Expansão chinesa através de investimentos no exterior Vinhos de Bordeus, que até recentemente eram considerados um tesouro nacional da França, estão sendo gradualmente comprados por milionários chineses. Nos últimos quatro anos, empresários ricos de Pequim, Xangai e Hong Kong já compraram 50 vinhedos na região. E agora, a exportação anual de vinhos de Bordeus para o mercado chinês aumentou para 10% da produção total. Mas os chineses na França, um país de gosto requintado, estão interessados não só em vinho. Eles se interessam em carros caros, compram imóveis, compram joias maciçamente. Nos últimos anos, o mercado chinês de gemas se tornou o maior do mundo, o que não é surpreendente dado que a China lidera em número de milionários. Mas por trás da predileção dos chineses por artigos de luxo estão outros projetos de investimento no exterior, de maior escala. Recentemente, o governo da China simplificou o processo de saída das empresas chinesas para mercados externos, e agora companhias chinesas participam tanto em pequenos projetos de investimento como em grandes fusões e aquisições. Dado que a economia dos EUA e da União Europeia ainda não se recuperou para níveis de 2007 e empresas necessitam apoio financeiro, há bastantes exemplos de tais negócios. Assim, em 10 de janeiro de 2014, a empresa chinesa Synutra começou a construção de uma fábrica de produção de fórmulas de leite na província francesa da Bretanha. O volume de investimento no projeto foi de 100 milhões de euros. E em 09 de janeiro, a companhia de seguros chinesa Fosun International Limited ganhou o concurso para a aquisição de 80% da divisão de seguros do banco português Caixa Geral de Depósitos no valor de 1 bilhão de euros. É claro que, para um país onde vivem 20% da população mundial e responsável por mais de 10% do PIB global, investimentos estrangeiros que não chegam a 3% do total mundial são insignificantes, segundo diz um relatório recente do Ministério do Comércio da China. Mas é importante notar que em 2012, o volume de investimentos diretos da China no exterior foi de 87,8 bilhões de dólares, o que é 33 vezes mais do que em 2002 (2,7 bilhões de dólares). Andrei Ostrovsky, vicediretor do Instituto de Estudos do Oriente Extremo da Academia de Ciências russa, explica: “As empresas chinesas investem na economia dos EUA e da União Europeia a fim de obterem equipamentos técnicos modernos e acesso aos mais recentes know-how. Em seguida, tudo isso vai ser usado na China. Os chineses estão focados em primeiro lugar no mercado interno. Sua missão é construir uma “sociedade de pequena prosperidade”. E vinho e joias são coisas “secundárias”. Milionários chineses simplesmente querem participar na vida no exterior. O principal interesse da China não são os países da Europa e América mas os países da ASEAN, a Coreia do Sul e o Japão. Como diz o provérbio chinês, “um vizinho próximo é melhor do que um parente distante.” Entretanto, a economia chinesa, que se está desenvolvendo dinamicamente, está disposta a ir ao fim do mundo em busca de energia, da qual tem uma forte escassez. Na UE e nos EUA quase não há petróleo e gás. Por isso as empresas de energia chinesas estão se voltando para a África, o Oriente Médio e América Latina, onde desenvolvem projetos conjuntos. A esta categoria de cooperação econômica, desde o início da década de 2000, pertence também a Rússia. Andrei Ostrovsky observa: “A China importa uma média de 260 milhões de toneladas de petróleo por ano. Destas, 40 milhões de toneladas são importadas da Arábia Saudita, e 35 milhões – de Angola. A China está também cooperando ativamente com o Sudão e a Nigéria na área da energia.” A China têm um tipo especial de parceria com a África. Normalmente, a China dá aos países africanos empréstimos que os governos desses países utilizam para o desenvolvimento de infraestrutura com a participação de empresas de construção chinesas. E estes empréstimos são reembolsados por fornecimentos de recursos naturais à China. Segundo alguns especialistas, nos últimos anos a China tornouse a maior fonte bilateral de investimentos diretos anuais para 54 estados africanos. Nesses países estão trabalhando mais de 2.000 investidores chineses. Fonte: Voz da Rússia