PPGIm UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM IMUNOLOGIA TESE DE DOUTORADO AVALIAÇÃO DE PROTOCOLOS PARA INDUÇÃO DE RESPOSTA IMUNE CONTRA ANTÍGENOS RECOMBINANTES DE Leishmania chagasi LENITA RAMIRES DOS SANTOS Salvador-Bahia 2007 ii UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS - GRADUAÇÃO EM IMUNOLOGIA TESE DE DOUTORADO AVALIAÇÃO DE PROTOCOLOS PARA INDUÇÃO DE RESPOSTA IMUNE CONTRA ANTÍGENOS RECOMBINANTES DE Leishmania chagasi LENITA RAMIRES DOS SANTOS Orientador: Dr. Geraldo Gileno de Sá Oliveira Tese apresentada ao Curso de Pósgraduação em Imunologia do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Bahia para obtenção do grau de Doutor em Imunologia Salvador-Bahia 2007 iii AVALIAÇÃO DE PROTOCOLOS PARA INDUÇÃO DE RESPOSTA IMUNE CONTRA ANTÍGENOS RECOMBINANTES DE Leishmania chagasi LENITA RAMIRES DOS SANTOS Folha de Aprovação COMISSÃO EXAMINADORA Dra Fabíola Cardillo -Pesquisadora Associada - CPqGM-FIOCRUZ-BA ______________________________________________________________________________ Dr. Alan McBride – Pesquisador Visitante - CPqGM-FIOCRUZ-BA ______________________________________________________________________________ Dr. Nicolaus Albert Borges Schriefer – Professor da Pós-graduação em Imunologia – UFBA ______________________________________________________________________________ Dr. Roberto José Meyer Nascimento – Professor da Pós-graduação em Imunologia - UFBA ______________________________________________________________________________ Dr. Geraldo Gileno de Sá Oliveira – Pesquisador Associado– CPqGM-FIOCRUZ-BAOrientador iv Este trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Patologia e Bio-Intervenção (LPBI) do Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz (CpqGM) - BA da Fundação Instituto Oswaldo Cruz com recursos financeiros do Programa RENORBIO (MCT), Programa INOVABIO (MCT), Programa Milênio Vacinas, FAPESB, CAPES e CNPQ. v Dedico esta tese a minha família, que soube compreender mais este período de ausência... Em especial à Julinha, que não se cansa de dizer: “Você tá demorando Madrinha!” vi AGRADECIMENTOS Os meus sinceros agradecimentos ao Dr. Geraldo Gileno de Sá Oliveira, por ter confiado a mim uma parte tão importante de seu trabalho. Agradeço também por sua orientação e pelo exemplo de conduta profissional. Ao Dr. Lain Carlos Pontes de Carvalho, pelo acompanhamento ao longo de todo o trabalho e pelas sugestões e correções nas etapas finais de elaboração da tese. Agradeço também ao Dr. Washington Luís Conrado dos Santos, pelas sugestões e incentivos, científicos e culturais, durante todo o período em que estive no laboratório. Ao Dr. Edmilson Domingos da Silva (Biomanguinhos-RJ), pela produção e purificação de parte das proteínas recombinantes utilizadas neste estudo. Ao Dr. Oswaldo Pompílio (CPqAM-PE), pelas subclonagens de dois clones utilizados e sequenciamento dos insertos dos plasmídeos utilizados neste trabalho. Ao Dr. Yuri Pepe (Departamento de Física-UFBA), pela elaboração do aparelho de eletroporação e à Dra. Stella Maria Barrouin-Mello (UFBA), que esteve à frente na confecção deste equipamento e nos primeiros experimentos utilizando eletroporação em nosso laboratório. A Ricardo Fraga, Cristiane Pinheiro, Patrícia Meira, Elivani Sacramento, Andréa Mendes, Diego Moura e Valdir Cerqueira pelo apoio na execução de diversos experimentos aqui descritos. Aos demais colegas do LPBI, pelo agradável convívio e incentivo, em especial à Micely Hermida e Cláudia Santana, companheiras de defesa. Ao Programa de Pós-graduação em Imunologia da Universidade Federal da Bahia, pelos ensinamentos proporcionados e apoio administrativo e à Fundação Instituto Oswaldo Cruz, por disponibilizar toda sua infra-estrutura possibilitando a execução deste trabalho. A todas as pessoas que participaram da realização deste estudo através de inúmeras contribuições técnicas e administrativas: Ana Maria Fiscina (Biblioteca-CPqGM) Fabienne Petitinga de Paiva (Biotério-CPqGM) Rejane Márcia Chaves de Menezes (Biotério-CPqGM) José Fernando Oliveira Costa (LETI-CPqGM) Matheus Santos de Sá (LETI-CPqGM) Sérgio Vasconcelos (LPBI-CPqGM) Em especial, meus agradecimentos à Gyselle Baccan e Sebastião Martins de Souza Neto, pelo incentivo, sugestões e apoio em todas as etapas deste trabalho e pela compreensão, amizade e amor incondicionais. vii RESUMO AVALIAÇÃO DE PROTOCOLOS PARA INDUÇÃO DE RESPOSTA IMUNE CONTRA ANTÍGENOS RECOMBINANTES DE Leishmania chagasi. Lenita Ramires dos Santos. A leishmaniose visceral (LV), causada pela L. infantum/L. chagasi, é uma doença infecciosa na qual o cão doméstico é considerado o principal reservatório do agente causal. Uma vacina canina efetiva pode contribuir para o controle da LV tanto no homem como no cão. Nosso grupo de pesquisas está avaliando um painel de proteínas recombinantes de formas amastigotas de L. chagasi a fim de identificar potenciais candidatos à vacina. Neste estudo, foram testados diferentes protocolos de imunização objetivando induzir uma resposta imune específica tipo Th1 para tais moléculas candidatas. Grupos de camundongos BALB/c foram injetados 3 vezes em intervalos de 3 semanas, com (a) salina, (b) plasmídeo pBK-CMV vazio, (c) pBK-CMV-Lc9, (d) pBK-CMV-Lc13, (e) pBK-CMV-Lc14, (f) pBK-CMV-Lc18; (g) uma mistura de plasmídeos ou (h) uma mistura de plasmídeos associado a pcDNA.3.1-sc-muIL-12. Os plasmídeos foram injetados por via intramuscular seguida de eletroporação. Três outros grupos de animais foram introduzidos no estudo e injetados com (i) uma mistura de plasmídeos por via intramuscular sem eletroporação e (j) Lc9 recombinante (rLc9) associada à saponina e (k) plasmídeo pBK-CMVLc9 nas duas primeiras séries de injeções e rLc9/saponina na terceira e última injeção. Após a terceira série de injeções, a produção de anticorpos específicos da classe IgG, assim como a produção de anticorpos das subclasses IgG1 e IgG2a, foram avaliadas por ELISA e a resposta imune celular foi avaliada em termos de resposta proliferativa e produção de citocinas (IFN-γ, IL4, IL-5). No dia 30 e 90 após a terceira série de injeções, os grupos de camundongos de (a) a (i) foram desafiados pela injeção de L. chagasi e a carga parasitária no baço foi determinada, respectivamente. Os grupos injetados com pBK-CMV-Lc9 e pBK-CMV-Lc14 produziram anticorpos específicos da subclasse IgG, com predomínio de anticorpos da subclasse IgG2a. A indução de resposta imune celular foi evidenciada após o desafio com promastigotas de L.infantum/chagasi pela produção específica de IFN-γ no grupo injetado com pBK-CMV-Lc9 (12,77 ng/mL, p < 0,05) e resposta proliferativa em células do grupo de animais injetado com pBK-CMV-Lc14. A produção de IFN-γ foi induzida também após a injeção de uma mistura de plasmídeos associado a pcDNA3.1-scmu-IL-12 após estimulação in vitro com rLc9, antes (0,32 ng/mL, p < 0,05) e após o desafio (7,7 ng/mL, p < 0,05). Entretanto, em apenas dois de seis animais do grupo injetado com pBK-CMV-Lc9 houve diminuição da carga parasitária no baço. Provavelmente a intensidade da resposta imune específica induzida não foi forte o suficiente para induzir proteção nos animais imunizados. O protocolo de imunização com a administração inicial de DNA plasmideal pBK-CMV-Lc9 seguida de reforço com a proteína rLc9/saponina foi capaz de aumentar a intensidade da resposta imune específica. Novos experimentos serão realizados a fim de explorar a capacidade protetora induzida por Lc9, neste e em outros esquemas de imunização. Palavras-chave: vacina, leishmaniose visceral, cão viii ABSTRACT EVALUATION OF PROTOCOLS TO INDUCE IMMUNE RESPONSE AGAINST RECOMBINANT ANTIGENS OF Leishmania chagasi. Lenita Ramires Dos Santos. Visceral leishmaniasis (VL) caused by L. infantum/L. chagasi is an infectious disease which dogs are considered the major reservoir of the causal agent. An effective canine vaccine might contribute to human and dog VL control. Our group is evaluating a panel of L. chagasi amastigote recombinant proteins to identify potential vaccine candidate antigens. In this study we tested different immunization protocols aiming to induce a specific Th1 immune response. Groups of BALB/c mice were injected 3 times, at 3-week intervals, with (a) saline; (b) pBK-CMV empty plasmid; (c) pBK-CMV-Lc9, (d) pBK-CMV-Lc13, (e) pBK-CMV-Lc14, (f) pBK-CMV-Lc18; (g) a pool of plasmid or (h) a pool of plasmid associated to pcDNA.3.1-sc-muIL-12. Plasmid DNA was injected through intramuscular injections followed by electroporation. In addition, three another groups of animals were used: (i) pool of plasmid without electroporation; (j) Lc9 recombinant protein (rLc9) associated to saponin as adjuvant and (k) pBK-CMV-Lc9 twice and once with rLc9 (protein). After immunization, specific total IgG as well as IgG1 and IgG2a isotypes were measure by ELISA and cellular immune response was assessed by lymphoproliferative assays and cytokine production (IFN-γ, IL-4, IL-5). At 30 and 90 days after immunization, mice from groups (a) to (i) were challenged by L. chagasi and the splenic parasite burden was determined, respectively. The mice immunized with pBK-CMV-Lc9, pBK-CMVLc14 and pBK-CMV-Lc18 developed specific total IgG production with, almost, exclusively IgG2a isotype. The immune cellular immune response was showed after challenge with L. infantum/chagasi by specific IFN-γ production in the group that was injected with pBK-CMVLc9 (7.7 ng/mL, p < 0.05) and proliferative response by splenic cells of pBK-CMV-Lc14 group (p < 0.05). The IFN-γ production was induced also after injection of a pool of plasmid in association with pcDNA3.1-scmu-IL-12 and in vitro stimulation with rLc9, before (0.32 ng/mL, p < 0.05) and after challenge (12.77 ng/mL, p < 0.05). However, only in two out of six mice of the pBK-CMV-Lc9 injected group a reduction of spleen parasite burden was observed. Probably, the specific immune response intensity was not strong enough to induce protection in the immunized animals. The DNA primer/protein booster immunization protocol was able to increase the intensity of the Th1 specific immune response to rLc9 protein. Experiments are underway to assess a possible protective response to these and others immunization schedules. Key-words: vaccine, visceral leishmaniasis, canine ix LISTA DE FIGURAS FIGURA 1. Avaliação da produção de anticorpos da classe IgG e das subclasses IgG2a e IgG1, reativos ao extrato bruto de antígenos de L. chagasi, de animais injetados com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente..................................................................................68 FIGURA 2. Avaliação da produção de anticorpos da classe IgG e das subclasses IgG2a e IgG1, reativos a Lc9 ou Lc14, de animais injetados com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente..................................................................................................................................70 FIGURA 3. Avaliação da produção de anticorpos da classe IgG, reativos a Lc18, de animais injetados com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente.........................................71 FIGURA 4. Avaliação de proliferação celular e produção de IFN-γ por células esplênicas de camundongos injetados com plasmídeos recombinantes, administrados isoladamente, após cultivo com concanavalina A (Con A) ou extrato bruto de L. chagasi..........................................74 FIGURA 5. Avaliação de proliferação celular e produção de IFN-γ por células esplênicas de camundongos injetados com plasmídeos recombinantes, administrados isoladamente, após cultivo com proteínas recombinantes de L. chagasi.......................................................................76 FIGURA 6. Avaliação da produção de anticorpos da classe IgG e das subclasses IgG2a e IgG1 reativos ao extrato bruto de antígenos de L. chagasi em animais previamente injetados com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente, .após a infecção por L. chagasi.............78 FIGURA 7. Avaliação da produção de anticorpos da classe IgG reativos a proteínas recombinantes de L. chagasi em animais previamente injetados com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente, .após a infecção por L. chagasi............................................................................................................................................80 FIGURA 8. Avaliação de resposta proliferativa e produção de citocinas por células esplênicas de camundongos, após injeção de promastigotas de L. chagasi, na presença de concanavalina A ou extrato bruto de L. chagasi, em animais previamente injetados com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente............................................................................................................83 x FIGURA 9. Avaliação de proliferação celular e produção de citocinas por células esplênicas de camundongos previamente injetados com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente, após a injeção de promastigotas de L. chagasi, na presença de Lc9 recombinante.......................86 FIGURA 10. Avaliação de proliferação celular e produção de citocinas por células esplênicas de camundongos previamente injetados com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente, após a injeção de promastigotas de L. chagasi, na presença de Lc14 recombinante.....................89 FIGURA 11. Avaliação de proliferação celular e produção de citocinas por células esplênicas de camundongos previamente injetados com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente, após a injeção de promastigotas de L. chagasi, na presença de Lc18 recombinante.....................92 FIGURA 12. Avaliação da capacidade de proteção e/ou controle da infecção por L. chagasi em animais previamente injetados com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente.......94 FIGURA 13. Avaliação da produção de anticorpos da classe IgG e das subclasses IgG2a e IgG1, reativos ao extrato bruto de antígenos de promastigotas de L. chagasi, de animais injetados com um pool de plasmídeos recombinantes...........................................................................................96 FIGURA 14. Avaliação de proliferação celular e produção de citocinas por células esplênicas de camundongos, injetados com um pool de plasmídeos recombinantes, após cultivo com concanavalina A (Con A) ou extrato bruto de antígenos de L. chagasi.........................................99 FIGURA 15. Avaliação de proliferação celular e produção de IFN-γ por células esplênicas de camundongos injetados com um pool de plasmídeos recombinantes, após cultivo com proteínas recombinantes de L. chagasi........................................................................................................102 FIGURA 16. Avaliação da produção de anticorpos da classe IgG e das subclasses IgG2a e IgG1, reativos ao extrato bruto de antígenos de L. chagasi, de animais previamente injetados com um pool de plasmídeos recombinantes e desafiados pela injeção de promastigotas de L. chagasi...104 FIGURA 17. Avaliação de proliferação celular e produção de citocinas por células esplênicas de camundongos, previamente injetados com um pool de plasmídeos recombinantes e desafiados pela injeção de promastigotas de L. chagasi, após cultivo com concanavalina A (Con A) ou extrato bruto de antígenos de L. chagasi......................................................................................107 xi FIGURA 18. Avaliação de proliferação celular e produção de citocinas por células esplênicas de camundongos, previamente injetados com um pool de plasmídeos recombinantes e desafiados pela injeção de promastigotas de L. chagasi, na presença de Lc9 recombinante.........................109 FIGURA 19. Avaliação de proliferação celular e produção de citocinas por células esplênicas de camundongos, previamente injetados com um pool de plasmídeos recombinantes e desafiados pela injeção de promastigotas de L. chagasi, na presença de Lc14 recombinante.......................113 FIGURA 20. Avaliação de proliferação celular e produção de citocinas por células esplênicas de camundongos, previamente injetados com um pool de plasmídeos recombinantes e desafiados pela injeção de promastigotas de L. chagasi, na presença de Lc18 recombinante.......................114 FIGURA 21. Avaliação da capacidade de proteção e/ou controle da infecção por L. chagasi. em animais previamente injetados com um pool de plasmídeos recombinantes...............................116 FIGURA 22. Avaliação da produção de anticorpos da classe IgG e das subclasses IgG2a e IgG1, reativos a extrato bruto de antígenos de L. chagasi, de animais injetados com DNA plasmideal e proteína recombinante Lc9...........................................................................................................118 FIGURA 23. Avaliação da produção de anticorpos da classe IgG e das subclasses IgG2a e IgG1, reativos a Lc9, de animais injetados com DNA plasmideal e proteína recombinante Lc9..........120 FIGURA 24. Avaliação de proliferação celular e produção de citocinas por células esplênicas de camundongos, injetados com DNA plasmideal e proteína recombinante Lc9, após cultivo com concanavalina A (Con A).............................................................................................................122 FIGURA 25. Avaliação de proliferação celular e produção de citocinas por células esplênicas de camundongos, injetados com DNA plasmideal e proteína recombinante Lc9, após cultivo com Lc9................................................................................................................................................126 xii LISTA DE TABELAS TABELA 1. Preparações antigênicas de moléculas candidatas a vacina, avaliadas no modelo murino de leishmaniose visceral experimental...............................................................................38 TABELA 2. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos cultivados com concanavalina A ou extrato bruto de L. chagasi, obtidos de grupos de camundongos submetidos a três séries de injeções com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente..........................................................................................................................................72 TABELA 3. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos cultivados na presença ou na ausência de proteínas recombinantes de L. chagasi, obtidos de grupos de camundongos submetidos a três séries de injeções com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente..........................................................................................................................................75 TABELA 4. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos de cultivados com concanavalina A ou extrato bruto de L. chagasi, obtidos de grupos de camundongos submetidos previamente a três séries de injeções com plasmídeos recombinantes, administrados isoladamente, e desafiados com promastigotas de L. chagasi......................................82 TABELA 5. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos cultivados com Lc9 em diferentes concentrações, obtidos de grupos de camundongos submetidos previamente a três séries de injeções com plasmídeos recombinantes, administrados isoladamente, e desafiados com promastigotas de L. chagasi........................................................................................85 TABELA 6. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos cultivados com Lc14 em diferentes concentrações, obtidos de grupos de camundongos submetidos previamente a três séries de injeções com plasmídeos recombinantes, administrados isoladamente, e desafiados com promastigotas de L. chagasi........................................................................................88 TABELA 7. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos cultivados com Lc18 em diferentes concentrações, obtidos de grupos de camundongos submetidos a três séries de injeções com plasmídeos recombinantes, administrados isoladamente, e desafiados com promastigotas de L. chagasi..................................................................................................................91 xiii TABELA 8. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos cultivados com concanavalina A ou extrato bruto de L. chagasi, obtidos de grupos de camundongos submetidos a três séries de injeções com um pool de plasmídeos........................................................98 TABELA 9. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos de grupos de camundongos submetidos a três séries de injeções com um pool de plasmídeos, cultivados na presença ou na ausência de proteínas recombinantes de L. chagasi.............................101 TABELA 10. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos cultivados com concanavalina A ou extrato bruto de L. chagasi, obtidos de grupos de camundongos submetidos a três séries de injeções com um pool de plasmídeos e desafiados com promastigotas de L. chagasi................................................................................................................106 TABELA 11. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos cultivados em meio de cultura ou meio de cultura com Lc9 em diferentes concentrações, obtidos de grupos de camundongos submetidos a três séries de injeções com um pool de plasmídeos, e desafiados com promastigotas de L. chagasi....................................................................................111 TABELA 12. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos cultivados em meio de cultura ou meio de cultura com Lc14 ou Lc18 em diferentes concentrações, obtidos de grupos de camundongos submetidos a três séries de injeções com um pool de plasmídeos, e desafiados com promastigotas de L. chagasi...........................................................112 TABELA 13. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos cultivados com concanavalina A, obtidos de grupos de camundongos submetidos a três séries de injeções com DNA plasmideal e proteína recombinante Lc9..............................................121 TABELA 14. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos cultivados com Lc9 em diferentes concentrações, obtidos .de grupos de camundongos submetidos a três séries de injeções com DNA plasmideal e proteína recombinante Lc9..................125 xiv LISTA DE ABREVIATURAS DMSO Dimetilsufóxido cDNA ácido desoxirribonucleico complementar DNA ácido desoxirribonucleico CpG citosina-fosfato-guanosina Con A concanavalina A D.O. densidade óptica EDTA ácido etilenodiaminotetracético EL eletroporação ELISA ensaio imunoenzimático GM-CSF fator estimulador de colôniasde granulócitos e monócitos IFN-γ interferon gama Ig imunoglobulina IL interleucina IPTG isopropil-β−D-thiogalactosídeo HEPES Ácido 4-(2-hidroxietil) piperazina-1-etano- sulfônico LB Luria Bertani LC leishmaniose cutânea LCD leishmaniose cutânea difusa xv LMC leishmaniose mucocutânea LV leishmaniose visceral LVZ leishmaniose visceral zoonótica LCPK leishmaniose cutânea pós-kalazar MDP muramil dipeptídeo MHC complexo principal de histocompatibilidade MS Ministério da Saúde MPL monofosforil lipídico NK natural killer PMSF fluoreto de fenilmetilsufonila RPMI 1640 Meio 1640 do Instituto Roswell Park Memorial SBF soro bovino fetal SDS-PAGE eletroforese em gel de poliacrilamida TAE tris-acetato-EDTA Th T helper TNF-α fator de necrose tumoral alfa TMB tetrametilbenzidina xvi SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT LISTA DE ABREVIATURAS 1. INTRODUÇÃO E RELEVÂNCIA........................................................................................ 19 2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................................... 22 2.1. Leishmaniose – Aspectos Gerais ..................................................................................... 22 2.2. Leishmaniose Visceral...................................................................................................... 24 2.2.1. Aspectos Epidemiológicos .......................................................................................... 24 2.2.2. Aspectos Clínicos da Leishmaniose Visceral.............................................................. 26 Em Seres Humanos................................................................................................................ 26 Em Cães................................................................................................................................. 27 2.2.3. A Resposta Imune na Leishmaniose Visceral ............................................................. 28 Aspectos Gerais da Imunidade na Leishmaniose .................................................................. 28 Leishmaniose Visceral Humana ............................................................................................ 30 Leishmaniose Visceral Canina .............................................................................................. 33 Leishmaniose Visceral Experimental – O Modelo Murino................................................... 34 2.3. O Controle da Leishmaniose Visceral ............................................................................ 36 2.3.1. O Desenvolvimento de Vacinas .................................................................................. 37 3. OBJETIVOS ............................................................................................................................ 46 3.1. Objetivo Geral .................................................................................................................... 46 3.2. Objetivos específicos.......................................................................................................... 46 4. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................... 47 4.1 Antígenos ............................................................................................................................ 47 4.1.1 Produção de extrato bruto de antígenos de Leishmania chagasi.................................. 47 xvii 4.1.2 Produção de antígenos recombinantes de Leishmania chagasi.................................... 49 Cultivo de E. coli e indução da produção de antígenos recombinantes ................................ 49 Purificação de antígenos recombinantes de L. chagasi ......................................................... 51 Obtenção de proteínas solúveis ou sob a forma de corpúsculos de inclusão ........................ 51 Purificação em coluna de afinidade....................................................................................... 52 4.1.3 Obtenção de plasmídeos para imunização.................................................................... 54 Purificação de plasmídeos pBK-CMV com insertos de antígenos recombinantes de L. chagasi e de plasmídeocodificando IL-12 murina - pcDNA3.1-scmu-IL12......................... 55 4.2 Animais ............................................................................................................................... 57 4.3 Imunização ......................................................................................................................... 57 4.4. Infecção com Leishmania chagasi ................................................................................... 59 4.5. Avaliação da resposta imune ........................................................................................... 59 4.5.1 Avaliação da resposta imune humoral.......................................................................... 59 Mensuração de anticorpos da classe IgG por ELISA............................................................ 60 Avaliação de anticorpos das subclasses IgG1 e IgG2a por ELISA....................................... 61 4.5.2 Avaliação da resposta imune celular ............................................................................ 62 Avaliação de proliferação celular .......................................................................................... 62 ELISA para quantificação de IFN-γ, IL-4 e IL-5 de camundongo........................................ 64 4.6. Avaliação de proteção contra desafio com Leishmania chagasi................................... 66 4.6.1. Determinação de carga parasitária............................................................................... 66 4.7. Análise estatística.............................................................................................................. 67 5. RESULTADOS ........................................................................................................................ 68 5.1. Avaliação da resposta imune em camundongos injetados com plasmídeos codificando proteínas de L. chagasi ............................................................................................................ 68 5.1.1. Avaliação da resposta imune humoral......................................................................... 68 xviii 5.1.3. Avaliação da resposta imune humoral após desafio com L. chagasi .......................... 79 5.1.4. Avaliação da resposta imune celular após desafio com L infantum/chagasi .............. 83 5.1.5. Avaliação de proteção contra infecção por L. chagasi................................................ 95 5.2. Avaliação da resposta imune em camundongos injetados com uma combinação de plasmídeos codificando proteínas de L. chagasi ................................................................... 97 5.2.1. Avaliação da resposta imune humoral......................................................................... 97 5.2.2. Avaliação da resposta imune celular ........................................................................... 99 5.2.3. Avaliação da resposta imune humoral após desafio com L.infantum/chagasi .......... 105 5.2.4. Avaliação da resposta imune celular após desafio com L. chagasi........................... 107 5.2.5. Avaliação de proteção contra infecção por L. chagasi.............................................. 117 5.3. Avaliação da resposta imune em camundongos injetados DNA plasmideal seguido por proteína recombinante – DNA primer/proteína booster.............................................. 119 5.3.1. Avaliação da resposta imune humoral....................................................................... 119 5.3.2. Avaliação da resposta imune celular ......................................................................... 123 6. DISCUSSÃO .......................................................................................................................... 129 7. CONCLUSÕES...................................................................................................................... 142 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 143 9. APÊNDICES .......................................................................................................................... 164 9.1. Apêndice A – Desenho experimental............................................................................... 165 9.2. Apêndice B - Foto do Aparelho eletroporador............................................................166 9.3. Apêndice C – Mapa qualitativo das respostas imunes aos diferentes imunógenos em ensaios com e sem desafio com L. chagasi..........................................................................................167 9.4. Apêndice D – Manuscrito – primeira versão – a ser submetido posteriormente para publicação em revista científica indexada....................................................................................168 19 1. INTRODUÇÃO E RELEVÂNCIA Doenças parasitárias causadas por protozoários constituem um dos maiores problemas em saúde pública no mundo. Várias das doenças causadas por estes microorganismos são as maiores causas de mortalidade e de morbidade em países tropicais, principalmente naqueles considerados em desenvolvimento. A leishmaniose visceral é uma doença causada por parasitos protozoários do gênero Leishmania. Em sua forma clássica, a doença caracteriza-se pelo comprometimento de órgãos internos como o fígado e o baço de indivíduos infectados, a partir da disseminação do parasito (EVANS et al., 1985; de BEER et al., 1991). É uma das formas mais graves de leishmaniose, sendo fatal quando não tratada. Em todo o mundo estima-se que 500.000 mil casos de leishmaniose visceral sejam registrados anualmente (World Health Organization - WHO, 2002). No Brasil, onde a leishmaniose visceral é causada pela L. infantum/chagasi, a doença era considerada típicamente de ambientes rurais. Atualmente, há um grande aumento no número de casos registrados em várias regiões do país, inclusive em áreas urbanas e suburbanas de grandes cidades (COSTA et al., 1990; JERONIMO et al., 1994; MARZOCHI et al., 1994). Na forma zoonótica da leishmaniose visceral, o cão doméstico é o principal reservatório do agente causal (DEANE & DEANE, 1954; LAINSON et al., 1987; MORENO-ALVAR et al., 2002). O elevado parasitismo na pele de cães infectados, possivelmente mesmo sem apresentação de sinais característicos da doença, propicia a infecção de insetos vetores e, consequentemente, a transmissão para o homem (MOLINA et al., 1994). A estratégia de controle da leishmaniose visceral zoonótica adotada pelo Ministério da Saúde do Brasil, compreende pelo menos quatro medidas. São elas: o diagnóstico e tratamento de casos humanos da doença, atividades de educação em saúde, controle do inseto vetor com borrifação de inseticidas e a identificação e eliminação de cães errantes ou com diagnóstico positivo de infecção por Leishmania (BRASIL, 2003). No entanto, essas medidas não têm sido sistematicamente realizadas e por um tempo suficientemente longo e, possivelmente por isso, não apresentam a eficácia necessária ao controle da doença. Isso ocorre, em parte, porque tais 20 medidas são de difícil execução e de alto custo, o que implicaria em um maior investimento de recursos na área de Saúde Pública. A eliminação de cães infectados, identificados por inquérito sorológico, como medida efetiva no programa de controle da leishmaniose visceral zoonótica, tem sido questionada (DIETZE et al., 1997; ASHFORD et al., 1998; COURTENAY et al., 2002). Inclusive, tal medida não é bem aceita pela comunidade, o que dificulta, em parte, sua implementação. No entanto, há um consenso geral de que o controle da infecção canina pode reduzir a prevalência da doença humana em áreas endêmicas para leishmaniose visceral. Uma alternativa proposta para alcançar este controle seria o desenvolvimento de uma vacina efetiva contra a leishmaniose visceral canina (TESH, 1995; DYE, 1996). Como no Brasil o uso de medicamentos para o tratamento da leishmaniose visceral não é recomendado para o cão (BRASIL, 2003), a imunoprofilaxia canina atenderia interesses tanto na área de Saúde Pública como em Medicina Veterinária. O desenvolvimento de uma vacina para o cão é vantajoso por vários motivos. Economicamente, o desenvolvimento de uma vacina canina é extremamente viável. O custo e o tempo necessário para o desenvolvimento de uma vacina para o cão seriam menor que para uma vacina para seres humanos. A experiência no país com programas de vacinação animal, como o da vacina anti-rábica canina, é bem sucedida, com campanhas de vacinação de ampla abrangência. Além disso, uma vacina para o cão teria grande aceitação pela comunidade em áreas endêmicas, pois evitaria o sacrifício dos animais, como proposto atualmente. Visando o desenvolvimento de uma vacina contra a leishmaniose visceral canina, nosso grupo de pesquisas vem trabalhando na identificação, produção e análise de moléculas candidatas a componentes de uma vacina, quer seja, antígenos de Leishmania, como também moléculas imunomoduladoras, como citocinas caninas. Assim, considerando que hospedeiros vertebrados infectados por Leishmania apresentam a forma intracelular do parasito e que a indução da resposta imune específica ocorre para antígenos expressos neste estágio, uma biblioteca de cDNA de formas amastigotas de L. infantum/chagasi foi confeccionada por um dos pesquisadores de nosso grupo (TEIXEIRA et al., 2007), com o objetivo de identificar antígenos em potencial para o desenvolvimento de uma vacina. Clones desta biblioteca, reativos a amostras de soro de cães naturalmente infectados, foram selecionados e as proteínas recombinantes correspondentes foram produzidas, sendo que algumas delas já estão em fase de avaliação. Em experimentos iniciais, dois destes antígenos, denominados Lc9 e Lc13, foram administrados em cães saudáveis em 21 associação ao adjuvante saponina. Os animais injetados com esta preparação montaram uma resposta imune humoral específica intensa, mas, nestes experimentos, a indução de resposta imune celular não foi observada (SANTOS, 2007), resultado este contrário ao tipo de resposta imune específica que se espera induzir para obtenção de proteção contra infecção por Leishmania em cães. No cão, a capacidade de controlar a infecção e apresentar resistência ao estabelecimento da doença, como vista em animais infectados assintomáticos, parece ser dependente da indução de uma resposta imune celular específica do tipo Th1 (PINELLI et al., 1994; PINELLI et al., 1995; RHALEM et al., 1999a). As células Th1 estão envolvidas, principalmente, na produção de IFN-γ e conseqüentemente, na ativação de macrófagos e destruição de parasitos intracelulares. Em uma etapa posterior, em experimentos realizados em camundongos, a injeção da proteína recombinante Lc9 induziu uma resposta imune específica, humoral e celular, com característica tipicamente Th2. Assim, o uso de diferentes adjuvantes foi avaliado na tentativa de se obter uma reversão do perfil de resposta imune induzida para Lc9. De cinco adjuvantes testados, apenas a combinação do antígeno recombinante à saponina foi capaz de levar a uma resposta específica contra Lc9 com produção mista de anticorpos IgG das subclasses IgG2a e IgG1 e das citocinas IFN-γ e IL-5 (FRAGA, 2007). Diante destas observações, foi proposto no presente trabalho a avaliação de diferentes protocolos de imunização, em camundongos, para a definição de condições adequadas para a indução de resposta imune do tipo Th1 à moléculas candidatas a componentes de uma vacina contra leishmaniose visceral canina. A imunização realizada com DNA plasmideal, como demonstrado em diversos estudos, tende a induzir uma resposta imune com tais características (LECLERC et al., 1997; ROMAN et al., 1997; ZANGH et al., 2001). Assim, os protocolos utilizados tiveram como base a injeção de plasmídeos como vetores dos cDNAs correspondentes a quatro antígenos de L. infantum/chagasi, denominados Lc9, Lc13, Lc14 e Lc18. As injeções consistiram da administração de plasmídeos isoladamente, de uma mistura de plasmídeos associados ou não a plasmídeocodificando IL-12 murina e, ainda, de uma injeção inicial de DNA plasmideal seguida de reforço com a proteína recombinante. 22 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Leishmaniose – Aspectos Gerais As leishmanioses, um grupo de doenças infecto-parasitárias de amplo espectro clínico causadas por protozoários do gênero Leishmania (ROSS, 1903), família Trypanosomatidae, ordem Kinetoplastidae, compreendem enfermidades de crescente impacto e preocupação mundial. Estão distribuídas em diversas regiões do mundo e são consideradas endêmicas em pelo menos 88 países, dentre os quais 72 são países em desenvolvimento (DESJEUX, 1996). Estimase uma prevalência mundial de 12 milhões de casos e uma população com risco de infecção de quase 350 milhões de indivíduos (WHO, 2002). O aumento crescente no número de casos de leishmanioses é decorrente, em parte, de rápidas mudanças ambientais e do comportamento humano observadas nos últimos anos e se relaciona com a atual situação sócio-econômica dos países afetados (DESJEUX, 1996; WHO, 2002). O impacto real das leishmanioses como um problema em saúde pública é considerado subestimado (ASHFORD et al., 1991; DESJEUX, 1996). Enquanto a estimativa de ocorrência mundial de leishmanioses está em torno de 1,5 a 2 milhões de novos casos por ano, apenas aproximadamente 600.000 casos são registrados oficialmente. Em parte, isso se deve à falta de obrigatoriedade de notificação, que ocorre em apenas 48 países dentre os 88 considerados endêmicos (DESJEUX, 1996). Casos de doença não diagnosticados, muitas vezes pela falta de acesso aos serviços de saúde, também contribuem para esta subestimativa. As leishmanioses caracterizam-se pelo amplo espectro de manifestações clínicas apresentadas pelos indivíduos em decorrência da infecção pelo parasito. As formas clínicas apresentadas e a magnitude da doença são dependentes de muitos fatores, entre eles, a espécie do parasito e a imunocompetência do hospedeiro. Comumente, a doença vem sendo dividida em 5 principais síndromes clínicas: a leishmaniose cutânea (LC), a leishmaniose cutânea difusa (LCD), a leishmaniose mucocutânea (LMC), a leishmaniose visceral (LV) e a leishmaniose cutânea póskalazar (LCPK). Até o presente, pelo menos 20 espécies de Leishmania foram identificadas como sendo agentes etiológicos de infecções em seres humanos (GRIMALDI et al., 1989; ASHFORD, 2000; DESJEUX, 2004). 