Bernhard Sylla Será que a linguagem determina a cultura? As posições de Humboldt e Cassirer em torno desta questão É sabido que Wilhelm von Humboldt intensificou os seus estudos sobre a linguagem, muitos dos quais ainda aguardam a sua publicação, na última década da sua vida. O teor destes estudos parece atribuir à linguagem um papel primordial para o pensamento e o agir humanos em geral. Geralmente não é visto com suficiente clareza que a determinação da essência da linguagem em Humboldt recorre a quatro definições heterogéneas que suportam, entre si, relações de uma dialéctica sublime, pois encaminham tanto para uma situação aporética como também para uma panorâmica holística. Pretendo, nesta comunicação, (i) mostrar que a recepção das ideias de Humboldt sobre a linguagem, no caso concreto da recepção de Cassirer, teve um impacto considerável na elaboração da sua Filosofia de Cultura, (ii) e esboçar um enquadramento teórico mais abrangente e geral, que parte expressamente das reflexões humboldtianas, para perspectivar tipos de relação entre o fenómeno da linguagem e a construção de culturas.