hepatites virais e assistência de enfermagem na prevenção

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ANDRÉ PAULO DA SILVA
HEPATITES VIRAIS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
NA PREVENÇÃO DE INFECÇÕES RELACIONADAS À
ASSISTÊNCIA À SAÚDE
FACULDADE MÉTODO DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO (LATO SENSU)
MBA GESTÃO EM SAÚDE E CONTROLE DE INFECÇÃO
HOSPITALAR
São Paulo
2015
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ANDRÉ PAULO DA SILVA
HEPATITES VIRAIS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
NA PREVENÇÃO DE INFECÇÕES RELACIONADAS À
ASSISTÊNCIA À SAÚDE
Trabalho de conclusão de MBA em
Gestão em Saúde e Controle de
Infecção, apresentado à Faculdade
Método de São Paulo - FAMESP.
Orientadora: Profª Mestre Thalita
Gomes do Carmo
São Paulo
2015
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!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Silva,!André!Paulo!da!!
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S578h!!!!!!!!!!!!!!!!Hepatites!virais!e!assistência!de!enfermagem!na!prevenção!de!infecções!!
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!relacionadas!à!assistência!à!saúde!!.![manuscrito]!/!André!Paulo!da!Silva.!
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!29f.,enc.!
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Orientador:!Thalita!Gomes!do!Carmo!!
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!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Monografia:!Faculdade!Método!de!São!Paulo!
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!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Bibliografia:!f.!29!
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
1.
Hepatites!virais!!2.!Assistência!de!enfermagem!!3.!Prevenção!I.!!Título!!
CDU:!(043.2)!
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AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar à Deus, por ser a luz das minhas conquistas; e meus
pais: Severino e Maria, meus pais.
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RESUMO'
A!assistência!de!enfermagem!na!prevenção!de!infecções!e!agravos!como!Hepatites!Virais,!é!de!
fundamental! importância! para! que! se! coloque! em! prática! as! políticas! de! boas! práticas.! As!
Hepatites!Virais!representam!um!grande!problema!para!a!sociedade,!já!que,!em!alguns!casos,!
passam!despercebidas!pelo!fato!de!não!apresentarem!sinais!clínicos.!O!presente!trabalho!teve!
como! objetivo,! realizar! uma! revisão! bibliográfica! sistemática! sobre! hepatites! virais! e!
assistência! de! enfermagem.! Tratoubse! de! um! estudo! descritivo,! exploratório! com! revisão!
sistemática!dos!trabalhos!publicados!entre!1971!à!2014,!disponíveis!em!resumos!na!Biblioteca!
Virtual!em!Saúde!(BIREME),!utilizando!as!seguintes!bases!de!dados:!Medical!Literature!Analysis!
and!Retrieval!System!Online!(MEDLINE),!Scientific!Eletronic!Library!Online!(Scielo)!e!Literatura!
Americana! e! do! Caribe! em! Ciências! da! Saúde! (LILACS).! Entre! os! vinte! e! sete! trabalhos! em!
português!selecionados,!somente!seis!mostrarambse!relevantes!de!acordo!com!os!critérios!de!
pesquisa! (Hepatites! e! Prevenção),! porém! nenhum! aborda! a! assistência! de! enfermagem! em!
específico,!evidenciando!a!escassez!de!trabalhos!relacionados!ao!tema!proposto.!Observoubse!
a! falta! de! publicações! acerca! do! tema! específico:! Assistência! de! enfermagem! nas! hepatites!
virais.!
'
Descritores:'Hepatites!Virais,!Assistência!de!Enfermagem,!Prevenção!
Autor:'André!Paulo!da!Silva'
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ABSTRACT'
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Nursing! care! in! the! prevention! of! infections! and! diseases! such! as! Viral! Hepatitis,! is! of!
fundamental!importance!to!be!put!into!practice!the!best!practice!policies.!The!Viral!Hepatitis!
represent!a!major!problem!for!society!because,!in!some!cases!go!unnoticed!because!they!do!
not! show! clinical! signs.! This! study! aimed! to! perform! a! systematic! literature! review! on! viral!
hepatitis!and!nursing!care.!This!was!a!descriptive,!exploratory!study!with!systematic!review!of!
studies!published!between!1971!to!2014,!available!in!summaries!in!the!Virtual!Health!Library!
(BIREME),! using! the! following! databases:! Medical! Literature! Analysis! and! Retrieval! System!
Online! (MEDLINE)! Scientific! Electronic! Library! Online! (SciELO)! and! American! and! Caribbean!
Health!Sciences!(LILACS).!Among!the!twentybseven!works!selected!in!Portuguese,!only!six!were!
relevant! according! to! the! search! criteria! (Hepatitis! and! Prevention),! but! none! addresses! the!
nursing!care!in!particular,!highlighting!the!lack!of!studies!related!to!the!proposed!theme.!There!
was!a!lack!of!publications!on!the!specific!theme:!Nursing!care!in!viral!hepatitis.!
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Keywords:!Human!viral!hepatitis;!nursing!care;!prevention!
Author:'André!Paulo!da!Silva'
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................08
1.1 Anatomia e fisiologia do fígado ...................................................................08
1.2 Aspectos clínicos ........................................................................................10
1.3 Histórico das hepatites virais ......................................................................12
1.4 Epidemiologia das hepatites virais ..............................................................13
1.5 Assistência de enfermagem ........................................................................16
2 OBJETIVO .....................................................................................................19
3 METODOLOGIA ............................................................................................20
3.1 Tipo de estudo ............................................................................................20
3.2 Palavras chave ...........................................................................................20
3.3 Local da pesquisa .......................................................................................20
3.4 Critérios de inclusão ...................................................................................20
3.5 Critérios de exclusão...................................................................................21
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................22
4.1 Categoria: Profissionais da saúde ..............................................................27
4.2 Categoria: Saúde pública ............................................................................28
4.3 Categoria: Fontes de infecção ....................................................................28
5 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................30
REFERÊNCIAS.................................................................................................31
!
!
8!
1 INTRODUÇÃO
O termo hepatite significa inflamação do fígado e deriva do radical grego
(hépar-atos), que significa fígado e o sufixo latino (ite), que significa inflamação.
Pode ter diversas causas como: medicamentos, doenças auto-imunes, metabólicas
e genéticas, álcool, substâncias tóxicas, bactérias e vírus. Os vírus que causam
hepatites são hepatotrópicos, ou seja, possuem atração pelo tecido hepático, e são
designados por letras do alfabeto: A, B, C, D e E. A doença tem uma amplo espectro
clínico, que varia desde formas assintomáticas, anictéricas, ictéricas típicas, até a
insuficiência hepática aguda grave (fulminante) 1.
