UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE CURSO DE FARMÁCIA SUMAYA RIBARSKI SCALCO AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA TÓPICA DO EXTRATO GLICÓLICO DE Calendula officinalis L. (ASTERACEAE) VISITADAS E PROTEGIDAS POR INSETOS. CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2009. 1 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE CURSO DE FARMÁCIA SUMAYA RIBARSKI SCALCO AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA TÓPICA DO EXTRATO GLICÓLICO DE Calendula officinalis L. (ASTERACEAE) VISITADAS E PROTEGIDAS POR INSETOS. Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Farmacêutica Generalista do Curso de Farmácia da Universidade do Extremo Sul Catarinense UNESC. Orientador (a): Prof. Dr. Luciane Costa Campos Co- orientador: Prof. Giordana Maciel Dário CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2009. 2 1 INTRODUÇÃO A Calendula officinalis L. (Asteraceae) é uma planta originária do Egito, foi importada para a Europa no séc. XII e trazida para o Brasil no séc. XVIII, sendo cultivada como planta ornamental e medicinal (Apg II, 2003). Trata-se de uma planta herbácea anual, de 30-60 cm de altura que apresenta capítulos florais largos com cerca de 4,0 cm de diâmetro, terminais e solitárias. A coloração das pétalas varia do amarelo ao laranja, sendo as centrais tubulosas e as periféricas liguladas (Correa et al., 1984). As flores abrem ao nascer do sol e fecham ao entardecer, sendo que o florescimento ocorre normalmente a partir do final da primavera até o final do verão (Silva Junior, 2006). No Brasil a planta é conhecida popularmente como Calêndula, Calêndula-hortense, Maravilha-dos-jardins ou malmequer (Corrêa, 2003). O uso medicinal dessa planta remonta à época da antiguidade (Alonso, 1998). Muitas propriedades farmacológicas têm sido atribuídas à C. officinalis (calêndula), dentre elas: colerética, anti-inflamatória, analgésica, antitumoral, bactericida, diurética, cicatrizante, sedativa e imunomoduladora (Blumenthal, 1998 p. 100; Franco, 1996; Brown, Dattner, 1998; Ramos et al., 1998, Zitterl-eglesser et al, 1997). As flores da calêndula têm grande importância na medicina popular da Europa e oeste da Ásia, onde são utilizadas para o tratamento de condições inflamatórias de órgãos internos como úlcera gástrica, dismenorréia, em infecções urinárias, dentre outras. Também é externamente utilizada para inflamações na mucosa oral e faríngea (Yoshikawa et al., 2001). Com a vasta vantagem de ser uma planta com efeitos anti-inflamatórios, no Brasil é muito utilizada como medicamento, fazendo-se uso no tratamento de determinadas doenças. O chá das flores, quando ingerido, apresenta ação anti-espasmódica, expectorante, anti-abortiva e no tratamento de anemias nervosas. Externamente é utilizado para combater inflamações das víceras, feridas, chagas cancerosas, dor de garganta e icterícia, geralmente utiliza-se as pétalas maceradas em compressas de alcoolato para feridas abertas (Korbes, 1995; Michalak, 1997). 3 O extrato das flores da calêndula nas formas farmacêuticas de tintura, infuso e gel, creme e pomada são amplamente utilizados como anti-inflamatório e cicatrizante para pele e mucosas (Dellaloggia et al.,1994, Zitterl-eglesser, et al 1997, Blumenthal, 1998 p.100 ). No Brasil o uso da Calêndula está regulamentado pela RE nº 89 de 16 de março de 2004 da ANVISA como anti-inflamatório e cicatrizante de uso tópico em doses diárias de 8,8 a 17,6 mg de flavonóides (Brasil, 2004). Como a flor é a parte mais utilizada é também a mais estudada, sendo detectados nessas flavonóides, óleos essenciais com derivados oxigenados de sesquiterpenóides e diversas saponinas. Como constituintes químicos, são encontrados nas flores alguns triterpenos, terpenos oligoglicosídeos e flavonóides glicosídeos (Blumenthal, 1998 p. 100; Bruneton, 1995; Who, 2001 p. 287). Têm sido demonstradas diferentes atividades anti-inflamatórias do extrato hidroalcoólico de C. officinalis, sendo a capacidade antioxidante desta espécie um possível mecanismo de ação para tais propriedades. Cordova et al. (2002) investigaram o extrato butanólico de C. officinalis contra a peroxidação lipídica de microssomas de fígado de rato e ação scavenger de radicais livres. Os resultados obtidos sugerem que a fração butanólica possui ação scavenger e atividade antioxidante significativas. Herold et al. (2003) investigaram o potencial efeito antioxidante de C. officinalis, confirmando sua ação scavenger a diversas espécies reativas de oxigênio. Estas ações podem estar relacionadas à propriedade anti-inflamatória de C. officinalis, podendo ser uma importante ferramenta para novos agentes anti-inflamatórios (Cordova et al., 2002; Herold et al., 2003). Vários compostos com ação anti-inflamatória de C. officinalis já foram identificados. Dentre estes, os anéis aromáticos A, D e E de faradiol, o anel E de ambos arnidiol e calenduladiol têm sido alvo de vários estudos de manipulação química seletiva para modificação da polaridade e afinidade à água (Akihisa et al., 1996). Ukiya et al. (2006) avaliaram a atividade anti-inflamatória de diversos compostos isolados de flores de C. officinalis, incluído dez triterpenos glicosídeos. Os resultados obtidos pelos autores mostraram potente ação contra inflamação induzida por TPA em camundongos de nove dos dez 4 triterpenos. Este estudo incluiu quatro novos compostos triterpenos isolados que também mostraram efeito anti-inflamatório, o calendulaglicosídeo A 6'-O-metil éster, calendulaglicosídeo A 6'-O-n-butil éster, calendulaglicosídeo B 6'-O-n-butil éster e calendulaglicosídeo C 6'-O-n-butil éster. Em estudo realizado por Neukirch et al. (2005), 13 desses terpenóides manipulados presentes na C. officinalis foram avaliados sobre sua ação anti-inflamatória tópica por inibição de edema induzido por óleo de cróton em camundongos, sendo demonstrada atividade de alguns deles. Este resultado é relevante para futuros estudos de relação estrutura-atividade. Três triterpenos isolados de Calendula officinalis, ¥-taraxasterol e dois monoésteres de faradiol em doses de 0,24 e 0,48mg/orelha apresentaram atividade anti-edematogênica frente ao modelo de orelha de camundongo induzido por óleo de cróton de até 86%, apresentando atividade antiinflamatória equivalente a indometacina (Zitterl-eglesser et al 1997). Outro estudo também avaliou a atividade anti-inflamatória