ALTERAÇÕES NA GLÂNDULA PARÓTIDA E MÚSCULOS MASTIGATÓRIOS, EXPRESSÃO KI-67 E CASPASE EM CAMUNDONGOS INFECTADOS COM Leishmania chagasi Renan Bastos Leite (Iniciação Científica Voluntária – ICV – UFPI), Airton Mendes Conde Júnior (Orientador, Depto de Morfologia – UFPI) INTRODUÇÃO: Vários estudos já tentaram compreender a natureza da infecção por Leishmania chagasi. Observou-se que os animais são o melhor modelo para a caracterização da doença e de eventos responsáveis por importantes impactos no hospedeiro. A apoptose pode exercer um papel relevante na regulação das interações entre os organismos unicelulares e multicelulares que possibilitam o estabelecimento e persistência de interações entre hospedeiro e parasita, além de poder reduzir o aparecimento da inflamação e evasão do parasita a favor do sistema imune do hospedeiro. No contexto que envolve resposta imune e infecção, a apoptose, portanto, é muito relevante. O Ki-67 é um antígeno nuclear utilizado para identificar células em proliferação. Ele se expressa em todas as fases do ciclo celular (G1, S, G2, M), exceto no período de repouso, portanto não marca as células em quiescência (G0). O anticorpo monoclonal Ki-67 detecta uma proteína nuclear. O modelo experimental que será desenvolvido avaliará a proliferação celular nas glândulas salivares dos camundongos após infecção com Leishmania chagasi e a apoptose, sendo que a apoptose de células T pode ser mediada por via intrínseca privativa do fator de crescimento e caspase-9 ativação. OBJETIVOS: Estudar as alterações na glândula parótida e músculos mastigatórios além da expressão ki-67 e caspase em camundongos infectados com Leishmania chagasi. MÉTODOS: Foram adotados ao todo 4 grupos (total: 24 animais) de camundongos isogênicos BALB/c, machos, sendo o primeiro grupo o controle negativo. Os animais passaram por 7 vermifugação e os três grupos experimentais receberam por via intraperitoneal 2x10 amastigotas purificadas de Leishmania chagasi. Após eutanasiados, fez-se a dissecação das estruturas a serem analisadas (glândulas salivares e músculo masseter), que passaram pela rotina histológica e análise imuno-histoquímica. RESULTADOS E DISCUSSÃO: As glândulas salivares são estruturas essenciais a todo animal que as possui. E, no caso dos roedores, adquirem importância adicional quando consideramos sua relação com os seres humanos, especialmente devido aos grandes aglomerados urbanos, onde faltam adequadas condições de higiene, favorecendo seu crescimento em número. Outra entidade que tem estreita relação com o Homo sapiens é a leishmaniose, doença que pode ter como hospedeiro os roedores. Histologicamente, observa-se que as glândulas salivares maiores apresentam uma estrutura em comum (Fig. 01, 02 e 03). Todas apresentam terminações secretoras, além de um sistema de ductos que, juntos, formam os chamados lóbulos. As terminações secretoras podem ser formadas por dois tipos de células, as serosas ou mucosas. A principal diferença entre as glândulas salivares maiores reside na constituição de sua porção secretora. A glândula parótida, por exemplo, possui uma porção secretora formada unicamente por células serosas (Fig. 03). As glândulas submandibular e sublingual, por sua vez, possuem uma porção secretora formada tanto por células serosas quanto por mucosas (Fig. 04 e 05). A diferença reside na predominância: enquanto na submandibular a maioria é formada por células serosas, na sublingual predominam as células mucosas. 1 2 3 Figura 01: Glândula Parótida de camundongo pertencente ao grupo controle. Sua porção secretora é constituída apenas por células serosas, que se unem e formam os ácinos (seta azul). É possível ver, ainda, os ductos intercalares (seta vermelha). Hematoxilina – Eosina. Aumento 200X. Figura 02: Glândula submandibular de camundongo pertencente ao grupo controle. Sua porção secretora é constituída de células serosas (seta azul) e mucosas (seta vermelha), as primeiras em maior quantidade. É possível observar, ainda, ductos estriados (seta branca). Hematoxilina – Eosina. Aumento 200X. Figura 03: Glândula Sublingual de camundongo pertencente ao grupo controle. Sua porção secretora é constituída por células serosas (seta amarela) e mucosas (seta vermelha), as últimas em maior quantidade. É possível observar, ainda, o ducto excretor em corte transversal (seta preta). Hematoxilina – Eosina. Aumento 200X. Quanto ao músculo masseter, observa-se que ele é formado por longos feixes de células cilíndricas e multinucleadas, as chamadas miofibrilas (Fig. 04). Seus núcleos encontram-se localizados na periferia, diferentemente do que acontece no músculo cardíaco, cujos núcleos localizam-se centralmente. Esse músculo também é de especial importância na relação entre roedores e o homem, já que é ele o responsável pela mordedura desses animais, que é uma possível forma de contaminação. A B Figura 04: Músculo Masseter de camundongo pertencente ao grupo controle. Nela, observam-se as fibras musculares em aspecto longitudinal (A) e transversal (B). As fibras musculares são multinucleadas (setas). Hematoxilina – Eosina. Aumento 200X. Pela técnica do imprint, realizada tanto no baço como na medula óssea, observou-se a presença de amastigotas em ambas as lâminas. Com isso, pode-se concluir que os camundongos que receberam as amastigotas purificadas de Leishmania chagasi de fato desenvolveram a leishmaniose (Fig. 05). A B Figura 05: A – Representação de amastigotas de Leishmania em imprint de baço. B – Representação de amastigotas de Leishmania em imprint de medula óssea. O processo de imunohistoquímica não havia sido realizado até a confecção deste resumo por problemas na obtenção dos camundongos e dos antígenos. Portanto, os resultados referem-se apenas à observação das estruturas referentes ao grupo controle e à infecção por Leishmania dos camundongos do grupo II (experimental). CONCLUSÃO: Conclui-se, pelo exposto, que as glândulas salivares apresentam uma estrutura em comum, constituída de ductos e lóbulos; é possível evidenciar histologicamente a estrutura do músculo masseter (constituída por miofibrilas e com núcleos na periferia das células) e que, após inoculação por via intraperitoneal de amastigotas purificadas de Leishmania (Leishmania) chagasi, ocorre infecção dos camundongos, evidenciada pela técnica do imprint. A avaliação imunohistoquímica será realizada em um momento posterior do estudo. APOIO: Setor de Histologia e Embriologia – UFPI. REFERÊNCIAS: NEVES, D. P. et al. Parasitologia Humana. 11ed. São Paulo: Atheneu, 2005. Desjeux P. The increase in risk factors for leishmaniasis worldwide. Trans R Soc Trop Med Hyg. 2001; 95: 239-243. Shaha D. Apoptosis in Leishmania species & its relevance to disease pathogenesis Indian J Med Res 123, March 2006, pp 233-244. Alves Nl, Van Lier Ra e Eldering E. Withdrawal symptoms on display: Bcl-2 members under investigation. Trends Immunol 2007, 28: 26–32. Palavras-Chave: Glândulas salivares. Músculo masseter. Leishmania.