Rodrigo Campos - 2014 Endomembranas A grande maioria das proteínas são sintetizadas no citosol, mas nem todas agem ali. O seu destino depende de uma sequência de aminoácidos, chamada sequência sinal (peptídeo sinal – um sinal que a direciona para outro local; fica na extremidade da proteína). As proteínas que não a possuem ficam no citoplasma e exercem sua função ali mesmo. As que a possuem são direcionadas para outros compartimentos. É importante destacar que em alguns tipos de transporte a sequência sinal é clivada ao fim do processo e em outros não. OBS: Há também regiões-sinal, que marcam enzimas que devem ser direcionadas do Golgi para os lissossomos. Ficam espalhadas pela proteína e geralmente não são clivadas. - Transporte de proteínas para o núcleo: O envelope nuclear possui poros, por onde as proteínas entram e saem. As pequenas conseguem se difundir facilmente, mas as grande precisam ser transportadas ativamente. Moléculas de RNA, que são sintetizadas no núcleo, e subunidades do ribossomo, que são ali montadas, são exportadas para o citosol; todas as proteínas que atuam no núcleo são sintetizadas no citosol e devem ser importadas. . Importação: O transportador de importação (destacar que há um transportador para importação e outro para exportação) reconhece a sequência sinal da proteína e a leva até o núcleo através dos poros. No núcleo, a proteína RAN-GTP se liga ao transportador, gerando uma mudança de conformação que libera a proteína. Pronto! A proteína já está no núcleo, o objetivo foi cumprido. Mas há uma série de processos ainda. O transportador é somente de importação, portanto não tem sentido ele ficar dentro do núcleo. Para ele sair, precisa estar ligado a RAN-GTP. Já no citoplasma, uma proteína desacopladora retira a RAN-GTP. Pronto, o transportador de importação está livre no citosol novamente. Mas ainda não acabou... A RAN-GTP precisa voltar ao núcleo (pois é lá que ela age).Para isso, a RAN-GAP retira um fosfato da RAN-GTP, que vira então RAN-GDP. Só assim a RAN volta para o nucleo. Já lá dentro, A RAN-GEF troca o GDP por GTP, e a RAN-GDP volta a ser RAN-GTP. Agora a exportação... . Exportação: O transportador de exportação reconhece a sequencia sinal e se se liga a proteína e também a RAN-GTP (perceba que os 2 transportadores só saem do núcleo ligados a RAN-GTP, daí a importância de ela estar no núcleo). No citosol, a proteína é liberada. A RAN-GAP transforma a RAN-GTP em RAN-GDP, que volta para o núcleo, onde a RAN-GEF vai transformá-la em RAN-GTP (mesmo processo da importação). O transportador de exportação volta sozinho para o núcleo. Conclusões: - Tanto a proteína importada quanto a exportada NÃO perdem a sequencia sinal. O motivo para isso é simples: na divisão celular, o envelope celular é desmontado. Com isso, as proteínas saem do núcleo. A manutenção da sequencia sinal garante que todas elas voltem para o núcleo quando o envelope for remontado! - O transporte para o núcleo é pós-traducional – só ocorre após as proteínas terem sido completamente sintetizadas; - O transporte ocorre com as proteínas enoveladas corretamente. - Transporte de proteínas para as mitocôndrias: As proteínas são sintetizadas no citosol e dali seguem para as mitocôndrias. Para isso, precisam atravessar várias membranas. Para isso, são necessários diferentes transportadores. Na membrana externa está o complexo TON; na membrana interna está o complexo TIM (que divide-se em TIM 23 e TIM 22 – com funções diferentes, obviamente) e o complexo OXA. O complexo TON reconhece a sequencia sinal e faz com que a proteína consiga a atravessar a membrana externa. Agora a proteína está no espaço intermembrana. O TIM 23 puxa a proteína até a matriz mitocondrial. Lá ela sofre enovelamento e perde a sequencia sinal. (pausa para um conclusão importante: as proteínas que vão para a mitocôndria NÃO estão enoveladas. Isso ocorre