O Senhor VITAL DO RÊGO FILHO (PMDB-PB) pronuncia o seguinte discurso: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, o Brasil iniciou o ano de 2008 com marcas admiráveis. A taxa de crescimento do Produto Interno Bruto superou os 5%, dobrando em relação à média dos últimos 20 anos. O índice de desemprego baixou para um dígito e deve se situar na casa dos 8%. A renda, que decresceu até 2002, não pára de aumentar. A inflação está abaixo do centro da meta definida pelo Governo, de 4,5% ao ano. A produção industrial alcançou seu pico histórico, e as vendas do comércio superam todas as previsões. A produção de bens de capital teve um crescimento de 24%. O volume de crédito destinado às pessoas físicas praticamente triplicou em cinco anos, com expansão de 25% a 30%, sustentado por juros menores e prazos mais longos de pagamento. A 1 conjunção de todos esses fatores fez com que cerca de 20 milhões de pessoas migrassem das classes D e E para a classe C, criando um mercado de consumo promissor. O Brasil invulnerabilidade equilibradas. Há, está externa crescendo e contas com públicas realmente, um Brasil novo emergindo com força suficiente para superar os atrasos e gargalos que frustraram muitas gerações. De fato, os trabalhadores brasileiros passaram a ganhar mais (com elevação da massa salarial de 7,2% nos últimos 12 meses), e houve um processo de formalização no mercado de trabalho que chegou a um milhão e quatrocentos mil empregos nos últimos 12 meses. Ademais, a lucratividade das empresas está crescendo, como resultado do aumento de produtividade que vem acompanhado de novos investimentos. Pela primeira vez, nos últimos 20 anos, estamos vivendo um momento que não é de crise econômica, mas sim de abundância de possibilidades. Já passamos por crises sim, em 2 governos anteriores, e aprendemos muito com elas. Até chegar à situação atual, foram muitas as turbulências: em período anterior ao do Governo Lula, o Brasil foi sacudido por várias crises externas, teve de conviver com constantes choques de juros e abortar ciclos de crescimento que pareciam promissores. Mas, hoje, há recordes históricos. O aumento da arrecadação dos últimos anos resulta do bom desempenho da nossa economia. O Brasil, Senhor Presidente, está sendo ofertado no exterior como um bom país para se investir. Fatores estruturais também colaboram para fazer do Brasil um porto seguro - e rentável para os estrangeiros. O País, nos últimos anos, registrou recordes de abertura de capital das empresas, graças ao amadurecimento do mercado de ações. No âmbito das contas do setor público, o equilíbrio fiscal reduz qualquer possível vulnerabilidade da nossa economia a choques externos, condicionando a situação 3 macroeconômica interna. Os indicadores de solvência do País, como as reservas internacionais elevadas, nunca foram tão bons. Dados do FMI apontam queda de 0,4% no crescimento do mercado mundial em 2008, em virtude da crise na economia norte-americana. No entanto, a situação favorável da economia brasileira dá ao País condições de reagir a possíveis crises no mercado internacional. A estabilidade macroeconômica do Real e exportações fortes, beneficiando-se do preço das commodities, também colaboram para atrair dólares. Assim, o Brasil garante ganhos elevados ao estrangeiro de forma segura, sem os solavancos que marcavam a economia do País no período anterior ao do atual Governo. Ocorre nítida diminuição da concentração de renda no País. Altíssimo percentual da população brasileira vem sendo beneficiado com a política econômica e de transferência de renda adotada pelo Governo Federal nos últimos cinco anos, diminuindo as desigualdades, elevando as 4 taxas de escolaridade e promovendo a segurança alimentar. O Governo Lula tem implementado uma política clara de erradicação da pobreza extrema e da inclusão social das famílias mais pobres, mediante o fomento de diversos programas de assistência social. O aumento do poder de compra da população, principalmente por conta do crescimento da massa real de salários, fez com que os brasileiros consumissem mais nos supermercados. Há cinco anos, o salário mínimo era menos da metade do valor de hoje. Atualmente, o salário mínimo já ultrapassa os duzentos dólares. Graças a isso, a população mais enfraquecida tem conseguido melhorar sua qualidade de vida. Com o novo salário mínimo, serão injetados na economia R$ 16 bilhões, o que vai gerar melhora na economia nacional e permitir um incremento de R$ 4,1 bilhões na arrecadação tributária. Esse aumento do poder de compra 5 aconteceu em todas as classes sociais, fazendo crescer a dinâmica do panorama econômico nacional. