T26 – Tecido Nervoso O sistema nervoso é constituído por neurónios (em número igual às estrelas da via Láctea) e por células da glia. Podem ser astrócitos (de suporte metabólico), oligodendrócitos (podem estar associadas vários axónios), células de Schawn (estão associadas a apenas um neurónio), microglia e células ependimárias. Como é que os neurónios passam a informação? Quando o neurónio é estimulado, permite a abertura dos canais de Na+ sensíveis à voltagem, pelo que o interior da célula fica positiva, dá-se então o potencial de acção e a célula encontra-se despolarizada. Após o pico máximo, é necessário voltar ao estado basal para ocorrer novo estímulo, aí a célula abre os canais de potássio, e fica repolarizada, voltando ao seu estado electroquímico de repouso. Durante o potencial de repouso é activada a bomba Na+-K+ em que há saída de 3Na+ e entrada de 2K+, de modo a manter o potencial eléctrico negativo. Esta bomba ATPásica é responsável pelo consumo de 25-50% de ATP em repouso. Graças às células de Schwan, que contém mielina (isolador da passagem à corrente eléctrica), a despolarização do axónio acontece apenas nos Nódulos de Ranvier. Diz-se, portanto, que a passagem do impulso nervoso é de forma saltatória. Este facto vai aumentar em larga escala a rapidez da transmissão do impulso nervoso, permitindo uma reacção rápida ao estímulo. O impulso nervoso é também unidireccional, pois o neurónio pré-sináptico conte vesículas que contêm neurotransmissores que, quando é atingido, liberta essas vesículas, por fusão com a membrana, e os neurotransmissores são libertados para a fenda sináptica. Assim, apenas o neurónio pós-sinático é estimulado e os neurotransmissores que estão na fenda sináptica são rapidamente ou recapatados (reciclados) ou degradaos por enzimas, para que não haja uma hiperestimulação. O cérebro tem duas funções essenciais, a função eléctrica que permite o fluxo eléctrico em cada neurónio, permitindo a propagação do impulso nervoso e a transmissão da informação em cada neurónio. E, ainda a função química, que permite a comunicação entre os neurónios, por libertação de compostos químicos (neurotransmissores) para a fenda sináptica. Algumas toxinas, venenos ou até medicamentos têm como alvo os canais de Na+ sensíveis à voltagem. Assim, como não há entrada de NA+ para dentro da célula, o impulso nervoso não é passado, pois não ocorre a despolarização da célula. Há vários tipos de neurotransmissores. O neurotransmissor que por excelência que é libertado na junção neuromuscular é a acetilcolina, que é degradada por acetilcolinesterases. O glutamato é um neurotransmissor excitatório, enquanto que o GABA é inibitório. Além destes, há ainda outros neurotransmissores, a dopamina, a serotonina. Metabolismo neuronal e interacção neurónio-glia Nas células da glia há conversão de glutamato em glutamina pela glutamina sintetase, o que permite incorporar amónia livre. Por isso, diz-se que esta conversão glutamato-glutamina é um importante mecanismo de protecção contra à toxicidade da amónia. Para que haja formação de neurónio GABAérgicos inibitórios, é necessário a entrada de glutamato para o neurónio, proveniente dos astrócitos. O glutamato já dentro do neurónio é convertido a GABA pela glutamato descarboxilase (GAD). A Barreira Hematoencefálica (BHE ou BBB- blood-brain barrier) é composta por uma junção apertada de células endoteliais que estão intimamente aderentes à membrana basal, o que permite que haja uma selectividade muito apertada das moléculas que passam para o cérebro. Como esta barreira é lipofílica, formada por membranas biológicas, permite a passagem de moléculas também lipofílicas, enquanto que as moléculas hidrofílicas apenas atravessam por mecanismos de alta selectividade (GLUT1 – entrada de glucose). Astrócitos Fonte de energia Glucose Glicogénio Metabolismo Anaeróbio Vias de obtenção de energia Reservas de Glicogénio Isoforma dos GLUT’s Enzimas específicas citosólicas Enzimas específicas mitocondriais Glicólise Muita da glucose é armazenada sob a forma de glicogénio GLUT1 Glutamina sintetase Enzima málica LDH5 – transforma preferencialmente priruvato a lactato Piruvato carboxilase Neuroesteróide sintetase Glutaminase activada por fosfato (pouco) Neurónios Glucose Lactato Alanina (estes últimos 2 provém do piruvato em excesso dos astrócitos) Aeróbio Glicólise, mas sobre tudo ciclo de Krebs e fosforalição oxidativa Toda a glucose é consumida e nã há formação de glicogénio GLUT3 Colina acetiltransferase Glutamato descarboxilase Neuronal enolase LDH1– transforma preferencialmente lactato em piruvato. Esse piruvato é depois conduzido para o ciclo TCA Glutaminase activada por fosfato (muita) Enzima málica mitocondrial Creatina cinase de ubiquitina mitocondrial Jejum: apesar da hipoglicémia, ocorre transporte de glucose pela BHE, pois o cérebro não é sensível à glucagina Se ↓↓ [glucose]plasma o cérebro pode utilizar reservas glicogénio, contidas nos astrócitos Se persiste ↓↓ [glucose]plasma o cérebro utiliza corpos cetónicos (β-Ho-butirato e acetoacetato) Utilização de corpos cetónicos pelo cérebro ocorre em: o Jejum prolongado o Dieta rica em gorduras ou corpos cetónicos (cetogénica – método de tratamento de doenças como epilepsia ou défices de GLUT’s) o Diabetes mellitus Métodos de diagnóstico de doenças cerebrais, baseados em neuroanatomia, neurometabolómica e imagiologia funcional Ressonância magnética PET (positrons emisson transmisson) – permite ver o metabolismo da glucose