AVALIAÇÃO: UM PROCESSO A SER DISCUTIDO BILHALVA, Vanessa1; NASCIMENTO, Rosangela Conceição Gomes2. Palavras - chave: Educação. Qualidade. Construção. Introdução O presente trabalho tem por objetivo situar a avaliação no âmbito escolar buscando melhor compreender seu significado, contradições e dificuldades encontradas e refletir sobre os resultados para efetuar a mudança, pois todos, de uma ou outra forma, estão comprometidos com atos e práticas educativas. A avaliação é uma das dimensões do processo de ensino-aprendizagem, tornandose um desafio para o sistema escolar Apesar de ter uma grande importância o tema avaliação incomoda e preocupa devido o seu poder de rotulação. O conceito de avaliação possui uma amplitude variável de significados, dizer o que é avaliar não é algo simples de definir, pois há inúmeros fatores que estão associados a mesma, tais como avaliar rendimentos dos alunos, comportamento nos professores, o bom funcionamento das escolas, etc. A avaliação é um aspecto essencial a ser considerado em qualquer proposta de trabalho, desde que permita interpretar a realidade, redefinir metas, sempre em busca de melhores ajustes no processo de ensino-aprendizagem. Na educação a avaliação não deve ter um tempo determinado, ou pré-estabelecido para acontecer, mas sim estar presente em todos os momentos envolvendo professores e alunos, pois não se deve avaliar centrado apenas nos aspectos cognitivos e no desempenho do aluno; é preciso, também observar os aspectos globais do processo de ensino-aprendizagem, bem como a organização do trabalho escolar e a intervenção do professor nas atividades. Para Vasconcellos (2001, p.12) “[...] o que a gente observa hoje, basicamente, na escola, é um tipo de avaliação tradicional, autoritário com aquele cunho de apenas constatar e não intervir para mudar.” Isso acontece porque os professores concebem a avaliação como tarefa quantitativa de verificar ou como um instrumento de poder, com a missão de classificar 1 Acadêmica do Curso de Pedagogia da Unicruz. E-mail: [email protected] Professora do Curso de Pedagogia da Unicruz. Membro do Grupo de Pesquisa em Estudos Humanos e Pedagógicos GPEHP/UNICRUZ. [email protected] 2 numericamente os alunos, atribuindo-lhe notas de acordo com o número de acertos ou erros cometidos. Entende-se que avaliar não é uma ação esporádica ou circunstancial dos professores e da instituição escolar, mas sim algo que está muito presente na prática pedagógica. Atualmente, avaliar não é só o ato de comprovar o rendimento ou qualidade do aluno, mas sim a fase final de um ciclo completo de atividades didáticas, planejado, desenvolvido e analisado. Qualquer processo didático que é guiado implica em uma revisão de suas consequências, e é para isso que serve a avaliação, para pensar e principalmente planejar a prática pedagógica. Para o aluno a avaliação é muito importante, pois é através dela que ele conhece os resultados do seu empenho e esforço, não somente pela satisfação da aprendizagem, mas principalmente pelo significado que possui o conhecimento das suas capacidades para futuras aprendizagens. Metodologia Essa pesquisa de cunho qualitativo foi realizada na Escola Municipal de Ensino Fundamental Carlos Gomes no município de Cruz Alta. Foram aplicados questionários abertos aos alunos e professores da instituição e também foram levadas em consideração algumas observações realizadas durante o tempo em que foi desenvolvida a pesquisa. Os professores que responderam os questionários atuam nas séries iniciais do ensino fundamental, assim como os alunos pertencem a essa etapa escolar. Resultados e Discussões Conforme as informações de membros da própria escola onde foi realizada a pesquisa, a mesma tem seu processo avaliativo pautado na ênfase diagnóstica, formativa e somativa, primando pela autocrítica, pelo questionamento, pelo trabalho com a diversidade e o confronto de posições culturais. A avaliação é compreendida como um processo contínuo de diagnóstico e acompanhamento, objetivando o progresso dos alunos, contribuindo para tornálos conscientes de seu avanço, responsáveis por suas atitudes, permitindo avaliar como o aluno se situa a apropriação dos conteúdos e na atividade de conhecer seus acertos, dúvidas e relações que estabelece entre elas. O ato educativo embutido na prática da dialogicidade permite que a avaliação seja realizada dentro de um processo, no qual o professor acompanhará a caminhada dos alunos. Este trabalho sinalizará ao professor os rumos de sua atuação, bem como apontará que intervenções devem realizar para que os alunos e professores possam avançar mais. Questionados sobre o seu entendimento sobre avaliação, a maioria dos alunos dão respostas semelhantes dizendo que “a avaliação é necessária para testar os conhecimentos, saber se estão indo bem na matéria, avaliar a inteligência, as dificuldades encontradas...”