24/06/2016 BREXIT - O QUE ESPERAR DA SAÍDA DO REINO UNIDO DA UNIÃO EUROPEIA Em 23 de junho, o Reino Unido decidiu, através de plebiscito, pelo Brexit – British exit, movimento favorável à sua saída da União Europeia. Um total de 52% dos votantes fez esta opção, impondo grandes desafios ao seu país, ao bloco econômico europeu e à economia mundial como um todo. Para o Reino Unido, os efeitos econômicos de médio e longo prazos ainda são desconhecidos. Os mais importantes têm como questão central o fluxo de comércio de bens e serviços, financeiro e de pessoas. Aproximadamente 50% das suas exportações têm como destino os demais países da União Europeia. A possibilidade de recessão, perda de empregos, redução de receitas públicas e a adoção de políticas de austeridade econômica no Reino Unido é uma percepção comum entre especialistas. Todas as consequências dependerão das negociações em torno do processo de saída, que poderão levar até dois anos, de acordo com os tratados vigentes. No curto prazo, os mercados financeiros reagem com tensão, provocando a desvalorização da bolsa de valores e da libra esterlina, esta última com projeções de perda frente ao dólar que chegam a 20%. Do ponto de vista político, o futuro primeiro ministro britânico, dada a renúncia de David Cameron, deverá lidar com uma grande divisão partidária e com a retomada da discussão em torno da saída da Escócia do Reino Unido. Um total de 2/3 dos eleitores da Escócia votaram contra o Brexit. O Reino Unido representa 1/6 da economia europeia, e a sua saída enfraquece todo o bloco. No entanto, mais grave do que isso, o Brexit fortalece novas iniciativas de fragmentação, que têm adeptos na França, na Espanha e na Itália, por exemplo. Adicionalmente, ganha espaço um extremismo de direita combinado com movimentos anti-imigração, a exemplo do que temos assistido durante a campanha presidencial deste ano nos EUA. Nesta direção, seria inevitável a perda da importância relativa do continente europeu na economia mundial. As baixas perspectivas de crescimento mundial tendem a ser agravadas pelas incertezas em torno das consequências da decisão do Reino Unido, entre elas, o avanço da retórica antiglobalização e anti-livre comércio. As relações comerciais entre o Brasil e o Reino Unido são pequenas. Em 20161, as exportações e importações para a região representavam 1,5% e 1,9% dos totais brasileiros, respectivamente. No entanto, o bloco europeu é de grande importância para o país e para o 1 De janeiro a maio de 2016 estado de Minas Gerais. No mesmo período, as exportações nacionais para a região representaram 17,9% do total e as estaduais, 23,4%. Para uma economia fragilizada como a brasileira, perspectivas negativas para os seus principais parceiros comerciais, quer sejam elas políticas ou econômicas, criam desafios adicionais. Além disso, o aumento da aversão ao risco redireciona os fluxos de capitais impondo pressões de depreciação do Real e instabilidade na bolsa de valores. Para os empresários brasileiros, os efeitos prováveis do movimento iniciado com o Brexit serão maior instabilidade nos mercados, ao lado de maior protecionismo e competição no comércio internacional.