que, 70% relataram história de uso
de drogas por via intravenosa e 60% relataram abuso de álcool atual
ou anterior. A maioria dos pacientes coinfectados com VHC estava
em uso de esquema antirretroviral incluindo inibidores de protease
(70%). A mediana da contagem de CD4 foi de 830 células/mm3 e carga
plasmática de HIV não detectável em 60%. Conclusão: as
características epidemiológicas e clínicas de pacientes infectados
pelo VIH com coinfecção por VHC parecem ser semelhantes entre
pequenas e grandes cidades do Brasil.
TL 252
EXPRESSÃO GÊNICA DA IL28B EM PACIENTES COM HEPATITE C
CRÔNICA NO BASELINE E SEMANA QUATRO DE TRATAMENTO
Rafael Gonçalves de Azevedo, Nathalia Mantovani Pena, Luiz Claudio
Santana, Maira Cicero Ferreira, Paulo Roberto Abrão Ferreira, Edson
Guimarães Lo Turco, Maria Lúcia Ferraz, Ricardo Sobhie Diaz e Shirley
Vasconcelos Komninakis
Universidade Federal de São Paulo
Introdução: a melhor terapia para infecção crônica pelo Vírus da
Hepatite C (HCV) é administração de interferon peguilado mais
ribavirina. A ocorrência de polimorfismos em um único nucleotídeo
(SNPs), no gene da interleucina 28B (IL28B) está associada com a
resposta ou falha virológica em pacientes infectados pelo HCV. O
SNP rs12979860 está associado com cura espontânea sem
tratamento e com cura após terapia. Outro SNP, o rs8099917, esta
associado com falha virológica em pacientes tratados. Nos últimos
anos estudos mostraram que esses SNPs possuem influência na
expressão da IL28B, o que pode explicar diferentes respostas
virológicas em grupos distintos de pacientes, afrodescendentes e
caucasianos por exemplo. Objetivo: correlacionar a influência da
expressão da IL28B em pacientes monoinfectados cronicamente pelo
HCV no Brasil com os diferentes genótipos dos SNPs rs12979860 e
rs8099917 e a resposta virológica rápida (RVR). Material e
métodos: 30 pacientes foram avaliados no baseline (antes do início
da terapia) e na quarta semana de tratamento. PBMCs foram obtidas
e RNA total isolado pelo kit RNeasy Mini (Qiagen, USA). Transcrição
reversa do RNA mensageiro feita com High Capacity RNA-to-cDNA
kit (Applied Biosystems, USA). Quantificação relativa no 7500 RealTime PCR (Applied Biosystems, USA) com TaqMan Gene Expression
Assays kit (Applied Biosystems, USA). 304 e 476 pares de bases
(regiões rs12979860 e rs8099917 respectivamente) foram amplificados pela Reação em Cadeia da Polimerase. Genotipagem dos SNPs
foi realizada pelos fragmentos gerados no ABI Prism 3130 Genetic
Analyser (Applied Biosystems, USA). Sequências obtidas foram
editadas no Sequencher 5.0.1 e análises estatísticas realizadas no
SPSS 21. A quantificação relativa da IL28B foi avaliada no DataAssist
3.01 (Applied Biosystems, USA). Resultado: indivíduos rs12979860
CT/TT foram fortemente associados com presença de fibrose
avançada. rs8099917 TT foram significativamente associados com
descendência caucasiana. rs12979860 CT;TT/rs8099917 TG;GG
foram fortemente associados com a presença de fibrose avançada.
Não houve diferença significante quando comparamos a expressão
gênica da IL28B em todos os pacientes no momento baseline versus
quarta semana de tratamento. rs12979860 CC/rs8099917 TT versus
rs12979860 CT;TT/rs8099917 TG;GG tiveram diferenças significativamente maiores nos níveis de expressão da IL28B, tanto baseline
quando na quarto semanas depois. Conclusão: concluímos que
quando os alelos rs12979860 e rs8099917, e os na expressão da
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
IL28B são observados juntos, se tornam melhores preditores de RVR
do que analisados separadamente. Apesar dos nossos resultados,
mais estudos são necessários para esclarecer melhor a relação
desses SNPs com a expressão da IL28B.
TL 253
VARIÁVEIS ASSOCIADAS AO SUCESSO TERAPÊUTICO DA
HEPATITE B CRÔNICA NA PRÁTICA CLÍNICA
Rodrigo Martins Abreu, Aline Siqueira Ferreira, Eduardo Remor,
Priscilla Alves Rocha, Vanusa Barbosa Pinto, Flair José Carrilho,
Suzane Kioko Ono
Departamento de Gastroenterologia, Disciplina de Gastroenterologia
Clínica da FMUSP, São Paulo, Brasil
Introdução: Embora a adesão seja uma variável importante, poucos
estudos estão disponíveis em relação ao uso de análogos de
nucleos(t)ídeos na prática clínica. É de fundamental importância
incrementar estratégias de intervenção nos serviços de saúde e
avaliá-las a partir da compreensão das variáveis associadas à adesão.
Objetivos: Avaliar a presença de associações entre variáveis que
expliquem a adesão ao tratamento. Material e Métodos: Trata-se
de um estudo transversal realizado no período de dezembro de 2010
a agosto de 2011. Foram avaliados 183 pacientes com hepatite B
crônica em tratamento com adefovir, entecavir, lamivudina e/ou
tenofovir. Foram coletadas informações sócio-demográficas,
relacionadas ao tratamento e registros de farmácia referente à
dispensação. A adesão ao tratamento foi avaliada por meio do
"Questionário para avaliação da adesão ao tratamento antiviral em
pacientes portadores de hepatite B crônica" (CEAT-VHB), adaptado e
validado a partir do CEAT-VIH, para esse grupo de pacientes. Foram
utilizados testes estatísticos para verificar a presença de associações
entre a adesão (ou não) ao tratamento com as variáveis categóricas
(Qui-quadrado) e quantitativas (Mann-Whitney). Resultados: O CEATVHB identificou 56,8% (104) dos pacientes em adesão ao tratamento.
Entre os fatores sócio-demográficos, foi observado que os pacientes
em adesão ao tratamento são mais velhos (p = 0,0035). Com relação
às variáveis relacionadas ao tratamento antiviral, há associação entre
o grupo adesão e o relato do paciente de dificuldade de seguir ao
tratamento (p = 0,005). Dos 104 pacientes em adesão, 13% relataram
dificuldade de seguir o tratamento. Por outro lado, dos 79 pacientes
em não adesão, somente 30% relataram essa dificuldade, o que
sugere que o paciente não reconhece sua dificuldade, mas esta
falha é revelada pelo CEAT-VHB. Foi verificado que os problemas
relacionados à dispensação de medicamentos (falta do antiviral e/ou
não retirada do mesmo pelo paciente) não tiveram associação com
os grupos adesão e não adesão (p > 0,05). As demais variáveis não
apresentaram diferenças entre os grupos (p > 0,05). Conclusão:
Podemos verificar que a adesão ao tratamento foi baixa, sendo a
idade uma variável importante para o paciente se manter em adesão
a longo prazo. De acordo com os resultados preliminares, sugere-se
a importância de um programa continuado de promoção da saúde e
orientação a tomada de medicamentos a fim de tentar aumentar a
adesão ao tratamento.
TL 254
DADOS DEMOGRÁFICOS E MOLECULARES ASSOCIADOS A
PACIENTES COM SOROLOGIA POSITIVA PARA HEPATITE C EM
UM LABORATÓRIO DE REFERÊNCIA
Vânia Sarmento, Andrea Silva, Olglaize Souza, Heloisa Nunes,
Manoel Soares
Instituto Evandro Chagas
O vírus da Hepatite C (VHC) é a principal causa de hepatite crônica no
ocidente e atualmente, o maior responsável por insuficiência hepática
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
e indicação de transplante hepático em países desenvolvidos. O
diagnóstico inicial específico é mediado por técnicas sorológicas.
Contudo é sabido que a presença de Anti-HCV não define a evidência
de infecção ativa e pode merecer várias interpretações alternativas.
Os resultados reagentes desse marcador deverão ser confirmados
por testes moleculares para detecção de ácido nucléico do VHC.
Objetivo: Analisar dados demográficos e resultados de biologia
molecular associados a casos com sorologia positiva para hepatite C
em casuística de um laboratório de referência. Material e Métodos:
Foi realizado um levantamento no período de junho de 2012 a junho de
2013 de casos suspeitos de hepatite C e com sorologia positiva por
enzimaimunoensaio (ELISA) para anti-HCV, com dados demográficos
e laboratoriais e de biologia molecular para o VHC na mesma data de
coleta. Os testes sorológicos (ELISA) foi realizado por kits comerciais
(ORTHOTM HCV 3.0 ELISA e MUREX ANTI-HCV 4.0) e a detecção de
RNA-VHC pela técnica de reação em cadeia pela polimerase
(AMPLICOR® HCV, v2.0) e para genotipagem foi realizada técnica de
hibridização reversa utilizando kit (LINEAR ARRAY HCV GENOTYPING
TEST). Resultados: As amostras foram de indivíduos procedentes
de vários municípios do estado do Pará (96,6%) e de outros estados
(3,4%). Do total estudado observou-se que 51% das amostras
correspondem ao gênero masculino e 49% ao gênero feminino, com
a média de 51,1 anos. Observou-se que dos 210 casos, 164 (78,1%)
tinham resultado positivo para RNA-VHC (Grupo 1) e 46 (21,9%)
apresentaram resultado negativo para RNA-VHC (Grupo 2). Quanto
aos valores de densidade óptica (DO) obtidos para esses dois grupos,
2,94% do Grupo 1 apresentou DO <3, já o Grupo 2 apresentou 40%
dos resultados com DO <3. Os genótipos mais prevalentes entre os
77 pacientes examinados foram o genótipo 1 (71,4%), seguido do
genótipo 3 (23,4%). Conclusão: Após análise, observou-se que não
houve influência do genótipo e da situação demográfica para a
reatividade de anti-HCV ou RNA-VHC. O genótipo mais prevalente (1)
está em acordo com outros estudos para esta região. Os resultados
mostram ampla predominância de reatividade para RNA-VHC nos
casos com DO >3, em detrimento de baixa reatividade nos casos com
DO <3, sugerindo, quanto a estes últimos, inespecíficidade, "clearance"
ou baixa carga viral.
TL 255
INFLUÊNCIA DA ATIVIDADE FÍSICA REGULAR NOS NÍVEIS DE
ENZIMAS HEPÁTICAS EM MULHERES
Crimério R Santos Júnior, Helma P Cotrim, Adriano O Santos, Paulo
Adriano Schwingel, Tainá Viana, Marcos Vinicius Carruego, Mariana
Romero
Universidade Federal da Bahia
Introdução: Exercício físico regular é recomendado para prevenção
e tratamento de doenças crônicas, entretanto a relação entre a prática
e alterações de enzimas hepáticas não é muito bem conhecida, sendo
os poucos dados disponíveis, extraído de amostras masculinas.
Objetivo: avaliar a relação entre indicadores antropométricos e níveis
das enzimas hepáticas em mulheres de diferentes estilos de vida.
Métodos: Estudo analítico que avaliou mulheres com 18-45 anos de
idade entre 2010 e 2012. Foram submetidas à entrevista para
determinação do nível de atividade física, avaliação clinica e
antropométrica: IMC, Circunferência da Cintura (CC), percentual de
Gordura Corporal (%GC) e exames laboratoriais (ALT, AST e GGT) e
CPK (marcador de agressão muscular). Foram excluídos indivíduos
com doenças cardiorrespiratórias, renais e hepatites virais, além de
consumidores álcool ≥140 g/semana; expostos a produtos químicos
e esteroides anabolizantes. A relação entre as variáveis foi avaliada
através do teste de correlação linear de Pearson ou Spearman e
possíveis associações através dos testes Qui Quadrado de Pearson
e exato de Fisher, adotando 5% como nível de significância.
Resultados: Sessenta e cinco voluntárias participaram do estudo
(Tabela 1). No grupo ativo, enzimas hepáticas estavam elevadas em
16,7%: AST (3); GGT (2); ALT-AST (1) e CPK em 44,4%. Verificou-se
103
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
correlação moderada entre IMC e CC (r=0,73; p<0,01) e fracas entre
%GC com IMC (r=0,51; p<0,01) e CC (r=0,51; p<0,01). Fracas
correlações foram encontradas entre AST com CPK (r=0,63; p<0,01)
e com ALT (r=0,47; p<0,01). No grupo não ativo, 10,3%: AST (1); GGT
(1); nas três (1) tinham enzimas hepáticas elevadas e CPK 24,1%. O
IMC apresentou moderada correlação com CC (r=0,85; p<0,01) e
%GC fracas correlações com IMC (r=0,52; p<0,01) e CC (r=0,51;
p<0,01). CPK apresentou fraca correlação apenas com AST (r=0,56;
p<0,01). Em ativos (p=0,27) e não ativos (p=0,75), não se observou
associação entre CPK elevada e enzimas hepáticas elevadas. Não
foi verificada correlação entre aminotransferases e indicadores
antropométricos nos grupos.
Conclusões: a) esse estudo, realizados com mulheres praticantes
de atividade física regular, mostra que alterações em CPK não
implicaram em alterações de ALT, AST e GGT; b) alterações dos
indicadores antropométricos também não se relacionaram com
alterações enzimas hepáticas ou CPK nestes indivíduos. Esses
resultados sugerem que a atividade física deve ser incentivada, e
que sua prática regular não influência sobre níveis séricos de enzimas
hepáticas.
TL 256
TROMBOSE DE VEIA PORTA POR DEFICIÊNCIA DE PROTEÍNA S
após a paciente consultou com dermatologista e teve diagnóstico de
deficiência de proteína S. Paciente foi então encaminhada para
hematologista tendo tido seu tratamento otimizado e solicitada a
investigação da família que mostrou-se negativa. O diagnóstico atual
é de Deficiência de proteína S adquirida Conclusão: Trombose da
veia porta é uma condição incomum, associada à cirrose avançada,
doenças reumáticas, contracepção oral e terapia de reposição
hormonal(2). A Proteína S atua como um cofator para o aumento da
proteína C, dependente de vitamina K, possuindo ação anticoagulante
independente da proteína C no plasma.(6) Adicionalmente, a proteína S
tem efeitos citoprotetores como anti-inflamatório, anti-apoptótico e
estimulando a fagocitose de células apoptóticas(7,8) . Salientamos a
importância da investigação completa dos pacientes acometidos por
trombose portal em especial quando não há história prévia de fatores
de risco para esse tipo de trombose e necessidade de adequação do
tratamento.
1. Sarin SK, Agarwal SR, editors. Extrahepatic portal vein obstruction. Seminars
in liver disease; 2002: Copyright© 2002 by Thieme Medical Publishers, Inc., 333
Seventh Avenue, New York, NY 10001, USA. Tel.:+ 1 (212) 584-4662.
2. Primignani M. Portal vein thrombosis, revisited. Digestive and Liver Disease.
2010;42(3):163-70.
3. Grainge MJ, West J, Card TR. Venous thromboembolism during active disease
and remission in inflammatory bowel disease: a cohort study. The Lancet.
2010;375(9715):657-63.
4. Kappelman MD, Horvath-Puho E, Sandler RS, Rubin DT, Ullman TA, Pedersen
L, et al. Thromboembolic risk among Danish children and adults with inflammatory
bowel diseases: a population-based nationwide study. Gut. 2011;60(7):937-43.
5. Bernstein CN, Blanchard JF, Houston DS, Wajda A. The incidence of deep
venous thrombosis and pulmonary embolism among patients with inflammatory
bowel disease: a population-based cohort study. Thrombosis And Haemostasisstuttgart-. 2001;85(3):430-4.
6. Hackeng TM, Seré KM, Tans G, Rosing J. Protein S stimulates inhibition of the
tissue factor pathway by tissue factor pathway inhibitor. Proceedings of the
National Academy of Sciences of the United States of America.
2006;103(9):3106-11.
7. Anderson HA, Maylock CA, Williams JA, Paweletz CP, Shu H, Shacter E.
Serum-derived protein S binds to phosphatidylserine and stimulates the
phagocytosis of apoptotic cells. Nature immunology. 2002;4(1):87-91.
8. Liu D, Guo H, Griffin JH, Fernández JA, Zlokovic BV. Protein S confers
neuronal protection during ischemic/hypoxic injury in mice. Circulation.
2003;107(13):1791-6.
9. Heijboer H, Brandjes DP, Büller HR, Sturk A, ten Cate JW. Deficiencies of
coagulation-inhibiting and fibrinolytic proteins in outpatients with deep-vein
thrombosis. New England journal of medicine. 1990;323(22):1512-6.
10. Anderson FA, Spencer FA. Risk factors for venous thromboembolism.
Circulation. 2003;107(23 suppl 1):I-9-I-16.
Michelle Larissa Zini Lise, Aline Daniele Schuster, Michael Laurence
Zini Lise, Fernanda Cristina de Mesquita
TL 257
PUCRS
INFLUÊNCIA DO TAMANHO DA BIÓPSIA HEPÁTICA PARA O
DIAGNÓSTICO E ESTADIAMENTO DAS HEPATITES CRÔNICAS EM
UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
Introdução: A trombose da veia porta (TVP) é comum em países em
desenvolvimento, sendo responsável por até 20% de todos os casos
de hipertensão portal.(1) Esta, refere-se a uma obstrução no tronco da
veia porta que pode conduzir a hipertensão portal e redução no
fornecimento de sangue para o fígado. É frequente na presença de
cirrose avançada, em especial associada a carcinoma hepatocelular
e doença inflamatória intestinal (IBD)(2), ambas associadas a situações
de hipercoagulabilidade(3-5), porém é relativamente rara em um indivíduo
previamente saudável (2). Objetivo: Relato de caso de paciente com
TVP. Materiais/Métodos: Paciente feminina, 52 anos, branca,
aposentada, iniciou com dores difusas no abdômen de caráter leve,
consultou com cirurgião geral que atribuiu as dores à colelitíase sendo
medicada com analgésicos. Tinha história de cirurgia para hérnia de
hiato de médio porte há cerca de três meses e gastrite leve. As dores
evoluíram em poucos dias para moderada intensidade, associandose a vômitos e diarreia sanguinolenta levando à internação da paciente.
Durante a investigação foi realizada tomografia de abdômen com
diagnóstico de extensa trombose de veia porta e mesentérica, com
necrose de alças intestinais e acometimento hepático. Submetida à
cirurgia de urgência com remoção de 70cm de intestino delgado.
Iniciada anticoagulação com varfarina. A investigação revelou uso de
reposição hormonal, referida como a causa da trombose. Meses
104
Aline Dal Pozzo Antunes, Ana Paula Almeida Serafini, Angelo Alves de
Mattos, Gabriela P Coral
Pós-Gradução Hepatologia da UFCSPA, Santa Casa de Porto Alegre
Introdução: A avaliação da fibrose é de fundamental importância
nas hepatites crônicas; embora existam atualmente métodos acurados
de avaliação não invasiva da fibrose hepática, a biópsia permanece
sendo o padrão-ouro. Por outro lado, a retirada de um fragmento
hepático para biópsia representa uma pequena parte do órgão e
como a distribuição da fibrose pode ser heterogênea, é de fundamental
importância que a amostra seja representativa para que se limite o
risco de uma avaliação inadequada. O tamanho adequado é discutível,
pois há variação de resultados nos estudos que sugerem o tamanho
mínimo aceitável para diagnóstico mais acurado. Objetivos:avaliar a
influencia do tamanho do fragmento da biopsia hepática para o
diagnostico das hepatites crônicas virais; correlacionar o tamanho
do fragmento na macroscopia com o numero de espaços-porta;
correlacionar o numero de espaços-porta com o estadiamento da
hepatite crônica; avaliar o grau de fibrose de acordo com a faixa
etária do paciente. Material e Métodos: estudo retrospectivo
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
avaliando biópsias hepáticas no período de 2009 a 2010 em hospital
terciário, avaliando o tamanho macroscópico da amostra, o numero
de espaços-porta representados e o estadiamento pelo Metavir de
espécimes corados pelo HE, tricrômico de Masson para avaliação de
fibrose e Perls para avaliação de ferro hepático. Resultados: foram
avaliados 482 casos de hepatite crônica viral; destes, 39 (8.09%)
tiveram diagnóstico de cirrose hepática. O diagnóstico de hepatite
crônica foi realizado independentemente do numero de espaçosporta representados. Por outro lado, em vinte e sete casos (5.6%)
havia representação de cinco espaços-porta ou menos, o que
impossibilitou o estadiamento. Duzentos e sessenta e quatro pacientes
(58%) tinham fibrose leve (F0,F1), nestes a média de idade foi de
46.28. Cento e noventa e um pacientes (42%) tinham fibrose
significativa ou avançada (F2,F3,F4), com média de idade mais
avançada 51,20 (p<0.001). Usando como ponto de corte o tamanho
em cm do fragmento ≥ a 1.5 ou < que 1.5 observou-se que em 214
casos (47%) o fragmento era ≥ a 1.5 cm. A média de espaços porta
representados foi de 13,54 (±4.739). Nos casos em que o fragmento
era menor que 1.5 cm a média de espaços-porta representados foi
menor (11,42±5,0) p=0.002. Conclusão:o tamanho do fragmento e o
numero de espaços-porta representados se correlacionam com o
estadiamento das hepatites crônicas, além disso, a idade favorece o
diagnóstico de fibrose leve.
TL 258
OXIGENIOTERAPIA HIPERBÁRICA POR DISFUNÇÃO PRIMÁRIA DE
ENXERTO EM PÓS TRANSPLANTE HEPÁTICO IMEDIATO
Rodrigo da Silva Pires, Mello FPT; Andrade RO; Brito T; Sousa CT;
Monte Filho A; Ribeiro Filho J; Fernandes ESM
Hospital Adventista Silvestre
Introdução: O transplante hepático é o único tratamento curativo
para pacientes com doença hepática em estágio terminal. No Brasil,
há uma quantidade limitada de doadores cadáveres e o uso de órgãos
de doadores com critérios expandidos representa um importante
contingente de doadores, que contribui para maximizar o número de
órgãos. Entretanto essa prática aumenta o risco de disfunção primária
do enxerto, injúrias de preservação e de reperfusão, dentre outras
complicações. Alguns estudos têm demonstrado que a oxigenioterapia
hiperbárica beneficia pacientes com essas injúrias, por melhorar a
microcirculação hepática, com mecanismos como hiperexpressão
endotelial de CAM, produção de NO, expressão de INOS, interferindo
no metabolismo celular. Objetivos: Este estudo tem o objetivo de
relatar um caso de um paciente com disfunção primária de enxerto no
pós-transplante hepático imediato, que recebeu terapia com câmara
hiperbárica. Material e Métodos: Receptor de 57 anos, ex-etilista
enveterado, portador de cirrose hepática. História de varizes de
esôfago e PBE. Nega HAS, DM ou tabagismo. Exames prévios
demonstram anti-HBC positivo e trombose de veia porta grau II em
AngioTC. Recebeu fígado de doador cadáver de 62 anos com tempo
de isquemia fria de 13 horas. No pós-operatório imediato o paciente
evoluiu com sinais de disfunção primária de enxerto, injúria de
preservação grave, SIRS e insuficiência renal, apresentando 15960
de TGO e 7148 de TGP. Resultados: Recebeu 3 dias de terapia em
câmara hiperbárica e hemodiálise precocemente, evoluindo com
melhora clínica e da função hepática, imediatamente após o tratamento.
Conclusão: Apesar de poucos estudos, o tratamento com
oxigenioterapia hiperbárica em pacientes com disfunção primária de
enxerto no pós-transplante imediato, deve ser considerado promissor,
pois há uma melhora da microcirculação no enxerto com a oferta de
oxigênio sob alta pressão às células hepáticas em sofrimento.
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TL 259
ALPPS – EXPERIÊNCIA DO GRUPO DE FÍGADO DO HOSPITAL
ADVENTISTA SILVESTRE
Matos, MC; Mello, FPT; Monte Filho, A; Ribeiro Filho, J; Fernandes, ESM
Hospital Adventista Silvestre
Introdução: Atualmente, a ressecção hepática apresenta-se como
única modalidade curativa para diversos tumores hepáticos. O uso
de terapias neoadjuvantes e adjuvantes têm sido um importante
instrumento do arsenal terapêutico desses tumores. A cirurgia
hepatobiliar vem evoluindo enormemente nas últimas décadas,
principalmente devido ao melhor conhecimento da regeneração
hepática e seus mecanismos, além do incremento dos procedimentos
de hipertrofia do fígado remanescente, assim como a melhora dos
exames de imagem, aparecimento da tomografia com volumetria
hepática e avaliação pré operatória minuciosa da vascularização
hepática, possibilitando ressecções hepáticas mais agressivas. Várias
modalidades de hepatectomias têm sido propostas, dentre elas, a
hepatectomia em 2 estágios com embolização portal, a qual tem ganhado
popularidade. Recentemente, Baumgart e Santibañes propuseram um
novo tipo de cirurgia, que veio a receber o acrônimo de ALPPS
(Associated Liver Partitition and Portal Vein Ligation for Staged
Hepatectomy). Materiais e Métodos: 15 pacientes foram
submetidos à ALPPS devido ao volume hepático remanescente
insuficiente de acordo com a volumetria hepática. As indicações foram:
metástase de tumor de cólon (9) e colo de útero (1), colangiocarcinoma
hilar e periférico (4) e sarcoma primário do fígado (1). Cirurgias
realizadas: trissectorectomias e hepatectomia direita. Resultados:
A volumetria hepática foi realizada somente em 6 pacientes, com
incremento de mais de 50% do volume do remanescente hepático
após 7 dias da primeira cirurgia. Em outros casos não foi possível a
realização de volumetria hepática. 1 paciente não apresentou
hipertrofia suficiente no 7° dia e foi optado por ser submetido a cirurgia
somente na 3ª semana. Ocorreu 1 óbito antes da 2ª cirurgia e 5 óbitos
após a realização da 2ª cirurgia, sendo 3 deles por infecção, 1 por
trombose em veia hepática esquerda e 1 por insuficiência hepática.
Conclusão: O ALPPS é uma nova modalidade de tratamento para
grandes ressecções hepáticas com volume residual insuficiente, cujos
resultados ainda estão em fase de validação. Portanto, sua indicação
deve ser criteriosa.
TL 260
DOENÇA DE CAROLI: RELATO DE CASO
Lucas Santana Nova da Costa, Marília Ávila Acioly, Maria Auzier
Freitas, Liliana Sampaio Costa Mendes, Carmem Alves Pereira, Marcos
de Vasconcellos Carneiro, José Eduardo Trevizoli
Hospital de Base do Distrito Federal
Introdução: A doença de Caroli, descrita pelo médico francês Jacques
Caroli em 1958, é uma patologia rara, caracterizada pela dilatação
cística segmentar não obstrutiva das vias biliares intra-hepáticas. É
hereditária, geralmente com padrão de transmissão autossômico
recessivo. Ocorre predisposição para formação de cálculos intrahepáticos, levando à ocorrência de colangites de repetição. Quando
temos associação da doença com fibrose hepática congênita,
denominamos esta condição de Síndrome de Caroli. Objetivo: Relatar
o caso de um paciente do sexo masculino, que teve o diagnóstico de
Doença de Caroli aos 28 anos e a evolução do quadro durante 15
anos de acompanhamento. Materiais e métodos: As informações
foram obtidas durante seguimento clínico, revisão de prontuário e da
literatura médica na língua inglesa em base de dados do PUBMED,
BIREME e SCIELO. Resultados: Paciente com história de dor
epigástrica recorrente há 3 meses, afebril, associada a episódios de
icterícia e acolia fecal, foi internado para investigação. Apresentava
elevação de enzimas canaliculares e transaminases, sem
105
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
hiperbilirrubinemia. Realizou ecografia de abdome que evidenciou
fígado heterogêneo, com múltiplas calcificações disseminadas em
ambos os lobos e lesões císticas irregulares esparsas, além de ectasia
da árvore biliar intra-hepática irregularmente. TC de abdome reforçou
os achados descritos, o que nos levou ao diagnóstico de doença de
Caroli. Vem sendo acompanhado ambulatorialmente há 15 anos. No
período, mantém elevação discreta de enzimas canaliculares, apesar
do uso regular de ácido ursodesoxicólico. Evoluindo progressivamente
com hipertensão portal, com varizes de esôfago diagnosticadas há 1
ano, sem sinais de insuficiência hepática até o momento. Ocorreram
três episódios de colangite durante evolução. Apresentou coledocolitíase
há 3 meses, sendo realizada CPRE com retirada satisfatória dos cálculos.
Elastografia padrão colestase mostrou 44kpa. Realiza acompanhamento
regular no serviço. Conclusão: Como o paciente apresenta hipertensão
portal sem sinais de insuficiência hepática, não podemos excluir o
diagnóstico de fibrose hepática congênita e, com isso, síndrome de
Caroli. No entanto, não foi realizada biópsia hepática. Devemos sempre
estar atentos e agir rapidamente aos sinais de colangite ouc
oledocolitíase, visando evitar ocorrência de cirrose biliar secundária.
Apesar de rara, a doença de Caroli não deve ser esquecida no
diagnóstico diferencial de colangites de repetição.
TL 261
TRANSPLANTE HEPÁTICO INTERVIVOS PARA CHC ALÉM DO
CRITÉRIO DE MILÃO
Raul Evora Silva, Eduardo de Souza Martins Fernandes, Astério Pinto
do Monte Filho, Felipe Pedreira Tavares de Mello, Leandro Moreira
Savattone Pimentel, Ronaldo de Oliveira Andrade, Carlos Rocha Maia,
Monique Couto Matos, Maira de Freitas Vilela
Hospital Adventista Silvestre
Introdução: O Carcinoma hepatocelular é uma complicação freqüente
de pacientes hepatopatas crônicos que estão listados para transplante
hepático. No Brasil e diversos países do mundo, o critério de Milão é
regulamentado legalmente, e a pontuação especial pelo Meld é
vinculado a obediência do critério. Outros critérios são amplamente
utilizados, como São Francisco, Kioto, Pittsburg e Hangzhou e
resultados semelhantes são relatados. No Brasil, somente transplante
intervivos são aceitos para transplantar estes pacientes. Objetivo:
Esse estudo tem o objetivo de relevar a influência determinante do
Critério de Milão em pacientes portadores de CHC, os métodos
diagnósticos e terapêuticos , muitas vezes inconclusivos e
principalmente divisor quanto a possibilidade de transplante com
doador cadáver. A realização do transplante inter vivos acaba sendo
a única saída para pacientes fora do critério de Milão, tornado-os
inaptos a possibilidade de serem listados para retransplante com
doador cadáver. Material e Método: Paciente masculino 54 anos,
natural do Paraná, residente de Niterói RJ, professor universitário,
grupo O+. Chegou ao diagnóstico de cirrose por vírus C em 2008, que
após o rastreio para CHC, evidenciou 02 nódulos hepáticos em
segmento VIII e V medindo respectivamente 4.9 e 4.8 cm compatíveis
com carcinoma hepatocelular. Em Maio de 2012 foi submetido a
quimioembolização, permitindo em futuro próximo a realização de
transplante hepático (downstaging). Através do exame de imagem
RNM de controle, mostraram redução da maior lesão em segmento VIII
de 4.9 cm para 3.1 cm, enquanto o nódulo localizado no segmento V
não apresentou redução de tamanho. Estava programado para realizar
nova quimioembolização, que teve de ser adiada por no va internação
devido a descompensação hepática. Resultado: Paciente foi
submetido a transplante hepático com doador vivo, de lobo direito,
incluindo veia hepática média, com doadora de 56 anos. Ambos os
pacientes apresentaram boa evolução pós operatória, com o receptor
obtendo alta hospitalar em 17 dias. O exame histopatológico revelou
cuja analise, que o explante demonstrava tumores dentro do critério
de Milão. Com o tecido hepático demonstrando duas lesões nodulares
medindo 3,0 e 3,5 cm, nos maiores eixos, ambas no segmento V,
porém com extensas áreas de necrose pós-embolização.
106
TL 262
MAIOR RISCO DE PBE EM CIRRÓTICOS QUE USAM INIBIDORES DE
BOMBA DE PRÓTONS
Maria de Fátima Gomes de Sá Ribeiro, Wanda Regina Caly, Edna
Strauss
Hospital Heliópolis
Introdução: Inibidores de bomba de próton (IBP), frequentemente
usados por cirróticos, suprimindo a acidez gástrica promovem
supercrescimento e translocação bacteriana, predispondo ao
desenvolvimento de peritonite bacteriana espontânea (PBE). Por outro
lado, o propranolol diminuindo a permeabilidade intestinal, reduz a
translocação bacteriana, podendo ter efeito protetor ao desenvolvimento de PBE. Objetivos: Avaliar a prevalência de PBE em grupos
de cirróticos com ascite fazendo ou não uso de IBP e com ou sem uso
de propranolol, nas doses usuais. Metodos: Estudo de coorte
retrospectivo em 225 pacientes cirróticos internados com ascite
durante o período de 2007 a 2011. A causa da cirrose foi álcoolica em
124 pacientes (55,5%), alcoólica associada a VHC ou VHB: 34
(15,1%), VHC ou VHB em 29 (12,9%) e outras: 38 (16,9%). A Idade
média de foi de 56,6 anos (30-82 anos), sendo 166 homens (73,8%).
O diagnóstico de cirrose e da ascite foi clínico-laboratoriais e o
diagnóstico de PBE pela contagem de neutrófilos > 250/ mm3 no líquido
ascítico. A maioria dos cirróticos (130/225 ) 57,8% pertencia a classe
B de Child-Pugh (CP), seguida de Child Pugh- C em 77/225 (34,2%) e
Child Pugh- A em 18/225 (8%). IBP era utilizado em 99/225 (44%),
sendo que 38/99 (38.3%) usavam concomitantemente o propranolol.
No grupo sem uso de IBP 28/126 (22,2%) usavam propranolol. O
teste exato de Fisher foi usado para comparações entre os grupos.
Resultados: No global houve 49/225 (21,7%) casos de PBE. No
grupo com IBP ocorreu PBE em 31/99 (31,3%) contra 18/126 (14,3%)
no grupo sem IBP (p=0,006). A comparação do uso de propranolol no
grupo sem IBP mostrou PBE em 3/28 (10,7%), porém seu grupo controle
sem propranolol teve PBE em 15/98 (15,3%) (p= 0,222). No grupo
com uso concomitante de propranolol com IBP houve PBE em 13/38
(34,2%), não diferente do grupo com IBP sem propranolol 18/61
(29,5%) (p= 0,155). Conclusões: O uso de IBP aumentou
significativamente a prevalência de PBE nos cirróticos com ascite.
Não ficou demonstrada, nesta casuística retrospectiva, a influência
do propranolol no desenvolvimento de PBE.
TL 263
RECIDIVA GANGLIONAR DE HEPATOCARCINOMA APÓS
RESSECÇÃO CIRÚRGICA: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
Leal CRG, Flores PP, Guaraná T, Feuchard C, Sá AC, Vasconcelos T,
Magalhães CR, Pinto PTA, Balbi E, Moreira LFP, Martinho JMG, Esberard
EBC
Hospital Federal dos Servidores do Estado, Hospital Universitário
Antônio Pedro
Introdução: O sorafenibe é recomendado como tratamento de
primeira escolha para pacientes com carcinoma hepatocelular (CHC)
irressecável que não são elegíveis para terapias locorregionais. Esse
medicamento foi o primeiro agente sistêmico a demonstrar melhora
significativa da sobrevida global e do tempo para a progressão da
doença em pacientes com CHC avançado. No entanto, não existe,
atualmente, nenhum grande estudo sobre o tratamento da recidiva do
CHC após o transplante hepático ou a ressecção cirúrgica. Alguns
estudos avaliaram a eficácia e segurança do uso de sorafenibe nesses
casos. Relato de caso: Paciente portador de cirrose hepática por
hepatite C crônica (Child-Pugh A) respondedor a tratamento com
pegInterferon e ribavirina, com alfafetoproteína (AFP) normal e
endoscopia digestiva alta com variz de esôfago de fino calibre. Evoluiu
com elevação de AFP chegando a 601 ng/mL.Realizada tomografia
computadorizada de abdome que demostrou nódulo hepático medindo
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
2.1cm em segmento V compatível com CHC. O paciente foi classificado
como BCLC A e indicado ressecção da lesão como tratamento curativo.
Foi submetido à ressecção cirúrgica do nódulo hepático com queda
da AFP para valores abaixo de 20 ng/mL. Após 2 anos, os níveis
séricos de AFP começaram a elevar-se progressivamente atingindo
valores como 5.415 ng/mL, acompanhado apenas de piora da
hipertensão porta (varizes esofagianas de grosso calibre). Investigação negativa para recidiva hepática do tumor, assim como outros
possíveis sítios de lesão, como trato gastrointestinal e testículo.
Realizou tomografia por emissão de pósitrons (PET-CT), para avaliar
a presença de recidiva de carcinoma hepatocelular. O PET-CT
confirmou a recidiva do carcinoma hepatocelular apenas em gânglio
no hilo hepático. Foi submetido a ressecção cirúrgica ganglionar com
histopatológico confirmando a recidiva ganglionar do CHC. Evoluiu
satisfatoriamente no pós operatório, com AFP novamente em queda
(604,2 ng/mL) 30 dias após a cirurgia, sendo iniciado sorafenibe.
Conclusão: A tomografia por emissão de pósitrons com PET-CT tem
alta sensibilidade e acurácia na detecção da recorrência local do
CHC após a hepatectomia e/ou ablação por radiofreqüência. Ela pode
também ser usada para detectar lesão extra-hepática recorrente
após o tratamento do CHC de modo eficaz. Sorafenibe pode ser bem
tolerado e seguro em pacientes com recidiva de CHC após ressecção
cirúrgica ou transplante hepático, inclusive com discreto aumento na
sobrevida.
TL 264
CIRURGIA HEPÁTICA NUM CENTRO DE TRANSPLANTE DE FÍGADO
EM SÃO PAULO - SP
Rodrigo Paschoal Braga, Carlos Eduardo Sandoli Baia
Hospital de Transplantes do Estado de São Paulo
Introdução: Nossa instituição é o primeiro centro público
especializado em transplante de órgãos e tecidos no país. Atende
apenas pacientes do sistema público e desde sua inauguração em
15\06\2010 já realizou 31 cirurgias hepáticas. Objetivo: Avaliação
das ressecções hepáticas realizadas no período de junho\2010 a
maio\2013. Material e Métodos: Revisão dos prontuários dos
pacientes operados. Resultado: No período avaliado foram
realizadas 31 ressecções hepáticas, sendo 51,5 % ( n=18) dos
pacientes do sexo feminino e 48,5% (n=16) do sexo masculino. As
principais indicações para cirurgia foram: Hepatocarcinoma (69,7%),
Cisto Hepático (12%), Hemangioma (6%), Litíase intra-hepática (6%),
Adenoma (3,15%) e Cistoadenocarcinoma (3,15%). Os tipos de
cirurgia realizado estão assim distribuídos: Segmentectomia hepática
(38,7%), Segmentectomia lateral esquerda (25,8%), Hepatectomia
direita (19,3%), Hepatectomia esquerda (6,5%), Cistectomia (6,5%)
e Hepatectomia central (3,2%). Não ocorreu nenhum óbito e 2 casos
foram reoperados por sangramento. Conclusão: Contamos com
uma equipe multidisciplinar composta por cirurgiões, hepatologistas
clínicos, patalogista, fisioterapeutas e enfermagem que possibilita
prestar um atendimento global com qualidade aos pacientes da
rede pública do estado de São Paulo que necessitam de transplante
ou ressecção hepática.
TL 265
MANIFESTAÇÃO DERMATOLÓGICA COMO PREDITOR DE
SOBREVIDA EM PACIENTE PORTADOR DE CARCINOMA
HEPATOCELULAR TRATADO COM SORAFENIBE
Leal CRG, Magalhães CR, Barbosa D, Carvalho BCJ, Franz C, Martinho
JMG, Nabuco LC, Pinto PTA
Hospital Federal dos Servidores do Estado, Hospital Universitário
Antônio Pedro
Introdução: O carcinoma hepatocelular é, atualmente, um dos
tumores de maior incidência em todo o mundo. Conforme os protocolos
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
internacionais, o tratamento oferecido ao paciente deve ser definido
de acordo com o estadiamento da lesão e o Performance Status do
paciente. O sorafenibe é um inibidor da tirosina quinase, que atua
sobre a angiogênese tumoral, inibindo a proliferação celular, e capaz
de aumentar a sobrevida global média e o tempo para progressão de
doença em pacientes portadores de carcinoma hepatocelular
avançado. Entretanto, eventos adversos intoleráveis são observados
em alguns casos. Relato do caso: Paciente portador de carcinoma
hepatocelular diagnosticado através de uma ressonância nuclear
magnética com estudo dinâmico de abdome que evidenciou dois
nódulos hepáticos, além de uma lesão infiltrativa em lobo esquerdo, e
trombose tumoral em ramo esquerdo da veia porta. Apresentava,
ainda, lesão pulmonar compatível com metástase. Após anamnese,
exame físico e realização de exames complementares, o paciente foi
classificado como Child B7, Performance Status 1 e BCLC C com
indicação de iniciar tratamento medicamentoso com sorafenibe.
Iniciado sorafenibe em dose plena com boa tolerância inicial, porém, o
paciente apresentou extenso rash cutâneo em tórax e abdome após
4 semanas de tratamento. Suspenso o sorafenibe por 7 dias e realizado
tratamento com anti-histamínico e corticoide oral por uma semana,
com reintrodução posterior do sorafenibe após melhora clínica das
lesões. O paciente continuou em acompanhamento ambulatorial, sem
novas lesões cutâneas ou outros eventos adversos relacionados a
medicação. Foi realizada nova tomografia de abdome com estudo
dinâmico após 3 meses do início do tratamento, evidenciando uma
resposta parcial pelo mRecist, com uma importante redução da
vascularização da lesão e da angiogênese dos trombos tumorais.
Conclusão: Atualmente os eventos adversos dermatológicos são
as principais causas de redução (13%), interrupção (21%) e descontinuação (10%) do tratamento com sorafenibe. A maioria desses
eventos adversos ocorre nos primeiros dias de tratamento e influenciam a conduta e o resultado desses pacientes. O aparecimento de
eventos adversos dermatológicos em 60 dias após o início do
sorafenibe está associado a uma melhor sobrevida global. Portanto,
esses eventos adversos não devem ser considerados eventos
negativos impeditivos da manutenção do tratamento com sorafenibe.
TL 266
TRATAMENTO DO CARCINOMA HEPATOCELULAR AVANÇADO
COM SORAFENIBE: UMA EXPERIÊNCIA INICIAL DO RIO DE
JANEIRO
Leal CRG, Magalhães CR, Valle E, Barbosa D, Carvalho BCJ, Nazar A,
Aquino D, Martinho JMG, Nabuco LC, Pinto PTA
Hospital Federal dos Servidores do Estado, Hospital Universitário
Antônio Pedro
O Carcinoma Hepatocelular (CHC) vem ocupando a sexta causa de
morte por neoplasia no Brasil nos últimos 10 anos. Apenas 30 - 40%
dos pacientes portadores de CHC são diagnosticados em um estágio
precoce e submetidos a um tratamento curativo, atingindo uma
sobrevida em 5 anos de 60 - 70%. Entretanto, a maioria desses
pacientes tem o diagnóstico em um estágio avançado, onde o
tratamento de escolha é o sorafenibe, único a mostrar aumento
significativo na sobrevida desses pacientes. Objetivo: Descrever o
tratamento com sorafenibe em pacientes portadores de CHC avançado
no ambulatório de hepatologia de um hospital terciário no Rio de Janeiro.
Material e métodos: Foram incluídos no estudo 44 pacientes com
diagnóstico de CHC (05 femininos e 39 masculinos) com idade média
de 60 anos acompanhados no período de janeiro de 2011 a junho de
2013. Os pacientes eram avaliados no momento do diagnóstico e a
cada 4 semanas. A resposta tumoral foi analisada a cada ciclo de 8
semanas através dos critérios do mRECIST. Resultados: As
principais características encontradas no momento do diagnóstico
foram: Child-Pugh A (57%) e B (43%), Performance Status 0 (59%),
alfafetoproteina > 1000ng/mL (39%), BCLC C (64%), Okuda II (52%),
TNM III (59%), lesão multicêntrica (57%) e sem metástase à distância
(82%). Os pacientes foram tratados com sorafenibe por uma média
107
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
de 17 semanas. Durante o tratamento 57% dos pacientes apresentaram algum efeito colateral, sendo necessário a redução da dose em
30% dos casos e a suspensão apenas em 4%. Os principais efeitos
colaterais apresentados foram: diarreia (34%), sangramento (11%) e
síndrome mão-pé (9%). Após 3 ciclos 4% dos pacientes apresentaram
resposta completa, 2% resposta parcial e 16% apresentaram
progressão de doença. A mortalidade desses pacientes aos 3 meses
foi de 9%, aos 6 meses de 20% e aos 9 meses de 43%. Conclusão:
O uso do sorafenibe deve ser incentivado no tratamento do CHC
avançado em pacientes portadores de cirrose hepática Child-Pugh A
e BCLC C (ou BCLC A e B que evoluiram para o BCLC C) ou portadores
de contra-indicação a outro tipo de tratamento. Apesar da ausência
de um grupo controle nesse estudo, houve uma boa tolerância ao uso
da medicação com uma resposta satisfatória até o momento. Estudos
futuros ainda são necessários na população brasileira para confirmar
esses achados.
TL 267
RESSECÇÃO CIRÚRGICA DO HEPATOCARCINOMA NO CIRRÓTICO
NUM CENTRO DE TRANSPLANTE
Rodrigo Paschoal Braga, Carlos Eduardo Sandoli Baia
Hospital de Transplantes do Estado de São Paulo
Introdução: O hepatocarcinoma (HCC) está entre a terceira causa
de morte pelo câncer. Conforme o sistema de estadiamento BCLB a
ressecção cirúrgica é preconizada apenas para pacientes ChildPugh A com tumor único menor que 2cm. Objetivo: O trabalho tem
como objetivo fazer uma análise dos pacientes cirróticos portadores
de HCC com Child A e Meld menor que 10 submetidos a tratamento
operatório. Material e Métodos: Revisão dos prontuários dos
pacientes operados no período compreendido entre junho\2010 a
maio\2013. Resultado: No período avaliado foram realizadas 17
ressecções hepáticas, sendo 66,6 % ( n=12) pacientes do sexo
masculino e 27,8% (n=5) do sexo feminino. A média de idade foi de 61
anos. A etiologia da doença de base foi: VHC(n=9), VHC+HIV(n=2),
VHB(n=2),VHB+HIV(n=1),CBP(n=1),NASH(n=1),HAI(n=1).As
cirurgias realizadas foram: segmentectomia (n=11), segmentectomia
lateral esquerda (n=4), hepatectomia direita (n=1) e hepatectomia
central (n=1). Tumores bem diferenciado prevaleceu em 64,7% (n=11)
dos casos assim como o estádio T1, segundo a classificação TMN,
em 59,8% (n=10).O tamanho médio dos nódulos ressecados foi de
4,8cm.As margens cirúrgicas ficaram comprometida em apenas 1
caso devido acometimento do diafragma. Invasão vascular
microscópica ocorreu em 2casos e macroscópica em apenas 1
paciente. A quimioembolização antes do procedimento foi realizada
em 4 pacientes com necrose maior que 90% em metade deles
impossibilitando avaliação histológica adequada. Não houve nenhum
óbito e 2 casos reoperados por sangramento. Conclusão: O
tratamento cirúrgico do hepatocarcinoma no cirrótico é uma opção
terapêutica factível que tem sua importância principalmente devido a
escassez de doadores e o número cada vez maior de pacientes em
lista de espera para o transplante de fígado.
TL 268
ELASTOGRAFIA HEPÁTICA (FIBROSCAN®): VALIDAÇÃO DO
MÉTODO EM PACIENTES TRANSPLANTADOS POR HEPATITE C
Bianca Della Guardia, Lidiane Vieira Marins, Andréia Silva Evangelista,
Guilherme Eduardo Gonçalves Felga, Marcio Dias de Almeida
Hospital Israelita Albert Einstein
Introdução: a fibrose hepática medida pela elastografia hepática
(Fibroscan®) (EH) já é um método não invasivo validado em várias
doenças hepáticas, principalmente a hepatite C. Recentes estudos
têm demonstrado que em pacientes transplantados de fígado pelo
vírus da hepatite C (VHC) o método também pode ser uma tecnologia
108
valiosa. Objetivo: determinar o desempenho e os pontos de corte da
EH para os variados estadios de fibrose em pacientes transplantados
de fígado pelo VHC, em comparação com a histologia hepática.
Pacientes e métodos: foram avaliadas as biópsias hepáticas de
pacientes transplantados por VHC no HIAE no período de 2010 a
2012. A EH foi realizada no momento da biópsia hepática. Os resultados
foram expressos em KPa, após dez medidas válidas e taxa de sucesso
superior a 70%. A classificação histológica METAVIR foi usada para
avaliar fibrose nas biópsias hepáticas. Para avaliação do desempenho
da EH foram construídas curvas ROC, com intervalo de confiança de
95%. As definições dos pontos de corte para a EH foram determinadas
garantindo uma especificidade igual ou superior a 90% para cada
estádio de fibrose hepática observada à histologia. Resultados:
entre os 200 casos avaliados não foi possível realizar a EH em quatro
(2%) por IMC acima de 30. O desempenho da EH em transplantados
de fígado pelo VHC pode ser observado na tabela 1. Os pontos de
corte para a EH de acordo com a classificação METAVIR foram: 8,1
para F≥1 (n=97, sensibilidade (S)=0,53, E=0,94); 12,3 para F≥2 (n=47,
S=0,49, E=0,91); 16,5 para F≥3 (n=28, S=0,55, E=0,9); 17,6 para F=4
(n=20, S=1, E=0,91). Discussão: com os resultados deste estudo foi
possível a determinação de pontos de corte pela EH para cada grau
de fibrose observado à histologia hepática em transplantados de
fígado com VHC. O método pode ser usado como alternativa, não
invasiva, para acompanhamento desses pacientes no póstransplante, evitando maiores riscos associados à biópsia hepática e
possibilitando uma indicação de terapia antiviral precoce.
