TÍTULO: ERNST CASSIRER E O ESTRUTURALISMO: UMA LEITURA ESTRATÉGICA SEGUNDO STEVEN G. LOFTS CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: FILOSOFIA INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU AUTOR(ES): EDILENE ALVES BEZERRA ORIENTADOR(ES): SILVIO MOREIRA BARBOSA JUNIOR 1. Resumo Esta pesquisa procura verificar as possíveis relações entre a filosofia das formas simbólicas de Ernst Cassirer e o movimento estruturalista iniciado no final da década de 1940 com os trabalhos de Claude Lévi-Strauss. Tal relação foi explorada por Steve G. Lofts em sua obra Ernst Cassirer: A “Repetição” da Modernidade na qual ele afirma ser possível identificar a presença do pensamento de Cassirer em figuraschave da filosofia contemporânea, dentre eles representantes do movimento estruturalista. Esta é uma estratégia de leitura utilizada por Lofts para demonstrar a unidade do pensamento cassireriano. 2. Introdução Esta pesquisa procura verificar as possíveis relações entre a filosofia das formas simbólicas de Ernst Cassirer e o movimento estruturalista francês iniciado no final da década de 1940, alcançando sua maior expressão com a publicação das Structures élémentaires de la parenté (1952) e Anthropologie structurale (1958) de Claude LéviStrauss1. Tal relação é explorada a partir de Steve G. Lofts em sua obra Ernst Cassirer: A “Repetição” da Modernidade2 na qual ele afirma ser possível identificar a presença do pensamento de Cassirer em figuras-chave da filosofia contemporânea, dentre eles representantes do movimento estruturalista como Lévi-Strauss, Jacques Lacan e Michel Foucault3. Esta é uma estratégia de leitura utilizada por Lofts para demonstrar a unidade do sistema do pensamento cassireriano. 3. Objetivos O objetivo geral desta pesquisa é oferecer uma introdução e sistematização ao pensamento de Cassirer a partir do programa de Steve Lofts. Como objetivo específico, será necessário verificar se a proposta de uma leitura estrutural não reduziria a pluralidade metodológica cassireriana a uma filosofia analítica, linguística ou semiótica. 4. Metodologia 1 DOSSE, François. Apresentação In História do Estruturalismo. p. IV. Título original: Ernst Cassirer: A “Repetition” of Modernity. 3 LOFTS, S. G. Ernest Cassirer: A "Repetition" of Modernity. New York: State University of New York Press, 2000. p.2. 2 A metodologia adotada é a análise textual, em primeiro lugar, da introdução, do capítulo 1 e do capítulo 2 do livro Ernst Cassirer: A Repetição da Modernidade de Steve G. Lofts. Em segundo momento, foram consultadas passagens comentadas por Lofts na Filosofia das formas simbólicas e no Ensaio sobre o homem de Cassirer. De maneira complementar, foi realizado a leitura do livro Linguagem e Mito para verificar o modo como Cassirer relaciona uma forma simbólica à outra, estabelecendo neste caso o serviço que a forma simbólica da linguagem presta à forma simbólica do mito. Também foi utilizada para a elaboração desse projeto de pesquisa a leitura do capítulo 1 (Zurück Zu Kant! Adolf Trendelenburg, a superação do idealismo e as origens da filosofia contemporânea), do capítulo 2 (O problema da “Filosofia das formas simbólicas”) e capítulo 3 (De Newton a Maxwell. Uma contribuição à compreensão do projeto cassireriano de uma “filosofia das formas simbólicas”) do livro Estudos neokantianos de Mario Ariel Gonzáles Porta. 5. Desenvolvimento A estratégia de que Lofts se utiliza para demonstrar a unidade da filosofia das formas simbólicas é uma releitura de Cassirer á luz dos paradigmas estruturalistas delimitados por Gilles Deleuze quando convidado para desenvolver o verbete do estruturalismo na edição de François Châtelet, Histoire de la philosophie. Ele enfrenta essa dificuldade determinando sete características que podem ser encontradas em todo programa estruturalista. Lofts afirma que “é necessário dar à função simbólica uma definição mais geral e mais abstrata”4, em outras palavras, procura mostrar o processo pelo qual a realidade se estrutura a partir de uma determinada abertura de mundo ou de uma forma simbólica na filosofia da cultura de Cassirer. Nesse sentido, se o pensamento de Cassirer é suficientemente sistematizável, ele deve permitir uma leitura estrutural, ou melhor, deve permitir “uma consideração da filosofia das formas simbólicas como um tipo de estruturalismo avant la lettre”5 . O objetivo de Lofts não é demonstrar que Cassirer tenha se distanciado do projeto de uma reformulação do idealismo promovido pela escola de Marburgo em direção ao estruturalismo. A sua proposta de leitura visa, antes, uma aproximação dos trabalhos cassirerianos aos trabalhos de autores contemporâneos que o leram e que, de algum modo, são “cassirerianos” ou, melhor dizendo, 4 5 Ibid., p. 36. Ibid., p. 36. “neokantianos”. E nesse sentido, o próprio Foucault, em 1966, já havia mencionado que “todos nós somos neokantianos”6 quando escreveu uma resenha sobre a publicação francesa da obra A filosofia do esclarecimento de Cassirer. 6. Resultados Preliminares O trabalho de sistematização e introdução a Cassirer se torna necessário devido as frequentes críticas dirigidas ao seu pensamento no sentido de que ele incorreria em vaguidades decorrentes de sua erudição7. Em sua introdução, Lofts comenta que alguns autores “não explicam a unidade da filosofia de Cassirer”8 e que isso ocorre porque parte dos críticos da literatura cassireriana é realiza por autores com interesses secundários em sua obra, tomando assim, uma parte pelo todo do seu pensamento. A ruptura dessa unidade ocorre quando não se compreende, por exemplo, o conceito de símbolo ou de função simbólica. Com o objetivo de elucidar esse problema essa pesquisa visa explicitar estes conceitos a partir de uma leitura estrutural. 7. Fontes Consultadas CASSIRER, E. Ensaio Sobre o Homem. Tradução de Tomás Bueno. São Paulo: Martins Fontes, 2005. CASSIRER, E. Filosofia das Formas Simbólicas VOL. I. Tradução de Eurides Avance de Souza. São Paulo: Martins Fontes, 2011. CASSIRER, E. Filosofia das Formas Simbólicas VOL. III. Tradução de Eurides Avance de Souza. São Paulo: Martins Fontes, 2011. CASSIRER, E. Linguagem e Mito. Tradução J. Guinsburg e Míriam Schaiderman. São Paulo: Perspectiva, 1992. DOSSE, François. História do Estruturalismo; Tradução de Álvaro Cabra; revisão técnica de Marcia Mansor D’ Alessio. Bauru, SP: Edusc, 2007.LOFTS, S. G. Ernste Cassirer: A “Reptition” of Modernity. New York: State University of New York Press, 2000. PORTA, M. A. G. Estudos Neokantianos. São Paulo: Loyola, 2011. 6 Foucault, M. Une histoire restée muette, In Dits et écrits I. 1:545-49. Paris: Gallimard, 1994. Essa crítica foi à dirigida a Cassirer, entre outros, por John Krois e Verene. 8 LOFTS, p.18. 7