Indicadores de sustentabilidade: Integração de qualidade de vida e proteção ambiental Texto de: Roger Levettt O texto de Levett levanta a questão do uso de indicadores de desenvolvimento sustentável, suas limitações e a real adequação à finalidade que esses indicadores apresentam. Para Levett, um indicador de desenvolvimento deve estar relacionado com os outros indicadores dentro do mesmo contexto, pois um indicador isolado, muitas vezes pode ser alvo de distorção política, que beneficia interesses particulares e não da sociedade em geral. A política deve se basear nos indicadores para ser eficaz, porém é necessário que esses indicadores consigam ser interpretados sem ambigüidade. Para que possamos desenvolver medidas eficientes, precisamos compreender melhor os fatores com que estamos preocupados, porém os indicadores podem oferecer diferentes abordagens, ou seja, podem refletir visões diferentes proveniente de pessoas com diferente enfoque de preocupações referentes a sustentabilidade. Outro ponto discutido por Levett é a relação entre objetivos econômicos, ambientais e sociais no desenvolvimento sustentável em geral. Para entender melhor, o autor apresenta dois modelos de indicadores de sustentabilidade, o modelo três anéis e o modelo boneca russa. O modelo três anéis relaciona o desenvolvimento sustentável com objetivos sociais, ambientais e econômicos de forma interligada, porém é não é possível colocar o meio ambiente ao mesmo patamar que a economia e os objetivos sociais, pois o ambiente é um pré-requisito para os outros dois. Outro ponto que enfraquece essa teoria é que a economia não é uma força da natureza e sim uma construção social que só é viável se atender as necessidades das pessoas. Analisando dessa forma, o formato “Bonecas Russas” faz mais sentido, por propor que a sustentabilidade consiste em garantir que a sociedade viva dentro dos limites do meio ambiente e que a economia atenda às necessidades da sociedade, porém é muito difícil medir qualquer um destes modelos apresentados. Mesmo analisando fatores que parecem ser conceitualmente claros como os limites ambientais, visto que é possível mensurar a capacidade da atmosfera de assimilar gases de efeito estufa ou o esgotamento de recursos não-renováveis, é difícil mensurar como o comportamento social de cada povo interfere nesse limite. Trabalhos como Amigos da Terra e Pegada Ecológica tentam estimar taxas máximas de consumo de recursos não renováveis, porém ambos os trabalhos deixam dúvidas por possuírem dados inconsistentes ou pela ausência de alguns dados. Já a mensuração da qualidade de vida, é ainda mais difícil de ser obtida. Por ser um fator subjetivo, nem sempre os indicadores conseguem avaliar de forma a refletir as preferências das pessoas. Muitas vezes são usados pelos políticos indicadores relacionados à renda per capita como fator relacionado ao bem-estar social. Segundo Levett, o PIB é um indicador econômico tão indireto que se relacionado à qualidade de vida não consegue ter nenhum significado. Para se obter indicadores no modelo Bonecas Russas, deve-se sempre pensar no equilíbrio entre uma boa qualidade de vida e os limites ambientais. Os políticos podem tomar decisões inteligentes e integradas se focarem esse equilíbrio. Levett conclui seu trabalho observando a dificuldade de se colocar o meio ambiente acima dos objetivos econômicos e sociais quando se trata de política e de melhorar os indicadores de sustentabilidade buscando objetivar o equilíbrio entre boa qualidade de vida e limites ambientais. Resenha de Andrea Soares Paes de Menezes, mestranda em desenvolvimento sustentável e qualidade de vida.