ISSN 1830-6365 Dezembro de 2013/09 – Edição especial PT CESE info EDITORIAL Caros leitores, Agora que 2013 está a chegar ao fim, já temos os olhos postos no ano que se avizinha e nos grandes desafios que esperam a União Europeia. As eleições do próximo mês de maio definirão um novo Parlamento e, mais tarde, uma nova Comissão. O resultado dessas eleições dir-nos-á também se a Europa soube ou não convencer os seus cidadãos de que pode ser parte da solução das dificuldades que enfrentam no dia-a-dia. As previsões atuais apontam para um quadro bem sombrio e basta observar o estado em que a crise deixou a nossa sociedade civil para compreender porquê. No entanto, É nesta perspetiva o Comité Económico e Social que o CESE se mobiliEuropeu acredita que ainda nada zará até maio para fazer está decidido: a Europa – ao serviço dos cidadãos – pode reconouvir melhor a voz dos quistar o lugar que lhe é devido europeus quando chegar e demonstrar a sua capacidade o momento de as instituipara dar respostas concretas às ções retomarem o trabalho necessidades da população. É, pois, nesta perspetiva que o CESE na sua nova composição, se mobilizará até maio para fazer o Comité estará lá para ouvir melhor a voz dos europeus. assegurar a continuidade E quando chegar o momento de as necessária. instituições retomarem o trabalho na sua nova composição, o Comité estará lá para assegurar a continuidade necessária e velar pelo cumprimento das promessas feitas aos cidadãos. Comité Económico e Social Europeu Uma ponte entre a Europa e a sociedade civil organizada Pôr termo à obsolescência programada A obsolescência programada é uma estratégia comercial reconhecida, que consiste em conceber e fabricar produtos com o propósito expresso de se deteriorarem rapidamente ou perderem a sua atratividade. A ideia é forçar os consumidores a adquirir danos ambientais, sociais, sanitários e económicos que provoca. novos produtos e serviços, que são comercializados para substituir as versões anteriores. A lógica subjacente a esta estratégia é aumentar o volume de vendas a longo prazo, reduzindo o intervalo entre aquisições sucessivas (ou seja, encurtando o ciclo de substituição). e ultrapassar a Grande Depressão. Todavia, nessa época, as pessoas encaravam os recursos naturais como infinitos e prestavam pouca atenção ao ambiente. Esta prática não é nova. Remonta aos anos 30 do século passado, quando a obsolescência foi proposta como forma de estimular a procura Aprender a consertar O CESE deseja que as empresas tornem os seus produtos mais fáceis de reparar, por exemplo, fornecendo peças sobresselentes. Além disso, os consumidores devem ter “ ” Mas nesta breve quadra de finais de 2013, gostaria de vos desejar um Feliz Natal e Bom Ano Novo na companhia de familiares e amigos, até ao nosso reencontro em 2014! Henri Malosse Presidente do CESE Em 17 de outubro, o CESE adotou um parecer sobre o ciclo de vida dos produtos e a informação do consumidor, com o intuito de combater a obsolescência programada e os AGENDA NESTA EDIÇÃO 16 e 17 de janeiro de 2014, Estrasburgo (França) 2 Empresários sociais: deem a vossa opinião! 21 e 22 de janeiro de 2014 - CESE, Bruxelas: Reunião plenária Encontro dos conselhos económicos e sociais nacionais da Europa em Atenas 3 4 Comissário Olli Rehn: A retoma vem aí 5 6 A austeridade na Europa 7 A nova Política Agrícola Comum – muito mais vantagens do que inconvenientes. Vamos fazê-la funcionar 8 Yves Somville: O CESE traz-me abertura Empregos em risco Atualmente, a obsolescência traz poucas ou nenhumas vantagens em termos de emprego. A maioria destes produtos é fabricada por trabalhadores mal remunerados fora da Europa. Se desperdiçássemos menos, teríamos de consertar mais, criando milhares de empregos mais próximos de nós. A União Económica e Monetária poderá fracassar sem uma forte dimensão social Política industrial da UE: uma iniciativa de crescimento muito necessária , essa tendência tem vindo a acentuar-se em todos os setores. Alguns produtos são concebidos de modo a avariarem dois a três anos após a compra, isto é, imediatamente após o fim da garantia. A sua substituição consome energia e recursos adicionais, para além de gerar mais resíduos e poluição nociva. Esta situação já levou os consumidores a realizarem ações de protesto em alguns países. Jean-Pierre Haber, membro da CCMI «Os fabricantes que concebem produtos de modo a se deteriorarem ou avariarem antes do que seria necessário – forçando os consumidores a adquirir produtos de substituição – adotam um comportamento que se poderia designar por imposição industrial». O CESE tenciona tomar medidas concretas, organizando uma grande mesa-redonda europeia em 2014 para todos os intervenientes pertinentes de todos os setores, designadamente a indústria, o setor da distribuição, o setor financeiro, as associações de consumidores e as organizações sindicais. Em paralelo, haverá um fórum aberto, onde os cidadãos da UE poderão expressar as suas opiniões. Thierry Libaert, membro do CESE «O CESE preconiza a proibição total dos produtos cuja defeituosidade seja programada para provocar o fim da vida do aparelho». acesso a melhor informação sobre a esperança de vida útil de um artigo, para poderem fazer escolhas mais informadas. O Comité considera que a solução ideal seria um sistema de rotulagem que garantisse uma duração de vida >>> p. 2 www.eesc.europa.eu 1 À procura de soluções inovadoras Conti n uaç ão da p. 1 Pô r te r m o à o b s o l e s c ê n c i a p r o g r a m a d a Henri Malosse, presidente do CESE, deslocou-se a Budapeste com membros húngaros do Comité para se reunir com agentes públicos e privados da economia da Hungria. Este país, cuja economia se situava no início da crise ao mesmo nível da Grécia, logrou reduzir a sua dívida de 81,2% do PIB, em 2011, para 77%, em 2012, não só sem afundar a economia mas também mantendo o desemprego em torno de 10%. Para alcançar este resultado, o governo optou por soluções pouco convencionais cujos efeitos a longo prazo estão ainda por descobrir. Ciente do terrível impacto da crise nas populações europeias, o Comité há muito que se vem mobilizando para que a Europa responda com soluções concretas e inovadoras às necessidades dos cidadãos. Foi nesta ótica que o presidente se deslocou à Hungria para descobrir no terreno o impacto das decisões out of the box adotadas pelo governo em matéria económica e muitas vezes criticadas na Europa. O presidente do CESE avistou-se com Viktor Orbán, primeiro-ministro húngaro, com quem abordou a política de reindustrialização do país e com alguns ministros, mínima dos produtos, o que não é, de momento, uma obrigação legal. Além disso, os fabricantes dos produtos com duração inferior a cinco anos deveriam cobrir os custos de reciclagem. Razões para agir Do ponto de vista ambiental, a Europa consome hoje em dia 50% mais recursos naturais do que há 30 anos. Um europeu consome 43 quilos de recursos por dia, contra 10 quilos por pessoa em África. Em termos sociais, os ciclos de vida curtos dos bens de consumo contribuíram para a dinâmica das compras a crédito e para taxas de endividamento sem precedentes. A economia da Europa está a ser prejudicada pela importação de produtos com ciclos de vida curtos. Ao analisar esta questão, a União Europeia proporciona às suas empresas uma forma de se distinguirem pela prática efetiva da sustentabilidade. Henri Malosse com uma delegação do Conselho Económico e Social da Hungria nomeadamente Enikő Győri, responsável pelos Assuntos Europeus, o qual salientou a importância de ter como interlocutores pessoas que realmente trabalham no terreno. Henri Malosse reuniu-se igualmente com representantes da oposição, como Attila Mesterházy, presidente do partido socialista húngaro, e Gordon Bajnai, antigo primeiro-ministro. Mas, acima de tudo, era desejo do presidente do CESE dialogar com representantes do mundo empresarial, sindicalistas, empresários e estudantes. Entre os principais temas abordados figura a energia, questão crucial para o país porquanto representa uma parte cada vez mais substancial das despesas das famílias. Além disso, a delegação do CESE lançou uma parceria com o Conselho Económico e Social húngaro de modo a permitir conhecer melhor as iniciativas lançadas no terreno. «As receitas antigas mostraram os seus limites. Agora é tempo de olhar para os que ousam agir de forma diferente e extrair ensinamentos que poderão ser benéficos para todos», concluiu o presidente Malosse, que partilhará com os membros do CESE as lições desta visita. A Eslovénia e a Polónia já começaram a mostrar interesse pela abordagem adotada pelo vizinho húngaro. (ll) O Encontro dos