UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS AVALIAÇÃO DA PROPRIEDADE ANTIINFLAMATÓRIA DE FLORES DE Calendula officinalis L. (ASTERACEAE) VISITADAS E NÃO VISITADAS POR INSETOS ELDER TSCHOSECK BORBA CRICIÚMA, FEVEREIRO, 2009. ELDER TSCHOSECK BORBA AVALIAÇÃO DA PROPRIEDADE ANTIINFLAMATÓRIA DE FLORES DE Calendula officinalis L. (ASTERACEAE) VISITADAS E NÃO VISITADAS POR INSETOS Projeto de pesquisa apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade do Extremo Sul Catarinense para o Exame de Qualificação. Área de Concentração: Ecologia e Gestão de Ambientes Alterados Orientadora: Profª. Drª. Luciane Costa Campos CRICIÚMA, FEVEREIRO, 2009. 3 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO/REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................... 4 2 RELEVÂNCIA/JUSTIVICATIVA................................................................................. 7 3 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 9 3.1 Objetivo geral ............................................................................................................. 9 3.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 9 4 METODOLOGIA........................................................................................................... 10 4.1 Local do estudo ......................................................................................................... 10 4.2 Obtenção das amostras ............................................................................................. 10 4.3 Preparação do extrato metanólico de C. officinalis .................................................. 11 4.4 Animais utilizados .................................................................................................... 11 4.5 Teste de formalina .................................................................................................... 11 4.6 Edema de pata induzido por carragenina .................................................................. 12 4.7 Análise cromatográfica ............................................................................................. 12 4.8 Levantamento etnobiológico .................................................................................... 13 5 CRONOGRAMA ............................................................................................................ 14 6 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 15 7 RESULTADOS PRELIMINARES ............................................................................... 18 7.1 Levantamento etnobiológico .................................................................................... 18 7.2 Resultados e discussão preliminares ........................................................................ 19 8 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 23 4 1 INTRODUÇÃO/REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A Calendula officinalis L. pertence à família da Asteraceae, e, apesar de ser originária da Europa, foi bem aclimatada no Brasil (BERTONI, 2006). É uma planta de pequeno porte, classificada como herbácea (RODRIGUES, 2003), muito conhecida popularmente como “malmequer” ou “maravilha dos jardins”. Suas florescências possuem cores bem heterogênia, podendo variar do amarelo ao laranja; possui grande interesse comercial, sendo utilizado na indústria cosmética e alimentícia, sendo ainda utilizado no paisagismo, possuindo um ciclo anual (MARTINS et al, 1994; BRUNETON, 1995 apud LEITE, 2005). Conforme Simões et al (1999), as plantas são de grande importância para a economia do país, sendo elas a matéria-prima com princípios ativos para maior parte de fármacos produzidos. Nos países da Europa e Ásia, a C. officinalis possui grande importância na área da saúde, por influenciar no tratamento de algumas doenças internas como inflamações, úlceras, dismenorréia, diurético entre outras (YOSHIKAWA M., et al 2001), podendo ainda, conforme o mesmo autor, ser utilizada na parte externa do corpo, no tratamento de inflamações na boca e mucosa faríngea, feridas e queimaduras. Com a vasta vantagem de ser uma planta com efeitos antiinflamatórios, no Brasil é muito utilizada como medicamento, fazendo-se uso no tratamento de determinadas doenças, sendo que o chá das flores, quando ingerido, apresenta ação antiplasmódica, expectorante, anti-abortiva e anemias nervosas; externamente é utilizado para combater inflamações das