23 A transmissão do parasito ocorre através da picada dos insetos vetores, flebotomíneos pertencentes ao gênero Phlebotomus e Lutzomyia, encontrados no Velho e no Novo Mundo, respectivamente (LAINSON et al., 1977). O parasito apresenta ciclo de vida digenético, o que confere à Leishmania uma significante diversidade antigênica (FONG & CHANG, 1982; CHANG & FONG, 1982; HANDMAN et al., 1984). No hospedeiro invertebrado, formas promastigotas flageladas são encontradas no intestino médio de insetos fêmeas enquanto que, em hospedeiros vertebrados, formas aflageladas e intracelulares obrigatórias, as amastigotas, sobrevivem e replicam-se nos fagolissosomos de células do sistema fagocítico mononuclear (BARD, 1989). O ciclo de transmissão se inicia quando fêmeas de flebotomíneos ingerem formas amastigotas de Leishmania de um hospedeiro vertebrado infectado. Formas infectivas, denominadas metacíclicas, diferenciam-se no trato digestivo do inseto vetor e são regurgitadas intradermicamente no local da picada em novos hospedeiros durante novo repasto sangüíneo (BARD, 1989; WALTERS et al., 1989a e b; WALTERS et al., 1993). O ciclo de transmissão do parasito é geralmente zoonótico, mas pode apresentar-se como antroponótico em focos restritos (DESJEUX, 1991 revisto em ASHFORD et al., 1996). A infecção por Leishmania no ser humano é considerada incidental para a maior parte das espécies e o homem assume o papel de hospedeiro secundário (DESJEUX, 1991; DEDET, 1992; ASHFORD, 1996). No entanto, seres humanos infectados efetuam o papel de hospedeiro reservatório, em casos como na leishmaniose cutânea causada por L. tropica e na doença visceral por L. donovani, que ocorrem no Velho Mundo (DESJEUX, 1991; BERMAN, 2006). Os animais considerados como hospedeiros reservatórios podem incluir roedores, canídeos e outros mamíferos (ASHFORD, 1996). O cão doméstico, em muitos casos, é considerado também como hospedeiro secundário, mas desempenha um papel importante como reservatório, contribuindo para a manutenção do ciclo de transmissão de um dos agentes etiológicos de uma das formas mais severas de leishmaniose, a leishmaniose visceral zoonótica (LVZ; DEANE & DEANE, 1954; ASHFORD, 1996). 24 2.2. Leishmaniose Visceral 2.2.1. Aspectos Epidemiológicos A leishmaniose visceral, também conhecida como calazar na Ásia e na África, é causada por parasitos do complexo Leishmania donovani, o qual compreende talvez três espécies, Leishmania (Leishmania) donovani, Leishmania (L.) infantum, e Leishmania (L.) chagasi (LAINSON et al., 1987). Posteriormente, avaliações fenotípicas e genotípicas dentro do complexo L. donovani foram realizadas em diferentes níveis, bioquímicos e moleculares, (MOMEN et al., 1987; RIOUX et al., 1990; CUPOLILLO et al., 1994; MAURÍCIO et al.1999; MAURÍCIO et al., 2000). Os resultados das avaliações sugerem que as espécies L. infantum e L. chagasi são indistinguíveis entre si e, por isso, alguns autores passaram a considerá-las como sendo a mesma espécie e a utilizar os nomes como sinônimos. No transcorrer desta revisão, a denominação L. infantum/chagasi será utilizada como referência para L. infantum e L. chagasi, embora o nome L. infantum seja considerado o mais apropriado (MAURICIO et al., 2000; DANTAS-TORRES, 2006a) uma vez que sua descrição em 1908, por NICOLLE, antecede a de L. chagasi (CUNHA & CHAGAS, 1937). A distribuição da LV no mundo é mais restrita quando comparada às outras formas de leishmaniose. Em todo mundo, cerca de 90% dos casos são registrados em apenas cinco países, sendo eles, Índia, Nepal, Sudão, Bangladesh e Brasil. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a incidência anual está em torno de 500.000 casos e mais de 200 milhões de indivíduos estão sob risco de infecção (WHO, 2002). A taxa de mortalidade pode chegar a valores próximos ou mesmo maiores que 10% do número de casos em tratamento, mesmo em regiões com baixa incidência de LV, como no estado de São Paulo, assim como em outras regiões do Brasil (JERÔNIMO et al., 1994; EVANS et al 1992; CVE, 2006). No Brasil, a média anual de casos registrados entre os anos de 1994 e 2002 foi de 3.156 casos, com uma incidência de dois casos a cada 100.000 habitantes. Na última década, aproximadamente noventa por cento (90%) dos casos de LV foram registrados na região Nordeste do país, acometendo principalmente os estados da Bahia, Maranhão, Ceará e Piauí. No entanto, esta situação vem se modificando. O número de casos registrados na Região Nordeste, no período entre os anos de 2000 e 2002, apresentou uma redução percentual para setenta e sete 25 por cento, o que não resulta propriamente em um controle regional, visto que, neste mesmo período ocorreu uma expansão territorial da doença, com surtos ocorridos em outras áreas, como Rio de Janeiro - RJ, Belo Horizonte - MG, Araçatuba - SP, Santarém - PA e Corumbá – MS (BRASIL, 2003). Vários são os fatores que contribuem para o avanço da LV no Brasil e no mundo. As transformações ambientais, as quais incluem fatores eco-epidemiológicos e sócio-econômicos, aparecem como uma das principais causas (DESJEUX, 1996). Estas transformações têm sido provocadas por processos migratórios humanos mais intensos, desmatamento de florestas nativas, crescimento desordenado das cidades e consequentemente baixas condições econômicas e sociais da população. Além disso, outros fatores podem alterar a susceptibilidade do hospedeiro, como as mudanças na resposta imune em indivíduos infectados com o vírus da imunodeficiência adquirida humana (HIV) (BRASIL, 2003; DESJEUX, 1996; GUERRA, 2004; ALVAR et al., 1997). Na LVZ o cão doméstico participa da manutenção do ciclo de transmissão do parasito, atuando como hospedeiro reservatório de fundamental importância (DEANE & DEANE, 1954; LAINSON & SHAW, 1987; MARZOCHI et al. 1994; VIEIRA & COELHO, 1998; MORENO & ALVAR, 2002). A LV canina chega a apresentar quase 12% de incidência anual, como registrado recentemente no município de Jequié, no nordeste da Bahia (MOREIRA et al., 2003). Uma alta taxa de cães infectados tem sido encontrada em regiões endêmicas para LV humana, com valores que variam em torno de 40%, a depender do teste utilizado para avaliação, seja pela pesquisa de anticorpos específicos ou por análise microscópica da presença do parasito em culturas (EVANS et al., 1992; VIEIRA & COELHO, 1998; CORTADA et al., 2004; DANTAS-TORRES, 2006b). Com a introdução de técnicas mais sensíveis, como a detecção de DNA por PCR, um número maior de animais infectados, mesmo sem qualquer sinal da doença, pode ser encontrado, com taxas de positividade de até 80% (ASHFORD et al., 1995; BERRAHAL, et al., 1996; QUINNELL, et al., 2001; CORTES et al., 2004). Estes valores reforçam a LV canina como sendo um grave problema em Saúde Pública, uma vez que tanto animais sintomáticos como assintomáticos podem participar do ciclo de transmissão para o inseto vetor (ABRANCHES et al., 1991; VEXENAT et al., 1993). 26 2.2.2. Aspectos Clínicos da Leishmaniose Visceral Em Seres Humanos A infecção por L. infantum/chagasi em humanos não necessariamente resulta em manifestações clínicas, uma vez que existe diferença de susceptibilidade entre os insivíduos. Isso ocorre, em parte, na dependência de fatores genéticos, status imunológico e comprometimento nutricional de cada indivíduo (CERF et al., 1987; GRADONI & GRAMICIA, 1994). Assim, a infecção pode resultar em casos assintomáticos ou oligossintomáticos (BADARÓ et al., 1986a; GAMA et al., 2004) que podem evoluir para cura clínica espontaneamente ou para a doença plenamente manifesta, a chamada forma clássica da doença. Na forma clássica da doença, seja em crianças, jovens ou adultos, as manifestações clínicas são: por febre irregular, palidez discreta e letargia, sendo o estado geral do paciente preservado. Na medida em que a doença evolui, outros sinais e sintomas são comumente encontrados, como por exemplo, hepatoesplenomegalia, perda de peso e anorexia, que variam de grau moderado a acentuado, seguidos por sintomas ou sinais menos frequentes como sangramentos espontâneos, icterícia e edema (HO et al., 1982; EVANS et al., 1985; de BEER et al., 1991). Dados laboratoriais geralmente indicam um grau elevado de pancitopenia (anemia, plaquetopenia e leucopenia), hipoalbuminemia e hipergamaglobulinemia. Infecções secundárias pulmonares (broncopneumonias) em pacientes hospitalizados levam ao agravamento dos casos e contribuem para a mortalidade. O óbito, que ocorre frequentemente em crianças menores de 5 anos e em indivíduos com idade avançada, está associado a carga parasitária elevada, anemia profunda, excessiva perda de massa corporal e distúrbios digestivos com episódios de vômitos durante o curso de tratamento (SEAMAN et al., 1996). O tratamento da LV humana é realizado mais comumente com antimoniais pentavalentes. Apesar de existirem duas diferentes formulações no mercado, apenas o antimoniato de N-metil glucamina, o Glucantime, está disponível em nosso país, e é a droga de primeira escolha para o tratamento da LV humana. O surgimento de resistência a este medicamento já foi relatado em algumas regiões do mundo, como na Índia e no Sudão (JACKSON et al., 1990; GROGL et al., 1992), mas, no Brasil, não existe nenhuma documentação acerca da presença de cepas de L. infantum/chagasi resistentes in vitro. No Brasil, o medicamento é distribuído pelo Ministério da Saúde, com recomendações cautelosas sobre as dosagens e tempo de tratamento utilizado 27 (BRASIL, 2003). Alternativamente o tratamento pode ser realizado com drogas como a anfotericina B e a miltefosina, mas o uso dessas drogas é recomendado apenas em casos especiais, como reincidivas (SUNDAR et al., 2002). Em geral, pacientes com LV respondem bem ao tratamento com Glucantime e desenvolvem cura clínica com aparente resistência à reinfecções (PAMPIGLIONE et al., 1975; BADARÓ et al., 1986). Em Cães Cães infectados com L. infantum/chagasi apresentam um amplo espectro de manifestações clínicas. Animais infectados podem apresentar-se como assintomáticos, oligossintomáticos ou polissintomáticos (MANCIANTI et al., 1988; ABRANCHES et al., 1991; OLIVEIRA et al., 1993; PINELLI et al., 1994). A intensidade do parasitismo em cães pode estar diretamente associada à gravidade do quadro clínico (BARROUIN-MELO, et al., 2004; REIS et al., 2006). Os sinais típicos de LV canina compreendem lesões cutâneas (80 %) - alopecia generalizada ou localizada, descamação, eczema em focinho e orelhas, pelos opacos, ulcerações nas orelhas, focinho, cauda e articulações; perda de peso e do apetite; linfoadenopatia localizada ou generalizada; onicogrifose e lesões oculares (73 %); anemia; diarréia crônica; coriza e edema das patas. Em casos avançados, são relatados: falência renal, apatia e sonolência intensas, neuralgia, poliartrite, polimiosite, rachaduras nos cochins plantares, úlceras interdigitais e lesões ósseas (ALMEIDA et al., 2005). Há várias alterações bioquímicas e hematológicas em cães infectados naturalmente ou experimentalmente com L. infantum/chagasi, algumas das quais podem estar correlacionadas ao estado clínico do animal (REIS et al., 2006). Os achados laboratoriais incluem anemia normocítica/normocrômica e aumento dos níveis de proteínas totais do soro, com hipergamaglobulinemia marcante (CIARAMELLA et al., 1997; ALMEIDA et al., 2005). No Brasil, até o presente momento não há recomendação de tratamento para LV canina [SÃO PAULO (ESTADO) – nota técnica do MS]. As tentativas realizadas com drogas tradicionalmente utilizadas para o tratamento de casos humanos apresentam baixa eficácia (MANCIANTI et al., 1988; GRAMICCIA et al., 1992; BANETH & SHAW, 2002). Em muitos casos, melhora clínica e redução do parasitismo são observados. No entanto, o tratamento é incapaz de promover cura clínica persistente e eliminar a infectividade do cão para o inseto vetor 28 (MOLINA et al.1994, FERRER et al. 1995). Além disso, devido à ineficácia do tratamento em cães com as drogas utilizadas para o tratamento humano, existe a possibilidade de seleção de cepas resistentes de L. infantum/chagasi (JACKSON et al., 1990; GROGL et al., 1992; LIRA et al., 1999; ABDO et al., 2003). 2.2.3. A Resposta Imune na Leishmaniose Visceral Aspectos Gerais da Imunidade na Leishmaniose Considerando-se que as Leishmania sp. são parasitas intracelulares obrigatórios em seus hospedeiros vertebrados, a imunidade mediada por células é o principal mecanismo de defesa do organismo, particularmente pela ação de macrófagos ativados por citocinas derivadas de células auxiliadoras do tipo Th1. No entanto, uma resposta imune com estas características depende, dentre outros fatores, da resposta imune inicial, seguindo-se a interação do patógeno com as células do hospedeiro, o que pode resultar no controle ou no estabelecimento da infecção (revisto em MULLER, 1989). Em uma fase bastante inicial, a capacidade de um microorganismo se multiplicar no interior de células fagocíticas pode ser, em parte, controlada geneticamente. Estudos em camundongos mostram a participação de um gene envolvido no controle da multiplicação parasitária, o Scl11A1 (CROKER et al., 1984; VIDAL et al., 1995). Este gene codifica uma proteína transmembrana, altamente depende de pH, presente na superfície lissosomal, que participa do fluxo de cátions divalentes contra um gradiente de prótons e regula a homeostase de íons metálicos (ferro, manganês e zinco) em células de origem macrofágica/monocítica. Estudos funcionais com Scl11A1 murino implicam seu envolvimento na ativação de macrófagos, incluindo regulação de citocinas e quimiocinas, proteínas do complexo principal de histocompatibilidade II (MHC classe II) e indução de óxido nítrico síntase (iNOS) (BARTON et al., 1995; JABADO et al., 2000). Polimorfismos presentes neste gene afetam diretamente a resistência inata do hospedeiro à infecções intracelulares. Estudos recentes em leishmaniose visceral humana e canina, apontam para a existência de polimorfismos no gene Scl11A1 tanto no homem como no cão, ressaltando a potencial importância de características genéticas na susceptibilidade ou resistência à infecção na leishmaniose visceral (ALTET, 2002; MOHAMED et al., 2004; SANCHEZ-ROBERT et al., 2005). 29 Fatores genéticos têm sido implicados com susceptibilidade ou resistência a leishmaniose visceral não apenas na resposta imune inicial, no controle da infecção, mas também no desenvolvimento de uma resposta imune adquirida, podendo influenciar no progresso da infecção e no aparecimento de doença visceral propriamente dita. Neste caso, alterações funcionais em genes que codificam proteínas relacionadas ao sistema imune, principalmente relacionados ao complexo principal de histocompatibilidade, estariam envolvidos, mas há dados controversos em seres humanos e ainda escassos para análise em cães (QUINNEL et al., 2003). No modelo murino de leishmaniose visceral, genes relacionados ao MHC controlam a susceptibilidade à L. infantum e L. donovani (BLACKWEL et al., 1980; LECLERCQ et al., 1996) e uma mutação específica na cadeia I-A beta do MHC classe II está associada à resistência a infecção por L. donovani (SEN & ROY, 1998). Em seres humanos, um estudo da freqüência de antígenos HLA de classe 1 em associação à leishmaniose visceral mostrou uma associação significante apenas de um antígeno, o HLA-A26, e prevalência em indivíduos doentes no Irã (FAGHIRI et al., 1995), enquanto que outros estudos não apresentam qualquer associação entre alelos HLA e susceptibilidade à leishmaniose visceral humana (MEDDEB-GARNAOUI et al. 2001; PEACOCK et al. 2002; SINGH et al., 1997). Já nos primeiros estágios da infecção, protozoários do gênero Leishmania são capazes de evadir-se às barreiras imunes naturais do organismo. Alterações na constituição de proteínas na superfície de formas infectantes de Leishmania permitem ao parasito escapar à lise mediada pelo complemento. Exemplo disso é a super-expressão de gp63 (glicoproteína) e de longas moléculas de LPG (lipofosfoglicanos), observada durante o desenvolvimento de promastigotas procíclicas em promastigotas metacíclicas, ainda no interior do tubo digestivo do inseto vetor, previne a inserção do complexo lítico C5b-C9 (MAC – complexo de ataque a membrana) na superfície do parasito (PUNTES et al., 1990; BRITTINGHAM et al., 1995). Já no interior da célula, estas moléculas agem impedindo a maturação do fagossomo e inibindo a ação de enzimas líticas, presentes no lissosomo (DESJARDINS et al., 1997; DERMINE et al.,2000). Outros mecanismos envolvem a inibição das vias de sinalização celular, a inibição da produção de óxido nítrico e de citocinas (DESCOTEAUX, 1992; MOORE, 1993; REINER et al., 1994; PROUDFOOT, 1995; CARRERA et al., 1996). Percebe-se que o parasita evoluiu de maneira a explorar o sistema imune do próprio hospedeiro, modulando-o e proporcionando um ambiente favorável para o 30 estabelecimento da infecção. O desequilíbrio da relação parasita-hospedeiro seria a causa tanto da eliminação da infecção, quanto do processo patogênico nas leishmanioses. Leishmaniose Visceral Humana A leishmaniose visceral humana caracteriza-se por uma deficiência da resposta imune mediada por célula específica para a Leishmania. Neste contexto, observam-se uma diminuição de resposta de células T, proliferação e citotoxicidade, com ausência da produção de citocinas do tipo Th1, como interferon-gama (IFN-γ), interleucina (IL)-2 e IL-12. Indivíduos com leishmaniose visceral, em sua forma clássica, não apresentam reatividade em resposta ao teste de Montenegro, o qual mede uma resposta de hipersensibilidade tardia a antígenos de Leishmania injetados na pele (HALDAR et al., 1983; HO et al., 1983; SARAN et al., 1991). Da mesma forma, em ensaios in vitro, células do sangue periférico de indivíduos doentes são incapazes de proliferar ou produzir IFN-γ em resposta a antígenos específicos (CARVALHO et al., 1981; HALDAR et al., 1983; HO et al., 1983; NEOGY et al., 1988). Já o perfil imunológico observado na maioria dos pacientes infectados assintomáticos caracteriza-se por apresentar a capacidade linfoproliferativa e de produção de IFN-γ mantidos frente a exposição in vitro a antígenos específicos (CARVALHO et al., 1992; HOLADAY et al., 1993a). A imunodeficiência específica observada em indivíduos com leishmaniose visceral é revertida após tratamento terapêutico, com o aparecimento da capacidade proliferativa, produção de citocinas do tipo Th1 e resposta positiva ao teste intradérmico de Montenegro em um período que varia de 2 a 20 semanas (CARVALHO et al., 1981; HALDAR et al., 1983; HO et al., 1983; HOLADAY et al., 1993). O controle e a proteção na leishmaniose visceral é, em geral, dependente da produção de IFN-γ, que, entre outras funções, ativa a capacidade microbicida de macrófagos infectados e aumenta a expressão de MHC classe I e MHC classe II em células fagocíticas, regulando a diferenciação e expansão de populações de linfócitos Th1 CD4+ e T CD8+ antígeno-específicos (MURRAY et al., 1983a; MURRAY et al., 1983b). Dessa forma, a incapacidade de células de indivíduos doentes em proliferar frente ao estímulo específico e de produzir IFN-γ implica diretamente no aumento da carga parasitária e nos processos patológicos observados na leishmaniose visceral humana. Vários são os fatores que regulam a produção de IFN-γ na 31 leishmaniose visceral, mas as citocinas IL-12 e IL-10 têm papel fundamental neste controle (BACELLAR et al., 2000). A interleucina 12 (IL-12) é um potente indutor de resposta celular do tipo Th1, agindo como fator estimulador de células natural killer (NK) e fator de maturação de linfócitos T citotóxicos e Th1, desempenhando um importante papel na indução da produção de IFN-γ por células T e NK (KOBAYASHI et al., 1989). A IL-12 é produzida por macrófagos, monócitos, neutrófilos e células dentríticas e, em menor escala, por linfócitos B, mediante estímulos inflamatórios gerados por bactérias, parasitos intracelulares e fungos (TRINCHIERI et al., 2003). Na leishmaniose visceral humana, células do sangue periférico de indivíduos na fase ativa da doença não são capazes de produzir IL-12, subunidade p40, após estímulo in vitro com lisado de L. donovani, mas essa produção é observada em indivíduos curados (GHALIB et al., 1995). Além disso, a adição de IL-12 recombinante em cultura de células de indivíduos com leishmaniose visceral induz a produção de IFN-γ e a capacidade proliferativa destas células ao estímulo por antígenos de Leishmania, ao passo que, sua neutralização, com anticorpos específicos anti-IL-12, em cultura de células do sangue periférico de indivíduos assintomáticos, inibe estes mesmos efeitos do estímulo antigênico (GHALIB et al., 1995; BACELLAR et al., 1996; BACELLAR et al., 2000). Fatores imunossupressores que atuam em células de indivíduos com leishmaniose visceral humana estão presentes tanto em nível celular quanto no soro de indivíduos doentes. Foi demonstrado inicialmente, em um co-cultivo de células de um mesmo indivíduo, obtidas antes e após o tratamento quimioterápico, que a capacidade de responder a antígenos de Leishmania, restaurada após o tratamento, podia ser inibida na presença de células obtidas antes do tratamento (CILLARI et al., 1988; CARVALHO et al., 1989). Dentre estes fatores estão células imunossupressoras (T TCR γ-δ+ CD4+, T CD8+ e T CD4-CD8-), as citocinas IL-4, IL-6, IL-10 e IL-13 e receptores solúveis de IL-4 e de IL-2 (ZWINGENBERGER et al., 1990; BARRALNETTO et al., 1991; SANG et al., 1999; BABALOO et al., 2001). A IL-10 foi inicialmente caracterizada como uma citocina produzida por células do tipo Th2 (FIORENTINO et al., 1989). Posteriormente foi observado que sua produção ocorre em diversos tipos celulares, inclusive por macrófagos (MOSMANN & MOORE, 1991; WILLIANS et al., 1996; PROBST et al., 1997). Esta citocina desempenha um papel central na patogênese da leishmaniose visceral, especialmente pela regulação negativa da resposta imune do tipo Th1, 32 predominante nos casos de resistência e cura da infecção (GHALIB et al., 1993; HOLADAY et al., 1993b). Estas afirmações são suportadas pelas observações das funções supressoras de IL-10 exercidas sobre macrófagos, desativação e inibição das atividades leishmanicidas e supressão da produção de IFN-γ (GAZINELLI et al., 1992). A participação de IL-10 na leishmaniose visceral humana foi inicialmente observada a partir da expressão de RNA mensageiro, em amostras obtidas de aspirado de linfonodo e baço de indivíduos na fase ativa da doença, em pacientes do Sudão e da Índia (GHALIB et al., 1993; KARP et al., 1993). Ainda nestes dois trabalhos, a análise da expressão de RNA mensageiros que codificam IL-10 e IFN-γ, demonstrou a co-existência destas duas citocinas no tecido, o que implicaria na supressão, mediada por IL-10, das funções macrofágicas induzidas por IFN-γ. A produção de RNA mensageiro que codifica IL-10 e a liberação desta citocina no sobrenadante de cultura de células também é induzida em células mononucleares do sangue periférico de indivíduos com leishmaniose visceral quando estimuladas com antígeno de L. donovani ou L. infantum/chagasi, respectivamente (GHALIB et al., 1993; HOLADAY et al., 1993b). Neste mesmo contexto, ocorre ausência de proliferação e liberação de IFN-γ no sobrenadante das culturas. Assim, a presença de IL-10, mais que a ausência de IFN-γ, seria um fator que beneficiaria a progressão da infecção para a doença ativa. O uso de IL-10 humana recombinante ou a sua neutralização com anticorpos monoclonais específicos resultam, in vitro, na modulação negativa ou positiva, respectivamente, da capacidade de células mononucleares do sangue periférico de indivíduos com leishmaniose visceral ativa, tratados ou assintomáticos, em responder frente ao estímulo com antígenos específicos (GHALIB et al., 1993; HOLADAY et al., 1993b; CARVALHO et al, 1994; GHALIB et al., 1995; BACELLAR et al., 2000). A participação de IL-4 na imunosupressão e, consequentemente, na patogenicidade da leishmaniose visceral humana ainda é questionável. Esta citocina, embora presente no soro de indivíduos doentes (ZWINGENBERGER et al., 1990) está ausente ou é detectável em quantidades muito baixas após em cultivo celular após estímulo específico e a neutralização de sua atividade não implica na reversão da imunodepressão característica da leishmaniose visceral humana (CARVALHO et al., 1994; BACELLAR et al., 2000). Apesar disso, quando a neutralização de IL-4 ocorre simultaneamente com a de IL-10, com o uso de anticorpos monoclonais específicos para cada uma das citocinas, o efeito de indução da capacidade linfoproliferativa e de produção de IFN-γ ocorre sinergisticamente, mostrando o envolvimento de 33 IL-4 na modulação da resposta imune induzida na leishmaniose visceral humana (CARVALHO et al., 1994). A resposta imune humoral na leishmaniose visceral humana caracteriza-se pela ativação policlonal de linfócitos B, com produção de altas concentrações de anticorpos e de complexosimune no soro (BEHFOROUZ et al., 1983; GALVÃO-CASTRO et al., 1984). Títulos elevados de anticorpos específicos parecem estar relacionados mais à patogênese da doença, como uma disfunção imunológica, que à proteção propriamente dita. Em seres humanos, a presença de anticorpos correlaciona-se a alta parasitemia e esta produção é controlada seguindo-se ao tratamento (MILES et al., 2005). Leishmaniose Visceral Canina A resposta imune na leishmaniose visceral canina assemelha-se em muitos aspectos à resposta induzida na leishmaniose visceral humana. A resposta imune específica mediada por células, quando presente, é capaz de controlar a infecção e, assim, os animais podem permanecer sem qualquer sinal da doença (PINELLI et al., 1994). De fato, o desenvolvimento de sinais na leishmaniose visceral canina está associado a mudanças imunológicas que envolvem a supressão da imunidade celular, como a ausência de resposta linfoproliferativa a antígenos de Leishmania de LUNA et al., 1999; MORENO et al., 1999), incapacidade de produção de IFN-γ e de IL-2 (SANTOS-GOMES et al., 2002), além de uma diminuição no número de células T no sangue periférico de animais naturalmente infectados, predominantemente de células T CD4+ (BOURDOISEAU et al., 1997; MORENO et al., 1999). Os mecanismos efetores implicados na resistência e no controle da infecção por L. donovani e L. infantum/chagasi no cão são dependentes do estabelecimento de uma resposta específica de células Th1, com elevada produção de IFN-γ, IL-2 e TNF-alfa (PINELLI et al., 1994; PINELLI et al., 1995). O desenvolvimento deste tipo de resposta celular no cão também está associado à ação de IL-12 (OKANO et al., 1997; SALDARRIAGA et al., 2006). O papel da IL-12 na indução e manutenção de uma resposta Th1 na leishmaniose visceral canina têm sido recentemente investigado. Células de sangue periférico de cães com leishmaniose visceral ativa respondem ao tratamento in vitro com esta citocina pelo aumento na expressão de RNA mensageiro para IFN-γ e pela detecção desta citocina no sobrenadante de cultura de células (dos SANTOS et al., 2004; STRAUSS-AYALI, 2005). Além disso, a produção de IFN-γ induzida por 34 IL-12, na presença de antígenos de Leishmania, ocorre com maior intensidade, o que sugere que seu uso como agente imunoterápico é factível (STRAUSS-AYALI, 2005). O envolvimento de citocinas produzidas por células Th2 na susceptibilidade à leishmaniose visceral canina ainda não está esclarecido. Os dados implicam para a existência de uma resposta mista Th1/Th2, mesmo em cães assintomáticos, embora IFN-γ e IL-2 predominem nesta situação (SANTOS-GOMES et al., 2002; CHAMIZO et al., 2005). No entanto, comumente observa-se a expressão de RNA mensageiro para IL-10 e IL-4 em células derivadas de animais com sinais clínicos de leishmaniose visceral, após estimulação inespecífica com mitógenos ou com antígenos de Leishmania (PINELLI et al., 1999; QUINNELL et al., 2001). Entretanto, em cães experimentalmente infectados por L. infantum, a expressão de RNA para IL-10 não têm sido geralmente detectada, ocorrendo apenas excepcionalmente em períodos mais tardios de infecção (SANTOS-GOMES et al., 2002; RAFATI et al., 2005). Em relação à resposta imune humoral na leishmaniose visceral canina, assim como em seres humanos, está claro que infecções sintomáticas estão associadas à produção elevada de anticorpos específicos IgG, IgE e IgA (INIESTIA et al., 2005; REIS et al., 2006). Entretanto, apesar de um grande número de publicações na área de investigação da cinética e distribuição das subclasses de imunoglobulinas G, seguindo-se às infecções natural ou experimental em cães, não há um padrão consistente que aponte para um predomínio de subclasses diferentes de imunoglobulinas associado ao desenvolvimento ou não de sintomas (DEPLAZES et al., 1995; BOURDOUISEAU et al., 1997; LEANDRO et al., 2001; REIS et al., 2006). Leishmaniose Visceral Experimental – O Modelo Murino A maior parte do que se sabe hoje sobre os mecanismos envolvidos na estimulação e manutenção da resposta imune nas leishmanioses é derivado de estudos realizados em camundongos. No entanto, a infecção experimental de camundongos de diversas linhagens, seja com L. donovani ou L. infantum/chagasi, não reproduz o curso fatal da infecção, a exemplo do que ocorre na leishmaniose visceral humana e canina (KAYE, 2004). Ao contrário, no modelo murino de leishmaniose visceral experimental, mesmo animais geneticamente susceptíveis à infecção são capazes de controlar o parasitismo nos diferentes órgãos afetados (WILSON et al., 35 1996). Assim, este padrão de controle assemelha-se a infecção subclínica observada em alguns indíviduos das espécies humana e canina (OLIVEIRA et al., 1993; BADARÓ et al., 1996). O crescimento parasitário diferencial, no fígado e no baço, observada após infecção murina com L donovani ou L. infantum/chagasi é uma característica marcante da leishmaniose visceral experimental e não depende da via nem da forma parasitária utilizada (AHMED et al., 2003). No fígado ocorre uma multiplicação rápida do parasito durante as quatro primeiras semanas após a infecção, com posterior resolução espontânea por volta da oitava semana. Por outro lado, no baço e na medula óssea, o que se observa é que a replicação do parasito se inicia em um momento mais tardio e permanece em níveis baixos durante toda a vida do animal (WILSON et al., 1996; MELBY et al., 1998). O desenvolvimento de imunidade mediada por células é necessária para o controle da infecção por L donovani ou L. infantum/chagasi e, neste contexto, células T são fundamentais (SKOV et al., 1974; REZAI et al., 1980; MURRAY et al., 1987). A participação tanto de células T CD4+ como de células T CD8+ foi demonstrada em experimentos em que anticorpos neutralizadores anti-CD4 e anti-CD8 foram utilizados (STERN et al., 1988). Estas células participam principalmente pela produção de fatores solúveis que medeiam as ações ativadoras e/ou imunossupressoras de diversas outras células. A célula T CD4+ é a principal produtora de IFN-γ (STERN et al., 1988). No entanto, clones de células T CD8+ se desenvolvem no baço de animais infectados e, além de exibir atividade citotóxica in vitro contra antígenos de L. donovani, produzem RNA mensageiro para IFN-γ, TNF-α e quimiocinas C-C (TZAGOSIS et al., 2003). A formação de granulomas no fígado coincide com o início da resolução da infecção neste órgão, a qual também coincide com a produção de IFN-γ (SQUIRES et al., 1989). Na fase inicial de replicação do parasito, a produção de IFN-γ é inibida, pelo menos em parte, por TGF-β (WILSON et al., 1998). Interessantemente, IFN-γ é produzido, em cultura, por esplenócitos de animais infectados e, no entanto, os parasitos sobrevivem no baço (MELBY et al., 2001). No modelo murino de leishmaniose visceral experimental, ao contrário do que se observa na leishmaniose cutânea, não há uma dicotomia clara de células do tipo Th1 e Th2, associadas à resistência e proteção ou à susceptibilidade, respectivamente. Seja no fígado ou no baço, as citocinas IFN-γ, IL-2, IL-4, IL-6 e IL-10 são produzidas concomitantemente (KAYE et al., 1991; MIRALLES et al., 1994; WILSON et al., 1996; MELBY et al., 2001). Assim, a relação entre resistência ou susceptibilidade e produção de citocinas não está completamente definida. De 36 qualquer forma, assim como ocorre em seres humanos, a IL-10, mais do que IL-4, parece estar envolvida na progressão da doença (MURRAY et al., 2002) e, junto com TGF-β, pode contribuir para a supressão da produção de IFN-γ (WILSON et al., 1998). Por outro lado, a produção de IL12, direta ou indiretamente, pela indução da produção de IFN-γ, está associada ao controle da infecção (MELBY et al., 2001). O tipo e a intensidade de resposta imune humoral específica e o controle da infecção experimental por Leishmania em camundongos apresentam clara correlação. Em um trabalho recente foi demonstrado que, o tamanho da lesão causada por L. major, em camundongos BALB/c normais e deficientes de imunoglobulina, foi modulada na dependência da existência ou não de anticorpos específicos contra Leishmania, com um aumento considerável no tamanho da lesão quando anticorpos estavam presentes (MILES et al., 2005). No entanto, a produção de anticorpos específicos de subclasses distintas está relacionada à citocinas produzidas por células tipo Th1 ou Th2. Assim, elevação na produção de IgG1 e IgE é fortemente regulada por IL-4, enquanto que, a produção de anticorpos IgG2a é regulada por citocinas produzidas por células TCD4+ tipo Th1, como IFN-γ (HEINZEL et al., 1989). Estas subclasses estão frequentemente presentes no soro dos animais durante a progressão ou controle da infecção, respectivamente. Dessa forma, a produção e avaliação de anticorpos na leishmaniose murina deve ser considerada com cautela. 2.3. O Controle da Leishmaniose Visceral As medidas para o controle da leishmaniose visceral, preconizadas pela Organização Mundial de Saúde e adotadas pelo Ministério da Saúde do Brasil, envolvem: (i) vigilância epidemiológica, tanto para seres humanos como para cães, para que se possa realizar o diagnóstico precoce e o tratamento adequado de casos humanos da doença e a eliminação de cães identificados como infectados; (ii) combate ao inseto vetor através do uso de inseticida e (iii) atividades em educação em saúde (BRASIL, 2006). Estas medidas têm se mostrado pouco efetivas no controle da leishmaniose visceral zoonótica, em parte pela falta de integração entre as estratégias utilizadas. Além disso, tais medidas são frequentemente descontinuadas, devido ao alto custo e laboriosidade de execução (TESH, 1995; COURTENAY et al., 2002). 37 Dentre as medidas aplicadas ao controle da leishmaniose visceral, a contribuição efetiva da eliminação de cães domésticos infectados e animais errantes de áreas endêmicas, tem sido bastante questionada (DIETZE et al., 1997; ASHFORD, et al. 1998). Alguns fatores estão relacionados ao insucesso desta medida, como a baixa sensibilidade dos métodos diagnósticos empregados (EVANS et al., 1990; ASHFORD et al., 1995; BERRAHAL et al., 1996) e o longo intervalo de tempo entre a realização dos testes e a remoção dos animais (BRAGA et al., 1998). Uma medida alternativa para o controle da leishmaniose visceral zoonótica seria a prevenção da infecção canina e/ou da transmissão do parasito do cão para o inseto vetor. Assim, a imunoprofilaxia contra a leishmaniose visceral, obtida pelo uso de uma vacina efetiva para uso canino, culminaria, provavelmente, com a redução da incidência de LV humana (TESH, 1995; DYE, 1996; MORENO & ALVAR, 2002). A busca de imunógenos potenciais, candidatos a vacina, tem se mostrado bastante promissora e tem resultado em diversos trabalhos nesta área, tanto no modelo murino de leishmaniose visceral como também, em estágios mais avançados, em cães experimentalmente infectados. 2.3.1. O Desenvolvimento de Vacinas Apesar do extenso número de publicações acerca de avaliações de moléculas candidatas a vacina a imunoprofilaxia contra as leishmanioses ainda é um desafio. Até o presente, apenas um esquema de vacinação profilática contra a leishmaniose cutânea está em prática no Uzbequistão, o qual faz uso de um processo antigo de indução de resposta imune protetora, conhecido como “leishmanização” (GAFUROV, 1999; revisto em KHAMESIPOUR et al., 2006). Nesta vacina, uma mistura de promastigotas virulentas de L. major, vivas e mortas, isoladas a partir de uma lesão ativa, é administrada em crianças em idade escolar meses antes do início do ciclo de transmissão da doença. Apesar de eficaz, este é um método que apresenta inúmeros riscos, principalmente diante da atual situação frente a infecções por HIV. Nenhuma vacina contra a leishmaniose visceral humana está em uso, em rotina, em qualquer parte do mundo. Nas últimas décadas, várias moléculas, frações ou subunidades, têm sido identificadas como potenciais candidatas a componentes de uma vacina contra leishmaniose visceral a partir de avaliações em modelos experimentais (Tabela 1). A preparação que se encontra em estágio mais avançado de investigação, inclusive já comercializada no Brasil, faz uso de uma preparação com uma fração protéica denominada ligante de manose-fucose (FML), 38 purificada a partir de isolados de L. donovani (PALATNIK et al., 1994). Esta preparação, proposta para uso em cães, já foi avaliada experimentalmente em diversos modelos e também em um estudo de fase III, com cães naturalmente expostos à infecção (DA SILVA et al., 2000). No entanto, diante de algumas incompreensões acerca da real efetividade desta vacina na eliminação ou redução da transmissão do parasito do cão para seres humanos, e assim, sobre o controle da leishmaniose visceral humana, o Ministério da Saúde do Brasil não autorizou seu uso como medida de controle da leishmaniose visceral (BRASIL, 2003). Assim, novos experimentos foram realizados na tentativa de solucionar esta questão (NOGUEIRA et al., 2005). Diversos outros estudos de vacinação em cães foram realizados desde a última década. Além de preparações com frações purificadas de Leishmania, como a descrito anteriormente, tentativas do uso de parasitos mortos e antígenos recombinantes, em uma série de associações com adjuvantes compatíveis com o uso em cães, foram feitas objetivando induzir uma resposta imune protetora contra leishmaniose visceral canina (revisto em BARBIERI, 2006). O uso de promastigotas de L. brasiliensis e de L. infantum, mortas pelo uso de mertiolate ou pelo calor e associadas à BCG como adjuvante, apresentaram resultados promissores em avaliações de fase I e de fase II (MAYRINK et al., 1996, MOHEBALI et al., 2004), mas avaliações de campo não resultaram em proteção ou não foram ainda realizadas (GENARO et al., 1996). A capacidade de indução de resposta imune protetora em cães tem sido observada também para antígenos secretados em cultura de promastigotas de L. infantum, LiESAp, administrado em associação ao adjuvante muramil dipeptídeo (MDP). Para esta combinação, uma eficácia protetora de 100% foi registrada após infecção experimental e esta proteção foi correlacionada com a indução de uma resposta imune específica tipo Th1, forte e duradoura (LEMERSE et al., 2005). Uma publicação recente apresenta os resultados da avaliação desta preparação em cães naturalmente expostos em uma área endêmica no sul da França, com uma taxa de proteção em torno de 92% num período de dois anos de acompanhamento (LEMERSE et al., 2007). A administração de preparações multicomponentes de antígenos recombinantes de L. infantum (proteína Q + BCG) e de L. infantum/chagasi [TSA, LeIF e LmSTI1 em associação à monofosforil lipídico (MPL)] resultou em alto índice de proteção (90%) contra infecção experimental em cães e capacidade de indução de anticorpos de isotipo IgG2a, respectivamente (MOLANO et al., 2003; FUGIWARA et al., 2005). Esta mesma preparação, quando avaliada em campo, não resultou em proteção significativa dos animais (GRADONI et al., 2005). Vale 39 ressaltar também que, em estudos anteriores, a produção de anticorpos neutralizadores contra proteínas de promastigotas de L. infantum em cães imunizados não resultou em proteção nos animais vacinados (OGUNKOLADE et al., 1988; DUNAN et al., 1989), o que reforça a associação entre resistência e imunidade mediada por células. 