1 Embrapa Hortaliças II Encontro Nacional do Agronegócio Pimentas (Capsicum spp.) Produção de Pimenta Malagueta (Capsicum frutescens) em Minas Gerais Cleide Maria Ferreira Pinto Engenheiro Agrônomo Pesquisadora Embrapa/Epamig Centro Tecnológico da Zona da Mata. Vila Gianetti, casa 46, Campus da UFV Cep: 36570-000. Viçosa, MG. Fone: 0xx31-3899-5223 [email protected] Minas Gerais é o segundo estado mais populoso do país, com 19,2 milhões de habitantes que se distribuem por 853 municípios. A estrutura econômica do Estado é bastante influenciada pelo setor industrial, responsável por 35,5% do PIB de Minas Gerais, enquanto a agropecuária contribui com cerca de 11,3% e o setor de serviços, com 53,2%. As cidades mineiras estão distribuídas em 10 mesorregiões: Central, Zona da Mata, Centro-Oeste de Minas, Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro, Noroeste, Norte, Jequitinhonha e Mucuri, Rio Doce, Sul de Minas. O clima predominante de Minas é o Tropical de Altitude. A Mesorregião da Zona da Mata (ZMMG) (localizada a sudeste do estado de Minas Gerais) situa-se junto à divisa dos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. É formada por 143 municípios agrupados em sete microrregiões, destacandose Juiz de Fora, Manhuaçu, Viçosa, Muriaé, Ubá, Cataguases, Ponte Nova, Leopoldina, Santos Dumont, Visconde do Rio Branco, São João Nepomuceno, Carangola e Além Paraíba. As altitudes variam de 1.889 m, na região mais montanhosa, até valores em torno dos 100 m, nos vales do Rio Pomba e Paraíba Sul. Em decorrência dessas altitudes, o clima tropical é quente, de verões com médias térmicas mensais em torno de 25oC, mas tem temperaturas reduzidas em algumas áreas, sobretudo naquelas superiores a 1.000 m. O cultivo da pimenta Malagueta em Minas Gerais, apresenta grande importância, quer por suas características de rentabilidade, principalmente quando o produtor agrega valor ao produto (conservas e molhos), bem como sua importância 2 social, pois trata-se de uma cultura que utiliza elevada quantidade de mão-de-obra, caracterizando-se tipicamente como agricultura familiar. As principais áreas produtoras de pimenta no estado estão concentradas nas mesorregiões da Zona da Mata, Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro. Na Zona da Mata (ZMMG), maior produtora, cultiva-se, quase exclusivamente, a Malagueta. Em 2005, cultivou-se 70,8 ha com produção de 436 t e, em 2006, a área foi de 30,5 ha com produção de 180,5 t. No Alto Paranaíba, em 2005, a área foi de 9,4 ha com 162,5 t e em 2006, de 26,8 ha com 294,8 t. No Triângulo Mineiro, em 2005, a área foi de 16,5 ha com produção de 93 t e em 2006, de 47 ha com produção de 883 t. Os municípios com maiores produções de pimenta das três mesorregioes, segundo dados fornecidos pela EMATER-MG, são apresentados nos Quadros 1, 2 e 3. Em 2005, foram comercializadas, nas Ceasas de Minas Gerais, 232 t de pimenta, ao preço médio de R$ 3,00/kg. Deste total, menos de 1% foram provenientes do Estado de São Paulo e o restante dos municípios mineiros, como Mateus Leme (58,6%), Igarapé (18,4%), Guape (8,2%) e Santo Antônio do Monte (3,5%). A maior parte da comercialização ocorreu nos meses de novembro, dezembro e janeiro (14,5%, 13,1%, e 11,7%) respectivamente. Quadro 1. Principais municípios produtores de pimenta na Zona da Mata de Minas Gerais nos anos de 2005 e 2006. 2006 2005 Municípios Área (ha) Produção (t) Área (ha) Produção (t) Guarani 50 300 20 120 Mercês 5 30 2 12 Silverânia 3 24 1 8 Oratórios 2 24 1,5 15 Tabuleiro 3 15 1,5 7,5 Rio Pomba 3 12 1 4 3 Quadro 2. Principais municípios produtores de pimenta no Alto Paranaíba nos anos de 2005 e 2006. 2005 2006 Municípios Área (ha) Produção (t) Área (ha) Produção (t) Guimarânia - - 8 160 Monte Carmelo 5 60 10 60 Estrela do Sul 5 40 - - Araxá 4 40 3 30 Patos de Minas 7 21 - - Lagoa Formosa 0,3 1,5 0,8 4,8 Quadro 3. Principais municípios produtores de pimenta no Triângulo Mineiro nos anos de 2005 e 2006. 