das flores de calêndula, sob aplicação tópica do extrato lipofílico em doses de 0,3 a 1,2 mg/orelha promovendo a redução de até 71% de edema de orelha induzido por óleo de cróton. A fração triterpênica do mesmo extrato apresentou uma inibição de até 76% em doses de 0,15 e 1,2mg/ orelha sob as mesmas condições (Della-loggia et al., 1994). Também utilizando o edema de orelha de rato induzido por óleo de cróton, Parente et al. (2003) não encontrou indícios de atividade anti-inflamatória do extrato etanólico de calêndula administrado por via oral nas doses de 0,1;0,3; e 1,0g/kg. Outro estudo mostrou que o extrato de flores da calêndula administrados na dose de 100mg/kg por via oral apresentaram boa atividade inibitória frente a edema de pata em rato e infiltração leucocitária induzidos por carragenina e prostaglandina E1, respectivamente (Shipochliev et al, 1981). Glicosídeos de isorhamnetina isolados das flores de calêndula apresentaram atividade inibitória da lipooxigenase de fígado de rato in vitro. Entretanto a atividade anti-inflamatória da planta é atribuída aos seus terpenos, sobretudo os monoésteres de faradiol, devido a sua prevalência nas flores (Della5 loggia et al., 1994, Akihisa et al., 1996). Já Kloucheck-popova et al. (1982) demonstraram que a associação de pomada de calêndula 5% com alantoína apresentou efeito cicatrizante em feridas cutâneas induzidas por cirurgia em ratos. A combinação estimulou a regeneração fisiológica e a epitelização através do aumento do metabolismo de glicoproteínas e fibras colágenas durante a regeneração tissular. Os terpenóides são constituintes de óleos voláteis encontrados em plantas aromáticas, sendo os monoterpenos os mais freqüentes (90%). São substâncias que exercem diferentes funções ecológicas, como inibidores da germinação, na proteção contra predadores, na atração de polinizadores, entre outras (Simões; Spitzer, 2003 p.473). A presença do aroma produzido pelos óleos voláteis pode estar envolvida na atração de polinizadores, sendo que dentre os insetos as abelhas e borboletas são freqüentemente atraídos por aromas de diversas flores. Também encontram-se evidências de que algumas plantas produzem óleos voláteis tóxicos como proteção contra predadores e infestantes (Simões; Spitzer, 2003, p.474). Muitos trabalhos apontam a existência de diversas funções para óleos voláteis, especialmente relacionadas ao meio, sugerindo uma ampla variação de acordo com as variações do meio. Segundo Silva et al. (1995), no processo de cultivo da espécie alguns fatores podem afetar de forma significativa a qualidade e a quantidade de princípios ativos produzidos pelas plantas, pois rotas metabólicas podem ser ativadas e/ou inativadas, levando à produção de diversos metabólitos secundários em cada situação. Da mesma forma, Valladares et al. (2002) apontam que mudanças na composição química de plantas podem ser induzidas em resposta a ataques por insetos herbívoros ou a visitas das flores. Segundo estes autores, as mudanças químicas induzidas em plantas medicinais por insetos podem ser comuns e suas implicações econômicas merecem a investigação. Diversos trabalhos apontam a grande importância das Asteraceae no ecossistema, por serem altamente visitadas por insetos; esta característica pode estar diretamente relacionada ao fato das flores 6 ficarem abertas, portanto expostas por um longo período de tempo, proporcionando assim abrigo e alimento (Proctor et al., 1996). Uma vez que a composição química das plantas varia com suas condições fisiológicas, e que essas condições dependem da interação com insetos predadores ou visitantes florais, as atividades antioxidantes e/ou protetoras de DNA de plantas, entre elas a C. officinalis, podem apresentar resultados diferentes entre plantas com e sem a visitação desses animais. Sendo assim, diante do interesse comercial da calêndula e visando a possível influência dos insetos visitantes florais e fitófagos na composição química da planta torna-se relevante o estudo da influência dessa interação sobre a atividade farmacológica da espécie, em especial sobre a atividade anti-inflamatória já descrita na literatura. 7 2. OBJETIVO 2.1 Geral: - Avaliar a atividade anti-inflamatória tópica do extrato glicólico de flores de Calendula officinalis L. protegidas e visitadas por insetos polinizadores e fitófagos em camundongos. 2.2 Específicos: - Avaliar comparativamente a propriedade anti-inflamatória do creme de extrato glicólico de C. officinalis protegidas e visitadas por insetos polinizadores e fitófagos através do modelo de edema induzido por óleo de cróton em camundongos. 3. METOLOGIA 3.1 Tipo de pesquisa 8 Pesquisa básica, quantitativa, experimental. 3.2 Comitê de Ética Este projeto já foi submetido ao Comitê de Ética da UNESC, e sendo este aprovado pelo Comitê, iniciará, então, a pesquisa. 3.3 Obtenção das amostras O material botânico, capítulos de C. officinalis, será coletado no município de Grão-Pará (SC) com identificação da planta pela Professora Dra. Vanilde Citadine Zanette e posterior herborização no Herbário Pe. Dr. Raulino Reitz, da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. Serão coletados 3kg de capítulos de plantas expostas à visitação de insetos e 3kg de plantas protegidas. Para a proteção das plantas, será preparado um canteiro e as plantas serão protegidas de visitas de insetos por meio de uma cobertura de sombrite e serão inspecionadas, diariamente, pelo proprietário da área, para evitar eventuais invasões por insetos. 3.4. Preparação dos extratos glicólicos As flores secas e maceradas serão colocadas em um recipiente contendo o líquido extrator (água destilada 50% e propilenoglicol 50%) deixando-se em repouso durante um período de 14 dias. Após este período, com auxílio de funil e gaze, o extrato é filtrado e concentrado em estufa numa temperatura de 45ºC. (Vanaclocha, 2003, p.157-158). Os extratos glicólicos serão de plantas protegidas e visitadas e serão armazenados em frascos hermeticamente fechados, num local fresco e ao abrigo da luz. 3.5 Preparação do creme 9 Será produzido o creme Polawax de acordo com o autor Antunes Junior (2002). Este é utilizado como base farmacológica que age como um sistema de carreamento em preparações magistrais, permitindo que uma larga variedade de substâncias ativas seja rápida e convenientemente transportada para a pele. O Polawax é uma cera emulsificante não-iônica na forma de emulsão óleo em água (O/A). Sua composição compreende: Polawax®, Estearato de octila, Álcool de lanolina, Propilenoglicol, propilparabeno, BHT e Água. 3.6 Animais Serão utilizados camundongos machos da linhagem CF1, adquiridos do FEPPS (Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde – RS), com idade entre 2 a 3 meses e com massa corporal entre 35-40 gramas. Os animais serão mantidos a uma temperatura controlada (20 +/- 3ºC), com água e comida “ad libitum”. Após os experimentos os animais serão submetidos à eutanásia através de deslocamento da cervical. 