. A afirmação vem ao encontro com o pensamento de Melchior (2001, p.18) que se manifesta da seguinte maneira: A avaliação serve antes de tudo, para identificar como o aprendiz está se movimentando frente às novas aprendizagens, o que já é de seu domínio, os objetivos que ele ainda não alcançou e quais suas dificuldades. Com essas afirmações, o professor pode refletir sobre o processo desenvolvido na busca da compreensão sobre o que poderia ser melhorado ou que outras atividades podem ser proposta para uma maior aprendizagem [...]. O enunciado corresponde se não igual, bem próximo com o pensar do professor C, que responde a mesma questão da seguinte maneira: “processo de construção e consolidação das aprendizagens, das vivências que tem vistas a formação de conhecimentos, hábitos e atitudes na busca de uma identidade própria do aluno que reflete o que realmente é o professor”. Quanto à questão colocada aos professores sobre a razão que leva a avaliar os alunos, o professor A, respondeu da seguinte forma: “para sabermos onde estão as falhas e lacunas da aprendizagem dos alunos e também do nosso processo de ensino, essa avaliação deve ser realizada diariamente”. Já o professor B, diz: “para completar um processo avaliativo do trabalho, ressignificar objetivos e refletir sobre o desempenho qualitativo do seu próprio trabalho e da correspondência dos alunos”. O professor C, manisfestou-se da seguinte forma: “para promovermos mudanças individuais nos alunos; para que se dê motivos reais e significativos para o aluno em relação à aprendizagem, e para que a aprendizagem seja um processo contínuo e com vistas a eventuais correções”. Neste aspecto Vasconcellos (1995, p.45) defende: Avaliar para: atribuir nota, registrar, ver quem assimilou o conteúdo, saber quem atingiu os objetivos, ver como o aluno está se desenvolvendo, diagnosticar, investigar, tomar decisões, acompanhar o processo de construção do conhecimento do aluno, estabelecer um diálogo educadoreducando-contexto de aprendizagem, avaliar para que o aluno aprenda mais e melhor[...] . Referente à questão proposta aos professores: “Quais métodos de avaliação você utiliza?”, a metade dos questionados respondeu que o correto seria levar em consideração tudo o que é realizado dentro e fora da sala de aula, (caderno, responsabilidade, participação, organização, capricho, interpretação do que o aluno ouve, lê e faz). A outra metade de professores que responderam disseram que “realizam métodos socializados, na maioria das vezes individuais que abrangem as esferas conceituais, atitudinais e procedimentais”; e também que costumam avaliar com “trabalhos em grupos e individuais, atividades de aula diversificadas, testes e observação direta”. Compreende-se, portanto, que a avaliação está a disposição da função pedagógica, para possibilitar ao professor e ao aluno a identificação do que deve ser feito para redimensionar a caminhada, ajudando assim, a escola a cumprir sua função social. Considerações finais Fica claro que a avaliação é um elemento indispensável para a reorientação das trajetórias empreendidas durante o processo ensino-aprendizagem e para criar novos desafios ao aluno. A avaliação necessária às instituições escolares é aquela que se caracteriza como dinâmica, participativa, abrangente e sistematizadora. A partir da análise e aprofundamento dos estudos no campo da avaliação, obtidos no decorrer deste trabalho, constata-se que é fundamental repensar o significado da ação avaliativa devido a complexidade e importância deste processo, já que muitas vezes o futuro do educando acaba entrando em jogo quando este é avaliado. Uma avaliação de qualidade se compromete com o avanço do aluno, estimula o seu desenvolvimento, o desperta para suas possibilidades, cria expectativas positivas ressignificando os erros cometidos, vinculando as possibilidades de aprendizagem decorrentes de cada etapa de desenvolvimento cognitivo, afetivo e social para que continue aprendendo na etapa seguinte com aproveitamento. A luta por uma escola de qualidade deve ser considerada primordial na trajetória educacional dos educadores, e para que isso aconteça é preciso que o compromisso assumido vá além das expectativas de aprendizagem, é necessário que a escola assuma a sua verdadeira responsabilidade, que é ser um ambiente instrutivo e formativo, o que resultará no que mais se almeja atualmente, que é uma sociedade mais justa e humana. Referências HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover: as setas do caminho. Porto Alegre: Mediação, 2001. MELCHIOR, Maria Celina. Avaliação para qualificar a prática docente: espaço para a ação supervisora. Porto alegre: Premier, 2001. VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Avaliação: concepção dialética libertadora do processo de avaliação escolar. São Paulo: Libertad, 1995.