Ariane Ferreira Machado Avelar Ultrassonografia vascular na utilização de cateteres intravenosos periféricos em crianças: estudo clínico, randômico e controlado Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciências. São Paulo 2009 Ariane Ferreira Machado Avelar Ultrassonografia vascular na utilização de cateteres intravenosos periféricos em crianças: estudo clínico, randômico e controlado Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo para obtenção do Título de Doutor em Ciências. Orientadora: Profa. Dra. Mavilde L. G. Pedreira Co-orientadora: Profa. Dra. Maria Angélica S. Peterlini São Paulo 2009 Avelar, Ariane Ferreira Machado Ultrassonografia vascular na utilização de cateteres intravenosos periféricos em crianças: estudo clínico, randômico e controlado. / Ariane Ferreira Machado Avelar. -- São Paulo, 2009. x, 206 f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de São Paulo. Programa de Pós-graduação em Enfermagem. Vascular ultrasound during the use of peripheral intravenous catheters in children: A clinical, randomized and controlled trial. 1. Enfermagem pediátrica. 2. Cateterismo periférico. 3. Ultrassom. 4. Infusões intravenosas. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM Chefe do Departamento: Profa. Dra. Alba Lúcia Bottura Leite de Barros Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem: Profa. Dra. Janine Schirmer Área de Concentração: Enfermagem, Cuidado e Saúde. Linha de Pesquisa: Cuidado Clínico de Enfermagem e Saúde. Grupo de Estudo e Pesquisa SEGTEC – Segurança e Tecnologia - Grupo de Pesquisas de Enfermagem em Segurança do Paciente, Cuidados Intensivos e Terapia Intravenosa em Pediatria. Pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq: processo no 476295/2004-1. Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível e, de repente, você estará fazendo o impossível. São Francisco de Assis DEDICATÓRIA A meus amados pais, Ana e Abelardo, presentes e atuantes em toda nossa vida em comum. Agradeço pelo amor incondicional, respeito, apoio e fortalecimento. Sem vocês eu nada seria... Ao Marcelo, amigo, companheiro, meu amor. Agradeço diariamente a Deus pelo grande presente que recebi na vida. AGRADECIMENTOS À Profa. Dra. Mavilde L. G. Pedreira, minha querida orientadora e incentivadora dos meus maiores desafios. E, já que tive o privilégio de receber sua orientação no mestrado e no doutorado, sou para sempre grata, por poder desfrutar de momentos profundos de ensinamentos, atenção, apoio e amizade, e trilhar caminhos tão profícuos e engrandecedores ao seu lado. À Profa. Dra. Maria Angélica Sorgini Peterlini, minha querida co-orientadora, sempre presente com seu sorriso que acolhe e fortalece, nos bons e não tão bons momentos. Obrigada pelos ensinamentos, incentivos, carinho, amizade e constante disponibilidade. Ao Prof. Dr. Arnaldo Lopes Colombo, Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo. À Profa. Dra. Alba Lúcia Bottura Leite de Barros, Chefe do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo, pelo incentivo durante minha trajetória profissional. À Profa. Dra. Janine Schirmer, coordenadora do programa de Pós-Graduação de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo. À Profa. Dra. Myriam Aparecida Mandetta Pettengill e Profa. Dra. Maria Magda Ferreira Gomes Balieiro, Chefe e Vice-chefe da Disciplina Enfermagem Pediátrica do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo, pelo apoio, incentivo e acolhimento desde o nosso primeiro contato. À Denise Miyuki Kusahara, minha querida amiga e confidente, pelos agradáveis e felizes momentos. Obrigada pelo apoio, companheirismo e ensinamentos. Aos docentes da Disciplina Enfermagem Pediátrica do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo, agradeço o respeito e o apoio durante nossa trajetória. À Rita de Cássia Franze de Oliveira e Luisa C. Santos, secretárias da Pós-Graduação do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo, pela atenção, disponibilidade e incentivo. Aos queridos membros da equipe de enfermagem da Unidade de Pediatria Cirúrgica do Hospital São Paulo, agradeço pelos ensinamentos, respeito, carinho e pela possibilidade de convivência. À Elisabete Randoli Buosi, Liliane Rodrigues Melo, Priscilla Sete de Carvalho, Gabrielle Tayar, Carolina Barufi Franco, Evani Cardoso da Silva, Carolina Jacomini do Carmo, Julia Gonçalves, Raquel Tiemi Hidehira, Vivian Testoni Cannato e Michele Forti, pela inestimável contribuição durante o período de coleta dos dados. Agradeço a disposição, o respeito, a amizade e o amparo, neste momento de enfrentamento de um grande desafio. À todos os profissionais que compõem a equipe multiprofissional da Unidade de Pediatria Cirúrgica do Hospital São Paulo, em nome do Dr. Renato Tateyama. À Profa. Dra. Maria Jesus Castro Souza Harada pelas oportunidades, ensinamentos, incentivo e inspiração constantes. À Dra. Francisca Hatta Moon, médica, especialista em Cirurgia Vascular pelo Departamento de Cirurgia da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, pela disponibilidade e clareza na transmissão dos conhecimentos sobre a ultrassonografia. Antes dos seus ensinamentos, tudo não passava de imagens em escala de cinza... À Fabíola Isabel Suano de Souza, pediatra e nutróloga, pela disponibilidade, clareza e competência durante o processo de avaliação nutricional das crianças que participaram do estudo. À Adriana Sañudo, profissional competente e pessoa iluminada para trabalhar com a infinidade de dados estatísticos. Às queridas Cíntia Monteiro e Amanda Karina de Lima Jacinto, pelos ótimos momentos de aprendizado mútuo e ajuda durante o processo de confecção deste trabalho. Aos novos amigos e colegas de trabalho da CAT do COREN – SP, que compartilham de seus saberes e experiências. Agradeço os agradáveis momentos de aprendizado e convivência. À empresa BD, em nome de Kátia Teixeira e Carin Nomi, ex-integrante do time, mas peça fundamental para a doação dos cateteres utilizados no estudo. À Politec, em nome de Suzana Aron, pela doação de parte dos curativos IV 3000, da fabricante inglesa Smith and Nephew. Enfim, agradeço a todas as pessoas que fizeram parte da minha vida e que de alguma forma, contribuíram para minha formação como indivíduo e profissional. SUMÁRIO Lista de Figuras i Lista de Tabelas iv Lista de Quadros vii Lista de Abreviaturas e Símbolos viii Resumo ix Abstract x 1 INTRODUÇÃO 1 1.1. Obtenção do Acesso Venoso 5 1.2. Ultrassonografia Vascular 8 1.3. Tempo de Permanência do Cateter Intravenoso Periférico 17 1.4. Complicações Locais da Terapia Intravenosa 20 2 OBJETIVOS 28 3 CASUÍSTICA E MÉTODO 29 3.1. Tipo de Estudo 29 3.2. Hipóteses do Estudo 29 3.3. Amostra do Estudo 30 3.3.1. Formação dos Grupos 30 3.4. Local do Estudo 31 3.5. Variáveis do Estudo 33 3.5.1. Variável Experimental 33 3.5.2. Controle da Variável Experimental 39 3.5.3. Variáveis de Caracterização dos Grupos de Estudo 40 3.5.3.1. Variáveis relativas às crianças 40 3.5.3.2. Variáveis relativas à terapia intravenosa 43 3.5.3.3. Variáveis relativas aos profissionais executantes da punção venosa e da ultrassonografia 58 3.5.4. Variáveis Dependentes 60 3.6. Coleta de Dados 63 3.6.1. Capacitação para punção venosa periférica 63 3.6.2. Capacitação para realização do curativo 64 3.6.3. Capacitação para ultrassonografia vascular 67 3.6.4. Capacitação para coleta dos dados 67 3.6.5. Preparo da criança para o procedimento 68 3.7. Análise Estatística 70 4 RESULTADOS 72 5 DISCUSSÃO 117 6 CONCLUSÕES 149 7 ANEXOS 151 Anexo 1 151 Anexo 2 153 Anexo 3 156 Anexo 4 158 Anexo 5 159 Anexo 6 173 Anexo 7 175 Anexo 8 177 Anexo 9 182 Anexo 10 183 Anexo 11 184 Anexo 12 185 Anexo 13 186 Anexo 14 187 Anexo 15 188 Anexo 16 189 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 190 Lista de Figuras Figura 1. Sala de procedimentos 32 Figura 2. Equipamento de ultrassom vascular com Doppler 34 Figura 3. Imagem ultrassonográfica longitudinal do CIP na veia cefálica de 34 membro superior esquerdo Figura 4. Imagem ultrassonográfica transversal do CIP na veia cefálica de 35 membro superior esquerdo Figura 5. Aquecedor do gel condutor 35 Figura 6. Acionamento do EUSV 36 Figura 7. Aplicação do gel condutor no transdutor 36 Figura 8. Garroteamento do membro com luva de látex (I) ou compressão 36 manual (II) Figura 9. Posicionamento do transdutor no sentido longitudinal (I) e 37 transversal (II) Figura 10. Punção venosa periférica guiada pela USV 37 Figura 11. Posicionamento do transdutor sobre o curativo do cateter, no 38 sentido longitudinal (I) e transversal (II) Figura 12. Cateter intravenoso periférico calibre 24 G (amarelo) e calibre 22 50 G (azul) Figura 13. Garroteamento do membro com compressão manual (I) e luva de 51 látex (II) Figura 14. Esquema da rede venosa periférica da criança 54 Figura 15. Tala para restrição de movimentos do membro e fita adesiva 55 i transparente hipoalergênica Figura 16. Película transparente estéril 65 Figura 17. Tiras adesivas estéreis 66 Figura 18. Curativo da inserção do cateter 66 Figura 19. Criança realizando atividades lúdicas no manual 69 Figura 20. Equipamento de ultrassom de brinquedo 69 Figura 21. Manipulação do equipamento de ultrassom de brinquedo pela 70 criança Figura 22. Idades (anos) das crianças, segundo os grupos experimental (GE) 74 e controle (GC) – São Paulo, 2008 Figura 23. Uso prévio de TIV, segundo os grupos experimental (GE) e 76 controle (GC) – São Paulo, 2008 Figura 24. Antecedentes de complicações da terapia intravenosa, segundo os 78 grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Figura 25. Condição da criança predisponente ao insucesso da punção venosa 80 e à ocorrência de complicações, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Figura 26. Característica do tratamento predisponente ao insucesso da punção 82 e à ocorrência de complicações, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Figura 27. Motivo do insucesso da primeira punção, segundo os grupos 89 experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Figura 28. Motivo do insucesso da última punção, segundo os grupos 90 experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Figura 29. Obtenção do acesso venoso periférico, segundo os grupos 104 experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Figura 30. Sucesso da punção venosa periférica na primeira tentativa, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 ii 105 Figura 31. Tempo (horas) de permanência do cateter intravenoso periférico, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 iii 107 Lista de Tabelas Tabela 1. Distribuição das características demográficas das crianças, 73 segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tabela 2. Período pregresso de utilização de terapia intravenosa, tempo 76 desde a última utilização, uso prévio de CIP, uso prévio de PICC e uso prévio de CVC, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tabela 3. Tipos de complicações prévias da terapia intravenosa, segundo os 78 grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tabela 4. Tipo de condição da criança predisponente ao insucesso da punção 81 venosa e à ocorrência de complicações, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tabela 5. Tipo de característica do tratamento predisponente ao insucesso da 83 punção e à ocorrência de complicações, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tabela 6. Condição da rede venosa periférica, segundo os grupos 84 experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tabela 7. Dominância lateral das crianças, segundo os grupos experimental 86 (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tabela 8. Calibre do cateter, garroteamento do membro e método de punção 87 venosa, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tabela 9. Número de tentativas de punção, segundo os grupos experimental 88 (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tabela 10. Vaso sanguíneo de inserção do cateter, segundo os grupos 91 experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tabela 11. Local de instalação do cateter, reposicionamento do cateter e uso 92 de tala, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tabela 12. Forma de infusão da terapia intravenosa, método de infusão das soluções e fármacos, tipo de infusão, e soluções e fármacos de iv 93 risco para complicações, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tabela 13. Número de soluções e número de fármacos, segundo os grupos 95 experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tabela 14. Motivo da retirada do cateter antes da alta do tratamento, segundo 96 os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tabela 15. Profissional executante da punção venosa periférica, segundo os 97 grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tabela 16. Tempo de formação, especialização em enfermagem pediátrica e 98 tempo de trabalho em enfermagem pediátrica dos profissionais executantes da punção venosa, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tabela 17. Caracterização dos profissionais executantes da ultrassonografia – 99 São Paulo, 2008 Tabela 18. Avaliação das imagens ultrassonográficas pelas enfermeiras – São 100 Paulo, 2008 Tabela 19. Retirada do cateter por alta do tratamento, segundo os grupos 106 experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tabela 20. Tempo de permanência do cateter intravenoso periférico, segundo 106 os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tabela 21. Ocorrência de complicações locais da terapia intravenosa, 108 segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tabela 22. Complicações da terapia intravenosa, grau de infiltração e flebite, 108 segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tabela 23. Sucesso da punção venosa periférica na primeira tentativa e 111 retirada do cateter por alta do tratamento, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tabela 24. Tempo de permanência dos cateteres inseridos na primeira tentativa de punção e retirados por alta do tratamento, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 v 112 Tabela 25. Avaliação das imagens ultrassonográficas pelas enfermeiras e 113 obtenção do acesso venoso periférico – São Paulo, 2008 Tabela 26. Razão de prevalência de obtenção do acesso venoso periférico, 114 segundo a idade, antecedentes de complicações, condição da rede venosa e uso de ultrassonografia (USV) na punção venosa periférica – São Paulo, 2008 Tabela 27. Razão de prevalência de complicações da terapia intravenosa, segundo idade, cor da pele, reposicionamento do cateter e tipo de infusão – São Paulo, 2008 vi 115 Lista de Quadros Quadro 1. Sinopse das variáveis de caracterização dos grupos de estudo, 101 segundo teste estatístico, resultado e tabela ou figura de apresentação. Quadro 2. Sinopse das variáveis dependentes, segundo teste estatístico, resultado e tabela ou figura de apresentação. vii 110 Lista de Abreviaturas e Símbolos TIV Terapia intravenosa CIP Cateter intravenoso periférico USV Ultrassonografia vascular PVP Punção venosa periférica CVC Cateter venoso central Hz Hertz kHz Quilohertz MHz Megahertz EUA Estados Unidos da América PICC Cateter central de inserção periférica INS Infusion Nurses Society CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico EUSV Equipamento de ultrassom vascular GE Grupo experimental GC Grupo controle G Gauge Q1 Primeiro quartil Q3 Terceiro quartil viii RESUMO Ultrassonografia vascular na utilização de cateteres intravenosos periféricos em crianças: estudo clínico, randômico e controlado Introdução: As intervenções de enfermagem destinadas à implementação da terapia intravenosa (TIV) caracterizam-se como abrangentes e complexas, sendo necessária a produção de conhecimentos que contribuam com inovações capazes de melhorar os resultados obtidos nos cuidados prestados. Assim, pretendeu-se verificar se o uso da ultrassonografia vascular (USV) promoveria melhores resultados na utilização de cateteres intravenosos periféricos (CIP) em crianças. Objetivos: Comparar, independente do número de tentativas de punção venosa periférica (PVP), o índice de obtenção do acesso venoso periférico em crianças, segundo uso de USV ou método tradicional para inserção de CIP; verificar a assertividade na utilização de CIP, de acordo com uso de USV ou método tradicional de PVP, e descrever a influência do uso da USV sobre o tempo de permanência do cateter e a ocorrência de complicações locais da TIV relacionadas ao uso de CIP em crianças. Casuística e Método: Estudo clínico, randômico e controlado realizado em unidade de cirurgia pediátrica de um hospital universitário de São Paulo. A coleta dos dados ocorreu após aprovação do mérito ético da pesquisa. A amostra foi composta por 382 PVP distribuídas no grupo experimental (GE), no qual a PVP foi guiada pela USV, e no grupo controle (GC), em que foi utilizado o método tradicional de PVP. Procedeu-se investigação de variáveis de caracterização das crianças, da TIV e dos profissionais. Variáveis dependentes compreenderam obtenção do acesso venoso periférico, assertividade, tempo de permanência do cateter e ocorrência de complicações locais. Para a análise estatística foram aplicados os testes do Qui-quadrado, Exato de Fisher, Generalização do Teste Exato de Fisher, Mann-Whitney, Razão de Verossimilhança e Razão de Prevalência (nível de significância de 5%). Resultados: Do total de 382 PVP, 188 (49,2%) foram realizadas no GE e 194 (50,8%) no GC, em 335 crianças com idade entre 12 dias e 17 anos. As variáveis de caracterização apresentaram distribuição semelhante entre os grupos, com exceção da idade das crianças (p=0,028); condição da rede venosa periférica da mão esquerda (p=0,036), membro superior direito (p=0,007), membro superior esquerdo (p=0,018); dominância lateral (p=0,015) e reposicionamento do cateter (p=0,023). A obtenção do acesso venoso ocorreu em 161 (85,6%) punções do GE e em 178 (91,8%) do GC, com diferença marginalmente significante entre os grupos (p=0,059). Sucesso da punção na primeira tentativa foi observado em 102 (54,3%) PVP do GE e em 117 (60,3%) do GC (p=0,232). No GE, 108 (67,1%) cateteres foram retirados por alta do tratamento e no GC 120 (67,4%) (p=0,948). A mediana de tempo de permanência dos cateteres do GE foi de 22 horas e do GC de 23,4 horas (p=0,121). Complicações da TIV foram observadas em 46 (28,6%) crianças do GE e em 45 (25,3%) do GC (p=0,495). A infiltração apresentou distribuição diferente entre os grupos (p=0,025), com maior frequência no GE. Conclusões: A utilização da USV para inserção de CIP em crianças promoveu índice de obtenção do acesso venoso periférico, assertividade, tempo de permanência e ocorrência de complicações da TIV estatisticamente semelhantes aos obtidos com o método tradicional de PVP. ix ABSTRACT Vascular ultrasound during the use of peripheral intravenous catheters in children: A clinical, randomized and controlled trial. Introduction: Nursing interventions for the implementation of intravenous therapy (IT) in children are complex and embraces many aspects, requiring knowledge development that lead to innovations capable to promote better results in the nursing care provided. This research, aimed to verify whether the use of vascular ultrasonography (VUS) could lead to better results in the use of peripheral intravenous catheters (PIC) in children. Objectives: To compare, regardless of the number of venous puncture attempts, peripheral venous access obtained in children, according to VUS use or traditional method for PIC insertion; assertiveness in the use of PIC in children, related to VUS or traditional method and to describe the influence of VUS on PIC dwell time and development of local complications related to the use of IT in children. Casuistic and Methods: Clinical, randomized and controlled trial, conducted in a pediatric surgery ward of a university hospital in São Paulo. Data collection occurred after ethical merits of research approval. The sample comprised 382 venous puncture randomly allocated in the experimental group (EG), venous puncture guided by VUS, or in the control group (CG), traditional method of venous puncture. Variables related to children, IT and professional characterization were collected. Dependent variables included obtainment of peripheral venous access, assertiveness, catheter dwell time and occurrence of local complications. For the statistical analysis were applied the Pearson Chi-square, Fisher's Exact, Generalization of Fisher's exact, Mann-Whitney, Likelihood Ratio and Prevalence Ratio (significance level of 5%). Results: A total of 382 venous punctures, 188 (49.2%) in EG and 194 (50.8%) in CG, were performed in 335 children aged from 12 days to 17 years. The characterization variables showed similar distribution between the studied groups, exception made to children’s age (p=0.028); peripheral venous condition of the left hand (p=0.036), right upper limb (p=0.007), left upper limb (p=0.018); dominant side (p=0.015) and catheter repositioning (p=0.023). Venous access obtainment occurred in 161 (85.6%) EG punctures and 178 (91.8%) of CG, with marginally significant statistical difference (p=0.059). The success in the first attempt of puncture was statistically similar (p=0.232), 102 (54.3%) venous puncture in EG and 117 (60.3%) of CG. In the EG, 108 (67.1%) catheters were removed for release of treatment and 120 (67.4%) in CG (p=0.948). The median of catheters dwell time was of 22 hours in EG and 23.4 hours in the CG (p=0.121). IT related complications were observed in 46 (28.6%) children of EG and 45 (25.3%) of CG (p=0.495). Infiltration had a different distribution between groups (p=0.025), been more frequent in the EG. Conclusions: The use of VUS to insertion of PIC in children promoted obtainment of peripheral venous access, assertiveness, dwell time and occurrence of complications statistically similar to those obtained with the traditional method of venous puncture. x 1 INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 1 1 INTRODUÇÃO A implementação da terapia intravenosa (TIV) faz parte do cotidiano do cuidado de enfermagem prestado à criança durante o tratamento de doenças ou agravos à saúde. Segundo o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), pacientes são submetidos anualmente a milhões de punções intravasculares, sendo impossível estimar com precisão a abrangência deste tipo de intervenção, que se caracteriza como a mais frequentemente realizada em pacientes hospitalizados.1 Devido à ampla utilização, a TIV está associada à ocorrência de complicações, descritas como as principais causas de interrupção da terapêutica medicamentosa, devido à retirada precoce dos cateteres intravenosos periféricos (CIP) e à necessidade de novas punções, ocasionando eventos adversos. Estão relacionadas às características do paciente, finalidade da terapia e dispositivos utilizados, como o tipo de cateter, de curativo, da solução administrada, da forma de manutenção do cateter e os cuidados realizados.2 Em se tratando da população pediátrica, que envolve desde a faixa etária neonatal até a adolescência, identificam-se fatores que contribuem para a redução do sucesso da punção venosa e aumento de complicações locais da TIV, como a dificuldade de avaliar e localizar a apresentação da rede venosa periférica que possibilite a inserção do CIP, características intrínsecas e condições clínicas da criança como obesidade, desnutrição, prematuridade, desidratação, edema, presença de doenças crônicas e ou vasculares, degradação da rede venosa periférica devido ao uso prévio de medicamentos vesicantes e TIV prolongada. Além dos aspectos supracitados, características relativas ao comportamento da criança e ao nível de desenvolvimento cognitivo, no momento da punção e durante a permanência do cateter, podem contribuir para o insucesso do procedimento e ocorrência de complicações locais no decorrer da terapêutica. Algumas dessas condições resultam em recusa à TIV, estresse, medo, ansiedade, hiperatividade, agitação, dentre outros. Para minimizar estas condições, a presença de pessoas significantes, que tenham vínculo com a criança, e consequentemente tragam segurança e conforto, facilitam o enfrentamento da situação.3 O conhecimento do enfermeiro deve possibilitar a adequação entre as necessidades e especificidades do paciente e as características da terapêutica, a fim de que a TIV resulte em mínimas complicações e máximos benefícios ao paciente.4 INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2 Com a escolha adequada dos dispositivos utilizados para implementação da terapia, as ocorrências de infiltração, flebite e obstrução do cateter, que compreendem as complicações mais frequentemente relacionadas ao uso de CIP em crianças, podem ser minimizadas.2,5 Entretanto, para que o conhecimento teórico resulte em melhoria da TIV, faz-se necessário que o enfermeiro desenvolva habilidades técnicas e pensamento crítico capaz de gerar aprimoramento constante do saber fazer evidenciado na competência do profissional.6 Sabe-se que a competência profissional pode interferir diretamente no resultado do cuidado prestado ao paciente. Neste contexto, sua influência sobre os resultados da TIV é presente na literatura, iminentemente internacional. Contudo, no cotidiano da assistência de enfermagem prestada ao paciente submetido à TIV em nosso país, não se observa a distinção e a valorização dos níveis de competência entre as diferentes categorias profissionais, com vistas à obtenção de resultados mais profícuos e seguros no cuidado. Tal característica pode ter relação com os problemas sócio econômicos vivenciados em sistemas de saúde de países em desenvolvimento. Devido à deficiência numérica de enfermeiros e as políticas de saúde para seu aproveitamento, têm-se observado no Brasil, que os cuidados diretos ao paciente submetidos à TIV, constituem atribuição predominante do profissional de nível médio, que possui habilidade técnica para realização da prática, porém não tem a responsabilidade de desenvolver competência clínica e raciocínio crítico que promovam o aprimoramento da terapia. Tal fato resulta em que, no cotidiano da assistência, as práticas permaneçam sem fundamentação científica, e sejam menores as possibilidades de desenvolvimento da práxis. Adicionalmente, as deficiências no sistema de saúde e os problemas operacionais das instituições, desviam o enfermeiro para corrigir falhas no sistema que, associados à falta de profissionais e recursos para a assistência, incorrem em excesso de outras atribuições para o enfermeiro que não realiza a assistência de enfermagem, contribuindo para o aumento da probabilidade da ocorrência de eventos adversos e comprometimento da segurança do paciente.7-8 Assim, em grande parte da realidade assistencial brasileira, o exercício das atividades relacionadas à TIV, está sendo praticado, por profissionais de nível médio, como técnicos e auxiliares de enfermagem, sob a supervisão ou com execução compartilhada do enfermeiro.9 Cabe aqui destacar que, por vezes, nem mesmo a distinção que se propõe entre as atribuições segundo nível de complexidade das ações, entre as diferentes categorias profissionais na Lei do Exercício Profissional da Enfermagem, é identificada na assistência prestada em nosso país. INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3 Evidenciar mudanças nos resultados das práticas em saúde por meio do cuidado de enfermagem constitui um dos principais componentes para a transformação da realidade vivenciada. Este estudo foi idealizado nesta premissa, de trazer inovações para a prática do enfermeiro na TIV, respaldadas em análise científica que contribua para a modificação dos resultados que interferem nesta prática assistencial, mais especificamente a assertividade durante a utilização do CIP e redução de complicações relativas à terapia. Para contornar os fatores que interferem na obtenção do acesso venoso, na assertividade, e na incidência de infiltração, flebite e obstrução do cateter, ocasionando lesões nos membros e interferência nas atividades das crianças submetidas à TIV, além de sua interrupção temporária, pretendemos verificar se o uso da ultrassonografia vascular (USV) poderia promover o aumento da obtenção do acesso venoso periférico, maior assertividade durante a utilização do CIP, maior tempo de permanência do cateter e redução da ocorrência destas complicações, contribuindo para a segurança do paciente. O termo assertividade, derivado do inglês assertiveness, é definido como uma característica humana ou qualidade que determina a intensidade com que o indivíduo será competitivo e diretivo; fazer afirmações assertivas, qualidade do que é assertivo.10 Neste estudo, o termo assertividade representa: “Propriedade de obter sucesso na punção venosa periférica (PVP) na primeira tentativa e retirar o CIP por alta do tratamento”. O desenvolvimento da competência profissional da enfermagem é um componente chave para a promoção de maior segurança, efetividade e eficiência no cuidado à criança submetida à TIV. A propriedade de aumentar o sucesso do procedimento com a obtenção do acesso venoso, priorizando a segurança, as necessidades e as preferências do paciente e família, com redução da morbidade física e psicológica e aumento da satisfação com o cuidado recebido, devem ser as principais premissas da assistência à criança.11 A segurança do paciente é definida como a ausência de injúrias advindas do tratamento e pode ser promovida com a incorporação da tecnologia à prática clínica profissional, a fim de melhorar a habilidade e auxiliar na detecção e intervenção precoce na vigência de eventos adversos, sendo considerada uma ferramenta essencial para a moderna assistência à saúde.8,12-13 No século XXI tem-se observado a introdução do paradigma da segurança na assistência à saúde. No que concerne à TIV, estudos e padrões de prática internacionais descrevem o uso da USV INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4 como procedimento capaz de melhorar o sucesso na punção venosa, em especial durante a obtenção de acesso vascular central.14 Ainda são escassos os resultados de pesquisas no que se refere ao uso da USV para obtenção do acesso vascular periférico. A melhora nos resultados é observada principalmente em pacientes com difícil acesso venoso, adultos ou crianças, na inserção de CIP e cateteres venosos centrais (CVC). Este método parece possibilitar a melhor identificação da rede venosa, podendo contribuir para maior sucesso da punção com menor número de tentativas, menor tempo para realização do procedimento e maior satisfação do paciente. Diferentes técnicas de utilização da USV podem ser empregadas, dependendo da situação clínica do paciente e do tipo de equipamento disponível.15-16 Assim, pretende-se verificar se o uso da USV pode promover o aumento do índice de obtenção do acesso venoso periférico, a assertividade na utilização do CIP com sucesso da punção na primeira tentativa e retirada do CIP por alta do tratamento, maior tempo de permanência do cateter e menor ocorrência das complicações infiltração, flebite e obstrução do cateter em crianças, para que seja verificado se o emprego deste tipo de tecnologia pode auxiliar o enfermeiro e contribuir para o desenvolvimento desta modalidade da terapia, com redução de danos e aumento da segurança do paciente. INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5 1.1. Obtenção do Acesso Venoso O sucesso da punção venosa é um desafio para o enfermeiro, especialmente o pediatra, devido às características fisiológicas, anatômicas e desenvolvimentais específicas de cada criança. Sabe-se que a anatomia da rede venosa da criança não difere da do adulto. Entretanto, o formato mais robusto do corpo, a quantidade de tecido adiposo e o pequeno tamanho dos vasos, principalmente presentes nos lactentes, podem dificultar a localização das veias, por meio da palpação e visualização, contribuindo para o insucesso do procedimento.17 A obtenção do acesso vascular periférico em pacientes pediátricos caracteriza-se como um dos procedimentos mais complexos e que despende maior tempo para a equipe de enfermagem.18 Pode ser particularmente difícil em lactentes e crianças pequenas, pois as veias são frágeis, de pequeno calibre e geralmente colapsam quando comparadas às dos adultos, além de ser um procedimento pouco tolerado.19-20 Adicionalmente, também é dificultada em pacientes obesos, edemaciados, hipovolêmicos, com doenças crônicas, cor da pele preta, usuários de drogas ilícitas, ou em pacientes submetidos a uso frequente de TIV, capaz de ocasionar hematomas, cicatrizes e trombose, prejudicando a visualização e palpação das veias.21-25 A maioria dos pacientes submetidos à TIV prolongada ou portadores das características descritas apresenta redução dos locais disponíveis para punção venosa, tornando o procedimento mais difícil ou impossibilitado pela avaliação clínica da rede venosa.25 Pesquisadores relatam que a cateterização venosa em crianças pode ser tecnicamente difícil e suscetível a complicações decorrentes de variações anatômicas. Verificaram que 18,0% das crianças com até seis anos de idade, avaliadas com USV, apresentaram variação anatômica que pode acarretar dificuldades técnicas e complicações durante o procedimento.26 A cateterização da rede venosa periférica pode ser também dificultada na vigência de vasoconstrição, ocasionada por diferentes fatores como dor, hipotermia, febre, hipotensão, uso de cafeína, nicotina ou noradrenalina, ou a condições clínicas do paciente, ou outros estimuladores do sistema nervoso simpático e moduladores da capacidade venosa.23 Algumas estratégias são descritas para propiciar a vasodilatação e facilitar a obtenção do acesso venoso periférico, como o posicionamento de torniquete de cinco a 10 centímetros acima do local de punção, por no máximo cinco minutos, realizado com dispositivo de insuflação, segmento INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6 de tecido ou de borracha ou com as mãos do profissional, pois permitem a manutenção do fluxo arterial e restringem o fluxo venoso; aquecimento com compressas mornas ou imersão do membro em água quente; posicionamento do membro a ser puncionado abaixo do nível do coração; orientação para abertura e fechamento repetitivo das mãos promovendo a congestão venosa local e realização de estímulos suaves e repetitivos com as pontas dos dedos no local de punção para promover vasodilatação mediada pela liberação histamínica.18-19,21,23 Autores recomendam o uso de cremes de nitroglicerina 4,0% por dois a três minutos, antes da punção em lactentes e crianças, entretanto não recomendam o uso em prematuros e recémnascidos, por acarretarem efeitos adversos. Além disso, relatam que a aplicação de álcool no local auxilia a visualização da veia devido à mudança do reflexo da luz sobre a pele, principalmente em pacientes com cor da pele preta.18-19,21 Quando os profissionais são capazes de complementar sua habilidade manual com o uso da tecnologia ocorre melhora na qualidade da assistência ao paciente. Além disso, a moderna complexidade da assistência à saúde, excede a capacidade da habilidade humana sem o uso da tecnologia, e novas gerações de profissionais irão invocar seu uso para melhorar a segurança do paciente.27 Dentre as tecnologias propostas para a visualização de veias periféricas em pacientes classificados como de difícil acesso venoso, são descritas a transiluminação e a ultrassonografia. Com o uso da transiluminação com venoscópio, equipamento que opera por meio de fibras ópticas, as veias podem ser identificadas entre os feixes de luz como linhas escuras no tecido subcutâneo, que se mostra róseo. As veias superficiais aparecem mais nítidas e mais definidas do que as veias mais profundas, que se apresentam difusas.21 Em se tratando da população neonatal, estudo relata a técnica de transiluminação com otoscópio que, quando posicionado abaixo do membro, auxilia a visualização da rede venosa com redução do número de tentativas de punção.18 Algoritmo proposto para obtenção do acesso venoso periférico difícil em crianças, sugere que após duas tentativas sem sucesso, nas veias das mãos e antebraços, com uso de anestésico tópico, deve-se acionar um profissional com mais habilidade técnica, considerar as veias dos membros inferiores e utilizar estratégias de dilatação venosa como uso de compressas mornas, garrote, vasodilatador tópico, bem como de USV e transiluminação.21 INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7 A utilização da USV para guiar a punção venosa é descrita durante a cateterização venosa central, sendo um procedimento que depende do operador do equipamento, com validação do aprendizado, que compreende a assimilação da técnica e desempenho correto, que apresenta indicação e utilização, principalmente em unidades de emergência e de internação, com potencial para o uso durante a obtenção do acesso venoso periférico.18-19,21 INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8 1.2. Ultrassonografia Vascular O som é produzido pela rápida movimentação de moléculas. Esta vibração molecular transporta energia do transmissor, como o som produzido pela voz, até o receptor, como o ouvido. O som se locomove em ondas que transportam energia de um local a outro, de forma longitudinal. Esta movimentação mecânica, com rápido vai e vem, é a base para a formação do som como uma onda mecânica ou propagada mecanicamente de forma circuncêntrica nos meios sólido, líquido ou gasoso, que possuem massa e elasticidade, e deste modo não se difundindo no vácuo.28-30 Na propagação de uma onda mecânica não há transporte de matéria, mas apenas de energia. Ao serem atingidas pela perturbação ondulatória, as partículas do meio material entram em oscilação, mas não se afastam, alterando o estado das partículas vizinhas, transferindo-lhes energia mecânica e garantindo a propagação da onda.31 Uma onda sonora pode ser produzida em um meio colocando-se uma fonte vibrante em contato com o mesmo, fazendo com que partículas vibrem. Esta energia se propaga e é atenuada, dispersa e refletida através de interfaces.32 A frequência ou velocidade de oscilação por segundo do som é medida em hertz (Hz), nomeada em homenagem ao físico alemão Heinrich Rudolf Hertz, que fez importantes contribuições para a ciência no campo do eletromagnetismo. A frequência é associada a movimentos de característica ondulatória, que indica o número de revoluções (ciclos, voltas, oscilações, etc) por unidade de tempo, em segundos, no caso do som.28 A medida quilohertz (kHz) equivale a 1.000 Hz e megahertz (MHz) equivale a 1.000 kHz ou 1.000.000 Hz.28 A mais baixa frequência no campo acústico é chamada de infrassom, que se mantém abaixo de 20 Hz. Sons audíveis por humanos estão entre 20 Hz e 20.000 Hz (20 kHz) de frequência. A frequência do ultrassom inicia em 20.000 Hz.30 Com base no fato de que as ondas sonoras não são ionizantes e, portanto, inócuas aos seres vivos, têm sido usadas com frequência para fins diagnósticos e terapêuticos.28-29 A maioria dos equipamentos médicos de ultrassom atua em frequência entre um e 15 MHz. Para aplicações diagnósticas como para ultrassonografia abdominal, obstétrica e ginecológica, e para ecocardiograma, a frequência varia de 2,5 a 7,5 MHz. Para órgãos e estruturas superficiais, como a tireóide e a rede vascular periférica, a frequência varia de 7,5 a 15 MHz.30 INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 9 A biofísica ultrassônica é o estudo dos mecanismos responsáveis pela interação entre materiais biológicos e o som, por meio de pesquisas que verificam as aplicações terapêuticas e os riscos envolvidos no diagnóstico ultrassonográfico.30 O princípio da ultrassonografia é baseado na emissão de ondas ultrassônicas por um transdutor, que consiste em um dispositivo que converte um tipo de energia em outra, no caso do ultrassom, energia elétrica em mecânica, e é confeccionado por material piezoelétrico. Composto por cristais cortados, de modo que um campo elétrico alternado, quando nele aplicado, produza variações em sua espessura. Dessas variações resulta um movimento nas faces do cristal, originando as ondas sonoras. Esse tipo de material, quando submetido a um campo eletromagnético, gera cargas elétricas na rede de cristais que interagem e produzem tensões mecânicas, com variação das dimensões físicas de certos materiais.31 O transdutor piezoelétrico serve como fonte e detector de ondas sonoras quando colocado em contato com a pele, e proporciona a ligação entre o equipamento de ultrassom e o paciente. O mesmo transdutor que emite o sinal ultrassônico funciona como detector, pois os ecos que retornam produzem vibração no cristal, fazendo variar suas dimensões físicas que, por sua vez, acarretam o aparecimento de um campo elétrico. A forma do transdutor é escolhida de modo que o som forme um feixe com uma direção bem definida. A recepção de sinais de ecos refletidos e dispersos pelo transdutor proporciona informação sobre as propriedades acústicas do meio, torna possível a produção de imagens de ultrassom no modo-B e permite a detecção de movimento usando o efeito Doppler.32 Esse campo gera sinais que podem ser amplificados e processados em um formato adequado para exibição em um osciloscópio ou registrador em imagem em escala de cinza observada pelo operador. No ultrassom utilizado na área da saúde, a exibição ocorre no modo-B, no qual os sinais refletidos são convertidos em uma série de pontos na tela. Com o processamento em escala de cinza, a intensidade ou brilho de cada ponto é proporcional à amplitude do sinal de eco.16,22,32-33 No modo-B, o feixe sonoro varre uma região e os ecos são mostrados na tela do dispositivo, em uma posição que corresponde à sua origem anatômica. Normalmente são usadas de 100 a 200 linhas de feixe de ultrassom para construir cada imagem.32 O efeito piezoelétrico foi descrito em 1880 pelos irmãos Pierre