conselhos económicos e sociais nacionais da Europa em Atenas soberania para Bruxelas. Além disso, a UE não deveria aspirar a construir um império centralizado mas antes a uma maior descentralização, com base na diversidade das nações europeias. “ As receitas antigas mostraram os seus limites. Agora é tempo de olhar para os que ousam agir de forma diferente e extrair ensinamentos que poderão ser benéficos para todos. ” No magnífico Museu da Acrópole, em Atenas, Evangelos Meimarakis, presidente do Parlamento grego, abriu a sessão, mani- e os seus cidadãos, bem como uma antevisão preocupante das próximas eleições do PE. A terceira opção não é, na verdade, opção alguma – passa por manter o status quo de confusão, ineficiência e complexidade, aumentando a insatisfação popular e levando potencialmente ao colapso do projeto europeu. Henri Malosse propôs uma quarta opção, baseada no princípio da comunidade desenvolvido por Jean Monnet, um dos fundadores da UE. Neste caso, haveria que voltar ao princípio e forjar paulatinamente políticas comuns para reindustrializar a Europa e criar emprego. Numa primeira etapa, privilegiaria programas de convergência orçamental e social e projetos nos domínios da indústria, inovação, investigaPrimeira fila: Henri Malosse (presidente do CESE), Georges Dassis (presidente do Grupo dos Trabalhadores) e Anna Bredima ção e desenvolvimento (vice-presidente do Grupo dos Empregadores). Segunda fila: Luca Jahier (presidente do Grupo dos Interesses Diversos), Nicolas e educação. O CESE está Alexopoulos (secretário-geral em exercício) e Vladimíra Drbalová (membro do Grupo dos Empregadores) atualmente a preparar um plano de ação, que será apresentado durante festando o apoio da sua instituição ao CES Atualmente, os partidos políticos ofea campanha eleitoral. Henri Malosse apelou grego, estabelecido pela Constituição grega, recem ao eleitorado europeu três opções, ao contributo dos CES nacionais, para que e salientando a importância do diálogo social nenhumas das quais aparenta estar de facto o plano pertencesse à sociedade civil da UE e civil. Agradeceu ao Comité Económico à altura do desafio. A primeira opção, avanna sua globalidade. e Social Europeu por ter organizado no dia çada pelos partidos antieuropeus, implicaria anterior, no Parlamento grego, uma audição o desmantelamento das instituições euroGeorgios Dassis, presidente do Grupo sobre o desemprego dos jovens e os objetipeias ou uma redução drástica do seu poder, dos Trabalhadores do CESE, mencionou vos da futura Presidência grega da UE, que substituindo a estrutura atual por uma forma o trabalho realizado com o presidente do contou com a participação de mais de oitenta de cooperação intergovernamental. CESE sobre o «custo da não-Europa» e a deputados. Mostrou-se também apreensivo necessidade de criar mais mecanismos para face à crescente falta de confiança dos euroA segunda opção pressupõe uma aborpromover a solidariedade na UE. Referiu peus no projeto europeu. dagem extremamente pró-federalista, que igualmente as propostas do CESE relativas transformaria a UE nos «Estados Unidos a um imposto europeu sobre as transações A alocução inicial, proferida por Henri da Europa», com um governo central eurofinanceiras e ao conceito de rendimento Malosse, presidente do CESE, teve teor idênpeu forte. Os cidadãos europeus não estão mínimo europeu. (ak) O tico, focando o fosso crescente entre a UE preparados para tamanha transferência de 2 “ A obsolescência traz poucas ou nenhumas vantagens em termos de emprego. A maioria destes produtos é fabricada por trabalhadores mal remunerados fora da Europa. Se desperdiçássemos menos, teríamos de consertar mais, criando milhares de empregos mais próximos de nós. ” O CESE pretende contribuir para melhorar a confiança nas empresas europeias e impulsionar a transição económica de uma sociedade de desperdício para uma sociedade sustentável, onde o crescimento é orientado para a satisfação das necessidades dos consumidores numa perspetiva cidadã e nunca é um fim em si mesmo. (ail) O AGIR A NÍVEL LOCAL Teses de estudantes sobre a UE em destaque em Praga Vladimíra Drbalová, conselheira checa, membro do Grupo do Empregadores do CESE, participou recentemente num evento realizado na representação da Comissão Europeia em Praga em que foram apresentadas teses de estudantes sobre assuntos europeus. O evento, organizado conjuntamente pela Universidade de Economia de Praga e pela representação da Comissão Europeia na República Checa, foi realizado no âmbito do projeto «European Union Laboratory» (Laboratório da Vladimíra Drbalová, membro do CESE União Europeia), lançado pela Universidade. Foram atribuídos prémios às dez melhores teses sobre integração europeia. As teses abrangeram uma vasta gama de temas, desde alterações aos Tratados, política de imigração, alargamento da UE, Política Agrícola Comum e regulamentação do mercado leiteiro, até à política monetária do Banco Central Europeu em tempos de crise. Vladimíra Drbalová afirmou que o CESE apoia o projeto «European Union Laboratory» e gostaria de participar mais ativamente no mesmo, uma vez que se enquadra na sua própria estratégia atual «Ventos de mudança» e nas iniciativas «Agir a nível local». (mb). O CESE info — Dezembro de 2013/09 – Edição especial l a i c e p ise s e cr o çã re a i Ed sob CESE info Caros leitores, O ano de 2013 terá sido marcado por uma dupla viragem na gestão da crise. Em primeirolugar, começou a tomar-se consciência de que toda e qualquer resposta à crise deverá ter em conta uma dimensão social. Trata-se de um grande progresso que o Comité Económico e Social Europeu vem defendendo desde que se optou por seguir uma abordagem de «austeridade pura e dura». Em poucos anos, assistimos ao empobrecimento de demasiados europeus, a gerações inteiras impossibilitadas de aceder ao mercado de trabalho, a um retrocesso evidente no sistema de acesso aos cuidados de saúde de que a Europa tanto se orgulhava, e a atos de desespero em todos os EstadosOra, para que serve -Membros. Ora, para que serve a Europa a Europa se a solise a solidariedade em que se alicerça dariedade em que se não serve os cidadãos? “ ” alicerça não serve os O ano de 2013 culmina também com cidadãos? a realização da união bancária, projeto que o CESE há muito reclamava. Foi por não dispor de um mecanismo de vigilância que a Europa permitiu que a crise se instalasse, e por não estar dotada de quaisquer meios de intervenção coletiva que não conseguiu dar uma resposta imediata, vendo-se assim incapaz de, por exemplo, evitar a insolvência de alguns bancos em Portugal. Será que a Europa conseguiu finalmente dar a compreender a importância da solidariedade entre os Estados-Membros? Formulemos, pois, um desejo para o ano novo: possamos, por fim, viver numa Europa sólida e solidária. Henri Malosse Presidente do CESE “ Comissário Olli Rehn: A retoma vem aí Olli Rehn, comissário responsável pelos Assuntos Económicos e Monetários e pelo Euro, acredita que a Europa está a virar a página da crise económica, mas sublinha que ainda há muito a fazer. CESE Info: Podemos almejar novamente o crescimento sustentado e o emprego? Olli Rehn: Desde a primavera, temos observado cada vez mais sinais de uma retoma gradual. Esperamos que esta retoma se consolide nos próximos meses e acelere durante o ano que vem e em 2015. Mas com mais de 26 milhões de europeus desempregados e com as empresas ainda em dificuldades para obterem o crédito de que precisam para investir e crescer, é evidente que ainda temos muito a fazer. É por esta razão que continuo a insistir em que é prematuro afirmar que «a crise acabou». Que oportunidades e desafios enfrentam a UE e a área do euro? Primeiro, temos de manter a dinâmica da reforma na Europa. Os Estados-Membros têm de continuar a trabalhar para melhorar a sua competitividade. Isso significa melhorar o clima empresarial, a fim de impulsionar o investimento e a criação de emprego, realizar reformas nos mercados de produtos e de trabalho, modernizar a administração pública, incentivar o empreendedorismo e apoiar a investigação e a inovação, bem como o ensino e a formação. A Comissão tem, de forma consistente, defendido uma consolidação orçamental que, na medida possível, não prejudique o crescimento, minimize os cortes em setores como a investigação e o ensino e decorra a um ritmo adequado a cada país. ” Olli Rehn, vice-presidente da Comissão Europeia e membro da Comissão responsável pelos Assuntos Económicos e Monetários e pelo Euro CESE info — Dezembro de 2013/09 – Edição especial Uma ponte entre a Europa e a sociedade civil organizada Para alcançar uma retoma sustentável são ainda