Ser humano como animal simbólico Fundamentação teórica Para casa Baixar o texto “Ser humano, um animal simbólico” do blog, estudá-lo e trazer as perguntas contidas nele respondidas na próxima aula; Na próxima aula, faremos um debate sobre as respostas encontradas por vocês, elucidando eventuais dúvidas; A partir desse texto, fecharemos a avaliação do 1º objetivo, com uma atividade individual em sala de aula. O dado fenomenológico Fenômeno = aquilo que se manifesta, aquilo que se mostra; O dado fenomenológico acerca do ser humano, então, leva-nos a afirmar que: 1. Os símbolos são importantes e estão sempre presentes em nossas vidas; 2. Os símbolos sempre tiveram relevância nas diversas sociedades humanas; 3. Os símbolos variam de lugar para lugar, em função da cultura do povo, da realidade histórica e das diversas tensões sociais. Animal simbólico Coube a um filósofo alemão, Ernst Cassirer, criar a definição: o ser humano é um animal simbólico; Mas o que será que ele queria dizer com isso? Ernst Cassirer (1874-1945) Realizou estudos em direito, literatura e filosofia germânica nas universidades de Berlim, Universidade de Leipzig e Heidelberg. Em 1899 recebeu o título de doutor, tornando-se mestre de conferência em Berlim (1906) e depois professor titular na recém-criada Universidade de Hamburgo(1919), onde ensinou filosofia até 1933. Forçado a deixar a Alemanha após a ascensão de Hitler ao poder, tornou-se professor na Universidade de Gotemburgo, na Suécia e, em 1941, na Universidade Yale e depois na Columbia University, nos Estados Unidos. Um dos mais importantes representantes da tradição neokantiana de Marburgo, desenvolveu uma filosofia da Cultura como uma teoria dos símbolos, baseada na Fenomenologia do Conhecimento. Ernst Cassirer (1874-1945) Expandiu o campo da crítica kantiana a todas as formas da atividade humana. As categorias a partir das quais Kant pensa o fato científico, são para Cassirer um aspecto particular de formas simbólicas que revelam também o fato mítico, estético e social. Pode-se dizer que Cassirer transformou a Crítica da Razão Pura em uma crítica da cultura. A Enciclopédia de Filosofia de Stanford (2004) define a importante contribuição de Cassirer ao relacionar os aspectos fundamentais e epistemológicos de dois campos do conhecimento, o da filosofia da matemática e das ciências naturais e, por outro lado, o da estética e da filosofia da história, mediando os dois grandes campos de conhecimento o "científico" e o "humanístico". Fonte: Wikipédia Animal simbólico? Para Cassirer, um aspecto insuperável da condição humana é que sempre construímos significados; Isso nos conduz de volta ao conceito de fé antropológica... Mas não é só para a nossa existência que construímos sentido; fazemos isso para tudo o que há e para todas as nossas ações; Na verdade, segundo Cassirer, relacionamo-nos com tudo e com todos à nossa volta por meio de símbolos, de sentidos que não estão contidos na “coisa-em-si”, mas que projetamos sobre ela; Vejamos alguns exemplos. Vestimentas Qual é o sentido “natural” das roupas? Por que passamos a usá-las em algum momento? Para nos protegermos contra as intempéries. E será que segue sendo esta, ou apenas esta, a função ou o sentido das roupas hoje? Questões morais; Questões de status; Estado de espírito da pessoa; Postura geral diante da vida e da sociedade: contestação, inovação, obediência... A roupa, então, é muito mais do que um peça com que cobrimos o corpo, ela também é um símbolo... Outros exemplos Moradia: 1. Função inicial? 2. Sentido e usos atuais? Trabalho: 1. Função inicial? 2. Sentido e usos atuais? Alimentação: 1. Função inicial? 2. Sentido e usos atuais? Animal simbólico O que Cassirer acredita evidenciar é uma característica insuperável do ser humano: relacionamo-nos com tudo à nossa volta de forma simbólica; E isso não tem a ver com escolha, com opção. Não optamos por nos relacionarmos de maneira simbólica com tudo. Nós somos naturalmente assim! Do mesmo modo que o nosso corpo requer, naturalmente, alimento para sobreviver, nossa natureza cultural requererá e criará símbolos enquanto seguirmos vivos. Por que os símbolos variam? Mas os símbolos estão sendo sempre reconstruídos, modificados. É o que vimos nos exemplos apresentados antes; Isso, aliás, nos remete de volta aos conceitos da exegese e da hermenêutica (aos quais retornaremos proximamente); Mas se o corpo poderia se saciar sempre com os mesmos alimentos, por que o mesmo não acontece com os símbolos, por que eles estão sendo sempre refeitos? O aspecto subjetivo Por um lado, a contínua metamorfose dos símbolos e a constante criação de novos significados se relaciona à nossa abertura ou não-saciedade originárias; De fato, como vimos no bimestre passado, somos abertos, ou seja, nunca nos satisfizemos com um conhecimento alcançado (nível da razão), nem com um sentido ou sentimento experimentado (nível do afeto); Em síntese, estamos sempre buscando algo mais... O aspecto social e cultural Por outro lado, os sentidos que vamos construindo ou refazendo respondem também a demandas e necessidades sociais e culturais; Assim, é porque mudam os valores morais, as condições de produção e as relações de poder dentro de uma sociedade, que mudam, com isso, as formas de nos vestirmos, por exemplo. Animal simbólico - síntese Concluindo, podemos dizer, por aquilo que observamos do fenômeno humano, que somos seres simbólicos, na medida em que nos relacionamos com tudo à nossa volta, inclusive conosco mesmos, pela mediação de símbolos. Estamos sempre construindo ou representando significados em tudo o que fazemos, e isso não é uma questão de escolha, mas algo que se observa, que se verifica de fato sempre, em qualquer atividade humana. Do mesmo modo que todo ser humano, enquanto está vivo, respira; toda pessoa, enquanto viva, relacionase simbolicamente com o mundo. Não vemos apenas uma coisa, comida por exemplo, mas, além disso, um significado que transcende essa coisa (no caso da comida, distinção social, por exemplo).