víceras, feridas, chagas cancerosas, dor de garganta e icterícia, geralmente utiliza-se as pétalas maceradas em compressas de alcoolato para feridas abertas (KÖRBES, 1995; MICHALAK, 1997). A flor é a parte mais utilizada, portanto a mais estudada, conforme Isaac (1992) e Hänsel et al (1992 apud HAMBURGERA et al., 2003); elas possuem substâncias ativas como triterpenos, saponinas, ésteres, flavonóides, óleos essenciais, hidrocarbonetos entre outros. Terpenóides são óleos voláteis que constituem uma grande variedade de substâncias biossintéticas que provém do isopropeno, sendo que os monoterpenos são mais comuns (cerca de 90% dos óleos voláteis); os sesquiterpenos também são bem freqüentes (SIMÕES, 1999). Em um de seus experimentos, Chandran; Kuttan (2008) comprovaram a ação antioxidante da C. officinalis e a perioxidação lipídica no fígado de ratos, após passarem por 5 sessões de lesão térmica, os autores ainda descrevem que os radicais livres gerados durante as lesões foram varridos pelo aumento da glutationa, substância esta que age no sistema de defesa antioxidante. Em outro estudo, Rodrigues (2004) verificou a influência de diferentes sistemas de solventes no processo de extração de substâncias da Calêndula officinalis L. (Asteraceae), e nele demonstrou a grande incidência de flavonóides na caracterização de suas soluções. Os flavonóides podem ser encontrados em diferentes estruturas carbônicas, sendo que a grande maioria é constituída por 15 (quinze) carbonos em seu núcleo fundamental (SIMÕES et. al, 1999). O mesmo autor ainda descreve algumas das diversas funções dos flavonóides nas plantas, como proteção contra insetos e fungos indesejáveis entre outras , no entanto também possuem princípios ativos antioxidantes, agindo como antiinflamatório além de atrair animais com a finalidade de promover a polinização. Sendo os flavonóides, compostos naturais com diversas aplicabilidades e distribuição no reino vegetal (SIMÕES et al, 1998), do extrato metanólico da Santiona insularis foi retirado um derivado flavónico (luteolina) que isolado resultou em uma substância com ação antiinflamatória em experimentos com ratos, em suas orelhas foram induzidos dermatites através de azeite de cróton, no qual houve reação tópica positiva.(GABOR et al., 1986; LEWIS et al., 1989 apud CECHINEL FILHO; YUNES; 2007, p. 201). Possuindo volatilidade e consideráveis odores, os óleos essenciais, também conhecidos como “essências”, podem ser observados no interior de células ou no interior de glândulas altamente especializadas, constituídas de uma série de substâncias compostas e complexas, dependendo de suas funções orgânicas (SIMÕES et al, 1998). Terpenos são óleos essenciais formados por uma diversificada família, no qual esta variedade se deve ao número de átomos de carbono em sua cadeia, os monoterpenos e sesquiterpenos são os óleos voláteis mais comuns, apresentam respectivamente 10(dez) e 15 (quinze) carbonos em sua cadeia, diterpenos, triterpenos, e poliprenos apresentam 20 (vinte), 30 (trinta), 40 (quarenta) e n átomos de carbono (SIMÕES et al, 1998). A presença do aroma produzido pelos óleos voláteis pode estar envolvida na atração de polinizadores, sendo que dentre os insetos, as abelhas e borboletas são frequentemente atraídos por aromas de diversas flores. Também encontram-se evidências de que algumas plantas produzem óleos voláteis tóxicos como proteção contra predadores e infestantes (KESLEY et al., 1984 apud SIMÕES; SPITZER, 2001). No entanto, Leite et.al (2006) descreve que a eficiência das 6 plantas em relação a insetos e a produção dos óleos essenciais está intimamente ligada ao meio ambiente, apontando os níveis de adubação, rotação de cultivo e o policultivo, alternativas eficazes para a redução da população de pragas em adubação orgânica na produção de C. officinalis. Conforme Sartori, (2003), em seus estudos com ratos, demonstrou a presença de um grupo de triterpenos em extrato bruto hidroalcoólico de C. officinalis, através do edema na pata induzido por carragenina, produzindo grande eficácia na resposta antiinflamatória. Muitos autores demonstram em seus experimentos científicos, a vasta variedade e funções dos óleos voláteis, inclusive a sua produção conforme o meio, especialmente quando se trata de plantas relacionadas com insetos herbívoros. Mithöfer (2005) induziu a produção de óleos voláteis em Feijão lima (Phaseolus lunatus L.), produzindo