3.7 Teste farmacológico 3.7.1 Atividade anti-edema induzida por óleo de cróton Grupos de sete camundongos serão tratados com três concentrações do extrato glicólico da C. officinalis visitada e protegida a serem determinados posteriormente. Estes serão anestesiados com Ketamina 80mg/kg (i.p.), e após 30 minutos será aplicado uma solução contendo 75 µg de óleo de Cróton dissolvidos em 15µl de acetona irritante na superfície interior da orelha esquerda e logo após será aplicado o creme contendo extrato glicólico de C. officinalis no local. No grupo padrão será aplicado o creme de indometacina, e no grupo controle apenas o óleo e cróton. As orelhas direitas não serão tratadas. 10 Os animais serão sacrificados por deslocamento cervical após 6 horas e será realizada a remoção das orelhas tratadas e não-tratadas. A diferença de peso entre as duas orelhas será tomada como medida da resposta anti-edema (Tubaro et al., 1985). 3.8 Análise estatística Os resultados serão analisados pelo teste de análise de variância ANOVA seguida do pos-hoc Student Newman Keuls. 3.9 Fármacos As drogas utilizadas nos experimentos serão adquiridas pelo Laboratório de Etnofarmacologia da UNESC, sendo elas as seguintes: Ketamina, indometacina e óleo de cróton da SIGMA ALDRICH. 11 A liisneoredsaueltlaadboosraçãodoT XX T énrám C C edefesa X 5T .aO R Ç A M E N T O bela1:O rçam entodosgastoscom apesquisa. 4. CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES DE PESQUISA aateisrÓ iealxelpodeedriecm ocenrnóstuaom aloresR A nM im inso(N =56) V $162,890360,0 K e t a m i n a C reS m eoludpçiãleondoacgem etontalacina R $R rC P l i c 45 r e m e p o l a w a x R $ Seringaseagulhas,luvas,ponteiras,m áscaras. Sub-tR $$4a6l11:,50502,,1006,50 o t E steprojetoestásendofinanciadopelasseguintesagênciasfinanciadoras:U N E SC ,C N Pq. Tabela 1: Atividades realizadas no ano 2009. Atividade mai jun jul ago set out nov Revisão bibliográfica X X Coleta inflorescências X X Preparação extratos Teste Anti-edematoso X X X X X X X X X 12 14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Akihisa T, Yasukawa K, Oinuma H, Kasahara Y, Yamanouchi S, Takido M, Kumaki K, Tamura T 1996. Triterpene alcohols from the flowers of compositae and their anti-inflammatory effects. Phytochemistry 43: 1255-1260. Alonso LR 1998. Tratado de Fitomedicina: Bases clínicas y farmacológicas. Buenos Aires: Issis Ediciones 327-331. Antunes JD 2002. Farmácia de manipulação: noções básicas. São Paulo: Tecnopressive. APG II 2003. Angiosperm phylogeny group. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Bot J of the Linn Soc 141: 399436. Blumenthal M, Busse, WR 1998. The complete german commission e monographs : therapeutic guide to herbal medicines. Boston: American botanical Council, 1998. Brasil 2004. 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Devem seguir a forma usual de apresentação, contendo Introdução, Material e Métodos, Resultados e Discussão, etc, de acordo com as peculiaridades de cada trabalho. 1.2 A Revista Brasileira Farmacognosia recebe para publicação trabalhos científicos originais, revisões e divulgações escritos em Português, Espanhol ou Inglês. O conteúdo dos trabalhos é de total responsabilidade do(s) autor(es), e não reflete necessariamente a opinião do Editor Chefe ou dos membros do Conselho Editorial 1.3 A Revista Brasileira de Farmacognosia submeterá todos os manuscritos recebidos à análise de consultores ad hoc, cujos nomes permanecerão em sigilo e que terão a autoridade para decidir sobre a pertinência de sua aceitação, podendo inclusive, reapresentá-los ao(s) autor(es) com sugestões para que sejam feitas alterações necessárias e/ou para que os mesmos sejam adequados às normas editoriais da revista. 1.4 Toda idéia e conclusão apresentadas nos trabalhos publicados são de total responsabilidade do(s) autor(es), e não reflete necessariamente a opinião do Editor Chefe ou dos membros do Conselho Editorial. 18 1.5 Todos artigos envolvendo estudos com humanos ou animais deverão ter Pareceres dos Comitês de Ética de Pesquisa em Seres Humanos ou em Animais das instituições a que pertencem os autores, autorizando tais estudos. 1.6 Todo material vegetal utilizado na pesquisa descrita no trabalho deve ter a indicação do seu local de coleta (inclusive coordenadas obtidas por GPS, se possível), o país de origem, o responsável pela identificação da espécie e a localização da exsicata. Os autores devem estar preparados para fornecer evidência documental de que a aprovação para a coleta foi concedida pela autoridade apropriada no país de origem. 2. NORMAS PARA A ELABORAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES 2.1 Os autores devem manter uma cópia (eletrônica e impressa) do manuscrito submetido, para o caso de possível perda ou danos causados ao original enviado à revista. 2.2 As Figuras (fotografias, gráficos, desenhos, etc.) deverão ser apresentadas em folhas separadas e numeradas consecutivamente em algarismos arábicos. As respectivas legendas deverão ser claras, concisas, sem abreviaturas e localizadas abaixo das figuras. Suas respectivas posições no texto deverão ser indicadas, preferentemente, logo após sua citação no corpo do trabalho. No caso de fotografias ou desenhos feitos a mão livre, estes deverão ser colocados em envelopes à parte, em perfeito estado e devidamente identificados no verso, a lápis. 2.3 As Tabelas e os Quadros deverão ser apresentados em folhas separadas e numerados consecutivamente em algarismos arábicos. As tabelas (dados numéricos) não podem ser fechadas por linhas laterais. As respectivas legendas deverão ser claras, concisas, sem abreviaturas e localizadas na parte superior dos mesmos. Deverão ser indicados os locais aproximados no texto, onde as tabelas e os quadros serão intercalados, preferentemente, logo após sua citação no corpo do trabalho. 