40 Tabela 1. Preparações antigênicas de moléculas candidatas a vacina, avaliadas no modelo murino de leishmaniose visceral experimental. Referência 1ª geração STREIT et al., 2001 preparação Resultado (redução carga parasitária e citocinas) Infecção subclínica (injeção cutânea alta dose) promastigotas vivas L. chagasi fígado (75%) Produção de IFN-γ, IL-4 e IL-10 Não induz TGF-β BRETON et al.,2005 L. tarentolae promastigotas vivas fígado (80%) e baço (85%) - 30 dias após desafio Produção de IFN-γ IL-4 não detectável Lcr1/Adjuvante de Freund fígado (40%) e baço (37,5%) proliferação e produção de IFN-γ (pt recomb. em células animais infectados) SANTOS et al., 1999 FML/rIL-12 FML/BCG FML/saponina R ou Quil A ou QS21 fígado – preparação FML/QS21 (79,2%) Acs IgG1 = IgG2a (maioria) DTHa em todas combinações exceto BCG, sendo QS21 + elevado IFN-γ apenas FML/QS21 FML/IL-12 - falha em reduzir carga parasitária STAGER et al., 2000 rHASPB1 fígado e baço (até 90% após 80 dias infecção) Resposta de Ac exclusivamente IgG1 com proliferação celular e produção de IFN-γ preferencialmente por T CD8+ e ausência de IL-4 DOLE et al.,2000 rORFF/rBT1 81% (baço e fígado) Títulos elevados de anticorpos específicos e proliferação de esplenócitos. PARAGUAI-DE-SOUZA et al., 2001 gp36 purificada/saponina (R) fígado (68,1%) Produção de Ac específicos IgG1 e IgG2a Proliferação células linfonodo e resposta de DTH GHOSH et al., 2001a rA2 fígado - 89% Produção de Ac específicos IgG1 e IgG2a Proliferação de esplenócitos e produção elevada de IFN-γ. Animais imunizados e grupo controle apresentam produção de IL-4 a níveis similares TONUI et al., 2003 LPG + BCG Induz resposta Th1 mas não protege TEWARY et al., 2004a rORFF/ODN* fígado e baço (84%) Produção anticorpos IgG1 e IgG2a Proliferação celular e aumento produção de IFN-γ sem alteração níveis IL-4 em relação aos controles TEWARY et al., 2006 rORFF + pIL-12 82-83% fígado e no baço Ac IgG1 e IgG2a específicos rORFF com proliferação celular, predomínio de IFN-γ e baixa produção IL-4 ROSA et al., 2007 rLIRIC1 e LIRIC2 baço 50,4% para LiRic1 e 66,9% para LiRic2 Induz proliferação celular e IFN-γ. Diminuição produção IL-10 e IL-4 após estímulo in vitro. Forte participação células T CD4+ 2ª geração WILSON et al., 1995d continuação 41 Referência preparação Resultado (redução carga parasitária e citocinas) MELBY et al., 2000 “biblioteca” de cDNA amastigota baço até 1000x - 4 semanas após o desafio Produção de IFN-γ elevada Produção de IL-4 e IL-10 não detectadas GHOSH et al., 2001b A2 DNA 65% fígado Produção de Ac específicos IgG1 e IgG2a Proliferação celular e produção de IFN-γ. Produção de IL-4 não difere dos controles. MARQUES-DA-SILVA et al., 2005 TEWARY et al., 2005 p36 (LACK) DNA Não houve proteção no fígado e no baço Produção concomitante de IFN-γ e IL-10 fígado e baço (DNA e DNA/pt) em torno de 75-80% Ac IgG2a > IgG1, proliferação celular e produção de IFN-γ IL-4 produção mínima AGUILAR-BE et al., 2005 rNH36/saponina NH36-DNA fígado: 79% (NH36/sap) e 88% (NH36-DNA) Ac específicos IgG1 e IgG2a. (fraca) Reação de DTH e aumento de 2-5x T CD4+ produtoras de IFN-γ (NH36-DNA) DONDJI et al.,2005 LACK-DNA primer LACK-Vaccinia virus booster baço (9-30x), fígado (6-9x), linfonodo (144-244x). Produção de IFN-γ, TNF-alfa e IL-10 (IFN-γ > IL-10) RAFATI et al., 2006 cpa-DNA/cpb-DNA primer (2x) seguido por rCPA e rCPB booster (Montanide 720 e ODN) fígado e baço (proteção completa) Predomínio Ac IgG2a Produção de IFN-γ e IL-5 CARTER et al., 2007 γ-GCS DNA fígado (44%) Ac IgG1 e IgG2a Produção de IFN-γ similar aos controles 3ª. geração a rORFF/alum ORFF-DNA ORFF-DNA primer / rORFF/alum booster DTH – reação de hipersensibilidade do tipo tardia ODN – oligonucleotídeos CpG não-metilados b Vacinas de DNA Contra Leishmaniose Visceral A imunização com moléculas de DNA capazes de expressar proteínas recombinantes in vivo é uma tecnologia recente que vem sendo amplamente avaliada como ferramenta para induzir a prevenção ou para o tratamento de doenças infecciosas (WAHREN, 1996; ALARCON et al., 1999). De um modo geral, neste sistema, os cDNAs de antígenos candidatos à vacina são clonados em vetores de expressão, apropriados para células de mamíferos, que utilizam a maquinaria da célula hospedeira necessária para a expressão do gene ou do fragmento do gene de interesse. Estes vetores podem ser injetados diretamente na pele ou no músculo e, rapidamente, são internalizados pelas células locais, onde, após translocação para o núcleo, ocorre a transcrição 42 do RNA mensageiro e, posteriormente, a produção da proteína recombinante (WOLFF & BUDKER, 2005). Assim, após processamento por células apresentadoras de antígenos e apresentação via moléculas do MHC, na dependência das características imunogênicas da proteína, ocorre a indução de uma resposta imune específica (TANG et al., 1992). A magnitude e o perfil da resposta imune induzida após injeção de DNA plasmideal são dependentes de fatores relacionados ao antígeno produzido, a características específicas do vetor carreador do gene, e, ainda, da via de administração utilizada. Estudos baseados em avaliação das subclasses de anticorpos e padrão de citocinas têm demonstrado que a resposta imune induzida após injeção intramuscular com DNA plasmideal é preferencialmente do tipo Th1. Este perfil de resposta imune foi observado, inicialmente, em camundongos imunizados com plasmídeocodificando a proteína β-galactosidase, nos quais ocorre uma produção acentuada de anticorpos de isotipo IgG2a e secreção de IFN-γ por células T CD4+, mas não a secreção de IL-4 ou IL-5. Um padrão inverso, com produção de anticorpos de isotipo IgG1 e secreção de citocinas tipo Th2, foi encontrado quando a mesma proteína foi administrada em salina ou hidróxido de alumínio como adjuvante (RAZ et al., 1996). Credita-se a capacidade imunoestimulatória da injeção com DNA a sequências repetitivas de nucleotídeos presentes na molécula de plasmídeo. Estas sequências consistem de dinucleotídeos não-metilados de citosina-fosfato-guanosina (CpG) que podem diretamente estimular células do sistema imune (HALPERN et al., 1996; KLINMAN et al., 1997; LECLERC et al., 1997). O primeiro estudo em que foi feita a avaliação de um candidato a vacina sob a forma de DNA contra leishmaniose foi publicado há pouco mais de 10 anos (XU & LIEW, 1994). Neste trabalho foi registrado que a injeção intramuscular de um plasmídeo, capaz de expressar em células eucarióticas o gene gp63, induziu uma forte resposta imune tipo Th1 em camundongos, assim como, uma significante proteção contra infecção por L. major. Subseqüentemente, vários foram os relatos de moléculas candidatas a vacina contra leishmaniose cutânea administradas sob a forma de DNA (GURUNATHAN et al., 1997; SJOLANDER et al., 1998; RAFATI et al., 2001; MENDEZ et al., 2001; SEREZANI et al., 2002; DUMONTEIL et al., 2003; IBORRA et al., 2003; CAMPBEL et al., 2003). A mesma abordagem, para avaliação de moléculas candidatas a uma vacina contra a leishmaniose visceral, tem sido recentemente explorada (Tabela 1). As proteínas recombinantes A2 (amastigote-specific), ORFF (open read frame F), NH36 (nucleoside hidrolase 36) e CPA/CPB (cisteína proteases), produzidas in vivo após injeção de 43 plasmídeos recombinantes, foram capazes de induzir a produção de anticorpos específicos de isotipo IgG2a, proliferação celular e produção de IFN-γ em camundongos BALB/c, características típicas de uma resposta imune predominantemente do tipo Th1. A resposta obtida para cada uma destas proteínas foi associada a diversos níveis de proteção contra a infecção, tanto no fígado como no baço dos animais desafiados (GHOSH et al., 2001; SUKUMARAN et al., 2003; AGUILAR-BE et al., 2005; RAFATI et al., 2006). Há apenas três relatos na literatura onde a injeção com plasmídeo recombinante não foi capaz de induzir proteção contra Leishmania. Dois destes registros mostram que a administração de proteína LACK sob a forma de DNA apesar de altamente imunogênica, com perfil claro de resposta imune tipo Th1, não conferiu proteção em camundongos BALB/c, quer seja contra L. donovani ou L. infantum/chagasi (MELBY et al., 2001; MARQUES-DA-SILVA et al., 2005), apesar de sua eficácia no controle de lesões cutâneas induzidas por L. major (GURUNATHAN et al., 1997). O terceiro registro é de um caso em que uma resposta imune tipo Th2, induzida pela proteína Meta 1, não pode ser revertida para Th1 mesmo quando a injeção com plasmídeo recombinante foi utilizada (SEREZANI et al., 2002). Até o presente, pelo menos três avaliações de possíveis candidatos a componentes de uma vacina de DNA contra a leishmaniose visceral foram realizadas no modelo canino de infecção experimental. Uma preparação com 10 diferentes cDNAs (H2A, H2B, H1, H3, H4, p36 – LACK, PSA-2, TSA, STI1 e ARP-1) de L. donovani, todos sob a forma de plasmídeo, foram utilizados em um protocolo de imunização e posterior desafio com L. donovani (SALDARRIAGA et al., 2006). Nos outros dois estudos foram avaliados protocolos de imunização heteróloga, nos quais a primeira injeção foi realizada com plasmídeos capazes de codificar a proteína LACK ou as cisteínas proteínases CPA e CPB de L. infantum/chagasi e, posteriomente, um reforço feito com o vírus vaccinia capaz de expressar a proteína LACK e a administração das cisteínas proteínases recombinantes, respectivamente. (RAMIRO et al., 2003; RAFATI et al., 2005). O protocolo de administração de LACK-DNA (plasmídeo seguido de vírus vaccinia), e posterior desafio com L. infantum/chagasi, conferiu proteção em 60% dos animais vacinados, acompanhados durante um período de 17 meses (RAMIRO et al., 2003). Proteção contra o desafio com L. infantum, em cães, também foi observada após imunização com DNAcodificando cisteínas proteínases seguido de reforço com as proteínas recombinantes. Neste estudo, células mononucleares de sangue periférico de animais imunizados apresentaram uma capacidade 44 proliferativa específica e produção de RNA mensageiro para IFN-γ elevada quando comparados aos animais do grupo controle não vacinados. Também o perfil da produção de anticorpos e a capacidade de responder ao teste intradérmico de Montenegro foram diferentes entre os grupos, com aumento de IgG2a e reação positiva no grupo imunizado. Além disso, após o desafio com L. infantum/chagasi, parasitos foram identificados apenas em material da medula óssea do grupo controle não imunizado (RAFATI et al, 2005). Uma resposta imune com as características descritas acima, também foi observada após a administração da preparação multicomponente em cães (SALDARRIAGA et al., 2006). Neste estudo, o controle da multiplicação do parasito nos linfonodos drenantes ocorreu, nos animais imunizados, após o desafio por L. infantum/chagasi logo na fase inicial da infecção, mas não foi capaz de impedir a disseminação para outros órgãos. Avaliações de fase III para preparações baseadas em imunização com DNA plasmideal não foram realizadas até o momento. Dentre as várias estratégias utilizadas para identificação de antígenos com potencial para uso em uma vacina, a busca por antígenos que ocorrem no estágio intracelular de Leishmania é freqüentemente utilizada (WILSON et al., 1995; MELBY et al., 2000; MARTINS et al., 2006). A forma amastigota das diversas espécies de Leishmania é a que persiste no interior de células do sistema monofagocítico do hospedeiro vertebrado. Dessa maneira, uma resposta imune protetora deve ser induzida para antígenos expressos neste estágio (McMAHON-PRATT et al., 1998). Assim, nosso grupo de pesquisa confeccionou uma biblioteca de cDNA de formas amastigotas de L. chagasi e, diferentemente de outros grupos, os antígenos identificados nesta biblioteca foram selecionados a partir do uso de um pool de soro de cães infectados obtidos de uma área endêmica para leishmaniose visceral (TEIXEIRA et al., 2007). Estes animais apresentavam além de resposta imune humoral, resposta celular com DTH positivo para antígenos de L. infantum/chagasi. Dessa forma, apenas antígenos naturalmente reconhecidos pelo sistema imune canino foram selecionados. Considerando-se que uma vacina canina efetiva contra a leishmaniose visceral deve, em princípio, ser capaz de induzir uma resposta imune predominantemente celular do tipo Th1, a identificação de antígenos, adjuvantes e/ou métodos de imunização que propiciem uma resposta com estas características deve ser o alvo para a obtenção desta vacina. Como demonstrado em experimentos anteriores, o uso de injeções de DNA tem levado a resultados bastante promissores neste sentido (RAMIRO et al., 2003; RAFATI et al., 2005; SALDARRIAGA et al., 2006). Além 45 disso, a imunização com plasmídeo tem a vantagem de ser altamente estável, reprodutível e de baixo custo. Estes fatores, somados à capacidade de indução de uma resposta imune protetora que seja capaz de impedir e/ou controlar a infecção em cães e contribuir para a interrupção do ciclo de transmissão do parasito para seres humanos, serão avaliados em uma vacina que venha substituir os métodos atualmente empregados para o controle da leishmaniose visceral. 46 3. OBJETIVOS 3.1. Objetivo Geral Avaliar diferentes protocolos de imunização na indução de resposta imune, em camundongos, a moléculas candidatas a componentes de uma vacina contra leishmaniose visceral canina. 3.2. Objetivos específicos 1. Avaliar a capacidade de indução de resposta imune humoral e celular contra antígenos recombinantes de L. chagasi, injetados em camundongos sob forma de plasmídeo, isoladamente ou como uma combinação de plasmídeos ou, ainda, após injeção inicial com DNA e reforço com a proteína recombinante correspondente, nos seguintes aspectos: a) Produção de anticorpos da classe IgG e das subclasses IgG2a e IgG1; b) Resposta proliferativa de esplenócitos após estimulação específica in vitro; c) Produção de citocinas (IFN-gama, IL-4 e IL-5) em sobrenadantes de esplenócitos após estimulação específica in vitro. 2. Avaliar a capacidade de antígenos recombinantes de L. chagasi, administrados isoladamente sob a forma de plasmídeo ou como uma combinação de plasmídeos, em induzir proteção e/ou controle contra infecção homóloga em camundongos. 47 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Antígenos 4.1.1 Produção de extrato bruto de antígenos de Leishmania chagasi A cepa de L. chagasi MHOM/BR2000/Merivaldo2 foi utilizada para a preparação de extrato bruto de antígenos de Leishmania. Esta cepa foi isolada inicialmente, através de punção esplênica, de um paciente com leishmaniose visceral de uma área endêmica do município de Jequié-Bahia (PARANHOS-SILVA et al., 2001). A partir de isolamento e expansão, alíquotas de formas promastigotas dessa cepa de L. chagasi foram armazenadas em nitrogênio líquido. A cepa foi mantida em nosso laboratório através de cultivo em meio Schneider (Sigma-Aldrich, Saint Louis, MO, EUA) ou de passagens sucessivas em hamsters. As infecções de hamsters foram realizadas por injeção intraperitoneal de 1 x 107 formas de promastigotas de cultura ou de suspensão de fragmentos macerados de baço ou fígado de um hamster previamente infectado. A preparação de extrato bruto de antígenos de Leishmania foi iniciada a partir da obtenção de formas promastigotas de L. chagasi. Para a obtenção de promastigotas, fragmento de baço ou fígado de hamster infectado foi macerado e incubado em meio de cultura Schneider Drosophila (Sigma-Aldrich, Saint Louis, MO, EUA Sigma-Aldrich, EUA), pH 7.2, suplementado com 20% de soro bovino fetal inativado (SFB, Gibco, EUA), a temperatura de 24o C, conforme método descrito por Paranhos-Silva e colaboradores (PARANHOS-SILVA et al., 1996). Formas promastigotas geradas foram transferidas para frascos de cultura e submetidas a passagens sucessivas em volumes de cultura cada vez maiores. Volumes de meio de cultura com Leishmania na fase logarítmica ou na fase estacionária de multiplicação foram misturados de modo a originar uma suspensão com proporção de 30% e 70% de parasitos da primeira e da última fase, respectivamente, conforme descrito previamente (RODRIGUES, 2004). A suspensão resultante foi centrifugada a 500 x g, a 4oC, por 10 minutos. Em seguida, os parasitos foram lavados três vezes com salina tamponada com fosfato, pH 7,2 (PBS, NaCl a 137 mM, KCl a 2,68 mM, Na2HPO4 a 9,58 mM e NaK2PO4 a 1,47 mM). O sedimento obtido após a última lavagem contendo 12,75 x 1010 promastigotas foi ressuspenso para a concentração de 7,5 X 109 parasitos 48 por mL, em 17 mL de PBS, pH 7.2, com inibidores enzimáticos para inibir proteólise, nas seguintes concentrações finais: antipaína a 5 µg/mL, fluoreto de fenilmetilsulfonila (PMSF) a 1 mM, pepstatina A a 5 µg/ml, L-trans-epoxisuccinil-L-leucilamino-4-guanidinobutano (E-64) a 8 µM, leupeptina a 5 µg/mL (Sigma-Aldrich). A suspensão foi submetida a sonicação com cinco pulsos de 40 Hz, sobre gelo. Os pulsos foram realizados cada um com dez segundos de duração, com intervalo de 60 segundos entre cada dois pulsos consecutivos, usando-se o aparelho Ultrasonic Processor (PGC Scientifics, Gaithersburg, Maryland, EUA). Posteriormente, a concentração protéica foi mensurada pelo método da fluorescamina, conforme método previamente descrito (UDENFRIEND et al., 1972; BOHLEN et al., 1973). A partir daí, amostras de 500 µL de extrato bruto de antígenos com concentração protéica de 18,28 mg/mL foram submetidas à esterilização por irradiação gama e armazenadas a – 20°C. Para a esterilização, tubos de microcentrifugação de 1,5 mL, com amostra de extrato bruto de antígenos, foram colocados em um saco contendo gelo e expostos a 60.000 rads usando-se um irradiador gama IBL Cs137 (CIS Bio International, Gif-Sur-Yvette Cedex, França). A preparação de extrato bruto de antígenos de formas promastigotas de L. chagasi para uso como antígeno na sensibilização de placas de microtitulação em ELISA foi realizada essencialmente como descrita no parágrafo acima, com algumas modificações. Resumidamente, formas promastigotas de L. chagasi, em fase estacionária, cultivadas por até sete passagens, foram obtidas por centrifugação a 800 x g, por 10 minutos, à 4ºC. Em seguida, os parasitos foram lavados três vezes em PBS, pH 7,2 por centrifugação e o sedimento final ressuspenso em 10 mL de PBS, pH 7,2, foi sonicado, sobre o gelo, com cinco pulsos de 40 Hz (Ultrasonic Processor, PGC Scientifics, Gaithersburg, Maryland, EUA). Os pulsos foram realizados com 45 segundos de duração/pulso, com intervalo de 60 segundos entre cada dois pulsos consecutivos. A determinação da concentração de proteína solubilizada de L. chagasi foi realizada pelo método de Bradford (BRADFORD, 1976), comparando a densidade óptica desta com a de concentrações conhecidas de albumina sérica bovina. A quantidade de antígeno, obtida a partir de 3 x 1010 promastigotas de L. chagasi foi de 97,5 mg, foi ressuspensa em um volume de 10 mL de solução salina, resultando em uma concentração de 9,75 mg/mL. O extrato de antígenos foi aliquotado à 20º C até o momento do uso. 49 4.1.2 Produção de antígenos recombinantes de Leishmania chagasi Em estudos prévios em nosso laboratório, uma biblioteca de DNA complementar (cDNA) de formas amastigotas de L. chagasi (cepa MHOM/BR2000/Merivaldo2) foi confeccionada em fago lambda (fago lambda ZAP Express, Stratagene, La Jolla, CA, EUA), visando à seleção e à avaliação de antígenos protéicos recombinantes para o desenvolvimento de uma vacina, um método imunoterápico e ensaios imunodiagnósticos para leishmaniose visceral humana e canina. Clones de fagos recombinantes produzindo, em Escherichia coli, antígenos capazes de reagir com anticorpos de uma mistura de soros de quatro cães naturalmente infectados por Leishmania, que apresentavam resposta imune humoral e celular específicas, foram selecionados e submetidos à excisão, seguindo-se recomendações da Stratagene, de modo a gerar clones correspondentes de fagímideos, plasmídeos que exibem a seqüência COS de fago lambda (TEIXEIRA et al., 2007). Quatro desses clones de plasmídeo foram denominados pBKCMVLc9, pBKCMV-Lc13, pBKCMV-Lc14 e pBKCMV-Lc18. A seqüência de DNA das extremidades 5’ e 3’ de cada inserto desses clones foi determinada e o gene que codifica cada polipeptídio foi identificado no genoma de Leishmania infantum do banco de dados do Instituto Sanger (http://www.genedb.org/genedb/linfantum/), através de uma colaboração com o Dr. Osvaldo Pompilio de Melo Neto do Departamento de Microbiologia do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (FIOCRUZ, Recife, PE). Posteriormente, parte dos insertos que codificam os polipeptídeos Lc9, Lc13, Lc14 e Lc18 foi subclonado em plasmídeo pRSET (Invitrogen, Carlsbad, California, EUA), gerando as construções pRSETB-Lc9, pRSETB-Lc13, pRSETALc14 e pRSETB-Lc18, respectivamente, capazes de promover super-expressão de cada um dos polipeptídeos recombinantes na linhagem de Escherichia coli BL21(DE3)pLysS (Invitrogen). O plasmídeo pRSET acrescenta, na extremidade amina do polipeptídio recombinante, uma seqüência de seis histidinas. Cultivo de E. coli e indução da produção de antígenos recombinantes Para a produção de proteínas recombinantes de L. chagasi Lc9, Lc13, Lc14 e Lc18 em E. coli, volumes de 2 litros a 10 litros de cultura de E. coli da cepa BL21(DE3)pLysS (Invitrogen) transformada com cada uma das construções plasmidiais pRSETB-Lc9, pRSETB-Lc13, pRSETA-Lc14 e pRSETB-Lc18, respectivamente, foram utilizados. Resumidamente, uma 50 colônia de cada bactéria transformada com pRSETB-Lc9, pRSETB-Lc13, pRSETA-Lc14 ou pRSETB-Lc18 foi inoculada, separadamente, em um volume de 50 mL de meio de cultura LuriaBertani [caldo LB: 1% de bacto-triptona (HiMedia, Mumbai, Índia), 0,5% de extrato de levedura (Isofar, Duque de Caxias – RJ), 1% de cloreto de sódio (Isofar), pH 7.0] com 50 µg/mL de ampicilina (Sigma-Aldrich) e 35 µg/mL de cloranfenicol (Sigma-Aldrich), e cultivada a 37°C, em uma incubadora orbital (Orbit Environ Shaker, Lab-Line, Seatlle, WA, EUA), sob agitação constante a 250 rpm, por aproximadamente 16 horas para obtenção de um pré-inóculo. Após esse período, a leitura de densidade óptica (D.O.) de cada pré-inóculo foi avaliada a 600 nm. O préinóculo de cada preparação foi utilizado para gerar grandes volumes de cultura, entre 2 a 5 litros por preparação. Cada pré-inóculo foi diluído em meio de cultura LB sem antibióticos, de modo a obter-se uma leitura de D.O. a 600 nm de valor próximo ou igual a 0,1. O volume final de cultivo de cada bactéria foi preparado de acordo com a D.O. obtida de cada pré-inóculo. Frascos Erlenmeyers de 1000 mL e de 2000 mL receberam um volume máximo de 200 mL e 400 mL da cultura recém diluída, respectivamente, não ultrapassando portanto 20% da capacidade máxima de cada frasco. As culturas bacterianas de cada frasco Erlenmeyer foram incubadas, a 37° C, sob agitação constante a 250 rpm. Quando a medida da densidade óptica da cultura, avaliada a 600 nm, atingiu um valor entre 0,4 e 0,6, um volume de isopropil-thio-B-D-galactosídio (IPTG, Invitrogen) preparado a 1M foi acrescentado para obter-se a concentração final de 0,25 mM nas culturas de E. coli transformadas com as construções pRSETB-Lc9 ou pRSETA-Lc14 e concentrações finais de 0,125 mM de IPTG para culturas de E. coli transformadas com as construções pRSETB-Lc13 ou pRSETB-Lc18, com a finalidade de induzir a produção da proteína recombinante. Estas concentrações foram determinadas em experimentos prévios nos quais foram avaliados o pontos máximo de produção de cada uma das proteínas recombinantes a partir de ensaios de dose-resposta e cinética de produção. Após a indução com IPTG, as culturas de cada frasco Erlenmeyer foram incubadas por mais três horas nas condições indicadas acima. A suspensão de bactéria de cada frasco foi centrifugada a 5.000 x g, a 4° C, por 15 minutos. Os sedimentos de cada preparação, correspondentes a todo o volume de cada cultura, foram pesados e armazenados a –20°C até o momento da purificação. Sedimentos obtidos a partir de alíquotas de um mililitro da cultura de bactéria, coletadas antes e após três horas de indução com IPTG, foram usadas para avaliação da produção da proteína recombinante. 51 Purificação de antígenos recombinantes de L. chagasi As purificações de antígenos recombinantes foram realizadas separadamente para uso em cultivo celular, para estímulo in vitro de esplenócitos murinos e para uso em ELISA, para sensibilização de placas de microtitulação. As proteínas recombinantes purificadas e utilizadas em cultivo celular foram gentilmente preparadas pelo Dr. Edmilson Domingos da Silva, de Biomanguinhos, Instituto Fundação Osvaldo Cruz, RJ, utilizando-se três metodologias: cromatografia de afinidade com metal imobilizado (como realizado em nosso laboratório), diálise em G25 e troca Iônica (Poros HQ), seguindo-se as instruções dos fabricantes. As proteínas recombinantes de Leishmania chagasi Lc9, Lc13, Lc14 e Lc18 utilizadas para ensaios de ELISA, foram purificadas apenas usando-se colunas de cromatografia de afinidade preparadas com Sepharose quelada por níquel (“Sepharose Chelating Sepharose Fast Flow”, Amersham Biosciences Corp., New Jersey, EUA), como descrito posteriormente. Uma etapa prévia à purificação das proteínas envolveu a lise bacteriana e obtenção de cada proteína recombinante seja na forma solúvel ou sob a forma de corpúsculos de inclusão, na fração insolúvel da preparação (SAMBROOK & RUSSEL, 2000). Obtenção de proteínas solúveis ou sob a forma de corpúsculos de inclusão Para a purificação de Lc9, sedimento bacteriano de 5 litros do cultivo de bactéria [BL21(DE3)pLysS transformada com pRSETB-Lc9, pesando 8.5 g, dividido em quatro tubos de polipropileno do tipo Falcon de 50 mL, foi descongelado a 4°C e ressuspenso em tampão de lise (20 mM Na2HPO4, 500 mM NaCl, 10 mM imidazol, pH 8,0), com auxílio de um agitador vórtex (Labnet, Woodbridge, NJ) e reunidos em um só tubo. Para cada grama de sedimento foram utilizados três mililitros de tampão de lise. Um miligrama de lisozima (Sigma) foi acrescentado para cada mililitro da suspensão. Em seguida, o tubo foi incubado por 20 minutos sobre gelo. Posteriormente, para auxiliar no processo de lise bacteriana, foram adicionados quatro miligramas de ácido deoxicólico (Fisher Scientific GmbH, Schwerte, Germany) para cada grama do sedimento bacteriano original. O material foi, então, incubado a 37ºC, durante 15 minutos, em banho-maria. Depois disso, visando à fragmentação de DNA genômico da bactéria, o conteúdo do tubo foi sonicado sob o gelo. Foram aplicados quatro pulsos ultrassônicos com potência de 52 300 Watts (cada pulso teve 30 segundos duração e os intervalos entre cada dois pulsos consecutivos foram de 10 segundos), usando-se um aparelho ultrasonicador (Sonifier Cell Disruptor, Branson Sonic Power Company, Danbury, Connecticut, EUA). A suspensão resultante foi centrifugada a 17.000 x g, a 4° C, por 15 minutos. O sobrenadante e o sedimento, esse último depois de três lavagens com tampão de lise, foram separadamente transferidos para tubos Falcon de 50 mL, os quais foram armazenados a -20ºC até o uso. Uma amostra do sobrenadante e outra do sedimento, retiradas antes do armazenamento, foram analisadas através de gel de poliacrilamida contendo dodecilsulfato de sódio (SDS-PAGE; LAEMMLI, 1970) para determinar-se qual das duas frações exibia maior enriquecimento da proteína recombinante Lc9. A análise revelou que a fração solúvel exibia cerca de 80 % da proteína Lc9 produzida em E. coli (FRAGA, 2007). As preparações de Lc13, Lc14 e Lc18, para posterior purificação em coluna de afinidade por cromatografia, foram obtidas seguindo-se o procedimento descrito no parágrafo anterior, com apenas pequenas modificações. Foram utilizados sedimentos bacterianos armazenados em tubos tipo Falcon de 50 mL, equivalentes a volumes de cultura de 2,8 L, 10L e 2L litros do cultivo de bactéria BL21(DE3)pLysS transformada com pRSETB-Lc13, pRSETA-Lc14 ou pRSETB-Lc18, pesando 10,3 g, 14,37 g e 4,62 g, respectivamente. Após a lise bacteriana e etapas de centrifugação, os sedimentos insolúveis de BL21(DE3)pLysS-pRSETB-Lc13, BL21(DE3)pLysSpRSETA-Lc14 ou BL21(DE3)pLysS-pRSETB-Lc18 foram ressuspensos com aproximadamente 30 mL, 29 mL e 20 mL de tampão de ligação com agente denaturante (20 mM Na2HPO4, 500 mM NaCl, 10 mM imidazol, 8M uréia, pH 8,0), respectivamente, e armazenados a -20ºC até o momento de uso. Amostras do sobrenadante e dos sedimentos, retiradas antes do armazenamento, foram analisadas através de SDS-PAGE para determinar-se qual das duas frações exibia maior enriquecimento das proteínas recombinantes Lc13, Lc14 e L18. A análise revelou que a fração insolúvel exibia maior concentração de cada uma das proteínas analisadas em relação a fração solúvel. Purificação em coluna de afinidade Lc9 Um volume de 25 mL de proteínas da fração solúvel de bactéria BL21(DE3)pLysSpRSET-Lc9 foi aplicado, oito vezes, sobre uma coluna de 2 mL da resina Sepharose-níquel 53 (“Sepharose Chelating Sepharose Fast Flow”, Amersham Biosciences Corp., New Jersey, EUA), preparada seguindo-se as recomendações do fabricante. Resumidamente, para preparação da coluna, 2 mL de resina foram lavados três vezes com 10 mL de água destilada de cada vez e, em seguida, expostos a um volume de 1,5 mL de NiSO4 (Merck, São Paulo, São Paulo, Brasil) a 100 mM, por 15 minutos. A resina foi então lavada mais três vezes com água destilada e equilibrada com 10 mL de tampão de uma solução a 20 mM Na2HPO4, 500 mM NaCl, 10 mM imidazol, pH 8,0 e depois transferida para o suporte da resina. Após drenagem do tampão de lise, foram aplicados, em cada passagem, 3 mL da fração solúvel mencionada acima. Depois de 30 minutos, o fluxo foi ajustado para permitir exposição das proteínas à resina por mais 30 minutos. A resina foi lavada três vezes com 10 mL de solução Na2HPO4 a 20 mM, NaCl a 500 mM, imidazol a 31,25 mM, pH 8,0 (solução de lavagem) de cada vez e, em seguida, proteínas foram eluídas da coluna com quatro lavagens de 4 mL de solução Na2HPO4 a 20 mM, NaCl a 500 mM, imidazol a 500 mM, pH 8,0 (solução de eluição) de cada vez. Amostras efluentes da coluna, obtidas após aplicação das proteínas, durante a lavagem e durante a eluição, foram coletadas para análise por SDS-PAGE, juntamente com o material inicialmente aplicado na coluna para avaliação do processo de purificação da proteína recombinante. As frações cromatrográficaS exibindo Lc9 foram reunidas e submetidas à diálise contra PBS, pH 7.2, realizada em três banhos de 8 horas a 4° C. Após a diálise, a fração solúvel obtida após a centrifugação a 17000 g durante 15 minutos a 4° C, foi quantificada através do método da fluorescamina (Sigma-Aldrich) de determinação protéica, e armazenadas, em PBS, a -20°C até o momento de uso. Algumas amostras, antes de serem armazenadas, foram submetidas à esterilização por irradiação gama, como descrito anteriormente, para uso posterior em ensaios celulares. Lc13, Lc14 e Lc18 As proteínas recombinantes Lc13, Lc14 e Lc18 foram purificadas por cromatografia de afinidade, como descrito para a purificação de Lc9, usando-se uma resina quelada com níquel, exceto que, para estas purificações foi utilizado o método de centrifugação (“batch”) ao invés de coluna, propriamente dita. Um volume de aproximadamente 1 mL, 29 mL e 20 mL de proteínas da fração insolúvel de bactéria BL21(DE3)pLysS-pRSETB-Lc13, BL21(DE3)pLysS-pRSETALc14 ou BL21(DE3)pLysS-pRSETB-Lc18 foi utilizado para purificação, em tubos tipo Falcon de 54 15 mLcontendo 2 mL da resina de Sepharose carregada com níquel (“Sepharose Chelating Sepharose Fast Flow”, Amersham Biosciences Corp., New Jersey, EUA), preparada seguindo-se as recomendações do fabricante. As amostras foram incubadas durante 30 minutos, a temperatura ambiente, sob agitação constante tipo end-over-end em agitador hematológico (Fisher Scientific, EUA). Posteriormente, os tubos foram centrifugados a 500 x g, durante 5 minutos a 4oC. O sobrenadante foi removido e armazenado para análise. A resina foi lavada três vezes com 10 mL de tampão fosfato a 20 mM, NaCl a 500 mM, imidazol a 31,25 mM, uréia a 8 M, pH 8,0 (solução de lavagem) de cada vez e, em seguida, proteínas foram eluídas da resina com quatro lavagens de 4 mL de tampão fosfato a 20 mM, NaCl a 500 mM, imidazol a 500 mM, uréia a 8 M, pH 8,0 (solução de eluição) de cada vez. As frações cromatrográficas das purificações de Lc13, Lc14 ou Lc18 foram analisadas por SDS-PAGE, e submetidas à diálise contra PBS, pH 7.2, realizada em três banhos de 8 horas a 4°C. Após a diálise, as frações insolúveis obtidas após a centrifugação a 17000 x g durante 15 minutos a 4° C, foram quantificadas através do método da fluorescamina (Sigma-Aldrich) de determinação protéica e armazenadas, em PBS, a -20°C até o momento de uso. 4.1.3 Obtenção de plasmídeos para imunização Como descrito anteriormente, no item 4.1.2., uma biblioteca de cDNA de formas amastigotas de L. chagasi foi confeccionada, por um dos pesquisadores do nosso laboratório, tendo como um dos objetivos o desenvolvimento de uma vacina contra a leishmaniose visceral canina, na qual antígenos protéicos recombinantes, provenientes desta biblioteca, seriam utilizados. Clones da biblioteca de cDNA, que foi confeccionada em fago lambda (fago lambda ZAP Express, Stratagene, La Jolla, CA, EUA), são capazes de gerar facilmente, por um processo denominado de excisão, fagimídios (pBK-CMV). Tais fagimídios comportam-se como plasmídeos e são capazes de levar a expressão de proteínas recombinantes tanto em células procarióticas (E. coli) quanto em células eucarióticas (células de mamíferos). Dessa forma, plasmídeos purificados podem ser utilizados diretamente para injeção de animais e avaliados como vacinas de DNA pela análise da imunogenicidade de cada proteína recombinante produzida in vivo. Quatro desses clones de plasmídeos denominados pBK-CMV-Lc9, pBK-CMV-Lc13, pBKCMV-Lc14 e pBKCMV-Lc18 foram selecionados e obtidos para imunização de camundongos BALB/c. Cada um destes plasmídeos é capaz de produzir in vivo a proteína 55 recombinante correspondente acrescida de uma seqüência de 32 aminoácidos de β-galactosidase, devido à uma seqüência de nucleotídeos que codifica para B-galactosidase que antecede o sítio de inserção do cDNA clonado. Por este motivo, pBK-CMV, sem inserto exógeno, foi purificado e utilizado como controle negativo. Purificação de plasmídeos pBK-CMV com insertos de antígenos recombinantes de L. chagasi e de plasmídeocodificando IL-12 murina - pcDNA3.1-scmu-IL12 Para obtenção de plasmídeos pBKCMV-B-gal, pBKCMV-Lc9, pBKCMV-Lc13, pBKCMV-Lc14, pBKCMV-Lc18 e pcDNA3.1-scmu-IL-12, usados para injeção dos animais, foram utilizadas colunas de troca iônica (sílica-DEAE) para a purificação de DNA em média escala (Qiagen Plasmid Mega Kit, Qiagen, Valencia, CA, EUA), seguindo-se as recomendações do fabricante. Resumidamente, E. coli da linhagem TOP10, transformadas previamente com cada uma das construções, pBKCMV-B-gal, pBKCMV-Lc9, pBKCMV-Lc13, pBKCMV-Lc14, pBKCMV-Lc18 e pcDNA3.1-scmu-IL-12, foram semeadas, a partir de um estoque de bactéria permanente armazenado a -70oC, em uma placa de meio de cultura LB-ágar (Gibco) com 50 µg/mL de kanamicina ou 50 µg/mL de ampicilina (para TOP10/pcDNA3.1-scmu-IL-12) e cultivadas por 18 horas a 37oC. No dia posterior à preparação de cada placa, uma colônia de TOP10 de cada um dos clones de plasmídeo foi inoculada em um tubo de vidro estéril de 50 mL contendo 5 mL de meio de cultura LB (Gibco) com 50 µg/mL de kanamicina ou 50 µg/mL de ampicilina e cultivada por 8 horas a 37oC sob agitação constante de 250 rpm. Em seguida, 4 mL de cada pré-inóculo foi misturado a 2 litros de meio LB com 50 µg/mL de kanamicina ou 50 µg/mL de ampicilina resultando em uma diluição de 1:500. O volume total de cada cultura foi redistribuído em 5 frascos Erlenmeyers de 2000 mL, sendo 400 mL de cultura em cada um. Cada cultura foi incubada durante cerca de 18 horas a 37oC sob agitação constante de 250 rpm. O sedimento bacteriano de cada cultura foi obtido após centrifugação a 6000 x g, por 15 minutos, a 4oC e armazenado a -20oC até o momento do uso. Para obtenção dos plasmídeos em fase aquosa/solúvel para posterior passagem na coluna de purificação foi realizada lise alcalina como recomendado pelo fabricante do kit de purificação. Então, cada sedimento bacteriano de TOP10 transformada com pBKCMV, pBKCMV-Lc9, pBKCMV-Lc13, pBKCMV-Lc14, pBKCMV-Lc18 ou pcDNA3.1-scmu-IL-12 foi ressuspenso 56 completamente com 200 mL de tampão P1 (50 mM Tris-Cl, pH 8,0; 10 mM EDTA; 100 µg/mL RNAse A) em um frasco Erlenmeyer de 1000 mL. Em seguida foram adicionados à suspensão bacteriana 200 mL de solução P2 (200mM NaOH, 1% SDS) e, após agitação suave por inversão de 4 a 6 vezes, incubados a temperatura ambiente por 5 minutos. Após este período de incubação foram adicionados 200 mL de solução P3 (3M acetato de potássio, pH 5,5) seguido novamente de agitação suave por inversão de 4 a 6 vezes seguida de incubação por 30 minutos no gelo. O lisado bacteriano de cada preparação foi transferido para frascos de centrifugação (Beckman Coulter, EUA) em volumes de aproximadamente 150 mL por frasco e centrifugados a 20.000 x g durante 30 minutos a 4o C. O sobrenadante foi removido, transferido para novos frascos e submetidos a centrifugação de 20.000 x g por 15 minutos a a 4o C. Após esta última centrifugação, o sobrenadante foi passado através de um filtro de pano de algodão para completa remoção de partículas. Cada coluna utilizada para purificação dos plasmídeos foi preparada seguindo-se as instruções do fabricante. Resumidamente, 35 mL de tampão QBT (750mM NaCl; 50 mM MOPS, pH7,0; 15% isopropanol; 0,15% Triton X-100) foi utilizado para equilibrar cada coluna. A passagem de cada tampão pela coluna, assim como das amostras contendo plasmídeo, ocorreu por fluxo gravitacional. Após a aplicação da amostra foram adicionados a cada coluna 200 mL de tampão de lavagem QC (1M NaCl; 50 mM MOPS, pH 7,0; 15% isopropanol). A eluição foi feita com 35 mL de tampão QF (1,25 M NaCl, 50 mM Tris.Cl, pH 8,5; 15% de isopropanol). Cada eluato foi armazenado em tubos Falcon de 50 mL a 4o C até o momento da precipitação do DNA. Para a precipitação, foram adicionados 24,5 mL de isopropanol (Sigma, St Louis, EUA) para cada eluato. Após agitação suave, o material foi centrifugado a 5000 x g durante 60 minutos a 4o C. O sobrenadante da centrifugação foi descartado e cada sedimento obtido foi lavado com 3,5 mL de etanol 70% por centrifugação de 5000 x g durante 60 minutos a 4o C. Ao final, o sedimento contendo DNA plasmideal foi ressuspenso com cerca de 1 mL de água Mili Q, para armazenamento, ou solução salina [cloreto de sódio a 0,85 %, (Isofar)], para uso em injeções, e solubilizado a 65o C por cerca de 30 a 60 minutos. A concentração de plasmídeo e a pureza do material obtido foi determinada pela leitura de densidade óptica em filtro de 260 nm e 280 nm, respectivamente, em aparelho espectrofotômetro Ultrospec. Cerca de 100 ng de cada plasmídeo foi analisado em gel de agarose (Amersham Biosciences) a 1% corado com brometo de etídeo (Sigma-Aldrich) a 0,5 µg/mL em tampão Tris-acetato-EDTA (TAE; 20 mM de Tris, 0,1% de 57 ácido acético e 1 mM de EDTA – pH 8,0) após eletropforese por 1 hora a 80V. Uma amostra de marcadores de pares de bases (1 Kb DNA ladder; Invitrogen Corporation) também foi fracionado no gel. A migração das bandas presentes no gel foi documentada pelo sistema Eagle Eye II (Stratagene, La Jolla, CA, EUA). Os plasmídeos foram armazenados em alíquotas a -20 oC até o uso. 4.2 Animais Foram utilizados 180 camundongos da linhagem isogênica BALB/c, machos e fêmeas, com idade entre 5 e 6 semanas, mantidos no biotério do Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz (CPqGM-FIOCRUZ-Salvador-Bahia). Os camundongos foram alojados em caixas de 30 x 19,5 x 12 cm, entre três e seis animais por caixa, durante todo o período do experimento, no biotério do CPqGM, sob condições adequadas de temperatura (21oC ± 1o C) e de umidade (50 - 60%). Os animais foram mantidos com alimentação (ração comercial BioBase, Base Química Prod. Quím. Ltda., Brasil) e água ad libitum. 4.3 Imunização Foram realizados três protocolos de imunização, nos quais plasmídeos (pBK-CMV-Lc9, pBK-CMV-Lc13, pBK-CMV-14 e pBK-CMV-Lc18) foram (i) administrados isoladamente ou como (ii) uma combinação (pool) de plasmídeos, associados ou não a plasmídeocodificando IL12 murina (pcDNA3.1-scmu-IL-12) ou ainda, (iii) um protocolo de imunização tipo DNA primer/proteína booster, no qual pBK-CMV-Lc9 foi injetado nas duas primeiras injeções e posterior reforço com Lc9 recombinante associada a saponina (ver Apêndice A). Para realização das injeções foram formados cinco grupos de doze animais e um grupo de dezoito animais para o protocolo (i), quatro grupos de doze animais e um grupo de dezoito animais para o protocolo (ii) e seis grupos de seis animais para o protocolo (iii). Como grupos controles, os animais receberam salina, pBK-CMV vazio, saponina ou Lc9 apenas. Foram realizadas três séries de injeções com intervalos de 21 dias entre cada duas injeções consecutivas. Os animais receberam injeção intramuscular, na região do quadríceps, de 50 µL de cada plasmídeo na concentração de 1 mg/mL (50 µg/injeção) ou 50 µL de uma mistura em partes iguais de cada um, preparados na concentração de 5 mg/mL (200 µg total/injeção ou 250 µg total/injeção quando associado a 58 pcDNA3.1-scmu-IL-12) e submetidos a eletroporação (ver Apêndice B; MIR et al., 1999; LUCAS & HELLER, 2001). Um grupo de animais foi formado para receber a injeção de um pool de plasmídeos sem serem submetidos a eletroporação. Os grupos controles foram injetados com 50 µL de salina ou 50µL de pBK-CMV vazio (50 ou 200 µg para os protocolos nos quais plasmídeos foram administrados isoladamente ou como pool, respectivamente). Para a realização de eletroporação, os animais foram previamente anestesiados com 100 mg/kg de quetamina (Agribrands do Brasil Ltda, Paulínia, SP) e 15 mg/kg de xilazina (Bayer S.A., São Paulo, SP) por via intraperitoneal. Imediatamente após as injeções anteriormente citadas, eletrodos do eletroporador foram introduzidos na região muscular, em torno do local da injeção, e foram aplicados cinco pulsos elétricos de 100 volts/cm, com duração de 20 milisegundos por pulso e intervalo de um segundo entre cada dois pulsos consecutivos. O aparelho eletroporador utilizado foi projetado e elaborado pelo prof. Dr. Yuri Pepe, do Departamento de Física, da Universidade Federal da Bahia. Quando a proteína recombinante purificada, Lc9, foi utilizada para avaliação em um protocolo de imunização com injeção incial de DNA seguida de reforço com a proteína, a preparação foi feita em salina/saponina de forma a obter-se uma mistura com concentração de 1 mg/mL de Lc9 e 1 mg/mL de saponina. Para realização deste protocolo de imunização foram formados seis grupos. Os animais foram injetados com salina, saponina, pBK-CMV vazio, Lc9 associada a saponina, pBK-CMV-Lc9 ou, por fim, pBK-CMV-Lc9 (duas primeiras injeções) e Lc9 associada a saponina (última injeção). Os animais do grupo Salina (50 µL) e dos grupos injetados com plasmídeo (volume de 50 µL/50 µg de plasmídeo) receberam eletroporação no músculo, na região do quadríceps, logo após as injeções, como descrito acima. Os grupos Saponina (volume de 200 µL/100 µg de saponina) e Lc9 associada a saponina (volume de 200 µL contendo 100 µg de saponina/100 µg de Lc9) receberam injeções por via subcutânea, na região dos flancos, nos dias 0, 21 e 42 do experimento. Os animais do grupo previamente injetado com pBK-CMV-Lc9 receberam uma injeção de Lc9 associada a saponina, por via subcutânea, apenas na última série de injeções, dia 42 do experimento. 