TL 269
PERFIL DE SENSIBILIDADE DAS BACTÉRIAS ENCONTRADAS NAS
PERITONITES BACTERIANAS ESPONTÂNEAS NO HOSPITAL DE
CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE EM UM HOSPITAL UNIVERISTÁRIO
Roberta Cristina Petry, Jerônimo de Conto Oliveira, Antônio Barros
Lopes, Caroline Deutschendorf, Mário Reis Álvares-da-Silva
Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Introdução: A peritonite bacteriana espontânea (PBE) é complicação
grave da cirrose, com alta morbimortalidade. O tratamento é feito
usualmente com cefalosporinas de terceira geração, conforme
recomendações de diretrizes, visando cobertura dos germes mais
comumente implicados nessa infecção. Apesar de haver preocupação
crescente sobre surgimento de germes multirresistentes em diversas
situações clínicas, há poucos dados nacionais sobre o perfil
microbiológico das PBEs. Objetivos: Traçar o perfil de sensibilidade
das bactérias implicadas em PBEs em um hospital universitário.
Materiais e Métodos: Foram revisados registros médicos de
pacientes do Hospital de Clínicas de Porto Alegre com cultura de
ascite positiva no período de julho de 2011 a dezembro de 2012. A
partir desses dados, foram selecionadas as culturas relacionadas a
PBE em pacientes com cirrose. Foram excluídas as culturas de
pacientes não cirróticos, assim como as relacionadas a peritonite
secundária e a bacterascite. Dos pacientes com mais de uma PBE, foi
avaliado o primeiro episódio nesse período. Resultados:No período
estudado, foram encontradas 462 culturas de ascite positivas. Houve
25 pacientes com PBE com cultura positiva. A idade média foi de 56
anos (desvio padrão = 13). Hepatite C (44%) e álcool (24%) foram as
etiologias da cirrose mais prevalentes. 72% dos pacientes foram
classificados como Child-Pugh C. 48% das paracenteses foram
realizadas com mais de 72 horas de internação. Os germes isolados
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
nas culturas foram os seguintes: 36% bacilos Gram-negativos
sensíveis a cefalosporinas; 12% bacilos Gram-negativos produtores
de beta-lactamase de espectro estendido (ESBL); 20%
Staphylococcus aureus resistente a oxacilina; 32% outros germes
Gram-positivos. Houve 60% de mortalidade hospitalar nesses
pacientes. Conclusão:Em uma amostra é de pacientes com alta
gravidade, com PBE e cirrose descompensada Nesse grupo de
pacientes, houve crescimento de 32% de bactérias resistentes aos
antibióticos de escolha para tratamento empírico da PBE. A nossa
amostra é limitada para avaliar os fatores causais para o índice de
resistência.
TL 270
ANÁLISE DO DESFECHO DE PACIENTES CIRRÓTICOS
PORTADORES DE CARCINOMA HEPATOCELULAR EM LISTA DE
ESPERA PARA TRANSPLANTE HEPÁTICO
Leonardo Wagner Grillo, Cláudio Augusto Marroni, Gustavo Drügg
Hahn, Leonardo Comerlatto E Lucas Gonçalves Matte
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
Introdução e Objetivos: Cirróticos possuem maior risco de
desenvolver carcinoma hepatocelular (CHC) e o transplante ortotópico
de fígado (TOF) é a única opção terapêutica capaz de tratar
simultaneamente o câncer e a disfunção hepática. Objetiva-se avaliar
o desfecho de pacientes cirróticos portadores de CHC em lista de
espera para transplante hepático, determinando fatores preditivos
de retirada de lista (dropout) e a frequência de dropout. Material e
Métodos: Estudo observacional, retrospectivo, de coorte histórica,
em hospital geral no sul do Brasil de maio de 2006 a dezembro de
2010, de pacientes até a realização do transplante hepático ou dropout.
Análise por modelo de Regressão de Cox e curvas de Kaplan-Meier
com comparação pelo teste de Log-rank. Resultados: De 148
pacientes, 70,9% foram transplantados e 29,1% foram excluídos
da lista por progressão do tumor e ou morte, estando 79,1% dentro
do critério de Milão. Fatores preditivos de dropout na análise
univariada com significância estatística (p<0,05): nível de Alfafetoproteína > 20 ng/ml [Hazard ratio (HR), 2,4; 95% intervalo de confiança
(IC), 1,3-4,4] e tumor fora do critério de Milão (HR, 3.4; 95% IC 1.8-6.2);
em análise multivariável com significância estatística (p<0,05):
classificação de Child-Pugh B e C (HR, 2,1; 95% IC 1,1-4,2) e tumor
fora do critério de Milão (HR, 2,9; 95% IC 1,4-6,0). Fatores
independentes de dropout da lista para TOF: tumor fora do critério de
Milão (HR, 2,9; 95% IC 1,4-6,0) e possuir classificação de Child-Pugh
B ou C (HR 2,1; 95% IC 1,1-4,2). Conclusão: O critério de Milão,
assim como o nível da Alfafetoproteína e a classificação de ChildPugh identificaram indivíduos com maior risco de saída de lista
(dropout) durante espera por órgão.
.
TL 271
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E FATORES PREDITIVOS DE
MORTALIDADE DO HEPATOCARCINOMA EM UM HOSPITAL NO
RIO DE JANEIRO
Leal CRG, Magalhães CR, Valle E, Rosa MM, Weberszpil MCM, Silva
DMP, Barbosa D, Carvalho BCJ, Nazar A, Martinho JMG, Nabuco LC,
Pinto PTA
Hospital Federal dos Servidores do Estado, Hospital Universitário
Antônio Pedro
O carcinoma hepatocelular (CHC) é, atualmente, um dos tumores de
maior incidência em todo o mundo, ocupando o sexto lugar entre as
principais neoplasias primárias, sendo considerada a terceira causa
de mortalidade por câncer no mundo. No Brasil, este tipo de câncer
foi a sexta causa de morte por neoplasia nos últimos 10 anos. A
incidência do CHC é bastante heterogênea, apresentando taxas mais
elevadas em países subdesenvolvidos e em áreas com maior
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
densidade demográfica. Objetivo: Traçar o perfil clínico e
epidemiológico dos pacientes com diagnóstico de CHC em um hospital
terciário no município do Rio de Janeiro; avaliar a sobrevida destes
pacientes em 6 e 9 meses; determinar os fatores preditivos de
sobrevida na população estudada. Material e métodos: Foram
incluídos no estudo 107 pacientes com diagnóstico de CHC (25
femininos e 82 masculinos) com idade média de 60 anos (± 10)
atendidos no ambulatório do referido hospital. As principais
características clínicas e epidemiológicas dos pacientes foram
determinadas no momento de inclusão no estudo. A sobrevida dos
pacientes foi avaliada aos 6 e 9 meses de segmento. Analisamos os
fatores preditivos de sobrevida aos 6 meses utilizando o teste t de
student para as variáveis quantitativas e x2 para as categóricas.
Resultados: A sobrevida dos pacientes aos 6 meses de seguimento
foi de 81% e em 9 meses de 70%. A causa mais freqüente de óbito
aos 6 meses foi progressão de doença (96%). Na análise univariada
os fatores preditivos de sobrevida aos 6 meses foram: Child-Pugh C
(p=0,011), Performance Status (PS) 2 ou 3 (p=0,001), presença de
mais de 1 lesão (p=0,026), Critério de Milão negativo (p=0,002), BCLC
C ou D (p<0,001), OKUDA III (p<0,001), TNM IV (p=0,003), presença
de trombose tumoral (p<0,001) e metástase à distância (p=0,001).
Conclusão: Na população estudada, fatores como Child-Pugh, PS,
BCLC, OKUDA, TNM, presença de trombose tumoral e de metástase
foram relacionados a uma maior mortalidade, possivelmente por
estarem associados a doença mais avançada. A maioria dos pacientes
com diagnóstico de CHC apresenta tumores em estágio intermediário
ou avançado, quando somente é possível oferecer tratamento
paliativo. Dessa forma, para que se consiga sucesso com tratamentos
curativos em uma maior população, é imprescindível que se faça o
diagnóstico da neoplasia em fase precoce, através do rastreamento
periódico dos indivíduos em risco, aumentando a chance de cura e a
sobrevida desses pacientes.
TL 272
DOENÇA DO ENXERTO CONTRA HOSPEDEIRO COM
MANIFESTAÇÃO HEPÁTICA EXCLUSIVA
Anderson Antônio de Faria, Luciana Costa Faria, Fernanda Maria
Farage Osório, Célio Geraldo Oliveira Gomes, Francisco Guilherme
Cancela Penna, Teresa Cristina de Abreu Ferrari, Cláudia Alves Couto
Ambulatório de Fígado do Instituto Alfa de Gastroenterologia, Hospital
das Clínicas da Universidade Federal de Minas
Introdução: A doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH) é uma
complicação frequente após transplante de medula óssea (TMO),
podendo ocorrer em até 50% dos pacientes. Pode ser agudo ou
crônico e frequentemente acomete mais de um órgão. A pele é lesada
na maioria das vezes e o acometimento hepático isolado é raro.
Objetivos: Descrever um caso de DECH crônico com acometimento
hepático isolado. Relato do Caso: Paciente masculino, 48 anos,
submetido a TMO alogênico não aparentado por síndrome
mielodisplásica em setembro de 2011. Em janeiro de 2012 apresentou
elevação de enzimas hepáticas, tanto das aminotransferases (>10X),
quanto da fosfatase alcalina e da GGT (cerca de 20X). A investigação
etiológica das principais causas de hepatopatia foi negativas e a
biópsia hepática evidenciou agressão a pequenos ductos por
linfócitos, inflamação lobular e portal, sem fibrose, achados compatíveis
com DECH. Iniciado tratamento específico com ciclosporina e
corticoide, após o qual o paciente evoluiu com melhora dos exames.
Após um ano, o tratamento foi suspenso e as enzimas hepáticas
voltaram a se alterar. O paciente evoluiu com recidiva da doença
hematológica e por isso foi optado por não retratar a DECH.
Discussão: A DECH ocorre com mais frequência após TMO, mas
pode ocorrer após transplante de órgãos sólidos. É divida em aguda
e crônica principalmente com base nas manifestações clínicas.
Diversos órgãos podem ser acometidos, sendo a pele e o trato
gastrointestinal os mais freqüentes. O acometimento hepático isolado
é evento muito raro. O padrão de lesão mais comum são as alterações
109
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
canaliculares, contudo pode ser também hepatocelular. O diagnóstico
presuntivo é feito com base nos parâmetros clínicos, mas a
biópsiahepática é essencial quando não há alterações de pele. O
tratamento tem como base a imunossupressão e o prognóstico não é
ruim. Quando há acometimento hepático, pode haver evolução para
cirrose, e em alguns casos o tratamento definitivo é o transplante
hepático. Conclusões: Relatamos um caso de DECH crônico com
acometimento hepático exclusivo em um paciente submetido a TMO
por mielodisplasia. Houve resposta ao tratamento inicial, porém com
recidiva após a suspensão da terapêutica. Devido a recidiva da doença
hematológica, foi optado por não retratar a DECH.
TL 273
NECROSE MACIÇA DO PARÊNQUIMA HEPÁTICO POR
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA AGUDA SIMULANDO NÓDULOS
HEPÁTICOS
Carolina Frade Magalhães Girardin Pimentel Mota, Lívia Zardo Trindade,
Ana Cristina Amaral Feldner, Adriano Mizziara Gonzalez, Mário Kondo
UNIFESP
Introdução: A insuficiência hepática aguda é sabidamente um evento
de alta mortalidade. A indicação de transplante hepático pode ser a
única alternativa terapêutica para estes pacientes e o atraso em sua
realização pode comprometer diretamente o prognóstico nestes casos.
O achado de nódulos hepáticos em exames de imagem neste grupo
de pacientes é frequente, e suas características podem simular
achados de neoplasias primárias ou metastáticas. A importância no
diagnóstico diferencial rápido dessas situações é fundamental para
a sua abordagem. Objetivo: Descrever um caso de necrose maciça
do parênquima hepático secundária a insuficiência hepática aguda
por Doença de Wilson simulando nódulos hepáticos de origem
neoplásica. Relato de Caso: Paciente, 16 anos, sexo feminino,
estudante. Admitida no hospital com relato de aumento do volume
abdominal e edema de membros inferiores há 2 meses, com piora
progressiva e queda do estado geral há 1 semana. Previamente hígida,
sem antecedentes patológicos pregressos ou familiares dignos de
nota. Exames laboratoriais evidenciavam piora progressiva de função
hepática e, dez dias após internação, surgimento de encefalopatia,
completando os critérios diagnósticos para insuficiência hepática
aguda. Ceruloplasmina baixa, elevação de excreção urinária de
cobre e presença do anel de Kayser-Fleisher sugeriam etiologia
secundária a Doença de Wilson. Exames de imagem com padrão
sugestivo de múltiplos nódulos hepáticos gerou dúvidas quanto
possível origem neoplásica da disfunção hepática. Biópsia
transjugular realizada sem evidencia de malignidade. Transplante
hepático realizado com sucesso. Anatomopatológico do explante
evidenciava padrão de necrose difusa de todo o parênquima sem
sinais de malignidade. Paciente evoluiu bem no pós operatório.
Acompanhamento clínico 3 anos após sem evidências de neoplasias.
Discussão: O achado sugestivo de nódulos hepáticos nos quadros
de insuficiência hepática aguda pode gerar dúvidas quanto a etiologia
do quadro hepático e retardar a realização do transplante. Tal
apresentação é incomum, mas deve fazer parte do diagnóstico
diferencial de quadros de necrose maciça do parênquima hepático.
O atraso na conduta pode impactar diretamente no prognóstico
desses pacientes.
TL 274
EPIDEMIOLOGIA E PROGNÓSTICO DA FALÊNCIA HEPÁTICA
FULMINANTE EM UM CENTRO TRANSPLANTADOR BRASILEIRO
Regina Gomes dos Santos, Marilia Tavares Campos de Oliveira
Gaboardi, Cacilda Pedrosa de Oliveira, Huda Maria Noujaim, Leonardo
Toledo Mota, Juan Rafael Branez Pereira, Marcelo Perosa de Miranda,
Tércio Genzini
Grupo HEPATO
110
Falência hepática fulminante (FHF), definida como súbita insuficiência
na ausência de doença hepática pré-existente, pode levar o paciente
à morte em até 80% dos casos. Não há tratamentos específicos com
benefício comprovado, exceto o transplante hepático. Objetivos:
Analisar a epidemiologia, critérios de gravidade e evolução dos
pacientes com FHF encaminhados ao Grupo HEPATO. Material e
Métodos:Foram revisados os registros médicos de 67 pacientes do
período de Dezembro de 2000 a Junho de 2013 com diagnóstico de
hepatite fulminante. Resultados: Foram identificados 67 pacientes
de 17 a 78 anos, média de 39,5 anos, sendo 49 (73%) do gênero
feminino. As etiologias foram: medicamentosa em 24 (35,8%), hepatite
B em 10 (14,9%), hepatite autoimune em 7 (10,5%), hepatite A em 2
(3%), doença de Wilson em 2 (3%), mista (dengue e paracetamol) em
1 (1,5%), não foi possível determinar a causa em 11 (16,4%) e foi
desconhecida em 10 (14,9%). O quadro clínico/laboratorial foi de
bilirrubinas >17 em 53/59 pacientes (89,8%), INR>3,5 em 38/59
pacientes (64,4%), com encefalopatia grau IV por West-Haven em
28/58 pacientes (48,3%), e esta se iniciou após 7 dias do início da
icterícia em 47/54 pacientes (87%). Evoluíram com insuficiência renal
25/59 (42,4%) de pacientes. Em 16/50 (32%) casos haviam sinais
clínico e/ou laboratoriais de infecção. Foram transplantados 49
pacientes (73%), com média de espera de 3,6 dias (0 a 27), 17 (25%)
evoluíram para óbito em média de 5,2 dias (1 a 29) e um paciente
regenerou. A sobrevida dos transplantados foi de 65% (32/49).
Conclusão:A etiologia da hepatite fulminante varia de acordo com a
região geográfica e mudou ao longo dos últimos 10 anos em várias
regiões. Em nossa casuística a maioria foi por medicamentos (35,8%)
seguida de causa indeterminada ou desconhecida (31,3%). A mediana
de tempo de espera para o transplante foi de 3,6 dias, menor do que
nos Estados Unidos, que é de 7 dias. Apesar dos avanços
significativos em cuidados intensivos e uma melhor compreensão da
fisiopatologia da insuficiência hepática aguda, a taxa de mortalidade
permanece alta, maior do que no transplante hepático devido a outras
causas.Trata-se, no entanto, de permitir a sobrevivência de 65% dos
pacientes em nossa casuística, que de outra forma teria falecido
devido à insuficiência hepática. Esse índice é compatível com os
dados da literatura. Acreditamos ser necessária uma estatística
brasileira da falência hepática fulminante.
TL 275
HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA COMO MANIFESTAÇÃO DE
HISTOPLASMOSE INVASIVA NO PÓS-TRANSPLANTE HEPÁTICO
- RELATO DE CASO
Carolina Frade Magalhães Girardin Pimentel Mota, Catia Rejânia R
Melo, Cláudia Micaela Antezana Santos, Daniela Costa Menezes de
Gonçalves, Ricardo Kawaoka Myiake, Cristiane Maria de Freitas Ribeiro,
Marcos Túlio M Meniconi, Edilson Duarte dos Santos Júnior
Hospital Samaritano de São Paulo - Núcleo de Gastroenterologia
Introdução: A histoplasmose é uma das micoses sistêmicas mais
prevalentes na população mundial. O fungo Histoplasma capsulatum
está presente no solo e, para causar infecção, deve ser inalado. A
maioria das infecções é assintomática em indivíduos imunocompetentes, contudo, raramente, casos invasivos podem
comprometer pacientes imunossuprimidos. Objetivo: Descrever um
caso de histoplasmose em paciente pós transplante hepático
manifestado com hemorragia digestiva alta. Resumo do caso: MMSS,
59 anos, feminina, casada, natural e procedente de São Paulo.
Internada em março de 2011 com quadro de tosse seca, sudorese
noturna e perda ponderal de 2kg no último mês. Paciente transplantada
de fígado em 2009 por cirrose hepática secundária a hepatite C
crônica. Realizados escarros com BAAR negativo, tomografia
computadorizada com acometimento miliar bilateral e broncoscopia
com biópsia sugestiva de processo granulomatoso. Iniciado tratamento
empírico para tuberculose com os achados preliminares descritos.
Paciente evoluiu com piora clínica e evidência de sepse de foco
pulmonar. Na unidade de terapia intensiva, apresentou queda
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
significativa de hemoglobina sem exteriorização de sangramento.
Realizada endoscopia digestiva alta com evidência de lesão elevada,
com sangramento ativo, em segunda porção duodenal. Biópsia da
lesão confirmou diagnóstico de Histoplasmose. Iniciada anfotericina
B lipossomal, contudo paciente apresentou piora clínica evoluindo
para óbito. Discussão: A histoplasmose invasiva é uma patologia
rara que acomete pacientes imunossuprimidos. Alguns estudos na
literatura sugerem incidência global de 1:1000 transplantes, sendo
maior a frequência no transplante de pâncreas. Os sintomas mais
prevalentes são febre, dispneia e diarreia. Sugere-se que a maioria
dos pacientes apresentam acometimento pulmonar e disseminação
ao diagnóstico. Lesões do trato gastrointestinal são achados raros.
O tratamento é realizado, nas formas graves, com anfotericina
lipossomal por um ano. Um alto índice de suspeição é necessário
para a introdução precoce do tratamento específico, evitando-se
assim as complicações graves relacionadas a esta infecção.
TL 276
COINFECÇÃO POR VÍRUS DA HEPATITE B EM PACIENTES
INFECTADOS POR HIV NO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS, ESTADO
DE SÃO PAULO
Letícia de Franceschi, Laura Queluz Clementino, Mariana Morais
Carvalho, Sigrid de Sousa dos Santos, Paulo Inácio da Costa
Departamento de Medicina, Centro de Ciências Biológicas e da
Saúde, Universidade Federal de São Carlos
Introdução: Na era da terapia antirretroviral de alta potência, a doença
hepática tornou-se importante causa de morbimortalidade em
indivíduos infectados por HIV. A prevalência da coinfecção por vírus
da hepatite B (VHB) é maior em pacientes infectados por HIV que na
população geral, variando em grandes cidades brasileiras de 3,7 a
24,3%. Os pacientes infectados por HIV apresentam mais cronificação
da infecção por VHB, maiores níveis séricos de DNA de VHB, declínio
mais rápido dos anticorpos contra antígeno de superfície do VHB
(anti-HBs), perfis sorológicos incomuns, hepatite B oculta, aumento
de episódios de reativação, progressão mais rápida para cirrose
hepática e carcinoma hepatocelular agressivo. Objetivos: Avaliar o
perfil epidemiológico dos marcadores sorológicos de infecção por
VHB e a cobertura da vacinação contra hepatite B em indivíduos
infectados por HIV em município brasileiro de porte médio. Material e
Métodos: Estudo transversal de 214 pacientes infectados por HIV
atendidos no Centro Municipal de Especialidades de São Carlos de
março de 2012 a março de 2014. Realização de entrevista, revisão
de prontuário e carteira vacinal, e coleta de exames laboratoriais.
Dados: idade; sexo; modo de transmissão do HIV; classificação da
infecção por HIV (CDC/2008); medicações antirretrovirais; comorbidades; coinfecções; imunizações; contagem de CD4; carga
plasmática do HIV; marcadores sorológicos VHB e enzimas hepáticas.
Resultados parciais: Até o momento, inclusos 53 pacientes: 62,3%
sexo masculino, idade média 42 anos (21-63). Em relação à
epidemiologia da infecção por HIV: 50,9% heterossexual, 32,1%
homens que fazem sexo com homens, 13,2% usuários de drogas
injetáveis (UDI) e 3,8% desconhecida. Classificação CDC: 39,6% A;
26,4% B e 34% C. Contato com VHB (anti-HBc + e/ou HBsAg +)
detectado em 13 pacientes (24,5%), sendo 76,9% do sexo masculino,
idade média 46 anos e 38,5% UDI. Quanto à infecção por HIV, a
contagem média de CD4 foi 744 células/mm3 e carga plasmática do
HIV indetectável em 69,2%. Esquema antirretroviral com inibidores da
protease em 61,5%. Hepatite B crônica (HBsAg) diagnosticada em 2
pacientes (3,8%), sendo um anti-HBc (-). Entre 40 pacientes sem
contato prévio com VHB, apenas 27 foram vacinados (67,5%).
Conclusão: Uso de drogas intravenosas apresenta papel
epidemiológico importante no perfil de pacientes coinfectados HIVVHB mesmo em municípios menores. Muitos pacientes infectados por
HIV e susceptíveis ao VHB nunca foram vacinados.
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TL 277
RETRANSPLANTE DE FÍGADO EM ADULTOS: EXPERIÊNCIA DE UM
ÚNICO CENTRO EM 15 ANOS
Fernanda Calçado, Denise Costa, Samanta Basto, Renata de Mello
Perez, Rodrigo Martinez, Henrique Sérgio Moraes Coelho
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
Introdução: O transplante hepático é o tratamento definitivo para
pacientes com doença hepática em estágio terminal. Porém, uma
proporção significativa destes pacientes evolui com perda da função
do enxerto, sendo o retransplante a única opção terapêutica nestes
casos. A incidência de retransplantes varia de 5-22% na literatura
mundial. Objetivos: Analisar a prevalência, as indicações, as
características e a mortalidade dos retransplantes realizados em um
único centro no Rio de Janeiro, durante 15 anos de programa de
transplante hepático. Material e Métodos: Estudo retrospectivo
realizado em um período de 15 anos (1998 a 2013) em um centro de
transplante hepático, sendo selecionados os pacientes submetidos a
retransplante. As variáveis analisadas foram: variáveis demográficas,
diagnóstico primário, indicações de retransplante, intervalo de tempo
entre o transplante primário e o retransplante, MELD, imunossupressão
no pré operatório, mortalidade após o retransplante e as causas de
óbito. Resultados: Foram realizados 419 transplantes hepáticos no
período, sendo 31 retransplantes (7%). Foram incluídos 28 pacientes
( idade 43 +/- 17 anos, 65 % sexo masculino). A média do MELD foi 20
+/- 8 Três deles submeteram-se a dois retransplantes. Os principais
diagnósticos primários foram: CHC (25,8%) e hepatite C (16,1%). As
principais indicações de retransplante foram : trombose de artéria
hepática (33%), disfunção primária do enxerto (19%), outras
complicações vasculares (9%) e rejeição crônica (9%). A mortalidade
global pós retransplante foi de 65 % e as principais causas de óbito
foram sepse (39%) e hemorragia (16%). Os retransplantes foram
categorizados em dois grupos: precoce (< 6 meses) e tardio (> 6
meses). No grupo precoce (74%) a causa mais comum foi trombose
de artéria hepática (45%), e no grupo tardio, recidiva de doença de
base (50%). O grupo precoce apresentou mortalidade estatisticamente
semelhante em relação ao grupo tardio (56% x 87%; p=0,2).
Conclusões: A prevalência de retransplante e a sobrevida foi
semelhante a observada na literatura. Observou-se uma incidência
mais elevada de complicações vasculares como etiologia de
retransplante - incluindo-se estenose de veia cava inferior e trombose
de veia porta. A mortalidade entre os grupos precoce e tardio foi
semelhante, muito embora este resultado pudesse ser diferente com
uma amostra maior de pacientes.
TL 278
TRANSPLANTE HEPÁTICO NA ANEMIA FALCIFORME
Juliana Delgado Campos, Joyce Roma, Alessandra Gouveia Longo, Karina
Paulino, Barbara Rodrigues, Mariana La Cava, Ana Maria Pittella, Elisabeth
Balbi, Lucio Pacheco, Ricardo Coutinho Nogueira, Bianca Guaraldi,
Gabriela Vizzoni, Thaise Kaiser, Frederico Campos, Pollyana Valente
Hospital Quinta D'Or
Introdução: O acometimento hepático é frequente em portadores de
anemia falciforme (AF) com dados de autópsia mostrando prevalência
29% de cirrose hepática. A injúria hepática relacionada à AF pode
variar desde elevação de transaminases por crise vaso-oclusivas à
insuficiência hepática ( manifestada como colestase intra-hepática
da AF). O transplante hepático (TH) é considerado uma importante
modalidade terapêutica para esses pacientes. Objetivo: Relatar um
caso de paciente com hepatopatia secundária à AF submetido a TH.
Relato de caso: Paciente CGJ, masculino, 53 anos, portador de AF
diagnosticada na infância. Recebeu diagnóstico de cirrose hepática
aos 41 anos. Complicou com carcinoma hepatocelular, nódulo único
dentro dos critérios de Milão, sendo submetido à quimioembolização
111
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
em 2011 e a TH em 2012 . Evoluiu com choque vasoplégico no pósoperatório imediato, AVE isquêmico, isquemia parcial do enxerto,
síndrome torácica aguda, infarto ósseo e infecção por citomegalovírus.
Faleceu 45 dias após o transplante por choque séptico. Discussão:
As principais complicações pós-operatórias do TH na AF são
tromboses, eventos neurológicos e crises vaso-oclusivas. A sobrevida
em 5 anos é em torno de 44%. A principal estratégia no manejo pós
transplante envolve hemotransfusões e/ou transfusões de troca com
objetivo de manter hemoglobina entre 8-10g/dl e HbS< 30%. As
complicações neurológicas podem estar relacionadas a uma maior
susceptibilidade à neurotoxicidade dos imunossupressores,
especialmente naqueles pacientes que apresentam vasculopatia pela
AF no SNC. Apesar do correto manejo inicial deste paciente a evolução
do caso foi desfavorável. Conclusão: O transplante hepático pode
ser a única alternativa para o paciente falcêmico com falência hepática.
Apesar da alta mortalidade (em torno de 60%) na AF, o
encaminhamento precoce a um centro de referência e o correto manejo
das complicações pós operátorias, podem melhorar o prognóstico.
TL 279
PERFIL CLÍNICO-SOROLÓGICO DOS PACIENTES COM
CARCINOMA HEPATOCELULAR DO SERVIÇO DE RIO BRANCO AMAZÔNIA OCIDENTAL (RESULTADOS PARCIAIS)
Odon Paes Barbosa Júnior, Cirley Maria de Oliveira Lobato
Universidade Federal do Acre - PIBIC
Introdução: Carcinoma Hepatocelular (CHC) representa a principal
causa de óbito e complicação mais frequente em pacientes com
cirrose hepática. Trata-se da 5° e 3°causa de câncer e morte no
mundo, com 500 mil mortes/ano. Enquanto a mortalidade por cirrose
hepática diminuiu, a mortalidade por CHC aumentou. Com incidência
variável, provavelmente relacionada a fatores etiológicos, como
infecção pelo vírus da hepatite B (VHB) e C (VHC). Na Amazônia
Ocidental observa-se alta prevalência de ambos, porem não existem
estudos que mostrem a prevalência de CHC. Objetivo: Verificar as
características clínico-sorológicas dos portadores de CHC, atendidos
no Serviço de Atendimento Especializado (SAE-HD) entre 2001 a
2011. Material e Métodos: Estudo transversal, descritivo, através
da análise das variáveis sexo, idade, tipo da hepatite, carga viral,
biópsia hepática, resultado de ultrassom, de tomografia, ressonância,
análises bioquímicas (Alfafetoproteína), comorbidades e tratamento
contidas nos prontuários dos pacientes com CHC. Resultados: Dos
73 pacientes com diagnóstico de CHC, analisamos 40 prontuários.
Destes, 82,5% (33) eram do sexo masculino, com média de idade de
53 anos (variando de 23 a 67 anos), 17,5% (7) tinham história de
ingesta de álcool, 2,5% (1) apresentava metástase. Quanto ao BCLC,
72,5% (29) e 17,5% (7) foram classificados como A e C respectivamente, em relação à performance, 92,5% (37) era ambulatorial. Todos
os pacientes tinham cirrose, 67,5 (27) eram Child A, 62,5% (25) tinham
o VHC, destes 3 tinham coinfecção com o VHB e 1 com o VHB e delta.
O genótipo do VHC mais frequente foi o 1 (68%). Dos 18 pacientes
que tinham cirrose pelo VHB, 66,7% (12) eram anti-HBe positivo e
66,7% (12) tinham coinfecção com o vírus delta. Dos 12 pacientes
com o VHD 66,7% (8) eram anti-HBe positivo. Todos os pacientes
apresentavam co-morbidade, as mais frequentes: hipertensão arterial
(40%) e diabetes (27,5%). A média de alfafetoproteína foi de 1511,89
(1 a 37846). 35% (14) dos pacientes transplantaram. Conclusão:
Observou-se a relação da infecção pelo VHB, C e delta e a etiologia
do Carcinoma Hepatocelular. O VHC parece ser o principal fator de
risco para CHC em nosso meio. Sexo masculino, idade média na
quinta década de vida, doença hepática avançada e presença de
comorbidades como diabetes, etilismo e hipertensão arterial, não difere
da encontrada em outros estudos. A alfafetoproteína ainda tem valor
no diagnóstico em nosso meio.
112
TL 280
EMBOLIA GASOSA APÓS ABLAÇÃO POR RADIOFREQUÊNCIA DE
HEPATOCARCINOMA
Juliana Delgado Campos, Joyce Roma, Alessandra Gouveia Longo,
Karina Paulino, Bárbara Rodrigues, Mariana La Cava, Ana Maria Pittella,
Henrique Salas, Gabriela Vizzoni, Ricardo Coutinho, Bianca Guaraldi,
Pollyana Valente, Thaise Kaiser, Alice Moll
Hospital Quinta D'or
Introdução: A ablação por radiofrequência (ARF) guiada por
tomografia computadorizada (TC) é um procedimento minimamente
invasivo para tratamento de carcinoma hepatocelular (CHC) com baixas
taxas de complicações. Objetivo: Relatar o caso de um paciente
portador de CHC submetido à ablação por radiofrequência complicada
por embolia gasosa. Relato de caso: Paciente GCM, masculino, 67
anos, portador de cirrose hepática de etiologia alcoólica, complicada
com CHC e síndrome hepatopulmonar. Foi submetido eletivamente à
ARF guiada por TC, sem intercorrências durante o procedimento. Na
TC de controle realizada imediatamente após o procedimento
observou-se grande quantidade de gás no parênquima hepático, nas
cavidades cardíacas, no pulmão, nos grandes vasos do tórax e
encéfalo. Por este motivo foi mantido em ventilação mecânica, em
unidade de terapia intensiva especializada em patologias hepatobiliares
com objetivo de aguardar a reabsorção espontânea da embolia
gasosa. Evoluiu bem, sendo extubado no 4º dia pós ARF. Nova TC
realizada 15 dias após o procedimento não observou focos de embolia
gasosa. Resultados/Discussão: A abordagem de CHC por
radioablação percutânea é considerada modalidade terapêutica
curativa para CHC em casos selecionados. É uma boa opção para o
tratamento de pacientes com múltiplas comorbidades ou que não são
candidatos à ressecção ou transplante. Tal técnica produz elevadas
temperaturas levando a combustão de tecidos e como consequência
gera gás carbônico e vapor de água. Tais gases, se produzidos em
maior quantidade, podem se manifestar clinicamente através de embolia
gasosa. Relatos na literatura descrevem como focos gasosos pós
ARF principalmente no parênquima e vasos hepáticos. Entretanto
nosso paciente apresentou grande volume de gás em diversos órgãos,
inclusive cavidades cardíacas esquerdas e encéfalo, provavelmente
pela presença de shunt secundário a síndrome hepatopulmonar.
Considera-se que tal complicação habitualmente tem bom prognóstico,
pois os gases são reabsorvidos em pouco tempo. Conclusão: A
radioablação é considerada um procedimento seguro por ser
minimamente invasivo. Complicações são pouco frequentes e a embolia
gasosa é ainda mais rara. Quando ocorre é tratada com mediadas de
suporte e frequentemente tem boa evolução.
TL 281
NEFRITE INTERSTICIAL AGUDA SECUNDÁRIA AO USO DA
CEFALOSPORINA E OXACILINA: UMA CAUSA INFREQUENTE DE
INSUFICIÊNCIA RENAL NA CIRROSE
Camila Alcantara, Natália Babo, Fernanda Perrone, Flavia Appel,
Gabriela Nielsen, Cristiane Barreto, Marta Campos, Gustavo Henrique
Pereira, João Luiz Pereira
Hospital Federal de Bonsucesso
Introdução: Insuficiência Renal Aguda (IRA) é uma complicação
freqüente na cirrose hepática e ocorre habitualmente em pacientes
com infecções bacterianas, hemorragia digestiva ou em uso de
diuréticos. Nefrotoxicidade é causa infrequente de IRA, sendo
habitualmente descrita em usuários de AINES e aminoglicosídeos. A
nefrite intersticial aguda (NIA) é uma forma de IRA caracterizada por
inflamação do interstício e túbulos renais, em geral secundária a
resposta alérgica a drogas. Ainda que seja frequente o uso de
antibióticos, não há relato de IRA secundária a NIA nesta população.
Objetivo: Relatar caso de IRA na cirrose hepática secundaria a NIA,
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
em paciente em uso de Cefalosporina e Oxacilina. Relato de caso:
Masculino, 50 anos, cirrose hepática por vírus B e C, em uso de
entecavir,admitido por dor abdominal, febre e vômitos. Ao exame ascite
moderada, edema de MMII, icterícia e febre. A paracentese diagnóstica
revelou peritonite bacteriana espontânea (PBE) sendo iniciados
Ceftriaxone e Albumina. Em vigência desta infecção, apresentou piora
da função renal com posterior normalização ao término do tratamento
(creatinina máxima e ao final do tratamento, de 3,8 mg/dl e 1,2 mg/dl).
No terceiro dia de internação, evoluiu com celulite em membro inferior
direito, tratada com oxacilina por 10 dias. Ao 13?dia de internação,
nova piora da função renal (creatinina 2,5mg/dl) e oligúria. Realizada
cultura e prova de volume com albumina, sendo afastadas infecção e
hipovolemia. O hemograma evidenciava eosinofilia (10%), e o sedimento
urinário piúria e eosinofilúria. Estabelecido o diagnostico de NIA e
suspenso o tratamento antimicrobiano. Evoluiu com melhora progressiva
da função renal e da eosinofilia, e resolução da eosinofiluria após 45
dias. Foi acompanhado em nosso serviço por dois meses, mantendo
função renal normal, quando foi submetido a transplante hepático.
Conclusão: A NIA é uma forma rara de IRA por nefrotoxicidade cujo
diagnóstico se baseia em dados da história clínica e achados do
sedimento urinário. O pronto diagnóstico é de fundamental importância,
uma vez que a suspensão do agente causal é a medida terapêutica
mais importante. Ainda que infrequente, a NIA deve ser incluída no
diagnóstico diferencial da IRA em pacientes que fizeram uso de
medicamentos potencialmente associados a esta complicação.
TL 282
ABORDAGEM DA SÍNDROME DE BUDD-CHIARI PELA RADIOLOGIA
INTERVENCIONISTA
Camila Alcantara, Flavia Appel, Gabriela Nielsen, Thiago Pagot, Marcia
Quercetti, Gustavo Henrique Pereira, Zulane Veiga, Rafael Brás, João
Luiz Pereira
Hospital Federal de Bonsucesso
Introdução: A síndrome de Budd-chiari (SBC) é caracterizada pela
oclusão das veias supra-hepáticas, geralmente de natureza trombótica.
Acomete habitualmente mulheres, geralmente na terceira ou quarta
décadas de vida e possui uma apresentação clinica muito variável a
depender do grau e da velocidade de instalação da obstrução vascular.
O tratamento consiste no controle das complicações da hipertensão
portal associado a pesquisa de trombofilia e na utilização de anticoagulante. A anastomose portossistêmica intra-hepática transjugular
(TIPS) tem sido utilizada como opção terapêutica, com bons resultados
ainda pouco expressivos na literatura. Objetivo: Relatar a utilização
do TIPS como opção terapêutica no controle das complicações da
hipertensão portal relacionadas a SBC. Método: Relato de caso e
revisão da literatura. Relato de caso: Feminina, 22 anos, puérpera,
com relato de hematêmese durante o trabalho de parto, além de um
episódio de descompensação hidrópica aos 15 anos com boa
resposta ao diurético. Na investigação etiológica, sorologia para os
vírus da hepatite B e C e pesquisa para autoimunidade negativas,
endoscopia digestiva alta com varizes do esôfago e Ultrassonografia
(USG) abdominal com sinais de hepatopatia crônica, além de ectasia
e tortuosidade vascular junto a porção extra-hepatica da veia cava
inferior (VCI) e a porção proximal das veias hepáticas direita e
esquerda. Tomografia Computadorizada (TC) do abdome evidenciou
uma captação hepática heterogênea do meio de contaste (padrão em
mosaico) e confirmou os achados ultrassonográficos. Exame físico
revelou ascite moderada. Nesse contexto, foi feito o diagnóstico de
SBC e realizada pesquisa para trombofilia. Foi iniciado varfarina,
propanolol e sessões de ligadura elástica. No manejo da ascite,
necessitou de doses crescentes de diurético, chegando a fazer uso
diário de Furosemida e Aldactone nas doses respectivas de 80 mg e
200mg/dia. Um ano após o diagnóstico, foi submetida a nova TC do
abdome que revelou oclusão subtotal da porção hepática da VCI e
obstrução completa das veias hepáticas. Optamos pela colocação
do TIPS. Resultados: Paciente evoluiu com melhora importante da
0: sem Hepatologia
injúria renal aguda
; 1, 39
2, 3:–estágios
AKIN
Moderna
– Vol.
Nº 2 – Jul/Dez
2013
ascite, necessitando atualmente de 50mg de Aldactone. Conclusão:
A colocação de TIPS constitui-se numa estratégia terapêutica efetiva
na SBC, ficando reservada principalmente para os casos de ascite e
hemorragia digestiva refratárias ao tratamento clínico.
TL 283
PREVALÊNCIA DA INFECÇÃO PELO HCV (HCV-RNA DETECTÁVEL)
EM TRANSPLANTADOS RENAIS COM ANTI-HCV NEGATIVO
Cibele Franz, Letícia Cancella Nabuco, Pedro Túlio Monteiro de Castro
e Abreu Rocha, Luis Cristóvão Porto, Magda C B Castilho, Rebeca
Costa e Angela Santos, Henrique Sergio Moraes Coelho, Cristiane
Alves Villela-Nogueira, Renata de Mello Perez
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução: A infecção pelo HCV é uma importante causa de doença
hepática após transplante renal (TX renal). Imunossupressão é um
fator que contribui para reativação de infecções virais em pacientes
submetidos ao TX renal e que pode causar falso-negativo da sorologia
anti-HCV. Objetivo: Avaliar a prevalência de infecção pelo HCV (HCVRNA detectável) em transplantados renais com anti-HCV negativo.
Material e Métodos: Foram estudados 97 pacientes transplantados
renais com sorologia anti-HCV negativa, em acompanhamento no
Ambulatório de Transplante Renal. Foram excluídos pacientes
coinfectados por HBV e/ou HIV. Em todos os pacientes foi realizada
pesquisa de HCV-RNA por PCR em tempo real (Murex, Abbott, África
do Sul) com limite inferior de quantificação de 12 UI/mL. Os pacientes
com e sem viremia foram comparados quanto às seguintes variáveis:
idade, gênero, tipo de doador (cadáver/vivo), tempo de transplante,
tempo em diálise, terapia dialítica, hemotransfusão, uso de drogas
injetáveis, vacinação prévia contra HBV, esquema imunossupressor,
sorologia de HBV, ALT e GGT. Resultados: Entre os 97 transplantados
renais incluídos no estudo, a determinação do HCV-RNA por PCR em
tempo real identificou 6 pacientes (6%) com carga viral detectável,
porém todos estes casos apresentaram carga viral abaixo do limite
de quantificação (<12UI/mL), sendo portanto consideradas amostras
positivas com viremia detectável não quantificável. Na análise
comparativa entre os transplantados renais com e sem HCV-RNA
detectável, nenhuma das variáveis avaliadas apresentou associação
com a presença de viremia. Conclusão: A prevalência de infecção
pelo HCV em transplantados renais com sorologia anti-HCV negativa
é baixa (6%), mas esses casos alertam para a possibilidade de falsonegativo da sorologia neste grupo de pacientes, possivelmente
relacionada à imunossupressão.
TL 284
EMBOLIZAÇÃO ESPLÊNICA PARCIAL PARA TRATAMENTO DE
HIPERESPLENISMO NA CIRROSE HEPÁTICA: UM RELATO DE
CASO
Maria Auzier Freitas, Marcos de Vasconcelos Carneiro, Lucas Santana
Nova da Costa, Liliana Sampaio Costa Mendes, José Eduardo Trevizoli,
Marlia Ávila Acioly
Hospital de Base do Distrito Federal
Introdução: Hiperesplenismo é uma complicação da hipertensão
portal em cirróticos, que pode levar ao surgimento de trombocitopenia
e leucopenia. A embolização esplênica tem sido usada como uma
alternativa efetiva à esplenectomia cirúrgica para estes casos.
Objetivo: Relatar caso de paciente portadora de cirrose hepática
por esteato-hepatite não-alcoólica, com plaquetopenia e leucopenia
secundárias a hiperesplenismo, que foi submetida a embolização
esplênica parcial. Materiais e métodos: Informações obtidas
durante acompanhamento ambulatorial e hospitalar da paciente, com
revisão em literatura médica, com base de dados da BIREME, PUBMED
e SCIELO. Resultados: M.A.R.C., sexo feminino, 51 anos, com
diagnóstico de diabetes mellitus, dislipidemia e cirrose hepática por
esteato-hepatite não-alcoólica. Relato de 04 episódios de hemorragia
113
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
digestiva alta no passado, por varizes esofágicas secundárias a
hipertensão portal. Embora a paciente se mantivesse compensada
do ponto de vista da hepatopatia crônica(Child-Pugh A) e sem indicação
de transplante hepático até o momento, evoluia com plaquetopenia
progressiva e leucopenia, devido ao hiperesplenismo, com contagem
plaquetária atingindo 20.000 e apresentava, portanto, risco de
sangramento. Por este motivo, foi submetida a embolização esplênica
parcial com injeção de micropartículas 900/1200. Após embolização
esplênica, notou-se redução de cerca de 30% da perfusão do
parênquima esplênico. A paciente evoluiu com melhora progressiva
da trombocitopenia e da leucopenia, obtendo, 9 dias após procedimento, contagem plaquetária em sangue periférico de 113.000. Durante
internamento em enfermaria, nos 7 dias seguintes ao procedimento,
foi feito uso de antibiótico profilático e não ocorreram complicações
como febre, rotura esplênica e abcesso esplênico, sendo relatados,
no entanto, dor abdominal moderada, náuseas e vômitos. Conclusão:
O aumento progressivo da contagem de plaquetas e leucócitos em
sangue periférico após a embolização esplênica parcial, reforça a
conclusão de que o procedimento é uma alternativa efetiva a
esplenectomia cirúrgica para tratamento do hiperesplenismo em
pacientes cirróticos.
Figura 1 : Pico do escore MELD de acordo com o estágio AKIN
TL 285
CRITÉRIO AKIN COMO PREDITOR DE MORTALIDADE EM
PACIENTES COM CIRROSE APÓS PERITONITE BACTERIANA
Alexandre de Araujo, Mário Reis Álvares-da-Silva
Hospital de Clínicas de Porto Alegre; Universidade Federal do Rio
Grande do Sul
Introdução: Injúria renal aguda (IRA) é frequente e correlacionase com alta mortalidade na peritonite bacteriana espontânea (PBE).
O critério AKIN (Acute Kidney Injury Network) é útil para avaliar o
prognóstico de pacientes com cirrose. O objetivo deste estudo foi
avaliar o critério AKIN na predição de morte em pacientes com cirrose
após PBE. Métodos: 46 pacientes com cirrose e PBE foram incluidos
em um estudo de coorte. Injúria renal foi estimada pelo critério AKIN
(graus 1, 2 ou 3) para avaliar a associação entre a gravidade da IRA
e a mortalidade. O período médio de seguimento foi 13,22 meses. A
sobrevida foi avaliada através da curva de Kaplan-Meier e o risco
de mortalidade foi calculado através do modelo de regressão de
Cox e aferição do hazard ratio de acordo com o critério AKIN.
Resultados: A idade média dos pacientes foi 56,94 ± 9,49 e 29
(63%) eram homens. A maioria dos pacientes era Child-Pugh C
(78,3%). A média do escore MELD foi 19,46 ± 6,16. IRA ocorreu em
43,5% dos pacientes (8,7, 17,4 and 17,4% respectivamente para
critérios AKIN 1, 2 e 3). Mortalidade hospitalar para AKIN 1, 2 e 3 foi
50, 37,5 and 62,5% versus 3,8% para pacientes sem injúria renal
(p= 0,002, 0,001 e <0,001 respectivamente). Pacientes com critérios
AKIN 1, 2 ou 3 não tiveram diferença significativa em relação ao
escore MELD (p=0,893). A hazard ratio e o intervalo de confiança
de 95% para pacientes com IRA (AKIN graus 1, 2 e 3 agrupados) foi
3,41 (1,58-7,36). Conclusão: O critério AKIN é útil para predizer
mortalidade em pacientes com PBE
Figure 2: Sobrevida de acordo com os critérios AKIN
Figura 3: Sobrevida de acordo com a injúria renal aguda
114
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
TL 286
PREVALÊNCIA DE ALTERAÇÕES NA GASOMETRIA ARTERIAL DE
CANDIDATOS A TRANSPLANTE HEPÁTICO E CORRELAÇÃO
DESTES ACHADOS COM VASODILATAÇÃO PULMONAR
Luciana Carius, Renata de Mello Perez, Elizabeth Balbi, Lucio Pacheco,
Ana Carla Maruo Palis, Fábio Jubram
Hospital Quinta Dor, Hospital São Francisco de Assis, Hospital Federal
de Bonsucesso
Introdução: A síndrome hepatopulmonar se caracteriza por uma
anormalidade na oxigenação (PO2 <80mmHg ou Gradiente alvéoloarterial >15mmHg), na presença de doença hepática, induzida por
vasodilatação intrapulmonar. O ecocardiograma com microbolhas é
considerado o exame de escolha para identificar a vasodilatação. A
prevalência da SHP é estimada em 5-32% e o único tratamento
definitivo é o transplante hepático, que deve ser realizado na fase
inicial da doença. Dessa forma, a realização de um rastreamento é
importante, mas não existe consenso de como realizá-lo. Material e
métodos: Foram estudados 58 pacientes candidatos a transplante
hepático, independente de sintomatologia respiratória, submetidos à
gasometria arterial, determinação de Sa02 pela oximetria de pulso e
realização de ecocardiograma transtorácico contrastado com
microbolhas (pelo mesmo examinador), sendo que 36 exames foram
revisados por um segundo examinador. Resultados: 31 pacientes
(53%) apresentaram gradiente alvéolo-arterial >15mmHg, em 13
pacientes (22%) associado a hipoxemia leve e em 2 pacientes (3%),
hipoxemia grave. O ecocardiograma com microbolhas evidenciou
shunt intrapulmonar em 53 pacientes (91,3%). A revisão do segundo
examinador concordou em relação à presença do shunt em 100%
dos casos, porém houve discordância na mensuração do grau de
vasodilatação em 30% dos pacientes. Discussão e conclusões:
Essa avaliação inicial demonstra uma prevalência maior do que a
estimada de alterações no gradiente alvéolo-arterial, mesmo em
pacientes assintomáticos e, principalmente, uma elevada prevalência
de vasodilatação pulmonar pelo ecocardiograma, sem repercussões
graves na oxigenação. Porém é necessário determinar se a longo
prazo esses pacientes irão evoluir com deterioração da função
respiratória ou se o achado isolado de vasodilatação pelo
ecocardiograma pode não ter significado clínico.
