CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE FACULDADE CENECISTA DE CAPIVARI – FACECAP - PEDAGOGIA- A IMPORTÂNCIA DA INTEGRAÇÃO ESCOLA E FAMÍLIA LILIAN TAVARES VASCONCELOS ANDRADE Capivari, SP 2011 CAMPANHA NACIONAL DAS ESCOLAS DA COMUNIDADE FACULDADE CENECISTA DE CAPIVARI – FACECAP - PEDAGOGIA- A IMPORTÂNCIA DA INTEGRAÇÃO ESCOLA E FAMÍLIA Monografia apresentada ao Curso Pedagogia da FACECAP/CNEC Capivari, para obtenção do título de Pedagogo, sob a orientação da Profa. Dra. Adriana M. Corder Molinari. LILIAN TAVARES VASCONCELOS ANDRADE Capivari, SP 2011 FICHA CATALOGRÁFICA Andrade, Lilian Tavares Vasconcelos A importância da integração entre escola e família/ Lilian Tavares Vasconcelos Andrade. Capivari-SP: CNEC, 2011. 38p. Orientadora: Profª Ms. Adriana Maria Corder Molinari Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia. 1. família. 2. Criança. 3. Escola. I. Título CDD 370 DEDICATÓRIA Quero dedicar este trabalho com grande alegria a minha educadora de toda a vida, minha companheira de todos os momentos, minha mãe. Ao meu pai, pelo imenso amor, exemplo de disciplina, de honestidade e vida. Ao meu marido, pelo amor e paciência, por me mostrar que a felicidade existe em todos os momentos, até mesmo nos mais difíceis. Ao meu querido irmão, que me ajudou muito e teve grande participação para que este trabalho fosse realizado. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, minha fonte de coragem, por ter me dado tanta força neste momento da minha vida. Agradeço imensamente a minha mãe Dulcinéia e ao meu pai Antônio, pela força, motivação e por terem aberto as portas para que meu grande sonho se pudesse tornar realidade, por me apoiarem nos momentos mais difíceis dos meus estudos. Ao meu irmão André, pelo intenso apoio e colaboração para que essa monografia fosse realizada. E sua namorada Diana, que também colaborou me ajudando e se mostrando uma verdadeira amiga. Agradeço ao meu marido Uivo, que sempre esteve ao meu lado, principalmente nos momentos difíceis, me apoiando, incentivando para que eu pudesse seguir em frente e compreendendo os momentos ausentes. Agradeço também a minha professora Andrea, que foi minha orientadora no primeiro semestre, no início de tudo, no momento mais difícil dessa monografia, e que se mostrou mais que uma professora, uma verdadeira amiga, ajudando, incentivando e mostrando que eu era capaz. À Adriana, minha orientadora, por toda ajuda e orientação para que eu pudesse concluir este trabalho. A todos os amigos da faculdade, em especial as meninas que me fizeram rir em momentos tensos, que se mostraram sempre verdadeiras amigas, Eliana, Camila, Kárita, Lucinéia, Noemi e Vanilde. Obrigada meninas, pelo intenso apoio e companhia para que eu pudesse seguir em frente durante esses três anos. Agradeço também a minha coordenadora Teresa Bedendi, por todo carinho, conhecimento e preocupação. Por contribuir e acreditar em cada aluno. Sou grata também a todos os professores que dividiram seus conhecimentos, contribuindo no processo de construção do nosso conhecimento. ANDRADE, Lilian; Tavares Vasconcelos. A importância da Integração Escola e Família. Monografia de Conclusão do Curso de Pedagogia da Faculdade Cenecista de Capivari – FACECAP. XXXXp., 2011. RESUMO Este estudo objetiva discutir o tema a importância da integração escola e família e suas contribuições para os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança. Atualmente, é muito comum professores dizerem que os pais não são tão presentes na vida escolar de seus filhos e filhas, que sofrem com a ausência de seus pais. Refletiremos sobre a necessidade de a família estar bem estruturada para não prejudicar a vida de seus filhos. Discutiremos também a importância da afetividade no cotidiano escolar, que acreditamos fazer diferença no desenvolvimento social e intelectual da criança. Alguns pais jogam toda a responsabilidade de educar seu filho para a escola, e acabam atribuindo a ela e aos professores, toda a responsabilidade que lhes cabe. Para finalizar o estudo, serão apresentadas algumas sugestões de aproximação entre a escola e família, e a reflexão de que juntas, contribuem para o desenvolvimento harmonioso da criança. Palavras-chave: 1. Família. 2. Criança. 3. Escola. INDICE DE QUADROS Quadro 1. Tratamento Restritivo e Permissivo entre os pais afetuosos e hostis...................... 30 SUMÁRIO Introdução.................................................................................................................................10 1. A importância dos pais no processo de aprendizagem escolar de seus filhos......................12 1.1 Família ......................................................................................................................12 1.2 Conceito de infância..................................................................................................14 1.3 O papel da família .....................................................................................................16 2. A importância da afetividade no cotidiano escolar ..............................................................20 2.1 A entrada da mulher no mercado de trabalho e o papel da creche............................22 2.2 A parceria da família com a escola na educação de seus filhos................................24 3. Relação entre escola e família ..............................................................................................28 3.1 O papel da família na aprendizagem da criança........................................................29 3.2 Interlocução escola e família ..............................................................................................32 Considerações Finais ................................................................................................................35 Referências ...............................................................................................................................38 INTRODUÇÃO Esta monografia tem por objetivo refletir sobre a importância da presença dos pais na vida escolar de seus filhos e, também, da afetividade no meio escolar como aliada ao desenvolvimento do aluno em sala de aula. Essa relação entre escola e família tem sido enfatizada como um dos elementos mais importantes para a contribuição de uma aprendizagem melhor do aluno. Atualmente, é comum ouvirmos de professores que os pais não são tão presentes no dia a dia de seus filhos. Muitas vezes, o trabalho e as tarefas fazem com que esses pais não tenham tempo para serem mais participativos. Com a modernidade dos tempos, as mulheres foram conquistando seus espaços no mercado de trabalho. Com as dificuldades financeiras das famílias cada vez maiores, muitas mulheres se vêem obrigadas a trabalhar fora para ajudar na renda familiar. A criança que não tem o apoio familiar na escola, acaba sofrendo no seu desenvolvimento escolar, na construção de valores e no desempenho necessário à aprendizagem. Quando os pais são ausentes, ou não têm tempo para dar atenção necessária à criança, geram uma carência, forçando com que essa criança desenvolva sua personalidade sozinha, sem uma referência de seus pais, sem a referência de um adulto. Para Chalita (2001), todo trabalho escolar deve ter a participação da família. Em certos momentos, a criança precisa de apenas um incentivo, já em outros, é necessário a participação efetiva na aprendizagem, mostrar preocupação e interesse com o que traz da escola. Vale também ressaltar que a afetividade é de extrema importância para construção de relações sociais. No decorrer deste trabalho falaremos, também, da importância do afeto que o professor passa aos seus alunos, da importância da afetividade nos espaços escolares. Nos dias de hoje o professor passa a ter um papel fundamental na vida de seus alunos, não tendo mais apenas a tarefa de passar os conteúdos educacionais, mas, sim, que vá além dos modos tradicionais de