Inter-Risco já adquiriu 54 empresas de oito setores de atividade

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40 SEXTA-FEIRA, 23 DE MARÇO 2012
MERCADOS
EURODÓLAR (21.03) 1,3201
1,38% Var. Semana
Euro/Libra 21/Mar..... 0,8331
PETRÓLEO BRENT (23.03)124,1
Var Abs Sem....................-0,038
-0,66% Var. Semana
Var 2012........................... -0,177
Ouro 21/Mar.........1650,15
Euro/Iene 21/Mar.. 110,3650
Euribor 1Y 21/Mar..... 1,4640
Prata 21/Mar............32,23
Var Sem......................... -1,36%
Var 2012......................... -9,60%
Var Abs Sem....................-0,041
Var 2012...........................-0,040
Var Sem......................1,29%
Var 2012.................... 14,32%
Var Sem......................... -0,22%
Var 2012.......................... 0,34%
1,84% Var. 2012
EURIBOR 6M (21.0,) 1,270
-0,0041% Var. Semana
Euribor 3M 21/Mar.... 0,8240
0,097% Var. 2012
15,61% Var. 2012
Var Sem......................0,85%
Var 2012......................4,68%
COLABORAÇÃO: BANCO POPULAR
HOSPITAL VETERINÁRIO DO PORTO E 200 CLÍNICAS DENTÁRIAS SÃO AS ÚLTIMAS AQUISIÇÕES
Inter-Risco já adquiriu 54 empresas de oito setores de atividade
Desde 2007, a Inter-Risco já investiu cerca
de 28,5 milhões de euros na aquisição de
54 empresas, através de oito plataformas de
investimento e em oito setores de atividade,
revelou à “Vida Económica” Isabel Coelho,
‘partner’ da sociedade de capital de risco
participada pelo BPI. Neste momento,
explica a mesma responsável, “encontramonos a investir no Fundo Inter-Risco II, que
tem um período de investimento de quatro
anos, seguindo uma abordagem generalista,
embora com maior vocação para os setores
da ‘velha economia’, sobretudo indústria e
serviços”.
“O setor da saúde tem apresentado crescimentos sustentáveis na última década, fruto de diversas tendências demográficas, nomeadamente o envelhecimento da população,
bem como maior sensibilidade e preocupação das pessoas
com a medicina preventiva e o desenvolvimento significativo dos meios de diagnóstico”, realça Isabel Coelho à “Vida
Económica”. Isto, embora “em determinados segmentos
ainda encontremos mercados muito fragmentados com
graves lacunas ao nível da gestão”, pelo que uma entrada de
um operador de capital de risco “pode trazer ganhos de eficiência significativos e maior profissionalização da gestão”.
“Adotar mecanismos de pagamento faseado aos
vendedores dos ‘targets’ adquiridos”
TERESA SILVEIRA
[email protected]
Apesar de o setor da saúde ter sido definido como “um
dos alvos preferenciais de investimento da Inter-Risco para
os próximos anos”, no âmbito da estratégia de investimento
do seu último fundo – o Inter-Risco II –, a sociedade diz
que “não são de esperar novos investimentos” neste setor
proximamente, “a não ser oportunidades casuísticas que se
nos apresentem como muito interessantes”.
Recorde-se que a Inter-Risco, que já detém participações
em oito setores de atividade e em mais de 40 empresas, lançou um novo investimento no mercado da medicina veterinária com a aquisição do Hospital Veterinário do Porto.
Investimento esse que se seguiu à aquisição, ainda em curso,
de 200 clínicas dentárias em vários pontos do país.
Questionada pela “Vida Económica” sobre se tem sentido
abertura ao capital de risco, a ‘partner’ da Inter-Risco esclarece que “atualmente existe uma maior recetividade”, fruto
da “maior dificuldade em levantar por outras vias capital,
seja próprio ou dívida”, mas, também, devido ao “reconhecimento da necessidade de ganharem escala nos seus mercados e seguirem a via da internacionalização”.
A responsável da Inter-Risco frisa ainda que têm também
sido contactados por “empresas com necessidades de tesouraria de curto prazo ou em dificuldades financeiras, que carecem de um plano de reestruturação financeira”. No entanto, “estes não são segmentos de investimento preferencial
por parte do Fundo Inter-Risco II”, explica Isabel Coelho.
Questionada ainda sobre o financiamento das operações
e a origem do capital, a ‘partner’ da Inter-Risco assume que
“a atual conjuntura tem-se demonstrado mais adversa ao
levantamento de dívida”, nomeadamente para as operações
que partem de veículos de investimento ‘vazios’ e que vão
sucessivamente adquirindo empresas e ganhando dimensão,
pois “são de difícil financiamento por parte dos bancos”. A
Isabel Coelho, ‘partner’ da Inter-Risco.
alternativa é, pois, “adotar mecanismos de pagamento faseado do preço aos vendedores dos ‘targets’ adquiridos” ou
“procurado co-investidores que aportem não só capital mas,
também, ‘expertise’ setorial”.
