AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA TÓPICA

Propaganda
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE
CURSO DE FARMÁCIA
SUMAYA RIBARSKI SCALCO
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA TÓPICA DO
EXTRATO GLICÓLICO DE Calendula officinalis L. (ASTERACEAE)
VISITADAS E PROTEGIDAS POR INSETOS.
CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2009.
1
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE
CURSO DE FARMÁCIA
SUMAYA RIBARSKI SCALCO
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA TÓPICA DO
EXTRATO GLICÓLICO DE Calendula officinalis L. (ASTERACEAE)
VISITADAS E PROTEGIDAS POR INSETOS.
Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para
obtenção do grau de Farmacêutica Generalista do Curso de
Farmácia da Universidade do Extremo Sul Catarinense UNESC.
Orientador (a): Prof. Dr. Luciane Costa Campos
Co- orientador: Prof. Giordana Maciel Dário
CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2009.
2
1 INTRODUÇÃO
A Calendula officinalis L. (Asteraceae) é uma planta originária do Egito, foi importada para a
Europa no séc. XII e trazida para o Brasil no séc. XVIII, sendo cultivada como planta ornamental e
medicinal (Apg II, 2003). Trata-se de uma planta herbácea anual, de 30-60 cm de altura que apresenta
capítulos florais largos com cerca de 4,0 cm de diâmetro, terminais e solitárias. A coloração das pétalas
varia do amarelo ao laranja, sendo as centrais tubulosas e as periféricas liguladas (Correa et al., 1984).
As flores abrem ao nascer do sol e fecham ao entardecer, sendo que o florescimento ocorre
normalmente a partir do final da primavera até o final do verão (Silva Junior, 2006). No Brasil a planta
é conhecida popularmente como Calêndula, Calêndula-hortense, Maravilha-dos-jardins ou malmequer
(Corrêa, 2003).
O uso medicinal dessa planta remonta à época da antiguidade (Alonso, 1998). Muitas
propriedades farmacológicas têm sido atribuídas à C. officinalis (calêndula), dentre elas: colerética,
anti-inflamatória,
analgésica,
antitumoral,
bactericida,
diurética,
cicatrizante,
sedativa
e
imunomoduladora (Blumenthal, 1998 p. 100; Franco, 1996; Brown, Dattner, 1998; Ramos et al., 1998,
Zitterl-eglesser et al, 1997). As flores da calêndula têm grande importância na medicina popular da
Europa e oeste da Ásia, onde são utilizadas para o tratamento de condições inflamatórias de órgãos
internos como úlcera gástrica, dismenorréia, em infecções urinárias, dentre outras. Também é
externamente utilizada para inflamações na mucosa oral e faríngea (Yoshikawa et al., 2001).
Com a vasta vantagem de ser uma planta com efeitos anti-inflamatórios, no Brasil é muito
utilizada como medicamento, fazendo-se uso no tratamento de determinadas doenças. O chá das flores,
quando ingerido, apresenta ação anti-espasmódica, expectorante, anti-abortiva e no tratamento de
anemias nervosas. Externamente é utilizado para combater inflamações das víceras, feridas, chagas
cancerosas, dor de garganta e icterícia, geralmente utiliza-se as pétalas maceradas em compressas de
alcoolato para feridas abertas (Korbes, 1995; Michalak, 1997).
3
O extrato das flores da calêndula nas formas farmacêuticas de tintura, infuso e gel, creme e
pomada são amplamente utilizados como anti-inflamatório e cicatrizante para pele e mucosas (Dellaloggia et al.,1994, Zitterl-eglesser, et al 1997, Blumenthal, 1998 p.100 ). No Brasil o uso da Calêndula
está regulamentado pela RE nº 89 de 16 de março de 2004 da ANVISA como anti-inflamatório e
cicatrizante de uso tópico em doses diárias de 8,8 a 17,6 mg de flavonóides (Brasil, 2004).
Como a flor é a parte mais utilizada é também a mais estudada, sendo detectados nessas
flavonóides, óleos essenciais com derivados oxigenados de sesquiterpenóides e diversas saponinas.
Como constituintes químicos, são encontrados nas flores alguns triterpenos, terpenos oligoglicosídeos e
flavonóides glicosídeos (Blumenthal, 1998 p. 100; Bruneton, 1995; Who, 2001 p. 287).
Têm sido demonstradas diferentes atividades anti-inflamatórias do extrato hidroalcoólico de C.
officinalis, sendo a capacidade antioxidante desta espécie um possível mecanismo de ação para tais
propriedades. Cordova et al. (2002) investigaram o extrato butanólico de C. officinalis contra a
peroxidação lipídica de microssomas de fígado de rato e ação scavenger de radicais livres. Os
resultados obtidos sugerem que a fração butanólica possui ação scavenger e atividade antioxidante
significativas. Herold et al. (2003) investigaram o potencial efeito antioxidante de C. officinalis,
confirmando sua ação scavenger a diversas espécies reativas de oxigênio. Estas ações podem estar
relacionadas à propriedade anti-inflamatória de C. officinalis, podendo ser uma importante ferramenta
para novos agentes anti-inflamatórios (Cordova et al., 2002; Herold et al., 2003).
Vários compostos com ação anti-inflamatória de C. officinalis já foram identificados. Dentre
estes, os anéis aromáticos A, D e E de faradiol, o anel E de ambos arnidiol e calenduladiol têm sido
alvo de vários estudos de manipulação química seletiva para modificação da polaridade e afinidade à
água (Akihisa et al., 1996).
Ukiya et al. (2006) avaliaram a atividade anti-inflamatória de diversos compostos isolados de
flores de C. officinalis, incluído dez triterpenos glicosídeos. Os resultados obtidos pelos autores
mostraram potente ação contra inflamação induzida por TPA em camundongos de nove dos dez
4
triterpenos. Este estudo incluiu quatro novos compostos triterpenos isolados que também mostraram
efeito anti-inflamatório, o calendulaglicosídeo A 6'-O-metil éster, calendulaglicosídeo A 6'-O-n-butil
éster, calendulaglicosídeo B 6'-O-n-butil éster e calendulaglicosídeo C 6'-O-n-butil éster.
Em estudo realizado por Neukirch et al. (2005), 13 desses terpenóides manipulados presentes na
C. officinalis foram avaliados sobre sua ação anti-inflamatória tópica por inibição de edema induzido
por óleo de cróton em camundongos, sendo demonstrada atividade de alguns deles. Este resultado é
relevante para futuros estudos de relação estrutura-atividade.
Três triterpenos isolados de Calendula officinalis, ¥-taraxasterol e dois monoésteres de faradiol
em doses de 0,24 e 0,48mg/orelha apresentaram atividade anti-edematogênica frente ao modelo de
orelha de camundongo induzido por óleo de cróton de até 86%, apresentando atividade antiinflamatória equivalente a indometacina (Zitterl-eglesser et al 1997).
Outro estudo também avaliou a atividade anti-inflamatória das flores de calêndula, sob
aplicação tópica do extrato lipofílico em doses de 0,3 a 1,2 mg/orelha promovendo a redução de até
71% de edema de orelha induzido por óleo de cróton. A fração triterpênica do mesmo extrato
apresentou uma inibição de até 76% em doses de 0,15 e 1,2mg/ orelha sob as mesmas condições
(Della-loggia et al., 1994).
Também utilizando o edema de orelha de rato induzido por óleo de cróton, Parente et al. (2003)
não encontrou indícios de atividade anti-inflamatória do extrato etanólico de calêndula administrado
por via oral nas doses de 0,1;0,3; e 1,0g/kg. Outro estudo mostrou que o extrato de flores da calêndula
administrados na dose de 100mg/kg por via oral apresentaram boa atividade inibitória frente a edema
de pata em rato e infiltração leucocitária induzidos por carragenina e prostaglandina E1,
respectivamente (Shipochliev et al, 1981).
Glicosídeos de isorhamnetina isolados das flores de calêndula apresentaram atividade inibitória
da lipooxigenase de fígado de rato in vitro. Entretanto a atividade anti-inflamatória da planta é atribuída
aos seus terpenos, sobretudo os monoésteres de faradiol, devido a sua prevalência nas flores (Della5
loggia et al., 1994, Akihisa et al., 1996). Já Kloucheck-popova et al. (1982) demonstraram que a
associação de pomada de calêndula 5% com alantoína apresentou efeito cicatrizante em feridas
cutâneas induzidas por cirurgia em ratos. A combinação estimulou a regeneração fisiológica e a
epitelização através do aumento do metabolismo de glicoproteínas e fibras colágenas durante a
regeneração tissular.
