Discurso do presidente do Banco Central do Brasil, Ministro

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São Paulo, 06 de julho de 2011.
Discurso do presidente do Banco Central do Brasil, Ministro Alexandre Tombini,
na 38ª Edição de Melhores e Maiores da Revista Exame
Senhoras e senhores,
Tivemos a satisfação de assistir na abertura da cerimônia de hoje um vídeo que ilustrou
com propriedade a atual dimensão da economia brasileira.
Não tenho dúvida em afirmar que esse momento que hoje vivemos é consequência do
esforço e da dedicação da nossa sociedade, em especial, da nossa classe empresarial,
hoje aqui amplamente representada. É também resultado de um conjunto de políticas
públicas equilibradas e bem sucedidas adotadas ao longo dos últimos anos.
Foi essa combinação que permitiu que a nossa sociedade alcançasse importantes
conquistas no âmbito econômico.
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O Brasil de hoje cresce de forma sustentável, e em ritmo mais elevado do que no
passado;
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O Setor Público conseguiu nos últimos anos reduzir o seu endividamento líquido;
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Contamos atualmente com um colchão de reservas internacionais superior a US$
335 bilhões. E é esse colchão que dá suporte ao nosso processo de internacionalização, contribui na redução dos custos de riscos de empresas e do Governo em
suas captações externas, e protege a nossa economia dos efeitos perversos de
choques externos;
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Reduzimos a nossa dívida externa. Hoje somos credores internacionais.
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Temos atualmente um mercado de crédito dinâmico de quase metade do nosso
produto interno bruto.
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O Brasil é hoje grau de investimento. E a perspectiva é de que nossa classificação
continue melhorando, mesmo em um mundo onde importantes economias maduras
estão observando sucessivos rebaixamentos de classificação de risco.
Essas conquistas de cunho econômico e as políticas públicas de inclusão social adotadas pelo Governo nos últimos anos permitiram ao Brasil alcançar também importantes
conquistas sociais:
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Mais de 20 milhões de brasileiros superaram a linha da pobreza;
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Mais de 35 milhões de brasileiros ascenderam à classe média; e
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A desigualdade foi significativamente reduzida. O “Índice de Gini” do Brasil, importante indicador de desigualdade, tem hoje o menor nível dos últimos 30 anos.
Enfim, podemos afirmar que todas essas conquistas contribuíram para que a sociedade
brasileira desfrute hoje do mais elevado nível de bem estar das últimas décadas.
Contudo, senhoras e senhores, como pudemos observar no vídeo que assistimos há
pouco, a sociedade brasileira deseja mais. E temos convicção de que isso é possível.
O Governo da Presidenta Dilma Rousseff está empenhado na realização de uma agenda que permita ao nosso País crescer a um ritmo maior, de forma sustentável. E
essa agenda engloba várias ações, algumas delas mencionadas pelo Sr. Roberto Civita há pouco. Dentre as principais ações dessa agenda, destaco:
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A erradicação da pobreza extrema;
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A melhoria da educação, em todos os níveis;
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A ampliação do investimento público e privado na infraestrutura; e a
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Ampliação das fontes de financiamento privado de médio e longo prazos.
O Banco Central tem um papel importante nesse desafio de contribuir para criar as
condições para que o Brasil cresça a um ritmo maior de forma sustentável. Esse papel
é desdobrado em duas missões básicas: assegurar inflação baixa no médio e longo
prazos e um sistema financeiro sólido.
A confiança da sociedade de que a inflação permanecerá baixa no médio e longo prazos é condição necessária para a ampliação dos horizontes de planejamento das empresas e das famílias. E a certeza de inflação baixa, combinada com um sistema financeiro sólido, capaz de absorver a poupança e canalizá-la, de forma eficiente e segura,
ao financiamento, é que permite a ampliação do investimento, da produção, do nível de
emprego e da renda.
Essas são condições essenciais para um crescimento sustentável e que possa efetivamente trazer benefícios à toda sociedade.