necessárias condições de crédito melhores para as famílias e as PME, em especial no sul da Europa. Na história da economia não há exemplo de crescimento sustentável sem crescimento do crédito. Por este motivo, é essencial prosseguir com as medidas de correção do setor bancário na Europa, a fim de ajudar a «normalizar» as condições de empréstimo. A Comissão, juntamente com o Banco Europeu de Investimento, também apresentou uma iniciativa, aprovada pelo Conselho Europeu em outubro, com vista a apoiar a concessão de empréstimos pelos bancos às PME. O programa de ajustamento económico da Irlanda e o programa da Espanha para o setor financeiro poderão servir de modelo para futuras ações de auxílio aos EstadosMembros em dificuldades? O êxito destes programas é do interesse, não só dos países em causa, mas de toda a área do euro. O programa irlandês termina no próximo mês e o espanhol em janeiro. Ambos os programas estão no caminho certo para uma conclusão bem sucedida. da consolidação orçamental para cerca de metade entre 2012 e 2013, que deverá continuar a ser reduzido no próximo ano. Estes esforços foram bem acolhidos pelos mercados, levando à redução dos custos do financiamento da dívida soberana dos países. Uma redução de 100 pontos de base no rendimento da dívida soberana italiana, por exemplo, conduz a poupanças na ordem dos 3 mil milhões de euros só no primeiro ano. A g o r a é preciso d e d i carmo- n o s a desenvolver as capacidades das nossas economias, de forma a ganhar sustentabilidade e criar emprego. É por esta razão que continuamos a insistir veementemente na realização de reformas estruturais, que reforcem a competitividade e criem condições para o crescimento sustentável e a criação de emprego, com base em finanças públicas sólidas. Desde o início do programa, a Irlanda tem registado todos os anos um crescimento acima da média da área do euro, o que mostra que a capacidade de realizar um ajustamento económico efetivo é fundamental para regressar ao crescimento sustentável e à criação de emprego. No âmbito do programa para o setor financeiro espanhol foram concedidos cerca de 41 mil milhões de euros em empréstimos do Mecanismo Europeu de Estabilidade ao setor bancário, através do Estado espanhol, em troca de compromissos de reestruturação profunda e após um contributo pleno dos acionistas dos bancos e dos detentores de obrigações subordinadas. Esta hierarquia de resgate interno está agora consagrada nas orientações da UE sobre os auxílios estatais para as instituições do setor financeiro. Contudo, será sempre necessário avaliar cada situação individualmente. O que pensa do aviso recente na revista The Economist sobre os perigos da dívida privada para a área do euro? A Comissão monitoriza continuamente os riscos relacionados com os desenvolvimentos nos balanços no setor privado, incluindo a dívida privada. Vários países da área do euro realizaram progressos notáveis no que respeita à redução da dívida. Os fluxos de crédito moderados e o ajustamento dos mercados de habitação têm contribuído para isso. Contudo, uma dívida privada elevada continuará a afetar negativamente a procura interna no futuro próximo, dada a reduzida margem de manobra da política orçamental. Qual a sua resposta às críticas de que defender a austeridade prejudica a retoma e o crescimento? A Comissão tem, de forma consistente, defendido uma consolidação orçamental que, na medida possível, não prejudique o crescimento, minimize os cortes em setores como a investigação e o ensino e decorra a um ritmo adequado a cada país. Para os países da área do euro que tinham perdido ou estavam em risco de perder o acesso aos mercados, como foi o caso de vários Estados-Membros entre 2010 e 2012, não existia uma alternativa viável a uma consolidação orçamental verdadeira e significativa. Graças aos esforços envidados nos últimos anos, foi possível abrandar o passo © Filipe Matos Frazao EDITORIAL Comité Económico e Social Europeu O pagamento da dívida do setor privado prejudica, inevitavelmente, a atividade económica, mas a dimensão do seu impacto depende tanto da situação dos mercados de crédito como das condições estruturais da economia de cada país. As mudanças em curso na supervisão bancária e nos mecanismos de resolução devem ter um efeito estabilizador nos mercados de crédito e contribuir para evitar novos desequilíbrios no futuro. O 3 Depositar confiança na estabilidade futura O projeto de Mecanismo Único de Resolução (MUR) protege os depositantes e os contribuintes ao mesmo tempo que assegura uma circulação eficiente do crédito necessário à retoma e ao crescimento, afirma Daniel Mareels, membro do CESE. Estabilidade (MEE) e a Diretiva Recuperação e Resolução Bancárias (DRRB). De que forma pode o MUR economizar dinheiro aos contribuintes e minimizar os prejuízos para a economia real? CESE Info: Por que razão o MUR é importante e de que modo se encaixa na União Bancária que se propõe? Daniel Mareels: A proposta do MUR tem de ser encarada no contexto da criação de um enquadramento financeiro integrado, ou seja, uma «União Bancária», que irá proteger os depositantes, restaurar a confiança no sistema Daniel Mareels, membro do CESE financeiro e repor em circulação o crédito para empresas em todos os países. Será complementado pelo Mecanismo Único de Supervisão (MUS), o Mecanismo Europeu de As propostas de recuperação e resolução dos bancos criam um quadro político fiável para gerir eficazmente as falências das instituições bancárias. A proposta do MUR também lança as bases para a criação de um fundo único de resolução, a fim de assegurar a disponibilidade de financiamento e assim garantir a estabilidade financeira e tornar o sistema bancário mais resistente. Foi o relator designado pelo CESE para elaborar o parecer sobre o MUR. Está satisfeito com a proposta da Comissão? O CESE acolheu favoravelmente a proposta da Comissão. A resolução dos bancos dá continuidade à supervisão bancária e passa a situar-se ao mesmo nível de governação, tornando a abordagem coerente e uniforme. Qual é a coisa mais importante que deve ser mudada na proposta? A proposta consiste numa extensão da Diretiva Recuperação e Resolução Bancárias, pelo que importa “ A resolução dos bancos dá continuidade à supervisão bancária e passa a situar-se ao mesmo nível de governação, tornando a abordagem coerente e uniforme. ” evitar incoerências entre estes dois atos legislativos. Além disso, os membros do Comité de Resolução devem ser independentes. No que toca ao Fundo de Resolução e à determinação do seu nível-alvo, há que ter em conta o risco de os bancos incorrerem numa duplicação dos custos devido à estrutura dual repartida entre autoridades nacionais de resolução e uma autoridade europeia de resolução. O A União Económica e Monetária poderá fracassar sem uma forte dimensão social Antes da reunião do Conselho Europeu de 24 de outubro, o CESE adotou um parecer sobre a dimensão social da União Económica e Monetária (UEM). A União Económica e Monetária poderá desagregar-se se a sua dimensão social não for reforçada, afirmou o CESE. Imigração ilegal: Para problemas europeus, soluções europeias «A imigração ilegal para a UE é um problema europeu que só por meios europeus se pode resolver», declarou o CESE num parecer de iniciativa em que reafirma convicções expressas num parecer anterior sobre o tema. Panagiotis Gkofas, membro do CESE O Comité salientou o facto de as fronteiras dos Estados-Membros meridionais corresponderem, na verdade, às fronteiras exteriores da UE, pelo que o seu controlo requer um esforço pan europeu. A política neste domínio deverá, por isso, assentar na solidariedade, de modo a não ser apenas o sul da Europa a arcar com a responsabilidade de lidar com o influxo de migrantes e com a criminalidade associada ao problema, trazida pela mão dos traficantes que exploram a miséria humana. Panagiotis Gkofas (Grupo dos Interesses Diversos, Grécia), relator do referido parecer do CESE, destacou a urgência de perseguir os traficantes 4 que estão a pôr em perigo a vida dos migrantes. Em seu entender, há que transformar a agência Frontex numa instituição que coordene as guardas costeiras da UE e lide não só com os imigrantes ilegais mas também com os traficantes de seres humanos. O financiamento tem de ser muito mais adequado à magnitude deste problema para a UE. Segundo Stefano Mallia (Grupo dos Empregadores, Malta), correlator, «fenómeno algum pôs tão a nu a falta de solidariedade entre os Estados Membros da UE. Falta de solidariedade para com os Estados Membros na linha da frente e falta de solidariedade para com as pessoas que estão a fugir à guerra nos seus países