Os terpenóides são constituintes de óleos voláteis encontrados em plantas aromáticas, sendo os
monoterpenos os mais freqüentes (90%). São substâncias que exercem diferentes funções ecológicas,
como inibidores da germinação, na proteção contra predadores, na atração de polinizadores, entre
outras (Simões; Spitzer, 2003 p.473). A presença do aroma produzido pelos óleos voláteis pode estar
envolvida na atração de polinizadores, sendo que dentre os insetos as abelhas e borboletas são
freqüentemente atraídos por aromas de diversas flores. Também encontram-se evidências de que
algumas plantas produzem óleos voláteis tóxicos como proteção contra predadores e infestantes
(Simões; Spitzer, 2003, p.474). Muitos trabalhos apontam a existência de diversas funções para óleos
voláteis, especialmente relacionadas ao meio, sugerindo uma ampla variação de acordo com as
variações do meio.
Segundo Silva et al. (1995), no processo de cultivo da espécie alguns fatores podem afetar de
forma significativa a qualidade e a quantidade de princípios ativos produzidos pelas plantas, pois rotas
metabólicas podem ser ativadas e/ou inativadas, levando à produção de diversos metabólitos
secundários em cada situação. Da mesma forma, Valladares et al. (2002) apontam que mudanças na
composição química de plantas podem ser induzidas em resposta a ataques por insetos herbívoros ou a
visitas das flores. Segundo estes autores, as mudanças químicas induzidas em plantas medicinais por
insetos podem ser comuns e suas implicações econômicas merecem a investigação.
Diversos trabalhos apontam a grande importância das Asteraceae no ecossistema, por serem
altamente visitadas por insetos; esta característica pode estar diretamente relacionada ao fato das flores
6
ficarem abertas, portanto expostas por um longo período de tempo, proporcionando assim abrigo e
alimento (Proctor et al., 1996).
Uma vez que a composição química das plantas varia com suas condições fisiológicas, e que
essas condições dependem da interação com insetos predadores ou visitantes florais, as atividades
antioxidantes e/ou protetoras de DNA de plantas, entre elas a C. officinalis, podem apresentar
resultados diferentes entre plantas com e sem a visitação desses animais. Sendo assim, diante do
interesse comercial da calêndula e visando a possível influência dos insetos visitantes florais e fitófagos
na composição química da planta torna-se relevante o estudo da influência dessa interação sobre a
atividade farmacológica da espécie, em especial sobre a atividade anti-inflamatória já descrita na
literatura.
7
2. OBJETIVO
2.1 Geral:
- Avaliar a atividade anti-inflamatória tópica do extrato glicólico de flores de Calendula officinalis L.
protegidas e visitadas por insetos polinizadores e fitófagos em camundongos.
2.2 Específicos:
- Avaliar comparativamente a propriedade anti-inflamatória do creme de extrato glicólico de C.
officinalis protegidas e visitadas por insetos polinizadores e fitófagos através do modelo de edema
induzido por óleo de cróton em camundongos.
3. METOLOGIA
3.1 Tipo de pesquisa
8
Pesquisa básica, quantitativa, experimental.
3.2 Comitê de Ética
Este projeto já foi submetido ao Comitê de Ética da UNESC, e sendo este aprovado pelo
Comitê, iniciará, então, a pesquisa.
3.3 Obtenção das amostras
O material botânico, capítulos de C. officinalis, será coletado no município de Grão-Pará (SC)
com identificação da planta pela Professora Dra. Vanilde Citadine Zanette e posterior herborização no
Herbário Pe. Dr. Raulino Reitz, da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. Serão
coletados 3kg de capítulos de plantas expostas à visitação de insetos e 3kg de plantas protegidas. Para
a proteção das plantas, será preparado um canteiro e as plantas serão protegidas de visitas de insetos
por meio de uma cobertura de sombrite e serão inspecionadas, diariamente, pelo proprietário da área,
para evitar eventuais invasões por insetos.
3.4. Preparação dos extratos glicólicos
As flores secas e maceradas serão colocadas em um recipiente contendo o líquido extrator
(água destilada 50% e propilenoglicol 50%) deixando-se em repouso durante um período de 14 dias.
Após este período, com auxílio de funil e gaze, o extrato é filtrado e concentrado em estufa numa
temperatura de 45ºC. (Vanaclocha, 2003, p.157-158). Os extratos glicólicos serão de plantas
protegidas e visitadas e serão armazenados em frascos hermeticamente fechados, num local fresco e
ao abrigo da luz.
3.5 Preparação do creme
9
Será produzido o creme Polawax de acordo com o autor Antunes Junior (2002). Este é
utilizado como base farmacológica que age como um sistema de carreamento em preparações
magistrais, permitindo que uma larga variedade de substâncias ativas seja rápida e convenientemente
transportada para a pele. O Polawax é uma cera emulsificante não-iônica na forma de emulsão óleo
em água (O/A). Sua composição compreende: Polawax®, Estearato de octila, Álcool de lanolina,
Propilenoglicol, propilparabeno, BHT e Água.
3.6 Animais
Serão utilizados camundongos machos da linhagem CF1, adquiridos do FEPPS (Fundação
Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde – RS), com idade entre 2 a 3 meses e com massa corporal
entre 35-40 gramas. Os animais serão mantidos a uma temperatura controlada (20 +/- 3ºC), com água
e comida “ad libitum”. Após os experimentos os animais serão submetidos à eutanásia através de
deslocamento da cervical.
3.7 Teste farmacológico
3.7.1 Atividade anti-edema induzida por óleo de cróton
Grupos de sete camundongos serão tratados com três concentrações do extrato glicólico da C.
officinalis visitada e protegida a serem determinados posteriormente. Estes serão anestesiados com
Ketamina 80mg/kg (i.p.), e após 30 minutos será aplicado uma solução contendo 75 µg de óleo de
Cróton dissolvidos em 15µl de acetona irritante na superfície interior da orelha esquerda e logo após
será aplicado o creme contendo extrato glicólico de C. officinalis no local. No grupo padrão será
aplicado o creme de indometacina, e no grupo controle apenas o óleo e cróton. As orelhas direitas
não serão tratadas.
10
Os animais serão sacrificados por deslocamento cervical após 6 horas e será realizada a
remoção das orelhas tratadas e não-tratadas. A diferença de peso entre as duas orelhas será tomada
como medida da resposta anti-edema (Tubaro et al., 1985).
3.8 Análise estatística
Os resultados serão analisados pelo teste de análise de variância ANOVA seguida do pos-hoc
Student Newman Keuls.
3.9 Fármacos
As drogas utilizadas nos experimentos serão adquiridas pelo Laboratório de Etnofarmacologia
da UNESC, sendo elas as seguintes: Ketamina, indometacina e óleo de cróton da SIGMA ALDRICH.
11
A
liisneoredsaueltlaadboosraçãodoT
XX
T
énrám
C
C
edefesa
X
5T
.aO
R
Ç
A
M
E
N
T
O
bela1:O
rçam
entodosgastoscom
apesquisa. 4. CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES DE PESQUISA
aateisrÓ
iealxelpodeedriecm
ocenrnóstuaom
aloresR
A
nM
im
inso(N
=56) V
$162,890360,0
K
e
t
a
m
i
n
a
C
reS
m
eoludpçiãleondoacgem
etontalacina R
$R
rC
P
l
i
c
45
r
e
m
e
p
o
l
a
w
a
x
R
$
Seringaseagulhas,luvas,ponteiras,m
áscaras. Sub-tR
$$4a6l11:,50502,,1006,50
o
t
E
steprojetoestásendofinanciadopelasseguintesagênciasfinanciadoras:U
N
E
SC
,C
N
Pq.
Tabela 1: Atividades realizadas no ano 2009.
Atividade
mai jun jul ago set out nov
Revisão bibliográfica
X
X
Coleta inflorescências
X
X
Preparação extratos
Teste Anti-edematoso
X
X
X
X
X
X
X
X
X
12
14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Akihisa T, Yasukawa K, Oinuma H, Kasahara Y, Yamanouchi S, Takido M, Kumaki K, Tamura T
1996. Triterpene alcohols from the flowers of compositae and their anti-inflammatory effects.
Phytochemistry 43: 1255-1260.
Alonso LR 1998. Tratado de Fitomedicina: Bases clínicas y farmacológicas. Buenos Aires: Issis
Ediciones 327-331.
Antunes JD 2002. Farmácia de manipulação: noções básicas. São Paulo: Tecnopressive.
APG II 2003. Angiosperm phylogeny group. An update of the Angiosperm Phylogeny Group
classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Bot J of the Linn Soc 141: 399436.