ferimentos em diferentes indivíduos da mesma espécie; alguns ferimentos foram produzidos mecanicamente, outros foram produzidos através do contato com Cepaea hortensis (caracol) e larvas de Spodoptera littoralis (mariposa). Como resposta obteve compostos orgânicos voláteis em diferentes concentrações; entre os óleos essenciais foram encontrados, principalmente, mono e sesquiterpeno. Wei (2007) revelou a produção de monoterpenos e sesquiterpenos em oito famílias de vegetais sem serem danificadas por insetos ou mecanicamente, entre elas estão: Fabaceae, Solanaceae (espécie Capsicum annuum), Cucurbitaceae, Apiaceae, Rosaceae, e Vitaceae, Asteraceae e Solanaceae; no entanto, as famílias Asteraceae e Solanaceae liberaram maior quantidade de monoterpenos e sesquiterpenos. 7 2 RELEVÂNCIA/JUSTIVICATIVA Popularmente conhecida por “malmequer” ou “maravilha dos jardins”, a C. officinalis possui sua florescência anual, geralmente com início no final da primavera até o final do verão; sua estatura é pequena, podendo variar de 03 (três) a 09 (nove) centímetros (BERTONI, 2006), sendo classificada como herbácea; suas flores podem ser de coloração bem diversificada, “variando do amarelo ao alaranjado” (MARTINS et al., 1994; BRUNETON, 1995 apud LEITE, 2005). A Calêndula officinalis L. pertence à família Asteraceae, sua origem é incerta, sendo que seu surgimento é divergente entre os estudiosos. Conforme Corrêa et al (1984) ela originou-se do Egito e importada para a Europa no século XII e depois para as Américas (CORREA et al., 1984). É comum a produção de pomadas e compressas com as flores e folhas utilizadas em ferimentos externos; para uso interno é recomendado o chá das flores para combater artritismo, doenças nervosas entre outras (FRANCO, 2005), o mesmo autor afirma a rápida ação contra infecções generalizadas. Em geral, as plantas possuem épocas do ano no qual concentram maior quantidade de princípios ativos a serem explorados; o íntegro conhecimento do momento correto a se fazer a colheita é de grande importância para que o material possua a maior quantidade de substâncias fitoquímicas desejáveis possível (SIMÕES, 1999). O mesmo autor ainda descreve que geralmente as possíveis variações do produto final estão associadas ao momento de plena floração ou a fase que a antecede. Referente à colheita, os horários dos dias também influenciam na concentração de seus princípios ativos; se as substâncias a serem extraídas forem óleos essenciais ou alcalóides, o recomendado é fazer a coleta pela manhã; no entanto, se o objetivo é extrair glicosídeos, é recomendado fazer a colheita no período da tarde (MARTINS, 1995 apud SIMÕES et al, 1999). Segundo Valladares et al (2002), as plantas podem ser induzidas a produzir menos substâncias, ou ainda, gerar outras se sofrerem ataques de insetos fitófagos ou até mesmo alterar seus princípios ativos referente às visitas de polinizadores, os compostos específicos no qual a exploração comercial é fundamentada poderá vir a ser comprometido devido tais mudanças. Na Argentina, foram feitos experimentos com um tipo de planta nativa da família Lamiaceae utilizadas pela população da região com usos medicinais e aromáticas e duas espécies de insetos herbívoros (minadores e gralhadores). Ao analisar os extratos feitos da 8 planta infestada e não infestada pelos insetos, verificou-se que houve modificações nas quantidades dos principais monoterpenos, o ataque dos dois tipos insetos juntos fez diminuir a concentração de um tipo de óleo essencial, logo, as plantas que sofreram o ataque apenas dos insetos mineradores houve um aumento significativo de outro monoterpeno. Alterações em plantas aromáticas induzidas por fatores ambientais poderão ter implicações econômicas e merecem maiores estudos (VALLADARES et al, 2002). Diversos trabalhos apontam a grande importância das Asteraceae no ecossistema, por serem altamente visitadas por insetos; esta característica pode estar diretamente relacionada ao fato das flores ficarem abertas, portanto expostas por um longo período de tempo, proporcionando assim abrigo e alimento (PROCTOR et al., 1996). Estudos realizados nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina mostraram a forte relação entre as Asteraceae e abelhas melíferas, apontando a grande afinidade entre eles por quantidade de abelhas por capítulos florais (ALVES-DOS-SANTOS, 1999; FEJA, 2003; HARTER, 1999; KRUG, 2006; MOUGA, 2005; SCHLINDWEIN, 