ensino. Precisa estar sempre atento às dificuldades que o aluno mostra no decorrer do ano, tanto as dificuldades físicas como as intelectuais, se mostrando interessado em ajudar, quaisquer que sejam suas dificuldades. O educador deve sempre estar presente e atento às manifestações dos alunos. Saber ouvir e motivar é uma das questões mais importantes para a construção de um laço de 10 confiança entre aluno e professor. Quando o professor consegue a confiança de seu aluno tudo se torna mais fácil para as relações de aprendizagem. Piletti (2000) ressalta que a motivação é um dos fatores fundamentais da aprendizagem. Sem ter uma pessoa que estimule e motive o aluno não há aprendizagem. O aluno pode se alfabetizar, aprender sem livro, sem frequentar uma escola, sem vários recursos favoráveis, mas sem motivação não haverá aprendizagem. É preciso que o educador nunca se desfaça de nada do que seus alunos apresentarem, levar em consideração todas as limitações dos alunos, saber usar sua autoridade e impor suas regras dentro da sala de aula. No decorrer deste trabalho, abordaremos alguns estudos de autores como, Ariès (1981), Chalita (2001), Oliveira (2007), Dantas (1992) e Piletti (2000), que discutem a importância da afetividade e relação entre escola e família. No primeiro capítulo abordaremos a importância dos pais no processo de aprendizagem escolar de seus filhos. Discutiremos as concepções de Áries (1981) o processo da infância na Idade Média, onde as crianças eram ausentes nas famílias, e os artistas os representavam em suas artes de pinturas. Ainda neste capítulo ressaltamos o papel da família na vida de seus filhos. Para isso, usaremos vários autores, dentre eles, Oliveira (2008), que afirma, a criança aprende interagindo com outro ser, através da mediação de um adulto, por isso é tão importante a presença da família na infância. No segundo capítulo, discutiremos as concepções da construção de um ser humano e suas aprendizagens, enfocando a afetividade como um dos elementos mais importantes nas mediações entre aluno-aluno e aluno-professor. Para concluirmos a monografia, no terceiro capítulo abordaremos as relações entre a escola com a família e os benefícios que leva à criança a união das mesmas. Assim, este estudo objetiva estudar a importância do elo, escola-família, para que juntas alcancem o mesmo objetivo auxiliar na aprendizagem e no desenvolvimento da criança. 11 1. A IMPORTÂNCIA DOS PAIS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM ESCOLAR DE SEUS FILHOS É de grande importância os pais serem presentes na vida de seus filhos, principalmente quando os mesmos estão na fase da infância. Muitos pais acabam deixando seus filhos com babás, empregados e até mesmo nas escolas e não acompanham o crescimento, o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças. Os pais têm que ser participativos quando o assunto se trata de educação, pois a vida adulta dessas crianças terão de certa forma influência em como foi sua infância. 1.1 Família Para entendermos melhor a origem da palavra família, Ariès (1981) mostra, em seus estudos iconográficos, a preocupação das diferentes formas de viver, interpretando as obras de artes na família nos séculos passados. Na Idade Média, segundo Ariès (1981), as crianças eram ausentes nas famílias que os artistas representavam em suas obras. No século XV, a rua, que já era vista como um tema familiar dos artistas, toma conta dos calendários. Alguns artistas na tentativa de adiar as representações da vida privada, começaram mostrar suas obras nas ruas, antes de seguir dentro de casa. Para as crianças aparecerem nas obras, e começarem a ser reconhecidas como parte de uma família, demorou muitos anos, o que ocorreu somente a partir do século XVI, pois antes só eram representadas iconograficamente em imagens atrapalhando os adultos, ou servindo os banquetes para trabalhadores. Para Ariès (1981) as representações sucessivas dos meses do ano introduziram portanto essas novas personagens: a mulher, o grupo de vizinhos e companheiros e finalmente a criança. E a criança se ligava a essa necessidade outrora desconhecida de intimidade, de vida familiar, quando não ainda precisamente, de vida “em família”. (p. 199). Foi em meados do século XVI que finalmente as crianças começaram a fazer parte do símbolo familiar, e que essa hierarquia simbolizava a duração da vida, e se tornou uma função religiosa. Ariès (1981) destaca que era comum nesta época as crianças não morarem com os pais, mas sim ficavam em pensões ou em casa de mestres. No século XVII começam a 12 discutir sobre as escolas e a educação das crianças, Ariès (1981) ainda ressalta que nesse mesmo século inaugurou uma rede de instituições escolares, que substituía as antigas formas de ensinar. Essa mudança foi muito importante e significante para as famílias, que se mostraram mais preocupadas e mais interessadas com as crianças, com relações cada vez mais afetivas entre pais e filhos. Os tipos de família variam muito, porém a mais conhecida é a família nuclear, composta por pai, mãe e filhos, é a família chamada de “normal”, como afirma Prado (1988, p. 8): “Este é o nosso modelo, que desde criança vemos nos livros escolares, nos filmes, na televisão, mesmo que em nossa própria casa vivamos um esquema diverso”. As funções de cada família dependem em grande parte da faixa que cada uma delas ocupa na organização social e na economia do país ao qual pertence. É preciso distinguir as expectativas sociais em relação à família, como também aquelas que ela própria preenche em relação aos elementos mais indefesos da sociedade: crianças e deficientes em todas as idades. Com freqüência algumas destas funções são complementares, outras chegam a se contradizer, quando a família não está adequada ao modelo preconizado por aquele grupo social. (PRADO, 1988, p. 35). Será que todo aluno mora com seus pais e seus irmãos? São várias as situações familiares do aluno, e situações com relações com a vida escolar. As crianças aprendem muita coisa em casa antes mesmo de entrar para a escola, o professor deve levar isso em conta e não se esquecer que o aluno continua aprendendo. Tudo que esse aluno aprende dentro ou fora da escola, é importante para sua formação, para sua aprendizagem enfim, para sua vida. Segundo Piletti (2000) “As primeiras experiências educacionais da criança geralmente são proporcionadas pela família. Depois de nascer, a criança começa a sofrer influências familiares que, aos poucos, vão modelando seu comportamento.” (p. 274). Os pais a maioria das vezes nem percebem que influenciam na formação de seus filhos, não tem consciência de que seu comportamento, sua maneira de falar, de se expressar, seu jeito de andar, tudo se torna referência para os pequenos, mesmo que seja inconsciente para os pais. Conforme afirma Piletti (2000, p. 275): “O que é ensinado inconscientemente, sem a intenção de ensinar, normalmente fica por mais tempo.” A família, segundo Chalita (2001) tem a responsabilidade de formar o caráter de seus filhos, de dar a educação necessária para a sua formação, e para os desafios da vida que vão enfrentar. 