Blumenthal M, Busse, WR 1998. The complete german commission e monographs : therapeutic guide
to herbal medicines. Boston: American botanical Council, 1998.
Brasil 2004. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução –
RE nº 89, de 16/03/2004. Dispõe sobre o registro de fitoterápicos simplificado. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, de 18 de março de 2004ª.
Brown D, Dattner A 1998. Phytoterapeutic approaches to common dermatologic conditions. Arch
Dermatol 134: 1401-1404.
13
Bruneton J 1995. Pharmacognosy, phytochemistry, medicinal plants. Paris: Lavoisier Publishing.
Corrêa AD, Batista RS, Quintas LEM 2003. Plantas medicinais: do cultivo à terapêutica. Petrópolis,
Rio de Janeiro: Vozes.
Correa D, Ming L, Scheffer M 1994. Cultivo de plantas medicinais condimentares e aromáticas.
Jaboticabal: FUNEP. 2. Instituto de Desenvolvimento Florestal.
Della-Loggia R, Tubaro A, Sosa S, Becker H, Saar St, Issac O 1994. The role of triterpenoids in the
anti-inflammatory activity of Calendula officinalis flowers. Planta Med 60: 516-520.
Franco, LL 1996. As sensacionais 50 plantas medicinais campeãs de poder curativo. Editora: Santa
Mônica.
Kloucheck-Popova E, Popov A, Pavlova N, Krusteva S 1982. Influence of the physiological
regeneration and apithelialization using fractions isolated from Calendula officinalis. Acta Physiol et
Pharmacol Bulg 8: 63-67.
Korbes VC 1995. Plantas medicinais. Francisco Beltrão: Associação de Estudos, Orientação e
Assistência Rural.
Michalak E 1997. Apontamentos fitoterápicos da Irmã Eva Michalak. Florianópolis: Epagri.
Neurirch H, Dambrosio M, Sosa S, Altinier G, Della-loggia R, Guerriero A 2005. Improved antiinflammatory activity of three new terpenoids derived, by systematic chemical modifications, from the
14
abundant triterpenes of the flowery plant Calendula officinalis. Chem Biodivers 2: 657-671.
Parente LML, Costa EA, Matos LG, Paula JR, Júnior GV, Silveira N 2003. Estudos das atividades
farmacológicas do extrato hidroalcoólico das flores de Calendula officinalis . XXXV Congresso
Brasileiro de Farmacologia, Aguás de Lindóia, Brasil.
Proctor M, Yeo P, Lack A 1996. The natural history of pollination. London: Harper Collins Publishers.
Ramos A, Pedreira A, Vizoso A, Betancourt J, López A, Décalo M 1998. Genotoxicity of an extract of
Calendula officinalis. J Ethnopharmacol 61:49-55.
Shpochlievi T, Domitrov A, Aleksandrova E 1981. Anti-inflammatory action af a group of plant
extracts. Veterinarno medsinski Nauki 18: 87-94.
Silva Junior AA 2006. Essentia herba – plantas bioativas. Florianópolis: Epagri.
Silva I, Franco SL, Molinari SL, Conegero CI, Neto MHM, Cardoso MLC, Santana DMG, Iwanko NS
1995. Noções sobre organismo humano e utilização de Plantas Medicinais. Cascavel: Assoeste.
Simões, CMO, Spitzer V 2003. Óleos Voláteis. IN: Simões et al. (orgs.) Farmacognosia - da planta ao
medicamento. 5 ed. Porto Alegre/Florianópolis: Ed. Universidade/UFRGS/ Ed. da UFSC. p.473-474.
Tubaro A, Dri P, Delbello G, Zilli C, Dela-Loggia R 1985. The croton oil ear test revisited. Agents
Actions 17: 347-9.
Valladares GR, Zapata A, Tubaro A, Dri P, Melato M, Mulas G, Bianch P, Del Negro P, Zygadlo J,
15
Banchio EJ 2002. Phytochemical induction by herbivores could affect quality of essential oils from
aromatic plants. J Agricl Food Chem 50: 4059-4061.
Vanaclocha, BV, Folcará SC 2003 Fitoterapia: vademécum de prescripción. Barcelona: Masson.
Ukiya M, Akihisa KT, Yasukawa K, Tokuda H, Suzuki T, Kimura Y 2006. Anti-inflammatory, antitumor-promoting, and cytotoxic activities of constituents of marigold (Calendula officinalis) flowers. J
Nat Prod 69: 1692-1696.
Yoshikawa M, Murakami T, Kishi A, Kageura T, Matsuda H 2001. Medicinal flowers. III. Marigold:
hypoglycemic, gastric emptying inhibitory, and gastroprotective principles and New Oleanane-Type
triterpene oligoglycosides, calendasaponins A, B, C, and D, from Egyptian Calendula officinalis. Chem
Pharm Bull 49: 863-870.
Zitterll-Eglesser K, Sossa S, Jurenitsch J, Schubert- Zsilavecz M, Della-Loggia R, Tubaro A, Bertoldi
M, Franz C 1997. Anti-odematous activities of the main triterpendiol esters of marigold ( Calendula
officinalis L. ). J Ethnopharmacol 57: 139-144.
Who monographs on selected medicinal plants. Genebre, Suíça: World Health oranization. 2001. v. 2,
p. 287.
16
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE
CURSO DE FARMÁCIA
SUMAYA RIBARSKI SCALCO
NORMAS DA REVISTA DE PUBLICAÇÃO
Revista Brasileira de Farmacognosia
CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2009.
17
Revista Brasileira de Farmacognosia
Brazilian Journal of Fharmacognosy
Forma e preparação de manuscritos
1. NORMAS GERAIS
1.1 Todos os manuscritos submetidos devem ser inéditos. A publicação simultânea de manuscritos
descrevendo o mesmo trabalho em diferentes periódicos não é aceitável. Os direitos de publicação
passam a ser da Revista Brasileira Farmacognosia, inclusive traduções; publicações subseqüentes são
aceitas desde que citada a fonte.
Artigos Originais (em português, inglês ou espanhol): refere-se a trabalhos inéditos de pesquisa.
Devem seguir a forma usual de apresentação, contendo Introdução, Material e Métodos, Resultados e
Discussão, etc, de acordo com as peculiaridades de cada trabalho.
1.2 A Revista Brasileira Farmacognosia recebe para publicação trabalhos científicos originais,
revisões e divulgações escritos em Português, Espanhol ou Inglês. O conteúdo dos trabalhos é de total
responsabilidade do(s) autor(es), e não reflete necessariamente a opinião do Editor Chefe ou dos
membros do Conselho Editorial
1.3 A Revista Brasileira de Farmacognosia submeterá todos os manuscritos recebidos à análise de
consultores ad hoc, cujos nomes permanecerão em sigilo e que terão a autoridade para decidir sobre a
pertinência de sua aceitação, podendo inclusive, reapresentá-los ao(s) autor(es) com sugestões para que
sejam feitas alterações necessárias e/ou para que os mesmos sejam adequados às normas editoriais da
revista.
1.4 Toda idéia e conclusão apresentadas nos trabalhos publicados são de total responsabilidade do(s)
autor(es), e não reflete necessariamente a opinião do Editor Chefe ou dos membros do Conselho
Editorial.
18
1.5 Todos artigos envolvendo estudos com humanos ou animais deverão ter Pareceres dos Comitês de
Ética de Pesquisa em Seres Humanos ou em Animais das instituições a que pertencem os autores,
autorizando tais estudos.
1.6 Todo material vegetal utilizado na pesquisa descrita no trabalho deve ter a indicação do seu local de
coleta (inclusive coordenadas obtidas por GPS, se possível), o país de origem, o responsável pela
identificação da espécie e a localização da exsicata. Os autores devem estar preparados para fornecer
evidência documental de que a aprovação para a coleta foi concedida pela autoridade apropriada no
país de origem.
2. NORMAS PARA A ELABORAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES
2.1 Os autores devem manter uma cópia (eletrônica e impressa) do manuscrito submetido, para o caso
de possível perda ou danos causados ao original enviado à revista.
2.2 As Figuras (fotografias, gráficos, desenhos, etc.) deverão ser apresentadas em folhas separadas e
numeradas consecutivamente em algarismos arábicos. As respectivas legendas deverão ser claras,
concisas, sem abreviaturas e localizadas abaixo das figuras. Suas respectivas posições no texto deverão
ser indicadas, preferentemente, logo após sua citação no corpo do trabalho. No caso de fotografias ou
desenhos feitos a mão livre, estes deverão ser colocados em envelopes à parte, em perfeito estado e
devidamente identificados no verso, a lápis.