2005 2006 Municípios Área (ha) Produção (t) Área (ha) Produção (t) Campo Florido 6,5 23 3 9 Itapagipe 2 12 9,5 57 Ituiutuba 5 40 4 24 Uberaba - - 30,5 793 Veríssimo 3 18 - - Assim como no país, em Minas Gerais e principalmente, na Zona da Mata, existe demanda considerável por parte dos produtores por informações em todas as fases do sistema de produção de pimenta. Também é crescente a demanda por informações de comercialização e de mercado. Caracteristicas da Malagueta: As plantas são arbustivas, com 0,9 a 1,2 m de altura e bastante ramificadas. Os frutos muito picantes são, geralmente, filiformes com 1,5 a 3 cm de comprimento e 0,4 a 0,5 cm de largura. São de coloração verde quando imaturos, passando diretamente para a coloração vermelha quando maduros. Geralmente, existem dois a cinco frutos por inserção. A colheita inicia-se aos 110-120 dias após a semeadura. 4 Épocas de Plantio, Escolha da Área e Preparo do Solo: A época comum para o plantio é de setembro a novembro, entretanto, nas regiões que apresentam inverno ameno, principalmente aquelas de altitude inferior a 400 m, a semeadura pode ser feita o ano todo. As áreas preferidas para o plantio são de meia-encosta, de declividade pequena, por serem bem drenadas, e os solos os de textura média. O plantio é realizado em covas ou em sulcos. Produção de Mudas, Transplante e Espaçamento: A produção de mudas, na sua grande maioria, é feita em sacos plásticos tipo produção de mudas de café com seis meses e copos plástico (tipo para água) com mistura de solo e esterco (3:1) ou, ainda, em canteiro. Poucos produtores realizam a semeadura em bandejas de isopor com substrato comercial, em ambiente protegido, o que evita a entrada de insetos vetores transmissores de viroses. Na Epamig-CTZM foram avaliados a formação de mudas em copos descartáveis de 200 ml em bandejas de isopor de 128 células com volume de 24,5 cm3 com substrato comercial, mistura do substrato com vermiculita (2:1) e húmus. Mudas produzidas em canteiro a céu aberto constituíram a testemunha. As mudas produzidas em copo plástico (independente do substrato) e em canteiros apresentaram-se com maior altura, número de folhas, diâmetro do caule, comprimento da raiz principal e peso da matéria seca da parte aérea. Em copos plástico, a adição de vermiculita ao substrato proporcionou melhor desenvolvimento de raízes em relação ao substrato puro. Aos 30 dias após o transplantio, mudas produzidas em bandeja com substrato comercial e em copos plástico com húmus apresentaram desenvolvimento semelhante, porém superiores às produzidas em bandejas com mistura de substrato e vermiculita e aquelas de canteiro. No plantio, os espaçamentos mais utilizados variam de 1,2 a 1,5 m entre fileiras por 0,70 a 1,0 m entre plantas. Calagem e Adubação: A maioria dos produtores de pimenta, principalmente na Zona da Mata, não faz a calagem e análise química do solo. Em contrapartida, nota-se o costume de aplicar adubações deficientes ou pesadas adubações minerais em áreas excessivamente ácidas, comprometendo o bom aproveitamento dos nutrientes 5 fornecidos, o desenvolvimento das plantas e onerando o custo de produção. Adicionalmente, são aplicados diversos adubos foliares contendo nitrogênio o que tem causado grandes desequilíbrios nutricionais na cultura. A recomendação é a de fazer análise química do solo antes do plantio, e se necessário a calagem para elevar a saturação de bases a 70%, ou para reduzir a saturação de alumínio a 5% e elevar o teor de Ca+Mg a 3 cmol/dm3. A adubação de plantio deve ser feita como segue: 20 t/ha de esterco bovino ou 5 t/ha de esterco de galinha, 60 kg/ha de N; 180, 240 e 300 kg/ha de P2O5 e 120, 180 e 240 kg/ha de K2O para os níveis alto, médio e baixo de P e K no solo, respectivamente. Em cobertura, aplicam-se de cada vez 60 kg/ha de N, nas seguintes épocas: 1a) florescimento; 2a) na maturação dos primeiros frutos; 3a) aos 30 a 45 dias da maturação dos primeiros frutos; 4a) aos 30 a 45 dias da terceira aplicação, podendo esta última ser suprimida, se as plantas apresentarem bom desenvolvimento e ausência de amarelecimento das folhas mais velhas. Junto com a primeira adubação nitrogênio, aplica-se 50 kg/ha de K2O. Na cultura da pimenta Malagueta, no município de Oratórios (ZMMG), foram avaliadas, as combinações de duas doses de N no