59 4.4. Infecção com Leishmania chagasi Para avaliar a capacidade de os antígenos recombinantes Lc9, Lc13, Lc14 e Lc18 em induzir resposta imune capaz de conferir proteção contra e/ou controle da infecção por L. chagasi, camundongos BALB/c injetados com cada uma das proteínas recombinantes sob a forma de DNA plasmideal, como citados em dois dos protocolos de imunização avaliados neste trabalho, foram desafiados pela infecção com promastigotas de L. chagasi, cerca de três a quatro semanas após a terceira série de injeções. Para obtenção de promastigotas, fragmento de fígado de hamster infectado com L. chagasi MHOM/BR/2000/Merivaldo2, foi macerado em meio de cultura Schneider (Sigma), com 20% de soro fetal bovino (Gibco) como previamente descrito no item 4.1.1. O cultivo foi realizado em frasco de cultura de 25 cm2 (Corning, Nova Iorque, EUA) e mantido a 26oC. Após a primeira passagem, iniciada com 5 x 106 promastigotas de L. chagasi/mL, e mantida por aproximadamente quatro dias em cultivo, promastigotas foram coletadas e lavadas três vezes com solução salina estéril. O sedimento obtido após a última lavagem foi ressuspenso com 1 mL de salina estéril. Em seguida foi realizada contagem das células em câmara de Neubawer e a concentração de promastigotas foi ajustada com salina para 1 x 108 parasitos/mL. Para a infecção de camundongos, seis animais por grupo foram injetados, por via intraperitoneal, com 1 x 107 parasitos em um volume de 100 µL. Os grupos experimentais foram previamente injetados conforme descrito no item anterior. Como grupo controle sem infecção, animais previamente injetados com salina foram injetados novamente apenas com 100 µL de salina estéril por via intraperitoneal. A avaliação de carga parasitária no baço e a avaliação da resposta imune humoral e celular de cada animal foi realizada entre 54-60 dias após a infecção. 4.5. Avaliação da resposta imune 4.5.1 Avaliação da resposta imune humoral A avaliação da produção de anticorpos (IgG total ou subclasses IgG1 e IgG2a) antiLeishmania (extrato bruto de antígenos ou antígeno recombinante) foi realizada em amostras de soro obtidas 10 dias após a terceira série de injeções e entre 54-60 dias após a infecção com L. chagasi, realizando-se ensaios imunoenzimáticos em fase sólida (ELISAs). 60 Para obtenção de soros, amostra de sangue de cada animal, coletada pelo plexo retroorbitário após aplicação de uma gota de anestésico (cloridrato de proximetacaína a 0,5 %, Anestalcon, Alcon Laboratórios do Brasil Ltda, São Paulo, SP) na mucosa ocular, foi incubada, em tubo de microcentrifugação, a temperatura ambiente por 1 a 2 horas para permitir a coagulação. Depois disso, os tubos foram centrifugados a 1500 x g e a temperatura ambiente, por 10 minutos. Após a transferência para novos tubos, as amostras de soro foram armazenadas a -20° C até o momento de uso. Mensuração de anticorpos da classe IgG por ELISA Para avaliar a produção de anticorpos específicos da classe IgG, ensaios imunoenzimáticos foram realizados em placas de microtitulação de poliestireno com 96 poços (Cliniplate, Thermo Labsystems, Helsinki, Finlândia). Poços das placas de microtitulação foram sensibilizados com 100 µL de Lc9 a 5 µg/mL, 100 µL de uma preparação de Lc13 a 1,5 µg/mL, 100 µL de Lc14 a 10 µg/mL, 100 µL de Lc18 a 1,5 µg/mL ou 100 µL de extrato bruto de antígenos de L. chagasi a 10 µg/mL, diluídos em tampão carbonato-bicarbonato de sódio a 0,1 M, pH 9.6, por 16 horas, a 4o C em câmara úmida. Após a sensibilização, os poços das placas foram lavados quatro vezes com PBS. Em seguida, para bloquear sítios de ligação de proteína não ocupados pelos antígenos, foram colocados 150 µL de leite desnatado (Itambé, Belo Horizonte, Brasil) a 10% em PBS (m/v) em cada poço. As placas foram então incubadas por 1 hora, a temperatura ambiente, em câmara úmida. Os poços foram lavados três vezes com PBS contendo 0,05% de Tween 20 (v/v, PBS-T, Sigma-Aldrich). Cem microlitros de cada amostra de soro diluída foram colocados por poço e as placas foram incubadas por 1 hora, a temperatura ambiente, em câmara úmida. As amostras de soros foram testadas em uma única diluição (1:100 ou 1:200), em duplicata, ou nas diluições de 1:200, 1:1000, 1:5000, 1:25000 e 1:125000 (para avaliar amostras dos animais injetados com proteína recombinante ou a combinação de DNA seguido de proteína) em PBS-T, com 10% de leite desnatado. Como controles negativo e positivo do ensaio, foram usados soros de camundongos BALB/c injetados com salina ou com a proteína recombinante Lc9 ou Lc13 emulsionadas em adjuvante completo de Freund, obtidos em um experimento realizado previamente. Soro de camundongos BALB/c injetados com plasmídeo pBKCMV-Lc14, obtidos em um experimento piloto, foram utilizados como controle em ELISA para detecção de anticorpos anti-Lc14. Soro de 61 camundongos BALB/c infectados com L. chagasi (gentilmente cedido por uma pesquisadora de nosso laboratório, Dra. Neuza Alcântara) foi utilizado como controle positivo de testes ELISA para detecção de anticorpos anti-Lc18 e anti-L. chagasi. Após o período de incubação das amostras, os poços das placas de microtitulação foram lavados três vezes com PBS-T. Cem microlitros de anticorpo de cabra anti-IgG de camundongo conjugado a peroxidase (SigmaAldrich) diluído a 1: 400 ou 1:4000 em PBS-T com 10 % de leite desnatado foram colocados por poço e as placas foram incubadas por 1 hora, a temperatura ambiente, em câmara úmida. Os poços foram lavados três vezes com PBS-T e a reação foi revelada pela adição de 150 µL do substrato peróxido de hidrogênio na presença de tetrametilbenzidina (TMB; Sigma), por 15 minutos, a temperatura ambiente e ao abrigo de luz. O substrato foi preparado, em volume suficiente para uma placa de 96 poços, pela mistura de 150 µL de TMB [10mg/mL em dimetilsulfóxido (DMSO; Sigma)], 2,91 mL de acetato de sódio 0,5 M (Sigma), 90µL de ácido cítrico 0,5 M (Sigma), 12 mL de água destilada e 15µL de peróxido de hidrogênio 30% P.A. (Isofar). A reação foi neutralizada com 50 µL de ácido sulfúrico a 4 M (Quimex, São Paulo, Brasil) por poço. A leitura da densidade óptica a 450 nm foi realizada em espectrofotômetro (Spectramax Precison Microplate Reader, Molecular Devices Corporation, Sunnyvale, CA, EUA) usando o programa de computação Softmax Pro versão 5.0 (Molecular Devices Corporation, Sunnyvale, CA, EUA). Os resultados foram expressos individualmente e como média aritmética de cada grupo. Avaliação de anticorpos das subclasses IgG1 e IgG2a por ELISA A produção de anticorpos específicos das subclasses IgG1 ou IgG2a foi avaliada através de ensaios imunoenzimáticos realizados, essencialmente, conforme descrito acima. Resumidamente, placas de microtitulação de 96 poços foram sensibilizadas com proteína recombinante Lc9, Lc14 ou extrato bruto de L. chagasi. Após lavagem dos poços, bloqueio de sítios inespecíficos com 200 µL de PBS contendo 10% de soro fetal bovino (PBS-SFB) e lavagem novamente, os poços receberam 100 µL de amostras de soros diluídas a 1:500 ou 1:1000 (para ELISA anti-L. chagasi),1:3000 (para ELISA anti-Lc9 ou anti-Lc14 ) ou 1:350.000 (para ELISA anti-Lc9 com amostras obtidas a partir da injeção de proteína Lc9 ou injeção inicial com DNA seguida de reforço com Lc9) em PBS-SFB. Após incubação das placas e lavagem, os poços 62 receberam 100 µL de anticorpos de rato anti-IgG1 ou anti-IgG2a de camundongo conjugados a biotina (BD Pharmingen, EUA) diluídos a 1:500 em PBS-SFB. As placas foram incubadas por duas horas a temperatura ambiente e lavadas. Os poços receberam 100 µL de avidina conjugada a peroxidase (Sigma-Aldrich) estocada a 1 mg/mL e diluída a 1:400. As placas foram incubadas por 45 minutos, a temperatura ambiente e, em seguida, lavadas oito vezes. Os poços receberam 100 µL de substrato TMB por 15 minutos. A solução contendo substrato foi preparada pela mistura de 1 mL de TMB a 1 mg/mL em DMSO, 9 mL de tampão citrato-fosfato a 0,05 M, pH 5.0 [fosfato de sódio dibásico 0,2 M (Isofar), ácido cítrico 0,1M (Sigma)] e 2 µL de peróxido de hidrogênio 30% P.A (Isofar). Transcorridos 15 minutos, a reação enzimática foi interrompida pela adição de 50 µL/poço de ácido fosfórico (Quimex) a 1:20 (v/v). Finalmente, foi realizada a leitura da densidade óptica usando-se filtro de 450 nm. 4.5.2 Avaliação da resposta imune celular A avaliação da resposta imune celular específica foi realizada entre três e quatro semanas após a terceira série de injeção. Para os animais desafiados pela injeção de promastigotas de L. chagasi, uma avaliação foi realizada entre 54-60 dias após a infecção. A resposta imune celular foi avaliada através da mensuração da proliferação celular e produção de citocinas por células esplênicas expostas a extrato bruto de antígenos de L. chagasi e aos antígenos recombinantes Lc9, Lc14 e Lc18 in vitro. Avaliação de proliferação celular O baço de cada animal foi removido imediatamente após o sacrifício, em condições assépticas, e transferido para uma placa de Petri de poliestireno (Corning Incorporated, Nova Iorque, EUA) de 35 mm de diâmetro contendo 2 mL de meio 1640 do Instituto Rosewell Park Memorial (RPMI 1640, Sigma-Aldrich) e gentamicina a 40 µg/mL (Sigma-Aldrich). Em seguida, o baço foi macerado com auxílio de êmbolo de seringa (Injex, Indústrias Cirúrgicas LTDA, Distrito Industrial Ourinhos, SP), gerando uma suspensão celular. Cada suspensão foi submetida a centrifugação a 100 x g, por 15 segundos. O sobrenadante foi coletado e transferido para um novo tubo e, posteriormente, centrifugado a 450 x g, por 10 minutos, a 4ºC. Cada sedimento celular foi ressuspenso em 2 mL de RPMI 1640 suplementado com 10% de soro bovino fetal 63 [(v/v), SFB, Gibco BRL Life Technologies], 2 mM L-glutamina (Sigma-Aldrich) e 0,01 mM 2mercaptoetanol (Sigma-Aldrich; RPMI suplementado). A partir daí, uma amostra de cada suspensão celular foi diluída a 1:10 em azul de tripan a 0,4% (Sigma-Aldrich) e a concentração de células foi determinada, usando-se uma câmara de Newbauer (Boeco). Para isso, foram contadas pelo menos 100 células de cada suspensão. A concentração de células de cada suspensão foi ajustada para 3 x 106/mL, usando-se meio RMPI suplementado. As células foram cultivadas em placas de microtitulação de 96 poços, de poliestireno, de fundo chato, apropriadas para cultura celular (Costar Corning Inc., Nova Iorque, EUA). Um volume de 100 µL, com 3 x 105 células, de cada suspensão de células foi aplicado por poço, em triplicata, para cada animal e para cada uma das avaliações realizadas. Para determinação do nível basal de proliferação (controle negativo, em três e cinco dias de cultivo) e adequação das condições de cultura para proliferação celular (controle positivo de ensaio), respectivamente, foram acrescentados 100 µL de meio RMPI suplementado ou 100 µL de concanavalina A (Con A, Sigma-Aldrich) a 4 µg/mL de meio suplementado, em triplicata, para cada animal. Para avaliação de proliferação conseqüente a estímulo específico, foram adicionados, em triplicata, para cada animal, 100 µL de extrato bruto de antígenos de L. chagasi diluído a 20 µg/mL ou 100 µL de cada uma das proteínas recombinantes, Lc9, Lc13, Lc14 ou Lc18 diluídas a 20 µg/mL (para avaliação após as três séries de injeção) e 0,2 µg/mL, 2 µg/mL ou 20 µg/mL de meio suplementado (para avaliação realizada após a infecção). As placas de microtitulação foram incubadas a 37º C, em atmosfera úmida com CO2 a 5% (v/v). Após incubação por três dias, para placas onde células foram incubadas com Con A, e de cinco dias, para placas onde células foram incubadas com antígenos, 30 µL de RPMI suplementado contendo 1 µCi de timidina[H]3+ (Amersham Biosciences, Uppsalla, Suécia) foram acrescentados a cada poço. As placas foram incubadas por mais 18 horas nas mesmas condições anteriores e, depois disso, foram mantidas a -20º C até a coleta das células. As células foram coletadas em papel de filtro de fibra de vidro (Packard Canberra Company, Meriden, EUA) e partículas beta emitidas durante o período de um minuto (cpm) foram determinadas por um contador beta modelo Matrix 9600 (Packard Canberra Company). Os resultados foram expressos em índice de proliferação (média aritmética de cpm de triplicatas nas quais células foram estimuladas com Con A ou antígenos dividida pela média aritmética de cpm de triplicatas nas quais as células foram cultivadas somente com meio de cultura suplementado). 64 Avaliação da produção de citocinas por ELISA Para a mensuração da produção de citocinas (IFN-γ, IL– 4 e IL-5) esplenócitos foram cultivados em placas de 24 poços, de poliestireno, de fundo chato, apropriadas para cultura celular (Costar Corning Inc.). Para isso, um volume de 300 µL de suspensão de esplenócitos de cada animal na concentração de 3 x 106/mL, cuja obtenção foi descrita acima, foi colocado em cada um de sete poços de uma placa (para os grupos injetados com salina ou pBK-CMV vazio do protocolo de imunização no qual plasmídeos foram (i) administrados isoladamente e para todos os grupos do protocolo de imunização no qual uma (ii) mistura de plasmídeos foi utilizada), em cada um de quatro poços de uma placa [demais grupos do protocolo (i)] e em cada um seis poços de uma placa (para os grupos de animais do protocolo de imunização do tipo DNA primer/proteína booster). Em seguida, em cada um dos poços, foram acrescentados 300 µL de RMPI suplementado, 300 µL de concanavalina A [4 µg/mL ou 1,5 µg/mL para células de animais utilizados no protocolo de imunização (iii)], 300 µL de antígeno bruto de L. chagasi [20 µg/mL, apenas para o células de animais utilizados no protocolo de imunização (i) e (ii), 300 µL de Lc9 a 20 µg/mL ( para todos os grupos experimentais) e 300 µL de Lc14 ou Lc18 a 20 µg/mL [para os grupos experimentais utilizados nos protocolos de imunização (i) e (ii)]. As células foram incubadas durante 48 horas em estufa a 37º C, em atmosfera úmida com 5% CO2. Após este período, o sobrenadante de cada poço foi coletado em tubos para microcentrífuga de 1,5 mL e centrifugado a 280 x g, durante 5 minutos, à temperatura ambiente, para a remoção de células e estocado a -20º C, até o momento do uso. ELISA para quantificação de IFN-γγ, IL-4 e IL-5 de camundongo Ensaios imunoenzimáticos de captura (ELISA) foram utilizados para a mensuração da concentração de IFN-γ, IL-4 e IL-5 murinos presentes nos sobrenadantes de esplenócitos cultivados conforme descrição acima. Para a sensibilização das placas de microtitulação de 96 poços (“High Binding”; Corning Incorporated Life Sciences) anticorpos monoclonais de rato anti-IFN-γ, anti-IL-4 e anti-IL-5 murino (BD Pharmigen) foram usados na concentração de 2 µg/mL, e aplicados um volume de 50 µL/poço, seguindo-se a incubação durante 16 horas em câmara úmida, a 4º C. Os poços foram lavados duas vezes com 200 µL/ poço de PBS-T e em seguida, 200 µL/ poço de PBS contendo 10% de soro fetal bovino (CULTILAB) foram 65 adicionados para bloquear os sítios de ligação livres, por 2 horas em câmara úmida, a temperatura ambiente. Diluições duplas e seriadas de IFN-γ recombinante (BD pharmingem), IL-4 (sobrenadante de células transfectadas) e IL-5 murinos recombinante (BD Pharmigen) foram usadas em duplicatas de poços, no volume de 100 µL/poço, para a elaboração da curva de calibração em cada placa utilizada. As curvas de calibração variavam de 30 ng/mL a 0,029 ng/mL para IFN-γ e de 5000 pg/mL a 4 pg/mL para IL-4 e IL-5, além de somente o diluente das amostras como branco do ensaio. As amostras do sobrenadante de cultura foram testadas em duplicatas com 100 µL/poço, sem diluições prévias, ou diluídas a 1:2 ou 1:5, em pool ou individualmente, por 4 horas em câmara úmida, a temperatura ambiente. Após 4 lavagens dos poços com PBS-T, 100 µL de anticorpos biotinilados anti-IFN-γ, anti-IL-4 e anti-IL-5 produzidos em rato (BD Pharmigen), usados na concentração de 2 µg/mL, foram aplicados por poço e incubados por 45 minutos em câmara úmida, a temperatura ambiente. Em seguida, foram feitas 6 lavagens com PBS-T e 100 µL/poço de avidina conjugada a peroxidase (SIGMA), estocada a 1 mg/mL e, diluída a 1:400 foram adicionados e incubados por mais 30 minutos, sob as mesmas condições. Os poços foram lavados oito vezes com PBS-T e a reação foi revelada pela adição de 100 µL/poço do substrato peróxido de hidrogênio preparado pela mistura de 1mL de cromógeno TMB a 1 mg/mL em DMSO, 9 mL de tampão citrato-fosfato pH 5,0 e 2µL de peróxido de hidrogênio a 30 volumes. A reação foi neutralizada com a adição de 50 µL de ácido fosfórico, diluído a 1:20 (v/v). A leitura da densidade óptica a 450 nm foi realizada em um espectrofotômetro (Spectramax Precison Microplate Reader, Molecular Devices Corporation, Sunnyvale, CA, EUA) usando o programa de computação Softmax Pro versão 5.0 (Molecular Devices Corporation). A média dos valores de densidade óptica foi usada para a elaboração da curva de calibração e determinação da concentração de cada uma das citocinas das amostras, usando-se o programa de computação GraphPad, PRISM, versão 4.0 (GraphPad Software, Inc). Posteriormente, a concentração foi corrigida pelo fator de diluição utilizado. 66 4.6. Avaliação de proteção contra desafio com Leishmania chagasi 4.6.1. Determinação de carga parasitária A capacidade de proteínas recombinantes de L. chagasi em induzir resposta imune capaz de conferir proteção contra e/ou controle da infecção por L. infantum/chagasi, foi determinada pela avaliação da carga parasitária em animais imunizados e posteriormente desafiados pela injeção de formas promastigotas do parasito. A carga parasitária de cada animal foi determinada pela avaliação microscópica da presença de formas promastigotas em diluições de macerado de baço através de ensaio de diluição limitante (BUFFET et al., 1995). Resumidamente, o baço de cada animal foi removido assepticamente, como descrito no item 4.4.2.1, e pesado em balança de precisão (Gehaka Ind. e Com. eletro-eletrônica, São Paulo, Brasil). Em seguida, os baços foram macerados com o auxílio de um embôlo de seringa em 2 mL de meio de cultura de Schneider suplementado com 20% de SFB (meio de Schneider suplementado), resultando em um volume de aproximadamente 2,2 mL e uma diluição de aproximadamente 1/10. Para soltar os grumos celulares, o macerado foi passado através de uma agulha de 21G acoplada a uma seringa de 3 mL. Em placas de microtitulação de 96 poços, estéreis, tratadas para cultivo celular, foi adicionado um volume de 180 µL de meio de cultura de Schneider suplementado da 1a linha de poços (linha A) até a 8a linha de poços (linha H). Foi analisado macerado de baço de dois animais em cada placa, cada um em sextuplicata de poços. Portanto, em cada seis poços da 1a linha de uma placa (linha A) foram adicionados 20 µL de macerado de baço de um animal, diluído previamente a aproximadamente 1/10, resultando em uma diluição de aproximadamente 1/100. Em seguida, realizou-se diluição seriada, com volume de 20 µL nos 180 µL da linha B (diluições seriadas de 1/10) até a última linha da placa (linha H). O mesmo volume foi descartado após homogeneização na linha H. As placas foram incubadas em estufa BOD a 25oC. A presença ou ausência de Leishmania foi avaliada a partir de observações realizadas 7 e 15 dias após o início da incubação. O título foi determinado, para cada um de seis poços da sextuplicata de cada animal, como a recíproca da última diluição onde foi possível visualizar pelo menos uma Leishmania, e, em seguida, calculando-se a média geométrica da recíproca dos seis títulos obtidos. Para o cálculo da carga parasitária utilizaram-se as seguintes fórmulas: 67 Carga parasitária (no de parasitos/g de tecido) = média geométrica das recíprocas dos títulos/peso da secção de baço macerado (g) x 100 (recíproca da fração do baço macerado inoculado no 1o poço). Carga parasitária total = carga parasitária x peso total do baço (g) 4.7. Análise estatística As análises estatísticas foram realizadas através dos testes paramétricos de análise de variância (ANOVA) e a comparação entre os grupos foi realizada pelo pós-teste Tukey. O valor fixado para significância estatística foi de p < 0.05. 68 5. RESULTADOS 5.1. Avaliação da resposta imune em camundongos injetados com plasmídeos codificando proteínas de L. chagasi 5.1.1. Avaliação da resposta imune humoral A indução de resposta imune humoral em camundongos injetados com pBK-CMV-Lc9, pBKCMV-Lc13, pBK-CMV-Lc14 ou pBK-CMV-Lc18 foi avaliada em amostras de soro obtidas 10 dias após três séries de injeção de plasmídeo. Os resultados da avaliação da produção de anticorpos específicos, realizada por ELISA, foram descritos abaixo. Os grupos de camundongos injetados com pBK-CMV-Lc9 e pBK-CMV-Lc14, mas não os injetados com pBK-CMV-Lc13 ou pBK-CMV-Lc18, produziram anticorpos da classe IgG reativos com o extrato bruto de antígenos de L. chagasi (Figura 1). A comparação das médias dos valores de densidade óptica revelou diferença estatisticamente significante entre os grupos (ANOVA, p < 0,001). Comparação adicional mostrou diferenças estatisticamente significativas tanto entre a média dos valores de densidade óptica (X ± SD) dos grupos injetados com pBK-CMV-Lc9 (0,257 ± 0,059) e pBK-CMV-Lc14 (0,477 ± 0,086; Tukey, p < 0,001) quanto entre a média do grupo pBK-CMV-Lc9 ou do grupo pBK-CMV-Lc14 e a dos demais grupos (Tukey, p < 0,001). A relação entre todos os grupos foi: pBK-CMV-Lc14 > pBK-CMV-Lc9 > pBK-CMV-Lc13 = pBK-CMV-Lc18 = pBK-CMV vazio = salina (Tukey, p < 0,05). Em análise subseqüente, para mensuração de anticorpos das subclasses IgG2a e IgG1 reativos com o extrato bruto de antígenos, foi observado que o grupo injetado com pBK-CMV-Lc14 produziu anticorpos tanto de isotipo IgG2a (D.O.450 nm de 0,660 ± 0,137) como IgG1 (0,272 ± 0,101) enquanto que o grupo injetado com pBK-CMV-Lc9 produziu anticorpos apenas de isotipo IgG2a (0,276 ± 0,103; Figura 1). A comparação das médias de densidade óptica, correspondentes à mensuração de IgG2a ou de IgG1 revelou diferença estatisticamente significativa entre os grupos (ANOVA, p < 0,0001 para IgG2a e para IgG1). Além disso, a comparação de cada dois grupos entre si indicou que a média de densidade óptica obtida para IgG2a tanto do grupo pBK-CMV-Lc9 (Tukey, p < 0,01) como do grupo pBK-CMV-Lc14 (Tukey, p < 0,001) foi significativamente maior do que a média dos grupos controles Salina e pBK-CMV vazio. Finalmente, a média de densidade óptica 69 obtida para IgG1 do grupo pBK-CMV-Lc14 foi significativamente superior a média de todos os outros grupos (Tukey, p < 0,001). A proporção da média de densidade óptica, relacionada à mensuração de IgG2a e de IgG1, para o grupo injetado com pBK-CMV-Lc9 e para o grupo injetado com pBK-CMV-Lc14 foi de 2,10 ± 0,83 e 2,78 ± 1,25. A avaliação da produção de anticorpos reativos a cada uma das proteínas recombinantes de L. chagasi (Lc9, Lc13, Lc14 e Lc18) foi avaliada para cada grupo de animais injetados com plasmídeos pBK-CMV-Lc9, pBK-CMV-Lc13, pBK-CMV-Lc14 ou pBK-CMV-Lc18. No ensaio para avaliação de anticorpos da classe IgG reativos a Lc9, os valores de densidade óptica (X ± SD) obtidos para o grupo de animais injetados com pBK-CMV-Lc9 foram significativamente maiores (1,827 ± 0,774; ANOVA, p < 0,0001, Tukey, p < 0,001, Figura 2A) do que os valores obtidos para os grupos de animais que receberam salina ou pBK-CMV vazio. Adicionalmente, os valores de densidade óptica referentes à mensuração de anticorpos das subclasses IgG2a e IgG1 foram estatisticamente maiores (1,545 ± 0,379 e 0,619 ± 0,279, ANOVA, p < 0,0001, Tukey, p < 0,001) no grupo de camundongos injetados com pBK-CMV-Lc9 do que nos grupos Salina e pBK-CMV vazio (Figura 2A). Embora ambas subclasses de IgG tenham sido produzidos após a injeção de pBK-CMV-Lc9, a proporção entre os valores de densidade óptica obtidos para IgG2a e IgG1 das amostras do grupo de animais injetados com pBK-CMV-Lc9 foi de 3,29 ± 2,32. Também na avaliação de anticorpos da classe IgG reativos a Lc14, os valores de densidade óptica (X ± SD) obtidos para o grupo de grupo de animais injetados com pBK-CMV-Lc14 foram estatisticamente superiores (1,525 ± 0,336; ANOVA p < 0,0001 e Tukey, p < 0,001) aos valores obtidos para os grupos controles Salina e pBK-CMV vazio (Figura 2B). Da mesma forma, em análise subseqüente, os valores de densidade óptica referentes à mensuração de anticorpos das subclasses IgG2a e IgG1 foram estatisticamente maiores (1,198 ± 0,386 e 0,711 ± 0,536, respectivamente; ANOVA, p < 0,0001, Tukey, p < 0,001) no grupo de camundongos injetados com pBK-CMV-Lc14 do que nos grupos Salina e pBK-CMV vazio (Figura 2B). A proporção entre os valores de densidade óptica obtidos para IgG2a e IgG1 das amostras do grupo de animais injetados com pBK-CMV-Lc14 foi de 2,76 ± 2,28. 70 1.0 IgG * * Densidade Óptica (450 nm) 0.5 0.0 1.0 IgG1 * 0.5 0.0 1.0 0.5 * IgG2a * pB Sali n KpB CM a KV C EL pB MV KLc C 9 E pB MV Lc L K13 CM EL V pB Lc K14 CM EL V Lc 18 EL 0.0 Figura 1. Avaliação da produção de anticorpos da classe IgG e das subclasses IgG2a e IgG1, reativos ao extrato bruto de antígenos de L. chagasi, de animais injetados com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente. Camundongos BALB/c (12 a 18 animais/grupo) foram submetidos a três séries de injeções com salina ou com 50 µg de plasmídeo pBK-CMV vazio, pBK-CMV-Lc9, pBK-CMV-Lc13, pBK-CMV-Lc14 ou pBK-CMV-Lc18, por via intramuscular seguida de eletroporação (EL). Amostras de soro, obtidas 10 dias após a terceira série de injeção, foram diluídas de 1:100 para a detecção de anticorpos IgG e diluídas de 1:500 para a detecção de anticorpos IgG1 e IgG2a e avaliadas, em duplicata, em placas de microtitulação de 96 poços pré-sensibilizadas com 100 µL de extrato total de antígenos de L. chagasi a 10 µg/mL. Os símbolos representam valores individuais e as barras representam médias aritméticas dos valores de densidade óptica. * ANOVA seguido de pós-teste de Tukey, p < 0,05; comparação em relação aos grupos controles. 71 Os valores de densidade óptica encontrados no ensaio para mensuração de anticorpos da classe IgG reativos a Lc13 para o grupo de animais injetados com pBK-CMV-Lc13 e para os grupos controles (Salina e pBK-CMV vazio) foram semelhantes (dados não mostrados), indicando que não houve produção de anticorpos específicos para Lc13 após a injeção de pBK-CMV-Lc13. No ensaio para avaliação da produção de anticorpos da classe IgG reativos a Lc18, os valores (X ± SD) de densidade óptica encontrados para amostras de animais do grupo injetado com pBKCMV-Lc18 (0,135 ± 0,025) foram muito próximas daquelas encontradas para amostras dos grupos controles Salina e pBK-CMV vazio. No entanto, a comparação das médias das leituras de densidade óptica revelou diferença estatisticamente significante entre os grupos (ANOVA p<0,0001). A comparação de cada dois grupos entre si indicou que a média de densidade óptica obtida para o grupo de animais injetados com pBK-CMV-Lc18 foi maior que a média dos valores obtidos para os grupos controles (Tukey p < 0,001; Figura 3). 72 A 3 B * IgG IgG * 2 1 Densidade Óptica (450 nm) 0 3 IgG1 IgG1 * 2 * 1 0 3 IgG2a * IgG2a * 2 1 Lc 14 EL EL KCM VpB pB KC M V in a Sa l EL -L c 9 EL KCM V pB pB KCM V Sa li na 0 Figura 2. Avaliação da produção de anticorpos da classe IgG e das subclasses IgG2a e IgG1, reativos a Lc9 ou Lc14, de animais injetados com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente. Camundongos BALB/c (12 a 18 animais/grupo) foram submetidos a três séries de injeções com salina ou com 50 µg de plasmídeo pBK-CMV vazio, pBK-CMV-Lc9 ou pBKCMV-Lc14, por via intramuscular seguida de eletroporação (EL). Amostras de soro, obtidas 10 dias após a terceira série de injeção, foram diluídas de 1:200 para a detecção de anticorpos IgG e diluídas de 1:3000 para a detecção de anticorpos IgG1 e IgG2a e avaliadas, em duplicata, em placas de microtitulação de 96 poços pré-sensibilizadas com 100 µL de Lc9 a 5 µg/mL ou Lc14 a 10 µg/mL. Os símbolos representam valores individuais e as barras representam médias aritméticas dos valores de densidade óptica. * ANOVA seguido de pós-teste de Tukey, p < 0,05; comparação em relação aos grupos controles. 0.3 * 0.2 0.1 L 18 E V M C pB K pB K C Lc M V a al in S EL 0.0 EL Densidade Óptica (450 nm) 73 Figura 3. Avaliação da produção de anticorpos da classe IgG, reativos a Lc18, de animais injetados com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente. Camundongos BALB/c (12 a 18 animais/grupo) foram submetidos a três séries de injeções com salina ou com 50 µg de plasmídeo pBK-CMV ou pBK-CMV-Lc18, por via intramuscular seguida de eletroporação (EL). Amostras de soro, obtidas 10 dias após a terceira série de injeção, foram diluídas de 1:200 e avaliadas, em duplicata, em placas de microtitulação de 96 poços pré-sensibilizadas com 100 µL da proteína recombinante Lc18 a 1,5 µg/mL. Os símbolos representam valores individuais e as barras representam médias aritméticas dos valores de densidade óptica. * ANOVA seguido de pós-teste de Tukey, p < 0,05; comparação em relação aos grupos controles. 74 5.1.2. Avaliação da resposta imune celular A resposta proliferativa e a produção de citocinas (IFN-γ, IL-4 e IL-5), por células esplênicas, após a estimulação in vitro com um mitógeno (Con A), extrato bruto de antígenos de L.infantum/chagasi ou proteína recombinante purificada (Lc9, Lc14 ou Lc18), foram avaliadas três a quatro semanas depois de três séries de injeções de salina, plasmídeo pBK-CMV vazio, pBK-CMVLc9, pBK-CMV-Lc13, pBK-CMV-14 ou pBK-CMV-Lc18. Os valores de cpm (X ± SD) encontrados quando as células esplênicas foram cultivadas, por três dias, somente em meio de cultura ou meio de cultura contendo Con A ou, por cinco dias, em meio de cultura ou meio de cultura contendo extrato bruto de antígeno de L. chagasi, estão apresentados na Tabela 2. Os valores de índice de proliferação [valor de cpm de células cultivadas na presença de estímulo (Con A) / valor de cpm de células cultivadas somente com meio de cultura] correspondentes a cada grupo de animais foram obtidos. A comparação entre as médias dos valores de índice de proliferação não revelou diferença significativa entre os grupos após estimulação inespecífica com o mitógeno Con A (Figura 4A). Tabela 2. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos cultivados com concanavalina A ou extrato bruto de L. chagasi, obtidos de grupos de camundongos submetidos a três séries de injeções com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente. Condições de cultura Grupos de camundongos 3 dias (2 µg/mL) Meio de cultura 5 dias Extrato bruto de antígenos L. chagasi (10 µg/mL) 277 ± 83 249 ± 121 13740 ± 4421 11060 ± 4544 410 ± 353 262 ± 97 510 ± 247 496 ± 177 pBK-CMV-Lc9 EL 289 ± 133 11300 ± 4868 311 ± 168 760 ± 405 pBK-CMV-Lc13 EL 384 ± 271 10770 ± 5635 411 ± 74 805 ± 162 pBK-CMV-Lc14 EL 414 ± 165 13740 ± 5389 568 ± 250 934 ± 311 pBK-CMV-Lc18 EL 488 ± 274 11550 ± 4866 357 ± 134 766 ± 417 Meio de cultura Salina EL pBK-CMV EL Con A Os valores apresentados representam X ± SD dos valores obtidos para cada grupo (4 a 6 animais/grupo). Esplenócitos foram obtidos entre três a quatro semanas após as injeções e cultivados a 3 x 105 células por poço, em triplicata, em volume de 200 µL, como descrito em Material e Métodos. 75 A avaliação da produção de citocinas no sobrenadante das culturas de células esplênicas mantidas em cultivo por 48 horas com Con A foi realizada por ELISA utilizando-se anticorpos comerciais específicos. A produção de IFN-γ foi observada em todos os grupos avaliados (Figura 4C). A comparação das médias dos valores de concentração de IFN-γ obtido para cada grupo não apresentou diferença significativa (Figura 4C). Os valores correspondentes a concentração de IFN-γ (ng/mL) presente no sobrenadante das culturas de células esplênicas mantidas em cultivo por 48 horas apenas em meio de cultura foram de 0,6 ± 1,1 para o grupo injetado com salina; 0,3 ± 0,5 para o grupo injetado com pBK-CMV vazio; 0,3 ± 0,4 para o grupo injetado com pBK-CMV-Lc14 e não determinado (ND) para os grupos injetados com pBK-CMV-Lc9, pBK-CMV-Lc13 ou pBK-CMVLc18. As citocinas IL-4 e IL-5 não foram detectadas no sobrenadante das culturas mantidas apenas em meio de cultura, mas foram detectadas nos sobrenadantes das células estimuladas com Con A (dados não mostrados). No entanto, os valores da concentração de IL-4 e de IL-5 encontrados após estimulação com Con A foram muito próximos aos valores do limite de detecção do ensaio que correspondem a 20 pg/mL e 40 pg/mL, respectivamente. Já quando esplenócitos foram cultivados na presença de extrato bruto de antígenos de L. chagasi, os valores de índice de proliferação encontrados não apresentaram diferença entre os grupos (Figura 4B). Os valores de concentração de IFN-γ (Figura 4D), IL-4 e IL-5 (dados não mostrados), avaliados no sobrenadante de células cultivadas por 48 horas meio de cultura contendo extrato bruto de antígeno de L.infantum/chagasi permaneceram abaixo do limite de detecção do ensaio em todos os grupos avaliados. A resposta proliferativa e a capacidade de produção de citocinas por células esplênicas foram avaliadas após estimulação in vitro com Lc9, Lc14 e Lc18. A proteína recombinante Lc13 purificada para avaliações in vitro apresenta um pequeno fragmento de β-galactosidase, peptídeo presente também na porção N-terminal da proteína codificada in vivo pelo plasmídeo pBK-CMV. Dessa forma, a avaliação de proliferação celular e produção de citocinas por células esplênicas dos animais do grupo injetado com pBK-CMV-Lc13, realizada a partir da estimulação com a proteína purificada descrita acima, ficou comprometida por apresentar dados que não discriminam entre resposta imune específica para Lc13 ou para β-galactosidase (dados não mostrados). 76 Extrato de antígenos L. chagasi Con A Ìndice de Proliferação 300 A B C D 200 100 85 65 45 25 10 5 0 IFN-γγ (ng/mL) 40 30 20 10 Sa li pB na EL pB K-C M K -C V EL M pB VK L -C c9 M EL VpB Lc K -C 13 M EL VpB Lc K -C 14 M EL VLc 18 EL pB K pB K Sa lin a EL -C M V -C EL M pB VLc K -C 9 M EL VpB L c K 13 -C M EL VpB L c1 K -C 4 M EL VLc 18 EL 0 Figura 4. Avaliação de proliferação celular e produção de IFN-γ por células esplênicas de camundongos injetados com plasmídeos recombinantes, administrados isoladamente, após cultivo com concanavalina A (Con A) ou extrato bruto de L. chagasi. Camundongos BALB/c (4 a 6 animais/grupo), previamente injetados com salina ou com 50 µg de plasmídeo pBK-CMV vazio, pBK-CMV-Lc9, pBK-CMV-Lc13, pBK-CMV-Lc14 ou pBK-CMV-Lc18, por via intramuscular seguida de eletroporação (EL), foram sacrificados cerca de 3 a 4 semanas após a terceira série de injeção. Células esplênicas foram estimuladas com Con A a 2 µg/mL (A e C) ou extrato bruto de antígenos de L. chagasi a 10 µg/mL (B e D). Para a avaliação da proliferação (A e B), o cultivo foi realizado por 3 dias (Con A) ou 5 dias (extrato bruto) a 37oC e 5% de CO2 em atmosfera úmida. Após este período, 1 µCi de timidina tritiada foi adicionada por poço e as células foram incubadas por mais 18 horas. Para a dosagem de IFN-γ (C e D), sobrenadantes das culturas de células, nas mesmas condições supracitadas, foram coletados após 48 horas de incubação e utilizados em ELISA, individualmente (C) ou como uma mistura de partes iguais de sobrenadante por grupo (D). Os gráficos mostram valores de índice de proliferação (A e B) e concentração de IFN-γ (ng/mL, C e D). Os símbolos (A e B) representam valores individuais e média aritmética de cada grupo e as barras representam médias aritméticas ± SD de cada grupo (C e D). 77 Os valores de cpm (X ± SD) encontrados quando esplenócitos foram cultivados, por cinco dias, somente com meio de cultura ou meio de cultura contendo Lc9, Lc14 ou Lc18, estão apresentados na Tabela 3. A comparação das médias dos valores dos índices de proliferação não revelou diferença significativa entre os grupos em qualquer das condições testadas (Figura 5A, B e C). Também não houve diferença entre as médias dos valores de concentração de IFN-γ, avaliado no sobrenadante das células, obtido após o cultivo por 48 horas com cada uma das proteínas recombinantes (Figura 5D, E e F). Já os valores de concentração de IL-4 e IL-5 estiveram sempre abaixo do limite de detecção do ensaio (dados não mostrados). Tabela 3. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos cultivados na presença ou na ausência de proteínas recombinantes de L. chagasi, obtidos de grupos de camundongos submetidos a três séries de injeções com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente. Salina EL Meio de cultura 410 ± 353 Condições de cultura 5 dias Lc9 Lc14 (10 µg/mL) (10 µg/mL) 1478 ± 192 1165 ± 296 Lc18 (10 µg/mL) 3208 ± 2055 pBK-CMV EL pBK-CMV-Lc9 EL pBK-CMV-Lc14 EL 262 ± 97 311 ± 168 568 ± 250 2578 ± 1241 1395 ± 229 -a 2901 ± 992 -a -a Grupos de camundongos pBK-CMV-Lc18 EL 489 ± 327 - a 1264 ± 228 -a 1588 ± 606 -a 3945 ± 117 Os valores apresentados representam X ± SD dos valores obtidos para cada grupo (4 a 6 animais/grupo). Esplenócitos foram obtidos entre três a quatro semanas após as injeções e cultivados a 3 x 105 células por poço, em triplicata, em volume de 200 µL, como descrito em Material e Métodos. a não realizado 78 Lc9 Índice de Proliferação 80 60 Lc14 A B D E Lc18 C 40 20 20 15 10 5 0 IFN-γγ (ng/mL) 3 F 2 1 EL EL M VLc 18 V M -C -C pB K Sa lin a EL EL pB K pB K -C K -C M VLc M V 14 EL EL a pB K -C pB Sa lin EL M VLc 9 EL -C M V K pB Sa l in a EL 0 Figura 5. Avaliação de proliferação celular e produção de IFN-γ por células esplênicas de camundongos injetados com plasmídeos recombinantes, administrados isoladamente, após cultivo com proteínas recombinantes de L. chagasi. Camundongos BALB/c (4 a 6 animais/grupo), previamente injetados com salina ou com 50 µg de plasmídeo pBK-CMV vazio, pBK-CMV-Lc9; pBK-CMV-Lc14 ou pBK-CMV-Lc18, por via intramuscular seguida de eletroporação (EL) foram sacrificados cerca de 3 a 4 semanas após a terceira série de injeção. Células esplênicas foram estimuladas com Lc9, Lc14 e Lc18 a 10 µg/mL. Para a avaliação da proliferação celular (A, B e C) o cultivo foi realizado por 5 dias a 37oC e 5% de CO2 em atmosfera úmida. Após este período, 1 µCi de timidina tritiada foi adicionada por poço e as células foram incubadas por mais 18 horas. Para a dosagem de IFN-γ (D, E e F), sobrenadantes das culturas de células, nas mesmas condições supracitadas, foram coletados após 48 horas de incubação e utilizados em ELISA. Os gráficos mostram valores de índice de proliferação (A, B e C) e concentração de IFN-γ (ng/mL, D, E e F).Os símbolos (A, B e C) representam valores individuais e as barras representam médias aritméticas ± SD de cada grupo (D, E e F). 79 5.1.3. Avaliação da resposta imune humoral após desafio com L. chagasi Os resultados da avaliação da produção de anticorpos específicos, realizada por ELISA, em amostras de soro obtidas cerca de 60 dias após a injeção com promastigotas de L.infantum/chagasi estão descritos a seguir. Anticorpos da classe IgG reativos com o extrato bruto de L. chagasi foram detectados em amostras de soro dos grupos de camundongos desafiados pela injeção com promastigotas de L. chagasi que haviam sido previamente injetados com pBK-CMV-Lc9 ou pBK-CMV-Lc14 (Figura 6). A comparação das médias dos valores de densidade óptica revelou que os valores de densidade óptica (X ± SD) obtidos para os grupos injetados com pBK-CMV-Lc9 (0,237 ± 0,079) foram superiores apenas em relação aos valores encontrados para o grupo de animais injetados apenas com salina, sem infecção enquanto que a média dos valores de densidade óptica obtida para amostras do grupo pBKCMV-Lc14 (0,569 ± 0,100) foi superior aos valores obtidos para todos os demais grupos (ANOVA, p < 0,0001 e Tukey, p < 0,05). A relação entre todos os grupos foi a seguinte: pBK-CMV-Lc14 > pBKCMV-Lc9 > Salina sem infecção = Salina = pBK-CMV vazio = pBK-CMV-Lc13 = pBK-CMV-Lc18 (Tukey, p < 0,05). Posteriormente, em análise para a mensuração de anticorpos das subclasses IgG2a e IgG1 reativos com o extrato bruto de antígenos, anticorpos de ambas subclasses foram detectados em amostras do grupo de animais injetados previamente com pBK-CMV-Lc14 e apresentaram valores de densidade óptica de 0,410 ± 0,080 e 0,238 ± 0,127, respectivamente (Figura 6). A comparação estatística entre as médias de densidade óptica obtidas para cada grupo avaliado revelou que os valores encontrados em amostras do grupo previamente injetado com pBK-CMV-Lc14 foram maiores que os valores encontrados para amostras dos demais grupos (ANOVA, p < 0,0001 para IgG2a e para IgG1 e Tukey, p < 0,05). A proporção da média de densidade óptica, relacionada à mensuração de IgG2a e de IgG1 para o grupo pBK-CMV-Lc14, foi de 2,19 ± 1,29. 80 1.0 IgG * Densidade Óptica (450 nm) 0.5 0.0 1.0 * IgG1 * 0.5 0.0 1.0 IgG2a * 0.5 0.0 L EL EL EL EL a c fe lin V E c9 3 4 8 n i Sa M -L c1 Lc1 Lc1 s/ C V L a M V V VBK -C M CM lin M p a C K -C S pB BK BK BK p p p Figura 6. Avaliação da produção de anticorpos da classe IgG e das subclasses IgG2a e IgG1 reativos ao extrato bruto de antígenos de L. chagasi em animais previamente injetados com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente, .após a infecção por L. chagasi. Camundongos BALB/c (6 animais/grupo) foram previamente submetidos a três séries de injeções com salina ou com 50 µg de plasmídeo pBK-CMV vazio, pBK-CMV-Lc9, pBK-CMV-Lc13, pBK-CMV-Lc14 ou pBK-CMV-Lc18, por via intramuscular seguida de eletroporação (EL). Aproximadamente 30 dias após as injeções supracitadas, cada grupo, exceto 6 animais do grupo Salina (Salina EL s/ inf), recebeu uma injeção de 1 x 107 promastigotas de L.infantum/chagasi por via intraperitonial. Amostras de soro, obtidas aproximadamente 60 dias após o desafio, foram diluídas de 1:100 para a detecção de anticorpos IgG e diluídas de 1:500 para a detecção de anticorpos IgG1 e IgG2a e avaliadas, em duplicata, em placas de microtitulação de 96 poços présensibilizadas com 100 µL de extrato total de antígenos de L. chagasi a 10 µg/mL. Os símbolos representam valores individuais e as barras representam médias aritméticas dos valores de densidade óptica. * ANOVA seguido de pós-teste de Tukey, p < 0,05; comparação em relação ao grupo salina, sem infecção. 