2.3 As Tabelas e os Quadros deverão ser apresentados em folhas separadas e numerados
consecutivamente em algarismos arábicos. As tabelas (dados numéricos) não podem ser fechadas por
linhas laterais. As respectivas legendas deverão ser claras, concisas, sem abreviaturas e localizadas na
parte superior dos mesmos. Deverão ser indicados os locais aproximados no texto, onde as tabelas e os
quadros serão intercalados, preferentemente, logo após sua citação no corpo do trabalho.
3. FORMATAÇÃO DO TEXTO E CONTEÚDO DO TRABALHO
3.1 Os originais deverão ser redigidos e digitados em folhas de papel tamanho A4 ou carta, espaço
duplo, fonte tipo Times New Roman, tamanho 12, com texto justificado, margem de 2cm em cada um
dos quatro lados, e perfazendo o total de, no máximo, 15 e, no mínimo, 5 páginas, incluindo figuras,
tabelas e quadros.
19
3.2 Título e subtítulo: Deverão estar de acordo com o conteúdo do trabalho, levando em conta o
âmbito e objetivos da Revista. Estes deverão estar escritos em caixa baixa, negritados, fonte tipo Times
New Roman, tamanho 14. Para os trabalhos redigidos nas línguas Portuguesa e Espanhola,
providenciar também versão do título para a língua Inglesa, o qual acompanhará o Abstract.
3.3 Autores: Os nomes dos autores devem vir abaixo do título, centralizados. O nome e os sobrenomes
devem aparecer na ordem correta, sendo obrigatório que o primeiro (nome) e o último (sobrenome)
apareçam por extenso (ex. Carlos N.U. Silva ou Carlos N. Ubiratan Silva). No caso de vários autores,
seus nomes deverão ser separados por vírgulas.
3.4 Filiação dos autores: Após o nome de cada autor deverá constar um número Arábico, sobrescrito,
que indica sua instituição de procedência e, deverá aparecer logo abaixo da nominata dos autores,
também centralizado e com endereços completos, inclusive o CEP da cidade. Deve-se assinalar o nome
do autor principal com um asterisco sobrescrito, para o qual toda correspondência deverá ser enviada.
O endereço eletrônico, telefone e fax do autor principal aparecerão na primeira página do trabalho
como uma nota de rodapé.
3.5 Resumo em português: Deverá apresentar concisamente o trabalho destacando as informações de
maior importância, expondo metodologia, resultados e conclusões. Permitirá avaliar o interesse pelo
artigo, prescindindo de sua leitura na íntegra. Dever-se-á dar destaque ao Resumo como tópico do
trabalho (máximo de 200 palavras).
3.6 Unitermos: Deverão identificar/representar o conteúdo do artigo. Observar o limite máximo de 6
(seis). São importantes para levantamentos em banco de dados, com o objetivo de localizar e valorizar
o artigo em questão. Deverão vir separados por vírgula.
3.7 Abstract: Os trabalhos redigidos nas línguas Portuguesa e Espanhola devem vir acompanhados
também da versão do resumo para a língua Inglesa. Evitar traduções literais. Quando não houver
domínio deste idioma, consultar pessoas qualificadas. O Abstract deve ser encabeçado por versão do
título na língua inglesa.
3.8 Keywords: Unitermos em inglês. Também em número máximo de 6 (seis) e separados por vírgula.
3.9 Introdução: Deverá estabelecer com clareza o objetivo do trabalho e sua relação com outros
trabalhos na mesma área. Extensas revisões da literatura deverão ser substituídas por referências a
20
publicações mais recentes, onde estas revisões tenham sido apresentadas e estejam disponíveis.
3.10 Material e Métodos: A descrição dos materiais e dos métodos usados deverá ser breve, porém
suficientemente clara para possibilitar a perfeita compreensão e a reprodução do trabalho. Processos e
técnicas já publicados, a menos que tenham sido extensamente modificados, deverão ser referenciados
por citação.
3.11 Resultados: Deverão ser apresentados com o mínimo possível de discussão ou interpretação
pessoal e, sempre que possível, ser acompanhados de tabelas e figuras adequadas. Os dados, quando
pertinentes deverão ser submetidos a uma análise estatística.
3.12 Discussão: Deverá ser restrita ao significado dos dados obtidos e resultados alcançados, evitandose inferências não baseadas nos mesmos. Opcionalmente, Resultados e Discussão poderão ser
apresentados num único item.
3.13 Agradecimentos: Este item é opcional e deverá vir antes das Referências Bibliográficas.
4. REFERÊNCIAS
A formatação das referências deve ser padronizada em conformidade com as exigências da revista,
como é mostrado abaixo:
4.1 Referência dentro do texto:
- No início da citação: autor em caixa baixa, seguido do ano entre parênteses. Ex. Pereira (1999).
- No final da citação: autor em caixa baixa e ano - ambos entre parênteses. Ex. (Silva, 1999) ou (Silva;
Souza, 1998) ou (Silva; Souza; Dias, 2000) ou (Silva et al., 1999) ou (Silva et al., 1995a,b).
- Citação textual: colocar, também, a página . Ex. (Silva, 1999, p.24)
4.2 As Referências Bibliográficas serão ordenadas alfabeticamente pelo sobrenome do primeiro autor,
em caixa baixa e em ordem crescente de data de publicação. Deve-se levar em consideração as
seguintes ocorrências:
4.2.1 Revista: Será utilizado a abreviatura do periódico, em itálico, definida no Chemical Abstracts
21
Service Source Index (ver http://www.cas.org/sent.html).
Caso a abreviatura autorizada de um determinado periódico não puder ser localizado e não for óbvio
como o título deve ser abreviado, deve-se citar o título completo.
- Vargas TOH 1996. Fatores climáticos responsáveis pela morte de borboletas na região sul do Brasil.
Rev Bras Assoc Entomol 11: 100-105.
No caso especial da revista citada não ser de fácil acesso, é recomendado citar o seu número de
Chemical Abstracts, como segue:
- Qu W, Li J, Wang M 1991. Chemical studies on Helicteres isora L. Zhongguo Yaoke Daxue Xuebao
22: 203-206, apud Chemical Abstracts 116: 124855r.
Numa citação de citação, colocar o nome das fontes em itálico.
- Wax ET 1977. Antimicrobial activity of Brazilian medicinal plants. J Braz Biol Res 41: 77-82, apud
Nat Prod Abs 23: 588-593, 1978.
4.2.2 Livro:
- Costa AF 1996. Farmacognosia. Lisboa: Calouste Gulbenkian.
4.2.3 Capítulo de livro:
- Farias CRM, Ourinho EP 1999. Restauração dentária. In: Goldaman, G.T. (org.) A nova odontologia.
5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p.95-112.
4.2.4 Tese e Dissertação:
- Lima N 1991. Influência da ação dos raios solares na germinação do nabo selvagem. Campinas,
755p. Tese de Doutorado - Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Estadual de Campinas.
- Romero MAV 1997. Estudo químico de Brunfelsia hopeana Benth e do mecanismo de ação da
escopoletina. João Pessoa, 119p. Dissertação de Mestrado - Programa de Pós-Graduação em Produtos
naturais, Universidade Federal da Paraíba.
22
4.2.5 Congressos:
- Thomas G, Selak M, Henson PM 1996. Estudo da fração aquosa do extrato etanólico das folhas de
Cissampelos sympodialis em neutrófilos humanos. XIV Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil.
Florianópolis, Brasil.
Os trabalhos deverão ser enviados, inicialmente, em três cópias impressas, utilizando-se o programa
Word for Windows. Quando da aceitação do trabalho, após as devidas correções, deverão ser enviados
um CD contendo o arquivo do trabalho e uma cópia impressa. Toda correspondência deverá ser
enviada ao Editor-Chefe da Revista.
Na carta de encaminhamento é solicitado a indicação de cinco prováveis referees, de outras
instituições, com seus endereços postais e eletrônicos. A qualificação do trabalho será atestada por, no
mínimo, dois consultores, indicados pela Editoria
23
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE
CURSO DE FARMÁCIA
SUMAYA RIBARSKI SCALCO
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA TÓPICA DO
EXTRATO GLICÓLICO DE Calendula officinalis L. (ASTERACEAE)
VISITADAS E PROTEGIDAS POR INSETOS.
CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2009.
24
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE
CURSO DE FARMÁCIA
SUMAYA RIBARSKI SCALCO
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA TÓPICA DO
EXTRATO GLICÓLICO DE Calendula officinalis L. (ASTERACEAE)
VISITADAS E PROTEGIDAS POR INSETOS.
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção
do grau de Farmacêutica Generalista do Curso de Farmácia da
Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNESC.