1995). Apesar da C. officinalis ser de origem Européia, ela foi disseminada no mundo e bem aclimatada no Brasil (BERTONI, 2005). A utilização desta planta é ampla e intensa: a maneira de manipulação pode ser das mais diversas, podendo ser utilizada no paisagismo, nas indústrias cosméticas e alimentícias; esta vasta opção de mercado que a C. officinalis oferece se torna um atrativo para pequenos produtores rurais baseado na agricultura familiar (LEITE, 2005). Devido a grande importância dada do seu cultivo no Brasil e sua rápida difusão nas diversas áreas comerciais, torna-se relevante seu estudo associado aos artrópodes, pois poucas são as informações que apresentam e tratam da relação entre a C. officinalis e insetos (DENT, 1995 apud LEITE, 2005). Ainda ressalta-se influência desta interação na atividade farmacológica da espécie e a importância do estudo etnobiológico. 9 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo geral Avaliar a interferência da visitação de insetos sobre a atividade farmacológica e fitoquímica da C. officinalis e realizar um estudo etnobiológico com um produtor de ervas medicinais do município de Grão Pará – SC, Brasil. 3.2 Objetivos específicos - Avaliar comparativamente a propriedade antiinflamatória do extrato metanólico de flores de C. officinalis protegidas e visitadas por insetos polinizadores e fitófagos através do modelo de edema de pata induzido por carragenina em camundongos; - Investigar comparativamente a atividade analgésica do extrato metanólico de flores C. officinalis protegidas e visitadas por insetos polinizadores e fitófagos através do modelo de inflamação induzida por solução formalina 2,5%; - Caracterizar a composição fitoquímica dos extratos de C. officinalis através de análise cromatográfica; - Realizar uma investigação etnobiológica com o produtor rural de ervas medicinais de Grão Pará para resgatar seu conhecimento e percepção sobre biodiversidade e a relação inseto/planta. 10 4 METODOLOGIA 4.1 Local do estudo A pesquisa será realizada na propriedade do Sr. Antônio Alberton, localizada na zona rural do município de Grão-Pará, tendo em vista que a atividade desenvolvida pelo mesmo diz respeito à pesquisa que será desenvolvida, já que sua propriedade é voltada para a produção de plantas medicinais no sistema orgânico, sendo esta a principal fonte de renda da família. Muito embora a propriedade esteja inserida numa região produtora de fumo, ocorrem na região remanescentes de Floresta Ombrófila Densa, haja vista que o município de Grão-Pará se localiza a 93 (noventa e três) metros acima do nível do mar na região sul do Estado de Santa Catarina. Situada na microrregião de Tubarão, a referida localidade possui uma área territorial de 329 km² (trezentos e vinte e nove quilômetros quadrados) e 6 (seis) mil habitantes, localizada a 192 km (cento e noventa e dois quilômetros) da capital do Estado, Florianópolis, e 259 km (duzentos e cinqüenta e nove quilômetros) do porto de Itajaí. O clima do município classifica-se como mesotérmico úmido, Cfa segundo a classificação climática de Köeppen. Apresenta uma temperatura média anual de 19,2ºC, e o índice pluviométrico médio variam de 1.300mm a 1.500mm/ano. As geadas são constantes no inverno, com verões quentes e a cobertura vegetal original era de Floresta Ombrófila Densa, próximo ao limite sul da Mata Atlântica. A economia básica do Município está firmada principalmente na suinocultura e na agricultura, tendo como cultura básica o fumo, seguida pelo milho e feijão. Destaca-se, também, pela fruticultura, piscicultura, apicultura, na pecuária com a criação de bovinos e produção de leite, além da avicultura com a criação de aves para o abate (PREFEITURA MUNICIPAL DE GRÃO-PARÁ, 2007). 4.2 Obtenção das amostras O material botânico recolhido para a realização do experimento terá origem da cidade de Grão-Pará (S.C). Seus capítulos florais serão coletados durante toda sua florescência até o mês de novembro, que corresponde a época de maior quantidade de flores por indivíduos. 11 Serão coletados 03 Kg (três quilogramas) de capítulos florais expostos ao contato de insetos e 03 Kg (três quilogramas) de capítulos florais protegidos do contato de insetos, para que esta proteção seja confeccionada, será utilizada uma cobertura de sombrite, com a intenção de deixar o interior da cobertura as condições climáticas iguais a do seu exterior. As plantas de dentro da cobertura serão inspecionadas diariamente pelo proprietário da área para evitar entrada de eventuais invasores. 