de origem. E se não agirmos agora, as coisas só irão piorar». Henri Malosse, presidente do CESE, afirmou que «não podemos abandonar os países que enfrentam “ Não podemos abandonar os países que enfrentam em primeira mão os fluxos migratórios. O princípio do “cada um por si” não leva a lado nenhum O CESE preconiza a criação de um serviço europeu de guarda costeira. ” em primeira mão os fluxos migratórios. O princípio do “cada um por si” não leva a lado nenhum». A política em matéria de asilo e imigração deve ser gerida – de uma vez por todas – a nível europeu, adotando uma abor- No seu parecer sobre «A dimensão social da UEM», adotado na plenária de outubro, o CESE advertiu que, faltando vontade política para revitalizar a dimensão social da UE, haverá que optar por uma cooperação reforçada dentro da própria UEM. Esta cooperação deveria ser realizada com os seus próprios recursos financeiros, um fundo social suplementar e um pacto de progresso social, bem como através de normas, de objetivos e de mecanismos de estabilização sociais em adequação com os mecanismos de estabilização orçamentais, financeiros e monetários. George Dassis, o presidente grego do Grupo dos Trabalhadores do CESE e relator do parecer, preveniu que «sem uma dimensão social forte a UEM poderá fracassar». Stefano Mallia, membro do CESE dagem comunitária, como o CESE tem vindo a defender há anos. Cabe mobilizar todos os instrumentos europeus, dotando a agência Frontex de mais recursos, mas também estabelecer com a maior brevidade um sistema de vigilância e partilha de dados, utilizando satélites para evitar novas tragédias. O CESE preconiza igualmente a criação de um serviço europeu de guarda costeira. A Europa tem de ser fiel aos seus valores. A xenofobia e a desumanidade devem desaparecer da nossa sociedade. A Europa tem de dar provas de humanidade em relação aos >>> p. 5 Para que a UEM seja bem sucedida, há que adotar uma abordagem simultânea que faça corresponder os objetivos de emprego e sociais e os objetivos em matéria de dívida e de défice, de modo a realizar ajustamentos e evitar o agravamento das disparidades entre os Estados-Membros. O CESE defende que o Semestre Europeu – o ciclo anual de elaboração das políticas económicas – deve incluir indicadores de emprego e de inclusão social. Trata-se de indicadores de prevenção e antecipação que permitem, se necessário, ativar Georges Dassis, presidente do Grupo dos Trabalhadores um mecanismo de ajustamento e dar uma resposta política atempada e eficaz antes que o desemprego e os desequilíbrios sociais ponham em perigo a democracia. O CESE apela a uma maior mobilidade transfronteiras dos trabalhadores com o duplo objetivo de manter o emprego e a competitividade e de criar novos empregos. Para alcançar © Semmick Photo © ChameleonsEye O Comité exortou a que se tomem pedidas proativas e se melhore o diálogo social em matéria de políticas económicas e de emprego. Mais soluções propostas pelos parceiros sociais contribuiriam para criar um clima de confiança e reforçar o tecido social da União. estes objetivos, a UE deve continuar a reduzir os obstáculos à livre circulação, respeitando embora as convenções coletivas e as legislações laborais a nível nacional. Salienta que a rede EURES – o portal europeu da mobilidade profissional – deverá trabalhar mais estreitamente com os parceiros sociais para assegurar a prestação de aconselhamento e de informação sobre assuntos sociais e jurídicos em matéria de emprego. (ail) O CESE info — Dezembro de 2013/09 – Edição especial A solução para a crise está na solidariedade na UE sobre transações financeiras de molde a reforçar o financiamento dos investimentos com uma dimensão social. G. Dassis assinalou que o CESE lançou esta ideia pouco antes de a Comissão Europeia ter apresentado a sua proposta para A crise económica que lançou para o desemprego milhões de trabalhadores exige soluções concertadas por parte da UE com uma forte dimensão social, afirma George Dassis, membro do CESE e presidente do Grupo dos Trabalhadores. «A solução para a crise económica tem de ser encontrada a nível da UE», declarou ao CESE INFO. G. Dassis, que elaborou o parecer do CESE sobre como reforçar a dimensão social da União Económica e Monetária, sustenta que a UE e os Estados Membros têm estado demasiado focados nas políticas económicas e financeiras. «Estão a salvar os bancos mas esquecem-se das consequências da austeridade que tem sido imposta aos Estados Membros um após outro». As políticas centradas na austeridade foram inicialmente impostas à Irlanda, Grécia e Portugal, mas a Espanha, a França, a Itália e a Bélgica também não foram poupadas ao impacto da crise. «As políticas de austeridade agravaram pura e simplesmente o problema do desemprego e contribuíram para o aumento espetacular da pobreza», acrescentou o relator. Segundo o parecer de G. Dassis, publicado em outubro, a União Europeia precisa de enviar uma mensagem muito mais forte que inclua medidas em prol da coesão social e da integração. A austeridade na Europa Dentro de algumas semanas, a União Europeia entrará no seu sexto ano de austeridade e continuará a suportar o peso de 26 milhões de desempregados, muitos deles jovens. Infelizmente, a crise financeira e económica rapidamente se deteriorou e enfrentamos agora desigualdades sociais e de rendimentos cada vez mais profundas, e até mesmo situações de pobreza nos países afetados pela austeridade. A crise agravou a degradação ambiental, a pobreza energética e os desafios demográficos. Nos últimos três anos, o tecido económico e social de alguns países europeus tem estado sob forte pressão. De facto, cerca de 84 milhões de pessoas nos países da UE vivem agora abaixo do limiar de pobreza (ou seja, auferem menos do que 60% do rendimento médio nacional). Como resultado, em alguns países afetados pela austeridade tem-se assistido ao recrudescimento do extremismo político, da demagogia e do preconceito. Há também atualmente uma divisão percetível entre os países credores do «Norte» e os países devedores do «Sul». Mais preocupante ainda, os cidadãos que votarão nas eleições europeias em maio próximo dão sinais de raiva ou, quando muito, apatia e ignorância no que respeita à UE. De acordo com um estudo recente do Eurobarómetro, apenas 31% dos cidadãos europeus «confiam» na UE e 60% não confiam de todo. Claramente, devido à austeridade, a UE encontra-se num ponto de viragem histórico que necessita de mudanças estruturais fundamentais. Se a Europa quer concretizar Georges Dassis, presidente do Grupo dos Trabalhadores “ As políticas de austeridade agravaram pura e simplesmente o problema do desemprego e contribuíram para o aumento espetacular da pobreza», acrescentou o relator. ” A Iniciativa para o Emprego dos Jovens lançada pela UE em fevereiro deste ano vai no caminho certo, mas a dotação orçamental de 6 mil milhões de euros para o período de 2014-2020 não é suficiente. As verbas utilizadas para salvar os bancos saíram do bolso dos contribuintes. Agora está em análise um imposto um imposto desse tipo. Onze Estados-Membros estão de acordo em aplicar este imposto, que renderia entre 30 e 35 mil milhões de euros por ano. «Só não compreendo como é que alguns são contra esta medida», afirmou G. Dassis. Na sua opinião, o efeito multiplicador das soluções económico-financeiras para combater a crise pode afastar os cidadãos do projeto europeu, em proveito dos partidos de direita. «Temos de enviar mensagens que convençam os cidadãos de que o futuro está na União Europeia, mas só é possível consegui-lo com medidas equilibradas, porque a miséria só faz aumentar o ódio e o medo». O para o Parlamento Europeu. Para combater a austeridade, os primeiros resultados que precisam de ser apresentados incluem conferir um novo impulso à Estratégia Europa 2020 para a adaptar à Europa de 2050 e para lá dessa data. Precisamos de concretizar o mercado interno e o Pacto para o Crescimento e o Luca Jahier, presidente do Grupo dos Interesses Diversos Emprego, investir muito mais na as suas ambições e o seu potencial, reindustrialização da Europa, na tem de investir num continente inovação, investigação e desenvolunido e politicamente estável, que vimento. Mas é também através dos seja ambicioso, determinado, que se resultados que vamos reconstruir apoie mutuamente e que seja mais a confiança na Europa e nos seus forte do que a soma das suas partes intervenientes, incluindo a sociedade civil. Devemos ter por ambiCerca de 84 milhões de ção impulsionar o crescimento real, o crédito e investir bem pessoas nos países da UE facilitar mais nas PME, nas empresas da vivem agora abaixo do economia