plantio mais cobertura (30+90 kg/ha) e (60+180 kg/ha), duas de P2O5 no plantio (120 e 240 kg/ha) e; duas doses de K2O no plantio mais cobertura (60+25 kg/ha) e (120+50 kg/ha) nas densidades de 6.667 plantas/ha e de 10.417 plantas/ha. A aplicação de N (30+90 kg/ha) proporcionou, nas duas populações de plantas, produção média de 11.537 kg/ha, já com o dobro da dose de N foi de 26,3% superior, o que corresponde a uma diferença na renda bruta de cerca de R$12.000,00. A produção média dos tratamentos que receberam 120 kg/ha de P2O5 foi de 13.152 kg/ha. O dobro desta dose proporcionou acréscimo de 5,7% na produção de frutos. Com relação a potássio, a aplicação do dobro da dose proporcionou decréscimo de 10% na produção de frutos em relação a produção média de 14.154 kg/ha proporcionada pela dose de 60+25 kg/ha de K2O. A resposta negativa ao potássio se deve provavelmente, ao seu teor no solo considerado bom (131 mg/dm3). Irrigação: A arpersão convencional é o sistema mais utilizado, mas também são utilizadas irrigações por sulco. Entretanto, a irrigação da pimenteira, frequentemente, é realizada de forma empírica e ineficiente. 6 Manejo de Plantas Daninhas: A capina é o método mais utilizado. Como não há registro de herbicidas para a pimenteira, muitos agricultores utilizam, erroneamente, produtos recomendados para outras culturas. Em estudo, na Epamig, com o objetivo de dar subsídio ao estudo de seletividade de herbicidas à pimenta malagueta, constatou-se que Trifluralin (2,0 L/ha) e Metolachlor (2,5 L/ha) foram seletivos quando incorporados ao substrato, antes do plantio das mudas. Os graminicidas Fluazifop-p-butil (1,5 L/ha) e Sethoxydim (1,0 L/ha) também não causaram intoxicação às mudas de pimenta quando aplicados em pós-emergência, 30 dias após transplante das mudas de pimenta (30 DAT). Apesar do potencial de uso na cultura da pimenta, tais herbicidas só podem ser recomendados após a extensão de uso pelo Ministério da Agricultura. Como alternativa para o manejo de plantas daninhas e adubação da cultura, avaliou-se, na Epamig, a produtividade da pimenta malagueta consorciada com os adubos verdes crotalária (Crotalaria breviflora Roth), lab-lab (Dolichus lablab), mucuna-anã (Stizolobium deeringianum Bort.), puerária (Pueraria phaseoloide Hoxb.) e calopogônio (Calopogonium mucunoides L.), sem adubação mineral de cobertura. Os adubos verdes de ciclo anual foram cortados 110 DAT e semeados, novamente, 20 dias depois nas mesmas parcelas. Já os adubos verdes de ciclo perene foram apenas manejados de forma a não invadir as linhas de plantio da pimenta. Puerária e lab-lab proporcionaram a maior e a menor produção de frutos de pimenta, 608 e 241 g/planta em seis colheitas, respectivamente. Além de proporcionar boa cobertura do solo, o que dificulta a emergência de plantas daninhas, diminuindo ou eliminando a necessidade de capinas, a puerária suporta bem o pisoteio por ocasião das colheitas. O manejo das plantas daninhas por meio da ceifa ou roçada é especialmente interessante em cultivos orgânicos, pois mantém a diversidade da vegetação, um dos preceitos da agricultura orgânica. Foi avaliado o desenvolvimento da planta de pimenta malagueta em sistema orgânico de cultivo, no qual realizou-se a ceifa periódica das plantas daninhas, mantidas em faixas de cobertura do solo nas entrelinhas de plantio nas seguintes porcentagens: 0% (testemunha mantida no limpo), 25%, 50%, 75% e 100% de cobertura da entrelinha. Aos 68 DAT, não havia diferença entre tratamentos quanto à altura de plantas, ao diâmetro da copa no sentido da linha de plantio e ao diâmetro da copa transversal à linha de plantio, mas 7 aos 208 DAT, a maior média para essas características foi do tratamento mantido com 0% de cobertura, que também apresentou a maior produtividade: 7.326 kg/ha de frutos enquanto a média geral de produtividade no experimento foi de 3.726 kg/ha. Apesar da queda na produtividade, há que se considerar na análise do resultado, a economia de mão-de-obra com capina e os benefícios proporcionados pelas plantas daninhas em termos de cobertura do solo e de abrigo para inimigos naturais de pragas