e Jacques Curie, que ao estudarem as propriedades inerentes à simetria de certos cristais, evidenciaram que alguns, ao serem submetidos a esforços mecânicos, segundo específicas posições, apresentam polarização elétrica em INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 10 suas faces, surgindo tensões internas que provocarão alteração em suas dimensões. Devido às deformações que sofrem, passam a vibrar com a mesma frequência, produzindo no meio uma onda mecânica. Se a frequência do sinal elétrico for suficientemente elevada, a onda produzida será ultrassônica.31 As ondas sonoras são emitidas através dos tecidos com densidades variáveis e são refletidas de volta ao transdutor formando imediatamente uma imagem na tela do monitor, comumente denominada imagem em tempo real.16-17 O transdutor realiza a emissão das ondas em pulsos breves, com períodos alternados de pausa e emissão, a uma taxa de repetição fixa. A propagação do pulso em meio homogêneo terá velocidade constante, com retorno em forma de eco na mesma velocidade da emissão. Durante o tempo de percurso do pulso, o transdutor se mantém em pausa, funcionando como receptor do eco. O ritmo de emissão e recepção é da ordem de poucos milhares de pulsos por segundo.31 Os primeiros relatos sobre o uso da ultrassonografia datam da época da Segunda Guerra Mundial, quando seus princípios eram utilizados nos mais diversos campos, inclusive para detecção de objetos no fundo do mar através do uso do Sonar. Os fundamentos foram baseados no conhecimento da emissão de ondas ultra-sônicas por animais, como morcegos, aves e golfinhos, utilizadas para locomoção, defesa e busca de alimentos.31 Equipamentos de USV podem ser utilizados para localizar veias de duas formas, longitudinal e transversal, a partir do posicionamento do transdutor e a aquisição de imagens que permitem ao operador do equipamento a diferenciação entre artérias e veias, com a compressão do transdutor contra a pele, por alguns segundos, o profissional pode visualizar o colabamento da veia e a contínua pulsação da artéria.16-17,22 Estes equipamentos operam em frequência que varia de 7,5 a 15 MHz.30 O uso do equipamento de USV auxilia a visualização da rede venosa em tempo real, a certificação da permeabilidade do vaso, a ausência de estenose ou trombose, identificação de posições anômalas, conduzindo o operador à escolha de outro local para punção, sem inserções desnecessárias; diferenciação de veias e artérias, redução de punções arteriais acidentais, aumento do sucesso da punção na primeira tentativa, redução do trauma tecidual e flebite mecânica, possibilita o acesso a vasos calibrosos em membro superior, promovendo a hemodiluição; relação custo-benefício favorável quando comparado à radiologia intervencionista convencional, aumenta a satisfação e o conforto do paciente e do profissional.17,22,34 INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 11 A ultrassonografia apresenta algumas vantagens, destacando-se a segurança do procedimento, por ser um método não invasivo e atraumático, e a possibilidade de detectar fenômenos não perceptíveis pelos raios-X sem contraste, porém é um método que exige adequada capacitação do profissional para manuseio e diagnóstico correto, considerado operador dependente. De fato, a habilidade e o treinamento do operador são tão importantes quanto o tipo de equipamento utilizado.35 Como principais desvantagens o método requer mudança na habilidade do profissional que realiza a punção venosa, principalmente relatada por enfermeiras, que verificam a necessidade de desenvolver a coordenação mãos-olhos, pois a partir da utilização da ultrassonografia não mais realizam a punção olhando para o local de inserção do cateter, mas sim para o monitor do equipamento, ressaltando a necessidade de exercitar inúmeras vezes o procedimento para adquirir competência.17,25 Um atributo que pode estar presente no aparelho de USV é o efeito Doppler, que consiste na variação da frequência e do comprimento de onda do som, independente de qual seja a velocidade relativa entre a fonte emissora e o observador, ocasionado pela alteração da frequência devido a uma aproximação ou afastamento entre a fonte e o receptor.31,36 Em 1842 o físico austríaco Johann Christian Andreas Doppler descreveu que a frequência do som emitido ou refletido em um objeto em movimento variava de acordo com a velocidade do objeto. Um equipamento de USV com Doppler possibilita a demonstração de ondas de velocidade de fluxo sanguíneo produzidas pelo ultrassom ao incidir em um vaso, sendo que a onda de velocidade de fluxo é composta pelas variações da frequência do ultrassom refletido pelas hemácias contidas no sangue em movimento. A frequência das ondas refletidas por objetos em movimento, como as células vermelhas do sangue, sofre uma alteração proporcional à velocidade do alvo, colorindo o fluxo sanguíneo e fornecendo dados sobre pressão intravascular.32,36-37 A USV com Doppler pode também gerar som audível do fluxo sanguíneo, entretanto não informa sobre a profundidade do vaso.22 O primeiro relato do uso da USV para auxiliar o posicionamento de cateter intravenoso central data de 1984.38 Em tempos passados, era desenvolvida por radiologistas que se especializavam em ultrassonografia para diagnóstico e intervenção, e foi sendo empregada por outras especialidades médicas, destacando-se as áreas de ginecologia, obstetrícia e cardiovascular. Na enfermagem, o uso INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 12 da ultrassonografia destaca-se historicamente na obstetrícia e, mais recentemente, para obtenção de acesso vascular periférico.16 A USV pode facilitar a cateterização de veias e artérias, proporcionando a constante visualização das estruturas anatômicas adjacentes à veia durante a inserção do cateter, com a confirmação da anatomia. A utilização sistemática da USV pode reduzir o número de tentativas de punção, ocasionadas por variações anatômicas, que influenciam o sucesso da punção, além de diminuir as taxas de complicações durante a inserção do cateter central, contribuindo para a melhoria da segurança dos pacientes.39 A punção guiada por USV em tempo real requer habilidade, sendo que operadores não capacitados ou com pouca experiência podem incorrer em erros de avaliação capazes de gerar complicações e a não identificação correta das imagens. Para que o procedimento seja facilitado, alguns pesquisadores preconizam a realização por duas pessoas, uma opera o equipamento e a outra faz a punção, entretanto, consideram o procedimento em dupla desnecessário quando o operador é experiente, além de aumentar o custo. No caso da realização de ambos os procedimentos por um profissional, este deve segurar com uma mão o transdutor e com a outra, realizar a punção guiada pela imagem.16 Estudo prospectivo e randômico sobre a comparação da técnica de PVP guiada por USV em adultos voluntários, com um ou dois profissionais, demonstrou que não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos quanto ao número de tentativas de punção e o tempo para realização do procedimento.40 Adiciona-se ao fato da necessidade de capacitação para a utilização da USV na punção venosa, o custo do equipamento (dez a dezessete mil dólares americanos) o que dificulta a aquisição em algumas instituições, por se tratar de tecnologia de uso recente e que requer maiores estudos que comprovem seu custo-benefício.17 Com relação à PVP, alguns autores relatam a vantagem da USV no aumento do sucesso da punção, entretanto são estudos com populações diversas, pequenas amostragens e metodologias diferentes.17,19,25,41-44 Um destes estudos demonstra que a PVP guiada por USV apresenta maior utilização prática devido a disponibilização no mercado de equipamentos leves e portáteis que podem ser utilizados a beira do leito, tornando-se uma opção para a execução de cateterizações intravenosas periféricas.19 INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 13 Em pacientes com características que dificultam a palpação e visualização da rede venosa, a USV pode constituir alternativa favorável ao sucesso na PVP, sendo evidenciado em estudo realizado nos Estados Unidos da América (EUA), que adicionalmente contribuiu para a redução do número de tentativas de punção e de traumas durante a inserção de cateteres.17 Pesquisa observacional sobre o uso da USV por enfermeiros para PVP em pacientes com antecedentes de insucesso pelo método tradicional, obesos, portadores de doenças crônicas, pacientes com anemia, em tratamento dialítico e usuários de drogas ilícitas, demonstrou que de um total de 321 punções 87,0% foram bem sucedidas. Os autores concluem que os enfermeiros obtiveram proporção majoritária de sucesso na punção com o uso da USV em uma variedade de pacientes com rede venosa periférica difícil.44 Enfermeiros que utilizaram o equipamento de USV para investigação da rede venosa periférica, mudaram a avaliação do grau de dificuldade para obtenção do acesso venoso. Sem o uso da USV 80,0% dos pacientes foram classificados como muito difíceis e com o uso do equipamento, 9,0% apresentaram a mesma categorização.25 Pesquisa retrospectiva que comparou a eficácia do uso da USV e o método tradicional de punção por enfermeiros constatou redução de 42,0% no número de tentativas de punção com o uso da USV, e 26,0% de punções com mais sucesso na primeira tentativa.42 Com relação à obtenção de acesso venoso periférico por médicos com o uso da USV em adultos, após tentativas de punção sem sucesso por enfermeiros, estudo evidenciou que 92,0% das punções foram com sucesso e, destas, 84,0% na primeira tentativa.41 Estudo controlado e randômico sobre a obtenção de acesso venoso periférico por médicos, com uso ou não de ultrassonografia, em pacientes submetidos a atendimento de emergência, com história de obesidade, uso de drogas ilícitas, doenças crônicas ou que já haviam sido submetidos a três tentativas de punção por enfermeiros, evidenciou 95,0% de sucesso na punção guiada por USV, e 43,0% pelo método tradicional.43 Com relação ao uso da USV para inserção e progressão do cateter venoso central de inserção periférica (PICC), estudos relatam sucesso de 90 a 100,0% nos procedimentos realizados em pacientes submetidos à implantação deste cateter guiada pela USV.45-46 O uso desta tecnologia auxilia na localização do vaso e aumenta as taxas de sucesso em relação ao posicionamento central do cateter, com redução do número de tentativas.17 INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 14 As inserções de PICC pelas veias basílica e cefálica foram facilitadas com o uso da USV, por reduzir múltiplas tentativas de punção sem sucesso pelo método tradicional e reduzir o tempo do procedimento em até cinco minutos.24 Pesquisadores descrevem possível aumento do sucesso na inserção de PICC e redução da incidência de complicações em crianças com o uso da USV, a partir da experiência de uso desta tecnologia em um neonato de 850 gramas.47 Quanto à inserção de cateteres centrais há controvérsias entre estudos que consideram a USV um instrumento facilitador do sucesso da punção e na redução de complicações, enquanto outros demonstram redução do sucesso do procedimento. A cateterização venosa central em lactentes pode ser um procedimento de risco, alterando os índices de morbidade e mortalidade, principalmente devido às características da estrutura anatômica e fisiológica. É necessária validação do conhecimento para realização deste procedimento, e a prática deve ser regular, para o alcance e manutenção da habilidade e competência. A taxa de sucesso e a ocorrência de complicações dependerão de fatores que incluem o tamanho e a condição da criança, experiência do profissional, local de inserção do cateter, presença de anomalias vasculares, alterações da coagulação, cateterizações anteriores, dentre outros.48 Em Setembro de 2002, o National Institute of Clinical Excellence (NICE) elaborou um documento intitulado "Orientações sobre a utilização de dispositivos para obtenção de imagens ultrassonográficas para inserção de cateteres venosos centrais”, que recomenda o uso como método preferencial para inserção eletiva de cateteres venosos centrais na veia jugular interna em adultos e crianças.48-49 Estudo evidenciou que o uso da USV contribuiu para o aumento do sucesso, com redução do tempo para o procedimento e número de tentativas, durante a cateterização da veia jugular interna em pacientes de unidades de cuidados intensivos, por médicos pouco experientes, como residentes.50 O uso da USV reduziu significantemente o insucesso no posicionamento de cateteres nas veias jugular interna e subclávia, as complicações durante a inserção e a necessidade de múltiplas tentativas para passagem do cateter, quando comparado ao método tradicional de inserção de CVC.38 Revisão sistemática com meta-análise objetivou avaliar a eficácia clínica do uso da USV para cateterização venosa central demonstrou que, comparado ao método tradicional, a USV reduziu significantemente o insucesso na punção da veia jugular interna em adultos, porém não alterou os INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 15 resultados referentes à punção da veia subclávia e femoral. Três estudos em crianças confirmaram maior taxa de sucesso na punção da veia jugular interna com a ultrassonografia, porém nos lactentes não se identificou diferença significativa.22 A USV também se mostrou útil na identificação de variações anatômicas da veia jugular interna em crianças, estando presentes em 18,0% das crianças avaliadas em estudo realizado sobre a temática, sendo destacado que esta técnica reduz o tempo de cateterização, o número de tentativas de punção e complicações relacionadas.26 Para a cateterização da veia subclávia, pesquisadores expõem incerteza quanto às vantagens com o uso da ultrassonografia, entretanto, relatam que outros estudos devem ser realizados, pois, em alguns casos, seu uso em tempo real para localização da veia e posicionamento do cateter parece ser benéfico.38 Nova técnica para posicionamento do transdutor do USV durante a cateterização da veia subclávia em recém-nascidos e crianças, refere-se ao posicionamento do transdutor na região supraclavicular para obtenção da imagem longitudinal da veia, e punção infraclavicular guiada pela imagem ultrassonográfica. Constataram o sucesso na primeira tentativa em 84,0% dos casos e 100,0% após duas tentativas. Consideraram a nova técnica como uma possibilidade segura para cateterização venosa central em crianças, pois permite a visualização da progressão do cateter e a verificação da permeabilidade da veia antes da punção.51 Autores verificaram resultados diferentes dos publicados em outros estudos, com relação às taxas de sucesso para cateterização venosa central, que se mostraram significativamente maiores no grupo com avaliação tradicional, em comparação com o grupo que utilizou a USV (89,3% versus 78,0%, p <0,002). Não houve diferença significativa no tempo necessário para executar a cateterização. Relatam que a USV aumentou a incidência de complicações e o insucesso na punção, quando utilizada por um grupo de médicos pediatras durante a cateterização da veia jugular interna em crianças. Ressaltam que as recomendações da NICE deveriam ser seguidas com cautela com relação aos lactentes e crianças maiores, até que surja melhor embasamento científico.49 Com relação à utilização da USV para punção arterial, observou-se aumento significante do sucesso na primeira tentativa, com redução do número total de inserções, indicando a utilização da técnica neste tipo de punção vascular.52 Pautados nos resultados dos estudos apresentados, poderíamos supor que a USV é um método efetivo para visualização da rede venosa periférica e central de crianças e adultos. INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 16 Entretanto, não se identificam estudos de intervenção controlados e randômicos em crianças submetidas à cateterização venosa periférica guiada por USV. Portanto, pretende-se verificar se o uso da USV na inserção de CIP em crianças promove obtenção do acesso venoso periférico, assertividade e reduz complicações locais quando comparado ao método tradicional, independentemente das características do paciente que poderiam constituir fatores de risco para o insucesso do procedimento. INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 17 1.3. Tempo de Permanência do Cateter Intravenoso Periférico O tempo de permanência do cateter é determinado pelo resultado da diferença, em horas, entre a data e a hora da retirada do cateter e a data e a hora da PVP.53 A troca de CIP é preconizada em adultos, no período de 72 a 96 horas da instalação, para reduzir o risco de flebite e infecção local. Para pacientes pediátricos, não foi observada relação entre a ocorrência de flebite e o tempo de cateterização, sendo recomendada a manutenção do mesmo cateter até o término da TIV, com avaliação diária do local de inserção, e remoção quando observados sinais clínicos de complicações locais como edema, eritema, cordão fibroso, dor, calor e secreção local.1 Revisão da literatura identificou que a troca rotineira de cateteres em crianças, a cada 48 horas ou 72 horas, não é necessária, pois o estudo evidenciou que o risco de flebite não aumenta com o uso prolongado do cateter intravenoso periférico em crianças, e destaca que a PVP é um procedimento traumático e doloroso. Assim, a autora considera a necessidade de avaliar a prática quanto a troca rotineira do cateter em pacientes pediátricos.54 O tempo de permanência do cateter pode ser influenciado pelo tipo de curativo utilizado e pela ocorrência de complicações da TIV. Estudo demonstrou que os cateteres inseridos em crianças permaneceram por um tempo médio de 42,35 horas. Aproximadamente 13,0% dos 496 cateteres estudados permaneceram por mais de 72 horas, e 5,7% permaneceram por mais de 96 horas.55 Com relação ao tipo de curativo utilizado, estudo prospectivo, randômico e controlado, verificou a influência de três tipos de curativos, a saber, fixação com fita adesiva não estéril, curativo com gaze estéril e curativo com película transparente estéril, sobre o tempo de permanência de CIP em crianças. Concluiu que o tipo de curativo influenciou significantemente (p=0,022) o tempo médio de permanência dos 150 CIP estudados, com melhor desempenho apresentado pelo curativo com gaze estéril (46,12 horas), enquanto a fixação com fita adesiva manteve o cateter por 38,18 horas e a película transparente por 29,53 horas.53 Autores verificaram tempo de permanência médio do cateter de 62,2 horas tanto para os cateteres que receberam o curativo transparente quanto para os que receberam o curativo com fita adesiva, em estudo desenvolvido com recém-nascidos.56 INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 18 Estudo demonstrou tempo médio de permanência do CIP de três dias em crianças, sendo que 41,0% dos 662 cateteres estudados ficaram inseridos por mais de três dias (72 horas). Nesse estudo, foram utilizados curativos com fita adesiva e gaze estéril com fita adesiva, entretanto sem o uso da USV.57 O uso de curativo com gaze estéril e fita adesiva parece estar associado ao maior tempo de permanência do cateter e menores ocorrências de complicações, quando comparado ao curativo transparente.58 Quanto à ocorrência de complicações locais da TIV, estudos evidenciam maiores índices de flebite relacionados ao maior tempo de permanência do cateter em crianças e adultos, observando-se que quando os CIP permaneceram por mais de 72 horas, tiveram duas vezes mais a possibilidade de desenvolver flebite, entretanto, quando inseridos por mais de 96 horas ou por menos de 48 horas, não houve alteração no risco de flebite.55,59 Pesquisa multicêntrica desenvolvida para identificar fatores de risco para a ocorrência de flebite evidenciou que sua frequência aumentou quando o cateter permaneceu inserido por mais de cinco dias, contra-indicando a troca rotineira do cateter a cada 72 horas em adultos, devido ao desconforto causado pela re-inserção em outro local.60 Em estudo randômico que investigava fatores de risco associados ao uso de cateteres confeccionados em Teflon®, os autores observaram que crianças que permaneceram com o mesmo CIP por mais de 72 horas apresentaram quase duas vezes mais flebite do que aquelas que continuaram com o cateter por período menor ou igual a 72 horas.61 Entretanto, outros autores relatam que não há relação entre a ocorrência de flebite com o tempo de permanência do cateter.2,62 Quanto à ocorrência de infiltração relacionada ao tempo de permanência do CIP, estudo que comparou cateteres plásticos com cateteres agulhados em adultos, evidenciou frequência de 61,2% de infiltração, observada principalmente com cateteres agulhados, entretanto os autores não observaram relação entre o tempo de permanência e a ocorrência de infiltração.63 Estudo evidenciou que a permanência do cateter por tempo menor ou igual a 72 horas, influenciou no aumento da ocorrência de infiltração de 24,0% para 34,0%.62 Além dos fatores apresentados que interferem no tempo de permanência do cateter, pretendese verificar se a obtenção do acesso venoso periférico guiada pela USV está relacionada ao maior tempo de permanência do cateter, bem como com a maior assertividade durante a utilização do CIP INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 19 e menor ocorrência de complicações locais da TIV. Entretanto, não foram identificados estudos que retratassem resultados sobre a temática. INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 20 1.4. Complicações Locais da Terapia Intravenosa As práticas de enfermagem em relação à TIV não estão isentas de complicações para o paciente, que podem resultar em morbidade e mortalidade, com aumento do tempo de hospitalização, custo e trabalho da equipe multiprofissional, mesmo quando embasadas em conhecimentos científicos e desenvolvidas com habilidade técnica.19 Estudo realizado em uma unidade de cirurgia infantil de um hospital universitário do município de São Paulo demonstrou que de 150 CIP implantados em neonatos e em crianças de até 12 anos, 75,3% foram removidos devido a complicações, como infiltração, obstrução, flebite, remoção acidental, dobra do cateter e outras ocorrências, como o relato pela criança de dor no local de inserção do cateter e a presença de vazamento da solução administrada pelo orifício de inserção do cateter.2 Como citado anteriormente, dentre as complicações mais comumente identificadas na literatura estão a infiltração, a flebite e a obstrução do cateter.64-65 A incidência de infiltração varia de 23,0% a 78,0%, e é comumente associada ao deslocamento da ponta do cateter do interior da veia, com consequente saída de solução ou fármaco não vesicante para o espaço extravascular. Define-se uma solução ou fármaco não vesicante como aquele que não possui características bioquímicas que geram graves lesões teciduais como a necrose.4,64,66-67 Na vigência de infiltração a infusão tende a continuar, mesmo quando realizada de modo gravitacional, até que a pressão intersticial ultrapasse a pressão atmosférica. Quando se utilizam bombas de infusão, observa-se, que o fluido continuará a ser administrado até que a pressão intersticial alcance a pressão programada para acionamento do alarme de oclusão do equipamento, pelo fato da resistência no espaço intersticial ser normalmente mais baixa do que a pressão venosa podendo resultar em infiltração de maior gravidade.68 Entretanto, a precisa etiologia da infiltração não é conhecida, sendo identificados por diferentes pesquisadores, possíveis mecanismos de ocorrência.4,64,65-66,69-73 Para alguns autores, a infiltração pode resultar de causas mecânicas, obstrutivas e inflamatórias. A causa mecânica é originada no momento da punção venosa ou durante a permanência do cateter. No momento da punção venosa pode haver a perfuração da parede posterior da veia, e a realização de discreta tração do cateter ocasiona retorno sanguíneo e falsa percepção de INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 21 punção com sucesso. Neste caso, devido à perfuração da parede posterior do vaso, ocorre vazamento, inicialmente imperceptível, da solução para o tecido subcutâneo, resultando em infiltração. Durante o uso do cateter, vários fatores podem ocasionar esta complicação, como a movimentação do membro, em especial quando o cateter está inserido em veias próximas às articulações.72-73 A infiltração de causa obstrutiva pode ser decorrente da formação de coágulo no lúmen venoso após ruptura da camada íntima da veia durante a inserção do cateter, principalmente na vigência de punções traumáticas, que permitem que o sangue entre em contato com as outras camadas do vaso, iniciando imediatamente o processo de coagulação e formação de coágulos, com a percepção de punção venosa adequada. Durante a infusão da solução, ocorre excessiva pressão intraluminal, em decorrência da obstrução venosa causada pelos coágulos, que resultará em distensão do vaso e consequente ruptura. Ao final, pode ocorrer saída do fluido de infusão para o tecido subcutâneo, caracterizando a infiltração.69-70,72 Outra possibilidade consiste na redução do fluxo sanguíneo próximo a ponta do cateter, em decorrência de vasoconstrição, com aumento da pressão venosa e dilatação do orifício de inserção do dispositivo, com consequente saída do fluido para o espaço extravascular.65 Além das causas descritas acima, a administração de grandes volumes, pelo método gravitacional ou com o uso de bombas de infusão, em vasos de pequenos calibres, pode ocasionar a ruptura da veia e consequente infiltração. A causa inflamatória pode estar associada à administração de fármacos vesicantes que promovem a inflamação da veia, caracterizando a infiltração secundária à flebite. Após a infusão das soluções e fármacos irritantes, ocorre a liberação de substâncias bioquímicas como histamina, serotonina, leucotrienos, prostraglandinas e bradicininas que aumentam a permeabilidade das paredes dos capilares venosos, permitindo a passagem do fluido do espaço intravascular para o interstício, resultando em edema, dor e hiperemia.4,64,66,72 A infiltração pode estar relacionada à irritação do endotélio venoso pela infusão de fármacos e soluções com propriedades vasoconstritoras, causando diminuição do fluxo sanguíneo e, consequentemente, menor hemodiluição do fluido, com aumento da pressão intravascular, ocasionando a ruptura da veia ou saída da solução pelo orifício de inserção do cateter e posterior infiltração, além de ser agravada com o uso de cateteres de grande calibre em veias pequenas, que INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 22 dificulta a hemodiluição do fármaco e propicia a estase medicamentosa, contribuindo para a ocorrência do mecanismo proposto a seguir.65 Este mecanismo sugere a significante irritação do endotélio venoso decorrente da infusão de fármacos e soluções com osmolaridade maior que 350 mOsm/L e pH menor que cinco ou maior que nove, que danificam a túnica íntima do vaso, devido à diferença osmótica e potencial de polarização, com dano à função celular normal, permitindo a difusão do fluido no tecido extravascular.65,71 Portanto, a ocorrência de infiltração parece ter relação com o tipo, tamanho, forma e local de fixação do cateter, próxima a áreas de flexão ou proeminências ósseas, e tipo de imobilização do membro puncionado, modo de administração do fármaco, ou seja, por gotejamento gravitacional, bomba de infusão ou bolus, sendo considerada o resultado da combinação de fatores que incluem a osmolaridade dos agentes, espasmo venoso, pressão de infusão, pressão tecidual e particularidades anatômicas.63-64,68,74-75 Para a identificação da infiltração, o retorno ou fluxo de sangue pelo cateter não é um método confiável, pois a ponta do cateter pode romper a parede posterior da veia e parte dele permanecer no interior do vaso, ocasionando o retorno venoso, mesmo na vigência de infiltração. O método mais indicado para verificar a ocorrência deste tipo de complicação é a avaliação do local, realizando-se pressão na área acima da inserção e após a porção distal do cateter, até aproximadamente uma distância de sete centímetros, se a solução continuar a ser infundida, deve-se suspeitar de infiltração.4,64,66 Caracterizam-se como sinais e sintomas de infiltração: edema, dor, endurecimento, frio local, descoloração da pele, redução da mobilidade do membro, vazamento da solução de infusão pelo local de inserção do cateter, e em alguns casos, retorno de sangue rosa pálido pelo cateter.66,57,76 Autores relatam a infiltração de fluidos para o tecido subcutâneo como uma das complicações mais comuns da TIV. Neonatos e crianças estão mais expostos à ocorrência de infiltração com maior gravidade, devido à sua inabilidade para comunicar a dor e pelo limitado espaço extravascular no couro cabeludo e no dorso das mãos e dos pés. Verificaram que 58,0% das crianças apresentaram infiltração e que 92,0% destas ocorreram antes das 48 horas de instalação do CIP.75 Recém-nascidos, idosos, pacientes inconscientes, portadores de doenças vasculares periféricas, diabetes com neuropatia periférica, obstrução da veia cava superior e fenômeno de Raynaud podem desenvolver infiltração com maior frequência.77 INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 23 O fenômeno de Raynaud é definido como a isquemia digital episódica em resposta ao frio ou a estímulos emocionais, devido ao espasmo das artérias digitais, caracterizados clinicamente por uma série de alterações de cor das extremidades, variando da palidez, à cianose e ao rubor.78 Pesquisa demonstrou que recém-nascidos com mais de cinco dias de vida têm risco aproximadamente 50,0% maior de desenvolverem infiltração do que recém-nascidos com menos de cinco dias de vida, e relacionam esta diferença ao aumento da atividade física depois do quarto dia.79 Com relação à frequência de ocorrência de infiltração em recém-nascidos, estudo evidenciou que dos 38 recém-nascidos que receberam 52 CIP, apresentaram frequência de 73,0% de infiltração.56 Estudo similar com população de recém-nascidos descreveu frequência de 58,1% de infiltração por CIP.79 Pesquisa randômica e controlada sobre o motivo da retirada de CIP em crianças de zero a doze anos de idade, constatou que dos 150 cateteres estudados, 55,3% foram removidos por ocorrência de infiltração.2 A infiltração é considerada erroneamente por alguns profissionais como ocorrência rotineira e uma consequência natural da administração da TIV, entretanto, pode resultar em significantes injúrias.73 Em estudo retrospectivo desenvolvido em um hospital, os pesquisadores revisaram três anos de ocorrências de complicações relacionadas à TIV periférica em pacientes submetidos à administração de medicamentos em unidades de emergência ou internação. Constataram que a infiltração foi a complicação mais frequente, observada principalmente nas mãos e nos antebraços dos pacientes, sendo que alguns necessitaram de procedimentos cirúrgicos para o tratamento de lesão nos dedos, compressão nervosa e síndrome compartimental.80 A infiltração decorrente da infusão de grande volume pode ocasionar compressão de nervos e causar síndrome compartimental, com agravos à saúde do paciente, que necessitará de intervenções para descompressão.81 O termo extravasamento é utilizado quando ocorre saída de fármacos ou soluções com propriedades vesicantes para o espaço extravascular. Um agente vesicante é caracterizado pela capacidade de produzir vesículas no local da lesão. A severidade da lesão está diretamente relacionada ao tipo, concentração e volume do fluido infiltrado nos tecidos intersticiais. São caracterizados como fármacos vesicantes os agentes antineoplásicos, o cloridrato de dopamina, a INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 24 norepinefrina, o cloreto de potássio em altas doses, a anfotericina B, o gluconato de cálcio, o bicarbonato de sódio em altas concentrações, dentre outros.4,64,66 Os agentes vesicantes podem ser divididos em três grupos: agentes hiperosmolares (soluções concentradas de potássio e cálcio, soluções hipertônicas de nutrição parenteral e contrastes radiográficos), agentes que induzem isquemia (vasopressores, adrenalina, noradrenalina, cloridrato de dopamina e cloridrato de dobutamina) e fármacos tóxicos aos tecidos (agentes quimioterápicos, diluentes irritantes e soluções com extremos de pH).77 A ocorrência de extravasamento foi observada em cerca de 11,0% de crianças e 22,0% adultos que recebem TIV com fármacos vesicantes.77 As lesões por extravasamento ocorrem predominantemente no dorso da mão, no tornozelo e no dorso do pé, sobretudo quando são utilizadas bombas de infusão de alta pressão sem alarme de oclusão, múltiplas punções na mesma veia, em regiões irradiadas, e cateteres agulhados.77 Crianças que recebem terapia quimioterápica por via intravenosa periférica são particularmente mais suscetíveis à ocorrência de extravasamento, devido ao calibre e fragilidade da rede venosa, à citotoxicidade da solução e à necessidade de múltiplas punções. Estudo desenvolvido sobre o tema, demonstrou que de dez crianças que receberam TIV, ao menos uma apresentou extravasamento.82 Autores descrevem 15 anos da prática hospitalar em TIV, e relatam que foram observados inúmeros casos de extravasamento de fluidos e fármacos durante a administração da TIV em crianças, principalmente de soluções hipertônicas, com cálcio e medicamentos vasopressores. Relacionam a alta incidência desta complicação ao inadequado posicionamento do cateter e ao grande risco de deslocamento, por se tratarem de cateteres curtos e destinados à infusão de soluções em crianças que movimentam os membros constantemente, sendo difícil a detecção precoce do extravasamento do fluido da íntima do vaso.83 Os sinais e sintomas de extravasamento são similares à infiltração e incluem edema, dor e frio no local, desconforto, isquemia, vasoconstrição, redução da mobilidade do membro, além de eritema e vesículas, podendo evoluir para necrose do tecido.66,76 A prevenção da infiltração e do extravasamento é essencial. Algumas recomendações sugerem condutas para reduzir o risco, como não inserir cateteres em locais próximos às articulações, evitar novas punções em regiões adjacentes previamente puncionadas, não administrar soluções vesicantes em cateteres periféricos, como nutrição parenteral com altas concentrações, INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 25 infusões contínuas de fármacos vesicantes, soluções com pH menor que cinco ou maior que nove e com osmolaridade maior que 350 mOsm/L. Além destes cuidados, o uso de cateteres pequenos de curta permanência, com estabilização efetiva promovida pelo uso de curativo adequado.67 É de extrema importância que os profissionais da área da saúde reconheçam a infiltração e o extravasamento como um evento adverso, monitorem sua incidência e desenvolvam guias de conduta para prevenção e tratamento, pois a ausência de registros e padronizações pode causar sérias conseqüências ao paciente, bem como aquelas relacionadas ao aspecto legal.73 Outra complicação associada ao uso de CIP é a flebite, sendo considerada uma das complicações mais frequentemente relatadas na TIV, variando sua ocorrência de 2,0% a 50,0%, sendo observada principalmente na população adulta.84-87 Segundo a Infusion Nurses Society (INS) a frequência aceitável de flebite em qualquer população, seja ela de crianças ou adultos, deve ser de até 5,0%.67 Cabe ressaltar que a maioria das pesquisas sobre este tipo de complicação é realizada em pacientes adultos, sendo considerada a principal complicação da TIV nesta população, com índices superiores aos recomendados pela INS.67 A flebite é definida como uma inflamação da veia, ocorrendo quando as células endoteliais da parede do vaso que está inserido o cateter, tornam-se inflamadas e irregulares, propiciando a aderência de plaquetas e predispondo a veia à inflamação, sendo detectada por torná-la rígida, tortuosa, sensível e dolorosa, podendo ocorrer drenagem purulenta pelo local de inserção do cateter.64,67,87 Tal ocorrência também é considerada por alguns autores como o resultado da irritação química ou mecânica da veia.88-90 As consequências da flebite incluem dor, desconforto, deterioração da rede venosa periférica com limitação dos locais para acessos vasculares, observados por até cinco meses após a remoção do cateter. Pode ainda resultar em complicações mais complexas como formação de trombose, tromboflebite purulenta, sepsis, implicando em aumento do tempo de hospitalização, necessidade de administração de antibióticos e, em alguns casos, intervenção cirúrgica.91-92 Dentre os fatores relacionados ao paciente que influenciam o desenvolvimento de flebite estão os extremos de idade, o sexo feminino, a cor da pele branca, as condições clínicas do paciente, como diabetes, doença cardíaca, neutropenia, imunossupressão, desnutrição e as condições da veia como tortuosidade e fragilidade.2,85 INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 26 Quanto à administração da terapia medicamentosa, a ocorrência de flebite está relacionada à técnica de inserção do cateter; à inadequada antissepsia da pele e higienização das mãos do profissional no momento da inserção do dispositivo e durante sua manutenção; à localização anatômica de inserção do cateter; ao comprimento, ao calibre, ao material e ao tempo de permanência do cateter; à presença de partículas na solução; à habilidade dos profissionais que realizam a punção venosa e a manutenção do cateter; à compatibilidade entre os fármacos administrados, ao tipo, à velocidade de infusão, à administração de soluções ou fármacos com pH menores que cinco e maiores que nove, e osmolaridade maior que 350 mOsm/L em crianças e 600 mOsm/L em adultos.1,64,87,92,94-96 A fisiopatologia da flebite envolve um processo inflamatório clássico que se desenvolve rapidamente. Tem início com a sensibilização do endotélio vascular devido ao atrito do cateter com a camada íntima do vaso, administração de soluções com alta osmolaridade, ou pela presença de toxinas bacterianas, levando à liberação de serotonina, bradicinina e histamina, que são agentes inflamatórios capazes de causar vasodilatação, aumentando, assim, a permeabilidade vascular e promovendo o extravasamento de proteínas e plasma sanguíneo em direção ao espaço intersticial, o que irá caracterizar o edema. Juntamente com o aumento da agregação plaquetária estimulada pela histamina, ocorre a formação de trombos na parede venosa que se estendem até o lúmen do cateter, sendo evidenciado eritema e cordão fibroso palpável de até 3,5 centímetros. Os leucócitos começam a migrar para o local da lesão, aumentando o edema local. O cordão fibroso que no início do processo era apenas palpável torna-se visível, podendo chegar até 15 centímetros de extensão, além do início do calor local, podendo ser observada a saída de exsudato pelo local de inserção do cateter. Pirógenos, resultantes da destruição leucocitária, estimulam o hipotálamo com consequente aumento da temperatura corporal.97 A flebite pode ser classificada em mecânica, química e infecciosa. A flebite mecânica pode estar relacionada à inabilidade do profissional executante da punção venosa, que promove maior trauma na parede venosa durante a inserção do cateter; ao seu deslocamento durante a permanência devido à fixação e estabilização ineficaz pelo curativo; manipulação durante a infusão; ao grande tamanho do cateter, que traumatiza a parede venosa e ao tipo de material do cateter, sendo mais indicados os cateteres confeccionados em poliuretano.4,64-65,89 A flebite química está associada à infusão de fármacos e ou soluções com extremos de pH, infusões concentradas ou presença de partículas na solução, além de estar associada ao uso de INTRODUÇÃO _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 27 cateteres de grande calibre inseridos em veias pequenas que impossibilitam a hemodiluição dos fármacos, e contribuem para a estase medicamentosa. A flebite infecciosa está relacionada à contaminação durante a inserção ou manutenção do dispositivo.4,64-65,89 Estudo desenvolvido em unidade de cirurgia infantil com neonatos e crianças de até 12 anos, evidenciou frequência de flebite de 4,7% nos 150 cateteres estudados.2 Uma outra complicação da TIV periférica frequentemente observada em crianças e adultos é a obstrução do cateter, com frequência que varia de 4,0% a 26,0%, segundo diferentes autores.65,98-99 Em estudo realizado em uma unidade pediátrica brasileira, evidenciou-se frequência de obstrução do CIP de 8,6%, dos 150 cateteres avaliados.2 A obstrução do cateter se caracteriza pela oclusão do lúmen devido à formação de coágulo sangüíneo, fibrina ou precipitado de fármacos na extremidade distal que se encontra no interior do vaso, impedindo a infusão da solução intravenosa, sendo classificadas em obstruções trombóticas, não trombóticas e mecânicas.65,100 As obstruções trombóticas dividem-se em intralúmen, ocasionadas pela presença de trombo ou fibrina no interior do cateter e extralúmen, ocasionada pela formação da bainha de fibrina na ponta do cateter.100 Obstruções não trombóticas ou mecânicas podem ocorrer devido à precipitação de fármacos incompatíveis, ao pinçamento do cateter ou sistema de infusão, ou ao posicionamento incorreto do curativo do cateter, ocasionando a interrupção do fluxo da solução intravenosa, que pode causar a formação do trombo, que caracteriza a obstrução trombótica.101 A maioria das obstruções de cateteres é decorrente da formação de trombos no seu interior ou em sua porção externa, compreendendo 58,0% de obstruções trombóticas e 42,0% de obstruções não trombóticas ou mecânicas.100 Pesquisa realizada em adultos evidenciou a ocorrência de obstrução do cateter venoso periférico em 20,0% dos 160 cateteres investigados.63 Não foram identificados estudos que relacionem o uso da USV com a ocorrência de complicações da TIV, bem como, com a detecção precoce destas complicações. 