Discurso do Deputado Paulo Mourão (PSDB-TO) sobre o crescimento dos investimentos sociais do setor privado, proferido na sessão de Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela o crescimento significativo da participação de empresas privadas brasileiras em ações de cunho social. De acordo com a pesquisa, apenas no ano passado esses investimentos em projetos sociais somaram R$ 4,7 bilhões, o que representa 0,4% do Produto Interno Brasileiro (PIB). A pesquisa mostra, ainda, que 78% das 9.140 empresas consultadas pretendem ampliar seus investimentos sociais ou estudam essa possibilidade. A tendência de crescimento pode ser constatada com o aumento do número de organizações filiadas ao Instituto Ethos – Empresas e Responsabilidade Social que, em três anos, atraiu 600 novas companhias. Apenas essas empresas são responsáveis por um faturamento equivalente a 29% do PIB nacional. O aspecto mais importante nesse processo é a competência demonstrada pelas OnGs e pelo setor privado na atuação em favor de 841066776 -1- comunidades carentes, se comparada com o desempenho das organizações oficiais. O estudo mostra que nas ações implementadas pelo setor público apenas 9 centavos de cada dólar investido chega às populações carentes. No caso das empresas privadas e organizações não-governamentais, essa relação é de 80 centavos por dólar. Qual a explicação para essa discrepância? O estudo deixa evidente que historicamente as ações do setor público pecam pela má gestão dos recursos, que se perdem na ineficiência administrativa e na aplicação inadequada. Enquanto isso, as empresas mostram que com profissionalismo e com uma estrutura enxuta e mais eficiente é possível beneficiar um maior número de pessoas carentes com o mesmo volume de recursos. Além disso, ao incluir ações sociais entre suas prioridades, a iniciativa privada tem objetivos diferentes do setor público. Investindo em projetos sociais e movidas apenas por espírito de solidariedade, essas organizações acabam obtendo resultados melhores do que o Estado, que tem a obrigação de combater a pobreza e reduzir as desigualdades sociais. Sabe-se que o Brasil teria recursos suficientes para garantir condições dignas de vida a todos os brasileiros. Entretanto, parte significativa dos recursos se perde nos descaminhos da burocracia e na gestão inadequada dos programas sociais. Embora tenha havido grandes avanços no atual Governo, particularmente com medidas de descentralização dos recursos e municipalização 841066776 dos projetos, as -2- ações oficiais ainda são sensivelmente ineficientes se comparadas com as iniciativas do setor privado. Para se ter idéia dessa eficiência, lembro que com apenas R$ 12,7 milhões anuais o Instituto Ayrton Senna desenvolve programas como o Acelera Brasil, que atende 51 mil crianças em 24 municípios, recuperando alunos que apresentam problema crônico de repetência. Em apenas um ano os alunos conseguem recuperar de duas a quatro séries escolares. Além da eficiência, o programa representa para o governo uma economia de R$ 30 milhões que seriam gastos anualmente para manter esses alunos repetentes na mesma série. Qual o segredo do resultado positivo dessas ações? No caso das empresas, a eficácia nos investimentos decorre do uso de boas técnicas de gestão empresarial, além da correta aplicação dos recursos e definição de objetivos estratégicos. Os empresários têm consciência também de que fazer filantropia significa associar a imagem de sua empresa a ações positivas. E sabem que muitos investidores levam em conta a preocupação social e ambiental das empresas ao aplicar seus recursos em determinados negócios. Nos Estados Unidos e na Europa, por exemplo, muitos fundos de investimento somente investem em companhias que desenvolvam programas sociais e ambientais. E essa prática começa a chegar ao Brasil. Como conseqüência do aumento do número de empresas que fazem investimentos sociais, cresce também no País a demanda por profissionais especializados na administração desses programas. Com 841066776 -3- isso, amplia-se o mercado de trabalho e surgem novas perspectivas para esse novo ramo de atividade. O estudo do Ipea revela, portanto, Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, que essa maior participação da iniciativa privada em projetos sociais amplia a cadeia de benefícios voltados para o atendimento das necessidades básicas das populações carentes. Mas dá também ao Poder Público um exemplo de como é possível desenvolver, com transparência, economia e eficácia, importantes políticas de combate à pobreza e de redução das desigualdades sociais no País. Muito obrigado. 841066776 -4-