da pimenta, uma vez que não foi utilizado qualquer tipo de defensivo sintético no experimento, aspecto importante no sistema orgânico de cultivo. Pragas e Estratégias de Controle: As principais pragas da pimenta em Minas Gerais são: o ácaro branco Polyphagotarsonemus latus; o pulgão verde Myzus persicae Shulzer; o pulgão do algodoeiro Aphis gossypii Glover; o pulgão das solanáceas Macrosiphum euphorbiae (Thomas); a mosca branca Bemisia tabaci (Genn.); a broca do ponteiro; a broca do fruto da pimenta Gnorimoschema barsaniella e a mosca do pimentão (Neosilba sp). Dentre as estratégias de controle dessas pragas, destacam-se projetos em controle biológico e uso de produtos alternativos. O controle biológico natural das pragas da pimenta é realizado por diversas espécies de inimigos naturais. Diversas espécies de ácaros predadores são encontradas na cultura da pimenta, sendo Amblyseius herbicolus (Chant) uma das mais abundantes na ZMMG e com alta capacidade de consumo de P. Latus. Os predadores Cycloneda sanguinea L., Eriopis connexa, Chrysoperla externa (Hagen) Ceraeochrysa cubana (Hagen) e sirfídeos também têm sido encontrados com freqüência em plantações de pimenta da ZMMG. Dentre os parasitóides mais importantes associados aos pulgões, estão Aphidius colemani Viereck e Lysiphlebus testaceipes. Dentre as práticas que visam a manutenção e aumento dos inimigos naturais no agroecossistema da pimenta, está a diversificação da vegetação nos plantios, através da utilização de espécies fornecedoras de alimento alternativo (ex. crotalária). Ressalta-se que ao se diversificar o plantio, devem ser escolhidas plantas que não hospedem as mesmas pragas da pimenta ou que não ofereçam ambiente que favoreça o seu desenvolvimento. Na ZMMG, foram testados adubos verdes para a diversificação dos plantios de pimenta malagueta. O calopogônio 8 (Calopogonium mucunoides) foi a única espécie que proporcionou aumento na porcentagem de frutos danificados pela broca do fruto da pimenta (G. barsaniella) e pela mosca (Neosilba sp.) Dentre os produtos alternativos, o extrato de semente de nim (NeemAzalTM T/S que contém 10 g/L de azadiractina) teve efeito inseticida sobre o pulgão M. persicae. Foi observado, em laboratório, alta mortalidade de adultos e ninfas do pulgão em plantas previamente pulverizadas com 0,5% e 1% do extrato. O extrato aquoso de sementes de nim causou alta mortalidade de ninfas de A. gossypii e reduziu a sobrevivência e a fecundidade dos adultos do pulgão. Para o ácaro branco P. latus, doses crescentes do extrato de semente de nim (NeemAzalTM T/S) provocaram redução da taxa instantânea de crescimento populacional, sendo que valores negativos foram obtidos quando a concentração do produto foi acima de 0,13 g de azadiractina por litro, significando que a população está se extinguindo. A calda sulfocálcica a 0,3% foi eficiente em reduzir, em laboratório, a população de P. latus em plantas de pimenta malagueta. Concentrações muito altas da calda devem ser evitadas devido aos problemas de fitotoxicidade e ao efeito adverso sobre os ácaros predadores. A calda Viçosa foi eficiente na redução populacional de P. latus tanto no laboratório como no campo quando pulverizada sobre plantas de pimenta malagueta. No controle químico, os poucos produtos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o controle de pragas da pimenta são o Carbaryl (para controle de Lagarta-rosca, tripes, vaquinhas e percevejos), Enxofre (para ácaro-branco e ácaro vermelho) e Pirimicarb (para controle de pulgões). Doenças: As doenças relatadas na cultura da pimenta em Minas Gerais, são a murcha de fitófitora (murcha ou requeima), a cercosporiose (mancha de cercospora), o oídio, a mancha aveludada e as viroses. Num trabalho conjunto UFV-EPAMIG, 20 isolados de potyvírus obtidos de plantas de pimenta e pimentão em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, foram classificados como PVY com base em propriedades biológicas e sorológicas. Entretanto, segundo o seqüenciamento da região codificadora da proteína capsidial, seis isolados foram identificados como PepYMV. Segundo os 9 resultados, o PepYMV