A palavra “icterícia” refere-se à coloração amarelada dos tecidos, incluindo a
coloração amarela da pele, bem como dos tecidos profundos. A icterícia é em geral
causada por grande quantidade de bilirrubina nos líquidos extracelulares, na forma
de bilirrubina livre ou conjugada. A concentração plasmática normal de bilirrubina,
que se encontra quase totalmente na forma livre é, em média, de 0,5 mg/dl de
plasma. Todavia, em certas condições anormais, essa concentração aumenta e
atinge 40 mg/dl e grande parte pode transformar-se na forma conjugada. Em geral, a
pele começa a mostrar-se ictérica quando a concentração aumenta por cerca de três
vezes o normal, isto é, ultrapassa 1,5 mg/dl. As causas comuns de icterícia incluem:
maior destruição dos eritrócitos, com liberação rápida de bilirrubina no sangue, ou
obstrução dos dutos biliares ou lesão das células hepáticas, de modo que até
mesmo as quantidades habituais de bilirrubina não podem ser excretadas para o
tubo gastrintestinal2.
1.1 Anatomia e fisiologia do fígado
A unidade funcional básica do fígado é o lóbulo hepático, uma estrutura
cilíndrica com vários milímetros de comprimento e 0,8 a 2mm de diâmetro. O fígado
humano contém 50.000 a 100.000 lóbulos individuais 2.
O lóbulo hepático é construído em torno de uma veia central que direciona-se
às veias hepáticas e, a seguir na veia cava superior. O próprio lóbulo é constituído
principalmente por numerosas placas hepatocelulares (duas das quais estão
ilustradas na figura 1) que se irradiam da veia central em direção centrífuga, como
!
9!
os raios de uma roda. Cada lâmina hepática tem sua espessura formada por uma a
duas células, e, entre as células adjacentes, encontram-se os pequenos canalículos
biliares que deságuam nos dutos biliares nos septos fibrosos que separam os
lóbulos hepáticos adjacentes 2.
Figura. 1 Estrutura básica de um lóbulo hepático, mostrando as lâminas hepatocelulares, os vasos
sanguíneos, o sistema coletor de bile e o sistema de fluxo linfático composto pelos espaços de Disse
e pelos linfáticos interlobulares. (impresso de Guyton, Taylor, e Granger [modificado de Elias]:
Circulatory Physiology Two: Dynamics and Control of the Body Fluids. Philadelphia. W.b´Saunders,
1975.)
2
Também existem nos septos pequenas vênulas portas que recebem seu
sangue a partir do fluxo venoso do tubo gastrintestinal por meio das veias porta. A
partir dessas vênulas, o sangue flui para os sinusóides hepáticos achatados e
ramificados, situados entre as lâminas hepáticas estão continuamente expostas ao
sangue venoso porta 2.
Além das vênulas portas, as arteríolas hepáticas também estão presentes nos
septos interlobulares. Essas arteríolas também direcionam-se diretamente nos
sinusóides hepáticos, mais freqüentemente a cerca de um terço da distância para o
septo interlobular 2.
Os sinusóides venosos são revestidos por dois tipos de células: (1) células
endoteliais típicas e (2) grandes células de Kupffer, que são macrófagos teciduais
(também denominados células reticuloendoteriais) capazes de fagocitar bactérias e
outros corpos estranhos presentes no sangue. O revestimento endotelial dos
sinusóides venosos possui poros extremamente grandes, alguns dos quais com
!
10!
diâmetro de quase 1 fim. Abaixo desse revestimento, entre as células endoteliais e
as células hepáticas, existe um espaço tecidual muito estreito, denominado espaço
de Disse. Por sua vez, os milhões de espaços de Disse se conectam com os vasos
linfáticos nos septos interlobulares. Por conseguinte, o excesso de líquido nesses
espaços é removido pelos vasos linfáticos 2.
Devido aos grandes poros existentes no endotélio, as substâncias no plasma
movem-se livremente para o espaço de Disse. Até mesmo grande parte das
proteínas plasmáticas sofre livre difusão para esse espaço2.
1.2 Aspectos clínicos
A hepatite A é uma doença viral aguda, de manifestações clínicas variadas,
desde formas subclínicas, oligossintomáticas e até fulminantes (entre 2 e 8% dos
casos). Os sintomas se assemelham a uma síndrome gripal, porém há elevação das
transaminases. A freqüência de quadros ictéricos aumenta com a idade, variando de
5 e 10% em menores de 6 anos, chegando de 70 a 80% nos adultos. O quadro
clínico é mais intenso à medida que aumenta a idade do paciente3.
A hepatite B cursa de forma assintomática ou sintomática (até formas
fulminantes). As formas sintomáticas são caracterizadas por mal-estar, cefaléia,
febre baixa, anorexia, astenia, fadiga, artralgia, náuseas, vômitos, desconforto no
hipocôndrio direito e aversão à alguns alimentos e ao cigarro. A icterícia,
geralmente, inicia-se quando a febre desaparece, podendo ser precedida por colúria
e hipocolia fecal. Hepatomegalia ou hepatoesplenomegalia também podem estar
presentes. Na forma aguda, os sintomas vão desaparecendo paulatinamente.
Algumas pessoas desenvolvem a forma crônica mantendo um processo inflamatório
hepático por mais de 6 meses. O risco de cronificação pelo vírus B depende da
idade na qual ocorre a infecção. Assim, em menores de um ano chega a 90%, entre
1 e 5 anos esse riso nodeficiência congênita ou adquirida evoluem para a
cronicidade com maior freqüência3.
A hepatite C pode apresentar-se com infecções assintomáticas ou
sintomáticas (até formas fulminantes, raras). As hepatites sintomáticas são
caracterizadas por mal-estar, cefaléia, febre baixa, anorexia, astenia, fadiga,
!
11!
artralgia, náuseas, vômitos, desconforto no hipocôndrio direito e aversão a alguns
alimentos e cigarro. A icterícia é encontrada
entre 18% a 26% dos casos de
Hepatites Aguda e inicia-se quando a febre desaparece, podendo ser precedida por
colúria
e
hipocolia
fecal. Pode, também, apresentar
hepatomegalia
ou
hepatoesplenomegalia. Na forma aguda, os sintomas vão entre 60 e 90%, sendo
maior
em
função
de
alguns
fatores
do
hospedeiro
(sexo
masculino,
imunodeficiências, idade maior que 40 anos). Em média, de um quarto a um terço
dos pacientes evolui para formas histológicas graves, num período de 20 anos. Esse
quadro crônico pode ter evolução para cirrose e hepatocarcinoma, fazendo com que
o HCV seja, hoje em dia, responsável pela maioria dos transplantes hepáticos no
Ocidente. O uso concomitante de bebida alcoólica, em pacientes portadores do
HCV, termina uma maior propensão para desenvolver cirrose hepática3.
