Cenário econômico brasileiro no 1º trimestre de 2015

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Belo Horizonte – MG • Abril de 2015
nº 04
Cenário econômico brasileiro no 1º trimestre de 2015
A alta da taxa de câmbio real-dólar
Taxa de câmbio real-dólar (venda) R$/US$
Fim de período
Média de período
2013
2,34
2,16
2014
2,66
2,35
2,66
2,63
jan/15
2,88
2,82
fev/15
3,20
3,14
mar/15
Variações (mar/15)
11,3%
11,5%
no mês
no ano
20,6%
33,3%
Expectativas - mercado
abr/15
3,20
mai/15
3,20
2015
3,20
3,12
2016
3,23
3,20
Fonte: Banco Central do Brasil/
Relatório Focus 27/03/2015.
A taxa de câmbio real-dólar vem sofrendo forte desvalorização, acumulando uma
alta de 20,6% apenas neste ano. Por ser uma relação entre duas moedas, seus
determinantes são os mais diversos e incorporam fatores externos e internos.
Entre as várias razões que explicam a alta procura pela moeda norte-americana,
estão os sinais de recuperação da maior economia do mundo. No início de março,
o Departamento de Trabalho dos EUA divulgou que 395 mil vagas de trabalho
foram criadas no país em fevereiro, número superior ao esperado pelo mercado
(240 mil). Além disso, a taxa de desemprego daquele país está em queda e
registrou, no mesmo mês, uma taxa de 5,5% ante 5,7% em janeiro. A melhora
desses e outros indicadores fortalece ainda mais a expectativa pela mudança da
política monetária norte-americana. Assim, a simples consideração da elevação da
taxa de juros provoca volatilidade não só da taxa de câmbio real-dólar, mas
também do dólar em relação as outras moedas. Em outras palavras, isso não está
acontecendo apenas em relação à moeda brasileira: a valorização do dólar é uma
tendência global. O juro certamente será reajustado e a expectativa era de que
isso ocorreria em junho de 2015, no entanto há indícios de que seja feito mais
tarde.
Fatos relacionados ao crescimento mundial, à deflação de algumas economias, às
tensões geopolíticas no Oriente Médio e na Europa e à queda do preço das
commodities também influenciam na taxa de câmbio. A desaceleração gradual da
China e suas correções para baixo das expectativas para o crescimento são fatores
que impactam a desvalorização do real-dólar, já que a economia chinesa
representa um importante parceiro comercial para o Brasil. Recentemente,
questões relacionadas à dívida da Grécia voltaram a ser discutidas, o que
influencia a zona do euro e pode colaborar para uma maior demanda do dólar.
Taxa de câmbio - Real/Dólar (venda) - 02/01/2015 a 31/03/2015 - R$/US$
3,40
3,30
3,20
3,20
3,10
20,6%
3,00
2,90
2,80
2,70
2,69
2,60
Fonte: Banco Central do Brasil.
31/03/2015
27/03/2015
23/03/2015
19/03/2015
15/03/2015
11/03/2015
07/03/2015
03/03/2015
27/02/2015
23/02/2015
19/02/2015
15/02/2015
11/02/2015
07/02/2015
03/02/2015
30/01/2015
26/01/2015
22/01/2015
18/01/2015
14/01/2015
10/01/2015
06/01/2015
02/01/2015
2,50
Os fatores internos também têm seu papel na volatilidade da
taxa de câmbio real-dólar. Por exemplo, os reflexos dos
problemas atrelados à Petrobrás possuem influência na bolsa
de valores e nas perspectivas dos investidores quanto ao
ambiente interno. Como a questão está totalmente
relacionada à corrupção no país, esse tópico interfere em
questões de governabilidade e assim esbarra na credibilidade
do governo, principalmente em um momento em que precisa
realizar ajustes econômicos não populares. Alguns deles
precisam da aprovação do Congresso, o que também tropeça
na relação atual entre o governo e a base aliada. Além disso, os
investidores se questionam sobre a realização dos ajustes
fiscais propostos pela equipe econômica nesse contexto de
tensões políticas. Por fim, existem ainda outros problemas
internos como a crise hídrica e o possível racionamento de
energia.
No curto prazo, o aumento do câmbio possui um efeito inflacionário e restritivo e preços de produtos importados, por exemplo, se tornam mais
caros. Já em médio prazo é possível incentivar investimentos, exportações e provocar o aumento de competitividade das empresas brasileiras.
Porém, a taxa de câmbio alta faz com que aumentem as apostas em relação à extensão do aperto monetário. Assim, a taxa de juros pode elevarse mais do que os 13,25% esperados pela área de Estudos Econômicos da Fecomércio MG para o final de 2015. A expectativa do mercado para o
IPCA no final deste ano é 8,13%. A alteração ocorrida no câmbio pode ser vista como um realinhamento, ou seja, essa mudança de patamar não
é considerada um descontrole.
Um dos instrumentos de intervenção para controlar o câmbio utilizado pelo Banco Central desde agosto de 2013 é o programa de leilões de
swap cambial e de venda de dólares com compromisso de recompra. No entanto, no final de março foi anunciado que o programa não seria
renovado, finalizando em 31 desse mês, mas ainda haveria a rolagem integral dos swaps cambiais. Com isso, há indícios de que as intervenções
serão cada vez menores, caminhando para a retomada do tripé macroeconômico com câmbio flutuante, metas de inflação e superávit primário.
A alta do dólar tem fatores externos influenciando, mas as incertezas do ambiente interno também exercem impacto na taxa de câmbio realdólar. Na busca pela retomada do crescimento – em que a situação de 2015 é vista como de transição –, o novo patamar da taxa de câmbio é
um fato importante a se considerar daqui para frente.
As empresas em um cenário desafiador
Em meio a um cenário desafiador e de perspectivas negativas de crescimento para a economia brasileira é natural que o empresário do
comércio de bens, serviços e turismo esteja receoso em realizar novos investimentos e preocupado em manter o seu negócio funcionando sem
entrar no vermelho. Mas como continuar lucrando em tempos de crise? Vale a pena investir no estabelecimento?
O primeiro passo para vencer esse cenário de incertezas é situar a empresa no contexto atual. Conhecer toda a
cadeia de operações e definir as prioridades junto aos clientes e fornecedores para assim traçar estratégias que
possam manter o volume de vendas e quiçá alavanca-las nesse período. A saúde financeira da empresa é essencial
para o bom desempenho dos negócios além de mostrar onde os cortes, quando necessários, devem ser feitos e
onde se investir mais para aumentar a lucratividade.
O estoque é um indicador de como andam as vendas do comércio. Estoque em alta, significa que o empresário não está conseguindo girar seus
produtos e muitas vezes precisam comprar novos lançamentos para atender a demanda de seus clientes. Por isso, independente do setor de
atuação da empresa, é importante que o empresário crie mix de produtos, ofereça descontos nesses itens que tiveram baixa saída, colocando-os
assim, com maior visibilidade diante dos outros. Essas pequenas ações contribuem para o movimento da loja e podem fazer a diferença do caixa
no final do mês.
Os investimentos nesses períodos de incerteza do mercado podem não necessariamente ser
investimentos monetários. Com ajustes na economia, racionamento de energia eminente e crise hídrica
fica difícil para o empresário visualizar e esperar crescimento na sua empresa, mas pequenas atitudes
internas podem fazer a diferença. Mudanças na vitrine, na fidelização da clientela, no poder de
negociação tanto com os fornecedores quanto com os clientes, contribuem para manter o negócio no
azul e afastar o temido caixa no vermelho no final do mês.
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