Orientador (a): Prof. Dr. Luciane Costa Campos
Co- orientador: Prof. Giordana Maciel Dário
CRICIÚMA, NOVEMBRO DE 2009.
25
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA TÓPICA DO
EXTRATO GLICÓLICO DE Calendula officinalis L. ( ASTERACEAE)
VISITADAS E PROTEGIDAS POR INSETOS.
EVALUATION OF ANTI-INFLAMMATORY ACTIVITY OF EXTRACT
TOPICAL GLYCOL DE Calendula officinalis L. (ASTERACEAE) VISITED AND
UNVISITED BY INSECTS.
Sumaya R. Scalco1*, Tamara S. Bosse1, Luciane C. Campos1,2.
1Laboratório de Etnofarmacologia, GPEtno, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Av.
Universitária, 1105, Bloco S, CEP 88806-000, Criciúma/SC,
Brasil.
2
Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, Universidade do Extremo Sul Catarinense, Av.
Universitária, 1105, Bloco S, CEP 88806-000, Criciúma/SC, Brasil.
*Endereço para correspondência: Sumaya Ribarski Scalco
Universidade do Extremo Sul Catarinense,
Laboratório de Etnofarmacologia, Bloco S sala 07
Av. Universitária nο1105, CEP: 88806-000, Criciúma – SC, Brasil
e-mail [email protected]
Telefone: (048) 34312643 ou (048) 99356424
Criciúma/SC, Brasil
26
RESUMO
Calendula officinalis L. (Asteraceae), é utilizada para combater feridas, dor de garganta e
inflamações. As plantas produzem mais ou menos metabólitos secundários em presença de insetos. O
objetivo desse estudo foi comparar a propriedade anti-inflamatória tópica do creme contendo extrato
glicólico de flores de calêndula protegidas e visitadas por insetos através do modelo de edema induzido
por óleo de cróton. Camundongos machos (n=7) foram anestesiados com ketamina, e após 30min.
receberam nas orelhas esquerdas óleo de cróton, logo a seguir receberam o creme dos extratos
glicólicos da planta protegida ou visitada por insetos nas concentrações de 5, 10 e 20%, indometacina
20% ou controle com apenas o óleo. Após 6 horas os animais foram mortos removendo-se as orelhas
tratadas e não tratadas e a diferença de peso entre elas foi medida como a resposta anti-edema. Os
resultados foram analisados por ANOVA/SNK. A partir dos resultados foi possível observar que o
extrato glicólico de C. officinalis apresenta atividade anti-inflamatória nas concentrações de 5 e 20%,
semelhante a indometacina, não havendo diferença significativa na inibição de edema entre a planta
visitada e protegida. Segure-se portanto que, nesse modelo, a visitação ou não de insetos não
influenciou sobre a atividade anti-inflamatória da planta.
Palavras chaves: Calendula officinalis, atividade antiinflamatória, visitação de insetos, óleo de cróton,
atividade anti-edema.
27
ABSTRACT
Calendula officinalis L. (Asteraceae) is used to treat injury, sore throat and inflammation. The
plants produce more or less secondary metabolites in the presence of insects. The aim of this study was
to compare the anti-inflammatory property of topical cream containing glycolic extract of calendula
flowers protected and visited by insects, through the model of edema induced by croton oil. Male mice
(n=7) were anesthetized with ketamine, and after 30 min. received croton oil in the right ears;
immediately after the mice received the cream of the glycol plant extracts protected or visited by
insects, in concentrations of 5, 10 and 20%, 20% indomethacin or control with only the oil. After 6
hours the animals were killed, treated and untreated ears were removed and the weight difference
between them was measured as the anti-edema response. Results were analyzed by ANOVA/SNK.
From the results it was observed that the glycolic extract of C. officinalis has anti-inflammatory activity
at concentrations of 5 and 20%, similar to indomethacin, there was no significant difference in the
inhibition of edema between the visited and protected plant. It is therefore suggested that in this model,
the visitation by insects or not did not influence the anti-inflammatory activity of the plant.
Keywords: Calendula officinalis, anti-inflammatory activity, insect visitation, croton oil, anti-edema
activity
28
Introdução
A Calendula officinalis L. (Asteraceae) é uma planta originária do Egito, foi importada para a
Europa no séc. XII e trazida para o Brasil no séc. XVIII, sendo cultivada como planta ornamental e
medicinal (Apg II, 2003). Trata-se de uma planta herbácea anual, de 30-60 cm de altura que apresenta
capítulos florais largos, e a coloração das pétalas varia do amarelo ao laranja. As pétalas centrais das
flores são tubulosas e as periféricas liguladas (Correa et al., 1984). As flores abrem ao nascer do sol e
fecham ao entardecer, sendo que o florescimento ocorre normalmente a partir do final da primavera até
o final do verão (Silva Junior, 2006). No Brasil a planta é conhecida popularmente como Calêndula,
Calêndula-hortense, Maravilha-dos-jardins ou malmequer (Corrêa, 2003).
Muitas propriedades farmacológicas têm sido atribuídas à C. officinalis (calêndula), dentre elas:
colerética, anti-inflamatória, analgésica, antitumoral, bactericida, diurética, cicatrizante, sedativa e
imunomoduladora (Blumethal, 1998, p.100; Franco, 1996; Brown, Dattner, 1998; Ramos et al., 1998,
Zitterl-eglesser et al, 1997). As flores dessa planta têm grande importância na medicina popular da
Europa e oeste da Ásia, onde são utilizadas para o tratamento de condições inflamatórias de órgãos
internos como úlcera gástrica, dismenorréia, em infecções urinárias, dentre outras. Também é
externamente utilizada para inflamações na mucosa oral e faríngea (Yoshikawa et al., 2001).
Com a vasta vantagem de ser uma planta com efeitos anti-inflamatórios, no Brasil na medicina
popular é muito utilizada como medicamento, fazendo-se uso no tratamento de determinadas doenças.
O chá das flores, quando ingerido, apresenta ação anti-espasmódica, expectorante, anti-abortiva e
melhora nas anemias nervosas; externamente é utilizado para combater inflamações das víceras,
feridas, chagas cancerosas, dor de garganta e icterícia, geralmente utiliza-se as pétalas maceradas em
compressas de alcoolato para feridas abertas (Korbes, 1995; Michalak, 1997).
O extrato das flores da calêndula nas formas farmacêuticas de tintura, infuso e gel, creme e
29
pomada são amplamente utilizados como anti-inflamatório e cicatrizante para pele e mucosas
(Blumethal, 1998, p.100; Della-loggia et al.,1994, Zitterl-eglesser, et al 1997). No Brasil o uso da
calêndula está regulamentado pela RE nº 89 de 16 de março de 2004 da ANVISA como antiinflamatório e cicatrizante de uso tópico em doses diárias de 8,8 a 17,6 mg de flavonóides (Brasil,
2004).
Como a flor é a parte mais utilizada é também a mais estudada, sendo detectados flavonóides,
óleos essenciais com derivados oxigenados de sesquiterpenóides e diversas saponinas. Como
constituintes químicos, são encontrados nas flores alguns triterpenos, terpenos oligoglicosídeos e
flavonóides glicosídeos (Blumethal, 1988, p.100; Bruneton, 1995; Who, 2001 p. 287).
Vários compostos com ação anti-inflamatória de C. officinalis já foram identificados. Dentre
estes, os anéis aromáticos A, D e E de faradiol, o anel E de ambos arnidiol e calenduladiol têm sido
alvo de vários estudos de manipulação química seletiva para modificação da polaridade e afinidade à
água (Akihisa et al., 1996).
Em estudo realizado por Neukirch et al. (2005), 13 desses terpenóides manipulados presentes na
C. officinalis foram avaliados sobre sua ação anti-inflamatória tópica por inibição de edema induzido
por óleo de cróton em camundongos, sendo demonstrada atividade de alguns deles.
Ukiya et al. (2006) avaliaram a atividade anti-inflamatória de diversos compostos isolados de
flores de C. officinalis, incluído dez triterpenos glicosídeos. Os resultados obtidos pelos autores
mostraram potente ação contra inflamação induzida por TPA em camundongos de nove dos dez
triterpenos. Este estudo incluiu quatro novos compostos triterpenos isolados que também mostraram
efeito anti-inflamatório, o calendulaglicosídeo A 6'-O-metil éster, calendulaglicosídeo A 6'-O-n-butil
éster, calendulaglicosídeo B 6'-O-n-butil éster e calendulaglicosídeo C 6'-O-n-butil éster.
