Retrospectiva 2015: O ano que precisa melhorar Ataques terroristas no mundo, uma economia brasileira que assusta, um clima que ninguém entende, ameaça de impeachment, uma catástrofe que destruiu uma cidade, o adeus de um ídolo jovem, esperança por dias melhores e uma sociedade que clama por justiça. Esses são apenas alguns dos fatos que rodearam o Brasil e o mundo em 2015. Um ano que para muitos foi longo e exaustivo, para outros um ano de transição, o que sinaliza que, talvez, 2016 tenha notícias bem melhores. Janeiro começou triste para o jornalismo. O ataque terrorista ao jornal satírico Charlie Hedbo, em Paris deixou doze mortos em uma redação . O motivo? As sátiras contra Maomé e o Islamismo. Após alguns meses, mais um susto para a cidade luz. Em novembro, a capital da França sofre novos ataques terroristas em locais públicos, restaurantes, estádio e a casa de show Bataclan a violência que deixou 130 mortos e mais de trezentos feridos. Os militantes do grupo jihadista EI- Estado Islâmico voltaram aos jornais, e o medo floresceu ainda mais na população mundial. Nos Estados Unidos, o assassinato de um jovem negro durante uma ação policial fez renascer o sentimento de pedir justiça em um país que tem na herança histórica o racismo. O país norte americano também teve marcado em sua história outro fato em 2015: a abertura da embaixada americana na ilha de Cuba, após mais de 50 anos. A intermediação entre a aproximação dos dois países, inimigos históricos, muitos dizem ter sido feita pelo diplomático Papa Francisco. No Brasil, a seca atingiu diversas regiões. Fez da turística Chapada Diamantina cenário de incêndios e tristeza. E em São Paulo fez Alckimin admitir no início do ano que o Estado estava passando por um período de racionamento. A boa notícia foi que pelo menos para os paulistanos a crise hídrica amenizou e o ano fecha com o sistema Cantareira perto de sair do Volume Morto. Com a brusca mudança climática, não houve outra opção. Em dezembro na COP 21 um acordo firmado por países de todo o mundo: a emissão de gases de efeito estufa terá que diminuir e a temperatura não poderá mais subir. E a economia foi o pesadelo de muitos brasileiros em 2015. O dólar chegando a históricos quatro reais, o desemprego chegando aos 9%, o comércio varejista registrando recordes negativos de vendas, a conta de Luz subiu, a inflação subiu e o PIB só caiu... E a perspectiva para 2016 não é das melhores...O país, dizem os economistas, ainda pode colher os frutos da crise econômica. Na saúde, a dengue reapareceu com força total, mais de mil cidades registraram epidemia da doença no início do ano. Como se não bastasse o mosquito Aedes aegypti transmitir a dengue e a temida Chikungunya, um medo a mais: o Zika vírus e o risco do nascimento de bebês com microcefalia. Ao final do ano, pelo menos uma notícia positiva a aprovação da vacina contra dengue, resta saber quando estará acessível a todos. Mas ainda há outro problema a resolver: com a crise econômica o que era difícil, ficou péssimo na saúde pública. Hospitais, incluindo da Cidade Olímpica, vivem um de seus piores momentos : falta médico, remédio, falta atendimento... Na violência a boa notícia é que os índices de homicídio diminuíram , mas em alguns lugares o índice de roubo aumentou. Nas páginas policiais, o horror não deixou de ser estampado: estupro coletivo no Piauí deixou o trauma de três meninas e a morte de uma adolescente; o assassinato da pequena Sophia e a denuncia de seu próprio pai como autor do crime . Na política... O ano de 2015 também foi marcado como o ano em que os casos de corrupção vieram mais a tona. Começando pela Federação Internacional do Futebol e o faturamento ilegal de milhões de reais, entre os investigados o brasileiro José Maria Marin e o ex-presidente da Federação, Joseph Blatter. A continuação da Operação Lava a Jato, também trouxe avanços importantes na investigação do esquema de corrupção política, a prisão de diversos acusados e a descoberta de contas na Suiça do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Até agora o prejuízo contabilizado pela corrupção da Petrobrás já pode chegar a mais de 40 bilhões. Na educação, jovens paulistas saíram às ruas para impedir a restruturação das escolas públicas no Estado. Sob o comando do secretário da educação , Hermann Voorwald, o plano tinha como objetivo trazer ciclos únicos a escolas e fechar algumas unidades de ensino para criação de creches e escolas técnicas. A medida irritou a maioria dos estudantes que alegaram falta de qualidade no ensino público e escolas que teriam superlotação. Os protestos duraram mais de um mês e escolas foram ocupadas pelos estudantes. Ao final, Alckmin decidiu suspender, por enquanto, o projeto e Hermann resolveu abandonar seu cargo. Falando em sair às ruas, o ano de 2015 também foi marcado por alguns protestos entre os brasileiros, que , entre outras coisas, pediam o Impeachment da presidente Dilma Roussef. Após alguns pedidos chegarem, o presidente da câmara Eduardo Cunha, autorizou um dos processos de Impeachment em Novembro. Dilma, por sua vez, fez questão de declarar em seus palanques que não havia razão nenhuma e nenhum ato ilegal praticado por ela em seu mandato. Ao invés de apoiá-la, como alguns imaginavam, o vice Michel Temer escreveu uma carta falando que Dilma sempre o viu como mero objeto decorativo. Como se não bastasse a tristeza da recessão economia e dos casos de corrupção na política, em novembro de 2015 o brasileiro assistiu a outra triste cena. As barragens de rejeitos da Samarco, na cidade de Mariana (MG) foram rompidas transformando a cidade em um imenso mar de lama, e obrigando seus moradores a saírem de suas casas, sem ao menos levarem os pertences. O desastre ambiental, considerado um dos maiores da história do Brasil, trouxe um saldo de devastação ambiental, 17 mortos e mais de dez mil desabrigados, que esperam a indenização da empresa. A calamidade trouxe a solidariedade a diversos cantos do Brasil, muitos enviaram alimentos e artigos de necessidade básicas às vítimas. A banda estrangeira Pearl Jam doou parte seu cachê de shows pelo Brasil a Mariana, cantores brasileiros também fizeram shows beneficentes. Nas artes, tristeza da perda de atores que vão fazer falta, a ilustre Marília Pêra se despediu, mas deixou ainda cenas de seu último trabalho, emocionou o público. Yoná Magalhães, Claudio Marzo, Betty Lago, Luiz Carlos Miele e Elias Gleizer também foram nomes que deixaram saudades nos palcos da vida. Antônio Abujamra partiu antes de nos responder questão mais comentada de seu “Provocações”: O que é a vida? Já o jovem promissor Cristiano Araújo deu seu último suspiro ao lado de sua namorada num trágico acidente , e deixou milhares de fãs em lágrimas. Mas nem tudo foi tristeza em 2015. Os telejornais adotaram uma maneira mais leve de trabalhar, muitos saíram da frieza e do distanciamento com o telespectador. As redes sociais são palco cada vez maior de opiniões, discussões e até denúncias, o racismo a repórter Maria Júlia Coutinho não passou em branco aos internautas , e os movimentos feministas se mostram cada vez mais fortes e capazes de mudar alguns pensamentos mais arcaicos. Que 2016 herde essa evolução social e que seja um ano capaz de amenizar os problemas de 2015. F