está disseminado nos campos de produção de Minas Gerais, e é possível que o potyvírus predominante em pimenta possa ser, atualmente, o PepYMV. Os sintomas causados na plantas pelo PVY e PepYMV são idênticos, e incluem encrespamento das folhas, desenvolvimento de mosaico com tonalidade verde-amarelado, redução geral do tamanho da planta e dos frutos e deformação dos frutos. Como as informações sobre a ocorrência, importância e epidemiologia de doenças de pimenta são escassas no Brasil, comumente as recomendações de controle são genéricas ou embasadas em informações registradas para a cultura de pimentão. Colheita: A colheita de frutos maduros são realizadas manualmente, iniciando-se quatro meses após a semeadura e prolongando-se por seis meses. Os frutos são armazenados em recipientes plásticos de 200 L, denominadas “bombonas”, ou mais comum, atualmente, em garrafas PET de dois litros, ambos contendo salmoura a 10% (m/v). Comercialização: É comum a atuação de intermediários na aquisição de pimenta malagueta dos pequenos produtores, na forma in natura, diretamente nas propriedades. Esses intermediários envasam com marca própria ou a revendem para empacotadores. Grande número de pequenos processadores familiares ou de pequeno porte fazem conservas de pimentas em garrafas de vidro e comercializam diretamente para consumidores em feiras-livres, mercados de beira de estrada, pequenos estabelecimentos comerciais e atacadistas. Comercialização de Pimenta no Ceasa-MG A Ceasa Minas, ao longo da última década (1996 a 2005), comercializou, anualmente, 200.000 kg de pimenta, em média. O maior volume (320.000 kg) foi comercializado em 1996. Por outro lado, o menor volume comercializado (aproximadamente 127.000 kg) ocorreu em 2002. Observando-se a distribuição do volume comercializado ao longo do ano (Gráfico 1), verificam-se uma oferta sazonal desse produto, sendo os menores volumes comercializados durante os meses de 10 julho, agosto e setembro. Os meses de maior oferta são novembro e dezembro quando, em média são comercializadas 28.000 kg. Nos demais meses do ano o volume comercializado situa-se em torno de 16.000 kg. Gráfico 1 – Quantidades Médias Mensais* de Pimentas "in natura" Comercializadas na Central de Abastecimento de Belo Horizonte, no período de 1996 a 2005. Em valores corrigidos, na mesma década (1996 a 2005), em termos de médias anuais, o preço ficou abaixo de R$1,00/kg de pimenta apenas nos anos de 1999, 2000 e 2002. Os maiores preços ocorreram nos anos de 1996, 1997 e 2004, quando as médias ficaram em torno de R$1,60/kg. Como resposta à sazonalidade de oferta, a evolução dos preços médios ao longo do ano apresenta variação bastante acentuada, com média, em novembro, da ordem de R$ 0,70/kg de pimenta. Em alguns anos, esse valor mínimo chegou a menos de R$ 0,50/kg do produto (Gráfico 2). Já os valores máximos ao longo do ano ocorrem, em média, em maio e junho, entressafra para algumas variedades mais comercializadas. 11 Gráfico 2 – Média Mensal dos Preços Médios Corrigidos* de Pimenta "in natura" na Central de Abastecimento de Belo Horizonte, no período de 1996 a 2005. Considerações Finais A busca por informações sobre a cultura da pimenta, tanto técnicas quanto de comercialização do produto ainda, é frequente, não só por produtores rurais e, principalmente, por pessoas que pensam em investir no agronegócio pimenta, na forma de produto com valor agregado, mas também por técnicos, pesquisadores e empresários. É muito difícil conhecer a realidade da comercialização das pimentas por meio das informações disponíveis nas centrais atacadistas, principalmente considerandose que grande parte da venda é realizada diretamente entre o produtor e o varejista e, desta forma, não é computado nas estatísticas. Referências WWW. ceasaminas.gov.br. Acesso em: 6-10 nov. 2006 PIMENTA. In: RELATÓRIO de Saída e Acompanhamento de Safra. Belo Horizonte:EMATER-MG. 2005-2006. PINTO, C.M.F.; SALGADO, L.T.; LIMA, P.C.; PICANÇO, M.; PAULA Jr., T.J.; MOURA, W.M.; BROMMONSCHENKEL, S.H. A cultura da pimenta (Capsicum sp.). Boletim Técnico, 56. 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