3. FORMATAÇÃO DO TEXTO E CONTEÚDO DO TRABALHO 3.1 Os originais deverão ser redigidos e digitados em folhas de papel tamanho A4 ou carta, espaço duplo, fonte tipo Times New Roman, tamanho 12, com texto justificado, margem de 2cm em cada um dos quatro lados, e perfazendo o total de, no máximo, 15 e, no mínimo, 5 páginas, incluindo figuras, tabelas e quadros. 19 3.2 Título e subtítulo: Deverão estar de acordo com o conteúdo do trabalho, levando em conta o âmbito e objetivos da Revista. Estes deverão estar escritos em caixa baixa, negritados, fonte tipo Times New Roman, tamanho 14. Para os trabalhos redigidos nas línguas Portuguesa e Espanhola, providenciar também versão do título para a língua Inglesa, o qual acompanhará o Abstract. 3.3 Autores: Os nomes dos autores devem vir abaixo do título, centralizados. O nome e os sobrenomes devem aparecer na ordem correta, sendo obrigatório que o primeiro (nome) e o último (sobrenome) apareçam por extenso (ex. Carlos N.U. Silva ou Carlos N. Ubiratan Silva). No caso de vários autores, seus nomes deverão ser separados por vírgulas. 3.4 Filiação dos autores: Após o nome de cada autor deverá constar um número Arábico, sobrescrito, que indica sua instituição de procedência e, deverá aparecer logo abaixo da nominata dos autores, também centralizado e com endereços completos, inclusive o CEP da cidade. Deve-se assinalar o nome do autor principal com um asterisco sobrescrito, para o qual toda correspondência deverá ser enviada. O endereço eletrônico, telefone e fax do autor principal aparecerão na primeira página do trabalho como uma nota de rodapé. 3.5 Resumo em português: Deverá apresentar concisamente o trabalho destacando as informações de maior importância, expondo metodologia, resultados e conclusões. Permitirá avaliar o interesse pelo artigo, prescindindo de sua leitura na íntegra. Dever-se-á dar destaque ao Resumo como tópico do trabalho (máximo de 200 palavras). 3.6 Unitermos: Deverão identificar/representar o conteúdo do artigo. Observar o limite máximo de 6 (seis). São importantes para levantamentos em banco de dados, com o objetivo de localizar e valorizar o artigo em questão. Deverão vir separados por vírgula. 3.7 Abstract: Os trabalhos redigidos nas línguas Portuguesa e Espanhola devem vir acompanhados também da versão do resumo para a língua Inglesa. Evitar traduções literais. Quando não houver domínio deste idioma, consultar pessoas qualificadas. O Abstract deve ser encabeçado por versão do título na língua inglesa. 3.8 Keywords: Unitermos em inglês. Também em número máximo de 6 (seis) e separados por vírgula. 3.9 Introdução: Deverá estabelecer com clareza o objetivo do trabalho e sua relação com outros trabalhos na mesma área. Extensas revisões da literatura deverão ser substituídas por referências a 20 publicações mais recentes, onde estas revisões tenham sido apresentadas e estejam disponíveis. 3.10 Material e Métodos: A descrição dos materiais e dos métodos usados deverá ser breve, porém suficientemente clara para possibilitar a perfeita compreensão e a reprodução do trabalho. Processos e técnicas já publicados, a menos que tenham sido extensamente modificados, deverão ser referenciados por citação. 3.11 Resultados: Deverão ser apresentados com o mínimo possível de discussão ou interpretação pessoal e, sempre que possível, ser acompanhados de tabelas e figuras adequadas. Os dados, quando pertinentes deverão ser submetidos a uma análise estatística. 3.12 Discussão: Deverá ser restrita ao significado dos dados obtidos e resultados alcançados, evitandose inferências não baseadas nos mesmos. Opcionalmente, Resultados e Discussão poderão ser apresentados num único item. 3.13 Agradecimentos: Este item é opcional e deverá vir antes das Referências Bibliográficas. 4. REFERÊNCIAS A formatação das referências deve ser padronizada em conformidade com as exigências da revista, como é mostrado abaixo: 4.1 Referência dentro do texto: - No início da citação: autor em caixa baixa, seguido do ano entre parênteses. Ex. Pereira (1999). - No final da citação: autor em caixa baixa e ano - ambos entre parênteses. Ex. (Silva, 1999) ou (Silva; Souza, 1998) ou (Silva; Souza; Dias, 2000) ou (Silva et al., 1999) ou (Silva et al., 1995a,b). - Citação textual: colocar, também, a página . Ex. (Silva, 1999, p.24) 4.2 As Referências Bibliográficas serão ordenadas alfabeticamente pelo sobrenome do primeiro autor, em caixa baixa e em ordem crescente de data de publicação. Deve-se levar em consideração as seguintes ocorrências: 4.2.1 Revista: Será utilizado a abreviatura do periódico, em itálico, definida no Chemical Abstracts 21 Service Source Index (ver http://www.cas.org/sent.html). Caso a abreviatura autorizada de um determinado periódico não puder ser localizado e não for óbvio como o título deve ser abreviado, deve-se citar o título completo. - Vargas TOH 1996. Fatores climáticos responsáveis pela morte de borboletas na região sul do Brasil. Rev Bras Assoc Entomol 11: 100-105. No caso especial da revista citada não ser de fácil acesso, é recomendado citar o seu número de Chemical Abstracts, como segue: - Qu W, Li J, Wang M 1991. Chemical studies on Helicteres isora L. Zhongguo Yaoke Daxue Xuebao 22: 203-206, apud Chemical Abstracts 116: 124855r. Numa citação de citação, colocar o nome das fontes em itálico. - Wax ET 1977. Antimicrobial activity of Brazilian medicinal plants. J Braz Biol Res 41: 77-82, apud Nat Prod Abs 23: 588-593, 1978. 4.2.2 Livro: - Costa AF 1996. Farmacognosia. Lisboa: Calouste Gulbenkian. 4.2.3 Capítulo de livro: - Farias CRM, Ourinho EP 1999. Restauração dentária. In: Goldaman, G.T. (org.) A nova odontologia. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p.95-112. 4.2.4 Tese e Dissertação: - Lima N 1991. Influência da ação dos raios solares na germinação do nabo selvagem. Campinas, 755p. Tese de Doutorado - Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Campinas. - Romero MAV 1997. Estudo químico de Brunfelsia hopeana Benth e do mecanismo de ação da escopoletina. João Pessoa, 119p. Dissertação de Mestrado - Programa de Pós-Graduação em Produtos naturais, Universidade Federal da Paraíba. 