graças a proteínas chaperonas, que se ligam à proteína a ser transportada, impedindo o seu enovelamento. Essas chaperonas serão importantes também no retículo, portanto lembre-se delas.) Quando a proteína perde a sequencia sinal, chaperonas se ligam novamente, impedindo o enovelamento precoce e incorreto. As proteínas podem ficar na matriz, exercendo lá a sua função, ou podem ir para a membrana interna(exercendo sua função no espaço intermembrana). Nesse caso, elas possuem uma 2ª sequencia sinal (que é hidrofóbica, se prendendo na parte hidrofóbica da membrana). O complexo OXA leva a proteína da matriz para a membrana interna. Proteínas que são sintetizas dentro da mitocôndria e que exercem sua função na membrana interna também são transportadas pelo complexo OXA. As proteínas multipasso (que passam várias vezes pela membrana) sofrem um processo diferente. A proteína se liga ao complexo TOM e depois ao TIM 22 (ao invés do TIM 23!). Este reconhece a 2ª sequencia sinal (com várias regiões hidrofóbicas, que diz que a proteína deve ir para a membrana interna). A proteína é puxada e, conforme aparece uma região hidrofóbica, ela se prende na membrana. Quando mais regiões hidrofóbicas, mais passagens pela membrana a proteína vai ter. OBS: no caso de proteínas de membrana, a 2ª sequencia sinal não é clivada. Conclusões: - O transporte é transmembrana. - É pós-traducional. - Ocorre com as proteínas não-enoveladas. - Perde a sequencia sinal. - Transporte para o Retículo Endoplasmático: A proteína possui uma sequencia sinal que diz que deve ir para o RE. A proteína PRS (partícula reconhecedora de sinal) reconhece a sequencia e se liga ao complexo ribossomo + RNA + proteína, interrompendo a tradução e direcionando a proteína para a membrana. A proteína PRS se liga ao receptor PRS, na membrana, que leva complexo até uma proteína de translocação. A proteína PRS se solta e a tradução volta. Conforme vai sendo traduzida, passa para o lúmen do RE. Enquanto isso, a sequencia sinal é clivada e a proteína exerce sua função ali mesmo. As que exercem sua função na membrana possuem uma 2ª sequencia sinal, hidrofóbica, e as multipasso têm várias regiões hidrofóbicas (como explicado anteriormente). Controle de qualidade no RE: As proteínas só saem do RE após esse controle. Checa se estão enoveladas corretamente. A BIP impede o enovelamento da proteína. Um bloco de açúcar com 3 glicoses no final é adicionado na região da asparagina, sendo que 2 dessas glicoses são perdidas. A calnexina(uma chaperona) confere e auxilia no correto enovelamento. A ultima glicose é perdida. O enovelamento é novamente conferido. Se estiver correto, a proteína sai do RE. Se não estiver, uma glicosiltransferase adiciona outra glicose e o ciclo recomeça (a proteína passa novamente pela calnexina, que confere o enovelamento...) Se após algumas tentativas a proteína não conseguir ser enovelada corretamente, sai do lúmen e vai para o citosol para ser degradada. Conclusões: - Transporte trasnmembrana - Co-traducional - Perde a sequencia sinal - Transporte para o Golgi: O transporte a partir do RE para o Golgi e deste para a membrana é intermediado por vesículas de transporte através de ciclos de brotamento e fusão de vesículas. Lembre-se que, para sair do RE, a proteína deve estar corretamente enovelada e montada. As proteínas, para sairem do RE, não necessitam de uma sequencia sinal, mas as que são residentes do lúmem do RE precisam. Elas possuem uma sequencia KDEL, que permite a recuperação das proteínas que devem ficar no RE mas que escapam em vesículas de transporte em direção a face cis do Golgi (lembrando que o Golgi tem uma face cis e uma trans). Essas face cis possui uma proteína receptora que reconhece a sequencia KDEL e empacota a a proteína em vesículas especiais que voltam para o RE. Esse receptor só se liga a sequencia em um pH especifico. No golgi, o