4.3 Preparação do extrato metanólico de C. officinalis O material seco em estufa a 40°C (quarenta graus Celsius) será moído e colocado em suspensão com solvente metanol PA, sendo colocada a quantidade suficiente para cobrir o material, deixado em repouso por 07 (sete) dias em local seco e protegido da luz. O solvente será reposto caso haja necessidade durante esse período. Após este período, com auxílio de funil e gaze, o extrato fluido será filtrado e concentrado em Rota-vapor (Fisaton 802D), numa temperatura de 40ºC (quarenta graus Celsius) e 117 RPMs (cento e dezessete rotações por minuto). Os extratos metanólicos (plantas protegidas e plantas visitadas) serão armazenados em frascos hermeticamente fechados, num local fresco e ao abrigo da luz. 4.4 Animais utilizados Serão utilizados camundongos machos da linhagem CF1, adquiridos do FEPPS (Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde – RS), com idade entre 2 a 3 meses e com massa corporal entre 35-40 gramas. Os animais serão mantidos a uma temperatura controlada (20 +/- 3ºC), com água e comida “ad libitum”. As soluções serão administradas nos animais numa concentração de 0,01mL/g de peso corporal. 4.5 Teste de formalina Grupos de animais (n = 10) receberão os tratamentos, os extratos metanólicos de C. officinalis 50, 100, 200 e 400,00 mg/kg (v.o.), controle solução salina 0,9% (v.o.) ou diclofenaco sódico 50,0 mg/kg (i.p.) e trinta min após será administrada na superfície ventral da pata traseira direita 25L de solução formalina 2,5%. Imediatamente após a injeção os animais serão colocados individualmente em caixas de observação. A medida de dor será quantificada pelo número de lambidas na pata 12 tratada nos intervalos de 0-5 min e 15-30 min após a injeção de formalina. O primeiro período de observação é considerado fase de resposta neurogênica e o segundo período considerado como fase de resposta à dor inflamatória (DUBUISSON; DENNIS, 1977). 4.6 Edema de pata induzido por carragenina Para indução do edema será injetado na pata dos animais a dose de 2mg de carrageninia em volume constante de 50 µL, no coxim plantar da pata direita e a pata contralateral, controle receberá o mesmo volume de solução salina estéril (ZHANG et al., 2007). Todos os grupos (n=10) receberão os tratamentos com os extratos metanólicos de C. officinalis nas doses de 50, 100, 200 e 400,0 mg/kg (v.o.), controle solução salina 0,9% (v.o.) ou diclofenaco sódico (50,0 mg/kg, (i.p.). O edema de pata será avaliado antes e em 1, 2, 3 e 4 horas após a administração da carragenina através da diferença entre o tamanho da pata inoculada e a pata contra-lateral utilizando-se um paquímetro digital. A análise estatística dos resultados dos testes de formalina será feita através do teste de variância ANOVA e do edema de pata através do teste General Linear Models para medidas repetidas. Ambos serão seguidos de post hoc Student-Newman-Keuls para comparação entre os grupos. A correlação entre a ocorrência e abundância de insetos e os resultados dos testes farmacológicos será testada por meio do cálculo de correlação de Pearson e da análise de regressão (P < 0,05). 4.7 Análise cromatográfica A análise será conduzida utilizando o sistema de HPLC (Waters) equipado com uma bomba de 600-F, 717plus automático, seguido de uma linha desgaseificador (AF) e equipado com um detector UV-Vis (PDA 2996). Uma coluna C18 (25 cm, 4,6 mm i.d.; filme de 0,5 m de espessura e 100A) será empregada (Luna, Phenomenex) a uma temperatura de 25ºC. O sistema de gradiente utilizado constará de um solvente A (água/metanol/ácido fórmico, 79,7/20/0.3) e B(metanol/ ácido fórmico, 99.7/0.3) misto, começando com 0% B, aumentando de forma linear para 25% B em 20 min, 50% de B em 15 min, 70% de B em 15 min, 80% em 10 min, e 0% para 10 minutos, com vazão de 0,9 mL/min. A detecção por espectro de varredura será realizada a onda de 200 a 400 nm. Os solventes utilizados terão elevado grau de pureza e serão filtrados (0,2m, Schleicher& Schuell) e desgaseificados por 13 sonificação antes de usar. Amostra consistirá de aproximadamente 1,2 mg/mL de extrato utilizando um solvente A, sendo filtrada em filtro de membrana 0,45m (Millex, Millipore). Volume injetado será de 20 L e saída de 280nm (HECK; MEJIA, 2007). A avaliação fitoquímica dos extratos será realizada no