13 1.2 Conceito de infância Para termos mais clareza do conceito de infância e família recorremos aos estudos de Philipe Ariès (1981), que nos mostra a visão sobre infância, como um período específico pelo qual todos passam e que é uma construção definida na atualidade. A questão de que todos os indivíduos nascem e serão crianças até um determinado período, independente da condição vivida, é inegável. Entretanto, isso nem sempre foi percebido dessa maneira, e por diversos períodos se questionou qual era o tempo da infância e quem era a criança. Esse conceito que se tem da infância foi sendo historicamente construído e a criança, por muito tempo, não foi vista como um ser em desenvolvimento com características e necessidades próprias. Ariès (1981) mostra a importância da família na sociedade, pois aos poucos foram percebendo que a criança não era apenas um adulto em miniatura, mas, sim, uma criança que também precisava de amor e cuidados antes de se tornar adulto. Em algumas gravuras representadas no século XVI, percebe que as crianças eram pintadas com roupas de adulto, representando um adulto em miniatura. Com o tempo isso foi mudando, e a criança passa a ser vista de duas maneiras diferentes, uma era ser inserida no mercado de trabalho desde muito cedo, e a outra era que teria que ser paparicada pelos pais e ter direitos a brincadeiras de uma criança normal. Phillipe Ariès (1981) realizou uma pesquisa iconográfica, afirmando a não existência do sentimento de infância na Idade Média, ou antes, dela. Do século XII ao século XVIII, ocorreram grandes transformações históricas, onde a infância tomou diferentes sentidos dentro do imaginário do homem em todos os aspectos, sejam eles sociais, culturais, políticos e econômicos. A criança era vista como substituível, como um ser produtivo que tinha uma função utilitária para a sociedade, pois a partir dos sete anos de idade era inserida na vida adulta e tornava-se útil na economia familiar, realizando tarefas, imitando seus pais e suas mães. As crianças eram jogadas fora e substituídas por outras sem sentimentos. Segundo Lima (2006), etimologicamente: do latim IN (não) FANCIA (capacidade da fala), nessa perspectiva, a fase da infância seria caracterizada pela ausência da fala e de comportamentos esperados, considerados como manifestações irracionais. A infância se contrapõe à vida adulta, pois os comportamentos considerados racionais seriam encontrados apenas no indivíduo adulto, identificando, assim, o adulto como homem que pensa, raciocina 14 e age, com capacidade para alterar o mundo que o cerca, tal capacidade não seria possível às crianças. Para esse processo de representação da infância na Idade Média, Ariès afirma que “uma miniatura otoniana do século XI nos dá uma idéia impressionante da deformação que o artista impunha então aos corpos das crianças, num sentido que nos parece muito distante nosso sentimento e de nossa visão”. (1981, p. 17). Para o autor, a criança na Idade Média era vista como uma coisa engraçadinha, coisinha fofa, e era nesse período de vida que deveria ser paparicada pelos seus pais. Após essa fase de “paparicação”, depois de receberem todos os cuidados necessários que um bebê precisa, já eram inseridos no mercado de trabalho para ajudar seus pais. Destaca, ainda, que naquela época os pais não tinham uma relação afetiva com os filhos, não existia sentimento, afeto. As famílias entregavam seus filhos para outras famílias, achavam que seu lar não era propício para uma boa educação, achavam que não eram capazes de ensinar os trabalhos domésticos, ao qual deveriam aprender, e assim em outras casas, com outras famílias aprenderiam mais rápido. Ariès (1981) sobre esse conceito de educação destaca essa tarefa doméstica como a primeira obrigação para a criança aprender, tinham que aprender a servir bem e ter boas maneiras. Essa prática de educação era comum, era vista como uma profissão, e assim as crianças que não eram criadas por suas próprias famílias aprendiam como se comportar diante a uma pessoa superior. As crianças não eram rejeitadas pelos seus pais, mas também não tinham os cuidados necessários que uma criança requer. Quando seus pais começavam a perceber que a criança já conseguia se virar, se cuidar sem sua ajuda, automaticamente colocavam seus filhos no mercado de trabalho. As meninas faziam trabalhos domésticos com suas mães, e os meninos, muitas vezes, iam ajudar seus pais. As transformações de criança para adulto eram vistas como um período de sobrevivência para essas crianças. Os filhos que sobreviviam essa fase, logo eram inseridos no mercado de trabalho para ajudar seus pais. Segundo Ariès (1981, p. 10), “de criancinha pequena, ela se transformava imediatamente em um homem jovem, sem passar pelas etapas da juventude, que talvez fossem praticadas antes da Idade Média e que se tornaram aspectos essenciais das sociedades evoluídas de hoje”. 15 Com as mudanças, percebe-se que as crianças precisavam de cuidados, os pais passam a ser à base da educação e aprendizagem de seus próprios filhos, já que a escola ainda não fazia parte da vida das crianças. No final do século XVIII e início do século XIX o colégio começou a fazer parte da vida das crianças. E com olhar voltado, principalmente, à educação de jovens, já que antes nos colégios os alunos estudavam todos juntos, jovens e velhos, e não havia uma preocupação de se dar educação e formar os jovens. 1.3 O papel da família Para Oliveira (2008), a criança aprende interagindo com outro ser, ou seja, através da mediação com um adulto. Assim, interagindo as crianças adquirem conhecimentos para se desenvolver, aprendem a andar, falar e fazer gestos. Atualmente, estamos vivenciando diversas transformações na estrutura familiar. Segundo Knobel (1996), até chegar à sociedade em que nos encontramos, as famílias passaram por diversas mudanças. Antigamente, as famílias eram constituídas por uma grande quantidade de pessoas, depois passou a se reduzir, morando pais, filhos e algum outro parente, até chegar à família de hoje, “reduzida”, que em alguns casos, é composta por pai ou mãe, e um filho. A família tem que estar bem estruturada para não prejudicar a vida de seus filhos, pais que não se dão bem acabam influenciando negativamente para com o estado psicológico da criança. É importante os pais saberem que seus filhos observam as suas a todo momento, pois a criança sente quando alguma coisa não está bem no relacionamento dos pais, e sofre com a falta do carinho, da presença da família. Para Knobel (1996), é na interação entre pais e filhos, que a criança constrói seus primeiros traços da sua personalidade, a melhor escola para uma formação de caráter é o próprio lar. Knobel (1996) afirma: São os pais que vão dar ao filho as bases psicológicas, dinâmicas, do que há de construir sua personalidade. É no lar que as pautas culturais e sociais são aprendidas. Os pais são “mestres naturais” dos filhos. Estão na sociedade e dentro dos filhos, estruturando sua personalidade. (KNOBEL, 1996, p. 34). 16 Por isso, por serem os espelhos de seus filhos, os pais têm que estar atentos à suas condutas, analisar suas reações e prestar atenção aos cuidados que os filhos precisam ao longo da vida, aceitar e conversar muito se este precisar ir a um médico, psicólogo, fazer terapia, mostrar a seus filhos que essas ajudas só vão fortalecê-los, e ajudá-los a melhorar seus comportamentos e aprendizagens, sem nenhum tipo de preconceito. Para Oliveira (2008, p. 175), “A família tem sido considerada o ambiente ideal para o desenvolvimento e a educação de crianças pequenas.” Os pais têm que se mostrarem presentes na vida dos filhos, não só na educação, mas também no dia a dia, serem pais amigos. Ser participativos na vida dos filhos influencia na construção social e moral da criança. Devemos lembrar, também, que os pais têm que desempenhar o seu papel, e não tentar resolver os problemas dos filhos. Uma coisa é compreender seus problemas e necessidades, outra, é tentar resolver sozinho. Os filhos têm que ver a imagem dos pais como figuras seguras, estáveis e confiáveis. É necessário para os filhos compartilhar seus problemas, dificuldades, sentimentos e dúvidas, mas sempre nos momentos certos. Os pais têm que mostrar que estão à disposição do filho para quando precisar, mas devem tomar cuidado com a relação de amizade. Sobre a relação pai-filho, Knobel (1996, p. 159) diz: “o pai é PAI, e é único, e tem papel importantíssimo na vida e na estruturação da personalidade do filho ou da filha. O amigo tem um outro nível, um outro papel, e procura-se, encontra-se, até troca-se...é outra coisa!”