LIMITAÇÕES E ÊXITOS NOS RESULTADOS DOS SERVIÇOS OFERECIDOS PELO CRAS: UM PARADOXO PARA ANÁLISE DOS DESAFIOS DA GESTÃO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Alide Altivo Gomes1, Hélio Vinícius Valeriano Furtado2, Luana Aparecida Esteves de Almeida3, Simão Pereira da Silva4 RESUMO A política de assistência social é um dos temas mais recorrentes na discussão política sobre o desenvolvimento da sociedade, do Estado, e nos circuitos acadêmicos. Apesar da evolução dos seus conceitos e aplicações práticas nos últimos 15 anos, ainda há grandes desafios a serem encarados. Para descrever uma síntese desses desafios, este artigo discute e analisa os resultados alcançados nos serviços oferecidos pelo CRAS – centro de referência da assistência social – e o exercício do controle social dos mesmos, no município de Ladainha, região do vale do Mucuri, em Minas Gerais. Foi elaborado um instrumento de coleta de dados na forma de questionário com base em pesquisa bibliográfica e documental, e aplicado a 80 (oitenta) famílias, e aos integrantes do conselho municipal de assistência social, entre os meses de fevereiro a abril de 2008. Os resultados demonstram que o programa bolsa família tem amplo acesso e fiscalização. O que mostra-se preocupante, devido aos resultados acanhados em outras linhas de atuação para geração de renda integrantes do PAIF. Ademais, o controle social encontra-se comprometido devido à heterogeneidade e despreparo dos integrantes do conselho de assistência social. Contudo, há importantes avanços e perspectivas para análise dos desafios da política de gestão social. Palavra Chave: Assistência Social, Centro de Referencia de Assistência Social, Programa de Atenção Integral a Família. ABSTRACT The politics of social attendance is one of the most appealing themes in the political discussion on the development of the society, of the State, and in the academic circuits. In spite of the evolution of their concepts and practical applications in the last 15 years, there are still great challenges to be faced. To describe a synthesis of those challenges, this article it discusses and it analyzes the results reached in the services offered by CRAS - center of reference of the social attendance - and the exercise of the social control of the same ones, in the municipal district of Litany, area of the valley of Mucuri, in Minas Gerais. An instrument of collection of data was elaborated in the questionnaire form with base in bibliographical and documental, and applied research to 80 (eighty) families, and to the members of the municipal piece of advice of social attendance, among the months of February to April of 2008. The results demonstrate that the program bag family has wide access and fiscalization. What is shown preoccupying, due to the shy results in other lines of performance for generation of income members of PAIF. 1 2 3 4 Psicóloga da UFVJM Coordenador do Curso de Serviço Social da UNPAC - TO Assistente Social do CRAS/ Ladainha-MG. Professor da FACSAE/UFVJM – Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e Exatas da UFVJM. Besides, the social control is committed due to the heterogeneity and unpreparedness of the members of the piece of advice of social attendance. However, there are important progresses and perspectives for analysis of the challenges of the politics of social administration. Key Words: Social attendance, Center of Reference of Social Attendance, Program of Integral Attention the Family INTRODUÇÃO A política de assistência social no Brasil vivencia uma nova etapa no campo da garantia de direitos sociais no país. A implementação do SUAS – Sistema Único de Assistência Social - revelou-se um avanço da organização da política de assistência social em todo território nacional, enquanto política pública de direito do cidadão e dever do Estado. Um dos instrumentos dessa garantia de direitos é o binômio, Centro de Referência da Assistência Social / Programa de Atenção Integral à Família (CRAS/PAIF) –, implementado em vários municípios do país. Neste estudo, são identificados, pesquisados e discutidos os resultados obtidos pelo CRAS/PAIF no município de Ladinha, onde esse órgão da nova política de assistência social existe para atendimento à população e às famílias cadastradas no município. O presente artigo discute e analisa o resgate histórico da política de assistência social no Brasil, seus desdobramentos pós-promulgação do Sistema Único de Assistência Social – SUAS, enfatizando os serviços prestados pelo Centro de Referencia de Assistência Social – CRAS da cidade de Ladainha, localizada no Vale do Mucuri, nordeste de Minas Gerais, e seus programas mais oferecidos, o programa bolsa família e o programa de atenção integral à família, PAIF. Realizou-se uma pesquisa de campo junto às