64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 INTERAÇÕES ENTRE ABELHAS E PLANTAS NO CERRADO DA SERRA DO CIPÓ, MINAS GERAIS, BRASIL Samuel S. Oliveira¹*, Clemens Schlindwein¹ ¹Departamento de Botânica, Universidade Federal de Minas Gerais-UFMG *[email protected] Introdução Conclusões Na maioria dos ecossistemas, as abelhas são os polinizadores mais frequentes. Como a polinização é um processo chave no sucesso reprodutivo das angiospermas, os animais envolvidos cumprem um papel crucial na manutenção dos ecossistemas e na diversidade biológica. Algumas espécies de abelhas interagem com numerosas espécies de plantas, enquanto outras restringem suas visitas a grupos vegetais de um mesmo gênero ou família. Estudos de interações entre abelhas e plantas revelam quais e quantas espécies se relacionam em uma determinada área, indicam possíveis interações especializadas e ainda revelam informações sobre sazonalidade e aspectos fenológicos das espécies no local. Um estudo em uma área de campo rupestres da Serra do Cipó amostrou 107 espécies de abelhas que visitaram flores de 76 espécies de plantas (Faria & Camargo 1996) [1]. Entretanto, as interações entre abelhas e plantas não haviam sido estudadas na porção de Cerrado do Parque Nacional. Diante dos dados até o momento analisados, pode-se observar forte tendência a um maior número de interações entre espécies generalistas, tanto na oferta de recursos por parte das plantas, quanto na obtenção desses recursos pelas abelhas. Estudos mais detalhados, no sentido de identificar possíveis interações especializadas, estão em andamento para, em breve, serem publicados. Metodologia Coleta de dados: O estudo foi realizado em duas trilhas, com aproximadamente 4 km de extensão cada uma, em uma área de Cerrado do Parque Nacional da Serra do Cipó (19º13’S e 43º27’W). As abelhas e plantas relacionadas foram amostradas mensalmente por dois coletores durante dois dias consecutivos de Abril de 2012 a Março de 2013. Cada coleta teve duração média de 12 h. As abelhas foram coletadas com redes entomológicas visitando flores, colocadas em frascos com acetato de etila, montadas com alfinetes entomológicos, etiquetadas e incluídas na coleção de Entomologia da UFMG. Amostras das plantas foram identificadas, herborizadas e incluídas ao acervo do herbário BHCB (UFMG). Resultados e Discussão Ao todo foram amostradas 172 espécies de plantas de 39 famílias cujas flores foram visitadas por abelhas, entre estas, as principais foram Asteraceae (30 spp.), Fabaceae (22 spp.), Malpighiaceae (16 spp.), Melastomataceae (10 spp.), que são as famílias predominantes no local (Giulietti et al. 1987)[2]. Por outro lado, foram coletadas 2096 abelhas, distribuídas entre as cinco famílias que ocorrem no Brasil: Apidae (1809), Halictidae (181), Megachilidae (65), Andrenidae (31) e Colletidae (10). As espécies mais abundantes foram as abelhas altamente eussociais, Apis mellifera e as abelhas sem ferrão (Apidae, Meliponini), representando 10,9% e 42,4% dos indivíduos coletados respectivamente. Estas são generalistas e muito eficientes na obtenção de recursos em diferentes espécies vegetais (Pigozzo & Viana 2010) [3]. Agradecimentos Agradecemos ao programa Pronoturno-ICB pela concessão de uma bolsa de iniciação científica, ao professor Cleber Figueredo pelas sugestões ao resumo e aos que ajudaram no trabalho de campo, Vinícius Diniz, Bruno Oliveira, Jorge Oliveira, Leandro Sales, Felipe Telles, Raquel Cavalieri e Reisla Oliveira. Referências Bibliográficas [1] Faria, G.M. & Camargo, J.M.F. 1996. A flora melitófila e a fauna Apoidea de um ecossistema de campos rupestres, Serra do Cipó-MG, Brasil. In: Anais do II Encontro sobre Abelhas, Ribeirão Preto. p. 217-228 [2] Giulietti, A.M.; Menezes, N.L.; Pirani, J.R.; Meguro, M. & Wanderley, M.G.L. 1987. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: caracterização e lista de espécies. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 9: 1-152 [3] Pigozzo, C.M. & Viana, B.F. 2010. Estrutura da rede de interações entre flores e abelhas em ambiente de Caatinga. Oecologia Australis 14: 100-114