22 4.2.5 Congressos: - Thomas G, Selak M, Henson PM 1996. Estudo da fração aquosa do extrato etanólico das folhas de Cissampelos sympodialis em neutrófilos humanos. XIV Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil. Florianópolis, Brasil. Os trabalhos deverão ser enviados, inicialmente, em três cópias impressas, utilizando-se o programa Word for Windows. Quando da aceitação do trabalho, após as devidas correções, deverão ser enviados um CD contendo o arquivo do trabalho e uma cópia impressa. Toda correspondência deverá ser enviada ao Editor-Chefe da Revista. Na carta de encaminhamento é solicitado a indicação de cinco prováveis referees, de outras instituições, com seus endereços postais e eletrônicos. A qualificação do trabalho será atestada por, no mínimo, dois consultores, indicados pela Editoria 23 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE CURSO DE FARMÁCIA SUMAYA RIBARSKI SCALCO AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA TÓPICA DO EXTRATO GLICÓLICO DE Calendula officinalis L. (ASTERACEAE) VISITADAS E PROTEGIDAS POR INSETOS. CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2009. 24 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE CURSO DE FARMÁCIA SUMAYA RIBARSKI SCALCO AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA TÓPICA DO EXTRATO GLICÓLICO DE Calendula officinalis L. (ASTERACEAE) VISITADAS E PROTEGIDAS POR INSETOS. Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Farmacêutica Generalista do Curso de Farmácia da Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC. Orientador (a): Prof. Dr. Luciane Costa Campos Co- orientador: Prof. Giordana Maciel Dário CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2009. 25 AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA TÓPICA DO EXTRATO GLICÓLICO DE Calendula officinalis L. ( ASTERACEAE) VISITADAS E PROTEGIDAS POR INSETOS. EVALUATION OF ANTI-INFLAMMATORY ACTIVITY OF EXTRACT TOPICAL GLYCOL DE Calendula officinalis L. (ASTERACEAE) VISITED AND UNVISITED BY INSECTS. Sumaya R. Scalco1*, Tamara S. Bosse1, Luciane C. Campos1,2. 1Laboratório de Etnofarmacologia, GPEtno, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Av. Universitária, 1105, Bloco S, CEP 88806-000, Criciúma/SC, Brasil. 2 Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Av. Universitária, 1105, Bloco S, CEP 88806-000, Criciúma/SC, Brasil. *Endereço para correspondência: Sumaya Ribarski Scalco Universidade do Extremo Sul Catarinense, Laboratório de Etnofarmacologia, Bloco S sala 07 Av. Universitária nο1105, CEP: 88806-000, Criciúma – SC, Brasil e-mail [email protected] Telefone: (048) 34312643 ou (048) 99356424 Criciúma/SC, Brasil 26 RESUMO Calendula officinalis L. (Asteraceae), é utilizada para combater feridas, dor de garganta e inflamações. As plantas produzem mais ou menos metabólitos secundários em presença de insetos. O objetivo desse estudo foi comparar a propriedade anti-inflamatória tópica do creme contendo extrato glicólico de flores de calêndula protegidas e visitadas por insetos através do modelo de edema induzido por óleo de cróton. Camundongos machos (n=7) foram anestesiados com ketamina, e após 30min. receberam nas orelhas esquerdas óleo de cróton, logo a seguir receberam o creme dos extratos glicólicos da planta protegida ou visitada por insetos nas concentrações de 5, 10 e 20%, indometacina 20% ou controle com apenas o óleo. Após 6 horas os animais foram mortos removendo-se as orelhas tratadas e não tratadas e a diferença de peso entre elas foi medida como a resposta anti-edema. Os resultados foram analisados por ANOVA/SNK. A partir dos resultados foi possível observar que o extrato glicólico de C. officinalis apresenta atividade anti-inflamatória nas concentrações de 5 e 20%, semelhante a indometacina, não havendo diferença significativa na inibição de edema entre a planta visitada e protegida. Segure-se portanto que, nesse modelo, a visitação ou não de insetos não influenciou sobre a atividade anti-inflamatória da planta. Palavras chaves: Calendula officinalis, atividade antiinflamatória, visitação de insetos, óleo de cróton, atividade anti-edema. 27 ABSTRACT Calendula officinalis L. (Asteraceae) is used to treat injury, sore throat and inflammation. The plants produce more or less secondary metabolites in the presence of insects. The aim of this study was to compare the anti-inflammatory property of topical cream containing glycolic extract of calendula flowers protected and visited by insects, through the model of edema induced by croton oil. Male mice (n=7) were anesthetized with ketamine, and after 30 min. received croton oil in the right ears; immediately after the mice received the cream of the glycol plant extracts protected or visited by insects, in concentrations of 5, 10 and 20%, 20% indomethacin or control with only the oil. After 6 hours the animals were killed, treated and untreated ears were removed and the weight difference between them was measured as the anti-edema response. Results were analyzed by ANOVA/SNK. From the results it was observed that the glycolic extract of C. officinalis has anti-inflammatory activity at concentrations of 5 and 20%, similar to indomethacin, there was no significant difference in the inhibition of edema between the visited and protected plant. It is therefore suggested that in this model, the visitation by insects or not did not influence the anti-inflammatory activity of the plant. Keywords: Calendula officinalis, anti-inflammatory activity, insect visitation, croton oil, anti-edema activity 28 Introdução A Calendula officinalis L. (Asteraceae) é uma planta originária do Egito, foi importada para a Europa no séc. XII e trazida para o Brasil no séc. XVIII, sendo cultivada como planta ornamental e medicinal (Apg II, 2003). Trata-se de uma planta herbácea anual, de 30-60 cm de altura que apresenta capítulos florais largos, e a coloração das pétalas varia do amarelo ao laranja. As pétalas centrais das flores são tubulosas e as periféricas liguladas (Correa et al., 1984). As flores abrem ao nascer do sol e fecham ao entardecer, sendo que o florescimento ocorre normalmente a partir do final da primavera até o final do verão (Silva Junior, 2006). No Brasil a planta é conhecida popularmente como Calêndula, Calêndula-hortense, Maravilha-dos-jardins ou malmequer (Corrêa, 2003). Muitas propriedades farmacológicas têm sido atribuídas à C. officinalis (calêndula), dentre elas: colerética, anti-inflamatória, analgésica, antitumoral, bactericida, diurética, cicatrizante, sedativa e imunomoduladora (Blumethal, 1998, p.100; Franco, 