A propósito, inflação baixa é uma conquista do povo brasileiro, que se tornou uma exigência da nossa sociedade. E é um compromisso deste Governo.
Contudo, para mantermos a sociedade confiante de que a inflação permanecerá baixa
no médio e longo prazos, não podemos nos descuidar do presente.
No início de 2011, tínhamos um diagnóstico claro de que o ritmo de crescimento da
economia brasileira, combinado com outros fatores, estavam gerando fortes pressões
inflacionárias.
Vivíamos algum descompasso entre oferta e demanda na nossa economia, que vinha
sendo atendido, em parte, por um crescente nível de importações.
Havia pressões decorrentes da alta dos preços das commodities internacionais, da
concentração atípica de reajustes em preços administrados, e de choques decorrentes
de efeitos climáticos adversos sobre os preços dos alimentos.
Isso tudo em um contexto de mudança estrutural da nossa economia, onde a inflação
de serviços cresce a um ritmo superior à média dos preços.
E nos meses seguintes ao começo do ano, outros fatores de pressão inflacionária se
somaram. A crise política no Norte da África e Oriente Médio levou ao aumento do preço do petróleo. E observamos também um forte aumento do preço do etanol no mercado doméstico.
Realizado o diagnóstico.
Definida a estratégia.
Era preciso então por em prática as medidas para alcançar os resultados esperados.
Reafirmando o compromisso assumido, o Governo pôs em prática uma ampla e consistente coordenação das ações da política econômica com o objetivo de conter as pressões conjunturais e assegurar a inflação baixa no médio e longo prazos.
No âmbito do Banco Central, o Comitê de Política Monetária deu início, em janeiro deste ano, a um processo de ajuste das condições monetárias. Esse processo já vem assentando as bases para que a inflação convirja para o centro da meta em 2012.
Decorrido pouco mais de seis meses, já observamos os primeiros resultados.
A inflação mensal no último mês de maio já desacelerou. Foi a menor dos últimos sete
meses. Em junho e julho a inflação recuará ainda mais.
E a média mensal da inflação projetada pelo mercado para o segundo semestre de
2011 já é compatível com o centro da meta de inflação. Bem inferior à média observa
em igual período, segundo semestre de 2010.
A inflação já está convergindo e estará no centro da meta em 2012.
Olhar para frente, com a certeza de uma inflação menor, será um componente essencial do processo de decisões estratégicas das empresas nos próximos meses. Fundamental para preservar a competitividade nos próximos anos.
Senhoras e senhores,
Nossas perspectivas são excelentes.
Somos uma das poucas economias de porte que ainda pode se beneficiar do bônus
demográfico. Podemos aproveitar para avançar em desafios estruturais, tornar mais
eficiente a alocação dos recursos e aumentar a produtividade da nossa economia. Só
assim será possível obtermos um crescimento econômico ainda mais robusto no futuro.
Além disso, contamos com diversas oportunidades de investimentos e diferenciais
competitivos, como por exemplo:
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O petróleo da camada do pré-sal;
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A necessária ampliação e modernização da nossa infraestrutura;
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A existência de grandes reservas de commodities minerais;
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A vasta área cultivável e oportunidades de aumento da produção agropecuária,
inclusive com elevação da produtividade;
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E ainda os eventos esportivos internacionais, que propiciarão inúmeras oportunidades de investimento e realização de negócios em diversos segmentos da atividade
econômica.
Tenho convicção que a manutenção da inflação em patamar baixo foi essencial para
alcançarmos as conquistas observadas até hoje. E essa convicção não é só minha. É
de toda a sociedade. E é por isso que hoje inflação baixa é, não só uma demanda, mas
uma exigência da nossa sociedade.
Inflação baixa, sistema financeiro sólido, perseverança nas políticas macroeconômicas
e nos avanços institucionais serão essenciais para alcançarmos as conquistas que almejamos para o Brasil do futuro. Não menos importante também, senhoras e senhores,
será o País poder contar cada vez mais com empresas inovadoras e vencedoras como
as que aqui hoje foram merecidamente homenageadas.
Muito obrigado.
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