O LÚDICO COMO POSSIBILIDADE PARA A APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS DIAGNOSTICADAS COM TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE (TDAH) Nisia Camargo Caetano Di Nizo 1 - UENP Eduardo Alberto as Silva2 - PUCSP Grupo de Trabalho - Educação da Infância Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo O presente artigo foi realizado no âmbito de uma pesquisa empírica. O tema escolhido para este trabalho denomina-se: “O lúdico como possibilidade para a aprendizagem de crianças diagnosticadas com Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade”. O trabalho apresentou os problemas de aprendizagem diante das dificuldades mais conhecidas atualmente como: TDAH – Tipo desatento, TDAH – Tipo Hiperativo/Impulsivo e TDAH – Tipo Combinado – no entanto a criança hiperativa na escola exige uma atenção especial por parte do professor, sendo necessária uma didática pedagógica voltada para as necessidades especiais do hiperativo. É preciso reconhecer a doença para buscar as atividades lúdicas que possam ajudar no tratamento e na aprendizagem desses alunos. Foram analisadas nessa pesquisa as estratégias utilizadas para potencializar a possibilidade de aprendizagem do aluno diagnosticado com o transtorno e, depois de uma intervenção, analisados os resultados dessa intervenção. Foi realizada uma pesquisa em sala de aula do ensino fundamenta I de um colégio do norte do Estado do Paraná, o foco para investigação foi um aluno de 7 anos com diagnostico de TDAH, frequentador do primeiro ano do ensino fundamental em processo de alfabetização e letramento. Foram relatadas as intervenções lúdicas potencializadas da aprendizagem desse aluno bem como os seus resultados. Na sequencia foi realizada uma analise qualitativa desse material onde os pesquisadores emitiram algumas considerações finais sobre o trabalho da pesquisa. Como resultados da intervenção percebeu-se aumento no rendimento do aluno com uma possibilidade maior de concentração e assimilação dos conteúdos após utilização de estratégias pedagógicas utilizando de recursos lúdicos e estimuladores da criatividade. Palavras-chave: Atividades lúdicas. Déficit de atenção. Processos de aprendizagem. 1 Acadêmica em Pedagogia: Faculdade Educacional da Lapa. Professora Ensino Fundamental. Participante do Grupo de Pesquisa Criatividade e Ludicidade (Crilu). E-mail: [email protected]. 2 Mestre em Psicologia: Psicologia da saúde da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Professor Colaborador na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Doutorando em Educação: Psicologia da Educação da Pontifícia Universidade Católica (PUCSP). Membro do Grupo de Pesquisa Criatividade e ludicidade (Crilu). E-mail: [email protected]. ISSN 2176-1396 16602 Introdução Além da pesquisa em vasto material bibliográfico, o presente artigo é também um relato de experiência com um aluno diagnosticado por um médico neurologista como TDAH. O trabalho avaliativo e interventivo utilizou o lúdico, como enfoque interdisciplinar. O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é, basicamente, neurológico, caracterizado pela desatenção/falta de concentração, agitação (hiperatividade) e impulsividade. Estas características podem levar o portador a ter dificuldades emocionais, de relacionamento, decorrendo então baixos níveis de autoestima, além do mau desempenho escolar. Ao psicopedagogo cabe uma intervenção educativa ampla e consistente no processo de desenvolvimento do paciente, mas acaba sendo de fundamental importância a função dos educadores de variar a metodologia utilizada, preparando uma aula mais dinâmica para que os educandos tenham sua atenção disparada se envolvam com a aula e como consequência aprendam o conteúdo. Ao aplicar este tipo de metodologia, proporcionamos aos alunos uma motivação com o brincar e ao mesmo tempo o querer aprender. O mencionado relato de experiência aponta às intervenções lúdicas e observa com atenção todas as dificuldades de aprendizagem, valorizando a intervenção através da aplicação de jogos, atividades e brincadeiras, podendo potencializar a