uma reflexão acerca das diferentes concepções de

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UMA REFLEXÃO ACERCA DAS DIFERENTES CONCEPÇÕES DE
AVALIAÇÃO
BECKER, Joanessa Cerise1; RODRIGUES, Scheila Leal2;
NASCIMENTO, Rosangela Conceição Gomes 3.
Palavras-chave: Aprendizagem. Diagnostico. Ensino.
Introdução
A avaliação da aprendizagem constitui-se um sério problema educacional. A evasão e
repetência escolar, assim como a queda do nível do ensino indicam que há algo de errado na
forma como a avaliação vem acontecendo nas escolas. Diante essas questões necessita-se
ampliar o conhecimento sobre a prática avaliativa desenvolvida nos educandários, bem como
compreender a sua importância para a aprendizagem do educando.
Destarte, o presente estudo visa investigar as concepções que alunos e professores de
uma Escola Estadual do norte do estado do Rio Grande do Sul tem acerca da avaliação da
aprendizagem, no que se refere a sua importância e função no processo ensino-aprendizagem.
O estudo está estruturado em Lima (1996), Sant’anna (2004) e Vasconcellos (1998; 2000) que
contribuíram para um maior entendimento do assunto.
Metodologia da Pesquisa
Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa qualitativa do tipo descritiva
interpretativa. Os sujeitos da pesquisa foram alunos e professores de uma escola pública
estadual que oferece ensino fundamental e ensino médio, num total de 286 alunos. Os
instrumentos de pesquisa foram um questionário com perguntas abertas, respondido pelos
professores, neste trabalho identificados por letras maiúsculas, e outro questionário
respondido pelos alunos, igualmente nesta pesquisa identificados por números.
Resultados e Discussões
A avaliação da aprendizagem é um processo complexo e dinâmico, bem como um
momento de reflexão crítica e de reconstrução de concepções e atitudes. Componente didático
do ensino e da aprendizagem, de caráter contínuo e permanente, envolve o crescimento, o
1
Acadêmica do Curso de Pedagogia – UNICRUZ. Bolsista PIBID. [email protected]
Acadêmica do Curso de Pedagogia – UNICRUZ. Bolsista PIBID. [email protected]
3
Professora do Curso de Pedagogia – UNICRUZ. Integrante do Grupo de Pesquisa em Estudos Humanos e
Pedagógicos. [email protected]
2
envolvimento e o rendimento do aluno e possibilita ao professor verificar a eficiência de seus
métodos de ensino. Apesar de sua relevância pessoal, política e social a avaliação constitui-se
uma prática desvinculada do aprendizado, carente de compromisso pedagógico e de caráter
tradicional. Vasconcellos (1998, p. 82) se refere à finalidade da avaliação:
A finalidade maior da avaliação da aprendizagem, dentro de um horizonte de uma
educação dialética-libertadora, numa abordagem sócio-interacionista, é ajudar a
escola a cumprir sua função social transformadora, ou seja, favorecer que os alunos
possam aprender e se desenvolver, levando-se em conta o compromisso com a
construção de uma sociedade mais justa e solidária.
Durante o processo de coleta de dados os entrevistados informaram que as avaliações
são feitas através de provas, e muito raramente através de trabalhos, atividades realizadas
durante as aulas, temas e participação em aula. Vasconcellos (2000, p. 73) faz uma crítica à
prova, apontando três problemas: “ruptura com o processo ensino-aprendizagem; ênfase
demasiada à nota; como está desvinculada do processo ensino-aprendizagem, acaba servindo
apenas para classificar o aluno, não tendo repercussão na dinâmica de trabalho em sala de
aula”. Ao enfatizar o resultado no lugar do processo de construção de conhecimento os
professores fazem uso inadequado da prova, uma vez que “O professor, não compreendendo a
prova como instrumento de avaliação do processo pedagógico como um todo, acaba
realizando um julgamento da aprendizagem individual de cada aluno” (LIMA, 1996, p.41).
Ao serem questionados sobre as formas utilizadas sobre avaliação o aluno 3 cita
“provas, trabalhos, redações e pelo comportamento em sala de aula”. Para a professora B a
avaliação “é realizada a partir de provas e do desempenho dos alunos, sendo realizados
trabalhos e atividades em sala de aula”. O aluno 4 afirma que “muitas vezes seria necessário
um pequeno parecer porque números não descrevem de forma adequada um aluno”. A partir
da opinião deste aluno é possível perceber que a atribuição de notas não gera confiança e não
é eficiente na descrição do desempenho e aprendizado do aluno, mas principalmente que os
alunos são capazes de construir outras concepções sobre a avaliação escolar.
A avaliação escolar tem entre suas funções informar aos professores e aos alunos se
a aprendizagem realmente ocorreu. Para verificar se o aluno atingiu os objetivos pretendidos,
ele terá que ser levado a uma situação de teste em que possa demonstrar, efetivamente, esse
comportamento, sob as condições e critérios pré-estabelecidos. Através da avaliação é
possível diagnosticar o que e como o conteúdo trabalhado foi compreendido pelos alunos.
Para Vasconcellos (1998, p. 85):
Avaliação é um processo de captação das necessidades, a partir do confronto entre a
situação atual e a situação desejada, visando uma intervenção na realidade para
favorecer a aproximação entre ambas. Avaliar é ser capaz de acompanhar o processo
de construção do conhecimento do educando, para ajudar a superar obstáculos. É
diferente de “ensinar” e cobrar o produto final, e ser capaz de dizer se confere ou
não com o certo, com o parâmetro.