. Para Chalita (2001), a presença dos pais é fundamental, nada substitui o carinho de uma mãe, de um pai. Os pais que mostram esse afeto com o filho devem mostrar, também, a importância das regras e limites, fazendo com que a criança entenda que tem que por em ordem o que bagunçou. Provavelmente, esses pais vão ter menos problemas com rebeldias com seus filhos. Na infância tudo é importante, o conforto, o amor, o afeto e os limites. O conforto não é mais importante do que a presença, o afeto. Aqueles pais que não entendem por que os filhos são rebeldes e reclamam afirmando que deram de tudo – viagens, melhores escolas, cursos, roupas de boas marcas, festas -, não deram o essencial: atenção, carinho, amor. Então não deram nada. (CHALITA, 2001, p. 28). O afeto é essencial na vida de qualquer pessoa, principalmente de uma criança, ela se sente bem, feliz quando sente afeto, ternura de seus pais. Isso as ajuda ao longo de sua vida, 17 em qualquer ambiente, a criar sua própria identidade, e exemplos de vidas que possam oferecer a seus filhos também. Um dos problemas enfrentados, cada vez mais frequente, é o de pais separados. A família tradicional que se tinha em outros tempos está mudando. Com toda essa modernidade quem acaba sofrendo as consequências são os filhos, que se vêem confusos, muitas vezes perdidos, e divididos entre o pai e a mãe. Muitos pais podem não estar separados de casa, mas já não conseguem se entender mais como antes. Em muitos casos, as mulheres, donas de casa, enfrentam problemas com seus maridos, do tipo alcoolismo e drogas. Não dão bons exemplos para os filhos, que acabam crescendo nesse ambiente de briga e desordem. O que deveria ser um ambiente de formação e construção de um ser acaba sendo um ambiente de conflitos, vindo a gerar frustrações nessas crianças. Para Chalita (2001), quando a família tem uma boa estrutura, uma boa formação e preparação para a vida, os conflitos que surgem não destroem o ambiente saudável. Pais têm que impor respeito ao filho, e vice e versa. Muitos sonham com o filho perfeito, e muitos filhos desejam ter outros pais, como os do próprio colega. Mas, na sociedade em que vivemos, quando isso não ocorre, quando não há satisfação em suas vidas as pessoas acabam se desanimando. Na concepção sobre pais e filhos se frustrarem com a realidade, Chalita (2001) comenta que: Os filhos preferiam que os pais fossem como os que aparecem em algumas novelas ou alguns filmes ou os de alguns amigos. Os pais sonham que os filhos sejam isso ou aquilo. A mulher sonha com o marido ideal e o marido sonha com a mulher ideal. Quando defrontam com a realidade, se frustram, e o inferno se instala no lar, as relações familiares atingem patamares de loucura. (p. 24). Outro problema enfrentado pelas famílias é quando os pais querem intervir no futuro dos filhos. Muitos dizem, por exemplo, “queria ser médico, mas não pude, e quero que você seja, meu filho”. Não se interessam em saber a vontade, o sonho do filho, e cada um tem que ter sua liberdade para sonhar e lutar para ser o que quiser. Para Chalita (2001), os pais não precisam deixar o filho de lado só por que ele tem sonhos diferentes. Tem que haver diálogo, conversa; os pais devem acompanhar a escolha de seu filho, até mesmo para poder orientá-lo. 18 Assim, tendo essa cumplicidade entre pais e filhos tudo fica mais fácil de resolver e a família estando estruturada, os pais apoiando as decisões de seus filhos, a criança tem menos chance de apresentar problemas psicológicos, emocionais, pois sabem que podem contar com seus pais, tem uma base familiar para se espelhar. 19 2. A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NO COTIDIANO ESCOLAR O elemento mais comum e essencial na construção de um ser humano é a afetividade. É um dos elementos mais importantes nas mediações entre aluno-aluno e aluno-professor. A escola é responsável por acompanhar o desenvolvimento físico-intelectual e social da criança e oferecer o conhecimento e aprendizagem escolar. Para Wallon (apud Dantas, 1992) a afetividade ocupa lugar central, tanto do ponto de vista da construção da pessoa quanto do conhecimento. A teoria Walloniana defende que as emoções são reações organizadas e que ocorrem por causa do sistema nervoso central. Wallon diz que é na ação, na interação com outro ser humano, que devemos buscar o significado das emoções. Segundo Galvão (1995, p. 61-62), As emoções possuem características específicas que se distinguem de outras manifestações da afetividade. São sempre acompanhadas de alterações orgânicas, como aceleração dos batimentos cardíacos, mudanças no ritmo da respiração, dificuldades na digestão, secura na boca. Além dessas variações no funcionamento neurovegetativo, perceptíveis para quem as vive, as emoções provocam alterações na mímica facial, na postura, na forma como são executados os gestos. Acompanham-se de modificações visíveis do exterior, expressivas, que são responsáveis por seu caráter altamente contagioso e por seu poder mobilizador do meio humano. (GALVÃO, 1995, p. 61-62). O aluno quando se sente à vontade em sala de aula, quando sente que está recebendo atenção e afeto do professor, que ele é importante para as pessoas que estão ao seu lado, tem sua aprendizagem e seu desenvolvimento facilitados; essa criança fica mais “aberta” para novos conhecimentos. Segundo Khouri (1984), o professor deve levar em conta os sentimentos dos alunos de frente à sua aprendizagem, olhar para suas dificuldades e sua realidade de vida. Um professor também tem que conhecer o meio social em que seu aluno está inserido, muitas vezes esse meio afeta a formação de seus aspectos psicológicos, social e intelectual, o educador tem que ter essa visão para poder ajudar seu aluno no seu desenvolvimento e na sua aprendizagem. É necessário lembrar que o educador precisa ganhar a confiança de seus alunos, não mostrar só autoridade, fazer com que seu aluno se sinta seguro para o diálogo entre ambos, se 20 o professor só mostrar autoridade sem afeto à seus alunos, a criança ficará com receio de contar sobre sua vida, dificultando assim a saber qual os motivos de suas dificuldades. Quando uma pessoa escolhe a profissão de educar crianças, ela tem que entender também o que se passa na cabeça desse aluno, suas emoções, muitas vezes o professor só sabe criticar aquele aluno que faz bagunça, que não quer fazer a lição, mas não tenta entender o por que dessa reação, o por que esse aluno esta reagindo de tal maneira. Khouri (1984) ressalta que o professor tem que observar, compreender, estar junto de seus alunos, ser participativo. Precisa evoluir em seus conhecimentos para, assim, desempenhar bem o seu papel de docente. O professor precisa, também, conhecer cada um de seus alunos, não se preocupando com ele somente na escola, mas, sim, no seu dia a dia, podendo, assim, aproveitar o cotidiano vivenciado de cada um, fazendo com que esses alunos tenham mais vontade de aprender, interagindo e participando mais das aulas. O professor deve aproveitar a habilidade de conseguir trabalhar a emoção de seus alunos, e lembrar sempre que as crianças o vêem como referência, o que faz de certo e errado, isso sempre pode acarretar em ganho positivo ou negativo, dependendo sempre da atitude e comportamento do educando. Khouri (1984) afirma: “Se é verdade que o aprender nos fez educadores, é também verdade que só conseguiremos ensinar aquilo que realmente já aprendemos”. (p. 44). É de grande importância lembrar que o professor vai encontrar aluno vindo de famílias pobres, com muitos problemas sócio-econômicos, e deve estar preparado para mais um desafio. Essa desigualdade social pode contribuir para a criança apresentar dificuldades emocionais para aprendizagem, e o educador deve ficar atento aos sinais que irá apresentar para poder ajudá-la. A criança de nível sócio-econômica baixo, que chega à escola, reproduz através de seus comportamentos e atitudes a deterioração crescente da qualidade de vida de seu grupo social. Vale salientar que, quando falamos aqui de comportamentos e atitudes que refletem a carência