A Hepatite D é uma doença viral aguda que pode evoluir para a forma
crônica, apresenta-se como infecção assintomática, sintomática ou de forma
gravíssima, inclusive ocasionando óbito. O vírus HDV ou delta é altamente
patogênico e infeccioso. Pode ser transmitido junto com o HBV a indivíduos sem
contato prévio com o HBV, caracterizando a co-infecção, ou pode ser transmitido a
indivíduos já portadores de HBsAg, caracterizando a superinfecção. Na maioria dos
casos de co-infecção, o quadro clínico manifesta-se como Hepatite Aguda benigna,
ocorrendo completa recuperação em até 95% dos casos. Excepcionalmente, pode
levar a formas fulminantes e crônicas de Hepatite. Na superinfecção, a cronicidade
é elevada, chegando a 79,9%, o prognóstico é pior, pois o HDV encontra condição
ideal para intensa replicação, podendo produzir grave dano hepático e evolução
para cirrose hepática. A doença crônica cursa, geralmente, com períodos de febre,
icterícia, epistaxe, astenia, artralgia e, principalmente, esplenomegalia3.
A Hepatite E é uma doença viral aguda e autolimitada. Apresenta curso
benigno, embora tenha sido descritos casos, principalmente em gestantes, com
evolução para forma fulminante. Apresenta-se de forma assintomática (usualmente
em criança) ou com sintomas semelhantes à Hepatite A, sendo a icterícia observada
na maioria dos pacientes3.
As características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais são semelhantes,
porém com importantes particularidades. As equipes de saúde tem papel relevante
!
12!
no diagnóstico e no acompanhamento das pessoas portadoras – sintomáticas ou
não – de hepatites. Para que possam exercer esse papel, é necessário que os
profissionais estejam aptos a identificar casos suspeitos, solicitar exames
laboratoriais adequados e realizar encaminhamentos a serviços de referência dos
casos indicados 4.
1.3 Histórico das hepatites virais
Existem relatos na literatura chinesa com mais de 5.000 anos sobre icterícia
na população5-6-7. Também existem relatos de surtos de icterícia na Babilônia há
mais de 2.500 anos5-6-7. Hipocrates, que viveu cerca de 300 a 400 anos a.C., relata
em seus escritos que a icterícia seria provavelmente de origem infecciosa e o
problema poderia estar no fígado; o acúmulo de líquido no abdome(ascite) poderia
ser causado por alguma doença crônica hepática
5-8
. Somente no século XVIII foi
introduzido pela primeira vez o termo hepatite por Bianchi JB, no clássico trabalho
científico denominado História hepática em Thoria ET práxis omnius morborum
hepatitis ET bílis, publicado em 17257.
Em 1895, a existência de uma forma de hepatite provavelmete transmitida por
via parenteral foi documentada cientificamente5-6-8-10. Um total de 191 dos 1.289
trabalhadores do porto de Bremen (Alemanha) que receberam vacina contra a
varíola (via parenteral), preparada a partir de linfa humana, desenvolveram quadro
de icterícia após dois a oito meses da aplicação
5-7-8
. A doença manifestava-se por
fadiga, anorexia, queixas digestivas, icterícia e por vezes, intenso prurido cutâneo.
Depois de excluídas outras hipóteses, Lüdman deduziu que a vacina seria a possível
causa da doença ictérica, uma vez que não foi detectado um único caso entre os
trabalhadores vacinados fora do estaleiro 5-7-8-12.
Na primeira guerra mundial (1917 – 1919), o número de casos de hepatite,
sem dúvida, ocasionado provavelmente pelo vírus da hepatite A (VHA), ganhou
proporções de pandemias, acometendo milhares de soldados na guerra 5-7.
Na década de 40, no Brasil, no estado do Espírito Santo, houve um surto de
icterícia pós vacinação, com diversos óbitos, onde mais de mil casos foram
!
13!
investigados
4-11
. Dois lotes de vacina preparada com soro normal humano foram
incriminados como possível fonte de infecção primária 5-12.
O ex-professor da Universidade Federal do Amazonas José Carlos Ferraz da
Fonseca, relata em seu trabalho sobre o histórico das hepatites virais, que entre
1979 e 1983 teve a oportunidade de observar varias vezes na zona rural do Estado
do Amazonas, técnicos de órgãos governamentais, puncionarem com uma só
lanceta, inúmeros pacientes febris e com suspeita de malária. Tais técnicos, após a
punção, retiravam o sangue retido na lanceta através de um chumaço de algodão
embebido com álcool e posteriormente puncionavam outro paciente. Outros
técnicos, simplesmente passavam a lanceta no fogo de uma lamparina logo após
punção digital. A referida lamparina servia também para espantar os mosquitos
devido a fumaça provocada pelo combustível utilizado, no caso, o querosene 5.
De 1994 a 2001, diversos vírus foram descobertos e supostamente
relacionados com a doença hepatite, tais como: vírus da hepatite G (VHG), vírus das
hepatites GB-C, vírus Sanban, vírus Yonban, vírus TLMV, vírus
SEN
5-13-14
. Dos
novos vírus descobertos nos últimos anos, o VHG foi um dos mais estudados e uma
seqüência de estudos experimentais e clínicos revelou que esse agente infectivo
não se replicaria no fígado, não teria tropismo pelo órgão e não estaria associado a
doença hepática, seja aguda ou crônica
5-15
. Até o presente momento, não se
encontraram evidências que tais vírus sejam responsáveis pela patogenia da
hepatite não A-não E 5.
1.4 Epidemiologia das hepatites virais
A distribuição das hepatites virais é universal, sendo que a magnitude dos
diferentes tipos varia de região para região. No Brasil, também há grande variação
regional na prevalência de cada hepatite 4.
A Hepatite A tem distribuição universal e apresenta-se de forma esporádica
ou de surto. Tem maior prevalência em áreas com más condições sanitárias e
higiênicas. É freqüente em instituições fechadas. Nos países subdesenvolvidos,
acomete com mais freqüência crianças e adultos jovens; nos desenvolvidos, os
adultos. A mortalidade e a letalidade são baixas e essa ultima tende a aumentar com
!
14!
a idade do paciente. O ministério da saúde vem desenvolvendo um estudo soroepidemiológico de base populacional para as Hepatites A,B e C, nas capitais
brasileira. Resultados preliminares da região Nordeste, Centro-oeste e Distrito
Federal mostram, endemicidade moderada de Hepatite A, com a prevalência
variando entre 32 e 38% em menores de 10 anos 3.