TL 287
DOENÇA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA: PREVALÊNCIA E
FATORES DE RISCO EM CRIANÇAS OBESAS
Deise R Felix, Fabiola Costenaro, Catarina Gottschal, Gabriela Coral
Pós-Graduação em Hepatologia UFCSPA/Santa Casa de Porto Alegre
Introdução: A obesidade na infância é considerada a pandemia do
novo milênio. Entre as suas diversas repercussões, destaca-se,
nos dias de hoje a Doença Gordurosa Hepática não Alcoólica
(DGNA). Objetivos: Estimar a prevalência da DGNA em crianças
obesas; analisar dados antropométricos relacionados com esta
prevalência; identificar as variáveis dietéticas (tempo de aleitamento
materno exclusivo, ingestão de lipídes, fibra solúveis e outras) que
possam estar associadas com a DGNA; reconhecer os fatores de
risco associados com DGNA e determinar as variáveis
socioeconômicas associadas com a DGNA. Material e métodos:
estudo transversal com crianças obesas. Foram excluídas crianças
com outras doenças hepáticas, doenças genéticas ou imunodeficiências e aquelas que utilizavam medicamentos hepatotóxicos.
Para o diagnóstico e classificação de obesidade foi utilizado o
parâmetro adotado pelo Centers for Disease Control and Prevention
(CDC). A classificação antropométrica (peso e estatura) e a
classificação da condição nutricional foram realizadas seguindo a
preconização da Organização Mundial da Saúde (OMS). Foram
avaliadas as dobras cutâneas tricipital e subescapular, a
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
circunferência do braço e a circunferência cintura e quadril. Foram
obtidas as informações sobre atividade física, horas de sono, horas
de TV, tipo de brincadeiras, e permanência em creche ou escola nas
24 horas anteriores ao dia da entrevista; foi realizado inquérito
alimentar. Também foram avaliados parâmetros sócio econômicos e
fatores de risco familiares para síndrome metabólica, alem de avaliação
laboratorial e por ultrassonografia. Resultados: foram avaliados 39
crianças das quais 8 (20.5%) foram diagnosticas com DGNA. Na
análise multivariada os fatores preditivos para DGNA foram o gênero
masculino (OR: 1,62; IC95%: 1,08 - 2,44; p=0,038); a não realização
de atividade física (OR: 3,35; IC95%:1,97 - 0,006; p=0,006); a GGT
alterada (OR: 3,07; IC95%: 1,03 - 9,11; p=0,10); o consumo exagerado
de hidratos de carbono (OR: 2,17; IC95%: 1,05 - 6,82; p=0,038); e
história de hipertensão arterial familiar (OR:1,13; IC95%: 1,05 - 4,84;
p=0,048). Conclusão: a prevalência de DGNA na faixa etária analizada
é alta. O gênero masculino, a ingestão excessiva de carbohidratos e
a inatividade física são fatores de risco importantes. Alem disso, a
GGT foi o único parâmetro laboratorial correlacionado à DGNA neste
estudo. A hipertensão familiar influencio a ocorrência da DGNA na
criança obesa.
TL 288
DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA EM
PACIENTES OBESOS GRAVES: ENZIMAS HEPÁTICAS &
INDICAÇÃO DE BIÓPSIA
Ana Clara Vasconcelos, Helma P Cotrim, Erivado Alves, Maria Clara
Vieira, Alice Karoline De Oliveira, Sabrina Figueiredo, Daniela
Nascimento, Fernanda Araújo, Priscila Almeida, Luis A R Freitas
Universidade Federal da Bahia
Introdução: A DHGNA no obeso grave é de amplo espectro e inclui a
esteatose, esteatoepatite (NASH) e cirrose. Entretanto, a indicação
de biópsia hepática (BH), durante a cirurgia bariátrica (CBA) está em
discussão. Não existem ainda critérios bem definidos para indicar
esse procedimento. Objetivo: avaliar a relevância das aminotranferases para indicação da BH para obesos submetidos à CBA.
Metodologia: estudo série de casos, que incluiu obesos graves
(IMC>35 kg/m2 com comorbidades ou IMC>40), que se submeteram a
cirurgia bariátrica entre 2006 a junho/2013. Foram avaliados parâmetros
clínicos, ultrassonografia e dados laboratoriais, entre eles ALT e AST.
Critérios histológicos para diagnóstico da Pathology Committee of
the NASH Clinical Research Network. Foram excluídos obesos com
história de ingestão alcoólica ≥20g/semana e/ou outras hepatopatias.
Resultados: Foram avaliados 162 obesos graves com média de
idades de 37,96 ± 11,34 anos e 67,3% eram mulheres. Diabetes foi
observada em 16,7% dos pacientes, dislipidemia em 74,1% e 56,8%
(67/118) resistência à insulina. ALT estava normal em 67,5% dos
obesos, AST em 72% e ALT e AST em 64,8%. Dentre os pacientes
que tinham aminotransferases normais (AST e ALT), 81,9%
apresentavam esteatoepatite na histologia; desses 80% apresentavam
fibrose graus I e II, 2% fibrose grau III. Conclusões: A maioria dos
obesos, nesse estudo, apresentavam aminotransferases normais,
no entanto esteatoepatite com fibrose foi o diagnostico mais frequente
à histologia. Os resultados mostram uma dissociação entre alterações
de AST/ALT e gravidade histológica nesses pacientes, e sugerem
que níveis séricos de enzimas hepáticas não podem ser considerados
parâmetros para indicação de biópsia hepática em obesos que se
submetem a cirurgia bariátrica.
TL 289
CARCINOMATOSE MUCINOSA PERITONEAL
Flávia Appel, Natalia Babo, Gabriela Nielsen, Camila Alcantara, Renan
Marzullo, Thiago Pagot, Fernanda Perrone, Frederico Campos, João
Luiz Pereira
Hospital Federal de Bonsucesso
115
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
Introdução: a carcinomatose mucinosa peritoneal é um tumor de
crescimento indolente que se caracteriza por ascite mucinosa e
implantes na cavidade peritoneal . É uma doença rara freqüentemente
relacionados a cistoadenocarcinomas de ovário ou de apêndice.
Ocasionalmente pode se originar do colón, mama, endométrio,
pâncreas, carcinoma do ducto biliar comum e ducto onfalomesentérico. O diagnóstico pode ser feito por meio de citopatologia
de aspiração por agulha fina, ultrassonografia(US), tomografia(TC)
e ressonância magnética(RNM). Os dois últimos são de grande
importância pois permitem um melhor estudo de determinadas áreas
de difícil avaliação pela US, definindo melhor a lesão e extensão da
doença. Objetivo: apresentar caso de carcinomatose mucinosa
peritoneal com apresentação pela RNM e TC com espessamento
peritoneal comprometendo todo o tecido e associado a "omental
cake". Relato de Caso: RCSC, 64, homem, negro encaminhado
para avaliação de aumento de volume abdominal. Ao exame físico
observou-se abdômen globoso e massa endurecida a palpação
difusamente ocupando todo o abdômen .Realizada TC e RNM tendo
como laudo: "espessamento peritoneal difuso, formando uma
carapaça que envolvia o fígado e os demais órgãos abdominais
sugerindo carcinomatose peritoneal. Observa-se formação ovalada
e hipodensa com calcificações de permeio na fossa ilíaca direita.
Ascite". Realizada laparoscopia que evidenciou massa
comprometendo difusamente o peritônio e região cecal. Realizada
citoredução e enviado material para a histopatologia cujo laudo foi
de carcinomatose mucinosa peritoneal. Encaminhado para a
Oncologia onde está realizando quimioterapia sistêmica. Conclusão:
relatado caso, com ênfase nas imagens radiológicas, de
apresentação peculiar de carcinoma mucinoso.
TL 290
ASSOCIAÇÃO ENTRE FATORES DE RISCO CARDIOVASCULAR E
GRAVIDADE DA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO
ALCOÓLICA
Alice Karoline De Oliveira, Helma P Cotrim, Erivaldo Alves, Sabrina
Figueiredo, Maria Clara Vieira, Yanaihara Pinchemel, Fernanda Araújo,
Luis A R Freitas
Universidade Federal da Bahia
Introdução: Os pacientes com DHGNA têm como fatores de risco
principais a obesidade, dislipidemia e diabetes mellitus tipo II, e por
isso tem também maior risco de morbidade e mortalidade
cardiovascular. Objetivo: avaliar se o número de fatores de risco
cardiovascular (FRCV) associados à obesidade influencia na
gravidade da DHGNA. Metodologia: estudo série de casos, que
incluiu obesos com IMC>35 kg/m 2 que se submeteram a cirurgia
bariátrica (CBA) entre 2006 a junho/2013. Critérios histológicos para
diagnóstico da Pathology Committee of the NASH Clinical Research
Network. Foram excluídos obesos com história de ingestão alcoólica
≥20g/semana e/ou outras hepatopatias. Os pacientes foram divididos
em cinco grupos segundo o número de fatores de risco vascular:
obesidade central, hipertensão arterial, HDL baixo, hipertrigliceridemia, hiperglicemia. Resultados: Foram avaliados 186
pacientes, com uma média de idade de 37,4 ± 11 anos, dos quais
72% eram do sexo feminino. A média do IMC foi de 43,7 kg/m². A
avaliação histológica mostrou: fígado normal e alterações
inespecíficas, 17% dos casos, esteatose em 22%, e esteatoepatite
com fibrose em 78%. Entre os pacientes com esteatose 78% apresentavam 1 ou 2 fatores de RCV. Naqueles com esteatoepatite 43,5%
apresentavam 3 ou mais fatores. Conclusão: os resultados de
estudo sugerem que o maior o número de fatores de risco
cardiovascular associados à obesidade, pode influenciar na
gravidade da DHGNA.
116
TL 291
AVALIAÇÃO DA RESPOSTA VIROLÓGICA SUSTENTADA EM
PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA GENÓTIPO 1 TRATADOS
COM ESQUEMA ANTIVIRAL TRÍPLICE
Carvalho BC, Leal CRG, Griman AB, Nazar NA, Queiroz VP, Quelhas
LS, Theodoro CF, Garçoni C, Magalhães CR, Nabuco LC, Pinto PTA
Hospital Federal dos Servidores do Estado Ministério da Saúde. Rio
de Janeiro - RJ
Introdução: Na atualidade, o esquema padrão para o tratamento da
hepatite C crônica pelo genótipo 1 (HCVG1) é a terapia tríplice com
alfapeginterferona (Peg-IFN), ribavirina (RBV) e um inibidor da
protease (IP): boceprevir (BOC) ou telaprevir (TVR). Estudos recentes
apontam para uma taxa de resposta virológica sustentada (RVS) de
63-75% em doentes naives tratados com o esquema antiviral tríplice.
Em pacientes não respondedores (NR) a um tratamento prévio com
Peg-IFN + RBV essa taxa é de 64-66%. O objetivo desse estudo é a
avaliação das taxas de RVS em pacientes com HCVG1, tratados em
um hospital terciário no Rio de Janeiro com o esquema antiviral tríplice.
Material e métodos: Dos 26 pacientes em tratamento pudemos
avaliar a presença ou não de RVS em 15 doentes, que receberam o
esquema de Peg-IFN alfa 2b 1,5 mcg/Kg/SC/semanal, RBV 750 a
1250 mg/dia e BOC 800 mg de 8/8hs ou TVR 750 mg de 8/8hs. A
duração dessa terapia tríplice antiviral variou de 28 a 48 semanas,
Avaliamos os fatores preditivos de RVS, bem como efeitos adversos,
e as taxas de NR( falha terapêutica, breaktrough e recaída virológica).
O armazenamento e análise estatística dos dados foram feitos
utilizando o programa SPSS, Chicago 14.0. Resultados: Dos 15
pacientes analisados, 9 (60%) eram do sexo masculino, com média
de idade de 55 ± 9 anos e 13 eram brancos (87%). Desses 15
pacientes, 8 tinham cirrose (53%) e 11 eram NR a tratamento duplo
prévio com Peg-IFN alfa + RBV (73%). A taxa global de RVS foi de
33%. Das variáveis analisadas como fatores preditivos de RVS,
somente a contagem de plaquetas (p=0,0042) e o valor da queda do
Log após o lead-In (p=0,011) alcançaram significância estatística.
Entre os NR ao tratamento antiviral tríplice (67%), observamos falha
terapêutica em 30%, Breaktrough virológico em 40% e recidiva em
30%. O efeito adverso mais frequente com o uso de IPs, foi anemia,
observada em 73%. Conclusão:Nesse estudo, encontramos taxa
de RVS global abaixo da referida na literatura mundial, provavelmente
pela elevada percentagem de pacientes cirróticos (53%) e NR a um
tratamento anterior com Peg-IFN alfa e RBV, tratados pelo esquema
tríplice antiviral.
TL 292
REATIVAÇÃO DE LEISHMANIOSE CUTÂNEO-MUCOSA DURANTE
TRATAMENTO DE HEPATITE B CRÔNICA COM INTERFERON
Christini Takemi Emori, Silvia N O Uehara, Roberto J Carvalho-Filho, Ana
Cristina A Feldner, Ivonete S Silva, Antonio E Silva, Maria Lucia Ferraz
Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo
Introdução: A leishmaniose compreende um espectro de doenças
causadas por várias espécies de Leishmania, incluindo as formas
cutânea, cutâneo-mucosa e visceral. As manifestações clínicas
dependem da patogenicidade do parasita e da resposta imune do
hospedeiro. Objetivo: descrever um caso de reativação de
Leishmaniose cutâneo-mucosa durante o tratamento com
alfainterferon alfa-2b para hepatite B crônica. Relato do caso: Paciente
masculino, pardo, 52 anos, natural da Bahia, procedente de São
Paulo há 30 anos. Encaminhado por sorologia positiva para hepatite
B, assintomático. Referia viagem há 5 anos para Bahia, sem outros
fatores de risco. Ao exame físico nenhuma evidência de doença
hepática crônica. Sorologias pré-tratamento: HBsAg, anti-HBc IgG e
HBeAg positivo. TGP 2,7x Limite Superior do Normal (LSN),TGO
2,7xLSN, biópsia hepática A0F0(Metavir). Foi submetido a tratamento
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
com alfainterferon alfa-2b 5 milhões de UI/dia por 24 semanas. No
final, apresentava-se com HBV DNA de 23.801 UI/mL, sem
soroconversão de HBeAg, TGP 0,87xLSN, TGO 0,82xLSN. Evoluiu
no 4ºmês de tratamento com perda ponderal de 10 Kg, astenia e
sinusite sem melhora após antibioticoterapia. Foi encaminhado à
otorrinolaringologia por rouquidão persistente, destruição de septo
nasal, alargamento nasal e lesão em palato mole. A biópsia mostrou
processo inflamatório granulomatoso com necrose caseosa,
sugestivo de leishmaniose. Sorologia positiva IgG 1/80 por imunofluorescência indireta e reação de Montenegro 30 mm. Foi tratado
com meglumina antimoniato por 30 dias. Apresentou melhora da
rouquidão e das lesões de palato, sem intercorrências. Discussão:
A forma mucosa da leishmaniose é caracterizada por resposta imune
celular exacerbada à presença de Leishmania, determinando o
potencial destrutivo observado, com destruição de septo nasal ou
palato. Pode ocorrer anos após a cicatrização espontânea de uma
lesão cutânea localizada. O paciente não tinha história prévia de
manifestação clínica nem tratamento para leishmaniose tegumentar,
mas viajou pelo sul da Bahia há 5 anos, uma área endêmica, e
desenvolveu leishmaniose muco-cutânea poucos meses após o início
do IFN, sugerindo associação da reativação com o efeito imunomodulador do IFN. Conclusão: Este parece ser o primeiro relato de
caso de reativação de leishmaniose muco-cutânea por Interferon.
Tendo em vista esse achado, deve-se considerar a triagem para
leishmaniose em paciente de zona endêmica que será submetido ao
tratamento com Interferon.
TL 293
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA POR TUMOR NEUROENDÓCRINO: UM
CASO RARO A SER DESCRITO
Flávia Appel, Camila Alcantara, Gabriela Nielse, Emilia Omram Ahamed,
Marcia Quercetti, Flávia F Fernandes, Frederico Campos, João Luiz
Pereira
Hospital Federal de Bonsucesso
Introdução: A incidência dos tumores neuroendócrinos vem
aumentando nos últimos anos. Segundo dados da Suécia, Suíça e
Reino Unido, o número de casos novos dos tumores neuroendócrinos
gastrointestinais está entre 2 a 3 por 100.000 pessoas/ano, com
discreto predomínio no sexo feminino. Estatísticas americanas
mostram predomínio na raça negra. A maioria dos tumores
gastrointestinais neuroendócrinos são não- funcionastes. Os
primários podem causar efeito de massa e as metástases são
preferencialmente hepáticas. A sobrevida em 5 anos é maior nos
tumores de reto (74 a 88%) e menor nos tumores de pâncreas (27
a 43%). Habitualmente esses pacientes evoluem para o óbito sem
apresentarem disfunção hepática. Objetivo: descrever caso de
insuficiência hepática por tumor neuroendócrino. Relato de Caso:
KRSO, 34 anos, negra, procurou atendimento por dor lombar de forte
intensidade, que dificultava a deambulação. Ao exame físico
observava-se aumento de volume abdominal às custas de
hepatomegalia que chegava a fossa ilíaca direita . Realizada inicialmente
uma tomografia computadorizada com contraste que evidenciou o
aumento de volume hepático por massa de aspecto metástatico.
Realizadas Endoscopia Digestiva Alta e Baixa, Ultrassonografia de
Tireóide e Mamografia que não demonstraram o sitio primário. Foi
indicada biópsia da massa hepática ,porém a paciente evoluiu com
quadro inicial de síndrome colestática e posterior disfunção
hepatocelular (aumento de bilirrubinas, queda do TAP e encefalopatia).
Houve rápida evolução para insuficiência hepática e óbito. Realizada
biopsia pós-mortem cujo laudo foi de carcinoma neuroendócrino,
confirmado pelo perfil imunohistoquímico com Queratina Pan, Queratina
7, Cromogranina, Sinaptofisina positivos. Conclusão:Os tumores
neuroendócrinos geralmente são de crescimento indolente e é possível
um diagnostico etiológico e tratamento especifico. No entanto,
raramente, como no caso retratado, podem apresentar comportamento
agressivo e evoluir para insuficiência hepática.
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TL 294
INFLUÊNCIA DOS GRAUS DE OBESIDADE NA GRAVIDADE DA
DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA
Sabrina Figueiredo, Helma P Cotrim, Erivaldo Alves, Carla Daltro,
Yanaihara Pinchemel, Maria Clara Vieira, Alice Karoline De Oliveira,
Priscila Almeida, Luis A R Freitas
Universidade Federal da Bahia
Introdução: o estudo da DHGNA no obeso grave tem despertado
interesse nas últimas décadas pelas peculiaridades clínicas e
histológicas que apresenta. Objetivo: avaliar a influência dos graus
de obesidade e gravidade da DHGNA. Metodologia: estudo série
de casos, que incluiu obesos graves (IMC>35 kg/m 2 com
comorbidades ou IMC>40), que se submeteram a cirurgia bariátrica
entre 2006 a junho/2013. Foram avaliados parâmetros clínicos e
dados laboratoriais. A obesidade foi estratificada a partir de critérios
definidos pela Organização Mundial de Saúde. Os critérios
histológicos Pathology Committee of the NASH Clinical Research
Network foram adotados para diagnóstico da DHGNA. Foram
excluídos obesos com história de ingestão alcoólica ≥20g/semana
e/ou outras hepatopatias. Resultados: Foram incluídos 223
pacientes. A média de idades dos pacientes foi de 37,64 ± 10,94
anos e 70% eram mulheres. O IMC médio foi de 44,28 ± 5,83 kg/m2 ,
sendo 22% com obesidade grau II e 78% obesidade grau III. Diabetes
mellitus foi observada em 13,5% dos pacientes, enquanto dislipidemia
esteve presente em 61,9%. A resistência à insulina foi observada em
78,9%; sendo, 20,6% em pacientes com obesidade grau II e 79,4%,
obesidade grau III. A avaliação histológica mostrou que dos pacientes
com obesidade grau II, 18,4% apresentavam esteatose, e 67,3%
esteatoepatite. Desses 58% a esteatoepatite se associou a fibrose
graus I e II. Dos pacientes com obesidade grau III, 6,3% apresentavam
esteatose, 85,6% esteatoepatite, desses 73,8% fibrose grau I e II, e
2,8% fibrose grau 3 e ou cirrose. Conclusões: observou-se maior
associação entre grau de obesidade e formas mais graves de DHGNA,
como esteatoepatite com fibrose e cirrose; a resistência à insulina
(RI) foi mais frequente em pacientes com obesidade grau III; os dados
sugerem que tanto o grau de obesidade quanto a RI podem ter
influenciado na maior gravidade da DHGNA.
TL295
ALFAFETOPROTEÍNA E DIAGNÓSTICO DO CARCINOMA
HEPATOCELULAR: AINDA HÁ LUGAR PARA ESTE MARCADOR?
Sandra Regina de A. Carvalho, Carla Adriana L de Matos, Maria Lucia
Gomes Ferraz, Antônio Eduardo Benedito Silva, Rogério Renato Perez,
Adriano Miziara Gonzalez, Alcides Augusto Salzedas Neto, Ivonete
Sandra de S. e Silva
Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina
Introdução: A alfafetoproteína (AFP) em conjunto com o ultrassom
abdominal tem sido utilizada há muito tempo no rastreamento do
carcinoma hepatocelular (CHC), porém devido à baixa sensibilidade
muitos autores têm abandonado o seu uso no rastreamento do tumor.
Objetivo: avaliar a contribuição da AFP no diagnóstico do CHC.
Material e métodos: foram estudados pacientes com diagnóstico
de CHC entre 2000 e 2012. O diagnóstico do tumor foi realizado
mediante tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética
(RNM) ou biópsia hepática. Foi determinada a proporção de pacientes
que apresentou diagnóstico de CHC a partir da elevação da AFP sem
evidência de lesão hepática ao exame de ultrassom. Resultados:
foram estudados 247 portadores de CHC. A média de idade foi de
60±10 anos havendo predomínio do sexo masculino (74%) e de
infecção pelo HCV (73%). Suspeita diagnóstica a partir do ultrassom
abdominal foi determinada em 173/247 (70%) pacientes. Por outro
lado, 19/247 (8%) pacientes tiveram a suspeita diagnóstica do CHC a
partir da elevação isolada de alfafetoproteína, sem evidência de lesão
117
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
ao ultrassom abdominal. Conclusão: um número considerável de
pacientes com CHC foi identificado a partir de valores elevados de
AFP, sem evidência de tumor ao exame de ultrassom, portanto a AFP
permanece como ferramenta útil no rastreamento do carcinoma
hepatocelular.
TL 296
CRIOGLOBULINEMIA RELACIONADA À INFECÇÃO PELO HCV COM
MANIFESTAÇÕES GRAVES DURANTE A TERAPIA ANTIVIRAL RELATO DE CASO
Theodoro F, Quelhas L, Weberszpil M, Rosa M, Malta D, Franz C,
Mendes R, Pinto PTA, Valle E, Nabuco LC
Hospital Federal dos Servidores do Estado
Introdução: Crioglubulinemia é a manifestação extra-hepática mais
comum relacionada ao vírus da hepatite C, entretanto a síndrome
crioglobulinêmica está presente em uma minoria desses pacientes. A
tríade de púrpura palpável, artralgia e fraqueza pode ser acompanhada
de lesões mais graves com envolvimento renal, neurológico e ulceras
de extremidades. O manejo terapêutico da síndrome crioglobulinemica
deve ser individualizado de acordo com a gravidade das manifestações
clinicas. Objetivos: Apresentar um caso de síndrome crioglobulinêmica relacionada a hepatite crônica C tratada com interferonpeguilado e ribavirina que durante o esquema antiviral e resposta
virológica rápida evoluiu com aparecimento de manifestações graves.
Material e Métodos: Paciente feminina, 23 anos queixas de dor em
articulações de joelhos e tornozelos associada a lesões cutâneas
em membros inferiores há 6 meses. Encaminhada ao setor de
hepatologia por apresentar anti-HCV positivo. Ao exame físico, lúcida,
corada, anictérica, sinais vitais estáveis, sem estigmas de hepatopatia
crônica. Artrite em articulações periféricas dos membros superiores
e inferiores. Púrpuras palpáveis bilateralmente em membros inferiores.
Exames laboratoriais: hemograma, TAP, hepatograma, creatinina e
albumina normais. VHS=80; Crio(+), FR(+); C4=8(12-20);
proteinúria(2g/24h); PCR-HCV=850.000ui/ml, genótipo1, US abdominal normal. Biópsia cutânea compatível com vasculite
leucocitoclástica. Resultados: Proposto tratamento com Interferon
Peguilado e Ribavirina. Obteve RVR (PCR na 4ª semana indetectável)
com desaparecimento do quadro cutâneo e articular, normalização
dos níveis de C4 e do EAS. Na 24ª semana do tratamento, com PCRHCV indetectável, houve retorno da vasculite em MIS, hipertensão
arterial grave, anasarca, neuropatia periférica e síndrome nefrótica
(12g/24h), Crio(+), FR(+). Iniciado terapia com prednisona associado
ao esquema antiviral, sendo suspenso após 30 dias por ausência de
resposta. Após a combinação de anti-CD20 (Rituximab) com IFN
peguilado e RBV houve desaparecimento de todos os sintomas,
normalização da função renal com manutenção da resposta virológica.
Conclusões: Embora a terapia antiviral seja recomendada para
tratamento da crioglobulinemia com manifestações brandas, o
tratamento com interferon pode induzir ou exacerbar as manifestações
da vasculite. O uso sequencial ou combinado de terapia antiviral com
anti-CD20 é a estratégia recomendada para o manejo de lesões
graves.
TL 297
HEPATOTOXICIDADE POR USO DE ESTERÓIDES ANABOLIZANTES
Gabriela Mattos Nielsen, Camila Alcantara, Flávia Appel, Gustavo
Henrique Pereira, Flávia F Fernandes, Daniela Mariz, Zulane Veiga,
João Luiz Pereira
Hospital Federal de Bonsucesso
Introdução: A utilização de Esteróides Anabolizantes (EAS) com
objetivos estéticos e melhora no desempenho físico é uma prática
comum que vem aumentando nos últimos anos. Entretanto, seu uso
indiscriminado tem sido associado a graus variáveis de
118
hepatoxicidade.Objetivo: Relatar o caso de dois pacientes com
hepatoxicidade após uso de EAS. Relatos de casos: 1) Masculino, 34
anos, negro, apresentando astenia e náuseas há 1 mês, evoluindo
com icterícia progressiva, acolia, colúria e prurido. Relato de uso de
EAS (estanozolol) há 2 meses. Ao exame: Ictérico 4+/4+ e sem sinais
de encefalopatia hepática (EH). Apresentava hiperbilirrubinemia
(Bt:51), discreto aumento de transaminases,elevação significativa
da fosfatase alcalina e GGT (426 e 102, respectivamente),
TAP:41%,INR:1,92 e Creatinina:2,1.No segundo dia de internação
evoluiu com inversão do ciclo sono-vigília e flapping. Foi tratado com
lactulose, havendo melhora do quadro de EH após sete dias.
Realizados exames de imagem que afastaram doença biliar.
Marcadores virais negativos, assim como marcadores de autoimunidade e doenças metabólicas. Caso 2) Masculino, 30 anos, negro,
apresentando prostração, anorexia, náuseas e vômitos, evoluindo
com icterícia progressiva, acolia, colúria, prurido. História de uso de
EAS há 5 meses. Ao exame: Ictérico 4+/4+ e lesões por coçadura em
todo corpo. Apresentava hiperbilirrubinemia(BT:39), aumento discreto
de transaminases e elevação acentuada de FA e GGT(770 e 100,
respectivamente), TAP:48%, INR:1,58. Exames de imagem foram
normais, marcadores virais, pesquisa de auto-imunidade, assim como
marcadores para doenças metabólicas foram negativos. Trazia biópsia
hepática de outro serviço mostrando colestase hepatocanalicular
moderada, hiperplasia de células de Kuppfer, infiltrado inflamatório
lobular e necrose leve de hepatócitos. Resultados: Tratados com
ácido ursodesoxicólico, anti-histamínicos, Vitamina K e suporte clínico.
Na evolução do primeiro caso houve normalização da função renal
após 30 dias e do hepatograma após 9 meses do início do quadro e
no segundo caso após 6 meses. Conclusão:Ainda que a colestase
seja a forma de apresentação clínica mais freqüente, lesão
hepatocelular por uso de EAS pode ocorrer com gravidade, sobretudo
com o desenvolvimento de EH, como um dos casos apresentados. À
despeito do curso geralmente benigno, a hepatotoxicidade por uso
de EAS acarreta morbidade significativa com demora de vários meses
na resolução do quadro clínico e laboratorial.
TL 298
FATORES PREDITIVOS DE SOBREVIDA ENTRE PORTADORES DE
CARCINOMA HEPATOCELULAR
Sandra Regina de A. Carvalho, Maria Lucia Gomes Ferraz, Carla
Adriana L.de Matos, Antônio Eduardo Benedito Silva, Roberto de
Carvalho Filho, Rogério Renato Perez, Adriano Miziara Gonzalez,
Alcides Augusto Salzedas Neto, Ivonete Sandra de S. e Silva
Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina
Introdução: Carcinoma hepatocelular (CHC) é uma das neoplasias
malignas do fígado mais comum e responsável por alta mortalidade. O
diagnóstico precoce é um importante fator que pode influenciar a
sobrevida. Objetivo: avaliar fatores preditivos relacionados à
sobrevida de pacientes com carcinoma hepatocelular. Material e
métodos: foram estudados pacientes com diagnóstico de CHC entre
2000 e 2012. O diagnóstico do tumor foi realizado mediante tomografia
computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RNM) ou biópsia
hepática. Para determinação dos fatores preditivos de sobrevida foi
utilizado o método de Kaplan-Meier com construção de um modelo de
regressão de Cox. Resultados: foram estudados 247 portadores
de CHC. Destes a média de idade foi de 60±10 anos havendo
predomínio de homens (74%). A principal etiologia da doença hepática
crônica foi infecção pelo HCV (73%) seguida de álcool (12%) e
infecção pelo HBV (8%). Os pacientes foram classificados em Child
A (57%), B (36%) e C (7%). A mediana de AFP foi de 57UI/mL. A média
do MELD foi de 11. A média do número e tamanho de nódulos foi
respectivamente 2 nódulos e 5 cm de diâmetro. Metástase a distância
e trombose vascular tumoral foram encontradas respectivamente em
10% e 13% dos casos. Estavam dentro do critério de Milão 43% dos
casos dos quais 22% foram submetidos ao transplante hepático.
Ressecção hepática foi realizada em 6% dos pacientes.
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
Quimioembolização, radiofrequência e alcoolização foram realizadas
respectivamente em 49%, 1,2% e 2% dos pacientes. Sorafenibe foi
administrado a 14% dos casos. A taxa de sobrevida global foi de 74%
em 12 meses e de 40% em 36 meses. Os fatores preditivos de maior
chance de óbito foram sexo masculino (OR= 27; P< 0,001), idade
avançada (OR= 1,09; P< 0,004), níveis séricos de alfafetoproteína
acima de 20 UI/mL (OR= 3,15; P< 0,03), RNI prolongado (OR= 22,6; P<
0,01) e trombose vascular tumoral (OR= 16,3; P< 0,004). Fatores
associados a menor chance de óbito foram infecção pelo HCV (OR=
0,20; P< 0,003) e níveis elevados de albumina (OR= 0,21; P< 0,009).
Conclusão: neste estudo sexo masculino, idade avançada,
alfafetoproteína elevada e trombose vascular tumoral foram
associados a menor sobrevida. Por outro lado a infecção pelo HCV,
bem como níveis séricos elevados de albumina, se associaram a
menor chance de óbito entre portadores de CHC.
de 60±10 anos e predomínio de homens (75%). Dentre estes 35
(17%) usaram sorafenibe. A média da dose diária total foi de 630mg.
A média do tempo de uso foi de 6 meses. Entre os que usaram
sorafenibe 25 (71%) foram submetidos a quimioembolização
intrarterial. Os efeitos colaterais mais frequentes foram diarreia,
síndrome mão-pé e cefaléia e ocorreram em apenas 13 pacientes
dos quais 6 descontinuaram o tratamento. A média do tempo de
sobrevida foi maior entre aqueles que usaram sorafenibe
comparada com aqueles que não usaram (40 meses x 21 meses;
P < 0,001). Conclusão: o uso de sorafenibe resultou em efeitos
colaterais que levaram a descontinuidade do tratamento em um
número considerável de pacientes, entretanto, seu uso aumentou a
sobrevida dos pacientes, quando comparada com aqueles que não
usaram este medicamento.
TL 301
TL 299
QUIMIOEMBOLIZAÇÃO INTRARTERIAL AUMENTA A SOBREVIDA
DO PACIENTE COM CARCINOMA HEPATOCELULAR FORA DE
CRITÉRIOS PARA TRATAMENTO CURATIVO
Sandra Regina de A. Carvalho, Ivonete Sandra de S e Silva, Denis
Szejnfeld, Giuseppe D'Ippolito, Rogério Renato Perez, Adriano Miziara
Gonzalez, Alcides Augusto Salzedas Neto, Carla Adriana L de Matos
Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina
Introdução: Pacientes com carcinoma hepatocelular (CHC) fora de
critérios para tratamento curativo podem apresentar aumento da
sobrevida com quimioembolização intrarterial. Objetivos: avaliar a
sobrevida de pacientes com CHC tratados com quimioembolização
intrarterial. Material e métodos: foram estudados pacientes com
diagnóstico de CHC entre 2000 e 2012, fora de critério para
transplante hepático ou ressecção hepática, e que receberam
tratamento paliativo com quimioembolização intrarterial. O diagnóstico
do tumor foi realizado mediante tomografia computadorizada (TC)
ou ressonância magnética (RMN) ou biópsia hepática. A taxa de
sobrevida foi determinada comparando aqueles que realizaram ou
não quimioembolização intrarterial. Resultados: foram estudados
208 pacientes com média de idade de 60±10 anos e predomínio de
homens (75%). Dentre estes, 97 foram submetidos a quimioembolização intrarterial. O numero de sessões variou de 1-5 e houve
boa tolerância na maioria dos casos. A média do tempo de sobrevida
foi maior entre aqueles que realizaram quimioembolização intrarterial
comparada com aqueles que não realizaram (32 meses x 17 meses;
P < 0,001). Conclusão: em pacientes com CHC fora de critérios
para tratamento curativo a quimioembolização intrarterial resultou
em importante incremento na sobrevida.
TL 300
AUMENTO DA SOBREVIDA COM O USO DE SORAFENIBE NO
TRATAMENTO DO CARCINOMA HEPATOCELULAR
Sandra Regina de A. Carvalho, Ivonete Sandra de S e Silva, Denis
Szejnfeld, Giuseppe D'Ippolito, Rogério Renato Perez, Adriano Miziara
Gonzalez, Alcides Augusto Salzedas Neto, Carla Adriana L Matos
Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina
Introdução: Pacientes com carcinoma hepatocelular (CHC) fora de
critérios para tratamento curativo podem apresentar discreto
aumento da sobrevida com o uso de sorafenibe. Objetivo: avaliar a
sobrevida de pacientes com CHC tratados com sorafenibe. Material
e métodos: foram estudados pacientes com diagnóstico de CHC
entre 2000 e 2012 que não preenchiam critérios para tratamento
curativo e que receberam tratamento com sorafenibe e/ou
quimioembolização. A taxa de sobrevida foi determinada comparando
aqueles que usaram ou não sorafenibe. A dose de sorafenibe
prescrita foi de 800mg/dia e foi reduzida conforme tolerância.
Resultados: foram estudados 208 pacientes com média de idade
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
CARCINOMA HEPATOCELULAR: REALIDADE DE UM SERVIÇO
PÚBLICO ESPECIALIZADO
Sandra Regina de A. Carvalho, Maria Lucia Gomes Ferraz, Carla
Adriana L.de Matos, Antônio Eduardo Benedito Silva, Roberto de
Carvalho Filho, Rogério Renato Perez, Adriano Miziara Gonzalez,
Alcides Augusto Salzedas Neto, Denis Szejnfeld, Giuseppe D'Ippolito,
Ivonete Sandra de S. e Silva
Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina
Introdução: A cirrose hepática que tem como principais causas
infecção pelo HCV, HBV e álcool podem evoluir para carcinoma
hepatocelular (CHC) com altas taxas de mortalidade. O rastreamento
do CHC consiste em alfafetoproteína (AFP) e ultrassom abdominal e a
confirmação por exame de imagem trifásico. O tratamento consiste,
principalmente, em transplante hepático ou ressecção cirúrgica.
Objetivo: avaliar perfil clínico, epidemiológico, laboratorial e
terapêutico de pacientes com CHC. Material e métodos: foram
estudados retrospectivamente pacientes com diagnóstico de CHC
entre 2000 e 2012 em um serviço público especializado. O diagnóstico
do tumor foi confirmado por tomografia computadorizada (TC) ou
ressonância magnética (RNM) ou por biópsia hepática. Resultados:
foram estudados 247 portadores de CHC com média de idade de
60±10 anos e predomínio de homens (74%). Etiologia da doença
hepática crônica foi infecção pelo HCV (73%) seguida de álcool (12%)
e infecção pelo HBV (8%). Na maioria dos pacientes a suspeita do
tumor foi por rastreamento com ultrassom abdominal (70%) e apenas
8% por elevação isolada da AFP. Os pacientes foram classificados
em Child A (57%), B (36%) e C (7%). A mediana de AFP foi de 57UI/mL.
A média do MELD foi de 11. Os níveis séricos médios de AST, ALT,
FA, GGT e plaquetas foram respectivamente 93U/L, 71U/L, 161U/L,
191U/L e 123.442/µL. A média do número e tamanho de nódulos
foram respectivamente 2 nódulos e 5 cm de diâmetro. Chegaram
dentro do critério de Milão 107/247 (43%) pacientes. Dentre estes
60/107 (56%) foram listados para transplante hepático, o qual foi
realizado em 24/60 (40%) pacientes. Ressecção hepática foi
realizada em 14/247 (6%) dos pacientes. Quimioembolização,
radiofrequência e alcoolização foram realizadas respectivamente
em 122/247 (49%) 3/247 (1,2%) e 5/247 (2%) pacientes. Sorafenibe
foi administrado a 35/247 (14%) pacientes. Metástase a distância
foi encontrada em 24/247 (10%) pacientes, localizada em ordem de
frequência em linfonodo regional (n=12;50%), pulmão (n=8;33%), e
osso (n=4;17%). Trombose vascular tumoral esteve presente em
13% (n=31/247) dos casos. Conclusão: pacientes com CHC foram
na sua maioria homens, com idade avançada, com infecção pelo
HCV e MELD baixo. A maioria também chega fora de critérios para
tratamento curativo, provavelmente por diagnóstico tardio do tumor.
Portanto, estratégias mais adequadas de rastreamento são
necessárias.
119
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
TL 302
A PRESENÇA DE SÍNDROME METABÓLICA NA INFECÇÃO
CRÔNICA PELO VÍRUS C RELACIONA-SE COM PIOR EVOLUÇÃO
DA DOENÇA HEPÁTICA
Ana Claudia Oliveira, Edison Roberto Parise, Ibrahim El Bacha
Universidade Federal de São Paulo
Resumo: Introdução: Estudos têm demonstrado associação entre
a hepatite crônica C (HCC) e alterações metabólicas, particularmente
aquelas relacionadas aos distúrbios no metabolismo de glicose e
lipídeos. Resistência insulínica (RI) é um achado frequente na HCC
mais do que em doenças hepáticas de outras etiologias. Estudos têm
demonstrado que a presença de RI e diabetes mellitus (DM) interfere
negativamente na evolução da doença hepática para cronicidade.
Porém, é controverso o papel da síndrome metabólica (SM), que
compartilha da RI como evento fisiopatológico, na HCC. Objetivo:
Avaliar a presença de SM em portadores de hepatite crônica C e seu
significado na evolução da doença hepática C. Material e Métodos:
Foram estudados 187 pacientes portadores de HCC detectados por
anti-HCV e HCV-RNA positivos, genótipo 1, divididos em grupos, de
acordo com a presença de RI e SM; G1: HCC sem RI e sem SM (n=82);
G2: com RI sem SM (n=64) e G3: com RI e SM (n=48). Os pacientes
realizaram dosagens do perfil lipídico, glicêmico e bioquímico. Todos
realizaram biópsia hepática onde foram avaliados grau de lesão
estrutural (F), atividade inflamatória (APP), e presença de esteatose
hepática. Os grupos foram analisados comparativamente quanto aos
perfís lipídico, glicêmico e bioquímico e lesão histológica. Análise
multifatorial foi realizada para avaliar os fatores relacionados à pior
evolução estrutural hepática. Foi considerada significância estatística
p<0,05. Resultados: Os pacientes portadores de HCC associado à
presença de RI apresentaram idade mais avançada (48,6±14,2 x
53,8±11,7;p<0,001), e maiores níveis de glicemia (88,3±9,5 x 99,7±26,5;
p<0,001), insulina (6,6±2,8 x 18,1±6,2; p<0,001), HOMA-IR (1,4±0,6 x
3,86±1,4; p<0,001) e circunferência de cintura (31,4% x 40%;
p=0,007) do que os indivíduos sem RI. A associação de SM à RI,
nesses pacientes, além das alterações descritas foi acompanhada
também de HDLcolesterol mais baixo (51,5±12,8 x 39,4±11,6;
p<0,001), e maiores níveis de triglicérides (97,1±65,9 x 164,8±104,8;
p<0,001), hipertensão arterial sistêmica (28,5% x 75%; p<0,001) e
graus mais avançados de fibrose hepática (χ2=11,670; p<0,001).
Esse grupo apresentou também maior magnitude de HOMA-IR quando
comparado aos indivíduos com RI e sem SM (3,86±1,4 x 5,25±2,6;
p<0,001). Na análise de regressão logística APP ≥3 (1,005;p=0,027)
e HOMA-IR≥2 (11,670;p<0,001) estiveram independentemente
associados à progressão da doença hepática. Conclusões: A
presença de SM em portadores de hepatite crônica C com RI associouse a pior evolução da doença hepática. APP e HOMA-IR foram os
únicos fatores independentemente associados à fibrose mais
avançada.
TL 303
INVESTIGAÇÃO DE DOENÇA CELÍACA A PARTIR DE
TRANSAMINASES ELEVADAS
Manuel Antônio Lescano, Vani Abreu de Souza Filho
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Introdução: A doença Celíaca é um tipo de enteropatia que acomete
o intestino delgado em crianças e adultos com predisposição genética,
precipitada pela ingestão de alimentos contendo glúten. Apresenta
uma prevalência em torno de 1% da população. As manifestações
são variáveis, na forma clássica com queixas intestinais, tais como
diarreia e desconforto abdominal. Alterações extraintestinais tem sido
observadas com mais frequência, sobre tudo em adultos; entre elas
cabe destaque a elevação de enzimas hepáticas, ataxia, epilepsia
com calcificações occipitais, entre outras. O diagnóstico definitivo
120
deve ser realizado através de endoscopia com biópsia e testes
sorológicos. O tratamento corresponde a uma dieta com restrição
total de glúten. Objetivo: Relatar um caso de doença celíaca em
paciente adulto que foi suspeitada inicialmente a partir da elevação
de transaminases hepáticas. Discussão: Paciente do sexo feminino,
39 anos, com história prévia de hipotireoidismo subclínico e trombocitose, foi encaminhada para o Hepatologista para investigação de
elevação de transaminases.Referia dificuldade em ganhar peso
(IMC=17) e anemia ferropriva de longa data. Frente a esses dados,
suspeitou-se de doença celíaca, sendo solicitada endoscopia que
evidenciou na segunda porção duodenal atrofia importante com padrão
em "mosaico". A biopsia revelou relação vilosidade:cripta invertida,
perda de borda em escova (Marsh III).Foi orientada dieta sem glúten
com posterior normalização das enzimas hepáticas, ganho de peso e
normalização das outras alterações. Conclusão: Constitui medida
importante em pacientes com elevação de enzimas hepáticas, afastar
a possibilidade de doença Celíaca.
TL 304
IMPACTO DO ESCORE MELD NO PROGNÓTICO PÓS
TRANSPLANTE
Thiago Barcellos Annunziata, Lucio Pacheco, Reinaldo Fernandes,
Elizabeth Balbi, Fernanda Couto Pereira, Karina Paulino, Klaus
Steinbruck, Giuliano Bento, Rafael Vasconcelos, Gustavo Stoduto,
Lucas Demetrius, Thomas Auel, Betina Bertrand, Gabriela Vizzoni,
Thiago Bellinha
Hospital São Francisco de Assis/ Centro Estadual de Transplante/RJ
Introdução: O escore MELD (Model for End-stage Liver Disease)
vem sendo utilizado como ferramenta para avaliação do risco de
mortalidade do paciente com cirrose hepática. A partir de julho de 2006,
começou a ser empregado no Brasil como critério de organização de
pacientes em fila para transplante hepático. Dessa forma, é dada
prioridade ao paciente com maior gravidade visando diminuir a
mortalidade na fila de espera. Contudo, ainda não está bem estabelecido
se o MELD elevado interfere no prognóstico pós-operatório; os
resultados na literatura variam ao tentar demonstrar tal associação.
Objetivo: O objetivo desse trabalho é avaliar se o MELD pré-operatório
correlaciona-se com o prognóstico no pós-operatório dos pacientes
submetidos a transplante hepático. Materiais e métodos: Foram
avaliados 40 pacientes submetidos a transplante hepático com doador
falecido e transplante intervivos no período entre fevereiro e junho de
2013. Os MELDs utilizados foram calculados com exames coletados
na internação para o transplante. Os pacientes foram divididos em 2
grupos de acordo com o escore MELD: grupo 1, MELD ≥ 25 (n=16), e
grupo 2, MELD < 25 (n=24), os quais foram avaliados quanto à
sobrevida nos primeiros 30 dias pós transplante. Resultados: No
grupo 1 ocorreu 1 óbito, sendo observada sobrevida de 93%, enquanto
no grupo 2 foram constatados 4 óbitos, com sobrevida de 84%. A
média de tempo de internação no grupo 1 foi de 24,5 dias e no grupo
2 foi de 19,8 dias. Conclusão: Desse modo, apesar de uma amostra
ainda pequena em virtude de ser a experiência inicial de um serviço,
os resultados preliminares sugerem que não há relação entre MELD
elevado e maior risco de mortalidade no período pós transplante
precoce. Entretanto, nota-se um período de internação mais curto
para os pacientes com MELD < 25.
TL 305
HEPATITE C GENÓTIPO 1 EM RVS APÓS 6 SEMANAS DE
INTERFERON PEGUILADO E RIBAVIRINA EM PACIENTE COM
INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA HIPERTENSIVA
Matheus Magela Dos Reis, Patrícia Naves De Resende, Gustavo de
Almeida, Geisa Perez Medina Gomide, Rodrigo Juliano Molina, Sônia
Cançado de Oliveira Cabral
Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
Introdução: No Brasil, a prevalência de anti-HCV positivo entre
pacientes em diálise é aproximadamente 11%. A terapia antiviral em
pacientes que necessitam de hemodiálise tem menos sucesso e está
associada a mais eventos adversos. Objetivo: Relatar caso de cura
de hepatite C com tratamento durante seis semanas com Interferon
Peguilado α2a 180 µg/semana (Pegasys®) e Ribavirina 1000 mg/dia
(Riba) em paciente com insuficiência renal crônica. Material e métodos:
Revisão de prontuário disponível no arquivo hospitalar e por pesquisa
na base de dados do PubMed com palavras chaves "Hepatite C" e
"insuficiência renal". Relato de caso: M.A.M.A: sexo feminino, nascida
em 15/12/1971, natural de São Paulo-SP, procedente de Uberaba-MG,
casada, do lar. Três gestações, todas partos normais. Encaminhada
em Setembro/2010, do serviço de terapia renal substitutiva do HC,
devido sorologia positiva para Hepatite C, em protocolo para início de
terapia dialítica. Previamente hipertensa há 5 anos, com difícil controle
dos níveis tensionais, evoluiu com edema agudo pulmonar hipertensivo,
necessitando de terapia dialítica. Em uso de Losartana, Atenolol,
Nifedipina e Omeprazol. Genótipo 1, RNA-HCV quantitativo: 28.517 UI/mL,
METAVIR A1F0. Aminotransferases normais. Iniciado tratamento com
Pegasys® e Riba. Interrompido tratamento na 6ª semana devido à
intolerância às medicações como vômitos, anemia e sintomas
depressivos, refratários a uso de Domperidona, Eritropoetina, Ácido
Fólico e Fluoxetina. Um ano após suspensão do tratamento, nova
gestação, parto cesário com laqueadura de trompas. Atualmente em
realização de protocolo para transplante renal. Resultados: RNAHCV
qualitativo na 4ª semana indetectável (Limite inferior 50 UI/mL). Dois
anos após término do tratamento manteve resposta viral sustentada
(RVS) com carga viral indetectável (Limite inferior 12 UI/mL).
Conclusão: Cerca de metade dos pacientes com insuficiência renal
que realizam tratamento antiviral são capazes de atingir resposta ao
fim do tratamento. A despeito do que é descrito na literatura, o caso
relatado demonstra resposta viral rápida e sustentada com apenas
seis semanas de tratamento.
TL 306
A DISFUNÇÃO ENDOTELIAL NA CIRROSE E SUA RELAÇÃO COM
GRAVIDADE DA DOENÇA
Anderson Brito de Azevedo Silva, Allec Póvoa Señorans, Janaína
Gabriella Pereira Alves, Michele Monteiro da Rocha, Rodrigo Pereira
Luz, Henrique Sérgio Moraes Coelho, Eliete Bouskela, Raquel Carvalho
Castiglione, Cristiane Alves Villela Nogueira, Renata de Mello Perez
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução: Existem estudos documentando a ocorrência de
disfunção circulatória na cirrose, no entanto, pouco se encontra com
relação à função endotelial destes pacientes. Sabe-se que o endotélio
é importante na regulação do fluxo sanguíneo. Não há trabalhos que
avaliem o endotélio após o transplante hepático. Objetivo: Avaliar a
presença de disfunção endotelial nos pacientes cirróticos, de acordo
com escala de gravidade de doença, e seu comportamento após o
transplante hepático. Metodologia: Foram avaliados 20 pacientes
cirróticos, além de 5 indivíduos saudáveis como controle. Foram
excluídos pacientes tabagistas, hipertensos ou diabéticos. Os
pacientes foram classificados de acordo com a escala de Child-Pugh
e submetidos à avaliação da função endotelial através do exame de
Pletismografia com oclusão venosa. A disfunção do endotélio foi
avaliada pela capacidade de vasodilatação em resposta à isquemia,
medida pela diferença (Δ) entre fluxo após isquemia e o fluxo basal.