do grupo em questão, estamos nos referindo àqueles provocados por padrões deficientes de qualidade de habitação, alimentação, vestuário, transporte e relações, que levam a desajustamentos de ordem social e psicológica. Desajustes estes que aumentam de importância quando consideramos que os seres humanos em sua totalidade necessitam de algumas condições básicas para que esse desenvolvimento psicossomático seja real e pleno. (KHOURI, 1984, pp. 41-42). Diante de tal situação, uma sociedade mal dividida economicamente, cabe aos educadores e formadores de cidadãos, estarem preparados a ter um compromisso com as 21 crianças que, vivem nessa sociedade injusta, e acaba sofrendo as consequências. O professor deve estar preparado para acolher essas crianças. Khouri (1984, p. 42) afirma: Ainda que estamos convictos de que o processo de aprendizagem acontece desde o nascimento e perdura até à morte do ser humano, aqui focalizaremos o momento da criança que chega às instituições escolares, por que são as escolas públicas que, ao acolherem as crianças vindas de famílias mais pobres, acolhem também os profissionais em educação. Essas crianças que chegam com uma estrutura emocional já abalada, requerem mais atenção e o afeto de seus professores que serão espelhos para elas. Desde o momento que entrarem numa escola, essas crianças apresentarão, muitas vezes, um apego pelo seu educador, haverá momentos em que sentirão a necessidade da presença do seu professor, para poderem se sentir mais soltas perante seus novos amiguinhos de escola. Não podemos esquecer que, quando uma criança entra na escola no 1º ano do Ensino Fundamental, já traz uma bagagem de vida que se iniciou há seis ou sete anos. Ela aprendeu as tradições, valores e maneiras diferentes de se relacionar e formas de linguagem do meio em que vive. (KHOURI, 1984). Percebemos, assim, toda a importância da afetividade como fator básico da vida humana e da educação. O amor e o afeto com o aluno são o alicerce para uma construção de confiança e de diálogo entre professor e aluno, possibilitando, assim, alcançar o maior objetivo desejado a alcançar, a aprendizagem da criança. Uma das questões a ser considerada é que a ida da mulher para o mercado de trabalho diminuiu o contato da criança com sua família; uma vez que as crianças têm passado mais tempo nas instituições educativas, as relações de proximidade e de acolhimento para com esta criança é de fundamental importância para que ela se tenha um desenvolvimento saudável. É sobre este assunto que trataremos na próxima seção. 2.1 A entrada da mulher no mercado de trabalho e o papel da creche Com a conquista do espaço no mercado de trabalho, as mulheres também começaram a trabalhar fora e conquistar sua independência, e por esse motivo começou a deixar seus filhos em creches, com o interesse que a criança tenha seu desenvolvimento assegurado.e 22 tenha um lugar de educação e de cuidados garantidos. Para Oliveira (2008), a creche era vista como um refúgio para as crianças pobres que não podiam ser cuidadas pelas mães, que trabalhavam em indústrias e não tinham com quem deixar seu filho. Com o crescimento de mulheres trabalhando em indústrias e em casa de famílias, aumentou a procura de vagas em creches, pois as mães se sentiam mais seguras em deixar seus filhos com pessoas responsáveis por seus cuidados. Uma mudança importante havia ocorrido, no entanto, no início do século XX: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional aprovada em 1961 (Lei 4024|61) aprofundou a perspectiva apontada desde a criação dos jardins-de-infância: sua inclusão no sistema de ensino. (OLIVEIRA, 2008, p. 102). Segundo Oliveira (2008, p. 102) assim dispunha a lei: Art. 23 – “A educação pré-primária destina-se aos menores de até 7 anos, e será ministrada em escolas e maternais ou jardins-de-infância.” Art. 24 – “As empresas que tenham a seu serviço mães de menores de sete anos serão estimuladas a organizar e manter, por iniciativa própria ou em cooperação com os poderes públicos, instituições de educação pré-primária.” Com a integração das creches e pré-escolas nos sistemas de ensino, aumentou as discussões e debates do que seria uma proposta pedagógica para essas instituições. Para Oliveira (2008): A busca dessa proposta partiu da consideração de que todos os ambientes educacionais são culturalmente construídos, moldados por gerações de atividades e criatividade humanas e mediados por complexos sistemas de crenças ligadas aos objetivos e prioridades para a aprendizagem. (OLIVEIRA, 2008, p. 168). Assim, a escola começa a ser vista como aliada aos pais, que não tinham com quem deixar seus filhos e, ligada à educação, começa fazer parte do processo de aprendizagem das crianças e se tornar importante em suas vidas. “Parte das instituições de Educação Infantil vê o lar como arena livre de tensões, como refúgio onde reina a harmonia e onde todos os membros partilham os mesmos interesses”. (OLIVEIRA, 2008, p. 176). 23 Cada vez mais ambientes escolares e creches requerem uma atenção especial em seus ambientes e planejamento, como higienização do ambiente, ventilação, iluminação e conforto para os pequenos. Segundo Oliveira (2008), quando não se oferece um bom espaço, uma boa acomodação, isso impede a movimentação das crianças e a interação entre elas. Muitas vezes, essa falta de organização de espaços acaba promovendo brigas entre os alunos. Não que a professora seja a culpada e tenha alunos indisciplinados, mas ela não tem espaço para interagir com seus alunos, o que acaba dificultando seu ensino e a própria aprendizagem dos alunos. É necessário estabelecer parcerias com a escola, uma vez que é um agente socializador assim como a família. 2.2 A parceria da família com a escola na educação de seus filhos Atualmente, é muito difícil vermos a família participar da vida escolar dos filhos e ser uma aliada da escola, devido à correria do dia a dia. São muitos obstáculos e diferentes personalidades de família que a escola e o professor vão encontrar. Segundo Weill (2000, p. 63), “a influência familiar nos 1º anos de vida, às vezes, pode desenvolver personalidades diferentes na criança.” As famílias acham que o dever de educar é exclusivamente da escola, e a escola por sua vez acha que o dever também é da família. Os pais por trabalharem fora, dependem da escola para acolher seus filhos, e aí que a professora não é vista mais só como uma educadora, ela começa a fazer parte da vida das crianças, já que passam a maior parte do tempo com os alunos. Os filhos sentem falta de chegar em casa e ter uma família, dos pais perguntarem como foi seu dia na escola, o que ele viu de diferente. Sem esse estímulo, a criança pode acabar com o interesse pela escola, pelo aprendizado. Chalita (2000, p.17) ressalta que “qualquer projeto educacional sério depende da participação família: em alguns momentos, apenas do incentivo, em outros, de uma participação efetiva no aprendizado, ao pesquisar, ao discutir, ao valorizar a preocupação que o filho traz da escola”. 