aprendizagem e a criatividade do aluno com TDAH. O objetivo é o de oferecer maiores referenciais avaliativos e reflexões sobre o assunto para professores, psicopedagogos e familiares. O relato de experiência selecionado para este artigo apresenta alguns dados significativos sobre a importância das intervenções lúdicas, por meio de jogos, atividades e brincadeiras. Assim, pretende dentro deste contexto analisar a importância das práticas lúdicas pedagógicas, aplicadas pelos professores, na aprendizagem e no comportamento das crianças com Hiperatividade e Déficit de atenção, podendo ser um instrumento de auxílio aos profissionais que vão lidar com o portador de TDAH, indicando métodos eficazes pelo compartilhamento das experiências e conhecimentos adquiridos. Objetivos da pesquisa Objetivo geral Apresentar, as possibilidades de utilização de recursos lúdicos para potencializar o processo de aprendizagem do aluno com TDAH. Objetivos específicos - Conceituar o Lúdico; 16603 - Apresentar os termos usuais sobre o TDAH; - Verificar a possibilidade de uma intervenção utilizando o lúdico dentro de um contexto pedagógico englobando o TDAH; Justificativa O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um dos temas de maior relevância no campo educacional e da saúde nos últimos anos. Segundo Bertoldi (2010) esse déficit é o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados como os neurologistas e psicopedagogos. Recentes pesquisas demonstraram que, em mais da metade dos casos, o transtorno acompanha o individuo na vida adulta. O TDAH é definido a partir de quatro principais características que são a hiperatividade, a instabilidade de atenção (ou concentração) agitação e a impulsividade. No âmbito da sala de aula, no que diz respeito ao ensino aprendizagem desses indivíduos, é válido buscar estratégias alternativas para que os mesmos permitam o desenvolvimento de práticas pedagógicas de intervenções pós-diagnósticos TDAH. Diante do contexto, essa pesquisa justifica-se por ser um tema de grande importância no contexto educacional, o qual mostra o TDAH e suas práticas pedagógicas como sendo um caminho que permitirá uma aprendizagem exploratória e investigativa. Para a academia esse trabalho, trará na sua efetivação uma colaboração teórica para os casos envolvendo a aprendizagem de crianças com TDAH. TDA/H: Conceito e Causas De acordo com Passos (2010) o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade TDA/H é uma disfunção neurobiológica e crônica que acompanha a pessoa por toda a vida por ter causa e predominância genética. Trata-se de uma condição que afeta crianças, jovens e adultos, conforme descrição do DSM IV – Manual Diagnóstico e estatístico de Transtornos Mentais (2005). É um transtorno que se caracteriza por problemas de atenção, hiperatividade e impulsividade (PASSOS, 2010). Para Albano et al., (2012, p. 55 apud GOROSTEGUI, 2006) o TDA/H se constitui como sendo o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade um dos mais importantes 16604 transtornos do desenvolvimento dentre os problemas que afetam as crianças em suas relações com seus meios familiar, escolar e social, ou seja, é um transtorno que faz com que o indivíduo não cumpra o papel esperado frequentemente, além do que transtorna a ordem, altera a forma de organização estabelecida e acaba por acarretar problemas para o meio que está inserido e para si próprio. Dentro do contexto, Barkley (2008, p. 36) menciona o transtorno TDA/H como sendo: [...] o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade ou TDA/H, é um transtorno de desenvolvimento do controle que consiste em problemas com os períodos de atenção, com o controle do impulso e com o nível de atividade. Esses problemas são refletidos em prejuízos na vontade da criança ou em sua capacidade de controlar seu próprio comportamento relativo a passagem de tempo em ter em mente futuros objetivos e consequências (BARKLEY, 2008, p. 36). Dessa forma, o TDA/H torna-se um obstáculo para o individuo, pois o portador desse transtorno não consegue dirigir sua atenção por muito tempo para uma determinada atividade, bem