Os terpenóides são constituintes de óleos voláteis encontrados em plantas aromáticas, sendo os
monoterpenos os mais freqüentes (90%). São substâncias que exercem diferentes funções ecológicas,
como inibidores da germinação, na proteção contra predadores, na atração de polinizadores, entre
30
outras. A presença do aroma produzido pelos óleos voláteis pode estar envolvida na atração de
polinizadores, sendo que dentre os insetos as abelhas e borboletas são freqüentemente atraídos por
aromas de diversas flores. Também encontram-se evidências de que algumas plantas produzem óleos
voláteis tóxicos como proteção contra predadores e infestantes (Simões; Spitzer, 2001, p.474-475).
Muitos trabalhos apontam a existência de diversas funções para óleos voláteis, especialmente
relacionadas ao meio, sugerindo uma ampla variação de acordo com as variações do meio.
A associação entre plantas e insetos é uma das interações ecológicas mais freqüentes da
natureza e atualmente essa relação tem importância crucial para o conhecimento fundamental da
biodiversidade terrestre (Schoonhovem, et al, 1998; Prado; Lewinsohn, 2004).
A alimentação dos insetos provoca respostas de defesa em plantas infestadas, incluindo a
emissão de compostos orgânicos voláteis, que podem servir como sinais de defesa indireta. Até o
momento, a contribuição do tecido vegetal ferido durante o processo de alimentação na iniciação de
respostas de defesa não está clara. Os possíveis danos e mudanças na composição química da planta se
assemelham fortemente ao processo de visitação e alimentação do inseto, representando uma
ferramenta valiosa para analisar o papel dos sinais envolvidos na indução de reações de defesa da
planta contra os ataques (Mithofer et al, 2005).
Artrópodes herbívoros, principalmente larvas de insetos, representam um grande desafio para as
plantas em seu habitat natural, pois para a defesa contra insetos, as plantas adotam mecanismos de
defesa representados por barreiras físicas, tais como as cutículas, espinhos e tricomas, ou preexistente
metabólitos secundários que são nocivas ou mesmo tóxicas ao inseto (Mithofer et al, 2005).
Segundo Silva et al. (1995), no processo de cultivo de plantas medicinais alguns fatores podem
afetar de forma significativa a qualidade e a quantidade de princípios ativos produzidos por elas, pois
rotas metabólicas podem ser ativadas e/ou inativadas, levando à produção de diversos metabólitos
secundários em cada situação. Da mesma forma, Valladares et al. (2002) apontam que mudanças na
composição química de plantas podem ser induzidas em resposta a ataques por insetos herbívoros ou a
31
visitas das flores. Segundo estes autores, as mudanças químicas induzidas em plantas medicinais por
insetos podem ser comuns e suas implicações econômicas merecem a investigação.
Diversos trabalhos apontam a grande importância das Asteraceae no ecossistema, por serem
altamente visitadas por insetos; esta característica pode estar diretamente relacionada ao fato das flores
ficarem abertas, portanto expostas por um longo período de tempo, proporcionando assim abrigo e
alimento (Proctor et al., 1996, Krug, 2007).
Uma vez que a composição química das plantas varia com suas condições fisiológicas, e que
essas condições dependem da interação com insetos predadores ou visitantes florais, entre elas a C.
officinalis, pode apresentar resultados diferentes entre plantas com e sem a visitação desses animais.
Sendo assim, diante do interesse comercial da calêndula o presente estudo avaliou comparativamente a
propriedade anti-inflamatória do creme de extrato glicólico de C. officinalis protegidas e visitadas por
insetos polinizadores ou fitófagos através do modelo de edema induzido por óleo de cróton em
camundongos.
Metodologia
Obtenção das amostras
O material botânico, capítulos de C. officinalis, foi coletado no município de Grão-Pará (SC)
com identificação da planta pela Professora Dra. Vanilde Citadine Zanette e posterior herborização no
Herbário Pe. Dr. Raulino Reitz, da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. Sendo
coletados 3kg de capítulos de plantas expostas à visitação de insetos e 3kg de plantas protegidas. Para
a proteção das plantas, foi preparado um canteiro e as plantas foram protegidas de visitas de insetos
por meio de uma cobertura de sombrite e inspecionadas diariamente para evitar eventuais invasões por
insetos.
Preparação dos extratos glicólicos e creme
32
As flores secas e maceradas foram colocadas em um recipiente contendo o líquido extrator
(água destilada 50% e propilenoglicol 50%) deixando-se em repouso durante um período de 14 dias.
Após este período, o extrato foi filtrado e concentrado em estufa numa temperatura de 45ºC.
(Vanaclocha, 2003, p.157-158). Os extratos glicólicos das plantas visitadas e protegidas foram
adicionados no creme Polawax, que foi produzido de acordo com o autor (Antunes Junior, 2002, p.6667) apresentando-se uma mistura aniônica na forma de emulsão óleo em água (O/A), contendo
Polawax®, Estearato de octila, Álcool de lanolina, Propilenoglicol, propilparabeno, BHT e Água,
utilizado como base para o carreamento dos ativos presentes no extrato.
Animais
Foram utilizados camundongos machos da linhagem CF1, adquiridos do FEPPS (Fundação
Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde – RS), com idade entre 2 a 3 meses e com massa corporal
entre 35-40 gramas. Os animais foram mantidos a uma temperatura controlada (20 +/- 3ºC), com água
e comida “ad libitum”.
Atividade anti-edema induzida por óleo de cróton
Grupos de 7 camundongos foram anestesiados com Ketamina 80mg/kg (i.p.), e após 30
minutos foi aplicado uma solução contendo 75 µg de óleo de Cróton dissolvidos em 15µl de acetona
irritante na superfície interior da orelha esquerda e logo após foi aplicado em seis grupos os cremes
contendo extratos glicólicos de C. officinalis visitadas e protegidas nas concentrações de 5, 10 e 20%
(Apparenza, 2007) no local. No grupo padrão foi aplicado o creme de indometacina 20% e no grupo
controle apenas o óleo de cróton. Totalizando oito grupos de animais. As orelhas direitas não foram
tratadas.
33
Após 6 horas os animais foram mortos por deslocamento cervical e foi realizada a remoção das
orelhas tratadas e não-tratadas.
A diferença de peso entre as orelhas foi tomada como medida da resposta anti-edema (Tubaro
et al., 1985).
Análise estatística
Os resultados foram analisados pelo teste de análise de variância ANOVA seguida do post-hoc
Student Newman Keuls.
Resultados
Os resultados obtidos nesse estudo mostram ação anti-inflamatória dos extratos de C. officinalis
no modelo de edema de orelha. As concentrações de 5 e 20% de ambos os extratos inibiram
significativamente o edema de orelha de forma semelhante à indometacina (Figura1). Entretanto, não
houve diferença significativa entre os extratos de plantas visitadas e protegidas, sendo que na
concentração de 5% a inibição foi de 14,85% e 17,72% e na concentração de 20% foi de 23,3%% e
28,4%% para visitadas e protegidas respectivamente. A indometacina mostrou inibição de 21,96%
(Figura 2). A concentração de 10% não apresentou efeito na inibição de edema
Discussão
Os dados preliminares apresentados neste estudo indicam que as C. officinalis apresenta
atividade anti-inflamatória tópica. As concentrações de 5 e 20% dos extratos glicólicos testados foram
capazes de reduzir o edema de orelha induzido pelo óleo de cróton em camundongos, após aplicação
tópica, mostrando atividade semelhante à da indometacina, um anti-inflamatório não-esteroidal
(AINE).
34
A inflamação induzida pelo óleo de cróton pode estar relacionada com a concomitante liberação
de histamina, serotonina e cininas e numa segunda fase correlacionada com a produção elevada de
prostaglandinas, derivados do oxigênio de radicais livres, e infiltração de neutrófilos no local (Noguera
et al, 2004) (Rang et al., 2007, p. 263-264). Visto que um processo edematoso apresenta vasodilatação
arteriolar e venular, com aumento da pressão hidrostática na microcirculação e fuga de líquido para o
interstício (Rang et al., 2007, p. 264).
Assim a ação anti-inflamatória tópica do extrato glicólico de folhas de C. officinalis pode
relacionar-se ao mesmo mecanismo dos anti-inflamatórios não-esteroidais, tendo a indometacina sua
ação anti-inflamatória decorrente da inibição da síntese de prostaglandinas vasodilatadoras, efetuada
mediante a inativação das cicloxigenases constitutiva (COX1) e induzível (COX2) nas células
inflamatórias (Rang et al., 2007, p.280-281). A administração tópica de C. officinalis apresentou
resposta anti-edematogênica após a aplicação do creme de calêndula com efeito continuado de até 6
horas.