Os pacientes submetidos ao transplante foram reavaliados 1 mês
após o procedimento. Resultados: Dentre os 20 pacientes cirróticos
incluídos no estudo, 8 eram Child A, 3 Child B e 9 Child C. A média das
idades foi de 57(±4) anos no grupo controle, 58(±7) no Child A, 51(±8)
no Child B e 56(±12) no Child C. O MELD médio foi de 9 no grupo A, 13
no B e 16 no C. O ΔFluxo foi de: Grupo Controle 2,9 (±0,4) ml/min/100g
de tecido, Child A 2,3 (±0,5), Child B 1,7(±0,6) e Child C 1,8 (±0,6). A
diferença do ΔFluxo entre o grupo controle e Child C obteve um pvalor de 0,003. No período do estudo, 2 pacientes do grupo Child C
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
foram submetidos a transplante hepático, e tiveram a função
endotelial reavaliadas após 1 mês. O primeiro caso, o ΔFluxo variou
de 2,0 ml/min/100g para 3,4 ml/min/100g. O segundo caso, o ΔFluxo
foi de 1,2 para 3,0. Conclusão: O estudo sugere a presença de
disfunção endotelial periférica no paciente cirrótico, de forma
proporcional à gravidade da doença. A reversão do ΔFluxo após o
transplante para valores compatíveis aos do grupo controle, sugere
uma relação de causa-efeito entre a cirrose e esta disfunção
endotelial. Este estudo traz essa análise pela primeira vez na literatura.
TL 307
NÍVEIS DE CORTISOL MATINAL E APÓS ESTÍMULO COM ACTH
EM PORTADORES DE CIRROSE HEPÁTICA
Rodrigo Pereira Luz, Renata de Mello Perez, Cristiane Alves Villela
Nogueira, Henrique Sérgio Moraes Coelho
UFRJ
Introdução: Foi demonstrado recentemente que portadores de
cirrose podem apresentar insuficiência adrenal na ausência de sepse.
Entretanto, existem poucos estudos sobre a função adrenal de
pacientes cirróticos ambulatoriais. O objetivo deste estudo foi avaliar
os seguintes parâmetros: 1) A relação entre os níveis de cortisol
(matinal e após estímulo com ACTH) e a função hepática, 2) prevalência
de insuficiência adrenal em pacientes cirróticos ambulatoriais.
Pacientes e métodos: Os níveis de cortisol matinal foram avaliados,
e aqueles com valores entre 5µg/dL e 18µg/dL foram selecionados
para realizar o teste com 250 µg de ACTH. O pico e o delta do cortisol
foram comparados com a classificação de Child-Pugh e o escore
MELD. Insuficiência adrenal foi definida pela presença de cortisol
matinal ≤ 5µg/dL ou pico de cortisol após infusão de ACTH < 18µg/dL.
Resultados: 105 pacientes foram incluídos neste estudo (38% Child
A, 31% B, 31% C). A média do cortisol matinal foi 13,0±4,7µg/dl.
Dezessete pacientes (16%) apresentaram cortisol matinal ≥18µg/dL e
nenhum paciente apresentou cortisol matinal ≤ 5µg/dL. Os pacientes
com Child C apresentaram níveis de pico (p=0,04) e delta cortisol
(p<0,01) mais baixos do que pacientes Child A ou B, assim como
pacientes com MELD>12 apresentaram níveis de pico (p=0,02) e delta
(p<0,01) cortisol mais baixos do que pacientes com MELD≤12.
Insuficiência adrenal foi observada em 8% dos pacientes e esteve
associada com a presença de ascite (p=0,04) e encefalopatia hepática
(0,003). Conclusão: Pacientes com cirrose mais avançada apresentam
menor resposta ao estímulo com ACTH, o que pode representar
diminuição da reserva adrenal. A prevalência de insuficiência adrenal
na população estudada é baixa e está associada com sinais clínicos
de insuficiência hepática avançada, como ascite e encefalopatia.
TL 308
USO DE IMUNOGLOBULINA HIPERIMUNE HUMANA EM BAIXAS
DOSES NO TRANSPLANTE HEPÁTICO POR HEPATITE B SEGUIMENTO DE LONGO PRAZO
Fernanda Gdalevici Miodownik, Samanta Teixeira Basto, Henrique
Sérgio Moraes Coelho, Roberta Celles
UFRJ - HUCFF
Introdução: Pacientes infectados pelo vírus da hepatite B (HBV)
submetidos a transplante hepático devem realizar profilaxia contínua
com Imunoglobulina hiperimune humana (HBIg), a fim de evitar a
reinfecção grave no enxerto. No entanto, há grande controvérsia
com relação ao esquema ideal de dose. Objetivo: Descrever a
experiência de um protocolo específico de HBIg em baixas doses,
com tempo de seguimento superior a 10 anos. Pacientes e
métodos: Foram avaliados retrospectivamente todos os pacientes
submetidos a transplante hepático (TH) no Hospital Universitário
Clementino Fraga Filho - UFRJ, devido à cirrose por vírus B no período
de outubro de 2000 a julho de 2013. Esses pacientes fizeram uso de
121
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
lamivudina no pré-operatório e do seguinte protocolo de HBIg: 10.000
UI na cirurgia, 1.000 UI/dia na primeira semana, 1.000 UI/semana até o
fim do primeiro mês, 1000 UI quinzenalmente no segundo mês e 1.000
UI mensalmente a partir do terceiro mês. Resultados: Foram
inicialmente avaliados 21 pacientes, sendo excluídos 9 casos que
evoluíram para óbito no pós-operatório imediato. Desta forma, foram
incluídos no estudo 12 pacientes. Destes, 10 (83,33%) fizeram uso
de lamivudina antes do transplante, com média do tempo de tratamento
de um ano e 2 meses. No momento do transplante, 10 pacientes
apresentavam HBV-DNA negativo pelo método de PCR. Após um
período de seguimento médio de 8,5 anos, nenhum paciente
demonstrou clínica ou achados histológicos sugestivos de recidiva
de vírus B. Um caso apresentou HBV-DNA detectável, com título de
22.000 cópias/mL, sem repercussão clínica no enxerto, porém evoluiu
para óbito devido à recidiva de hepatocarcinoma. Dois casos
apresentaram HBsAg reagente, porém sem HBV-DNA detectável. A
média de anti-HBs titulado foi de 151,22 mUI/ml. Conclusão: Este
protocolo de HBIG em baixas doses, associado à lamivudina, se
mostrou extremamente eficaz para prevenir a recorrência de vírus B
no pós TH, com um tempo de seguimento superior a 10 anos. Apesar
da posologia de HBIg heterogênea, a baixíssima recorrência observada
corrobora a tendência mundial de utilizar dose reduzida da
imunoglobulina. Estes dados preliminares incentivam o uso deste
mesmo esquema em casuísticas maiores.
TL 309
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA SUBAGUDA SECUNDÁRIA À INFECÇÃO
POR VÍRUS EPSTEIN-BARR: RELATO DE CASO DE EVOLUÇÃO
FATAL
Perla Oliveira Schulz, Alessandra Evangelista Munhoz Comenalli, Bruno
Brandão Pavan, Pedro Campelo Neto, Anderson Simabuco Kohatsu
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
Introdução: Insuficiência hepática aguda (IHA) é definida como
síndrome sistêmica, caracterizada pela presença de coagulopatia
(INR >1,5) e alteração mental (encefalopatia hepática), secundários à
deterioração da função hepática, em pacientes sem hepatopatia
prévia, e com evolução do quadro em um período menor que 26
semanas. Objetivo: Discutir caso de IHA induzida por EBV. Método:
Relato de caso. Caso clínico: , 51 anos, portadora de hipertensão
arterial sistêmica, em uso de metildopa 500mg/dia e hidroclorotiazida
25 mg/dia há um ano. Iniciou quadro de astenia, icterícia, colúria,
acolia, náuseas emagrecimento de 10 kg há 4 meses. Ao exame
encontrava-se em bom estado geral, ictérica (2+/4+), ausência de
estigmas de hepatopatia crônica ou flapping, sem alterações ao exame
abdominal. Hb=14, leuco=6.300, seg=65,4%, AST=4623, ALT=1780,
BT=17,8, BD=10,9, Cr=1,0, Ur=37. MELD 20, Child-Pugh B. Investigação
para hepatite autoimune, doença de Wilson, hepatites infecciosas,
foram negativas, exceto por sorologia para EBV IgM positiva, e PCR
qualitativo para EBV detectado. Iniciadas medidas de suporte clínico
e contatada a equipe de transplante hepático, visto que atingiu os
Critérios da King's College, mas a paciente evoluiu com piora
progressiva da função hepática e renal, encefalopatia hepática grau
III, ascite, associado à pneumonia nosocomial, atingindo MELD 43 e
Child-Pugh C. Evoluiu a óbito após 25 dias de internação devido a
hemorragias múltiplas. Discussão: A classificação para a IHA baseiase no tempo de instalação da icterícia, dividindo-se em: hiperaguda
(<7 dias), aguda (7 a 21 dias) e subaguda (21 dias a 26 semanas A
etiologia é variada e estabelecida em cerca de 60 a 80% dos casos,
sendo infecções virais e hepatotoxidades as causas mais comuns.
O EBV é o principal agente infeccioso da mononucleose, normalmente
assintomático em infecções latentes em adultos. Esplenomegalia
ocorre em 50% dos casos, mas icterícia e hepatomegalia são
incomuns. A infecção subaguda é rara e caracteriza-se por febre,
linfonodomegalia e hepatoesplenomegalia associados a provas de
função hepática alteradas e citopenias. Não há tratamento específico
para o vírus, visto que o aciclovir não promove cura ou beneficio
sobre a infecção latente, sendo realizado apenas medicação
122
sintomática. O prognóstico geralmente é bom, sem complicações
tardias, com o desenvolvimento de imunidade duradoura. Conclusão:
A infecção por EBV é comum na população geral, e geralmente evolui
com quadro de hepatite leve, mas raramente pode evoluir para IHA e
nesse caso o risco de mortalidade é de 85%, caso não seja indicado
o transplante hepático precocemente. Portanto, uma vez definido o
diagnóstico da hepatopatia, medidas de suporte devem ser
imediatamente iniciadas, com monitorização intensiva do paciente.
TL 310
AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E NUTRICIONAIS
DE PACIENTES COM O VÍRUS C DA HEPATITE (VHC) ASSOCIADO
E NÃO - ASSOCIADO À DHGNA
Marijara Vilas Boas Silva, Helma Pinchemel Cotrim, Raquel Rocha dos
Santos
PPGMS/UFBA
Introdução: A Hepatite pelo vírus C (HVC) é uma epidemia silenciosa
de elevada prevalência no Ocidente. Esta lesão hepática de caráter
necroinflamatório é uma das maiores causas de morbi-mortalidade
relacionada às doenças hepáticas crônicas. A DHGNA é uma afecção
presente nos quadros de HVC relacionada à virologia ou estado
metabólico do paciente. O objetivo deste trabalho foi investigar o
perfil clínico e nutricional dos pacientes portadores da HVC,
relacionados à presença ou não de DHGNA, considerando os fatores
clínicos e nutricionais apresentados nos dois grupos estudados.
Objetivos - Geral: Avaliar as características clínicas e nutricionais
de pacientes com o vírus C da Hepatite (VHC) associado e nãoassociado à DHGNA. Específicos: - Avaliar a ocorrência de DHGNA e
SM em pacientes com VHC; Avaliar se existe associação entre o
consumo alimentar e a ocorrência de fatores relacionados à DHGNA.
Material e Métodos: Estudo comparativo, descritivo do tipo corte
transversal. A amostra foi composta por voluntários, portadores do
vírus da hepatite C (VHC) diagnosticados por meio de Anti- HCV e
RNA positivos no período de Maio/12 a Março/13. Foi aplicado
questionário geral, o qual contemplou informações sobre as condições
clínicas e demográficas dos pacientes. O Questionário de Frequência
Alimentar (QFA) foi aplicado para a avaliar os aspectos qualiquantitativos do consumo alimentar referente à ingestão de
macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios), fibras totais
(25 g/dia - quantidade recomendada) e colesterol (>300mg/dia dieta com alto teor de colesterol). Na avaliação antropométrica foram
aferidos Peso, Altura e Circunferência da Cintura (CC), para a
identificação do Índice de Massa Corporal (IMC) e Obesidade central
(> 80cm para mulheres e > 90 cm para homens respectivamente).
Resultados:Quarenta e sete pacientes foram avaliados, sendo que
destes, 24 são do sexo feminino (51%) e 23 do sexo masculino
(48,9%). Do total, 06 apresentam diagnóstico de DHGNA e 27 não o
apresentam. Dos 06 pacientes com DHGNA, 04 possuem Sobrepeso
e dos 27 sem DHGNA, 17 têm sobrepeso. De acordo com a avaliação
do consumo alimentar dos 34 pacientes avaliados, observou-se um
predomínio do consumo de carboidratos de alto índice glicêmico no
grupo com DHGNA em comparação ao grupo sem DHGNA ( 53% e
47% respectivamente) . Quanto ao consumo de gorduras saturadas,
houve um consumo semelhante entre os dois grupos comparados
(52,9% e 47,1% respectivamente). O consumo médio de fibras totais/
paciente apresentou-se > a 25g/dia em 01 dos 06 pacientes (16,6 %)
portadores de DHGNA e 15 dos 27 (55,5 %) pacientes sem DHGNA.
Quanto ao consumo diário de colesterol, 03 dos 06 (50 %) pacientes
do grupo DHGNA apresentaram consumo > a 300mg/dia, enquanto
que 17 dos 27 (62,9 %) pacientes sem DHGNA apresentaram este
mesmo consumo. Conclusão: O consumo alimentar e as características antropométricas de pacientes com HVC parecem não
influenciar na frequência da DHGNA na população estudada.
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
TL 311
FIBROSCAN® NA INDICAÇÃO DE TRATAMENTO TRIPLO COM
INIBIDORES DE PROTEASE EM PORTADORES DE HEPATITE
CRONICA C GENOTIPO1
Adriana Gonçalves da Silva Machado, Caroline Possa Marroni, Eduardo
Emerim, Alexandro Alves, Davi Kuhn, Maria do Carmo Zinn, Katia de
Barros, Marcus Osorio, Rafael Nogueira, Rosani Tesser e Paulo Abrão
Ferreira
HMIPV
Introdução: elastograma pelo FibroScan® é um método de
quantificação da fibrose hepática avaliada pela medida da
elasticidade do tecido. Por tratar-se de método não invasivo, de
fácil e rápida execução é utilizado nos pacientes para estimar grau
de fibrose hepática com adequada sensibilidade e especificidade,
principalmente nos estádios extremos da doença. Desta forma, é
ferramenta útil para definir a indicação de tratamento triplo em
portadores de hepatite C crônica genótipo 1. Objetivo: avaliar o
uso do FibroScan® na indicação de tratamento com inibidores de
protease (IP). Pacientes e métodos: avaliou-se por FibroScan®
52 pacientes com hepatite C crônica genótipo 1 candidatos à biópsia
hepática (BxH) para indicação de tratamento com IP. Os exames
foram executados pelo mesmo médico durante preceptoria realizada
em serviço de hepatites no sul do país. Dados relativos às
características dos pacientes e aos resultados dos exames foram
registrados em questionário previamente elaborado. Resultados:
média de idade da população estudada foi 50,9 anos, sendo 63,4%
mulheres e 36,6% homens. BxH prévia foi realizada em 23% da
amostra. Sete pacientes foram previamente tratados com
peginterferon e ribavirina, sendo a totalidade destes não
respondedores. Comorbidades mais freqüentemente encontradas
foram: sobrepeso/obesidade (63,5%), HAS (23%) e DM (17%). Média
do índice de massa corporal, circunferência abdominal e torácica
foi, respectivamente: 26kg/m 2, 91,5cm e 85,7cm. Em relação à
estimativa da elasticidade hepática, a média foi de 8,3 KPa.
Correlacionando-se os valores obtidos com o elastograma e a
classificação de METAVIR através dos pontos de corte sugeridos
em suplemento da Sociedade Brasileira de Hepatologia, encontramos
24 pacientes com F0-F1 (46,15%), 9 pacientes com F1-F2 (17,3%)
3 com F2 (5,76%), 5 com F3 (9,61%), 6 pacientes F3-F4 (11,53%)
e 3 pacientes com F4 (5,76%). Em 2 pacientes (3,84%), o método
foi considerado inválido. Após a execução do Fibroscan, 46,15%
dos pacientes foram alocados para seguir acompanhamento clínico,
26,9% foram selecionados para tratamento com IP e 23,06%
necessitaram realizar BxH para diagnóstico complementar.
Conclusão: setenta e três por cento dos pacientes estudados
foram dispensados da realização de BxH. O FibroScan® mostrouse um bom método para seleção de candidatos a tratamento com IP.
TL 312
DETECÇÃO DE HEPATITE B E C EM POPULAÇÃO DE INTERNOS
PORTADORES DE HIV EM UNIDADES PRISIONAIS DA SEAP
Clarice Gdalevici, Neuza Correa, Sonia Barbosa Costa
Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro - SES e SEAP
Introdução: Estudos da literatura mostram grande impacto das
hepatites virais crônicas B e C nos pacientes infectados pelo HIV,
com ou sem AIDS. No Brasil, pesquisas de coinfecção HIV/HBV e/ou
HCV mostram uma prevalência em torno de 5 a 8% para HIV/HBV e 17
a 36% de HIV/HCV. A hepatopatia crônica pelos vírus B e C é importante
causa de hospitalização e óbito entre os pacientes com HIV/AIDS em
decorrência da evolução mais rápida para a cirrose hepática e
hepatocarcinoma. Estudos realizados em populações prisionais
mostram que a infecção pelo HCV pode assumir proporções muito
elevadas, com prevalência variando entre 3.1% a 52%. Presença do
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
marcador HBsAg nesta população, varia de 1,5 a 3,8%, e de antiHBs, entre 15 e 24%. Em internos portadores de HIV da Penitenciária
de Ribeirão Preto 8.5% também apresentavam HBsAg reagente.
Objetivos: Estimar a prevalência de HBsAg e de anti-HCV entre 106
presidiários portadores de HIV/AIDS de 20 unidades prisionais da
SEAP no RJ através da realização de testes rápidos. Material e
Métodos: Em parceria com a Coordenação de DST/AIDS da SEAP
foram testados 106 internos portadores do vírus HIV, em 20 unidades
prisionais da SEAP, sendo 83 homens e 23 mulheres; com idade entre
21 e 66 anos para mulheres, e 19 a 62 anos para os homens. Após
aconselhamento e termo de consentimento livre e informado assinado,
foi apresentado um questionário opcional sobre fatores de risco para
transmissão de HIV/HBV e HCV. Em caso de resultado reagente seria
realizada coleta de sangue venoso, previamente autorizado pelo
interno, para confirmação por sorologia convencional. Os testes
rápidos utilizados foram Biomanguinhos® para o HBsAg e VAMA®para
o anti-HCV Resultados: Encontramos quatro internos do sexo
masculino (3,8%) reagentes para o HBsAg, confirmados pela
sorologia, e três do sexo feminino (2,8%) para o anti-HCV. Destas,
duas confirmaram por sorologia. Conclusão: A prevalência da hepatite
B e de anti-HCV em coinfectados com HIV é mais elevada do que na
população em geral: 1.6% nas capitais do Sudeste, e em especial em
grupos privados de liberdade, sendo necessário instituir programas
de prevenção e detecção na porta de entrada para impedir a
disseminação maior deste vírus neste ambiente.
TL 313
ABSCESSO HEPÁTICO EM ADULTOS: ANÁLISE RETROSPECTIVA
DE 10 ANOS
Lívia dos Reis Pandolfi, Jazon Romilson de Almeida, Ademar Yamanaka,
Tirzah Lopes de Mendonça, Carolina Oliveira Santos, Letícia Stahelin,
Priscila Andrade Santana, Lucas Marques de Faria
UNICAMP
Introdução: Abscesso hepático piogênico é uma doença pouco
frequente, associado a significativa morbimortalidade e que vêm
sofrendo mudanças na epidemiologia e mortalidade nas últimas
décadas. Objetivos: Avaliar os aspectos clínicos, laboratoriais e a
resposta ao tratamento clínico. Materiais e métodos: Trata-se de
estudo observacional retrospectivo, com análise de dados de
pacientes internados com abscesso hepático em serviço terciário de
Gastroenterologia Clínica, no período de maio de 2002 a maio de
2012. Resultados: Dos 50 pacientes avaliados, 64%(32) eram do
sexo masculino; a idade média ao diagnóstico foi 46 anos. Os sinais
e sintomas mais frequentes foram dor abdominal em quadrante
superior direito, febre e hepatomegalia presentes em 92%, 88% e
36% dos casos respectivamente. Em relação aos exames laboratoriais
foi observado anemia em 88%, leucocitose (76%), hipoalbuminemia
(75%) e aumento de GGT (56%). Comorbidades estavam presentes
em 44% (22) dos pacientes: diabetes mellitus em 10, doença
hepatobiliar (7), cirrose hepática (7) e neoplasia extra-hepática (6). A
etiologia do abscesso foi identificada em 42% (21) dos casos, sendo
11 decorrentes de causas biliares. Houve comprometimento do lobo
direito em 62% e 64% eram únicos. Os agentes piogênicos foram
identificados em 38%(19) dos pacientes, 78%(15) decorrentes de
bactérias gram negativas da flora entérica,10%(2) causados por
bactérias gram negativas multirresistentes, 5%(1) por bactérias gram
positivas e 5%(1) por fungo. O esquema antibiótico mais utilizado foi
Ceftriaxone e Metronidazol. Em relação ao tratamento, antibioticoterapia
isolada foi realizada em 24% (12) pacientes, punção percutânea
guiada por ultrasson em 38% (19) e drenagem com cateter em 36%
(18). Apenas 6 pacientes necessitaram de abordagem cirúrgica. A
resolução do abscesso foi alcançada em 95,6% dos casos, apenas
4 pacientes evoluiram com óbito. Conclusões: Os dados sugerem
que a punção e drenagem percutânea associada a antibioticoterapia
apresentam bons resultados terapêuticos.
123
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
TL314
ANGIOMIOLIPOMA: RELATO DE TRÊS CASOS
Maira de Freitas Vilela, Felipe Pedreira Tavares de Mello, Monique
Couto Mattos, Raul Évora, Rodrigo da Silva Pires, Carlos Rocha Maia,
Leandro Moreira Savattone Pimentel, Ronaldo de Oliveira Andrade,
Joaquim Ribeiro Filho, Eduardo de Souza Martins Fernandes
Hospital Adventista Silvestre
Introdução: O angiomiolipoma é um tumor mesenquimal benigno que
ocorre com mais frequência no rim, sendo que apenas 5 a 10% têm
como localização o fígado, representando menos de 1 % das lesões
benignas, não havendo prevalência de sexos, com pico de
prevalência aos 50 anos. É composto por vasos sanguíneos, tecido
adiposo e músculo liso. Em 60% dos pacientes, a lesão é assintomática,
sendo comumente um achado ocasional em exames de imagem.
Quando sintomas estão presentes, estes são: desconforto abdominal,
massa palpável no hipocôndrio direito, febre, perda ponderal e malestar. O angiomiolipoma hepático é um tumor de difícil diagnóstico,
sendo confirmado somente após a análise anatomopatológica. Tem a
sua importância como diagnóstico diferencial de outras neoplasias
mais comuns, especialmente o carcinoma hepatocelular. Relato de
caso: O presente estudo faz referencia a três casos de angiomiolipoma
hepático em paciente do sexo masculino entre e anos de idade,
Discussão: Neste relato de caso dois dos pacientes o achado da
massa abdominal foi acidental, com confirmação diagnóstico somente
após anatomopatológico. É encontrado entre 20 a 40 % dos pacientes
com esclerose tuberosa. Os exames de imagem variam a acurácia de
acordo com o principal tipo histológico, com maior dificuldade para
diagnóstico tipo miomatosoe angiomatoso. Os principais métodos de
imagem utilizados são Tomografia Computadorizada (TC), Ultrassonografia (USG), Angiografia e Ressonância Magnética este que é
considerado o exame padrão-ouro. Na literatura foram descritos
alguns casos de malignidade relacionado ao tumor, havendo recorrência após a cirurgia entre 6 meses a 3 anos. O manejo conservador
pode ocorrer quando o tumor mede menos de 5 cm, o diagnóstico é
estabelecido pela biópsia por agulha, pacientes com boa adesão, e
sorologia negativa para hepatite B.
TL 315
PERFIL SOROLÓGICO DOS PORTADORES DE HEPATITE B E RESPOSTA
TERAPÊUTICA EM UMA UNIDADE DE REFERÊNCIA TERCIÁRIA
Priscila Andrade Santana, Sônia Letícia Silva Lorena, Tiago Sevá
Pereira, Marlone Cunha da Silva, Letícia Stahelin, Lívia dos Reis
Pandolfi, Carolina Oliveira Santos, Tirzah de Mendonça Lopes, Lucas
Marques de Faria, Vanessa Mendonça Câmara
UNICAMP
Introdução: O perfil sorológico da hepatite B é determinante de
prognóstico e escassas são as informações sobre sua prevalência
e resposta ao tratamento no Brasil. A fim de se conhecer a realidade
local, foi realizado um estudo sobre o perfil desses pacientes numa
unidade de referência terciária. Objetivo: Identificar o perfil sorológico
e a resposta ao tratamento preconizado. Métodos: Foi realizada
uma análise do banco de dados de portadores crônicos de hepatite
B, no período de 2007 a 2013, que são acompanhados no ambulatório
de gastroenterologia de um serviço universitário. Foram considerados
respondedores os que estavam com carga viral negativa até o
momento da avaliação. Resultados: Foram analisados 190 pacientes.
Destes, 134 (70,5%) eram HBeAg negativo e 56 (29,5%) eram HBeAg
positivo. Foram encontrados 50 cirróticos ao diagnóstico (26,3%),
com uma taxa de resposta ao tratamento de 39,4%. Cerca de um
quarto dos pacientes (48/190), tinham um perfil mutante, sendo que
41% responderam ao primeiro tratamento instituído. Entretanto, cerca
de 60% dos pacientes imunorreagentes não tiveram resposta ao
primeiro tratamento. Setenta e quatro eram portadores inativos (38,9%)
124
e destes, 6 foram tratados por causa de imunossupressão. Apenas
1,5% foi classificado como imunotolerante e 8 pacientes (4,2%), não
se enquadravam em nenhuma das fases da história natural da hepatite
B. Em relação aos medicamentos utilizados, 60,4% foram tratados
com lamivudina, com negativação da carga viral em 23,6% e percentual
de resistência de 50,6%. A negativação do DNA viral com uso de
adefovir, entecavir e tenofovir foi respectivamente de 33,3%, 45% e
80% até o momento desta análise. Em alguns pacientes HBeAg positivo
foram utilizados interferon convencional ou peguilado, com taxa
respectiva de resposta 18,1 e 33,3%. No que se refere à resposta
geral ao primeiro tratamento, 3 pacientes obtiveram soroconversão
para Anti-HBe (3,2%) e 1 obteve soroconversão para Anti-HBS (1%).
Conclusão: Neste estudo, grande parte dos portadores de hepatite
B encontram-se em estado inativo seguido pelo perfil mutante, dados
semelhantes aos descritos para a região sudeste no inquérito
epidemiológico nacional. É um dos poucos estudos brasileiros no que
se refere à avaliação de tratamento, corroborando informações
consensuais de elevada resistência à lamivudina. Ressalta-se que
mais de um quarto dos pacientes já eram cirróticos, reforçando a
importância de um diagnóstico e tratamento precoces.
TL 316
PERFIL CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES TRANSPLANTADOS DE FÍGADO NO ESTADO DA BAHIA, PERÍODO DE
JANEIRO DE 2011 A DEZEMBRO DE 2012
Alice Karoline de Oliveira, Carla Dinamérica Kobayashi, Caroline
Dallalana Garcia Oliveira, Thelma Lopes Menezes, Carolina América
Melo Sodré, Eraldo Salustiano de Moura
Universidade Federal da Bahia, Escola Bahiana de Medicina e Saúde
Pública, Secretaria da Saúde do Estado da Bahia
Introdução: A história do transplante hepático no Brasil se iniciou em
1963 e na Bahia, no ano 2000; desde então, têm-se uma demanda
gradativamente crescente deste tipo de procedimento. O perfil do
transplantado hepático está relacionado principalmente a fatores
biológicos como gênero, idade, tipo sanguíneo e patologia de base.
Objetivo: Traçar o perfil clínico-epidemiológico dos pacientes
submetidos a transplante hepático no estado da Bahia durante o
período de janeiro de 2011 a dezembro de 2012. Metodologia: Tratase de um estudo retrospectivo com coleta de dados realizada no mês
de julho de 2013 através do Sistema de Gerenciamento do Ministério
da Saúde (SIG), na Central de Notificação, Captação e Distribuição de
Órgãos- Bahia. Foram coletados dados como sexo, idade, grupo
sanguíneo, tempo em lista, causa da falência hepática e MELD de 96
pacientes transplantados entre janeiro de 2011 a dezembro de 2012.
A análise dos dados foi realizada utilizando o programa EPIINFO,
versão 3.5.1. Resultados: Dos pacientes transplantados, 71 (74%)
eram do sexo masculino, com idade variando entre 16 a 69 anos e
mediana de 54,5 anos, destes, 53 (55,2%) procedentes de Salvador.
Houve predomínio do grupo sanguíneo O (n= 51, 53,1%), seguido do
grupo A (n=35, 36,5%); o menor MELD foi 6 e o maior 47 com mediana
igual a 16. Para a maioria, 62 pacientes (64,58%), o tempo em lista foi
menor ou igual a 90 dias. Hepatite por vírus foi a causa mais freqüente
da falência hepática, com 28 pacientes (29,1%), seguida de câncer
primário do fígado, 21 (21,9%) e álcool, 18 (18,8%). Entre as mulheres,
hepatite autoimune foi a principal causa de transplante, 9 das 25
pacientes (36%). Dos pacientes transplantados, 13 (13,54%) necessitaram de retransplante, desses, 5 foram retransplantados e 8 morreram em lista. Conclusão:O estudo mostra que o tempo em lista de
transplante hepático no Estado da Bahia é curto e os pacientes são
transplantados com MELD pouco elevado. Hepatite por vírus é a
principal causa de falência hepática na população geral, enquanto
que a hepatite autoimune foi a causa mais prevalente no sexo
feminino. Devido a limitação do Sistema não foi possível identificar
quais os vírus (B ou C) foram responsáveis pela evolução da doença,
dados que precisam ser identificados e informados em próximos
estudos.
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
TL 317
HEPATODUODENOPANCREATECTOMIA (HDP): EXPERIÊNCIA COM
31 CASOS
Monique Couto Matos, Felipe Pedreira Tavares de Mello, Joaquim Ribeiro
Filho, Leandro Moreira Savattone Pimentel, Ronaldo de Oliveira
Andrade, Raul Evora, Maíra de Freitas Vilela, Eduardo de Souza
Martins Fernandes
Hospital Adventista Silvestre
Introdução: A HDP é a operação abdominal mais complexa
envolvendo a combinação de ressecção duodenopancreática e, na
maioria das vezes, grandes quantidades de parênquima hepático
são também removidas, especialmente nos pacientes portadores de
colangiocarcinomas hílares ou carcinomas de vesícula biliar que
apresentem extensão a região pancreática/duodenal. No Japão, berço
dessas operações, a HDP já apresenta 3 a 4 décadas de maturidade
com índices menores de morbi-mortalidade em relação aos centros
ocidentais. No entanto, diversos serviços especializados vêem
desenvolvendo experiência no manuseio desta operação e das suas
inúmeras complicações pos operatórias. Apesar dos resultados serem
ainda insatisfatórios, o tratamento cirúrgico é a única chance de cura
dos tumores malignos das vias biliares. Objetivo: Análise crítica dos
resultados desta cirurgia específica. Materias e métodos: Entre
2003 a 2013, 31 pacientes foram submetidos a HDP, sendo 15 casos
por neoplasia de vesícula, 7 casos de tumor de Klatskin, , 6 casos de
tumores neuroendócrinos metastáticos, 1 IPMN metastático, 1
metastase hepática câncer colon com envolvimento pâncreas e 1
caso de melanoma metastático para pâncreas e fígado. Resultados:
A morbidade pós operatória foi de 100% e a mortalidade global de
38,7% (12/31). A idade média foi de 62 a e a ressecção vascular
ocorreu em 51,6% (16/31). Conclusão: A HDP é uma operação
realizada em poucos centros mundiais devido a sua enorme complexidade e graves potencias complicações, sendo ainda tema de muita
controvérsia na literatura.
TL 318
HEMOBILIA: CAUSA INCOMUM DE HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA
Cassiana Alves da Silva, Leandro Valerio Costa Batista, Karina Pina
Abreu, Juliana de Oliveira Machado,Marilia da Silva Nery, José Carlos
Aguiar Bonadia, Michelle Carvalho Harriz, Paula Bechara Poletti
IAMSPE
Introdução: O sangramento do trato hepatobiliar é uma causa rara
de hemorragia digestiva alta e ocorre quando há comunicação ou
fístula entre o ducto biliar e um vaso sanguíneo. A causa principal
está relacionada à injúria iatrogênica, porém patologias do fígado,
trato biliar e pâncreas estão relacionados. A tríade de Quinke (cólica
abdominal, icterícia e hematêmese/melena), descreve o quadro
clássico dos pacientes com hemobilia estando presente em
aproximadamente 30% dos casos. O diagnóstico pode ser feito pela
visualização de sangramento pela papila duodenal. A Terapêutica
inicial consiste na estabilização hemodinâmica com a resolução da
hemorragia e posteriormente, diagnóstico etiológico e tratamento da
hemobilia. Objetivo: Relatar caso de hemobilia de causa não
iatrogênica e realizar revisão do tema. Material e métodos: C.R.A.R.,
59 anos, interna para investigar quadro de síndrome ictérica/
colestática. Durante internação apresentou quadro de hematêmese,
associado à piora da icterícia e posterior dor abdominal. Endoscopia
digestiva alta e duodenoscopia evidenciaram hemorragia através da
papila duodenal. Realizado angiografia com embolização, seguido,
após estabilização, de CPRE que realizou desobstrução das vias
biliares e evidenciou hepatocolédoco de calibre aumentado, com cerca
de 1,4 cm em seu terço médio, associado a irregularidades parietais
e aparente perda de expansibilidade em sua porção distal (neoplasia?),
sendo aventada a hipótese diagnóstica de colangiocarcinoma. Durante
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
tal procedimento, não realizada biópsia por dificuldades técnicas.
Devido as comorbidades clínicas do paciente (DM tipo 2, HAS, IRC
dialítica) que contra-indicam possível quimioterapia, paciente foi
encaminhado aos cuidados paliativos, não sendo indicado biópsia
guiado por USG endoscópico para confirmação diagnóstica.
Resultado: Nosso paciente apresentou a tríade clássica de hemobilia,
sendo submetido com êxito a angiografia com embolização para
controle de sangramento e, posteriormente, a CPRE para desobstrução
das vias biliares e investigação da causa da hemobilia. Conclusão:
Hemobilia é uma causa rara de hemorragia digestiva e deve sempre
ser lembrada para que seu diagnóstico não deixe de ser realizado,
principalmente quando associado a quadro de obstrução biliar. Suas
causas principais são traumáticas, neoplásicas e inflamatórias
relacionadas ao fígado, pâncreas e trato biliar, possuindo ampla
possibilidade de exames para diagnóstica e terapêutica.
TL 319
CAUSAS AGUDAS DE RETRANSPLANTE HEPÁTICO
Leandro Moreira Savattone Pimentel, Carlos Rocha Maia, Maíra de
Freitas Vilela, Monique Couto Matos, Felipe Pedreira Tavares de Mello,
Ronaldo de Oliveira Andrade, Joaquim Ribeiro Filho, Romulo Joventino
Coelho, Rodrigo da Silva Pires, Asterio Pinto do Monte Filho, Raul
Evora da Silva, Eduardo de Souza Martins Fernandes
Hospital Adventista Silvestre
Introdução: Transplante hepático é uma modalidade terapêutica para
pacientes em estagio terminal de doença hepática, distúrbios
metabólicos ou pacientes com falência hepática aguda. Nos casos
de perda aguda do enxerto, o retransplante apresenta se como única
opção terapêutica salvadora, embora o resultado não seja satisfatório,
segundo a literatura mundial. De 7 a 10% dos pacientes transplantados
são submetidos a retransplante por causas agudas nos Estado
Unidos. A casuística brasileira gira em torno de 5%. Dentre as causas
agudas mais comuns de retransplante hepático nos Estados Unidos,
a disfunção primaria de enxerto é a mais freqüente, seguida de
trombose arterial. Objetivo: Avaliar as causas agudas de retransplante
hepático no Hospital Adventista Silvestre em comparação com a média
nacional e americana. Materiais e métodos: Análise retrospectiva
dos 6 casos de retransplante agudo no Hospital Adventista Silvestre
de 2010 a 2013, em um total de 118 transplantes de fígado. Resultado:
A porcentagem de retransplantes por causas agudas no Hospital
Adventista Silvestre é de 5,08%, em um universo amostral de 118
casos. Dentre esses casos 83,34% são por disfunção primaria de
enxerto e 16,66% por trombose arterial. Conclusão: O serviço de
transplante hepático do Hospital Adventista Silvestre, em comparação
com os dados nacionais e americanos apresenta similaridade nos
seus resultados.
TL 320
STREPTOCOCCUS INFANTARIUS EM CIRRÓTICOS, UM AGENTE
INFECCIOSO RARO: RELATO DE DOIS CASOS E REVISÃO DE
LITERATURA
Isabela Lima Emmanuel, Thaís Barreto Teixeira, Anderson Brito,
Guilherme Santoro, Samanta Teixeira Basto, Eduardo de Souza Martins Fernandes
Hospital Adventista Silvestre
Resumo: O Streptococcus bovis, considerado um patógeno
emergente, forma parte da flora habitual do trato gastrointestinal,
sendo amplamente descrito em associação a pacientes com câncer
de colon e endocardite bacteriana. O Biotiopo II/1 de S.bovis,
denominado S. infantarius já foi identificado em poucas séries de
casos e foi relacionado com peritonite bacteriana espontânea, de
forma anedotal. Descrevemos neste trabalho dois casos de
bacteremia e peritonite bacteriana espontânea por S. infantarius, em
125
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
pacientes cirróticos em fase avançada, com evolução favorável,
diagnosticado em dois meios diferentes: sangue e líquido ascítico, em
pacientes sem correlação entre si. Relatos de caso: caso 1- MCF,
sexo masculino, 57 anos. Portador de cirrose hepática por vírus C,
Child-Pugh C-10, MELD 14, diabético insulino dependente. Evoluiu
com febre, com tremores e náuseas tendo sido identificado bacteremia
por Streptococcus infantarius em três amostras de hemoculturas,
tendo sido confirmado mais um episódio de peritonite bacteriana
espontânea, sem germe identificável na cultura do líquido ascítico
nesta ocasião. A bacteremia por S. infantarius foi tratada com sucesso
e o paciente foi submetido a transplante hepático posteriormente.
Caso 2 CRF, feminino, 37 anos, com hepatomegalia, desnutrição
grave, ascite marcante e edema de membros inferiores, tendo sido
diagnosticada com síndrome de Budd Chiari secundaria a trombofilia.
Evoluiu com peritonite bacteriana, com crescimento de S.infantarius
em líquido ascítico e em uma amostra de hemocultura. Evoluiu
favoravelmente com tratamento antibiótico e foi submetida a
transplante hepático posteriormente. Ambos pacientes apresentavam colonoscopia e ecocardiograma normais. Discussão: O
S. infantarius é um subtipo do S bovis, menos conhecido, mas de
identificação e taxonomia progressivamente mais descritos. Assim
como já inicialmente reportados em relatos anedotais de literatura
anteriores, parece estar relacionado com bacteremia e peritonite
bacteriana espontânea em pacientes hepatopatas. Estes dois casos
sugerem que possivelmente o grau de hepatopatia é um preditor de
doença.
TL 321
OXIGENIOTERAPIA HIPERBÁRICA POR DISFUNÇÃO PRIMÁRIA DE
ENXERTO EM PÓS TRANSPLANTE HEPÁTICO IMEDIATO
Rodrigo da Silva Pires, Felipe Pedreira Tavares de Mello, Ronaldo de
Oliveira Andrade, Leandro Moreira Savattone Pimentel, Maira de Freitas
Vilela, Astério Monte Filho, Romulo Joventino Coelho, Claudia Tavares
Sousa, Joaquim Ribeiro Filho, Eduardo de Souza Martins Fernandes
Hospital Adventista Silvestre
Introdução: O transplante hepático é o único tratamento curativo
para pacientes com doença hepática em estágio terminal. No Brasil,
há uma quantidade limitada de doadores cadáveres e o uso de órgãos
de doadores com critérios expandidos representa um importante
contingente de doadores, que contribui para minimizar esse fator
limitante de número de órgãos. Entretanto essa prática aumenta o
risco de disfunção por isquemia, injúria de preservação e injúria por
reperfusão. Alguns estudos têm demonstrado que a oxigenioterapia
hiperbárica beneficia pacientes com injúria de reperfusão, por melhorar
a microcirculação hepática, com mecanismos como expressão
endotelial de CAM, produção de NO, expressão de NOS, metabolismo
celular. Objetivos: Este estudo tem o objetivo de relatar um caso de
um paciente com disfunção primária de enxerto no pós transplante
hepático imediato, que recebeu terapia com câmara hiperbárica.
Metodologia/Caso: Receptor de 57 anos, ex-etilista enveterado,
portador de cirrose hepática. História de varizes de esôfago e PBE.
Nega HAS, DM ou tabagismo. Exames prévios demonstram anti-HBC
positivo e trombose de veia porta grau II em AngioTC. Recebeu fígado
de doador cadáver de 62 anos com tempo de isquemia fria de 13
horas. No pós operatório imediato o paciente evoluiu com sinais de
disfunção primária de enxerto, injúria de preservação grave, SIRS e
insuficiência renal, apresentando 15960 de TGO e 7148 de TGP.
Resultados: Recebeu 3 dias de terapia em câmara hiperbárica e
hemodiálise precocemente, evoluindo com melhora clínica e da função
hepática, no dia seguinte ao início do tratamento. Conclusão: Apesar
de poucos estudos, o tratamento com câmara hiperbárica em pacientes
com disfunção primária de enxerto no pós-transplante imediato, deve
ser considerado promissor, pois há uma melhora da microcirculação
no enxerto com a oferta de oxigênio sob alta pressão às células
hepáticas em sofrimento.
126
TL 322
APLICAÇÃO DO CRITICAL FLICKER FREQUENCY TEST NA
AVALIAÇÃO DE ENCEFALOPATIA HEPÁTICA EM UMA COORTE
DE PACIENTES AMBULATORIAIS COM CIRROSE
Rodrigo Pereira Luz, Anderson Brito de Azevedo Silva, Carlo S. R.
Araujo, Fernanda C. Paschoal, Cristiane A. Villela-Nogueira, Renata
M. Perez
UFRJ
Introdução: As complicações da cirrose, como encefalopatia
hepática, ascite, hemorragia digestiva e peritonite bacteriana
espontânea, geralmente se associam a menor sobrevida dos
pacientes e, freqüentemente, levam à inclusão dos mesmos na fila do
transplante. A encefalopatia hepática muitas vezes não é percebida
no exame clínico habitual e seu diagnóstico depende de investigação
complementar. Objetivos: 1. Estruturar uma coorte de pacientes
ambulatoriais com cirrose hepática com objetivo de avaliar a ocorrência
de complicações clínicas da cirrose e seus fatores preditivos. 2.
Aplicar o Critical Flicker Frequency Test (CFF) em pacientes com
cirrose hepática para avaliar encefalopatia. Metodologia: Estudo
observacional prospectivo com inclusão de pacientes cirróticos, com
idade >= 18 anos, em acompanhamento no ambulatório de Hepatologia
do HUCFF. Foram excluídos pacientes com anti-HIV positivo ou
transplantados. Os pacientes incluídos serão acompanhados durante
pelo menos 24 meses, com avaliação da ocorrência de complicações
clínicas.. A encefalopatia hepática foi avaliada pela presença de sinais
clínicos e aplicação do CFF. O CFF é realizado através de um analisador
com formato de um binóculo, que emite um estímulo luminoso
inicialmente com uma alta frequência que progressivamente vai sendo
reduzida. O paciente registra o momento em que a luz contínua passa
a ser identificada como vibratória. Resultados: Até o momento, foram
incluídos 39 pacientes cirróticos, com idade de 60 ± 13 anos (23 - 79
anos), sendo 65% do gênero feminino. Com relação à etiologia, 57.5%
dos pacientes apresentavam cirrose por HCV, 17.5% por doença
hepática alcoólica, 5% por hepatite autoimune, 2.5% por HBV, 5% por
esteato-hepatite não-alcoólica e 12.5% por outras etiologias. Quanto
ao grau de função hepática, 45% eram CHILD A, 47.5% CHILD B e
7.5% CHILD C. O MELD era de 11 ± 4 com mediana de 11 (6 - 23). Na
avaliação de encefalopatia hepática, 15% apresentavam sinais ou
sintomas clínicos sugestivos. O CFF foi aplicado em 39 pacientes,
sendo observada média de 38,3 ± 3,5 com mediana de 38,6. Vinte e
dois pacientes (55%) apresentaram valores do CFF < 39. Destes,
77% não apresentavam sinais clínicos de encefalopatia. Conclusão:
A utilização do CFF demonstrou a presença de valores baixos em
pacientes sem sinais clínicos de encefalopatia, o que pode sugerir a
presença de encefalopatia mínima em significativa proporção de
cirróticos ambulatoriais.
TL 323
ESTUDO DA EVOLUÇÃO DA HISTÓRIA NATURAL DOS PACIENTES
PORTADORES INATIVOS DO VÍRUS DA HEPATITE B CRÔNICA EM
UMA CASUÍSTICA AMAZÔNICA
Leonita B. Ribeiro, Simone R.S.S. Conde, Adriano T. de Oliveira, Luciana
L. Rocha, Vanessa M. Ferreira, Nathália K.F. Filgueiras, Julius C.M.S.
Monteiro, Bruna T.S. Santos, Pedro A.A. Lins, Felipe B. Freitas, Sâmia
Demachki, Marialva T. F. Araújo, Ricardo Ishak, Antônio C.R. Vallinoto
Universidade Federal do Pará
Introdução: Entre as fases que hepatite B crônica pode apresentar
existe a de portador inativo, caracterizada por ausência de replicação
do vírus B. O portador inativo apresenta um prognóstico muito
favorável, podendo até evoluir para cura sorológica. Porém ele pode
também reativar a replicação viral, causando lesões hepáticas
(Pungpapong et al., 2007). Objetivo Geral: Descrever a evolução
clínica e virológica de pacientes portadores inativos do vírus da
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
Hepatite B crônica. Objetivos Específicos: Relatar a prevalência
de pacientes com hepatite B crônica que se mantém como portador
inativo, que evoluem para reativação da replicação viral e para cura
espontânea; correlacionar os fatores virológicos e imunogenéticos
com a evolução clínica dos portadores inativos. Material e Métodos:
Foi realizado um estudo transversal, observacional e epidemiológico.
Selecionou-se 21 pacientes portadores de hepatite B crônica em
fase de portador inativo, a partir do ano de 2002. A seleção obedeceu
a critérios usados para definir um paciente como portador inativo,
assim se mantendo por no mínimo 5 anos ou que em algum momento
evoluiu para cura sorológica, ou para reativação da replicação viral.
Grupos: grupo I - pacientes que se mantiveram portadores inativos
no mínimo por 5 anos; grupo II - que evoluíram para replicação viral;
grupo III - que evoluíram para cura sorológica. Os dados foram obtidos
através de consulta a prontuários. Resultados: 52,4% (n = 11) dos
pacientes se mantiveram no grupo I, 38,1% (n = 8) no grupo II e 9,5%
(n = 2) no grupo III. O etilismo não influenciou na evolução para
replicação viral. As transaminases dos pacientes do grupo II tiveram
sempre superiores às dos pacientes do grupo I. Sobre o polimorfismo
ressalta-se a importante prevalência do genótipo AT no estudo da
INF-gama no grupo I. Para TGF-beta1, nos pacientes do grupo II o
genótipo CC não foi encontrado. No estudo do nível sérico das citocinas
pacientes do grupo I e grupo III tiveram níveis séricos de TGF-beta1
superiores aos do grupo II. Conclusão:pacientes portadores inativos
tendem a se manter nesse estágio da doença e um pequeno percentual
evolui para cura sorológica da hepatite B. Pacientes do grupo II
apresentam níveis elevados de transaminases. Sugerimos que o
etilismo não influencia na reativação da replicação viral no portador
inativo. A ausência do genótipo CC para citocina TGF-beta1 e baixos
níveis séricos desta citocina podem estar relacionada à reativação
da replicação viral.