laboratório NIQ-FAR da Univali, coordenado pelo Prof. Dr. Valdir Cechinel Filho e orientada por ele. 4.8 Levantamento etnobiológico Os dados serão coletados e analisados por meio de questionário semi-estruturado aplicado para o proprietário da área rural e produtor de plantas medicinais, Sr. Antônio Alberton. Sua produção possui certificado de origem e manejo orgânico e tem como principal destino, o comercio e estabelecimentos de produtos naturais e laboratório de fototerápicos. Para o maior esclarecimento e confiabilidade do trabalho a ser realizado, o participante irá preencher um termo de consentimento onde estará descrito de forma simples e clara o objetivo da entrevista a ser realizada. Neste questionário serão abordados assuntos referente a C. officinalis, tais como: a técnica utilizada em seu plantio, cuidado e coleta; sua relação entre insetos e outros animais; compreensão da percepção sobre a biodiversidade da localidade; utilização da planta com finalidades fototerápicas pela família; sua freqüência de uso e quais foram as formas que obteve conhecimento sobre o uso medicinal da planta. O entrevistado terá no ato da entrevista o tempo livre para expressar abertamente seu entendimento sobre o tema específico da pesquisa. 5 CRONOGRAMA Atividade 2008 mar Revisão Bibliográfica Preparação de canteiros Investigação etnobiológica Coleta inflorescências Preparação extratos Teste formalina Edema de pata Análise resultados Elaboração da dissertação Defesa da dissertação abr M mai A jun M jul J ago J set 2009 A out S nov O dez N jan D fev J mar F abr M mai A jun M jul J ago J set A out S nov O dez N D 15 6 REFERÊNCIAS ALVES-DOS-SANTOS, I. 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A criação de uma “etnociência da conservação” foi influenciada nas décadas de 1970 e 1980 com o nascimento e expansão de vários movimentos socioambientais preocupados com a conservação e a melhoria das condições de vida da população rural. O aparecimento e o fortalecimento do movimento dos povos indígenas, dos seringueiros e dos quilombolas com propostas concretas de áreas protegidas, como as reservas extrativistas, foi no Brasil o momento chave do aparecimento dessa nova ciência (DIEGUES; ARRUDA, 2001). Segundo autores, a etnobiologia é o estudo da visão, compreensão e interação das populações sobre a natureza. De acordo com Posey (1987) etnobiologia é o estudo dos conhecimentos e conceitos cognitivos desenvolvidos pelas populações a respeito da biologia, ditas como verdade durante a história. É o estudo da adaptação do homem em determinados ambientes seguindo um sistema de crenças. A preocupação com a biodiversidade aparece Estratégia mundial para a conservação, da União Internacional para a Conservação da Natureza-UICN (1984). A proteção da diversidade biológica se completa com a manutenção da diversidade genética, necessária tanto para assegurar o fornecimento de alimentos, de fibras e certas drogas quanto para o progresso científico e industrial. E ainda, para impedir que a perda das espécies cause danos ao funcionamento eficaz dos processos biológicos (UICN, 1984). Alguns autores acreditam que culturas e saberes tradicionais podem contribuir para a manutenção da biodiversidade dos ecossistemas. Em numerosas situações, na verdade, esses saberes são o resultado de uma co-evolução entre as sociedades e seus ambientes naturais, o que permitiu um equilíbrio entre ambos. Um aspecto relevante relacionado às culturas tradicionais é a existência de sistemas de manejo dos recursos naturais, marcado pelo respeito aos ciclos da natureza e pela sua exploração, observando-se a capacidade de 19 recuperação das espécies de animais e plantas utilizadas. Esse sistema não visa somente à exploração econômica dos recursos naturais, mas revela a existência de um conjunto complexo de conhecimentos adquiridos pela tradição herdada dos mais velhos (DIEGUES, 2000). Dessa forma, estudo etnobiológicos são importantes para esclarecimento da relação entre o homem e a natureza, tendo como objetivo maior resgatar o conhecimento e práticas de uso sustentável dos recursos naturais pelas populações locais. Para o levantamento etnobiológico realizado no presente estudo, a fonte de dados utilizada foi o conjunto de informações obtidas através de um questionário semi-estruturado, aplicado ao Sr. Antônio Alberton. A aplicação do questionário foi feita após preenchimento do termo de consentimento