24 Não importa se criança frequenta uma boa escola com professores qualificados, uma escola nunca vai substituir a carência deixada por uma família ausente. A família que sempre está ao lado dos seus filhos passa confiança, estímulo e segurança à criança. Mas nem sempre é assim. O mundo moderno em que vivemos, muitas vezes, está separando os pais de seus filhos. As crianças, muitas vezes, são deixadas para depois, devido à correria do dia a dia de seus pais, muito trabalho, reuniões de negócios, viagens a trabalho, enfim, atividades que as crianças não fazem parte. As mães estão, cada vez mais, envolvidas com seus trabalhos, buscando promoções, e uma carreira reconhecida, e os pais acabam deixando a responsabilidade para as escolas. Sem contar, quando não deixam seus filhos com babás, ou em frente à televisão, como se isso fosse suprir a ausência de pais. Para Kramer (1998), o diálogo entre pais e filhos é essencial, principalmente na vida escolar, pois o diálogo facilita bastante a escola a entender se os pais podem ajudar a resolver o problema da criança. Sobre a importância do diálogo Kramer e (1998, p. 37) comentam: Criança pequena com agenda lotada. A televisão que se transforma em babá. Os pais ausentes. Carinho transformado em objeto. O tamagoshi e a afetividade objetivada. Erotização da infância. Sexualidade. Publicidade. Cultura do consumo. O outdoor anuncia: “Xtrim. Pra quem tem, beijinho, beijinho. Pra quem não tem, tchau, tchau!” Individualismo desencadeado pela ausência do outro. E assim, as escolas ficam responsáveis não só pela educação das crianças, maspor dar amor, carinho e afeto, tudo o que os pais deveriam dar, mas se sentem dependentes das escolas para acolher seus filhos enquanto trabalham. A escola, assim como o professor, acaba tendo a função de família. Os professores, que têm o dever de ensinar conteúdos específicos das áreas de conhecimentos gerais e instruir futuros cidadãos, acabam sendo vistos como membros da família, dando carinho e amor como pai e mãe dos seus próprios alunos, misturando-se assim, os papéis de cada um no processo de educação da criança. Segundo Szymanski (2009, p. 99), “professora alguma tem de dar ‘carinho maternal’ para seus alunos. Amor, respeito, confiança, sim, como professora e membro adulto da sociedade”. É dever e obrigação das famílias acolherem seus filhos e oferecer-lhes um ambiente estável, confortável e com muito amor. 25 Infelizmente, muitas famílias não conseguem oferecer essa estrutura de vida a seus filhos, e é aí que acham muito fácil cobrar da escola, já que é lá que as crianças passam a maior parte de seu tempo. Nessa briga de quem tem a obrigação do que, quem acaba sendo a vitima é o aluno, que sofre vendo a escola culpabilizar os pais por ter sua família “desestruturada” e os pais culparem a escola por não oferecerem à criança tudo o que ela precisa. Para uma boa formação de uma criança, é preciso que os pais andem junto com a escola, falem a mesma língua e sejam participativos na vida escolar do aluno, tem que ter um elo entre escola e família. Szymanski (2009, p. 101), ressalta: “As famílias podem desenvolver práticas que venham a facilitar a aprendizagem escolar (por exemplo: preparar para a alfabetização) e desenvolver hábitos coerentes com os exigidos pela escola (por exemplo: hábitos de conversação) ou não [...]”. Os dois ambientes, escolar e o próprio lar, são fundamentais para a aprendizagem e o desenvolvimento da criança. No ambiente familiar a criança começa aprender desde cedo vendo os mais velhos como “espelho”, tudo o que os adultos fazem a criança imita, e aprendem por meio das imitações seus significados. É na interação familiar que se configuram os traços da personalidade. Consequentemente, os pais hão de oferecer a seus filhos exemplos concretos de como se conduzir na vida, para depois gozar da repercussão que esse exemplo tenha na conduta de sua descendência e sua participação na condução de uma sociedade mais justa e feliz. (KNOBEL, 1996, p. 33). É comum ocorrerem conflitos familiares na convivência entre pais e filhos, podendo ser positivos ou negativos para essas crianças, e é exatamente por isso, que o papel de educar os filhos é responsabilidade exclusiva da família. A escola por sua vez, tem que proporcionar aos alunos um ambiente acolhedor, para que as crianças se sintam bem, facilitando, assim, uma melhor aprendizagem. Para Szymanski (2009), a escola tem a obrigação de ensinar conteúdos fundamentais para a instrução dessas novas gerações. Szymanski (2009) pontua que, família e escola precisam sempre trabalhar juntas, cada uma tem seu papel fundamental, e não menos importante que a outra na formação das crianças e de futuros cidadãos. A escola só fortalece, complementa o aprendizado já recebido 26 pelos pais em casa, ajudando na socialização das crianças com outras pessoas. Com um bom relacionamento, escola e família conseguem melhorar o rendimento da criança, tanto na escola quanto em casa. Para Zagury (2008), os pais nunca podem deixar de acompanhar a vida escolar de seus filhos. Atualmente, as crianças vêm entrando cada vez mais cedo nas escolas, e a família tem que estar sempre presente nessa nova fase de adaptação. A família tem que saber a escola em que está colocando seu filho, se a proposta pedagógica atende às necessidades da criança, se o ambiente é agradável, enfim, se é uma boa escola. Portanto, é importante família e escola ter ciência da responsabilidade que tem na educação e formação no processo de ensino aprendizagem da criança, cada um tendo seu papel, e sempre caminhando em um único objetivo. 27 3. RELAÇÃO ENTRE ESCOLA E FAMÍLIA Para podermos entender melhor a relação entre escola e família, abordaremos neste capítulo alguns aspectos importantes sobre esta relação que Piletti (2000), Chalita (2001) e Oliveira (2008) destacam em seus textos. A família deve sempre estar presente e acompanhar de perto o que acontece na vida escolar de seus filhos. Hoje em dia é muito comum vermos alunos com problemas de drogas e com violência, então os pais sempre devem estar atentos ao comportamento de seus filhos, nunca achar que esse tipo de problema só acontece com os filhos dos vizinhos e nunca em suas casas. Portanto, se houver participação dos pais no ambiente escolar, pode ajudar os alunos em suas aprendizagens e diminuir a violência. Segundo Chalita (2001) a formação do caráter, da pessoa, a construção do ser são responsabilidades exclusivas da família. A família é essencial para que uma criança ganhe confiança e se sinta valorizada. Outro termo que não podemos esquecer de mencionar é a importância do incentivo da família e da escola. Para Piletti (2000) na escola há alguns fatores importantes que podem afetar a aprendizagem como o professor, os métodos de ensino, a relação entre os alunos e o ambiente escolar. Algumas qualidades do professor, como ter paciência, dedicação, mostrar que tem vontade de ensinar, estar sempre ajudando seu aluno, facilitam na aprendizagem. Se o professor mostra o oposto, como ser muito rígido e autoritário, pode provocar o desinteresse e levar o aluno ao fracasso escolar, ou seja, ele vai se desinteressar da aula e não vai aprender. O educador tem que saber de sua responsabilidade, principalmente quando trabalha com alunos dos primeiros anos iniciais, pois os pequenos dependem mais do seu auxilio. Segundo Piletti (2000): Apesar de todas as dificuldades que tiver pela frente, cabe ao professor manter uma atitude positiva: de confiança na capacidade dos alunos, de estímulo à participação de todos, de entusiasmo em relação à matéria e de amizade para com os alunos. Só assim estará exercendo sua missão de educador, que não se confundem com opressão e controle autoritário. (p. 147). Piletti (2000), afirma ainda que o professor é um exemplo que influencia o comportamento dos alunos. A relação entre os alunos será influenciada pela relação que o 28 professor estabelecer com os alunos, se o professor for autoritário estimulará os alunos a assumirem comportamentos de autoritarismo em relação aos seus colegas de classe. Com a desigualdade social enfrentadas nas maiorias das famílias, com uma sociedade injusta na qual vivemos, mesmo assim pais lutam para conseguir dar o melhor aos seus filhos. Com todas essas dificuldades apresentadas quem acaba sofrendo com as consequências são as crianças, e o professor tem que trabalhar junto com a família, compreender essas dificuldades é essencial para a educação desses alunos. Nem sempre todos os alunos vivem com pai e mãe. Normalmente, nos deparamos com pais separados, com um aluno órfão, com alunos que vivem com parentes, e essas situações trazem obstáculos e dificuldades à aprendizagem, são obstáculos que os professores, muitas vezes, se veem obrigados a passar, pois esses alunos não recebem amor, carinho compreensão de uma família normal. Para Piletti (2000) apesar de todos os problemas, o aluno quer aprender, vê na escola uma ponte para uma vida melhor, e o que contribui muito para essa força de vontade de vencer na vida desses alunos, são as maneiras que são tratados na escola, se o aluno é bem recebido, tem estímulo e incentivo que pode vencer dificilmente esse aluno desistirá do seu sonho, mas se não receber o apoio, o afeto da escola esse aluno não se sentirá estimulado e provavelmente desistirá. Na Constituição Federal (1988) assegura igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola, a liberdade de aprender, ensinar, a todos. O artigo 205 da Constituição Federal diz: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Sendo assim, a educação é direito de todos, não importa as classes sócias em quais as crianças pertencem, o importante é todos terem os mesmo direito. O mais importante, o essencial é formar cidadãos. 