social, nas profissões libelimiar de pobreza Como rais e na economia verde. Acima de precisamos de encontrar soluresultado, em alguns tudo, ções justas para a retoma da Europa, países afetados pela aus- enfrentando as consequências sociais teridade tem-se assis- da UEM através, por exemplo, da tido ao recrudescimento introdução de mais investimento responsável, obrigações do extremismo polí- socialmente sociais europeias e uma Rede Eurotico, da demagogia e do peia de Educação para Trabalhadores Desempregados. Por último, temos preconceito. de utilizar a austeridade como forma de relançar e consolidar a participaindividuais. Tem também de ser uma ção civil e social, que estão no centro Europa que seja capaz de apresentar da nossa herança europeia e das traresultados, de criar e inspirar condições ocidentais. fiança e de comunicar melhor com Luca Jahier os seus cidadãos, nomeadamente nesPresidente do Grupo dos Interesses Diversos tes meses que antecedem as eleições “ ” CESE info — Dezembro de 2013/09 – Edição especial O fim da crise? Ainda é cedo para festejar… A economia europeia está a recuperar gradualmente, como mostram as previsões económicas do outono, publicadas recentemente. Porém, espera-se que ao longo do próximo ano o crescimento permaneça moderado e – o que é mais preocupante – os países mais afetados continuem longe da retoma. Claramente, a UE como um todo só recuperará quando TODOS os Estados-Membros tiverem novamente as suas economias em ordem. A crise económica atual não surgiu sem aviso: foi o resultado de vários anos de má gestão económica e de aprovação tácita por parte da UE do aumento das dívidas nacionais. Por conseguinte, foi necessário aplicar medidas de austeridade severas e, apesar dos elevados custos sociais das reformas orçamentais e dos indícios de que começam agora a surgir os primeiros sinais de retoma, temos de manter o nosso rumo. Se a Europa parar a meio caminho, os problemas voltarão mais cedo do que esperamos. A austeridade foi o primeiro passo necessário para a retoma. Agora, é altura de nos centrarmos no crescimento. dos Empregadores, na conferência em Malta, a crise força-nos, a todos, a reagir com flexibilidade às exigências do mercado e a maximizar a competitividade. Se encararmos a mudança como uma oportunidade, podemos realizá-la através da inovação e do investimento em inves- “ Se a Europa parar a meio caminho, os problemas voltarão mais cedo do que esperamos. A austeridade foi o primeiro passo necessário para a retoma. Agora, é altura de nos centrarmos no crescimento. ” Quanto à velocidade a que conseguiremos ultrapassar a crise, dependerá da eficácia e da dimensão das reformas. São as empresas que criam emprego e crescimento, e quanto mais propício for o ambiente para os negócios, melhores serão os resultados económicos futuros. A dificuldade em obter acesso ao financiamento e a fragmentação do mercado único continuam a ser os principais desafios que se colocam aos empresários. Mais do que nunca, são precisas políticas previsíveis em matéria de energia e de alterações climáticas. O quadro financeiro plurianual (QFP) é um dos melhores instrumentos de que a UE dispõe para apoiar o crescimento. A sua implementação rápida e eficaz pode impulsionar centenas de empresas europeias. Infelizmente, os complexos procedimentos que os empresários têm de enfrentar continuam a ser um problema. Independentemente do termo da crise, devemos retirar ensinamentos para o futuro. Como foi recentemente debatido pelo Grupo Jacek Krawczyk, presidente do Grupo dos Empregadores tigação e desenvolvimento. Se as empresas e os políticos aproveitarem adequadamente esta oportunidade, a economia europeia poderá regressar de vez à via do crescimento. Jacek Krawczyk Presidente do Grupo dos Empregadores Conti n uaç ão da p. 4 Im i g r aç ã o i l e g a l: Pa r a p r o b l e m a s e u r o p e u s, s o l uç õ e s e u r o p e i a s migrantes e atuar com firmeza contra os traficantes de seres humanos. «O Comité defende convictamente uma intervenção imediata neste domínio, pois terminou há muito o tempo para reflexão – estamos a assistir a tragédias humanas chocantes para cá das nossas fronteiras com uma frequência alarmante», afirmou Henri Malosse. Objeto de intenso debate tanto em Bruxelas como nos Estados-Membros, a imigração ilegal depressa se está a tornar num dos temas mais incómodos para a União Europeia, visto que também há uma ligação direta entre a migração e o aumento das tensões sociais e da xenofobia. Uma abordagem assente na solidariedade poderia ter um efeito positivo amplificado nesta situação e permitiria à UE alargar a sua ação, adotando políticas que ajudem a evitar a perda de mais vidas humanas no Mediterrâneo. O trágico naufrágio ao largo de Lampedusa, que provocou centenas de vítimas, fez com que o conjunto da sociedade europeia finalmente despertasse para o problema. O fluxo constante de imigrantes ilegais para os países do sul da Europa constitui um fardo pesado para nações atualmente abaladas pela crise. Até à data, nem os governos nacionais nem as instituições europeias conseguiram encontrar uma solução adequada para o problema precisamente porque esta responsabilidade não é partilhada pelos Estados-Membros da UE. (ak) O 5 Política industrial da UE: uma iniciativa de crescimento muito necessária Title 1: Política industrial da UE: uma iniciativa de crescimento muito necessária A política industrial da UE é fundamental para resgatar a Europa da recessão económica, mas a má governação nacional aliada à comunicação ineficaz dos decisores políticos com assento em Bruxelas estão a tolher o desenvolvimento pleno do seu potencial, afirma um membro eminente do CESE. Um obstáculo, em seu entender, prende-se com a incapacidade do Conselho Competitividade para articular devidamente a política industrial da UE com a dos Estados-Membros, em parte devido à multiplicidade organizativa dos ministérios nacionais. O Conselho Competitividade é composto, nomeadamente, por ministros da Indústria, que se reúnem cinco ou seis vezes por ano. «A política industrial pode ser encarada como uma iniciativa de crescimento sobre a qual muito se diz mas pouco se faz», declarou ao CESE Info Joost Van Iersel, conselheiro holandês e presidente da “ ” A UE pretende aumentar a sua produção industrial em 20% até 2020. Perante a perda de mais de quatro milhões de postos de trabalho no setor da indústria na União desde o início da crise em 2008, Joost van Iersel descreve este objetivo como «muito ambicioso». industrial, salientou a necessidade premente de reunir num quadro único as políticas em matéria de investigação e desenvolvimento (I&D) e inovação, desenvolvimento sustentável e acesso ao financiamento (em particular, para as PME), assim como de uma política energética comum, a fim de incutir confiança na indústria e fomentar a competitividade. Acrescentou que era preciso reduzir os encargos administrativos. Destacou ainda a necessidade de dispor de sistemas de ensino adequados e de promover o desenvolvimento de competências, fazendo notar que «em alguns Estados-Membros, isto implica uma reforma radical da educação». Temos de aproveitar este período difícil para mudar as coisas no futuro. Secção Especializada da União Económica e Monetária e Coesão Económica e Social (ECO) do CESE. NOTÍCIAS BREVES O parecer põe a nu uma inadequação de competências que opõe um mercado em busca de profissionais altamente qualificados a um sistema educativo que não produz cientistas, engenheiros e matemáticos em quantidade suficiente. Joost Van Iersel, presidente da Secção ECO «Por si só, um ministro não consegue obter grandes resultados, se houver um núcleo administrativo que se recuse a fazer o que tem de ser feito», explicou. Joost van Iersel, que em julho redigiu um parecer do CESE sobre política Segundo Joost van Iersel, a Comissão Europeia deveria formular recomendações específicas por país, cabendo também encorajar os Estados-Membros a incorporarem elementos positivos dos países com melhor desempenho. «Temos de aproveitar este período difícil para mudar as coisas no futuro», declarou. O Principais factos da crise económica CESE responde à crise económica t Em 2011, perto de 24,2% dos cidadãos da UE (ou seja, cerca de 119,6 milhões de pessoas) estavam em risco de pobreza ou exclusão social. Desde 2008, este número aumentou em 18 dos 26 Estados-Membros para os quais existem dados disponíveis. t Na UE, o fosso salarial não corrigido entre homens e mulheres diminuiu, em média, de 17,3% para 16,2% entre 2008 e 2010. Esta diminuição parece ser um efeito colateral da crise com impacto na composição da mão de obra. O CESE emitiu diversos