como pode apresentar impulsos descontrolados que podem prejudicar sua conduta perante os demais. Mattos (2007, p. 11) conceitua o TDA/H de uma maneira de fácil entendimento, onde leigos e estudiosos compreendem a pessoa com TDA/H: [...] como a que tem dificuldade em manter a atenção. É comum dizer que vivem no mundo da lua, isto é, estão sempre pensando em outra coisa [...] na maioria dos casos, essas pessoas também são inquietas, não permanecem paradas nem sossegadas por muito tempo e detestam coisas monótonas e repetitivas, além de serem impulsivas no seu dia a dia (MATTOS, 2007, p. 11). De acordo com o autor, as pessoas diagnosticadas com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade vivem trocando de interesse e são totalmente inquietas, ainda sim, são indivíduos que em raros casos levam as coisas que estão fazendo até a conclusão, pois as mesmas têm total dificuldade de concentração e vivem trocando de interesses. No que diz respeito as causas, Bertoldi (2010 apud SILVA, 2009, p. 176) menciona que ao longo da história várias foram as causas atribuídas ao TDA/H. Atualmente de acordo com muitas pesquisas e estudos, sabe-se que o déficit de atenção deriva de um funcionamento alterado nos neurotransmissores (dopamina) (quantitativa e/ou qualitativa no interior dos sistemas cerebrais) que são responsáveis pelas funções da atenção, impulsividade e atividade física e mental no comportamento humano. 16605 Não se trata de lesões como se pensava antigamente, mas sim de uma disfunção. O cérebro da pessoa com TDA/H não difere em nada do cérebro de uma pessoa sem o déficit (BERTOLDI, 2010). Silva (2009) ainda ressalta que outra causa bastante estudada são os fatores genéticos, os quais segundo pesquisas esses fatores desempenham um importante papel na gênese do TDA/H. Bertoldi (2010) menciona outras causas, sendo ele, os fatores ambientais (externos), esse fator desempenha um papel fundamental na etiologia do TDA/H, também são encontrados inúmeros estudos associando o transtorno a complicações durante a gravidez e no parto. Tipos de TDA/H A hiperatividade era considerada há tempos atrás, como sendo a característica mais marcante da Hiperatividade e Déficit de Atenção. No entanto, foram diagnosticados, diferentes tipos como: TDAH – Tipo desatento, TDAH – Tipo Hiperativo/Impulsivo e TDAH – Tipo Combinado. Transtorno de Déficit de Atenção, apresenta dificuldades em prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, tem dificuldade para manter a atenção em tarefas e/ou atividades lúdica, parece não ouvir quando lhe dirigem a palavra, tem dificuldade em seguir instruções, não termina seus deveres escolares, tem dificuldade para organizar tarefas e atividades, com frequência evita ou reluta em envolver-se em tarefas que exijam um esforço mental continuado (como tarefas escolares ou deveres de casa), com frequência perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (brinquedos, livros, lápis ou outros materiais de trabalho), distrai-se com facilidade, apresenta esquecimento em atividades diárias (um tempo curto de memória). Esses alunos tanto na escola como em casa, na maioria das vezes não conseguem terminar seus deveres, e também não conseguem acompanhar o que ocorre em sala de aula. Mas, sua falta de atenção pode não ser percebida, já que é um aluno cooperativo e quieto. As crianças portadoras de TDA do Tipo Desatento são vistas simplesmente como lentas no aprendizado, a despeito do fato de a maioria ter inteligência média ou acima da média. Seus esquecimentos e sua desorganização, no entanto são vistos como sinais de capacidade intelectual limitada e não como sinais de TDA. (PHELAN, 2005, p. 38) 16606 O Transtorno Hiperativo/Impulsivo apresenta inquietação, mexendo as mãos e os pés ou se remexendo na cadeira, dificuldade em permanecer sentado, corre sem destino ou sobe nas coisas excessivamente, tem dificuldade em concentrar-se numa atividade silenciosamente, fala excessivamente, responde as perguntas antes de elas serem formuladas, apresenta muita agitação e tem dificuldade em esperar sua vez. Apresentam dificuldade em