Estima-se que o vírus da hepatite B seja responsável por 1 milhão de mortes
ao ano e existam 350 milhões de portadores crônicos no mundo. A estabilidade do
vírus, variedades nas formas de transmissão e a existência de portadores crônicos
permitem a sobrevida e persistência do vírus da hepatite B na população. As
infecções materno-infantil (vertical) e a horizontal, nos primeiros anos de vida,
ocorrem em regiões de alta endemicidade como África, China e sudeste asiático. Já
em regiões de baixa endemicidade, como Europa, EUA e Austrália, a contaminação
ocorre na vida adulta, principalmente em grupos de risco acrescido. No Brasil ,
alguns estudos do final da década de 80 e inicio de 90 sugeriam uma tendência
crescente do vírus B em direção à região Sul/Norte, descrevendo três padrões de
distribuição da Hepatite B: alta endemicidade, presente na região Amazônica, alguns
locais do Espírito Santo e oeste de Santa Catarina; endemicidade intermediária, nas
regiões Nordeste, Centro-oeste e Sudeste; e baixa endemicidade, na região Sul do
país. No entanto, esse padrão vem se modificando com a política de vacinação
contra o HBV, iniciada sob a forma de campanha em 1989, no estado do Amazonas,
e de rotina a partir de 1991, em uma seqüência de inclusão crescente de estados e
faixas etárias maiores em função da endemicidade local. Assim, trabalhos mais
recentes mostram que, na região de Lábrea, estado do Amazonas, a taxa de
portadores do HBV passou de 15,3% em 1988, para 3,7%, em 1998. Na região de
Ipixuna, no mesmo estado, a queda foi de 18 para 7%. No estado do Acre, estudo
de base populacional, em 12 de seus 24 municípios, apresentou taxa de HBsAg de
3,4%. Outros trabalhos também classificam a região Norte como de baixa ou
moderada endemicidade, permanecendo com alta endemicidade a região Sudeste
do Pará. Na região Sul, a região oeste de Santa Catarina apresenta prevalência
moderada e o oeste do Paraná, alta endemicidade. Toda a região Sudeste
apresenta baixa endemicidade, com exceção do Sul do Espírito Santo e do nordeste
de Minas Gerais, onde ainda são encontradas altas prevalências. A região Centrooeste é de baixa endemicidade, com exceção do norte do Mato Grosso, com
!
15!
prevalência moderada. O Nordeste, como um todo, está em situação de baixa
endemicidade. Grupos populacionais com comportamentos sexuais de risco
acrescido, como profissionais do sexo e homens que fazem sexo com homens, além
de usuários de drogas injetáveis que compartilham seringas, profissionais de saúde
e pessoas submetidas à hemodiálise apresentam prevalências maiores que a
população em geral 3.
O vírus C costuma apresentar um fase aguda oligo/assintomática, de modo
que ele responde por apenas uma pequena parte das hepatites agudas
sintomáticas. Estima-se que existam 170 milhões de pessoas infectadas em todo o
mundo. A prevalência da infecção, com base em dados de doadores de sangue,
pode variar entre índices inferiores a 1,0% em países como o Reino Unido,
Escandinávia, Nova Zelândia e em algumas áreas do Japão, ou chegar até a 26%,
como no Egito. No Brasil, com base em doadores de sangue, a prevalência de antiHCV nas diversas regiões foi de 0,62% no Norte, 0,55% no Nordeste, 0,43% no
Sudeste, 0,28% no Centro-oeste e 0,46% no Sul . As populações mais atingidas são
os pacientes que realizam múltiplas transfusões, hemofílicos, hemodialisados,
usuários de drogas injetáveis e inaláveis, assim como portadores de tatuagens e de
piercing.
Resultados preliminares do Ministério da Saúde, tem mostrado uma
prevalência de anti-HCV variando entre 0,9 a 1,9%, na faixa etária compreendida
entre 10 e 69 anos de idade 3.
Em áreas endêmicas de infecção pelo HBV, o estado de portador crônico
(HBsAg positivo) constitui o principal fator para a propagação do HDV, bem como
grupos de risco acrescido, como usuários de drogas, hemodialisados e
politransfundidos. A distribuição mundial do HDV difere em parte, com a prevalência
do HBV. Em áreas de baixa endemicidade do HBV, a prevalência do HDV também é
geralmente baixa. Em regiões de moderada e alta endemicidade do HBV, a
prevalência do HBV. No Brasil, a região Amazônica Ocidental apresenta uma das
maiores incidências desse agente no mundo. No Acre, a prevalência de anti-delta foi
de 1,3%. Nas regiões Sudeste, Nordeste e na Amazônia Oriental, a infecção esta
ausente 3.
A infecção apresenta-se de forma esporádica e de surtos. É freqüente em
áreas sem saneamento básico e em instituições fechadas, com baixo padrão de
!
16!
higiene. Freqüentemente, as epidemias estão relacionadas à contaminação de
alimentos e reservatórios de água, principalmente após calamidades publicas.
Atinge com freqüência adultos jovens. A mortalidade e letalidade são baixas (de
0,07% a 0,6% dos casos). A primeira epidemia descrita foi em Nova Delhi (1995),
após contaminação do fornecimento de água pelo esgoto. Hoje, é encontrada em
vários paises tropicais, subtropicais e sudeste asiático, geralmente como epidemia,
e, esporadicamente, em paises da ex-URSS. Apesar do Brasil apresentar condições
sanitárias deficientes em muitas regiões, ainda não foi descrita nenhuma epidemia.
Alguns casos isolados tem sido notificados, demonstrando que há circulação desse
vírus no país 3.
1.5 Assistência de enfermagem
As
equipes
de
saúde
têm
papel
relevante
no
diagnóstico
e
no
acompanhamento das pessoas portadoras – sintomáticas ou não – de hepatites.
Para que possam exercer esse papel, é necessário que as equipes estejam aptas a
identificar casos suspeitos, solicitar exames laboratoriais adequados e realizar
encaminhamentos a serviços de referência dos casos indicados 1.
A prática de enfermagem na comunidade é centrada na promoção e
manutenção da saúde de indivíduos e grupos, prevenção e minimização da
progressão da doença, e melhora da qualidade de vida. Embora as prescrições de
enfermagem usadas por enfermeiras de saúde pública possam envolver indivíduos,
famílias ou pequenos grupos, o enfoque central permanece sendo na promoção da
saúde e prevenção de doença em toda a comunidade 16.