TL 324
MÉTODOS NÃO INVASIVOS PARA O DIAGNÓSTICO DE VARIZES
ESOFÁGICAS PASSÍVEIS DE TRATAMENTO ENDOSCÓPICO EM
CRIANÇAS COM HIPERTENSÃO PORTAL
Marina Rossato Adami, Cristina Targa Ferreira, Carlos Oscar Kieling,
Fernando Pereira Schwengber, Vania Hirakata, Sandra Maria
Gonçalves Vieira
HCPA
Introdução: O sangramento de varizes esofágicas(VE) é uma
complicação grave da hipertensão portal.O padrão áureo para
diagnóstico de VE é a endoscopia, que pode ser usada como tratamento
para VE de médio e grande calibres, mas ainda é considerado um
procedimento invasivo em pacientes pediátricos. Objetivo: avaliar
parâmetros clínicos e laboratoriais em predizer VE passíveis de
tratamento endoscópico em crianças com hipertensão portal intrahepática. Métodos: Noventa e oito crianças com hipertensão portal
intra-hepática foram estudadas retrospectivamente (média de idade
de 8,9 ± 4,7 anos). Os pacientes não tinham história de sangramento
e foram submetidos à endoscopia digestiva alta para triagem VE. Foi
avaliado o tamanho das varizes(F1,F2 e F3: Sociedade Japonesa de
hipertensão portal). Os pacientes foram classificados em dois
grupos:G1:VE pequeno calibre(F1) e sem varizes e G2:VE passíveis
de tratamento endoscópico(F2 e F3). Foram avaliados os parâmetros:
contagem de plaquetas;tamanho do baço (em cm e através do escore
z);relação contagem de plaquetas/escore z baço; relação contagem
de plaquetas/tamanho do baço (cm); regra clínica proposta por Gana
et al.(CPR);teste APRI; escore de risco proposto por Park et al. e
classificação de Child-Pugh. Resultados: Trinta e duas crianças
apresentavam VE classificadas como F2 e F3. Nas análises
univariadas, contagem de plaquetas, CPR, escore de risco,relação
contagem de plaquetas/escore z baço e Child-Pugh foram
estatisticamente significativos. Os melhores preditores não invasivos
de VE F2 e F3 foram: contagem de plaquetas (AUROC 0,67, IC 95%,
0,57-0,78), CPR (AUROC 0,65, IC 95%, 0,54-0,76) e escore de risco
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
(AUROC 0,66, IC 95%: 0,56-0,76). Um modelo de regressão logística
foi aplicado com VE F2 e F3 como variável dependente e corrigido
pela albumina, classificação de Child-Pugh, bilirrubina e escore z
baço. Crianças com CPR < 114 eram 8,6 vezes mais propensos a ter
VE F2 e F3. Escore de risco> -1,2 aumentou a probabilidade de VE
passíveis de tratamento endoscópico(OR 6,09 IC 95%, 1,43-25,90,
P = 0,014), bem como a relação contagem de plaquetas /escore z
baço inferior a 25(OR 3,99, 95% CI, 1,04 -15,32, P = 0,043).
Conclusões: Crianças com hipertensão portal intra-hepática com
CPR<114, escore de risco > - 1.2 e relação contagem de plaquetas/
escore z do baço com pontuação < 25 tinham mais chance de
apresentar VE F2 e F3. Os três testes poderão ser úteis para selecionar
crianças cirróticas para tratamento endoscópico.
TL 325
ACURÁCIA DOS DIFERENTES MÉTODOS NÃO INVASIVOS
PREDITORES DE VARIZES ESOFÁGICAS EM CRIANÇAS DE
ACORDO COM A CLASSIFICAÇÃO DE CHILD-PUGH
Marina Rossato Adami, Sandra Maria Gonçalves Vieira, Cristina Targa
Ferreira, Fernando Pereira Schwengber, Vania Hirakata, Carlos Oscar
Kieling
HCPA
Introdução: O sangramento de varizes esofágicas (VE) pode ser
uma complicação fatal da hipertensão portal. Em adultos cirróticos,
há indicação de endoscopia no momento do diagnóstico de cirrose. A
gravidade da doença hepática estimada pela classificação de ChildPugh é fator de risco para sangramento digestivo, como demonstrado
na população de adultos cirróticos. Em pacientes pediátricos esses
dados ainda não foram avaliados. Objetivo: avaliar parâmetros
clínicos e laboratoriais na predição de VE em crianças com hipertensão
portal intra-hepática de acordo com a classificação de Child-Pugh.
Métodos: Estudo retrospectivo em 98 crianças (média idade: 8,9 ±
4,7 anos) com hipertensão portal intra-hepática. Pacientes não tinham
história de sangramento e foram submetidos à endoscopia digestiva
alta para triagem de VE. Foi avaliado o tamanho das VE (F1, F2 e F3)
de acordo com a Sociedade Japonesa de Hipertensão Portal. Os
pacientes foram classificados em dois grupos: classificação ChildPugh A e Child-Pugh BC. Os parâmetros avaliados foram: contagem
de plaquetas, escore z baço, contagem de plaquetas / escore z
baço, contagem de plaquetas / tamanho do baço (cm), regra clínica
proposta por Gana et al.(CPR), teste APRI e escore de risco proposto
por Park et al. Resultados: Cinqüenta e três pacientes foram
classificados como Child-Pugh A (CPC-A) e quarenta e cinco como
Child-Pugh B e C (CPC-BC). Os melhores preditores não invasivos de
VE no grupo CPC-A foram: contagem de plaquetas (AUROC 0,76; IC
95%, 0,63-0,90), CPR (AUROC 0,81; IC 95%, 0,68-0,94) e escore de
risco (AUROC 0,80; IC 95%, 0,67-0,93). As especificidades (E) e
valores preditivos positivos (VPP) de cada uma das variáveis que
alcançaram significância estatística foram: contagem de plaquetas
< 90.000: E 90% e VPP 87,5%; CPR < 114: E 94,1% e VPP 94,7% e
escore de risco > -1,2: E 84,2% e VPP 88,9%. No grupo CPC-BC, os
melhores preditores foram: contagem de plaquetas (AUROC 0,90;
IC 95% 0,79-1,00) e contagem de plaquetas / escore z baço (AUROC
0,90; IC 95%, 0,78-1,00). A contagem de plaquetas < 90.000
apresentou especificidade e VPP de 100% em crianças CPC-BC.
Conclusões: Parâmetros não invasivos como contagem de
plaquetas menor que 90.000, CPR menor que 114 e escore de risco
maior que -1,2 podem ser úteis na triagem de crianças com CPC-A
para o procedimento endoscópico. Em crianças com doença hepática
mais avançada (CPC-BC), a contagem de plaquetas inferior a 90.000
indica a presença de VE.
127
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
TL 326
ACOMETIMENTO HEPÁTICO COM PADRÃO COLESTÁTICO NA
SARCOIDOSE
Fernanda Ferreira Francisco, Cristiane Vilella, Flavia Musauer, Beatriz
Pillar, Cesar Amorim, Eduardo Peixoto, João Nametala, Homero Fogaça
UFRJ
Objetivo: relatar um caso de doença hepática com padrão colestático
secundária a sarcoidose. Introdução: a sarcoidose é uma doença
multissistêmica de etiologia desconhecida, caracterizada pelo acúmulo
de linfócitos T, fagócitos e granulomas não caseosos em tecidos
envolvidos. Os pulmões são afetados em cerca de 90 por cento, e
representa a maior parte da morbimortalidade associada a esta doença.
O envolvimento do sistema gastrointestinal clinicamente reconhecível
ocorre em 0,1 a 0,9 % dos pacientes. Dentro do trato digestivo, o
estômago é o mais comumente envolvido. O fígado é quase sempre
acometido, embora as conseqüências clínicas do seu envolvimento
sejam variáveis. A maioria dos casos são assintomáticos (70%) e têm
apenas alterações bioquímicas (aumento de transaminases e enzimas
canaliculares). Doença hepática clinicamente aparente é incomum. O
diagnóstico é sugerido pela biópsia hepática, contendo granulomas
mononucleares não caseosos, estéreis e sem partículas. O tratamento
da sarcoidose hepática depende das manifestações clínicas da
doença. A maioria são assintomáticos, e, portanto, não necessitam
de tratamento específico. Os corticosteróides são a base da terapia.
Nos casos de colestase grave e sintomas constitucionais, um curso
curto de corticosteróides e ácido ursodesoxicólico pode ser
considerado. Caso Clínico: paciente, sexo feminino, 34 anos, negra,
natural do RJ, inicia há 6 meses quadro de febre intermitente, sudorese
noturna, icterícia, perda de peso (aproximadamente 20 kg no período)
e hepatoesplenomegalia. Solicitados exames laboratoriais que
evidenciam anemia microcítica e hipocrômica, VHS normal, aumento
de bilirrubinas ás custas de direita, elevação discreta de transaminases
(TGO>TGP), enzimas canaliculares (FA>GGT), INR alargado,
sorologias para hepatites virais não reagentes e anticorpo anti
mitocôndria negativo. Realizada TC de abdome que descreve: fígado
aumentado de tamanho com sinais de esteatose hepática e
esplenomegalia homogênea. Diante disso, optado pela biópsia
transjugular hepática que revelou esteatose grau II, fibrose
perissinusoidal e infiltrado granulomatoso crônico sugestivo de
sarcoidose. Culturas para fungos e BAAR negativos. Durante
internação, iniciou tratamento com corticoide e ácido ursodesoxicólico,
evoluindo com melhora sintomática e redução gradual dos níveis de
bilirrubinas e enzimas canaliculares. Conclusão:a sarcoidose é uma
doença granulomatosa sistêmica, cujo envolvimento hepático é
comum, embora com apresentações variáveis, sendo raro o padrão
colestático.
TL 327
DOENÇA POLICÍSTICA DO FIGADO COM COMPLICAÇÕES DE
ASCITE E HIPERTENSÃO PORTA
Tatiana Valdeolivas, Mariana Coelho, Renan Marzulo, Zulane Veiga,
Daniela Mariz, Flavia Fernandes, Gustavo Henrique Pereira, João Luiz
Pereira
Hospital Federal de Bonsucesso
Introdução: A doença policística do fígado e rim é uma desordem
genética que permanece assintomática na maioria dos casos. A
sintomatologia e a gravidade geralmente estão relacionadas aos cistos
renais, levando à insuficiência renal com necessidade de diálise e até
mesmo transplante. A doença hepática depende do tamanho e da
quantidade dos cistos, podendo gerar sintomas ligados à compressão
local, com dor abdominal, distensão, dispnéia, refluxo gastro esofágico,
obstrução de fluxo das veias cava inferior, hepática e porta, causando
hipertensão portal e, até mesmo, obstrução biliar. Os cistos hepáticos
128
são susceptíveis a rompimento, infecção e hemorragia. Objetivo:
Descrever 4 casos de doença policística hepática com suas
complicações.Relato de casos: Foram acompanhados 4 casos de
pacientes com idades entre 47 e 60 anos, dois do sexo masculino e
dois do sexo feminino. Uma das pacientes desenvolveu ascite v
olumosa após um episódio infeccioso, mantendo o quadro não
responsivo a diuréticos e necessitando de paracenteses regulares
para alívio do quadro. Um segundo paciente, masculino, obteve o
diagnóstico durante investigação de plaquetopenia. Ressonância
nuclear magnética evidenciava múltiplas formações císticas difusas
por todo o parênquima hepático, as maiores medindo 8,0 X 10,0 cm.
USG com doppler com veia porta aumentada de calibre e fluxo
hepatopetal,veias calibrosas no hilo esplênico e veias hepáticas
tortuosas. Os outros dois pacientes permanecem em acompanhamento
ambulatorial, mantendo fígado aumentado com presença dos cistos,
sem outros comemorativos. Conclusão: A doença policística do rim
é conhecida como causa freqüente de insuficiência renal. Entretanto,
complicações relacionadas a doença hepática, apesar de pouco
relatadas, podem ser causa importante de hipertensão portal e ascite.
TL 328
HEPATITE AUTO IMUNE TIPO 2 SUPERPOSTA A CIRROSE BILIAR
PRIMÁRIA EM PACIENTE CIRRÓTICA MANIFESTADA COMO
HEPATITE AGUDA NO PERÍODO PÓS PARTO
Tatiana Valdeolivas, Vanessa Zenatti, Cristiane Barreto, Flavia
Fernandes, Daniela Mariz, Zulane Veiga, Gustavo Henrique Pereira,
João Luiz Pereira
Hospital Federal de Bonsucesso
Introdução: A cirrose biliar primaria (CBP) é uma hepatopatia crônica
que acomete mulheres jovens, podendo associar-se à hepatite
autoimune (HAI) em uma síndrome de superposição. A gestação e o
puerpério são condições associadas a exacerbações de HAI e
elevada morbi-mortalidade materno fetal. Ainda que existam relatos
esporádicos de gestações bem-sucedidas em pacientes com
diagnóstico prévio de HAI-CBP, não há descrição de gestações em
pacientes cirróticas, ou de síndrome de superposição sequencial
CBP-HAI no período puerperal. Objetivo: relatar caso de paciente
com diagnóstico prévio de CBP que desenvolve uma síndrome de
superposição com HAI no terceiro mês após o parto. Relato de
caso: Paciente feminina, 21 anos, iniciou em julho de 2007 investigação
de prurido, acompanhada por aumento de transaminases, com função
sintética hepática normal. Apresentava IgM sérica normal, anticorpo
antimitocôndria M2 negativo, plaquetopenia, fígado de contornos
irregulares e ascite leve à USG. Biópsia hepática com alterações
degenerativas de ductos biliares e hepatite de interface linfocítica,
sendo estabelecido o diagnóstico de CBP. Iniciado tratamento com
ácido ursodesoxicólico, com normalização dos exames laboratoriais
e resolução da ascite e prurido. Em abril de 2012 encontrava-se
gestante (6 semanas), sendo suspenso o ácido ursodesoxicólico.
Permaneceu com exames nos limites da normalidade. O parto ocorreu
a termo, sem intercorrências, exceto por discreta ascite, com pronta
resolução após tratamento com espironolactona por 1 mês. No
terceiro mês pós parto, apresentou icterícia e elevação de transaminases (10XLSN), e da IgG sérica (1,2 XLSN), acompanhados por
anti LKM1 positivo (1/320). Iniciado 60 mg de prednisona com reduções
progressivas ate 20 mg quando então se associou 50 mg de
azatioprina. Evoluiu com resolução da icterícia e normalização das
aminotransferases após 1 e 3 meses. Conclusão: o surgimento de
uma síndrome de superposição seqüencial pode levar a alterações
significativas na função hepática em pacientes portadoras de
hepatopatias crônicas autoimunes, em especial àquelas já em fase
de cirrose. O diagnostico de síndrome de superposição com HAI
deve ser considerado em pacientes com CBP que se apresentam
com hepatites agudas ictéricas. O pronto reconhecimento e instituição
de medidas terapêuticas específicas para HAI são fundamentais para
indução de remissão e impedir descompensação de CBP.
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
TL 329
CARCINOMA HEPATOCELULAR & DOENÇA HEPÁTICA
GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA: UMA CRESCENTE ASSOCIAÇÃO
Maria Clara Vieira, Helma P Cotrim, Luiz Antonio R Freitas, Paulo
Bittencourt, Eduardo Braga, Viviane Mello, Daniela V da Silva, Yanaihara
Pinchemel
Universidade Federal da Bahia
Introdução: A associação do carcinoma hepatocelular (CHC) com a
DHGNA tem sido motivo de grande interesse, uma vez que a DHGNA
é considerada a mais frequente doença crônica do fígado da atualidade.
Essa associação vem cada vez mais sendo observada não sòmente
nos casos de cirrose como também em pacientes com esteatoepatite
sem cirrose. Objetivos: descrever as principais características de
pacientes com DHGNA e CHC. Metodologia: estudo serie de casos,
onde foram avaliados casos de CHC relacionados à DHGNA,
procedentes de serviços de referência em Hepatologia. Foram
utilizados para diagnóstico de CHC critérios internacionais, ou seja,
dois métodos de imagem, ultrassonografia, tomografia computadorizada e/ou ressonância magnética, ou diagnóstico histológico. Foram
excluídos outros fatores de risco para CHC como vírus B e C,
hemocromatose, álcool. Foram também considerados CHC relacionados à DHGNA casos de etiologia não determinada, mas com fatores
de risco para DHGNA ou apresentando síndrome metabólica.
Resultados: A amostra avaliada é composta de 15 casos de CHC
associados à DHGNA. A média de idade dos pacientes foi de 61,9 ±
14,8 anos, 66,7% eram homens e 33,3% mulheres. Fatores de risco
para DHGNA: diabetes em 73,33%, dislipidemia em 26,67%; obesidade
em 40%. Hipertensão arterial foi verificada em 53,33% e 60%
preencheram critérios para SM. Em 26,7% a doença hepática estava
compensada e 73,3% apresentavam sinais de insuficiência hepática
ao serem diagnosticados. O nível sérico da alfa fetoproteína estava
elevado em 40% dos pacientes. Nove pacientes tiveram diagnóstico
por métodos de imagem. Dos seis pacientes com diagnóstico de CHC
na biópsia de fígado, dois apresentavam esteatoepatite com fibrose
(grau II) e quatro cirrose. Conclusões: o estudo chama a atenção
para o diagnóstico tardio de CHC em pacientes com DHGNA. Muitos
nessa série foram diagnosticados já com insuficiência hepática; mostra
que CHC pode ocorrer em pacientes com esteatoepatite sem cirrose;
colabora com a discussão de incluir pacientes com DHGNA, que
apresentam esteatoepatite com fibrose e cirrose em protocolos de
diagnóstico precoce do CHC.
TL 330
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA APÓS PULSOTERAPIA COM
METILPREDNISOLONA EM PACIENTE COM ESCLEROSE MULTIPLA
Fernanda Sumire Araki, Susan Louise Kakitani Takata, Rafael Lopes
Gurgel, Karla Sawada Toda, Andreza Correa Teixeira, Marcia Guimarães
Villanova, Erick Apinages-Santos, Maria Auxiliadora-Martins, Enio David
Mente, Anibal Basile-Filho, Ana de Lourdes Candolo Martinelli
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo
Introdução: A pulsoterapia com metilprednisolona é o tratamento
padrão para os surtos de esclerose múltipla (EM). Insuficiência
hepática aguda (IHA) representa síndrome grave que pode estar
relacionada ao uso de medicamentos. Entretanto, poucos são os
relatos de metilprednisolona como causa de IAH. Objetivo: relatar
caso de IAH por hepatite autoimune (HAI) com necessidade de
transplante hepático, após uso de pulsoterapia com metilprednisolona.
Relato de caso: sexo feminino, 25 anos, branca, atendida em julho/
2007 na Divisão de Gastroenterologia de um Hospital Universitário,
com diagnóstico há 4 meses de EM, queixando de náuseas e
epigastralgia. Havia sido submetida a pulsoterapia com metilprednisolona, em outro Serviço, devido sintomas neurológicos.
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
Exames laboratoriais mostravam hepatite aguda e sorologia positiva
para infecção por Epstein Baar vírus (EBV). Apresentou melhora
clínica e laboratorial espontânea. Em janeiro/2008, após novo surto
de EM, foi novamente submetida a pulsoterapia, em outro Serviço,
sem melhora importante dos sintomas. Em fevereiro/2008, recebeu 1
dose de interferon beta, 300mcg. Após 2 dias, apresentou icterícia,
colúria e acolia fecal, e exames laboratoriais compatíveis com IHA e
PCR para EBV negativa. Em abril/2012, após novo surto de EM, foi
submetida a pulsoterapia com metilprednisolona por 3 dias. Após 15
dias, apresentou novamente icterícia, colúria e acolia fecal. Foi internada
com IAH, evoluindo com redução do nível de consciência, sendo
submetida ao transplante de fígado de doador cadáver em 13/06/13.
Após o transplante, apresentou sinais de sepse, com disfunção do
enxerto e instabilidade hemodinâmica, evoluindo a óbito em 22/06/13. O
explante mostrava sinais de hepatite autoimune, fase cirrótica, com
moderada atividade inflamatória. O fígado do doador mostrava sinais
de lesão por isquemia/reperfusão grave (pós-implante). Discussão:
poucos são os relatos na literatura de indução de HAI após pulsoterapia
com metilprednisolona. Evolução para IHA grave, com necessidade
de transplante hepático parece ser evento raro. Nesses casos, o
mecanismo de rebote imunológico parece ser o mais provável.
TL331
SHUNT MESO-ATRIAL COMO ABORDAGEM PRÉ TRANSPLANTE
HEPÁTICO NA SÍNDROME DE BUDD CHIARI
Monique Couto Matos, Raul Evora da Silva, Maíra de Freitas Vilela,
Leandro Moreira Savattone Pimentel, Ronaldo de Oliveira Andrade,
Felipe Pedreira Tavares de Mello, Asterio Pinto do Monte Filho, Joaquim
Ribeiro Filho, Eduardo de Souza Martins Fernandes
Hospital Adventista Silvestre
Introdução: A síndrome de Budd Chiari é uma disordem rara causada
pela obstrução venosa do fluxo de saída do fígado ou da obstrução
da veia cava retro hepática, resultando em disfunção hepática.
Acomete pacientes jovens, portadores de doenças que provoquem
um estado de hipercoagulabilidade, como doenças mieloproliferativas
entre outras. A síndrome pode apresentar-se desde um quadro
assintomático ao de disfunção hepática grave, quando o transplante
hepático, torna-se a opção de tratamento mais efetiva. Em uma das
suas vertentes, há o acometimento de veia cava retro hepática, na
qual a abordagem cirúrgica torna-se mais difícil. Portanto, a realização
de um shunt meso-atrial, torna-se uma medida terapêutica necessária
ou sendo uma ponte para o transplante hepático. Objetivo: Relatar
um caso de transplante hepático em paciente portador de Síndrome
de Budd Chiari com shunt meso-atrial prévio. Materiais e métodos:
Paciente L. T. S., 16 anos, masculino, negro, natural e residente de
Campo Grande, brasileiro. Iniciou quadro de dor, aumento do volume
abdominal e edema em membros inferiores em dezembro de 2012.
Havendo piora progressiva dos sintomas, necessitou de internação
hospitalar em outra instituição, onde ficou de 28/02/2013 a 06/03/
2013. Durante esse período foram realizados exames de imagem
evidenciando hepatomegalia, ascite, derrames pleural e pericárdico,
falha de enchimento em veias supra hepáticas, veia cava inferior
afilada; flebografia por punção venosa unilateral identificando oclusão
de veia cava retrohepática. Angiografia abdominal sem alterações;
pesquisa de mutação de gene de protrombina, proteína C, fator V de
leiden, confirmando diagnóstico de Síndrome de Budd Chiari por
trombofilia idiopática. Nesta mesma internação, foi submetido a um
shunt mesoatrial, seguido de uma piora do quadro clínico geral,
evoluindo com PBE, pneumonia complicad, piora progressiva da função
hepática e encefalopatia hepática. Paciente foi transferido para esta
instituição, Hospital Adventista Silvestre, para continuidade do
tratamento e transplante hepático. Resultados: O paciente foi
submetido ao transplante hepático, tecnicamente difícil devido à
operação prévia. Realizado doppler intraoperatório evidenciando
patência no shunt meso-atrial. Durante fase de anepatia, foi mantido
o shunt para evitar congestão esplâncnica e síndrome de reperfusão,
129
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
sendo removido completamente após a revascularização portal.
Tolerou bem a cirurgia, permanecendo no CTI por 04 dias e 10 dias de
internação hospitalar no total. Conclusão: O shunt mesoatrial foi
eficaz neste caso, apresentando um bom funcionamento no período
pré-transplante.
TL 332
HEPATITE COLESTÁTICA SUPERPOSTA A HEPATITE AUTOIMUNE
COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO DE HEPATOTOXICIDADE POR
ENALAPRIL
Flávia Appel, Gabriela Nielsen, Camila Alcantara, Zulane Veiga, Flávia
F Fernandes, Daniela Mariz, Gustavo Henrique Pereira, Frederico
Campos, João Luiz Pereira
Hospital Federal de Bonsucesso
Introdução: Pacientes com hepatite autoimune (HAI) podem
desenvolver colestase ao longo da evolução da doença. Ainda que
seja frequente o desenvolvimento de síndromes de superposição
com outras doenças autoimunes, outras etiologias como doenças
infiltrativas, paraneoplásicas e tóxicas devem ser avaliadas,
especialmente em pacientes com múltipla comorbidades. Os Inibidores
da enzima conversora de angiotensina (IECAS) são drogas
amplamente utilizados na prática clínica com relatos esporádicos de
hepatotoxicidade. Objetivo: Apresentar um caso de colestase
secundária a enalapril em portadora de hepatite autoimune com lenta
resposta bioquímica após a suspensão da droga. Relato de Caso:
feminina, 42 anos, portadora de HAI há 13 anos, em remissão
bioquímica há 12 anos com uso de Azatioprina(175mg) e Prednisona
(5mg). Uso regular de Enalapril, Omeprazol, Hidroxicloroquina,
Ciclobenzaprina para tratamento de HAS, DRGE, e Sjögren, sem
mudanças nos medicamentos ou posologia há 3 anos. Avaliada
inicialmente por icterícia, náuseas e vômitos de início há 3 meses.
Exames laboratoriais mostravam aumento de transaminases (3xLSN),
fosfatase alcalina e gama GT (6xLSN) e bilirrubinas, além de alteração
na função de síntese hepática (Albumina 2,4 g/L, TAP 62 %). USG e
Colangio RNM não observaram alterações de vias biliares ou achados
patológicos. Sorologias virais e para auto-imunidade negativas,
exceto por FAN positivo (1:160). Biópsia hepática que evidenciou
colestase hepatocanalicular moderada e ausência de padrão de
hepatite crônica ou lesão de ductos, compatível com hepatotoxicidaede por enalapril. Neste momento, foi suspenso o enalapril e
mantida demais medicamentos. Evolui com resolução da icterícia e
diminuição dos valores de transaminases e FALC/GGT, assim como
normalização das provas de função sintética hepática ao longo dos
meses seguintes. Conclusão: Ainda que pouco habitual em
pacientes com hepatopatias autoimunes, a hepatoxicidade deve ser
sempre incluída no diagnóstico diferencial das colestases. O seu
desenvolvimento pode ocorrer mesmo em indivíduos em uso
prolongado de medicamentos e apresentar-se com piora da função
hepatocelular em pacientes com hepatopatia crônica. O pronto
diagnóstico pode levar a retirada imediata do agente causal e evitar
modificações desnecessárias e possivelmente danosas no
tratamento da doença hepática de base.
TL 333
HEPATITE C CRÔNICA E COLESTASE: DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Thiago R. Pagot, Flávia Appel, Gabriela Nielsen, Camila Alcântara,
Marta Campos, Flávia F. Fernandes, Frederico Campos, João Luiz
Pereira
Hospital Federal de Bonsucesso
Introdução: A hepatite C crônica cursa com lesão hepatocelular,
muitas vezes levando a aumentos de até dez vezes na dosagem
sérica de aminotransferases, geralmente com predomínio de ALT. As
enzimas canaliculares, fosfatase alcalina e ãGT, podem estar acima
130
do limite da normalidade, porém não costumam elevar-se de forma
significativa. Objetivo: Relatar caso de paciente do sexo feminino,
em acompanhamento por diagnóstico de hepatite C crônica, cujos
resultados laboratoriais sugeriam patologia associada. Relato de
Caso: SGS, feminina, 65 anos, diabética, portadora de hepatite C,
genótipo 1, carga viral 1.130.000 UI/mL. Exames laboratoriais
apresentavam um padrão de colestase, com ãGT que flutuava entre
1000 e 2000 U/L, além de fosfatase alcalina em torno de 300 U/L, AST
de 577 U/L, ALT de 426 U/L, com bilirrubinas normais. Dosagem de
albumina sérica e coagulograma dentro da normalidade. Realizada
biópsia hepática, contendo sete espaços-porta completos, levemente
alargados por fibrose, com infiltrado linfocitário portal leve a moderado,
e áreas de agressão a epitélio de ductos biliares interlobulares, além
de esteatose macrogoticular leve, podendo corresponder a
sobreposição com hepatopatia biliar autoimune. Classificação Metavir
A1F1. Realizado Fibroscan três meses após a biópsia, que constatou
resultado discordante da mesma, com mediana de 16.3 kPa, IQR 3.5 e
100% de medidas válidas, compatível com fibrose acentuada (F4).
Solicitados marcadores imunológicos, obtendo-se os seguintes
resultados: FAN reagente 1:80, padrão nuclear pontilhado fino; Antimitocôndria reagente 1:20; Anti-músculo liso não-reagente; IgG 2400
(VR: 650-1600). Baseado no anticorpo anti-mitocôndria positivo e
nas áreas de agressão a ductos biliares, aventou-se o diagnóstico
de cirrose biliar primária. Iniciada terapêutica com ácido ursodesoxicólico na dose de 750 mg/dia (13 mg/kg), o que levou a uma
queda de aproximadamente 50% na dosagem de ãGT sérica (1109
para 545 U/L), num período de dois meses. Paciente segue em
acompanhamento. Conclusão: A hepatite C crônica não costuma
cursar com colestase. Quando encontrada, a colestase deve levar à
investigação de outra hipótese diagnóstica, ou patologia superposta,
muitas vezes com tratamento específico.
TL 334
APENDICITE AGUDA NO POS OPERATORIO IMEDIATO DE
TRANSPLANTE HEPÁTICO: RELATO DE CASO DE REVISÃO DA
LITERATURA
Ronaldo de Oliveira Andrade, Felipe Pedreira Tavares de Mello, Samanta
Basto, Claudia Cristina Sousa, Bruno Vilanova, Leandro Albuquerque
Cavalcanti Barros, Raul Evora Silva, Rodrigo da Silva Pires, Maira de
Freitas Vilela, Monique Couto Matos, Leandro Moreira Savattone
Pimentel, Romulo Joventino Coelho, Carlos Rocha Maia, Asterio Pinto
do Monte Filho, Eduardo de Souza Martins Fernandes
Hospital Adventista Silvestre
Introdução: Poucos casos são relatados na literatura de apendicite
aguda após transplante hepático (Tx). A incidência varia de 0.01% 0.49%. não sugerindo maiores incidências nestes grupos de pacientes.
No entanto, o diagnóstico é dificultado pelo status de imunossupressão
e a baixa sintomatologia clinica, especialmente das manobras
semióticas. Com isso o diagnóstico tardio pode ter evolução desastrosa
devido ao comprometimento sistêmico dos receptores de transplante
hepático. Objetivo: Demonstrar um caso de apendicite aguda no pós
Tx imediato em paciente portador de colangite esclerosante primária
(CEP) com história de retocolite ulcerativa idiopática (RCUI) em uso de
corticoide prolongado e imunossupressão com tracrolimus. Material
e Metodo: receptor, homem, 43a, natural Rj, portador de CEP e RCU,
submetido a transplante de fígado em 03/03/2012, pela técnica
convencional com anastomose biliodigestiva, sem complicações.
Recebeu alta do CTI após 72h com provas de função hepática (PFH)
demonstrando bom funcionamento do enxerto, dieta oral e em uso de
tracolimus. No D5 pós operatório evoluiu com piora clinica e laboratorial,
dor no andar inferior do abdome, sem sinais de irritação peritoneal ou
massas palpáveis. Iniciado antibioticoterapia empírica de amplo
espectro. Realizou TC de abdome total na ocasião sem evidências de
apendicite aguda sugerindo colite em atividade. Na ocasião não
apresentava febre, náuseas ou vômitos. No D12 evoluiu com drenagem
de moderada quantidade de secreção espessa e gelatinosa pela
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
ferida operatória (FO). Apresentou febrícula com manutenção da
drenagem. Submetido à laparotomia exploradora em 17/03/2012
identificado apendicite purulenta com peritonite grau IV. Mantido em
peritoneostomia com múltiplas reabordagens cirúrgicas. Anatomopatológico confirmando apendicite aguda. Resultado: Evoluiu ao óbito
no D40 pós Tx Hepático por sepse fúngica decorrente de peritonite
tardia com múltiplas reabordagens cirúrgicas devido a peritoneostomia.
Conclusão: Apendicite Aguda representa um grande desafio
diagnóstico nos pacientes transplantados pois pobres sintomas
clínicos podem mascarar infecções abdominais devastadoras devido
à apresentação atípica e a presença das complicações relacionadas
ao enxerto se manifestarem com sintomas similares. O diagnóstico
precoce e o tratamento adequado podem prevenir complicações e
alterar o desfecho.
TL 335
DOSAGEM SÉRICA DE INTERLEUCINA-6 EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES COM HEPATOPATIA CRÔNICA: UMA
ABORDAGEM NUTRICIONAL
Daniele Santetti, Cristina Toscani Leal Dornelles, Carlos Oscar Kieling,
Jorge Luiz dos Santos, Fernanda Urruth Fontella, Isabel Cristina Ribas
Werlang, Sanda Maria Gonçalves Vieira, Helena Ayako Sueno Goldani
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Introdução: A patogênese da desnutrição na doença hepática crônica
é multifatorial, tem como possível etiologia a combinação de condições
como a redução do consumo calórico decorrente de anorexia e de
restrições dietéticas, quando em vigência de colestase, a má absorção
intestinal, as anormalidades no metabolismo de macronutrientes e o
aumento de citocinas pró-inflamatórias, resultando em um estado
hipermetabólico causador da piora nutricional. A intervenção precoce
na nutrição de crianças e adolescentes com hepatopatia crônica
tem se mostrado fundamental no manejo destes pacientes. Objetivo:
Avaliar o perfil antropométrico de crianças e adolescentes com
hepatopatia crônica, relacionando-o com o perfil inflamatório,
mensurado pela dosagem sérica de interleucina-6 (IL-6). Material
e Métodos: Estudo transversal envolvendo 43 crianças e
adolescentes com diagnóstico clínico de hepatopatia crônica
regularmente atendidos em ambulatório da especialidade. A gravidade
da hepatopatia foi avaliada através da classificação de Child-Pugh
e dos escores PELD e MELD. Os parâmetros antropométricos foram
estatura/idade, índice de massa corporal/idade e dobra cutânea
tricipital/idade de acordo com os padrões WHO. Os pontos de corte
para classificação do estado nutricional adotados foram de risco
para baixo peso (escore-z < -1,00) e desnutrição (escore-z < -2,00). A
dosagem sérica de IL-6 foi determinada pelo método ELISA.
Resultados: A mediana de idade da amostra foi de 60 meses (17-116),
a atresia biliar correspondeu a 72% da amostra. Cinquenta e sete por
cento dos pacientes cirróticos pertenciam à classificação ChildPugh A, 34,2% B e 8,6% C, sendo esta a apresentação mais grave.
Escores PELD e MELD superiores a 15 foram encontrados em 14,3%.
Foi detectado risco para baixo peso em 23,3% da amostra e 11,6%
eram desnutridos, totalizando 34,9% de risco nutricional. A IL-6
apresentou valores aumentados naqueles pacientes em risco
nutricional (P<0,05), correlacionando-se com o escore-z da dobra
cutânea tricipital para a idade (rs= -0,61; P<0,001). Foi encontrada
associação entre a IL-6 e a gravidade da doença hepática avaliada
a partir da classificação de Child-Pugh (P<0,001). Conclusão:
Achados indicam que a atividade inflamatória se faz presente na
evolução da doença hepática crônica. Do ponto de vista nutricional,
parece existir associação entre o aumento de IL-6 sérica e a
presença de risco nutricional em crianças e adolescentes com
hepatopatia crônica.
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TL 336
METÁSTASE HEPÁTICA DE TUMOR CARCINÓIDE: DESAFIO DO
DIAGNÓSTICO DO SÍTIO PRIMÁRIO
Gabriela Nielsen, Camila Barreto, Flavia Appel, Flavia Fernandes,
Daniela Martins, Zulane Veiga, Gustavo Pereira, João Luiz Pereira
Hospital Federal de Bonsucesso
Introdução: Tumor Carcinóide é um tipo de tumor neuroendócrino,
podendo ocorrer em diferentes órgãos. No trato gastrointestinal, ocorre
principalmente no apêndice e íleo, sendo este último o que mais
ocasiona metástases. A síndrome carcinoide é rara e ocorre em menos
de 10% dos pacientes com este tipo de neoplasia. Objetivo: Relatar
dois casos apresentando esta síndrome, dando enfoque na dificuldade
de localização do sitio primário para futuro tratamento curativo. Caso
1: Feminina, negra, 54 anos, apresentando perda ponderal, aumento
de volume abdominal, diarreia não invasiva, associado a flush facial
e episódios de sudorese com taquicardia. Sem comorbidades. Ao
exame físico: Bom estado geral, porém emagrecida. Ausculta pulmonar
apresentando sibilos bilaterais e abdome globoso. Hepatomegalia
dolorosa a palpação, com nodulações. Exames laboratoriais com
discreto aumento das transaminases, além de elevação da Fosfatase
alcalina e Gama-GT (467 e 641, respectivamente). Caso 2: Feminina,
negra, apresentando diarreia intensa, não invasiva, flush facial e
perda ponderal. Ao exame físico: Bom estado geral, flush facial e
desidratada +/4+. Abdome apresentando hepatomegalia com
nodulações. Exames laboratoriais com alterações na série vermelha(
anemia normocítica;normocrômica) e hipocalemia. Resultados:
Realizadas em ambas pacientes tomografia de tórax, abdome e pelve,
colonoscopia e endoscopia digestiva alta, Mamografia, ultrassonografia de tireóide. Tomografia abdominal de ambas apresentou
resultado semelhante, com hepatomegalia importante, fígado
heterogêneo, lobulado, nódulos de tamanhos variados, com captação
irregular de contraste, sendo o maior medindo 10 cm. Os outros
exames citados foram normais, sem detecção do sítio primário. Ácido
hidroxiindolacético positivo em ambas. Biópsias hepáticas confirmaram
o diagnóstico, com imuno-histoquímica revelando cromogranina. A
paciente do caso 1 faleceu após dois meses do diagnóstico e a outra
está em acompanhamento oncológico apenas em uso de análogo da
somatostatina, como tratamento paliativo. Conclusão: Muitas vezes
opta-se pelo uso de análogos da somatostatina antes mesmo da
detecção do sítio primário, que nestes casos foram intensamente
investigados, porém sem êxito. Estes vêm oferecer melhorias na
qualidade de vida. O tratamento curativo, entre eles o transplante
hepático, só é viável após detecção do foco primário.
TL 337
CALAZAR NA 26a SEMANA DE TRATAMENTO DE HEPATITE
CRÔNICA PELO VÍRUS C: DILEMA DIAGNÓSTICO E ABORDAGEM
TERAPÊUTICA
José Milton de Castro Lima, Samara Jacinto de Lima, André Ventura
da Nóbrega, Suerda Guiomar Fernandes, Marcelo de Castro Lima,
Eveline Santana Girão, Éder Janes Cavalcante Guerra, Jefferson
Alexandre Silveira
Universidade Federal do Ceará
Introdução: Interferon peguilado e Ribavirina era o tratamento da
hepatite crônica pelo vírus C (HVC), G1, até o surgimento dos inibidores
de proteases, com RVS entre 45 a 50%. O risco de infecção é um
dos diversos efeitos adversos desta terapêutica. Objetivo:
Descrever o caso de um paciente que desenvolveu calazar na 26a
semana de tratamento da HVC, discutir as dificuldades diagnósticas
e a terapêutica utilizada. Material e método: Relato de caso: Sr. 52
anos, natural e procedente de Fortaleza, técnico de mecânica, iniciou
tratamento para HVC em 09/2009, obteve a RVP (RNA HVC negativo).
No 4o mês apresentou febre intermitente, anorexia, inicialmente
131
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
considerados efeitos adversos das medicações. Urinocultura, Rx de
tórax nls e HIV (-). Manteve-se Pegintron + Ribavirina, associando-se
filgastrima e eritropoietina (pancitopenia). No 5o mês evoluiu com
esplenomegalia, que progrediu até cerca de 13 cm abaixo do RCE
além de febre diária e perda de 16 kg. Optou-se por internação,
suspender esquema na 26a semana e investigar. Hemoculturas e
urinoculturas negativas, ECO transesofágico nl, HIV, HBsAg, antiHBc IgM, anti-HAV IgM e pesquisa de K39 negativos. US abdominal
sem ascite ou abscesso, baço 22 cm. Mielograma: setor
megacariocítico levemente hipocelular, leve dismegacariopoiese,
blastos 0% e presença de Leishmanias. Iniciou-se Anfotericina B 50
mg/dia - 21 dias. Após 3 dias a febre cedeu, redução progressiva do
baço, no D10 não se palpava o baço. Optou-se por não reintroduzir
tratamento para HVC. Houve positivação do RNA HVC. Após 18 meses
da suspensão do PegIntron + Ribavirina optou-se por reintroduzir o
esquema em 11/2011 associado à anfotericina B 50 mg IV a cada 15
dias. Apresentou RVP, RFVT e RVS, sem reativação do calazar.
Discussão: Resposta imunológica mediada por células T e a ativação
de macrófagos desempenham papel importante durante a infecção
primária ou a reativação da infecção latente pela leishmaniose.
Acredita-se que o polietilenoglicol induz a redução da atividade
fagocítica podendo aumentar o risco de infecção ou reativação de
parasitas intracelulares ou, alternativamente, que a diminuição das
células T help seja responsável pelo desenvolvimento da doença
naqueles pacientes em uso de INF. Calazar deve ser pensado e
investigado em pacientes em uso de INF que evoluam com quadro
clínico de febre prolongada, perda de peso, pancitopenia, e
esplenomegalia em zona endêmica de calazar, uma vez que se não
tratado a mortalidade é elevada.
TL 338
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS HEPATITES VIRAIS NO MARANHÃO
E IMPACTO NA SAÚDE PÚBLICA
Vicktor Bruno Pereira Pinto, Lívia Gonçalves Neves, Walter Hugo
Brandão Nascimento, Almir José Guimarães Gouveia, Marcos Antonio Custódio Neto da Silva, Anna Christianny Brandão Nascimento,
Thaise Nunes de Sousa, Geusa Felipa de Barros Bezerra, Walbert
Edson Muniz Filho, Flávia Castello Branco Vidal, Dulcelena Ferreira
Silva, Maria do Desterro Soares Brandão Nascimento
Universidade Federal do Maranhão
Introdução: As hepatites virais (HV) são um grave problema de
saúde pública. Segundo estimativas, bilhões de pessoas já tiveram
contado com os vírus e milhões são portadores crônicos. No Brasil,
relatos das HV são raros antes do século XIX. No Maranhão (MA), a
assistência ao portador de HV está restrita a serviços de nível
terciário, com recentes avanços para a atenção básica. Objetivos:
Revisar aspectos históricos das HV no MA, relacionando-os com
dados do Brasil e do mundo. Material e Métodos: Realizou-se
revisão das pesquisas de monografias de conclusão do curso de
Medicina da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) no período
de 1988 a 2013, além de dados atualizados do Ministério da Saúde e
bases de dados Pubmed e Bireme, tendo como unitermos: hepatites
virais, epidemiologia, fatores de risco, prevalência e transmissão.
Resultados: Estudos de prevalência das HV no MA, realizados em
1998, mostram que, dos 139 pacientes, 89 eram homens e 50 mulheres,
tendo como faixa etária predominante de 41 a 50 anos. Em 1999, um
trabalho com 62.317 doadores de sangue em São Luís mostrou que
16,07% apresentavam positividade para algum marcador viral, com
predomínio do anti-HBc (14,54%). Em 2001, verificou-se que, embora
o rastreamento de grávidas e vacinação de neonatos de mães positivas
sejam eficazes no controle da transmissão perinatal de hepatite B,
não erradicam a doença. Em 2002, detectaram-se nos pacientes
positivos para HVC as seguintes sorologias positivas: anti-HIV,
Chagas, anti-Hbc, HbsAg e outras. O primeiro estudo sobre o
tratamento da hepatite C crônica foi realizado em 2002, com 83
pacientes: destes, 12 eram tratados com monoterapia com ribavirina
132
e apenas 2 se curaram. Segundo estudos de 2011 sobre a genotipagem
do HBV, o subgenótipo A1 é exclusivo de afrodescendentes do MA.
Com relação ao HVC, verificou-se predomínio do genótipo 1,
independente do possível risco de infecção. Foram encontrados três
genótipos de HBV no Brasil: A, D e F - e seus respectivos subgenótipos
- A1, D2, D3, D4 e F2a, bem como coinfecção por HBV e HDV,
descrevendo pela primeira vez no Brasil o genótipo HDV-8.
Conclusão:No MA, pesquisas preliminares sobre HV demonstram
preocupação com a prevalência das hepatites B e C, bem como
tratamento da hepatite crônica. Pesquisas mais recentes, demonstraram evidências de subgenótipos específicos de comunidades
afrodescendentes do estado.
TL 339
HEPATITE AGUDA COLESTÁTICA COM ANTI-MITOCÔNDRIA
REAGENTE COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO DE SÍFILIS
SECUNDÁRIA
Marcelo de Castro Lima, José Milton de Castro Lima, Maria Teresa
Gonçalves de Medeiros, Ticiana Mota Esmeraldo, Jorge Luiz Nobre
Rodrigues, Éder Janes Cavalcante Guerra
Universidade Federal do Ceará
Introdução - Sífilis é uma doença infecciosa crônica causada pelo
Treponema pallidum, com transmissão por via sexual, sanguínea e
vertical (congênita). Em sua forma secundária atinge diversos
órgãos, dentre os quais o fígado. Objetivo: relatar o caso de uma
paciente imunocompetente que apresentou um quadro de hepatite
aguda cursando de forma colestática, e lesões cutâneas, que foram
atribuídas inicialmente a colestase. Material e método: Relato de
caso: Sra. de 55 anos, casada, natural e procedente de Fortaleza,
do lar, procurou atendimento com quadro de adinamia, anorexia há
4 semanas e nos últimos 15 dias antes do atendimento lesões
pruriginosas planas pelo corpo, com intensificação do prurido mais
a noite. Negava febre, icterícia, mialgia, coluria, ou acolia fecal.
Nega tabagismo, alcoolismo, transfusão sanguínea. Negava
relacionamento extraconjugal. Havia feito uso de glutamina, óleo
linoleico, pholia negra - tendo suspendido há pelo menos 1 mês
antes do início dos sintomas. Na investigação apresentava: AST:805
(40), ALT:1.430 (40), γGT:304 (47), FA:260 (100). INR, proteínas
totais e frações, hemograma, bilirrubinas normais. Anti-HAV IgM,
HBsAg, anti-HBc IgM, anti-HCV, CMV, Herpes, Epstein-Barr, Dengue,
Parcovírus e HIV negativos. Ceruloplasmina e dosagem de α1 antitripsina normais. FAN, anti-músculo liso, anti-LKM1 negativos;
dosagem de Ferritina: 1.539; IST: 58%. Dosagem de anti-mitocôndria
1:40. Com todos marcadores negativos ficou possibilidade de
hepatite tóxica, cirrose biliar primária ou síndrome de superposição
hepatite autoimune/cirrose biliar primária. Após 15 dias, retornou
com VDRL:1:128, TPHA (Treponema pallidum hemagglutination).
Optamos por administrar penicilina benzatina 1.200.000 U - uma
ampola IM, repetindo após 15 dias. Houve redução das
aminotransferases: AST: 457, ALT: 605, e FA: 113 e γGT: 81, após 3
semanas da segunda dose da penicilina benzatina. Após 105 dias
normalizou AST, ALT, FA, γgt, VDRL 1:8, HIV continuou negativo,
anti-mitocôndria negativou e nova determinação FAN, anti-SM e antiLKM1 negativos. Discussão: paciente imunocompetetente, sem
relacionamento extraconjugal apresentou quadro de hepatite aguda
colestática como manifestação de sífilis secundária, com regressão
clínica e laboratorial após tratamento com penicilina benzatina. Pode
ocorrer reação cruzada com anti-mitocôndria e que quando trata a
sífilis tende a negativar este exame, como ocorreu neste caso. O
esposo não aceitou realizar VDRL.
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
TL 340
LESÃO HEPÁTICA INDUZIDA POR DROGAS EM PACIENTE COM
POLIMEDICAÇÃO: COMO DEFINIR A SUBSTÂNCIA AGRESSORA?
- RELATO DE CASO
Perla Oliveira Schulz, Kelly Cristina dos Santos, Thatja Silveira Cajubá
Britto, Nathalia Borio Pedrão, Paulo Eugênio de Araújo Brant, Roberto
Gomes da Silva Junior, Andrea Vieira
Irmandade Santa Casa de São Paulo
Introdução: Por ser a principal sede de metabolização das
substâncias exógenas, o fígado torna-se exposto à ação tóxica
desses compostos químicos ou de seus subprodutos. Diversos
psicotrópicos podem induzir à hepatotoxicidade, promovendo
diferentes tipos de lesão histológica. A comum associação destas
substâncias pode potencializar o efeito nocivo ao fígado, agravando
quadros de lesões hepáticas induzidas por drogas (LHID). Objetivo:
Discutir o risco elevado de LHID em indivíduos com polimedicações.
Método: Relato de caso. Caso clínico: , 22 anos, diagnóstico recente
de esquizofrenia, há 3 meses usando biperideno 2 mg/dia e risperidona
4 mg/dia. Iniciou, há 20 dias, icterícia, acolia, colúria, náuseas, vômitos
e prurido. Negava uso de drogas ou etilismo. Exames com hiperbilirrubinemia direta, elevação de enzimas canaliculares, função
hepática preservada. Apresentou piora clínico-laboratorial após troca
de medicações para haloperidol. Investigação excluiu causas
obstrutivas, inflamatórias, infecciosas e metabólicas. Biópsia hepática
evidenciou hepatite aguda e colestase intra-hepática, compatível com
hepatite medicamentosa, provavelmente por risperidona, e agravada
por haloperidol. Após a suspensão de todos os fármacos, evoluiu
com melhora clínica e laboratorial completa. Discussão: As LHID
representam grande desafio para o raciocínio clínico, pois existem
aspectos que dificultam a sua abordagem como: variedade de
substâncias disponíveis, automedicação, fármaco-vigilância deficiente,
multimedicação, existência de hepatopatia prévia, suscetibilidade
individual, ausência de critérios diagnósticos e de marcadores
específicos. Ainda, as escalas de causalidade limitam-se à avaliação
da relação temporal entre a exposição à droga e a doença hepática e
à exclusão de outras causas, e a biópsia hepática não permite o
diagnóstico etiológico definitivo, embora haja lesões histológicas mais
características de determinadas substâncias. A risperidona pode
causar colestase com hepatite aguda, enquanto o haloperidol pode
gerar síndrome ductopênica. Conclusão: Psicotrópicos são importante
classe de drogas potencialmente hepatotóxicas, pela frequência de
sua prescrição, comumente em indivíduos com multimedicações, e
pelo seu metabolismo hepático. Portanto, ao usar continuamente estas
drogas, deve-se monitorizar as enzimas hepáticas.