2 OBJETIVOS OBJETIVOS _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 28 2 OBJETIVOS O estudo teve como objetivos: 1. Comparar, independente do número de tentativas de PVP, o índice de obtenção do acesso venoso periférico em crianças, segundo uso de USV ou método tradicional para inserção de CIP. 2. Verificar a assertividade na utilização de CIP em crianças, de acordo com uso de USV ou método tradicional para inserção de CIP. 3. Descrever a influência do uso da USV sobre o tempo de permanência do cateter e a ocorrência de complicações locais da TIV relacionadas ao uso de CIP em crianças. 3 CASUÍSTICA E MÉTODO CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 29 3 CASUÍSTICA E MÉTODO 3.1. Tipo de Estudo Estudo do tipo experimento verdadeiro sobre o uso de USV durante a instalação de CIP em crianças submetidas à TIV, que verificou a influência na obtenção do acesso venoso periférico, na assertividade durante a utilização do CIP em crianças, no tempo de permanência do CIP e na ocorrência de complicações locais da TIV. Explicita-se que o estudo atendeu aos princípios do experimento verdadeiro, neste caso também denominados estudos clínicos, randômicos e controlados, por possuir as propriedades de manipulação, caracterizada pela aplicação da USV para direcionar a PVP em um grupo de pacientes; de controle, caracterizado pela formação de um grupo de pacientes que não sofreram a intervenção, que permitiu verificar a influência da variável experimental sobre as variáveis dependentes, e de randomização das punções realizadas em crianças submetidas à TIV, a fim de que o fenômeno ocorresse ao acaso.102 Os estudos do tipo experimento verdadeiro são considerados adequados para a identificação de causa e efeito entre as variáveis, pois são submetidos a testes de hipóteses durante o processo de pesquisa.103 Este estudo caracterizou-se como um sub-projeto de pesquisa desenvolvida com fomento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, intitulada “Estudo de intervenções e tecnologias aplicadas ao cuidado de enfermagem pediátrica para a promoção da segurança do paciente submetido à terapia intravascular”, Processo no 476295/2004-1, do Grupo de Pesquisas de Enfermagem em Segurança do Paciente, Cuidados Intensivos e Terapia Intravenosa em Pediatria – SEGTEC. 3.2. Hipóteses do Estudo O experimento foi delineado para testar as seguintes hipóteses: Hipótese 1: O uso de USV durante a instalação de CIP em crianças aumenta o índice de obtenção do acesso venoso periférico. Hipótese 2: O uso de USV na instalação de CIP em crianças promove maior assertividade durante a utilização do cateter. Hipótese 3: O uso de USV na instalação de CIP em crianças aumenta o tempo de permanência do cateter e reduz a ocorrência de complicações locais da TIV. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 30 3.3. Amostra do Estudo A amostra foi constituída por PVP realizadas em crianças e adolescentes, com idade entre um dia de vida e 18 anos, internadas em uma unidade de cirurgia pediátrica, que concordaram, quando aplicável, bem como seus responsáveis, em participar do estudo (Anexo 1). Incluímos a participação das crianças e adolescentes alfabetizados no esclarecimento sobre os objetivos, riscos e benefícios advindos da voluntária participação na pesquisa. Nestas situações, os termos foram assinados pelos responsáveis e pelas crianças, consistindo em experiência ímpar para as pesquisadoras, pois conferimos às crianças a possibilidade de exercer a autonomia nesta decisão, constituindo o assentimento, que oferece a oportunidade, quando apropriado, da criança a partir de sete anos de idade, participar do processo decisório, sendo obrigatória sua solicitação para as crianças a partir dos 12 anos de idade.104-105 Para a implementação do estudo, as PVP foram distribuídas aleatoriamente em dois grupos denominados grupo experimental, no qual a instalação do CIP foi realizada com o uso do equipamento de ultrassom vascular (EUSV), e grupo controle, caracterizado pela instalação do CIP com avaliação clínica do local, segundo método tradicional, apresentados com maior detalhamento nos tópicos seguintes. No presente estudo o Grupo Experimental apresenta como sigla GE e o Grupo Controle GC. 3.3.1. Formação dos Grupos Para a formação dos grupos experimental e controle foi realizada distribuição aleatória, com o uso do programa True Epistat®, desenvolvido em 1994 pela Epistat Services em Richardson, Texas, nos EUA.106 A partir da necessidade de instalação do CIP, a distribuição das crianças nos grupos ocorreu de modo aleatório, podendo ter havido, de acordo com a necessidade de implantação de outro cateter, a inclusão da mesma criança, mais de uma vez, no mesmo ou em outro grupo, como descrito a seguir. Em vista de o levantamento bibliográfico não apresentar informações sobre as possíveis diferenças entre a utilização do EUSV e o método tradicional de punção venosa em crianças sobre as variáveis de estudo, que possibilitasse a aplicação de fórmula para o cálculo do tamanho amostral, foi desenhado um experimento verdadeiro com pós-teste, estimado inicialmente em 250 punções, com base no número e abrangência das variáveis estudadas. Na punção de número 259 da tabela de randomização, foi analisada a influência da variável independente sobre CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 31 algumas das variáveis dependentes estudadas para que se avaliasse a representatividade desta amostra na população avaliada, para obter um intervalo de confiança de 95%, considerando α=0,05 e β=0,20. O tamanho amostral final calculado em 969 PVP, para atingir um poder do estudo de 80%. A avaliação parcial dos dados não demonstrou diferença estatisticamente significante entre algumas das variáveis de desfecho que possibilitaram a aplicação de cálculo estatístico com emprego do teste do Qui-quadrado de Pearson, como obtenção do acesso venoso (p=0,146), assertividade durante a utilização do CIP, conforme, sucesso na primeira tentativa (p=0,483) e retirada do cateter por alta do tratamento (p=0,668), impossibilitando a efetivação do cálculo da amostra para detectar diferença significativa entre os dois grupos, optando-se assim pela continuidade da coleta de dados segundo os critérios de suporte financeiro e de tempo acadêmico máximo disponível para o término desta pesquisa. Ao término da coleta de dados, a amostra foi constituída por 382 PVP, sendo desconsideradas 18 punções que haviam sido realizadas no início do estudo com cateter agulhado para coleta de sangue para exames. As punções foram realizadas em 335 crianças, sendo apresentado no Anexo 2 uma lista que demonstra a randomização das PVP e destaca a inclusão das crianças no estudo, sendo que 308 (92,0%) delas foram incluídas apenas uma vez na pesquisa; 17 (5,0%) incluídas duas vezes; três (1,0%) crianças incluídas três vezes, quatro (1,0%) incluídas quatro vezes e três (1,0%) incluídas cinco vezes no protocolo. 3.4. Local do Estudo O estudo foi desenvolvido após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição (Anexo 3), em uma unidade de atendimento cirúrgico com 25 leitos, que recebe crianças e adolescentes de um dia de vida a 18 anos de idade, de um hospital universitário com capacidade extra (630 leitos) da cidade de São Paulo, que realiza atendimento pelo Sistema Único de Saúde de alta complexidade, do nível terciário e quaternário. A unidade em estudo foi inaugurada no dia 17 de maio de 2005, contando em seu quadro, com profissionais médicos, com formação clínica e cirúrgica, nutricionistas, psicóloga e fisioterapeutas. A equipe de enfermagem é composta por profissionais de nível superior e médio, sendo que desde a inauguração da unidade, a instalação dos CIP é realizada privativamente por enfermeiros. A administração da TIV é executada de forma compartilhada entre os profissionais de enfermagem, que seguem a padronização da reconstituição, diluição, tempo e método de CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 32 infusão dos fármacos e soluções, de acordo com protocolo da instituição e prescrição da administração da TIV realizada pelo enfermeiro. Na unidade em questão, computam-se cerca de 1000 internações ao ano, com média de 83 internações ao mês, segundo dados do registro de internação da instituição. Preconizou-se que as PVP seriam realizadas em uma sala de procedimentos da unidade, destinada à execução de intervenções, como instalação de cateteres venosos (Figura 1). Figura 1: Sala de procedimentos. A decisão de realizar as PVP na sala de procedimentos teve por finalidade possibilitar maior conforto e segurança à criança submetida à intervenção, fora do seu ambiente de permanência durante a hospitalização, como o quarto e a área de recreação. Tal estratégia objetiva a dissociação do ambiente de sono, repouso e recreação, da execução de procedimentos dolorosos e desconfortáveis. A sala dispõe de maca com grade e sistema de elevação hidráulico e bancos para serem utilizados pelos profissionais durante o procedimento, com vista à manutenção do bem estar e saúde do executante da PVP, atendendo aos princípios da ergonomia, além de proporcionar ao profissional, ambiente adequado para a realização do procedimento. Possui uma pia com torneira de acionamento automático e dispensador de sabão antisséptico para higienização das mãos dos profissionais, além de dispensador de álcool gel. O EUSV foi acoplado à base de carregamento da bateria e instalado sobre um suporte móvel. O suporte foi confeccionado para promover fácil deslocamento do equipamento, possui conexões para instalação de vários cabos elétricos e uma cesta para portar materiais utilizados durante o procedimento. Os materiais para a execução da PVP e dos curativos foram dispostos em caixas plásticas com tampas de diferentes cores, destinadas à identificação do calibre do cateter a ser utilizado. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 33 3.5. Variáveis do Estudo As variáveis selecionadas para estudo foram escolhidas de acordo com sua função na pesquisa, a saber, variável experimental, controle da variável experimental, variáveis para caracterização dos grupos e variáveis dependentes. A variável experimental refere-se à inserção do CIP direcionada por USV. O controle da variável experimental foi caracterizado pela inserção do CIP pelo método tradicional com avaliação clínica do local de inserção. As variáveis de caracterização dos grupos de estudo referem-se a aspectos relacionados às crianças, à TIV e aos profissionais executantes da USV e da punção venosa. As variáveis dependentes relacionam-se ao índice de obtenção do acesso venoso periférico, à assertividade durante a utilização do CIP, representada pelo sucesso na primeira tentativa de punção e retirada do CIP por alta do tratamento, além da avaliação do tempo de permanência do cateter e da ocorrência de complicações locais da TIV. 3.5.1. Variável Experimental A variável experimental é representada pelo uso do EUSV para instalação de CIP em crianças. Esta variável tem por finalidade verificar como o uso de USV para a inserção de CIP em crianças influencia as variáveis dependentes propostas para o estudo. Para as crianças que fizeram parte do GE, a punção foi direcionada por USV e a avaliação diária do local de inserção do cateter, foi realizada a partir da obtenção da imagem ultrassonográfica do cateter e da região adjacente, juntamente com a avaliação clínica duas vezes ao dia, no período da manhã e da tarde, além da realização da avaliação clínica duas vezes no período noturno, ou na vigência de queixa da criança, com aplicação das escalas de classificação de infiltração e flebite (Anexo 4). O EUSV utilizado foi o iLook 25®, fabricado pela SonoSite Inc., sediada nos EUA, desenvolvido para ser utilizado por enfermeiros na realização de procedimentos relativos à obtenção de acesso vascular. Possui alta resolução, sendo indicado para obtenção de imagens vasculares em duas dimensões, que promove especificamente direcionamento para inserção de cateteres, possibilitando além da identificação, a avaliação da rede venosa. Apresenta dimensões que permitem seu transporte e uso à beira do leito (16,26 centímetros de altura, 26,57 CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 34 centímetros de largura e 3,81 centímetros de profundidade, com peso de 1,4 quilogramas), além de ser provido de bateria recarregável de lítio, com autonomia de 30 a 60 minutos (Figura 2). Figura 2: Equipamento de ultrassom vascular com Doppler. As imagens são obtidas pelo transdutor de 25 milímetros, que opera em frequência de 10 a 15 MHz, possibilitando posicionamento transversal e longitudinal e a aquisição de imagens, com armazenamento e transferência em formato bitmap, constituídas por pixel, pontos individuais coloridos, que são as menores unidades de uma imagem (Figuras 3 e 4). O equipamento dispõe do efeito Doppler, que é exibido na tela em duas cores, vermelho e azul, não sendo utilizado este atributo no estudo em questão, devido ao pequeno diâmetro dos vasos de grande parte das crianças, que dificulta a visualização do fluxo dos vasos a serem puncionados, constituindo em variável não controlável. CIP Figura 3: Imagem ultrassonográfica longitudinal do CIP na veia cefálica de membro superior esquerdo. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 35 CIP Figura 4: Imagem ultrassonográfica transversal do CIP na veia cefálica de membro superior esquerdo. Para a aquisição da imagem ultrassonográfica, foi utilizado gel condutor, com pH neutro, incolor e inodoro, aquecido à temperatura de 38ºC, em equipamento próprio para este fim. A punção guiada por USV e a avaliação do local de inserção do CIP foram realizadas com intervenções baseadas na literatura da área, descritas no guia prático para PVP, apresentado no Anexo 5.17,25,41,48 A seguir apresentam-se as intervenções para a realização da PVP direcionada por USV: - Aquecer o gel condutor por dez minutos até aproximadamente 38ºC (Figura 5). Figura 5: Aquecedor do gel condutor - Acionar o equipamento de ultrassom (Figura 6). CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 36 Figura 6: Acionamento do EUSV. - Aplicar o gel condutor no transdutor (Figura 7). Figura 7: Aplicação do gel condutor no transdutor. - Selecionar a veia por palpação e visualização, dando preferência à localização que não restrinja a movimentação da criança. Iniciar sempre por localização mais distal e de fácil fixação. - Realizar dilatação da veia, a partir da aplicação de torniquete (luva de látex ou compressão manual), a fim de promover maior enchimento venoso (Figura 8). I II Figura 8: Garroteamento do membro com luva de látex (I) ou compressão manual (II). CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 37 - Posicionar o transdutor de modo longitudinal e transversal, e avaliar a rede venosa local (Figura 9). I II Figura 9: Posicionamento do transdutor no sentido longitudinal (I) e transversal (II). - Identificar a estrutura venosa, investigando a presença de trombos, válvulas, estruturas e imagens anormais, em seu interior e na região adjacente. - Pressionar o transdutor contra a pele para confirmar a compressibilidade da veia. - Remover o torniquete do membro. - Preparar o cateter a ser utilizado. - Garrotear o membro. - Posicionar o transdutor no centro do vaso e confirmar visualização da imagem. - Realizar antissepsia do local. - Inserir o cateter com o bisel da agulha para cima, segundo o método direto ou indireto de punção venosa (Figura 10). Figura 10: Punção venosa periférica guiada pela USV. - Visualizar a penetração da ponta do cateter na veia, no monitor do equipamento. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 38 - Ao visualizar o refluxo sanguíneo, diminuir o ângulo de introdução do cateter em relação à pele, tracionar o mandril até que o bisel fique coberto pelo cateter e prosseguir até introdução total do cateter. - Remover o torniquete. - Testar a localização do cateter no interior do vaso com seringa contendo solução de NaCl 0,9%. - Realizar o curativo no local de inserção do CIP. - Registrar o procedimento no protocolo de pesquisa e documentação do paciente. - Na vigência de insucesso da punção, realizar nova intervenção. Para avaliação do local de inserção do CIP com uso do EUSV, padronizou-se a seguinte intervenção: - Aquecer o gel condutor até aproximadamente 37ºC. - Acionar o EUSV. - Aplicar o gel condutor no transdutor. - Posicionar o transdutor sobre o curativo do cateter, no sentido longitudinal e transversal (Figura 11). I II Figura 11: Posicionamento do transdutor sobre o curativo do cateter, no sentido longitudinal (I) e transversal (II). - Avaliar a veia nas dimensões longitudinal e transversal. - Visualizar posicionamento do cateter no interior do vaso. - Identificar imagens sugestivas de ocorrência de infiltração e flebite no local de inserção do CIP e região adjacente. - Aplicar as escalas de classificação de infiltração e flebite. - Na vigência de complicações, proceder à retirada do cateter e documentar o procedimento. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 39 - Se a avaliação evidenciar posicionamento adequado do cateter e ausência de complicações, documentar o procedimento. 3.5.2. Controle da Variável Experimental Para o controle da variável experimental foi realizada a PVP pelo método tradicional, com avaliação clínica da rede venosa, que compreende a visualização e palpação, apresentada com pormenores no Anexo 5, e a avaliação diária clínica do local de inserção do CIP, quatro vezes ao dia ou na vigência de queixa da criança, com aplicação de escalas de classificação de infiltração e flebite (Anexo 4). Punção venosa periférica pelo método tradicional: - Realizar dilatação da veia, a partir da aplicação de torniquete (luva de látex ou compressão manual), a fim de promover maior enchimento vascular. - Selecionar a veia por palpação e visualização, dando preferência à localização que não restrinja a movimentação da criança. Iniciar sempre por localização mais distal e de fácil fixação. - Remover o torniquete do membro. - Preparar o cateter a ser utilizado. - Garrotear o membro. - Realizar antissepsia do local. - Inserir o cateter com o bisel da agulha para cima, segundo o método direto ou indireto de punção venosa. - Ao visualizar o refluxo sanguíneo, diminuir o ângulo de introdução do cateter em relação à pele, tracionar o mandril até que o bisel fique coberto pelo cateter e prosseguir até introdução total do cateter. - Remover o torniquete. - Testar a localização do cateter com seringa contendo solução de NaCL 0,9%. - Realizar o curativo no local de inserção do CIP. - Registrar o procedimento no protocolo de pesquisa e documentação do paciente. - Na vigência de insucesso da punção, realizar nova intervenção. Para avaliação clínica do local de inserção do CIP, padronizou-se a seguinte intervenção: - Realizar visualização e palpação do local de inserção do CIP e região adjacente. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 40 - Identificar condições sugestivas da ocorrência de infiltração (edema, pele fria, dor local) e flebite (hiperemia, cordão fibroso, calor) no local de inserção do CIP e região adjacente. - Aplicar as escalas de classificação de infiltração e flebite. - Na vigência de complicações, proceder à retirada do cateter e documentar o procedimento. - Se a avaliação evidenciar posicionamento adequado do cateter e ausência de complicações, documentar o procedimento. 3.5.3. Variáveis de Caracterização dos Grupos de Estudo Para a caracterização dos grupos de estudo foram pesquisadas variáveis relativas às crianças, à TIV e aos profissionais executantes da USV e da punção venosa. 3.5.3.1. Variáveis relativas às crianças Foram selecionadas para descrição e controle da influência sobre outras variáveis de estudo a idade, o gênero, a cor da pele, o grau de nutrição e o potencial de contaminação da cirurgia. • Idade da criança A variável tem por finalidade identificar a idade das crianças e controlar a frequência entre os grupos de estudo, pois características anatômicas e fisiológicas que diferem do recémnascido ao adolescente, podem interferir diretamente na obtenção do acesso venoso periférico, influenciando as variáveis dependentes estudadas. Segundo Maki e Ringer (1991)85, crianças maiores têm mais chance de desenvolver flebite do que as menores, e segundo Phillips (2001)64, crianças menores têm mais chance de desenvolver infiltração do que as maiores. Esta variável foi categorizada em anos, após a coleta dos dados. • Gênero O gênero foi verificado, em vista de Maki e Ringer (1991)85 relatarem que, pessoas do gênero feminino estão mais predispostas à ocorrência de flebite devido alterações hormonais, levando à fragilidade capilar, com consequente ocorrência de infiltração secundária. Na faixa etária pediátrica, a influência da alteração hormonal pode estar presente na adolescência. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 41 A maior movimentação característica de crianças do gênero masculino, em determinadas faixas etárias, poderia contribuir para a ocorrência de algumas variáveis de desfecho estudadas, devido à possibilidade de deslocamento do CIP. Esta foi categorizada em: - feminino; - masculino. • Cor da pele Esta característica da criança submetida à TIV foi selecionada, pois estudo desenvolvido por Maki e Ringer (1991)85, indicou que pessoas com cor de pele branca estão mais predispostas à ocorrência de flebite, do que as com cor de pele preta. A visualização da rede venosa periférica em pessoas com cor da pele preta e parda pode ser prejudicada pela pigmentação da pele, podendo estar relacionada à dificuldade de localização da rede venosa periférica.22-23 Assim, esta variável foi categorizada em: - branca; - parda; - preta; - vermelha; - amarela. As categorias foram definidas de acordo com a proposição dos censos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.107 • Grau de nutrição da criança O grau de nutrição da criança foi calculado pela relação peso para idade, estatura para idade e peso para estatura, cujo padrão de referência empregado foi o da curva do National Center for Health Statistics (NCHS), recomendada pela Organização Mundial da Saúde, e adotada oficialmente pelo Ministério da Saúde.108 Assim, a sua determinação, foi estruturada a partir da medida do peso, em quilogramas, e estatura, em centímetros, das crianças, que participaram do estudo. Para a classificação nutricional das crianças, foi utilizado o escore Z expresso em unidades de desvios padrão (DP) no qual o dado obtido se afasta da mediana de referência, podendo ser aplicado em crianças de qualquer faixa etária. O cálculo do escore Z foi realizado CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 42 pelo programa Epi-Info® versão 3.5.1, programado para utilizar como referência o padrão do NCHS. O escore Z consiste em escala quantitativa, sendo que, crianças que apresentarem peso e estatura, em relação à idade, entre -2 e +2 DP, são consideradas eutróficas; valores menores que 2 DP desnutridas e maiores que +2 DP sobrepeso, utilizando como referencial o CDC.109-110 A avaliação do grau de nutrição da criança faz-se importante, pois se relaciona com o risco potencial para a ocorrência de infiltração e flebite em pacientes portadores de CIP.85 Além disso, o insucesso da punção intravenosa periférica em pacientes obesos decorre da difícil visualização e palpação da rede venosa periférica, contribuindo para aumento do risco de insucesso do procedimento e possível relação com complicações da TIV.17,24-25 Para a pesquisa, a avaliação do grau de nutrição das crianças foi utilizada para o controle do aparecimento nos grupos de estudo. Assim, ao final do emprego do escore, as categorias utilizadas para representar a medida desta variável foram: - eutrofia; - desnutrição; - sobrepeso. • Potencial de contaminação da cirurgia O potencial de contaminação da cirurgia foi categorizado com base na cirurgia realizada segundo o diagnóstico médico, indicando a necessidade de implementação de terapêutica com prescrição ou não de antibióticos.111 A cirurgia foi classificada como limpa, quando apresentou indicação eletiva e não traumática. Cirurgias realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório local, ou falhas técnicas grosseiras. Cirurgias em que não ocorrem penetrações nos tratos digestivo, respiratório ou urinário.111 Foi considerada cirurgia potencialmente contaminada, quando realizada em tecidos colonizados por microbiota pouco numerosa ou em tecido de difícil descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório, e com falhas técnicas discretas no transoperatório. Ocorre penetração nos tratos digestivo, respiratório ou urinário.111 Contaminada é a classificação atribuída à cirurgia realizada em tecidos abertos e recentemente traumatizados, colonizados por microbiota abundante, de descontaminação difícil ou impossível, com falha técnica grosseira, com presença de inflamação aguda na incisão e cicatrização de segunda intenção ou grande contaminação a partir do tubo digestivo.111 CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 43 Cirurgia infectada foi realizada em qualquer tecido ou órgão em presença de processo infeccioso, tecido necrótico, corpos estranhos e feridas de origem suja.111 A variável possibilita controlar a influência do potencial de contaminação da cirurgia sobre a utilização de maior número de medicamentos no pós-operatório ou uso de soluções e fármacos vesicantes, além de condições outras que contribuíssem para a ocorrência de complicações. Uma lista com a distribuição nos grupos de estudo dos diagnósticos médicos, cirurgias realizadas e potencial de contaminação das cirurgias, é apresentada no Anexo 6. A variável foi categorizada em: - limpa; - potencialmente contaminada; - contaminada; - infectada. 3.5.3.2. Variáveis relativas à terapia intravenosa Fundamentadas na necessidade de investigar características da TIV que pudessem interferir com as variáveis de estudo e de desfecho investigadas, optou-se por analisar as variáveis relativas à terapia, que nesta pesquisa referem-se ao uso prévio de TIV, período pregresso de utilização de TIV, tempo desde a última utilização, uso prévio de CIP, uso prévio de PICC, uso prévio de CVC, antecedentes de complicações da TIV, tipos de complicações, condição da criança predisponente ao insucesso da PVP e ocorrência de complicações, tipo de condição da criança predisponente ao insucesso da PVP e ocorrência de complicações, característica do tratamento predisponente ao insucesso da PVP e ocorrência de complicações, tipo de característica do tratamento predisponente ao insucesso e ocorrência de complicações, condição da rede venosa periférica, dominância lateral, calibre do cateter, garroteamento do membro, método de punção venosa, número de tentativas de punção, motivo do insucesso da primeira e da última PVP, vaso sanguíneo de inserção do cateter, local de instalação do cateter, reposicionamento do cateter, uso de tala, forma de manutenção do cateter, método de infusão das soluções e fármacos, tipo de infusão, soluções e fármacos de risco para complicações, número de soluções, número de fármacos e motivo da retirada do cateter antes da alta do tratamento. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 44 • Uso prévio de TIV A variável visou identificar se a criança havia sido submetida à TIV, fato que poderia influenciar a obtenção do acesso venoso periférico, a assertividade e a ocorrência de complicações, controlando a frequência entre os grupos de estudo, sendo categorizada em: - sim; - não. Para as crianças que utilizaram TIV previamente, procedeu-se a investigação a partir do questionamento ao responsável pela criança, do período pregresso de utilização, tempo desde a última utilização, uso prévio de CIP, uso prévio de PICC e uso prévio de CVC. • Período pregresso de utilização de TIV A variável foi expressa posteriormente em números de dias a que a criança foi submetida à TIV, previamente à cateterização atual, para verificar o tempo de uso da TIV. • Tempo desde a última utilização A variável foi computada a posteriori, em números de dias entre a cateterização atual e a anterior, e visou identificar se o intervalo de tempo entre as PVP poderia apresentar-se diferente entre os grupos. Pequenos intervalos de tempo entre a utilização de TIV periférica, podem comprometer o restabelecimento da integridade venosa decorrente da presença de cicatrizes que dificultam a punção.23-25 • Uso prévio de CIP Pretendeu identificar a utilização de CIP previamente ao tratamento atual e a forma de distribuição entre os grupos de estudo. A variável foi categorizada em: - sim; - não. • Uso prévio de PICC A utilização prévia de PICC foi investigada, a fim de identificar a necessidade pregressa de terapia intravenosa prolongada e ou uso de soluções de risco para complicações, sendo categorizada em: CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 45 - sim; - não. • Uso prévio de CVC O uso prévio de CVC pode estar relacionado com as condições da rede venosa periférica e agravo da condição de saúde da criança, pois nestas situações, pode ocorrer maior dificuldade para a execução da cateterização venosa periférica ou a indicação de administração de fármacos e soluções vesicantes, sendo pesquisada para identificar a distribuição nos grupos de estudo. A variável foi categorizada em: - sim; - não. • Antecedentes de complicações da TIV Durante a avaliação da condição da rede venosa periférica, que precedeu a PVP, procurou-se investigar a ocorrência prévia de complicação da TIV. A variável foi categorizada de acordo com a presença das principais complicações que poderiam interferir na disponibilidade de locais para punções, em: -sim; -não. • Tipos de complicações Se identificados antecedentes de complicações da TIV, prosseguiu-se a investigação do tipo de complicação, segundo as categorias presente e ausente, para as seguintes complicações: hematoma, infiltração, flebite e equimose, que melhor se detalham a seguir. - Hematoma Identificado pela presença de uma coleção de sangue no tecido subcutâneo, geralmente bem localizado e que resulta de traumatismos, alterações hematológicas ou outras causas.64 Na presença de hematoma, foi realizada a classificação de acordo com a gravidade, sendo proposta para a presente investigação, a categorização em: - leve; - moderado; - grave. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 46 O hematoma foi considerado leve quando observada a presença de lesão hipercrômica de coloração arroxeada ou avermelhada, medindo cerca de uma polpa digital (±1 centímetro). O hematoma moderado foi avaliado quando observada a presença de lesão hipercrômica de coloração arroxeada ou avermelhada, medindo cerca de duas polpas digitais (±2 centímetros). O hematoma grave foi classificado quando observada a presença de lesão hipercrômica arroxeada ou avermelhada, medindo aproximadamente três polpas digitais (±3 centímetros). - Flebite Determinada com a identificação no local de inserção do cateter de veia rígida, tortuosa, sensível e dolorosa, com ou sem drenagem purulenta pelo local da inserção do cateter.67 A avaliação do grau de flebite foi realizada com base na escala de classificação proposta pela INS, que varia do grau zero ao grau quatro, conforme apresentada no Anexo 4. - Infiltração Quando identificada pele fria ao redor do local de punção, pele tensa, edema dependente, retorno ausente do fluxo de sangue, retorno de sangue “rosa pálido” e velocidade de infusão lenta, porém contínua.67 A gravidade da infiltração foi avaliada segundo Escala de Classificação de Infiltração da INS, apresentada no Anexo 4. - Equimose Quando observada mancha escura ou azulada decorrente de infiltração difusa de sangue no tecido subcutâneo. Na maior parte dos casos, aparece após um traumatismo, mas pode também surgir espontaneamente em indivíduos que apresentam fragilidade capilar ou coagulopatia.64 • Condição da criança predisponente ao insucesso da PVP e ocorrência de complicações A medida desta variável tem por finalidade identificar aspectos relacionados às condições de saúde ou situacionais relativas à criança, que possam alterar as condições da rede venosa periférica ou interferir na realização do procedimento, além de demonstrar a distribuição destas condições nos grupos experimental e controle. Algumas características particulares das crianças pequenas podem interferir no sucesso da TIV, como prematuridade, formato mais robusto do corpo, a quantidade de tecido adiposo e o pequeno tamanho dos vasos.17,19-20 CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 47 A obtenção do acesso vascular periférico também pode ser dificultada em pacientes obesos, com doenças crônicas e hipovolemia.21-25 Além destas características, outras, denominadas neste estudo como situacionais, poderiam de acordo com a faixa etária da criança, alterar seu comportamento e ocasionar maior nível de estresse durante a realização do procedimento, contribuindo para o insucesso e a ocorrência de complicações. A variável foi categorizada em: - sim; - não. • Tipo de condição da criança predisponente ao insucesso da PVP e ocorrência de complicações Na vigência de alguma condição da criança que pudesse predispor ao insucesso ou a complicações, a variável foi verificada pelas seguintes categorias: - prematuridade; - doença crônica; - doença vascular; - agitação psicomotora; - hiperatividade; - infecção; - espasmos musculares; - ausência de acompanhante; - recusa à TIV; - outros. • Característica do tratamento predisponente ao insucesso da PVP e ocorrência de complicações A medida desta variável teve por finalidade identificar aspectos relacionados ao tratamento realizado que possam alterar as condições da rede venosa periférica, interferindo na assertividade e na predisposição à ocorrência de complicações relacionadas ao uso de CIP, bem como demonstrar a distribuição entre os grupos. A variável foi categorizada em: - sim; - não. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ • 48 Tipo de característica do tratamento predisponente ao insucesso da PVP e ocorrência de complicações A maioria dos pacientes submetidos à TIV prolongada, principalmente quando receberam medicamentos vesicantes, tratamento cirúrgico prolongado e submetidos a hospitalizações frequentes, apresentam redução dos possíveis locais disponíveis para punção venosa, tornando o procedimento mais difícil ou impossibilitado pela avaliação clínica da rede venosa, com palpação e visualização.25 O problema pode ser causado por trombose ou prejuízo da visualização normal da rede venosa das mãos e antebraço devido à cicatriz de punções anteriores.21-25 Na presença de alguma característica do tratamento predisponente ao insucesso da punção ou à ocorrência de complicações, as seguintes categorias foram investigadas: - tratamento cirúrgico prolongado; - terapia intravenosa prolongada; - uso de fármacos vesicantes; - sinais de lesão da pele; - outros. • Condição da rede venosa periférica A avaliação da condição da rede venosa periférica das crianças foi realizada a fim de identificar a distribuição entre os grupos de características que pudessem interferir na assertividade do procedimento, relacionadas à visualização e a palpação da rede venosa. A rede venosa periférica localizada nos seguimentos corpóreos mão direita e esquerda, membro superior direito e esquerdo, membro inferior direito e esquerdo, pé direito e esquerdo e região cefálica, foram avaliados pelos enfermeiros e classificados clinicamente, segundo a qualidade de visualização e palpação da rede venosa, sendo categorizada em: - visível e ou palpável; - não visível e ou palpável; - não disponível. • Dominância lateral A dominância lateral ou preferência lateral expressa a supremacia de desempenho com um membro corporal em relação ao membro contra-lateral homólogo. Durante o crescimento, CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 49 naturalmente se define uma dominância lateral da criança, com maior habilidade, agilidade e força do lado direito ou esquerdo. A lateralidade é definida geneticamente, mas também é influenciada pela complexidade das experiências de movimentos vividos pela criança, sendo definida até os cinco anos de idade.112 Durante a admissão da criança no hospital, deve-se identificar a dominância lateral, pois quando a criança permanece com o membro dominante imobilizado devido à presença do CIP, pode haver maior ocorrência de complicações e remoções acidentais do cateter, além do comprometimento do conforto e da realização de suas atividades diárias de vida, além de no presente estudo, ser investigada para controlar sua frequência nos grupos experimental e controle.21,55 Foi categorizada em: - direita; - esquerda; - não determinada. A categoria “não determinada” foi utilizada para os lactentes que não apresentavam definição de sua dominância lateral, explicitada pelas suas mães. No protocolo de cuidado proposto para o estudo foi destacada a importância da identificação da dominância lateral da criança, para que a PVP fosse realizada preferencialmente no membro de não dominância. Quanto ao tipo de CIP utilizado para a PVP no presente estudo, foi elencado o cateter do tipo fora da agulha, confeccionado em Vialon®, composto de poliuretano, que consiste em uma resina polimérica biocompatível, resistente a possíveis dobras e que tem capacidade de retornar às dimensões originais. A agulha destinada à punção é conectada a um mandril, que tem função de guiar sua retirada do interior do cateter de Vialon®. A agulha fica armazenada em um dispositivo plástico, denominado dispositivo de segurança, com a finalidade de prevenir acidentes laborais com perfurocortantes (Figura 12). O cateter é conectado a uma extensão fina que segue até o local de conexão com os equipos de infusão das soluções intravenosas, que por ser transparente, permite visualizar o refluxo de sangue. Entre o cateter e a extensão de polivinilcloreto há um dispositivo confeccionado para permitir seu manuseio com maior segurança e agilidade pelo profissional, CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 50 denominado asa de sustentação e fixação, desenhada com a finalidade de facilitar a inserção do cateter e permitir melhor fixação do dispositivo (Figura 12). Figura 12: Cateter intravenoso periférico calibre 24 G (amarelo) e calibre 22 G (azul). O cateter do tipo fora da agulha consiste de uma agulha envolta por um cateter. O cateter possui de 19 a 25 mm de comprimento e calibre em números pares, variando de 12 Gauge a 24 Gauge. A unidade de medida Gauge (G) indica a medida do diâmetro interno do cateter. Foram utilizados os cateteres de calibre 22 G, que apresentam 19 milímetros de comprimento e 0,9 milímetros de largura, e comportam 36 mililitros por minuto de infusão; e os de calibre 24 G que apresentam 19 milímetros de comprimento, 0,7 milímetros de largura e comportam a infusão de 22 mililitros por minuto. Foram utilizados estes calibres de cateteres por atenderem as características das crianças que participaram do estudo e da TIV realizada. Este cateter foi escolhido pelo grupo de investigadores por ser considerado o mais desenvolvido tecnologicamente e se adequar às características da clientela estudada. O grupo preocupou-se em fornecer os cateteres desenvolvidos com melhor material e que apresentassem a possibilidade de adequada fixação, para que não se relacionassem com as variáveis dependentes do estudo. Para identificação do tamanho do cateter utilizado, foi investigado o calibre. • Calibre do cateter Esta variável apresentou categorização dicotômica com a utilização de dois calibres de cateteres intravenosos periféricos, pois segundo Phillips (2001)64 para neonatos são indicados os cateteres de calibre 24 G e para crianças maiores os de calibre 24 G e 22 G, de acordo com o tipo de terapêutica empregada e condições da rede venosa periférica do paciente. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 51 Em levantamento prévio realizado pela autora na unidade em questão, para determinar a possibilidade de utilização do cateter, verificou-se que os cateteres empregados foram exclusivamente de calibre 22 G e 24 G, sendo o calibre 24 G utilizado na maioria das crianças (75,8%), portanto a variável foi categorizada em: - 24 G; - 22 G. • Garroteamento do membro A dilatação da veia, realizada com o garroteamento do membro, auxilia a visualização da rede venosa e a PVP, entretanto a permanência prolongada e o posicionamento do torniquete próximo ao local da punção aumentam a pressão sanguínea intravascular, contribuindo para a ocorrência de hematoma no momento da punção venosa.64 No estudo foi padronizado que o garroteamento do membro seria realizado três dedos acima do local da punção, imediatamente antes da PVP, para reduzir o aumento da pressão intravascular e a ocorrência de hematoma. Para o garroteamento do membro foi utilizada compressão manual por profissional que auxiliaria o procedimento ou por luva de látex, de acordo com a característica da criança e a preferência do profissional (Figura 13). I II Figura 13: Garroteamento do membro com compressão manual (I) e luva de látex (II). A escolha da variável teve por finalidade verificar se o uso do garrote para dilatação da rede venosa periférica apresentou distribuição semelhante entre os grupos de estudo, sendo categorizada em: - sim; - não. