Agenda China: o marco inicial do aprofundamento das relações comerciais sino-brasileiras As relações comerciais com os países integrantes do grupo denominado BRICs – Rússia, índia e China – são consideradas estratégicas para o Brasil. Dentro desse grupo, a chinesa é uma economia que chama a atenção dos brasileiros não só pelo desempenho do fluxo comercial registrado nos últimos anos – entre 2000 e 2007, a corrente de comércio entre os dois países cresceu 912,9%, saindo de US$ 2,3 bilhões para US$ 23,3 bilhões – mas também pelo fato de a China ser hoje a quarta economia mundial e com grandes chances de ocupar a terceira colocação ainda em 2008. Ao se mencionar a China, deve-se, inicialmente, levar em consideração a forma acelerada com que aquele país inseriu-se no contexto internacional nos últimos anos. Hoje situa-se entre as maiores economias do mundo. Seus governantes têm uma visão permanente, de longo prazo, e entendem que esse contexto é na verdade a recuperação do importante papel da China no cenário internacional. A relação da China com o Brasil ganhou relevância ao longo dos anos de forma muito significativa, em todas as dimensões, não apenas na visível e evidente dimensão econômico-comercial, mas também na visão política e na dimensão estratégica. O comércio bilateral começa a ter papel cada vez mais relevância nas relações bilaterais. A China tem uma demanda, de longo prazo, pelas ofertas naturais brasileiras, tanto na área de energia como de produtos primários. Destes segmentos o Brasil detém uma tecnologia desenvolvida internamente, com expressivo valor agregado. Entretanto, nosso potencial natural, ao lado de nossas vantagens comparativas, deve ser aproveitado sem prejuízo da inserção de outros segmentos igualmente sofisticados tecnologicamente e por ora ainda pouco conhecidos pelo consumidor chinês. Nossa competitividade deve ser maximizada e o Brasil pode ser muito sofisticado tendo como base uma economia de exportação aliada a uma capacidade de inovação sistêmica muito mais dinâmica que a atual. De qualquer maneira, esse é um outro elemento presente na relação da China com o Brasil. É outro elemento que nos faz acreditar piamente que é uma relação que precisa ser trabalhada e que necessita de uma estratégia mais coesa, para a qual a participação do setor produtivo é absolutamente indispensável. Pensando na importância da China para a balança comercial brasileira, o governo Federal desenvolveu um documento denominado “Agenda China: Ações Positivas para as Relações Econômico-Comerciais Sino-Brasileiras”, que foi oficialmente lançado no dia 3 de julho, durante um evento na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A Agenda China foi produzida sob a coordenação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), em parceria com os ministérios das Relações Exteriores (MRE) e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e com a participação da iniciativa privada. O Documento visa o fortalecimento das relações comerciais entre os dois países e estabelece metas para até 2010 como o aumento do fluxo comercial entre os dois países e a atração de mais investimentos chineses para o Brasil. Para a confecção do documento, foi feito um trabalho denso e profundo de inteligência comercial para identificar, na pauta exportadora brasileira, setores e produtos com grande potencial no mercado chinês em curto, médio e longo prazo. Esse estudo identificou e classificou 619 produtos como prioritários para o Brasil no mercado chinês. Em 2007, esses produtos representaram 67% do total das importações chinesas, cuja pauta total somou 5.637 produtos. A estratégia prevê ações coordenadas voltadas para resultados efetivos e de reflexo favorável não apenas na balança comercial, mas também no fluxo de investimentos. Além das ações específicas de incremento do fluxo comercial com o parceiro asiático, a Agenda China apresenta medidas pontuais para ampliar a atração de investimentos chineses para o Brasil, principalmente, em áreas de infra-estrutura e logística. O governo brasileiro trabalha para que o país se consolide entre os grandes atores do comércio global. E, para tanto, é fundamental reconhecer que a China se estabelece como principal motor do crescimento da economia mundial.