TL 341
TUBERCULOSE HEPÁTICA COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO
NODULAR FOCAL HEPÁTICA: DILEMA DIAGNÓSTICO
José Milton de Castro Lima, Olga Vale Oliveira Machado, Francisco
Fernando Pimenta Lima, Marcelo de Castro Lima, Maria Teresa
Gonçalves de Medeiros
Universidade Federal do Ceará
Introdução - Tuberculose é uma doença infectocontagiosa causada
pelo M. tuberculosis, podendo manifestar-se nas formas pulmonar e,
ou extrapulmonar. Os sítios extrapulmonares incluem: pleura, gânglios,
trato geniturinário, ósteo-articular, sistema nervoso central, trato
gastrointestinal. Manifestações clínicas bastante variável. Na TB miliar
o envolvimento hepático ocorre em até 75% dos casos. Objetivo descrever um caso de TB com envolvimento nodular no fígado cujo
diagnóstico diferencial era neoplasia. Relato de caso - Sr. 40 anos,
bancário, procurou atendimento por apresentar há 3 semanas
indisposição, dificuldade em manter atividades diárias e febre
esporádica (37,5 a 38,3oC). Relatou anorexia sem perda ponderal.
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
Negava dor abdominal, icterícia, alteração de hábito intestinal ou
urinário, tosse ou dor pleurítica. Aventou-se hipótese de TB pulmonar,
mas não houve confirmação radiológica, nem havia história pessoal
ou familiar de TB. Relato de transfusão sanguínea há 20 anos, não
fuma, bebe 6 unidades de álcool por semana. Nega doença hepática
na família. Exames realizados em 30.3.12 - Htc 37%, Hb 12,4 g/dl,
Leucócitos 8.190/mm3, diferencial nl, Plaquetas 470.000/mm3 AST 23,
ALT 16, Proteínas totais 7,6 g/dl, Albumina 4,3 INR 1,04, gama GT 51
(<78), CA 19.9: 4,8; CEA: 0.8; AFP 4,17. Sorologias: Anti-HVA IgG (+);
Anti-HBs 129; HBsAg, Anti-HBc IgG, Anti-HCV, VDRL, HIV negativos.
Raio X de Tórax normal; US - nódulos hepáticos e litíase biliar; TC de
abdome nódulos hipocaptantes segmento VII de 1,7 cm com
calcificação central, no segmento II de 1,3 cm e no segmento VI duas
calcificações, além de litíase biliar, algumas calcificações punctiforme
também no baço. Linfonodos 1,1 cm porta-cava; RM confirmou nódulos
e não acrescentou novos dados; EGD e Colonoscopia normais.
Realizado colecistectomia e biópsias das lesões nodulares, que
evidenciou processo inflamatório crônico granulomatoso caseoso
sugestivo de TB. Fora prescrito esquema RIPE (2 meses - RIPE, 4
meses - R e I) com melhora clínica e imaginológica (regressão total
dos nódulos, persistindo calcificação). Discussão - O envolvimento
hepático na TB pode ser classificado em miliar (hepatite granulomatosa, hepatobiliar) por disseminação hematogênica que é a forma
mais comum ou na forma de envolvimento focal, com formação de
nódulos, por disseminação portal como apresentado neste caso, que
respondeu ao esquema RIPE, no diagnóstico diferencial pensou-se
neoplasia primária ou metástase hepática.
TL 342
DOENÇA HEPÁTICA VENOOCLUSIVA ASSOCIADA A USO DE
FULVESTRANTO: RELATO DE CASO
Marília Ávila Acioly, Marília Ávila Acioly, Lucas Santana Nova da Costa,
Maria Auzier Freitas, José Eduardo Trevizoli, Alessandro Igor C. Leal,
Liliana Sampaio Costa Mendes
Hospital de Base do Distrito Federal
Introdução: A doença venooclusiva constitui uma desordem
circulatória que afeta primariamente o sinusóide hepático. É
caracterizada clinicamente por quadro de hepatomegalia, dor
abdominal, ascite e icterícia, ocorrendo mais frequentemente em
pacientes submetidos a transplante de medula óssea e, menos
comumente, após uso de quimioterápicos em pacientes não
transplantados, ingestão de toxinas alcaloides, altas doses de
radioterapia ou transplante hepático. Objetivos: Relatar o caso de
paciente de 64 anos, sexo feminino, que desenvolveu doença hepática
venooclusiva durante tratamento de câncer de mama com
Fulvestranto. Material e Métodos: As informações foram obtidas
durante seguimento clínico, revisão de prontuário, registro de métodos
diagnósticos e revisão de literatura. Resultados: Paciente com
diagnóstico de carcinoma lobular de mama direita em 2009, tendo sido
submetida a tratamento cirúrgico e bloqueio hormonal com Anastrozol
por 18 meses. Em junho de 2011, durante mastectomia profilática
contralateral, foi diagnosticada recidiva de doença, quando foi
indicado Tamoxifeno por 17 meses. Em 2012, por ocasião de
evidência de doença óssea, iniciado tratamento com Fulvestranto.
Na quinta dose da medicação, paciente evoluiu com ascite tensa,
dor abdominal e icterícia. Exames laboratoriais compatíveis com
falência hepática aguda e análise do líquido ascítico comprovando
hipertensão portal. Realizada RNM de abdome com achado de fígado
com padrão micronodular heterogeneamente difuso, sem captação
de contraste. USG doppler de veia porta observou inversão do
fluxo. Os achados clínicos, laboratoriais e de imagem, permitiram o
diagnóstico de doença venooclusiva. A paciente apresentou
disfunções renal e hepática progressivas e evoluiu para óbito, mesmo
após tentativa de terapia fibrinolítica. Conclusão: Muitas drogas já
foram descritas como associadas ao desenvolvimento de doença
venooclusiva, entretanto não havia relatos prévios da associação
133
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
com Fulvestranto, uma droga da classe dos inibidores do estrogênio,
utilizada no tratamento do câncer de mama, cujo metabolismo é
predominantemente hepático. As doenças vasculares do fígado
compreendem um grupo heterogêneo de desordens hepáticas raras,
por essa razão, ainda pouco compreendidas. Fatores que possam
estar relacionados ao desenvolvimento dessa entidade clínica são
úteis para o maior esclarecimento quanto à patogênese e para
prevenção de novos casos.
TL 343
CINÉTICA VIRAL EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA
TRATADOS COM BOCEPREVIR: UMA EXPERIÊNCIA CLÍNICA
Giovanni Faria Silva, Hamilton Bonilha, Fabio da Silva Yamashiro, Cássio
Vieira de Oliveira, Flávia Chiacchio, Aline Aki Tanikawa, Rejane Maria
Tommasini Grotto, Maria Inês de Moura Campos Pardini
Faculdade de Medicina de Botucatu
Introdução: A terapia tríplice com inibidores de protease de primeira
geração aumentou a taxa de resposta virológica sustentada (RVS) em
1,7 vezes em pacientes genótipo 1 naïve e, em até 3 vezes em
experimentados. Entretanto, quando pacientes F4 e respondedores
nulos (RN) prévios foram analisados a taxa de RVS com telaprevir
(TVR) foi de 14%, comparado com 10% do grupo controle com
peginterferon (PegIfn) e ribavirina (RBV). Estudos prévios de cinética
viral mostraram queda da carga viral (CV) quando doses de indução
são realizadas e, atualmente, a terapia tripla com boceprevir (BOC)
mostra resultados melhores de RVS quando se tem queda maior que 1
log no lead in. Objetivos: Analisar resultados interinos da CV em
pacientes F4 RN submetidos à terapia de indução prévia ao tratamento
triplo com BOC. Material e Métodos: Análise retrospectiva; inclusão:
F4, RN prévios, gt1, submetidos à terapia de indução com peginterferon
alfa 2b 1,5 mcg/kg peso 2 vezes por semana e RBV (12 a 15 mg/kg/dia)
no lead in, a seguir mesma dose PegInf 2b 1x por semana, RBV e
BOC (4 cp 3 x/dia). Exclusão: coinfecção, naïve, fibrose moderada
a discreta. Análise de resposta virológica nas semanas 4, 8 e 12 em
intenção de tratamento. Resultados: Dos 16 pacientes avaliados,
14 (87,5%) eram do sexo masculino, média de idade de 45,2 anos
(ó =10,3), 56% gt 1a e média de plaquetas/mm 3 de 160.000
(ó=76.262). Quinze pacientes foram analisados até TW12. A média
do nível de RNA viral (log) na TW0 foi de 6,33 (ó=0,52), 5,2 (ó =0,66)
na TW4, 2,68 (ó =1,13) na TW8 e 2,81 na TW12 (ó=1,72). A análise da
semana 4 mostrou queda de 1,15 na média da CV. Na semana 8, 25%
dos pacientes apresentaram CV indetectável e a queda da média da
CV foi de 3,65. Resultados da semana 12 mostraram 7/15 (47%) com
RNA indetectável, destes quatro pacientes apresentaram RNA
indetectável já na semana 8 (sem escape). Conclusão: A terapia de
indução no lead in mostrou bons resultados de CV na semana 12
para os pacientes de difícil resposta (F4 e RN), sendo promissora a
RVS nestes pacientes.
TL 344
HEPATITE CRÔNICA PELO VÍRUS B ASSOCIADO COM SÍNDROME
DE POEMS: DIFICULDADE DIAGNÓSTICA
José Milton de Castro Lima, André Ventura da Nóbrega, Samara Jacinto
de Lima, Suyanne Maria de Albuquerque Xerez Martins, Francisco
George Magalhães de Oliveira, Rosangela de Albuquerque Ribeiro R.
Holanda, Marcelo de Castro Lima, Maria Teresa Gonçalves de
Medeiros, Manoel Joaquim Diogenes Teixeira, Suerda Guiomar
Fernandes
Universidade Federal do Ceará
Introdução: A síndrome de POEMS é um distúrbio multisistêmico
associado com discrasias de plasmócitos. Trata-se de uma síndrome
rara, a maioria dos casos ocorre entre a 4a e 5a década de vida.
134
Caracteriza por Polineuropatia, Organomegalia, Endocrinopatia,
gamapatia Monoclonal e lesões cutâneas (Skin). A patogênese
permanece obscura. A síndrome de POEMS, embora rara, deve ser
incluída no diagnóstico diferencial de polineuropatias, lesões
osteoescleróticas, discrasias de plasmócitos, neoplasias, doenças
do tecido conjuntivo, infecções e vasculites. Objetivo: descrever
uma associação entre a síndrome de POEMS e Hepatite B, ressaltando
também as dificuldades no diagnóstico e o tratamento. Material e
método: Relato de caso, Sr. 47 anos, caminhoneiro, ao doar sangue
detectou HBsAg (+), avaliado em Mossoró e a seguir no HUWC-UFC,
na investigação relatou perda ponderal de 17 kg nos últimos 18 meses,
associada a inapetência, astenia e lombalgia, já apresentava uma
lesão na coluna a RM, sendo tratado na época com sintomáticos.
Paciente passou apresentar perda de força de membro superior direito,
espessamento da pele, e hepatoesplenomegalia. Foi avaliado pelo
setor de ortopedia, hematologia, clínica médica, com hipótese de sd.
paraneoplásica, hanseníase, mas a pesquisa de globias foi negativa,
a EGD e colonoscopia normais, US de abdome: linfonodomegalia
paraórtico e hepatoesplenomegalia. Cintilografia óssea sem evidência
de lesões osteoblásticas. Pesquisa de BAAR em 3 amostras de
escarro negativas. Htc, Hg, leucócitos e plaquetas, AST, ALT e INR
normais, eletroforese de proteína pico monoclonal discreto de gama
(0,14g/dl) com presença de paraproteina M IgA/Lambda na imunofixação. Sorologia negativa para sífilis, HCV e HIV. Eletroneuromiografia
- neuropatia sensitivo-motora, axono-mielínica envolvendo ambos os
MMSS. RM da coluna evidenciou lesão insuflante acometendo o corpo
vertebral de L2. Biópsia óssea mostrou proliferação de células
plasmocitóides compatível com plasmocitoma. Em suma, o paciente
apresentava uma infecção crônica pelo vírus da Hepatite B, associado
a polineuropatia, esplenomegalia, adenopatias, pico monoclonal de
IgA e lambda, alterações de pele e lesão osteoescleróticas.
Conclusão: firmou-se o diagnóstico de síndrome de POEMS. Paciente,
no momento, se encontra em acompanhamento na hematologia,
aguardando programação para a quimioterapia, e como apresentava
carga viral B de 21.000 UI/ml e submeter-se-á a quiomioterapia
iniciamos entecavir 0,5 mg.
TL 345
CIRROSE POR HCV GENÓTIPO 1A, TRATADA COM 7 SEMANAS
DE INTERFERON PEGUILADO/RIBAVIRINA, TRANSPLANTADA POR
HEPATOCARCINOMA, EM RVS
Matheus Magela dos Reis, Patrícia Naves de Resende, Gustavo de
Almeida, Geisa Perez Medina Gomide, Rodrigo Juliano Molina, Sônia
Cançado de Oliveira Cabral
Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Introdução: A hepatopatia crônica causada pelo vírus da hepatite C
(HCV) é a indicação mais comum de transplante hepático no mundo.
A recorrência da hepatite C após o transplante hepático é elevada e
em grande parte dos pacientes pode evoluir com cirrose e perda do
enxerto de forma acelerada. Objetivo: Relatar caso de portadora de
cirrose por hepatite C genótipo 1a, tratada durante sete semanas
com Interferon Peguilado α2a (Pegasys®) e Ribavirina (Riba), em
Resposta Viral Sustentada (RVS), mesmo após transplante hepático
por hepatocarcinoma. Materiais e métodos: Revisão de prontuário
disponível no arquivo hospitalar e por pesquisa na base de dados do
PubMed com palavras chaves "Hepatite C" e "transplante hepático".
Relato de caso: Z.A.A, nascida em 05/10/1947, solteira, auxiliar de
laboratório, natural de Santa Juliana e procedente de Uberaba.
Encaminhada ao nosso serviço em 1994 para acompanhamento de
hepatite C diagnosticada em 1991. Iniciou tratamento em facultativo,
porém apresentou leucopenia e o tratamento foi suspenso após 2ª
dose de Interferon Convencional. Biópsia hepática em 1996 mostrava
Classificação de Ishak: Atividade Histológica 5 e Estadiamento 1. A
paciente manteve seguimento em facultativo de 1997 a 2006, quando
retornou ao serviço com biópsia de 2005 que mostrava Hepatopatia
Crônica com Regeneração Nodular. Genótipo 1a, RNA-HCV
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
quantitativo 3.279 UI/mL, Plaquetas 71.000. Apresentava vitiligo e
hipotireoidismo em tratamento. Em 2006 iniciados Pegasys® e Riba.
4ª semana: Plaquetas 32.000 e RNA-HCV qualitativo indetectável. 6ª
semana: Plaquetas 27.000. 7ª semana: Plaquetas 10.000. Tratamento
interrompido. Em 2008, diagnosticado hepatocarcinoma, sendo
submetida a transplante hepático ortotópico em setembro do mesmo
ano, em facultativo. Resultado: Mantém RNA-HCV indetectável desde
então, em uso de Puran T4 e Tacrolimus. Conclusão: A recidiva de
hepatite C no período pós operatório do transplante hepático ocorre
em cerca de 64% dos pacientes no primeiro ano. Entretanto, o caso
relatado demonstra Resposta Viral Sustentada após transplante
hepático e imunossupressão, mesmo com tratamento interrompido na
7ª semana de esquema terapêutico.
TL 346
AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA DA LESÃO HEPÁTICA INDUZIDA
PELO USO CRÔNICO DE METOTREXATO
Daniel Barusco Duran, João Marcello de Araujo Neto, Lívia Menezes
Elias, Juliane Gomes Leal Pereira, Gabriellen Vitiello, Leonardo Alves
Araújo, Luana Fleming, Maria Chiara Chindamo
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução: O metotrexato é um medicamento bastante utilizado no
tratamento da artrite reumatoide e psoríase. Nas décadas de 80 e 90,
foram relatadas elevadas taxas de hepatoxicidade relacionadas ao
uso deste fármaco. No entanto, novas evidências sugerem que o
dano ao fígado pode ser dependente da presença concomitante de
fatores de risco metabólicos ou uso de álcool. Além disso, a doença
de base que levou ao uso do metotrexato também parece ter influência
na intensidade de deposição da fibrose. Objetivos: Avaliar as
alterações histopatológicas induzidas pelo metotrexato de acordo
com a dose individual acumulada em pacientes acompanhados no
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (HUCFF/UFRJ). Materiais e métodos: Foi realizado
um estudo observacional retrospectivo no HUCFF/UFRJ por meio da
revisão sistemática dos prontuários de pacientes em uso de
metotrexato e que foram submetidos à biópsia hepática percutânea
guiada por ultrassonografia para avaliação de toxicidade induzida
pela droga no período de janeiro de 2009 a julho de 2013. As variáveis
clínicas analisadas foram gênero e idade. A análise histopatológica
foi realizada de acordo com a classificação de Roenigk em estágios
I, II, III e IV. Foi realizado o cálculo da dose total acumulada de
metotrexato até a data da biópsia hepática, descrito em gramas.
Resultados: Foram avaliados 27 indivíduos sendo 19 (70%) do
gênero masculino. Quanto à doença de base, 24 (89%) pacientes
apresentavam psoríase, 2 (7%) apresentavam artrite reumatoide e 1
(4%) apresentava pênfigo vulgar. A média de idade da amostra foi de
58 ± 9 anos. Em relação à toxicidade hepática avaliada pela biópsia
hepática, 21 (78%) pacientes apresentaram classificação histopatológica em estágio I, 4 (15%) apresentaram lesão estágio II, 2 (7%)
pacientes apresentaram lesão estágio III. Nenhum paciente apresentou
cirrose. A média de dose acumulada nos pacientes com lesão hepática
estágio I foi 3,4 ± 1,7 g, nos pacientes com lesão grau II foi 3,5 ± 1,1
g e naqueles com grau III foi de 2,0 ± 0,1g (p=0,47). Não houve
diferença no grau de toxicidade hepática com relação ao sexo (p=0,44)
ou tipo de doença de base em tratamento com metotrexato (p=0,66).
Conclusão: A maioria dos pacientes em uso crônico de metotrexato
não desenvolve toxicidade hepática significativa. Neste estudo, não
houve influência da dose acumulada de metotrexato na toxicidade
hepática, sugerindo que a presença de outros fatores de risco
contribua para a indução da lesão hepática.
TL 347
DETECÇÃO DE INFLAMAÇÃO E FIBROSE HEPÁTICAS EM
PACIENTES DIABÉTICOS TIPO 2: DIFUSÃO POR RESSONÂNCIA
MAGNÉTICA COMPARADA À BIÓPSIA HEPÁTICA
Daniella Braz Parente, Jaime A. Oliveira Neto, Lilian M. Silva, Fernando
F. Paiva, Fátima A. F. Figueiredo, Valeria Lanzoni, Carlos Frederico F.
Campos, Marilia B. Gomes, Pedro Emmanuel A. A. Brasil, Antonio EirasAraujo, Rosana S. Rodrigues, Renata M. Perez
1. IDOR (Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino), 2. UERJ (Universidade
Estadual do Rio de Janeiro), 3. UFRJ (Universidade Federal do Rio
de Janeiro)
Introdução: Atualmente só é possível diferenciar as diversas formas
de apresentação da DHGNA (esteatose, esteato-hepatite e/ou fibrose)
por biópsia, que é um método invasivo, com risco de complicações,
sujeito a erro de amostragem, com variabilidade inter e intraobservador.
Devido às limitações da biópsia hepática e à necessidade de
estadiamento da DHGNA, métodos não invasivos de avaliação da
gravidade da DHGNA tem sido avaliados. Objetivo: Avaliar a
contribuição da sequência difusão trigada com a respiração com a
técnica IVIM (intravoxel incoherent motion) para diagnosticar
inflamação e fibrose hepática em pacientes diabéticos utilizando a
biópsia hepática como padrão ouro. Materiais e Métodos: Trinta e
oito pacientes com diabetes tipo 2 foram incluídos neste estudo
prospectivo. Todos os pacientes foram submetidos à biópsia hepática
e RM de abdome. O estudo foi realizado em um aparelho de 3,0T. Foi
realizada sequência ponderada em difusão trigada com a respiração
utilizando-se 10 valores de b (0, 10, 20, 40, 80, 160, 200, 400, 800 e
1000 s/mm2). Utilizando-se um fitting biexponencial, foram calculados
os componentes de difusão propriamente dita (D), o componente de
perfusão (D*) e a fração de volume vascular (f). D, D* e f foram
comparados nos grupos com e sem esteato-hepatite e também nos
grupos com e sem fibrose hepática. As médias e medianas foram
comparadas utilizando-se o teste t de estudante e o teste Ramksum,
respectivamente. Resultados:Na análise histológica, 13 pacientes
apresentavam esteato-hepatite e 15 tinham fibrose. Um valor de D
médio menor foi observado no grupo com esteato-hepatite (0,9 s/mm2
(IQR 0,8-1,0 s/mm2) versus 0,8 s/mm2 (IQR 0,7-0,8 s/mm2), p<0.05). Não
houve diferença significativa entre os grupos com e sem esteatohepatite em relação a D* (p=1,0) e f (p=0,12). Em relação à fibrose
hepática, não houve diferença significativa entre os grupos para D
(p = 0,17), D* (p = 0,30) e f (p = 0,10). Conclusão: A sequência
ponderada em difusão trigada com a respiração com a técnica IVIM
(intravoxel incoherent motion) em aparelho de 3,0T tem o potencial
de ajudar no diagnóstico de esteato-hepatite. A redução do
componente de difusão propriamente dito (D) pode potencialmente
ser utilizada como marcador de esteato-hepatite na doença hepática
gordurosa não-alcoólica. Esta técnica de RM não contribuiu para o
diagnóstico de fibrose hepática.
TL 348
ACURÁCIA DE DIFERENTES TÉCNICAS DE RESSONÂNCIA
MAGNÉTICA PARA QUANTIFICAÇÃO DE ESTEATOSE HEPÁTICA
EM PACIENTES DIABÉTICOS TIPO 2: COMPARAÇÃO COM A
BIÓPSIA HEPÁTICA
Daniella Braz Parente, Jaime A. Oliveira Neto, Lilian M. Silva, Fernando
F. Paiva, Fátima A. F. Figueiredo, Valeria Lanzoni, Carlos Frederico F.
Campos, Marilia B. Gomes, Pedro Emmanuel A. A. Brasil, Antonio EirasAraujo, Rosana S. Rodrigues, Renata M. Perez
1. IDOR (Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino), 2. UERJ (Universidade
Estadual do Rio de Janeiro), 3. UFRJ (Universidade Federal do Rio
de Janeiro)
Introdução: Existe uma elevada prevalência de doença hepática
gordurosa não-alcoólica (DHGNA) em pacientes com diabetes mellitus
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
135
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
e, neste grupo, as comorbidades são frequentes, o que pode acarretar
maior risco de complicações na biópsia hepática. Desta forma, é
fundamental avaliar métodos não-invasivos que possam ser úteis
para a detecção da presença e intensidade de DHGNA. Dados sobre
o desempenho da ressonância magnética (RM) no diagnóstico de
DHGNA em pacientes diabéticos são escassos. Objetivo: Avaliar a
acurácia das sequências duplo-eco, triplo-eco, múltiplos-ecos e
espectroscopia de prótons para quantificação de esteatose hepática
em pacientes diabéticos utilizado a biópsia hepática como padrão
ouro. Materiais e Métodos: Trinta e oito pacientes com diabetes
tipo 2 foram incluídos neste estudo. Todos os pacientes realizaram
biópsia hepática para investigação de doença hepática gordurosa
não alcoólica e ressonância magnética de abdome. O estudo foi
realizado em um aparelho de 3,0T. Foram realizadas sequências duploeco, triplo-eco, múltiplos-ecos e espectroscopia de prótons. O efeito
T2* foi corrigido nas sequências triplo-eco e múltiplos-ecos.
Espectroscopia de prótons de voxel único foi realizada no segmento
V do fígado para mensuração dos picos de água e gordura. Uma
espectroscopia multi-eco foi realizada na mesma posição para
correção do efeito T2. Os achados da RM foram comparados à biópsia
hepática. Coeficiente de Spearman foi utilizado para a correlação
entre as medidas de fração de gordura estimadas pelas diferentes
técnicas de RM e a quantificação da esteatose por biópsia hepática.
Resultados: As medidas de fração de gordura estimadas pelas
diferentes técnicas de RM mostraram boa correlação com a biópsia
hepática (duplo-eco: rho2 = 0,856; p<0,001; triplo-eco: rho2 = 0,825;
p<0,001; múltiplos-ecos: rho2 = 0,841; p<0,001; espectroscopia de
prótons: rho2= 0,729; p<0,001). De acordo com as curvas ROC,
todas as técnicas de RM apresentaram alta sensibilidade (0,86-0,97)
e especificidade (1,0) para o diagnóstico de esteatose (AUC 0,940,98). Os pontos de corte para o diagnóstico de esteatose hepática
variaram de 1,27% a 3,07%. Conclusão: Todas as técnicas de RM
avaliadas apresentaram excelente correlação com a quantificação
histológica de esteatose, o que sugere que a RM pode representar
uma alternativa não-invasiva para a detecção e quantificação da
esteatose hepática em pacientes diabéticos. Pontos de corte mais
baixos devem ser considerados para o diagnóstico de doença
hepática gordurosa não-alcoólica quando se utilizar a RM.
TL 349
REAÇÃO URTICARIFORME EM CIRRÓTICO POR VÍRUS DA
HEPATITE C, EM USO DE TERAPIA COM INIBIDOR DE PROTEASE
Juliana de Oliveira Machado, Leandro Valerio Costa Batista, Karina
Pina de Abreu, Cassiana Alves da Silva, Marilia da Silva Nery, Paula
Bechara Poletti, Monica Salum Viana
IAMSPE
Introdução: As reações transfusionais podem ser classificadas em
agudas (imediatas) ou tardias, de acordo com o tempo decorrido
entre a transfusão e a ocorrência do incidente. Para o Sistema Nacional
de Hemovigilância, reação transfusional imediata é aquela que ocorre
durante a transfusão ou em até 24 horas após e, reação transfusional
tardia, aquela que ocorre após 24 horas da transfusão. Dentre os
diversos tipos de reações transfusionais, tem-se as reações
urticariformes ou alérgicas (reações entre um alérgeno (antígeno) e
um anticorpo IgE pré-formado). O quadro clínico é caracterizado por
pápulas pruriginosas e/ou eritema da pele. Geralmente, apresenta
boa evolução. Objetivo: Relatar a ocorrência de reação urticariforme
em paciente com cirrose hepática (CH) por vírus da hepatite C (HCV),
em uso de terapia com inibidor de protease (IP). Material e Métodos:
M.H.R.P, 65anos, CH por HCV, genótipo 1b, já submetida a 2 tratamentos
prévios, sem resposta, iniciou tratamento com Telaprevir, Ribavirina e
Interferon alfa 2b. Interna para transfusão de concentrado de
hemácias, devido à anemia secundária à terapia tripla - hemoglobina
(Hb 6,9). Em retorno ambulatorial precoce, apresenta lesões
eritematosas confluentes e pruriginosas em dorso e Hb 7,3, sendo
retransfundida apresentando após 2 concentrados de hemácias, piora
136
das lesões (eritema e prurido em face, tronco e dorso), prescrito
hidroxizine e hidrocortisona tópica. Na 11ª semana de tratamento,
reinterna por febre e placas hiperemiadas e pruriginosas em tronco,
dorso e membros, sem sinais infecciosos, sendo suspenso o IP.
Mesmo após suspensão do IP, paciente apresentou piora do rash
cutâneo durante transfusão de hemocomponente. Pela persistência
do quadro cutâneo, supenso Ribavirina e Interferon e introduzido
corticoide via oral, recebendo alta com melhora das lesões cutâneas.
Mesmo sem a terapia anti HCV, após 15 dias da suspensão da mesma,
foi submetida a nova transfusão e observado recidiva do rash, mais
intenso, sendo reintroduzido medicações anti-alérgicas. Retorna ao
ambulatório, 40 dias após, sem lesões cutâneas. Resultado: A paciente
apresentou uma relação temporal entre a transfusão e a piora das
manifestações cutâneas, além da piora das lesões após transfusão,
mesmo após a suspensão da terapia tripla. Conclusão: O uso de
hemocomponentes vem crescendo no Brasil e esta tendência será
maior na era dos IP. Embora considerada uma terapia segura e efetiva,
existem diversos riscos de efeitos adversos.
TL 350
TRANSPLANTE DE FÍGADO PARA HEPATOCARCINOMA NA ERA
MELD EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA NO BRASIL:
CARACTERÍSTICAS CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICAS E RESULTADOS
Rita de Cássia Martins Alves da Silva, Gustavo Marcatto, Paulo César
Arroyo-Jr., William José Duca, Saulo Anzei, Helen Catarina Camarero
de Felício, Patrícia da Silva Fucuta Pereira, Dalísio De Santi-Neto &
Renato Ferreira da Silva
FAMERP
Introdução. A sobrevida após transplante (tx) hepático para
candidatos com hepatocarcinoma (HCC) pode chegar a 70% em 5
anos e sua recorrência, para candidatos dentro do critério de Milão
(CM), pode atingir 10%. Objetivo. Analisar características clínicas e
resultados de uma coorte de transplantados com HCC. Material e
Método. Estudo retrospectivo de todos os cirróticos com HCC
transplantados no período de 2006-2011. Testes estatísticos: t de
Student, exato de Fisher e Mann-Whitney e Kaplan-Meier. Resultados.
Foram incluídos 24 pacientes. Gênero masculino 75% e média de
idade 60±11 anos. Etiologia da cirrose: HCV=10 (42%), HCV+álcool=6
(25%), HBV=3 (13%), HCV+álcool+HBV=2 (8%), HBV+HDV=1 (4%),
álcool=1 (4%) e NASH=1 (4%). CM antes e após o tx foi 100% e 75%,
respectivamente. Downstage foi feito em 2 (8%) pacientes. Análise
do explante mostrou mediana do número de nódulos = 2 (1-18) e o
diâmetro total dos nódulos foi 6 cm (2,5-15). Invasão vascular foi
50%. Edmondson Steiner Graus I, II e III, respectivamente: 4%, 58% e
38%. Mediana de alfa-fetoproteína no diagnóstico e pico no seguimento:
79 ng/mL (2-1595) e 109 ng/mL (5,4-17.581). TACE pré-tx foi realizada
em 46% dos pacientes (11/23). Houve recorrência de HCC em 4
(17%) pacientes, ocorrendo em 14, 15, 17 e 65 meses após o tx, com
tempo mediano de 16 meses (14-65). A recorrência atingiu fígado,
parede abdominal, pulmão e adrenal. A única variável preditiva de
recorrência de HCC foi CM: para pacientes fora e dentro deste critério,
50% x 6%, p=0,03. Mortalidade observada foi 8/24 (33%) e ocorreu
em média 11±9 meses após o tx: para 6 pacientes sem recidiva, foi
7±7 meses, e para cada um dos 2 recidivantes, foi 22 meses após o
tx. A sobrevida cumulativa (Kaplan-Meier) foi 50 meses (IC 95% 22;77)
para pacientes com recidiva e 59 meses (IC 95% 44;74) para os sem
recidiva, p=0,71. O único fator associado ao óbito foi a soma do
diâmetro dos nódulos: 7 x 4 cm para pacientes que foram a óbito ou
não, p=0,01. Conclusão. Estratégia downstage não foi comumente
adotada na presente coorte. Recorrencia foi semelhante à da literatura.
Taxa de sobrevida foi comparável àquela de pacientes sem HCC e,
além disso, não houve diferença de tempo de sobrevida entre
pacientes com e sem recidiva. Variáveis preditivas de desfecho
desfavorável foram critérios de Milão e diâmetro total dos nódulos no
explante, que foram associados com recorrência e morte,
respectivamente.
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
TL 351
RELAÇÃO ENTRE ÁREA DE GORDURA VISCERAL AVALIADA POR
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA E GRAVIDADE HISTOLÓGICA DA
DHGNA EM PACIENTES COM DIABETES TIPO 2
Daniella Braz Parente, Jaime A. Oliveira Neto, Lilian M. Silva, Fernando
F. Paiva, Fátima A. F. Figueiredo, Valeria Lanzoni, Carlos Frederico F.
Campos, Marilia B. Gomes, Pedro Emmanuel A. A. Brasil, Antonio EirasAraujo, Rosana S. Rodrigues, Renata M. Perez
1. IDOR (Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino), 2. UERJ (Universidade
Estadual do Rio de Janeiro), 3. UFRJ (Universidade Federal do Rio
de Janeiro)
Introdução: A doença hepática gordurosa não-alcoólica (DHGNA)
está associada à obesidade e parece ser principalmente relacionada
à gordura visceral. Estudos avaliando a relação entre a área de
gordura visceral e a parâmetros de gravidade histológica da DHGNA
ainda são escassos. Objetivo: Avaliar se a área de gordura visceral
determinada pela ressonância magnética (RM) está associada à
intensidade da esteatose hepática, à presença de esteato-hepatite e
à fibrose em pacientes diabéticos tipo 2, utilizando a biópsia hepática
como padrão-ouro. Materiais e Métodos: Trinta e oito pacientes
com diabetes tipo 2 foram incluídos neste estudo. Todos os pacientes
foram submetidos à RM e à biópsia hepática. O estudo foi realizado
em um aparelho de RM 3,0T. A área de gordura visceral foi medida ao
nível da cicatriz umbilical na sequência ponderada em T1 fora de
fase. A área de gordura visceral foi comparada entre os pacientes
com e sem esteato-hepatite e entre os pacientes com e sem fibrose.
Foi avaliada a correlação entre área de gordura visceral e gravidade
da esteatose hepática na histologia. Resultados: A correlação entre
o grau de esteatose e a área de gordura visceral foi significativa
(p<0,001; r= 0,328). Na análise histológica, 13 pacientes apresentavam
esteato-hepatite e 15 apresentavam algum grau de fibrose. Pacientes
com esteato-hepatite apresentaram maior área de gordura visceral
(20824mm 2 versus 12577mm 2, p<0,001). Não houve diferença significativa na área de gordura visceral nos grupos com e sem fibrose
hepática (p=0,20). Conclusão: O aumento da área de gordura visceral
está associado à gravidade da esteatose hepática e à presença de
esteato-hepatite, o que evidencia a importância da obesidade visceral
na DHGNA. A avaliação da área de gordura visceral pode ser útil para
identificar os pacientes com maior risco de esteato-hepatite.
TL 352
INCORPORAÇÃO DO SÓDIO AO MELD: DEVEMOS UTILIZAR OS
NOVOS ESCORES?
Alice Ruberti Schmal, Renata M. Perez, Samanta T. Basto, Fernanda
L. Calçado, Andre L. Torres, Emilia Matos, Basilio de Bragança Pereira,
Cristiane A. Villela-Nogueira
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução: A identificação de pacientes com maior risco de
mortalidade na fila de transplante hepático (TxH) representa um grande
desafio, o que ressalta a importância de modelos preditivos de
sobrevida. Avaliar a performance dos escores MELDNa, MESO e
iMELD como preditores de sobrevida em pacientes portadores de
cirrose e compará-los ao MELD em dois períodos: era pré-MELD e
pós-MELD. Foram avaliados cirróticos em lista de TxH de 1997 a
2011, divididos em dois grupos: era pré-MELD até 2006 (ordem
cronológica de alocação) e era pós-MELD (critério de gravidade).
Foram incluídos pacientes com variáveis disponíveis para cálculo
dos escores. Critérios de exclusão: sorologia para HIV+, pacientes
em fila para segundo TxH. Foram avaliadas variáveis demográficas,
etiologia da doença, carcinoma hepatocelular (CHC), MELD e sódio
sérico (SNa). O MELD foi calculado com a fórmula padrão. Para o
cálculo dos novos escores foram adotadas as seguintes fórmulas:
MESO = (MELD/SNa mEq/L)x10; MELDNa = MELD - Na -[0.025 x MELD
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
x (140-Na)]+140; e iMELD=(MELD+(Idade x 0,3) - (0,7 x SNa) + 100.
Análise estatística: Os dados foram analisados com o programa R e
aplicados modelos de Cox e Weilbull, assim como a árvore de
sobrevida. Para análise comparativa entre os modelos foi aplicado o
critério de Akaike. Foram incluídos 688 pacientes da era pré-MELD
(grupo A) e 116 da era pós-MELD (grupo B). Foram excluídos 40
pacientes no grupo A e 1 no grupo B, por progressão do CHC, perda
de seguimento ou melhora clínica. Em relação ao desfecho no grupo
A e B, 18% e 19% dos pacientes foram submetidos ao TxH e 37% e
46% foram a óbito, respectivamente. A idade, gênero e etiologia foram
semelhantes entre os grupos. A mediana do sódio era de 139 e 135
nos grupos A e B. A incidência de CHC foi maior no grupo B
(30%vs.13%). Não houve diferença entre os grupos em relação à
media dos escores. No grupo A todos os escores, SNa e idade
apresentaram significância estatística, enquanto que no B, somente
os escores. Na segunda análise, as variáveis independentes foram
aplicadas em um segundo modelo e na árvore de sobrevida, com
significância estatística de todos os escores. Na análise comparativa
entre os escores, o MELDNa obteve melhor performance no grupo A
e o MESO no grupo B. Em ambos os períodos, os novos escores
apresentaram melhor performance na predição da sobrevida que o
MELD. Esses dados ressaltam a importância da incorporação do SNa
nos escores de avaliação de sobrevida em pacientes em lista de TxH.
TL 353
ANÁLISE RETROSPECTIVA DA EVOLUÇAO DO CHILD-PUGH (CP)
E DO MELD UM MÊS APÓS A QUIMIOEMBOLIZAÇAO
TRANSARTERIAL (TACE)
André Rodrigo Miquelin, Rita de Cássia Martins Alves da Silva, Gustavo
Marcatto, Caroline Albuquerque Marcondes, Laura Ferreira Martinez,
Nicole de Oliveira Mazzeto, Paulo César Arroyo Júnior, Willian José
Duca, Moacir Fernandes de Goodoy Renato Ferreira da Silva
FAMERP
Introdução: Carcinoma hepatocelular (CHC) é o tipo mais comum de
câncer de fígado. Tratamentos curativos disponíveis para tumores
em estádio precoce restritos ao fígado é a ressecção cirúrgica,
transplante de fígado e crio e radioablação. A TACE consiste na injeção
de agentes quimioembolizantes pela artéria Hepática para indução de
necroses isquêmicas do tumor.Objetivos: Avaliar a variação dos
valores do Child-Pugh (CP) e o Meld dos pacientes submetidos a
apenas uma TACE. Métodos: Avaliamos retrospectivamente todos
os prontuários de pacientes que foram submetidos à TACE no período
de janeiro de 2000 a janeiro de 2013. O critério de exclusão foi a falta
de dados completos nos prontuários. Foram avaliados 94 pacientes,
e incluídos 65 para análise do MELD e 62 para análise do CP
separadamente. As características demográficas e clínicas destes
pacientes foram: Quanto à classificação CP, 29 (45,3%) foram CP-A,
23 (35,9%) CP-B e 10 (18,7%) CP-C, sendo 46 do sexo masculino ,
com uma média de idade de 56,3 anos, quanto à etiologia tivemos 25
com VHC, 20 com VHB e 17 devido ao álcool. Em relação ao Meld, 45
pacientes do sexo masculino , com uma média de idade de 56,7 anos,
e, quanto à etiologia, tivemos 27 com VHC, 20 com VHB e 19 devido
ao álcool. As classificações de CP e Meld foram avaliadas antes e um
mês após o procedimento. Para a análise do Meld foram avaliados
diferentes pontos de corte para identificar o valor capaz de discriminar
os pacientes que evoluíram com melhora ou piora. A análise estatística
foi realizada pelo teste t pareado para o Meld. O nível de significância
foi P<0,05. Resultados: Análise global para a classificação CP
mostrou piora em 19,35% dos pacientes. Para as diferentes classificações ocorreu piora para CP-A em 10/29 (34,4%) e CP-B em 4/23
(17,3%). Para os pacientes CP-C a classificação permaneceu igual
em 6/10 (60%). A análise dos diferentes valores do Meld mostrou
que pacientes com MELD ≥ 11 (n=35) teve piora do MELD, p = 0,04.
Em pacientes com Meld abaixo de 11 (n=30) não houve piora
significante destes valores quando comparados antes e após a
TACE, valor p = 0,07. Conclusão: Identificamos um valor de corte do
137
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
MELD de 11 que discrimina pacientes com potencial de descompensação após a TACE. Análises adicionais deste dado poderão
indicar mais um fator para a seleção de pacientes para este tratamento.
A maioria dos pacientes não apresentou piora na classificação de CP.
TL 354
STATUS VACINAL E PERFIL DE MARCADORES SOROLÓGICOS
EM HEPATITE B DE PACIENTES EM TERAPIA RENAL
SUBSTITUTIVA NA CIDADE DE SÃO CARLOS, SP
Maia Nogueira Crown Guimarães, Tila Facincani, Andrea Cruz Ferraz
de Oliveira, Sigrid de Sousa dos Santos
Universidade Federal de São Carlos
Introdução: A vacinação contra hepatite B é recomendada para
pacientes com insuficiência renal crônica dialítica (IRD), havendo
relatos de infecção por vírus da hepatite B (VHB) em unidades de
hemodiálise. Objetivos: Propomos estudo para avaliar o perfil
sorológico e a vacinação contra VHB em pacientes com IRD no
município de São Carlos. Material e Métodos: Incluímos pacientes
adultos em terapia dialítica no Serviço de Nefrologia de São Carlos,
advindos do Município de São Carlos e região, que assinaram o termo
de consentimento livre e esclarecido. Realizadas entrevista, revisão
do prontuário e da carteira de vacinação. Pacientes sem perfil
sorológico para infecção por VHB foram encaminhados para realizar
dosagem de anticorpos anti-HBc (IgG), anti-HBs e de AgHBs. Os com
vacinação incompleta foram encaminhados à Unidade Básica de
Saúde para atualização vacinal, sendo avaliados eventuais efeitos
adversos da vacina contra VHB. Resultados parciais: No momento
do estudo, 179 pacientes com IRD estavam em terapia no serviço.
Inclusos 128 pacientes; 64,1% sexo masculino; idade média de 53,8
anos (22-85); 62% procedentes de São Carlos e 32% de cidades
próximas; 82% antecedente de hipertensão arterial, 25% diabetes
mellitus; 14,1% tabagistas; 12,5% etilistas. Diagnóstico patológico da
lesão renal: 43,7% vascular; 14,8% glomerular; 11,7% tubulointersticial;
1,6% perda de transplante, e 25,8% desconhecido. Tempo de
insuficiência renal de 0,1 a 40 anos; perda de transplante em 11%.
Todos os pacientes haviam dosado AgHBs, sendo 127 AgHBs(-), um
AgHBs+ e um sem resultado. O anti-HBc não estava disponível no
prontuário dos pacientes, sendo solicitado durante o estudo. Até o
momento, 54 pacientes dosaram anti-HBC, com 4 positivos (7,1%) e
2 indeterminados (3,6%), sendo os 6 anti-HBs+. Dados da vacinação
contra VHB disponíveis em 107 pacientes (83,6%): 74 vacinação
completa; 17 incompleta; 11 não vacinados, e 7 com contato prévio
com VHB. Dos pacientes encaminhados para atualizar a vacinação
contra VHB, 32 comprovaram vacinação até o fechamento do estudo
e 5 tiveram reação local (5 dor, 2 edema e 3 rubor). Conclusão:
Verificamos o uso do AgHBs para a triagem da infecção por VHB e a
baixa cobertura vacinal (75%). Encontramos 6 pacientes com infecção
prévia por VHB, passível de reativação em caso de imunossupressão.
O estudo reforça a importância da dosagem de anti-HBc para triagem
de pacientes com IRD e da recomendação de vacinação contra
hepatite B em serviços de diálise.
TL 355
AVALIAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DOS ESTÁGIOS DE FIBROSE EM
PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA NO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO
Livia Menezes Elias, Juliane Gomes Leal Pereira, Gabriellen Vitiello,
Daniel Brusco Duran, Vera Pannain, Adriana Caroli-Botino, Guilherme
Ferrreira da Motta Rezende, João Marcello de Araujo Neto
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução: A infecção crônica pelo vírus da hepatite C é a principal
causa de cirrose hepática no Brasil e no mundo. Atualmente, a decisão
sobre o início da terapêutica viral é baseada, entre outras coisas, no
138
estágio de fibrose do fígado. A biópsia hepática é o método clássico
para estadiamento do dano hepático. Conhecer a distribuição dos
estágios de fibrose em uma amostra populacional de pacientes com
hepatite C permite planejar políticas públicas regionalizadas para o
manejo desta infecção. O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho
realiza biópsias hepáticas percutâneas guiadas por ultrassonografia
para diversos centros de atendimento à doenças hepáticas no Estado
do Rio de Janeiro. Objetivos: Avaliar a distribuição dos estágios de
fibrose hepática induzida pela hepatite C nos pacientes submetidos à
biópsia hepática no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Materiais e métodos: Foi
realizado um estudo observacional retrospectivo através da revisão
sistemática dos prontuários de todos os pacientes com hepatite C
crônica submetidos à biópsia hepática percutânea guiada por
ultrassonografia no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho no
período de janeiro de 2009 a junho de 2013. Inicialmente, foram avaliados
os dados sócio-demográficos gênero e idade. Em seguida, conforme a
classificação de METAVIR, os resultados histopatológicos foram
ordenados em fibrose F0, F1, F2, F3 ou F4. Por fim, os pacientes foram
subclassificados em fibrose leve a moderada (estágio de fibrose F0,
F1 ou F2) ou avançada (F3 ou F4). Resultados: Foram identificados
441 pacientes que realizaram biópsia hepática guiada por
ultrassonografia sendo 258 (58,5%) do gênero feminino e 183 (41,5%)
do gênero masculino. A média de idade da amostra foi 54 ± 11 anos. A
distribuição dos estágios de fibrose está classificada na tabela abaixo:
Do total da amostra, 346 (78,5%) indivíduos apresentaram fibrose
leve a moderada, ao passo que apenas 95 (21,5%) apresentaram
fibrose avançada. Conclusão: Trata-se de um estudo atual que
avaliou uma grande amostra populacional de pacientes com hepatite
C crônica no Estado do Rio de Janeiro. Predominam os estágios de
fibrose F1 e F2, respectivamente. A ocorrência de fibrose leve a
moderada acomete a maioria da amostra populacional.
TL 356
MEDIDA DO GRADIENTE DE PRESSÃO VENOSA HEPÁTICA (GPVH)
E CORRELAÇÃO COM MARCADORES NÃO INVASIVOS NA
HIPERTENSÃO PORTA CIRRÓTICA
Priscila Pollo Flores, Mônica Soldan, Danielle Kunz, Ubiratan Cassano,
Alexandre Cerqueira, Roberta Marchiori, Guilherme Ferreira da Motta
Rezende
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução: A hipertensão porta cirrótica (HPC) é a principal causa
de complicações e óbitos em pacientes com doença hepática crônica
avançada. A avaliação da gravidade da HPC é fundamental em termos
prognósticos. O padrão ouro para sua aferição é a medida do
gradiente de pressão venosa hepática (GPVH), um método invasivo.
Desta forma, parâmetros não invasivos que possam estimar a HPC
devem ser identificados. Metodologia: Realização de estudo
transversal em 31 pacientes com HPC que foram submetidos à medida
do GPVH e exames laboratoriais incluindo albumina, bilirrubina,
dosagem de plaquetas, INR, além de cálculo dos escores de ChildPugh e MELD do último mês. Resultados: A variável mais fortemente
associada ao GPVH foi a contagem de plaquetas (correlação de
Pearson = -630, p<0,05), inversamente relacionadas. O GPVH foi
subdividido em dois grupos tendo como ponto de corte 12 mmHg,
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
valor relacionado ao maior risco de hemorragia digestiva alta por
varizes de esôfago (HDA). Os níveis de plaquetas/mm 3 (média ± DP;
mediana; Vmin - Vmáx) dos grupos foram respectivamente:
Grupo <12 mmHg 121.888 ± 98.437; 83.000; 40.000-324.000,
Grupo ≥ 12 mmHg 76.055 ± 33.525; 62.000; 38.000-150.000 e a
diferença entre eles não atingiu significância estatística. Contudo,
não foi possível identificar através da curva R.O.C. um ponto de corte
do nível de plaquetas com sensibilidade e especificidade aceitáveis
para discriminar pacientes com maior risco de HDA. Conclusão:
Embora a plaquetopenia seja considerada um marcador de HPC, a
mesma não é capaz, assim como os demais parâmetros não invasivos
(tabela 1) de identificar pacientes com maior risco de HDA.
tempo de surgimento da ascite, escore de MELD na primeira (MI) e
frequência de óbito. Os parâmetros bioquímicos avaliados: ureia,
creatinina, bilirrubina total (BbT), albumina sérica, contagem
plaquetária e sódio urinário (24 horas), dosado antes do início dos
diuréticos. Resultados: Do total, 68,9% eram do gênero masculino;
40% de etiologia alcoólica; idade entre 32-74 anos; 56,13±8,97(R) e
57,11±10,46(NR). Na comparação dos grupos RI e RR, os RI
apresentaram maior média de idade (p=0,027), de MI, de uréia e de
creatinina (p=0,002; 0=0,029 e p=0,007), respectivamente e ainda
antecedente de menor tempo de surgimento da ascite do que os RR,
com valores médios de 22,9±19,7 e 33,64±33,45 meses,
respectivamente (p=0,024). AR se associou com maior frequência
de óbitos (p=0,006) e com menor tempo médio de surgimento de
ascite (p=0,024); maior média de MI e MF (p=0,012 e p=0,003);
menor média de albumina (p<0,001); menor contagem plaquetária
(p=0,020) e maior média de BbT (p=0,001). A análise mostrou que a
média de sobrevida do grupo AR foi de 7 meses enquanto a do
grupo NR foi de 12 meses (p=0,1056). Conclusões: Pacientes com
AR possuem pior prognóstico e os RI apresentaram características
de maior gravidade da cirrose desde o início do seguimento. Dado o
pequeno número de pacientes envolvidos neste estudo, novos
trabalhos com maior casuística deverão confirmar nossos
resultados.