Se a avaliação apontar problemas de aprendizagem, é indispensável a mudança no
modo de ensinar e a retomada do que não foi aprendido pelo aluno. A avaliação não possui
grande valor se não causar mudanças e adaptações necessárias. Sant’anna (2004) aponta como
critério obrigatório da avaliação o diagnóstico do rendimento escolar, verificando quais
alunos necessitam de ajuda ou atendimento pedagógico específico.
A concepção da professora C sobre avaliação aponta sobre a necessidade de
“averiguar os conhecimentos adquiridos pelos alunos, a fim de saber se é necessário retomar
(revisar) o conteúdo”. Nesse enfoque a educadora usa a avaliação como diagnóstico para
verificar até que ponto a sua prática é caminho para a concretização do aprendizado. Para
Sant’anna (2004, p.65), o critério de avaliação, “quer o professor utilize questões dissertativas
ou objetivas, terá por obrigatoriedade que ser um elemento para diagnosticar o rendimento do
aluno, verificando-se quais os alunos que necessitam de ajuda ou atendimento pedagógico
específico”.
A avaliação como diagnóstico se concentra nos conhecimentos construídos pelos
alunos que servirão de suporte para a série seguinte. Verificamos essa preocupação na
professora B que busca através da avaliação “observar o desempenho dos alunos, e o futuro
crescimento pessoal”. Esta professora enfatiza sua preocupação com o futuro do aluno, pois
um dos principais objetivos da educação é preparar o aluno para a vida, o que requer pensar
além da excessiva transmissão conteúdos.
No ponto de vista do aluno 3 “a avaliação serve para assegurar se os alunos
aprenderam sobre o conteúdo”. No entanto, é possível perceber na escola, professores que
avaliam apenas para atribuir notas aos alunos. Sant’anna (2004) alega que os professores
precisam compreender que nem tudo pode ser medido, mas que tudo pode ser avaliado. O ato
de avaliar consiste em atribuir valor, porém sem desvalorizar o aluno.
Vê-se a ênfase à nota na opinião do aluno 4 que acredita que a avaliação serve “apenas
para dar notas”. Segundo ele, muitas vezes a aprendizagem não ocorre e as notas passam a
depender da “sorte”. Este modo de avaliar prejudica diretamente o controle da aprendizagem,
a qual é necessária para comprovar a eficiência dos métodos de ensino.
Em relação à aprendizagem, a professora A afirma que a avaliação “é uma maneira de
exigir para que os alunos revisem conteúdos ou ao menos se organizem quanto aos estudos”.
Segundo a professora C, “se os alunos não são cobrados eles normalmente não se esforçam
em aprender (em estudar)”. Percebe-se um equívoco em relação à aprendizagem e à
avaliação, considerando que a avaliação não serve para obrigar ou forçar os alunos a estudar,
pois quando assim se sucede não há aprendizado, e sim mera memorização.
A avaliação vista como um processo contínuo deve ser constante e diário. Por isso não
há necessidade de estabelecer hora ou lugar para avaliar o aluno. O professor deve avaliá-lo
em todos os momentos, à medida que vai construindo novos conhecimentos. Torna-se
artificial parar a aula para fazer prova, até mesmo porque o desgaste emocional do aluno
gerado pela tensão da prova pode prejudicar o seu desempenho, não revelando o que de fato o
aluno aprendeu.
Considerações finais
A pesquisa possibilitou verificar a importância da avaliação para os alunos, que
demonstraram insatisfação em relação à forma como são avaliados. Conclui-se que existem
alguns equívocos na concepção dos professores em relação à avaliação, uma vez que
predomina o uso de provas como instrumento de avaliação e é dada ênfase demasiada à nota.
Sabe-se que os problemas que permeiam a avaliação envolvem outras instâncias
sociais que ultrapassam a sala de aula e a prática do professor. No entanto, é mister resgatar o
verdadeiro sentido da avaliação, para que esta não se reduza a registros quantitativos e
verificação do sucesso ou não da transmissão de conteúdos, mas prepare o aluno para a vida.
Precisa-se desconstruir essa velha concepção de avaliação que perdura há décadas e que não
tem contribuído para o avanço qualitativo da educação.
Referências
Sant'anna, Ilza Martins. Por que avaliar? Como avaliar?: critérios de avaliação e
instrumentos. 10 ed. Petrópolis: Vozes, 2004.
Lima, Adriana de Oliveira. Avaliação escolar: julgamento ou construção? 4ª ed. Petrópolis,
RJ: Vozes, 1996.
Vasconcellos, Celso dos Santos. Superação da Lógica Classificatória e Excludente da
Avaliação – do “é proibido reprovar” ao é preciso garantir a aprendizagem. 2ª ed. São
Paulo: Libertad, 1998. (Coleção Cadernos Pedagógicos do Libertad; v. 5).
Vasconcellos, Celso dos Santos. Avaliação da Aprendizagem: Práticas de Mudança – por
uma práxis transformadora. 2º ed. São Paulo: Libertad, 1998. (Coleção Cadernos
Pedagógicos do Libertad; v. 6).
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