concluir tarefas sequenciais, maior número de repetência escolar, agitação motora, dificuldade de controlar os impulsos, inquietação, atividade excessiva. (BARKLEY, 2008) Hiperatividade significa inquietação motora excessiva e agressiva, não apenas espasmos de nervosismo. (PHELAN, 2005) Transtorno de Hiperatividade Tipo Combinado é caracterizado pela pessoa que apresenta os dois tipos desatento e hiperativo / impulsivo, que apresentam um maior comprometimento nas funções executivas, um grande número de erros em atividades que necessitam de maior atenção, concentração e organização. “Por causa de sua dificuldade com regras e com o autocontrole, a criança com TDA do Tipo Combinado é muitas vezes uma significativa força negativa na sala de aula”. (PHELAN, 2005, p. 35) De acordo com o psiquiatra Ênio Roberto de Andrade, a hiperatividade só fica clara no período escolar, quando é necessário aumentar o nível de concentração para aprender. "O diagnóstico clínico deve ser feito com base no histórico da criança". Por isso, a observação de pais e professores é fundamental. (Andrade, 2000). Conceituando o lúdico A palavra lúdica origina do latim ludus que significa jogos infantis ou recreação. As brincadeiras permitem às crianças divertirem-se enquanto, ao mesmo tempo, aprendem sobre um determinado assunto. Na maioria das vezes os brinquedos ou brincadeiras ajudam no desenvolvimento da vida social da criança, em especial aquelas usadas em jogos lúdicos. Os jogos e brincadeiras são fundamentais para o desenvolvimento e a educação da criança, por facilitar o desenvolvimento simbólico, estimular a sua imaginação, a sua capacidade de raciocínio e sua autoestima. (PIAGET, 1998). As brincadeiras permitem que a criança liberte a tensão, frustração, insegurança e até mesmo a agressividade, medo e a confusão, sem que a criança perceba que tem todos esses sentimentos. 16607 A intervenção do brinquedo leva à descoberta, à experimentação e à reinvenção. A criança, em contato com o brinquedo, desenvolve a imaginação, mas também desenvolve a capacidade de análise, de comparação e de criação. Desenvolvendo, habilidades que enriquece seu mundo interior, participando do mundo real. O brinquedo, em sua simplicidade, é capaz de prover de recursos para a vida da criança que necessita de um processamento mais ordenado para seu desenvolvimento. A realidade do mundo dos adultos deve ser suavizada para o universo infantil e o brinquedo cumpre esta tarefa e o brinquedo cumpre esta tarefa. A socialização se faz completa quando pode a criança experimentar no jogo e no brinquedo suas reações, aprendendo a se conhecer. (Vygotsky e Leontiev, 1988) entendem que as atividades lúdicas não se ligam unicamente ao prazer, pois a imaginação e as regras são características que servem para definir a brincadeira, mesmo que a lógica estabelecida pela situação do jogo não seja formal. A criança demonstra ser capaz de conhecer e resolver os problemas impostos pela vida, precisamente, por já ter experimentado o conhecimento e solução de problemas, seja criando ou invertendo regras durante o jogo. Leontiev entende que na atividade lúdica a criança desenvolve sua habilidade de sujeitar-se a certas regras, pois, "dominar as regras significa dominar seu próprio comportamento, aprendendo a controlá-lo, aprendendo a subordiná-lo a um propósito definido" (Leontiev, 1988: 139). Processos de aprendizagem com crianças com TDA/H Neste processo de aprendizagem é preciso que os professores conheçam um pouco sobre o TDAH, para não criarem barreiras em relação ao aluno ou dar uma maior atenção a quem possui o transtorno. Para trabalhar com essas crianças o ideal seria turmas pequenas, sentar próximo ao quadro e ao professor, sala com poucos detalhes que possam dispersar a atenção, permissão especial para ter mais tempo de fazer as tarefas sem punições, desta forma podendo contribuir para o desenvolvimento desse aluno. É fundamental um ambiente de aprendizagem adequado, durante as aulas os professores devem controlar, estimular e motivar as aprendizagens, as tarefas devem ser curtas e bem definidas, pedir à criança