pH é mais ácido que no RE. Isso aumenta a afinidade do receptor com a sequencia. Como no RE o pH é mais básico, a proteína se solta do receptor, passando a exercer ali sua função. As proteínas que voltam do Golgi para o RE possuem revestimento de COP I As proteínas que vão para o Golgi são revistidas de COP II. Entram no compartimento cis e são transportados até o trans, onde são enviadas para seus destinos finais, através das vesículas de transporte. - Transporte para o lisossomo: O lisossomo possui pH ácido, mantido por uma bomba de prótons. Isso é importante para que as hidrolases possam agir com máxima eficiência. As proteínas que devem ir para o lisossomo são marcadas com manose 6-fosfato, que são reconhecidas por receptores na face trans do Golgi. Assim, ligam-se às hidrolases lisossomais e ajudam a empacotá-las em vesículas transportadoras específicas, que brotam da rede trans e se fundem com o endossomo tardio, entregando seu conteúdo na luz dessa organela. O ph no endossomo é mais ácido. Assim, o receptor se dissocia da hidrolase. Após isso, o receptor volta para a face trasn do Golgi através de vesículas que brotam dos endossomos tardios. As vesículas que vão do Golgi para o lisossomo são revestidas por clatrina. - Transporte para a membrana plasmática: Proteínas de membrana e lipídeos são transportados por vesículas que se fundem com a membrana plasmática (exocitose). Essa é a via constitutiva (a vesícula vai pra membrana para já ser exocitada). Algumas células possuem uma 2ª via secretora, na qual as proteínas e outras substâncias são armazenadas inicialmente em vesículas secretoras, para serem liberadas mais tarde. Essas vesículas são formadas por brotamento a partir da rede trans do Golgi e liberam seu conteúdo para o exterior da célula em resposta a sinais extracelulares. Essas é a via regulada, encontrada em células especializadas na secreção de produtos como hormônios, neurotransmissores... O último passo na via secretora regulada é o estímulo para a liberação da exocitose. O sinal é geralmente um mensageiro químico, como um hormônio. Quando a vesícula se funde com a membrana plasmática (quando recebe o sinal), a sua membrana se torna parte das membrana plasmática. Logo depois ela é removida e as proteínas de membrana da vesícula voltam para a rede trans do Golgi, sendo reutilizadas. Obs: Clatrina: A montagem da camada de clatrina nas vesículas possui 2 funções: ela fornece força para pucar a membrana para o brotamento e auxilia na captura de receptores específicos de membrana e as moléculas ligadas a ele. Adaptinas são necessárias para ligar a cobertura de clatrina na membrana e reter vários receptores protéicos transmembrana, que por sua vez capturam, para dentro da vesícula, moléculas específicas para serem transportadas. A dinamina estrangula a vesícula, permitindo que seja liberada. OBS: As vesículas devem ser altamente seletivas em relação a membrana com a qual se fusionarão. Isso envolve as SNARES, que existem em conjuntos complementares v-SNARE, na membrana da vesícula, e t-SNARE, na membrana da célula alvo. Proteínas Rab conferem se o reconhecimento entre a v e a t-SNAREestá correto. As proteínas Rab se ligam a superfície da vesícula em brotamento. Quando ela encontra a membrana alvo-correta, a ligação entre a v e a t-SNARE faz com que a vesícula permaneça ligada por tempo suficiente para permitir à proteína Rab hidrolisar o GTP a ela ligado, o que prende a vesícula na membrana alvo, preparando para a fusão que segue. OBS: Revestimento de COP II: Sar I fica livre no citosol, ligada a GDP. Devido a um sinal, GEF troca GDP por GTP. Essa troca gera um mudança conformacional que faz com que Sar I exponha uma cauda hidrofóbica que se liga a molécula a ser transportada. Isso permite que Sar I ligue-se a COP II e a molécula. COP II forma um formato vesicular. Sar I hidrolisa GTP, ligando a GDP.