famílias cadastradas no CRAS do município, visando avaliar os resultados alcançados pelos serviços oferecidos por este órgão de assistência social, cujas análise e considerações finais remetem à reavaliação de algumas linhas de atuação da política de assistência social, que nesta síntese mostra-se com resultados paradoxais. A ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL E A IMPLANTAÇÃO DO SUAS SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Desde seus primórdios a política de assistência social no Brasil foi usada como importante instrumento de legitimação do poder vigente e de barganha política por parte dos detentores do poder, algumas instituições tiveram decisiva participação nesse processo de legitimação do Estado assistencialista, tendo como pano de fundo a equivocada política de assistência social. Um exemplo disso foi a Legião Brasileira de Assistência Social – LBA. Tal instituição ficou marcada pelas figuras das primeiras damas de caridade, pelas ações focalistas, assistencialistas e desenvolvimento de ações desprovidas de garantia de direito social. A primeira legislação brasileira que tratou de forma clara os Serviços Sociais é datada da Carta Constitucional de 1934. Nesse processo o Ministério da Educação em parceria com o Ministério da Saúde cria o CNSS – Conselho Nacional de Seguridade Social, com a função de assessorar o governo e as entidades privadas. Uma das principais características do CNSS foi a manipulação de verbas e subvenções, como mecanismo de barganha política. (Iamamoto e Carvalho, 2005: 250). Diante disso, a política de assistência social esteve pautada na legitimação do Estado assistencialista, e no governo autocrático burguês reafirmado no país em abril de 1964. A assistência social resumiu-se numa política assistencialista e focalista, pautada na criação de uma hegemonia de classe para legitimação da ordem burguesa e militar. Segundo Behring (2006:112) : “... a resposta dada a questão social no final do século XX, foi, sobretudo repressiva e apenas incorporou algumas demandas da classe trabalhadora, transformando as reivindicações em leis que estabeleciam melhorias tímidas e parciais nas condições de vida dos trabalhadores, sem atingir, portanto, o cerne da questão social.” Em meados da década de 1970 o governo autocrático burguês começa a dar sinais de enfraquecimento político, juntamente com esse enfraquecimento ressurgiu os grandes movimentos sociais clamando pela redemocratização do país. Várias bandeiras de lutas foram levantas, dentre elas a da universalização das políticas sociais. Em 1988 a assistência social foi instituída como direito do cidadão e dever do Estado, assegurada na Seção IV, artigos 203 e 204 da Constituição Federal. “A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social”. (art. 203 da CF/88) A partir da Constituição Federal de 1988 a assistência social juntamente com saúde e a previdência social, passa a ser vista como política integrante do sistema brasileiro de seguridade social. Para gerir a política de Assistência Social, em 1989, foi criado no Brasil o Ministério do Bem Estar Social. Tal instituição não contribuiu para a efetivação da política de assistência enquanto um direito do cidadão e dever do Estado. Antes, procurou fortalecer o caráter assistencialista da política, absorvendo os vícios e equívocos fortemente praticados pela antiga LBA. Diante desse cenário, surge em 1990 uma primeira versão da Lei Orgânica da Assistência – LOAS, que foi apreciada pelo Congresso Brasileiro e vetada pelo então presidente da republica Fernando Collor de Melo. Somente no ano de 1993 após várias negociações e alterações na proposta original é que a Lei 8.742 de 7 de Dezembro de 1993 institui no Brasil um legislação clara a respeito da política de assistência social. Segundo a LOAS (1993), a assistência social realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, visando o enfrentamento da pobreza, à garantia dos mínimos sociais, o provimento de condições de atender contingências sociais e à universalização de direitos relativos a política de assistência social . Em seu Capitulo I, artigo 1° a LOAS define que: “A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é política de Seguridade Social não contributiva que provê os mínimos sociais...”