Desde a época de Florence Nightingale, que escreveu, em 1858, que o
objetivo da enfermagem era “colocar o paciente na melhor condição para que a
natureza atue sobre ele”, os expoentes da enfermagem descreveram-na como uma
arte e como uma ciência. No entanto, a definição de enfermagem evoluiu com o
passar do tempo. A American Nurses Association (ANA), em seu Social Policy
Statement (ANA, 1995), definiu a enfermagem como “o diagnóstico e o tratamento
das respostas humanas à saúde e doença” e forneceu a seguinte lista ilustrativa de
fenômenos que são centrais para o cuidado e a pesquisa de enfermagem:
Processos de Autocuidado, Processos fisiológicos e fisiopatológicos em áreas como
!
17!
repouso, sono, respiração, circulação, reprodução, atividade, nutrição, eliminação,
pele,
sexualidade
e
comunicação,
conforto,
dor
e
desconforto,
emoções
relacionadas às experiências de saúde e doença, Tomada de decisão e capacidade
de fazer escolhas, Orientações perceptuais, como auto imagem e controle sobre o
próprio corpo e ambientes, Transições através do espectro de vida, como
nascimento, crescimento, desenvolvimento e morte, Relacionamentos afiliativos,
inclusive liberdade sem opressão e abuso, Sistemas ambientais 16.
De acordo com Horta, o primeiro conceito que se impõe é o de enfermagem:
enfermagem é a ciência e a arte de assistir o ser humano no atendimento de suas
necessidades básicas, de torná-lo independente desta assistência, quando possível,
pelo ensino do auto-cuidado; de recuperar, manter e promover a saúde em
colaboração com outros profissionais
17
. Desta forma, buscamos explorar a temática
de assistência de enfermagem, nas hepatites virais, dando ênfase na prevenção.
Os enfermeiros têm a responsabilidade de compreender as necessidades dos
consumidores de cuidados de saúde e o sistema de atendimento de saúde, incluindo
as forças que afetam a enfermagem e a oferta de serviços de saúde, propiciará a
base para examinar a prestação de cuidados de enfermagem 16.
Em geral, nas hepatites virais, o paciente é tratado em casa, a menos que os
sintomas sejam graves. A avaliação de enfermagem pode envolver o paciente e a
família no enfrentamento da incapacidade temporária e fadiga, que são comuns na
hepatite, e deve haver a instrução dos clientes procurarem cuidados de saúde
adicionais se os sintomas persistirem ou agravarem. O paciente e a família também
precisam de orientações específicas sobre a dieta, repouso, exames sanguíneos de
acompanhamento a importância de evitar o álcool, bem como sobre as medidas
sanitárias e de higiene (principalmente a lavagem das mãos) para evitar a
disseminação da doença para outros membros da família. O ensino específico sobre
a redução do risco de contrair a hepatite A inclui a boa higiene pessoal, a atenção à
lavagem cuidadosa das mãos (depois de evacuações e antes de se alimentar) e as
condições sanitárias do ambiente (suprimento alimentar e de água seguros, bem
como o descarte efetivo do esgoto). Na hepatite B, a convalescença pode ser
prolongada, com a recuperação sintomática completa exigindo, por vezes, 3 e 4
!
18!
meses ou mais. Durante esse estágio, a retomada gradual da atividade física é
encorajada depois que a icterícia tiver resolvido16.
A equipe de enfermagem pode identificar as questões e preocupações
psicossociais, principalmente os efeitos da separação da família e amigos, caso o
paciente seja hospitalizado durante os estágios acudo e infeccioso. Mesmo quando
não hospitalizado, o paciente será incapaz de trabalhar e deve evitar o contato
sexual. O planejamento é necessário para minimizar a alterações na percepção
sensorial, e inclui a família, ajudando a diminuir seus medos e ansiedades a respeito
da disseminação da doença16.
Devido à ampla inserção da enfermagem nos diversos segmentos da
assistência à saúde da população, sua participação nas ações de prevenção das
hepatites virais é de fundamental importância. Assim, esta pesquisa buscou
trabalhos que enfatizassem a assistência de enfermagem nas hepatites virais, em
relação à saúde pública.
!
19!
2 OBJETIVO
O presente trabalho teve como objetivo, realizar uma revisão bibliográfica
sistemática sobre hepatites virais e assistência de enfermagem na prevenção de
infecções relacionadas à assistência à saúde.
!
20!
3 METODOLOGIA
3.1 Tipo de estudo
Tratou-se de um estudo descritivo, exploratório com revisão sistemática dos
trabalhos publicados, disponíveis em resumos na Biblioteca Virtual em Saúde
(BIREME), utilizando as seguintes bases de dados: Medical Literature Analysis and
Retrieval System Online (MEDLINE), Scientific Eletronic Library Online (Scielo) e
Literatura Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS).
A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado,
constituído principalmente de livros e artigos científicos, e como qualquer outra
modalidade de pesquisa, desenvolve-se ao longo de uma série de etapas: escolha
do tema; levantamento bibliográfico preliminar; formulação do problema; elaboração
do plano provisório de assunto; busca das fontes; leitura do material; fichamento;
organização lógica do assunto; e redação do texto18.
3.2 Palavras chave
Utilizou-se os termos: hepatites virais, assistência de enfermagem e
prevenção.
3.3 Local da pesquisa
Foi realizada uma revisão dos trabalhos publicados em base de dados,
através da BVS (biblioteca virtual de saúde), utilizando as seguintes bases de dados:
Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), Scientific
Eletronic Library Online (Scielo) e Literatura Americana e do Caribe em Ciências da
Saúde (LILACS).
3.4 Critérios de inclusão
Utilizou-se como critério de inclusão, os trabalhos em língua portuguesa que
correspondem aos termos pesquisados: título, assunto, palavras chave, língua
portuguesa.
!
21!
3.5 Critérios de exclusão
Foram excluídos os trabalhos em línguas estrangeiras e não catalogados ou
indexados em revistas científicas.
!
22!
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Utilizou-se para a busca as palavras-chave: hepatites virais, assistência de
enfermagem e prevenção. Foram encontrados no total, cinqüenta e dois artigos,
abrangendo o período de 1971 à 2014, sendo vinte e sete na língua portuguesa,
vinte e dois em inglês, um em alemão e um em espanhol.
Utilizou-se os trabalhos publicados em português para leitura sistemática e
classificação de relevância de acordo com o tema proposto.
Entre os vinte e sete trabalhos em português selecionados, somente seis
mostraram-se relevantes de acordo com os critérios de pesquisa (Hepatites e
Prevenção), porém nenhum aborda a assistência de enfermagem em específico,
evidenciando a escassez de trabalhos relacionados ao tema proposto.