TL 358
HEPATOCARCINOMA NO ESTADO DO MARANHÃO: ASPECTOS
HISTÓRICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Almir José Guimarães Gouveia, Lívia Gonçalves Neves, Walter Hugo
Brandão Nascimento, Vicktor Bruno Pereira Pinto, Marcos Antonio
Custódio Neto da Silva, Anna Christianny Brandão Nascimento, Thaise
Nunes de Sousa, Geusa Felipa de Barros Bezerra, Walbert Edson
Muniz Filho, Flávia Castello Branco Vidal, Dulcelena Ferreira Silva,
Maria do Desterro Soares Brandão Nascimento
Universidade Federal do Maranhão
TL 357
AVALIAÇÃO DA SOBREVIDA E DE FATORES RELACIONADOS COM
A MAIOR MORTALIDADE EM CIRRÓTICOS COM ASCITE
REFRATÁRIA
Wanda Regina Caly, Marina Seixas Studart e Neves, Rodrigo Martins
Abreu, Aline Siqueira Ferreira, Suzane Kioko Ono, Flair José Carrilho
Hospital das Clínicas da FMUSP
Introdução: A ascite refratária (AR) acomete cirróticos avançados
e relaciona-se com pior prognóstico. Objetivos: Avaliar a sobrevida
média de pacientes cirróticos portadores de ascite refratária (AR) e
dos fatores relacionados à mortalidade. Material e Métodos:
Estudo retrospectivo e observacional de 106 pacientes cirróticos,
avaliados no período de março de 2009 a Junho de 2013, portadores
de AR-(78) diagnosticada de acordo com os critérios estipulados
pelo IAC (2003), classificadas como ascite refratária intolerante
(RI)-(n=64) e ascite refratária resistente (RR)- (n=14) e ascite não
refratária (NR)-(28), diagnosticadas através das recomendações
do "guideline" (EASL, 2010). A cirrose hepática foi diagnosticada
por estudo histopatológico e/ou por critérios clínicos,
ultrassonográficos e endoscópicos. O óbito foi o principal desfecho
na avaliação do seguimento clínico e a sobrevida em meses(M) foi
calculada a partir da data do diagnóstico da AR até a última visita
clínica ou óbito. Os parâmetros clínicos avaliados: idade, gênero,
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
Introdução: O carcinoma hepatocelular (CHC) é o quinto tipo de
câncer mais comum em homens e o sétimo em mulheres, responsável
por cerca de 700.000 mortes por ano no mundo. Cerca de 50% dos
pacientes com CHC têm cirrose hepática, que pode estar associada
ao alcoolismo ou hepatite crônica, cujo fator etiológico predominante
é a infecção pelos vírus da hepatite B (HBV) e C (HCV). No Brasil, em
98% dos diagnosticados possuem relação direta com cirrose hepática
e/ou hepatite crônica secundária à infecção pelo HCV (54%) ou da
HBV (16%) e ao consumo de álcool (14%), fatores de risco com
diferenças regionais de prevalência relevantes. Objetivo: Analisar
dados históricos e epidemiológicos do CHC no Estado do Maranhão.
Material e Métodos:Realizou-se revisão das pesquisas de
monografias de conclusão do curso de Medicina da Universidade
Federal do Maranhão (UFMA) no período de 1988 a 2013, além de
dados atualizados do Ministério da Saúde e bases de dados
Sciencedirect, Pubmed e Bireme, tendo como unitermos: hepatocarcinoma, carcinoma hepatocelular, epidemiologia. Resultados:
Estudos preliminares acerca do CHC no MA, evidenciaram 17 pacientes
no período de 1992 a 1996 registrados no Hospital Universitário/
UFMA (HUUFMA), compreendidos na faixa etária média de 53,5 anos
sendo o gênero masculino o mais acometido (proporção homem/mulher
de 3,4/1). A sintomatologia relatada inclui principalmente hepatomegalia,
dor abdominal e perda ponderal; e quanto ao diagnóstico histopatológico da casuística revela o padrão pseudoglandular ou acinar.
Em 1999, a mesma equipe de pesquisadores constatou que a
prevalência das síndromes ictéricas por CHC é aproximadamente
igual à de etiologia obstrutiva. Estudos de 2001, revelam que a
transmissão perinatal de hepatite B é uma das principais causas de
cirrose e carcinoma hepatocelular. Em 2003, uma revisão de 17 casos
de CHC do HUUFMA entre os anos de 1996 a 2000 também verificou
predominância do gênero masculino, e apontou três fatores etiológicos
determinantes no aparecimento dessa neoplasia: infecção por HBV
139
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
ou HBC, aflatoxinas e cirrose alcoólica; destes pacientes 69,2%
tiveram contato com HBV. Conclusão: No MA, estudos preliminares
sobre CHC demonstram preocupação com os fatores etiológicos
predominantes, principalmente no tocante à infecção por HBV e HCV
e diagnóstico de cirrose.
TL 359
AVALIAÇÃO NO NAT HIV/HCV BIO-MANGUINHOS/FIOCRUZ NO
HEMOCE NO PERÍODO DE JUNHO DE 2012 A JUNHO DE 2013
José Milton de Castro Lima, José Lúcio Jorge Barbosa, Richeyla
Kelly de Assis Custódio, José Newton Benevides de Sá Júnior,
Emanna Odilia de Castro Lima, Marcelo de Castro Lima, Maria Teresa
Gonçalves de Medeiros, Francisca Vania Barreto Aguiar Ferreira
Gomes
HEMOCE - SESA-CE e Universidade Federal do Ceará
Introdução: Os Hemocentros tem como missão o cuidado com a
qualidade do sangue e hemoderivados desde o recrutamento de
doadores, processamento, análise imunoematológica, distribuição e
aplicação. Embora as hepatites pos-transfusionais, e transmissão de
HIV possa ocorrer, hoje a probabilidade é pequena. Entretanto um
doador pode se encontrar num período em que os testes que detectam
anticorpos estejam negativos (janela imunológica), portanto tem sido
desenvolvido pesquisa para implementar testes que detectem o ácido
nucléico (NAT). A portaria N0 112 de 29.01.2004, MS - Previa a
implantação no Brasil do NAT para a detecção de patógenos virais em
unidades de doação de sangue. Após um estudo piloto no HEMOSC
em 2008 possibilitou a implantação de melhorias para utilização dos
kits e plataformas NAT, e após o estudo multicêntrico, ocorrido entre
2010 e 2011, foi introduzido o NAT no HEMOCE (Hemocentro do Ceará)
em junho/2012. O HEMOCE realiza o NAT HIV/HCV nas amostras do
Piaui (HEMOPI) e Maranhão (HEMOMAR). Objetivo: comparar a
prevalência da HIV e HCV por NAT no Ceará, no Piaui e Maranhão.
Material e métodos: analisar todas as doações realizadas de
junho de 2012 a junho de 2013, em que foram realizados além do
testes sorológico: ELISA - Murex anti-HCV (Versão 4.0); HIV:
Quimioliminescência - Anti-HIV 1+2 VITROS e outro teste de
Quimioliminescência - pesquisa combinada Ag/Ac - ARCHITECT Ag/
Ac HIV) e NAT HIV/HCV - PCR em tempo real - BIO-MANGUINHOS/
FIOCRUZ. Resultados: total de 181.038 doações, sendo 56,74% do
HEMOCE, 21,58% do HEMOPI e 21,68% do HEMOMAR. Detectou-se
um total de 122 doações positivas NAT para HIV, o que corresponde
0,54% no HEMOCE, 0,71% no HEMOMAR e 0,97% no HEMOPI por
100.000 doações, sendo a diferença significante p=0,02 quando se
compara HEMOCE x HEMOPI+HEMOMAR, quando compara HEMOCE
x HEMOPI, p=0,007; HEMOCE x HEMOMAR, p=0,29. Em relação ao
HVC foram detectados 41 NAT positivos, sendo 0,13% no HEMOCE,
0,28% no HEMOPI e 0,40% no HEMOMAR por cada 100.000 doações,
sendo a diferença significante quando compara HEMOCE x
HEMOPI+HEMOMAR, p=0,006; HEMOCE x HEMOPI p=0,007; e HEMOCE
x HEMOMAR p=0,03. Discussão: A utilização do NAT HIV/HCV
aumenta ainda mais a segurança na doação, uma vez que reduz a
janela imunológica do HIV de 22 para 10 dias, e do HCV de 60 para 12
dias. Embora preliminares esses resultados demonstram uma maior
prevalência do HIV por 100.000 doações no HEMOPI, e uma maior
prevalência do HCV por 100.000 doações no HEMOMAR.
TL 360
SÍNDROME HEPATOPULMONAR COMO INDICAÇÃO DE
TRANSPLANTE HEPÁTICO EM PACIENTE PEDIÁTRICO - RELATO
DE CASO
Isabela Torga Mazzei, Juliana Silva Ferraz, Georgia Lima de Paula,
Carina Santos Rios, Leonardo Camargo, Daniela Gorga do Amaral,
Regina Helena Guedes da Motta Mattar, Ramiro Antero de Azevedo
Escola Paulista de Medicina - UNIFESP
140
Introdução: A síndrome hepatopulmonar é uma complicação secundária
à doença hepática, principalmente quando esta se encontra em grau
avançado. Definida como um defeito de oxigenação decorrente de
dilatações intrapulmonares, apresenta-se com hipoxemia e shunt
intrapulmonar. Sendo o transplante hepático o único tratamento efetivo,
esses pacientes entram na fila como condição especial. Descrição
do caso: Paciente de 7 anos, feminina, encaminhada ao serviço de
transplante hepático em 2006, aos 5 meses de vida, por atresia de vias
biliares extra-hepáticas. Aos 3 meses havia sido submetida a
portoenterostomia de Kasai, com drenagem parcial. Ao primeiro exame
físico no serviço, apresentava-se com 7kg, baço a 3cm do rebordo
costal esquerdo e fígado a 6cm do rebordo costal direito. De 2006 a
2010, a paciente evoluiu assintomática e sem uso de medicações. A
partir de 2008, já demonstrava sinais de hipertensão portal e
hiperesplenismo, como varizes esofágicas e plaquetopenia, entretanto
mantinha Pediatric End-stage Liver Disease-PELD inferior ao necessário
para ingresso na lista de transplantes. Aos 5 anos de vida, paciente
apresentou episódios de sangramentos nasais esporádicos e
broncoespasmo. Mãe referia cianose aos esforços e ao exame
apresentava sopro sistólico , baqueteamento digital e cianose periférica,
com hipótese diagnóstica de síndrome hepatopulmonar. Solicitadas
gasometrias e cintilografia pulmonar que confirmaram a hipótese
diagnóstica demonstrando hipoxemia e shunt pulmonar
respectivamente. Foi ,então, prescrito oxigênio intradomiciliar contínuo
e a paciente foi listada para transplante hepático, como condição
especial. Após um mês, paciente retorna ao ambulatório, apresentando
saturação de 61% em ar ambiente. Em junho/2012 foi chamada para
transplante hepático, entretanto não foi conseguido contato com a
paciente. Novamente listada, aguarda na fila até a data presente.
Comentários: A presença da síndrome hepatopulmonar em pacientes
hepatopatas caracteriza-se como situação especial levando a listagem
imediata para transplante hepático. Sua prevalência é variada entre os
estudos, entretanto, sabe-se que a condição leva à piora do prognóstico
desses pacientes, sendo o transplante a única medida terapêutica
efetiva.
TL 361
AVALIAÇÃO DA HEMOCROMATOSE HEREDITÁRIA (HH) ATRAVÉS
DE ELASTOGRAFIA - ARFI
Cynara Feuchard, Priscila Pollo Flores, Thaís Guaraná, Thadeu
Emmerick, César Órtega, Raul Muniz, Eliane Bordalo Cathalá Esberard
Universidade Federal Fluminense
A HH é uma doença caracterizada pelo depósito excessivo de ferro
nas células e está associada a uma grande variedade de fatores
genéticos, sendo o mais comum a mutação no gene HFE, que está
localizado no cromossomo 6. Os principais órgãos acometidos são
fígado, coração e pâncreas. A ausência de fibrose severa pode ser
estimada com exames clínicos e bioquímicos. Porém, graus leves de
fibrose não são identificados e podem modificar o tratamento e
prognóstico deste pacientes. A elastografia, método desenvolvido
recentemente, é não invasiva e permite estadiamento da fibrose
hepática. Objetivo: Avaliar e descrever utilização e achados da
elastografia por ARFI para estudo da HH. Material e Métodos:
Revisão de prontuário de 3 pacientes de Hospital Universitário com
mutação homozigota para C282Y ou H63D e sem outros fatores de
agressão hepática. Elastografia por ARFI foi realizada Siemens Acuson
S2000. O transdutor de ultrassom automaticamente produz um estímulo
acústico que gera ondas de cisalhamento que se propagam através
do fígado. Sua velocidade medida em metros/segundos. Dez medidas
são realizadas de cada paciente. O valor médio foi calculado e
registrado. As medidas foram feitas em todos os segmentos e os
valores utilizados foram (Friedrich-Rust et al, 2012): F2 - 1,34 m/s;
F3 - 1,55 m/s; F4 - 1,8 m/s. Resultados: Caso 1: Mulher, 64 anos,
transaminases aumentadas, ferritina >1500, IST 98,3%, plaquetas e
albumina normais. Biópsia hepática: Metavir F3. Elastografia: Metavir
F4. Caso 2: Homem, 71 anos, transaminases aumentadas, Ferritina
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
>3000, IST 92,7%, albumina normal, plaquetopenia. Ultrassonografia
e endoscopia digestiva alta sem sinais de hipertensão porta.
Elastografia: Metavir F3. Caso 3: Homem, 58 anos, transaminases
aumentadas, ferritina > 3000, IST 85%, albumina e plaquetas normais.
Ultrassonografia e endoscopia digestiva alta sem sinais de
hipertensão porta. Elastografia: Metavir F2/F3. Conclusão: A
elastografia com ARFI foi capaz de diagnosticar estágios mais
avançados como F3 e F4 pela classificação de METAVIR em
homozigotos para HH com acurácia. Nesta doença, os estudos são
escassos e ainda são necessários para validar o método. Desta
forma, a capacidade de estagiar a fibrose de forma não invasiva
neste grupo de pacientes pode modificar o acompanhamento e
rastreamento das complicações clínicas.
TL 362
FREQUÊNCIA DOS POLIMORFISMOS DE NUCLEOTÍDEO ÚNICO
(SNP) RS 12979860 NOS GENES HUMANOS DA INTERLEUCINA
28B NO RIO DE JANEIRO
Giseli de Almeida Silva Carriello, Raquel Loyola, Saulo Rambaldi, Priscila
Pollo Flores, Thaís Guaraná, Luis Cristóvão da Silva Porto, Renata
Perez, Eliane Bordalo Cathalá Esberard
Universidade Federal Fluminense, Universidade do Estado do Rio
de Janeiro
Introdução: A hepatite C evolui numa parcela importante dos
infectados para a cirrose e carcinoma hepatocelular. Aproximadamente,
três milhões de brasileiros são infectados por este vírus. O tratamento
disponível envolve muitos efeitos colaterais e taxa de resposta
insuficiente. Entre os fatores do hospedeiro implicados no sucesso
do tratamento, recentemente foi descoberto o polimorfismo da
interleucina 28B (IL28B). O polimorfismo de nucleotídeo único rs
12979860 pode resultar nos alelos CC, CT e TT. Além disso, o
clareamento espontâneo da infecção pelo vírus da hepatite C (HCV)
também está relacionado à determinados alelos genotípicos. A
presença dos alelos CC aumenta em duas vezes a probabilidade de
resposta ao tratamento com interferon peguilado e ribavirina. O alelo
T é conhecido como de risco e denota menor probabilidade de
resposta. A população brasileira apresenta características únicas
pela miscigenação e formação histórica necessitando de estudos
com base populacional em nosso país. Objetivos: Descrever a
frequência dos alelos do polimorfismo único do gene da interleucina
28B em uma população de pacientes com hepatite C atendida em
hospital universitário do estado do Rio de Janeiro. Materiais e
Métodos: Estudo prospectivo de 21 pacientes com hepatite C do
ambulatório de Fígado de Hospital Universitário. Todos foram
submetidos à coleta de sangue e pesquisa de polimorfismo de
nucleotídeo único (SNP) rs12979860 pela técnica de extração de
DNA de sangue periférico. O polimorfismo foi genotipado através do
método PCR com primers específicos. Resultados: Os genótipos
mais prevalentes de rs12979860 foram CT (38% -8 pacientes) seguido
de CC(33%- 7 pacientes) e TT (29%-6 pacientes).
Il 28b
CT
CC
TT
Total
%
38%
33%
29%
100%
n
8
7
6
21
Conclusão: A nossa casuística regional no Rio de Janeiro, assim
como em outros estudos já realizados no Brasil, apresenta prevalência
maior do genótipo CT, em seguida o genótipo CC e, por último, o menos
frequente genótipo TT. Estudos multicêntricos no Brasil são
necessários para melhor caracterização genotípica da nossa
população visto que existem grandes diferenças regionais e na taxa
de resposta virológica sustentada.
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TL 363
HEPATITE AGUDA COLESTÁTICA COM ANTI-MITOCÔNDRIA
REAGENTE COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO DE SÍFILIS
SECUNDÁRIA
José Milton de Castro Lima, Ticiana Mota Esmeraldo, Jorge Luiz Nobre
Rodrigues, Marcelo de Castro Lima, Maria Teresa Gonçalves de
Medeiros
Universidade Federal do Ceará
Introdução - Sífilis é uma doença infecciosa crônica causada pelo
Treponema pallidum, com transmissão por via sexual, sanguínea e
vertical (congênita). Em sua forma secundária atinge diversos órgãos,
dentre os quais o fígado. Objetivo: relatar o caso de uma paciente
imunocompetente que apresentou um quadro de hepatite aguda
cursando de forma colestática, e lesões cutâneas, que foram atribuídas
inicialmente a colestase. Material e método: Relato de caso: Sra.
de 55 anos, casada, natural e procedente de Fortaleza, do lar, procurou
atendimento com quadro de adinamia, anorexia há 4 semanas e nos
últimos 15 dias antes do atendimento lesões pruriginosas planas pelo
corpo, com intensificação do prurido mais a noite. Negava febre,
icterícia, mialgia, coluria, ou acolia fecal. Nega tabagismo, alcoolismo,
transfusão sanguínea. Negava relacionamento extraconjugal. Havia
feito uso de glutamina, óleo linoleico, pholia negra - tendo suspendido
há pelo menos 1 mês antes do início dos sintomas. Na investigação
apresentava: AST:805 (40), ALT:1.430 (40), ?GT:304 (47), FA:260
(100). INR, proteínas totais e frações, hemograma, bilirrubinas normais.
Anti-HAV IgM, HBsAg, anti-HBc IgM, anti-HCV, CMV, Herpes, EpsteinBarr, Dengue, Parcovírus e HIV negativos. Ceruloplasmina e dosagem
de α1 anti-tripsina normais. FAN, anti-músculo liso, anti-LKM1
negativos; dosagem de Ferritina: 1.539; IST: 58%. Dosagem de antimitocôndria 1:40. Com todos marcadores negativos ficou possibilidade
de hepatite tóxica, cirrose biliar primária ou síndrome de superposição
hepatite autoimune/cirrose biliar primária. Após 15 dias, retornou com
VDRL:1:128, TPHA (Treponema pallidum hemagglutination). Optamos
por administrar penicilina benzatina 1.200.000 U - uma ampola IM,
repetindo após 15 dias. Houve redução das aminotransferases: AST:
457, ALT: 605, e FA: 113 e ãGT: 81, após 3 semanas da segunda dose
da penicilina benzatina. Após 105 dias normalizou AST, ALT, FA, ãgt,
VDRL 1:8, HIV continuou negativo, anti-mitocôndria negativou e nova
determinação FAN, anti-SM e anti-LKM1 negativos. Discussão:
paciente imunocompetetente, sem relacionamento extraconjugal
apresentou quadro de hepatite aguda colestática como manifestação
de sífilis secundária, com regressão clínica e laboratorial após
tratamento com penicilina benzatina. Pode ocorrer reação cruzada
com anti-mitocôndria e que quando trata a sífilis tende a negativar
este exame, como ocorreu neste caso. O esposo não aceitou realizar
VDRL.
TL 364
MANEJO DE TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS ASSOCIADOS À
TERAPIA COM INIBIDOR DE PROTEASE
Mônica Salum Valverde Borsoi Viana, Paula Ferreira Lacerda, Roberta
Cambraia Cunha Ferreira, Marina Pinto Franco Dias, Denise Akemi
Hebara, Mariana Sousa Sala, Jânia Aparecida Franco da Cunha, Betty
Guz, Paula Bechara Poletti
Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo
Introdução: Os eventos adversos mais severos relacionados ao
tratamento da hepatite C são causados tanto pelo Peginterferon como
pela Ribavirina. O advento dos Inibidores de Protease (IPs) para uso
em terapia tripla com essas medicações trouxe risco adicional para o
desenvolvimento de eventos adversos mais frequentes e intensos.
As alterações psiquiátricas, em especial a depressão, não são
incomuns durante o tratamento e necessitam de terapêutica
específica. Objetivo: Relatar os transtornos psiquiátricos que
141
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
ocorreram em pacientes tratados ou em tratamento com IPs em
Serviço de Hepatologia na cidade de São Paulo, Brasil e sua
abordagem. Método: Foram acompanhados 26 pacientes
portadores de VHC, prospectivamente, de abril/2012 a maio/2013.
Resultados: Dos 26 pacientes tratados com inibidor de protease
(IP), Boceprevir (BOC) e Telaprevir (TLV), 16 (64%) apresentaram
alterações psiquiátricas como depressão, ansiedade, insônia. Destes
16 pacientes, 9 (56%) eram usuários de BOC e 7 (44%) de TLV.Nove
de 16 pacientestiveram depressão isolada. Destes, 4 usaram
duloxetina (30-60mg/dia), 4 sertralina (50 mg/dia) e 1 usou venlafaxina
(75 mg/dia). 3 pacientes apresentaram quadro misto de ansiedade e
depressão, sendo prescritos duloxetina (30-60mg/dia) ou venlafaxina
(75-150mg/dia), associadas a clonazepam (2,5-5mg/dia) ou
bupropiona (150mg/dia). 3 pacientes tiveram depressão associada a
perda de peso e foi iniciado olanzapina (2,5-5mg/dia). 1 paciente
com quadro depressivo recusou tratamento medicamentoso. Insônia
foi observada em 6 dos 16 pacientes e foi tratada com zolpidem
(10mg/dia). Não foi necessário suspender nenhum tratamento por
estes efeitos adversos psiquiátricos, visto que os pacientes
apresentaram melhora clínica com o tratamento instituído.
Conclusão: O rápido reconhecimento e breve inicio de tratamento
dos transtornos psiquiátricos são essenciais para a aderência do
paciente ao tratamento da hepatite C e, portanto, aumenta as chances
de resposta virológica sustentada.
TL 365
SÍNDROME DUCTOPÊNICA INDUZIDA POR CLAVULANATO
Eric Silva Pereira, Priscila Pollo Flores, Thaís Guaraná, Priscila Gava,
Bóris Medrano Ossio, Raíssa Dantas Batista Rangel, Ângela Cristina
Gouvea Carvalho, Eliane Bordalo Cathalá Esberard
Universidade Federal Fluminense
Introdução: A síndrome ductopênica é uma rara forma de
acometimento hepático que engloba um grupo de desordens
caracterizadas por destruição dos ductos biliares intra-hepáticos e
colestase progressivas, podendo evoluir para cirrose hepática. A
fisiopatologia ainda é desconhecida, entretanto nota-se associação
com drogas, neoplasias, infecções, doenças autoimunes, transplantes, desordens isquêmicas e genéticas. Objetivo: Relato de caso
de hepatotoxicidade por amoxicilina/clavulanato caracterizada por
síndrome ductopênica. Materiais e Métodos: Revisão bibliográfica
no Pubmed de artigos sobre hepatotoxicidade por clavulanato. Caso
Clínico: Paciente de 35 anos, sexo feminino, apresentou icterícia
progressiva, acolia fecal, colúria e prurido precedidos por sintomas
inespecíficos. Negava febre. Ao exame físico encontrava-se ictérica
3+/4+, sem rash e sem sinais de encefalopatia hepática. Negava
comorbidades, mas alegava que 3 semanas antes encontrava-se
internada para tratamento de pneumonia tendo feito uso de amoxicilina
e clavulanato durante 14 dias. Aos exames laboratoriais apresentava:
TGO= 243 UI/L (37), TGP=346 UI/L(65), Fosfatase alcalina=372 U/L,
GGT=293 U/L(41), Bilirrubina total=12.2 mg/dl, Bilirrubina
direta=10.1mg/dl, Albumina=3.6 g/dl, INR=1.04. A investigação
diagnóstica foi iniciada com realização de sorologias virais que foram
negativas e ultrassonografia abdominal, a qual foi normal. Os
anticorpos antimitocôndria M2, Anti-músculo liso, Anti-LKM 1 e p-ANCA
foram negativos. A biópsia hepática realizada demonstrou: "hepatócitos
com exuberante colestase além de focos de necrose hepatocitária
associada à infiltrado linfocitário e fibrose pericelular. Os espaçosporta apresentam fibrose porto-portal por vezes esboçando nódulos,
infiltrado linfocitário com poucos plasmócitos em torno de ductos e
dúctulos com exocitose, destruição e desaparecimento dos mesmos.
Alguns espaços-porta não apresentam ducto interlobar. O quadro é
compatível com "Vanishing bile duct syndrome." Conclusão: É
descrita colestase induzida por amoxicilina/ clavulanato. A
apresentação clínica pode ocorrer após 6 semanas (média 18 dias)
do início da terapia. Febre, rash e eosinofilia podem estar presentes.
Achados histopatológicos incluem hepatite colestática, ductopenia e
142
raramente, cirrose. Houve, assim, rápida evolução (31 dias) para
cirrose à histopatologia em paciente com síndrome ductopênica por
amoxicilina/clavulanato.
TL 366
AVALIAÇÃO DE TUMOR HEPÁTICO METASTÁTICO ATRAVÉS DE
BIÓPIA HEPÁTICA PERCUTÂNEA
Gabriellen Vitiello, Lívia Menezes Elias, Daniel Barusco Duran, Juliane
Gomes Leal Pereira, Vera Pannain, Adriana Caroli Bottino, Guliherme
Ferreira da Motta Resende, João Marcello de Araujo Neto
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução: O diagnóstico radiológico de nódulo hepático sugestivo
de implante metastático (sem característica radiológica de lesão
primário do fígado) durante exames de rotina é frequente na prática
clínica. A pesquisa do sitio primário demanda tempo e grande
investimento em exames complementares. Ocasionalmente, apesar
de importante esforço semiológico, o sitio primário permanece
desconhecido. A biópsia hepática percutânea guiada por ultrassonografia é um método diagnóstico de baixa complexidade realizado à
beira do leito que auxilia na elucidação da origem das metástases.
Todavia, ainda não está estabelecido na literatura se a biópsia deve
ser realizada como exame inicial na investigação do nódulo ou se
deve ser reservada para casos em que a investigação com outros
métodos complementares foi inconclusiva. Objetivos: Avaliar o uso
da biópsia hepática percutânea guiada por ultrassonografia como
ferramenta diagnóstica em pacientes com nódulos hepáticos
sugestivos de implante secundário. Materiais e métodos: Foram
incluídos todos os pacientes que realizaram biópsia percutânea de
nódulo hepático guiada por ultrassonografia pelo Serviço de
Hepatologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da
Universidade Federal do Rio de Janeiro no período de julho de 2011 a
julho de 2013. Foram excluídos pacientes cujo sítio primário da
neoplasia era conhecido ou que apresentavam características
radiológicas típicas de hepatocarcinoma. A análise das variáveis foi
feita através de revisão de prontuário. Todos os sujeitos de pesquisa
foram avaliados conforme as variáveis: gênero, idade, resultado
histopatológico da biópsia, sucesso na obtenção de material neoplásico
e complicação grave relacionada ao procedimento. Os resultados
histopatológicos foram classificados como: adenocarcinoma,
carcinoma e outros tipos de tumores. Foi considerado como sucesso
na obtenção de material neoplásico todas as biópsias cujo material
obtido continha tecido neoplásico. Por fim, foram consideradas como
complicações graves quaisquer iatrogenias que tenham levado à
internação ou óbito do paciente. Resultados: Foram incluídos 14
pacientes sendo 9 (64%) do gênero masculino e 5 (36%) do gênero
feminino. A média de idade foi 56 ± 15 anos. Adenocarcinoma foi o
tipo histológico mais comum sendo encontrado em 5 (36%) pacientes,
seguindo-se por 4 (29%) pacientes com carcinoma e 3 (21%) com
outras neoplasias. Em apenas 2 (14%) pacientes a biópsia hepática
não obteve fragmento contendo neoplasia, sendo caracterizadas
como insucesso na obtenção de material neoplásico. Não houve
complicações graves relacionadas ao método. Conclusão: A biópsia
hepática percutânea guiada por ultrassonografia é um bom método
diagnóstico para investigação da origem tecidual de nódulos
hepáticos suspeitos de implantes secundários. É incomum o
insucesso na obtenção de material neoplásico. Embora, este estudo
tenha um numero limitado de pacientes, o método parece ser seguro.
A principal limitação do trabalho é a ausência de avaliação imunohistoquímica que, muitas vezes, é capaz de concluir a investigação
do sitio primário.
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
TL 367
ALBENDAZOL COMO TRATAMENTO DE EQUINOCOCOSE CÍSTICA
HEPÁTICA - RELATO DE CASO
Bruno Abdala Candido Lopes, Isabela Pizzatto Teixeira, Jean Rodrigo
Tafarel
PUCPR
Introdução: a Equinococose é uma doença endêmica no sul do
Brasil, causada em uma de suas formas pelo Echinococcus
granulosus. Apresenta-se mais comumente na forma cística, sendo
o fígado o órgão mais comumente atingido. Sua clínica geralmente
está associada ao efeito de massa provocado pelo crescimento do
cisto hidático ou ao seu rompimento dentro da árvore biliar, mas é
variável, permanecendo assintomática em considerável parte dos
casos. Relato de Caso: relatamos o caso de um homem, de 60
anos, que foi diagnosticado com Equinococose Cística Hepática após
correlação de exames de imagem (ultrassonogradia de abdome
superior com cisto de lobo hepático direito, com conteúdo heterogêneo,
medindo 120x90 mm) e teste sorológico (ELISA), e que não desejava
o tratamento cirúrgico de sua condição (1ª escolha). Realizou-se
tratamento com Albendazol 15mg/kg/dia, em 3 ciclos de 28 dias
consecutivos, sendo os mesmos separados entre si por 14 dias.
Após 6 meses do término da medicação foi repetido a ressonância
magnética de abdome superior e verificou-se redução dimensional
da lesão, passando a medir 89x86x74mm (redução de 29,13%), além
do cisto se apresentar com uma maior homogeneidade do seu
conteúdo. Conclusão: apesar de não termos a cura clínica, obtivemos
redução volumétrica da lesão em paciente que se opunha ao tratamento
cirúrgico. Ainda há dúvidas e falta evidência clínica se a realização
de uma nova intervenção com 3 ciclos de Albendazol seria benéfica
para maior redução do cisto hidático.
TL 368
REATIVAÇÃO DA HEPATITE B APÓS CESSAÇÃO DA TERAPIA
PREEMPTIVA EM MIELOMA MÚLTIPLO TRATADO COM
TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEO
Karla Sawada Toda, Rafael Lopes Gurgel, Susan Louise Kakitani
Takata, Fernanda Sumire Arike, Fernanda Fernandes de Souza
Hospital das Clinicas Faculdade de Medicina Ribeirão Preto - USP
Introdução: Pacientes com indicação de quimioterapia/ transplante
de órgãos que possuem hepatite B (HBV) inativa tem o risco de sua
reativação elevada. Discutiremos um caso de reativação após
cessação da lamivudina no transplante de medula óssea (TMO).
Relato de Caso:Paciente, 60 anos, feminino, com diagnóstico de
mieloma múltiplo e portador inativa de HBV crônica (Anti-HBC IGG
positivo, HbsAg negativo/anti-HbsAg negativo e HBVDNA indetectável). Iniciou seguimento em dezembro de 2009 e foi indicado uso
preemptivo da lamivudina 150mg/dia em abril 2010. O TMO autólogo
ocorreu em agosto 2010, mantendo HBV-DNA em níveis indetectáveis
durante o uso do antiviral, sendo suspenso em novembro de 2011.
Em março 2012, paciente iniciou quadro de dor abdominal, náuseas,
vômitos, hiporexia e perda ponderal associado com elevação do
ALT/AST, e HBsAg positivo, HBeAg positivo e HBVDNA com
222.918.638UI/mL, iniciando entecavir 1,0mg/dia. A paciente evoluiu
com febre e piora do estado geral, necessitando de internação, e foi
associado tenofovir 300mg/dia. Atualmente, paciente possui quadro
clínico-laboratorial estável e os níveis de AST/ALT normais e um
HBVDNA de setembro 2012 está com 28 UI/mL em uso da terapia
antiviral. Discussão: Portadores do HBV submetidos a quimioterapia
ou imunossupressão têm risco elevado de reativação viral. Nesse
contexto, pacientes HBsAg negativos com anticorpo anti-HBc
positivos e HBV DNA indetectável que recebem quimioterapia ou
imunossupressão devem ser acompanhados rigorosamente com
dosagens periódicas de HBVDNA e ALT, e tratados com terapia
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
antiviral após a confirmação de reativação e antes da elevação do
ALT. A profilaxia com antivirais está recomendada em pacientes com
positividade da carga viral e em transplantes de medula óssea de um
dador não imune e opcional nos casos em que a carga viral é negativa.
A terapia antiviral preemptiva é considerada eficaz, em que pese,
relatos de casos com reativação de hepatite B após retirada do antiviral
preemptivo. Assim, a melhor opção de profilaxia ainda não foi
estabelecida, necessitando de maiores estudos para avaliação do
tempo de terapia.
TL 369
EXPERIÊNCIA DE QUATRO CENTROS BRASILEIROS NO
TRATAMENTO DA HEPATITE C CRÔNICA GENÓTIPO 1 COM
INTERFERON PEGUILADO, RIBAVIRINA E BOCEPREVIR
Fernanda Soares Gomes Canedo, Rodrigo Sebba Aires, Giovanni
Faria Silva, Raymundo Paraná, Cristiane A Villela-Nogueira, Renata de
Mello Perez, Henrique Sérgio Moraes Coelho
HUCFF-UFRJ
Introdução: O tratamento atual da hepatite crônica C genótipo 1
inclui interferon peguilado (PEG-IFN), ribavirina (RBV) e um inibidor de
protease (IP). A experiência brasileira com o esquema tríplice ainda
não é conhecida. Objetivo: Avaliar, em pacientes com hepatite crônica
C genótipo 1 tratados com PEG-IFN, RBV e BCP, taxas de resposta
nas semanas 4, 8 e 12 de tratamento, além dos principais efeitos
adversos e incidência de falha terapêutica e análise preliminar de
RVS. Metodologia: Foram avaliados pacientes com hepatite C crônica
genótipo 1, virgens de tratamento ou experimentados, com diferentes
graus de fibrose, tratados com PEG-IFN alfa 2a ou alfa 2b, RBV (1315 mg/Kg/dia) e BCP (800 mg 8/8h) em quatro centros brasileiros,
com avaliação do HCV-RNA por PCR quantitativo nas semanas 4, 8,
12 e 24 de tratamento (limite de detecção de 15 UI/mL). Foram
analisadas as taxas de resposta virológica, além da incidência de
anemia e sua gravidade e prevalência de outros eventos adversos.
Resultados: Foram incluídos 163 pacientes, 37% do sexo feminino,
com média de idade de 52 anos. Destes, 17% apresentavam
diagnóstico de diabetes mellitus. Em 41% havia evidência de cirrose.
Eram virgens de tratamento 17%, recidivantes 37%, não respondedores parciais 24% e não respondedores nulos 22% dos pacientes.
Na quarta semana de tratamento, 3% dos pacientes apresentavam
HCV-RNA indetectável. Na semana 8, 53% dos pacientes com cirrose,
56 e 63% dos pacientes com fibrose graus 3 e 0-2 encontravam-se
com HCV-RNA <25 UI/ml. Após 12 semanas de tratamento, 67-75%
dos pacientes apresentavam HCV-RNA indetectável. Dos pacientes
incluídos, 44 haviam terminado o tratamento, sendo 25 tratamentos
suspensos, 17 por falhas primárias e 2 escapes. Seis pacientes
tiveram o tratamento suspenso por eventos adversos graves, 2 por
hemorragia digestiva alta e 4 por sepse grave, todos cirróticos.
Observou-se desenvolvimento de ascite e encefalopatia em 4 e 2
pacientes, respectivamente. Anemia (Hb < 10g/dl) ocorreu em 26%
dos pacientes. Houve queda de pelo menos 2 g de Hb em 56% dos
pacientes na semana 4. Ao longo do tratamento, 6,2% dos pacientes
apresentaram Hb abaixo de 8g/dl, com necessidade de hemotransfusão. Uma análise preliminar evidenciou taxa de RVS de 69%.
Conclusão: O tratamento da hepatite C crônica genótipo 1 com PEGIFN, RBV e BCP se mostrou seguro e eficaz, com taxas de resposta
maiores do que o observado na terapia dupla convencional, inclusive
em pacientes com cirrose hepática. A prevalência de eventos
adversos é maior naqueles pacientes cirróticos, com necessidade
de maior vigilância durante o tratamento.
143
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
TL 370
SÍNDROME METABÓLICA E DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO
ALCOÓLICA EM OBESOS GRAVES
Carla Daltro, Isabela Pimenta, Deusaline Gadelha, Mônica Medrado
Oliveira, Erivaldo Alves, Helma Cotrim
Universidade Federal da Bahia
Introdução: A Doença Hepática Gordurosa não Alcoólica (DHGNA)
e a Síndrome Metabólica (SM) têm em comum a resistência insulínica
e alguns consideram a DHGNA a manifestação hepática da SM.
Objetivo: Investigar a relevância da associação entre SM e DHGNA
em obesos graves encaminhados à cirurgia bariátrica. Metodologia:
Estudo de corte transversal. Foram estudados obesos graves
(IMC>35kg/m2) sem história de ingestão alcoólica crônica e sem outras
doenças do fígado. Variáveis estudadas: dados demográficos,
ultrassom de abdômen e os componentes da SM: triglicérides, HDL-C,
glicemia de jejum, pressão arterial, circunferência abdominal. Para
diagnóstico da SM foram utilizados os critérios da International
Diabetes Federation. Resultados: Foram estudados 202 indivíduos
com média de idade 38,7 anos (DP: 11,2), IMC 42,0 kg/m2 (DP: 5,2),
sendo 83,7% do sexo feminino. Esteatose hepática foi observada em
70,8% dos casos pela ultrassonografia. A SM esteve presente em
55,9% dos pacientes estudados, 53,8% das mulheres e 66,7% dos
homens (p=0,175). Quanto à frequência dos componentes da SM,
49,5% apresentavam HDL-col baixo, 44,3% hipertrigliceridemia,
47,0% tinham hipertensão arterial sistêmica e 33,2% diabetes ou
glicemia ≥ 100 mg/dl. O grupo com SM era mais velho do que aquele
sem a síndrome (41,4±10,8 vs 35,2±10,9 anos; p<0,001),
apresentava HOMA-IR mais elevado [mediana: 5,5 (3,9 - 8,6) vs 3,7
(2,1 - 5,4); p<0,001) e tinha maior percentual de esteatose hepática
[63,6% vs 37,3%; p<0,001. RP: 1,7; IC95% (1,2 - 2,4)]. Conclusão:
Foi observada elevada prevalência de SM e DHGNA entre os obesos
graves. O paciente com SM tem 70% a mais de probabilidade de
apresentar esteatose hepática.
Palavras-chave: Obesidade; Síndrome Metabólica; Doença Hepática
Gordurosa não Alcoólica; Resistência à insulina.
TL 371
ENCEFALOPATIA HEPÁTICA POR SHUNT PORTOSSISTÊMICO
COM APRESENTAÇÃO ATÍPICA PARKISONISMO RELATO DE CASO
Tárcia Nogueira Ferreira Gomes, Virgínia Brasil de Almeida, Antônio
Eduardo Benedito Silva, Ivonete Sandra Souza e Silva, Lívia de Almeida
Costa, Lívia Guimarães Moreira da Silva, Luiz Augusto Cardoso
Lacombe, Luiza Fabres do Carmo
UNIFESP
Introdução: Encefalopatia hepática por shunt portossistêmico
compreende uma variedade de distúrbios motores e neuropsiquiátricos,
que é mais frequentemente encontrada em pacientes com cirrose
hepática e mais raramente em pacientes sem história prévia de
hepatopatia. Objetivos: Relata-se caso de encefalopatia hepática
(EH) secundária a shunt portossistêmico (SPS) que procurou
neurologista por quadro sugestivo de Parkinsonismo. Material e
métodos: Realizamos a revisão do prontuário da paciente e da
literatura mais atual sobre o tema utilizando o PubMed como base de
dados. Caso Clínico: Mulher, 60 anos, com esquistossomose
hepatoesplênica que fez desconexão ázigoportal há 13 anos, após
HDA. Há 5 anos, evolui com tremor em extremidades, movimentos
orolabiais atípicos e disartria, alteração da marcha, lentificação
psicomotora e demência. Referia constipação intestinal e negava
etilismo. Ao exame apresentava déficit cognitivo, discinesia orofacial,
leve instabilidade de marcha sem ataxia, tremor de ação e flapping,
sem estigmas de hepatopatia. Inicialmente fez RNM de crânio que
demonstrou diminuição do volume do putâmen e depósito mineral
(manganês?) em núcleos da base. A partir daí realizou-se a amônia
144
sérica (61mmol/L, normall 9-33), USG com Doppler portal e angioTC
de abdome (fibrose periportal, trombose crônica de veia porta e shunt
esplenorrenal). Função hepática normal. Usou lactulose e propranolol
com melhora da constipação intestinal e regressão do quadro
neurológico. O quadro clínico associado à hiperamonemia, SPS e
melhora dos sintomas após tratamento são concordantes com EH
com apresentação atípica. Acredita-se que a EH se deva à cirurgia
abdominal prévia e/ou à trombose da veia porta com inversão do
fluxo. Conclusão: Este caso mostra a importância da RNM de crânio
no diagnóstico de complicações de hepatopatias. A presença de
depósitos de manganês na RNM permitiu ao neurologista o diagnóstico
e encaminhamento adequados.
TL 372
AVALIAÇÃO DE DEMANDA POR BIÓPSIA HEPÁTICA EM UM
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO RIO DE JANEIRO
Juliane Gomes Leal Pereira, Lívia Menezes Elias, Gabriellen Vitiello,
Daniel Brusco Duran, Vera Pannain, Adriana Caroli-Botino, Guilherme
Ferrreira da Motta Rezende, João Marcello de Araujo Neto
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução: A biópsia hepática é um importante exame complementar
para o diagnóstico e estadiamento de diversas doenças no fígado.
Como este exame demanda estrutura hospitalar e equipe especializada, em geral é feito em centros de referência. No Estado do Rio de
Janeiro, o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade
Federal do Rio de Janeiro é o maior pólo para a realização de biópsias
hepáticas percutâneas guiadas por ultrassonografia. É importante
conhecer a demanda por este exame para que se possa planejar o
desenvolvimento e estruturação de novos centros de referência.
Objetivos: Caracterizar a demanda por biópsia hepática no Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio
de Janeiro. Materiais e métodos: Foi realizado um estudo
observacional retrospectivo através da revisão sistemática dos
prontuários de todos os pacientes submetidos a biópsia hepática
percutânea guiada por ultrassonografia no Hospital Universitário
Clementino Fraga Filho no período de janeiro de 2009 a junho de 2013.
Inicialmente, foram avaliadas as variáveis sócio-demográficas gênero
e idade. Em seguida, avaliamos a demanda anual deste exame. Por
fim, as suas indicações foram classificadas como: hepatite C, hepatite
B, esteatose hepática, pós-transplante, uso de metotrexato, hepatite
autoimune, hepatopatia a esclarecer, nódulo hepático, coinfecção
com HIV, doenças colestáticas e outros. Foi classificada como
hepatite C, toda biópsia realizada com o objetivo do diagnóstico e
estadiamento da lesão hepática pelo vírus da hepatite C. Foi
classificada como hepatite B, toda biópsia realizada com o objetivo do
diagnóstico e estadiamento da lesão hepática pelo vírus da hepatite
B. Foi classificada como esteatose hepática, toda biópsia indicada
em paciente com suspeita clínica de esteatose hepática para avaliação
diagnóstica e estadiamento histopatológico. Foi classificada como
pós-transplante, toda biópsia realizada em paciente que realizou
previamente transplante hepático. Foi classificada como uso de
metotrexato, toda biópsia realizada em paciente com história de uso
recente deste medicamento e sem outras hepatopatias com o objetivo
de quantificar a lesão hepática induzida pela droga. Foi classificada
como hepatite autoimune, toda biópsia indicada em paciente com
diagnóstico clínico e/ou histopatológico de hepatite autoimune. Foi
classificado como hepatopatia a esclarecer, toda biópsia realizada
em paciente com alteração do hepatograma cuja investigação clínica
foi inconclusiva. Foi classificada como nódulo hepático, toda biópsia
realizada com o objetivo de definir a etiologia neoplásica de nódulo
hepático independente da presença de outras hepatopatias. Foi
classificada como coinfecção com HIV, toda biópsia realizada em
paciente com coinfecção pelos vírus do HIV e de outras hepatites
virais. Foi classificada como doença colestática, toda biópsia realizada
em paciente com cirrose biliar primária ou colangite esclerosante
primária. Por fim, foi classificada como outros, toda biópsia realizada
por outra indicação não classificada em nenhuma categoria anterior
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
ou cuja indicação foi desconhecida. Resultados: Foram incluídas
779 biópsias no estudo, sendo 420 (54%) do sexo feminino. A média
de idade foi 52 ± 12 anos. A distribuição anual da demanda está
descrita na tabela abaixo.
Ano
Quantidade de exames
2009
129
2010
126
2011
139
2012
229
Jan - Jun 2013
156
TL 374
A distribuição das indicações de biópsia hepática encontra-se na
tabela abaixo.
Indicação
Hepatite C
Pós-transplante
Hepatopatia a esclarecer
Hepatite autoimune
Uso de metotrexato
Hepatite B
Esteatose
Co-infecção
Nódulo hepático
Doenças colestáticas
Outros
n (779)
466
51
33
30
28
24
15
15
14
4
99
de GGT (p:0,02), assim como à presença de esteatose hepática
(0,01). Quando à análise histológica observou-se uma maior
frequência de resistência insulínica entre portadores de hepatite
crônica C com fibrose hepática avançada (p:0,05). Não foi observada
relação entre resistência insulínica e genótipo e carga viral do VHC.
Conclusão: É comum a presença de RI em portadores de hepatite
crônica C e esta pode ser um dos fatores envolvidos no processo de
fibrose hepática induzida pelo vírus da hepatite C.
%
59,8%
6,5%
4,2%
3,9%
3,6%
3,1%
1,9%
1,9%
1,8%
0,5%
12,7%
IConclusão: Este estudo avaliou uma grande amostra de indivíduos
submetidos à biópsia hepática percutânea em um Hospital de referência
no Estado do Rio de Janeiro. A hepatite C é a principal indicação de
biópsia hepática no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho,
refletindo alta prevalência desta doença e a importância deste exame
para seu manejo. Há ainda grande representação de pacientes após
transplante hepático, visto que o estudo foi conduzido em centro de
referência para transplante no Estado do Rio de Janeiro. Há uma demanda
crescente por biópsias hepáticas nos últimos 4 anos.
TL 373
FREQUÊNCIA DE RESISTÊNCIA INSULÍNICA EM PORTADORES DE
HEPATITE CRÔNICA C NÃO DIABÉTICOS E ANÁLISE DOS FATORES
ASSOCIADOS
Juliana Ferreira, Aécio Flavio Meirelles de Souza, Fabio Heleno de
Lima Pace, Tarsila C R Ribeiro, Katia Valéria Bastos Dias Barbosa,
Juliano Machado de Oliveira, Gabriela Dalfior Ferreira
Universidade Federal de Juiz de Fora
Introdução e Objetivos: Portadores de doença hepática crônica,
especialmente cirróticos, são predispostos ao desenvolvimento de
resistência insulínica (RI). O VHC por mecanismos diversos parece
induzir o surgimento da RI independente do grau de comprometimento
hepático. Sua ocorrência tem sido associada à fibrose avançada e
menores índices de resposta virológica sustentada. O objetivo do
estudo é determinar a prevalência de resistência a insulina (RI) em
portadores de hepatite crônica C e verificar a associação desta com
variáveis clínico-laboratoriais e histológicas. Material e Métodos:
Foram avaliados, prospectivamente, 94 pacientes portadores de
hepatite crônica C virgens de tratamento e não diabéticos assistidos
pelo Centro de Referência em Hepatologia do Hospital Universitário
da UFJF (HU-UFJF). Foi considerada resistência insulínica HOMA-IR ?