. Não há dúvidas de que a LOAS representou um avanço significativo na implementação da política de assistência social em todo território brasileiro. Ela definiu competências aos entes federados: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. A política de assistência social na década de 1990 encontrou muitas barreiras para se efetivar. O modelo econômico Neoliberal implementado no Brasil a partir da década de 1990, pelo então presidente da república, Fernando Collor de Melo, sucateou o Estado e reforçou a mercantilização de serviços públicos rentáveis, como a saúde, educação, segurança. A política de assistência social por não se caracterizar um serviço público rentável continua sob responsabilidade do Estado, caracterizada como uma política social sem recursos suficientes, destinada cada vez mais para um público seleto. Ao se tratar dos avanços da política de Assistência Social na década de 1990, o grande destaque foi a promulgação da LOAS, entretanto a escassez de recursos para financiamento da política não possibilitou maiores avanços em sua implementação. A efetivação do controle social a partir dos conselhos municipais de assistência social - garantido na LOAS - proporcionou importantes iniciativas de participação da sociedade na elaboração e fiscalização da política social. As conferências de assistência social, também asseguradas na LOAS, proporcionaram uma maior debate entre Estado, sociedade civil, trabalhadores e prestadores de serviços. Entretanto, a efetivação desses rigores precisa ser constantemente acompanhada e reforçada. Segundo a Política Nacional de Assistência Social (2004: 44): “O controle social tem sua concepção advinda na Constituição de 1988, enquanto instrumento de efetivação da participação popular no processo de gestão político – administrativa – financeira e técnico – operativa, com caráter democrático e descentralizado. Dentro dessa lógica o poder do Estado é exercido pela sociedade na garantia dos direitos fundamentais e dos princípios democráticos balizados nos preceitos constitucionais”. A IV Conferência Nacional de Assistência Social, realizada em dezembro de 2003 em Brasília, deliberou pela criação do Sistema Único de Assistência Social – SUAS, observando um modelo de gestão hierarquizado e descentralizado com a participação dos 3 entes federados. Sampaio et al. (2006) orientam que com as transformações sociais das últimas décadas, o modelo de desenvolvimento atual não consegue mais responder aos novos desafios colocados pela globalização dos circuitos econômicos e culturais, exigindo do Estado uma nova forma de atuar sobre a sociedade. Segundo estes estudiosos, a ação governamental deixa de ter uma função apenas controladora para agir de forma descentralizada e participativa, sendo que o Estado passa a ter um papel crucial na coordenação do desenvolvimento e das redes de colaboração formadas por empresários, sindicatos, organizações comunitárias, instituições científicas e de informação. É sob essa concepção que o governo implementou em 2005, em todo o território nacional o Sistema Único de Assistência Social - SUAS, efetivando – na prática – a assistência social como política pública de Estado, na tentativa de romper com o clientelismo e as políticas assistencialistas e oportunistas. Um novo pacto federativo foi estabelecido entre: União, Estados, Distrito Federal e Municípios, deve garantir autonomias legais em regime de mútua colaboração institucional: “com relação a descentralização do poder federal e da democratização das políticas públicas, importantes dispositivos foram definidos no sentido da criação de um novo pacto federativo, sendo o município reconhecido como ente autônomo, transferindo para o âmbito local novas competências e recursos públicos capazes de fortalecer o controle social e a participação da sociedade nas decisões políticas” (BRAVO, 2001:44). O SUAS representa um grande avanço para a política de assistência social no Brasil. Pela primeira vez o Estado brasileiro institui um financiamento próprio para o desenvolvimento de ações junto à política de assistência social nos municípios, respeitando suas respectivas características e habilitações conforme instituiu a Norma Operacional Básica - NOB SUAS. . PROGRAMA DE ATENÇÃO INTEGRAL Á FAMÍLIA O PAIF - Programa de Atenção Integral a Família - e o principal programa de Proteção Social Básica do Sistema Único de Assistência Social - SUAS. Trata-se de uma estratégica do SUAS de integração de serviços socioassistenciais e de programas de transferência de renda. Tem como finalidade acolher famílias em situação de risco e vulnerabilidade social com visitas domiciliares, entrevista familiar, encaminhamento para rede socioassistencial e para os serviços das demais políticas publicas e acompanhamento de famílias através dos cadastros. O PAIF é necessariamente ofertado pelo CRAS, onde se desenvolvem ações de serviços básicos continuados para famílias em situação de vulnerabilidade social, cujas perspectivas são: o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários; o direito à proteção social básica e à ampliação da capacidade de proteção social; e prevenção de situações de risco no território de abrangência do mesmo. O PAIF foi criado em 18/04/2004 pela portaria nº78 do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome – MDS. Aprimorou a proposta do Plano Nacional de Atenção Integrado a Família (PNAIF) implantado pelo Governo Federal no ano de 2003. Em 19 de maio de 2004 o PAIF tornou-se “ação continuada da Assistência Social” custeada pelo governo federal (Decreto 5.085/2004). O PAIF é ofertado por meio dos serviços socioassistenciais, socioeducativo e de convivência. Bem como, através de projetos de preparação para inclusão produtiva voltada para as famílias, seus membros e indivíduos conforme suas necessidades identificadas no território. O PAIF deve acompanhar as famílias do Programa Bolsa Família, principalmente as que estão descumprindo as condicionalidades do programa no que se refere a saúde e educação das crianças e adolescentes, e também as famílias que tenham beneficiários do Beneficio de Prestação Continuada BPC. Desenvolve ainda atividades como: palestras voltadas à comunidade ou diretamente à família, campanhas socioeducativas, grupos de oficinas de convivência, ações de capacitação e inserção produtiva. Os trabalhos com grupos no PAIF partem de uma abordagem interdisciplinar, onde se articulam a cidadania dos indivíduos, os vínculos familiares e os processos grupais e comunitários. O presente artigo analisa e discute os serviços inerentes ao PAIF gerenciados pelo CRAS na cidade de Ladainha, no Vale do Mucuri em Minas Gerais, como iniciativa para ampliar o debate sobre a importância da gestão da política social. O MUNICÍPIO DE LADAINHA: CARACTERIZAÇÃO E BREVES RELATOS Segundo dados do IBGE (2007), a população do Município é de 16.144 habitantes, da qual mais de 70% residem na zona rural. Grande parte da população não dispõe de condições adequadas de moradia, o acesso aos serviços públicos são dificultados devido a grande concentração populacional na cidade, e há forte concentração dos serviços na zona urbana, inclusive o Centro de Referencia de Assistência Social. Com o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH – na cifra de 0,609 o município está inserido num contexto de precarização social. Registra-se na cidade um alto índice de desemprego nas diversas faixas etárias, alto índice de gravidez na adolescência, falta de rede de inclusão para crianças e adolescentes, falta de saneamento básico, falta de infra-estrutura de transporte, alto índice de alcoolismo e uso de drogas ilícitas (Secretaria Municipal de Saúde de Ladainha, 2007). O PAIF tem como objetivo primordial acompanhar as famílias em situação de vulnerabilidade social inseridas no Programa Bolsa Família programa de transferência de renda – que atende famílias que são qualificadas pelo Governo Federal como famílias pobres com renda per capita de até R$ 120,00 e famílias extremamente pobres com renda de R$ 60,00, acompanhando se as mesmas estão cumprindo as condicionalidades do programa no que se refere ao acompanhamento na política publica de saúde e educação (BRASIL, 2006). De acordo com a Secretaria Nacional de Renda e Cidadania (SENARC), a estimativa de famílias pobres do município de Ladainha e de 1.662 famílias. No Cadastro Único - Cad-Único são 2.732 famílias e já recebendo benefícios 1.972.(Brasil, SENARC, Outubro de 2007). Segundo o guia de proteção básica do Sistema Único de Assistência Social (2006): “Nos Centros de Referência de Assistência Social, o principal capital é o humano, sejam assistentes sociais, psicólogos profissionais. É necessário capacitá-los continuamente e integrá-los numa rede nacional de proteção social. Este constitui o principal objetivo do primeiro encontro nacional de CRAS.” De acordo com o MDS, o PAIF deve contar com um profissional da Psicologia, e um do Serviço Social que também e coordenador do mesmo. O trabalho é desenvolvido de acordo com a demanda através de visitas domiciliares, atendimento individual de escuta e orientação, trabalhos de grupo, orientação de BPC, preenchimento de formulário e agendamento de perícias no INSS, acolhimento, aconselhamento, encaminhamento para redes de serviço, grupos de gestante, idosos, geração de renda como oficinas de bordado, tricô e ponto cruz. DESCRIÇÃO DA PESQUISA REALIZADA Para realização do presente estudo foi realizada pesquisa bibliográfica acerca da trajetória da política de assistência social no país, bem como pesquisas documentais sobre as diretrizes governamentais que norteiam o Programa de Atenção Integral a Família – PAIF; sobre o município de Ladainha; e sobre registros orçamentários do tema em discussão. Essas pesquisas permitiram a elaboração de um instrumento de coleta de dados na forma de questionário, com o objetivo de conhecer a atuação do CRAS na comunidade, os resultados alcançados pelo PAIF, e o exercício do controle social pelo Conselho Municipal de Assistência Social, para subsidiar a análise dessa política social. Diante das