A relação do total de trabalhos em português encontrados de acordo com os
critérios de busca, está listada no quadro 1 à seguir.
!
Brasil. Ministério da Saúde
Potsch DV, Martins FSV
Brasil. Ministério da Saúde.
Hepatites
Esperança G
Gapa GAPA
Gada GADA
Neto Chehuen JA et al
Bessa Marcelo
Valiati V et al
Moreno FS, Vannucchi H
Brasil, Ministério da Saúde
Brasil, Ministério da Saúde
Alves JG et al
Faraco FN, Moura APF
Slongo DA, Slongo VS.
Autor
O impacto da hepatite e a moderna hepatologia
Prevenção e tratamento dos agravos resultantes da violência sexual contra mulheres e adolescentes
Hepatites Virais
AIDS e Herpes na pratica odontológica
Grupo Esperança.
Grupo de Apoio e Prevenção à Aids
Grupo de amparo ao doente de AIDS
Exposição ocupacional a material biológico na área da saúde: [ revisão ]
Enfrentando a hepatite C: Carlos Varaldo fala das dificuldades e dos perigos impostos pela doença
Doença de Wilson: apresentação clínica, diagnóstico e tratamento
Dietoterapia em enfermidades hepáticas
Dicas de Saúde. Brasília
Dicas de Saúde: Hepatite
Curso de atualização em emergências médicas: aula 18: insuficiência hepática aguda
Controle do risco de transmissão de doenças infecto-contagiosas no consultório odontológico
As famílias da Unidade de Saúde de Rio das Antas – SC e o seu conhecimento sobre a hepatite.
Título
2011
1985
2005
2011
1994
2001
2003
2006
2005
2004
2009
1985
2007
2007
2010
1992
2003
Ano
23!
Mendes TF
Saiba mais sobre as hepatites virais
Quadro 1. Relação dos trabalhos localizados em português. São Paulo, 2011
Mackenzie UP
!
Brevidelli MM, Cianciarullo
TI
Resende VLS et al
Tura LFR et al
Brasil. Governo Federal.
Casa Civil
Alvaro EJ, Moraes JC,
Camargo MCC
Brasil. Ministério da Saúde
Brasil. Ministério da Saúde
Medidas de prevenção e controle das hepatites virias no Estado de São Paulo
Aplicação do modelo de crenças em saúde na prevenção dos acidentes com agulha
Hepatites Virais na Prática Odontológica: Riscos e Prevenção
Representações sociais de hepatites e profissionais da saúde: contribuições para um (re)pensar da formação
Lei n° 11.255, de 27 de Dezembro de 2005
Hepatite: normas e instruções
Manual de condutas em exposição ocupacional a material biológico
Situação de risco e medidas de prevenção e controle de doenças em municípios atingidos pelas chuvas e inundações
2000
2000
2001
2010
2008
2005
1985
2010
24!
Panutti C et al
Aplicabilidade das vacinas como meio de prevenção das doenças infecto contagiosas em Odontologia
2008
Quadro 1 (continuação). Relação dos trabalhos localizados em português. São Paulo, 2011
Pisciolaro R L et al
Oferta de procedimentos diagnósticos e de tratamento aos portadores de hepatites virais B e C
2011
Lara LTR
!
25!
As principais características dos artigos estudados estão no quadro abaixo:
Quadro 2. Característica geral dos trabalhos selecionados. São Paulo, 2014
N
Autor - País - Ano
Tipo de estudo
Critério de pesquisa
1
Panutti C, Oselka G W,
Mendonça J S
Descritivo
Hepatite/prevenção &
controle; Medidas em
Epidemiologia ; Hepatite
Viral Humana/prevenção &
controle
Brasil - 2000
2
Pisciolaro R L, Tênis C A, Descritivo
Araújo M A R, Waldyr A
Brasil - 2000
3
Brevidelli MM,
Cianciarullo TI
Coorte
Hepatite B, prevenção e
controle; Hepatite C,
prevenção e controle; Riscos
ocupacionais; Recursos
humanos de enfermagem no
hospital.
Descritivo
Diagnósticos; tratamento ;
Hepatites virais B e C
Coorte
Hepatite, Pesquisa
Qualitativa, Profissional da
Saúde
Descritivo
Hepatite, Saúde Pública,
Odontologia
Brasil - 2001
4
Lara LTR
Brasil - 2008
5
Tura LFR, Madeira MC,
Silva AO, Gaze R,
Carvalho DM
Controle de Doenças
Transmissíveis/métodos;
Vacinas; Doenças
Transmissíveis/transmissão;
Hepatite; Imunização;
Odontologia/normas
Brasil - 2008
6
Resende VLS, Abreu
MHNG, Teixeira R,
Pordeus IA
Brasil - 2010
Os anos que estiveram mais publicações foram 2000 e 2008, ambos com
duas publicações cada, além de 2001 com um, e 2010 também com um trabalho.
Quanto ao tipo de estudo, foram identificados quatro estudos descritivos com
revisão sistemática, e dois de coorte sendo, um qualitativo com pesquisa de campo,
e outro quantitativo também com pesquisa de campo.
!
26!
Quanto aos descritores determinados para a localização dos artigos, todos
apresentaram o termo: hepatite, porém somente dois utilizam o termo: prevenção
como descritor. Podemos destacar novamente que nenhum trabalho refere-se a
assistência de enfermagem na prevenção das hepatites virais, conforme o proposto
pelo objetivo do trabalho.
Em relação ao total geral dos resultados encontrados na língua portuguesa,
ou seja, dos vinte e sete trabalhos localizados, grande parte tratou-se de estudo
descritivo como mostra a tabela 1:
Tabela 1. Taxa de apresentação dos trabalhos quanto ao tipo de estudo. São Paulo
2014
Tipo de estudo
N
%
Descritivo
25
92,6
Analítico
02
07,4
Como mostrado na tabela 1, podemos observar uma carência na quantidade
de estudos analíticos que abordam o tema.
Quanto ao local de publicação podemos observar como mostra na tabela 2:
Tabela 2. Local de publicação do total de trabalhos pesquisados. São Paulo, 2014
Local/Estado
N
%
São Paulo
12
44,4
Distrito Federal
08
29,6
Rio de Janeiro
03
11,1
Minas Gerais
02
7,4
Bahia
01
3,7
Paraná
01
3,7
!
27!
Como mostrado na tabela 2, verificamos o maior número de publicações
originadas do estado de São Paulo, seguido de Distrito Federal(Goiás), Rio de
Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Paraná, respectivamente.
Podemos categorizar os trabalhos publicados de acordo com o tema central,
dividindo em saúde pública ou entre profissionais da saúde. Dos seis artigos
selecionados, quatro tratam do tema hepatite e prevenção nos profissionais da
saúde, enquanto, dois abordam o tema em âmbito de saúde pública.