Della Loggia et al. (1994) avaliaram a atividade anti-inflamatória das flores de calêndula com
aplicação tópica do extrato lipofílico em doses de 0,3 a 1,2 mg/orelha, o que promoveu a redução de até
71% de edema de orelha induzido por óleo de cróton. A fração triterpênica do mesmo extrato
apresentou uma inibição de até 76% em doses de 0,15 e 1,2mg/ orelha sob as mesmas condições.
Em outro estudo Zitterl-eglesser et al (1997) comprovaram atividade anti-edematogênica frente
ao modelo de orelha de camundongo induzido por óleo de cróton de até 86% com três triterpenos
isolados de C. officinalis, o ¥-taraxasterol e dois monoésteres de faradiol em doses de 0,24 e
0,48mg/orelha, apresentando atividade anti-inflamatória equivalente a indometacina.
No presente estudo, a concentração de 20% apresentou maior inibição de edema quando
comparada com a concentração de 5%, devido provavelmente a uma maior quantidade de substâncias
ativas. A planta protegida apresentou uma pequena diferença na porcentagem de inibição, apresentando
35
uma inibição maior que a planta visitada. Porém, essa diferença não foi estatisticamente significativa
para afirmar que houve diferença nos compostos químicos da planta visitada e protegida.
Os metabólitos secundários da planta podem estar relacionados com a resposta anti-edema
encontrada no presente estudo. Segundo a literatura, as flores de C. officinalis apresentam saponinas
que podem estar envolvidas na propriedade anti-inflamatória comprovada no estudo. As saponinas
podem apresentar atividade anti-inflamatória, podendo alcançar uma concentração de 6%, segundo os
autores (Shenkel, Gosmann, Athayde, 2003, p.730).
Os óleos voláteis, importantes compostos presentes na C. officinalis, contribuem para as suas
propriedades terapêuticas, como já comprovado em outros estudos, em especial os triterpenos
(Hamburger et al, 2003). Plantas que contém nos óleos voláteis os azulenos também lhe são conferidas
propriedades anti-inflamatórias (Spitzer, Simões, 2003, p.488).
Em estudos de Della-loggia et al. (1994) e Akihisa et al. (1996), glicosídeos de isorhamnetina
foram isolados das flores de calêndula, apresentando atividade inibitória da lipooxigenase de fígado de
rato in vitro. Entretanto a atividade anti-inflamatória da planta foi atribuída aos seus terpenos,
sobretudo os monoésteres de faradiol, devido a sua prevalência nas flores.
Outro tipo de metabólitos secundários de grande importância presentes na C. officinalis são os
flavonóides, apresentando-se em diversas classes em abundância nas plantas. Dentre elas as chalconas,
responsáveis por produzir a cor amarela da planta, sendo que esta cor está implicada na polinização
como atração de insetos ou pássaros. Outra classe, são os biflavonóides encontrados em abundância,
sendo responsáveis por ações farmacológicas da planta, entre elas a atividade anti-inflamatória,
servindo também como alimento dissuasivo para insetos (Zuanazzi, 2002, p.585-595).
No presente estudo a ação anti-inflamatória observada pode estar diretamente relacionada com
os flavonóides e os óleos voláteis. Entretanto, sua presença pode não interferir sobre a diferença entre a
ação anti-inflamatória das plantas que receberam a visitação de insetos com as protegidas. Pode-se
36
afirmar, portanto que a visitação de polinizadores pode não estar relacionada com a potência da sua
propriedade anti-inflamatória.
Em estudos recentes sobre a calêndula Braga et al (2009), demonstraram uma de suas
propriedades antioxidantes envolvidos no seu efeito anti-inflamatório. Assim como Cordova et al.
(2002) e Herold et al. (2003) que investigaram o extrato butanólico de C. officinalis contra a
peroxidação lipídica de microssomas de fígado de rato e ação scavenger de radicais livres, com os
resultados obtidos também sugeriram que a fração butanólica possui ação scavenger e atividade
antioxidante significativas.
Embora exista a indicação de que compostos produzidos por plantas atuem tanto na atração de
polinizadores como na proteção contra a fitofagia (Martins et al., 1994, Simões et al., 2003), tal relação
não foi comprovada por Leite et al. (2005) em estudo de artrópodes associados a calêndula em Minas
Gerais, ao menos para os flavonóides. Estes autores relatam que não houve relação entre o teor de
flavonóides e o número de insetos na calêndula. Leite et al. (op cit.) relatam, ainda, maior preferência
dos pulgões pelas hastes florais e capítulos em detrimento das folhas de calêndula.
Apesar da famíla Asteraceae ter mostrado em diversos estudos ser a mais importante em relação
à visitação de insetos (Gonçalves; Melo, 2005, Krug, 2007) pela abundância de espécies, morfologia
floral e pelo tipo de inflorescência que facilita a acessibilidade de visitantes florais (Faria-Mucci, et al
2003), neste estudo a visitação de insetos não influenciaram na atividade dos metabólitos secundários
da planta.
Sendo assim, uma possível explicação por não ter ocorrido diferença sobre a atividade antiinflamatória entre a planta visitada e protegida, pode ser devido a visitação de insetos não ser suficiente
para alterar significativamente os metabólitos secundários da planta. Mesmo que estes metabólitos
sejam responsáveis pela atividade farmacológica e pela atração de polinizadores, as duas ações podem
não estar relacionadas. Outra hipótese é a de que pode ter ocorrido uma pequena visitação de
37
polinizadores nas plantas que permaneceram expostas, não sendo o suficiente para ocorrer uma
alteração na quantidade dos seus compostos, não diferindo assim na sua atividade farmacológica.
Conclusão
Os resultados obtidos apresentaram evidência experimental da ação anti-inflamatória tópica dos
extratos glicólicos de C. officinalis. O estudo então reforça a ação anti-inflamatória da planta. Mas a
correlação entre a planta exposta e protegida da visitação de insetos não mostrou diferença significativa
na inibição do edema. Mesmo que óleos voláteis, flavonóides das inflorescências sejam apontadas
como os constituintes que apresentam a função da atração de animais com finalidade de polinização, a
relação entre a quantidade destes compostos não foi significativa entre a planta visitada e protegida, a
ponto de alterar sua atividade anti-inflamatória. Sugere-se, portanto que, nesse modelo, a visitação ou
não de insetos não influenciou sobre a atividade anti-inflamatória da planta.
38
Referências bibliográficas
Akihisa T, Yasukawa K, Oinuma H, Kasahara Y, Yamanouchi S, Takido M, Kumaki K, Tamura T
1996. Triterpene alcohols from the flowers of compositae and their anti-inflammatory effects.
Phytochemistry 43: 1255-1260.
Antunes JD 2002. Farmácia de manipulação: noções básicas. São Paulo: Tecnopressive. 66-67.
APG II 2003. Angiosperm phylogeny group. An update of the Angiosperm Phylogeny Group
classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Bot J of the Linn Soc 141: 399436.
Apparenza Informe Boletim Cosmecêutico 2007. Racine Consultores Ltda.
Blumenthal M, Busse, WR 1998. The complete german commission e monographs : therapeutic guide
to herbal medicines. Boston: American botanical Council, 1998.
Braga PC, Dal Sasso M, Spallino A, Fachi M, Bertelli A, Morelli R, Lo Scalzo R 2009. Antioxidant
activity of Calendula officinalis extract: inhibitory effects on chemiluminescence of human neutrophil
bursts and electron paramagnetic resonance spectroscopy. Pharmacology 83: 348-55.
Brasil 2004. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução –
RE nº 89, de 16/03/2004. Dispõe sobre o registro de fitoterápicos simplificado. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, de 18 de março de 2004ª.
Brown D, Dattner A 1998. Phytoterapeutic approaches to common dermatologic conditions. Arch
Dermatol 134: 1401-1404.
Bruneton J 1995. Pharmacognosy, phytochemistry, medicinal plants. Paris: Lavoisier Publishing.
Cordova CA, Siqueira IR, Netto CA, Yunes RA, Volpato AM, Cechinel FV, Curi-Pedrosa R,
Creczynski-Pasa TB 2002. Protective properties of butanolic extract of the Calendula officinalis L.
(marigold) against lipid peroxidation of rat liver microsomes and action as free radical scavenger.
Redox Report:comunication in freeradical research 7: 95-102.
Corrêa AD, Batista RS, Quintas LEM 2003. Plantas medicinais: do cultivo à terapêutica. Petrópolis,
Rio de Janeiro: Vozes.
Correa D, Ming L, Scheffer M 1994. Cultivo de plantas medicinais condimentares e aromáticas.
Jaboticabal: FUNEP. 2. Instituto de Desenvolvimento Florestal.
