Pistas para pensar o conceito de infância na proposta de Filosofia para Crianças de Matthew Lipman Paula Ramos de Oliveira¹ Joyce N. de Souza Trindade¹ ¹Departamento de Ciências da Educação – Faculdade de Ciências e Letras – UNESP/Araraquara 1. Objetivos O conceito de infância no decorrer da história é um importante objeto de estudo das Ciências da Educação. O programa de Filosofia para Crianças desenvolvido por Matthew Lipman divide opiniões. Alguns a consideram uma inovação educacional, o que é inclusive reivindicado por seu idealizador. Outros consideram que a proposta acaba reproduzindo, através de métodos diversos, o que já existe. A questão central é que a importância da proposta de Filosofia para Crianças de autoria de Lipman é visível em sua crescente expansão no país (SILVEIRA, 2003). O objetivo deste trabalho é relacionar os apontamentos feitos pela História da Infância com a criação e adoção do Programa de Filosofia para Crianças de Matthew Lipman, buscando observar as noções de infância presentes em sua proposta. 2. Material e Métodos A pesquisa está dividida em três etapas: inicialmente, discutimos os marcos relativos à História da Infância tendo como referência a obra de Neil Postman, O desaparecimento da Infância (1982), trabalhando, também, no sentido de trazer suas discussões para nossos dias. A seguir, apresentamos o quadro geral do Programa de Filosofia para Crianças de Lipman, discorrendo sobre o seu currículo, o seu surgimento nos EUA e a Filosofia para Crianças no Brasil. O passo seguinte consiste na análise de duas obras de Matthew Lipman, sendo uma teórica, Filosofia na sala de aula (1980), e a outra, uma novela filosófica, Pimpa (1981), procurando algumas pistas que o autor deixa de seu conceito de infância. 3. Resultados e discussão Como se trata de uma pesquisa em desenvolvimento, apenas alguns resultados parciais são perceptíveis. Lipman valoriza a necessidade de a educação trabalhar visando aumentar as possibilidades do desenvolvimento da autonomia das crianças. Ressalta em variados momentos que existe uma grande potencialidade existente na infância, graças, segundo ele, à curiosidade e o caráter questionador que são característicos dessa idade. 4. Conclusões O que pode ser observado até então é que a racionalidade, um dos pilares da proposta de Lipman, é considerada como abalada pela forma como a mídia explora os dramas da vida adulta de forma aberta e acessível às crianças, uma vez que esta prática seria prejudicial ao desenvolvimento psicológico das mesmas, de acordo com o que é apontado pela História da Infância. 5.Bibliografia FILHO, Durval Mazzei Nogueira Há uma nova infância? In: Educação & Psicologia, São Paulo, SP, p. 6-17, 01 maio 2009. LIPMAN, Matthew Pimpa. São Paulo: Difusão de Educação e Cultura, 1997. LIPMAN, Matthew, SHARP, Ann Margaret & OSCANYAN, Frederick S. Filosofia na sala de aula. São Paulo: Nova Alexandria, 2001. POSTMAN, Neil O desaparecimento da infância. Rio de Janeiro: Graphia, 1999. SILVEIRA, Renê José Trentin Matthew Lipman e a filosofia para crianças: três polêmicas. Campinas: Autores Associados, 2003.