Hora Atividade Coletiva da Disciplina de Filosofia NRE/Loanda 09/10/2008 Práticas para aulas de Filosofia Perguntas de aprofundamento em uma discussão filosófica. Faz parte do programa Filosofia para Crianças privilegiar o momento do debate, da discussão, na forma de um diálogo cooperativo que visa uma investigação filosófica de temas ou problemas que nascem na sala de aula. Há uma atenção especial para o uso de perguntas que possam ajudar no aprofundamento do interesse pela investigação em uma turma, a partir de uma pauta de problemas, conteúdo ou temas agendados com os alunos. É possível identificar muitos recursos da investigação filosófica tradicional, transformados, neste programa, em ferramentas de trabalho na sala de aula, em sintonia com pesquisas sobre o pensamento crítico (Richard Paul) e sua integração ao currículo escolar nos Estados Unidos. A proposta didática deste programa pode ser verificada em livros de apresentação e justificativa de filosofia para crianças (p. ex. O pensar na educação, Vozes, A filosofia vai à escola, Summus Editorial, entre outros). Para Matthew Lipman, criador do programa filosofia para crianças, entretanto, a filosofia não é somente ou exclusivamente o cultivo do pensamento crítico, mas também do pensamento criativo e atencioso (ético e afetivo) envolvidos em sua atividade inquiridora, bem como uma atenção às pessoas que dela participam. Esta proposta curricular de filosofia ao longo da escolarização foi concebida por Lipman, professor da Universidade de New Jersey, na década de 1970, e desenvolvido por seus colaboradores, e conta hoje com trabalhos experimentais em diversos países, tendo uma história no Brasil (conferir: “Notas para uma história do movimento filosofia para crianças no Brasil” In: Filosofia para crianças. A Tentativa pioneira de Matthew Limpan, Vozes, 1999, Coleção Filosofia na Escola). Também o site WWW.cbfc.com.br apresenta parte do material didático deste currículo. Parte da taxionomia destas perguntas “instrumentais”, a seguir, foi retirada de Ann Margareth Sharp e Laurance Splitter (La otra educación. Filosofía para niños y la comunidad de indagación.(Buenos Aires: Manantial, 1996), e inspiradas no trabalho de Richard Paul. Neste sentido, são parte dos “recursos” didáticos que compõem um trabalho maior e mais complexo no ensino e aprendizagem da filosofia (neste caso, nas escolas). 1. Perguntas de esclarecimento: O que você quer dizer com....? Você está dizendo que...? Se eu entendi bem, você disse que...? Como está usando a palavra...: neste ou naquele sentido? Você poderia dar um exemplo do que acabou de dizer? Alguém tem uma pergunta sobre o que ele/ela acabou de dizer? 2. Perguntas para identificar pressupostos: O que ela/ele está supondo para dizer que...? Você pensa que a sua suposição tem justificativa? Por que alguém suporia que...? Vocês percebem alguma suposição nesta pergunta? 3. Perguntas para pedir razões e evidências: Você pode apresentar um exemplo ou um contra-exemplo para ilustrar a sua idéia? Quais são as razões que você tem para dizer isto? Você mesmo concorda com as razões que apresentou? A evidência que você apresentou é suficientemente boa/forte? Alguém pode apresentar outra razão / exemplo/ contra-exemplo para esta afirmação? Que critério você usou para julgar isto desta maneira ? Você acha que esta fonte é uma autoridade apropriada para sustentar sua idéia? 4. Perguntas sobre pontos de vista e perspectivas: Há outra maneira de dizer isto? É possível ter outras opiniões sobre este tema/assunto/ponto específico? Em alguma circunstância este ponto de vista poderia ser incorreto/ não ser válido? Que diferença /semelhança há entre as perguntas deste colega e daquela? Supondo que algumas pessoas não concordassem contigo, que pensa que te diriam? O que vocês pensam (o que aconteceria) se alguém sugerisse que...? Se você adotasse o ponto de vista deles, como veria esta questão? Se eles adotassem o seu ponto de vista, qual o aspecto mais importante que deveriam levar em conta? 5. Perguntas para verificar as implicações e conseqüências: O que nós podemos concluir do que você disse? Se eu concordo com o que você afirmou, a que conclusão eu devo chegar? Se eu aceito o que você disse, eu tenho que concluir necessariamente aquilo? Quais seriam as possíveis conseqüências se todos fizessem isto? Estamos preparados para aceitar estas conseqüências? Entendemos o que significam? Poderíamos estar tirando conseqüências apressadas neste caso? 6. Perguntas sobre perguntas: Você pensa que esta pergunta é apropriada? Esta é a melhor forma de perguntar o que quer saber? Em que grau esta pergunta é relevante (pouco/muito/fundamental)? O que esta pergunta está supondo? Podemos formular outra pergunta que nos ajude a ver este problema de maneira diferente? Como esta pergunta pode nos ajudar? Estamos mais próximos da solução do problema ou da resposta à pergunta que fizemos inicialmente?