Recorde-se que os fundos da Inter-Risco têm origem nacional e internacional e entre os seus investidores contam-se
o BPI, ‘sponsor’ dos fundos, o Fundo Europeu de Investimentos, através da Portuguese Venture Capital Initiative, a
Fundação Calouste Gulbenkian e um conjunto de empresários e empresas nacionais.
RICARDO ARROJA
Especulação
Pedro Arroja Gestão de Patrimónios, SA e docente no
Instituto de Estudos Superiores Financeiros e Fiscais (IESF)
Disparidades regionais
Na semana passada, ilustrei aqui as
disparidades regionais de riqueza média
entre as diversas regiões que, para efeitos
estatísticos, constituem o território nacional.
E a conclusão observada foi a seguinte:
as regiões Norte e Centro, aquelas que
apresentam as leituras mais baixas no PIB
“per capita”, são também aquelas que mais
contribuem para as nossas exportações
globais de bens. Pelo contrário, é a região
de Lisboa que mais contribui para o nosso
défice global na balança de bens. Proponho,
então, que continuemos nesta avenida de
análise.
É sabido que o País vive uma época de
ajustamento, na qual existem duas variáveis
críticas. Primeiro, a aposta estratégica nas
exportações, como principal âncora de
retoma económica, nomeadamente no sector
dos transaccionáveis, ou seja, sobretudo no
comércio internacional de bens. Segundo, a
necessidade de uma desvalorização salarial,
a fim de reposicionar a competitividade
internacional da economia portuguesa.
Deixo de fora, propositadamente, a variável
associada à produtividade – tema ao qual
dediquei recentemente alguns artigos – pela
simples razão de que se trata de uma área
na qual serão necessários muitos anos até se
atingirem os ajustamentos pretendidos. Ora,
a aposta no crescimento das exportações
e a desvalorização salarial são propostas
intimamente interligadas. É básico: dado
que o aumento da produtividade para as
leituras médias da União Europeia não será
imediato (nem sequer atingível no médio
prazo), serão os sectores e as regiões mais
competitivas na relação de custos que mais
farão pela recuperação económica de Portugal.
Neste sentido, existem duas regiões onde a
redução nominal dos factores competitivos
(incluindo os salários) mais necessária será:
Lisboa e o Algarve. No Algarve, a elevada taxa
de desemprego (quase 18%, a mais alta do
País) é talvez a mais evidente manifestação
dessa convergência para a média nacional.
E em Lisboa o principal sinal é a redução
dos salários na Administração Pública e
no Sector Empresarial do Estado, que
têm maior expressão na região da capital.
Porém, sobretudo na capital, dificilmente
observaremos as reduções nominais
necessárias e a razão é essencialmente
histórica.
Convido, portanto, os leitores a comparar
as disparidades regionais de hoje com aquelas
observadas há cerca de vinte anos. Ora, há
vinte anos, no início da década de 90, um
outro Arroja também cá andava a analisar
estes mesmos dados, tendo então concluído
que “no nosso País somente os habitantes da
região de Lisboa e Vale do Tejo possuem um
rendimento “per capita” superior à média
nacional” (Pedro Arroja, “Disparidades
regionais”, Jornal de Notícias, 21 de Março
de 1992). Ou seja, no espaço de vinte anos
pouco mudou. Os Arrojas cá continuam,
o Norte e o Centro já então eram mais
industrializados e, quanto às diferenças, há
hoje apenas mais uma região (o Algarve)
que excede a média nacional, sendo que ao
mesmo tempo se observou um agravamento
das assimetrias entre as regiões mais pobres
e Lisboa. Assim, em 1991, o Norte exibia
um PIB per capita que representava 66%
do PIB per capita de Lisboa. E hoje, quase
vinte anos depois, a mesma leitura relativa
ao Norte exibe apenas 56% da riqueza
média por habitante de Lisboa. Mais, entre
as restantes regiões continentais, também a
posição relativa do Alentejo e do Centro se
deteriorou face à capital.
Em suma, está confirmado que a tradição
centralizadora do País se manteve e que
a adesão ao euro beneficiou o sector dos
não transaccionáveis, largamente sediados
em Lisboa, contribuindo também,
através da redução das taxas de juro
exigidas à República, para o crescimento
do sector público. Pelo contrário, as
regiões tendencialmente exportadoras,
tendencialmente industrializadas, perderam
em toda a linha. É certo que, agora, com a
reanimação das exportações – uma tendência
que, apesar de tudo, me parece frágil –,
estas mesmas regiões ganharam estímulo,
porém, continuam muito pobres face à
média nacional, coisa que sucede de forma
aparentemente injustificável. “Lisboa é
Lisboa e o resto é paisagem” é uma imagem
que encontra reflexo nestes números do PIB
per capita e a razão está na inexistência de
um sistema fiscal verdadeiramente equitativo.
Ou seja, os impostos cobrados em todo o
País deveriam ser centralizados nas Finanças
e, posteriormente, redistribuídos em função
destas assimetrias regionais medidas pelo PIB
“per capita”. Mas, enfim, este já é um tema
para uma próxima crónica…
POR INDICAÇÃO DO AUTOR, ESTE ARTIGO NÃO
SEGUE AINDA O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO
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