4.1 Categoria: Profissionais da saúde
Tratando-se do tema, hepatites virais em profissionais da saúde, podemos
destacar que, o profissional da saúde trabalha constantemente com o risco de
contato com materiais biológicos e acidentes com objetos perfuro cortantes, isso
exige uma maior atenção dos trabalhadores quanto à prevenção e cuidados com
doenças infecto-contagiosas.
O segundo artigo citado no quadro dois, publicado em 2000 com o título:
Aplicabilidade das vacinas como meio de prevenção das doenças infecto
contagiosas em Odontologia, aponta a importância da conscientização, a viabilidade
e a necessidade da imunização do profissional da Saúde, mais especificamente da
equipe odontológica, porém, isso não afasta a relevância do tema em relação ao
profissional de enfermagem.
O terceiro artigo citado no mesmo quadro, publicado em 2001 com o título:
Aplicação do modelo de crenças em saúde na prevenção dos acidentes com agulha,
trata do ato de reencapar agulhas, focando o trabalho em profissionais da
enfermagem; o
trabalho utilizou-se de um modelo de crenças em saúde para
explicar o problema, e da amostra de 319 profissionais obtida por adesão, 75%
relataram reencapar agulhas pelo menos alguma vez, e destaca ainda que os
trabalhadores com menos de dois anos de experiência profissional, percebiam
menor número de barreiras e maior número de benefícios para adotar a
recomendação de não reencapar agulhas.
De acordo o quinto artigo citado no quadro dois, publicado em 2008 com o
título: Representações sociais de hepatites e profissionais da saúde: contribuições
!
28!
para um (re)pensar da formação, destaca uma contradição entre a teoria e a prática
em graduandos, o que se depreende de um enfoque fragmentado na formação dos
profissionais de saúde, o artigo traz uma reflexão sobre um (re)pensar que
ultrapasse a dicotomia entre informação e formação do profissional.
O sexto artigo citado no quadro dois, enfatiza o tema abordado sobre a
necessidade de prevenção de profissionais da saúde quanto à doenças infectocontagiosas.
4.2 Categoria: abordagem do tema quanto à hepatites virais em saúde pública
O Ministério da Saúde instituiu em 2002 o Programa Nacional para a
Prevenção e o Controle das Hepatites Virais (PNHV), que prevê o desenvolvimento
de ações específicas de promoção da saúde, vigilância e atenção aos portadores de
hepatites virais de forma articulada no âmbito das três esferas do SUS.
De acordo com o primeiro artigo citado no quadro dois, publicado em 2000
com o título: Medidas de prevenção e controle das hepatites virias no Estado de São
Paulo e o quarto artigo citado, publicado em 2008 com o título: Oferta de
procedimentos diagnósticos e de tratamento aos portadores de hepatites virais B e
C; enfatizam sobre a importância das políticas de saúde pública em relação as
hepatites virais B e C, quanto à prevenção, tratamento e acompanhamento de seus
portadores.
4.3 Categoria: fatores que contribuem para a contaminação por hepatites virais
Podemos evidenciar outra questão importante que é comum à maioria dos
artigos encontrados, que são os fatores que contribuem para a contaminação por
hepatites virais.
O primeiro e o quinto artigo citado no quadro dois, destacam-se as várias
formas de contaminação pelo vírus da hepatite humana, abordando os tipos de vírus
A e E, que são transmitidas de forma oral-fecal, exigindo prevenção focada no
saneamento básico, e também abordam os tipos de vírus B, C e D; que possuem
forma de transmissão percutânea, por contato sexual ou exposição à materiais
biológicos.
!
29!
O segundo, terceiro e sexto, abordam a questão da transmissão das hepatites
virais no âmbito profissional, principalmente com a exposição à materiais biológicos e
acidentes com materiais pérfuro-cortantes. De acordo com o terceiro artigo, o risco
de transmissão do Vírus da Hepatite B é de 6% a 30% e o de transmissão do Vírus
da Hepatite C é de 2% a 10%, e no âmbito profissional, o acidente com perfuro
cortantes, é um dos principais fatores de risco para contaminação com hepatites
virais e o vírus da imunodeficiência adquirida (HIV), como o trabalho trata-se da
contaminação em profissionais da saúde, não aborda outras formas de transmissão
e os outros tipos de hepatites virais.
De acordo com o quinto artigo, fatores como o alto custo do diagnóstico
precoce e a ineficiência do sistema de saúde, ausência de sintomas, o número de
usuários de drogas injetáveis e inaláveis, o compartilhamento de objetos cortantes
(alicates de unha, lâminas de barbear etc.); a precariedade ou a inexistência de
sistema de esgotos e de abastecimento de água; são os principais contribuintes para
a disseminação das hepatites virais.
!
30!
5 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo inicial deste trabalho foi realizar uma revisão bibliográfica e
sistemática sobre a assistência de enfermagem na prevenção das hepatites virais
relacionadas à assistência à saúde, utilizando-se as palavras chave: hepatites virais,
assistência de enfermagem e prevenção. Foram encontrados vinte e sete trabalhos
em língua portuguesa, porém somente seis trabalhos satisfaziam aos critérios:
hepatites virais e prevenção, e não foram localizadas publicações que abrangessem
todos os termos de pesquisa, inclusive a assistência de enfermagem. Notou-se
claramente, a ausência de publicações sobre o tema proposto por este trabalho, que
é a assistência de enfermagem na prevenção das hepatites virais.
O trabalho da equipe de enfermagem na prevenção de doenças infectocontagiosas, é muito importante, principalmente tratando-se das hepatites virais, pelo
fato de na maioria dos casos apresentarem sinais ou sintomas imperceptíveis, por
isso, sugerimos maior atenção à esse tema. O papel desempenhado pela
enfermagem no contexto da assistência à saúde pública tem sua especialidade,
contribuindo para integralidade da atenção à saúde. Essa participação tem especial
destaque junto à população, por sua ampla inserção nos diversos segmentos da
assistência à saúde, tanto público quanto privados.
A prevenção das hepatites virais através da administração de vacinas é muito
eficaz, porém atualmente existem vacinas apenas contra a hepatite A e B, e isso
exige que haja outros métodos de prevenção também contra os outros tipos de vírus
causadores de hepatites. Basicamente a prevenção é realizada através de
orientação e medidas para conscientização da população, e para que os
profissionais
de
enfermagem
exerçam
esta
função,
são
necessários
os
conhecimentos, habilidades e atitudes específicas.