Della-Loggia R, Tubaro A, Sosa S, Becker H, Saar St, Issac O 1994. The role of triterpenoids in the
anti-inflammatory activity of Calendula officinalis flowers. Planta Med 60: 516-520.
Faria-Mucci GM, Melo MA, Campos LAO 2003. A fauna de abelhas (Hymenoptera, Apoidea) e
plantas utilizadas como fonte de recursos florais, em um ecossistema de campos rupestres em Lavras
Novas, Minas Gerais, Brasil. In: Melo GAR, Alves-dos-Santos I. (org.) Apoidea Neotropica:
Homenagem aos 90 anos de Jesus Santiago Moure. Edit. UNESC: Criciúma, p. 241-256.
Franco, LL 1996. As sensacionais 50 plantas medicinais campeãs de poder curativo. Editora: Santa
Mônica.
39
Gonçalves RB; Melo GAR 2005. A comunidade de abelhas (Hymenoptera, Apidae s.l.)
em uma área restrita de campo natural no Parque Estadual de Vila Velha, Paraná: diversidade,fenologia
e fontes florais de alimento. Rev Bras Entomol 49: 557-571.
Hamburguer M, Adler S., Baumann D, Forg A, Weinreich B 2003. Preparative purification of the
major anti-inflammatory triterpenoid esters from Marigold (Calendula officinalis). Fitoterapia 74: 32838.
Herold A, Cremer L, Cãlugaru A, Tamas V, Ionescu F, Manea S, Szegli G 2003. Hydroalcoholic plant
extracts with anti-inflammatory activity. Roum Arch Microbiol Immunol 62: 117-129.
Korbes VC 1995. Plantas medicinais. Francisco Beltrão: Associação de Estudos, Orientação e
Assistência Rural.
Krug C 2007. A comunidade de abelhas (Hymenoptera, Apiformes) da Mata com Araucária
em Porto União-SC e Abelhas visitantes florais da aboboreira (Cucurbita L.) em Santa Catarina, com
notas sobre Peponapis fervens (Eucerini, Apidae). Criciúma, 120 f. Dissertação de Mestrado Faculdade de Ciências Ambientais, Universidade do Extremo Sul Catarinense.
Leite GLD, Araújo CBO, Amorim CAD, Pêgo KP, Martins ER, Santos EAM 2005. Níveis de
adubação orgânica na produção de Calêndula e artrópodes associados. Acta Instit Biol 72: 227-233.
Martins ER, Castro DM, Castellani DC, Dias JE 1994. Plantas medicinais. Viçosa: Ufv.
Michalak E 1997. Apontamentos fitoterápicos da Irmã Eva Michalak. Florianópolis: Epagri.
Mithofer A, Wanner G, Boland W 2005. Effects of Feeding Spodoptera littoralis on Lima Bean Leaves
II. Continuous Mechanical Wounding Resembling Insect Feeding Is Sufficient to Elicit HerbivoryRelated Volatile Emission. Plant Physiol 137: 1160-1168.
Neurirch H, Dambrosio M, Sosa S, Altinier G, Della-loggia R, Guerriero A 2005. Improved antiinflammatory activity of three new terpenoids derived, by systematic chemical modifications, from the
abundant triterpenes of the flowery plant Calendula officinalis. Chem Biodivers 2: 657-671.
Noguera B, Díaz E, García MV, San Feliciano A, López-Perez JL, Israel A 2004. Anti-inflammatory
activity of leaf extract and fractions of Bursera simaruba (L.) Sarg (Burseraceae). J Ethnopharmacol
92: 129-133.
Prado PIKL, Lewinsohn TM 2004. Compartments in insect-plant associations and their consequences
for community structure. J Animal Ecol 73: 1168-117.
Proctor M, Yeo P, Lack A 1996. The natural history of pollination. London: Harper Collins Publishers.
Ramos A, Pedreira A, Vizoso A, Betancourt J, López A, Décalo M 1998. Genotoxicity of an extract of
Calendula officinalis. J Ethnopharmacol 61:49-55.
Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ 2007. Farmacologia. Rio de Janeiro: Elsevier.
40
Schenkel EP, Gosmann G, Athanyde ML 2003. Saponinas. IN: SIMÕES et al (orgs.) Farmacognosia da planta ao medicamento. Porto Alegre/Florianópolis: Universidade/UFRGS/ Ed. da UFSC, p.500512.
Schoonhoven LM, Jermy T, Van Loon JJA 1998. Insect-plant biology: from physiology to evolution.
Plant Physiol 13: 189-192.
Silva Junior AA 2006. Essentia herba – plantas bioativas. Florianópolis: Epagri.
Silva I, Franco SL, Molinari SL, Conegero CI, Neto MHM, Cardoso MLC, Santana DMG, Iwanko NS
1995. Noções sobre organismo humano e utilização de Plantas Medicinais. Cascavel: Assoeste.
Simões COM et al. 2003. (orgs.) Farmacognosia - da planta ao medicamento. Porto
Alegre/Florianópolis: Ed. Universidade/UFRGS/ Ed. da UFSC.
Simões, CMO, Spitzer V 2003. Óleos Voláteis. IN: Simões et al. (orgs.) Farmacognosia - da planta ao
medicamento. 5 ed. Porto Alegre/Florianópolis: Ed. Universidade/UFRGS/ Ed. da UFSC. p.473-474.
Tubaro A, Dri P, Delbello G, Zilli C, Dela-Loggia R 1985. The croton oil ear test revisited. Agents
Actions 17: 347-9.
Ukiya M, Akihisa KT, Yasukawa K, Tokuda H, Suzuki T, Kimura Y 2006. Anti-inflammatory, antitumor-promoting, and cytotoxic activities of constituents of marigold (Calendula officinalis) flowers. J
Nat Prod 69: 1692-1696.
Zuanazzi, JAS 2003. Flavonóides. IN: SIMÔES et al. (orgs.) Farmacognosia - da planta ao
medicamento. 5 ed. Porto Alegre/Florianópolis: Ed. Universidade/UFRGS/ Ed. da UFSC. p.500-512.
Valladares GR, Zapata A, Tubaro A, Dri P, Melato M, Mulas G, Bianch P, Del Negro P, Zygadlo J,
Banchio EJ 2002. Phytochemical induction by herbivores could affect quality of essential oils from
aromatic plants. J Agricl Food Chem 50: 4059-4061.
Vanaclocha, BV, Folcará SC 2003 Fitoterapia: vademécum de prescripción. Barcelona: Masson.
Yoshikawa M, Murakami T, Kishi A, Kageura T, Matsuda H 2001. Medicinal flowers. III. Marigold:
hypoglycemic, gastric emptying inhibitory, and gastroprotective principles and New Oleanane-Type
triterpene oligoglycosides, calendasaponins A, B, C, and D, from Egyptian Calendula officinalis. Chem
Pharm Bull 49: 863-870.
Zitterll-Eglesser K, Sossa S, Jurenitsch J, Schubert- Zsilavecz M, Della-Loggia R, Tubaro A, Bertoldi
M, Franz C 1997. Anti-odematous activities of the main triterpendiol esters of marigold ( Calendula
officinalis L. ). J Ethnopharmacol 57: 139-144.
Who monographs on selected medicinal plants. Genebre, Suíça: World Health oranization. 2001. v. 2,
p. 287.
41
80
Peso (mg)
*
60
*
C. visitada
*
*
C. protegida
*
40
20
20
%
Tratamentos
C
al
en
du
la
10
%
5%
C
al
en
du
la
C
al
en
du
la
in
a
In
do
m
et
ac
Ó
le
o
C
on
tr
ol
e
0
Figura 1: Efeito do creme contendo extrato glicólico de C. officinalis visitada e protegida de insetos nas
concentrações de 5, 10 e 20% sobre a indução de edema de orelha induzido por óleo de cróton.
*=P<0,05 diferença significativa nas concentrações de 5 e 20%. Os dados estão expressos em média +
DP, ANOVA/SNK.
42
% de inibição do edema
Tratamentos
C. protegida 20%
28,4
C. visitada 20%
23,3
17,72
C. protegida 5%
14,85
C. visitada 5%
*
21,96
5
10
*
*
indometacina
0
*
15
20
*
25
30
% de inibição
Figura 2: Efeito dos cremes contendo extratos glicólicos de C. officinalis visitada e protegida de insetos
nas concentrações de 5 e 20% na inibição do edema de orelha induzido por óleo de cróton. *=P<0,05
diferença significativa nas concentrações de 5%, com inibição de 14,85% e 17,72% e na concentração
de 20%, com porcentagem de inibição de 23,3%% e 28,4%, para a planta visitada e protegida
respectivamente. A indometacina apresentou inibição de 21,96%.
43
Download