que fale o que está a fazendo para que isso aumente assim a sua atenção, supervisão mais frequente das tarefas. Dar informação suficiente às crianças para que ela possa compreender a atividade, registrar a evolução e/ou dificuldades da criança, preparar atividades de modo que a criança 16608 possa se isolar das outras quando necessário e programar atividades onde a criança possa se expressar corporalmente. Utilizando o lúdico: jogos, brinquedos e brincadeiras De acordo com Costa (2005) a palavra lúdico vem do latim ludus e significa jogos ou recreações. Neste brincar segundo Rau (2007) estão incluídos os jogos, os brinquedos e as brincadeiras, a qual remete-se a palavra relativa também à conduta daquele que jogam, que brincam e que divertem. Valle (2011) menciona que Winnicott (1975), Piaget (1978), Vygotsky (1991) e Huizinga (1992) caracterizam as atividades lúdicas como sendo experiências culturais que possibilitam maior compreensão do mundo. Segundo Valle (2011) os jogos e as brincadeiras no contexto bibliográfico é muito antigo, para o autor, o seu conceito e concepções mudam de acordo com a época. Ou seja, a cada tempo histórico, a construção social dos jogos, brinquedos e brincadeiras foi se formando. Assim, o conceito atual volta-se ao divertimento, o qual significa um aprendizado voltado ao lúdico (VALLE, 2011; OLIVEIRA, 2007). Valle (2011) ressalta que o conceito de jogo relaciona-se ao teor brincadeira, ao divertimento. Sobre o etimológico de Jogo o autor relaciona a palavra “jacu”, que é decrescente da palavra gracejo (VALLE, 2011). Araujo (1992, p. 64) conceitua o jogo como sendo “uma atividade espontânea e desinteressada, admitindo uma regra livremente escolhida que deve ser observada, ou um obstáculo deliberadamente estabelecido, que deve ser superado”, ou seja, o jogo ao mesmo tempo que pressupõe liberdade de ação, necessita ter finalidade para vencer os obstáculos que se interpõem no contexto pedagógico. Por sua vez, o jogo segundo Rau (2007), oportuniza a aprendizagem do sujeito e o seu desenvolvimento, nesse contexto, o lúdico proporciona o aprender pelo jogo e, logo, o aprende brincando. Rau (2007, p. 33 apud KISHIMOTO, 1997) menciona que o significado atual de jogo na educação divide-se em duas funções, as quais seguem: [...] a primeira seria a função lúdica do jogo, a qual expressa na ideia de que sua vivência propicia a diversão, o prazer, quando escolhido voluntariamente pela criança, a segunda seria a função educativa, quando a prática do jogo leva o sujeito a desenvolver seu saber e seus conhecimentos, com apreensão de mundo. 16609 Para Rau (2007 apud Kishimoto 1997) o equilíbrio entre as duas funções seria o objetivo do jogo educativo, o qual é visto como sendo um poderoso instrumento que tem o poder de englobar uma significação. Rau (2007) cita que a utilização do lúdico como recurso pedagógico na sala de aula pode aparecer como um caminho possível para ir ao encontro da formação integral das crianças e do atendimento de suas necessidades. Já os brinquedos na visão de Kishimoto (2002) voltam-se a um objeto, o qual segundo o autor é o que dá suporte a uma determinada brincadeira. Nesse contexto, Valle (2011) cita o brinquedo como sendo a estimulação para que uma determinada brincadeira seja realizada, “um transporte para o mundo imaginário” (VALLE, 2010, p. 33). A brincadeira por sua vez, Kishimoto (2002) cita como sendo atividades espontâneas, as quais acontecem em grupo ou até mesmo sozinhas. Nesse contexto, Rau (2007) menciona a brincadeira infantil como sendo aquela que possibilita à criança imitação de diferentes papéis, comumente de seu cotidiano, ação que facilita a expressão de sentimentos e relações que estabelecem com as pessoas do seu meio. Na observação do contexto da pesquisa, notou-se que os jogos e as brincadeiras em como estratégias pedagógicas são essenciais na formação e no desenvolvimento da criança. Atividades lúdicas e a aprendizagem das crianças com TDA/H As atividades lúdicas facilitam a aprendizagem, favorecem a socialização e a colaboração entre os alunos. A escola deve motivar as atividades