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, o equacionamento da realidade econômica e social apresenta-se favorável em virtude da política praticada pelo Governo Lula. Sim. Porque nenhuma questão se resolve, ou pode, sequer, ser encaminhada a sua solução, se resolvido não for, de modo mais ou menos razoável, o problema preliminar de que todos os outros dependem: a política. Há política e política. Política com P maiúsculo e política com p minúsculo. Se as soluções econômicas e sociais se organizam de forma positiva no Governo atual, é porque a política levada a cabo pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva é a política certa. Foi esse o componente decisivo que possibilitou mudanças conjunturais afirmativas, como não se viam desde o pós-guerra no Brasil. E com o brasileiro respirando um clima 6 de liberdades democráticas, de respeito às instituições nacionais. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, apesar de todas essas alvíssaras, a situação cambial do presente momento é um pouco preocupante. A diminuição do valor do dólar deve soar como um alerta ao Governo, pois poderá trazer, como conseqüências, o perigo da volta da inflação e o desequilíbrio da balança comercial, com o aumento das importações, em detrimento da possibilidade exportadora do País, tornando possível a desestabilização da nossa economia. Também o consumo interno não pode superar a capacidade produtiva do País, sob pena de haver uma volta da inflação. Na ata da última reunião do COPOM, o Banco Central chamou a atenção para o excesso de demanda e os riscos de pressão inflacionária. Entretanto, Senhor Presidente, isso é apenas um alerta que eu faço, mas não um alarme de perigo iminente, visto que, até agora, consumo, produção e contratações estão crescendo juntos. 7 Ou seja, a demanda interna está tendo resposta imediata da produção. Então, o risco de inflação é pequeno. Está-se produzindo mais, contratando-se mais e consumindo-se mais, contudo ocorre crescimento de oferta junto com o da produção interna. Por ora, isso é um alívio para todos nós. Nas últimas semanas, o dólar tem batido recordes históricos de baixa frente ao euro e ao iene. Globalmente, o dólar perde valor como reflexo de problemas estruturais da economia norte-americana, com sucessivos déficits em conta corrente que o conduzem à perda de espaço no comércio mundial. Internamente, a fraqueza do dólar diante do real é fruto, principalmente, dos juros elevados, que estimulam o ingresso de capital especulativo. A perda de valor da moeda reflete a desconfiança em relação à economia norteamericana, com os chamados déficits gêmeos comercial e fiscal. Sob qualquer ângulo analisado, a tendência de baixa do dólar, no curto prazo, deve se manter, o que é perigoso, visto que a queda do 8 dólar pode afetar a inflação brasileira, tornando mais baratas as peças importadas, facilitando, assim, a importação de produtos. O aumento de importações no bimestre janeiro-fevereiro de 2008 (50,7%) já foi muito maior do que a média do ano passado (31,5%). Esse fator foi o grande determinante do menor saldo comercial obtido pelo País nesses meses em comparação a 2007. Embora ainda haja certo espaço para o aumento das importações no País, não podemos esquecer que o crescimento sustentável do Brasil está ancorado em medidas que estimulem as exportações, principalmente a de produtos manufaturados. A solução é diminuir a entrada de recursos, pois, com menos divisas entrando na economia, haverá uma pressão menor sobre a taxa de câmbio, o que tenderá a evitar uma queda maior do dólar. Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, os céticos dizem que tudo o que foi colhido de positivo no Governo Lula deveu-se a decisões de governos anteriores e à conjuntura 9 internacional favorável. Como os ventos que vêm de fora já não animam mais, chegou a hora de o Presidente Lula mostrar que pode fazer a diferença. As conquistas do País são inegáveis. Mas os riscos de perdê-las são maiores do que muitos imaginam. Eis o motivo do alerta expresso no meu discurso. Muito obrigado. 10