Give your patient a fast hug (at least) once a Day Jean-Louis Vincent, MD, PhD, FCCM Department of Intensive Care, Erasme Hospital, Free University of Brussels, Brussels, Belgium Crit Care Med 2005 Vol. 33, N. 6, P. 1225-1229 O autor propõe uma mnemônica “Fast Hug” (“abraço rápido”) como método de identificar e conferir alguns dos pontos-chave nos cuidados gerais de pacientes criticamente doentes. Ele ressalta a importância de protocolos para melhoria da eficiência, segurança e eficácia do tratamento na UTI e discute suas limitações em situações complexas como correção de hipovolemia, lesão pulmonar aguda e choque séptico. Ele considera o último como um real desafio, mesmo com as diretrizes recentemente publicadas. Coloca ainda que protocolos são menos eficientes em grandes instituições terciárias. Segundo o autor, o check list é uma alternativa aos protocolos, utilizada largamente fora da medicina. Ressalta ainda a importância das rondas à beira do leito como parte dos bons cuidados intensivos. Alguns estudos têm demonstrado que rondas diárias à beira do leito podem melhorar os resultados na UTI. Os componentes do Fast Hug Feeding (alimentação): a desnutrição aumenta as complicações e piora o resultado final para pacientes criticamente doentes. “O paciente pode ser alimentado por via oral, ou enteral? Caso não possa, devemos iniciar nutrição parenteral?”. Analgesia: a dor pode afetar a recuperação psicológica e fisiológica dos pacientes e seu alívio deve fazer parte dos bons cuidados intensivos. Pacientes na UTI sentem dor por causa de sua doença, procedimentos invasivos, mas também em situações corriqueiras como mudança de decúbito, aspiração traqueal ou troca de roupas de cama. Sedation (sedação): a profundidade e a dose da sedação devem ser ajustadas para cada paciente. Sedação excessiva aumenta o risco de trombose venosa, reduz a motilidade intestinal, a pressão arterial, a capacidade de extração de oxigênio dos tecidos, aumenta o risco de polineuropatia do doente grave e prolonga a internação e os custos na UTI. São recomendadas a suspensão diária da sedação ou a monitoração contínua de sua profundidade. Thromboembolic prophylaxis (profilaxia de tromboembolismo): esta profilaxia é freqüentemente esquecida, apesar de considerável morbidade e mortalidade associadas ao tromboembolismo venoso. Os estudos recomendam que todos os pacientes adultos recebam, pelo menos, heparina subcutânea, se não houver contra-indicação. Os riscos devem ser considerados em relação aos benefícios. Head of the bead elevated (elevação da cabeceira do leito): vários estudos têm demonstrado que a elevação da cabeceira do leito a 45 graus pode reduzir a incidência de refluxo gastroesofágico em pacientes ventilados mecanicamente. Um estudo randomizado, controlado demonstrou redução das taxas de pneumonia nosocomial quando os pacientes foram mantidos semi-recostados. Deve-se ficar atento para não manter apenas a cabeça do paciente elevado, mas também o tórax. U for Stress Ulcer prevention (prevenção de úlcera de estresse): a prevenção de úlcera de estresse é de particular importância para pacientes em insuficiência respiratória, com distúrbios de coagulação, em uso de corticosteróides ou com história de úlcera gástrica. Provavelmente, não há necessidade da profilaxia com agentes “antiúlcera” para todos os pacientes na UTI, mesmo após trauma ou cirurgia. A medicação ideal não foi determinada dentre as disponíveis como bloqueadores H2 (ranitidina), sucralfato ou inibidores de bomba de prótons (p. ex. omeprazol). Nota do tradutor: em nosso meio, vale acrescentar duas úlceras que merecem profilaxia na UTI: de decúbito e de córnea, freqüentemente negligenciadas. Glucose control (controle da glicemia): Van den Berghe e cols demonstraram em estudo randomizado e controlado redução da mortalidade em pacientes cirúrgicos submetidos a controle rigoroso da glicemia com uso de insulina (entre 80mg/dl e 110mg/dl). Controle tão restrito pode ser difícil de atingir na maioria das unidades. Assim, as diretrizes para tratamento da sepse grave e do choque séptico recentemente publicadas recomendam manutenção abaixo de 150mg/dl. Outros autores demonstraram redução do tempo de internação na UTI e da mortalidade com controle glicêmico. Nota do tradutor: Van den Berghe e cols. realizaram estudo semelhante em pacientes clínicos e não demonstraram redução na mortalidade. O autor discute que os princípios do Fast Hug podem não se aplicar a todos os pacientes na UTI, ou podem aplicar-se em momentos diferentes da internação. No entanto, ressalta que a mnemônica pode ser aplicada várias vezes ao dia por todos os profissionais da unidade e que pode melhorar a qualidade dos cuidados prestados aos pacientes. Este artigo foi parcialmente traduzido e comentado por Sérgio Diniz Guerra, intensivista pediátrico do Hospital João XXIII. Se você tem alguma dúvida, sugestão ou opinião diferente sobre o tema abordado, envie-nos sua mensagem. Sua opinião é bem-vinda.