Sugerimos maior atenção, divulgação e pesquisas; dos profissionais e da
sociedade quanto a assistência de enfermagem na prevenção da hepatites virais, e
sua importância nos diversos níveis de atenção à saúde, principalmente na atenção
primária.
!
31!
REFERÊNCIAS
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diagnostico para as hepatites virais. Brasília, 2009.
2 Guyton, AC. Tratado de Fisiologia Médica. 9. ed. Guanabara Koogan. São Paulo,
2009.
3 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Doenças
infecciosas e parasitárias: guia de bolso. 8. ed. Brasília, 2010.
4 BRASIL. Ministério da Saúde. Hepatites Virais: O Brasil está atento.3.ed. Brasília,
2008.
5 Fonseca, JCF. Histórico das hepatites virais. Rev. Sociedade Brasileira de
Medicina Tropical. 2010 mai-jun; 43(3): 322-330.
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//www.aidsportugal.com/hepatitte.
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9 La Condaimine MM. Journal du voyage fait par ordre du roi, al´Equateur, servant
díntroduction historique a la Mesure des trois premiers degres du meridien, 1751(2).
Acessado no site do “Center de Recherche de sur la Littérature des Voyages, ParisFrançahttp ://www.crvl.org .
10 Alter HJ. The unexpected outcomes of medical research: serendipity and the
Australia antigen. J Hepatol 2003; 39: 149-152.
11 Schimid R. Viral hepatitis: Some Historical Perspectives. In: Vyras GN, Dienstag
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12 Franco O. Historia da Febre Amarela no Brasil. Ministério da Saúde –
Departamento Nacional de Endemias Rurais; 1969.
!
32!
13 Simons JN, Leary TP, Dawson GJ, Pilot-Matias Tj, Muerhoff AS, Schlauder GG, et
al. Isolation of novel virus-like sequences associated with human hepatitis. Nature
Med 1995; 1:564-569.
14 Yeh CH, Chen TC, Chang ML, Hsu CW, Yeh TS, Lee WC, et al. Identification of
NV-F virus in hepatocellular carcinoma. J Med Virol 2002; 79:92-96
15 Pessoa MG, Terrault NA, Detmer J, Kolberg J, Collins M, Hassaoba HM, et al.
Quantitation of hepatitis G and C viruses in the liver: Evidence that hepatitis G is not
hepatotropic. Hepatology 1998; 27: 877-880.
16 Smeltzer SC, Bare BG et al. Tratado de Enfermagem médico-cirúrgico. 11. ed.
2010
17 Horta WA, Brigitta EP. Processo de Enfermagem.São Paulo, 1979.
18 Gil AC. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo, 2002
19 Slongo DA, Slongo VS. As famílias da Unidade de Saúde de Rio das Antas – SC
e o seu conhecimento sobre a hepatite. Curitiba, 2003.
20 Faraco FN, Moura APF. Controle do risco de transmissão de doenças infectocontagiosas no consultório odontológico. São Paulo, 1992.
21 Alves JG, Fiuza MP, Lyra AC, Gonçalves RM, Carvalho CDVB, Lyra LGC. Curso
de atualização em emergências médicas: aula 18: insuficiência hepática aguda. Rio
de Janeiro, 2010.
22 Brasil, Ministério da Saúde. Dicas de Saúde: Hepatite. Brasília, 2007.
23 Brasil, Ministério da Saúde. Dicas de Saúde. Brasília, 2007.
24 Moreno FS, Vannucchi H. Dietoterapia em enfermidades hepáticas. Rio de
Janeiro, 1985
25 Valiati V, Aymone WC,Resem MGD, Luciana B, Peres W. Doença de Wilson:
apresentação clínica, diagnóstico e tratamento. Rio de Janeiro, 2009
!
33!
26 Bessa Marcelo. Enfrentando a hepatite C: Carlos Varaldo fala das dificuldades e
dos perigos impostos pela doença. Rio de Janeiro, 2004
27 Neto Chehuen JÁ, Sirimarco MT, Fabricio HM, Nazareth APC, Neves DS, Araújo
FP, ET AL. Exposição ocupacional a material biológico na área da saúde: [ revisão ].
Minas Gerais, 2005.
28 Gada GADA, Grupo de amparo ao doente de AIDS. São José do Rio Preto,
2006.
29 Gapa GAPA. Grupo de Apoio e Prevenção à Aids. Ribeirão Preto, 2003
30 Esperança G. Grupo Esperança. São Paulo, 2001
31 Brasil. Ministério da Saúde. Hepatites, AIDS e Herpes na pratica odontológica.
Brasília, 1994.
32 Potsch DV, Martins FSV. Hepatites Virais. Rio de Janeiro, 2011
33 Brasil. Ministério da Saúde. Prevenção e tratamento dos agravos resultantes da
violência sexual contra mulheres e adolescentes. Brasília, 2005
34 Mendes TF. O impacto da hepatite e a moderna hepatologia. São Paulo, 1985.
35 Mackenzie UP. Saiba mais sobre as hepatites virais. São Paulo, 2011
36 Brasil. Ministério da Saúde. Situação de risco e medidas de prevenção e controle
de doenças em municípios atingidos pelas chuvas e inundações. Brasília, 2011
37 Brasil. Ministério da Saúde. Manual de condutas em exposição ocupacional a
material biológico. Brasília, 2010.
38 Alvaro EJ, Moraes JC, Camargo MCC. Hepatite: normas e instruções. São Paulo,
1985.
39 Brasil. Governo Federal. Casa Civil. Lei n° 11.255, de 27 de Dezembro de 2005.
Brasília 2005.
!
34!
40 Tura LFR, Madeira MC, Silva AO, Gaze R, Carvalho DM. Representações sociais
de hepatites e profissionais da saúde: contribuições para um (re)pensar da formação.
Rio de Janeiro, 2008.
41 Resende VLS, Abreu MHNG, Teixeira R, Pordeus IA. Hepatites Virais na Prática
Odontológica: Riscos e Prevenção. João Pessoa, 2010.
42 Brevidelli MM, Cianciarullo TI. Aplicação do modelo de crenças em saúde na
prevenção dos acidentes com agulha. São Paulo, 2001.
43 Panutti C, Oselka G W, Mendonça J S. Medidas de prevenção e controle das
hepatites virias no Estado de São Paulo. São Paulo, 2000.
44 Pisciolaro R L, Tênis C A, Araújo M A R, Waldyr A. Aplicabilidade das vacinas
como meio de prevenção das doenças infecto contagiosas em Odontologia. São
Paulo, 2000.
45 Lara LTR. Oferta de procedimentos diagnósticos e de tratamento aos portadores
de hepatites virais B e C. Salvador, 2008
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