1996; Brown, Dattner, 1998; Ramos et al., 1998, Zitterl-eglesser et al, 1997). As flores dessa planta têm grande importância na medicina popular da Europa e oeste da Ásia, onde são utilizadas para o tratamento de condições inflamatórias de órgãos internos como úlcera gástrica, dismenorréia, em infecções urinárias, dentre outras. Também é externamente utilizada para inflamações na mucosa oral e faríngea (Yoshikawa et al., 2001). Com a vasta vantagem de ser uma planta com efeitos anti-inflamatórios, no Brasil na medicina popular é muito utilizada como medicamento, fazendo-se uso no tratamento de determinadas doenças. O chá das flores, quando ingerido, apresenta ação anti-espasmódica, expectorante, anti-abortiva e melhora nas anemias nervosas; externamente é utilizado para combater inflamações das víceras, feridas, chagas cancerosas, dor de garganta e icterícia, geralmente utiliza-se as pétalas maceradas em compressas de alcoolato para feridas abertas (Korbes, 1995; Michalak, 1997). O extrato das flores da calêndula nas formas farmacêuticas de tintura, infuso e gel, creme e 29 pomada são amplamente utilizados como anti-inflamatório e cicatrizante para pele e mucosas (Blumethal, 1998, p.100; Della-loggia et al.,1994, Zitterl-eglesser, et al 1997). No Brasil o uso da calêndula está regulamentado pela RE nº 89 de 16 de março de 2004 da ANVISA como antiinflamatório e cicatrizante de uso tópico em doses diárias de 8,8 a 17,6 mg de flavonóides (Brasil, 2004). Como a flor é a parte mais utilizada é também a mais estudada, sendo detectados flavonóides, óleos essenciais com derivados oxigenados de sesquiterpenóides e diversas saponinas. Como constituintes químicos, são encontrados nas flores alguns triterpenos, terpenos oligoglicosídeos e flavonóides glicosídeos (Blumethal, 1988, p.100; Bruneton, 1995; Who, 2001 p. 287). Vários compostos com ação anti-inflamatória de C. officinalis já foram identificados. Dentre estes, os anéis aromáticos A, D e E de faradiol, o anel E de ambos arnidiol e calenduladiol têm sido alvo de vários estudos de manipulação química seletiva para modificação da polaridade e afinidade à água (Akihisa et al., 1996). Em estudo realizado por Neukirch et al. (2005), 13 desses terpenóides manipulados presentes na C. officinalis foram avaliados sobre sua ação anti-inflamatória tópica por inibição de edema induzido por óleo de cróton em camundongos, sendo demonstrada atividade de alguns deles. Ukiya et al. (2006) avaliaram a atividade anti-inflamatória de diversos compostos isolados de flores de C. officinalis, incluído dez triterpenos glicosídeos. Os resultados obtidos pelos autores mostraram potente ação contra inflamação induzida por TPA em camundongos de nove dos dez triterpenos. Este estudo incluiu quatro novos compostos triterpenos isolados que também mostraram efeito anti-inflamatório, o calendulaglicosídeo A 6'-O-metil éster, calendulaglicosídeo A 6'-O-n-butil éster, calendulaglicosídeo B 6'-O-n-butil éster e calendulaglicosídeo C 6'-O-n-butil éster. Os terpenóides são constituintes de óleos voláteis encontrados em plantas aromáticas, sendo os monoterpenos os mais freqüentes (90%). São substâncias que exercem diferentes funções ecológicas, como inibidores da germinação, na proteção contra predadores, na atração de polinizadores, entre 30 outras. A presença do aroma produzido pelos óleos voláteis pode estar envolvida na atração de polinizadores, sendo que dentre os insetos as abelhas e borboletas são freqüentemente atraídos por aromas de diversas flores. Também encontram-se evidências de que algumas plantas produzem óleos voláteis tóxicos como proteção contra predadores e infestantes (Simões; Spitzer, 2001, p.474-475). Muitos trabalhos apontam a existência de diversas funções para óleos voláteis, especialmente relacionadas ao meio, sugerindo uma ampla variação de acordo com as variações do meio. A associação entre plantas e insetos é uma das interações ecológicas mais freqüentes da natureza e atualmente essa relação tem importância crucial para o conhecimento fundamental da biodiversidade terrestre (Schoonhovem, et al, 1998; Prado; Lewinsohn, 2004). A alimentação dos insetos provoca respostas de defesa em plantas infestadas, incluindo a emissão de compostos orgânicos voláteis, que podem servir como sinais de defesa indireta. Até o momento, a contribuição do tecido vegetal ferido durante o processo de alimentação na iniciação de respostas de defesa não está clara. Os possíveis danos e mudanças na composição química da planta se assemelham fortemente ao processo de visitação e alimentação do inseto, representando uma ferramenta valiosa para analisar o papel dos sinais envolvidos na indução de reações de defesa da planta contra os ataques (Mithofer et al, 2005). Artrópodes herbívoros, principalmente larvas de insetos, representam um grande desafio para as plantas em seu habitat natural, pois para a defesa contra insetos, as plantas adotam mecanismos de defesa representados por barreiras físicas, tais como as cutículas, espinhos e tricomas, ou preexistente metabólitos secundários que são nocivas ou mesmo tóxicas ao inseto (Mithofer et al, 2005). Segundo Silva et al. (1995), no processo de cultivo de plantas medicinais alguns fatores podem afetar de forma significativa a qualidade e a quantidade de princípios ativos produzidos por elas, pois rotas metabólicas podem ser ativadas e/ou inativadas, levando à produção de diversos metabólitos secundários em cada situação. Da mesma forma, Valladares et al. (2002) apontam que mudanças na composição química de plantas podem ser induzidas em resposta a ataques por insetos herbívoros ou a 31 visitas das flores. Segundo estes autores, as mudanças químicas induzidas em plantas medicinais por insetos podem ser comuns e suas implicações econômicas merecem a investigação. Diversos trabalhos apontam a grande importância das Asteraceae no ecossistema, por serem altamente visitadas por insetos; esta característica pode estar diretamente relacionada ao fato das flores ficarem abertas, portanto expostas por um longo período de tempo, proporcionando assim abrigo e alimento (Proctor et al., 1996, Krug, 2007). Uma vez que a composição química das plantas varia com suas condições fisiológicas, e que essas condições dependem da interação com insetos predadores ou visitantes florais, entre elas a C. officinalis, pode apresentar resultados