dificuldades de seleção e acesso, o questionário destinado a conhecer os resultados do PAIF foi aplicado a 80 (oitenta) famílias cadastradas no PAIF/CRAS, no período de fevereiro a maio de 2008. Por sua vez, o questionário destinado ao conhecimento do controle social e gestão participativa foi aplicado a todos os Conselheiros Municipais de Política Pública. No segundo caso, as entrevistas tiveram por finalidade levantar o nível de participação popular da comunidade no Conselho, os principais serviços prestados pelo CRAS e quais os mais acessados, o impacto social causado pelo programa no âmbito municipal. Análise e discussão dos dados da pesquisa empírica Na aplicação dos questionários junto às 80 famílias cadastradas no PAIF, foi perguntado sobre os serviços oferecidos pelo CRAS mais conhecidos por essas famílias. E as respostas demonstram que o acompanhamento das informações sobre beneficiários dos BPC’s, e as ações de capacitação são os menos conhecidos, com índices de 14% e 16% de conhecimento. As palestras na comunidade e os grupos de oficina possuem 17% de conhecimento na comunidade analisada. Para a maioria das famílias entrevistas, 36%, o serviço mais conhecido é a fiscalização quanto ao cumprimento das condições para recebimento dos BPC’s., conforme demonstrado abaixo. Ou seja, há rigor e representativa atuação na fiscalização, mas falta de acompanhamento das informações que subsidiam o processo de fiscalização. Gráfico 1 Serviços do CRAS mais conhecidos 17% 36% 16% 17% 14% A – Fiscalização quanto ao cumprimento das condições para recebimento do PBF B – Acompanhamento das informações sobre os beneficiários do BPC e de sua família C – Palestras nas comunidades e ou para as famílias D – Ações de capacitação e inserção produtiva E – Grupos de oficinas de convivência e aprendizado Figura 1 – Os serviços do CRAS mais conhecidos. Os dados colhidos junto às 80 famílias entrevistadas (todas cadastradas no PAIF) permitem perceber que dentre os serviços oferecidos pelo CRAS a estas famílias, foram acessados os grupos de oficina com baixo envolvimento, apenas 15%, ações de capacitação com razoáveis 14% de participação, e palestras na comunidade com outros 20% das famílias participando. Quanto aos serviços sem a família como beneficiária direta, observa-se que apenas 8% das famílias respondentes perceberam a atuação do CRAS no acompanhamento das informações sobre beneficiários dos BPC’s. Entretanto, destaca-se entre os serviços desenvolvidos a fiscalização do cumprimento das condições pra recebimento do Bolsa Família, conforme figura abaixo. Na prática, a comunidade sente a atuação do CRAS em diversos serviços, entretanto, a maior manifestação do CRAS ocorre na fiscalização quanto ao cumprimento das condições para recebimento do Programa Bolsa Família, presumidamente, de forma esporádica. Gráfico 2 Serviços do CRAS que as famílias mais participam 15% 43% 14% 20% 8% A – Fiscalização quanto ao cumprimento das condições para recebimento do PBF B – Acompanhamento das informações sobre os beneficiários do BPC e de sua família C – Palestras nas comunidades e ou para as famílias D – Ações de capacitação e inserção produtiva E – Grupos de oficinas de convivência e aprendizado Figura 2 – Os serviços do CRAS que as famílias mais participam Gráfico 3 Serviços mais acessados pelo usuários do CRAS 10% 6% 16% 3% 65% A – Aprendizado de algum oficio para geração de renda B – Programa bolsa família C – Multidão da cidadania para atender carências da comunidade em que você vive D – Reuniões do conselho municipal de assistência para direcionar os serviços para a comunidade em que você vive – Serviços acessados pelos usuários dodo CRAS E –Figura Aulas e 3 palestras para amais participação do controle social das ações governo Também foi perguntado a essas 80 famílias, quais os serviços prestados pelo CRAS/PAIF mais acessado por elas, dentre todos oferecidos. Conforme figura a seguir, o Programa Bolsa Família é acessado por 65% das famílias entrevistadas, que relataram a importância desse benefício do programa de geração de renda, em seus acanhados orçamentos familiares. Quanto aos outros serviços procurados por essas famílias, palestras, ofícios e ações conjuntas na comunidade, são de baixa procura. Na seqüência foi discutido e perguntado às famílias, como elas avaliariam os serviços que foram acessados por elas. Conforme figura a seguir, apenas 51% das famílias relataram que os serviços prestados proporcionaram geração de renda e oportunidade para a família, as demais (49%) responderam alternadamente que não se beneficiaram, apenas se informaram, despertou nelas a auto estima ou não foram expressivos. Esses dados revelam que poucas famílias acessam e praticam iniciativas de geração de renda, ficando restritas ao acesso ao programa bolsa