pareceres sobre a crise, muitos dos quais relacionados com propostas de legislação visando ajudar a Europa a sair da recessão. Emitiu, por exemplo, um parecer, em março de 2009, sobre o «Plano de relançamento da economia europeia» e outro, em maio, sobre a «Comunicação da Comissão – Reagir à crise na indústria automóvel europeia». © darval t Na área do euro, prevê-se que o défice público desça, pela primeira vez desde 2008, abaixo dos 3% do PIB em 2013, estimando-se que, em 2014, registe nova descida para 2,8% do PIB. t Na UE, o PIB diminuiu cerca de 0,5% durante 2012. t A taxa de desemprego juvenil continua a suscitar grande preocupação na Europa e, no quarto trimestre de 2012, era duas vezes superior à dos adultos (23,3% contra 9,3%). Em agosto de 2013, cerca de 5,5 milhões de jovens estavam desempregados na UE-28. Os jovens com menos de 25 anos foram os mais afetados, com a respetiva taxa de desemprego a registar uma subida de 15,7% (valor antes da crise) para um novo recorde histórico de 23,5% em fevereiro de 2013. t O PIB per capita caiu entre 2008 e 2010 de 25 000 PPC (paridades de poder de compra), em 2008, para 23 500 PPC, em 2009, antes de começar a recuperar parcialmente em 2010, situando-se em 24 500 PPC. t Le PIB par habitant a reculé entre 2008 et 2010, passant de 25 000 SPA (standards de pouvoir d’achat) en 2008 à 23 500 SPA en 2009, avant de remonter quelque peu en 2010 pour atteindre 24 500 SPA. t Em 2012, o défice nominal da UE situava-se nos 4,0% do PIB, tendo descido de 4,4% em 2011 e 6,5% em 2010 (na área do euro era de 3,7% em 2012, 4,2% em 2011 e 6,2% em 2010). Em comparação com a atual perspetiva de crescimento, prevê-se que o défice agregado da UE desça para 3,4% do PIB, em 2013, e continue a diminuir para se situar nos 3,2% do PIB, em 2014. O 6 Em outubro de 2009 foi publicado um parecer de iniciativa sobre o «Impacto da crise mundial nos principais setores transformadores e de serviços europeus», apelando a uma «melhor coordenação das políticas e instrumentos comunitários». A este seguiu-se, em dezembro, um parecer sobre «A crise financeira e o seu impacto na economia real» e uma resposta à «Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões – Ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar a crise». Em setembro de 2010, foram publicados dois pareceres de iniciativa: um sobre o «Relançamento da economia: situação e iniciativas práticas» e outro sobre o tema «Após a crise: Um Novo Sistema Financeiro para o Mercado Interno». A estes seguiu-se, em outubro, outro parecer de iniciativa sobre «As implicações da crise da dívida soberana para a governação da UE».. O parecer do CESE sobre o «Impacto da crise económica e financeira na distribuição da mão-de-obra nos setores produtivos, com especial destaque para as PME», foi publicado em maio de 2011, logo seguido de um parecer, em julho, sobre «A crise, a educação e o mercado de trabalho». © Stephen VanHorn Em fevereiro de 2012, foram avançadas propostas inovadoras para fazer face ao problema do crescimento e da dívida soberana na UE, seguidas de um parecer, em julho, sobre a «Iniciativa Oportunidades para a Juventude» da Comissão. Em fevereiro de 2013, o CESE manifestou as suas opiniões sobre uma recomendação da Comissão relativa às orientações gerais para a política económica dos Estados-Membros da área do euro. Para mais informações, consulte: eesc.europa.eu O Cimeira dos conselhos económicos e sociais da União para o Mediterrâneo (UM): uma união mais estreita, também para a sociedade civil Reuniram-se em Barcelona mais de 120 representantes dos conselhos económicos e sociais e outras organizações da sociedade civil de 14 países euro-mediterrânicos. Em 11 e 12 de novembro, mais de 120 representantes de conselhos económicos e sociais e de outras organizações da sociedade civil de 14 países euro-mediterrânicos reuniram-se em Barcelona para debater o futuro papel da sociedade civil na UM. «Não pode haver uma união bem sucedida entre o norte e o sul do Mediterrâneo sem a participação da sociedade civil e, em especial, dos agentes económicos e sociais, como as organizações patronais, sindicatos, outras organizações profissionais e ONG pertinentes.» Foi esta a principal mensagem veiculada pelos representantes, que apelaram à UM para que procure realizar parcerias estruturadas com as partes interessadas e envolvê-las regularmente nos projetos da UM, de modo a legitimar as decisões tomadas pelos governos da UM. Além de questões relacionadas com a participação da sociedade civil no trabalho da UM, os participantes, na presença de Pedro Narro, presidente do Comité de Acompanhamento para o Euromed do CESE, e dos secretários-gerais adjuntos pertinentes da UM, debateram diversos temas de extrema importância para a região, em particular o desemprego jovem e as questões económicas, a situação das mulheres, o desafio da mobilidade e da migração e a necessidade de melhorar a gestão dos escassos recursos hídricos. (ail) O A Europa precisa de uma resposta social para a crise Conseguirá a UE fazer face a este desafio? 84 milhões de europeus vivem abaixo do limiar da pobreza e 26 milhões estão desempregados. A crise económica e financeira transformou-se numa crise social e democrática e apenas 31% dos europeus confiam na UE. Estará a União Europeia preparada para responder às expectativas e preocupações dos seus cidadãos? estenda aos jovens com 30 anos e às regiões onde o desemprego dos jovens seja inferior à exigência atual de 25%; t medidas rápidas para estimular a economia real, as PME e o emprego. (ail) O Em 22 de outubro, o CESE realizou uma conferência de alto nível em Vílnius para debater as oportunidades e os desafios que a UE enfrenta e a necessidade de uma Europa justa, social e responsável. Sob os Discurso de boas-vindas de Vydas Gedvilas, vice-presidente do auspícios da PresiParlamento lituano dência lituana da UE, os representantes da sociedade civil europeia e as autoridades lituanas examinaram novas formas Como resultado da crise, de proteger o modelo social europeu em alguns países afetados pelas e de contribuir para a sua recuperação. medidas de austeridade tem se assistido ao recrudescimento do Os participantes propuseram, entre extremismo político, da demagooutras medidas: gia e do preconceito. As uniões t uma Rede Europeia de Educação financeira, bancária e orçamenpara Trabalhadores Desempregatal são pilares indispensáveis da dos, que proporcionará aos canUnião Económica e Monetária, didatos a emprego uma formação mas devem ser complementade dois anos e cheques de ensino das por medidas para promotransfronteiriços; ver o crescimento e a equidade, t um novo Programa Europeu de a criação de emprego, a reduAção Social, com metas concretas ção da pobreza e a coesão social e claras (incluindo um rendimento e territorial. Estão em jogo a legimínimo garantido); timidade democrática e política. t obrigações sociais europeias para M. Luca Jahier, apoiar o investimento em projetos presidente do Grupo dos sociais economicamente viáveis; Interesses Diversos do CESE t uma Garantia Europeia para a Juventude mais forte, dotada de fundos adicionais da UE e que se CESE info — Dezembro de 2013/09 – Edição especial Supressão das tarifas de itinerância na UE beneficia tanto o público como a UE a favor da supressão imediata de todas as tarifas de itinerância, consideram que os consumidores devem ter melhor acesso às redes e usufruir no estrangeiro de um nível de conectividade igual ao que teriam se estivessem no seu país de origem. Idealmente, os europeus esperam que no futuro haja um verdadeiro mercado único da telefonia móvel que lhes permita utilizar o seu telemóvel em qualquer Estado-Membro da UE pagando tarifas iguais às do seu país de origem. O novo pacote legislativo da UE relativo ao mercado único das telecomunicações, A principal conclusão dos cerca de 60 contributos enviados por cidadãos europeus, em setembro de 2013, foi de que a abolição do atual sistema de itinerância em vigor na UE não só traria grandes vantagens para o público como também ajudaria a promover uma verdadeira integração europeia. Os inquiridos, que se pronunciaram A nova Política Agrícola Comum – muito mais vantagens do que inconvenientes. Vamos fazê-la funcionar Tal como qualquer acordo político de alto nível, a nova PAC é, obviamente, o resultado de um compromisso. Alguns consideram que a reforma foi longe de mais, enquanto outros que a reforma não é suficientemente profunda. desta forma as condições para a economia rural. A flexibilidade é mais claramente visível na oportunidade de transferir fundos entre pilares: os Estados-Membros poderão transferir até 15% das suas dotações Há dois conceitos fulcrais na nacionais para pagamentos direnova PAC: flexibilidade e ava- Dilyana Slavova, presidente tos (1.