diferentes entre plantas com e sem a visitação desses animais. Sendo assim, diante do interesse comercial da calêndula o presente estudo avaliou comparativamente a propriedade anti-inflamatória do creme de extrato glicólico de C. officinalis protegidas e visitadas por insetos polinizadores ou fitófagos através do modelo de edema induzido por óleo de cróton em camundongos. Metodologia Obtenção das amostras O material botânico, capítulos de C. officinalis, foi coletado no município de Grão-Pará (SC) com identificação da planta pela Professora Dra. Vanilde Citadine Zanette e posterior herborização no Herbário Pe. Dr. Raulino Reitz, da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. Sendo coletados 3kg de capítulos de plantas expostas à visitação de insetos e 3kg de plantas protegidas. Para a proteção das plantas, foi preparado um canteiro e as plantas foram protegidas de visitas de insetos por meio de uma cobertura de sombrite e inspecionadas diariamente para evitar eventuais invasões por insetos. Preparação dos extratos glicólicos e creme 32 As flores secas e maceradas foram colocadas em um recipiente contendo o líquido extrator (água destilada 50% e propilenoglicol 50%) deixando-se em repouso durante um período de 14 dias. Após este período, o extrato foi filtrado e concentrado em estufa numa temperatura de 45ºC. (Vanaclocha, 2003, p.157-158). Os extratos glicólicos das plantas visitadas e protegidas foram adicionados no creme Polawax, que foi produzido de acordo com o autor (Antunes Junior, 2002, p.6667) apresentando-se uma mistura aniônica na forma de emulsão óleo em água (O/A), contendo Polawax®, Estearato de octila, Álcool de lanolina, Propilenoglicol, propilparabeno, BHT e Água, utilizado como base para o carreamento dos ativos presentes no extrato. Animais Foram utilizados camundongos machos da linhagem CF1, adquiridos do FEPPS (Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde – RS), com idade entre 2 a 3 meses e com massa corporal entre 35-40 gramas. Os animais foram mantidos a uma temperatura controlada (20 +/- 3ºC), com água e comida “ad libitum”. Atividade anti-edema induzida por óleo de cróton Grupos de 7 camundongos foram anestesiados com Ketamina 80mg/kg (i.p.), e após 30 minutos foi aplicado uma solução contendo 75 µg de óleo de Cróton dissolvidos em 15µl de acetona irritante na superfície interior da orelha esquerda e logo após foi aplicado em seis grupos os cremes contendo extratos glicólicos de C. officinalis visitadas e protegidas nas concentrações de 5, 10 e 20% (Apparenza, 2007) no local. No grupo padrão foi aplicado o creme de indometacina 20% e no grupo controle apenas o óleo de cróton. Totalizando oito grupos de animais. As orelhas direitas não foram tratadas. 33 Após 6 horas os animais foram mortos por deslocamento cervical e foi realizada a remoção das orelhas tratadas e não-tratadas. A diferença de peso entre as orelhas foi tomada como medida da resposta anti-edema (Tubaro et al., 1985). Análise estatística Os resultados foram analisados pelo teste de análise de variância ANOVA seguida do post-hoc Student Newman Keuls. Resultados Os resultados obtidos nesse estudo mostram ação anti-inflamatória dos extratos de C. officinalis no modelo de edema de orelha. As concentrações de 5 e 20% de ambos os extratos inibiram significativamente o edema de orelha de forma semelhante à indometacina (Figura1). Entretanto, não houve diferença significativa entre os extratos de plantas visitadas e protegidas, sendo que na concentração de 5% a inibição foi de 14,85% e 17,72% e na concentração de 20% foi de 23,3%% e 28,4%% para visitadas e protegidas respectivamente. A indometacina mostrou inibição de 21,96% (Figura 2). A concentração de 10% não apresentou efeito na inibição de edema Discussão Os dados preliminares apresentados neste estudo indicam que as C. officinalis apresenta atividade anti-inflamatória tópica. As concentrações de 5 e 20% dos extratos glicólicos testados foram capazes de reduzir o edema de orelha induzido pelo óleo de cróton em camundongos, após aplicação tópica, mostrando atividade semelhante à da indometacina, um anti-inflamatório não-esteroidal (AINE). 34 A inflamação induzida pelo óleo de cróton pode estar relacionada com a concomitante liberação de histamina, serotonina e cininas e numa segunda fase correlacionada com a produção elevada de prostaglandinas, derivados do oxigênio de radicais livres, e infiltração de neutrófilos no local (Noguera et al, 2004) (Rang et al., 2007, p. 263-264). Visto que um processo edematoso apresenta vasodilatação arteriolar e venular, com aumento da pressão hidrostática na microcirculação e fuga de líquido para o interstício (Rang et al., 2007, p. 264). Assim a ação anti-inflamatória tópica do extrato glicólico de folhas de C. officinalis pode relacionar-se ao mesmo mecanismo dos anti-inflamatórios não-esteroidais, tendo a indometacina sua ação anti-inflamatória decorrente da inibição da síntese de prostaglandinas vasodilatadoras, efetuada mediante a inativação das cicloxigenases constitutiva (COX1) e induzível (COX2) nas células inflamatórias (Rang et al., 2007, p.280-281). A administração tópica de C. officinalis apresentou resposta anti-edematogênica após a aplicação do creme de calêndula com efeito continuado de até 6 horas. Della Loggia et al. (1994) avaliaram a atividade anti-inflamatória das flores de calêndula com aplicação tópica do extrato lipofílico em doses de 0,3 a 1,2 mg/orelha, o que promoveu a redução de até 71% de edema de orelha induzido por óleo de cróton. A fração triterpênica do mesmo extrato apresentou uma inibição de até 76% em doses de 0,15 e 1,2mg/ orelha sob as mesmas condições. Em outro estudo Zitterl-eglesser et al (1997) comprovaram atividade anti-edematogênica frente ao modelo de orelha de camundongo induzido por óleo de cróton de até 86% com três triterpenos isolados de C. officinalis, o ¥-taraxasterol e dois monoésteres de faradiol em doses de 0,24 e 0,48mg/orelha, apresentando atividade anti-inflamatória equivalente a indometacina. No presente estudo, a concentração de 20% apresentou maior inibição de edema quando comparada com a concentração de 5%, devido provavelmente a uma maior quantidade de substâncias ativas. A planta protegida apresentou uma pequena diferença na porcentagem de inibição, apresentando 35 uma inibição maior que a planta visitada. Porém, essa diferença