Professor Hudson de Paula Para entender o que é e porque a maioria da população da Inglaterra decidiu sair do maior bloco econômico do mundo, é necessário entender alguns pontos bem específicos. Recebe o nome de bloco econômico a associação de países que estabelecem relações econômicas privilegiadas entre si e que concordam em abrir mão de parte da soberania nacional em proveito da associação. Como resultado da economia mundial globalizada, a tendência atual é a formação de blocos econômicos, destinados a realizar uma maior integração entre seus membros e facilitar o comércio entre os mesmos. Para isso, geralmente adotam a redução ou isenção de impostos ou de tarifas alfandegárias e buscam soluções em comum para problemas comerciais. NAFTA - O NAFTA (North American Free Trade Agreement ou Tratado Norte-Americano de Livre Comércio) é um bloco econômico formado por Estados Unidos, Canadá e México. Foi ratificado em 1993, entrando em funcionamento no dia 1º de janeiro de 1994. Quando o mesmo foi criado, muitos especialistas acharam que seria uma excelente chance para o México, pois como se trata dos países do Norte da América, sendo ele o único subdesenvolvido, poderia ser uma ótima oportunidade. Poderia. O que acontece desde então é uma total dependência das indústrias estadunidenses, sendo o país latino responsável por ser maquiladoras. MERCOSUL - O Mercado Comum do Sul – MERCOSUL – foi criado em 26/03/1991 com a assinatura do Tratado de Assunção no Paraguai. A priori, o bloco contava com quatro países membros: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Ao longo dos anos, o bloco não se desenvolveu como esperava e houve apenas a entrada, em 2013, da Venezuela, após protestos de Argentina e Uruguai. Na época, o Paraguai estava suspenso devido à um minigolpe de estado ocorrido no país vizinho. Situação resolvida em poucos meses após tal questão. Ainda não há um mercado comum consolidado, mas as perspectivas futuras são boas, pois Brasil e Argentina estão com boas relações comerciais e isso ajudará, sem dúvidas, a elevação do bloco sulamericano. O atual maior bloco econômico do mundo começou sua formação logo após a 2ª GM com três países: Bélgica, Holanda (Netherlands) e Luxemburgo e era conhecido como BENELUX. O bloco continuou seu processo de formação em meados de 1950 com a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço – CECA – que foi a primeira iniciativa de unir os países europeus. Mais tarde, em 1957, surgiu a Comunidade Econômica Europeia (CEE) ou “Mercado Comum”. Criado com o intuito de evitar que mais guerras acontecessem entre países europeus (como a 2ª GM) e como forma de recuperar a economia no período do pós-guerra, fato logo registrado no período de 1960 a 1969. Em 1973 a Dinamarca, Irlanda e Reino Unido aderem ao bloco econômico elevando o número de estados membros para nove: os três citados acima, e os países fundadores, Alemanha, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo e Países Baixos. Em 1981 a Grécia adere à UE, seguida pela Espanha e Portugal (ambos em 1986). Áustria, Finlândia e Suécia aderem em 1995. Em 2004 é a vez de Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Estónia, Hungria, Letônia, Lituânia, Malta, Polônia e República Tcheca. Desde sua fundação a UE alcançou enormes conquistas nos campos político, econômico e social. Com a queda do Muro de Berlim e o fim do comunismo na Europa Ocidental são estreitadas ainda mais as relações entre os países europeus, culminando com a instituição das “quatro liberdades” em 1993: a livre circulação de serviços, mercadorias, capitais e pessoas que permite que as pessoas possam viajar livremente e sem a requisição de passaporte por qualquer um dos países membros. Em 2000 a UE, ganha mais força com a criação do Euro, a moeda europeia. Com isso, a UE conclui a unificação econômica entre os países membros e se torna o mais forte bloco econômico da atualidade. Quanto à unificação política, a UE possui bandeira, hino e em 9 de maio comemora-se o dia da Europa. Atualmente o bloco conta com 28 Estados-membros (ainda com o Reino Unido, pois sua saída ainda não foi oficializada). A decisão dos eleitores britânicos a favor da saída do país da União Europeia provocou uma onda de pedidos por plebiscitos semelhantes por parte de partidos de extremadireita de outros países membros do bloco. Numa votação apertada, 51,9% dos eleitores britânicos aprovaram o chamado "Brexit" (contração que significa saída britânica), contra 48,1% dos eleitores que apoiaram a permanência na UE. O resultado fez com que o primeiroministro britânico, David Cameron, contrário a saída, anunciasse que deixará o cargo. Analistas afirmam que a saída do Reino Unido pode causar um efeito dominó que pode ameaçar todo o bloco. Após o anúncio do resultado, nesta sexta-feira, 24/06, bolsas internacionais abriram em queda e a libra esterlina atingiu seu menor valor em décadas. Vixi! Nigel Farage, líder do partido de extema-direita britânico Ukip e um dos maiores entusiastas da saída do Reino Unido do bloco, disse esperar que o exemplo britânico seja o início de um processo maior de desintegração da UE. "A União Europeia está enfraquecida, a União Europeia está morrendo", disse Farage em um discurso em Londres. "Um pesquisa na Holanda mostrou que a maioria lá agora que sair (da UE), então talvez estejamos próximos de um Nexit (contração em inglês em referência à saída da Holanda)“, continua Nigel. "De modo similar, na Dinamarca, a maioria é a favor da saída... E eu soube que o mesmo se aplica à