º pilar) para as suas dotações liação da diversidade. Estes dois da Secção NAT destinadas ao desenvolvimento princípios foram as principais rural (2.º pilar), ou vice-versa – questões levantadas pelo CESE no ascendendo esta percentagem até seu parecer sobre as propostas sobre o futuro da 25% para os Estados-Membros que recebem PAC elaboradas pela Comissão. menos de 90% da média europeia para pagamentos diretos. Valorizar a diversidade na UE através de uma política comum é uma das principais caracteTambém existe flexibilidade na implemenrísticas da reforma. Os pagamentos diretos são tação de medidas que visem o ambiente. Um distribuídos mais equitativamente entre Estaterço dos fundos da PAC serão investidos na dos-Membros, entre regiões e entre agricultosustentabilidade ambiental da agricultura eurores. As referências históricas desaparecerão. Os peia, processo esse conhecido por «uma PAC Estados-Membros poderão ajustar o nível dos mais verde». pagamentos diretos à situação real no terreno. Para ajudar os países a fazer esses ajustamentos, Alguns elementos da reforma entrarão em foram definidos critérios obrigatórios a nível da vigor já em 1 de janeiro de 2014 e todos serão UE: por exemplo, um regime de pagamento de aplicáveis a partir de 2015. base, que tome como ponto de partida a atividade agrícola existente e a ocupação de terras, Factos interessantes: limitando o apoio aos agricultores reais e ativos; e uma política ambiciosa para apoiar os t Mais de 77% do território da UE está classijovens agricultores. Estão disponíveis mecanisficado como rural (47% como terra agrícola mos adicionais para distribuir os pagamentos e 30% como floresta), e nele reside mais de diretos a nível local, especialmente para áreas metade da população (comunidades agrícodesfavorecidas ou setores frágeis, nivelando las e outros residentes). apresentado pela Comissão Europeia em setembro passado, prevê a eliminação progressiva das tarifas de itinerância. Contudo, muitos inquiridos alertaram para a necessidade de adoção de medidas preventivas a fim de assegurar que os operadores não compensarão a perda de receitas resultante da abolição das tarifas de itinerância com um aumento das tarifas nacionais. Na audição pública, na qual foram apresentados os resultados da consulta, a maior parte dos participantes concordou que a Comissão Europeia tinha criado enormes expectativas em relação a uma total e rápida abolição de todas as tarifas de itinerância. Na realidade, o que a Comissão fez foi, pura e simplesmente, propor a curto prazo a abolição das tarifas de itinerância para as chamadas recebidas. Embora a proposta inclua outras medidas destinadas a acelerar a criação de uma UE isenta de tarifas de itinerância, a reação dos Estados-Membros foi algo reservada e não há ainda certezas quanto à adoção efetiva de nova legislação antes do final dos mandatos da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu na próxima primavera. O CESE continuará a acompanhar de perto o evoluir dos acontecimentos. (hb) O t Há 12 milhões de agricultores (a tempo inteiro) na UE. No total, a agricultura e a indústria agroalimentar – que depende do setor agrícola para o seu abastecimento – representam 6% do PIB da UE, incluindo 15 milhões de empresas e 46 milhões de postos de trabalho. t A CAP custa a cada cidadão da UE cerca de 30 cêntimos por dia. Em 2011, representou 43% do orçamento anual da UE, ou seja, 58 mil milhões de euros. Essa percentagem tem vindo a diminuir de forma contínua desde 1984, quando se encontrava nos 72%; no entanto, os sucessivos alargamentos da UE desde 1992 fizeram duplicar o número de agricultores. A CAP de 2014-2020 representará 38% do orçamento anual da UE. t A despesa da CAP representa menos de 1% de toda a despesa pública dos Estados-Membros da UE. t A agricultura é o único setor inteiramente financiado pelo orçamento da UE (apesar de o desenvolvimento rural ser cofinanciado pelos Estados-Membros). t Uma família média europeia gasta 15% do seu orçamento em alimentação – cerca de metade do que se gastava em 1960. “ Há dois conceitos fulcrais na nova PAC: flexibilidade e avaliação da diversidade. ” Dilyana Slavova, presidente da Secção Especializada de Agricultura, Desenvolvimento Rural e Ambiente (NAT) do CESE Grupo IIIO Rumo a uma nova política europeia em matéria de regulação das redes «Os desafios eram já consideráveis quando o orçamento das telecomunicações para 20142020 ascendia ainda a 9 mil milhões de euros. A redução drástica do orçamento para mil milhões de euros levará ao congelamento de nume- Jacques Lemercier, rosos projetos, arris- membro do CESE cando-se a deitar a perder o avanço tecnológico que a UE alcançou em vários setores estratégicos», advertiu Jacques Lemercier (Grupo dos Trabalhadores, França), relator do CESE de um parecer, apresentado na última reunião plenária, sobre as «Orientações para as redes transeuropeias de telecomunicações». Embora a política atual tenha, sem sombra de dúvida, reforçado a concorrência e a inovação e diminuído os preços para os consumidores, limitou igualmente a capacidade de investimento de muitos operadores. © PeterPhoto123 As pessoas que viajam para o estrangeiro optam muitas vezes por não utilizar tanto os seus aparelhos móveis como quando estão no seu país de origem, com receio de receberem faturas de itinerância elevadas. Fazem chamadas telefónicas em menor número e de maior brevidade, e reduzem substancialmente a utilização de dados móveis, nomeadamente para a Internet ou aplicações móveis (apps), etc. Estes e muitos outros fenómenos foram abordados na audição pública sobre o sistema de itinerância nas comunicações móveis na UE, que teve lugar no CESE em 23 de outubro de 2013, para avaliar os resultados da consulta pública em linha sobre este tema. A consulta e a audição fazem parte de um projeto prioritário do presidente do CESE, Henri Malosse, que apoiou pessoalmente uma iniciativa de cidadania europeia a favor de uma tarifa única para a telefonia móvel em toda a União. A REUNIÃO PLENÁRIA EM POUCAS PALAVRAS O Comité está convencido que uma nova política europeia em matéria de regulação das redes conduzirá a uma «implicação forte e concertada dos grandes operadores europeus», para que a UE, ao sair da crise, «recupere do atraso que afetou o desenvolvimento da banda larga rápida e ultrarrápida e elimine as zonas sem cobertura digital». (hb) O Mecanismo Único de Resolução é pedra angular da união bancária O Comité Económico e Social Europeu aguarda com expectativa o estabelecimento do mecanismo único de resolução que, em sua opinião, não só constitui um marco na criação da união bancária como também permitirá harmonizar as regras de recuperação e resolução dos bancos ao nível da UE. No seu parecer adotado em outubro, o Comité indicou que o exercício da supervisão e da resolução bancárias pelo mesmo nível de autoridade é um passo no bom sentido. No que se refere ao fundo único de resolução bancária, cujo objetivo é assegurar a estabilidade financeira e a eficiência da resolução bancária, o CESE salientou a necessidade de clarificar a base jurídica do fundo. «É preciso esclarecer quanto antes a base jurídica deste fundo e abordar antecipadamente todos os desafios associados à sua instituição como, por exemplo, o risco moral», assinalou Daniel Mareels (Grupo dos Empregadores, Bélgica), relator do parecer. Empresários sociais: deem a vossa opinião! 