O método de Newton para a obtenção de uma raiz de uma função A raiz 𝑥̅ de uma função y = f(x), também chamada zero da função, é um número real que anula essa função, isto é, f(𝑥̅ ) = 0. Métodos diretos, quando podem ser aplicados, fornecem o valor exato da raiz da equação. Esse é o caso da fórmula para a obtenção da raiz de uma equação do segundo grau ax2 + bx + c = 0 (𝑥̅ = −𝑏±√𝑏2 −4𝑎𝑐 2𝑎 ). Também usamos um método direto para encontrar a raiz da equação 𝑒 𝑥 − 5 = 0 (𝑒 𝑥 = 5 → 𝑥̅ = 𝑙𝑛5). O método de Newton fornece uma ótima aproximação para a obtenção de raízes de funções quaisquer. Vimos que a derivada de uma função y = f(x) em ponto x0 é o coeficiente angular da reta tangente a essa curva no ponto T(x0, f(x0)). Assim, mt = f’(x0) e a reta tangente tem equação y – f(x0) = f’(x0).(x – x0) ou então: 𝑡: 𝑦 = 𝑓 ′ (𝑥0 ). 𝑥 − 𝑓 ′ (𝑥0 ). 𝑥0 + 𝑓(𝑥0 ) Vamos usar essa interpretação geométrica da derivada para, a partir de uma aproximação x0 para a raiz 𝑥̅ , construir uma sequência de pontos {𝑥𝑛 } = { x1, x2, x3, ... } que converge para essa raiz 𝑥̅ . Seja t0 a reta que tangencia a curva y = f(x) no ponto T0 (x0,f(x0)). Obtemos x1 fazendo a interseção de t0 com o eixo x (figura 1) x 𝑡0 𝑦 = 𝑓(𝑥) 𝑇0 𝑓(𝑥0 ) 𝑥1 𝑥̅ 𝑥0 x Figura 1: A reta tangente a curva y = f(x) no ponto T0 e a sua interseção com o eixo x. Assim, se 𝑓 ′ (𝑥0 ) ≠ 0 𝑓 ′ (𝑥0 ). 𝑥1 − 𝑓 ′ (𝑥0 ). 𝑥0 + 𝑓(𝑥0 ) = 0 ⟹ 𝑓 ′ (𝑥0 ). 𝑥1 = 𝑓 ′ (𝑥0 ). 𝑥0 − 𝑓(𝑥0 ) ⟹ 𝑥1 = 𝑥0 − 𝑓(𝑥0 ) 𝑓 ′ (𝑥0 ) Obtemos os demais pontos da sequência repetindo o procedimento, isto é: traçamos a reta t1 que tangencia a curva y = f(x) em T1 (x1,f(x1)). Fazendo a interseção de t1 com o eixo x obtemos x2. 𝑥2 = 𝑥1 − 𝑓(𝑥1 ) 𝑓 ′ (𝑥1 ) traçamos a reta t2 que tangencia a curva y = f(x) em T2 (x2,f(x2)). Fazendo a interseção de t2 com o eixo x obtemos x3. E assim sucessivamente (figura 2), encontramos 𝑥𝑘+1 = 𝑥𝑘 − 𝑓(𝑥𝑘 ) 𝑓 ′ (𝑥𝑘 ) 𝑡2 y 𝑡1 𝑡0 𝑦 = 𝑓(𝑥) x 𝑓(𝑥0 ) 𝑇0 𝑥1 x 𝑓(𝑥2 ) 𝑥2 𝑇2 𝑓(𝑥1 ) 𝑇1 𝑥0 x ̅ Figura 2: A construção da sequência {xn} que converge para 𝒙 Uma pergunta importante: Essa sequência {xn} sempre converge para a raiz 𝑥̅ ? E quando devemos considerar 𝑥𝑛 = 𝑥̅ ? 𝑓(𝑥).𝑓"(𝑥) | [𝑓 ′ (𝑥)]2 A resposta à primeira pergunta é dada pelo teorema: Se | < 1 para qualquer x em um intervalo em torno de uma raiz 𝑥̅ , a sequência {xn} construída pelo método de Newton converge para 𝑥̅ qualquer que seja o valor inicial de x0 nesse intervalo (Finney, Weir e Giordano - Cálculo: George B Thomas, volume 1). Em outras palavras o teorema diz que se escolhermos x0 suficientemente próximo da raiz 𝑥̅ e tal que f”(x0) ≠ 0, então a sequência {xn} muito provavelmente vai convergir para a raiz 𝑥̅ . Há exceções, mas são poucas. Para a segunda questão consideramos xn = 𝑥̅ quando |f(xn)| é próximo de zero. Para tanto estabelecemos uma precisão ε e consideramos 𝑥𝑘 = 𝑥̅ quando |f(xk)| < ε Observação: As operações para a construção {xn} são trabalhosas. Devemos, preferencialmente, usar uma planilha eletrônica para a aplicação do Método de Newton. A localização da raiz - e a conseqüente escolha da aproximação inicial x0 - pode ser feita a partir da construção do gráfico da função. Usamos o Excel para o exemplo abaixo. Ex 1. Encontrar a raiz de x3 – x – 1 = 0, considerando ε = 10-6. y O gráfico da função, desenhado com o Winplot, mostra que temos uma única raiz e que ela está entre x = 1 e x = 2. x Observar também que f(1) = -1 < 0 e que f(2) = 5 > 0. Vamos considerar x0 = 1,5. Como f ’(x) = 3x2 – 1, a sequência é construída a partir de 𝑥𝑘+1 = 𝑥𝑘 − 𝑥𝑘 3 − 𝑥𝑘 −1 3𝑥𝑘 2 −1 e mostrada na planilha abaixo: Ex. 2: Encontrar a raiz de √𝑥 − 2𝑥 + 2 = 0, considerando ε = 10-6. Desenhar o gráfico com o winplot. Ex. 3: Encontrar o ponto de interseção entre as curvas y = e-x e y = 2x+1. Observe que esse ponto de interseção é a raiz da equação e-x – (2x+1) = 0. Desenhar o gráfico com o winplot. Considerar ε = 10-6. Ex. 3: Idem para y = ln(1 – x2) e y = x -1. Considerar ε = 10-9. 2 Ex. 4: Idem para 𝑦 = 𝑒 −𝑥 e y = x2 – x + 1, Considerar ε = 10-9.