Suécia, talvez Áustria e talvez até à Itália", disse o político britânico". Defensores Contrários A UE possui um déficit maior do que o Não são gastos, mas sim investimentos com superávit no Reino Unido; retorno a longo prazo; Muito apoio aos países em dificuldades Com o bloco, há uma grande facilitação dos financeiras; serviços e produtos; Grande imigração, principalmente do Os imigrantes são qualificados, pois a livre Oriente Médio e Leste europeu; circulação é controlada no arquipélago; UE tornou-se bastante burocrática, O Reino Unido é um centro de referência em dificultando o crescimento do país. universidades e estudos tecnológicos graças ao bloco; Quando membro da UE, o respeito será sempre maior devido ao sucesso do mesmo. Inglaterra e País de Gales – 51,9% Escócia e Irlanda do Norte – 48,1% Desde que o bloco europeu, hoje com 28 países, esta é a primeira vez que um dos seus membros decide sair. O resultado surpreendeu a maioria dos analistas e fez a libra despencar ao menor valor frente ao dólar em 31 anos. Apesar dos impactos econômicos imediatos, a decisão do Reino Unido não significa rompimento instantâneo. O Parlamento britânico precisa referendar a decisão do plebiscito e o Conselho Europeu precisa ser formalmente notificado para dar início às negociações do termo de saída. Estima-se que esse processo vai demorar dois anos. Ainda assim, o resultado muda o jogo político no Reino Unido. A disputa dividiu o Partido Conservador e expôs fragilidades no Partido Trabalhista. Também pode provocar um efeito dominó Europa afora, com outros países do bloco estimulados a debater a saída da UE na tentativa de negociar melhores acordos e conter o livre trânsito de pessoas. O primeiro impacto foi imediato. O dólar caiu e, com isso, os preços de produtos internacionais tendem a cair também. “Para o mercado brasileiro, no entanto, a saída do Reino Unido pode ser positiva, segundo avaliação de alguns especialistas ouvidos pelo EL PAÍS”. Veja. “É ruim para economia global. Porém, o Brasil pode se beneficiar caso siga a trajetória de reformas que começamos agora. Em um mundo anti-tudo que vem de fora, se você se torna um país aberto, você começa a ser mais atrativo”, diz Sergio Valle, economista da MB Associados. O brexit também permitirá que as empresas brasileiras ganhem mais competitividade para atuar no Reino Unido, que mais isolado, também terá menor poder de barganha ao negociar acordos com o Mercosul. "Podemos dizer que o acesso ao mercado inglês pode se tornar mais negociável para o Brasil“, opina o Professor Yann Duzert, da diretoria de Relações Internacionais da FGV. De um grupo de países ignorado pelo mundo a uma das maiores ameaças econômicas mundiais Em 2001, o economista Jim O´Neil formulou a expressão BRICs (com “s” minúsculo no final para designar o plural de BRIC), utilizando as iniciais dos quatro países considerados emergentes, que possuíam potencial econômico para superar as grandes potências mundiais em um período de, no máximo, cinquenta anos. O que era, no início, apenas uma classificação utilizada por economistas e cientistas políticos para designar um grupo de países com características econômicas em comum, passou, a partir de 2006, a ser um mecanismo internacional. Isso porque Brasil, Rússia, Índia e China decidiram dar um caráter diplomático a essa expressão na 61º Assembleia Geral das Nações Unidas, o que propiciou a realização de ações econômicas coletivas por parte desses países, bem como uma maior comunicação entre eles. Manmohan Singh Dmitry Medvedev Hu Jintao Lula A partir do ano de 2011, a África do Sul também foi oficialmente incorporada ao BRIC, que passou então a se chamar BRICS, com o “S” maiúsculo no final para designar o ingresso do novo membro (o “S” vem do nome do país em Inglês: South Africa). Atualmente, os BRICS são detentores de mais de 21% do PIB mundial, formando o grupo de países que mais crescem no planeta. Além disso, representam 42% da população mundial, 45% da força de trabalho e o maior poder de consumo do mundo. Destacam-se também pela abundância de suas riquezas nacionais e as condições favoráveis que atualmente apresentam para explorá-las. Brasil: Alimentos e petróleo Rússia: Petróleo, gás natural e, caso necessário, armas Índia: Mão de obra barata (em fase de qualificação) e território disponível China: Mão de obra extremamente barata (com e sem qualificação), parque industrial pronto e dinheiro (muito dinheiro – segunda maior economia) África do Sul: Pois é, difícil responder... http://www.cartacapital.com.br/revista/907/o-reino-unido-da-um-saltono-escuro http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/atualidades/reino-unidovotou-sair-uniao-europeia-agora956652.shtml?utm_source=redesabril_nucleojovem&utm_medium=face book&utm_campaign=redesabril_guiadoestudante http://minutoprodutivo.com/internacional/franca-e-holanda-ja-pedemreferendo-para-deixar-a-uniao-europeia http://www.bbc.com/portuguese/internacional-36617117 http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2016/06/1785131-vitoria-do-brexitpode-estimular-separatistas-no-reino-unido-e-europa.shtml http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/06/ue-pode-abandonar-inglescomo-idioma-oficial-apos-saida-britanica.html http://pt.euronews.com/2016/02/16/brexit-sabe-o-que-e-nos-explicamoslhe-para-que-saiba-o-que-esta-em-jogo http://www.significados.com.br/brexit/ http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2016/08/1798838-brexit-e-vistocomo-erro-britanico-e-preocupa-europeus-aponta-pesquisa.shtml