16 e 17 de janeiro de 2014 – Estrasburgo A Europa está a mudar e são necessários novos modelos económicos. Os cidadãos, as empresas, os empresários e os responsáveis políticos europeus estão a responder aos desafios que enfrentamos nas esferas social, económica e ambiental, através da inovação social, de novas formas de investimento e de soluções surpreendentes. na Europa. Entre os participantes, estarão presentes empresas, responsáveis políticos e outras partes interessadas. O CESE, em parceria com a Comissão Europeia, realizará uma conferência de alto nível intitulada «Empresários sociais: deem a vossa opinião!», para analisar as oportunidades atuais e futuras do empreendedorismo social CESE info — Dezembro de 2013/09 – Edição especial Para mais informações e inscrição, consultar: http://www.eesc.europa.eu/?i=portal. en.events-and-activities-social-entrepreneurs (ail) O © amadorgs BREVEMENTE NO CESE O Comité considera que o fundo de resolução, para ser eficiente e eficaz, tem de dispor de recursos financeiros suficientes. Além disso, há que assegurar o controlo democrático das decisões dos membros do comité de resolução, que devem ser independentes. (ak) O 7 NOTÍCIAS BREVES Yves Somville: O CESE traz-me abertura Como sucede com qualquer RUJDQL]DomRSURÀVVLRQDODQRVVD atividade é múltipla: debate com as DGPLQLVWUDo}HVRPXQGRSROtWLFR e os nossos membros sobre a legislação em fase de elaboração ou DTXHSUHFLVDGHVHUDGDSWDGDIRUmação e vulgarização em todos os GRPtQLRVTXHHVWmRGHSHUWRRXGH ORQJHOLJDGRVjDWLYLGDGHDJUtFROD Eis alguns excertos dessa conversa: Béatrice Ouin: Que organização representa? Quantos membros conta e quais as principais atividades a nível nacional? Qual a sua função nessa organização? Yves Somville: A Bélgica conta com doze conselheiros no CESE e eu represento o setor agrícola. Trabalho para a Federação Valã da Agricultura (FVA), com sede em Gembloux (Valónia). Dado que na Bélgica a política agrícola é uma matéria regionalizada, a federação trabalha unicamente para os agricultores ativos nesta região do sul do país. No entanto, relativamente a dossiês da tutela do governo federal (saúde pública, fiscalidade, etc.) mantemos, como é óbvio, contactos permanentes com as organizações agrícolas da Flandres. A FVA é uma organização profissional financiada principalmente pelas cotas dos associados. A adesão à FVA é totalmente livre. Estão filiadas na FVA 7 000 famílias de agricultores, o que representa cerca de 65% dos agricultores da Região da Valónia. sofrendo em função do contexto mundial (OMC, alargamento da UE, evolução das preocupações ambientais e orçamentais, etc.), os contactos com instituições e organismos europeus foram e continuam a ser permanentes. Aliás, a FVA faz parte do COPA (Comité das Organizações Profissionais Agrícolas), organização agrícola europeia de topo. Compreende-se, portanto, que os nossos membros «vivem» a Europa permanentemente há várias décadas, conhecem-na e apreciam-na melhor ou pior consoante os dossiês e os momentos. Pessoalmente, que lhe proporciona o seu mandato no Comité? O que o surpreendeu mais ao chegar ao Comité e o que mais aprecia ao fim de alguns anos? Yves Somville, membro do CESE HSRU~OWLPRSUHVWDomRGHVHUYLoRV DRPXQGRDJUtFRODHSDUDDJUtFROD através da nossa rede de agência locais. Que espera a vossa organização da Europa? Como se situam os seus membros em relação à Europa e que lugar ocupam? Há mais de 50 anos que a Europa é objeto de debates frequentes em matéria agrícola. Recorde-se que a Política Agrícola Comum (PAC) uma das políticas realmente comuns no espaço europeu - festejou o ano passado o seu quinquagésimo aniversário. Em virtude das inúmeras modificações que esta política foi Posso resumi-lo numa só palavra - a abertura! À Europa, em primeiro lugar, em toda a sua diversidade e riqueza, mas também ao mundo graças aos temas abordados e debatidos nas numerosas reuniões. Os contactos tecidos no âmbito da minha participação em grupos internos como o Comité de Acompanhamento ACP-UE, são igualmente muito frutuosos. Neste comité de acompanhamento, por exemplo, a crise alimentar de 2008 trouxe a agricultura para a ordem do dia, em particular nos países ACP, mas igualmente na Europa. Estar presente no CESE afigura-se ainda mais interessante e importante face aos desafios fundamentais que vamos enfrentar a médio prazo, tais como o crescimento demográfico e rarefação das terras e dos recursos hídricos para citar apenas estes dois elementos essenciais para a atividade agrícola.! O fim do ano aproxima-se, pelo que gostaríamos de aproveitar a ocasião para vos desejar a todos Feliz Natal e Próspero Ano Novo. Esperamos que 2014 seja um ano muito feliz, com muita saúde e muitos êxitos. Contribuíram para esta edição: Alejandro Izquierdo Lopez (ail) Angeliki Karampourouni (ak) Anna Comi (ac) Arturo Iñiguez Yuste (aiy) Henry Borzi (hb) Laure Limousin (ll) Leszek Jarosz (lj) Nele Rissmann (nr) Susanna Baizou (sb) Coordenação geral: Agata Berdys Endereço: Comité Económico e Social Europeu Edifício Jacques Delors, rue Belliard, 99, B-1040 Bruxelas, Bélgica Tel. (+32 2) 546.94.76 Fax (+32 2) 546.97.64 Correio eletrónico: [email protected] Sítio Internet: http://www.eesc.europa.eu/ A aplicação das estratégias de comunicação existentes foi objeto de avaliações, incluindo através de entrevistas com membros do CESE, membros do pessoal, funcionários de outras instituições da UE, representantes dos meios de comunicação social e outras partes interessadas. Como resultado, a estratégia de comunicação para 2010-2015 continua a ser válida. Contudo, é necessário proceder a alguns ajustamentos como as redes sociais. As instituições da UE, as organizações da sociedade civil e a imprensa continuam a ser o principal público-alvo do CESE, mas, tendo em vista as eleições europeias, o público em geral é outro grupo-alvo. Além disso, a comunicação tanto em Bruxelas como em cada Estado-Membro é muito importante. Os membros são os embaixadores do CESE e do projeto europeu e assumem um papel importante na comunicação sobre ambos. (nr) O CESE comemora o 11 de novembro em Verdun Henri Malosse, atual presidente francês do CESE, e Göke Frerichs, antigo presidente alemão do CESE, estiveram em Verdun no dia 11 de novembro para lembrar os soldados que perderam a vida na Primeira Guerra Mundial. “ © Meranda19 A equipa do CESE Info Béatrice Ouin – representante dos membros do CESE no Comité Editorial (Grupo dos Trabalhadores, FR) Maciej Bury (mb) O objetivo é assegurar que as ferramentas disponíveis se adequam mais às necessidades do Comité, colocando o foco no público-alvo correto e nas atividades corretas, através de uma calendarização oportuna. que «a Europa é muito mais do que meras batalhas em torno de orçamentos e mercados. Acima de tudo a Europa é uma história bonita de mulheres e homens que partilharam o sonho de criar um futuro melhor para os seus filhos. A Europa é um lugar de paz e de valores comuns». Estar em Verdun no dia 11 de novembro serviu para lembrar a todos que as vítimas da Grande Guerra «não morreram em vão», disseram. (mb)O A Europa é muito mais do que meras batalhas em torno de orçamentos e mercados. Gostaríamos também de agradecer aos nossos subscritores e leitores e a todos os que contribuem para o nosso boletim com artigos, ilustrações, ideias e não só. Esperamos continuar a contar convosco no próximo ano. Editora: devido, sobretudo, ao rápido desenvolvimento de novas ferramentas, As recomendações adotadas serão postas em prática através de um plano de ação anual. Especial destaque será dado a pareceres prioritários e às iniciativas «Agir a nível local». Juntos afirmaram: «Aqui, lado a lado, nós, um francês e um alemão, nunca devemos esquecer que, antes de partirem para a batalha e sabendo que muito provavelmente iriam morrer, muitos dos soldados que comba- CAROS LEITORES, CESE info O Grupo da Comunicação do CESE, que estabelece uma estratégia para o conteúdo e a forma como o Comité comunica, acordou numa nova estratégia de comunicação como parte integrante da reforma «Wind of Change» (Ventos de mudança). s image © alp Numa nova série de entrevistas, Béatrice Ouin, membro francês do Grupo dos Trabalhadores do CESE e representante dos conselheiros no conselho de redação do CESE Info, conversa com outros membros para descobrir os seus centros de interesse. Recentemente entrevistou Yves Somville, membro belga do Grupo dos Interesses Diversos e secretário-geral adjunto da Federação Valã da Agricultura (Bélgica). Nova estratégia de comunicação do CESE ” teram na Grande Guerra sonhavam certamente com um futuro diferente». Em Verdun, o local de uma das batalhas mais sangrentas da Grande Guerra, os dois presidentes declararam Henri Malosse, atual presidente francês do CESE, e Göke Frerichs, antigo presidente alemão do CESE CESE info em 23 línguas: http://www.eesc.europa.eu/activities/press/eescinfo/index_en.asp O CESE Info é publicado nove vezes por ano, por ocasião das reuniões plenárias do CESE. As versões impressas do CESE Info em alemão, inglês e francês podem ser obtidas gratuitamente junto do Serviço de Imprensa do Comité Económico e Social Europeu. Além disso, o CESE Info encontra-se disponível em 23 línguas, em formato PDF, no sítio Web do Comité: URL: http://www.eesc.europa.eu/?i=portal.en.eesc-info O CESE Info não pode ser considerado como o relato oficial dos trabalhos do CESE, que se encontra no Jornal Oficial da União Europeia e noutras publicações do Comité. A reprodução, com menção do CESE Info como fonte, é autorizada (mediante envio de cópia ao editor). Tiragem: 12 310 exemplares. O próximo número será publicado em janeiro de 2014. IMPRESSO EM PAPEL 100% RECICLADO QE-AA-13-009-PT-N ENTREVISTAS ENTRE PARES Dezembro de 2013/09 – Edição especial