2,5. A média de idade observada foi de 50,4 anos (17-79 anos) e 51%
dos pacientes eram do sexo feminino. Resultados: Setenta e sete
porcento eram genótipo 1. Quanto à histologia, APP > 2 foi evidenciada
em 44% e esteatose em 40%, sendo a maioria leve (5-33%). Fibrose
avançada (> 2) observada em 29%. A presença de síndrome
metabólica foi evidenciada em 29% dos casos. A resistência insulínica
foi demonstrada em 25% dos pacientes e foi associada à elevação
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
PACIENTES COM HEPATOPATIA CRÔNICA VIRAL AVANÇADA: A
RELEVÂNCIA DO CUIDADO PALIATIVO
Luanna Rocha Vieira Martins, Alessandro Fernandes Guimarães, Eric
Vinícius Ávila Pires, Raphael Guilherme Dias Cruz, Tamyres Marques,
Rosangela Teixeira, Munir Murad Junior, Luciana Diniz Silva
Departamento de Clínica Médica e Ambulatório de Hepatites Virais
do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da UFMG
Assistência a pacientes com hepatopatias avançadas não pode estar
centrada somente na abordagem biológica da doença, sem levar em
consideração a percepção do indivíduo sobre sua saúde e sobre
aspectos físicos, psicológicos e socioculturais que pertencem à própria
experiência de adoecimento, e em plano mais amplo, ao seu viver.
Modalidades terapêuticas curativas se reduzem nas hepatopatias
avançadas. Nesse contexto, torna-se fundamental inserir na prática
clínica os "Cuidados Paliativos", isto é, apesar da impossibilidade de
cura, pode-se oferecer opções terapêuticas voltadas ao bem-estar/
conforto do paciente preservando sua dignidade. Seguem os
resumos de três casos atendidos em um Ambulatório de Cuidados
Especiais: 1) V.E.F, 57 anos, portador do vírus da hepatite C (VHC),
cirrótico e com hepatocarcinoma (CHC), submetido à terapia com
Sorafenibe, associada a medidas para controle da dor e abordagem
psicológica; 2) J.P.R.F., 60 anos, sexo masculino, com cirrose de
etiologia alcoólica e CHC avançado multifocal, apresenta náusea,
vômito, icterícia, prurido, insônia e encefalopatia hepática. A consulta
é direcionada à escuta do paciente e de seus familiares. O foco do
atendimento é o paciente e seus sintomas e não simplesmente a sua
doença; 3) P.F.V, 70 anos, com cirrose (Child C10) secundária à
infecçaõ pelo VHC. Há cinco anos foi encaminhada ao Serviço de
Transplante Hepático, contudo recusou a ser submetida a esse
procedimento. Atualmente, é acompanhada no ambulatório de Cuidados
Especiais. Nesses casos, o tratamento está direcionado para a melhora
da qualidade de vida desses indivíduos. Diante das dificuldades de
cura física, torna-se essencial estimular a integralidade do cuidado
prestado e minimizar o sofrimento.
TL 375
AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO TIREOIDIANA EM INDIVÍDUOS COM
INFILTRAÇÃO GORDUROSA HEPÁTICA NÃO ALCOÓLICA
TRATADOS COM METFORMINA
Luis Jesuino de Oliveira Andrade, Larissa Santos França, Alexandre
Justo de Oliveira Lima, Paulo Roberto Santa de Melo, Carla Daltro,
Helma P. Cotrim
Faculdade de Medicina - UESC-BA - UFBA
Estudos têm demonstrado que o uso de metformina (MET) em pacientes
(pt) com diabetes induz a redução dos níveis séricos do hormônio
estimulante da tireóide (TSH), por provável efeito da MET no
metabolismo hepático da levotiroxina. Ainda não existem dados sobre
o efeito do tratamento com MET sobre o TSH em indivíduos com
infiltração gordurosa hepática não alcoólica (NASH). Objetivo: Avaliar
as alterações nas concentrações séricas de TSH em pt com NASH
tratados com MET. Material e Método: Estudo de coorte. O TSH de
50 mulheres com NASH, diagnosticada por ultrassonografia, e idade
145
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
média de 58.36 anos foi avaliado antes e 90 dias após o inicio do
tratamento com MET. Todos os pt apresentavam anticorpo antitireoidiano
(TPOAb) negativo. Foi calculado o risco relativo (RR) da amostra em
modificarem os seus níveis de TSH no curso do tratamento.
Resultado: O valor médio do TSH antes do inicio do tratamento com
MET foi de 3.54 ± 1.37 mIU/L e 90 dias após foi de 1.79 ± 1.23 mIU/L.
O RR foi de 4.5 (IC 95% - 2.60 a 19.50). Conclusão: Nossos resultados
demonstram um RR significativo da MET reduzir os níveis de TSH,
independentemente da positividade de anti-TPO. Portanto a função
tireoidiana deve ser avaliada antes e no curso do tratamento com
MET em pt com NASH.
TL 376
BILIOPATIA PORTAL EM PACIENTE COM TROMBOSE DE VEIA
PORTA SECUNDÁRIA À ESPLENECTOMIA: RELATO DE CASO
Marília Ávila Acioly, Marília Ávila Acioly, Lucas Santana Nova da Costa,
Maria Auzier Freitas, José Eduardo Trevizoli, Liliana Sampaio Costa
Mendes, Daniela Mariano C. Louro
Hospital de Base do Distrito Federal
Introdução: O termo Biliopatia Portal (BP) refere-se às
anormalidades das estruturas do trato biliar, incluindo ductos biliares
intra e extra-hepáticos, ducto cístico e vesícula biliar em pacientes
com hipertensão porta (HP). A obstrução da veia porta extra-hepática
é geralmente seguida pela formação de pontes de colaterais
hepatopetais, que drenam o sangue venoso esplâncnico para a
veia porta hepática, resultando na formação de uma rede venosa
conhecida como cavernoma portal. Esse plexo venoso neoformado
pode causar compressão extrínseca das vias biliares (VVBB),
resultando em obstrução e isquemia biliar. Objetivos: Relatar caso
de paciente que desenvolveu BP secundária à trombose de veia
porta (TP) após procedimento de esplenectomia. Material e
Métodos: As informações foram obtidas durante seguimento clínico,
revisão de prontuário, registro de métodos diagnósticos e revisão
de literatura. Resultados: Paciente de 51 anos, com TP crônica
após esplenectomia, indicada por hemorragia digestiva alta varicosa
em paciente portador de esquistossomose, evoluiu com quadro de
icterícia colestática e dilatação de VVBB intra-hepáticas, além de
estenose em colédoco distal. Realizou colangiopancreatografia
endoscópica retrógrada com colocação de prótese. A tomografia
de abdome realizada em seguida - para elucidação diagnóstica da
compressão extrínseca das VVBB - evidenciou fígado de dimensões
reduzidas e contorno irregular, além de ascite moderada e trombose
de veia porta com sinais de transformação cavernomatosa. Tais
achados permitiram o diagnóstico de BP. Após drenagem de VVBB,
paciente evoluiu remissão de clínica e laboratorial da colestase.
Conclusão: A importância em se reconhecer os casos de pacientes
com HP que evoluem com BP se dá na medida em que intervenções
terapêuticas no sentido de descomprimir as VVBB podem prevenir
da deterioração da função hepática por complicações ligadas a
essa entidade clínica, como colangite supurativa, isquemia de VVBB
e cirrose biliar secundária. O aparecimento da ascite, como no caso
relatado, está relacionado com o tempo de duração da obstrução
extra-hepática da veia porta e deterioração hepatocelular devido a
ocorrência da redução do suprimento portal para o fígado. Quadros
de icterícia colestática desproporcional ao grau de disfunção
hepática, associada a achados de dilatação de VVBB devem ser
investigados para essa possibilidade diagnóstica - passível de
intervenção -, prevenindo o dano hepatocelular irreversível.
146
TL 377
RELATO DE CASO DE SÍNDROME HEPATOPULMONAR RESOLVIDA
APÓs O TRANSPLANTE DE FÍGADO
Káritas Rios Lima Matsunaga, Adriano Cláudio Pereira de Moraes,
Cecília de Oliveira Maia Pinto, Marcos de Vasconcelos Carneiro, André
L C. Watanabe, Rodrigo Barbosa Villaça
HFA, ICDF
Introdução: a Síndrome Hepatopulmonar (SHP) é uma condição
caracterizada pela tríade: doença hepática, dilatação intrapulmonar e
hipoxemia arterial, podendo resultar em uma condição severa e
debilitante, com necessidade de oxigenioterapia contínua. De acordo
com as portarias que regem o transplante hepático no Brasil, a SHP é
considerada uma situação especial, fazendo com que os pacientes
tenham prioridade na lista, já que essa condição não modifica o MELD.
A prática clinica tem demonstrado uma melhora significativa da PaO2
após o transplante. Objetivo: relatar o caso de uma paciente jovem
com cirrose autoimune e SHP grave, com hipoxemia severa,
dependente de oxigenioterapia, a qual foi submetida ao transplante
hepático. Material e métodos: as informações foram obtidas por
meio de revisão do prontuário, entrevista com o paciente e revisão da
literatura. Resultados: J.N.A. de 17 anos, com diagnóstico de cirrose
autoimune há cinco anos, apresentou há três anos quadro de dispnéia
e queda da PaO2 (oscilando de 27 a 52 mmHg). Foi diagnosticada
com SHP após a realização de ecocardiograma com microbolhas, o
qual evidenciou shunt pulmonar acentuado, confirmado por cintilografia
pulmonar. Evoluiu com deterioração do quadro clínico, apresentando
piora da dispneia, ascite e infecções de repetição. Submetida ao
transplante hepático ortotópico em março de 2013, evoluiu já nos três
primeiros meses com melhora clínica progressiva e reversão completa
da SHP (pré-transplante - PaO2: 41 mmHg; pós-transplante - PaO2:
89,5 mm Hg). Conclusão: o transplante hepático é de extrema
relevância no tratamento de alguns casos de SHP, restaurando a
função hepática e eliminando a necessidade de oxigênio contínuo,
com melhora importante da qualidade de vida.
TL 378
HEPATITE AUTOIMUNE: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E RESPOSTA
BIOQUÍMICA EM DOIS CENTROS DE REFERÊNCIA NO RIO DE
JANEIRO
Louise Verdolin, Vivian Rotman, Priscila Pollo Flores, Thaís Guaraná,
Ana Cláudia de Sá, Thereza Vasconcellos, Alice Ruberti Schmall,
Eliane Bordalo Cathalá Esberard, Henrique Sérgio Moraes Coelho
Universidade Federal Fluminense, Universidade Federal do Rio de
Janeiro
Introdução: Hepatite autoimune (HAI) é uma doença inflamatória crônica
do fígado, causando 11 a 20% das hepatites crônicas nos países
ocidentais. Atinge entre 1:5000 a1:10000 habitantes no mundo. Em 7080% dos casos acomete mulheres entre 10 e 20 anos de idade, podendo
surgir após os 60 anos. em 20% dos casos. Seu tratamento consiste
no uso de prednisona associada ou não à azatioprina e tem como
objetivo indução de remissão, cujo conceito atual corresponde à
normalização dos parâmetros bioquímicos e imunológicos associada à
histologia com pouca ou nenhuma inflamação. A resposta ao tratamento
convencional avaliada com os critérios atuais pode ser descrita da
seguinte forma: 7% dos pacientes apresentam falência, 13 % evoluem
com resposta incompleta (melhoram, porém sem atingir remissão).
Essas considerações confirmam a necessidade da disponibilidade de
novas formas de tratamento mais efetivas para retardar a progressão
para doença hepática terminal. Objetivo: Relatar o perfil epidemiológico
e taxas de remissão bioquímica e histológica (nos casos com biópsia
disponível) de pacientes com hepatite autoimune acompanhados nos
ambulatórios de dois hospitais universitários do Rio de Janeiro. Material
e Métodos: Revisão de prontuários dos pacientes portadores de HAI,
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
acompanhados nos ambulatórios de hepatologia de dois hospitais
universitários entre 2002 e 2012. Resultados: Foram avaliados 120
pacientes, com idade média de 36 anos, sendo 81% do sexo feminino.
Hepatite autoimune tipo 1 foi o tipo predominante, acometendo 69% dos
casos. Evidência de cirrose no diagnóstico foi observada em 18% da
amostra. Com relação ao tratamento convencional, 55% (66 pacientes)
alcançaram remissão bioquímica. Biópsia hepática foi realizada em 25
pacientes, após um tempo médio de 1 ano pós-remissão bioquímica,
tendo sido observada resposta histológica completa em apenas 5
paciente. Conclusão: A população atendida nos dois hospitais
universitários segue padrão semelhante ao da literatura, havendo
predominância da HAI tipo1, sexo feminino e faixa etária mais jovem. A
taxa de resposta bioquímica ocorreu em aproximadamente metade dos
pacientes, porém só foi traduzida por remissão histológica em 5
pacientes. Esses achados demonstram a importância da análise
histológica para definição da adequação do tratamento.
TL 379
MENINGITE CRIPTOCÓCICA EM VIGÊNCIA DO TRATAMENTO DA
HEPATITE AUTOIMUNE: RELATO DE CASO
Osvaldo Flávio de Melo Couto, Adriana Baião da Neiva, Itamar Tadeu
Gonçalves Cardoso
Hospital Vera Cruz, Belo Horizonte
Introdução: a hepatite autoimune (HAI) é uma doença inflamatória do
fígado, idiopática, caracterizada pela presença de elementos clínicos,
alterações em aminotransferases, presença de autoanticorpos
circulantes e alterações histológicas específicas que sugerem uma
reação imunológica contra antígenos do hospedeiro, levando a um
processo inflamatório hepatocitário que, caso não tratado, evolui para
cirrose hepática e suas complicações. O tratamento é feito com
imunossupressores e a sua eficácia é avaliada pela capacidade em
induzir remissão completa e mantida. Objetivo: relatar o caso de um
paciente, em tratamento para HAI, com complicação incomum durante
o tratamento. Método (descrição do caso): paciente masculino, 33
anos, com diagnóstico de HAI do tipo 1 há cerca de um ano, em uso de
Azatioprina 75mg e prednisona 7,5mg/dia. Foi admitido ao Hospital Vera
Cruz em outubro de 2012 com quadro de cefaléia holocraniana intensa.
Ao exame físico verificou-se rigidez de nuca. Realizada punção lombar
e coloração do líquor pela tinta da China que resultou positiva. Iniciado
tratamento com anfotericina B lipossomal associada a 5-flucitosina.
Posteriormente, verificou-se na cultura do líquor o crescimento de
Cryptococcus neoformans. Durante os primeiros dias de tratamento
o paciente evoluiu com hipoacusia importante bilateral e paraparesia
em membros inferiores. Após 14 dias de tratamento repetiu-se análise
do líquor que mantinha cultura positiva para Cryptococcus. A imunossupressão foi gradativamente reduzida com monitoração das provas
de função hepáticas até a dose de azatioprina 50mg e prednisona
5mg/dia. Devido a cefaléia intensa, foram realizadas punções lombares
de alívio. Após 4 semanas de tratamento, a cultura do líquor mantinhase positiva. Acrescentou-se fluconazol ao esquema terapêutico e
retirou-se a prednisona do esquema de imunossupressão. Os sintomas
neurológicos apresentaram melhora parcial a partir da oitava semana
de tratamento, sendo suspensas a anfotericina e a 5-flucitosina. As
culturas permaneceram positivas durante 12 semanas de tratamento.
Após negativação das culturas, aumentou-se a imunossupressão
até as doses pré-internação. Nesta época verificava-se elevação
discreta em aminotransferares. Os sintomas neurológicos apresentaram remissão praticamente total após 24 semanas do início do
tratamento, com leve seqüela auditiva unilateral. Atualmente o paciente
mantém dose de manutenção de fluconazol. Conclusão: a meningeite
criptocócica é uma complicação potencial do tratamento imunossupressor e pode apresentar-se de forma grave com potencial estabelecimento de seqüuelas neurológicas permanentes. Em pacientes com
HAI é importante a adequada redução da imunossupressão, principalmente em pacientes sem resposta precoce (duas semanas). Nesta
situação, a monitoração das provas de função hepática é mandatória.
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TL 380
ASPECTOS CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICOS DOS CASOS DE
HEPATITE B EM SERGIPE NOTIFICADOS EM UM SERVIÇO DE
REFERÊNCIA, 2007-2012
Lucas Teixeira Vieira, Tacianne Rolemberg Braga, Mayza Souza Costa,
Tereza Virgínia Silva Bezerra do Nascimento, Ângela Maria da Silva,
Alex Vianey Callado França, Luan Fellipe Bispo Almeida, Camilla Andrade
Lima, Ana Terra Fonseca Barreto, Márcia Maria Macêdo Lima
Universidade Federal de Sergipe
Introdução: A hepatite vírus B (VHB), doença de notificação
compulsória, apresenta grande importância em nosso meio devido a
sua alta prevalência. Objetivos: Caracterizar os aspectos clínicos e
epidemiológicos dos pacientes com VHB, notificados pelo Núcleo de
Vigilância Epidemiológica Hospitalar de um hospital escola de Sergipe.
Material e Métodos: Foi delineado um estudo transversal, descritivo,
quantitativo, com análise retrospectiva de uma série histórica de cinco
anos (Agosto/2007 - Julho/2012). As variáveis analisadas foram obtidas
a partir da leitura de 665 fichas de investigação de Hepatites Virais do
SINAN. Resultados Entre os 1.063 casos de hepatites virais
notificados, 62,56% foram por VHB, com predominância do sexo
masculino (62,26%). A mediana da idade foi de 37 anos, com maioria
(29,02%) entre 30-39 anos; 5,41% tinham <20 anos, o que pode indicar
falhas na cobertura vacinal. Quanto à procedência, 40,6% eram da
capital do estado (Aracaju), seguidos por municípios da área
metropolitana: Nª Sra. do Socorro (12,03%) e São Cristóvão (6,32%).
Em relação às comorbidades, 5,56% dos casos apresentavam
coinfecção com HIV/AIDS e 3,3%, com hepatite C. Houve 34 (5,11%)
gestantes portadoras de VHB, dado preocupante devido aos riscos de
transmissão vertical. Os fatores de risco mais encontrados foram:
possuir três ou mais parceiros sexuais (39,5%) e possuir tatuagem ou
piercing (24,37%). Quanto à confirmação diagnóstica, 17,29% foram
inconclusivos, 3,31%, cicatriz sorológica (Anti-HBs +) e 79,4% dos
casos foram confirmados laboratorialmente. Destes, 92,05% eram
clinicamente crônicos/portadores assintomáticos e 7,95%, agudos;
16,85% apresentaram alta replicação viral (HBeAg +) e 47,54%,
soroconversão, indicativo de bom prognóstico (Anti-HBe+). Não houve
casos de hepatite fulminante. Conclusão: O estudo revela a predominância da Hepatite B em Sergipe no sexo masculino e na terceira
década de vida, abrangendo principalmente os centros urbanos.
Clinicamente, predomina os casos crônicos/portadores assintomáticos,
sendo que a transmissão sexual é a maior forma de contágio. Tais
dados corroboram, em grande parte, os aspectos clínico-epidemiológicos
já descritos na literatura nacional.
TL 381
O EFEITO DO TRATAMENTO COM CÉLULAS DA MEDULA ÓSSEA
SOBRE A ATIVAÇÃO DAS PROTEÍNAS ERK 1/2 EM UM MODELO
DE INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA AGUDA
Gustavo Alfredo Ochs de Muñoz, arlos O. Kieling, Mónica Luján Lópes,
Carolina Uribe, Nelson A. Kretzmann, Ursula Matte
Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Introdução: As células da medula óssea total (MOT) encapsuladas
aumentaram a sobrevida de ratos com insuficiência hepática (IHA),
porém as cascatas de sinalização envolvidas neste processo ainda
não são compreendidas. Após dano no tecido hepático, há uma intensa
proliferação de hepatócitos e células não parenquimatosas. Este
processo proliferativo é orquestrado por diversas vias de sinalização,
dentre as quais, a via das ERK 1/2 é a mais bem estudada. Esta via
pertence à via das MAP kinases, a qual tem ação não só na indução
da entrada da célula no ciclo celular como, também, mediação de
resposta a estresse, promoção de sobrevivência e regulação do
metabolismo. Objetivos: Avaliar a ativação das proteínas ERK 1/2 e
sua correlação com o número de mitoses em um modelo murino de
147
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
IHA, hepatectomia de 90% (HP 90%), quando tratados com MOT.
Materiais e Métodos: células MOT foram microencapsuladas em
alginato de sódio e transplantadas no peritônio de ratos Wistar após
cirurgia HP 90% (MOT, n=15) e comparados com grupo de ratos que
receberam cápsulas vazias (CO, n=15). Quatro horas antes da
eutanásia dos animais, estes receberam uma dose intraperitoneal
(0,3mg/Kg) de 5-Bromo-2´-deoxiuridina (BrdU). Os animais foram
eutanasiados em 6, 12, 24, 48 e 72 horas. Uma fração do fígado
remanescente foi imediatamente congelada para extração de proteínas
e outra conservada em formol 10% tamponado. A análise da ativação
das ERK 1/2 foi feita através de western blot e a de proliferação por
contagem de células em mitose e células positivamente marcadas
para BrdU por imunohistoquímica. A análise estatística foi realizada
por ANOVA de uma via e teste t de Student. Resultados: não
observamos diferenças no número de mitoses e células marcadas
para BrdU entre os grupos em nenhum dos tempos estudados. A
ativação das ERK 1/2, no entanto, foi maior no grupo MOT em relação
ao CO nas 24 e 48 horas após a HP90%(p<0,05). Conclusão: estes
dados indicam que a resposta ao tratamento se deve a uma melhora
no estado das células, por ativação de vias de sobrevivência, ao
invés de uma resposta proliferativa.
TL 382
ESCLEROSE SISTÊMICA PROGRESSIVA E HIPERTENSÃO PORTA
Priscila Pollo Flores, Tatiana Melo Fernandes, Cesar Ortega, Renata
Perez, Vera Pannain
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Introdução: Esclerose Sistêmica (ES) é uma doença autoimune que
pode acometer o fígado. A cirrose biliar primária é a doença hepática
mais associada à ES e pode evoluir para hipertensão porta e suas
complicações. Outras doenças prevalentes devem ser pesquisadas
como esteatohepatite e a toxicidade por drogas. Objetivo: O caso a
seguir mostra o acometimento hepático grave em uma paciente
portadora de ES. Caso clínico: Paciente feminina, 41 anos em
acompanhamento devido à esteatose hepática com aminotransferases
normais e poliartrite inflamatória. O exame clínico revelou sobrepeso
associado à espessamento da pele. A presença de distúrbio motor
esofagiano foi detectada por esofagomanometria e sugestiva de
Esclerodermia, a qual foi confirmada por biópsia de pele. Os exames
laboratoriais revelaram: Anti-DNA, anti-Scl 70, anti-centrômero e
sorologias para hepatites virais negativos. O tratamento foi iniciado
com prednisona, metotrexate e colchicina obtendo boa resposta. Após
2 meses de evolução houve piora pulmonar sendo necessária
pulsoterapia com ciclofosfamida e bosentana visando doença
intersticial pulmonar grave. Outras alterações surgiram como
elevação de enzimas hepáticas para 1,5 X o valor superior da
normalidade e teleangiectasias cutâneas e no trato gastrointestinal
visualizadas pela endoscopia. Observou-se o aparecimento também
de esclerodactilia e fenômeno de Raynaud. Realizada ultrassonografia de abdome total apenas com esteatose hepática. Os
autoanticorpos para hepatite autoimune (FAN, anticorpo anti-músculo
liso, anticorpo anti-LKM 1) foram negativos mas havia hipergamaglobulinemia policlonal. O anticorpo anti-mitocôndria foi positivo
1/80 e a colangioressonância não visualizou dilatação de vias
biliares. A biópsia hepática demonstrou balonização focal de
hepatócitos, esteatose macrovacuolar e espessamento fibroso
compatível com esteatohepatite com leve atividade e alteração
arquitetural estágio 1(SBH, 2006). No decorrer do acompanhamento,
houve evolução da hepatopatia crônica complicada por hipertensão
porta, esplenomegalia e varizes esofagianas, necessitando de ligadura
elástica. Discussão:A rápida evolução da doença hepática com
hipertensão porta grave demonstra a necessidade de investigação
adequada das hepatopatias nas doenças autoimunes e a contribuição
multifatorial da toxicidade medicamentosa, esteatohepatite e doença
autoimune na evolução da doença.
148
TL 383
AVALIAÇÃO DA GAMA-GT COMO FATOR PREDITIVO DE
RESPOSTA VIROLÓGICA NO TRATAMENTO DA HEPATITE C
CRÔNICA GENÓTIPO 1 COM INTERFERON PEGUILADO,
RIBAVIRINA E BOCEPREVIR EM QUATRO CENTROS BRASILEIROS
Fernanda Soares Gomes Canedo, Rodrigo Sebba Aires, Giovanni
Faria Silva, Raymundo Paraná, Cristiane A Villela-Nogueira, Renata de
Mello Perez, Henrique Sérgio Moraes-Coelho
HUCFF-UFRJ
Introdução: A gama-GT (GGT) tem valor preditivo de resposta no
tratamento da hepatite C crônica genótipo 1 com interferon peguilado
(PEG-IFN) e Ribavirina (RBV). Entretanto, no tratamento triplo com
Boceprevir (BCP), esse valor ainda não está bem estabelecido.
Objetivo: Avaliar, em pacientes com hepatite crônica C genótipo 1
tratados com PEG-IFN, RBV e BCP, o valor da GGT como fator preditivo
de resposta virológica. Metodologia: Foram avaliados pacientes
com hepatite C crônica genótipo 1, virgens de tratamento ou
experimentados, com diferentes graus de fibrose, tratados com PEGIFN alfa 2a ou alfa 2b, RBV (13-15 mg/Kg/dia) e BCP (800 mg 8/8h) em
quatro centros brasileiros, com avaliação da GGT pré tratamento e do
HCV-RNA (limite de detecção de 15 UI/mL) nas semanas 4, 8 e 12.
Resultados: Foram incluídos 90 pacientes, 39% do sexo feminino,
com média de idade de 52 anos. Destes, 23 (26%) apresentavam
GGT normal e 67 (74%) GGT alterada antes do início do tratamento. A
proporção de pacientes com HCV-RNA indetectável nas semanas 4,
8 e 12 está representada na tabela abaixo.
HCV-RNA (-)
Sem 4
GGT normal
GGT elevada
0%
3%
HCV-RNA (-)
Sem 8
HCV-RNA (-)
Sem 12
86%
46%
95%
65%
Conclusão: A GGT parece ter valor como fator preditivo de resposta
virológica inicial na terapia tríplice com BCP, assim como observado
no tratamento duplo, entretanto, faltam estudos para confirmar essa
tendência.
TL 384
CISTO HEPÁTICO CILIADO EM PACIENTE JOVEM: UM RELATO
DE CASO
Ana Luíza Cardoso Pinheiro, Mariama Alves Dantas Fagundes, Daniela
Lima Dias Soares, Suzana Silva Leal, Conceição Maria de Oliveira
Mendonça, Victor Rossi Bastos, André Lyra
Hospital São Rafael
Introdução: Os cistos ciliados hepáticos (CHFCs) são lesões
congênitas raras que surgem a partir da tecido embrionário. Eles são
formados durante o desenvolvimento fetal por evaginação das
respectivas porções do intestino anterior, e são caracterizados por
um revestimento epitelial ciliar. Cerca de 100 casos de CHFC têm sido
relatados, dos quais apenas 13 eram em crianças. Embora CHFC
normalmente é benigna, a transformação maligna para carcinoma
espinocelular (CEC) tem sido relatada em três casos. A taxa de
sobrevivência após a progressão para malignidade é baixa.
Apresentamos um relato de caso de achado incidental de cisto ciliado
hepático em paciente jovem, diagnosticado aos 12 anos de idade. A
importância de relatá-lo se deve ao fato de ser uma entidade rara,
pouco relatada em jovens, além do que o nosso caso apresentou-se
inicialmente como um cisto simples e, posteriormente, com
características radiológicas de cisto ciliado, o que não há relatado em
literatura conforme nosso conhecimento. Objetivo: Relatar o caso
de um cisto ciliado hepático paciente jovem. Relato de caso: Trata-
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
se de paciente jovem, sem co-morbidades, com achado incidental
ultrassonográfico de cisto hepático de 2,3cm em segmento IV aos 12
anos, em acompanhamento desde então com hepatologista.
Transaminases, enzimas canaliculares hepáticas, provas de função
hepáticas e alfa-fetoproteína permanecendo sempre normais.
Assintomático. Ressonância de abdome do início do diagnóstico
apresentava imagem cística com hipersinal em T2 e hiposinal em T1
sem impregnação ao contraste, com sinais de septação,
caracterizando cisto hepático simples. Feito acompanhamento regular
anual com ultrassonografia e bianual com ressonância de abdome.
Ressonâncias de abdome subsequentes começaram a apresentar
heterogenicidade em lesão com imagem cística com único septo
separando conteúdo anecóico de conteúdo hipoecogênico (conteúdo
proteíco), sem aumento do volume da lesão. Conclusão: Cistos
hepáticos ciliares devem ser considerados em diagnóstico diferencial
de outros cistos hepáticos solitários, incluindo cistos simples,
cistoadenomas hepatobiliares e cistos parasitários. O comportamento
do mesmo e potencialidade para malignização é ainda incerta, e pouco
relatada.
TL 385
INFECÇÃO CRUZADA DE KLEBSIELLA PNEUMONIAE
CARBAPENEMASE (KPC) ENTRE DOADOR E RECEPTOR DE
FÍGADO: RELATO DE CASO
Claudia Cristina Tavares de Sousa, Anderson Brito de Azevedo Silva,
Felipe Tavares de Mello, Ronaldo Oliveira Andrade, Eduardo de Souza
Martins Fernandes
Hospital Adventista Silvestre
Introdução: Há na literatura estudos e relatos sobre transmissão de
infecções, entre doador e receptores de órgãos sólidos. Relatamos
aqui um caso de transmissão entre doador e receptor de uma bactéria
de alta virulência e resistência, a KPC. Objetivos: Relatar infecção
cruzada de KPC entre doador de fígado sem infecção documentada
e receptor, com desfecho desfavorável e análise da virulência do
germe. Material e Métodos: Mulher, 60 anos, com cirrose por hepatite
C e Carcinoma Hepatocelular, Child A, listada para transplante.
Realizado transplante hepático com doador falecido, 27 anos, vítima
de TCE, com 9 dias de internação, sem relato de infecção ou uso de
antibiótico, além de hemoculturas negativas. Apesar disso, foram
realizadas coletas de cultura protocolares do doador. A cirurgia ocorreu
sem intercorrências com profilaxia antibiótica com AmpicilinaSulbactam. A receptora evoluiu bem nas primeiras 48 horas, apesar
de positivação em andamento de bacilo gram negativo de culturas do
doador. Mesmo com boa evolução, iniciou-se Meropenem, até
identificação do germe. Mesmo assim, iniciou quadro de piora clínica
no 3? dia, com sintomas respiratórios, com evolução para sepse
grave no 4? dia, quando identificou-se na cultura do doador o patógeno
KPC. Foi ampliado o esquema para Polimixina B e Ciprofloxacina
conforme sensibilidade do antibiograma. Apesar do tratamento, a
paciente evoluiu para óbito no décimo dia devido à sepse grave, com
o mesmo patógeno isolado em suas amostras de hemocultura.
Discussão: Estudos demonstram, como de González-Segura et al,
que culturas positivas de doadores não são suficientes para
determinar infecção no receptor e portanto, não são consideradas
um critério de contra-indicação ao procedimento. No entanto, alguns
relatos apresentam transmissão cruzada de germes de alta virulência,
e suas análises críticas são relacionadas ao longo tempo para
identificação dos germes. No caso apresentado, apesar de condutas
protocolares e precoces, não foi possível obter melhor desfecho.
Conclusão: Baseando-se neste caso e em outros relatados na
literatura, concluímos que há necessidade de novos métodos
diagnósticos, com capacidade de identificação mais rápida a fim de
antecipar conduta antimicrobiana frente à alta virulência dos germes
emergentes. Com isso, pode-se evitar o desfecho desfavorável como
o relatado no caso.
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
TL 386
ASSOCIAÇÃO ENTRE RESPOSTA VIROLÓGICA SUSTENTADA
E MORTALIDADE, DESCOMPENSAÇÃO DA CIRROSE E
CARCINOMA HEPATOCELULAR EM PACIENTES COM CIRROSE
POR HEPATITE C
Alexandre de Araujo, Ricardo Zwirtes, Hugo Cheinquer
Hospital de Clínicas de Porto Alegre; Universidade Federal do Rio
Grande do Sul
Introdução: o tratamento da hepatite C (HCV) em pacientes com
cirrose é um desafio e visa obter resposta virológica sustentada
(RVS). Poucos estudos avaliam seu impacto em desfechos clínicos
relevantes. Objetivos: comparar as taxas de mortalidade,
descompensação da cirrose e carcinoma hepatocelular (CHC) em
cirróticos com e sem RVS. Métodos: 221 pacientes com cirrose por
HCV submetidos a tratamento baseado em interferon foram incluídos
nessa coorte. RVS foi definida como RNA do HCV negativo 24 semanas
após o tratamento. Os desfechos aferidos foram mortalidade,
descompensação da cirrose e carcinoma hepatocelular. Resultados:
Os dados demográficos e clinico-laboratoriais são apresentados na
tabela 1. RVS ocorreu em 77 pacientes (35%), 15 (24%) com genótipo
1 e 42 (55%) com genótipos 2/3 (P=0,02). A taxa de mortalidade foi
15% (n=32), sendo 4% (n=3) no grupo com RVS e 21% (n=29) no
grupo sem RVS. Não ocorreram mortes durante o curso da terapia.
CHC ocorreu em 5 (6%) e 23 (16%) pacientes com e sem RVS,
respectivamente. Descompensação da cirrose ocorreu em 4 pacientes
(5%) com RVS versus 30 pacientes (34%) sem RVS. Conclusões:
pacientes com cirrose pelo HCV que atingem RVS têm menor
ocorrência de mortalidade, carcinoma hepatocelular e descompensação da cirrose.
149
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
nas semanas 4 e 12 de terapia tripla, respectivamente, com 82% de
eRVR. Cinco dos 28 (18%) não alcançaram RVR, sendo que 4 eram
respondedores nulos e 1 naïve HIV positivo, sendo 2 tratados com
Boceprevir e 3 com Telaprevir. Anemia grave (grau 3 ou 4) ocorreu
em 3/28 pacientes, sendo necessária redução de dose de ribavirina
em 14/28, uso de EPO em 4/28 e transfusão de sangue em apenas 1/
28 pacientes. Rash cutaneo ocorreu em 10/28, sendo a maioria (7/
10) de forma leve (grau 1) . Conclusões: Nesta análise interina de
pacientes tratados com terapia tríplice com IP chamou a atenção o
alto índice de RVR e de eRVR (82%), além da segurança e boa
tolerância do tratamento.
TL 388
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL EM HEPATOPATIAS NA INFÂNCIA
Figura 1: Sobrevida acumulada em pacientes com e sem RVS
Lucas Marques de Faria, Jazon Romilson de Souza Almeida, Tiago
Sevá Pereira, Carolina de Oliveira Santos, Tirzah Lopes, Priscila
Santana, Leticia Stahelin, Livia Pandolfi
UNICAMP
Figura 2: Incidência cumulativa de CHC em pacientes com e sem RVS
TL 387
ANÁLISE DA RESPOSTA VIROLÓGICA RÁPIDA E PRECOCE DO
TRATAMENTO DA HEPATITE CRÔNICA C COM O USO DE
INIBIDORES DE PROTEASE (IP) - EXPERIÊNCIA DE VIDA REAL DE
UMA CLÍNICA PRIVADA
Carlos Eduardo Brandão-Mello, Marcia Amendola-Pires, Claudio
Figueiredo-Mendes
Clinica de Doenças do Fígado - Rio de Janeiro
Introdução & Objetivo: O tratamento "padrão ouro" da hepatite
crônica pelo HCV genótipo 1 nos dias de hoje é a associação de pegIFN, ribavirina e inibidores de protease (IP). Os estudos de registro
mostraram taxas de RVS de 65 - 75% para os naïve e de 30-65%
para os experimentados. Desconhece-se a eficácia do tratamento
em pacientes tratados fora de estudos de registro (vida real). O
objetivo é avaliar a RVR e RVP do tratamento antiviral com o emprego
de IPs em pacientes atendidos numa clínica privada. Material e
Métodos: Pacientes com infecção crônica pelo HCV confirmado por
RT-PCR e estadiamento por biópsia ou testes não invasivos foram
tratados com telaprevir ou boceprevir, peg- interferon-alfa e ribavirina
(PR), de acordo com os guidelines nacionais e internacionais. HCVRNA foi avaliado no baseline, nas semanas 4, 12, 24, 48 e 72 de
tratamento. Resultados: 28 pacientes, sendo 19 do sexo masculino
(67%), com média de idade de 51 9.8 anos foram incluídos. 48%
apresentavam carga viral HCV-RNA ? 6.0 log UI/mL; 50% tinham fibrose
leve/moderada (F1/F2) e 50% fibrose avançada (F3) /cirrose (F4).
Quanto ao genótipo, 25 dos 28 apresentavam genótipo 1 (20-1b/ 51a) e 3 gen. 4; 35% eram naïve, 65% experimentados, sendo 8 nulos,
2 respondedores parciais e 8 recidivantes. Vinte e um foram tratados
com Telaprevir e 7 com Boceprevir. Um terço eram coinfectados com
o HIV. HCV-RNA indetectável (< 15 UI/L) foi alcançado em 82% e 89%
150
Introdução: A investigação quanto a etiologia em hepatopatias
crônicas na infância permanece como desafio até hoje. Existe na
literatura mundial diversas citações de casos inicialmente
diagnosticados como hepatite auto imune ,através de biópsias
hepáticas com histologia compatível que, na realidade ,demonstraramse posteriormente como Doença de Wilson. Consequentemente, houve
atraso no tratamento efetivo inicial para controle de tal patologia.
Objetivo: Relatar caso de paciente com Dça de Wilson inicialmente
diagnosticado e tratado como Hepatite Autoimune. Relato de caso:
BSF, 16 anos, iniciou em 2009 um quadro clínico inespecífico de dor
em hipocôndrio direito e sensação de dor e desconforto em membros
inferiores. Negava comorbidades previas ou quaisquer outras queixas.
Inicialmente exames laboratoriais em primeira avaliação de 2011
demonstravam AST:127/ALT:63/ Fosfatase Alcalina:1238 / GGT:107/
Bilirrubina total: 2,67 , além de RNI 1,68 e 63 mil plaquetas ao Hemograma.
Ultrassonografia abdominal ainda evidenciou sinais sugestivos de
hepatopatia crônica e Esplenomegalia. Demais exames: sorologias
para hepatites b,c e HIV normais, Alfa1- antitripsina normal, cobre
urinário normal. FAN normal; Eletroforese de Proteinas normal.
Relizada biópsia hepática 7/2011 que evidenciou: Hepatite Crônica
em fase de Cirrose com intensa atividade de interface. Hepatócitos
em pseudoroseta. Sugestiva de etiologia hepatite autoimune. Iniciouse terapia específica com Prednisona e Azatioprina sem melhora
clínica e laboratorial. Apresentou, então, no final de 2012 ,quadro de
dificuldade para deambular e para articulação de palavras. Aventada
possibilidade de quadro síndrômico compatível com Doença de Wilson,
iniciou-se nova investigação que demonstrou:: Ceruloplasmina: 0,02
; RNM crânio: lesão bilateral e simétrica de nucleo estriado com discreta
perda volumétrica associada. Comprometimento de tratos piramidais
e provável depósito metálico pálidas, compatível com doença de Wilson.
Avaliado pela equipe de neurologia que confirmou: Parkinsonismo +
Distonia. Na avaliação oftalmológica de 2013 foram visualizados os
anéis de Kayser-Fleisher. Foi Iniciada a terapia com D- Penicilamina.
Conclusão: Paciente com Doença de Wilson inicialmente
apresentando-se com quadro histológico compatível com Hepatite
auto imune, retardando tratamento específico necessário.
TL 389
EHNA: ALTA PREVALENCIA EM PACIENTES ENDOCRINOLÓGICOS
Maria Lucia Pedroso, Rodrigo Bremer Nones, Claudia Ivantes, Marielle
Malucelli
Hospital de Clínicas da UFPR
Introdução: A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é
uma doença muito prevalente a nível mundial e preocupante devido
poder apresentar-se como esteatohepatite não alcoólica (EHNA) e
Moderna Hepatologia – Vol 39 – Nº 2 – Jul/Dez – 2013
Temas livres/Abstracts – Posters
assim ter potencial para evoluir até cirrose e ou hepatocarcinoma. A
melhor forma de diagnosticar EHNA é através da biópsia hepática,
ainda que os critérios histológicos diagnósticos venham sendo
frequentemente rediscutidos. Existem alguns fatores de risco para
EHNA e evolução da fibrose, destacando-se a obesidade e o diabetes
melitus tipo 2 (DM). O objetivo deste trabalho foi avaliar o diagnóstico
de EHNA em serviços de hepatologia referenciados por
endocrinologistas para encaminhamento de pacientes com suspeita
de DHGNA. Materiais e Métodos: Avaliou-se 195 pacientes
assintomáticos, com diagnóstico de DHGNA, em dois serviços de
hepatologia, de uma mesma cidade, atendidos no período de março
de 2005 à janeiro de 2011. Todos foram convidados à realizar biópsia
hepática, independente da presença de alterações laboratoriais,
exceto aqueles que já apresentavam evidencias ecográficas de
cirrose. O diagnóstico histológico de EHNA foi realizado de acordo
com o guideline da American Association for the Study of Liver AASLD (2012) e comparado com a classificação de Kliener.
Resultados: Um total de 66 pacientes com DHGNA foram incluídos,
sendo que oito casos já tinham diagnóstico ecográfico de cirrose e
58 pacientes realizaram biópsia hepática. Entre este total de casos
com DHGNA: a) 64% eram do sexo feminino; b) idade média 55 (±9,6)
anos; c) índice de massa corpóreo médio 31 (±5,6); d) 31% eram
obesos; e) 65% eram diabéticos tipo II (DM); f) 36% dos casos eram
tanto diabéticos quanto obesos; g) 26% (17/66) apresentavam fibrose
avançada (METAVIR graus 3 e 4) sendo que 88% tinham DM e 41%
eram também obesos. O diagnóstico histológico de EHNA ocorreu em
51/58 (88%) dos casos, segundo as novas determinações da AASLD.
Se o diagnóstico tivesse sido realizado pela classificação de Kliener
7 casos não teriam sido diagnosticados. Entre os pacientes com
EHNA: a) 69% eram do sexo feminino; b) 63% eram obesos; c)63%
apresentavam DM d) 37% apresentavam obesidade e DM. Houveram
9/51 casos (18%) com fibrose avançada (METAVIR graus 3 e 4),
sendo que todos eram diabéticos e 5 eram também obesos.
Conclusão: Observou-se alta prevalência de casos de EHNA, com
alto percentual de casos com DM ou obesidade e uma associação
entre os casos com fibrose hepática avançada e DM.
TL 390
REAPARECIMENTO DO HBSAG EM INFECÇÃO OCULTA PELO
VÍRUS DA HEPATITE B APÓS SOROCONVERSÃO DO HIV EM
HOMEM QUE FAZ SEXO COM HOMEM
Reis-Zenatti, VL; Almeida, AJ; Hasselmann, B; Gola, TF; Sousa, PS; Ginuino,
CF; Fernandes, CAF; Moraes, SR; Lampe, E; Lewis-Ximenez, LL
Ambulatório de Hepatites Virais/ Laboratório de Referência Nacional
em Hepatites Virais/IOC, Fiocruz, Ministério da Saúde. Rio de
Janeiro. Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels, RJ
Introdução: A infecção pelo vírus da hepatite B (HBV) é um problema
de saúde pública mundial, com estimativas de 350 milhões de pessoas
infectadas em todo o planeta. Sua forma oculta é caracterizada pelo
HBV DNA detectável na ausência de HBsAg em indivíduos com ou
sem marcadores sorológicos de contato com o vírus. Dados da
literatura científica indicam que a imunossupressão, seja ela causada
por quimioterapia, imunomoduladores ou imunodeficiências, seja
neoplásica ou secundária ao HIV (vírus da imunodeficiência humana),
pode provocar a reativação viral. Objetivo: relatar o caso de
reaparecimento do HBsAg em indivíduo masculino com infecção oculta
pelo HBV, após soroconversão do anti-HIV. Relato de Caso: Homem
de 47 anos, inicialmente anti-HIV não reagente, com histórico de hepatite
B aguda iniciada em 2010, a qual evoluiu para infecção oculta do
vírus após 5 meses. Não havia concomitância do vírus da hepatite
Delta (HDV). Seu acompanhamento era feito de forma periódica, com
realização de sorologias para HBV e HIV, além de quantificação do
DNA viral através de exames moleculares, os quais se mostravam
ora positivos, em baixos valores, ora abaixo dos limites quantitativos
do método, embora detectáveis. Esse perfil de infecção oculta foi
observado até o 14º mês, quando em revisão rotineira, houve
Moderna Hepatologia – Vol. 39 – Nº 2 – Jul/Dez 2013
reaparecimento do HBsAg, sem atividade inflamatória, além da elevação
da carga viral (3.179 UI/mL, log 3,5) e da detecção de anti-HIV,
confirmado pelo Western Blot. Possuía em sua história socioepidemiológica, ser profissional do sexo e usuário de cocaína inalável
com uso de parafernália compartilhada, além da prática de felação sem
uso de preservativos e de se relacionar sexualmente com homens.
Desde então, iniciou acompanhamento conjunto com o infectologista.
Não houve recidiva clínica até o momento da elaboração desse relato.
Conclusão:Em pacientes com hepatite B oculta, o reaparecimento do
HBsAg deverá motivar a busca por alguma condição que leve ao
comprometimento do sistema imune, dentre eles a infecção pelo HIV.
TL 391
HEPATITE AGUDA GRAVE INDUZIDA PELA SÍNDROME DRESS
Suzana Silva Leal, Daniela Lima Dias Soares, Conceição Maria de
Oliveira Mendonça, Ana Luiza Cardoso Pinheiro, Victor Rossi Bastos,
Mariama Dantas Fagundes, André Castro Lyra
Hospital São Rafael
Introdução: A reação à droga com eosinofilia e sintomas sistêmicos
(DRESS) é uma reação de hipersensibilidade rara, potencialmente
fatal, que inclui erupção cutânea, anormalidades hematológicas
(eosinofilia, linfocitose atípica), linfadenopatia e envolvimento de órgãos
como fígado, rim e pulmão. O envolvimento hepático ocorre em 6080% dos casos, sendo na maioria das vezes uma hepatite
assintomática, leve e transitória. Comprometimento grave da função
hepática pode ocorrer, sendo responsável pela maioria das mortes e
havendo relatos da necessidade de transplante hepático de urgência.
Objetivo: Relatar o caso de um paciente com hepatite aguda grave
associada à síndrome DRESS. Relato de caso: Trata-se de um
paciente de 37 anos, negro, do sexo masculino, cursando com quadro
de febre, cefaleia, mialgia após 3 semanas do início do tratamento
para Hanseníase com Rifampicina, Daptomicina e Clorfazimina. O
paciente evoluiu com rash cutâneo eritematoso, seguido de dermatite
esfoliativa, icterícia, anasarca, ascite, derrame pleural e sonolência,
porém sem "flapping" ou outras evidências que sugerissem
encefalopatia hepática. Negava uso de drogas ilícitas, álcool ou
transfusão sanguínea. Exames complementares evidenciaram anemia,
leucograma inicialmente normal com posterior eosinofilia grave (2400/
mm3), níveis de transaminases cerca de 10X o limite superior da
normalidade (LSN), bilirrubinas que atingiram 40 mg/dL à custa da
fração conjugada, mantendo tempo de protrombina normal. Sorologias
para hepatites virais (HAV, HBV, HCV, EBV, HSV, CMV), bem como os
marcadores de doencas hepáticas autoimunes foram negativos. A
sorologia para leptospirose foi negativa. Os níveis de ceruloplasmina
estavam dentro da normalidade. Ultra-sonografia de abdome não
mostrou dilatação de vias biliares ou alteração da ecotextura hepática.
O paciente cursou ainda com insuficiência renal aguda com
necessidade de terapia de substituição renal. Após a retirada da
droga, o paciente apresentou melhora lenta, porém progressiva e
resolução total do quadro hepático e renal cerca de 30 dias depois.
Conclusão: O envolvimento hepático no curso da síndrome DRESS
é raro, no entanto, quando ocorre pode ser grave e até mesmo fatal,
sendo os níveis de transaminases e bilirrubinas importantes preditores
de gravidade e necessidade de transplante hepático. A suspeita
diagnóstica é de suma importância uma vez que a retirada da droga é
o tratamento mais efetivo.
TL 392
PREVALÊNCIA DE DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA EM JOVENS
UNIVERSITÁRIOS
Bruna Barbosa Oliveira, Janaina Goes do Nascimento, Alessandra
Rosset Carvalho, Tatiana Arrais Fortaleza, Cristina Melo Rocha
Universidade do Estado do Amazonas, Universidade Federal do
Amazonas, FAPEAM
151
XXII Congresso Brasileiro de Hepatologia
Introdução: A doença hepática gordurosa (DHG) pode ser causada
por uma variedade de insultos, tendo sido mais frequentemente
associada à síndrome metabólica e ao consumo de álcool. Objetivos:
investigar a prevalência de DHG em jovens universitários.
Metodologia: Um estudo transversal, descritivo, prospectivo e não
controlado realizado em universitários de até 40 anos de idade. O
projeto foi divulgado em cinco universidades públicas e privadas.
Foram excluídos sujeitos sabidamente portadores de hepatopatias.
Questionário auto-aplicado incluía dados sociais, uso de
medicamentos, comportamento relacionado à saúde, como consumo
de álcool, tabagismo e atividade física. Medidas antropométricas e
ultrassonografia abdominal foram realizadas. Resultados: Entre os
81 voluntários, 40,7% eram do gênero masculino e 59,3% do gênero
feminino, com idade média de 23 anos, oriundos de diversos cursos
de graduação, sendo da Med
Download