família. Gráfico 4 Avaliaçao dos serviços citados no gráfico 3 pelos usuários do CRAS 5% 32% 51% 8% 4% A – Proporcionou geração de renda e oportunidade para minha família B – Não trouxe nenhum beneficio para minha família C – Apenas informativo D – Despertou minha auto estima E – Inexpressivo Figura 4 – Avaliação dos serviços citados no gráfico 3 pelos usuários do CRAS Foi solicitado às famílias avaliar de um modo geral a atuação e os serviços prestados pelo CRAS. A maioria das famílias entrevistadas, 51% avaliaram que o CRAS tem procurado dar grande importância às famílias e suas demandas. Outros 41% das famílias entrevistadas, entendem que o CRAS encontra-se muito próximo das famílias. E apenas 8% das famílias entrevistadas avaliam os serviços oferecidos pelo CRAS como apenas informativo, sem importância para a comunidade ou nada mais que mais um serviço público. Gráfico 5 Avaliação dos serviços prestados pelo CRAS de Ladainha 3% 41% 51% 1% 4% A – Muito próximo das famílias e de suas demandas B – Apenas informativo e distante das famílias C – Apenas mais um serviço público sem definição exata D – Tem dado grande importância para as famílias E – Sem muita importância para a comunidade Figura 5 – Avaliação dos serviços prestados pelo CRAS de Ladainha Além da pesquisa realizada com as famílias visando avaliar o desempenho da política de assistência social concebida e aplicada através do CRAS. Foram aplicados questionários a todos conselheiros municipais de assistência social, visando colher informações sobre concepções, procedimentos e intervenções adotadas por este órgão para exercer o controle social desta política, em nome da comunidade circundante. De modo preocupante, as respostas dadas pelos integrantes do conselho municipal de assistência social foram muito heterogêneas, decepcionantes e desconexas do contexto discutido e perguntado. Não houve consenso significativo nos posicionamentos dos conselheiros municipais, passando a impressão de que sua existência deve-se ao mero cumprimento dos protocolos públicos, sem uma prática operacional concebida na política de assistência social aqui discutida. CONSIDERAÇÕES FINAIS A política de assistência social passou por profundas e sérias transformações nos últimos anos, recebendo uma nova concepção e aplicação junto às comunidades carentes, de forma mais localizada e contextualizada. Entretanto, os resultados dessa transformação ainda precisam ser melhorados. Tendo como base as entrevistas realizadas juntos aos usuários do CRAS de Ladainha, pode-se perceber que o Bolsa Família é o programa de grande impacto, tanto na concessão, quanto fiscalização. Grande parte das famílias entrevistadas relataram ter acessado a este beneficio e terem passado, alternadamente, por algum tipo de fiscalização que comprove seus enquadramentos nos requisitos do programa. Por sua vez, o PAIF é outro programa oferecido pelo CRAS, que possui várias linhas de atuação junto à população, uma delas é criação de cursos para a geração de renda para as famílias cadastras. Percebe-se que grande parte dos usuários que relataram ter acessado mecanismo de geração de renda, estão se referindo ao Programa Bolsa Família, entretanto um pequeno número de usuários relataram que participaram de oficinas de geração de renda, e que estas surtiram acanhados efeitos. Em outra linha de atuação do PAIF, a disseminação de informações educativas à população, é uma importante estratégia para esclarecer a população usuária acerca de seus direitos e conseqüentemente e de fortalecimento do controle social. Um pequeno número de famílias relatou sua participação em palestras educativas, e em reuniões junto ao Conselho Municipal de Assistência Social, órgão fiscalizador e deliberativo na política de assistência social. Mas, essas palestras e reuniões não conseguiram incrementar o progresso de fiscalização e controle social. O presente estudo nos permite observar que a efetivação da política pública de assistência social realmente entendida como direito do cidadão e dever Estado, necessita de políticas operacionalmente mais eficazes, e de financiamentos de todos os entes federados – União, Estado, Municípios. A assistência social deve ser compreendida enquanto política de emancipação humana e não política compensatória. O Estado brasileiro deve tratar tal política com mais seriedade e responsabilidade, proporcionado inclusive a participação da população em todas as instâncias de elaboração da política e no alcance dos resultados. É inegável que muito foi feito pós constituição de 1988, entretanto muito ainda há para se fazer. REFERENCIAS BEHRING,E,R; BOSCHETTI,I. Política Social: Fundamentos e História. Bibliografia Básica do Curso de Serviço Social. São Paulo: Cortes, 2001. BRASIL. 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