81 A avaliação da produção de anticorpos reativos com as proteínas recombinantes Lc9 e Lc14 foi avaliada, por ELISA, em amostras de soro obtidas após a injeção de promastigotas de L. chagasi. A comparação das médias dos valores de densidade óptica obtidos em ELISA para detecção de anticorpos anti-Lc9 e anti-Lc14 revelou diferença estatisticamente significativa entre os grupos (ANOVA, p < 0,0001). Comparação adicional mostrou que os valores (X ± SD) de densidade óptica obtidos para o grupo injetado previamente com pBK-CMV-Lc9 (2,412 ± 0,249) ou com pBK-CMVLc14 (1,687 ± 0,419) foi superior aos valores obtidos para os grupos controles (Tukey, p < 0,05). A determinação das subclasses de anticorpos IgG1 e IgG2a reativos com as proteínas recombinantes não foi realizada em amostras de soro obtidas após a injeção de L. chagasi. Densidade Óptica (450 nm) 82 3 * A 2 1 B -C M V pB K -C K M VLc 9 EL EL a pB Sa l * 2 1 0 Sa lin a s/ in fe c Sa lin a EL pB K -C M pB V EL K -C M VLc 14 Densidade Óptica (450 nm) 3 Sa lin in a EL s/ i nf 0 Figura 7. Avaliação da produção de anticorpos da classe IgG reativos a proteínas recombinantes de L. chagasi em animais previamente injetados com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente, .após a infecção por L. chagasi. Camundongos BALB/c (6 animais/grupo) foram previamente submetidos a injeção com foram previamente submetidos a três séries de injeções com salina ou com 50 µg de plasmídeo pBK-CMV vazio, pBK-CMV-Lc9 ou pBK-CMV-Lc14, por via intramuscular seguida de eletroporação (EL). Aproximadamente 30 dias após as injeções supracitadas, cada grupo, exceto 6 animais do grupo Salina (Salina EL s/ inf), recebeu uma injeção de 1 x 107 promastigotas de L.infantum/chagasi por via intraperitonial. Amostras de soro, obtidas aproximadamente 60 dias após o desafio, foram diluídas de 1:200 e avaliadas, em duplicata, em placas de microtitulação de 96 poços pré-sensibilizadas com 100 µL de Lc9 a 5 µg/mL (A) ou 100 µL de Lc14 a 10 µg/mL. Os gráficos mostram valores de densidade óptica correspondentes a mensuração de IgG anti-Lc9 (A) e de IgG anti-Lc14 (B). Os símbolos representam valores individuais e as barras representam médias aritméticas dos valores de densidade óptica. * ANOVA seguido de pós-teste de Tukey, p < 0,05; comparação em relação aos grupos controles. 83 5.1.4. Avaliação da resposta imune celular após desafio com L infantum/chagasi A resposta proliferativa e a capacidade de produção de citocinas (IFN-γ, IL-4 e IL-5) após estimulação in vitro de esplenócitos murinos com Con A, extrato bruto de antígenos de L.infantum/chagasi ou proteína recombinante purificada (Lc9, Lc14 ou Lc18) foram avaliadas oito semanas depois da infecção de camundongos com promastigotas de L.infantum/chagasi, previamente submetidos a três séries de injeções de salina, plasmídeo pBK-CMV vazio, pBK-CMV-Lc9, pBKCMV-Lc13, pBK-CMV-14 ou pBK-CMV-Lc18. Os resultados são apresentados abaixo. Os valores de cpm (X ± SD) encontrados quando as células esplênicas foram cultivadas, por três dias, somente em meio de cultura ou meio de cultura contendo Con A ou, por cinco dias, em meio de cultura ou meio de cultura contendo extrato bruto de antígenos de L. chagasi, estão apresentados na Tabela 4. A comparação dos valores de índice de proliferação encontrados, com base nos valores de cpm, não apresentou diferença estatisticamente significante entre os grupos após estimulação inespecífica com Con A (Figura 8A). Quando as células foram mantidas em cultura por 48 horas na presença de Con A houve também a indução da produção de IFN-γ, IL-4 e IL-5 em todos os grupos avaliados, como demonstrado pela mensuração de cada citocina no sobrenadante das culturas (Figura 8C, E e G). A comparação dos valores de concentração de IFN-γ não revelou diferença significante entre os grupos. A concentração de IFN-γ, IL-4 e IL-5, presente no sobrenadante da cultura de esplenócitos após cultivo somente em meio de cultura por 48 horas, esteve sempre abaixo do limite de detecção do ensaio (dados não mostrados). Já quando esplenócitos foram cultivados na presença de extrato bruto de antígenos de L. chagasi, os valores de índice de proliferação encontrados não apresentaram diferença entre os grupos (Figura 8B). Para avaliação da produção de citocinas as células foram cultivadas por 48 horas na presença de extrato bruto de antígenos de L. chagasi. Os valores de concentração de IFN-γ, detectado no sobrenadante das culturas, estiveram abaixo ou muito próximo ao valor de limite de detecção do ensaio (0,1 ng/mL), exceto para o grupo injetado com pBK-CMV vazio que apresentou 0,6 ± 1,2 ng/mL de IFN-γ no sobrenadante (Figura 8D). No entanto, este valor não foi estatisticamente superior aos valores encontrados para os demais grupos. Da mesma forma, 84 os níveis de IL-4 e IL-5 estiveram abaixo do limite de detecção do ensaio que correspondem a 20 pg/mL e 40 pg/mL, respectivamente (Figura 8F e H). Tabela 4. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos de cultivados com concanavalina A ou extrato bruto de L. chagasi, obtidos de grupos de camundongos submetidos previamente a três séries de injeções com plasmídeos recombinantes, administrados isoladamente, e desafiados com promastigotas de L. chagasi. Condições de cultura Grupos de camundongos 3 dias Meio de cultura Con A (2 µg/mL) Meio de cultura 5 dias Extrato bruto de antígenos L. chagasi (10 µg/mL) Salina sem infecção Salina EL 744 ± 403 699 ± 402 17490 ± 8344 16790 ± 12830 2174 ± 812 2273 ± 734 3102 ± 1496 2999 ± 1550 pBK-CMV EL 543 ± 347 13240 ± 10720 2052 ± 1112 3671 ± 2286 pBK-CMV-Lc9 EL 601 ± 588 20190 ± 13410 2280 ± 841 3109 ± 1848 pBK-CMV-Lc13 EL 675 ± 308 20360 ± 11360 2130 ± 1084 3361 ± 2162 pBK-CMV-Lc14 EL 759 ± 627 19920 ± 20870 1369 ± 451 2194 ± 1353 pK-CMV-Lc18 EL 489 ± 332 21100 ± 11720 1625 ± 770 2765 ± 1973 Os valores apresentados representam X ± SD dos valores obtidos para cada grupo (6 animais/grupo). Células esplênicas foram obtidas aproximadamente 60 dias após a injeção intraperitonial de 1 x 107 promastigotas de L. chagasi e cultivadas a 3 x 105 células por poço, em triplicata, em volume de 200 µL, como descrito em Material e Métodos. in a EL s/ S a i nf pB l i na pB KEL C K M pB C M V E V L K -C -Lc pB MV 9 E L K -C Lc1 pB MV 3 E L K -C Lc1 M 4 VE Lc L 18 Sa EL lin a EL s/ S a i nf e pB l i na c K -C inf ec M pB V-B -g K al pB CM V K -C -Lc pB M V 9 K -C Lc1 pB M V 3 K -C Lc1 4 M VLc 18 Sa l IL-5 (pg/mL) IL-4 (pg/mL) IFN-γγ (ng/mL) Ìndice de Proliferação 85 Con A 100 150 100 400 400 Extrato de antígenos L. chagasi 60 20 20 10 0 50 3 2 1 0 300 200 100 0 A B C D E F G H 300 200 100 0 86 Figura 8. Avaliação de resposta proliferativa e produção de citocinas por células esplênicas de camundongos, após injeção de promastigotas de L. chagasi, na presença de concanavalina A ou extrato bruto de L. chagasi, em animais previamente injetados com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente. Camundongos BALB/c (6 animais/grupo) foram previamente submetidos a três séries de injeções com salina ou com 50 µg de plasmídeo pBK-CMV vazio, pBK-CMV-Lc9, pBK-CMV-Lc13, pBK-CMV-Lc14 ou pBK-CMV-Lc18, por via intramuscular seguida de eletroporação (EL). Aproximadamente 30 dias após a terceira série de injeção, os animais foram desafiados pela injeção intraperitonial de 1 x 107 promastigotas de L. chagasi, exceto 6 animais do grupo Salina (Salina EL s/ inf). A proliferação celular (A e B) e a produção de citocinas, IFN-γ (C, D), IL-4 (E, F) e IL-5 (G e H) foram avaliadas cerca de 60 dias após a infecção. Esplenócitos foram estimulados com Con A a 2 µg/mL (A, C, E e G) ou extrato bruto de L. chagasi a 10 µg/mL (B, D, F e H) a 37o C e 5% de CO2 em atmosfera úmida. Para a avaliação da proliferação, o cultivo foi realizado por 3 dias (Con A) ou 5 dias (extrato bruto). Após este período, 1 µCi de timidina tritiada foi adicionada por poço e as células foram incubadas por mais 18 horas. Para a dosagem de IFN-γ (amostras individuais), IL-4 e IL-5 (pool), sobrenadantes das culturas de células, nas mesmas condições supracitadas, foram coletados após 48 horas de incubação e utilizados em ELISA. Os símbolos representam valores individuais (A e B) e as barras representam médias aritméticas ± SD (C e D). 87 Os resultados correspondentes à avaliação da resposta proliferativa e da capacidade de produção de citocinas após a estimulação in vitro com Lc9, Lc14 e Lc18 estão descritos abaixo. O valor de índice de proliferação (X ± SD) encontrado quando as células esplênicas obtidas do grupo previamente injetado com pBK-CMV-Lc9 foram cultivadas por cinco dias na presença de Lc9 (10 µg/mL) foi de 2,9 ± 3,9 (Figura 9A). Quando Lc9 foi utilizada em concentrações menores (1 µg/mL ou 0,1 µg/mL) os valores de índice de proliferação encontrados foram semelhantes ao apresentado acima (Figura 9B e C). Em nenhuma das condições testadas, a comparação das médias dos valores de índice de proliferação de cada grupo apresentou diferença estatística significativa entre os grupos. Os valores de cpm que deram origem a estes resultados estão descritos na Tabela 5. Já a produção de IFN-γ, avaliada após a estimulação com Lc9 (10 µg/mL) por 48 horas, foi observada no sobrenadante da cultura de células do grupo previamente injetado com pBKCMV-Lc9 (Figura 9D). O valor correspondente à concentração de IFN-γ (X ± SD), obtido para este grupo, foi superior aos valores encontrados para os demais grupos (12,78 ± 9,38 ng/mL; ANOVA, p = 0,0075 e Tukey, p<0,01 em relação ao grupo injetado apenas com salina, sem infecção e p<0,05 em relação ao grupo injetado com salina e desafiado com L. infantum/chagasi). Na mesma condição descrita acima, a produção de IL-4 ou de IL-5 não foi detectada em nenhum dos grupos avaliados (dados não mostrados). Tabela 5. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos cultivados com Lc9 em diferentes concentrações, obtidos de grupos de camundongos submetidos previamente a três séries de injeções com plasmídeos recombinantes, administrados isoladamente, e desafiados com promastigotas de L. chagasi. Condições de cultura 5 dias Grupos de camundongos Salina sem infecção 2625 ± 1036 Lc9 (0,1 µg/mL) 5550 ± 2105 Salina EL 2753 ± 1258 4994 ± 2502 5303 ± 2063 6980 ± 2982 pBK-CMV EL 2131 ± 889 3840 ± 1554 4084 ± 2171 4748 ± 1502 pBK-CMV-Lc9 EL 1507 ± 622 4263 ± 1722 3799 ± 2424 4212 ± 3867 Meio de cultura Lc9 (1 µg/mL) 6485 ± 1356 Lc9 (10 µg/mL) 6893 ± 2287 Os valores apresentados representam X ± SD dos valores obtidos para cada grupo (6 animais/grupo). Células esplênicas foram obtidas aproximadamente 60 dias após a injeção intraperitonial de 1 x 107 promastigotas de L. chagasi e cultivadas a 3 x 105 células por poço, em triplicata, em volume de 200 µL, como descrito em Material e Métodos. s/ in fe c Sa lin a EL EL pB KCM pB V KEL CM VLc 9 EL Sa lin a IFN-γγ (ng/mL) Índice de Proliferação 88 10 8 A 6 4 2 0 10 8 B 6 4 2 0 10 8 C 6 4 2 0 30 D * 20 10 0 89 Figura 9. Avaliação de proliferação celular e produção de citocinas por células esplênicas de camundongos previamente injetados com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente, após a injeção de promastigotas de L. chagasi, na presença de Lc9 recombinante. Camundongos BALB/c (6 animais/grupo) foram previamente submetidos a três séries de injeções com salina ou com 50 µg de plasmídeo pBK-CMV vazio ou, pBK-CMV-Lc9, por via intramuscular seguida de eletroporação (EL). Aproximadamente 30 dias após a terceira série de injeção, os animais foram desafiados pela injeção intraperitonial de 1 x 107 promastigotas de L. chagasi, exceto 6 animais do grupo Salina (Salina EL s/ inf). A proliferação celular (A, B e C) e a produção de IFN-γ (D) foram avaliadas cerca de 60 dias após a infecção. Esplenócitos foram cultivados com Lc9 nas concentrações de 10 µg/mL (A e D), 1 µg/mL (B) ou 0,1 µg/mL (C). Para a avaliação de proliferação, o cultivo foi realizado por 5 dias a 37oC e 5% CO2 em atmosfera úmida. Após este período, 1 µCi de timidina tritiada foi adicionada por poço e as células foram incubadas por mais 18 horas. Para a dosagem de IFN-γ (amostras individuais), sobrenadantes das culturas de células, estimuladas com Lc9 a 10 µg/mL, foram coletados após 48 horas de incubação e utilizados em ELISA. Os símbolos representam valores individuais (A, B e C) e as barras representam médias aritméticas ± SD (D). * ANOVA seguido de pós-teste de Tukey (p < 0,01 em comparação ao grupo Salina sem infecção e em relação ao grupo Salina infectado). 90 Os valores de cpm encontrados após o cultivo de células esplênicas obtidas de grupos de camundongos injetados somente com salina ou injetados com salina, pBK-CMV vazio ou pBKCMV-Lc14 e desafiados pela injeção de L. chagasi, em meio de cultura ou meio de cultura contendo Lc14, estão apresentados na Tabela 6. A comparação das médias dos índices de proliferação revelou diferença significante entre os grupos quando as células esplênicas foram cultivadas na presença de Lc14 a 0, 1 µg/mL (ANOVA, p = 0,0313) contudo, não mostrou diferença significante quando tais células foram cultivadas em meio contendo Lc14 nas concentrações de 1 µg/mL ou 10 µg/mL (Figura 10A e 10B). Quando o índice de proliferação de esplenócitos submetidos à estimulação com 0,1 µg/mL de Lc14 foram comparados entre os grupos houve diferença estatística significante entre os animais previamente injetados com pBK-CMV-Lc14 (5,6 ± 2,7) em relação aos demais grupos, previamente injetados com salina ou pBK-CMV vazio (Tukey, p < 0,05; Figura 10C). Em análise subseqüente, para mensuração da produção de IFN-γ no sobrenadante das culturas, a comparação dos valores encontrados (X ± SD) não apresentou diferença estatística significante entre os grupos avaliados (Figura 10D). Além disso, as citocinas IL-4 e IL-5 também não foram detectadas no sobrenadante das culturas de nenhum dos grupos testados (dados não mostrados). Tabela 6. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos cultivados com Lc14 em diferentes concentrações, obtidos de grupos de camundongos submetidos previamente a três séries de injeções com plasmídeos recombinantes, administrados isoladamente, e desafiados com promastigotas de L. chagasi. Condições de cultura 5 dias Grupos de camundongos Meio de cultura Salina sem infecção Salina EL pBK-CMV EL pBK-CMV-Lc14 EL 3099 ± 931 3813 ± 1728 2663 ± 1029 1822 ± 1020 Lc14 (0,1 µg/mL) 9151 ± 2167 8097 ± 2476 6381 ± 2356 9110 ± 5017 Lc14 (1 µg/mL) 9788 ± 5615 7898 ± 4323 6233 ± 3433 9281 ± 6247 Lc14 (10 µg/mL) 3548 ± 939,1 2525 ± 828 2452 ± 1523 1975 ± 729 Os valores apresentados representam X ± SD dos valores obtidos para cada grupo (6 animais/grupo). Células esplênicas foram obtidas aproximadamente 60 dias após a injeção intraperitonial de 1 x 107 promastigotas de L. chagasi e cultivadas a 3 x 105 células por poço, em triplicata, em volume de 200 µL, como descrito em Material e Métodos. pB K Sa l -C M M 4 V Lc 1 -C V- K lin a EL EL EL s/ in fe c Sa EL pB in a IFN-γγ (ng/mL) Índice de Proliferação 91 12 A 8 4 12 0 B 8 4 0 12 C * 8 4 0 12 D 8 4 0 92 Figura 10. Avaliação de proliferação celular e produção de citocinas por células esplênicas de camundongos previamente injetados com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente, após a injeção de promastigotas de L. chagasi, na presença de Lc14 recombinante. Camundongos BALB/c (6 animais/grupo) foram previamente submetidos a três séries de injeções com salina ou com 50 µg de plasmídeo pBK-CMV vazio, ou pBK-CMV-Lc14, por via intramuscular seguida de eletroporação (EL). Aproximadamente 30 dias após a terceira série de injeção, os animais foram desafiados pela injeção intraperitonial de 1 x 107 promastigotas de L. chagasi, exceto 6 animais do grupo Salina (Salina EL s/ inf). A proliferação celular (A, B e C) e a produção de IFN-γ (D) foram avaliadas cerca de 60 dias após a infecção. Esplenócitos foram cultivados com Lc14 recombinante nas concentrações de 10 µg/mL (A e D), 1 µg/mL (B) ou 0,1 µg/mL (C). Para a avaliação de proliferação, o cultivo foi realizado por 5 dias a 37oC e 5% CO2 em atmosfera úmida. Após este período, 1 µCi de timidina tritiada foi adicionada por poço. As células foram incubadas por mais 18 horas. Para a dosagem de IFN-γ (amostras individuais), sobrenadantes das culturas de células, estimuladas com Lc14 a 10 µg/mL, foram coletados após 48 horas de incubação e utilizados em ELISA. Os símbolos representam valores individuais (A, B e C) e as barras representam médias aritméticas ± SD (D). *p < 0,05 em comparação aos grupos Salina e pBK-CMV vazio infectados. 93 O cultivo de esplenócitos em meio de cultura apenas ou meio de cultura contendo Lc18 a 0,1 µg/mL e 1 µg/mL, com células obtidas de grupos de camundongos injetados somente com salina ou infectados com L.infantum/chagasi, previamente injetados com salina, pBK-CMV vazio ou pBKCMV-Lc18, resultou em índices de proliferação cujos valores das médias não apresentaram diferença estatística significante quando comparadas entre os grupos (Figura 11A e B). Os valores de cpm que deram origem a estes resultados estão apresentados na Tabela 7. Da mesma forma, a comparação dos valores de concentração de IFN-γ, mensurados no sobrenadante das culturas obtidos após 48 horas na presença de 1 µg/mL de Lc18, não apresentou diferença estatística entre os grupos (Figura 11C). Nas mesmas condições avaliadas, IL-4 e IL-5 não foram detectadas no sobrenadante das culturas (dados não mostrados). Um mapa qualitativo da resposta imune murina aos diferentes imunógenos utilizados para injeção, antes e após o desafio com L. chagasi, está apresentado no Apêndice C. Tabela 7. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos cultivados com Lc18 em diferentes concentrações, obtidos de grupos de camundongos submetidos a três séries de injeções com plasmídeos recombinantes, administrados isoladamente, e desafiados com promastigotas de L. chagasi. Condições de cultura 5 dias Grupos de camundongos Salina sem infecção 3410 ± 1752 Lc18 (0,1 µg/mL) 8544 ± 2184 Salina EL 3307 ± 1018 5882 ± 2430 1836 ± 713 pBK-CMV EL 2014 ± 843 5646 ± 2215 1474 ± 451 pBK-CMV-Lc18 EL 1414 ± 807 4135 ± 2284 1355 ± 376 Meio de cultura Lc18 (1 µg/mL) 2324 ± 632 Os valores apresentados representam X ± SD dos valores obtidos para cada grupo (6 animais/grupo). Células esplênicas foram obtidas aproximadamente 60 dias após a injeção intraperitonial de 1 x 107 promastigotas de L. chagasi e cultivadas a 3 x 105 células por poço, em triplicata, em volume de 200 µL, como descrito em Material e Métodos. 94 10 8 A Índice de Proliferação 6 4 2 0 10 B 8 6 4 2 0 15 IFN-γγ (ng/mL) C 10 5 EL K -C M VLc 18 V EL EL a pB lin Sa K -C M pB Sa lin a EL s/ in fe c 0 Figura 11. Avaliação de proliferação celular e produção de citocinas por células esplênicas de camundongos previamente injetados com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente, após a injeção de promastigotas de L. chagasi, na presença de Lc18 recombinante. Camundongos BALB/c (6 animais/grupo) foram previamente submetidos a três séries de injeções com salina ou com 50 µg de plasmídeo pBK-CMV vazio ou pBK-CMV-Lc18, por via intramuscular seguida de eletroporação (EL). Aproximadamente 30 dias após a terceira série de injeção, os animais foram desafiados pela injeção intraperitonial de 1 x 107 promastigotas de L. chagasi, exceto 6 animais do grupo Salina (Salina EL s/ inf). A proliferação celular (A, B e C) e a produção de IFN-γ (D) foram avaliadas cerca de 60 dias após a infecção. Esplenócitos foram cultivados com Lc18 recombinante nas concentrações de 1 µg/mL (A e C) ou 0,1 µg/mL (B). Para a avaliação de proliferação, o cultivo foi realizado por 5 dias a 37o C e 5% CO2 em atmosfera úmida. Após este período, 1 µCi de timidina tritiada foi adicionada por poço e as células foram incubadas por mais 18 horas. Para a dosagem de IFN-γ (amostras individuais), sobrenadantes das culturas de células, estimuladas com Lc18 a 1 µg/mL, foram coletados após 48 horas de incubação e utilizados em ELISA, como descrito em Material e Métodos. Os símbolos representam valores individuais (A e B) e as barras representam médias aritméticas ± SD ( C). 95 5.1.5. Avaliação de proteção contra infecção por L. chagasi. Os resultados da avaliação da capacidade de proteção e/ou controle da infecção por L.infantum/chagasi, realizada por diluição limitante cerca de 8 semanas após a infecção, estão descritos abaixo. A injeção de pBK-CMV-Lc9, pBK-CMV-Lc13, pBK-CMV-Lc14 ou pBK-CMV-Lc18 não induziu proteção contra a infecção após a injeção de promastigotas de L.infantum/chagasi (Figura 12A). No entanto, a comparação entre as médias dos valores de carga parasitária total indicou diferença entre os grupos (ANOVA, p = 0,0491). Comparação adicional revelou que esta diferença ocorreu apenas entre as médias dos grupos previamente injetados com pBK-CMV-Lc9 e pBK-CMV-Lc18 (Tukey, p<0,05). De fato, em dois de seis animais do grupo previamente injetado com pBK-CMV-Lc9, não foi observada a presença de formas promastigotas na menor diluição do macerado da secção de baço utilizado para avaliação da carga parasitária. Além disso, não houve qualquer alteração relacionada ao tamanho do baço dos animais em nenhum dos grupos infectados. Os valores encontrados (X ± SD), correspondentes ao peso do baço, estão apresentados na Figura 12B. 96 carga parasitária total (log10) 10 A 8 * 6 4 2 0 2 % baço/peso corporal B 1 Sa lin a EL s/ i n Sa fec l pB ina EL pB KC K M pB CM V E L VK -C Lc M V- 9 E pB Lc L K -C 13 pB MV EL -L K c1 -C 4 M E VLc L 18 EL 0 . Figura 12. Avaliação da capacidade de proteção e/ou controle da infecção por L. chagasi em animais previamente injetados com plasmídeos recombinantes administrados isoladamente. Camundongos BALB/c (6 animais/grupo) foram previamente submetidos a três séries de injeções com 50 µL de salina ou com 50 µg de plasmídeo pBK-CMV vazio, pBK-CMV-Lc9, pBK-CMVLc13, pBK-CMV-Lc14 ou pBK-CMV-Lc18, por via intramuscular seguida de eletroporação (EL). Aproximadamente 30 dias após a terceira série de injeção, os animais foram desafiados pela injeção intraperitonial de 1 x 107 promastigotas de L.infantum/chagasi, exceto 6 animais do grupo Salina (Salina EL s/ inf). Após aproximadamente 60 dias, os animais foram sacrificados e o baço foi utilizado para determinação da carga parasitária por ensaio de diluição limitante, como descrito em Material e Métodos. (A) carga parasitária total (log 10). (B) peso do baço em relação ao peso corporal (valores em %). Os símbolos representam valores individuais e as barras representam médias aritméticas. * ANOVA seguido de pós-teste de Tukey (p < 0,05) em relação ao grupo pBK-CMV-Lc18. 97 5.2. Avaliação da resposta imune em camundongos injetados com uma combinação de plasmídeos codificando proteínas de L. chagasi 5.2.1. Avaliação da resposta imune humoral Os resultados da avaliação da produção de anticorpos específicos, realizada por ELISA, em amostras de soro obtidas 10 dias após três séries de injeção de uma mistura de plasmídeos estão descritos abaixo. A injeção de uma mistura (pool) de plasmídeos (pBK-CMV-Lc9, pBK-CMV-Lc13, pBKCMV-Lc14 e pBK-CMV-Lc18), na presença ou na ausência de plasmídeo pcDNA3.1-scmu-IL12, e o mesmo pool de plasmídeos injetados sem eletroporação, induziu a produção de anticorpos da classe IgG reativos a extrato bruto de antígenos de L. chagasi (Figura 13). A comparação das médias dos valores de densidade óptica obtidos para cada grupo revelou diferença estatisticamente significante (ANOVA, p < 0,0001). Comparação adicional entre os grupos, usando-se o pós-teste Tukey, mostrou a seguinte relação: pool de plasmídeos + pIL-12 EL > pool de plasmídeos EL = pool de plasmídeos > pBK-CMV = Salina (p < 0,05). Posteriormente, a mensuração de anticorpos das subclasses IgG2a e IgG1 reativos a extrato bruto de antígenos foi realizada. Anticorpos reativos com extrato bruto de antígenos de L. infantum/chagasi de isotipo IgG2a foram detectados em todos os grupos que foram injetados com pool de plasmídeos (Figura 13). A comparação estatística das médias de densidade óptica, correspondentes à mensuração de IgG2a revelou diferença entre os grupos (ANOVA, p < 0,0001). Além disso, comparação adicional entre as médias de densidade óptica obtidas para IgG2a mostrou a seguinte relação: pool + pIL-12 EL > pool EL > pool s/ EL > pBK-CMV = Salina (Tukey, p < 0,05). Finalmente, a medida de densidade óptica obtida para IgG1 do grupo injetado apenas com pool de plasmídeo, sem eletroporação, foi a única com valor de média superior às médias dos grupos controles Salina e pBK-CMV vazio (ANOVA, p < 0,003 e Tukey, p < 0,05). A proporção IgG2a/IgG1 encontrada para os grupos que receberam eletroporação após as injeções, pool de plasmídeos e pool de plasmídeos associado à pIL-12 e para o grupo injetado com o pool de plasmídeos apenas, sem eletroporação foi de 3,89 ± 0,98; 5,18 ± 2,68 e 2,42 ± 1,31, respectivamente. 98 1.0 IgG * * * Densidade Óptica (450 nm) 0.5 0.0 1.0 IgG1 * 0.5 0.0 1.0 IgG2a * * * 0.5 0.0 EL lasm L asm EL l V m E M as ol p -12 ol p l a C p S l K po pÍL po pB poo + a lin EL Figura 13. Avaliação da produção de anticorpos da classe IgG e das subclasses IgG2a e IgG1, reativos ao extrato bruto de antígenos de promastigotas de L. chagasi, de animais injetados com um pool de plasmídeos recombinantes. Camundongos BALB/c (12 a 18 animais/grupo) foram submetidos a três séries injeções de salina ou com 50 µg de plasmídeo pBK-CMV vazio ou 200 µg de um pool de plasmídeos (pBK-CMV-Lc9, pBK-CMV-Lc13, pBK-CMV-Lc14 e pBKCMV-Lc18) acrescido ou não de plasmídeo pcDNA3.1-scmur-IL-12 (50 µg), por via intramuscular seguido de eletroporação (EL). Um grupo de animais foi injetado apenas com o pool de plasmídeos, sem EL. Amostras de soro, obtidas 10 dias após a terceira série de injeção, foram diluídas de 1:100 para a detecção de anticorpos IgG e diluídas de 1:1000 para a detecção de anticorpos IgG1 e IgG2a e avaliadas, em duplicata, em placas de microtitulação de 96 poços pré-sensibilizadas com 100 µL de extrato total de antígenos de L. chagasi a 10 µg/mL. Os símbolos representam valores individuais e as barras representam médias aritméticas dos valores de densidade óptica. * ANOVA seguido de pós-teste de Tukey, p < 0,05; comparação em relação aos grupos controles. 99 5.2.2. Avaliação da resposta imune celular A resposta proliferativa e a produção de citocinas (IFN-γ, IL-4 e IL-5), por células esplênicas, após a estimulação in vitro com um mitógeno (Con A), extrato bruto de antígenos de L. chagasi ou proteína recombinante purificada (Lc9, Lc14 ou Lc18), foram avaliadas três a quatro semanas depois de três séries de injeções de salina, plasmídeo pBK-CMV vazio, pool de plasmídeos (pBK-CMV-Lc9, pBK-CMV-13, pBK-CMV-14 e pBK-CMV-18) ou pool de plasmídeos acrescido de pcDNA3.1scmur-IL-12 (p-IL-12) seguido de eletroporação (EL) ou ainda, pool de plasmídeos sem eletroporação. Os valores de cpm (X ± SD) encontrados quando as células esplênicas foram cultivadas, por três dias, somente em meio de cultura ou meio de cultura contendo Con A ou, por cinco dias, em meio de cultura ou meio de cultura contendo extrato bruto de antígenos de L.infantum/chagasi, estão apresentados na Tabela 8. A comparação dos valores de índices de proliferação [valor de cpm de células cultivadas na presença de estímulo (Con A) / valor de cpm de células cultivadas somente com meio de cultura] correspondentes a cada grupo de animais, não revelou diferença significativa entre os grupos (Figura 14A). As suspensões de células esplênicas obtidas foram cultivadas também somente em meio de cultura ou meio de cultura contendo Con A por 48 horas visando a avaliação da produção de citocinas. A produção de IFN-γ, IL-4 e de IL-5 foi observada em todos os grupos avaliados (Figura 14C, E e G). Não houve diferença entre os grupos em relação a produção de IFN-γ como revelado pela comparação entre as médias dos valores de concentração de IFN-γ obtidos. A produção de IFN-γ, IL-4 ou de IL-5 não foi detectada no sobrenadante de células cultivadas somente em meio de cultura. Quando esplenócitos foram cultivados na presença de extrato bruto de antígenos de L. chagasi por um período de cinco dias, os valores de índice de proliferação encontrados não apresentaram diferença entre os grupos (Figura 14B). Os valores que deram origem a este resultado estão apresentados na Tabela 8. Quando o cultivo das células foi realizado por 48 horas, para avaliação da produção de citocinas, a concentração de IFN-γ (Figura 14D), IL-4 (Figura 14F) e IL-5 (Figura 14H) permaneceram abaixo do limite de detecção do ensaio em todos os grupos. 100 Tabela 8. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos cultivados com concanavalina A ou extrato bruto de L. chagasi, obtidos de grupos de camundongos submetidos a três séries de injeções com um pool de plasmídeos. Grupos de camundongos Condições de cultura 3 dias Meio de cultura (2 µg/mL) Con A Meio de cultura 5 dias Extrato bruto de antígenos L. chagasi (10 µg/mL) Salina EL pBK-CMV EL 443 ± 419 642 ± 362 15820 ± 2428 12930 ± 5048 576 ± 437 945 ± 599 781 ± 577 1324 ± 597 pool plasm EL 800 ± 708 10030 ± 6097 1223 ± 1280 1708 ± 986 pool plasm + pIL-12 EL 409 ± 199 14940 ± 8137 670 ± 432 1016 ± 453 pool de plasm 390 ± 220 17130 ± 6632 478 ± 281 1119 ± 572 Os valores apresentados representam X ± SD dos valores obtidos para cada grupo (5-6 animais/grupo). Esplenócitos foram obtidos entre três a quatro semanas após as injeções e cultivados a 3 x 105 células por poço, em triplicata, em volume de 200 µL, como descrito em Material e Métodos. m EL EL as 12 m pl L- ol pI po + as 300 200 100 0 H m 0 G as 10 F EL 20 E pl V EL 0 D pl M a 5 C ol -C lin m EL EL 10 B ol K Sa 12 m pl as L- as ol pI po + pB m EL 85 65 45 25 A po as pl V Ìndice de Proliferação Con A po pl ol 400 M EL 400 -C a IFN-γγ (ng/mL) 30 po K lin IL-4 (pg/mL) 300 200 100 po ol pB Sa IL-5 (pg/mL) 101 Extrato de antígenos L. chagasi 300 200 100 0 102 Figura 14. Avaliação de proliferação celular e produção de citocinas por células esplênicas de camundongos, injetados com um pool de plasmídeos recombinantes, após cultivo com concanavalina A (Con A) ou extrato bruto de antígenos de L. chagasi. Camundongos BALB/c (5 a 6 animais/grupo), foram submetidos a três séries de injeções com salina ou com 50 µg de plasmídeo pBK-CMV vazio ou com 200 µg de um pool de plasmídeos (pBK-CMV-Lc9, pBKCMV-Lc13, pBK-CMV-Lc14 e pBK-CMV-Lc18) acrescido ou não de plasmídeo pcDNA3.1scmu-IL-12 (50 µg), por via intramuscular seguido de eletroporação (EL). Um grupo de animais foi injetado apenas com o pool de plasmídeos, sem eletroporação. A avaliação da proliferação celular (A e B) e da produção de citocinas IFN-γ (C e D), IL-4 (E e F) e IL-5 (G e H) foram realizadas entre 3 e 4 quatro semanas após a terceira série de injeção. Esplenócitos foram cultivados com Con A a 2 µg/mL (A, C, E e G) ou extrato bruto de L .infantum/chagasi a 10 µg/mL (B, D, F e H). Para a avaliação de proliferação, o cultivo foi realizado por 3 dias (Con A) ou 5 dias (extrato bruto) a 37o C e 5% de CO2 em atmosfera úmida. Após este período, 1 µCi de timidina tritiada foi adicionada por poço e as células foram incubadas por mais 18 horas. Para a dosagem de IFN-γ (amostras individuais), IL-4 e IL-5 (pool), sobrenadantes das culturas de células, nas mesmas condições supracitadas, foram coletados após 48 horas de incubação e utilizados em ELISA, como descrito em Material e Métodos.Os gráficos mostram valores de índice de proliferação (A e B) e concentração de IFN-γ (ng/mL, C e D), IL-4 (pg/mL, E e F) e IL-5 (pg/mL, G e H). Os símbolos (A e B) representam valores individuais e as barras representam médias aritméticas ± SD de cada grupo (C e D). 103 A resposta proliferativa e a produção de citocinas foram avaliadas também após o cultivo de células esplênicas em meio de cultura ou meio de cultura contendo Lc9, Lc14 ou Lc18. Os valores de cpm referentes a estes resultados estão apresentados na Tabela 9. Os valores de índices de proliferação obtidos após a estimulação de esplenócitos com Lc9, Lc14 ou com Lc8 não apresentaram diferença estatisticamente significante entre os grupos (Figura 15A, B e C). A produção de IFN-γ, avaliada pela mensuração por ELISA no sobrenadante das culturas, foi observada em alguns grupos de animais após o cultivo com as proteínas recombinantes correspondentes (Figura 15D, E e F). Contudo, a comparação das médias de cada grupo revelou diferença estatística significante apenas quando as células foram cultivadas na presença de Lc9 (ANOVA, p=0,0126). Comparação adicional, usando o pós-teste de Tukey, mostrou que a produção de IFN-γ foi significantemente maior no grupo de animais injetados com pool de plasmídeos + p-IL-12 EL (0,32 ± 0,2 ng/mL), apresentando a seguinte relação entre os grupos: pool de plasmídeos + p-IL-12 EL > pool de plasmídeos sem eletroporação = pBK-CMV vazio > pool de plasmídeos EL = Salina (p < 0,05) . As citocinas IL-4 e IL-5 não foram detectadas em nenhum dos grupos em nenhuma das condições de cultivo, seja na presença de Lc9, Lc4 ou Lc18 (dados não mostrados). Tabela 9. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos de grupos de camundongos submetidos a três séries de injeções com um pool de plasmídeos, cultivados na presença ou na ausência de proteínas recombinantes de L. chagasi. Grupos de camundongos Meio de culturaa Condições de cultura 5 dias Lc9 Meio de Lc14 culturab (10µg/mL) (10µg/mL) Lc18 (10µg/mL) Salina EL 624 ± 382 1668 ± 891 595 ± 559 2046 ± 544 3525 ± 944 pBK-CMV EL 945 ± 599 2579 ± 1321 672 ± 370 1886 ± 774 2340 ± 534 pool plasm EL 1447 ± 1292 696 ± 263 1505 ± 1545 1385 ± 403 2177 ± 510 pool plasm + pIL-12 EL 670 ± 432 2029 ± 885 942 ± 499 1843 ± 1022 4008 ± 4325 pool de plasm 478 ± 281 1518 ± 557 459 ± 275 1780 ± 647 2649 ± 840 Os valores apresentados representam X ± SD dos valores obtidos para cada grupo (5 a 6 animais/grupo). Esplenócitos foram obtidos entre três a quatro semanas após as injeções e cultivados a 3 x 105 células por poço, em triplicata, em volume de 200 µL, como descrito em Material e Métodos. a células esplênicas cultivadas apenas em meio de cultura na mesma placa onde houve o cultivo com Lc9. b células esplênicas cultivadas apenas em meio de cultura na mesma placa onde houve o cultivo com Lc14 e Lc18. 104 Lc9 Lc14 Índice de Proliferação 80 60 C B A Lc18 40 20 20 15 10 5 0 IFN-γγ (ng/mL) 2.0 D E F 1.5 1.0 * 0.5 V EL pl pl a sm as m EL +p IL -1 2 EL po ol pl as m EL M a po ol po ol K -C pB Sa lin po V EL po ol ol pl as pl as m m EL +p IL -1 2 EL po ol pl as m EL -C M lin a pB K Sa Sa lin a pB EL K -C M po V po EL ol ol pl as pl as m m EL +p IL -1 2 EL po ol pl as m 0.0 Figura 15. Avaliação de proliferação celular e produção de IFN-γ por células esplênicas de camundongos injetados com um pool de plasmídeos recombinantes, após cultivo com proteínas recombinantes de L. chagasi. Camundongos BALB/c (5 a 6 animais/grupo), foram submetidos a três séries de injeções com salina ou com 50 µg de plasmídeo pBK-CMV vazio ou com 200 µg de um pool de plasmídeos (pBK-CMV-Lc9, pBK-CMV-Lc13, pBK-CMV-Lc14 e pBK-CMV-Lc18) acrescido ou não de plasmídeo pcDNA3.1-scmu-IL-12 (50 µg), por via intramuscular seguido de eletroporação (EL). Um grupo de animais foi injetado apenas com o pool de plasmídeos, sem eletroporação. A avaliação da proliferação celular (A, B e C) e da produção de IFN-γ (D, E e F) foi realizada entre 3 e 4 quatro semanas após a terceira série de injeção. Esplenócitos foram cultivados em meio de cultura, meio de cultura contendo Lc9 (A e D), Lc14 (B e E) ou Lc18 (C e F) a 10 µg/mL. Para a avaliação de proliferação, o cultivo foi realizado 5 dias a 37o C e 5% de CO2 em atmosfera úmida. Após este período, 1 µCi de timidina tritiada foi adicionada por poço e as células foram incubadas por mais 18 horas. Para a dosagem de IFN-γ, sobrenadante das culturas de células, nas mesmas condições supracitadas, foram coletados após 48 horas de incubação e utilizados em ELISA. *ANOVA seguido de pós-teste de Tukey (p < 0,05) em comparação aos grupos pBK-CMV vazio e pool de plasmídeos sem eletroporação. Os símbolos (A e B) representam valores individuais e as barras representam médias aritméticas ± SD de cada grupo (C e D). 105 5.2.3. Avaliação da resposta imune humoral após desafio com L.infantum/chagasi Os resultados da avaliação da produção de anticorpos específicos, realizada por ELISA, em amostras de soro obtidas cerca de 60 dias após a injeção com promastigotas de L. chagasi foram descritos abaixo. Anticorpos da classe IgG reativos a extrato bruto de L. chagasi foram detectados em amostras obtidas após o desafio com promastigotas, de grupos de animais previamente submetidos a três séries de injeções com salina, pBK-CMV vazio, pool de plasmídeos (pBK-CMV-Lc9, pBK-CMV-13, pBKCMV-14 e pBK-CMV-18) ou pool de plasmídeos acrescido de pcDNA3.1sc-mu-IL-12 (p-IL-12), todos estes grupos com injeção intramuscular seguida de eletroporação (EL) e ainda, um grupo injetado com pool de plasmídeos sem eletroporação (Figura 16). Amostras de camundongos somente injetados com salina, sem infecção, apresentaram valores de densidade óptica de 0,076 ± 0,012. A comparação das médias de cada grupo revelou diferença estatisticamente significativa entre eles (ANOVA, p<0,0001). Comparação adicional mostrou a seguinte relação: pool + pIL-12 EL = pool EL = pool s/ EL > Salina = Salina s/ inf = pBK-CMV vazio (Tukey, p < 0,01). Em análise subseqüente, anticorpos das subclasses IgG2a e IgG1 reativos a extrato bruto de antígenos foram mensurados (Figura 16). Anticorpos de isotipo IgG2a foram detectados nos três grupos previamente injetados com pool de plasmídeos. A comparação das médias de densidade óptica, correspondentes à mensuração de IgG2a, revelou diferença estatisticamente significativa entre os grupos (ANOVA, p < 0,0001) e, por comparação adicional encontrou-se a seguinte relação: pool + pIL-12 EL = pool EL = pool s/ EL > pBK-CMV = Salina = Salina s/ inf (Tukey, p < 0,001). Já em relação à detecção de anticorpos de isotipo IgG1, a comparação das médias de densidade óptica obtidas revelou diferença significativa entre os grupos (ANOVA, p < 0,0033), contudo, a comparação adicional pelo pós-teste de Tukey revelou diferença significante apenas entre o grupo injetado com pool de plasmídeos sem eletroporação e os grupos Salina sem infecção e Salina infectado (p < 0,05). Finalmente, a proporção IgG2a/IgG1 foi de 4,60 ± 1,96; 4,38 ± 2,92 e 3,04 ± 1,51 para os grupos injetados com pool de plasmídeos seguido de eletroporação, com ou sem pIL-12 e para o grupo injetado com pool de plasmídeos sem eletroporação, respectivamente. 106 1.0 IgG * * * Densidade Óptica (450 nm) 0.5 0.0 1.0 IgG1 * 0.5 0.0 1.0 IgG2a * * * 0.5 0.0 c EL asm L asm fe a EL V EL n i m n / pl E pl M las li ol L-12 ool -C a s Sa p o K n l p pÍ p li pB poo Sa + Figura 16. Avaliação da produção de anticorpos da classe IgG e das subclasses IgG2a e IgG1, reativos ao extrato bruto de antígenos de L. chagasi, de animais previamente injetados com um pool de plasmídeos recombinantes e desafiados pela injeção de promastigotas de L. chagasi. Camundongos BALB/c (5 a 6 animais/grupo) foram submetidos a três séries de injeções com salina ou com 50 µg de plasmídeo pBK-CMV vazio ou com 200 µg de um pool de plasmídeos (pBK-CMV-Lc9, pBK-CMV-Lc13, pBK-CMV-Lc14 e pBK-CMV-Lc18) acrescido ou não de plasmídeo pcDNA3.1-scmu-IL-12 (50 µg) por via intramuscular, seguida de eletroporação (EL). Um grupo de animais foi injetado apenas com o pool de plasmídeos, sem eletroporação. Aproximadamente 30 dias após a terceira série de injeção, cada grupo, exceto 6 animais do grupo salina (salina EL s/ inf), recebeu uma injeção de 1 x 107 promastigotas de L. chagasi por via intraperitonial. Amostras de soro, obtidas 10 dias após a terceira série de injeção, foram diluídas de 1:100 para a detecção de de anticorpos IgG e diluídas de 1:1000 para a detecção de anticorpos IgG1 e IgG2a e avaliadas, em duplicata, em placas de microtitulação de 96 poços présensibilizadas com 100 µL de extrato total de antígenos de L. chagasi a 10 µg/mL. Os símbolos representam valores individuais e as barras representam médias aritméticas dos valores de densidade óptica. * ANOVA seguido de pós-teste de Tukey, p < 0,05; comparação em relação aos grupos controles. 107 5.2.4. Avaliação da resposta imune celular após desafio com L. chagasi Células esplênicas de animais injetados com pool de plasmídeos, em qualquer das variações testadas, com ou sem eletroporação, na presença ou na ausência de pIL-12, foram obtidas após infecção experimental com promastigotas de L. chagasi e estimuladas in vitro com Con A, por três dias, ou com extrato bruto de antígenos de L. chagasi, por 5 dias. Os valores de cpm encontrados, para as condições descritas, estão apresentados na tabela 10. A comparação entre as médias dos valores de índice de proliferação, encontrados após a estimulação com Con A, não apresentou diferença estatisticamente significativa entre os grupos (Figura 17A). Da mesma forma, a produção de IFN-γ e de IL-4 foi observada em todos os grupos avaliados (Figura 17C e E). A comparação dos valores de concentração de IFN-γ obtidos para cada grupo não apresentou diferença entre eles. Infelizmente, não foi possível avaliar a produção de IL-5 nestas mesmas amostras. Os valores de índices de proliferação, correspondentes à condição onde extrato bruto de antígenos de L. chagasi foi adicionado a cultura, não apresentaram valores de média estatisticamente diferente entre os grupos (Figura 17B). Na avaliação da produção de IFN-γ (Figura 17D), foi observado que em dois grupos desafiados pela injeção de L. chagasi valores detectáveis de IFN-γ foram mensurados, animais previamente injetados com salina (5,23 ± 12,14 ng/mL) e com pool de plasmídeos acrescido de pIL12 (5,34 ± 12,09 ng/mL). No entanto, quando as células de animais destes dois grupos foram cultivadas somente em meio de cultura foi observada produção de IFN-γ (6,69 ± 11,98 ng/mL e 7,49 ± 12,27 ng/mL, respectivamente) sem adição de estímulo exógeno, sendo que células de um animal de cada grupo apresentaram os mesmos valores, acima do limite de detecção do ensaio, seja após cultivo em meio de cultura ou em meio de cultura com extrato bruto de antígenos. Não foi possível detectar IL-4 em nenhum dos grupos, permanecendo sempre abaixo do limite de detecção do ensaio (Figura 17F). 108 Tabela 10. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos cultivados com concanavalina A ou extrato bruto de L. chagasi, obtidos de grupos de camundongos submetidos a três séries de injeções com um pool de plasmídeos e desafiados com promastigotas de L. chagasi. Condições de cultura Grupos de camundongos 3 dias 5 dias Extrato bruto de antígenos (10 µg/mL) Meio de cultura Con A (2 µg/mL) Meio de cultura Salina sem infecção Salina EL 1152 ± 565 1703 ± 677 30030 ± 13470 36710 ± 10860 2491 ± 1634 3666 ± 2045 4148 ± 1657 5415 ± 3156 pBK-CMV EL 1389 ± 846 33630 ± 16990 1682 ± 992 2889 ± 1546 pool plasm EL 667 ± 339 10810 ± 13040 3032 ± 2217 6967 ± 5483 pool plasm + pIL-12 EL 1684 ± 1009 43930 ± 20130 2224 ± 2378 3557 ± 2650 pool de plasm 1010 ± 216 29970 ± 10740 3117 ± 2842 8346 ± 4612 Os valores apresentados representam X ± SD dos valores obtidos para cada grupo (6 animais/grupo). Células esplênicas foram obtidas aproximadamente 60 dias após a injeção intraperitonial de 1 x 107 promastigotas de L. chagasi e cultivadas a 3 x 105 células por poço, em triplicata, em volume de 200 µL, como descrito em Material e Métodos. 109 Extrato de antígenos L. chagasi Ìndice de Proliferação Con A 100 60 A B C D E F 20 20 10 IFN-γγ (ng/mL) 0 125 75 25 20 10 0 IL-4 (pg/mL) 400 300 200 100 EL K po CM po V o ol E pl l pl as L as m m +p EL IL -1 po 2 E L ol pl as m Sa lin a EL s/ Sa inf lin pB a EL K -C M po po V ol ol EL pl pl as as m m EL +p IL -1 2 po EL ol pl as m in a Sa l pB Sa lin a EL s/ in f 0 Figura 17. Avaliação de proliferação celular e produção de citocinas por células esplênicas de camundongos, previamente injetados com um pool de plasmídeos recombinantes e desafiados pela injeção de promastigotas de L. chagasi, após cultivo com concanavalina A (Con A) ou extrato bruto de antígenos de L. chagasi. Camundongos BALB/c (5 a 6 animais/grupo), foram submetidos a três séries de injeções com salina ou com 50 µg de plasmídeo pBK-CMV vazio ou com 200 µg de um pool de plasmídeos, acrescido ou não de plasmídeo pcDNA3.1-scmu-IL-12 (50 µg), por via intramuscular seguida de eletroporação (EL). Um grupo de animais foi injetado apenas com o pool de plasmídeos, sem eletroporação. Aproximadamente 30 dias após a terceira série de injeção, cada grupo, exceto 6 animais do grupo Salina (salina EL s/ inf), recebeu uma injeção de 1 x 107 promastigotas de L .infantum/chagasi por via intraperitonial. A avaliação da proliferação celular (A e B) e da produção de citocinas IFN-γ (C e D) e IL-4 (E e F) foi realizada cerca de 60 dias após a infecção. Esplenócitos foram cultivados com Con A a 2 µg/mL (A, C, E) ou extrato bruto de L. chagasi a 10 µg/mL (B, D, F). Para a avaliação de proliferação, o cultivo foi realizado por 3 dias (Con A) ou 5 dias (extrato bruto) a 37o C e 5% de CO2 em atmosfera úmida. Após este período, 1 µCi de timidina tritiada foi adicionada por poço e as células foram incubadas por mais 18 horas. Para a dosagem de IFN-γ (amostras individuais) e IL-4 (pool de sobrenadante), sobrenadantes das culturas de células, nas mesmas condições supracitadas, foram coletados após 48 horas de incubação e utilizados em ELISA. Os gráficos mostram valores de índice de proliferação (A e B) e concentração de IFN-γ (ng/mL, C e D) e IL-4 (pg/mL, E e F). Os símbolos (A e B) representam valores individuais e as barras representam médias aritméticas ± SD de cada grupo (C e D). 110 A resposta proliferativa e a capacidade de produção de citocinas após estimulação in vitro com Lc9, Lc14 e Lc18 foram avaliadas para cada grupo e estão descritos abaixo. Na presença de Lc9, mesmo em três concentrações diferentes, 10 µg/mL, 1 µg/mL e 0,1 µg/mL, esplenócitos murinos obtidos após a injeção de promastigotas de L. chagasi apresentaram valores de índices de proliferação celular que, quando comparados, não resultou em diferença significativa entre os grupos (Figura 18A, B e C). Os valores de cpm que deram origem a esses resultados estão descritos na Tabela 11. Em avaliação subseqüente, para mensuração da produção de IFN-γ, por ELISA (Figura 18D), foi observado que células esplênicas de um dos grupos de animais, previamente injetado com pool de plasmídeos e pIL-12, produziram IFN-γ após cultivo com Lc9 (7,77 ± 6,43 ng/mL) e esta produção foi estatisticamente significativa quando comparada ao grupo somente injetado com salina e animais infectados previamente injetados com pBK-CMV vazio (ANOVA, p = 0,0116; Tukey, p < 0,05). A produção de IL-4 não foi detectada no sobrenadante da cultura de células de nenhum dos grupos, permanecendo sempre abaixo do limite de detecção do ensaio. EL s/ i Sa nf lin a pB EL KCM po V ol EL po pl ol as m pl as EL m +p I po L-1 2 ol pl as m Sa lin a IFN-γγ (ng/mL) Índice de Proliferação 111 20 A 10 20 0 B 10 0 20 C 10 0 20 D * 15 10 5 0 112 Figura 18. Avaliação de proliferação celular e produção de citocinas por células esplênicas de camundongos, previamente injetados com um pool de plasmídeos recombinantes e desafiados pela injeção de promastigotas de L. chagasi, na presença de Lc9 recombinante. Camundongos BALB/c (5 a 6 animais/grupo), foram submetidos a três séries de injeções com salina ou com 50 µg de plasmídeo pBK-CMV vazio ou com 200 µg de um pool de plasmídeos (pBK-CMV-Lc9, pBK-CMV-Lc13, pBK-CMV-Lc14 e pBK-CMV-Lc18) acrescido ou não de plasmídeo pcDNA3.1-scmu-IL-12 (50 µg) por via intramuscular seguida de eletroporação (EL). Um grupo de animais foi injetado apenas com o pool de plasmídeos, sem eletroporação. Aproximadamente 30 dias após a terceira série de injeção, cada grupo, exceto 6 animais do grupo Salina (salina EL s/ inf), recebeu uma injeção de 1 x 107 promastigotas de L. chagasi por via intraperitonial. A proliferação celular (A, B e C) e a produção de IFN-γ (D) foram avaliadas cerca de 60 dias após a infecção. Esplenócitos foram cultivados em meio de cultura apenas ou em meio de cultura contendo Lc9 nas concentrações de 10 µg/mL (A e D), 1 µg/mL (B) ou 0,1 µg/mL (C). Para a avaliação da proliferação celular, o cultivo foi realizado por 5 dias 37o C e 5% de CO2 em atmosfera úmida. Após este período, 1 µCi de timidina tritiada foi adicionada por poço e as células foram incubadas por mais 18 horas. Para a dosagem de IFN-γ (amostras individuais), sobrenadantes das culturas de células, incubadas na presença de 10 µg/mL de Lc9, foram coletados após 48 horas de incubação e utilizados em ELISA, como descrito em Material e Métodos. * p < 0,05 em comparação aos grupos Salina sem infecção e pBK-CMV vazio infectado. Os símbolos (A, B e C) representam valores individuais e as barras representam médias aritméticas ± SD de cada grupo (D). 113 Já a incubação in vitro com Lc14 e Lc18, nas concentrações de 0,1 µg/mL e 1 µg/mL, não resultou em proliferação celular que apresentasse valores de índice de proliferação significativamente diferente entre os grupos (Figura 19A e B, 20A e B). Os valores de cpm obtidos após estimulação com Lc14 ou Lc18 foram apresentados na Tabela 12. Quanto à produção de citocinas, apenas um dos grupos, animais injetados com salina e infectados com L. chagasi, apresentou valor de média da concentração de IFN-γ estatisticamente superior em relação à média obtida para o grupo de animais não infectados (ANOVA, p = 0,0051 e Tukey, p < 0,05) e do grupo injetado com pBK-CMV e infectado ( p <001, Figura 19C). Este resultado não foi observado em um experimento anterior no qual células de animais infectados, previamente injetados com salina foram cultivadas na presença de 10 µg/mL de Lc14 (Figura 10D). A comparação das médias da concentração de IFN-γ encontradas após o cultivo com Lc18 não apresentou diferença entre os grupos avaliados. A produção de IL-4 não foi detectada em qualquer condição de estímulo, quer seja na presença de Lc14 ou de Lc18. Tabela 11. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos cultivados em meio de cultura ou meio de cultura com Lc9 em diferentes concentrações, obtidos de grupos de camundongos submetidos a três séries de injeções com um pool de plasmídeos, e desafiados com promastigotas de L. chagasi Condições de cultura 5 dias Grupos de camundongos Meio de cultura Lc9 (0,1 µg/mL) Lc9 (1 µg/mL) Lc9 (10 µg/mL) Salina sem infecção 2311 ± 1677 4640 ± 2003 5178 ± 1595 7813 ± 3337 Salina EL 2704 ± 1443 5053 ± 2309 5989 ± 2044 6344 ± 2252 pBK-CMV EL 1478 ± 1044 3368 ± 1925 5372 ± 1171 7058 ± 741 pool plasm EL 2775 ± 2060 6214 ± 4041 8535 ± 3292 7009 ± 3163 pool plasm + pIL-12 EL 1816 ± 999 4141 ± 2780 6261 ± 3734 8265 ± 4928 pool de plasm 3618 ± 1595 6455 ± 2419 7896 ± 2643 9074 ± 3730 Os valores apresentados representam X ± SD dos valores obtidos para cada grupo (6 animais/grupo). Células esplênicas foram obtidas aproximadamente 60 dias após a injeção intraperitonial de 1 x 107 promastigotas de L. chagasi e cultivadas a 3 x 105 células por poço, em triplicata, em volume de 200 µL, como descrito em Material e Métodos. 114 Tabela 12. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos cultivados em meio de cultura ou meio de cultura com Lc14 ou Lc18 em diferentes concentrações, obtidos de grupos de camundongos submetidos a três séries de injeções com um pool de plasmídeos, e desafiados com promastigotas de L. chagasi Condições de cultura 5 dias Grupos de camundongos Salina sem infecção 2736 ± 1854 Lc14 (0,1 µg/mL) 7829 ± 1926 Salina EL 2790 ± 1631 9118 ± 3832 10410 ± 3864 pBK-CMV EL 2113 ± 1089 5642 ± 2759 7891 ± 1262 pool plasm EL 2477 ± 1661 7511 ± 5387 7430 ± 3329 pool plasm + pIL-12 EL 1830 ± 1555 7145 ± 2897 8328 ± 3132 pool de plasm 3448 ± 1594 7953 ± 1787 11340 ± 4304 Meio de cultura Grupos de camundongos Lc14 (1 µg/mL) 8677 ± 2155 Condições de cultura 5 dias Salina sem infecção 1914 ± 1511 Lc18 (0,1 µg/mL) 6115 ± 3028 Salina EL 2179 ± 1241 4037 ± 1799 1193 ± 544 pBK-CMV EL 989 ± 629 2889 ± 1593 1386 ± 569 pool plasm EL 2491 ± 1859 4391 ± 5314 1221 ± 506 pool plasm + pIL-12 EL 1275 ± 922 2682 ± 1359 1019 ± 529 pool de plasm 2459 ± 1593 4599 ± 2264 1346 ± 360 Meio de cultura Lc18 (1 µg/mL) 1743 ± 509 Os valores apresentados representam X ± SD dos valores obtidos para cada grupo (6 animais/grupo). Células esplênicas foram obtidas aproximadamente 60 dias após a injeção intraperitonial de 1 x 107 promastigotas de L. chagasi e cultivadas a 3 x 105 células por poço, em triplicata, em volume de 200 µL, como descrito em Material e Métodos. 115 25.0 A Ìndice de Proliferação 12.5 0.0 25.0 B 12.5 0.0 30 C * IFN-γγ (ng/mL) 24 18 12 6 Sa lin a EL s/ i nf Sa ec li pB na EL KCM po V ol EL po pl as ol m pl as EL m +p IL -1 po 2 ol pl as m 0 Figura 19. Avaliação de proliferação celular e produção de citocinas por células esplênicas de camundongos, previamente injetados com um pool de plasmídeos recombinantes e desafiados pela injeção de promastigotas de L. chagasi, na presença de Lc14 recombinante. Camundongos BALB/c (5 a 6 animais/grupo), foram submetidos a três séries de injeções com salina ou com 50 µg de plasmídeo pBKCMV vazio ou com 200 µg de um pool de plasmídeos, acrescido ou não de plasmídeo pcDNA3.1-scmuIL-12 (50 µg) por via intramuscular seguida de eletroporação (EL). Um grupo de animais foi injetado apenas com o pool de plasmídeos, sem eletroporação. Aproximadamente 30 dias após a terceira série de injeção, cada grupo, exceto 6 animais do grupo Salina (salina EL s/ inf), recebeu uma injeção de 1 x 107 promastigotas de L. chagasi por via intraperitonial. A proliferação celular (A e B) e a produção de IFN-γ (C) foram avaliadas cerca de 60 dias após a infecção. Esplenócitos foram cultivados com Lc14 nas concentrações de 1µg/mL (A) ou 0,1 µg/mL (B). Para a avaliação de proliferação celular, o cultivo foi realizado por 5 dias. Após este período, 1 µCi de timidina tritiada foi adicionada por poço e as células foram incubadas por mais 18 horas. Para a dosagem de IFN-γ (amostras individuais), sobrenadantes das culturas de células, incubadas na presença de 1 µg/mL de Lc14, foram coletados após 48 horas de incubação e utilizados em ELISA. * ANOVA seguido de pós-teste de Tukey (p < 0,05) em relação ao grupo injetado com salina, sem infecção e ao grupo injetado com pBK-CMV vazio, infectado. Os símbolos (A e B) representam valores individuais e as barras representam médias aritméticas ± SD de cada grupo (C). 116 20 A Ìndice de Proliferação 10 0 20 B 10 0 IFN-γγ (ng/mL) 20 C 10 Sa lin a EL s/ Sa inf li pB na EL KCM po po V ol EL ol p pl as lasm m EL +p IL -1 2 po EL ol pl as m 0 Figura 20. Avaliação de proliferação celular e produção de citocinas por células esplênicas de camundongos, previamente injetados com um pool de plasmídeos recombinantes e desafiados pela injeção de promastigotas de L. chagasi, na presença de Lc18 recombinante. Camundongos BALB/c (5 a 6 animais/grupo), foram submetidos a três séries de injeções com salina ou com 50 µg de plasmídeo pBK-CMV vazio ou com 200 µg de um pool de plasmídeos, acrescido ou não de plasmídeo pcDNA3.1-scmu-IL-12 (50 µg) por via intramuscular seguida de eletroporação (EL). Um grupo de animais foi injetado apenas com o pool de plasmídeos, sem eletroporação. Aproximadamente 30 dias após a terceira série de injeção, cada grupo, exceto 6 animais do grupo Salina (salina EL s/ inf), recebeu uma injeção de 1 x 107 promastigotas de L. chagasi por via intraperitonial. A proliferação celular (A e B) e a produção de IFN-γ (C) foram avaliadas cerca de 60 dias após a infecção. Esplenócitos foram cultivados em meio de cultura apenas ou em meio de cultura contendo Lc18 nas concentrações de 1µg/mL (A) ou 0,1 µg/mL(B). Para a avaliação de proliferação celular, o cultivo foi realizado por 5 dias. Após este período, 1 µCi de timidina tritiada foi adicionada por poço e as células foram incubadas por mais 18 horas. Para a dosagem de IFN-γ (amostras individuais), sobrenadantes das culturas de células, incubadas na presença de 1 µg/mL de Lc18, foram coletados após 48 horas de incubação e utilizados em ELISA. Os símbolos (A e B) representam valores individuais e as barras representam médias aritméticas ± SD de cada grupo (C). 117 5.2.5. Avaliação de proteção contra infecção por L. chagasi Os resultados da avaliação da capacidade de proteção e/ou controle da infecção por L. chagasi, realizada por diluição limitante cerca de oito semanas após a infecção, estão descritos abaixo. A injeção de uma mistura de plasmídeos (pBK-CMV-Lc9, pBK-CMV-Lc13, pBK-CMVLc14 e pBK-CMV-Lc18), quer seja com ou sem eletroporação, na presença ou na ausência de pcDNA3.1-scmu-IL-12, não induziu diminuição da carga parasitária total no baço de camundongos, após desafio com promastigotas de L. chagasi. (Figura 21A). No entanto, a comparação entre as médias indicou diferença entre os grupos (ANOVA, p = 0,026). Comparação adicional mostrou que esta diferença ocorreu entre a média obtida para o grupo injetado com pool de plasmídeos associado à pIL-12 e a média do grupo injetado previamente apenas com salina (Tukey, p < 0,05), revelando um ligeiro aumento na carga parasitária mesmo na presença de IL-12. Contudo, não houve alteração significativa relacionada ao tamanho do baço dos animais em nenhum dos grupos infectados (Figura 21B). Um mapa qualitativo da resposta imune murina aos diferentes imunógenos utilizados para injeção adminsitrados como um pool de plasmídeos, antes e após o desafio com L. chagasi, está apresentado no Apêndice C. 118 carga parasitária total (log10) 10 A * 8 6 4 2 0 2 % baço/peso corporal B 1 Sa lin a EL s/ in fe c Sa lin a pB EL K -C M V po EL o po lp ol la sm pl as EL m +p IL -1 2E L po ol pl as m 0 Figura 21. Avaliação da capacidade de proteção e/ou controle da infecção por L. chagasi. em animais previamente injetados com um pool de plasmídeos recombinantes. Camundongos BALB/c (5 a 6 animais/grupo), foram submetidos a três séries de injeções com salina ou com 50 µg de plasmídeo pBK-CMV vazio ou com 200 µg de um pool de plasmídeos (pBK-CMV-Lc9, pBK-CMV-Lc13, pBK-CMV-Lc14 e pBK-CMV-Lc18) acrescido ou não de plasmídeo pcDNA3.1-scmu-IL-12 (50 µg) por via intramuscular seguida de eletroporação (EL). Um grupo de animais foi injetado apenas com o pool de plasmídeos, sem eletroporação. Aproximadamente 30 dias após a terceira série de injeção, cada grupo, exceto 6 animais do grupo Salina (salina EL s/ inf), recebeu uma injeção de 1 x 107 promastigotas de L. chagasi por via intraperitonial. Após aproximadamente 60 dias, os animais foram sacrificados e o baço foi utilizado para determinação da carga parasitária por ensaio de diluição limitante, como descrito em Material e Métodos. (A) carga parasitária total (log 10). (B) peso do baço em relação ao peso corporal (valores em %). Os símbolos representam valores individuais e as barras representam médias aritméticas. * ANOVA seguido de pós-teste de Tukey (p < 0,05) em relação ao grupo Salina infectado. 119 5.3. Avaliação da resposta imune em camundongos injetados DNA plasmideal seguido por proteína recombinante – DNA primer/proteína booster 5.3.1. Avaliação da resposta imune humoral Os resultados da avaliação da produção de anticorpos específicos, realizada por ELISA, em amostras de soro obtidas 10 dias após três séries de injeção de plasmídeo estão descritos abaixo. O grupo de camundongos injetado com pBK-CMV-Lc9 nas duas primeiras séries de injeções seguida pela administração de Lc9 associada a saponina na última dose produziu anticorpos da classe IgG reativos com o extrato bruto de antígenos de L. chagasi. O valor de densidade óptica (X ± SD), correspondente à mensuração para este grupo, foi de 0,287 ± 0,031. A produção de anticorpos específicos também foi observada para os grupos de animais injetados com Lc9 associada à saponina ou injetados somente com pBK-CMV-Lc9 nas três séries de injeções, cujos valores de densidade óptica foram de 0,381 ± 0,035 e 0,137 ± 0,042 (Figura 22). A comparação das médias dos valores de densidade óptica revelou diferença estatisticamente significante entre os grupos (ANOVA, p < 0,0001) e apresentou a seguinte relação: Lc9/saponina > pBK-CMV-Lc9/Lc9 saponina > pBK-CMV-Lc9 > pBK-CMV = Saponina = Salina (Tukey, p<0,001). Posteriormente, foram realizados ensaios para mensuração de anticorpos das subclasses IgG2a e IgG1 reativos a extrato bruto de antígenos. Anticorpos de ambas subclasses foram detectadas em amostras obtidas do grupo Lc9/saponina e do grupo pBK-CMV-Lc9/Lc9 sap (Figura 22). A comparação das médias de densidade óptica, correspondentes à mensuração de IgG2a revelou diferença estatisticamente significativa entre os grupos (ANOVA, p < 0,0001). Comparação adicional entre cada dois grupos mostrou a seguinte relação: Lc9/saponina = pBK-CMV-Lc9/Lc9 saponina > pBK-CMV-Lc9 > pBK-CMV = Saponina = Salina (Tukey, p < 0,05). Finalmente, a comparação das médias de densidade óptica, correspondentes à mensuração de IgG1, também revelou diferença estatisticamente significativa entre os grupos (ANOVA p < 0,0001) e a seguinte relação foi encontrada entre os grupos: Lc9/saponina > pBK-CMV-Lc9/Lc9 saponina > pBK-CMV-Lc9 = pBKCMV = Saponina = Salina (Tukey, p < 0,001). A proporção da média de densidade óptica, relacionada à mensuração de IgG2a e de IgG1, para o grupo injetado com Lc9 associada à saponina, foi de 0,65 ± 0,14 enquanto que para o grupo injetado com pBK-CMV-Lc9 apenas ou com pBKCMV-Lc9 seguido de Lc9/saponina foi de 2,71± 2,0 e 2,27± 1,77; respectivamente. 120 1.2 IgG 0.8 * * Densidade Óptica (450 nm) 0.4 * 0.0 1.2 IgG1 * 0.8 * 0.4 0.0 1.2 0.8 IgG2a * * * 0.4 0.0 a EL nin EL nina EL EL 9 a V 9 o o c n c M p p li L a L -C /sa VSa Sa V- nin K 9 M M C C po pB Lc KK- /sa B B p p Lc9 + Figura 22. Avaliação da produção de anticorpos da classe IgG e das subclasses IgG2a e IgG1, reativos a extrato bruto de antígenos de L. chagasi, de animais injetados com DNA plasmideal e proteína recombinante Lc9. Camundongos BALB/c (6 animais/grupo) foram submetidos a três séries de injeções com salina ou 100 µg de saponina, 50 µg de plasmídeo pBK-CMV vazio, 100 µg de Lc9 associada a 100 µg de saponina ou 50 µg de pBK-CMV-Lc9. Um outro grupo experimental foi injetado com 50 µg de pBK-CMV-Lc9 nas duas primeiras séries de injeção e 100 µg de Lc9 associada a 100 µg de saponina na última dose. As injeções com saponina ou Lc9/saponina foram administradas por via subcutânea. As injeções de salina ou DNA plasmideal foram administradas por via intramuscular seguida por eletroporação (EL). Amostras de soro, obtidas 10 dias após a terceira série de injeção, foram diluídas de 1:200 para a detecção de anticorpos IgG e diluídas de 1:500 para a detecção de anticorpos IgG1 e IgG2a e avaliadas, em duplicata, em placas de microtitulação de 96 poços pré-sensibilizadas com 100 µL de extrato total de antígenos de L. chagasi a 10 µg/mL. Os símbolos representam valores individuais e as barras representam médias aritméticas dos valores de densidade óptica. * ANOVA seguido de pós-teste de Tukey, p < 0,05; comparação em relação aos grupos controles. 121 No ensaio para avaliação de anticorpos da classe IgG reativos a Lc9, os grupos de animais injetados com Lc9/saponina, pBK-CMV-Lc9 seguido de Lc9/saponina ou pBK-CMV-Lc9 exibiram valores de densidade óptica significativamente maiores (2,447 ± 0,212; 2,531 ± 0,114, 1,881 ± 0,331, respectivamente) que os grupos de animais que receberam salina, saponina ou pBK-CMV vazio (Figura 23). A comparação das médias dos valores de densidade óptica revelou diferença estatisticamente significativa entre os grupos e apresentou a seguinte relação: Lc9/saponina = pBK-CMV-Lc9/Lc9 saponina > pBK-CMV-Lc9 > pBK-CMV = Saponina = Salina (ANOVA: p<0,0001, pós-teste de Tukey: p<0,001). Como na diluição previamente avaliada não foi possível discriminar entre os valores de densidade óptica obtidos para os grupos injetados com Lc9/saponina e pBK-CMV-Lc9 seguido de Lc9/sap, uma curva de diluição foi realizada entre 1:200 e 1:125.000. Assim, os valores de densidade óptica (X ± SD) obtidos na leitura realizada a partir da diluição de 1:5000 foram comparados por ANOVA seguido de pós-teste de Tukey. Os valores de densidade óptica encontrados para o grupo injetado com Lc9/saponina (2,105 ± 0,226) foi superior aos valores encontrados para o grupo injetado com pBK-CMV-Lc9 seguido de Lc9/saponina (1,757 ± 0,299) e aos valores encontrados para o grupo injetado somente com pBK-CMV-Lc9 (0,378 ± 0,238, ANOVA, p < 0,0001 e Tukey, p < 0,05, dados não mostrados). Adicionalmente, a mensuração de anticorpos das subclasses IgG2a e IgG1 específicos para Lc9 mostrou que, na diluição avaliada, o único grupo a apresentar anticorpos de ambas subclasses foi o grupo injetado com Lc9/saponina, apresentando valores de densidade óptica (X ± SD) de 0,355 ± 0,172 e 1,183 ± 0,270, respectivamente (Figura 23). A comparação das médias obtidas revelou diferença significante entre os grupos, tanto para IgG2a como para IgG1 (ANOVA, p < 0,0001 e p<0,001, respectivamente). A comparação adicional, usando pós-teste de Tukey, apresentou a seguinte relação entre os grupos: Lc9/saponina = pBK-CMV-Lc9/Lc9 saponina > pBK-CMV-Lc9 = pBK-CMV = Saponina = Salina (IgG2a, p < 0,001) e Lc9/saponina > pBK-CMV-Lc9/Lc9 = pBK-CMV-Lc9 = pBK-CMV = Saponina = Salina (IgG1, p < 0,001). Finalmente, a proporção entre os valores de densidade óptica obtidos para IgG2a e IgG1 encontrada para o grupo injetado com Lc9/saponina foi de 0,29 ± 0,10 enquanto que para o grupo injetado com pBK-CMV-Lc9 seguido de Lc9/saponina foi de 1,54 ± 0,81. 122 3 IgG * IgG1 * * * 2 Densidade Óptica (450 nm) 1 0 2 1 0 2 1 IgG2a * * 0 a EL EL EL nina EL nin 9 a V c c9 M apo l in a p o -L V-L ina a C V s S S M M on K 9/ -C K-C sap p B Lc K / p B pB L c9 + Figura 23. Avaliação da produção de anticorpos da classe IgG e das subclasses IgG2a e IgG1, reativos a Lc9, de animais injetados com DNA plasmideal e proteína recombinante Lc9. Camundongos BALB/c (6 animais/grupo) foram submetidos a três séries de injeções com salina ou 100 µg de saponina, 50 µg de plasmídeo pBK-CMV vazio, 100 µg de Lc9 associada a 100 µg de saponina ou 50 µg de pBK-CMV-Lc9. Um outro grupo experimental foi injetado com 50 µg de pBK-CMV-Lc9 nas duas primeiras séries de injeções e 100 µg de Lc9 associada a 100 µg de saponina na última dose. As injeções com saponina ou Lc9/saponina foram administradas por via subcutânea. As injeções de salina ou DNA plasmideal foram administradas por via intramuscular seguida por eletroporação (EL). Amostras de soro, obtidas 10 dias após a terceira série de injeção, foram diluídas de 1:200 para a detecção de anticorpos IgG e diluídas de 1:350.000 para a detecção de anticorpos IgG1 e IgG2a e avaliadas, em duplicata, em placas de microtitulação de 96 poços pré-sensibilizadas com 100 µL Lc9 a 5 µg/mL. Os símbolos representam valores individuais e as barras representam médias aritméticas dos valores de densidade óptica. * ANOVA seguido de pós-teste de Tukey, p < 0,05; comparação em relação aos grupos controles. 123 5.3.2. Avaliação da resposta imune celular A resposta proliferativa e a produção de citocinas (IFN-γ, IL-4 e IL-5), por células esplênicas, foram avaliadas após estimulação in vitro com um mitógeno, Con A, ou com o antígeno Lc9 cerca de 3 a 4 semanas após as séries de injeções realizadas. A comparação das médias dos valores de índice de proliferação de cada um dos grupos, obtidos a partir da estimulação com Con A por 3 dias, não apresentou diferença significativa. (Figura 24A). Os valores de cpm obtidos para esta avaliação estão descritos na Tabela 13. Da mesma forma, a comparação das médias dos valores de concentração de IFN-γ não apresentou diferença significativa em nenhum dos grupos testados. Todos os grupos foram capazes de produzir IL-4 e IL-5 após estimulação com Con A, contudo, em alguns grupos a concentração encontrada para estas citocinas foi muito próxima ao limite de detecção do ensaio. (Figura 24C e D). As concentrações de IFN-γ, IL-4 ou IL-5 de células mantidas em meio de cultura por 48 horas ficaram abaixo do nível de detecção dos ensaios (0,1 ng/mL; 20 pg/mL e 40 pg/mL, respectivamente). Tabela 13. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos cultivados com Lc9 em diferentes concentrações, obtidos de grupos de camundongos submetidos a três séries de injeções com DNA plasmideal e proteína recombinante Lc9. Condições de cultura Grupos de camundongos 3 dias Meio de cultura Con A (0,75 µg/mL) Salina EL 493 ± 175 3755 ± 2599 Saponina 432 ± 122 3470 ± 1728 pBK-CMV EL 605 ± 172 3791 ± 2038 Lc9/saponina 492 ± 280 3429 ± 1355 pBK-CMV-Lc9 EL 359 ± 94 6691 ± 1312 pBK-CMV-Lc9 EL/ Lc9/sap 946 ± 662 5513 ± 1281 Os valores apresentados representam X ± SD dos valores obtidos para cada grupo (6 animais/grupo). Esplenócitos foram obtidos entre três a quatro semanas após as injeções e cultivados a 3 x 105 células por poço, em triplicata, em volume de 200 µL, como descrito em Material e Métodos. Sa li Sa na EL po ni pB na EL KCM Lc V 9 EL pB /sa p on pB K-C in M KCM V-L a c9 VLc EL 9 EL /L c9 IL-5 (pg/mL) IL-4 (pg/mL) IFN-γγ (ng/mL) Índice de Proliferação 124 40 0 100 240 A 30 20 10 30 0 B 20 10 80 C 60 40 20 0 200 D 160 120 80 40 0 125 Figura 24. Avaliação de proliferação celular e produção de citocinas por células esplênicas de camundongos, injetados com DNA plasmideal e proteína recombinante Lc9, após cultivo com concanavalina A (Con A). Camundongos BALB/c (6 animais/grupo) foram submetidos a três séries de injeções com salina ou 100 µg de saponina, 50 µg de plasmídeo pBK-CMV vazio, 100 µg de Lc9 associada a 100 µg de saponina ou 50 µg de pBK-CMV-Lc9. Um outro grupo experimental foi injetado com 50 µg de pBK-CMV-Lc9 nas duas primeiras séries de injeções e 100 µg de Lc9 associada a 100 µg de saponina na última dose. As injeções com saponina ou Lc9/saponina foram administradas por via subcutânea. As injeções de salina ou DNA plasmideal foram administradas por via intramuscular seguida por eletroporação (EL). A avaliação da proliferação celular (A) e da produção de citocinas IFN-γ (B), IL-4 (C) e IL-5 (D) foram realizadas entre 3 e 4 quatro semanas do término das injeções. Esplenócitos foram cultivados com Con A (0,75 µg/mL) por 3 dias a 37o C e 5% de CO2 em atmosfera úmida para avaliação de proliferação celular. Após este período, 1 µCi de timidina tritiada foi adicionada por poço e as células foram incubadas por mais 18 horas. Para a dosagem de IFN-γ (amostras individuais), IL-4 e IL-5 (pool), sobrenadantes das culturas de células, incubadas nas mesmas condições descritas acima, foram coletados após 48 horas de incubação e utilizados em ELISA. Os gráficos mostram valores de índice de proliferação (A), concentração de IFN-γ em ng/mL (B), IL-4 (C) e IL-5 (D) em pg/mL. Os símbolos representam valores individuais e as barras representam médias aritméticas. 126 Para avaliação da resposta imune específica, foram avaliadas a resposta proliferativa e a produção de citocinas por esplenócitos estimulados in vitro com Lc9 por um período de 5 dias e de 48 horas, respectivamente. Os valores de cpm (X ± SD) encontrados quando as células esplênicas foram cultivadas em meio de cultura ou meio de cultura contendo Lc9 nas concentrações de 0,1 µg/mL, 1 µg/mL ou 10 µg/mL estão apresentados na Tabela 14. Os valores de índice de proliferação encontrados, em esplenócitos estimulados com Lc9 na concentração de 0,1 µg/mL, para os grupos injetados com Lc9/saponina (6,7 ± 2,3) ou com pBK-CMV-Lc9 seguido de Lc9/saponina (3,6 ± 1,4) foram superiores aos valores encontrados para os demais grupos (relação entre os grupos: Lc9/saponina > pBK-CMV-Lc9/Lc9 saponina > pBK-CMV-Lc9 = pBK-CMV = Saponina = Salina, ANOVA, p < 0,0001 e Tukey, p < 0,05), Figura 25C. Houve também uma diferença significativa entre os grupos quando os valores de índice de proliferação obtidos a partir do cultivo de células esplênicas com 1 µg/mL ou 10 µg/mL de Lc9 foram comparados (ANOVA, p < 0.0003 e p < 0,0001, respectivamente). A comparação adicional pelo pós-teste de Tukey revelou a seguinte relação entre os grupos: pBK-CMV-Lc9/Lc9 sap = Lc9/sap > pBK-CMV-Lc9 saponina = pBKCMV = Saponina = Salina (para 10 µg/mL de Lc9, p < 0,01) e Lc9/saponina > pBK-CMVLc9/Lc9 saponina = pBK-CMV-Lc9 = pBK-CMV = Saponina = Salina (para 10 µg/mL de Lc9, p < 0,05), Figura 25A e B. 127 Tabela 14. Valores de cpm correspondentes à incorporação de timidina radioativa por esplenócitos cultivados com Lc9 em diferentes concentrações, obtidos de grupos de camundongos submetidos a três séries de injeções com DNA plasmideal e proteína recombinante Lc9. Condições de cultura 5 dias Grupos de camundongos Salina EL 784 ± 322 Lc9 (0,1 µg/mL) 839 ± 427 Saponina 964 ± 275 962 ± 299 1142 ± 515 1034 ± 552 pBK-CMV EL 770 ± 254 1015 ± 487 1482 ± 958 999 ± 294 Lc9/saponina 910 ± 388 5655 ± 1959 8400 ± 4507 10192 ± 4766 pBK-CMV-Lc9 EL 651 ± 349 919 ± 408 1131 ± 621 2183 ± 1283 pBK-CMV-Lc9 EL/ Lc9/sap 786 ± 626 2153 ± 621 2440 ± 1020 5205 ± 2295 Meio de cultura Lc9 (1 µg/mL) 1099 ± 652 Lc9 (10 µg/mL) 1420 ± 628 Os valores apresentados representam X ± SD dos valores obtidos para cada grupo (6 animais/grupo). Esplenócitos foram obtidos entre três a quatro semanas após as injeções e cultivados a 3 x 105 células por poço, em triplicata, em volume de 200 µL, como descrito em Material e Métodos. A média da concentração de IFN-γ do grupo de animais injetado com Lc9/saponina (13,9 ± 12,76 ng/mL) foi superior às médias obtidas para o grupo pBK-CMV-Lc9 (1,2 ± 0,9 ng/mL) e pBK-CMV-Lc9/Lc9 saponina (1,9 ± 0,9 ng/mL). A comparação das médias da concentração de IFN-γ entre os grupos mostrou a seguinte relação: Lc9/saponina > pBK-CMV-Lc9/Lc9 saponina = pBK-CMV-Lc9 = pBK-CMV = Saponina = Salina (ANOVA, p < 0,0005, pós-teste de Tukey, p < 0,01, Figura 25D). Os valores de concentração de IFN-γ dos animais dos grupos controles Salina. Saponina e pBK-CMV vazio ficaram abaixo do nível de detecção do ensaio (0,1 ng/mL). As concentrações de IL-4 e IL-5 foram avaliadas apenas no pool de sobrenadantes de células cultivadas na presença de Lc9. A produção de IL-4 e de IL-5 foi detectada no sobrenadante das células dos animais do grupo injetado com Lc9/saponina (29 pg/mL e 549 pg/mL, respectivamente) enquanto que para os demais grupos os valores estiveram sempre abaixo do limite de detecção do ensaio, 20 pg/mL e 40 pg/mL, respectivamente (Figura 25E e F). Um mapa qualitativo da resposta imune murina à rLc9, administrada em diferentes preparações, está apresentado no Apêndice C. 128 A * IFN-γγ (ng/mL) 20 10 20 10 0 30 20 10 * * Sa l in a Sa EL p pB on i K -C na M Lc V pB EL pB 9/s a K K po -C C n M M in VLc V-L a c 9 EL 9 E L /L c9 /s ap 0 * 5 4 3 2 1 0 E 30 20 10 0 600 C D 10 40 * IL-4 (pg/mL) B IL-5 (pg/mL) Índice de Proliferação 0 30 30 500 F 400 300 200 100 0 Sa lin Sa a E pB pon L K- in Lc CM a pB K pB 9/s V E -C K a L M -C po V- M ni Lc V- na L 9 EL c9 /L EL c9 /s ap 30 Figura 25. Avaliação de proliferação celular e produção de citocinas por células esplênicas de camundongos, injetados com DNA plasmideal e proteína recombinante Lc9, após cultivo com Lc9. Camundongos BALB/c (6 animais/grupo) foram submetidos a três séries de injeções com salina ou 100 µg de saponina, 50 µg de plasmídeo pBK-CMV vazio, 100 µg de Lc9 associada a 100 µg de saponina ou 50 µg de pBK-CMV-Lc9. Um outro grupo experimental foi injetado com 50 µg de pBK-CMV-Lc9 nas duas primeiras séries de injeções e 100 µg de Lc9 associada a 100 µg de saponina na última dose. As injeções com saponina ou Lc9/saponina foram administradas por via subcutânea. As injeções de salina ou DNA plasmideal foram administradas por via intramuscular seguida por eletroporação (EL). A avaliação da proliferação celular (A, B e C) e da produção de citocinas IFN-γ (D), IL-4 (E) e IL-5 (F) foi realizada entre 3 e 4 quatro semanas do término das injeções. Esplenócitos foram cultivados em meio de cultura ou meio de cultura contendo Lc9 a 10µg/mL (A, D, E e F), 1µg/mL (B) ou 0,1µg/mL (C). Para a avaliação de proliferação, o cultivo foi realizado por 5 dias a 37o C e 5% de CO2 em atmosfera úmida. Após este período, 1 µCi de timidina tritiada foi adicionada por poço e as células foram incubadas por mais 18 horas. Para a dosagem de IFN-γ (amostras individuais), IL-4 e IL-5 (pool), sobrenadantes das culturas de células, incubadas na presença de 10µg/mL de Lc9, foram coletados após 48 horas de incubação e utilizados em ELISA, como descrito em Material e Métodos. Os gráficos (A, B e C) mostram valores de índice de proliferação e concentração de IFN-γ em ng/mL (D), IL-4 (E) e IL-5 (F) em pg/mL. Os símbolos representam valores individuais e as barras representam médias aritméticas. * ANOVA seguido de pósteste de Tukey, p < 0,05; comparação em relação aos grupos controles. 129 6. DISCUSSÃO A leishmaniose visceral é, ainda, um grave problema em saúde pública e em medicina veterinária ocorrendo principalmente em países em desenvolvimento (WHO, 2002). As medidas adotadas pelos órgãos públicos de saúde para o controle da doença têm-se mostrado ineficazes ao longo dos anos, de modo que a leishmaniose visceral apresenta-se em elevada expansão em todo mundo, inclusive no Brasil. Isso ocorre, em parte, porque tais medidas são frequentemente descontinuadas e de difícil execução. Uma alternativa para o controle da leishmaniose visceral humana é o controle da infecção no cão, principal hospedeiro reservatório do parasito. Assim, o desenvolvimento de uma vacina efetiva contra leishmaniose visceral canina, que vise à interrupção do ciclo de transmissão do parasito, é um dos objetivos pelo qual nosso grupo de pesquisa vem trabalhando nos últimos anos. No presente trabalho, o efeito de diferentes protocolos de imunização, em camundongos, usando moléculas candidatas a componentes de uma vacina contra leishmaniose visceral canina, foi avaliado com a finalidade de se identificar uma estratégia de imunização que favorecesse a indução de uma resposta imune celular predominantemente do tipo Th1. Assim, a utilização de plasmídeos como vetor de expressão de DNA foi a base deste trabalho. Os protocolos utilizados consistiram da injeção de plasmídeos capazes de levar à expressão in vivo de cDNAs codificadores de proteínas de formas amastigotas de L. chagasi. Estes plasmídeos foram administrados isoladamente por injeção intramuscular seguida de eletroporação, ou como uma mistura de plasmídeos, associados ou não a plasmídeo capaz de levar à expressão de IL-12 murina, ou, ainda, pela administração inicial de DNA plasmideal e posterior reforço com a proteína recombinante correspondente. A resposta imune foi caracterizada nas duas vertentes, humoral e celular. A produção de anticorpos específicos e a reatividade de esplenócitos présensibilizados ao extrato bruto de antígenos de promastigotas de L. infantum/chagasi, bem como, com cada uma das proteínas recombinantes, foram avaliadas. Dessa forma, o perfil de resposta imune obtido seguindo-se os protocolos utilizados foi determinado. Adicionalmente, os animais foram expostos ao agente etiológico da leishmaniose visceral por infecção experimental com promastigotas de L. chagasi. Assim, a capacidade de responder ao estímulo antigênico natural foi também avaliada. 