Sonata em três movimentos – (3. Mar estagnado)

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Brasília Poética
BRASÍLIA - Sonata em três movimentos – (3. Mar estagnado)
03 de Dezembro de 2007
BRASÍLIA
- Sonata em três movimentos –
3. Mar estagnado
Esta cidade, convite irrecusável ao esquecimento. Adeus, memórias
de outras horas, lugares outros. Aqui não cabem saudades, Brasília
é toda para frente. Quem a traçou já sabia que estava condenada ao
futuro.
Mais sair daqui é trazer dentro de si Brasília como uma inevitável
bússola. Gravada em eixos no coração da gente, desnorteado,
desorientado, ela nos indica as direções de um sono inconseqüente.
Despedir-se de Brasília, vã tarefa. Sempre haverá dentro de mim suas
marcas, seus marcos, sua face de Egito recém-nascido, seu jeito de
Grécia indígena, sua não ficção científica, sua inocente crueldade.
Brasília, viagem ao centro da terra, encerrada no árido, me faz tanto
pensamento de mar.
Sim, eu desconfio um mar azul-suspenso, sobremerso,
de há sempre ancorado nesta ilha, coração da terra, âncora ela mesma.
Serei a ondina perplexa e vaga, sereia seca que vela,
ansiosa de outros fogos, afogamentos outros que não do sol.
(O mar, já não suspeito, sim explícito, basta-me chamá-lo céu).
Marcos Bagno, poeta mineiro, nasceu em Cataguases.
"Poetas Mineiros em Brasília", de Ronaldo Cagiano.
http://web.brasiliapoetica.blog.br/site
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Brasília Poética
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