V Congresso Estadual de Iniciação Científica e Tecnológicado IF Goiano IF Goiano- Campus Iporá 21 a 23 de setembro de 2016 MELHORAMENTO GENÉTICO DE PIMENTAS MALAGUETA (Capsicum frutescens). SILVA, Mateus Muriel Ferreira da1; VALE, Luis Sérgio Rodrigues2 1 Estudante de Iniciação Científica – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Ceres - GO. [email protected]; 2Orientador – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Ceres - GO. [email protected]. RESUMO: A pimenta malagueta (capsicum frutescens) pertence à família das solanaceae e ao gênero capsicum, que inclui mais de 20 espécies de pimentas. A pimenta malagueta destaca-se por apresentar coloração avermelhada e elevada pungência, características responsáveis pelo elevado consumo. Objetivou – se neste trabalho obter genótipos de pimenta malagueta adaptadas às condições edafoclimáticas de Ceres. Para condução deste trabalho, selecionou-se 9 acessos de pimenta malagueta. As plantas foram conduzidas em casa de vegetação. Para obtenção de sementes, as flores foram protegidas com papel alumínio, de forma que ocorra autopolinização. Foi utilizado o método SSD (“single seed descent”), ou seja, descendente de uma única semente para avançar as gerações. Após completarem a maturação os frutos foram colhidos e as sementes extraídas e iniciará o próximo ciclo de melhoramento. Obteve-se na terceira geração ou ciclo de autopolinização um genótipo de pimenta malagueta com 87,5% de homozigose. Palavras-chave:Pimenta, germoplasma, autopolinização. INTRODUÇÃO As espécies de pimentas e pimentões do gênero Capsicum são originárias das Américas e já eram consumidas há mais de 7.000 anos no México. No Estado de Goiás, a pimenta ocupa posição de destaque, sendo a Ceasa de Goiânia a única central de abastecimento do país a discriminar todos os tipos de pimenta e fazer as cotações separadamente (RIBEIRO, 2008). Nos últimos anos a área cultivada com pimenta aumentou de forma significativa, principalmente em pequenas propriedades, envolvendo os diversos tipos de pimenta. Em assentamentos rurais no Estado o SEBRAE vem acompanhando e incentivando a expansão da cultura em vários municípios, entre estes, destacam-se: Itaberaí, Goiás, Minaçu, Abadiânia, Nerópolis e Itapuranga. Acredita-se que existam cerca de 30 espécies no gênero Capsicum, mas apenas cinco são domesticadas e quatro destas ocorrem no Brasil. As demais são semi-domesticadas ou silvestres (REIFSCHNEIDER ET AL., 1998). Uma das maiores características desse gênero é alta variabilidade em termos de tipo de frutos, cor, forma, tamanho e intensidade da picância (BLAT, 2004). Boa parte dessas espécies faz parte do patrimônio genético da biodiversidade do Brasil. Visando o crescimento do agronegócio são necessários avanços científicos e tecnológicos que permitam além do aumento da produtividade o desenvolvimento de novas cultivares, afim de fornecer materiais que atendam o mercado nacional quanto internacional (FERRAZ, 2012). O melhoramento genético de plantas de modo geral, objetiva-se identificar e selecionar genótipos superiores, quando em produção, visando obter o que se denomina ideótipo de planta (BUENO et. al. 2006). Os programas públicos de melhoramento do gênero Capsicum no Brasil se concentram na EMBRAPA Hortaliças e obtiveram êxito na obtenção de materiais genéticos que contemplam as exigências dos consumidores e produtores. Todavia, genótipos especificamente adaptados às condições da região Centro e Norte de Goiás ainda não foram desenvolvidos. O objetivo deste trabalho foi a obtenção de genótipos de pimentas adaptados às condições edafoclimáticas do Centro em Norte de Goiás a partir da seleção e melhoramento de acessos de pimenta do Banco de Germoplasma do IF Goiano – Campus Ceres. MATERIAL E MÉTODOS O projeto foi realizado no Setor experimental do Instituto Federal Goiano – Campus Ceres,GO, no período de Fevereiro a Agosto de 2016. O Banco de Germoplasma da instituição tem 319 acessos, dos 1 V Congresso Estadual de Iniciação Científica e Tecnológicado IF Goiano IF Goiano- Campus Iporá 21 a 23 de setembro de 2016 quais 174 foram caracterizados utilizando alguns descritores propostos pelo Biodiversity International (IPGRI, 1995). Para o terceiro ciclo foi selecionado um acesso do grupo malagueta para o programa de melhoramento genético. Os materiais de terceiro ciclo foram cultivados em casa de vegetação. A semeadura realizada em bandejas de isopor de 128 células contendo substrato comercial PlantmaxR e uma semente por célula. Quando as mudas atingiram entre 10 e 15 cm de altura e 4 a 6 folhas foram transplantadas para vasos com capacidade de 10,0 L e transferidas para casa de vegetação. Para a adubação de cobertura a cada 30 dias, foi aplicado o produto comercial BasacotR a base de micronutrientes, fazendo em cada vaso uma abertura e aplicando 5 g do produto por planta e, consequentemente fechando a abertura para que o produto não se volatilizasse, e a cada 15 dias foi aplicado adubo foliar comercial Biofertplus, fazendo a diluição de 5 mL para 1 litro de água. As plantas quando atingiram a floração, foram selecionadas flores e antes da sua abertura foram feitas a proteção das mesmas com papel para impedir a polinização cruzada, que possibilitara continuidade do método SSD, como mostra na Figura 1e 2. Depois desta fase os frutos identificados foram colhidos quando maduros e suas sementes extraídas. Dessas, uma será utilizada para o ciclo posterior de seleção e as restantes guardadas no banco de germoplasma (BAG) do IF Goiano - Campus Ceres. RESULTADOS E DISCUSSÃO As plantas de pimenta malagueta estavam todas com grau de homozigose de 87,5% na terceira geração ou ciclo de autopolinização. De acordo com Gardner (1987), a primeira geração de autopolinização de plantas heterozigotas (Dd) a proporção genética será de 1DD: 2Dd: 1dd ou em termos de fração ¼ DD: ½ Dd: ¼ dd ou ainda em porcentagem a proporção será de 50% de homozigose e 50% de heterozigose. Já na segunda geração apenas 25% da carga genética será heterozigota e 75% homozigota, seguindo essa progressão a quinta geração será de 96,87 % de homozigose e apenas 3,13% heterozigose. CONCLUSÃO Foi possível obter um genótipo de pimenta tipo malagueta com 87,5% de homozigose na terceira geração. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BLAT, S. F. Herança da reação de Capsicum ao oídio (Leveillula taurica), Tese Doutorado. ESALQ, Piracicaba, 2004, 153. BUENO, L. C. S., MENDES, A. N. G., CARVALHO, S. P., Melhoramento Genético de Plantas, Princípios e Procedimentos 2ª Edição. Editora UFLA, 2006. REIFSCHNEIDER, F. J. B.; RIBERIO, C. S.; In: LOPES, C. A. Pepper Production And Breeding In Brazil, And A Word On Eggplants - Present Situation And Prospects. CAPSICUM AND EGGPLANT NEWSLETTER, v. 17, p. 13-18, 1998. Figura 1 – Seleção da flor da pimenta RIBEIRO, C. S. C. Pimentas: Capsicum. Brasília: Embrapa Hortaliças, 2008. 200 p. Figura 2 – Cobertura das Flores 2