130 Embora não completamente esclarecida, a resposta imune capaz de conferir proteção contra a leishmaniose visceral no cão é dita ser predominantemente celular com produção de citocinas por células T CD4+ do tipo Th1 (PINELLI et al., 1995; RHALEM et al., 1999). Dessa forma, a base para o desenvolvimento de uma vacina contra leishmaniose visceral canina implica em induzir uma resposta imune com tais características previamente à exposição ao agente causal. O modelo murino apresenta algumas vantagens em relação ao uso do cão para uma análise inicial de antígenos candidatos a componente de uma vacina. Este é um modelo de fácil manipulação e, principalmente, tem comercialmente disponível os reagentes necessários para análise da resposta imune. Usando este modelo, a indução de uma resposta imune específica foi avaliada após a injeção de rLc9 em salina, ou associada a cinco diferentes adjuvantes incluindo adjuvante de Freund, saponina, hidróxido de alumínio, óleo de amendoim e IL-12 codificada por um vetor plasmideal. Resultados obtidos em nosso laboratório mostraram que a injeção de rLc9 em camundongos, apenas preparada em salina, leva à indução de uma resposta imune com elevada produção de anticorpos, ausência de resposta proliferativa e indução da produção de citocinas produzidas apenas por células do tipo Th2, como demonstrado pela detecção de IL-5 e ausência de IFN-γ. Esta resposta só foi parcialmente revertida quando rLc9 foi administrada associada à saponina. A injeção de camundongos utilizando esta combinação foi a única a induzir uma resposta imune celular específica com proliferação de células esplênicas e produção de IFNγ, mantendo, no entanto, a produção de IL-5 além de uma intensa resposta imune humoral específica na qual houve um predomínio de anticorpos IgG da subclasse IgG1 (FRAGA, 2007). Estes achados estão de acordo com dados da literatura, os quais mostram que saponina é capaz de estimular ambos os tipos de células T CD4+ Th1 e Th2 (BOMFORD et al., 1992) e apresenta-se como um dos mais potentes adjuvantes para gerar uma significante resposta imune mediada por células e anticorpos (BOMFORD et al., 1980). Resultado semelhante foi obtido neste trabalho, no qual um grupo de camundongos imunizado com rLc9/saponina foi utilizado para comparação com outros protocolos de imunização, discutido posteriormente. Atualmente, a vacinação com DNA plasmideal tem se apresentado como uma estratégia promissora para o desenvolvimento de vacinas contra diversos tipos de infecções, principalmente aquelas que envolvem a indução de resposta imune contra patógenos intracelulares. Muitas são as vantagens para o uso de plasmídeos e/ou outras moléculas de DNA como vetores de expressão de 131 antígenos in vivo. Ao contrário dos métodos convencionais de vacinação, os quais muitas vezes se utilizam patógenos inativados ou vivos e atenuados, a reprodutibilidade e padronização lote-alote do material utilizado, além de questões relacionadas à segurança podem ser contornados. Além disso, um adjuvante capaz de induzir preferencialmente uma resposta celular deve ser utilizado para obtenção de uma resposta imune que realmente seja eficiente no controle de infecções intracelulares. O uso de DNA como vetor de expressão de antígenos recombinantes atende a algumas dessas necessidades. Como descrito neste trabalho, a injeção de plasmídeos capazes de levar à expressão in vivo de cDNAs codificadores de proteínas recombinantes de formas amastigotas de L. infantum/chagasi, administrados isoladamente, resultou na indução de resposta imune humoral específica para três de quatro plasmídeos utilizados. Esta resposta foi identificada frente a reatividade de anticorpos com proteínas do extrato bruto de promastigotas (após a injeção de pBK-CMV-Lc9 ou pBK-CMV-Lc14) e contra as proteínas recombinantes (após a injeção de pBK-CMV-Lc9, pBK-CMV-Lc14 ou pBK-CMV-Lc18). A diferente reatividade ao extrato bruto de antígenos de L. chagasi encontrada entre os grupos injetados com diferentes plasmídeos pode ser explicada pela representatividade, maior ou menor, de cada uma das proteínas de L. chagasi presentes no extrato bruto de antígenos e que correspondem às proteínas recombinantes Lc9, Lc13, Lc14 e Lc18. Vale ressaltar que os plasmídeos utilizados para a injeção codificam proteínas da forma amastigota de Leishmania. Como existe uma grande variabilidade antigênica entre as diferentes formas do parasito (FONG & CHANG, 1982; HANDMAN et al., 1984) não podemos descartar a possibilidade de ausência ou baixa expressão das proteínas correspondentes à Lc13 e Lc18 em promastigotas. Uma avaliação complementar pode ser feita por Western blotting, na qual extrato bruto de antígenos das formas amastigota e promastigota de L. chagasi seria previamente fracionado por SDSPAGE. Dessa forma, a reatividade dos anticorpos induzidos pela injeção de plasmídeos poderia ser avaliada em um ensaio de maior sensibilidade e especificidade. A ausência de reatividade de anticorpos específicos para Lc13 ou para Lc18 à antígenos presentes no extrato bruto de promastigotas pode também estar relacionada a intensidade da resposta imune humoral induzida após a injeção de pBK-CMV-Lc13 ou pBK-CMV-Lc18. Foi observado, em ELISA para detecção de anticorpos específicos para Lc13 ou Lc18 utilizando-se proteínas recombinantes purificadas para sensibilização das placas, que a medida de densidade 132 óptica encontrada foi semelhante a dos grupos controles ou extremamente baixa, em amostras de animais injetados com pBK-CMV-Lc13 ou pBK-CMV-Lc18, respectivamente, indicando que não houve produção de anticorpos específicos como a observada para as injeções de pBK-CMVLc9 ou pBK-CMV-Lc14. A intensidade da resposta imune, por sua vez, depende de fatores como a imunogenicidade inerente a cada proteína, a quantidade de proteína produzida e que vai estimular o sistema imune ou mesmo, como é o caso, de características próprias da imunização com plasmídeo. As proteínas Lc9, Lc13, Lc14 e Lc18 são naturalmente imunogênicas para o cão. Estas proteínas foram selecionadas a partir de uma biblioteca de cDNA de formas amastigotas de L. chagasi, com base na reatividade de cada clone a uma mistura de soro de cães naturalmente infectados (TEIXEIRA et al., 2007). A imunogenicidade de Lc13 recombinante foi demonstrada em experimentos anteriores realizados em nosso laboratório, onde a injeção de Lc13, administrada como emulsão em adjuvante de Freund ou em combinação à saponina, induziu uma resposta imune humoral de forte intensidade tanto em camundongos como em cães, respectivamente (PENHA FILHO, 2003; SANTOS, 2007). Já em relação a Lc18 recombinante, existe a possibilidade de que a pouca intensidade da resposta imune humoral obtida nos animais injetados com pBK-CMV-Lc18 esteja relacionada a baixa imunogenicidade desta proteína. A ausência ou fraca indução de resposta imune humoral não é uma característica incomum após injeções com DNA, a qual tende a favorecer uma resposta imune celular (IBORRA et al., 2003; RAFATI et al., 2005). Este fato pode estar relacionado a características imunológicas estabelecidas após a injeção de moléculas de DNA plasmideal. A ativação completa de linfócitos B, frente à exposição a antígenos T dependentes, e sua diferenciação para plasmócitos depende diretamente do micro ambiente onde este tipo de linfócito foi ativado e de interações com células T auxiliares que secretam principalment e as citocinas IL-4 e IL-5, potentes moduladoras da produção de anticorpos. No entanto, frequentemente, injeções com DNA ativam células T auxiliares do tipo Th1, principais produtoras de IFN-γ (LECLERC et al., 1997). Esta característica, intrínsica a moléculas de DNA plasmideal, está associada à presença de seqüências imunomodulatórias, dinucleotídeos CpG não metilados, os quais influenciam diretamente a produção de citocinas como IFN-γ e IL-12 (KLINMAN et al., 1996; LECLERC et al., 1997). No entanto, a produção de IL-6 também é induzida por estas seqüências imunomodulatórias, e esta citocina, que é capaz de promover a ativação e secreção de anticorpos 133 por células B diferenciadas (KLINMAN et al., 1996; MURAGUCHI et al., 1988) pode contribuir, pelo menos num momento inicial de ativação, para a indução da produção de anticorpos. Outros pontos que precisam ser mencionados estão relacionados à quantidade de proteína necessária para a indução de uma resposta imune em associação à sua localização celular. Quando comparamos a intensidade da resposta imune humoral específica para Lc9 de grupos de animais injetados com Lc9 associada à saponina, administrada a 100 µg/dose, ou injetados com pBK-CMV-Lc9 a diferença entre os grupos foi da ordem de 40 vezes. Ao contrário da exposição de grande quantidade de rLc9 exposta ao sistema imune após injeção em associação a saponina, a produção das proteínas recombinantes de L. chagasi pelo vetor de expressão pBK-CMV é intracelular e não há em nenhuma das cadeias polipeptídicas um sinal para a secreção das proteínas. Esta condição pode, inclusive, favorecer o estabelecimento de uma resposta imune celular, de interesse para o nosso trabalho (TORRES et al., 1999, DREW et al., 2000). Paralelamente à avaliação da injeção de plasmídeos recombinantes administrados isoladamente, uma preparação multicomponente foi utilizada para injeção de camundongos, na qual uma mistura em partes iguais de cada um dos plasmídeos, pBK-CMV-Lc9, pBK-CMVLc13, pBK-CMV-Lc14 e pBK-CMV-Lc18, foi administrada em três diferentes condições: injeção intramuscular seguida ou não de eletroporação ou ainda, associada ao plasmídeo pcDNA3.1A-scmu-IL-12, também seguida de eletroporação. A partir destes experimentos, foi observado que houve reatividade de anticorpos ao extrato bruto de antígenos de promastigotas de L infantum/L. chagasi nas três condições de tratamento utilizadas. No entanto, existe uma forte possibilidade de que esta reação tenha ocorrido, como visto anteriormente, decorrente da interação de anticorpos específicos para Lc9 e Lc14, produzidos em maior intensidade após injeção isolada de pBK-CMV-Lc9 e pBK-CMV-Lc14, respectivamente. Uma das vantagens em se utilizar a imunização com DNA plasmideal para a indução de resposta imune é a possibilidade de combinar vários plasmídeos codificando antígenos de diferentes estágios ou linhagens de um mesmo patógeno com diferentes alvos antigênicos ou ainda, de patógenos diferentes, em uma única vacina. Uma vacina multicomponente pode ser mais abrangente na cobertura contra infecções e dessa forma mais eficiente. Relatos anteriores mostram que imunizações com uma mistura de proteína ou de polissacarídeos têm levado a uma diminuição da resposta aos componentes individuais da mistura (HUNT et al., 1994; FATTOM et 134 al., 1999). Ao contrário, a combinação de moléculas de plasmídeos recombinantes, como em avaliações realizadas no modelo murino de malária e tuberculose, não implica em competitividade de antígenos, mas sim em aumento da resposta imune e de proteção (DOOLAN et al., 1996; MORRIS et al., 2000; GRIFANTINI et al., 1998). A compatibilidade de plasmídeos e antígenos deve ser avaliada, caso a caso, porque diferentes combinações podem comportar-se diferentemente (SEDEGAH et al., 2004). Como a medida da reatividade dos anticorpos ao extrato bruto de antígenos de L. chagasi foi semelhante àquela observada quando os plasmídeos pBK-CMV-Lc9 e pBK-CMV-Lc14 foram administrados separadamente, não parece ter havido uma incompatibilidade de componentes nesta preparação. No entanto, quanto à resposta imune celular apenas a estimulação in vitro com Lc9 resultou em produção de IFN-γ, enquanto que, a resposta linfoproliferativa vista anteriormente para Lc14 não foi observada. De qualquer forma, diante dos resultados obtidos pela injeção isolada de plasmídeos, uma nova combinação de plasmídeos, que inclua outros antígenos mais imunogênicos, pode ser uma alternativa para obtenção de uma resposta imune protetora no modelo murino de leishmaniose visceral. A administração dos plasmídeos quer seja isoladamente ou em combinação, foi realizada por meio de injeções intramusculares seguida de eletroporação. A eletroporação in vivo é uma estratégia utilizada para aumentar a eficiência de transfecção e os níveis de expressão de polipeptídeos após injeção de DNA plasmideal (RIZZUT0 et al., 1999). Esta técnica permite um aumento no nível de expressão de polipeptídeos exógenos, em função do aumento no número de células transfectadas e, provavelmente, pelo aumento no número de cópias de plasmídeo recombinante introduzido em cada célula muscular (AIHARA & MIYAZAKI, 1998). Isso ocorre, em parte, devido à uma rápida desestruturação da membrana celular e abertura de poros que permitem a passagem de grandes moléculas (SOMIARI et al., 2000). Como apresentado neste trabalho, o uso de eletroporação não induziu um aumento significativo na intensidade da resposta imune como têm sido descrito em diversos outros trabalhos (WIDERA et al., 2000, KADOWAKI et al., 2000 , ZUCCHELLI et al., 2000). Em experimentos anteriores realizados em nosso laboratório, o uso de eletroporação levou a um aumento significativo na expressão do cDNA que codifica IL-12 murina após a injeção do plasmídeo pcDNA3.1A-scmu-IL-12 comparada a administração do mesmo plasmídeo sem eletroporação. Este aumento na produção de IL-12 murina foi demonstrado indiretamente pela 135 detecção de IFN-γ em níveis elevados apenas no soro dos animais submetidos a eletroporação em relação aos animais que não foram submetidos ao tratamento com choque elétrico (BARROUINMELLO et al., dados não publicados). Os plasmídeos utilizados neste trabalho, pBK-CMV (Stratagene) e pcDNA3.1 (Invitrogen), possuem as características apropriadas para a produção de proteína recombinante in vivo em células de mamíferos, como por exemplo a presença de uma forte região promotora para expressão em células eucarióticas (PASLEAU et al., 1985; XIA et al., 2006). A produção de anticorpos específicos que ocorre naturalmente na infecção por Leishmania, parece ter pouca, ou mesmo, nenhuma importância na proteção contra a infecção quer seja em seres humanos ou em cães (BEHFOROUZ et al., 1983; GALVÃO-CASTRO et al., 1984; INIESTIA et al., 2005; REIS et al., 2006). Apesar disso, a avaliação da produção de anticorpos pode fornecer informações gerais a respeito da imunogenicidade de diferentes candidatos a vacina. No modelo murino, a produção de anticorpos das diferentes subclasses de IgG, específicas para o antígeno, é uma medida conveniente para a avaliação da regulação de uma resposta imune mediada por células Th1 ou Th2. A resposta imune humoral que foi induzida pela administração de plasmídeos capazes de codificar proteínas de formas amastigotas de L. chagasi, quer seja administrados isoladamente ou como uma mistura de plasmídeos, apresentou-se predominantemente com produção de anticorpos de isotipo IgG2a. Em camundongos, a produção de IFN-γ, um marcador da resposta imune celular do tipo Th1, induz a acumulação de RNA mensageiro para cadeia pesada de imunoglobulina gama 2a em células B e correlaciona-se diretamente com uma elevada produção de anticorpos de isotipo IgG2a (SNAPPER et al., 1987). Por outro lado, na presença de IL-4 e/ou IL-5 a produção de anticorpos de isotipo IgG1 é favorecida (SNAPPER et al., 1987; PURKERSON & ISACKSON, 1992). Em todas as avaliações realizadas neste trabalho, na qual plasmídeo foi utilizado para injeção de camundongos, a medida de densidade óptica para detecção de anticorpos de isotipo IgG2a foi maior que a medida de anticorpos de isotipo IgG1. Vale ressaltar que a avaliação da proporção de anticorpos IgG2a/IgG1 é relativa uma vez que para determinação de cada uma destas subclasses se utilizam ensaios imunoenzimáticos distintos. Nossa observação diante de repetidas avaliações é que a relação IgG2a > IgG1 se mantém para injeções com DNA e, torna-se inversa para imunização com proteína, assim como verificado utilizando-se soro de camundongos infectados com L. chagasi (dados não mostrados). Assim, 136 diante do predomínio de anticorpos de isotipo IgG2a, uma resposta imune celular do tipo Th1, com produção de IFN-γ, foi esperada para os animais injetados com plasmídeos recombinantes. O uso de plasmídeo como vetor de expressão de antígenos recombinantes foi utilizado no presente trabalho visando à identificação de um protocolo de imunização capaz de favorecer a indução de uma resposta imune celular do tipo Th1, contra antígenos de L. chagasi. A indução de resposta imune celular específica, após as séries de injeções de plasmídeos recombinantes capazes de codificar antígenos de L. chagasi, ocorreu em apenas um grupo de animais os quais foram injetados com pool de plasmídeos associado ao plasmídeo pcDNA3.1-scmu-IL-12. As células esplênicas destes animais produziram IFN-γ in vitro apenas após cultivo com Lc9 recombinante e esta produção foi estatisticamente significante em relação aos demais grupos. A produção de IFN-γ após a série de injeções com um pool de plasmídeos associado a pcDNA3.1scmu-IL-12 foi de pouca intensidade, mas consistente, pois manteve-se após a infecção com promastigotas de L. chagasi. Após a infecção foi possível detectar a indução de resposta imune celular específica em células de animais injetados com pBK-CMV-Lc9, com produção estatisticamente significante de IFN-γ, e em células de animais injetados com pBK-CMV-Lc14, com resposta proliferativa. Apesar de pouco intensa, a resposta imune induzida após as injeções de plasmídeos foi predominantemente do tipo Th1. Em nenhum momento a produção de IL-4 ou de IL-5 foi detectada no sobrenadante das culturas, exceto após estimulação com concanavalina A, mostrando que as células eram capazes de produzir tais citocinas. No entanto, não podemos descartar a possibilidade de que tenha ocorrido a indução da produção destas citocinas após estimulação in vitro. As dosagens de IL-4 e IL-5 no sobrenadante de cultura de células precisam ser avaliadas de forma cautelosa, uma vez que o consumo destas citocinas por células estimuladas pode levar a uma medida subestimada e interpretações pouco confiáveis quanto ao tipo de resposta imune que está sendo avaliada (EWEN & BACA-ESTRADA, 2001). Vários autores têm demonstrado que a expressão do receptor de IL-4, tanto em sua forma solúvel como ligado à membrana, pode ser induzida durante diversas condições de estímulo in vitro, incluindo o uso de mitógenos de células T, concanavalina A ou anticorpos anti-CD3, além de IL-4, levando ao consumo da citocina ainda em cultura (RENZ et al., 1991; CHILTON et al., 1993; BLUM et al., 1996). Assim, outras técnicas para avaliação de IL-4 e IL-5, rotineiramente utilizadas por 137 diversos laboratórios, precisam ser consideradas tal como o uso de RT-PCR ou ELISPOT, por exemplo. O papel da IL-12 na potencialização da resposta imune foi apenas modestamente observado tanto para resposta imune humoral como para resposta imune celular. Esta é uma citocina conhecida pelo seu papel em promover a diferenciação e expansão de células do tipo Th1 a antígenos co-administrados, principalmente por induzir a produção de IFN-γ (TRINCHIERI, 2003). A resposta imune humoral também é influenciada pela ação da IL-12, indiretamente, mediado também por IFN-γ, na indução de troca de isotipo de anticorpos para IgG2a (MORRIS et al., 1994; METZGER et al., 1996). Foi observado neste trabalho que houve um aumento estatisticamente significativo na produção de anticorpos quando os camundongos foram injetados com plasmídeocodificando IL-12 murina associado ao pool de plasmídeos recombinantes. Além disso, a intensidade de reatividade de anticorpos IgG2a não foi diferente da produção induzida no grupo que não recebeu IL-12. Da mesma forma, em relação a resposta imune celular, não foi observada linfoproliferação frente ao cultivo com qualquer uma das proteínas recombinantes. Já a produção de IFN-γ foi detectada no grupo injetado com pool de plasmídeos associado à IL-12 murina (plasmídeo) mas apenas quando o estímulo in vitro utilizado foi Lc9 recombinante. Ainda assim, a concentração de IFN-γ neste grupo de animais foi menor que a concentração obtida com células de animais injetados apenas com pBK-CMV-Lc9 sem a associação a IL-12 murina. A IL-12 pode regular negativamente a resposta imune, na dependência da quantidade em que ela é administrada (KURZAWA et al., 1998; LASARTE et al., 1999; CHEN, et al., 2001). Neste trabalho foram utilizadas três séries de injeções de pcDNA3.1-scmu-IL-12 seguida de eletroporação. Assim, existe a possibilidade de, ao invés de contribuir para a diferenciação e potencialização da resposta imune, a IL-12 tenha proporcionado efeitos tóxicos que conduziram para o comprometimento do desenvolvimento de uma resposta imune eficiente. De fato, em experimentos realizados paralelamente por nosso grupo, foi observado que, em diferentes linhagens de camundongos, mesmo doses menores de plasmídeo codificando IL-12 após injeção intramuscular seguida por eletroporação levaram a um aumento no tamanho do fígado e dos linfonodos drenantes e a uma intensa esplenomegalia, com alterações histológicas na polpa vermelha caracterizada pela presença de corpos apoptóticos e macrófagos vacuolares (SANTOS, 2007; PINHEIRO et al., dados não publicados). 138 No modelo murino experimental de leishmaniose visceral, o uso de IL-12 concomitantemente a injeção de antígenos purificados, como a fração FML e o antígeno recombinante rHASPB1, quer seja administrada como proteína recombinante ou sob a forma de plasmídeo, não foi capaz de induzir qualquer alteração nos níveis de proteção obtidos em sua ausência (SANTOS et al., 1999; STAGER et al., 2000). Já a indução de resposta imune específica para o antígeno recombinante ORFF na presença de IL-12, codificada in vivo após a injeção de um vetor plasmideal, apresenta resultados extremamente satisfatórios, inclusive com significativo aumento na capacidade de controle da infecção após desafio dos animais imunizados (TEWARY et al., 2006). Alguns resultados obtidos a partir da injeção de IL-12, para uso como adjuvante, no cão também são aparentemente contraditórios. Recentemente, nosso grupo de pesquisa e outros grupos, demostraram que células de animais com leishmaniose visceral são capazes de responder ao estímulo in vitro com IL-12 canina, resultando principalmente em produção de IFN-γ e proliferação celular, caracterizando a indução de uma resposta imune Th1 (SANTOS et al., 2004; STRAUSS-AYALI et al., 2005; SALDARRIAGA et al., 2006b). No entanto, a resposta imune induzida em cães injetados com uma preparação multivalente de plasmídeos capazes de codificar antígenos recombinantes de Leishmania não sofreu qualquer alteração pela administração concomitante com um plasmídeocodificando IL-12 canina (SALDARRIAGA et al., 2006a). Assim, as condições de uso desta citocina como um adjuvante em uma vacina para o cão precisam ser ainda criteriosamente avaliadas. A ausência ou baixa intensidade de resposta imune induzida após a injeção de plasmídeos capazes de codificar proteínas de formas amastigotas de L. chagasi pode explicar a incapacidade de controle da infecção após o desafio. Ainda assim, existe a possibilidade de que as proteínas Lc9 e Lc14 apresentem algum potencial na indução de resposta imune protetora uma vez que após a infecção com promastigotas de L. chagasi, houve resposta imune específica contra estas proteínas. Além disso, em dois de seis animais injetados previamente com pBK-CMV-Lc9 não foi detectada a presença de promastigotas de L. chagasi na primeira diluição do macerado de baço quando realizada a avaliação de carga parasitária. Este pode ser um resultado fortuito, mas há necessidade de se averiguar a possibilidade de indução de imunidade protetora a partir da injeção com Lc9 com a realização de novos experimentos. 139 É sabido que a produção de IFN-γ é essencial para que ocorra proteção no modelo murino de leishmaniose visceral, no entanto, parece que citocinas do tipo Th2 podem ter algum papel nas etapas iniciais de indução da resposta imune. Há publicações que relatam que mesmo na presença de uma forte resposta imune celular tipo Th1, obtida pela administração de plasmídeos capazes de codificar o gene LACK, o controle da infecção por L. donovani ou L. infantum/chagasi em camundongos não foi obtido (MELBY et al., 2001; MARQUES-DA SILVA et al., 2005). Estes autores discutem sobre o papel de IL-4 na ativação de células T CD8+ específicas para antígenos de parasitos intracelulares, como recentemente demonstrado por Stager et al., 2003 e Morrot et al., 2005. No entanto, pelo menos até o momento, não há dados da literatura que façam este tipo de associação para células caninas, ao contrário, IL-4 tem sido detectada em animais infectados e com sinais de leishmaniose visceral, embora também sua participação na patogênese da doença também não esteja esclarecida (QUINELL et al., 2001; CHAMIZZO et al., 2005). Diante dos resultados obtidos pela administração de plasmídeos, quer seja isoladamente ou como uma mistura de DNA, realizamos experimentos visando aumentar a intensidade da resposta imune específica contra Lc9, uma das proteínas recombinantes aparentemente mais promissoras, mantendo o padrão de resposta obtido após a injeção de plasmídeo. Como descrito anteriormente, a resposta imune murina frente ao estímulo com rLc9 associada a diferentes adjuvantes foi avaliada previamente em nosso laboratório. O resultado obtido a partir desta análise inicial foi que a injeção de Lc9 associada à saponina foi a única combinação capaz de induzir uma resposta imune bastante intensa apresentando, no entanto, um padrão misto de resposta tipo Th1/Th2 (FRAGA, 2007). Então, fizemos uso de uma estratégia de imunização heteróloga tipo DNA primer/proteína booster, uma metodologia capaz de aumentar a resposta de célula T à vacinação e que vem sendo utilizada para gerar imunizações efetivas contra malária e uma variedade de parasitos, principalmente em animais de grande porte (RAMSHAW & RAMSAY, 2000; JONES et al., 2001; DUNACHIE & HILL, et al., 2004; COBAN et al., 2004). A administração de plasmídeo pBK-CMV-Lc9 e posterior reforço com a proteína rLc9 purificada levou a um aumento moderado na intensidade da resposta imune humoral e celular frente ao estímulo antigênico específico. Observamos que (i) o padrão da produção de anticorpos, IgG2a > IgG1 foi mantido mesmo após a injeção de rLc9 associada à saponina; (ii) uma resposta proliferativa, antes não observada após as injeções com pBK-CMV-Lc9, foi evidente e (iii) ao contrário da injeção somente com a proteína, apenas IFN-γ foi produzido enquanto IL-4 e IL-5 140 estavam ausentes. Entretanto, como a produção de IL-10 pode ser fortemente induzida na presença de saponina, como demonstrado inicialmente tanto para administração de ovalbumina como para um antígeno específico de Tripanosoma cruzi (TADOKORO et al., 1996), ensaios para detecção desta citocina devem ser realizados para avaliar se, utilizando este protocolo de imunização, uma resposta imune exclusivamente do tipo Th1 pode ser obtida. A avaliação da produção de IL-10 faz-se necessária, uma vez que esta citocina apresenta um importante papel na regulação da resposta imune na leishmaniose visceral humana e murina, e, provavelmente também no cão (MURRAY et al., 2002). A possibilidade de que a resposta imune induzida a partir da imunização inicial com pBKCMV-Lc9 e posterior reforço com rLc9/saponina seja capaz de conferir proteção contra infecção por Leishmania precisa ser futuramente avaliada, assim como, após a injeção de rLc9 associada à saponina. Neste trabalho, os resultados obtidos após a utilização de Lc9 sob a forma de proteína em associação à saponina para a indução de resposta imune confirmam os dados previamente obtidos em nosso grupo. Como demonstrado recentemente, mesmo uma resposta imune específica com características Th1/Th2 pode levar ao controle da infecção por L. chagasi, como observado para a proteína recombinante A2 (GHOSH et al., 2002). Estes dados nos encoraja ainda mais para a obtenção de informações a cerca da real efetividade de uma resposta imune gerada contra Lc9 no controle da infecção por L. chagasi. Outras combinações de rLc9, ou outras proteínas recombinantes, com adjuvantes que sejam compatíveis com o uso em cães devem ainda ser avaliadas, quer seja para imunização com proteínas apenas ou para combinação com um vetor de expressão de DNA. Possibilidades alternativas seriam a combinação com oligonucleotídeos CpG, o uso de Montanide 720, muramil dipeptídeo (MDP), e ISCOMS como um novo sistema de liberação de antígenos entre outros adjuvantes comercialmente disponíveis que tendem a favorecer uma resposta celular (KLINMAN et al., 1997; ARAÚJO & MOREIN, 1991; BIRKETT et al., 2002). Em cães, resultados promissores foram observados na avaliação da combinação de antígenos de L. infantum com MDP quanto à indução de imunidade protetora contra infecção natural em uma área endêmica para leishmaniose visceral no sul da França (LEMERSE et al., 2007). Além disso, nosso grupo vem ao longo dos anos ampliando o painel de citocinas caninas recombinantes que podem ser avaliadas quanto à capacidade de aumentar a intensidade da resposta imune a antígenos co-administrados, direcionar e manter uma resposta celular tipo Th1 141 e/ou que seja capaz de induzir células de memória eficientemente. Além da obtenção de novas citocinas, como IL-7 e IL-15, avaliações recentes, realizadas em nosso grupo de pesquisa, mostram que a associação de IL-12 e IL-2 promovem um efeito sinérgico na produção de IFN-γ e esta pode ser uma estratégia alternativa na modulação da resposta à antígenos co-administrados (PEREIRA, 2006). A partir deste e de outros trabalhos paralelos, foi possível iniciar em nosso grupo de pesquisa o estabelecimento de um conjunto de metodologias e informações úteis para a avaliação de antígenos candidatos à uma vacina, a partir do domínio de estratégias de imunização e de avaliação da resposta imune murina. Com base em nossos achados, a indução de resposta imune contra Lc9 e também contra Lc14 a partir da injeção de plasmídeos recombinantes é uma metodologia viável para a obtenção de resposta imune celular. Embora algumas manipulações precisem ser feitas, esquemas de imunização em cães a partir da injeção inicial de DNA devem ser retomadas. Além disso, novos experimentos serão realizados a fim de explorar a capacidade protetora induzida por Lc9, neste e em outros esquemas de imunização. 142 7. CONCLUSÕES A partir dos resultados obtidos neste trabalho, podemos concluir que: 1. O uso dos plasmídeos pBK-CMV-Lc9 e pBK-CMV-Lc14 para injeção em camundongos, permite a indução de resposta imune contra as proteínas Lc9 e Lc14 de L. chagasi. 2. A resposta imune obtida a partir do uso de pBK-CMV-Lc9 e pBK-CMV-Lc14, administrados isoladamente ou como parte de uma combinação de plasmídeos, caracteriza-se como uma resposta tipo Th1 de pouca intensidade. 3. A indução de uma potente resposta imune humoral e celular mista Th1/Th2 específica para Lc9 é obtida após a injeção de rLc9 associada à saponina, confirmando dados previamente obtidos por nosso grupo. 4. A utilização de um protocolo de imunização do tipo DNA primer/proteína booster, em que o sistema imune é estimulado inicialmente pela administração de plasmídeo (pBKCMV-Lc9) e, posteriormente, pela proteína recombinante (Lc9) aumenta a intensidade da resposta imune específica e apresenta o mesmo padrão de resposta obtido pela injeção com DNA apenas. 5. A injeção de plasmídeos recombinantes capazes de codificar antígenos de amastigotas de L. chagasi, administrados isoladamente ou como um pool de plasmídeos, não conferiu controle do parasitismo esplênico no modelo murino de leishmaniose visceral, mesmo na presença de uma aparente resposta imune do tipo Th1. 143 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDO, M. G., W. M. ELAMIN, E. A. KHALIL and M. M. MUKHTAR. Antimony-resistant Leishmania donovaniin eastern Sudan: incidence and in vitro correlation. East Mediterr Health J., 9(4): 837-843, 2003. ABRANCHES, P., M. C. SILVA-PEREIRA, F. M. CONCEICAO-SILVA, G. M. SANTOSGOMES and J. G. JANZ, Canine leishmaniasis: pathological and ecological factors influencing transmission of infection. J Parasitol 77(4): 557-561, 1991. AGUILAR-BE, I., R. DA SILVA ZARDO, E. PARAGUAI DE SOUZA, G. P. BORJACABRERA, M. ROSADO-VALLADO et al.Cross-protective efficacy of a prophylactic Leishmania donovani DNA vaccine against visceral and cutaneous murine leishmaniasis. 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APÊNDICES 165 APÊNDICE A – Desenho Experimental camundongos BALB/c ♂ e ♀, 6 semanas de idade PROTOCOLO 1 PROTOCOLO 2 PROTOCOLO 3 Salina ELb (18)c Salina EL (18) Salina EL (6) pBKCMV vazio EL (12) pBKCMV vazio EL (12) Saponina (6)d pBKCMV-Lc9 EL (12) pool de plasmídeos EL (12) pBKCMV vazio EL (6) pBKCMV-Lc13 EL (12) pool plasmídeos + pIL-12m EL (12) Lc9/saponina (6)d pBKCMV-Lc14 EL (12) pool plasmídeos sem EL (12) pBKCMV-Lc9 EL (6) pBKCMV-Lc18 EL (12) pBKCMV-Lc9 (EL) + Lc9/saponina (6)d/e Resposta imune humoral Resposta imune celular Resposta imune humoral ELISA para detecção de Ac Linfoproliferação (3 dias/5 dias) IgG total IgG: subclasses IgG1 e IgG2a Produção de citocinas (48 h) (IFNγ/IL4/IL5) ELISA para detecção de anticorpos anti-Lc9 IgG total IgG: subclasses IgG1 e IgG2a Injeção de promastigotas de L. infantum/chagasi Resposta imune humoral Resposta imune celular ELISA para detecção de Ac Linfoproliferação (3 dias/5 dias) IgG total IgG: subclasses IgG1 e IgG2a Produção de citocinas (48 h) (IFNγ/IL4/IL5) Resposta imune celular Produção de citocinas (48 h) (IFNγ/IL4/IL5) Análise de proteção Determinação da carga parasitária – Ensaio de Diluição Limitante Avaliação do tamanho do baço a três injeções com intervalos de 3 semanas por via intramuscular bEL – eletroporação C no animais/grupo d injeção subcutânea e 2 séries de injeções de DNA e 1 de proteína 166 APÊNDICE B – Foto do aparelho eletroporador Tempo de pulso (mseg) Ajuste de voltagem Leitura da voltagem (x5) Botão de disparo dos pulsos Eletrôdos Elaborado pelo Dr. Yuri Pepe – Departamento de Física - UFBA APÊNDICE C – Mapa qualitativo das respostas imunes aos diferentes imunógenos em ensaios com e sem desafio com L. chagasi Sem desafio Reatividade ao extrato bruto de L. chagasi Condições IgG IgG1 IgG2a pBK-CMV-Lc9 EL pBK-CMV-Lc13 EL pBK-CMV-Lc14 EL pBK-CMV-Lc18 EL pool pBK-CMV Lc9-Lc18 pool pBK-CMV Lc9-Lc18 EL pool pBK-CMV Lc9-Lc18 + pIL-12 EL pBK-CMV-Lc9 + Lc9/sap Lc9/sap Prolif IFNg IL4 IL5 Reatividade às proteínas homólogas aos imunógenos IgG * * * * * * * * * IgG1 IgG2a * * * * * * * * * * Prolif IFNg IL4 IL5 * * Após o desafio Reatividade ao extrato bruto de L. chagasi Condições IgG IgG1 IgG2a Prolif IFNg IL4 IL5 pBK-CMV-Lc9 EL pBK-CMV-Lc13 EL pBK-CMV-Lc14 EL pBK-CMV-Lc18 EL pool pBK-CMV Lc9-Lc18 pool pBK-CMV Lc9-Lc18 EL pool pBK-CMV Lc9-Lc18 + pIL-12 EL pBK-CMV-Lc9 + Lc9/sap * * * * * * * Lc9/sap * * * * * * * * Não avaliado Positivo com p<0,05 em relação aos controles (ANOVA seguido de pós-teste de Tukey) Produção com p<0,05 usando teste t em relação aos controles negativo Reatividade às proteínas homólogas aos imunógenos IgG * * * * * * * IgG1 IgG2a * * * * * * * * * * * * * * * * * * Prolif IFNg IL4 IL5 * * * * * * * * * * * * 167 168 APÊNDICE D – Manuscrito – primeira versão – a ser submetido posteriormente para publicação em revista científica indexada. 169 Title Evaluation of different protocols in the attempt to modulate the murine immune response towards a new recombinant antigen candidate for a vaccine against canine visceral leishmaniasis Authors Lenita Ramires dos Santos1,2; Ricardo Evangelista Fraga1,2; Cristiane Garboggini de Melo Pinheiro1,2; Márcio Silva Rodrigues1; Washington Luís Conrado dos Santos2, Lain Carlos Pontesde-Carvalho2; Geraldo Gileno de Sá Oliveira2* 1 Programa de Pós-Graduação em Imunologia – PPGIm – Universidade Federal da Bahia – UFBA. 2Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz, Salvador, BRAZIL *Corresponding Author Geraldo G S Oliveira Mailing address: Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz, Fundação Oswaldo Cruz, Rua Waldemar Falcão, No. 121, Brotas. Salvador-Bahia, BRAZIL. CEP. 40295-001. Tel: 55-71-3176-2262 or 55-71-3176-2290 - Fax: 55-71-3176-2326 e-mail: [email protected] 170 Abstract Zoonotic visceral leishmaniasis is a progressive infectious disease and domestic dogs are considered the major reservoir of the causal agent. In principle, a canine vaccine might block to transmission cycle. Aiming to assess the potential of a new Leishmania chagasi/infantum recombinant antigen (named rLc9) as a vaccine component, the murine immune response to rLc9 was studied. Groups of BALB/c mice were injected 3 times at 3-week intervals with i) rLc9 alone or associated with Freund’s adjuvant, saponin, peanut oil, alum or a plasmid encoding single chain murine IL-12 (pcDNA3.1-scmIL-12); (ii) rLc9-saponin associated with the administration of a single dose of different amounts (from 0,4 to 50 µg) of pcDNA3.1-scmIL-12; iii) DNA plasmid encoding Lc9 (pBK-CMV-Lc9) alone or pBK-CMV-Lc9 twice followed by rLc9. Plasmid DNA was injected intramuscularly followed by electroporation. The mice that received rLc9 or pBK-CMV-Lc9, in any association, developed specific IgG production. The animals immunized rLc9-saponin or Lc9 associated with any amount of single doses pcDNA3.1-scmIL12 tested produced specific IgG2a and IgG1, while mice immunized with rLc9 alone or rLc9 associated with any of the other adjuvants, generated IgG1 but not IgG2a specific antibodies. Mice injected with pBK-CMV-Lc9 followed by booster with rLc9, generated exclusively IgG2a specific antibodies. The mice immunized with rLc9-saponin or with a initial injection of pBKCMV-Lc9/rLc9 showed specific lymphoproliferative response but IFN-γ production was statistically significant related to the controls groups only in the first one. However, the groups injected with pBK-CMV-Lc9 or pBK-CMV-Lc9/rLc9 do not produced IL-5 and the group sensitized with rLc9-saponin/pcDNA3.1-scmIL-12 showed a reduced IL-5 concentration related to rLc9-saponin injected group, after in vitro stimulation with Lc9. In conclusion, mice immunized with the new recombinant antigen rLc9 develop a mild Th2 immune response. The association of rLc9 and saponin in mice induced a strong mixed Th1/Th2 immune response which was not modified to Th1 type by using mIL-12. Nevertheless, a cellular immune response was generated after initial injection of pBK-CMV-Lc9 with proliferative response and only a mild IFN- γ production. Keywords: Visceral leishmaniasis; recombinant antigen, vaccine 171 1. Introduction Visceral leishmaniasis (VL) is a progressive parasitic infection which is caused by at least two different species of protozoan: Leishmania donovani and Leishmania infantum/chagasi (Mauricio et al., 1999; WHO, 1990). Natural infection is transmitted by the bite of phlebotomine sand fly insects of the family Psychodidae, subfamily Phlebotominae (Alexander, 2000; KillickKendrick, 1990). L. infantum/chagasi, which is found mainly in the Mediterranean basin and South America, is a zoonotic disease that frequently causes generalized disease in both people and dogs that can be fatal (Abranches et al., 1991; Corredor et al., 1989; Deane and Deane, 1955). Dogs are considered the major reservoirs of L. infantum/chagasi and in endemic areas canine infection rates often exceed 30 % (Ashford et al., 1995; Berrahal et al., 1996). Thus, canine infection constitutes an important problem for controlling zoonotic VL because sick dogs, and possibly asymptomatic animals, are the major reservoirs of the parasite (Corredor et al., 1989; Lopes et al., 1984; Molina et al., 1994). The evidence of acquired immunity and resistance to reinfection in natural Leishmania hosts suggests that the vaccine design against VL is feasible. In dogs, protective immune response against VL seems to be cellular of the so-called Th1 type (Pinelli et al., 1994), and the predominant cytokine expressed after specific stimulation is interferon gamma (IFN-γ). Thus, most of the studies aim to identify Leishmania antigens capable of stimulating a Th1 type characteristic immune response. In fact, several antigens identified as candidates to vaccine component showed a protective-associated immune response but with different organ-specific protection degree in a murine experimental model of VL (reviewed in Khamesipour et al., 2006). Surprisingly, murine experimental VL protection has been found also in a mixed specific Th1/Th2 environment (Ghosh et al., 2001; Mazumdar et al., 2004) whereas an antigen highly immunogenic and Th1 immune response inducer, rLACK, was not capable to induce a protective immune response against neither L. donovani nor L. chagasi (Melby et al., 2001; Marques-daSilva et al., 2005). In spite of the fact that the clear Th1 versus Th2 dichotomy to be found in the murine cutaneous leishmaniasis model caused by L. major, characterized by Th1 cytokines (IFNγ) associated with resistance/protection and Th2-type cytokines (IL-4) with disease exacerbation/susceptibility, it is not so evident in experimental visceral leishmaniasis. It is also of 172 common sense that protection in visceral leishmaniasis is more difficult to obtain than the others Leishmania models. Traditionally experimentally used adjuvant such as Freund´s adjuvant and BCG can modulate the strength, type and intensity immune response to Leishmania antigens (Champsi and McMahon-Pratt, 1988; Kenney et al., 1999; Khalil et al., 2006). However, the use of this adjuvants to use in dogs and in humans is not reccomended due several toxic effects. In the last years, many others adjuvant formulations and new immunization protocols have been constantly evaluated (Palatinik-de-Sousa et al., 1994, Ali and Afrin, 1998). Among different vaccination protocols, the use of IL-12 in co-administration of parasite fractions or antigens (Afonso et al., 1994; Tewary et al., 2006) and DNA-based immunization have driven, in same cases, the specific cellular immune response to Th1-type without the induce local toxic effects (Watts and Kennedy, 1999), which plays an important role against intracellular parasites. Recently, the use of a heterologous DNA primer-protein booster immunization strategy to induce potent cellular immunity to Leishmania antigens and to promote control of infections is been susscefully evaluated (Iborra et al., 2003; Tewary et al., 2005; Rafati et al, 2006). In this study, we examined the immunogenic properties of a new Leishmania infantum/chagasi recombinant antigen (rLc9) aimming to access the potential of this protein as a vaccine component. This recombinant protein was identified in an amastigote form cDNA library (Teixeira et al., 2007) and it was selected by antibody reactivity with pooled serum samples of VL asymptomatic dogs. In addition, aiming to modulate efficiently the immune response to rLc9, we evaluated and described here different immunization protocols in an attempt to induce a large spectrum of murine specific immune response to rLc9 to find further a Leishmania protectiveassociated immune response. 2. Material and Methods 2.1. Animals Six to eight-week-old BALB/c mice (male and female) were obtained from the Gonçalo Moniz Research Center Animal House and kept under appropriate conditions with free access to food 173 and water. The use of mice in this study (six/group) was approved by a national relevant committee. 2.2. Plasmid preparation Plasmid DNA (pBK-CMV-Lc9) was obtained from a cDNA library constructed with L. chagasi RNA amastigotes in lambda phage (Stratagene). For prokaryotic protein expression and purification, Lc9 cDNA was subcloned by transfering pBK-CMV-Lc9 to pRSET plasmid (latter named pRSET-Lc9) by KpnI and BamHI enzymatic digestion and ligation. The plasmid encoding a single-chain murine IL-12 (pCIneo-scmu-IL-12) was provided by Dra. Emmanuela Handman (The Walter and Eliza Hall Institute of Medical Research, Australia), and was subcloned by PCR to a plasmid ampicilin-resistance pcDNA3.1 (Invitrogen) and named pcDNA3.1-scmu-IL-12. The plasmids used for mice injection (pBK-CMV-Lc9 and pBK-CMV vector without insert, pcDNA3.1-scmu-IL-12 and pcDNA3.1 vector without insert) were prepared from overnight cultures and purified by anion-exchange chromatography using a Qiagen Megaprep kit (Qiagen, Hilden, Germany), according to the manufacturer’s instructions. 2.3. Expression of rLc9 in Escherichia coli and purification For His-tagged rLc9 production, the Escherichia coli strain BL21(DE3)pLysS was transformed with pRSET-Lc9 and grown following standard procedures in LB medium. After induction with 0,25 mM IPTG at an OD600 of 0.6 the cells were grown for a further 3 h and centrifuged. The bacterial pellets were ressuspended in a lysis and ligation buffer (20 mM Na2HPO4, 500 mM NaCl, 10 mM imidazol, pH 8,0) with 4 mg of deoxicholate acid/sediment weight (gr) and 1 mg lisozyme/suspension volume, then followed by sonication and centrifugation at 17.000 g, 4° C, for 15 minutes. The purification was done with soluble fraction using Chelating Sepharose Fast Flow (Amersham). At the end, the bounded proteins were eluted with a buffer containing Imidazole 0,5 M. The fractions containing the recombinant protein, as determined by SDSPAGE, were pooled and dialyzed against PBS. The purity of the recombinant protein was checked by running it on SDS-PAGE gel followed by Comassie blue staining. Western blot was performed for detecting rLc9 protein, using a mixture of dog´s serum with reactive antibodies 174 anti- L. chagasi and a mouse anti-His tag antibody, after transfer purified rLc9 to nitrocellulose using a Bio-Rad transblot apparatus (Bio-Rad Laboratories). 2.4. Mammalian cell expression of rLc9 COS-7 cells were cultured in DMEM (Life Technologies, Grand Island, NY, USA) medium supplemented with 10% fetal bovine serum (FBS), 2 mM L-glutamine (Life Technologies), 1% non-essential amino-acid solution (Life Technologies) and 1% penicillin/streptomycin solution (Life Technologies), from now on referred as supplemented DMEM, at 37° C and 5% CO2, humidified atmosphere. The day before transfection, 106 cells were plated into 35 mm petri dishes. Transfections were carried out with 1 µg of plasmid, either pBK-CMV-Lc9 or pBK-CMV empty plasmid (the latter as the negative control), per petri dish, using lipofectamine (Life Technologies), following the manufacturer's instructions. The day after transfection, the attached cells on the petri dishes were washed once with 0.15 M phosphate buffered saline, pH 7.2 (PBS), and cultured with fresh DMEM medium. After 48 hours, the cells were scraped out of plates and ressuspended in SDS-PAGE (Laemmli, 1970) sample buffer. The rLc9 expression was determined in transfected cells by Western blot analysis using a pool of serum of Leishmania positive dogs. For Western blotting, transfected or untransfected cells were analysed as whole cell lysate separately. 