pelo participante, onde constatou o objetivo da pesquisa. Foram feitos questionamentos sobre a espécie C. officinalis (calêndula) com questões como: a técnica utilizada em seu plantio, cuidado e coleta; sua relação entre insetos e outros animais; compreensão da percepção sobre a biodiversidade da localidade; utilização da planta com finalidades fototerápicas pela família; sua freqüência de uso e quais foram as formas que obteve conhecimento sobre o uso medicinal da planta se é utilizada pela família, para quais finalidades é utilizada, a freqüência de uso, onde obteve as informações sobre o uso medicinal da planta. As entrevistas realizadas referentes ao estudo etnobiológicos foram feitas nos dias 23/08/2008 e 15/10/2008, em visita à propriedade do Sr. Antônio Alberton. 7.2 Resultados e discussão preliminares A família Alberton reside na cidade de Grão-Pará desde 1987. O tamanho total da propriedade é de aproximadamente 22,4 hectares, mas apenas 3.000m2 são destinados para o plantio de ervas medicinais; no restante de sua extensão continua plantando milho, feijão e fumo, em menor quantidade. A princípio a família fazia o cultivo de fumo, assim como os produtores vizinhos a suas terras o fazem até hoje. A idéia da plantação de ervas medicinais se deu apenas em 1995, quando foi constatado que todos os integrantes da família estavam desenvolvendo problemas de saúde relacionados a esse tipo de cultivo. Isso ocorreu principalmente pela utilização de agrotóxicos em grande quantidade, como requer o cultivo de fumo. O Brasil está entre os maiores produtores de tabaco do mundo, contribuindo com 8% da produção mundial total. A região sul do país concentra a maior produção, sendo o 20 estado do Rio Grande do Sul responsável por 51,7% do total produzido no Brasil e Santa Catarina por 34% em 2002 (DESER, 2003). Durante todo o período de cultivo do fumo são utilizadas diversas substâncias agrotóxicas como herbicidas, inseticidas, fungicidas e outras, sendo empregadas em torno de 16 diferentes tipos de aplicação de pesticidas durante três meses antes da transferência da semente para o campo. Existe uma série de relatos sobre agravos e mesmo mortes relacionadas a envenenamento por pesticidas, uma vez que essas substâncias acarretam alta toxicidade ao produtor (CARVALHO, 2006). O Sr. Alberton relatou que o cultivo orgânico de ervas medicinais exige dedicação e empenho, uma vez que o agricultor deve estar sempre atento a todos os acontecimentos em sua lavoura. Em algumas situações, conforme explicou as ervas cultivadas não se adaptam bem ao tipo de solo e em outras situações as mesmas podem apresentar um desenvolvimento considerável. Esse fenômeno pode ocorrer pela associação com outras espécies de plantas, o que pode conferir maior ou menor vulnerabilidade às pragas. A agricultura orgânica tem-se destacado como uma das alternativas de renda para os pequenos agricultores, devido à crescente demanda mundial por alimentos mais saudáveis. Por sua vez, a menor dependência de insumos externos está associada à menor área cultivada pelos pequenos agricultores e também à maior facilidade de manejo dos sistemas produtivos com recursos da própria propriedade (fertilizantes orgânicos, produtos naturais para controle fitossanitário, controle biológico natural, tração animal, combustíveis não-fósseis, etc.) (CAMPANHOLA; VALARINI, 2001). O Sr. Alberton possui certificação de produção orgânica nas suas terras. A certificação de produtos orgânicos visa conquistar maior credibilidade dos consumidores e conferir maior transparência às práticas e aos princípios utilizados na produção orgânica. A certificação é outorgada por diferentes instituições no país, as quais possuem normas específicas para a concessão do seu selo de garantia. A certificação do produtor orgânico é um pré-requisito para o acesso ao crédito. Desde 1999, o Banco do Brasil instituiu um plano de financiamento para a agricultura orgânica, valendo-se para isso de recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf – e do Programa de Geração de Emprego e Renda – Proger (SAMINÊZ, 2000). A calêndula em especial tem sido pouco utilizada pela família, sendo empregada quando da ocorrência de ferimento exposto, como relata o Sr. Alberton, devido às suas propriedades “curativas e cicatrizantes”, auxiliando na prevenção de infecções. As inflorescências são maceradas e aplicadas no local do ferimento na forma de emplasto. 