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 52 • Método de punção venosa Visou identificar qual o método de punção utilizado, pois poderia influenciar na obtenção do acesso venosos periférico, assertividade ou ocorrência de complicações como o hematoma e a infiltração, se apresentasse frequência diferente entre os grupos.64 O método direto consiste na inserção do cateter diretamente sobre a veia, em um ângulo de 30o a 45o; com penetração de todas as camadas da veia com um movimento. No método indireto, o profissional deve inserir o cateter em um ângulo de 30o a 45o na pele ao lado da veia; manter alinhamento paralelo e avançar através do subcutâneo; puncionar a veia e diminuir o ângulo assim que o cateter penetrar na veia. Foi categorizada em: - método direto; - método indireto. • Número de tentativas de punção Esta variável indicou o número de tentativas de punção venosa necessárias para a instalação do CIP, com ou sem o reposicionamento do cateter para obtenção do acesso venoso periférico. Esta variável foi categorizada em: - 1; - 2; - 3; - 4; - 5. Para as PVP que não obtiveram sucesso, investigamos os motivos prováveis, indicados pelos profissionais executantes das punções, segundo a variável a seguir descrita. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ • 53 Motivo do insucesso da primeira e da última PVP Esta variável identificou os motivos determinados pelo executante do procedimento para o insucesso da PVP, sendo categorizada, segundo a primeira e a última punção, em: - hematoma; - transfixação do vaso; - punção ineficaz; - obstrução do cateter; - outros. • Vaso sanguíneo de inserção do cateter A medida desta variável objetivou identificar os vasos sanguíneos utilizados para inserção do CIP em crianças. Os locais de seleção para inserção do CIP em crianças submetidas à TIV, incluem as veias do couro cabeludo, apesar da recomendação do uso inicial das veias dos membros superiores e inferiores.93 Esta variável foi categorizada, segundo os vasos sanguíneos, em: - veia temporal; - veia auricular posterior; - arco venoso dorsal da mão; - veia basílica; - veia cefálica; - veia mediana do antebraço; - veia safena; - arco venoso dorsal do pé. Para facilitar o preenchimento do protocolo, o profissional executante da PVP assinalava a veia e o lado de escolha no esquema a seguir (Figura 14). CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 54 Figura 14: Esquema da rede venosa periférica da criança. • Local de instalação do cateter A variável foi selecionada para identificar os locais de instalação do cateter, sendo categorizada em: - cabeça; - mão; - antebraço; - fossa antecubital; - pé. Foi investigada para identificar se o local de implantação do CIP poderia interferir nas variáveis dependentes estudadas e identificar a distribuição nos grupos de estudo. • Reposicionamento do cateter Após determinar o número de tentativas de punção, foi verificado se a última tentativa com sucesso foi realizada com ou sem o reposicionamento do cateter, considerado no presente estudo, como o movimento de vai e vem do cateter realizado pelo profissional, até a obtenção do refluxo sanguíneo, com certificação de punção com sucesso. A variável foi categorizada em: - sim; - não. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 55 • Uso de tala A restrição de movimentos do membro cateterizado com o uso da tala pode contribuir para a proteção do paciente por diminuir a possibilidade de deslocamento do cateter, pois se correlaciona com a diminuição da mobilidade do local de instalação do CIP, com o aumento do tempo de permanência do cateter e diminuição da ocorrência de complicações da TIV.64,93 Para restrição de movimentos do membro, foram confeccionadas cerca de 200 talas pelos serviços de marcenaria e costura da instituição, em três tamanhos (8x6 cm, 12x8cm, 20x10cm), adequados à idade e tipo de local a ser restrito. Possuíam anteparo rígido, eram acolchoadas e recobertas por material impermeável que possibilitava a desinfecção com álcool a 70%. Antes da utilização, as talas foram embaladas em tecido hipoalergênico e fixadas ao membro da criança com fita adesiva transparente hipoalergênica (Figura 15). Figura 15: Tala para restrição de movimentos do membro e fita adesiva transparente hipoalergênica. Preconizou-se que as talas seriam utilizadas por todas as crianças que recebessem CIP em áreas de flexão. Assim, para a medida desta variável a categorização foi dicotômica em: -sim; - não. • Forma de infusão da terapia intravenosa A variável verificou a forma de infusão da TIV, se contínua ou intermitente. A infusão contínua caracteriza-se pela administração de soluções ou fármacos em intervalos de tempo superiores a duas horas, e a infusão intermitente, entendida como a administração realizada em períodos inferiores a duas horas.64 CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 56 A infusão intermitente do cateter pode ser um fator predisponente para ocorrência de flebite e ou infiltração devido a maior manipulação e possibilidade de deslocamento do cateter, além de ser um fator de risco para a ocorrência de obstrução do dispositivo se não forem obedecidos os intervalos entre as infusões e a técnica de administração com pressão positiva, para evitar o retorno sanguíneo pelo cateter intravenoso e possível obstrução pela formação de trombos.64 Na unidade de estudo utilizava-se a solução de heparina para manutenção do cateter de forma intermitente, sendo padronizada a concentração de 10 unidades do anticoagulante por mililitro (ml) de diluente (cloreto de sódio a 0,9% em água destilada), administrada na quantidade de 2 ml a 3 ml desta solução, nos intervalos entre os fármacos intermitentes, para manter sua permeabilidade, não ultrapassando o intervalo de seis horas entre cada infusão.64 A variável forma de infusão da TIV foi categorizada em: - contínua; - intermitente; - contínua e intermitente. • Método de infusão das soluções e fármacos Esta variável verificou os possíveis métodos de infusão das soluções e fármacos administrados pelo cateter na unidade investigada, de forma isolada ou associada, sendo categorizada em: - bomba de infusão; - bomba de infusão e bolus; - bomba de infusão e gravitacional; - bomba de infusão, gravitacional e bolus; - bolus; - gravitacional; - gravitacional e bolus. • Tipo de infusão As infusões realizadas pelo CIP foram categorizadas em: - soluções; - fármacos; - soluções e fármacos. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 57 As soluções foram identificadas pelo nome farmacológico, pela dose prescrita bem como pela frequência de administração e o tempo de utilização, sendo descritos todos os componentes das soluções e o tempo de infusão. Os fármacos seguiram os mesmos critérios, sendo que a diluição e o tempo de infusão dos fármacos foram prescritos pelo enfermeiro, a partir do protocolo estabelecido pela instituição em que foi desenvolvida a pesquisa, expressa em miligrama por mililitro (mg/ml) e em mililitro por hora (ml/h), respectivamente. • Soluções e fármacos de risco para complicações A administração de soluções e fármacos com características de risco para complicações foi verificada pela possibilidade de relação com o menor tempo de permanência do cateter e maior ocorrência de complicações da TIV. Característica de risco é definida como a capacidade da solução ou do fármaco causar lesão tecidual quando administrado no espaço extravascular. A severidade da lesão está diretamente relacionada ao tipo, concentração e volume do fluido infiltrado nos tecidos intersticiais.4,64 O risco foi determinado a partir das propriedades apresentadas pelos fármacos e soluções, de acordo com o potencial hidrogeniônico (pH) menor que cinco ou maior que nove, osmolaridade maior que 350 mOsm/L e a descrição do fabricante, da literatura ou base de dados da área, sobre a possibilidade de ocorrência de efeitos adversos na administração dos medicamentos (Anexo 7).65,67,71 A variável foi categorizada em: - sim; - não. • Número de soluções O número de soluções administradas à criança durante a permanência do cateter foi verificado, a fim de identificar a frequência de aparecimento desta variável entre os grupos experimental e controle, devido a maior chance de ocorrência das variáveis dependentes estudadas quanto maior o número de soluções administradas, sendo a variável numérica categorizada a posteriori. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 58 • Número de fármacos O número de fármacos administrados às crianças pelo CIP, foi categorizado posteriormente, a fim de controlar a frequência desta variável entre os grupos de estudo. • Motivo da retirada do cateter antes da alta do tratamento Esta variável foi estudada a fim de identificar os motivos da retirada dos cateteres antes da indicação de término da TIV, ou seja, antes da alta do tratamento. Categorizada em: - complicações; - perda acidental; - queixa da criança. 3.5.3.3. Variáveis relativas aos profissionais executantes da PVP e da USV Procurou-se controlar as características individuais dos profissionais que poderiam influenciar as variáveis dependentes, pois tanto a realização da PVP quanto a interpretação das imagens ultrassonográficas, são influenciadas pela competência do profissional, resultado do conhecimento científico, habilidade técnica e experiência.6,67 Foram selecionadas para estudo a identificação do profissional executante da PVP e da USV, o tempo de formação em enfermagem, especialização em enfermagem pediátrica, o tempo de trabalho em enfermagem pediátrica e a avaliação das imagens ultrassonográficas pelas enfermeiras. • Profissional executante da PVP O profissional executante da PVP foi identificado, com nome de cores, para controlar características inerentes à pessoa que poderiam influenciar na realização da PVP. • Profissional executante da USV De modo semelhante à variável que lhe antecede, para identificar o profissional que executou a USV, preservando sua identidade, empregou-se o nome de cores para categorização desta variável, após a coleta dos dados. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 59 • Tempo de formação A variável verifica o tempo de formação, possibilitando controlar sua frequência nos grupos de estudo. Posteriormente à coleta de dados, para se obter medida mais fidedigna, a variável foi categorizada em anos. • Especialização em enfermagem pediátrica A variável permitiu identificar a formação especialista do profissional e controlar a frequência semelhante nos grupos de estudo, devido a correlação que poderia exercer sobre as variáveis de desfecho. Para tanto, foi investigada a realização de curso de especialização nessa área, sendo categorizada em: - sim; - não. • Tempo de trabalho em enfermagem pediátrica Esta variável verifica o tempo de trabalho na área de enfermagem pediátrica, após a conclusão do curso de especialização, pois segundo pesquisadores, a habilidade e a experiência do profissional, podem contribuir para melhores resultados na realização do procedimento.1,85,93,113 A categorização em anos de experiência profissional em enfermagem pediátrica foi realizada após a coleta dos dados. • Avaliação das imagens ultrassonográficas pelas enfermeiras As imagens ultrassonográficas foram obtidas e avaliadas pelas enfermeiras que realizaram a USV, sendo a variável categorizada em: - visualização do vaso; - visualização da inserção do cateter; - USV facilitou a inserção do cateter. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 60 3.5.4. Variáveis Dependentes As variáveis dependentes do estudo referem-se ao índice de obtenção do acesso venoso periférico; à assertividade, representada pelo sucesso da punção na primeira tentativa e retirada do cateter por alta do tratamento; ao tempo de permanência do cateter e à ocorrência de complicações locais da TIV, sendo investigadas a infiltração, o grau de infiltração, a flebite, o grau de flebite e a obstrução do CIP. • Obtenção do acesso venoso periférico A variável identificou se, independente do número de tentativas, houve a obtenção do acesso venoso periférico. Categorizada em: - sim; - não. • Sucesso da punção na primeira tentativa A variável verificou o sucesso da punção na primeira tentativa, considerado quando ocorreu o refluxo sanguíneo pelo cateter e a infusão de 2 ml de solução de NaCl 0,9%, sem queixas álgicas referidas pela criança e sem alteração na inspeção e palpação do local de inserção do cateter.41,44 A variável foi categorizada em: - sim; - não. • Retirada do cateter por alta do tratamento O cateter quando removido por alta do tratamento, indica que não foram constatados sinais de complicações locais da TIV, que impedissem a permanência do cateter até o final da indicação clínica. Neste estudo, a retirada do cateter por alta do tratamento, foi considerada como a indicação ideal do término do uso do CIP, atendendo aos pressupostos de segurança do paciente e qualidade da TIV. A variável foi categorizada em: - sim; - não. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ • 61 Tempo de permanência do cateter Esta variável foi categorizada após a coleta dos dados, de acordo com o resultado do cálculo da diferença em horas entre a data e a hora da retirada do cateter e a data e a hora da punção venosa. • Ocorrência de complicações locais da terapia intravenosa Complicação é o resultado não esperado ou não desejado associado à terapia proposta, que impossibilita a continuidade do uso do CIP, geralmente relacionado a fatores de risco como a natureza dos fármacos, a duração da terapia, as características individuais do paciente (idade, cor, gênero, doença prévia, dentre outros), a habilidade técnica do profissional, a localização e o tipo de dispositivos intravasculares, dentre outros.64,114 Os métodos utilizados para detecção da ocorrência de complicações foram a avaliação clínica diária do local de inserção do CIP, quatro vezes ao dia ou quando referida queixa pela criança, com a aplicação das escalas de classificação de infiltração e flebite, independente do grupo de estudo (experimental ou controle), e a avaliação do local de inserção do cateter com o uso do EUSV, no grupo experimental, duas vezes no período diurno. A variável foi categorizada em: - sim; - não. Na vigência de infiltração, flebite e obstrução do cateter, procedeu-se maior detalhamento segundo a gravidade, por apresentarem maior frequência em crianças.2 • Infiltração Nesta variável verificou-se a ocorrência de infiltração e sua gravidade. Identificada após observação de pele fria ao redor do local de punção, pele tensa, edema dependente, retorno ausente do fluxo de sangue, retorno de sangue “rosa pálido”, velocidade de infusão lenta, porém contínua, independente do grau (1, 2 ou 3). Extravasamento caracteriza-se como infiltração grau 4 da escala de avaliação. A variável foi categorizada em: - sim; - não. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 62 • Grau de infiltração Na detecção de infiltração grau 1, 2, 3 ou 4, o cateter foi removido, o membro elevado, e aplicada compressa morna para propiciar a vasodilatação e regressão do edema, além disso, a criança foi avaliada pela equipe multiprofissional para implementação de intervenções necessárias. Para a classificação da infiltração foi utilizada a escala proposta pela INS67, apresentada no Anexo 4, segundo os graus: - grau 1; - grau 2; - grau 3; - grau 4. • Flebite Verificou-se a ocorrência de flebite, sendo determinada pela identificação no local de inserção do cateter de veia rígida, tortuosa, sensível e dolorosa, com ou sem drenagem purulenta pelo local da inserção do cateter e independente do grau (1, 2, 3 ou 4), segundo a escala de flebite recomendada pela INS67, que foi aplicada para classificar a gravidade da inflamação identificada, apresentada no Anexo 4. A variável foi categorizada em: - sim; - não. • Grau de flebite Na detecção de flebite grau 1, 2, 3 ou 4, o cateter foi removido e aplicada compressa morna para redução da inflamação. A criança foi avaliada pela equipe multiprofissional, sendo que os enfermeiros realizaram cuidados de enfermagem e a equipe médica instituiu a conduta terapêutica, a fim de atender às necessidades da criança. A flebite foi classificada em: - grau 1; - grau 2; - grau 3; - grau 4. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 63 • Obstrução do cateter Caracterizada pela oclusão do lúmen do CIP devido à formação de coágulo sanguíneo, bainha de fibrina ou precipitado de fármacos na extremidade do cateter que se encontra no interior do vaso, trombose venosa ou tromboflebite, impedindo a infusão da solução intravenosa.64,100 Categorizada em: - sim; - não. 3.6. Coleta de Dados A coleta de dados teve início em 26 de fevereiro de 2007 e término em 07 de julho de 2008, sendo realizada pelos profissionais executantes da PVP e da USV. Previamente à coleta dos dados foi realizada a capacitação das enfermeiras que realizariam as intervenções propostas para o estudo e outras intervenções que foram padronizadas para a PVP, como a execução da punção venosa, a realização do curativo, a avaliação do local de inserção do cateter, o uso do EUSV e procedimentos para a coleta de dados, no período de julho de 2006 a janeiro de 2007. Foi disponibilizado um Manual de Procedimentos (Anexo 8) para consulta dos profissionais envolvidos, que continha todos as intervenções relativas à PVP, à realização do curativo e à coleta de dados, bem como, a lista de randomização dos grupos de estudo, os formulários para registro dos dados e o termo de consentimento livre e esclarecido. 3.6.1. Capacitação para punção venosa periférica Após a escolha, pelo grupo de pesquisadores, do tipo de cateter que seria utilizado no estudo, por se tratar de um dispositivo ainda não empregado na instituição, foi realizada capacitação da equipe por um enfermeiro habilitado para o uso do cateter, que abrangeu desde a forma de abertura do invólucro, o preparo do cateter com o uso do dispositivo de segurança, até a punção venosa, sendo utilizado um simulador durante o treinamento, que consiste em um braço de material semi-flexível e atóxico, desenvolvido para a execução de punções venosas periféricas. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 64 Após o treinamento no simulador, a aquisição de habilidades foi aprofundada na prática clínica, sendo realizadas 29 avaliações das punções realizadas em crianças. Posteriormente, procedeu-se a uma investigação junto às enfermeiras participantes da pesquisa, quanto à facilidade de uso do cateter e satisfação do profissional. Foram questionados aspectos referentes ao manuseio do cateter, como o giro do mandril para o acionamento do dispositivo de segurança; a PVP, com progressão do cateter; a remoção do dispositivo de segurança e a fixação do cateter, características consideradas importantes para o domínio da técnica. Quanto ao manuseio do dispositivo, 27 (93,1%) profissionais descreveram facilidade e dois (6,9%) referiram identificar dificuldade durante a realização da manobra de giro do dispositivo de segurança. A PVP foi considerada fácil em 25 (86,2%) avaliações. As quatro (13,8%) avaliações que apontaram dificuldade foram relacionadas à agitação da criança e ao cateter ser considerado pesado. Em relação à PVP, que investigava a progressão do cateter, remoção do dispositivo de segurança e fixação, 26 (89,7%) avaliações ressaltaram a facilidade na progressão do cateter, 28 (96,5%) na remoção do dispositivo e 26 (89,7%) na fixação do cateter. As outras avaliações consideraram o cateter pesado, o que dificultou sua progressão em três avaliações (10,3%), um (3,5%) profissional relatou dificuldade na remoção do dispositivo de segurança e três (10,3%) acharam difícil a fixação do cateter. O cateter foi considerado bom em 28 (96,5%) avaliações e regular em apenas uma avaliação (3,5%). Não houve avaliação ruim do dispositivo. As crianças nas quais foram realizadas as punções venosas para teste do cateter pelas enfermeiras, eram predominantemente do sexo masculino (18; 62,0%) e pré-escolares (mediana: 6,1 anos; DP:+ 4,89 anos) nas quais foram utilizados principalmente cateteres de calibre 24 G (75,8%), instalados nos membros superiores (86,2%), com média de tempo de permanência de 48,95 horas (DP:+ 47,40 horas). Ao final deste pré teste, concluiu-se que este cateter possuía as propriedades desejadas e assim decidiu-se que seria utilizado no presente estudo. 3.6.2. Capacitação para realização do curativo A realização do curativo foi padronizada com a demonstração do procedimento em simulador. A forma de execução do curativo é ilustrada no Manual de Procedimentos (Anexo 8). CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 65 A estabilização do cateter, com o uso de curativo, é considerada uma importante intervenção para redução do risco de flebite, infecção, migração e deslocamento do cateter. Quando o dispositivo é estabilizado, ocorre menor movimentação do mesmo para dentro e para fora da veia, prevenindo a ocorrência de inflamação local.73 O curativo do CIP utilizado foi do tipo película transparente estéril de tamanho (6 x 7 cm), com fixação adicional de tiras adesivas, para permitir a visualização do local de inserção do cateter, o posicionamento do transdutor do equipamento de ultrassom sobre o seu local de inserção, sem a remoção do curativo, e adequada fixação do cateter (Figura 16). Figura 16: Película transparente estéril. A escolha do tipo de película transparente estéril ocorreu com base nas características dos produtos disponíveis no mercado. Este tipo de curativo consiste de uma membrana de poliuretano semipermeável estéril com medida de seis por sete centímetros, que permite passagem de vapor de três a oito vezes maior que outras películas identificadas no mercado nacional. Esta alta permeabilidade foi o fator determinante na escolha da película, pois acreditase que apresenta a característica mais adequada, frente às necessidades de transpiração da população residente em locais de clima tropical e úmido, como o da região da realização deste estudo. A película transparente é indicada para pacientes pediátricos porque são vulneráveis à saída acidental do cateter, e a película constitui um meio seguro para sua fixação. A forma de instalação do curativo mantém a esterilidade do local de inserção do cateter intravenoso periférico, reduzindo o risco de contaminação.115 Possibilita contínua visualização do local de inserção do cateter devido sua transparência, permite evaporação da transpiração do paciente por sua permeabilidade e impede que o local de inserção do cateter seja contaminado quando molhado durante o banho.113,116 CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 66 Estudo comparativo entre a película utilizada na presente pesquisa com outra película transparente estéril, identificou que a primeira apresenta maior facilidade para aplicação, segurança na fixação e menor acúmulo de líquidos sob o curativo, reduzindo o risco de infecção relacionada ao cateter.116 Para auxiliar a fixação do cateter, foram utilizadas tiras de adesivo hipoalergênico, que são estéreis e desenvolvidas em poliamida, medindo 10,2 cm x 6,4 cm, posicionadas sobre a asa de fixação do cateter, em “V” na direção da inserção do cateter e no tubo extensor (Figura 17). Figura 17: Tiras adesivas estéreis. Na prática clínica verifica-se que, para melhor fixação do cateter, é necessária a utilização de fitas adesivas próximas à inserção, prevenindo o deslocamento do cateter. A posição da fita em “V” sobre o canhão do cateter, de modo a manter tração no sentido da inserção na pele, possibilita conservar adequado posicionamento. Devido à proximidade do local de inserção e o risco de contaminação, optou-se pela tira adesiva estéril, anteriormente descrita. O curativo da inserção do cateter padronizado para a pesquisa, é apresentado na Figura 18. Figura 18: Curativo da inserção do cateter. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 67 3.6.3. Capacitação para USV Participaram da capacitação para realização da USV seis enfermeiras da unidade em estudo, que trabalhavam no turno da manhã e da tarde, e duas enfermeiras de outra instituição, integrantes do projeto de pesquisa. Não foi possível a inclusão das enfermeiras da unidade em estudo que trabalhavam no período noturno, por indisponibilidade das mesmas em participar do treinamento por trabalharem em outras instituições. As oito enfermeiras participaram de uma estratégia educacional, elaborada e conduzida por enfermeiras especialistas em terapia intravascular, com suporte clínico e técnico de médico especialista em ultrassonografia vascular e engenheiro biomédico, sendo dividida em três etapas: teórica, prática e de avaliação. A etapa teórica foi composta por aulas referentes às bases da física, da ultrassonografia e do efeito Doppler, sobre a inserção dos cateteres e a realização dos curativos, desenvolvidas pelas enfermeiras especialistas; ao funcionamento do equipamento de ultrassonografia, demonstrado pelo engenheiro biomédico; e aulas práticas referentes às imagens vasculares, de artefatos e de cateteres implantados, realizadas pelo médico. A etapa prática caracterizou-se pelo uso do equipamento de ultrassom pelas enfermeiras durante três semanas, com a captação de 25 imagens por profissional, entre artérias, veias e cateteres. Na etapa de avaliação, as imagens obtidas foram analisadas, discutidas e validadas com o médico e com as enfermeiras especialistas. No final do programa, as enfermeiras foram avaliadas a respeito do conhecimento, habilidade e capacidade de identificar artérias, veias, fluxo sanguíneo e posicionamento de cateteres. Além da capacitação prévia à coleta de dados do estudo, foram realizadas consultas periódicas ao médico que participou da capacitação, para permitir a retenção dos conhecimentos obtidos no momento inicial e reduzir a insegurança na realização da USV e na interpretação das imagens. 3.6.4. Capacitação para a coleta dos dados Os profissionais que participaram da coleta dos dados receberam treinamento para o registro dos dados e inclusão das crianças nos grupos de estudo, segundo fluxograma apresentado no Anexo 9. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 68 Para o registro dos dados, foram elaborados formulários compostos pelas variáveis referentes às características das crianças e dos profissionais executantes da punção venosa, variáveis referentes à TIV e dependentes. O Formulário I (Anexo 10) continha as variáveis de estudo das crianças e foi preenchido pela enfermeira, após a aceitação da criança e respectivos responsáveis para a participação na pesquisa; o Formulário II (Anexo 11) continha os passos da punção venosa e foi preenchido imediatamente após o procedimento pela enfermeira que realizou a PVP ou a USV. Nos Formulários III (Anexo 12) e IV (Anexo 13) registravam-se as informações referentes à TIV instituída e à avaliação diária da inserção do CIP, respectivamente, preenchidas pelos profissionais responsáveis pela administração da TIV e avaliação do local de inserção do cateter. O Formulário V (Anexo 14) foi preenchido pelo profissional que retirou o CIP e incluía o motivo da retirada e a avaliação final da rede venosa periférica da criança. As variáveis foram distribuídas nos Formulários, bem como suas categorias, na sequência em que os passos do procedimento fossem sendo executados, para facilitar o preenchimento pelo profissional executante da punção venosa ou da ultrassonografia e posterior tabulação dos dados. 3.6.5. Preparo da criança para o procedimento Após a realização da capacitação dos profissionais, foi instituído o preparo da criança que seria submetida à PVP, independente do uso da USV. A hospitalização constitui um processo estressante e traumático para a criança, principalmente quando é submetida a procedimentos desconhecidos e dolorosos sem receber preparo adequado.117 O preparo da criança antes de procedimentos potencialmente ameaçadores ou estressantes tem se mostrado uma valiosa intervenção, principalmente em crianças que apresentam experiências prévias negativas.118 Neste estudo as crianças foram preparadas para a PVP com um manual intitulado “Minha punção venosa periférica”, elaborado para esta finalidade por alunas do curso de graduação em enfermagem da UNIFESP, como trabalho de conclusão de curso. O manual se destina a crianças na faixa etária escolar e possui característica de interatividade, no qual a criança pode desenhar e colorir figuras, realizar atividades lúdicas, ler as orientações e aprender sobre o procedimento de punção venosa com as fotos (Figura 19).117 CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 69 Figura 19: Criança realizando atividades lúdicas no manual (foto exibida com autorização expressa no Anexo 15). Além do manual foi desenvolvido um brinquedo que simula o equipamento de ultrassom, o que possibilita o manuseio pela criança de qualquer faixa etária e a concretização da informação, promovendo interatividade e uma forma lúdica da criança compreender o manuseio do equipamento que será utilizado, com redução do medo do desconhecido e consequente ansiedade (Figuras 20 e 21). Figura 20: Equipamento de ultrassom de brinquedo. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 70 Figura 21: Manipulação do equipamento de ultrassom de brinquedo pela criança (foto exibida com autorização expressa no Anexo 15). O preparo da criança e da família antes de procedimentos, com o auxílio de manuais de orientação e do brinquedo terapêutico, diminui a ansiedade e o medo, sendo o enfermeiro o profissional mais qualificado e próximo do paciente para o fornecimento de informações sobre os procedimentos.119 Vale ressaltar, que a exibição das fotos apresentadas no estudo, com as imagens parciais ou totais das crianças, também foram autorizadas pelos responsáveis, sendo tais documentos expressos nos Anexos 15 e 16. 3.7. Análise Estatística Os dados coletados foram tabulados em planilhas do tipo Excel® Microsoft for Windows, e após o término da coleta, foram submetidos à análise estatística através do software SPSS 16.0 for Windows. Os testes estatísticos aplicados foram: - Teste do Qui-quadrado de Pearson: utilizado para verificar a presença de associação entre duas variáveis qualitativas, verificando se a distribuição de frequências de uma variável foi semelhante nos grupos de estudo. -Teste da partição do Qui-quadrado de Pearson: foi utilizado para localizar a categoria responsável por um resultado significante no teste do qui-quadrado, servindo para identificar o(s) grupo(s) com distribuição de frequência diferente dos demais. CASUÍSTICA E MÉTODO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 71 - Mann-Whitney: utilizado para comparar a mediana entre dois grupos independentes. - Teste Exato de Fisher: utilizado para avaliar associação entre variáveis qualitativas em tabelas 2x2, nas quais o teste Qui-quadrado não é adequado, pelo fato de ter sido observada uma ou mais frequências esperadas menores do que cinco. - Generalização do Teste Exato de Fisher: análogo ao Teste Exato de Fisher, porém foi utilizado nos casos em que a dimensão da tabela a ser avaliada era maior do que dois. Esse cálculo foi realizado com auxílio do software STATA 8.2 for Windows. - Teste da Razão de Verossimilhança: utilizado para avaliar associação entre variáveis qualitativas em situações nas quais o teste do Qui-quadrado não foi adequado e o software estatístico não foi capaz de detectar o valor de significância da Generalização do Teste Exato de Fisher, devido ao tamanho da amostra e ou a dimensão da tabela avaliada. - Razões de Prevalência (RP): foram calculadas com obtenção do acesso venoso, ou complicações, como variável dependente. Na análise multivariada a RP e seu respectivo intervalo de confiança a 95% (IC 95%), foi estimado utilizando o Modelo Linear Generalizado (GLM) com distribuição binomial e função de ligação logarítmica. Toda a análise foi realizada no programa STATA 8.2.120-121 Em todos os testes fixou-se em 5% o nível para a rejeição da hipótese de nulidade (α=0,05). Portanto, valores de níveis descritivos iguais ou inferiores a esse valor (p ≤ 0,05) foram considerados estatisticamente significantes. 4 RESULTADOS RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 72 4 RESULTADOS Os resultados desta investigação estão apresentados segundo o estudo das variáveis de caracterização dos grupos, relativas às características das crianças, da TIV e dos profissionais executantes da punção venosa, e das variáveis dependentes referentes ao índice de obtenção do acesso venoso periférico, à assertividade, ao tempo de permanência do CIP e à ocorrência de complicações da TIV. É oportuno esclarecer que, por ocasião do planejamento da pesquisa, estimou-se o estudo de 969 punções venosas periféricas, para atingir um poder de estudo de 80,0%, entretanto, devido às limitações do tempo de coleta de dados da pesquisa e de custo, houve a necessidade de redução da amostra, sendo estudadas 382 punções, 188 (49,2%) do GE e 194 (50,8%) do GC, realizadas em 335 crianças com idade entre 12 dias e 17 anos. O tamanho da amostra de 382 PVP, apresenta um poder de estudo de 47,2%, com relação à variável obtenção do acesso venoso, para detectar poder do efeito de 0,096, utilizando um grau de liberdade do Teste do Qui-quadrado, com nível de significância de 0,050. 4.1. Variáveis de Caracterização dos Grupos de Estudo 4.1.1. Variáveis relativas às crianças As variáveis idade, gênero, cor da pele, grau de nutrição e potencial de contaminação da cirurgia foram utilizadas, tanto para descrição das crianças atendidas na unidade em estudo, como para caracterização dos grupos de pesquisa em relação a estas variáveis. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 73 Tabela 1: Distribuição das características demográficas das crianças, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 GE (n=188) GC (n=194) f (%) f (%) Variáveis 0,028a Idade (anos) Mediana (Q1 – Q3) 8,2 (4,8 - 12,5) 7,2 (3,9 - 10,6) Mínimo - Máximo 0,03 - 17,8 0,04 - 16,6 0,891b Gênero Feminino 83 (44,1) 87 (44,8) Masculino 105 (55,9) 107 (55,2) 0,147c Cor da pele Branca 78 (41,5) 97 (50,0) Parda 83 (44,1) 69 (35,6) Preta 27 (14,4) 26 (13,4) Vermelha - 2 (1,0) Amarela - 0,698b Grau de nutrição Eutrofia 156 (83,0) 160 (82,5) Desnutrição 22 (11,7) 20 (10,3) Sobrepeso 10 (5,3) 14 (7,2) 0,714b Potencial de contaminação da cirurgia Limpa Potencialmente contaminada Contaminada Infectada p 50 (26,6) 55 (28,3) 110 (58,5) 110 (56,7) 22 (11,7) 19 (9,8) 6 (3,2) 10 (5,2) Legenda: Q1 - 1º Quartil; Q3 - 3º Quartil; a – Teste de Mann-Whitney; b – Teste do Qui-quadrado; c - Generalização do Teste Exato de Fisher. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 74 Os grupos de estudo foram compostos predominantemente por meninos, eutróficos, submetidos a cirurgias potencialmente contaminadas, com distribuição semelhante entre os grupos. A distribuição da cor da pele demonstrou maior frequência de crianças com cor da pele branca no GC e crianças com cor da pele parda no GE. Entretanto, de acordo com a Tabela 1, o resultado do teste estatístico não demonstrou diferença estatisticamente significante entre os grupos (p=0,147). Com relação à variável idade, a mediana do GE foi maior do que a do GC, entretanto, mantendo-se nos dois grupos na faixa etária escolar. O teste estatístico aplicado demonstrou diferença estatisticamente significante (p=0,028), o que pode ser visualizado na Figura 22. 18 16 Idade (anos) das Crianças 14 12 10 8 6 4 2 0 GE GC Grupos de Estudo Teste de Mann-Whitney p=0,028 Figura 22: Idades (anos) das crianças, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 De acordo com os resultados apresentados na Figura 22, é possível observar que as crianças que compuseram o GE apresentaram média maior de idade quando comparadas às crianças do GC. Desta forma, com relação às variáveis relativas às crianças que participaram do estudo, verifica-se que a maioria encontrava-se na faixa etária escolar, com predominância de crianças RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 75 mais jovens no GC, do sexo masculino, com cor da pele branca principalmente no GC e parda no GE, eutróficas e submetidas a cirurgias potencialmente contaminadas. 4.1.2. Variáveis relativas à terapia intravenosa A seguir, os resultados que se referem às variáveis relativas à TIV, são apresentados em duas partes. A primeira parte trata das características do uso da TIV antes do início da participação da criança no estudo, como uso prévio de TIV, período pregresso de utilização da TIV, tempo desde a última utilização, uso prévio de CIP, uso prévio de PICC, uso prévio de CVC, antecedentes de complicações da TIV, tipos de complicações, condição da criança predisponente ao insucesso da PVP e ocorrência de complicações, tipo de condição da criança predisponente ao insucesso da PVP e ocorrência de complicações, característica do tratamento predisponente ao insucesso da PVP e ocorrência de complicações e tipo de característica do tratamento predisponente ao insucesso da PVP e ocorrência de complicações. A segunda parte apresenta as variáveis relacionadas à TIV atual, a saber, condição da rede venosa periférica, dominância lateral, calibre do cateter, garroteamento do membro, método de punção venosa, número de tentativas de punção, motivo do insucesso da primeira e da última PVP, vaso sanguíneo de inserção do cateter, local de instalação do cateter, reposicionamento do cateter, uso de tala, forma de infusão da terapia intravenosa, método de infusão das soluções e fármacos, tipo de infusão, soluções e fármacos de risco para complicações, número de soluções, número de fármacos e motivo da retirada do cateter antes da alta do tratamento. A Figura 23 apresenta o uso pregresso de TIV pelas crianças que participaram do estudo. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 76 Teste do Qui-quadrado p=0,964 Figura 23: Uso prévio de TIV, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 No que diz respeito ao uso prévio de TIV, a Figura 23 mostra que a maioria das crianças que participou do estudo já a havia utilizado, sem diferença estatisticamente significante entre os grupos. Das 188 crianças que receberam PVP e compuseram o GE, 145 (77,1%) já haviam utilizado TIV e das 194 do GC, 150 (77,3%) haviam recebido tal terapia previamente, assim, na Tabela 2, apresentam-se os dados referentes à distribuição, nos grupos de estudo, do período de utilização de TIV, tempo desde a última utilização e tipo de cateteres intravenosos utilizados. Tabela 2: Período pregresso de utilização de terapia intravenosa, tempo desde a última utilização, uso prévio de CIP, uso prévio de PICC e uso prévio de CVC, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 GE (n=145) GC (n=150) f (%) f (%) Variáveis Período pregresso de utilização de TIV (dias) p 0,421a Mediana (Q1 – Q3) 3 (1 - 10) 3 (1 - 7) Mínimo - Máximo 1 - 100 1 - 90 (continua) RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 77 (conclusão) GE (n=145) GC (n=150) f (%) f (%) Variáveis Tempo desde a última utilização (dias) Mediana (Q1 – Q3) Mínimo - Máximo p 0,741a 365 (90 - 1095) 365 (90 - 1095) 1 - 6205 1 - 4380 1,000b Uso prévio de CIP Sim 144 (99,3) 149 (99,3) Não 1 (0,7) 1 (0,7) 0,754c Uso prévio de PICC Sim 10 (6,9) 9 (6,0) Não 135 (93,1) 141 (94,0) 0,332c Uso prévio de CVC Sim 13 (9,0) 9 (6,0) Não 132 (91,0) 141 (94,0) Legenda: Q1 - 1º Quartil; Q3 - 3º Quartil; a – Teste de Mann-Whitney; b - Teste Exato de Fisher; c – Teste do Quiquadrado. Pode-se verificar na Tabela 2 que as características investigadas não apresentaram diferenças significantes entre os grupos e que a maioria das crianças utilizou TIV por curtos períodos de tempo (mediana de três dias), administrada por CIP há cerca de um ano. Apesar da mediana do tempo entre a última utilização de TIV e a atual ser de um ano, destaca-se que algumas crianças a utilizaram até um dia antes do início do estudo. A seguir, os antecedentes de complicações da TIV apresentados pelas crianças no momento da inclusão no estudo, durante a avaliação da condição da rede venosa periférica, são mostrados na Figura 24 e na Tabela 3. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 78 Teste do Qui-quadrado p=0,582 Figura 24: Antecedentes de complicações da terapia intravenosa, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 A Figura 24 mostra que 33 (17,6%) crianças do GE e 30 (15,5%) crianças do GC apresentaram complicações da TIV antes da participação no estudo, distribuídas sem diferença estatística nos grupos (p=0,582). Tabela 3: Tipos de complicações prévias da terapia intravenosa, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 GE (n=188) GC (n=194) f (%) f (%) Tipos de Complicações 0,914a Hematoma Presente 21 (11,2) 21 (10,8) Ausente 167 (88,8) 173 (89,2) 0,707a Grau do hematoma Leve Moderado p 17 (81,0) 16 (76,2) 4 (19,0) 5 (23,8) (continua) RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 79 (conclusão) 0,685b Flebite Presente 2 (1,1) 4 (2,1) Ausente 186 (98,9) 190 (97,9) 0,600c Grau de flebite I 1 (50,0) 3 (75,0) II - 1 (25,0) III 1 (50,0) 0,322a Infiltração Presente 12 (6,4) 8 (4,1) Ausente 176 (93,6) 186 (95,9) >0,999b Grau de infiltração I 5 (41,7) 4 (50,0) II 7 (58,3) 4 (50,0) 0,545a Equimose Presente 8 (4,3) 6 (3,1) Ausente 180 (95,7) 188 (96,9) Legenda: a – Teste do Qui-quadrado; b - Teste Exato de Fisher; c - Generalização do Teste Exato de Fisher. Com relação ao tipo de complicação prévia apresentada, a mais verificada foi a ocorrência de hematoma (GE – 11,2%, GC – 10,8%), sem diferença estatística entre os grupos de estudo (p=0,914). A classificação da gravidade desta complicação, decorrente da avaliação clínica do enfermeiro, resultou na maioria de grau leve, sem diferença entre os grupos. Identificou-se presença de infiltração em 20 crianças, seguida pela equimose em 14 crianças e flebite observada em seis, sem diferença estatística entre os grupos (p=0,322, p=0,545 e p=0,685, respectivamente). Portanto, quanto à ocorrência prévia de complicações da TIV, dentre as observadas verificou-se presença em 82 (21,5%) crianças que participaram do estudo, sendo o hematoma e a infiltração as complicações mais frequentes. A Figura 25 apresenta a distribuição de condições da criança predisponentes ao insucesso da punção e à ocorrência de complicações. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 80 Teste do Qui-quadrado p= 0,485 Figura 25: Condição da criança predisponente ao insucesso da punção venosa e à ocorrência de complicações, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Na Figura 25 é possível constatar que 70 (37,2%) crianças do GE e 79 (40,7%) do GC apresentavam alguma condição predisponente ao insucesso da PVP e ocorrência de complicações, sem diferença estatisticamente significante entre os grupos de estudo (p=0,485). A seguir, os dados da Tabela 4 ilustram quais condições predisponentes para o insucesso da punção e para a ocorrência de complicações foram observadas nas crianças que participaram do estudo. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 81 Tabela 4: Tipo de condição da criança predisponente ao insucesso da punção venosa e à ocorrência de complicações, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 GE (n=188) GC (n=194) f (%) f (%) Tipo de Condição p 0,503a Prematuridade Presente 3 (1,6) 6 (3,1) Ausente 185 (98,4) 188 (96,9) 0,859b Doença crônica Presente 48 (25,5) 48 (24,7) Ausente 140 (74,5) 146 (75,3) >0,999a Doença vascular Presente - 1 (0,5) Ausente 188 (100,0) 193 (99,5) 0,596a Agitação psicomotora Presente 20 (10,6) 24 (12,4) Ausente 168 (89,4) 170 (87,6) 0,800b Hiperatividade Presente 5 (2,7) 6 (3,1) Ausente 183 (97,3) 188 (96,9) 0,499a Infecção Presente - 2 (1,0) Ausente 188 (100,0) 192 (99,0) 0,369b Espasmos musculares Presente 7 (3,7) 11 (5,7) Ausente 181 (96,3) 183 (94,3) Ausência de acompanhante - Presente - - Ausente 188 (100,0) 194 (100,0) 0,118a Recusa à TIV Presente 3 (1,6) - Ausente 185 (98,4) 194 (100,0) (continua) RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 82 (conclusão) GE (n=188) GC (n=194) f (%) f (%) Tipo de Condição p >0,999a Outros Presente Ausente a 4 (2,1) 5 (2,6) 184 (97,9) 189 (97,4) b Legenda: - Teste Exato de Fisher; - Teste do Qui-quadrado. Dentre as condições que poderiam predispor ao insucesso da punção e à ocorrência de complicações, foram observadas a presença de prematuridade, doença crônica, doença vascular, agitação psicomotora, hiperatividade, infecção, espasmos musculares e recusa à TIV. Na categoria outros, foram identificados relatos de sudorese intensa, múltiplas cicatrizes de punções, deficiência auditiva, desidratação e jejum prolongado. De acordo com os dados expressos na Tabela 4, verifica-se que os dois grupos não apresentaram diferença estatisticamente significante segundo estas condições (p>0,05). A condição ausência de acompanhante foi elencada devido à possível relação que apresenta com o insucesso do procedimento e a ocorrência de complicações, entretanto não apresentou frequência neste estudo. A Figura 26 mostra a presença de características do tratamento predisponentes ao insucesso da PVP e à ocorrência de complicações, instituído previamente às crianças que participaram do estudo. Teste do Qui-quadrado p=0,595 Figura 26: Característica do tratamento predisponente ao insucesso da punção e à ocorrência de complicações, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 83 Na Figura 26 nota-se que a presença de características do tratamento prévio, predisponentes ao insucesso da PVP e à ocorrência de complicações, obteve frequência estatisticamente semelhante nos grupos de estudo (p=0,595), sendo que 47 (25,0%) crianças que receberam PVP e compuseram o GE e 44 (22,7%) do GC, apresentaram alguma característica do tratamento prévio que poderia predispor ao insucesso e complicações, sendo tais características detalhadas na Tabela 5, a seguir. Tabela 5: Tipo de característica do tratamento predisponente ao insucesso da punção e à ocorrência de complicações, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 GE (n=188) GC (n=194) f (%) f (%) Tipo de Característica p 0,066a Tratamento cirúrgico prolongado Presente 35 (18,6) 23 (11,9) Ausente 153 (81,4) 171 (88,1) 0,892a Terapia intravenosa prolongada Presente 31 (16,5) 31 (16,0) Ausente 157 (83,5) 163 (84,0) 0,494a Uso de fármacos vesicantes Presente 15 (8,0) 12 (6,2) Ausente 173 (92,0) 182 (93,8) 0,856a Sinais de lesão da pele Presente 8 (4,3) 9 (4,6) Ausente 180 (95,7) 185 (95,4) >0,999b Outros Presente 2 (1,1) 2 (1,0) Ausente 186 (98,9) 192 (99,0) Legenda: a – Teste do Qui-quadrado; b - Teste Exato de Fisher. Os dados apresentados na Tabela 5 mostram distribuição sem diferença estatística entre as características do tratamento previamente recebido pelas crianças, que poderiam predispor ao insucesso da PVP e à ocorrência de complicações (p>0,05). RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 84 Vale ressaltar que o grupo experimental apresentou maior porcentagem de crianças submetidas a tratamento cirúrgico prolongado (18,6%) quando comparado ao grupo controle (11,9%), entretanto o teste estatístico não evidenciou tal diferença, apresentando significância marginal (p=0,066). Com relação ao uso de terapia intravenosa prolongada, fármaco vesicante e sinais de lesão da pele, não foram observadas diferenças significantes entre os grupos (p=0,892, p=0,494 e p=0,856, respectivamente). A categoria outros, segundo os dados primários, referem-se à frequente infusão de hemoderivados. Quanto às características do tratamento instituído previamente às crianças que participaram do estudo, observa-se maior frequência de tratamento cirúrgico prolongado, o que favorece maior utilização de TIV, com possível relação com as variáveis dependentes investigadas. A seguir é apresentado o estudo das variáveis relacionadas à TIV atual, iniciando-se pela investigação das condições da rede venosa periférica das crianças submetidas à punção venosa, a partir da avaliação clínica realizada pelos enfermeiros, antes do procedimento. Tabela 6: Condição da rede venosa periférica, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Condição da Rede Venosa Periférica GE (n=188) GC (n=194) f (%) f (%) 0,068a Mão direita Visível e ou palpável Não visível e ou palpável Não disponível Mão esquerda Visível e ou palpável Não visível e ou palpável Não disponível p 175 (93,1) 186 (95,9) 13 (6,9) 6 (3,1) - 2 (1,0) 0,036a 178 (94,7) 181 (93,3) 10 (5,3) 7 (3,6) - 6 (3,1) (continua) RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 85 (conclusão) Condição da Rede Venosa Periférica GE (n=188) GC (n=194) f (%) f (%) 0,007a Membro superior direito Visível e ou palpável Não visível e ou palpável Não disponível 175 (93,1) 189 (97,4) 13 (6,9) 3 (1,6) - 2 (1,0) 0,018a Membro superior esquerdo Visível e ou palpável 179 (95,2) 187 (96,4) 9 (4,8) 3 (1,5) - 4 (2,1) Não visível e ou palpável Não disponível Pé direito Visível e ou palpável Não visível e ou palpável 0,496a 165 (87,8) 174 (89,7) 16 (8,5) 11 (5,7) 7 (3,7) 9 (4,6) Não disponível Pé esquerdo Visível e ou palpável 0,454a 166 (88,3) 174 (89,7) 16 (8,5) 11 (5,7) Não disponível Membro inferior direito 6 (3,2) 9 (4,6) Visível e ou palpável 162 (86,2) 169 (87,1) Não visível e ou palpável 19 (10,1) 15 (7,7) Não disponível Membro inferior esquerdo 7 (3,7) 10 (5,2) Não visível e ou palpável Visível e ou palpável Não visível e ou palpável 0,571a 0,473a 163 (86,7) 169 (87,1) 19 (10,1) 15 (7,7) 6 (3,2) 10 (5,2) Não disponível 0,388a Região cefálica Visível e ou palpável 3 (1,6) 5 (2,6) Não visível e ou palpável 2 (1,1) - Não disponível p 183 (97,3) Legenda: a – Generalização do Teste Exato de Fisher. 189 (97,4) RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 86 Verifica-se na Tabela 6 que a maior parte das avaliações da rede venosa das crianças que participaram do estudo, permitiram identificar que eram visíveis e ou palpáveis, com exceção da região cefálica que predominou como local não disponível, o que está relacionado com a faixa etária das crianças. Identificou-se diferença estatisticamente significante entre os dois grupos de estudo para mão esquerda (p=0,036), membro superior direito (p=0,007) e membro superior esquerdo (p=0,018). Para a mão direita, a generalização do teste Exato de Fisher evidenciou diferença marginalmente significante (p=0,068), com predominância de avaliações visíveis e ou palpáveis nos grupos de estudo. Vale ressaltar que o GC apresentou maior número de avaliações da rede venosa como não disponível, reduzindo a disponibilidade de sítios de punção, e as crianças do GE apresentaram menor número de avaliações de rede venosa visível e ou palpável. Quanto à dominância lateral das crianças que participaram do estudo, a Tabela 7 apresenta os dados referentes a este estudo, independente do local em que foram realizadas as punções. Tabela 7: Dominância lateral das crianças, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 GE (n=188) GC (n=194) f (%) f (%) Dominância Lateral Direita Esquerda Não determinada 157 (83,5) 138 (71,1) 12 (6,4) 20 (10,3) 19 (10,1) 36 (18,6) p 0,015a Legenda: a – Teste do Qui-quadrado. Na Tabela 7 observa-se associação estatisticamente significante entre a dominância lateral da criança e o grupo de estudo (p=0,015). Prosseguindo-se a análise através de partições do teste do Qui-quadrado, verificou-se que a distribuição da dominância lateral esquerda e a dominância não determinada, não apresentaram diferença significativa entre os dois grupos (p=0,781). Dessa forma, pode-se calcular que houve maior proporção de punções em crianças RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 87 nas quais o membro dominante era o direito no grupo experimental, quando comparado ao grupo controle (p=0,004). A Tabela 8 exibe os dados relativos ao estudo do calibre do cateter, garroteamento do membro e método de punção venosa. Tabela 8: Calibre do cateter, garroteamento do membro e método de punção venosa, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 GE (n=188) GC (n=194) f (%) f (%) Variáveis 0,783a Calibre do cateter 24 G 155 (82,4) 162 (83,5) 22 G 33 (17,6) 32 (16,5) >0,999b Garroteamento do membro Sim 186 (98,9) 191 (98,5) Não 2 (1,1) 3 (1,5) 0,625a Método de punção venosa Direto Indireto p 71 (37,8) 78 (40,2) 117 (62,2) 116 (59,8) Legenda: a – Teste do Qui-quadrado; b – Teste Exato de Fisher. É possível observar que, de acordo com os dados apresentados na Tabela 8, independente do grupo de estudo, houve maior proporção de cateteres de calibre 24 G, mantendo distribuição estatisticamente semelhante entre os dois grupos avaliados (p=0,783). Em relação ao garroteamento do membro, nota-se que houve um predomínio do seu uso, com distribuição estatisticamente semelhante entre os grupos (p>0,999). Quanto ao método de punção venosa, os dados mostram que em ambos os grupos houve maior proporção de punções pelo método indireto, com proporção observada no GE ligeiramente maior do que no GC, porém sem significância estatística (p=0,625). É possível constatar predominância de cateteres de calibre 24 G, garroteamento do membro e punções pelo método indireto. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 88 A seguir, a Tabela 9 mostra os resultados relativos ao número de tentativas de punção necessárias para obtenção do acesso venoso periférico. Tabela 9: Número de tentativas de punção, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 GE (n=161) GC (n=178) f (%) f (%) Número de Tentativas de Punção 1 102 (63,3) 117 (65,7) 2 38 (23,6) 46 (25,9) 3 17 (10,6) 10 (5,6) 4 4 (2,5) 4 (2,2) 5 - 1 (0,6) p 0,430a Legenda: a - Generalização do Teste Exato de Fisher. A Tabela 9 exibe a distribuição, nos grupos de estudo, do número de tentativas de punção até a obtenção do acesso venoso periférico, sendo possível identificar que, do total de 339 obtenções de acesso venoso periférico, 157 (97,6%) do GE e 173 (97,2%) punções do GC, obtiveram sucesso até a terceira tentativa, resultado que evidencia grupos estatisticamente semelhantes quanto a este aspecto (p=0,430). Vale ressaltar que, para a execução da coleta de dados da pesquisa, segundo os dados primários, foram utilizados 528 cateteres 24 G e 83 cateteres 22 G, sendo 311 cateteres no GE e 302 no GC, de acordo com o número de tentativas necessárias à realização do procedimento. As Figuras 27 e 28 apresentam os motivos do insucesso da punção na primeira e na última tentativa, respectivamente, segundo os profissionais responsáveis pelo procedimento. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 89 Generalização do Teste Exato de Fisher p= 0,857 Figura 27: Motivo do insucesso da primeira punção, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Obtiveram-se 102 (63,3%) punções com sucesso na primeira tentativa dentre as 188 realizadas no GE, e em 117 (65,7%) das 194 PVP do GC. Quanto aos motivos do insucesso da punção na primeira tentativa, os dados da Figura 27, mostram que o principal motivo foi a ocorrência de hematoma, seguido pela transfixação do RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 90 vaso, punção ineficaz e obstrução do cateter, sem diferença estatisticamente significante entre os grupos (p=0,857). Com relação aos outros motivos de insucesso, segundo os dados primários, foram observadas três (3,5%) punções arteriais no GE. No GC foram descritas cinco (6,5%) situações, sendo duas de agitação da criança e três ocorrências de punção arterial. Generalização do Teste Exato de Fisher P= 0,937 Figura 28: Motivo do insucesso da última punção, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 91 De modo semelhante, o principal motivo de insucesso da PVP foi a ocorrência de hematoma, seguido por transfixação do vaso e punção ineficaz, com distribuição estatisticamente similar entre os grupos (p=0,937). Observou-se a ausência de obstrução do cateter como motivo do insucesso da última punção. Com relação a categoria outros, segundo os dados primários, no GE identificou-se um (3,7%) relato de dor local, sem complicação aparente, e uma (6,3%) punção arterial no GC. As Tabelas 10 e 11 mostram, respectivamente, nas 161 crianças do GE e 178 do GC, nas quais houve a instalação do CIP, o vaso sanguíneo de inserção do CIP, o local de instalação do cateter, reposicionamento do cateter e uso de tala. Tabela 10: Vaso sanguíneo de inserção do cateter, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 GE (n=161) GC (n=178) f (%) f (%) Arco venoso dorsal mão 52 (32,3) 58 (32,6) Veia basílica 31 (19,3) 36 (20,2) Veia cefálica 52 (32,3) 48 (27,0) Veia mediana do antebraço 24 (14,9) 35 (19,7) Arco venoso dorsal pé 1 (0,6) 1 (0,5) Veia safena 1 (0,6) - Vaso Sanguíneo de Inserção do Cateter p 0,722a Legenda: a – Generalização do Teste Exato de Fisher. Esta Tabela que apresenta a distribuição das 339 punções com sucesso, possibilita observar que não houve associação estatisticamente significante entre as variáveis (p=0,722). RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 92 Tabela 11: Local de instalação do cateter, reposicionamento do cateter e uso de tala, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 GE (n=161) GC (n=178) f (%) f (%) Variáveis 0,669a Local de instalação do cateter Mão 79 (49,1) 85 (47,7) Antebraço 30 (18,6) 27 (15,2) Fossa Antecubital 50 (31,1) 65 (36,5) 2 (1,2) 1 (0,6) Pé 0,023b Reposicionamento do cateter Sim 60 (37,3) 46 (25,8) Não 101 (62,7) 132 (74,2) 0,249a Uso de tala Sim Não a p 97 (60,2) 118 (66,3) 64 (39,8) 60 (33,7) b Legenda: – Generalização do Teste Exato de Fisher; – Teste do Qui-quadrado. A partir dos dados apresentados na Tabela 11, observa-se que o membro superior foi o local predominante de instalação do cateter, sem diferença estatisticamente significante nos dois grupos de estudo (p=0,669). Com relação ao reposicionamento do cateter no momento da punção venosa, os dados apresentados submetidos ao teste do Qui-quadrado mostram que houve associação estatisticamente significante entre o reposicionamento do cateter e o grupo de estudo (p=0,023), com predominância de reposicionamento no GE (37,3%), quando comparado ao GC (25,8%). O uso de tala para imobilização do membro cateterizado mostrou distribuição estatisticamente semelhante entre os grupos de estudo. Vale ressaltar a predominância do uso deste dispositivo nos dois grupos de estudo (GE – 60,2%; GC – 66,3%). Com relação ao vaso sanguíneo de inserção do cateter e ao local de instalação do cateter, as Tabelas 10 e 11 mostram que a maioria dos dispositivos foi instalado nos membros superiores, com predominância das veias do arco dorsal da mão, com maior reposicionamento do cateter no GE quando comparado ao GC, e uso de tala para imobilização do membro cateterizado. A seguir, a Tabela 12 apresenta a forma de infusão da TIV, se contínua, intermitente ou contínua e intermitente; o método de infusão das soluções e fármacos; o tipo de infusão e a RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 93 administração de soluções e fármacos com características de risco para a ocorrência de complicações da TIV. Tabela 12: Forma de infusão da terapia intravenosa, método de infusão das soluções e fármacos, tipo de infusão, e soluções e fármacos de risco para complicações, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 GE (n=161) GC (n=178) f (%) f (%) Variáveis Forma de infusão da terapia intravenosa 0,260a Contínua 94 (58,4) 91 (51,1) Intermitente Contínua e intermitente 31 (19,2) 47 (26,4) 36 (22,4) 40 (22,5) Método de infusão das soluções e fármacos Bomba de infusão 0,085b 31 (19,2) 49 (27,5) 7 (4,3) 7 (3,9) 24 (14,9) 18 (10,1) 4 (2,5) 5 (2,8) Bolus 19 (11,8) 27 (15,2) Gravitacional 64 (39,8) 49 (27,5) Gravitacional e bolus 12 (7,5) 23 (13,0) Bomba de infusão e bolus Bomba de infusão e gravitacional Bomba de infusão, gravitacional e bolus p 0,186a Tipo de infusão Soluções 91 (56,5) 85 (47,8) Fármacos 32 (19,9) 49 (27,5) Soluções e fármacos 38 (23,6) 44 (24,7) Soluções e fármacos de risco para complicações 0,506a Sim 133 (82,6) 142 (79,8) Não 28 (17,4) 36 (20,2) Legenda: a – Teste do Qui-quadrado; b - Teste da Razão de Verossimilhança. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 94 Quanto à forma de infusão da TIV, a Tabela 12 permite identificar predominância da infusão contínua no GE (58,4%) e no GC (51,1%) sobre outras formas de infusão, sem significância estatística (p=0,260). Os métodos de infusão empregados na administração de soluções e fármacos apresentaram distribuição marginalmente significante entre os grupos (p=0,085), com predominância do método gravitacional no GE (39,8%), enquanto no GC observa-se igual frequência de utilização da bomba de infusão (27,5%) e do método gravitacional (27,5%). A análise dos dados apresentados na Tabela 12 indica que a maioria dos cateteres recebeu apenas a infusão de solução, tanto no GE (56,5%) como no GC (47,8%). Quando avaliada a infusão de fármacos, isoladamente ou em associação com soluções, observa-se que o GE recebeu menor infusão de fármacos (43,5%), quando comparado ao GC (52,2%). Entretanto, a aplicação do Teste do Qui-quadrado não demonstrou diferença (p= 0,186) estatisticamente significante entre os grupos. Em relação à administração de fármacos e soluções com características de risco, descritas como capazes de causar complicações da TIV, a Tabela 12 mostra que a maioria (GE – 82,6%, GC – 79,8%) das infusões realizadas apresentava características de risco, sem diferença estatisticamente significante entre os grupos de estudo (p=0,506). Quanto à administração das soluções e fármacos e suas características, evidencia-se que a maioria dos cateteres recebeu infusão contínua de soluções com características de risco para a ocorrência de complicações, pelo método gravitacional no GE e por bomba de infusão, método gravitacional, e infusão em bolus no GC. A Tabela 13 mostra, o número de soluções e fármacos administrados nos CIP, distribuídos no grupo experimental e grupo controle. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 95 Tabela 13: Número de soluções e número de fármacos, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 GE (n=161) GC (n=178) f (%) f (%) Variáveis p 0,167a Número de soluções 0 32 (19,9) 49 (27,5) 1 2 122 (75,8) 125 (70,2) 7 (4,3) 4 (2,3) 0,179b Número de fármacos 0 90 (55,9) 85 (47,8) 1 2 30 (18,6) 47 (26,4) 14 (8,7) 23 (12,9) 3 14 (8,7) 10 (5,6) 4 7 (4,3) 8 (4,5) 5 4 (2,5) 5 (2,8) 6 2 (1,3) - Legenda: a – Teste do Qui-quadrado; b - Teste da Razão de Verossimilhança. A análise dos dados apresentados na Tabela 13 indica que a maioria dos cateteres do GE (75,8%) e do GC (70,2%) recebeu a administração de, pelo menos, uma solução, sem diferença estatística entre os grupos. Os dados primários mostram que as soluções eram compostas por solução glicosada a 5% (68,6%) ou a 10% (20,1%) associadas a cloreto de potássio a 19,1% (85,3%), cloreto de sódio a 20% (86,4%), glicose a 50% (10,8%), gluconato de cálcio a 10% (2,7%) e sulfato de magnésio a 10% (1,5%). Dezesseis (6,2%) cateteres receberam a administração de solução salina 0,9% para manutenção de sua permeabilidade, três (1,2%) a infusão de hemocomponentes e três (1,2%) cateteres receberam a administração de nutrição parenteral total. Quanto ao número de fármacos administrados nos CIP, é possível evidenciar uma predominância da não administração de fármacos no GE (55,9%), quando comparado ao GC (47,8%). Entretanto, segundo o Teste da Razão de Verossimilhança aplicado aos dados, observase que não há diferença (p=0,179) estatisticamente significante entre os grupos investigados. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 96 Quanto ao tipo de fármacos administrados, de acordo com a análise dos dados primários, observam-se analgésicos, antitérmicos, antieméticos, antiulcerosos, anticoagulantes, corticosteróides e antibióticos. A análise da quantidade de soluções e fármacos administrados nos cateteres intravenosos periféricos que compuseram os grupos de estudo sugere que a maioria dos cateteres recebeu ao menos uma solução, e que a maior parte dos cateteres do GC recebeu algum tipo de fármaco. Dos 339 cateteres inseridos na amostra estudada, 111 (32,7%), sendo 53(15,6%) do GE e 58 (17,1%) do GC, foram retirados antes da alta do tratamento, estando os motivos expressos na Tabela 14. Tabela 14: Motivo da retirada do cateter antes da alta do tratamento, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 GE (n=53) GC (n=58) f (%) f (%) 46 (86,8) 45 (77,6) Perda Acidental 6 (11,3) 12 (20,7) Queixa da criança 1 (1,9) 1 (1,7) Motivo da Retirada do Cateter Antes da Alta do Tratamento Complicações p 0,361a Legenda: a - Generalização do Teste Exato de Fisher. Verifica-se que, em relação aos 111 cateteres retirados antes da alta do tratamento, 82,0% foram por complicações, 16,2% por perda acidental e 1,8% por queixa referida pela criança. Vale ressaltar que a retirada do cateter decorrente da queixa referida pela criança, deveu-se às situações em que não foram identificados sinais de complicações da TIV. O teste aplicado aos dados expostos na Tabela 14 mostra que não houve diferença (p=0,361) estatisticamente significante entre os grupos experimental e controle em relação aos motivos da retirada do cateter antes da alta do tratamento. Contudo, a proporção de retirada do cateter por complicações foi maior no GE, enquanto a perda acidental ocorreu com maior frequência no GC. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 97 4.1.3. Resultado do estudo das variáveis relativas aos profissionais executantes da PVP e da USV A seguir, apresentamos os resultados das variáveis relativas ao profissional executante da PVP e da USV, a partir da identificação do profissional, tempo de formação, especialização em enfermagem pediátrica, tempo de trabalho em enfermagem pediátrica e avaliação das imagens ultrassonográficas. A Tabela 15 apresenta a distribuição dos profissionais executantes da punção venosa nos grupos de estudo. Tabela 15: Profissional executante da punção venosa periférica, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Profissional executante da punção venosa Amarelo GE (n=188) GC (n=194) f (%) f (%) 53 (28,2) 45 (23,2) Azul Azul marinho - 1 (0,5) 1 (0,5) - Lilás 5 (2,6) 2 (1,0) Rosa 55 (29,3) 64 (33,0) Roxo 5 (2,7) 5 (2,6) Verde 54 (28,7) 54 (27,8) Vermelho 15 (8,0) 23 (11,9) p 0,425a Legenda: a - Teste da Razão de Verossimilhança. De acordo com os dados apresentados na Tabela 15, observa-se que os dois grupos de estudo não apresentaram diferença estatisticamente significante com relação ao profissional executante da PVP (p=0,425). Ainda é possível identificar Amarelo, Rosa e Verde como os profissionais que executaram a maior parte das PVP. A seguir, a Tabela 16 exibe o tempo de formação do profissional executante da PVP, especialização em enfermagem pediátrica e tempo de trabalho em enfermagem pediátrica após a conclusão do curso. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 98 Tabela 16: Tempo de formação, especialização em enfermagem pediátrica e tempo de trabalho em enfermagem pediátrica dos profissionais executantes da punção venosa, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Variáveis GE (n=188) GC (n=194) p 0,249a Tempo de formação (anos) Mediana (Q1 – Q3) 6 (3 - 9) 6 (3 - 9) Mínimo – Máximo 3-9 1-9 Especialização em enfermagem pediátrica 0,161a Sim 172 (91,5) 170 (87,6) Não 16 (8,5) 24 (12,4) Tempo de trabalho em enfermagem pediátrica (anos) 0,208a Mediana (Q1 – Q3) 4 (2 - 7) 4 (2 - 7) Mínimo – Máximo 1-7 1-7 Legenda: Q1 - 1º Quartil; Q3 - 3º Quartil; a - Teste de Mann-Whitney. Com relação ao tempo de formação dos profissionais executantes da PVP, o teste estatístico aplicado não mostra diferença estatisticamente significante entre os grupos (p= 0,249). É possível verificar que as enfermeiras responsáveis pelas punções possuíam mediana de seis anos de formação, contribuindo para a similaridade entre os grupos, e apesar da presença de profissionais considerados novatos, por apresentarem um ano de formação, a mediana apresentada, pode classificá-los como profissionais experientes. De acordo com a tabela anterior, pode-se evidenciar que o GE apresentou maior porcentagem de enfermeiras especialistas em pediatria (92,0%) quando comparado ao GC (87,6%), porém esta diferença não demonstrou significado estatístico (p= 0,161). Quanto ao tempo de trabalho em enfermagem pediátrica após a conclusão do curso de especialização, observa-se mediana de quatro anos, não sendo identificada diferença estatística significativa (p= 0,208) nos dois grupos de estudo. A Tabela 17 mostra a descrição das variáveis relativas à caracterização dos profissionais executantes da USV. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 99 Tabela 17: Caracterização dos profissionais executantes da ultrassonografia – São Paulo, 2008 Profissional executante US nº US (n=188) Tempo de formação (anos) Especialização em enfermagem pediátrica Tempo de trabalho em enfermagem pediátrica f (%) Amarelo 36 (19,1) 6 Sim 4 Azul 10 (5,3) 1 Não - Marinho 1 (0,5) 5 Sim 3 Bege 2 (1,1) 13 Não - Lilás 13 (6,9) 6 Sim 4 Rosa 58 (30,9) 3 Sim 2 Roxo 6 (3,2) 7 Sim 5 Verde 43 (22,9) 9 Sim 7 Vermelho 19 (10,1) 4 Não - A partir da análise da Tabela 17 e dos dados primários, é possível verificar que participaram do estudo nove profissionais, sendo oito enfermeiras, seis (75,0%) com especialização em enfermagem pediátrica, e uma médica com especialização em Cirurgia Vascular. Identifica-se uma predominância de execução da USV por três profissionais (Amarelo, Verde e Rosa), com um mínimo de 36 e um máximo de 58 execuções, da mesma forma que apresentado na Tabela 15, quanto à realização da PVP. Estes profissionais eram especialistas em enfermagem pediátrica com tempo de trabalho na área, após a conclusão do curso de especialização, que variou de dois a sete anos. Quanto às características dos profissionais executantes da USV e da PVP, verifica-se predominância de enfermeiras especialistas em enfermagem pediátrica, com mediana de tempo de formação de seis anos, e de trabalho em enfermagem pediátrica de quatro anos, com maior execução de USV e PVP pelos profissionais Amarelo, Rosa e Verde, entretanto, sem diferença estatisticamente significante entre as variáveis avaliadas nos grupos de estudo. A Tabela 18 exibe as avaliações das imagens ultrassonográficas pelas enfermeiras. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 100 Tabela 18: Avaliação das imagens ultrassonográficas pelas enfermeiras – São Paulo, 2008 Avaliação das Imagens Ultrassonográficas (n=188) Visualização do vaso Sim Não f (%) f (%) 171 (91,0) 17 (9,0) Visualização da inserção do cateter 51 (27,1) 137 (72,9) USV facilitou a inserção do cateter 27 (14,4) 161 (85,6) Conforme os dados da Tabela 18 verifica-se que a maioria (91,0%) das enfermeiras que utilizou o EUSV, visualizou o vaso durante a obtenção da imagem ultrassonográfica, porém, em apenas 27,1% das situações, as profissionais identificaram a imagem da inserção do cateter e 14,4% consideraram que a imagem ultrassonográfica facilitou a inserção do cateter. A seguir é apresentado um quadro com a sinopse dos resultados referentes às variáveis de caracterização dos grupos de estudo e aos profissionais executantes da PVP e da USV. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 105 A Figura 30 expressa os resultados referentes ao sucesso da PVP, de acordo com os grupos de estudo. Teste do Qui-quadrado p= 0,232 Figura 30: Sucesso da punção venosa periférica na primeira tentativa, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Na Figura 30, observa-se que das 382 punções que compuseram o estudo, 219 foram realizadas com sucesso na primeira tentativa, sendo 102 (54,3%) no GE e 117 (60,3%) no GC, não sendo evidenciada diferença entre os grupos (p= 0,232). Desta forma, é possível constatar que o uso da USV não contribuiu para o aumento do sucesso da PVP na primeira tentativa, quando comparado ao método tradicional de punção, pois esta diferença não foi estatisticamente significante. A seguir, as Tabelas 19 e 20 mostram os resultados das variáveis referentes à retirada do cateter por alta do tratamento e ao tempo de permanência do cateter, respectivamente. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 101 Quadro 1: Sinopse das variáveis de caracterização dos grupos de estudo, segundo teste estatístico, resultado e tabela ou figura de apresentação. Variáveis de caracterização Teste estatístico Resultado Tabelas / Figuras Idade Teste de Mann-Whitney p = 0,028* Tabela 1 Gênero Teste do Qui-quadrado p = 0,891 Tabela 1 Cor da pele Gen. Teste Exato Fisher p = 0,147 Tabela 1 Grau de nutrição Teste do Qui-quadrado p = 0,698 Tabela 1 Potencial contaminação cirurgia Teste do Qui-quadrado p = 0,714 Tabela 1 Teste do Qui-quadrado p = 0,964 Figura 23 Período pregresso de utilização de TIV Mann-Whitney p = 0,421 Tabela 2 Tempo desde a última utilização Mann-Whitney p = 0,741 Tabela 2 Uso prévio de CIP Teste Exato de Fisher p = 1,000 Tabela 2 Uso prévio de PICC Teste do Qui-quadrado p = 0,754 Tabela 2 Uso prévio de CVC Teste do Qui-quadrado p = 0,332 Tabela 2 Antecedentes de complicações da TIV Teste do Qui-quadrado p = 0,582 Figura 24 Hematoma Teste do Qui-quadrado p = 0,914 Tabela 3 Grau do hematoma Teste do Qui-quadrado p = 0,707 Tabela 3 Flebite Teste Exato de Fisher p = 0,685 Tabela 3 Grau de flebite Gen. Teste Exato Fisher p = 0,600 Tabela 3 Infiltração Teste do Qui-quadrado p = 0,322 Tabela 3 Grau de infiltração Teste Exato de Fisher p > 0,999 Tabela 3 Equimose Teste do Qui-quadrado p = 0,545 Tabela 3 Condição da criança Teste do Qui-quadrado p = 0,485 Figura 25 Prematuridade Teste Exato de Fisher p = 0,503 Tabela 4 Doença crônica Teste do Qui-quadrado p = 0,859 Tabela 4 Doença vascular Teste Exato de Fisher p > 0,999 Tabela 4 Agitação psicomotora Teste Exato de Fisher p = 0,596 Tabela 4 Hiperatividade Teste do Qui-quadrado p = 0,800 Tabela 4 Infecção Teste Exato de Fisher p = 0,499 Tabela 4 Criança Terapia intravenosa prévia Uso prévio de TIV (continua) RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Variáveis de caracterização Teste estatístico Resultado Tabelas / Figuras Teste do Qui-quadrado p= 0,369 Tabela 4 NA - Tabela 4 Recusa a TIV Teste Exato de Fisher p = 0,118 Tabela 4 Outros Teste Exato de Fisher p > 0,999 Tabela 4 Característica do tratamento Teste do Qui-quadrado p = 0,595 Figura 26 Tratamento cirúrgico prolongado Teste do Qui-quadrado p = 0,066 Tabela 5 Terapia intravenosa prolongada Teste do Qui-quadrado p = 0,892 Tabela 5 Uso de fármacos vesicantes Teste do Qui-quadrado p = 0,494 Tabela 5 Sinais de lesão da pele Teste do Qui-quadrado p = 0,856 Tabela 5 Outros Teste Exato de Fisher p > 0,999 Tabela 5 Mão direita Teste do Qui-quadrado p = 0,068 Tabela 6 Mão esquerda Teste do Qui-quadrado p = 0,036* Tabela 6 Membro superior direito Teste do Qui-quadrado p = 0,007* Tabela 6 Membro superior esquerdo Teste do Qui-quadrado p = 0,018* Tabela 6 Pé direito Teste do Qui-quadrado p = 0,496 Tabela 6 Pé esquerdo Teste do Qui-quadrado p = 0,454 Tabela 6 Membro inferior direito Teste do Qui-quadrado p = 0,571 Tabela 6 Membro inferior esquerdo Teste do Qui-quadrado p = 0,473 Tabela 6 Região cefálica Teste Exato de Fisher p = 0,388 Tabela 6 Dominância lateral Teste do Qui-quadrado p = 0,015* Tabela 7 Calibre do cateter Teste do Qui-quadrado p = 0,783 Tabela 8 Garroteamento do membro Teste Exato de Fisher p > 0,999 Tabela 8 Método de punção venosa Teste do Qui-quadrado p = 0,625 Tabela 8 Número de tentativas de punção Gen. Teste Exato Fisher p = 0,430 Tabela 9 Motivo insucesso primeira punção Gen. Teste Exato Fisher p = 0,857 Figura 27 Motivo insucesso última punção Gen. Teste Exato Fisher p = 0,937 Figura 28 Vaso sanguíneo de inserção do cateter Gen. Teste Exato Fisher p = 0,722 Tabela 10 Local de instalação do cateter Gen. Teste Exato Fisher p = 0,669 Tabela 11 Espasmos musculares Ausência de acompanhante Terapia intravenosa atual Condição rede venosa periférica (continua) 102 RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 103 (conclusão) Reposicionamento do cateter Teste do Qui-quadrado p = 0,023* Tabela 11 Uso de tala Gen. Teste Exato Fisher p = 0,249 Tabela 11 Forma de infusão da terapia intravenosa Teste do Qui-quadrado p = 0,260 Tabela 12 Método infusão das soluções e fármacos Teste Razão Verossimilhança p = 0,085 Tabela 12 Teste do Qui-quadrado p = 0,186 Tabela 12 Teste do Qui-quadrado p = 0,506 Tabela 12 Número de soluções Teste do Qui-quadrado p = 0,167 Tabela 13 Número de fármacos Teste Razão Verossimilhança p = 0,179 Tabela 13 Gen. Teste Exato Fisher p = 0,361 Tabela 14 Teste Razão Verossimilhança p = 0,425 Tabela 15 Tempo de formação Teste de Mann-Whitney p = 0,249 Tabela 16 Especialização enfermagem pediátrica Teste de Mann-Whitney p = 0,161 Tabela 16 Tempo de trabalho enfermagem pediátrica Teste de Mann-Whitney p = 0,208 Tabela 16 Caracterização profissional executante da USV NA - Tabela 17 Avaliação imagens ultrassonográficas NA - Tabela 18 Tipo de infusão Soluções e complicações fármacos de risco para Motivo da retirada do cateter antes alta tratamento Profissional executante PVP e USV Profissional executante da PVP Legenda: * - resultado estatisticamente significante; NA – teste não aplicável. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 104 4.1.5. Resultado do estudo das variáveis dependentes As variáveis dependentes estudadas se referem ao índice de obtenção do acesso venoso periférico, à assertividade, representada pelo sucesso da punção na primeira tentativa e retirada do cateter por alta do tratamento, ao tempo de permanência do cateter e à ocorrência de complicações locais da terapia intravenosa. A Figura 29 exibe os resultados referentes à obtenção do acesso venoso periférico. Teste do Qui-quadrado p= 0,059 Figura 29: Obtenção do acesso venoso periférico, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Verifica-se na Figura 29, que a obtenção do acesso venoso periférico, apresentou maior frequência no GC (91,8%) quando comparado ao GE (85,6%), porém com distribuição marginalmente significante entre os grupos (p= 0,059). Deste modo, a primeira hipótese formulada para o estudo foi rejeitada, pois a utilização da USV não aumentou o índice de obtenção do acesso venoso periférico. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 106 Tabela 19: Retirada do cateter por alta do tratamento, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 GE (n=161) GC (n=178) f (%) f (%) Sim 108 (67,1) 120 (67,4) Não 53 (32,9) 58 (32,6) Retirada do Cateter por Alta do Tratamento p 0,948a Legenda : a – Teste do Qui-quadrado. De acordo com os dados apresentados na Tabela 19, dos 339 cateteres inseridos com sucesso, a maioria (228; 67,2%) foi retirada por alta do tratamento, sem diferença estatisticamente significante entre os grupos (p= 0,948). Assim, ao término do estudo das variáveis relacionadas à assertividade, sucesso da PVP na primeira tentativa e retirada do cateter por alta do tratamento, os resultados permitem aceitar a hipótese de nulidade do estudo, pois o uso da USV não promoveu maior assertividade no uso de CIP em crianças. Tabela 20: Tempo de permanência do cateter intravenoso periférico, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tempo de permanência do cateter (horas) GE (n=161) GC (n=178) Mediana (Q1 – Q3) 22,0 (8,2 – 41,7) 23,4 (10,0 – 46,8) Mínimo - Máximo 0,2 - 216,4 0,3 -188,2 p 0,121a Legenda: a – Teste de Mann-Whitney. De acordo os resultados apresentados na Tabela 20, constata-se que a mediana do tempo de permanência dos CIP foi menor que 24 horas nos dois grupos de estudo, com máximo de 216,4 horas no GE e 188,2 horas no GC, sem significância estatística, segundo o teste aplicado (p= 0,121). RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 107 A Figura 31 ilustra a distribuição dos tempos de permanência dos CIP, em horas, de acordo com os grupos. Tempo (horas) de permanência do cateter 240 216.4 216 188.2 192 146.7 137.6 144.3 123.0 144 120 96 168.0 167.2 168 112.5 107.0 98.7 94.2 100.5 94.9 150.5 141.5 146.5 142.5 120.5 120.0 114.7 117.5 104.7 110.0 72 48 24 0 GE GC Grupos de Estudo Teste de Mann-Whitney p=0,121 Figura 31: Tempo (horas) de permanência do cateter intravenoso periférico, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Conforme demonstrado na Figura 31, os maiores tempos médios de permanência dos CIP foram observados no GC, enquanto que no GE identificou-se uma situação isolada de maior tempo de permanência do CIP. A seguir, apresentam-se os resultados das variáveis referentes às complicações da terapia intravenosa identificadas nos grupos de estudo. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 108 Tabela 21: Ocorrência de complicações locais da terapia intravenosa, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 GE (n=161) GC (n=178) f (%) f (%) Sim 46 (28,6) 45 (25,3) Não 115 (71,4) 133 (74,7) Ocorrência de Complicações p 0,495a Legenda: a – Teste do Qui-quadrado. A partir dos resultados apresentados na Tabela 21, é possível verificar que dos 339 CIP estudados, 91 (26,8%) crianças submetidas a PVP, apresentaram algum tipo de complicação, com distribuição estatisticamente semelhante nos grupos de estudo (p=0,495). A Tabela 22 exibe a distribuição das complicações observadas nos grupos de estudo, bem como a gravidade da infiltração e da flebite. Tabela 22: Complicações da terapia intravenosa, grau de infiltração e flebite, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 GE (n= 46) GC (n= 45) f (%) f (%) Complicações p 0,025a Infiltração Sim 34 (73,9) 23 (51,1) Não 12 (26,1) 22 (48,9) 0,741b Grau da infiltração 1 24 (70,6) 16 (69,6) 2 6 (17,6) 6 (26,1) 3 2 (5,9) 1 (4,3) 4 2 (5,9) (continua) RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 109 (conclusão) GE (n= 46) GC (n= 45) f (%) f (%) Complicações 0,090c Flebite Sim 2 (4,3) 7 (15,6) Não 44 (95,7) 38 (84,4) >0,999c Grau da flebite 1 2 (100,0) - 2 p 5 (71,4) 2 (28,6) 0,215a Obstrução do cateter Sim 10 (21,7) 15 (33,3) Não 36 (78,3) 30 (66,7) Legenda: a - Teste do Qui-quadrado; b - Generalização do Teste Exato de Fisher; c - Teste Exato de Fisher. Na Tabela 22 observa-se a maior ocorrência de infiltração no GE e no GC, quando comparada à flebite e obstrução do CIP. Com relação à infiltração, o teste do Qui-quadrado demonstrou diferença estatisticamente significante (p=0,025) entre os grupos de estudo, com 34 (73,9%) ocorrências no GE e 23 (51,1%) no GC. Quanto à gravidade da infiltração, o grau 1 foi predominante (70,2%) em ambos os grupos, seguido pelo grau 2 (21,0%), grau 3 em 5,3% e duas (3,5%) ocorrências de infiltração de grau 4 no GE, entretanto, sem diferença estatisticamente significante (p=0,741). A flebite foi observada em nove crianças, sendo duas (4,3%) no GE e sete (15,6%) no GC, com distribuição marginalmente significante entre os grupos (p=0,090). A gravidade da flebite variou até o grau 2 no GC, com predominância do grau 1 nos dois grupos estudados, com distribuição semelhante (p>0,999). Obstrução do cateter foi identificada em 10 (21,7%) CIP do GE e em 15 (33,3%) CIP do GC, sem diferença estatisticamente significante (p=0,215) entre os grupos de estudo. A partir da análise dos resultados apresentados nas Tabelas 21 e 22, verifica-se que a punção guiada pela USV, não reduziu a ocorrência de complicações locais da TIV, quando comparado ao método tradicional de punção, e desta forma, aceita-se a hipótese de nulidade formulada para o estudo. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 110 A seguir é apresentado um quadro com a sinopse dos resultados referentes às variáveis dependentes. Quadro 2: Sinopse das variáveis dependentes, segundo teste estatístico, resultado e tabela ou figura de apresentação. Variáveis Teste estatístico Resultado Tabelas / Figuras Obtenção acesso venoso periférico Teste do Qui-quadrado p = 0,059 Figura 29 Sucesso da punção na primeira tentativa Teste do Qui-quadrado p = 0,232 Figura 30 Retirada do cateter alta do tratamento Teste do Qui-quadrado p = 0,948 Tabela 19 Tempo permanência do cateter Teste de Mann-Whitney p = 0,121 Tabela 20 Ocorrência de complicações Teste do Qui-quadrado p = 0,495 Tabela 21 Infiltração Teste do Qui-quadrado p = 0,025* Tabela 22 Grau de infiltração Gen. Teste Exato Fisher p = 0,741 Tabela 22 Flebite Teste Exato de Fisher p = 0,090 Tabela 22 Grau de flebite Teste Exato de Fisher p > 0,999 Tabela 22 Obstrução do cateter Teste do Qui-quadrado p = 0,215 Tabela 22 Variáveis dependentes Legenda: * - resultado estatisticamente significante. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 111 Com o intuito de aprofundar o estudo da assertividade, fundamentada pela premissa da segurança do paciente, esperando-se alcançar resultado ideal de punção efetiva na primeira tentativa e retirada do cateter por alta do tratamento, estudou-se nos grupos investigados a associação destas situações, estando os dados apresentados na tabela seguinte. Tabela 23: Sucesso da punção venosa periférica na primeira tentativa e retirada do cateter por alta do tratamento, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Sucesso da punção na primeira tentativa GE (n=102) GC (n= 117) f (%) f (%) Sim 73 (71,6) 84 (71,8) Não 29 (28,4) 33 (28,2) Retirada do Cateter por Alta do Tratamento p 0,970a Legenda : a – Teste do Qui-quadrado. O estudo da associação destas variáveis não resultou em diferença significante entre os grupos, sendo que dos 102 CIP inseridos com sucesso na primeira tentativa no GE, 71,6% foram retirados por indicação de alta, praticamente igual porcentagem (71,8%) a identificada no GC. Dos 161 CIP que compuseram o GE, em 73 (45,3%) identificou-se o resultado ideal de inserção e permanência de CIP em crianças, e no GC em 47,2%, assim, em mais da metade das situações estudadas, não se identificou este resultado esperado, evidenciando que a TIV ainda constitui grande campo de investigação para a enfermagem. Na mesma premissa, decidiu-se descrever o tempo de permanência destes cateteres que foram inseridos na primeira tentativa de punção e retirados por alta do tratamento. A Tabela 24 mostra estes resultados. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 112 Tabela 24: Tempo de permanência dos cateteres inseridos na primeira tentativa de punção e retirados por alta do tratamento, segundo os grupos experimental (GE) e controle (GC) – São Paulo, 2008 Tempo de permanência dos cateteres (horas) Mediana (Q1 – Q3) Mínimo - Máximo GE (n= 73) GC (n= 84) 22,5 (9,3 – 42,5) 22,2 (8,2 – 41,7) 1,5 - 167,2 0,9 - 146,5 p 0,725a Legenda: a – Teste de Mann-Whitney. De acordo com a Tabela 24 observa-se que os dois grupos de estudo não se diferenciaram quanto a esta característica, sendo que o tempo de permanência do cateter em ambos os grupos apresentou mediana inferior a 24 horas. RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 113 Partindo do princípio de que em situações durante a realização da USV, alguns profissionais descreveram visualizar o vaso, enquanto outros relataram não conseguir identificálo durante a punção, bem como a introdução do cateter, procurou-se associar a visualização do vaso ou da inserção do cateter com a obtenção do acesso venoso, sendo os dados apresentados na tabela seguinte. Tabela 25: Avaliação das imagens ultrassonográficas pelas enfermeiras e obtenção do acesso venoso periférico – São Paulo, 2008 Obtenção do acesso venoso periférico Avaliação Ultrassonográfica Sim Não f (%) f (%) p 0,020a Visualização do vaso Sim 150 (93,2) 21 (77,8) Não 11 (6,8) 6 (22,2) 0,043b Visualização da inserção do cateter Sim 48 (29,8) 3 (11,1) Não 113 (70,2) 24 (88,9) 0,135a USV facilitou a inserção do cateter Sim 26 (16,1) 1 (3,7) Não 135 (83,9) 26 (96,3) Legenda: a - Teste Exato de Fisher; b - Teste do Qui-quadrado. De acordo com os dados apresentados na Tabela 25, pode-se verificar que houve relação estatisticamente significante entre a obtenção do acesso venoso periférico e a visualização do vaso e da inserção do cateter (p=0,020 e p=0,043, respectivamente). Assim, durante a realização do procedimento de USV, a obtenção da imagem do vaso apresentou maior frequência do que a visualização da inserção do cateter, e ambas são determinantes no sucesso do uso desta tecnologia na PVP, sendo que variadas características da criança, situacionais e do executante do procedimento, no que concerne à capacitação, podem contribuir para este resultado. Destaca-se, na Tabela 25, que a percepção da enfermeira que a USV facilita a inserção do cateter e o alcance de sucesso na punção, não apresentaram associação estatisticamente significante (p=0,135). RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 114 Dentre as variáveis de estudo que apresentaram resultado significante ou marginalmente significante, idade das crianças, tratamento cirúrgico prolongado, condição da rede venosa periférica da mão direita, mão esquerda, membro superior direito e membro superior esquerdo; dominância lateral, reposicionamento do cateter, método de infusão das soluções e fármacos e tempo para o procedimento, propôs-se a realização de um modelo de regressão que permitisse a análise multivariada destes aspectos sobre as variáveis de desfecho obtenção do acesso venoso periférico e a ocorrência de complicações. Entretanto, devido às diferentes proporções que representavam a influência destas variáveis sobre os desfechos estudados, não foi possível a inclusão destas variáveis no modelo. Optou-se assim, com base na similaridade de frequência das variáveis e possível influência sobre as variáveis de interesse, estudar de modo associado a idade, os antecedentes de complicações, as condições da rede venosa e uso ou não de USV na obtenção do acesso venoso periférico, apresentando as razões de prevalência identificadas na Tabela 26. Similarmente, para o estudo das variáveis associadas ao desfecho complicações da TIV, os testes para formulação do modelo de regressão permitiram realizar a associação com a idade, cor da pele, realização de reposicionamento do cateter para a efetivação da punção e tipo de infusão, conforme resultados expressos na Tabela 27. Tabela 26: Razão de prevalência de obtenção do acesso venoso periférico, segundo a idade, antecedentes de complicações, condição da rede venosa e uso de ultrassonografia (USV) na punção venosa periférica – São Paulo, 2008 Variáveis RP IC 95% Idade p 0,001 < 2anos 1,000 2 |− 7 anos 1,197 [1,006 – 1,423] 7 |− 12 anos 1,221 [1,029 – 1,449] 12|− 18 anos 1,356 [1,130 – 1,627] Antecedentes de complicações 0,088 Presente 1,000 Ausente 1,132 [0,982 – 1,305] (continua) RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 115 (conclusão) Variáveis RP IC 95% Condição rede venosa p 0,022 Não visível 1,000 Visível 2,063 [1,109 – 3,839] Uso USV 0,016 Sim 1,000 Não 1,119 [1,021 – 1,226] A Tabela 26 mostra que a obtenção do acesso venoso é significantemente maior em crianças maiores de dois anos de idade, sem antecedentes de complicações da TIV e com rede venosa visível identificada sem o uso de USV. Assim, a idade (p=0,001), a condição da rede venosa (p=0,022) e o uso de USV (p=0,016) nesta amostra são características que influenciaram significativamente a obtenção do acesso venoso periférico, destacando-se que a presença de antecedentes de complicações apresentou influência marginalmente significante (p=0,088) sobre os resultados. Tabela 27: Razão de prevalência de complicações da terapia intravenosa, segundo idade, cor da pele, reposicionamento do cateter e tipo de infusão – São Paulo, 2008 Variáveis RP IC 95% Idade p 0,055 < 2 anos 1,000 2 |− 7 anos 0,879 [0,530 – 1,458] 7 |− 12 anos 0,638 [0,362 – 1,125] 12|− 18 anos 0,616 [0,346 – 1,098] Cor da pele 0,019 Não Parda 1,000 Parda 1,511 [1,070 – 2,136] Reposicionamento do cateter 0,009 Não 1,000 Sim 1,686 [1,214 – 2,342] (continua) RESULTADOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 116 (conclusão) Variáveis RP IC 95% Tipo de infusão p 0,001 Solução 1,000 Fármaco 1,951 [1,274 – 2,987] Solução e fármaco 1,974 [1,306 – 2,984] Com relação ao estudo multivariado de influências de características da criança e da TIV sobre a ocorrência de complicações da TIV, identificou-se associação marginalmente significante com a idade (p=0,055) e significante com cor da pele (p=0,019), reposicionamento do cateter (p=0,009) e tipo de infusão (p=0,001). Assim, crianças menores de dois anos, pardas, em que foi realizado o reposicionamento do cateter e que receberam infusão associada de fármacos e soluções, apresentaram significantemente mais complicações do que as crianças que não apresentavam tais características. 5 DISCUSSÃO DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 117 5 DISCUSSÃO A TIV evoluiu com o desenvolvimento de novas tecnologias, tornando-se indispensável na área da saúde. Anualmente, cerca de 150 milhões de CIP são inseridos em 30 milhões de pacientes nos EUA, com um aumento no uso de soluções e fármacos que apresentam características de risco para a ocorrência de complicações. Em muitas situações, os pacientes são submetidos a diversas tentativas de punção sem sucesso, antes da inserção do cateter, contribuindo para o aumento do estresse, desconforto, frustração do profissional e custos com materiais e tempo de enfermagem. O custo aproximado da inserção de um novo dispositivo é de US$ 25,00, não incluso o sofrimento do paciente e o tempo de enfermagem despendido para o procedimento.91,95,122 As crianças hospitalizadas comumente requerem acesso vascular para administração da TIV. O prolongamento da vida e a evolução dos cuidados de crianças com condições complexas de agravo à saúde, juntamente com as características inerentes da faixa etária pediátrica, são desafios para a instalação e manutenção dos CIP. As veias comumente apresentam pequeno calibre, bebês e crianças possuem maior quantidade de tecido subcutâneo, sendo que em casos de hospitalizações frequentes ou tratamentos prolongados, há dificuldade de visualização e palpação dos possíveis locais de PVP, reduzindo o sucesso da punção na primeira tentativa, com consequentes múltiplas intervenções e, em algumas situações, contribui para a não obtenção do acesso venoso periférico e depauperamento da rede venosa.24,123 A utilização da USV para o direcionamento da inserção de cateteres periféricos, centrais e PICC em adultos, tem demonstrado resultados positivos para a obtenção do acesso venoso, quando comparado ao método tradicional e vem sendo mais empregada devido à introdução de equipamentos portáteis, o que torna a implementação do uso mais fácil, ampla e segura.17,24,38,39,42,44-46,51-52,124-127 A realização da PVP guiada por USV apresenta-se como alternativa ao método de punção tradicional, cada vez mais utilizada, principalmente em unidades de atendimento de emergência, podendo ser realizada tanto por médicos como enfermeiros.127 Estudos randômicos e controlados, sobre a efetividade do uso da USV em crianças não foram encontrados na literatura nacional e internacional. Nesta pesquisa foi analisada a utilização da USV para direcionar a PVP em crianças de diferentes faixas etárias e características clínicas, em comparação ao método tradicional de punção, e verificou-se não haver diferenças significantes sobre a obtenção do acesso venoso periférico, a assertividade, o tempo de permanência do cateter e a ocorrência de complicações da TIV. DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 118 O índice de obtenção do acesso venoso periférico, independente do número de tentativas, foi verificada em 339 (88,7%) PVP das 382 realizadas, sendo 161 (85,6%) PVP do GE e em 178 (91,8%) do GC, apresentando distribuição marginalmente significante (p=0,059) entre os grupos (Figura 29). Estudos observacionais realizados com adultos com histórico de acesso venoso difícil, devido a obesidade, uso de drogas injetáveis e doenças crônicas, com o uso da USV para direcionar a PVP constataram aumento na obtenção do acesso venoso.128-130 Constantino et al128 verificaram 97,0% de sucesso no grupo submetido à punção guiada pela USV e 33,0% com método tradicional. Keyes et al129 identificaram 90,1% de sucesso com o uso da imagem. Outra comparação entre a frequência de obtenção de acesso venoso periférico, identificou resultado superior (86,0%) no grupo que utilizou a USV, quando comparado ao método tradicional de punção (46,0%).130 Tais pesquisas, por terem sido realizadas com população de adultos com difícil acesso venoso, tornam complexa a comparação com o presente estudo. Contudo, cabe analisar que há uma contradição de resultados que merece reflexão. Optou-se por utilizar uma ampla amostra de crianças, devido a abrangência das características clínicas e terapêuticas que envolvem a execução da TIV e devido ao caráter inovador do objeto de investigação na prática de enfermagem. Tal decisão tornou difícil a comparação destes resultados com outros da literatura que visam especificamente introduzir o uso da USV para obtenção de acessos venosos difíceis, e sugere a necessidade de realização de estudos clínicos com desenho experimental em crianças, exclusivamente com acesso venoso difícil. A introdução desta nova tecnologia à prática de enfermagem, pode ter corroborado com os resultados identificados, pois foi verificado num momento de inovação e mudança significante da prática e da habilidade dos profissionais de enfermagem para a execução da PVP. Os profissionais executantes da PVP precisaram estar habilitados e motivados para a execução da nova técnica proposta, pois realizavam as punções a partir da identificação da imagem ultrassonográfica do vaso e do cateter no monitor do EUSV, necessitando alterar a habilidade técnica adquirida após anos de prática, podendo este fator ter contribuído para a menor obtenção do acesso no GE, divergindo assim dos resultados de outras pesquisas sobre o assunto, ressaltando-se que a maioria foi desenvolvida em adultos com acesso venoso difícil e com metodologias de investigação diferentes.17,19,25,41-44 DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 119 Estudo prospectivo, não randômico, sobre a frequência de obtenção do acesso venoso periférico em crianças e adolescentes com idade entre três dias e 20 anos, sem o uso de USV, evidenciou que dos 249 procedimentos realizados, em 226 (91,0%) intervenções houve sucesso na PVP.131 Assim, tais resultados assemelham-se aos identificados nesta pesquisa (88,7%), permitindo concluir que a equipe de enfermeiros responsáveis pelas PVP realizadas neste estudo é capacitada e habilitada para atingir bons índices de acerto no procedimento. Destaca-se, contudo, que sucesso na primeira tentativa de punção aconteceu apenas em cerca de metade da amostra, o que sugere a necessidade de desenvolvimento desta intervenção de enfermagem para o alcance de melhores resultados. O sucesso na primeira tentativa foi discretamente maior no GC (60,3%) comparativamente ao GE (54,3%), sem diferença estatisticamente significante entre os grupos, conforme a Figura 30. De forma semelhante estudo desenvolvido com 35 adultos com rede venosa de difícil acesso e submetidos à PVP guiada ou não pela USV, também evidenciou que o sucesso da punção na primeira tentativa foi maior no grupo que recebeu as punções pelo método tradicional, quando comparado ao grupo que utilizou a USV.132 Sucesso maior na primeira tentativa foi identificado em outro estudo com adultos, sendo de 46,0% a taxa de sucesso na primeira tentativa com USV e 23,8% no método tradicional, Novamente destaca-se a necessidade de promoção de pesquisas que contribuam para o aprimoramento desta técnica de enfermagem. Esta mesma pesquisa evidenciou sucesso no grupo submetido à USV na segunda tentativa em 46,0% e após três tentativas a frequência de sucesso foi de 5,1%, enquanto no grupo de pacientes submetidos à punção pelo método tradicional o sucesso ocorreu em 9,5% na segunda tentativa e em 4,8% na terceira.128 Ressalta-se que a frequência de sucesso com o uso da USV foi maior em nosso estudo do que na pesquisa retro mencionada. Outras pesquisas que não compararam o uso da USV e o método tradicional de punção, desenvolvidas em adultos com histórico de tentativas de punção sem sucesso, identificaram frequência que variou de 73,0% a 84,0% o sucesso da punção na primeira tentativa direcionada pela USV.41,129 A partir da análise dos resultados dos estudos desenvolvidos por Keyes et al129 e Constantino e Fojtik41, constata-se maior sucesso da punção em adultos na primeira tentativa com o uso da USV quando comparado aos resultados da presente investigação desenvolvida em crianças. Houve maior frequência de sucesso da punção na primeira tentativa em nosso estudo, quando comparado aos dados da pesquisa prospectiva, não randômica, realizada em Nebrasca DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 120 nos EUA sobre o número de tentativas de punção em crianças e adolescentes com idade entre três dias e 20 anos, apenas pelo método tradicional de punção. A autora evidenciou média de 2,35 tentativas para obtenção do acesso venoso periférico em 249 punções realizadas, com 47,0% de sucesso na primeira tentativa, 15,0% na segunda tentativa e 28,0% na quarta tentativa.131 No presente estudo, quanto ao número de tentativas de punção para obtenção do acesso venoso periférico, obteve-se variação de um a cinco, com média de 1,49 tentativas por criança, em ambos os grupos, sendo predominante a obtenção na primeira tentativa e apenas uma (0,2%) situação, no grupo controle, em que foi necessária a quinta tentativa de punção. A média de tentativas de punção descrita em estudos sobre a temática varia de uma a 3,7 por paciente, o que torna possível constatar que algumas crianças em nosso estudo foram submetidas a demasiadas tentativas de punção.40,128,130-131 Assim, constata-se que, para a obtenção do acesso venoso periférico, mais da metade das crianças foram submetidas a outras punções e algumas ainda culminaram em insucesso, o que nos leva a reiterar a premente necessidade de incorporação de novas tecnologias que aprimorem esta prática. Estudo que comparou o uso ou não da USV na PVP em adultos, identificou significante maior número de tentativas de punção no grupo que não utilizou a USV (3,7±2), quando comparado ao grupo com USV (1,7±0,7), corroborando com os resultados observados na presente investigação, contudo sem significância estatística.128 Uma das questões discutida previamente à coleta dos dados foi a decisão de realizar a PVP e a USV com um ou dois profissionais. A habilidade técnica foi o fator preponderante para a decisão de realizar a técnica com dois profissionais, sobrepujando as questões de custo e disponibilidade da enfermagem para outras atividades. Com relação a este aspecto, estudo prospectivo e randômico sobre a comparação da técnica de PVP guiada por USV em adultos voluntários, com um ou dois profissionais, evidenciou similaridade entre os resultados quanto ao número de tentativas de punção e o tempo para realização do procedimento.40 Durante a execução de diversos procedimentos em crianças, dentre eles a punção venosa, é recomendação de boa prática a participação de dois profissionais e da família, para aumentar a efetividade, a qualidade e a segurança do procedimento. Em nosso estudo, independente do uso da USV, a punção venosa foi realizada com, no mínimo, dois profissionais, para que o profissional que realizava a punção recebesse o auxílio de outro na estabilização do membro da DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 121 criança e durante a realização do curativo sobre o local de inserção do cateter. No caso do GE, um profissional executava a USV e o outro a PVP. Os motivos mais frequentes do insucesso da primeira e da última punção foram o hematoma e a transfixação do vaso, com distribuição semelhante entre os grupos. A identificação da possível causa do insucesso da PVP é de extrema relevância, pois pode auxiliar o profissional a desenvolver estratégias para sua prevenção. No caso do hematoma, como o motivo mais frequentemente observado, ressalta-se a importância do garroteamento do membro imediatamente antes da punção e o posicionamento o mais distante possível do local de inserção do cateter, para reduzir a pressão sanguínea intravascular do segmento venoso selecionado e consequente rompimento do vaso no momento da punção.64 A transfixação do vaso apresentou frequência similar entre os grupos, como motivo do insucesso da primeira e da última punção, entretanto, observa-se discreta predominância desta ocorrência no grupo controle, podendo-se inferir que a visualização do cateter no momento da introdução do vaso pela imagem ultrassonográfica poderia reduzir esta ocorrência pelo adequado posicionamento do dispositivo. Contudo, estes resultados são isolados e sem significância estatística entre os grupos, o que indica necessidade de mais investigações sobre o tema. Como geralmente é reconhecida, a PVP é significantemente menos associada a complicações, quando comparada à inserção de cateteres venosos centrais. Entretanto, a utilização da ultrassonografia durante a inserção de cateteres periféricos em adultos, pode minimizar as complicações relacionadas, como punção arterial inadvertida e tentativas de punção sem sucesso.133 Na presente investigação, a utilização de USV não demonstrou influência sobre a redução de punção arterial quando comparada ao método tradicional de punção na primeira tentativa. O insucesso do procedimento ocorreu em 43 (11,2%) situações, nas quais as crianças foram submetidas a pelo menos uma tentativa de punção. A decisão de interromper o procedimento deveu-se a diversos fatores como agitação da criança, realização de cinco tentativas de punção sem sucesso, encaminhamento da criança para o centro cirúrgico ou solicitação do responsável. Pesquisa desenvolvida em uma unidade de atendimento de emergência infantil, com crianças de até sete anos de idade, sobre a avaliação da imagem ultrassonográfica dos vasos que seriam puncionados por enfermeiras pelo método tradicional, propôs a classificação da rede DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 122 venosa das crianças, segundo a visualização e palpação, em visível e ou palpável, ou não visível e ou palpável. O índice de obtenção do acesso venoso foi maior (69,0%) nas veias classificadas como visíveis e ou palpáveis do que as veias não visíveis e ou palpáveis (10,0%). A aquisição da imagem ultrassonográfica foi possível em todas (100,0%) as veias classificadas como visíveis e ou palpáveis, e em 56,7% das veias consideradas não visíveis e ou palpáveis.134 Tal resultado é relevante para a prática clínica durante o uso da USV por demonstrar que este é um tipo de tecnologia recente e que estudos que evidenciem a dificuldade de visualização da rede venosa, ou como em nosso estudo, no qual grande parte (85,6%) das avaliações das enfermeiras destacou que a USV não facilitou a execução do procedimento, podendo ter relação com a habilidade técnica do profissional e a adequação do tamanho do transdutor, visto que a USV para intervenção constitui nova modalidade de aplicação de uma tecnologia até então direcionada para diagnóstico. Novos aparelhos apresentam a possibilidade de adequar a sensibilidade do equipamento e o tamanho do transdutor à característica do paciente, sendo necessária, assim, a avaliação da efetividade de diferentes equipamentos de USV desenvolvidos para aquisição de imagens da rede venosa periférica, em especial de crianças que possuem características que variam de acordo com a faixa etária, além do maior desenvolvimento da habilidade dos profissionais executantes da PVP guiada pela USV. Para Muhm135, a USV pode ser um potencial facilitador na obtenção do acesso venoso após tentativas sem sucesso pelo método tradicional e em pacientes com rede venosa não visível, devendo ser constantemente analisada e aprimorada devido ao caráter inovador nesta modalidade de intervenção. Em nosso estudo, as crianças que apresentaram rede venosa visível, tiveram duas vezes mais chance de obtenção do acesso. A avaliação da imagem ultrassonográfica pelas enfermeiras que realizaram o procedimento, apresentou relação estatisticamente significante com a obtenção do acesso venoso periférico, a partir da visualização do vaso e da visualização da inserção do cateter (p=0,020 e p=0,043, respectivamente). Em 93,2% das visualizações do vaso e em 29,8% das visualizações da inserção do cateter, houve sucesso na obtenção do acesso venoso periférico (Tabela 25). Assim, reitera-se que a enfermagem deve engajar-se em pesquisas que analisem a aplicação de diferentes tipos de EUSV para identificação de resultados mais efetivos durante a realização da PVP. A relação observada entre a visualização da imagem ultrassonográfica e a obtenção do acesso venoso periférico pode ter sido limitada neste estudo, devido ao tamanho diminuto dos vasos das crianças, calibre do cateter, sensibilidade e tamanho do transdutor do equipamento, que dificultava o posicionamento em crianças pequenas, além da cooperação das crianças, pois DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 123 na prática, a visualização do vaso e da inserção do cateter, é facilitada em crianças maiores e adolescentes que colaboram durante o procedimento. Para identificação da imagem ultrassonográfica é necessário obter a cooperação da criança, pois a qualquer movimento, perde-se a imagem da rede venosa. Assim, durante a realização da pesquisa, pôde-se observar que quanto maior a colaboração das crianças, maior era a possibilidade de identificação da imagem ultrassonográfica do vaso e da inserção do cateter. Destaca-se que para promover entendimento e colaboração para a realização do procedimento, constituiu estratégia eficaz em várias situações, o uso do manual interativo e do brinquedo que simulava o EUSV, na faixa etária escolar e adolescência. Nas situações em que não houve a cooperação da criança, com imobilização do membro, a imagem do vaso era analisada e procurava-se memorizar o local destinado para a inserção do cateter pela impossibilidade de direcionar a punção em tempo real. Ao contrário do que se esperava, a assertividade foi semelhante entre os grupos de estudo, ou seja, a USV não aumentou o sucesso na primeira tentativa de punção, nem tampouco influenciou a retirada do cateter por alta do tratamento. A retirada do cateter por alta foi verificada em 67,2% dos 339 cateteres inseridos com sucesso, sem diferença estatisticamente significante entre os grupos. Estudo sobre a comparação de três tipos de curativos de CIP em crianças identificou retirada dos dispositivos por alta do tratamento em apenas 37 (24,7%) dos 150 cateteres inseridos, sendo a maioria (75,3%) retirada devido à ocorrência de eventos adversos.136 Em outro estudo sobre os motivos de interrupção da TIV, foi observado que 52,0% dos CIP foram removidos por alta do tratamento.137 Comparando os resultados da presente investigação com as pesquisas retro apresentadas, verifica-se que a maior parte dos cateteres foi retirada por término da TIV, ou seja, livre da ocorrência de complicações. Ressalta-se que mesmo que a maioria dos cateteres tenha sido retirada por alta do tratamento, mais de 30,0% foi removido em decorrência de complicações, perdas acidentais ou queixas das crianças, indicando a necessidade de melhora da prática de enfermagem oferecida às crianças. A manutenção do CIP pelo maior tempo possível, livre de complicações e enquanto for indispensável, é um fator importante para minimizar o desconforto da criança e a necessidade de novas punções. Esclerose venosa progressiva e trombose decorrentes de múltiplas punções causam traumas físicos e psicológicos em crianças, sendo a retirada do cateter por alta do tratamento considerado um dos melhores indicativos de qualidade na implementação da TIV.138 DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 124 Frente aos resultados obtidos no estudo das variáveis dependentes relativas à efetividade do uso da USV na promoção de melhores resultados nos índices de obtenção do acesso venoso periférico e assertividade, destaca-se que esta pesquisa possui um poder estatístico que pode ser considerado baixo, o grupo de enfermeiras que realizou a USV provavelmente caracteriza-se como uma das primeiras equipes brasileiras a implementar de modo sistematizado tal prática, podendo assim ter apresentado níveis baixos de interpretação correta das imagens ultrassonográficas, principalmente no início da coleta dos dados. Soma-se a estes fatores a utilização de um dos primeiros equipamentos de USV fabricado para esta finalidade de intervenção, sendo que já existem similares com diversos avanços tecnológicos; além da mobilização do membro durante a punção venosa guiada pela USV, condição observada na maior parte das crianças que participaram do estudo, o que apresenta relação direta com o insucesso do procedimento. Para o melhor de nosso conhecimento, pesquisas com metodologia similar a utilizada nesta investigação, não foram identificadas na literatura, nem tampouco são verificadas investigações de enfermagem que visem aprimorar a técnica e os resultados referentes à PVP. Desde que a enfermagem assumiu esta atribuição na prática dos cuidados à saúde, muitos avanços foram decorrentes da produção de conhecimento da enfermagem, como a confecção de cateteres cada vez mais compatíveis às necessidades do paciente, curativos com melhor desempenho na prevenção de complicações e na preservação da auto-imagem do paciente, bem como o desenvolvimento de estudos referentes ao preparo e a satisfação do paciente durante o uso da TIV. Contudo, poucas pesquisas são direcionadas a melhorar os resultados da efetividade da PVP e neste sentido, o presente estudo promoveu o início de um campo de investigação para a enfermagem, o que pode gerar novos conhecimentos capazes de transformar a práxis do enfermeiro. Destaca-se que não foram identificadas, na literatura, pesquisas que relacionassem o tempo de permanência de CIP com a utilização da USV para inserção dos dispositivos. Neste estudo, observou-se semelhança entre os grupos, não evidenciado maior tempo de permanência do dispositivo no grupo experimental, fato que hipoteticamente seria possível, pois, quando há visualização da inserção do cateter pela imagem ultrassonográfica, a ponta do dispositivo não causaria dano à parede do vaso, com adequado posicionamento e prevenção de possíveis fatores predisponentes de complicações, o que não foi comprovado nos resultados da presente investigação, visto que 72,9% das enfermeiras que realizaram a punção guiada pela USV não visualizaram a inserção do cateter. O tempo de permanência do cateter não pode ser analisado DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 125 isoladamente, tomando-se como base o método de punção, como também o tipo de dispositivo e curativo utilizados, tipo e método de infusão das soluções e fármacos e a ocorrência de complicações da TIV. Pesquisa prospectiva e randômica desenvolvida em um hospital pediátrico do Norte da Índia, com crianças de um dia de vida a 12 anos de idade, sobre os fatores que afetam o tempo de permanência de CIP, evidenciou tempo maior no grupo que recebeu infusão de solução de heparina após a administração de medicamentos, associada ao uso de cateteres de calibre 22 G e tala para imobilização do membro (p<0,002). Os menores tempos de permanência dos cateteres ocorreram com crianças mais jovens (p<0,001), em cateteres de calibre 24 G (p<0,05), inseridos no punho e na região cefálica (p<0,05). Os autores ainda constataram maior ocorrência de complicações, como flebite e infiltração, quanto maior o tempo de permanência do cateter (p<0,05).138 Em nosso estudo, os cateteres que receberam infusão intermitente foram mantidos com solução de heparina, de acordo com padronização estabelecida, não havendo diferença observada quanto ao tempo de permanência do cateter. Estudo descritivo sobre o tempo de permanência e motivo da interrupção da terapia intravenosa por CIP em adultos submetidos a procedimentos cirúrgicos, evidenciou que dos 40 pacientes avaliados, 43,0% permaneceram com o cateter por menos de 24 horas, 47,0% entre 24 e 72 horas, e em apenas 10,0% os cateteres permaneceram por mais de 72 horas.137 Pesquisa randômica sobre o tempo de permanência de CIP em crianças segundo tipo de curativo, verificou influência do curativo transparente (29,53 horas) sobre o tempo de permanência dos 150 cateteres instalados em 68 crianças, quando comparado ao curativo com gaze estéril (46,12 horas) e fixação com fita adesiva (38,18 horas).53 Na presente investigação, foi computada a mediana dos tempos de permanência dos cateteres que permaneceram por 22 horas no GE e 23,4 horas no GC, com tempo de permanência máximo de nove dias no GE e de quase oito dias no GC, sendo utilizado apenas o curativo transparente no local de inserção do dispositivo. Ressalta-se que a evolução tecnológica neste aspecto deve proporcionar condições para que os cateteres possam ser retirados por alta do tratamento, sendo assim, tanto na presente investigação como nos estudos sobre a temática, observa-se que há um campo fértil para o desenvolvimento de inúmeras pesquisas. Com relação às complicações locais da TIV, similarmente não foram identificados estudos sobre a influência da USV na ocorrência de complicações, sendo que 91 crianças que DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 126 participaram da presente investigação apresentaram infiltração (62,6%), flebite (9,9%) ou obstrução do cateter (27,5%). Autores relatam que os tipos mais comuns de complicações da TIV periférica são obstruções do dispositivo, infiltração e flebite, relacionadas com fatores decorrentes da manutenção do cateter, como forma de antissepsia, tipo de curativo, tipo de solução, localização e tamanho do dispositivo.95,136-137 Os dados da literatura sobre o processo de TIV periférica apóiam os resultados deste estudo, pois relatam que algumas inserções permanecem sem intercorrências até o final da terapêutica prescrita, outras apresentam prematura ou tardiamente, algum tipo de complicação.63 Estudo sobre o motivo da interrupção da terapia intravenosa em adultos identificou que 44,0% dos CIP foram removidos por complicações, sendo 20,0% devido à infiltração, 8,0% por transfixação da veia, 5,0% obstrução do dispositivo, 5,0% hematoma e 3,0% relacionado à flebite.137 Na presente investigação, a infiltração foi identificada em 57 (16,8%) crianças, sendo 34 (59,6%) do GE e 23 (40,4%) do GC, com distribuição estatisticamente diferente entre os grupos (p=0,025). A avaliação da gravidade da ocorrência identificou maior frequência de infiltração grau 1 (70,2%), seguida pelo grau 2 (21,0%), grau 3 (5,3%) e um (1,7%) caso de grau 4 no GE (Tabela 22). A infiltração avaliada como de grau 4, segundo os dados primários, foi devida à extensão do edema e não à infusão de derivados sanguíneos, quimioterápicos ou fármacos vesicantes, o que caracterizaria o extravasamento. Acredita-se que a predominância de infiltração no GE pode ter relação com o fato de que neste grupo foi estatisticamente significante a necessidade de reposicionamento do cateter para a punção. A técnica de punção guiada pela USV impõe ao profissional a possibilidade de visualizar o vaso e deste modo, tentar reposicionar o cateter até a obtenção do acesso venoso, podendo, talvez, neste momento, ocorrer maior chance de transfixação do vaso com posicionamento inadequado da ponta do cateter e consequente possibilidade de infiltração. Outro fator advém da maior necessidade de reposicionamento do cateter, pois para realizar a punção percutânea, é necessário visualizar o local de punção, para a seguir, voltar-se à imagem captada no monitor do equipamento. Deste modo, indica-se durante o uso da USV realizar punções pelo método indireto para prevenir a ocorrência de reposicionamento do cateter em regiões muito próximas à parede do vaso sanguíneo. DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 127 Vale destacar que o reposicionamento do cateter em associações com outras variáveis de estudo foi fator preponderante na análise multivariada para o aumento da probabilidade de ocorrência de complicações da TIV. Autores relatam que a infiltração de fluidos para o tecido subcutâneo é uma das complicações mais comuns da TIV. As faixas etárias neonatal e pediátrica estão mais expostas à ocorrência de infiltração em graus elevados, devido à sua inabilidade de descrever e localizar a dor e pelo limitado espaço extravascular no couro cabeludo e nos dorsos das mãos e dos pés. Verificaram que, em seu estudo, 58,0% das crianças apresentaram infiltração, proporção três vezes maior do que a identificada em nosso estudo.75 Outra pesquisa realizada no Brasil, apontou 73,4% de ocorrências de infiltração de um total de 113 eventos adversos e a maioria (80,7%) apresentou grau 1.136 Fator que pode ter relação com a menor ocorrência de infiltração neste estudo refere-se à preocupação em identificar o melhor cateter disponível no mercado para facilitar a punção e a fixação, sendo que o cateter escolhido apresenta boa performance na promoção de maior destreza e segurança na realização da punção, bem como, na facilidade de fixação, pois possui prolongamentos antiderrapantes que, após a punção, ao ser colocado em contato com a pele, facilita sua fixação com fitas adesivas, dificultando a mobilidade do dispositivo, com consequente redução da ocorrência de infiltração. A ocorrência de flebite foi identificada em nove (9,9%) das 91 crianças que apresentaram algum tipo de complicação, sendo duas (22,2%) do grupo experimental e sete (77,8%) do grupo controle, com distribuição marginalmente significante nos grupos (p=0,090) (Tabela 22). Entretanto, quando a ocorrência de flebite é avaliada frente ao motivo da retirada dos 339 cateteres inseridos, verifica-se frequência de 2,6%. Segundo a INS, a frequência máxima que deve ser aceita para a ocorrência de flebite em qualquer população, seja ela de crianças ou adultos, deve ser de 5,0% ou menos. Verifica-se, assim, proporção de flebite inferior à recomendação, contudo, destaca-se que, ao se avaliar a frequência de flebite separadamente nos grupos de estudo, verifica-se 15,6% no grupo controle, apresentando-se acima dos valores recomendados pela INS, quando comparado ao grupo experimental com frequência de 4,3%.67 Autores identificaram a flebite decorrente da infusão de soluções em veias periféricas, como a mais frequente complicação associada a CIP em adultos, com incidência entre 25,0% e 35,0%. O estudo demonstrou que, além de fatores específicos relacionados ao paciente e à terapia, a hipercoagulabilidade decorrente de trombofilias contribuem para o desenvolvimento de flebite associada à cateterização venosa periférica.86 DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 128 Estudo do tipo coorte prospectivo realizado na unidade de neurocirurgia de um hospital universitário da cidade de São Paulo, com 60 pacientes submetidos a 152 inserções de CIP, foram observados 16 (10,5%) episódios de flebite.95 Quanto aos graus de flebite identificados, o mais frequente foi o 1 (77,8%), podendo ter relação com a sistemática de avaliação do local de inserção do cateter pelo enfermeiro, por meio da escala de classificação de flebite, o que poderia prevenir o agravamento da complicação. Em estudo retrospectivo sobre a ocorrência de flebite em adultos, a partir de uma amostra de 679 avaliações de locais de inserção de cateteres realizadas por enfermeiros especialistas em TIV, foram descritos 25 (3,7%) casos de flebite, a maioria de grau 1.139 Dentre os estudos analisados sobre a ocorrência de flebite como complicação da TIV periférica, foram identificados dois que investigaram a ocorrência em crianças e avaliaram a classificação de flebite, segundo o grau. Em uma população pediátrica de um hospital da Austrália, os autores verificaram que das 33 ocorrências de flebite, 26 (78,8%) eram grau 1, duas (6,1%) de grau 2, e cinco (15,1%) de grau 3. Comparativamente aos resultados identificados na presente investigação, as crianças australianas que compuseram a pesquisa apresentaram maior número de ocorrências de flebite e maior gravidade, sendo observada a flebite de grau 3. Relatam que por se tratar de uma população pediátrica, com crianças na fase pré-verbal, a avaliação dos graus de flebite tornou-se difícil, pois a criança não referiu a presença de dor no local de inserção do cateter.55 Pesquisa desenvolvida em uma unidade de cirurgia pediátrica de um hospital universitário da cidade de São Paulo, sobre a ocorrência de eventos adversos durante a utilização de CIP em crianças, identificou sete (6,2%) casos de flebite, de um total de 113 eventos adversos observados em 150 CIP. Das sete ocorrências de flebite, quatro (57,2%) eram do grau 1 e três (42,8%) do grau 2.136 Estudo sobre os fatores que afetam a ocorrência de complicações, de acordo com a utilização de solução de heparina ou solução salina após a administração de medicamentos, em crianças de um dia de vida a 12 anos de idade, evidenciou maior ocorrência de complicações em crianças menores de um ano de idade quando comparadas às maiores de cinco anos, sendo que a ocorrência de flebite foi relacionada à infusão de solução de heparina e soluções com glicose a 10%.138 O tipo de infusão, o método de infusão das soluções e fármacos e a forma de infusão da TIV apresentaram distribuição semelhante entre os grupos de estudo, não sendo possível a constatação da influência de características da TIV sobre o desenvolvimento de complicações na presente investigação. DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 129 A manutenção da permeabilidade dos cateteres e a prevenção de complicações associadas à terapia é um significante problema na prática clínica diária, contribuindo para o desconforto do paciente, para a necessidade de novas punções, com prolongamento do tempo de hospitalização e consequente aumento de custos.138,139-140 Um evento frequentemente observado e que constitui problema significante no cuidado clínico, é a obstrução do cateter devido à formação de coágulo ou precipitado de fármacos. Diversas técnicas têm sido utilizadas para manutenção da permeabilidade do CIP, com redução do desconforto do paciente e custos associados ao reposicionamento do cateter e complicações relacionadas. Dentre as técnicas descritas, apresenta-se a utilização de solução salina e solução de heparina, entretanto, sem consenso entre o tipo de solução e intervalo de infusão em estudo desenvolvido em 39 hospitais públicos e 28 hospitais privados da região metropolitana da Austrália.99 Autores relatam que a obstrução é uma complicação frequente da TIV periférica, sendo identificada frequência de 11,5% em crianças e 20,0% em adultos, segundo dois estudos nacionais.63,136 Na presente investigação, observaram-se 25 (7,4%) ocorrências de obstrução do cateter dos 339 avaliados, sendo 10 no GE e 15 no GC, sem diferença estatística entre os grupos. Desta forma, verifica-se que a USV não exerceu influência na ocorrência de obstrução, por estar mais intimamente relacionada à forma de infusão da TIV. Assim, comparando aos nossos, os resultados dos estudos citados, obtivemos frequência inferior de obstrução do CIP. Quando comparados a pesquisas com a mesma população, contudo sem a utilização da USV, os resultados identificados nesta investigação, mostram que menos de 30,0% dos cateteres foram retirados devido à ocorrência de complicações. A ocorrência de complicações não deve ser considerada um evento esperado, rotineiro e aceitável. A grande frequência de utilização de cateteres intravenosos acarreta grande potencial de risco de ocorrência de complicações, sejam mecânicas ou infecciosas. A atuação da equipe especializada em TIV, com a habilidade técnica e experiência do profissional poderá auxiliar na precoce identificação de problemas, com resultado efetivo na redução da incidência de complicações relacionadas ao cateter, com mínimos riscos para os pacientes e redução do custo.1,141 Desta forma, assim como se aceitaram as hipóteses de nulidade formuladas para o estudo, de que a USV não influenciou a obtenção do acesso venoso periférico, a assertividade, o tempo de permanência do cateter, também não se observou a influência sobre a ocorrência de complicações da TIV. DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 130 Com base na carência de estudos nacionais sobre o uso de TIV em crianças, com o objetivo de elucidação, a seguir apresentam-se as variáveis que caracterizam as crianças que participaram do estudo, bem como a TIV administrada. Dentre as variáveis que caracterizaram as crianças que participaram do estudo, verificouse mediana de idade de 8,2 anos no GE e 7,2 anos no GC, com variação entre 12 dias e 17 anos, retratando predominância de crianças na faixa etária escolar (Tabela 1). Com relação à faixa etária das crianças que participaram do estudo, a partir dos dados primários é possível constatar que as maiores de dois anos apresentaram melhores índices de obtenção de acesso venoso quando comparados às menores de dois anos, o que reforça a constatação prática sobre a importância da cooperação do paciente no momento da realização da punção venosa e da USV, no que diz respeito à imobilização do membro a ser cateterizado, pois a sua movimentação resulta em interferência na adequada condução do procedimento, dificultando a manutenção do transdutor em posição ideal, o que compromete a identificação da rede venosa periférica e a captação da imagem ultrassonográfica. Sobre a utilização da USV para PVP em crianças menores de sete anos, pesquisadores descrevem a possibilidade de detecção das veias periféricas em crianças menores com o uso da USV. Entretanto, apresentam como uma limitação do estudo, a ausência da avaliação do grau de cooperação das crianças durante o procedimento.134 Quanto maior a idade da criança e o nível de cooperação, melhor a possibilidade de aquisição da imagem ultrassonográfica pelo equipamento utilizado nesta pesquisa, com consequente visualização do vaso e inserção do cateter facilitadas, apresentando relação direta com o sucesso do procedimento, mesmo não sendo observada significância estatística entre os grupos. Com relação às variáveis de desfecho, obtenção do acesso venoso e complicações da TIV, a análise multivariada evidenciou que quanto maior a idade da criança, maior a chance de obtenção do acesso venoso, observando-se prevalência maior de sucesso já a partir dos dois anos de idade, sendo progressivamente maior conforme o crescimento da criança, corroborado por diversos autores.17,19-20 Quanto às complicações da TIV, a análise evidenciou a idade como fator de risco marginalmente significante (p=0,055), sendo que quanto maior a idade a partir dos dois anos, menor a chance de ocorrência de complicações. Segundo Maki e Ringer85, crianças maiores têm maior chance de desenvolver flebite do que as menores, e de acordo com Phillips64, crianças menores têm maior chance de desenvolver infiltração do que as maiores. DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 131 Desta forma, as crianças menores de dois anos podem estar mais expostas ao insucesso da obtenção do acesso venoso periférico e à ocorrência de complicações da TIV. Quanto ao gênero, identificou-se discreta predominância (56,0%) de crianças do sexo masculino, comparados a 44,0% de crianças do sexo feminino, distribuídas de forma semelhante entre os grupos de estudo (Tabela 1). As Estatísticas do Registro Civil de 2007 mostram que foram computados no Brasil, 1.415.628 nascimentos de crianças do sexo masculino e 1.335.039 do sexo feminino. Na cidade de São Paulo, ocorreram 87.561 nascimentos de meninos, referente a 3,2% dos nascidos vivos, e 83.091 nascimentos de meninas, equivalente a 3,0%.142 O gênero das crianças que participaram do estudo seguiu a tendência de aparecimento na população em geral, além de estar relacionado com as características das patologias abordadas cirurgicamente e apresentadas predominantemente por meninos. Com relação à cor da pele, a maioria (44,1%) das crianças que compôs o grupo experimental, apresentou cor da pele parda, seguida da branca em 41,5%, enquanto que no grupo controle foi observada predominância (50,0%) de crianças com cor da pele branca, entretanto sem diferença estatística entre os grupos de estudo (Tabela 1). Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em censo demográfico realizado em 2000 no Estado de São Paulo, foi encontrada predominância (26.185.687) de pessoas de cor da pele branca, seguida pela cor da pele parda (8.456.718), corroborando com a maior frequência de aparecimento de crianças com cor da pele branca no grupo controle.107 O resultado da análise multivariada demonstrou que a chance das crianças com cor da pele parda desenvolverem complicações da TIV foi uma vez e meia maior do que nas outras crianças. Resultado similar em estudo desenvolvido por Schnadower et al134, mas divergente da pesquisa de Maki e Ringer85 e Machado2, que identificaram a predominância da ocorrência de complicações da TIV, principalmente de flebite, em crianças com cor da pele branca. Contudo, não foram identificados estudos na literatura que relacionassem o uso da USV com a ocorrência de complicações da TIV e a cor da pele das crianças. O grau de nutrição das crianças que participaram da pesquisa (Tabela 1), conforme esperado, mostrou a predominância de crianças eutróficas, por se tratar de uma unidade que atende crianças e adolescentes submetidos a procedimentos cirúrgicos, em que as cirurgias eletivas devem ser realizadas em pacientes com grau de nutrição adequado.143 DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 132 O estudo realizado por Cooper et al144, na Filadélfia, mostrou a ocorrência de desnutrição protéico-calórica em 39,0% das crianças submetidas à cirurgia eletiva e em 64,0% das submetidas a procedimentos cirúrgicos mais complexos, contribuindo diretamente com a morbidade e a mortalidade pós-operatória. Em nosso estudo, houve predominância (82,7%) do estado nutricional eutrófico, com distribuição semelhante nos grupos de estudo, seguido de 11,0% de desnutrição e 6,3% de sobrepeso. Assim, compuseram este estudo, crianças na sua maioria eutróficas, o que caracteriza a população quanto ao menor risco de desenvolver complicações infecciosas. Crianças desnutridas estão mais predispostas a desenvolverem complicações relacionadas ao uso de CIP, como flebite e infiltração, sendo esta, secundária à flebite.85 No que concerne à obtenção do acesso venoso, estudos abordam a dificuldade de visualização e palpação da rede venosa periférica das crianças com sobrepeso, contribuindo para o insucesso da punção.21-25 Entretanto, de acordo com os dados primários, todas as crianças com sobrepeso que participaram do estudo receberam o CIP, ou seja, foram submetidas à procedimentos com sucesso, e por apresentarem distribuição semelhante entre os grupos de estudo, o resultado positivo não foi relacionado ao uso da USV. Com relação ao potencial de contaminação da cirurgia, de acordo com os dados primários apresentados no Anexo 6, foi possível constatar semelhante frequência entre os grupos de estudo e predominância de cirurgias potencialmente contaminadas, principalmente do diagnóstico médico hipertrofia adenoamigdaliana; seguidas pelas cirurgias limpas, representadas majoritariamente pelas fraturas; contaminadas pela anomalia anorretal e infectadas, caracterizadas pela presença de ventriculite com indicação de derivação ventricular externa. A seguir, apresenta-se detalhamento das patologias mais frequentes no estudo com o intuito de elucidação da ocorrência em crianças. A hipertrofia adenoamigdaliana é a principal causa de obstrução crônica de vias aéreas em crianças, principalmente entre dois e seis anos de idade, faixa etária caracterizada por aumento do tecido linfóide e subsequente estreitamento da coluna aérea. Várias complicações decorrem da obstrução causada pela hipertrofia adenoamigdaliana, como por exemplo: respiração bucal de suplência, alterações no desenvolvimento crânio-facial, apnéia obstrutiva do sono e dificuldade de alimentação, apresentando possíveis indicações cirúrgicas. Entre as complicações mais graves decorrentes do processo obstrutivo crônico decorrente do aumento exagerado das vegetações adenoideanas e amígdalas palatinas, incluem-se a hipertensão pulmonar e cor pulmonale. A adenoamigdalectomia ainda é o procedimento cirúrgico mais DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 133 realizado na faixa etária pediátrica, corroborando com os resultados apresentados em nosso estudo.145-146 Na faixa etária pediátrica, as fraturas representam de 10 a 25% da totalidade dos traumas pediátricos e raramente são fatais. O risco de ocorrência de fratura antes dos 16 anos é de 40,0% nos meninos e de 25,0% nas meninas, com predominância a partir dos 10 anos de idade, sendo mais frequentes na porção distal do rádio e na mão (50,0%).147-149 Estudo descritivo sobre causas externas que acometeram crianças de zero a 12 anos, em um hospital especializado em atendimento de emergências do Rio de Janeiro, identificou predomínio de ocorrência de fraturas no sexo masculino (57,4%) e maior número de atendimentos na faixa etária de cinco a nove anos (26,8%).150 Os resultados do estudo anterior retratam semelhança com as características das crianças submetidas a procedimentos cirúrgicos para correção de fraturas que participaram da presente pesquisa, com relação à predominância da faixa etária escolar e do sexo masculino. Anomalia anorretal é uma condição rara que acomete uma em 4.000 a 5.000 crianças. Está relacionada a dismorfogênese da cloaca e do reto na vida fetal precoce. Pode ocorrer de forma isolada, mas é comumente associada a outras anomalias principalmente urogenitais e músculo esqueléticas. Podem ser classificadas em anomalias altas, intermediárias e baixas de acordo com a altura da apresentação do reto em relação às linhas isquiáticas e pubococcígeas.151152 A ventriculite é caracterizada por um processo inflamatório grave no sistema nervoso central, ocasionado pela presença de micro-organismo no líquido cefalorraquidiano ventricular e sua agressão ao epêndima, que pode ser decorrente de complicações de meningites bacterianas, em crianças portadoras de derivações liquóricas, internas ou externas, ou de meningomieloceles.153-154 A incidência de ventriculite é maior na criança menor de dois meses de idade e a conduta é variável para cada caso, com a revisão do esquema terapêutico e a discussão com um neurocirurgião da necessidade de colocação de válvula de derivação externa para controle da hipertensão intracraniana.155 Nos estudos avaliados sobre a utilização da USV na PVP, os pacientes eram classificados como de difícil acesso venoso, devido a histórico de punções sem sucesso, obesidade, uso de drogas injetáveis, portadores de doenças crônicas, submetidos a hospitalizações frequentes ou prolongadas e pertencentes à faixa etária pediátrica.24,40,133,138 DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 134 Desta forma, a presente investigação contou com grande parte de pacientes que apresentam classificação de difícil acesso venoso. Além da faixa etária pediátrica, foram avaliadas algumas condições das crianças que poderiam predispor ao insucesso da punção e à ocorrência de complicações locais, como prematuridade, doença crônica, doença vascular, agitação psicomotora, hiperatividade, infecção, espasmos musculares, ausência de acompanhante, recusa à TIV e outras. Pelo menos alguma destas condições estava presente em 37,2% das crianças que compuseram o GE e em 40,7% do GC, demonstrando similaridade na distribuição entre os grupos e alta incidência destas condições que poderiam aumentar a dificuldade de inserção do CIP e a ocorrência de complicações locais na amostra estudada. Com relação às características do tratamento que também poderiam predispor ao insucesso e a complicações, foram analisadas a presença de tratamento cirúrgico prolongado, terapia intravenosa prolongada, uso de fármacos vesicantes, sinais de lesão da pele e outras, sendo a presença de alguma característica identificada em 25,0% das crianças que receberam PVP e compuseram o GE e 22,7% do GC, frequência estatisticamente similar entre os grupos de estudo e inferior à presença de condições da criança predisponentes para insucesso e complicações. No que diz respeito ao uso prévio de TIV, a maioria das crianças que participou do estudo já havia utilizado, sem diferença estatisticamente significante entre os grupos. Das 188 crianças que compuseram o GE, 77,1% já haviam utilizado TIV e das 194 do GC, 77,3% recebeu tal terapia previamente há um ano, com mediana de três dias de utilização. Destas crianças a maioria (99,3%) havia sido submetida à cateterização venosa periférica e a menor parte recebeu a inserção de PICC (6,4%) e CVC (7,5%). Além das condições da criança e características do tratamento que pudessem predispor ao insucesso da punção ou à ocorrência de complicações, e do uso prévio de TIV, foi avaliada a ocorrência prévia de complicações da TIV, observando-se que em 17,6% das crianças do GE e 15,5% das crianças do GC, foi identificado algum tipo de complicação, sendo os mais frequentes o hematoma e a infiltração. Analisando-se as características que poderiam constituir fatores de risco para o insucesso da punção e para a ocorrência de complicações da TIV, verifica-se que quase a metade das crianças que participou do estudo, apresentava alguma condição, a maioria havia sido submetida a cateterizações periféricas e apresentava o hematoma e a infiltração como as complicações prévias mais frequentes. Desta forma, parte da amostra analisada possuía condições que poderiam estar relacionadas às variáveis dependentes estudadas. DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 135 A análise multivariada evidenciou que a presença de complicações prévias apresentou relação marginalmente significante (p=0,088), com a obtenção do acesso venoso periférico, sendo o hematoma a principal complicação que pode influenciar a obtenção do acesso venoso. Quanto à avaliação da rede venosa periférica das crianças, a maior parte foi considerada visível e ou palpável, com exceção da região cefálica que predominou como local não disponível o que está relacionado com a faixa etária das crianças e a não escolha clínica deste local de inserção pelas enfermeiras. Vale ressaltar que o GC apresentou maior número de avaliações de locais não disponíveis, reduzindo a disponibilidade de sítios de punção, enquanto a rede venosa das crianças que participaram do GE não estava disponível apenas nos membros inferiores, pés e região cefálica. Contudo, observou-se maior frequência de rede venosa não visível e ou não palpável no GE. A visualização da rede venosa apresentou até duas vezes maior chance de sucesso na obtenção do acesso venoso, segundo a análise multivariada, corroborando estudo sobre a temática que identificou frequência de sucesso de obtenção do acesso venoso maior nas veias classificadas como visíveis e ou palpáveis do que nas veias não visíveis e ou palpáveis.134 É de extrema relevância a identificação e classificação da rede venosa periférica para que a melhor conduta possa ser instituída, no que concerne ao tipo de dispositivo, método de punção e indicação de uso da USV. Pesquisa descritiva sobre a padronização da classificação sobre os tipos de veias superficiais de adolescentes, adultos e idosos, segundo características dos vasos, incentiva o uso da classificação para a avaliação clínica do vaso sanguíneo e melhor gestão do cuidado ao paciente.156 A avaliação da rede venosa periférica no momento da admissão da criança é de primordial importância, pois neste momento, o enfermeiro pode identificar os locais mais adequados para a instalação do CIP e planejar a administração da TIV. Nos casos em que não é visível e ou palpável, são observadas cicatrizes de punções pregressas e a criança apresenta histórico de hospitalizações frequentes e tentativas de punção sem sucesso, o profissional com habilidade técnica e conhecimento científico poderá indicar a melhor forma de abordagem desta criança que será submetida à cateterização venosa periférica, que abrange desde o seu preparo até a indicação do melhor tipo de dispositivo para a terapêutica prescrita. Neste momento ainda é possível verificar a capacidade de cooperação da criança, que está intimamente relacionada ao sucesso do procedimento, principalmente quando a punção foi direcionada pela USV. DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 136 Vale ressaltar que, na ausência de equipamentos que propiciem melhor visualização da rede venosa periférica, o enfermeiro utiliza algumas técnicas para facilitar o procedimento, como estimulação mecânica, estabilização do vaso, posicionamento do membro, preparo do paciente, solicitando para que relaxe e respire profundamente junto com o profissional.122 Enfermeiros que realizam a PVP e utilizam a USV para inserção de cateteres devem possuir habilidade técnica para a implementação da TIV e conhecimento dos vários estágios do desenvolvimento entre as faixas etárias. Avaliação do nível de ansiedade, atividade e potencial necessidade de métodos sedativos, auxiliam o enfermeiro no planejamento de uma inserção com sucesso, que deve ser norteada por uma prática multiprofissional em saúde.17 Neste aspecto, pode-se constatar que durante a coleta de dados não foram utilizados métodos sedativos para a realização da PVP, fato que poderia auxiliar a execução do procedimento no que se relaciona à cooperação da criança. Na prática clínica não é vista como rotina a utilização de sedação para crianças que serão submetidas a procedimentos como a PVP. Quando a USV é utilizada, a cooperação da criança é primordial para a aquisição da imagem e, desta forma, trazemos a reflexão se em casos de crianças com rede venosa de difícil visualização e palpação, em que há indicação precisa do uso da USV e de CIP, se não seria benéfica a utilização de métodos de sedação consciente para aumentar o sucesso do procedimento, com menor número de tentativas de punção, como é identificado em procedimentos de inserção de CVC e PICC guiados pela USV. A investigação do membro dominante da criança durante a admissão, constitui cuidado de enfermagem que deve ser cotidianamente implementado, pois quando a criança permanece com o membro dominante imobilizado, neste caso devido à presença do CIP, ocorre comprometimento do conforto, da realização de suas atividades, além de ser observada maior frequência de complicações e remoções acidentais do cateter.55 As crianças que participaram do estudo apresentavam predominantemente dominância lateral direita, principalmente alocadas no GE. Com relação ao calibre dos cateteres, o mais utilizado foi o 24 G, mesmo estando presentes no estudo, crianças em idade escolar e adolescentes que poderiam receber cateteres mais calibrosos. O uso de cateteres venosos periféricos com calibres menores pode diminuir a ocorrência de flebite, que pode ser causada pela irritação mecânica da íntima da veia, quando um dispositivo mais calibroso é inserido em uma veia de pequeno diâmetro, ocorrendo inflamação e flebite, que pode predispor à infiltração.64,85 DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 137 Quanto ao garroteamento do membro, observou-se que a maioria (98,7%) das punções foi realizada com o membro garroteado. Com relação à desinfecção dos torniquetes utilizados para o garroteamento dos membros, não se encontra recomendação na literatura sobre este processamento, sendo utilizados indiscriminadamente entre pacientes, independente do estado clínico ou vigência de doença infecto-contagiosa. No contexto da infecção adquirida em instituições hospitalares, o cuidado com os torniquetes deve ser repensado, visto que não são observados, na prática diária, procedimentos de desinfecção do material.157 Assim, para o presente estudo foi instituída a utilização de luvas de látex, indicadas para a proteção do profissional contra o contato com secreções e sangue do paciente durante a realização de procedimentos, ou a mão do profissional que realizou a punção, pois ao final da PVP, as luvas eram desprezadas e as mãos dos profissionais higienizadas, não havendo reutilização do material entre as crianças. Além da forma e tipo de material utilizado para o garroteamento do membro, os profissionais foram orientados a avaliar a rede venosa da criança e estabelecer qual método seria o mais indicado, pois, constata-se na prática clínica que, com o garroteamento do membro com a mão do profissional, é possível adequar a pressão imposta ao membro e reduzir a ocorrência de hematoma no momento da punção, decorrente do aumento excessivo da pressão sanguínea intravascular. Quanto ao método de punção venosa, os dados mostram maior proporção de punções pelo método indireto, com frequência observada no GE ligeiramente maior do que no GC, porém sem diferença estatisticamente significante. O método indireto de punção é mais indicado, pois mantém menor relação com a ocorrência de ruptura do vaso no momento da punção e consequente formação de hematoma.64 Com relação ao vaso sanguíneo de inserção do cateter, observou-se maior predominância de uso de veias dos membros superiores, como o arco dorsal da mão, seguido pela cefálica, basílica e mediana do antebraço. As veias dos membros inferiores foram utilizadas em menor frequência, com predominância do arco dorsal do pé. Os vasos sanguíneos utilizados apresentaram distribuição semelhante entre os grupos e corroboram com a indicação de outros estudos, que elucidam que as veias mais comumente acessadas para infusões intravenosas em crianças, estão localizadas nos membros superiores, com predominância da cefálica, basílica, do arco dorsal da mão e mediana do antebraço, além de atender às recomendações preconizadas na DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 138 literatura da área, para a escolha das veias mais distais e superficiais dos membros superiores.64,81,123 Estudo prospectivo não controlado com 828 dispositivos instalados em 75 neonatos identificou o arco venoso dorsal da mão (36,5%) e as veias da fossa antecubital (19,2%), como os locais mais utilizados para inserção de CIP. O principal motivo de retirada dos cateteres foi a ocorrência de infiltração em 75,0% dos casos.158 Vale ressaltar que a escolha do local de inserção do cateter venoso periférico deve ser realizada considerando-se a idade e o tamanho da criança, suas condições gerais, nível de atividade, mobilidade, habilidade motora fina e grossa, condições da rede venosa e indicação da terapia.64 As veias dos membros superiores podem ser utilizadas em todas as idades, além de possuírem tamanho adequado para inserção de cateteres de grosso calibre. Entretanto, podem interferir nas atividades diárias de recreação e alimentação da criança, principalmente se forem utilizadas as veias do membro dominante.64 As veias dos membros inferiores foram utilizadas em menor frequência (0,9%), também devido à idade das crianças que, na maioria dos casos, já deambulavam e não necessitavam permanecer restritas ao leito. As veias dessa região são indicadas para inserções de cateteres apenas em lactentes e crianças pequenas, considerando-se o tipo de terapêutica empregada, pois nos membros inferiores o retorno venoso é menor do que nos superiores, podendo ocorrer trombose venosa profunda, motivo que contra-indica o uso das veias dos membros inferiores em adultos.64 As veias da região cefálica não foram utilizadas nas crianças que participaram do estudo, possivelmente devido a predominância da faixa etária escolar, para a qual não é indicada o uso desta região. As veias dessa área podem ser utilizadas em crianças de até 18 meses, pois após essa idade, os folículos capilares tornam-se maduros e a epiderme endurecida. Além disso, o uso das veias da região cefálica é traumático para os pais, pois frequentemente é necessária a remoção do cabelo da criança, alterando sua aparência e interferindo em aspectos culturais e religiosos.64 O uso de tala para imobilização do membro cateterizado foi predominante (63,4%) nos grupos de estudo, com distribuição semelhante entre os mesmos. A tala é utilizada para reduzir a mobilidade do membro cateterizado, com diminuição dos episódios de deslocamento do cateter da íntima da veia, e possível redução da ocorrência de infiltração. Entretanto, mesmo com a DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 139 maioria dos membros cateterizados terem sido mantidos imobilizados com tala, obtivemos uma frequência de 16,8% de infiltração e 5,3% de perda acidental do cateter. A imobilização consiste em um tipo de restrição, devendo ser autorizada pela criança e pelos familiares, e em algumas instituições, principalmente dos EUA, faz-se necessário obter o consentimento informado antes da instalação da tala. Segundo a Joint Comission on Accreditation of Healthcare Organizations (JCAHO), a enfermeira deve informar a necessidade, o tipo e o período da restrição aplicada, verificando, sistematicamente, as condições da pele do membro imobilizado e a presença de pulso palpável.159 Para o estudo foram desenvolvidas talas com material que permitia a desinfecção, além de serem almofadadas, o que contribuiu para o conforto da criança e a ausência de lesões de pele relacionadas ao seu uso. Quanto à forma de infusão da TIV, verifica-se predominância da infusão contínua no GE (58,4%) e no GC (51,1%) sobre outras formas de infusão, sem significância estatística. Esta conduta esteve em consonância com a característica da clientela atendida na unidade em estudo, que permanece por maior tempo em pausa alimentar, necessitando da administração de fluidos de manutenção, com ou sem acréscimo de eletrólitos. Estudo descritivo sobre o uso de 496 cateteres venosos periféricos em crianças, identificou 451 (91,3%) cateteres que receberam infusão contínua de terapia de reposição.55 Os métodos de infusão empregados na administração de soluções e fármacos apresentaram distribuição estatisticamente semelhante entre os grupos, embora com predominância do método gravitacional no GE (39,8%), enquanto que no GC observa-se maior frequência comparativa de utilização da bomba de infusão (27,5%) e do método gravitacional (27,5%). Em estudo, Phelps e Helms75 verificaram que o método de administração da solução ou do fármaco, ou seja, por gotejamento gravitacional, bomba de infusão ou bolus, interfere na ocorrência de infiltração, e não propriamente o tipo de solução ou fármaco. Contudo, na presente investigação, não foi identificada relação do método de infusão com a ocorrência de complicações da TIV. A maioria dos cateteres recebeu a infusão de solução e de apenas uma, nos grupos experimental e controle, relacionado à predominância de cirurgias potencialmente contaminadas, principalmente com diagnóstico médico de hipertrofia adenoamigdaliana, em que era realizada a DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 140 infusão de soluções iniciadas no período pré-operatório, permanecendo até o pós-operatório imediato e o término do período de jejum, no qual a terapêutica com antibióticos e analgésicos, se indicada, era administrada por via oral. As soluções eram predominantemente do tipo glicosado a 5% ou a 10% associadas a eletrólitos, que são indicados para crianças que necessitam de manutenção, reposição ou correção eletrolítica, por deficiência prévia ou por prejuízo na ingesta alimentar. Dentre os eletrólitos mais utilizados na terapia intravenosa, apenas os íons bicarbonato não foram identificados neste estudo.2,64 Dezesseis (6,2%) cateteres receberam a administração de solução de NaCl 0,9% para manutenção de sua permeabilidade e para administração intermitente de fármacos. A solução era infundida por bomba de infusão, em velocidade baixa o suficiente para evitar o retorno sanguíneo pelo cateter e o risco de sobrecarga de volume à criança, determinada pela enfermeira e registrada em prescrição de enfermagem. A infusão de hemocomponentes foi identificada em três cateteres, e a mesma frequência foi observada quanto à infusão de nutrição parenteral total. Segundo os dados primários, a administração de hemocomponentes foi realizada em crianças portadoras de anemia falciforme, que apresentavam indicação cirúrgica, mas valores inadequados de hemoglobina. O uso de nutrição parenteral total ocorreu em crianças com afecções que impossibilitaram a utilização parcial ou total do aparelho digestório, como em pósoperatório de grandes cirurgias, jejum oral por mais de cinco dias em crianças eutróficas e por mais de três dias em prematuros com peso inferior a 1800 gramas, e em desnutridos, com o objetivo de recuperar ou manter o estado nutricional do paciente.160-161 Quando avaliada a infusão de fármacos, isoladamente ou em associação com soluções, observa-se que o GE recebeu menor infusão de fármacos (43,5%), quando comparado ao GC (52,2%), sem diferença estatisticamente significante entre os grupos. Com relação ao número de fármacos administrados nos CIP, evidencia-se uma predominância da não administração de fármacos no GE (55,9%), quando comparado ao GC (47,8%). Por se tratar de crianças que foram submetidas a procedimentos cirúrgicos, alguns medicamentos conhecidos como sintomáticos foram administrados, como analgésicos, antitérmicos, antieméticos, antiulcerosos, anticoagulantes, corticosteróides, além de antibióticos. Estudo descritivo realizado em quatro unidades pediátricas de um hospital universitário de 720 leitos da cidade de São Paulo, sobre a administração de medicamentos por via intravenosa em crianças, identificou que, por características específicas da faixa etária pediátrica, DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 141 existe a maior indicação da administração de medicamentos por via intravenosa, quando comparado ao adulto, do que por outras vias como intramuscular e oral. Neste estudo, os autores observaram média maior de doses de medicamentos na unidade cirúrgica infantil, comparativamente às unidades clínicas e de infectologia, relacionada à terapêutica pós-operatória de mais doses de antibióticos, com predominância da amicacina e da vancomicina, e de medicamentos sintomáticos como analgésicos e antieméticos.162 O hospital pesquisado serve de campo de ensino para as áreas de medicina, enfermagem, psicologia, fonoaudiologia e caracteriza-se como de atendimento terciário, o que tem correlação com a gravidade dos pacientes atendidos, pois se torna hospital de referência para elucidação diagnóstica e tratamento de patologias complexas, que podem necessitar de maior diversidade e quantidade de medicamentos para se obterem os resultados necessários para a cura, relacionando-se ao encontrado no atual estudo, no qual foi identificada a administração de até seis tipos de fármacos.162 A administração de soluções e fármacos com características de risco, descritas como capazes de causar complicações da TIV foi predominante (GE – 82,6%, GC – 79,8%) e similarmente distribuída nos dois grupos de estudo. Soluções ou fármacos com extremos de pH e osmolaridade, aumentam o risco de flebite, destacando-se o cloreto de potássio, a glicose hipertônica, os aminoácidos e os lipídeos e, dentre os fármacos, os antibióticos, especialmente os beta-lactâmicos, a vancomicina e o metronidazol.96 Frente a estas características, as crianças estudadas receberam várias soluções e fármacos que possuíam propriedades de risco para a ocorrência de complicações, entretanto não foi possível identificar associação com esta ocorrência devido à distribuição semelhante entre os grupos de estudo. Fez parte desta investigação a análise da experiência e a qualificação das enfermeiras que executaram a PVP e dos profissionais que realizaram a USV. O tempo de formação dos executantes da PVP foi similar nos dois grupos de estudo. A rotina da unidade em estudo compreende a PVP como procedimento restrito do enfermeiro, o que se manteve durante a coleta de dados, desta forma, as enfermeiras responsáveis pelas punções possuíam mediana de seis anos de formação e quatro anos de tempo de trabalho em enfermagem pediátrica, e apesar da presença de profissionais considerados novatos, por terem um ano de formação, a mediana obtida, pode classificá-los como profissionais experientes e qualificados, pois a maior parte das enfermeiras que realizaram a PVP eram especialistas em pediatria. DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 142 Com relação aos profissionais executantes da USV, o tempo de formação variou de um a 13 anos, mas vale ressaltar que o profissional com 13 anos de tempo de formação era a médica especialista em cirurgia vascular, que participou da capacitação das enfermeiras para a realização da USV, realizou duas avaliações ultrassonográficas durante a coleta de dados e nenhuma PVP. Dentre as enfermeiras, o tempo de formação variou de um a nove anos, sendo que todas as profissionais foram submetidas à mesma capacitação para o uso do EUSV. A obtenção do acesso venoso periférico em crianças pode ser considerada uma intervenção complexa durante o cotidiano da assistência em enfermagem pediátrica. Algumas instituições hospitalares preferem contratar enfermeiros especialistas em pediatria ou experientes em TIV. A habilidade do profissional e a frequência de sucesso para obtenção do acesso venoso, de acordo com o número de tentativas de punção, podem influenciar a satisfação do paciente e da família.131 Estudo prospectivo desenvolvido em um hospital universitário da Califórnia, sobre a comparação da frequência de sucesso de obtenção de acesso venoso periférico e satisfação do paciente, com o uso ou não de USV, em pacientes com dificuldade de acesso periférico, evidenciou frequência de obtenção do acesso de 46,0% e média de número de tentativas de punção de 2,5 no grupo que não utilizou USV e 86,0% no grupo com USV, com 1,3 tentativas de punção. Os pacientes que foram submetidos às punções guiadas por USV apresentaram-se mais satisfeitos, com média de 7,2 em escala de satisfação de zero a 10, quando comparado ao grupo que foi submetido ao método convencional de punção, que foi de 2,7 (p=0,02). Os autores concluíram que a utilização da USV para obtenção de acesso venoso periférico em pacientes considerados de difícil rede venosa resulta em maior frequência de sucesso, menor número de tentativas de punção e maior satisfação do paciente quando comparado ao método convencional.130 Na presente investigação não foi avaliada a satisfação do paciente e da família durante a utilização da USV, mas estudos do grupo de pesquisas SEGTEC vêm sendo desenvolvidos com o objetivo de investigar as percepções e satisfação do paciente relacionadas ao uso da USV. Tentativas de punção sem sucesso podem afetar de modo adverso as percepções e atitudes dos pacientes e familiares em relação aos enfermeiros e ao cuidado prestado. As percepções dos pacientes e famílias sobre o cuidado de enfermagem são fortemente relacionadas com suas crenças sobre a habilidade do profissional na realização de procedimentos como a PVP.122 Diversos autores discorrem sobre o desafio que profissionais, mesmo experientes, se deparam durante a realização da PVP especialmente em crianças, adultos obesos, usuários de DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 143 drogas injetáveis, pacientes edemaciados, portadores de patologias renais, vasculares, deformidades congênitas, hipovolêmicos ou submetidos a hospitalizações frequentes. O problema pode ser causado por trombose ou cicatrizes de outras punções que são normalmente visualizadas nas mãos e nos antebraços, ou decorrente da dificuldade de palpação e visualização da rede venosa devido ao tecido subcutâneo aumentado ou edema.24,40,133,138 Estudo descritivo conduzido em hospital nos EUA, sobre os fatores que influenciam no aumento da dificuldade na inserção de CIP, identificou 77,0% de tentativas de punção com sucesso, das 339 inserções realizadas por 34 enfermeiras. Os autores verificaram que quanto maior a experiência do profissional (p< 0,001), a idade (p< 0,001) e a realização de especialização (p< 0,001) são mais elevadas as taxas de sucesso.122 Pesquisa que avaliou 656 tentativas de punção venosa em um hospital pediátrico identificou maior sucesso na primeira tentativa da punção realizada por enfermeiros especialistas (98,0%), quando comparado a enfermeiros generalistas (44,0%) e médicos (23,0%).163 Para a realização da presente investigação, que se caracteriza como parte de um projeto de pesquisa que também analisou o uso da USV para direcionar a inserção de cateteres centrais de inserção periférica e cateteres arteriais, os profissionais que participaram da coleta dos dados foram capacitados e submetidos a processos de validação do conhecimento. A capacitação do profissional para a obtenção do acesso venoso periférico deve enfocar a aquisição de habilidades motoras e visuais, sendo que o profissional visualiza ou não o vaso a ser puncionado, mantendo a visualização do local durante todo o procedimento, muitas vezes sem desviar o olhar para a instalação do curativo e fixação do cateter. No momento da utilização da USV para inserção de CIP, o profissional deve visualizar o local a ser puncionado, posicionar o transdutor neste local, realizar a antissepsia do membro, perfurar a pele, e neste momento, identificar o direcionamento do cateter no monitor do equipamento, exigindo o desenvolvimento de nova habilidade, a coordenação mãos-olhos, pois a partir da imagem identificada no monitor, o profissional decidirá qual angulação deverá realizar com o cateter para acessar o vaso. Acredita-se que para indivíduos de gerações mais jovens que utilizaram vídeo games com joystick durante sua infância, e apresentam a coordenação mãos-olhos desenvolvida; e para profissionais recém-formados, ainda no início da aquisição e desenvolvimento de habilidades técnicas, a inclusão de nova tecnologia para obtenção do acesso venoso seja mais fácil, pois a coordenação mãos-olhos, necessária à utilização da USV, poderá ser desenvolvida juntamente com a habilidade técnica da punção venosa, sendo uma das metas futuras do grupo de pesquisadores, a introdução do ensino do uso da USV para instalação de CIP em simuladores, durante aulas práticas para alunos de graduação em enfermagem. DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 144 Para profissionais mais experientes, a mudança técnica causou estranhamento e dúvidas quanto à possibilidade de causar danos ao paciente, pois a visão estava sendo desviada para o monitor que exibia uma imagem ainda pouco familiar, além da condição em que o profissional não visualizava a introdução do cateter da forma rotineira, no membro da criança, contribuindo para o sentimento de insegurança que poderia estar realizando uma punção ineficaz, com redução da segurança do paciente. No início do desenvolvimento da pesquisa, relatos deste tipo eram frequentes, provavelmente devido à característica inovadora do emprego da USV para PVP em crianças. Após a aquisição da coordenação mãos-olhos e constatações sobre a efetividade de algumas punções guiadas pela USV, a sensação de insegurança foi atenuada e a utilização do equipamento foi instituída no dia-a-dia da unidade. Estudo realizado na Geórgia - EUA exemplifica o processo de capacitação de enfermeiras que atuam em unidades de emergência, para o uso da USV. O autor indica a realização do treinamento com duas horas de duração, incluindo 45 minutos de aula expositiva sobre os princípios físicos da ultrassonografia, técnicas de acesso vascular e vídeos ilustrativos sobre a inserção de cateteres guiada por USV. Os 75 minutos restantes incluem a demonstração do uso e a realização do procedimento em um manequim de acesso vascular.133 O estudo supra citado demonstra sucesso na PVP guiada por USV realizada por enfermeiras de 87,0% (280 em 321 tentativas), valor considerado aceitável quando comparado à taxa apresentada por médicos (91,0%), que utilizaram a mesma técnica.133 