lúdicas para melhorar a aprendizagem, propondo atividades desafiadoras que proporcionem a construção de conhecimentos, dando oportunidades ao aluno com TDAH de ser mais criativo, participativo e ativo, levando-o a adquirir atitudes de respeito, dignidade e solidariedade, sendo necessário que o professor elabore aulas apropriadas e diversificadas, saindo da rotina. O lúdico deve ser trabalhado de forma diversificada, com o objetivo de ser uma aprendizagem motivadora. O professor também deve motivar os alunos para a construção de conhecimentos, as crianças sentem-se mais motivadas, enquanto constroem seu conhecimento, vão adquirindo boas relações e se adaptando ao meio. Lopes (2000, p. 47) afirma “o exercício de jogos competitivos, quando são trabalhadas as emoções dele decorrentes, faz com que a criança internalize conceitos e possa lidar com seus sentimentos dentro de um contexto grupal, o que prepara para a vida em sociedade”. 16610 É de grande importância o papel do professor, devendo ordenar e incentivar seus alunos nos processos de ensino e aprendizagem. Considerações Finais Neste trabalho, propomos o início de pesquisas para intervenção utilizando o lúdico na aprendizagem de crianças com TDA/H, por ser um problema complexo e necessário que deve ser levado a sério, devendo ser tratado na infância com o intermédio do professor que precisa estar preparado para lidar com essas crianças na escola. O conhecimento a respeito desta perturbação prepara os professores para lidar com esta problemática sabendo como agir e distinguir uma criança indisciplinada, de uma com déficit de atenção, hiperatividade ou hiperativo-impulsiva. Em casos mais graves, exige-se uma ação multidisciplinar: pais, professores, médicos, medicamentos e terapeutas. As atividades lúdicas e jogos didáticos são uma ferramenta de grande importância para aprendizagem dos alunos com TDA/H, pois o jogo não é apenas um momento de descontração e brincadeira, mas também é um momento no qual os alunos se veem motivados e incentivados. Quando as crianças “brincam”, demonstram prazer e alegria em aprender. A utilização do jogo como método de ensino possibilita aos alunos um momento diferente das aulas normais, onde eles sentem-se mais interessados. Após análise dos resultados obtidos com “as atividades lúdicas” tornou-se evidente a importância e a necessidade dos jogos como instrumento no processo de ensino de um aluno com TDA/H. Além disso, conforme Teixeira, (2005) o jogo didático possibilita que o aluno compreenda os seus limites e respeite o colega. Este estudo mostra que as atividades lúdicas podem contribuir e enriquecer o desenvolvimento intelectual e social do hiperativo. Sendo um instrumento motivador e facilitador da aprendizagem. Conclui-se que os jogos e brincadeiras podem e devem ser utilizados como recursos didáticos dentro e fora da sala de aula, pois produz ótimos resultados na aprendizagem, dos alunos com TDAH. O aluno, foco da investigação dessa pesquisa pareceu ter desenvolvido de maneira mais satisfatória suas atividades acadêmicas. Quanto o mecanismo de atenção, ficou claro uma sensível melhora nas produções e comportamentos do aluno, porém as intervenções lúdicas precisariam de maior participação no currículo e espaço com disponibilidade do trabalho do professor para uma atenção maior ao indivíduo com necessidades especiais para que pudéssemos ter um rendimento ainda melhor e contribuir para 16611 a transformação dessas realidades através da efetivação das politicas públicas no sentido de inclusão definitiva desses indivíduos. REFERÊNCIAS ALBANO, A. M. S. A Criança com TDAH: metodologias e adaptações curriculares. Curitiba: Fael, 2012. ANDRADE, Ê. R. Indisciplinado ou hiperativo. Nova Escola, São Paulo, n. 132, p. 30-32. Maio 2000. ARAUJO, V. C. Aprender a brincar, aprender a viver. São Paulo: Manole, 1992. BARKLEY, A. R. Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. Manual para diagnóstico e Tratamento. Porto Alegre, RS Artmed, 2008. BERTOLDI, M. E. Psicologia da Aprendizagem. Curitiba: Fael, 2010. 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