3.1 O papel da família na aprendizagem da criança Ainda na infância as crianças costumam ter como exemplos os adultos, e assim começam a adquirir as primeiras experiências de suas vidas. Como Piletti (2000) diz: 29 As primeiras experiências educacionais da criança são geralmente proporcionadas pela família. Depois de nascer, a criança começa a sofrer influências familiares que, aos poucos, vão modelando seu comportamento: a roupa que deve vestir, a alimentação que deve tomar em determinados horários, as horas em que deve dormir. Mais tarde, é o treino para que ande, para que fale, para que não faça xixi na roupa, etc. (PILETTI, 2000, p. 274). Os pais precisam saber que nem sempre o que ensinam treinando as crianças, produz os resultados esperados, alguns treinos produzem resultados que nem imaginavam obter. Segundo Piletti (2000), o que é ensinado inconscientemente, sem a intenção de ensinar, geralmente permanece por mais tempo. Um adulto, por exemplo, pode não se lembrar do que aprendeu em algumas matérias na escola, mas com certeza se lembra de muitas coisas a respeito de seus professores, de como agiam, de sua maneira de tratar os alunos. Piletti (2000, p. 275) ressalta que: Os sentimentos que os pais têm em relação à criança, durante os anos anteriores à escola, são de fundamental importância para o desenvolvimento posterior da criança e para sua aprendizagem escolar. Esses sentimentos contribuem para que a criança desenvolva seu próprio conceito, do mundo em que vive. Alguns pais cobram de mais de seus filhos, e quando não vêem resultados ficam se perguntando onde erraram. Fizeram de tudo para estimularem seus filhos e eles estão com certa demora de retribuição. Mas não é bem assim, como afirma Piletti (2000), não basta, por exemplo, no caso de leitura, os pais comprarem um monte de livros infantis para seus filhos, mas estimularem essa leitura. É necessário que a família tenha o hábito da leitura, isso facilitará os filhos a se habituarem a lerem. Alguns pais preferem assistir televisão, como novelas e futebol, do que pegar um livro e ler para seus filhos. Sendo assim, os pais têm forte influência na aprendizagem que os filhos irão ter na escola. Piletti (2000) diz que o indivíduo constrói sua personalidade desde o final de sua infância, quando já é capaz de ter seu próprio sistema de normas e valores, no qual estes foram estabelecidos com bases em experiências infantis, sendo as mais importantes as que os pais lhes proporcionam. As experiências que uma criança adquire na sua infância, especialmente em relação aos adultos, são fundamentais para uma boa estruturação da sua personalidade. 30 “Um fator que também influencia no desenvolvimento da criança é o ambiente, cada um organiza de uma maneira especial, diferente dos outros, cada um tem seu lar e seus costumes diferentes”. (PILETTI, 2000). Ainda sobre Piletti (2000), o relacionamento pode ser afetuoso, carinhoso, mas também muitas vezes podem ser agressivos, violentos, severos e hostis. Dessas características podem ocorrer a desenvolver em seus filhos diferentes personalidades. Veja no quadro a seguir a esquematização dessas influências e dos resultados que podem ter sobre os filhos: (PILETTI, 2000, p. 278). Pais Tratamento restritivo Afetuosos ·submisso, dependente, Tratamento permissivo polido, asseado, ·ativo, desinibido, criador, obediente, não amigável, não criador. bem sucedido, independente, ·agressão mínima, submissão máxima. amigável. ·mínima submissão, auto- agressão mínima. Hostis ·tímido, afastado socialmente, problemas ·não condescendente, neuróticos. intransigente, delinqüência. ·Auto-agressão máxima. · agressão máxima. Quadro 1. Tratamento Restritivo e Permissivo entre os pais afetuosos e hostis1. Segundo o quadro acima, quando os pais são afetuosos com seus filhos, quando estes últimos recebem atenção, carinho e afeto no futuro podem se tornar adultos independentes e ativos. Já quando os pais os tratam com agressividade e hostilidade na infância, podem ter sérias complicações se tornando adultos tímidos, não sociáveis e agressivos por exemplo. Por isso, os pais têm que ter consciência de que são suas em grande parte a responsabilidade de como seus filhos serão quando adultos, ou seja, se a criança se torna ladrão, traficante, vai para o mau caminho, pode ser sim culpa dos pais, esse adulto pode ter sofrido agressão, abuso e por isso se torna tão rebeldes. As crianças são como esponjas, absorvem tudo o que o adulto faz, tudo o que ouvem. O mediador tem que lembrar sempre 1 Quadro adaptado por Piletti, 2000, p. 278. 31 que está ensinando a criança, que é o espelho da mesma. Já se os pais são presentes, por exemplo, dão carinho, uma boa educação quando criança, seu filho poderá se tornar um adulto trabalhador, honesto e querer seguir exemplos de seus pais. As crianças aprendem tudo o que vivenciam no dia a dia com os adultos, com outro ser, estão sempre prestando atenção em tudo ao seu redor, aprendem o tempo todo com o exemplo de seus pais. É evidente que não se trata de uma fórmula rígida, além dos pais, outras influências podem atuar fortemente sobre a criança em desenvolvimento. (PILETTI, 2000, p. 279). 3.2 Interlocução escola e família Com base nas afirmações de Szymanski (2009) sabemos que é de extrema importância família e escola terem uma boa relação, e a participação de ambas em projetos que envolvam a comunidade. Muitas vezes a escola tem um olhar de preconceito com a família, às vezes porque os pais são separados, ou pelo próprio desinteresse que os pais têm em relação à educação de seus filhos. Para Szymanski (2009), o preconceito se limita a uma interpretação fechada do outro e seu mundo e define atitudes, sentimentos e ações que guardam a mesma característica e rigidez. (p. 107). O reconhecimento dos preconceitos significa ver o outro ser com um novo olhar, sair dos limites, se abrir para novas possibilidades de aberturas para novos caminhos, e encarar novos desafios. Como Szymanski (2009) reforça, as famílias de crianças que apresentam dificuldades na aprendizagem vêem a escola com um olhar de incompreensão, acham que a escola tem o poder sobre o futuro de seus filhos. Mas o mais importante nessa proposta é que a parceria ampliará na base dos recursos e possibilidades pessoais e da comunidade e não a partir das dificuldades e limitações (SZYMANSKI, 2009). A parceria da comunidade com os projetos escolares podem fortalecer e ajudar na eficiência dos pais em suas funções. Quando a escola faz grupos de pais, rodas de conversas, e 32 trocas de experiências, pode ser eficiente na transformação de hábitos estabelecidos, como por exemplo, pais que castigam ou até agridem seus filhos fisicamente. Outro passo seria o trabalho integrado com o professor. Segundo Oliveira (2008), cabe ao professor o papel de organizar e acolher a criança e sua família na escola, de maneira que diminua a insegurança e ansiedades familiares. Oliveira (2008) afirma ainda que os pais precisam conhecer e discutir os objetivos da proposta pedagógica e os meios