Processos educacionais com profissionais experientes devem ser oferecidos pelos fabricantes dos materiais para obtenção do acesso vascular, instituições de saúde ou consultores qualificados. O entendimento da complexidade da anatomia e fisiologia vascular preparam o profissional para uma abordagem menos traumática da pele e da parede vascular, e a partir da aplicação do conhecimento na prática, pode ocorrer a redução de complicações relacionadas.17 Em nossa prática, o suporte oferecido após a capacitação pela profissional especialista em cirurgia vascular e em USV, foi de primordial importância para a assimilação do conhecimento teórico e da técnica de realização da USV. A aprendizagem envolve a obtenção de conhecimentos, habilidades e desenvolvimento de expertise para a execução da USV, que requer coordenação mãos-olhos para estabelecer o acesso vascular. Esta associação de conhecimentos e habilidades deve ser realizada na presença de um mentor experiente para promover o estabelecimento da nova habilidade. Normalmente esse processo requer entre 20 a 50 repetições do procedimento com sucesso, ou seja, a habilidade é DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 145 adquirida com o tempo, contribuindo para uma prática mais segura, constituindo uma desvantagem do método ultrassonográfico.17 Na presente pesquisa, a maior parte dos profissionais realizou menos de 20 procedimentos, podendo ter relação com a não efetividade do método ultrassonográfico quanto às variáveis de desfecho estudadas. Estudo randômico, prospectivo e observacional realizado com profissionais de um departamento de emergência, com o objetivo de avaliar a rapidez e a facilidade para obtenção de acesso vascular após 30 minutos de treinamento, sendo os profissionais caracterizados por possuir diferentes níveis de experiência, um profissional novato, dois novatos, e um novato sob orientação de um perito na realização da USV. O estudo foi desenvolvido em um simulador de acesso vascular e verificou que o profissional novato acompanhado pelo perito obteve o acesso em menor tempo (p=0,04), com menor dificuldade de punção (p=0,04) do que o novato sozinho.164 No que se relaciona à implementação da TIV, a punção venosa representa, aproximadamente, 85,0% de todas as atividades executadas pelos profissionais de enfermagem, sendo um procedimento que possui complexidade técnico-científica, o que exige do profissional competência e habilidade psicomotora. Por ser executada por profissionais com diferentes níveis de formação ou habilitação, pode haver variabilidade no desempenho, representando um procedimento invasivo e de risco, pois o cateter provoca o rompimento da proteção natural e, consequentemente, acarreta a comunicação do sistema venoso com o meio externo.157 O desempenho e a competência incluem comportamentos integrados alicerçados no conhecimento e habilidades desenvolvidas, sendo estes os requisitos básicos para os profissionais de saúde que realizam procedimentos em diferentes níveis de complexidade. A execução da PVP exige conhecimentos oriundos da anatomia, fisiologia, microbiologia, farmacologia, psicologia, dentre outros.157 A TIV caracteriza-se como procedimento multidisciplinar, porém, na sua execução, as funções da enfermeira pediatra requerem contínuos e desafiantes avanços, relacionados, principalmente, aos diferentes métodos e períodos de administração de fármacos, formas e agentes utilizados para a diluição, e problemas relacionados à incompatibilidade medicamentosa, decorrente tanto da associação de fármacos, como de fármacos e soluções.162 Autores relatam em estudo sobre tempo de permanência e complicações da terapia intravenosa em adultos, que apenas 20,0% das punções estudadas foram realizadas pelo enfermeiro, profissional com competência técnico-científica para avaliação da TIV e tomada de decisão acerca dos dispositivos e cuidados apropriados.137 DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 146 Devido à deficiência de políticas de saúde para o desenvolvimento e o aproveitamento de profissionais de enfermagem de nível superior, têm-se observado no Brasil, que os cuidados diretos ao paciente constituem atribuição predominantemente do profissional de nível médio, incluindo as atividades relacionadas à TIV.7 É responsabilidade dos profissionais de enfermagem assegurar aos pacientes uma assistência de qualidade e livre de riscos. Entretanto, as práticas relacionadas à administração de medicamentos em muitos hospitais, são exercidas eminentemente por profissionais de nível médio, sob a supervisão do enfermeiro, independente do tipo de terapia e risco que pode trazer ao paciente, com consequências também para as instituições e os profissionais. Além disso, acrescentam-se problemas como a falta de farmacêutico clínico, a indisponibilidade de protocolos assistenciais sobre o uso de medicamentos, o despreparo da equipe de enfermagem, insuficiente qualificação profissional, procedimentos técnicos desatualizados e escassez de recursos materiais, dentre outros aspectos.9,165-166 Para administrar um medicamento com segurança e eficiência, o enfermeiro deve conhecer a ação, os métodos e as vias de administração e eliminação, as reações colaterais, as doses máximas e terapêuticas, os efeitos tóxicos, além do conhecimento da técnica de administração e das necessidades do cliente. Estes requisitos não estão presentes na grande maioria das instituições brasileiras, na qual a responsabilidade da administração de medicamentos está sob responsabilidade de profissionais de nível médio, atuando muitas vezes sem supervisão de enfermeiros, em organizações que nem sempre priorizam a qualidade do cuidado.9,165 Segundo a Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, a RDC 45, de 12 de março de 2003, que dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas de Utilização das Soluções Parenterais (SP) em Serviços de Saúde, no Anexo II que trata sobre as boas práticas de preparo e administração das SP, o Item 3.2. Administração, subitens 3.2.2. e 3.2.19., respectivamente, ditam que “o enfermeiro é o responsável pela administração das SP e prescrição dos cuidados de enfermagem em âmbito hospitalar, ambulatorial e domiciliar” e “é responsabilidade do enfermeiro estabelecer o acesso venoso periférico, incluindo o Cateter Central de Inserção Periférica (PICC)”.167 Desta forma, respeitando-se o que é determinado pela Resolução supracitada, todas as PVP foram realizadas pelas enfermeiras da unidade em estudo, não somente durante a coleta de dados da pesquisa, mas na rotina diária do local, pois se compreende a complexidade do procedimento e a importância de uma abordagem profissional qualificada, desde a indicação do tipo de cateter até sua retirada. DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 147 Devido às diversas atribuições assistenciais e administrativas do enfermeiro, e a relação enfermeiro paciente não propiciar o cuidado direto do enfermeiro no que concerne à TIV, a administração é prescrita por este profissional e delegada, sob supervisão, ao profissional de nível médio, previamente capacitado para administração das soluções e fármacos e identificação de complicações relacionadas à TIV. Quanto à administração da TIV periférica, segundo a mesma Resolução, o Item 3.2.3. apresenta que “a equipe de enfermagem envolvida na administração da SP é formada pelo enfermeiro, técnico e ou auxiliar de enfermagem, tendo cada profissional suas atribuições específicas em conformidade com a legislação vigente”.167 Desta forma, na unidade de estudo, a administração da TIV é planejada pelas enfermeiras e realizada de modo compartilhado com técnicos e auxiliares de enfermagem, segundo protocolo estabelecido e prescrição da administração da TIV realizada pela enfermeira da unidade, que contém o aprazamento da prescrição, o tipo e o volume do diluente, bem como o método e o tempo de infusão dos medicamentos e soluções. A escolha do profissional que irá realizar a punção venosa deve ser feita com base nas condições da rede venosa da criança e na habilidade técnica do profissional, que acreditamos ter relação com o número de repetições do procedimento e com o tempo de trabalho na especialidade. Em crianças com rede venosa de difícil acesso, profissionais que possuem maior habilidade técnica são requisitados para sua realização. A segurança dos pacientes no decorrer da assistência à saúde é um compromisso ético assumido pelos profissionais de enfermagem desde a sua formação, e que encontra nos modelos gerenciais, modernos instrumentos para a sua afirmação, apesar das falhas observadas nos sistemas de prestação de cuidados à saúde. A atual gestão de qualidade total nas instituições empresariais de um modo geral, e nas de saúde, em particular, tem como um dos princípios básicos, o atendimento à clientela com o fornecimento de bens e de serviços que promovam a sua máxima satisfação e o mínimo, senão a ausência total, de riscos e falhas que possam comprometer a qualidade e segurança pretendidas.168 Atualmente, com o rápido avanço tecnológico relacionado a TIV, surge a necessidade de equipes e profissionais, principalmente de enfermeiros especialistas em TIV, para promoverem o desenvolvimento de práticas fundamentadas em conhecimento científico.67,95 Segundo os padrões estabelecidos pela INS, a enfermeira responsável pela terapia deve ter conhecimento teórico e habilidade prática, bem como conhecer as indicações, efeitos colaterais e possíveis reações adversas dos medicamentos. Deve elaborar o plano de cuidados, DISCUSSÃO ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 148 acompanhar a evolução e a efetividade da terapia prescrita, documentando a resposta do paciente e as intervenções necessárias para se alcançar o resultado esperado.67 Desta forma, a capacitação do profissional para a realização da PVP guiada pela USV com agregação de valores culturais, conhecimentos e habilidades, transformou a prática na unidade hospitalar estudada, pois estes profissionais capacitados podem utilizar atributos tecnológicos para a melhor implementação da TIV em crianças com difícil acesso venoso, além de receber o reconhecimento da competência e qualidade do cuidado prestado por parte de profissionais de outras categorias, pacientes e familiares. Apesar de não serem identificadas diferenças significantes entre a utilização da USV e o método tradicional de punção, destacam-se como implicações para a prática, que a introdução de uma nova tecnologia com o intuito de promover maior obtenção do acesso venoso, maior assertividade, maior tempo de permanência do cateter e redução de complicações locais da TIV, estimulou a aquisição e o desenvolvimento de habilidades pelas enfermeiras que foram capacitadas para a execução do estudo, bem como outras que estão sendo realizadas pelo grupo de pesquisa, e que hoje, incluem a aquisição da imagem ultrassonográfica na rotina diária da unidade de cirurgia pediátrica, principalmente para crianças com histórico de difícil acesso venoso, cicatrizes de punções pregressas e impossibilidade de visualização ou palpação da rede venosa periférica. Evidencia-se que a TIV ainda constitui grande campo de investigação para a enfermagem, com a necessidade de promoção de novas pesquisas que contribuam para o aprimoramento desta prática, especialmente em crianças com rede venosa de difícil acesso. 6 CONCLUSÕES CONCLUSÕES ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 149 6 CONCLUSÕES Frente aos achados deste estudo, observou-se que não houve diferença estatisticamente significante quanto ao índice de obtenção do acesso venoso periférico nos grupos, segundo o uso ou não da USV para PVP. Com relação à assertividade verificou-se em mais da metade das punções sucesso na primeira tentativa e remoção dos cateteres por indicação de alta do tratamento em ambos grupos de estudo, não se evidenciando diferença estatisticamente significante. Quanto ao tempo de permanência do cateter, identificou-se mediana inferior a um dia de permanência nos dois grupos, com tempo máximo de nove dias no GE e de quase oito dias no GC. Ressalta-se que mesmo na vigência de uma situação de maior tempo de permanência do cateter no GE, os dispositivos do GC permaneceram por mais tempo, contudo, não foi identificada diferença estatisticamente significante entre os grupos. Complicações da TIV compuseram aproximadamente 30,0% dos motivos de retirada dos cateteres antes da indicação de alta do tratamento, sem diferença estatisticamente significante entre os grupos. A infiltração foi a ocorrência mais frequente no grupo com uso da USV, com diferença significante quando comparado ao método tradicional. A flebite, a complicação mais observada no GC, apresentou distribuição marginalmente significante entre os grupos. A obstrução do cateter foi discretamente maior no GC, entretanto, sem diferença estatisticamente significante com o GE. Assim, pode-se concluir que o uso da USV na instalação de CIP em crianças promoveu índice de obtenção do acesso venoso periférico, assertividade, tempo de permanência e ocorrência de complicações locais da TIV, semelhantes a não utilização do EUSV, ou seja, com o uso do método tradicional de PVP, rejeitando-se as hipóteses propostas para a investigação. Ao término deste estudo, constata-se que a inovação da prática de enfermagem é um componente essencial para a evolução da ciência e da profissão. No que concerne à realização de punções venosas periféricas, pouca ou nenhuma inovação tem sido vista nas técnicas empregadas pelos profissionais para a realização desta intervenção, sendo que o desenvolvimento de métodos e técnicas de aprimoramento e otimização da habilidade técnica humana devem ser constantemente estudados, analisados, adaptados e transformados para a obtenção dos resultados cada vez mais profícuos pretendidos. CONCLUSÕES ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 150 Desta forma, esta investigação contribui com subsídios e estímulo para o desenvolvimento de outras pesquisas na área e para o aprimoramento da assistência de enfermagem prestada à criança submetida à TIV. 7 ANEXOS ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 151 7 ANEXOS Anexo 1: Termo de consentimento livre e esclarecido. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Título do projeto: Ultrassonografia vascular na utilização de cateteres intravenosos periféricos em crianças: estudo clínico, randômico e controlado. Este estudo tem como objetivos verificar se um aparelho de ultrassonografia ajuda a achar a veia mais facilmente e identificar a ocorrência de infiltração, flebite e obstrução de cateter intravenoso periférico em crianças. A infiltração (saída de soro de dentro da veia), a flebite (inflamação da veia) e a obstrução (entupimento) do cateter são as complicações da terapia intravenosa mais freqüentemente observadas em crianças, podendo variar de graus leves a elevados, comprometendo as atividades da criança. Realizaremos um estudo para a avaliação do local de inserção dos cateteres, com ou sem o uso de um aparelho de ultrassonografia, para verificar se existe a possibilidade de identificação da ocorrência destas complicações. Garantimos a você o conhecimento dos resultados deste estudo, sendo que informamos que o pesquisador principal é a Enfermeira Ariane Ferreira Machado Avelar que pode ser encontrada no endereço: Rua Napoleão de Barros 715, 1º andar, Vila Clementino, São Paulo, Telefone(s): 5576-4574. Caso V.S.a. tenha alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) – Rua Botucatu, 572 – 1º andar, sala 14 – 5571-1062, FAX: 5539-7162. É garantida sua liberdade de retirar o consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo à continuidade de seu tratamento na Instituição, assim como é garantido seu anonimato. Informamos que não há despesas pessoais para o participante em qualquer fase do estudo e que também não há compensação financeira relacionada à sua participação. Se existir qualquer despesa adicional, ela será absorvida pelo orçamento da pesquisa. Em caso de dano pessoal, diretamente causado pelos procedimentos ou tratamentos propostos neste estudo, o participante tem direito a tratamento médico na Instituição, bem como às indenizações legalmente estabelecidas. ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 152 Os pesquisadores se comprometem a utilizar os dados e o material coletado somente para esta pesquisa. Afirmo ter sido suficientemente informado a respeito do estudo: Ultrassonografia vascular na utilização de cateteres intravenosos periféricos em crianças: estudo clínico, randômico e controlado. Ficaram claros, para mim, quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro, também, que minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia de acesso aos resultados da pesquisa. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e sei que poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante sua realização, sem penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido com este estudo. ----------------------------------------------------------------------Assinatura do responsável legal -----------------------------------------------------------------------Assinatura da Criança / Adolescente ------------------------------------------------------------------------Assinatura da testemunha Data / / (Somente para o responsável do projeto) Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participação neste estudo. ------------------------------------------------------------------------Assinatura do responsável pelo estudo Data: / / ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 153 Anexo 2: Lista de randomização dos grupos de estudo (C: Grupo Controle; E: Grupo Experimental). Randomização 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 Grupo C E E E C C C C C C E C C E C E E C E C C C E E E C C C C C E C E E C E C E E C E E E E E E C E E Randomização 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 Grupo C C E E E C E C C E C E C C C E C E C C E C E E C E C E C E C E C C E E C E E E E E E C C E C C C Randomização 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 112 113 114 115 116 117 118 119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 Grupo E C E C C C C E C C C C C C C E C C E C E C E E C C E E E C C E E E C E E E C E E E C E C E C C E ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Randomização 149 150 151 152 153 154 155 156 157 158 159 160 161 162 163 164 165 166 167 168 169 170 171 172 173 174 175 176 177 178 179 180 181 182 183 184 185 186 187 188 189 190 191 192 193 194 195 196 197 Grupo E E E C E E E C E C C E E E C E E E C E E C C C C C C C C E C E E C E E E C E C E C C E E C E C E Randomização 198 199 200 201 202 203 204 205 206 207 208 209 210 211 212 213 214 215 216 217 218 219 220 221 222 223 224 225 226 227 228 229 230 231 232 233 234 235 236 237 238 239 240 241 242 243 244 245 246 Grupo C C C C C C C E E E C E E E E C E C C C E E E C E C C E E C C E C E E E E E C E C E C C E C E E E Randomização 247 248 249 250 251 252 253 254 255 256 257 258 259 260 261 262 263 264 265 266 267 268 269 270 271 272 273 274 275 276 277 278 279 280 281 282 283 284 285 286 287 288 289 290 291 292 293 294 295 Grupo C C E C C C C E E E E C C C E E E C E E C E E E E C C E E C C E E C E C C E C C E C C C E C E C C 154 ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Randomização 296 297 298 299 300 301 302 303 304 305 306 307 308 309 310 311 312 313 314 315 316 317 318 319 320 321 322 323 324 325 326 327 328 329 330 331 332 333 334 335 336 337 338 339 340 341 342 343 344 Grupo E C C E E C C E C C E C E C C E C E C C C E C E E E C E C C E C C C C E C C C E C E E C C E E C C Randomização 345 346 347 348 349 350 351 352 353 354 355 356 357 358 359 360 361 362 363 364 365 366 367 368 369 370 371 372 373 374 375 376 377 378 379 380 381 382 383 384 385 386 387 388 389 390 391 392 393 Grupo E C E E C C C C E C E C C E E E C E E C C E E E E C E E E E E E C C E C C C C E E C C E C C E C C Randomização 394 395 396 397 398 399 400 Grupo C E E E E C E 155 ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Anexo 3: Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição. 0 156 ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 157 ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Anexo 4: Escalas de classificação de infiltração e flebite. Escala de classificação de infiltração 0 Sem sinais clínicos. 1 Pele fria e pálida, edema menor que 2,5 cm em qualquer direção, com ou sem dor local. 2 Pele fria e pálida, edema entre 2,5 e 15 cm em qualquer direção, com ou sem dor local. 3 Pele fria, pálida e translúcida, edema maior que 15 cm em qualquer direção, dor local variando de média a moderada, possível diminuição da sensibilidade. 4 Pele fria, pálida, translúcida, edema maior que 15 cm em qualquer direção, dor local variando de moderada a severa, diminuição da sensibilidade, comprometimento circulatório. Ocorre na infiltração de derivados sanguíneos, substâncias irritantes ou vesicantes (extravasamento). Fonte: Infusion Nurses Society. Infusion Nursing: Standards of Practice. J Infus Nurs 2006; 29(1S): S1-S78. Escala de classificação de flebite 0 Sem sinais clínicos. 1 Presença de eritema, com ou sem dor local. 2 Presença de dor, com eritema e ou edema. 3 Presença de dor, com eritema e ou edema, com endurecimento e cordão fibroso palpável. 4 Presença de dor, com eritema e ou edema, com endurecimento e cordão fibroso palpável maior que 2,5 cm de comprimento, drenagem purulenta. Fonte: Infusion Nurses Society. Infusion Nursing: Standards of Practice. J Infus Nurs 2006; 29(1S): S1-S78. 158 ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 159 Anexo 5: Guia prático para punção venosa periférica. Universidade Federal de São Paulo GUIA PRÁTICO Ariane Ferreira Machado Avelar São Paulo – 2008 ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 160 PUNÇÃO VENOSA PERIFÉRICA GUIADA POR ULTRASSONOGRAFIA VASCULAR 1. Lavar as mãos e preparar o material para a punção venosa e realização do curativo do cateter. 2. Colocar o suporte para soro ao lado da maca da sala de procedimentos. 3. Posicionar a bureta graduada, a solução intravenosa (caso necessário) e a bomba de infusão, se indicado. 4. Aquecer o gel condutor por dez minutos até a temperatura de 38ºC . 5. Acionar o equipamento de ultrassom. 6. Aplicar o gel condutor no transdutor. ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 161 7. Selecionar a veia por palpação e visualização, dando preferência à localização que não restrinja a movimentação da criança. Iniciar sempre por localização mais distal e de fácil fixação. 8. Realizar dilatação da veia, a partir da aplicação de torniquete (luva de látex - I ou compressão manual – II), a fim de promover maior enchimento venoso. I II 9. Posicionar o transdutor no sentido longitudinal (I) e transversal (II) e avaliar a rede venosa local. I II 10. Selecionar a veia com auxílio do equipamento de ultrassom, dando preferência à de localização que não restrinja a movimentação da criança. Iniciar sempre por localização mais distal e de fácil fixação. 11. Identificar a estrutura venosa, investigando a presença de trombos, válvulas, estruturas e imagens anormais, em seu interior e na região adjacente. 12. Pressionar o transdutor contra a pele para confirmar a compressibilidade da veia. 13. Remover o torniquete do membro. 14. Selecionar o cateter. Sempre que possível optar por um cateter de menor calibre, de acordo com a indicação clínica, para preservar a parede do vaso. ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 162 15. Calçar as luvas. 16. Realizar o giro de 360º da agulha pelo dispositivo de segurança do cateter, segurandoo pelas asas. Confirmar se o bisel está voltado para cima. 17. Conectar uma seringa de 5 ml e preencher o tubo extensor com solução de NaCl 0,9%. 18. Aplicar o torniquete três dedos acima do local da punção venosa, se indicado. 19. Posicionar o transdutor no centro do vaso e confirmar visualização da imagem. 20. Realizar antissepsia da pele com álcool a 70%, com movimentação circular vigorosa no sentido do centro para fora, em um diâmetro de 5 cm a 8 cm. 21. Inserir o cateter com o bisel da agulha para cima, segundo o método direto ou indireto de punção venosa∗. ∗Método Direto: Inserir o cateter diretamente sobre a veia, em um ângulo de 30o a 45o; penetrar todas as camadas da veia com um movimento. Método Indireto: Inserir o cateter delicadamente em um ângulo de 30o a 45o na pele ao lado da veia; manter alinhamento paralelo e avançar através do subcutâneo; puncionar a veia e diminuir o ângulo assim que o cateter penetrar na veia. ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 163 22. Visualizar a ponta do cateter e a penetração na veia, no monitor do equipamento. 23. Ao visualizar o refluxo sanguíneo, diminuir o ângulo de introdução do cateter em relação à pele, tracionar o mandril até que o bisel fique coberto pelo cateter e prosseguir até introdução total do cateter. 24. Remover o torniquete. 25. Retirar o mandril do cateter. 26. Testar a localização do cateter no interior do vaso com seringa contendo solução de NaCl 0,9%. 27. Realizar o curativo no local de inserção do CIP. 28. Fixar as asas do dispositivo com a fita adesiva hipoalergênica estéril. 29. Colocar a fita hipoalergênica com o lado adesivo sob o cateter, passando uma ponta para a direita e outra para esquerda, formando um “V”. ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 164 30. Posicionar a película transparente sobre o local de inserção do cateter, pressionando-a contra o tubo extensor, mantendo um túnel para melhor aderência. 31. Retirar o papel inferior e superior de proteção da película. 32. Fixar o tubo extensor com fita adesiva hipoalergênica. 33. Retirar as luvas. 34. Posicionar a tala de braço e fixar com fita hipoalergênica, caso necessário. ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 165 35. Registrar data, horário e o nome do responsável pelo procedimento, na etiqueta adesiva ao lado do curativo ou próximo ao extensor do cateter. 36. Registrar o procedimento no protocolo de pesquisa e documentação do paciente. 37. Na vigência de insucesso da punção, realizar nova intervenção. 38. Encaminhar a criança ao berço. 39. Remover e desprezar adequadamente o material. ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 166 AVALIAÇÃO DO LOCAL DE INSERÇÃO DO CIP COM EQUIPAMENTO USV 1. Lavar as mãos. 2. Aquecer o gel condutor por dez minutos até a temperatura de 38ºC. 3. Acionar o equipamento de ultrassom. 4. Aplicar o gel condutor no transdutor. 5. Posicionar o transdutor sobre o curativo do cateter, no sentido transversal e longitudinal. 6. Avaliar a veia na dimensão longitudinal e transversal. 7. Visualizar posicionamento do cateter no interior do vaso. ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 167 8. Identificar imagens sugestivas de ocorrência de infiltração e flebite no local de inserção do CIP e região adjacente. 9. Aplicar as escalas de classificação de infiltração e flebite. 10. Remover o gel do curativo, com auxílio de gaze estéril. 11. Desligar o equipamento. 12. Lavar as mãos. 13. Na vigência de complicações, proceder à retirada do cateter e documentar o procedimento. 14. Se a avaliação evidenciar posicionamento adequado do cateter e ausência de complicações, documentar o procedimento. ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 168 PUNÇÃO VENOSA PERIFÉRICA PELO MÉTODO TRADICIONAL 1. Lavar as mãos e preparar o material para a punção venosa e realização do curativo do cateter. 2. Colocar o suporte para soro ao lado da maca da sala de procedimentos. 3. Posicionar a bureta graduada, a solução intravenosa (caso necessário) e a bomba de infusão, se indicado. 4. Calçar as luvas. 5. Realizar dilatação da veia, a partir da aplicação de torniquete (luva de látex - I ou compressão manual - II), a fim de promover o maior enchimento vascular. I II 6. Selecionar a veia por palpação e visualização, dando preferência à localização que não restrinja a movimentação da criança. Iniciar sempre por localização mais distal e de fácil fixação. 7. Remover o torniquete do membro. 8. Selecionar o cateter. Sempre que possível optar por um cateter de menor calibre, para preservar a parede do vaso de acordo com a indicação clínica. 9. Realizar o giro de 360º da agulha pelo dispositivo de segurança do cateter, segurando-o pelas asas. Confirmar se o bisel está voltado para cima. ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 169 10. Conectar uma seringa de 5 ml e preencher o tubo extensor com solução de NaCl 0,9%. 11. Aplicar o torniquete três dedos acima do local da punção venosa, se indicado. 12. Realizar antissepsia da pele com álcool a 70%, com movimentação circular vigorosa no sentido do centro para fora, em um diâmetro de 5 cm a 8 cm. 13. Inserir o cateter na veia com o bisel da agulha para cima, segundo o método direto ou indireto∗ e punção venosa. ∗Método Direto: Inserir o cateter diretamente sobre a veia, em um ângulo de 30o a 45o; penetrar todas as camadas da veia com um movimento. Método Indireto: Inserir o cateter delicadamente em um ângulo de 30o a 45o na pele ao lado da veia; manter alinhamento paralelo e avançar através do subcutâneo; puncionar a veia e diminuir o ângulo assim que o cateter penetrar na veia. 14. Ao visualizar o refluxo sanguíneo, diminuir o ângulo de introdução do cateter em relação à pele, tracionar o mandril até que o bisel fique coberto pelo cateter e prosseguir até introdução total do cateter. 15. Remover o torniquete. 16. Retirar o mandril do cateter. ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 170 17. Testar a localização do cateter com a seringa com a infusão de 2 ml de solução de NaCl 0,9%. 18. Instalar a solução. 19. Realizar o curativo do cateter. 20. Fixar as asas do dispositivo com a fita adesiva hipoalergênica estéril. 21. Colocar a fita hipoalergênica com o lado adesivo sob o cateter, passando uma ponta para a direita e outra para esquerda, formando um “V”. 22. Posicionar a película transparente sobre o local de inserção do cateter, pressionando-a contra o tubo extensor, mantendo um túnel para melhor aderência. 23. Retirar o papel inferior e superior de proteção da película. ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 171 24. Fixar o tubo extensor com fita adesiva hipoalergênica. 25. Retirar as luvas. 26. Posicionar a tala de braço e fixar com fita hipoalergênica, caso necessário. 27. Registrar data, horário e o nome do responsável pelo procedimento, na etiqueta adesiva ao lado do curativo ou próximo ao extensor do cateter. 28. Registrar o procedimento no protocolo de pesquisa e documentação do paciente. 29. Na vigência de insucesso da punção, realizar nova intervenção. 30. Encaminhar a criança ao berço. 31. Remover e desprezar adequadamente o material. ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 172 AVALIAÇÃO DO LOCAL DE INSERÇÃO DO CIP PELO MÉTODO TRADICIONAL 1. Lavar as mãos. 2. Realizar visualização e palpação do local de inserção do CIP e região adjacente. 3. Identificar condições sugestivas da ocorrência de infiltração (edema, pele fria, dor local) e flebite (hiperemia, cordão fibroso, calor) no local de inserção do CIP e região adjacente. 4. Aplicar as escalas de classificação de infiltração e flebite. 5. Lavar as mãos. 6. Na vigência de complicações, proceder à retirada do cateter e documentar o procedimento. 7. Se a avaliação evidenciar posicionamento adequado do cateter e ausência de complicações, documentar o procedimento. ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 173 Anexo 6: Distribuição dos diagnósticos médicos, cirurgias realizadas e potencial de contaminação das cirurgias nos grupos de estudo. Diagnóstico médico Cisto tireoglosso Cranioestenose Fissura facial Medula presa Comunicação inter atrial / ventricular Esplenomegalia ( Anemia Falciforme) Tumor em membro inferior Massa inguinal Coarctação da aorta Higroma cervical Luxação congênita de quadril Descolamento de retina Displasia de quadril Brida cutânea Escoliose Deformidade em membros inferiores Ceratocone Neuroblastoma cervical Microtia Fratura (Coluna, rádio, úmero) Tumor periorbital Epifisiólise Alopécia Cisto sebáceo Câncer de tireóide Atrofia orbital Dedo extranumerário Osteoartrose de quadril Osteogênese imperfecta Cisto de mesentério Ptose palpebral PO fratura / osteossíntese Nódulo occipital Sindactilia Lesão vulvar Papilomatose laríngea Cisto de colédoco Fibromatose orofaríngea Fenda palatina Colecistite crônica calculosa Hipospádia Obstrução de vias lacrimais Cirurgia realizada Potencial Contaminação GE GC Total Ressecção Cranioplastia Reconstrução de face Correção de disrafismo espinhal Fechamento septo atrial/ventricular Esplenectomia Ressecção Ressecção Aortoplastia Ressecção Osteotomia Retinopexia Osteotomia de Chiari Zetaplastia Correção de escoliose Osteotomias corretivas Transplante de córnea Ressecção Reconstrução de orelha Redução e osteossíntese Ressecção Pinagem in situ Colocação de expansor Ressecção Tireoidectomia Reconstrução de órbita Excisão e sutura Artroplastia Osteotomias corretivas Ressecção Suspensão de supercílio Retirada de material de síntese Ressecção de nódulo Liberação inter digital Biópsia vulvar Resseção Ressecção, anastomose biliodigestiva Ressecção Palatoplastia Colecistectomia Uretroplastia Dacriocistorrinostomia Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Limpa Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada 1 2 0 1 3 6 1 0 1 1 1 2 1 3 0 4 0 1 3 6 1 1 1 0 1 1 1 1 0 1 0 1 0 1 1 16 2 2 0 1 10 3 3 4 1 0 1 2 0 1 0 1 7 0 4 2 1 5 1 0 0 6 1 2 0 1 1 1 0 0 2 0 1 1 1 1 0 8 0 0 5 3 10 0 4 6 1 1 4 8 1 1 1 2 8 2 5 5 1 9 1 1 3 12 2 3 1 1 2 2 1 1 2 1 1 2 1 2 1 24 2 2 5 4 20 3 ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Diagnóstico médico Anquilose Pópilo nasal Malformação renal Tumor vesical Condiloma anal Obstrução cateter Tenckoff Catarata congênita Bexiga neurogênica Freio lingual Nefrolitíase Massa torácica Hipertrofia adenoamigdaliana Refluxo vesico ureteral Refluxo gastro esofágico Colecistite Perfuração ocular Enfisema lobar congênito Fenda labial Acalásia esofágica Ureterocele, refluxo vesico ureteral Insuficiência hepática Epispádia Atresia de esôfago Catarata traumática Estenose uretral Desvio de septo Estenose glótica Otite média crônica Glaucoma congênito Estrabismo Anomalia anorretal Acrania Extrofia de bexiga Megacolon congênito Abdome agudo obstrutivo Prolapso Intestinal (Colostomia, retal) Genitália Ambígua Apendicite Válvula de Uretra Posterior e Infecção do Trato Urinário Ventriculite Pielonefrite Refluxo Vesico Ureteral e Infecção do Trato Urinário Ferimento por arma de fogo 174 Cirurgia realizada Liberação Ressecção Nefrectomia Ressecção Cauterização Troca de cateter Vitrectomia Ampliação vesical Frenulectomia Potencial Contaminação Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada GE 0 1 1 1 1 2 3 4 1 GC 2 1 1 0 0 0 2 5 0 Total 2 2 2 1 1 2 5 9 1 Nefrolitotomia Ressecção Adenoamigdalectomia Tunelização ureteral Gastrostomia Colecistectomia Rafia ocular Lobectomia Queiloplastia Cardiomiotomia, fundoplicatura Tunelização ureteral Transplante hepático Uretroplastia Esofagoplastia Vitrectomia Uretroplastia Septoplastia Laringoplastia Timpanoplastia Trabeculotomia Correção Colostomia / Anorretoplastia Cranioplastia Correção Reconstrução de trânsito intestinal Laparotomia exploradora Correção Cliterovulvoplastia Apendicectomia Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Potenc. Contaminada Contaminada Contaminada Contaminada Contaminada Contaminada Contaminada Contaminada Infectada 0 0 34 0 1 2 2 1 1 2 0 1 0 0 1 1 4 2 4 1 9 5 1 3 5 1 2 3 4 1 1 29 3 0 2 3 0 2 0 1 4 2 1 0 0 3 5 7 2 12 8 0 2 3 0 0 3 3 1 1 63 3 1 4 5 1 3 2 1 5 2 1 1 1 7 7 11 3 21 13 1 5 8 1 2 6 7 Ablação transuretral de válvula Derivação ventricular externa Nefrectomia Infectada Infectada Infectada 0 2 0 1 4 1 1 6 1 Tunelização ureteral Laparotomia exploradora Infectada Infectada 0 0 1 2 1 2 ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 175 Anexo 7: Características de risco de soluções e fármacos para a ocorrência de complicações da terapia intravenosa. Solução / Fármaco Cefepima Clindamicina Cefuroxima Ampicilina Ceftriaxona Oxacilina Cloridrato de Vancomicina Cefalotina Sódica Amicacina Metronidazol Penicilina Cristalina Fenitoína Meropenem Ciprofloxacina Omeprazol Hemocomponentes Teicoplanina Cloreto de Sódio 20% Cloreto de Potássio 19,1% Glicose 50% Bicarbonato de Sódio 8,4% Gluconato de Cálcio Água Destilada Nutrição Parenteral Solução de NaCl 0,9% Dipirona Cloridrato de Ranitidina Heparina Sódica Cloridrato de Tramadol Dimenidrato, Cloridrato de Piridoxina Succinato Sod. de Metilprednisolona Furosemida Succinato Sódico de Hidrocortisona Cetoprofeno Soro Glicosado 5% Sulfato de Magnésio Cloridrato de Metoclopramida pH 4-6,0 6-6,3 6-8,5 8,0-10,0 6,6 (6-8) 6,0-8,5 2,5-4,5 6,0 - 8,5 3,5-5,5 5,0-7,0 5,5-8,5 10-12,3 7,3-8,3 3,3-3,9 10,1-11,1 7,2-7,8 5,94 (4,5-7,0) 6,43 3,18 9,39 6,32 8,10 6,33 (4,5-7,0)c 6,1-7,1 6,7-7,3 5,0-8,0 7,21 6,4-7,2 7,0-8,0 8,0-9,3 7,0-8,0 6,5-7,5 6,24 6,40 4,5-6,5 Osmolaridade (mOsmol/kg) 0 279-306 314-315 302-368 351-364 295-353 249-291 353-383 310 340-437 312-336 6845 Efeitos adversos Flebitea,b Tromboflebiteb, flebitef Flebiteb,f Tromboflebiteb Dor, edema, flebiteb,f Flebitef Tromboflebite, extravasamentoa,b,f Tromboflebitea,b,f Tromboflebiteb, flebitef Flebitef Extravasamento, flebiteb Tromboflebiteb Flebite, tromboflebiteb Extravasamentod Tromboflebiteb Extravasamento, trombose, flebiteb,f Extravasamentob,f Tromboflebiteb Extravasamentoe,f celulitef Flebite, extravasamentof 125 260-302 270-322 285 - 290 275-317 287-291 260-292 Caract. risco Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Bibliografia consultada: a . 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ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Anexo 8: Manual de procedimentos. GRUPO CONTROLE Região cefálica: frontal, auricular posterior, supra orbital, occipital, temporal Avaliação clínica da rede venosa periférica Membro superior: arco dorsal da mão, cefálica, basílica, mediana do antebraço Condição da veia: Veia macia, reta. Evitar: veias lesadas, avermelhadas, edemaciadas, próximas a outras punções e locais infectados. Membro inferior: arco dorsal do pé, veia safena GRUPO EXPERIMENTAL Preparo do Equipamento 2 1. Ligar o equipamento 2. Visualizar o vaso a ser puncionado 1 177 ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ GRUPO EXPERIMENTAL Avaliação ultrassonográfica da rede venosa periférica Para lembrar: veia colaba à compressão, artéria pulsa e não colaba. Imagem Transversal e Longitudinal PUNÇÃO VENOSA PERIFÉRICA Preparo do cateter - Realizar o giro de 360º da agulha pelo dispositivo de segurança do cateter, segurando-o pelas asas. Certificar se o bisel está voltado para cima. - Preencher o tubo extensor do cateter com SF 0,9%. 178 ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ PUNÇÃO VENOSA PERIFÉRICA GRUPO CONTROLE - Realizar o garroteamento do membro cerca de três dedos acima do local da punção, imediatamente antes da punção venosa (se indicado). - Realizar a anti-sepsia do local com álcool 70%, com movimentação circular vigorosa no sentido do centro para fora, em um diâmetro de 5 a 8 cm. - Realizar a punção venosa segurando o dispositivo com as asas fechadas, deixando a face antiderrapante em contato com os dedos. - Introduzir o cateter na veia em ângulo de 30º. GRUPO EXPERIMENTAL - Aplicar o gel no transdutor. - Realizar a punção venosa segurando o dispositivo com as asas fechadas, deixando a face antiderrapante em contato com os dedos. - Introduzir o cateter na veia em ângulo de 30º. PUNÇÃO VENOSA PERIFÉRICA - Ao visualizar o refluxo sanguíneo, diminuir o ângulo do cateter com a pele, tracionar o mandril até que o bisel fique coberto, prosseguir até introdução total do dispositivo. - Remover o garrote (se utilizado). - Certificar-se quanto permeabilidade do cateter. à 179 ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CURATIVO - Fixar as asas do dispositivo com a fita adesiva hipoalergênica estéril. - Colocar a fita hipoalergênica com o lado adesivo sob o cateter, passando uma ponta para a direita e outra para esquerda, formando um “V”. CURATIVO - Posicionar a película transparente sobre o local de inserção do cateter, pressionando-a contra o tubo extensor, mantendo um túnel para melhor aderência. - Retirar o papel inferior e superior de proteção da película. 180 ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CURATIVO - Fixar o tubo extensor com fita adesiva hipoalergênica. - Identificar com nome do executante da punção venosa, data e hora. 181 ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Anexo 9: Fluxograma para inclusão das crianças nos grupos de estudo. FLUXOGRAMA Indicação de terapia intravenosa Termo de consentimento livre e esclarecido SIM Lista de randomização GRUPO EXPERIMENTAL NÃO Punção venosa periférica convencional - Cateter fora da agulha -Fixação com fita adesiva GRUPO CONTROLE Formulários I a V Formulários I a V 182 ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Anexo 10: Formulário I. 183 ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Anexo 11: Formulário II. 184 ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Anexo 12: Formulário III. 185 ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Anexo 13: Formulário IV. 186 ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Anexo 14: Formulário V. 187 ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Anexo 15: Termo de consentimento para utilização das imagens das crianças. 188 ANEXOS ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Anexo 16: Termo de consentimento para utilização das imagens das crianças. 189 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 190 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 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