2.5. Immunization protocols Immunizations experiments with the recombinant protein were performed injecting groups of six mice with (i) 100 µg of rLc9 protein in saline or rLc9 associated with (ii) Freund’s adjuvant, (iii) saponin, (iv) peanut oil or (v) alum, subcutaneously (s.c) in the dorsal region. Control mice received the adjuvant alone. Boosters were given twice with the same antigen preparations at 3weeks intervals (table 1). For the experiments with DNA construction (pBK-CMV-Lc9), animals were immunized by intramuscular (i.m) injection of 50 µg (in 50 µL) of plasmid DNA diluted in saline in each hind leg quadriceps followed by electroporation, 100V with 5 pulses and 20 ms of intervald. Control groups of mice were injected with sterile saline and with the vector pBK-CMV devoid of insert. In a DNA primer/protein booster protocol, groups of mice were injected with 175 i.m. twice with plasmid DNA at 3-week intervals and boosted s.c. once with rLc9/saponin. Additionally, fifty micrograms of plasmid encoding murine IL-12 (pcDNA3.1-mIL-12) was administered (i.m. followed by electroporation) in groups of mice injected with rLc9, at 3-week intervals, or a single dose of different amounts of the same plasmid DNA (50 µg, 10 µg, 2 µg and 0.4 µg pcDNA3.1-mIL-12) associated with rLc9-saponin were injected, followed by two additional rLc9-saponin booster. 2.6. Determination of Ag-specific antibody response and isotypes Serum samples were obtained at 2 weeks after the last injection dose by orbital plexus puncture. Total IgG, IgG1 and IgG2a were measured in individual serum samples by ELISA against rLc9 and promastigote Leishmania antigens. Briefly, for the total specific IgG production, 96-well microtiter plates were coated with 0,5 µg rLc9, overnight at 4oC, in a 100 µL volume of carbonate-bicarbonate buffer pH 9,6. All incubations were carried out for 60 minutes at room temperature except for the substrate-development step, and then the plates were washed thrice after each incubation step with PBS containing 0,05% Tween-20 (PBST). After blocking with 10% skimmed milk in PBS, wells were incubated with a dilution of each sample (1:5.000) followed by horseradish peroxidase (HRP)-conjugated-goat anti mouse IgG (Sigma) at 1:400 (protocol 1 and protocol 2) or other batch of anti mouse IgG at 1:4000 (protocol 3). Wells colors reaction were developed at room temperature with TMB-H2O2 (Sigma) for 15 minutes and stopped with H2SO4. Then, the absorbance at 450 nm was measured. To detect specific isotypes to rLc9 and promastigote Leishmania antigens the plates were coated as described above. The blocking stage and washes were done with 10% FBS in PBS only and with PBST, respectively. After incubation of samples (diluted at 1:50.000 or 1:350.000), biotinylated monoclonal rat antimouse IgG1 or IgG2a (Pharmingem) were added to the wells and incubated for two hours. Avidin-peroxidase incubation followed by addition of substrate TMB-H2O2 was used to development of color and measured at 450 nm as described before. 176 2.7. Splenocytes culture and proliferation assay Spleens were removed aseptically from mice in each group 3 to 4-weeks after the last injection dose. Single-cells suspensions were prepared by grinding the spleen with the disk bottom of the plunger from 5-mL syringe. RPMI 1640 medium (10 mL) was added to the suspension, and then the contents was mixed well it was centrifuged at 4oC by 100 x g for 30 seconds. The supernatant was pipetted out slowly and the cells were pelleted by centrifugation at 4oC and 400 x g for 10 minutes. Supplemented RPMI medium (FBS 10%; 50 uM 2-ME 0,01M; HEPES 1mM pH 7,2; glutamine 200mM) was used to ressuspend and adjuste the cells concentration to 3 x 106/mL. For proliferation assay, 3 x 105 cells were plated in triplicate onto 96 well plates in a 100 uL volume in the presence or absence of 2 µg/mL T-cell mitogen Concanavalin A (100 µL) or 10 µg/mL rLc9 (100 µL) for 3 and 5 days at 37oC in 5% CO2, respectively. Proliferation was quantified by measurement of the incorporation of 1 µCi of [3H]-labeled thymidine during additional 18 hours of culture. Stimulation index (Si) were calculated as the ratios of [3H]-thymidine incorporation in the presence of antigen versus the non-stimulated (medium alone) control. 2.8. Cytokine production assay For cytokine production 300 µL of 9 x 105 cells, prepared as described above, were plated onto 24-wells plates and incubated in the presence or absence of 2 µg/mL Con A mitogen (300 µL) or 10 µg/mL of rLc9 (300 µL). After 48 hours of incubation at 37oC in 5% CO2, supernatants were collected and cytokine concentrations were quantified by capture ELISA with biotinylated antimouse IFN-gamma and anti-mouse IL-5 (BD Pharmingem) followed by incubation with avidin conjugated to peroxidase (Sigma). The color reation development was done by the addition of substrate buffer (TMB-H2O2). The reaction was stopped after 5-10 minutes with 50 µL of H2SO4 and the absorbance at 450 nm was measured. A standard curve was plotted using recombinant murine IFN-γ or IL-5 in the same assay and the limit of detection was 0,110 ng/mL and 40 pg/mL, respectively 2.9. Statistical analysis 177 Comparison of the level of antibody induction, spleen cells proliferation and cytokine production between the groups were determined by one-way ANOVA test followed by Tukey’s post-test using “GraphPad Prism” software (version 4.0). The reported P-values < 0.05 were regarded as statistically significant. 3. Results 3.1. In vitro expression of rLc9 The rLc9 protein was produced in a prokaryotic expression system in attempt to obtain a high production and purification facility process. A high level expression of rLc9 recombinant protein was achieved when BL21(DE3)pLysS E. coli lineage was used. A band of approximately 39 kDa was observed in E. coli lysate transformed with pRSET-Lc9 and cultured for 3 hours after IPTG induction by 12% SDS-PAGE. A similar band was not observed when a negative control plasmid was used to transform E. coli and the lysate was subjected to SDS-PAGE, neither before nor after IPTG induction. The rLc9 preparation, purified as described in Material and Methods did not show relevant contaminating proteins bands on the SDS-PAGE gel (Figure 1A). The expression of the recombinant L. chagasi antigen was confirmed by using Western blot assay which showed a reaction between anti-Leishmania dog’s serum and an anti-His tag antibody with the corresponding band (Figure 1B). Plasmid pBK-CMV-Lc9, used to animal injections, was tested for their ability to express rLc9 by transient transfection of COS-7 cells. The Western blot analysis of rLc9 protein levels 48 h after transfection with Lc9 gene is shown in Figure 1C. As is seen, only the extract of cells transfected with pBK-CMV-Lc9 showed the presence of a protein identified after incubation with a mixture of serum of dogs with positive response to L. chagasi. The control plasmid-transfected cells did not show any band upon incubation with anti-Leishmania antibodies. A little band of low molecular weight was also recognized in the pBK-CMV-Lc9/COS-7 transfected cells. 178 3.2. Generation of specific rLc9 immune responses with Th2 characteristics To evaluate antigen-specific immune response primed by rLc9, humoral response was assessed in all tested groups. BALB/c mice that were injected three times with rLc9 only or with different adjuvants were capable to produce a specific IgG antibody response (Figure 2). The specific Lc9 humoral immune response intensity was higher in the group that were injected with rLc9 in association with saponin than in the others groups (ANOVA, p < 0.0001; Tukey, p<0,05) and similar to the response induced by rLc9 administration with Freund´s adjuvant. The relation between the groups were rLc9/sap > rLc9/alum = rLc9/Freund´Adj = rLc9/peanut oil > rLc9 alone = rLc9/pcDNA3.1-scmuIL-12 > saline (p < 0.05). Because of the antibody isotype provides a convenient surrogate marker for the induction of Th1 and Th2 CD4+ T cell differentiation, we determined the relationship between IgG2a and IgG1 production, respectively. All the groups showed an elevated IgG1 specific antibody production after rLc9 administration (Figure 2) with only a minor difference between the groups that were injected with rLc9 alone or associated to pIL-12 and the others (ANOVA, p<0.0001; Tukey, p < 0.001). However, IgG2a specific Lc9 antibody production was observed only when saponin was used as adjuvant (Figure 2; 3 out of 3 experiments, ANOVA, p < 0.0001; Tukey, p < 0.001). The injection of rLc9 in association with saponin gives the highest IgG2a/IgG1 ratio with (X ± SD, 0.77 ± 0.09) and by additional statistical comparison a relation between the groups were rLc9/sap > rLc9/alum = rLc9/Freund´Adj = rLc9/peanut oil = rLc9 alone = rLc9/pcDNA3.1-scmuIL-12 (data not shown, ANOVA p < 0.0001 and Tukey p < 0.05). Cellular immune response was evaluated by the determination of immune response phenotype elicited by rLc9 injection alone or in combination of different adjuvant. Suspensions of splenocytes from injected rLc9 mice were restimulated in vitro with rLc9 and tested for the proliferation and cytokine production. A significant cell mediated response was evident only in mice that were injected with rLc9 in association to saponin. As shown in Fig 2, immunization with this protein preparation resulted in splenocyte proliferation (2 out of 3 experiments) in vitro response to 0,1 µg/mL rLc9 stimulation (ANOVA, p < 0.0014; Tukey, p < 0.01). Others rLc9 concentrations used in the in vitro culture also induced statistically significant cell proliferation (10 µg/mL, 1 out of 3 experiments and 1 µg/mL, 2 out of 3 experiments, data not shown). 179 However, all the other groups tested did not show significant splenocyte proliferation when compared to the saline control group. The cytokine production by splenocyte of mice that were injected with rLc9 showed a predominant Th2 immune response profile. No IFN-gamma production was induced in response to rLc9 protein injection administered with saline alone or in combination with Freund´s adjuvant, peanut oil, alum or murine IL-12 plasmid DNA in contrast to production detected after rLc9/saponin administration (Figure 2, ANOVA, p< 0.0005; Tukey, p < 0.01). All groups, with exception of Freund´s adjuvant and peanut oil, showed a high IL-5 level production (Figure 2). Interestingly, the association of rLc9 with saponin was the only one that induced IFN-gamma production (3 out of 3 experiments) with concomitant IL-5 production (3 out of 3 experiments). Then, an exclusively Th2 characteristic immune response induced by rLc9 protein could be modified to a mixed Th1/Th2 type when Lc9 recombinant protein is administered in association with saponin. 3.3. Specific rLc9 immune response in mice injected with different amounts of plasmid encoding murine IL-12 In order to modify to Th1 type the specific immune response generated to rLc9 protein, a plasmid encoding a murine single-chain IL-12 was co-administrated with rLc9 in mice. However, as seen before, no change was observed with this combination. Posterior experiments showed that a high dose of pcDNA3.1-scmur-IL-12 (50 µg) in different lineages of mice caused a significant increase in the liver, spleen and draining lymph node size of the injected animals so that it could be compromised the immune system (data not shown). Then, a single dose of different amounts of pcDNA3.1-scmu-IL-12 were used in association with rLc9 protein and saponin (rLc9/sap) preparation to verify if a in vivo lower concentration of IL-12 was capable to drive the rLc9 immune response to a Th1 type. A high intensity specific humoral immune response was observed to rLc9 protein in all conditions tested except to the controls groups injected with saline or saponin (Figure 3A, ANOVA, p < 0.0001; Tukey, p < 0.001 all groups compared to the control groups). No difference occurred when the recombinant protein was administered only with saponin or with DNA plasmid (either pcDNA3.1 empty or four different amounts of pcDNA3.1-scmu-IL-12). 180 However, even so all the groups that received rLc9 showed the same intensity of a specific IgG1 production (Figure 3), a small difference was observed in the level of IgG2a production when rLc9 was co-administrated with 50 µg of pcDNA3.1-scmu-IL-12 in a single dose of injection (Figure 3). This difference was statistically significant (ANOVA, p < 0.0001; Tukey, p < 0.05) compared to rLc9/sap injection only or the lower IL-12 DNA plasmid quantity co-administration [pcDNA3.1-scmu-IL-12 (0.4 µg)]. The other two concentrations of IL-12 DNA plasmid, as well as pcDNA3.1 empty, induced IgG2a specific antibody but with no statistically difference compared to rLc9/sap response. The highest IgG2a/IgG1 ratio was observed in immunized mice co-injected with 50 µg of pcDNA3.1-scmu-IL-12, with X ± SD of 0,81 ± 0,14, but with no statistical difference compared to the others groups. The cellular immune response induced using this immunization protocol was evidenced only by cytokine production. No statistically significant splenocyte proliferation difference was observed when all the groups were compared (Figure 3) but the IFN-gamma production was detected in all the groups injected with rLc9. However, the group injected with the higher and the lower murine IL-12 DNA plasmid concentration showed the a reduction in IFN-gamma level (Figure 3). In addition, even IFN-gamma have been detected, statistical difference occurred only between rLc9/saponin injected group and the controls groups injected with saline or saponin (ANOVA, p < 0.0158; Tukey, p < 0.05). Interestingly, the IL-5 production observed after rLc9 administration was moderately diminished when 50 µg of DNA plasmid encoding murine IL-12 was used in a single dose injection co-administrated with the rLc9 to immunization (Figure 3) and was kept lower also when 0.4 µg of DNA plasmid was used to injection. This latter result may constitute a fortuitous result and need to be repeats to confirm the data. 3.4. Immune response to rLc9 after initial priming with plasmid DNA (pBK-CMV-Lc9) DNA immunizations are known to promote a Th1-type immune response to encoded proteins (Watts and Kennedy, 1999; Gurunathan et al., 2000). Thus, we examined the use of a recombinant DNA plasmid injection to produce in vivo rLc9 protein and to try to induce a Th1type specific immune response in injected mice. Animals injected with pBK-CMV-Lc9 alone were capable to respond specifically to rLc9 protein with IgG antibody production but with a very lower intensity than the protein administration (Figure 4). However, this response is 181 predominantly of IgG2a isotype (2 out of 2 experiments) as seen clearly in others serum dilution tested (data not shown). The cellular immune response was also very weak (2 out of 2 experiments) and not statistically significant when compared to controls groups (Figure 4). A heterologous immunization strategy was used to try to increase the intensity of immune response to the recombinant protein without revert the Th1 type characteristic. To do that, mice were injected twice with pBK-CMV-Lc9 with 3-weeks intervals and boosted once with rLc9/sap (table 1). As seen in Figure 4, a specific antibody production was also detected using this immunization strategy. By statistical analysis, the mean optical density of the groups was different and showed the relation: rLc9/sap > pBK-CMV-Lc9/rLc9/sap > pBK-CMV-Lc9 > empty pBK-CMV = saponin = saline (ANOVA, p < 0.0001; Tukey, p < 0.001). Additionally, while the IgG1 antibody production was higher in the group injected with rLc9 associated to saponin the IgG1 production was not significantly detected using the DNA primer/protein booster protocol of immunization (Figure 4, ANOVA, 0.0001; Tukey, p < 0.001 related to Lc9/saponin compared to all the others groups). Finally, the IgG2a specific antibody production was not statistically different between the two groups mentioned above (Figure 4). However, an IgG2a/IgG1 ratio (X ± SD) of 0.29 ± 0.10 to rLc9/sap injection compared to 1.54 ± 0.8 to DNA primer/protein booster (Student´s t test) is predicted of a Th1 differentiation to this latter group as seen also to absent IgG1 production. Statistical comparison of the groups using the IgG2a/IgG1 ratio values showed the relation Lc9/sap < pBK-CMV-Lc9/rLc9/sap = pBK-CMV-Lc9 = empty pBK-CMV = saponin = saline (ANOVA p < 0.0001 and Tukey p < 0.05). After analysis of the cellular immune response, it was observed that a splenocyte proliferation and Th1-type cytokine production were also induced by the DNA primer followed by protein booster protocol (Figure 4). The proliferative response induced was statistically different compared to the controls groups and the rLc9/saponin injected group (Saline = Saponin = empty pBK-CMV = pBK-CMV-Lc9 < pBK-CMV-Lc9/Lc9 < Lc9/saponina; ANOVA, p < 0.0001; Tukey, p < 0.05). A more pronounced proliferation, but not statistically different when compared to controls groups, was observed to DNA primer/protein booster injected group using others concentrations of rLc9 used to culture in vitro (1 µg/mL and 10 µg/mL, data not shown). Gamma-interferon production was detected in the culture supernatant at 13.9 ng/mL, 1.18 ng/mL and 1.88 ng/mL to rLc9/sap, pBK-CMV-Lc9 or pBK-CMV-Lc9 followed by rLc9 booster, respectively, but only the rLc9/saponin injected group showed a statiscally significant diference 182 related to all the others groups (ANOVA, p < 0.0005; Tukey, p < 0.01). Administration of rLc9 protein induced a IL-5 production (Figure 4) as seen before in other immunization protocol tested (table 1, Figure 2 and 3). This IL-5 production was completely abrogated, with no production detected, if rLc9 immune response is primed with pBK-CMV-Lc9 DNA plasmid (Figure 4). 4. Discussion In this study, we evaluated the immunogenic properties of a new L. infantum/L. chagasi recombinant antigen (rLc9) as a potential vaccine component candidate against canine visceral leishmaniasis. Groups of BALB/c mice were used to the first evaluation of rLc9 injection as this is an easy and useful model to manipulate and access the immune response to a specific antigen and further to check the role of this response in an infection context. In an initial step, several adjuvants were tested in association with recombinant protein. In addition, DNA-based immunization was examined. All protocols used were done aiming to modulate as the specific immune response type as the intensity to further evaluation of the effective role of the immune response to Lc9 in an infection challenge with L. infantum/L. chagasi. The rLc9 protein was successfully expressed both in a prokaryotic and eukaryotic systems. The specificity of the recombinant protein (39 kDa approximately) was confirmed by reactivity with positive pooled serum of dogs with visceral leishmaniasis and an anti-His-Tag antibody to detect rLc9-(6) histidine-fusion protein produced in E. coli. It is possible that a band of low molecular weight recognized by specific antibodies in the pBK-CMV-Lc9 transfected COS-7 cells maybe rLc9 with partial degradation or mRNA anormally transcribed as sometimes it is observed in prokaryotic expression (Schoemaker et al., 1985). A high purity degree preparation of rLc9 was used to injection of mice, as seen in the SDS-PAGE analysis. The immunogenic properties of the rLc9 were clearly observed. A specific antibody production was induced by rLc9 administration. It must be emphasized that this response presented a Th2-type characteristic pattern with exclusive IgG1 isotype and IL-5 production. No proliferative response or IFN-γ production was observed. Early observations also have shown the natural immunogenicity of this protein. The first one is that the screening of the cDNA library was done with reactive dog´s serum to L. infantum/L. chagasi visceral leishmaniasis and latter by 183 the reactivity of human visceral leishmaniasis patient’s serum (unpublished data). Moreover, initial experiments in our lab showed that the rLc9 induced a strong humoral specific response but it wasn’t observed a proliferative cellular immune response in immunized dogs. Then, as protection or resolution of infection in the dog’s visceral leishmaniasis it is associated to a potent cellular immune response that result in IFN-γ production (Pinelli et al., 1994; Martinez-Moreno et al., 1995; Rhalem et al., 1999), efforts to modulate the immune system response to rLc9 in the murine model were done first by the use of several adjuvant association. Our data demonstrate that among the tested adjuvant only one, the rLc9/saponin association, was effective to change the rLc9 immune response. Using this preparation, a specific cellular immune response was efficiently induced with only a minor difference, but statistically significant, in relation to the intensity of the humoral response compared to the others adjuvant association. However, even so a specific cellular proliferation has been observed, a mixed Th1/Th2 pattern of cytokine production (IFN-γ and IL-5) and antibody isotype (IgG1 and IgG2) was present. This result is in agreement with other work that show the consistent ability of saponin in stimulate of both Th1 and Th2-type cells, with concomitant production of IFN-gamma and IL-10 (Tadokoro et al., 1996). In addition, when compared with a panel of differents adjuvants, associated to a purified glycoprotein from Trypanossoma cruzi, saponin also was the only one to induce delayed-type hipersensitivity and partial protective immunity to a challenge with live parasites (Scott et al., 1984). In the Leishmania models, the saponin as an adjuvant has been susccessfully combined to the FML-antigen of L. donovani to induce strong specific humoral and cellular immune response in immunized BALB/c mice after infection challenge and with high degree protection (84.4%) in terms of the reduction of parasite liver burden (Palatinikde-Sousa et al., 1994 ). In an outbreed mice model, the FML-saponin preparation (or their saponin fractions) also induced IgG2a specific antibodies production in the presence of IgG1 isotype with DTH reaction and IFN-gamma detected in the serum of immunized mice correlated with protection (Santos et al., 2002). In our data reported here, the immune response pattern induced by rLc9/saponin was consistently observed in two others posterior experiments. Contrary to our expectations, the potent immunomodulatory activity of IL-12 was not observed in the first realized experiments. The use of recombinant murine IL-12 to modulate the immune response to soluble Leishmania major antigens (SLA) was clearly demonstrated prior by Afonso et al., 1994 and recently, as IL-12 DNA plasmid injection given with a specific L. 184 donovani antigen rORFF (Tewary et al., 1996). We have presumption about ours results that a toxic effect caused by IL-12 must be compromised the immune response as described by others (Kurzawa et al., 1998; Lasarte et al., 1999; Chen et al., 2001). In another studies it was also demonstrated that IL-12 administration was midly detrimental to spleen instead to contribute to protection (Satger et al., 2000). In the present work, a high level of IL-12 in vivo expression could be induced after DNA plasmid injection followed by electroporation technique as it is showed to other proteins (Rizzuto et al., 1999; Yamashita et al., 2001). Moreover, initially it was used an immunization protocol with 3 time injection of pcDNA3.1-scmu-IL-12. In previous experiments realized in our laboratory, serum of BALB/c mice injected intramuscularly with pcDNA3.1-scmu-IL-12 followed by electroporation showed high levels of IFN-gamma as a consequence of IL-12 effects (Barrouin-Mello, unpublished data) and a evident splenomegaly was also observed after IL-12 plasmid administration (data not shown). Thus, as showed in posterior experiments in this study, a single dose injection of DNA plasmid encoding IL-12 was capable to modulate moderately the specific immune response to rLc9 with a reduction of IL-5 production. A Th1-type immune response was induced to rLc9 when initial DNA-based immunization was done but at lower intensity than protein injection. However, the low or even absence of humoral response seems to be frequently common for DNA vaccines, which favors cellular rather than humoral response (Gurunathan et al., 2000; Mendez et al., 2001; Dumonteil et al., 2003; Aguilar-Be et al., 2005). Thus, it is not easy to explain why the splenocyte proliferation and IFNgamma production was absent or was produced at not statistically significant level, respectively, when only pBK-CMV-Lc9 was administered. We cannot exclude the possibility of a low protein expression in vivo even using a plasmid with a potent promoter and with a high GC content associated to transfection enhancer technique. There is need to consider the prokaryotic promoter presence in the vector that can cause interference with the in vivo expression, as manufacturer insctructions (Stratagene). We demonstrated that an exclusive specific IgG2a production was detected in the serum samples of initially pBK-CMV-Lc9 injected animals. As a clear correlation exist between the antibody isotype switch and the cellular immune response pattern associated (Snapper et al., 1987; Purkerson and Isackson, 1992) we speculated that IFN-γ producer cells were primed after pBK-CMV-Lc9 injection. This Th2/Th1 change to rLc9 immune response was expected since 185 almost all of the DNA vaccines already tested in leishmaniasis experimental models resulted in the development of a Th1-type response with varying degrees of protection (Xu and Liew, 1995; Gurunathan et al., 1997; Walker et al., 1998; Sjolander et al., 1998; Méndez et al., 2001; Rafati et al., 2001). In only one published study, a Th2-type specific response to a Leishmania recombinant protein, the Meta 1 antigen, could not be reverted by the use of DNA injection (Serezani et al., 2002) and the authors attributed this to the potent Th2-immunodominance of the protein. The intensity of the Th1-type response induced to rLc9 after DNA encoding plasmid immunization could be moderatelly increased by the use of the heterologous DNA primer/protein booster strategy. Moreover, in the induced rLc9 murine immune response after heterologous DNA primer/protein booster, neither IgG1 antibodies nor IL-5 production was present at the tested conditions. In other study, a lack of protection against L. major infection was observed following a primer/booster immunization with rLIPO and the authors attributed this to the IgG1 specific antibody detection although splenocytes and lymph node cells from these mice produced high levels of IFN-gamma when stimulated in vitro with rLIPO (Iborra et al., 2003). In spite of the fact that there was no detection neither of IgG1 antibodies nor IL-5 in our model of immunization with rLc9 in a DNA-based immunization and in a DNA primer/protein booster strategy we cannot exclude that IL-10, a key role cytokine involved in susceptibility and/or disease progression in human visceral leishmaniasis and in murine experimental model (Ghalib et al., 1993; Bacellar et al., 2000; Murphy et al., 2001), it was produced after in vitro stimulation with rLc9. This possibility needs to be evaluated in future experiments and to do this LPS determination of purified rLc9 used to in vitro experiments should be tested to exclude the possibility of induction of this and the others cytokines by contamination of this molecule (Huang et al., 1999). Even though the rLc9 protein has been selected by an amastigote form cDNA library this protein is present in both the promastigote and amastigote forms of the parasite (data not shown). It was demonstrated by antibody reactivity of immunized mice with L infantum/chagasi promastigote total extract antigens. However, only a lower reaction was developed in the ELISA. Thus, our data suggest that the Lc9 protein could be in a lower representation in the Leishmania promastigote total extract antigens. Even so, when initial injection with pBK-CMV-Lc9 was used, predominant IgG2a isotype reactive antibodies were observed in the anti-total antigens 186 ELISA after the complete immunization series. In addition, in a prior challenge experiment with L. infantum/chagasi promastigotes, splenocytes of previous pBK-CMV-Lc9 injected group produced high levels of IFN-gamma after in vitro stimulation with rLc9 which was statistically different to the controls (ANOVA, p<0.001 and Tukey, p < 0.05) showing that in a recall response the immunized animals were capable of reactive specific memory cells. In summary, a mild Th2 immune response was induced in mice by the new recombinant L. infantum/chagasi antigen, named rLc9. However, the use of saponin as adjuvant associated with rLc9 antigen changed the response to a strong mixed Th1/Th2 pattern which was not modified to Th1 type by using mIL-12. Nevertheless, initial injection of pBK-CMV-Lc9 induced a predominantly Th1 immune response and heterologous DNA primer/protein booster is a useful strategy to intensify this response. Our studies permitted us to obtain a broad range of rLc9 specific immune response in mice. Future directions are in order to analyze the protocols efficacy in terms of protection against infection both in experimental murine visceral leishmaniasis as in the dog, the outbreed model and target of the vaccine. Acknowledgments We thank Andréa Mendes, Patrícia Meira and Elivani Sacramento for helping us with suggestions and/or experiments during the development of the work. Financial Support: INOVABIO Program, MCT, Brazil, RENORBIO Program, MCT, Brazil, MILENIO VACINAS Program, CNPq and FAPESB. References Abranches, P., M. C. Silva-Pereira, et al. (1991). "Canine leishmaniasis: pathological and ecological factors influencing transmission of infection." J Parasitol 77(4): 557-61. Afonso, L. C., T. M. Scharton, et al. (1994). "The adjuvant effect of interleukin-12 in a vaccine against Leishmania major." Science 263(5144): 235-7. Afrin, F. and N. Ali (1998). "Isotype profiles of Leishmania donovani-infected BALB/c mice: preferential stimulation of IgG2a/b by liposome-associated promastigote antigens." J Parasitol 84(4): 743-8. 187 Aguilar-Be, I., R. da Silva Zardo, et al. (2005). "Cross-protective efficacy of a prophylactic Leishmania donovani DNA vaccine against visceral and cutaneous murine leishmaniasis." Infect Immun 73(2): 812-9. Alexander, B. (2000). "Sampling methods for phlebotomine sandflies." Med Vet Entomol 14(2): 109-22. Ashford, D. A., M. 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The negative control plasmid pRSET without insert did not show any band at the same region neither before (lane 2) nor after (lane 3) IPTG induction. In (B) Western blot is showing the specificity of rLc9 protein in E. coli identified by a pooled of dog´s serum with positive immune response to L. infantum/L. chagasi (lane 4) and with a mouse anti-His tag antibody (lane 5) in a nitrocellulose membrane blotted with rLc9 after a 10,5% SDS-PAGE. Serum of normal dog and mouse antiIgG were used as negative control (lanes 2 and 3, respectively). In (C) rLc9 eukaryotic expression was demonstrated in transfected COS-7 cells. The pBK-CMV-Lc9 DNA plasmid (lane 4) and pBK-CMV empty control (lane 3) were introduced in mammalian cells (COS-7 only, lane 2) by lipofectamine treatment. Identification of rLc9 in the cell lysate was done after 10,5% SDSPAGE followed by transfer to nitrocellulose membrane. Reactivity with positive pooled serum dog’s visceral leishmaniasis was detected only in lane 3. The rLc9 L. chagasi recombinant protein is indicated by arrows to the right of the panel. The location and size (kDa) of the molecular mass markers (Bio-Rad) are shown at the left and in lane 1. FIG 2. Specific immune response in mice injected with rLc9 and different adjuvants. BALB/c mice (six/group) were injected s.c.3 times at 3-week intervals with saline, 100 µg of rLc9 alone or associated with Freund’s adjuvant, saponin, peanut oil, alum or 50 µg of a plasmid encoding single chain murine IL-12 (pcDNA3.1-scmIL-12). Plasmid DNA was injected intramuscularly followed by electroporation. Mice were bled 10 day following the final injections and serum from the mice in each group was evaluated individually. For indirect ELISA, 96-well microtiter plates were coated with 100 µL of rLc9 (5 µg/mL) by overnight incubation in 0,1M carbonate-bicarbonate buffer pH 9.6, by overnight incubation. For total IgG detection serum samples were diluted 1:5000. Then, goat anti-mouse IgG-peroxidase was used. For measurement of IgG1 and IgG2a, samples were diluted to 1:50.000 followed by biotin-conjugated rat antimouse IgG1 or anti-mouse IgG2a and avidin-peroxidase incubation. Color development was done with substrate buffer containing TMB-H2O2 and optical density at 450 nm was determined. Each sample was examined in duplicate. Results are expressed as the mean ± SD. Cellular 192 immune response was evaluated with 4 weeks after the final injection. Individual spleen cell suspension was obtained and cultured for lymphoproliferative response assay and cytokine production measurement. For cell proliferation, 3 x 105 cells/well were cultured, in triplicate, in a 96-wells plate with supplemented culture medium alone or with rLc9 (0,1 µg/mL) for 5 days at 37oC in a humidified ambient with 5% CO2. Cell proliferation was measured by more 18 h incubation of cells with 3H-thymidine. The results are presented as the mean of Stimulation Index (SI) ± SD of each group. To cytokine production evaluation, splenocytes were cultured in a 24-wells, 9 x 105 cells/well, in the presence of rLc9 (10 µg/mL) for 48 h. Then, supernatants were collected and used in a capture ELISA to detect IFN-gamma and IL-5. Individual samples were tested to IFN-gamma and pooled samples to IL-5 measurement. The IFN-γ values are represented as the mean ± SD of each group. * ANOVA and Tukey, p < 0.05 compared to control group. FIG 3. Specific immune response in mice injected with rLc9 and different amounts of murine IL-12 encoding DNA plasmid. BALB/c mice (six/group) were injected s.c.3 times at 3week intervals with 100 µg of rLc9/saponin (rLc9 sap). In the first dose of injection, a plasmid encoding single chain murine IL-12 (pcDNA3.1-musc-IL-12) was administered in animals of four groups at different quantities soon after rLc9 injection. Plasmid DNA intramuscular injection was followed by electroporation. Saline, Saponin and pcDNA3.1 empty plasmid control groups were included in the experiment. Mice were bled 10 day after the final injections and serum from the mice in each group was evaluated individually. To indirect ELISA assay, 96-well microtiter plates were coated with 100 µL of rLc9 (5 µg/mL) by overnight incubation in 0,1M carbonatebicarbonate buffer pH 9,6. For total IgG detection serum samples were diluted 1:5.000. Next, goat anti-mouse IgG-peroxidase was used. For measurement of IgG1 and IgG2a antibodies, samples were diluted to 1:350.000 followed by biotin-conjugated rat anti-mouse IgG1 or antimouse IgG2a and avidin-peroxidase incubation. Color development was done with substrate buffer containing TMB-H2O2 and optical density at 450 nm was determined. Each sample was examined in duplicate. Results are expressed as the mean ± SD. Cellular immune response was evaluated with 4 weeks after the final injection. Individual spleen cell suspension was obtained and cultured for lymphoproliferative response assay and cytokine production measurement. For cell proliferation (A), 3 x 105 cells/well were cultured, in triplicate, in a 96-wells plate with supplemented culture medium alone or with rLc9 (0,1 µg/mL) for 5 days at 37oC in a humidified 193 ambient with 5% CO2. Cell proliferation was measured by more 18 h incubation of cells with 3Hthymidine. The results are presented as the mean of Stimulation Index (SI) ± standard deviation of each group. To cytokine production evaluation, splenocytes were cultured in a 24-wells, 9 x 105 cells/well, in the presence of rLc9 (10 µg/mL) for 48 h. Then, supernantants were collected and used in a capture ELISA to detect IFN-gamma and IL-5 as described in Material and Methods. Individual samples were tested to IFN-gamma and pooled samples to IL-5 measurement. The IFN-γ values are represented as the mean ± SD of each group. * ANOVA and Tukey, p < 0.05 compared to controls groups. FIG 4. Specific immune response in mice after Lc9 encoding DNA plasmid injection. BALB/c mice (six/group) were injected s.c.3 times at 3-week intervals with saline, saponin, pBKCMV empty plasmid, rLc9/sap or pBK-CMV-Lc9. Another group received two initial injection of pBK-CMV-Lc9 followed by a rLc9/sap booster at the third injection. Plasmid DNA was injected intramuscularly followed by electroporation. Mice were bled 10 day following the final injections and serum from the mice in each group was evaluated individually. For indirect ELISA assay, 96-well microtiter plates were coated with 100 µL of rLc9 (5 µg/mL) by overnight incubation in 0,1M carbonate-bicarbonate buffer pH 9,6. For total IgG detection serum samples were diluted 1:5.000. Then, goat anti-mouse IgG-peroxidase was used. To measurement of IgG1 and IgG2a, samples were diluted to 1:350.000 followed by biotin-conjugated rat anti-mouse IgG1 or anti-mouse IgG2a and avidin-peroxidase incubation. Color development was done with substrate buffer containing TMB-H2O2 and optical density at 450 nm was determined. Each sample was examined in duplicate. Results are expressed as the mean ± standard deviation. Cellular immune response was evaluated with 4 weeks after the final injection. Individual spleen cell suspension was obtained and cultured for lymphoproliferative response assay and cytokine production measurement. For cell proliferation (A), 3 x 105 cells/well were cultured, in triplicate, in a 96-wells plate with supplemented culture medium alone or with rLc9 (0,1 µg/mL) for 5 days at 37oC in a humidified ambient with 5% CO2. Cell proliferation was measured by more 18 h incubation of cells with 3H-thymidine. The results are presented as the mean of Stimulation Index (SI) ± SD of each group. To cytokine production evaluation, splenocytes were cultured in a 24-wells, 9 x 105 cells/well, in the presence of rLc9 (10 µg/mL) for 48 h. Then, supernatants were collected and used in a capture ELISA to detect IFN-gamma and IL-5. Individual samples were 194 tested to IFN-gamma and pooled samples to IL-5 measurement. The IFN-γ values are represented as the mean ± SD of each group. * ANOVA and Tukey, p < 0.05 compared to controls groups. 195 Table 1. Immunization protocols Immunization protocol 1 Prime Boost Day 0 Day 21 Day 42 saline saline saline rLc9 rLc9 rLc9 rLc9 CFAa rLc9 IFAb rLc9 IFA rLc9 sapc rLc9 sap rLc9 sap rLc9 alum rLc9 alum rLc9 alum rLc9 peanut oil rLc9 peanut oil rLc9 peanut oil rLc9 pIL-12 (50 µg) rLc9 pIL-12 rLc9 pIL-12 2 sap sap sap rLc9 sap rLc9 sap rLc9 sap rLc9 sap + pIL-12 (50 µg) rLc9 sap rLc9 sap rLc9 sap + pIL-12 (10 µg) rLc9 sap rLc9 sap rLc9 sap + pIL-12 (2 µg) rLc9 sap rLc9 sap rLc9 sap + pIL-12 (0.4 µg) rLc9 sap rLc9 sap 3 pBK-CMV empty pBK-CMV empty pBK-CMV empty pBK-CMV-Lc9 pBK-CMV-Lc9 pBK-CMV-Lc9 pBK-CMV-Lc9 pBK-CMV-Lc9 rLc9 sap Protocols used for BALB/c mice immunization. protocols followed for BALB/c mice. Animals were primed by injecting s.c. with 100 µg of rLc9 in combination with different adjuvant or i.m. with 50 µg of plasmid pBK-CMV-Lc9. The animals were boosted as indicated 21 or 42 day later. The control group Saline was repeated in all the immunization protocols tested. Furthermore, the saponin and rLc9 sap injected groups (included in the protocol number 2) were used as a control group in immunization protocol 3. a Complete Freund´Adjunt b Incomplete Freund´Adjuvant c saponin (Quilaja bark-Sigma) Santos, L.R.; Fraga, R.E; Pinheiro, C.G.M.; Rodrigues, M.; dos Santos, W.L.C.; Pontes-deCarvalho, L.C.; Oliveira, G.G.S. 196 A B KDa KDa 20 0 116 9 7 ,4 66 200 C KDa 200 116 9 7 ,4 45 116 9 7 ,4 66 31 66 45 45 2 1 ,5 29 29 1 4 ,4 6 ,5 L a ne s: 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 1 2 3 4 FIG 1 Santos, L.R.; Fraga, R.E; Pinheiro, C.G.M.; Rodrigues, M.; dos Santos, W.L.C.; Pontes-deCarvalho, L.C.; Oliveira, G.G.S 197 IgG 60 p<0,05 2 Lymphoproliferation * p<0,05 * * 1 Index * * * IgG1 2 * * * IFN-γ * * p<0,05 4.0 ng/mL * 1 * 2.0 0.0 p<0,05 2.0 /P n ea nu tO Lc il 9/ Al Lc um Sc 9/p m cD u- N IL A3 -1 .1 2 - on i Lc 9 /S ap Lc 9 eu n d’ s ad j . 0.0 Fr Lc 9 1.0 e . on i ad j /S ap d’ s Lc 9 Lc 9 Lc 9/ Fr eu n Sa lin e 0 /P n ea nu tO Lc il 9/ Al Lc um Sc 9/p m cD u- N IL A3 -1 .1 2 - 1 IL-5 Lc 9 * Sa lin IgG2a Lc 9/ 0 2 20 0 0 ng/mL Optical density (450 nm) * 40 FIG 2. Santos, L.R.; Fraga, R.E; Pinheiro, C.G.M.; Rodrigues, M.; dos Santos, W.L.C.; Pontes-deCarvalho, L.C.; Oliveira, G.G.S. Sa lin e Sa Lc p 9/ o Lc ni pc Lc 9/ n DN 9/ pc A3 Sa Lc DN 9/ .1 p A3 on -S pc .1 in cm DN (5 uA3 0 IL Lc .1 µg -1 9/ -S ) 2 pc cm (5 Lc D u0 9/ NA I µ pc L3. g) DN 12 1Sc A3 (1 m 0 .1 uµg -S IL ) cm 1 u2 IL ( 2 -1 µg 2 ) (0 ,4 µg ) 2 1 0 2 Index * * * * * * IgG1 * * IgG2a * p<0,05 * * * 1 20 0 0 12 p<0,05 * * 1 0 p<0,05 * * 0.0 Sa lin e S Lc a po 9/ Lc ni pc Lc 9/ n DN 9/ pc A3 Sa Lc DN 9/ .1 po A3 -S pc ni .1 cm DN n ( uA3 50 IL Lc .1 µ -1 g) 9/ -S 2 pc cm (5 Lc DN u0 9/ IL A3 µg pc -1 .1 ) DN 2 S A3 (1 cm 0 .1 uµg -S IL ) cm -1 u2 IL ( 2 -1 µg 2 ) (0 ,4 µg ) 2 IgG ng/mL 3 ng/mL Optical density (450 nm) 198 60 0.8 Lymphoproliferation p<0,05 40 IFN-γ * p<0,05 8 4 0 1.0 IL-5 0.6 0.4 0.2 FIG 3. Santos, L.R.; Fraga, R.E; Pinheiro, C.G.M.; Rodrigues, M.; dos Santos, W.L.C.; Pontes-deCarvalho, L.C.; Oliveira, G.G.S 199 IgG 15 p<0,05 Lymphoproliferation * Index 2 * 1 p<0,05 10 * 5 * 0 0 IgG1 ng/mL * 1 0 2 IFN-γ 30 p<0,05 * p<0,05 10 4 2 0 1.0 p<0,05 IgG2a 0.8 1 * * 0 IL-5 0.6 0.4 0.2 on in pB KCM Lc V 9/ Sa po pB ni n KCM pB VKLc CM 9 VLc 9/ Lc 9 Sa lin e/ Sa p Sa lin e 0.0 Sa Sa lin lin e e/ Sa po ni n pB KCM Lc V 9/ Sa po pB ni n KCM pB VKLc CM 9 VLc 9/ Lc 9 2 ng/mL Optical density (450 nm) * FIG 4. Santos, L.R.; Fraga, R.E; Pinheiro, C.G.M.; Rodrigues, M.; dos Santos, W.L.C.; Pontes-deCarvalho, L.C.; Oliveira, G.G.S.O.