não foi estatisticamente significativa para afirmar que houve diferença nos compostos químicos da planta visitada e protegida. Os metabólitos secundários da planta podem estar relacionados com a resposta anti-edema encontrada no presente estudo. Segundo a literatura, as flores de C. officinalis apresentam saponinas que podem estar envolvidas na propriedade anti-inflamatória comprovada no estudo. As saponinas podem apresentar atividade anti-inflamatória, podendo alcançar uma concentração de 6%, segundo os autores (Shenkel, Gosmann, Athayde, 2003, p.730). Os óleos voláteis, importantes compostos presentes na C. officinalis, contribuem para as suas propriedades terapêuticas, como já comprovado em outros estudos, em especial os triterpenos (Hamburger et al, 2003). Plantas que contém nos óleos voláteis os azulenos também lhe são conferidas propriedades anti-inflamatórias (Spitzer, Simões, 2003, p.488). Em estudos de Della-loggia et al. (1994) e Akihisa et al. (1996), glicosídeos de isorhamnetina foram isolados das flores de calêndula, apresentando atividade inibitória da lipooxigenase de fígado de rato in vitro. Entretanto a atividade anti-inflamatória da planta foi atribuída aos seus terpenos, sobretudo os monoésteres de faradiol, devido a sua prevalência nas flores. Outro tipo de metabólitos secundários de grande importância presentes na C. officinalis são os flavonóides, apresentando-se em diversas classes em abundância nas plantas. Dentre elas as chalconas, responsáveis por produzir a cor amarela da planta, sendo que esta cor está implicada na polinização como atração de insetos ou pássaros. Outra classe, são os biflavonóides encontrados em abundância, sendo responsáveis por ações farmacológicas da planta, entre elas a atividade anti-inflamatória, servindo também como alimento dissuasivo para insetos (Zuanazzi, 2002, p.585-595). No presente estudo a ação anti-inflamatória observada pode estar diretamente relacionada com os flavonóides e os óleos voláteis. Entretanto, sua presença pode não interferir sobre a diferença entre a ação anti-inflamatória das plantas que receberam a visitação de insetos com as protegidas. Pode-se 36 afirmar, portanto que a visitação de polinizadores pode não estar relacionada com a potência da sua propriedade anti-inflamatória. Em estudos recentes sobre a calêndula Braga et al (2009), demonstraram uma de suas propriedades antioxidantes envolvidos no seu efeito anti-inflamatório. Assim como Cordova et al. (2002) e Herold et al. (2003) que investigaram o extrato butanólico de C. officinalis contra a peroxidação lipídica de microssomas de fígado de rato e ação scavenger de radicais livres, com os resultados obtidos também sugeriram que a fração butanólica possui ação scavenger e atividade antioxidante significativas. Embora exista a indicação de que compostos produzidos por plantas atuem tanto na atração de polinizadores como na proteção contra a fitofagia (Martins et al., 1994, Simões et al., 2003), tal relação não foi comprovada por Leite et al. (2005) em estudo de artrópodes associados a calêndula em Minas Gerais, ao menos para os flavonóides. Estes autores relatam que não houve relação entre o teor de flavonóides e o número de insetos na calêndula. Leite et al. (op cit.) relatam, ainda, maior preferência dos pulgões pelas hastes florais e capítulos em detrimento das folhas de calêndula. Apesar da famíla Asteraceae ter mostrado em diversos estudos ser a mais importante em relação à visitação de insetos (Gonçalves; Melo, 2005, Krug, 2007) pela abundância de espécies, morfologia floral e pelo tipo de inflorescência que facilita a acessibilidade de visitantes florais (Faria-Mucci, et al 2003), neste estudo a visitação de insetos não influenciaram na atividade dos metabólitos secundários da planta. Sendo assim, uma possível explicação por não ter ocorrido diferença sobre a atividade antiinflamatória entre a planta visitada e protegida, pode ser devido a visitação de insetos não ser suficiente para alterar significativamente os metabólitos secundários da planta. Mesmo que estes metabólitos sejam responsáveis pela atividade farmacológica e pela atração de polinizadores, as duas ações podem não estar relacionadas. Outra hipótese é a de que pode ter ocorrido uma pequena visitação de 37 polinizadores nas plantas que permaneceram expostas, não sendo o suficiente para ocorrer uma alteração na quantidade dos seus compostos, não diferindo assim na sua atividade farmacológica. Conclusão Os resultados obtidos apresentaram evidência experimental da ação anti-inflamatória tópica dos extratos glicólicos de C. officinalis. O estudo então reforça a ação anti-inflamatória da planta. Mas a correlação entre a planta exposta e protegida da visitação de insetos não mostrou diferença significativa na inibição do edema. Mesmo que óleos voláteis, flavonóides das inflorescências sejam apontadas como os constituintes que apresentam a função da atração de animais com finalidade de polinização, a relação entre a quantidade destes compostos não foi significativa entre a planta visitada e protegida, a ponto de alterar sua atividade anti-inflamatória. Sugere-se, portanto que, nesse modelo, a visitação ou não de insetos não influenciou sobre a atividade anti-inflamatória da planta. 38 Referências bibliográficas Akihisa T, Yasukawa K, Oinuma H, Kasahara Y, Yamanouchi S, Takido M, Kumaki K, Tamura T 1996. Triterpene alcohols from the flowers of compositae and their anti-inflammatory effects. Phytochemistry 43: 1255-1260. Antunes JD 2002. Farmácia de manipulação: noções básicas. São Paulo: Tecnopressive. 66-67. APG II 2003. Angiosperm phylogeny group. 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Os dados estão expressos em média + DP, ANOVA/SNK. 42 % de inibição do edema Tratamentos C. protegida 20% 28,4 C. visitada 20% 23,3 17,72 C. protegida 5% 14,85 C. visitada 5% * 21,96 5 10 * * indometacina 0 * 15 20 * 25 30 % de inibição Figura 2: Efeito dos cremes contendo extratos glicólicos de C. officinalis visitada e protegida de insetos nas concentrações de 5 e 20% na inibição do edema de orelha induzido por óleo de cróton. *=P<0,05 diferença significativa nas concentrações de 5%, com inibição de 14,85% e 17,72% e na concentração de 20%, com porcentagem de inibição de 23,3%% e 28,4%, para a planta visitada e protegida respectivamente. A indometacina apresentou inibição de 21,96%. 43