21 Esse relato do produtor confirma a utilização popular da C. officinalis que, segundo alguns autores, têm sido atribuídos popularmente as propriedades colerética, antiinflamatória, analgésica, antitumoral, bactericida, diurética, cicatrizante, sedativa e imunomoduladora (FRANCO, 1996; BROWN; DATTNER, 1998; RAMOS et al., 1998). Estudos científicos relatam a propriedade antiinflamatória dessa espécie corroborando com a indicação popular (CORDOVA et al, 2002; HEROLD et al., 2003; UKIYA et al., 2006). Segundo o Sr. Alberton “as plantas são ótimas para fazer o replantio natural”, uma vez que durante a estação de florescência (época de comercialização das flores) faz-se colheita todos os dias, e as flores não colhidas caem no solo com suas sementes, dando seqüência ao ciclo reprodutivo natural. Isso faz com que na próxima estação exista uma maior quantidade de indivíduos desta espécie, o que leva a crer que o ambiente apresentado é propício para este tipo de vegetal, não exigindo um plantio em canteiros organizados, desenvolvendo-se em ambiente favorável a cada espécie. Com relação à existência de pragas na lavoura, o agricultor considera que se o ambiente for equilibrado “a biodiversidade dá conta de tudo”, ou seja, “quando” e “se aparecem”, sejam elas microscópicas ou não, as mesmas se apresentam em quantidades tão insignificantes que não influenciam de forma negativa no plantio. Ele considera que a extinção das espécies se dá naturalmente em razão da existência dos predadores naturais. Segundo Campanhola e Valarini (2001) a produção orgânica traz diversas vantagens. Com a diversificação produtiva e a aplicação dos princípios agroecológicos, que incluem a manutenção da quantidade e qualidade nutricionais adequadas nas plantas e animais, a ação dos inimigos naturais de pragas e fitopatógenos e o uso do manejo integrado, é possível produzir sem o uso de agrotóxicos. Por sua vez, a eliminação de seu uso contribui para a redução dos custos de produção e dos desequilíbrios biológicos causados nos agroecossistemas. Em relação à calêndula, o Sr. Alberton destacou que quando plantada em presença da camomila, por exemplo, as plantas adoecem menos em virtude de não ter a formação de fungos. A camomila estaria por sua vez funcionando como um fungicida natural. A relação entre estas duas espécies ajuda no desenvolvimento da planta e uma formação floral melhor da calêndula, tendo como conseqüência um ganho no seu valor comercial. Alguns trabalhos revelam que a adoção de programas de incentivo ao cultivo de plantas medicinais é uma alternativa de diversificação de produção e de renda complementar nas pequenas propriedades rurais (MAZZA et al., 1998, PEREIRA FILHO, 2001). Lourenzani et al (2003) relatam que o mercado de medicamentos fitoterápicos e, 22 conseqüentemente, de plantas medicinais é crescente e promissor. A demanda existe e tende a crescer cada vez mais, com o aumento das pesquisas e do interesse de laboratórios farmacêuticos. Entretanto, revalorização mundial do uso de plantas medicinais traz como conseqüência uma grande pressão ecológica exercida sobre alguns desses recursos naturais nos últimos anos (MONTANARI JUNIOR, 2002). O valor econômico dessas plantas pode por em perigo a sobrevivência de muitas espécies medicinais nativas, devido ao seu comércio ser, na maioria dos casos, resultado do extrativismo predatório. Neste sentido, o cultivo com fins comerciais apresenta-se como alternativa para minimizar as ações extrativistas predatórias além de propiciar uma alternativa de geração de emprego e renda. 23 8 REFERÊNCIAS BROWN, D.; DATTNER, A. Phytoterapeutic approaches to common dermatologic conditions. Arquive of Dermatologic, v. 134, p. 1401-1404, 1998. CAMPANHOLA, C.; VALARINI, P.J. A agricultura orgânica e seu potencial para o pequeno agricultor. Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília, v.18, n.3, p.69-101, set./dez. 2001 CARVALHO, C.B. Relação socioeconômica dos fumicultoresfumageiras da região de Sombrio, SC e uma proposta de transição agroecológica. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas, Centro de Ciências Agrárias UFSC, Florianópolis, p. 131, 2006. CORDOVA, C.A.; SIQUEIRA, I.R.; NETTO, C.A.; YUNES, R.A.; VOLPATO, A.M.; CECHINEL FILHO, V.; CURI-PEDROSA, R.; CRECZYNSKI-PASA, T.B. Protective properties of butanolic extract of the Calendula officinalis L. 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