ID: 34641967 23-03-2011 Tiragem: 46948 Pág: 24 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 17,31 x 32,87 cm² Âmbito: Informação Geral Empresa liderada por Afonso de Barros vai captar fundos na Europa Corte: 1 de 1 ENRIC VIVES-RUBIO Inter-Risco compra 80 clínicas dentárias e entra na área da saúde Cristina Ferreira e Luís Villalobos Empresa de capital de risco nacional quer chegar às 150 unidades, numa fase em que se prepara para angariar fundos no mercado europeu a A Inter-Risco, empresa de capital de risco portuguesa, criou recentemente a 32 Senses (referindo-se ao número de dentes), para investir no negócio da medicina dentária. Conforme revelou ao PÚBLICO Afonso de Barros, managing partner e um dos seus accionistas (ver caixa), “já está em curso a compra de cerca de 80 clínicas dentárias”, tendo como objectivo deter perto de 150 unidades. Ao todo, prevê-se que o investimento ronde os 100 milhões de euros, valor repartido com outras entidades. A empresa, através do fundo Inter-Risco II, ficará com a maioria do capital da 32 Senses. De modo a reforçar a capacidade financeira deste fundo, a Inter-Risco vai iniciar em Maio uma ronda de reuniões junto de investidores europeus (como fundos de pensões), em países como França, Suíça, Finlândia, Alemanha e Reino Unido, para levantar 50 milhões de euros que serão aplicados em PME nacionais. Actualmente, o Inter-Risco II é composto por 75 milhões de euros, mas o objectivo é chegar aos 150 milhões de euros até Novembro deste ano. Para isso, além da captação de capital europeu, Afonso de Barros conta ainda reforçar o fundo com mais 25 milhões de euros já em Abril, incluindo 10 milhões da linha Compete, do IAPMEI. Lançado em Novembro de 2010, o Inter-Risco II tem no seu portefólio o investimento na Frissul, ligada à logística e uma das maiores empresas de armazéns de frio do país. Neste momento, segundo Afonso de Barros, está a ser negociada a aquisição de outra empresa do sector. Consolidar e vender A estratégia aplicada às clínicas dentárias e ao negócio da indústria do frio faz parte do perfil da empresa: detectar uma área de negócios fragmentada e com potencial, consolidar e ganhar escala para reduzir custos, e tentar vender, preferencialmente a multinacionais, com o objectivo de ganhar uma margem de 30 por cento. Um processo que decorre num período ideal entre quatro e cinco anos, mas que pode estender-se até sete anos. De acordo com Afonso de Barros, a Inter-Risco opera muitas vezes em sectores onde há muitas pequenas empresas e “onde ninguém quer arregaçar as mangas e investir”. Foi essa a ideia que esteve na base de vários investimentos, ligados a outro fundo da empresa, denominado de Caravela, como a MasterTest (hoje a terceira maior de centros de inspecções de veículos), a NewCoffe (dona de marcas como a Bogani, Caféeira e Lavazza), a Moneris (segunda maior nos serviços de apoio à gestão, como contabilidade, reunindo 22 sociedades e com a perspectiva de comprar mais duas), a Sotkon (líder ibérica de produção e colocação de contentores para resíduos sólidos urbanos, já internacionalizada) e a Serlima (quinta maior de serviços de limpeza em Portugal, tendo os hotéis como grandes clientes). O responsável da Inter-Risco afirmou que está prestes a vender duas das empresas onde investiu, embora não tinha dito quais são. Gestores controlam maioria do capital BPI, que fundou a empresa, desceu para 49 por cento Em Novembro do ano passado, o BPI, que criou a Inter-Risco em 1988, passou a deter apenas 49 por cento do capital da empresa. Afonso de Barros, então administrador executivo, associado a quatro gestores, ficou com os outros 51 por cento. Assim, explica Afonso de Barros (que preside à Associação Portuguesa de Capital de Risco), a empresa ganhou independência e uma maior capacidade para reunir fundos, nomeadamente junto de outras entidades financeiras. A Inter-Risco ficou com o fundo Caravela, lançado em 2003, e que investiu em diversas sociedades durante quatro anos, preparandose agora para alienar vários dos negócios. Dentro do BPI ficaram outros activos, como o investimento feito na HäagenDazs (gelados) em Portugal. No caso do novo fundo, o InterRisco II, este conta com capital dos responsáveis da empresa, do BPI, do Banco Europeu de Investimento (via PVCI) e da Fundação Gulbenkian.