organizados para atingi-los, além de trocar de opiniões sobre como o cotidiano escolar se liga a esse plano. Quando os pais e até mesmo outros familiares participam de conselhos escolares, de reuniões semestrais, na organização de festas da escola adquirirem mais experiências e saberes para a aproximação dos contextos de desenvolvimento das crianças, e junção de suas experiências. Há uma dúvida em relação a quem cabe a educação das crianças, à escola ou à famílias? Quando ocorre um mal entendido entre professores e pais, isso afeta o aluno. Alguns professores reclamam que algumas famílias colocam toda a responsabilidade de educar seus filhos a elas, e que as mesmas se sentem sobrecarregadas, afinal são vários alunos. E algumas famílias sentem que professores tiram suas autoridades, e que cabe a família a função de educar. Szymanski (2009) ressalta a importância das funções socializadoras da família e do seu trabalho entre membros e jovens na sociedade. Quanto maior a competência da família para realizar tal trabalho de socialização, maior a probabilidade de sucesso. Algumas famílias se perguntam como será adquirida tal competência para educar seus filhos. A respeito disso Szymanski (2009) nos diz: Há, muitas vezes, a suposição de que essa capacidade de formação é inata e natural (principalmente para as mulheres). Caso a família não eduque direito seus filhos, é porque não quer ou porque o filho “não tem jeito”. Outras vezes é considerada condição inerente à classe social de nascimento – o “berço” -, o que condena à incompetência todos os que não pertencem às camadas sócias mais altas. (p. 111). Uma condição muito importante nas relações entre escola e família é um clima de respeito mútuo entre ambas, proporcionando confiança e competência. A união entre equipes multidisciplinares contribuem para a construção de um conhecimento. 33 Em geral, a intermediação da comunidade, com a participação das famílias, também contribuem para novos saberes e fazer com que surjam novas perspectivas e modelos educativos, sempre dispostos a mudanças contínuas. Contudo, ressaltamos que a família é a base principal para a formação da criança, exercendo um papel extremamente importante no desenvolvimento humano desses seres, influenciando no lado emocional, afetivo e consequentemente, na sua aprendizagem. 34 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este texto teve como objeto de discussão os aspectos da relação família x escola que influenciam na aprendizagem escolar da criança e na importância da integração escola e família, ressaltando ainda, a afetividade como constituidora dos processos de ensino aprendizagem. Recorremos aos estudos de Áries (1981), para mostrar ao leitor como se deu a história da família e o aparecimento do conceito infância, e assim, pudemos observar as transformações significativas que estas sofreram no decorrer dos anos. Através deste estudo, pudemos compreender que a parceria das famílias com a escola acarreta em benefícios na aprendizagem da criança e, consequentemente, em seu desenvolvimento como cidadão. Oliveira (2008) ressalta que a criança aprende interagindo com um outro ser, através da mediação com um adulto, adquirindo conhecimentos para se desenvolver. Atualmente, estão ocorrendo diversas transformações na estrutura familiar. Pais que enfrentam problemas no casamento, que não estão bem estruturados, podem ocasionar problemas para os filhos nos seus desempenhos escolares. As crianças vêem seus pais como “espelhos”, e sabem quando sua família está desestruturada. Portanto, os pais têm que prestar atenção em seus comportamentos e ficar atentos aos cuidados que seus filhos vão precisar ao longo de suas vidas. Nos dias de hoje, encontramos nas escolas todos os tipos de pais. Os pais participativos, preocupados e atentos, que vão à escola com freqüência, que participam das reuniões de pais, das atividades educacionais de seus filhos, como também encontramos pais ausentes, que só comparecem na escola quando são convocados pelos professores dando desculpas que não podem participar das reuniões por estarem trabalhando, pais que acham perda de tempo sentar junto com seus filhos no momento em que os mesmos têm de fazer suas tarefas de casa, pais que são completamente desinteressados em como seus filhos vão na escola, em como está o seu aprendizado. É muito importante mostrar para esses pais o quanto é necessário participarem ativamente na vida escolar dos seus filhos. Os pais devem estar completamente envolvidos em todo o processo de aprendizagem escolar, uma vez que a escola faz parte do cotidiano na vida de seus filhos. 35 A presença da família na vida escolar da criança é fundamental, o aluno tem que se sentir seguro na hora de ir para a sala de aula, e essa segurança também tem que ser transmitida pela professora. Quando o aluno se sente à vontade em sala de aula e sente que a professora está transmitindo-lhe afeto e atenção, facilita sua aprendizagem e seu desenvolvimento, possibilita à criança novas descobertas. A falta da participação da família na escola em que seu filho estuda é grande nos dias atuais, devido à correria do dia a dia, alguns pais se esquivam com a desculpa de muito trabalho, agenda cheia, e dificilmente reservam um tempo para participar da vida escolar de seu filho. Acabam deixando a função de educar exclusivamente para a escola, e aí a professora não é mais vista apenas no papel de educadora, começa a fazer parte da vida das crianças, já que estas passam a maior parte do dia com as mesmas. O que os pais acabam não percebendo é que quem sofre com isso são seus filhos, pois sentem a ausência de uma família unida, estruturada. Para que a criança tenha uma boa formação é preciso que os seus pais andem juntos com a escola, que ambos falem a mesma língua e sejam participativos na vida escolar do aluno, tem que haver um elo entre escola e família. Procuramos ressaltar os fatores que influenciam no desenvolvimento da criança, como relacionamentos afetivos, a hereditariedade e o ambiente em que a criança vive. A personalidade da criança depende muito de como foi tratada pelo seus pais na infância, por exemplo, se os pais forem muitos severos, agressivos, a criança provavelmente se tornará um adulto tímido, não sociável e, consequentemente, poderá desenvolver alguns problemas neuróticos. Mas se a criança recebe amor, afeto, carinho, será um adulto obediente, dependente, amigável (PILETTI, 2000). E para finalizarmos, contamos com a contribuição dos estudos de Szymanski (2009), que nos possibilitou a compreensão de que a família e a escola possuem papéis diferentes, cada uma na sua especificidade. Mas que juntas ambas contribuem com o processo de aprendizagem e de desenvolvimento da criança, preparam esses alunos para conviver na sociedade. Sendo assim a criança que possui família mais estruturada tende a se desenvolver melhor. Dessa forma, concluímos que pais, filhos e escola devem estar sempre unidos em um mesmo objetivo, devem caminhar juntos respeitando sempre os limites e diversidades do outro. É importante que a família conheça a proposta pedagógica escolar onde seu filho irá 36 estudar, e que a escola também conheça o meio social e familiar em que o aluno está inserido. Através dessa pareceria, desse elo escola e família, juntas tendem a alcançar o objetivo único, a aprendizagem da criança e sua formação social. 37 REFERÊNCIAS ARIÈS, P. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: LTC, 1981 BOCK, A. M. B. Psicologia: uma introdução do estudo de estudo de psicologia. 13. ed. reform. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2002. CHALITA, G. B. I. Educação: A solução está no afeto. São Paulo: Gente, 2001. DANTAS, H. Wallon. Teorias Psicogenéticas em Discussão. 13. ed. São Paulo: Summus, 1992. GALVÃO, I. Uma concepção Dialética do Desenvolvimento Infantil. Rio de Janeiro: Vozes, 1995. HADDAD, L. 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