Roland Barthes e o momento estruturalista francês

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ROLAND BARTHES E O MOMENTO ESTRUTURALISTA FRANCÊS
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ROLAND BARTHES E O MOMENTO ESTRUTURALISTA FRANCÊS
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Anamaria Skinner
Docente – UFRJ
A expansão das ciências humanas nos anos 1960 incorporou movimentos de
renovação crítica vindos de fora da França, especialmente da Rússia e da
Tchecoslováquia. No âmbito dos estudos literários, esses movimentos, formalismo e
estruturalismo, tinham em comum o fato de privilegiarem a noção de texto em
detrimento da noção de obra e autor. Apesar de não se poder falar de um
estruturalismo único, tendo em vista a diversidade do campo de pesquisa e de
aplicação do instrumental teórico gerado (lingüística, antropologia, ciência política,
psicanálise, literatura, filosofia etc), a postura crítica dos pensadores chamados
estruturalistas apresenta muitos pontos de contacto, quando o objeto de estudo é a
literatura. O principal deles é o desejo de se desvincular dos discursos anteriores
sobre o objeto literário e adotar um discurso teórico capaz de conferir maior
precisão e rigor ao estudo da literatura. Alguns desses pensadores, especialmente
Barthes, Derrida, Lacan, Foucault, apresentam ainda a particularidade de aliar
discurso teórico e estilo, linguagem conceitual e linguagem literária, o que constitui
provavelmente uma marca característica da produção teórico-literária francesa da
segunda metade do século XX e do início do século XXI.
O momento estruturalista na França se caracterizou pela elaboração de
grandes obras no campo das ciências humanas, relacionadas a um tipo de afinidade
que permitia identificá-las a uma mesma configuração de pensamento. As obras
tinham em comum o pensamento sistêmico, com predominância do modelo
lingüístico, a cada vez operacionalizado em estilos e em corpus heterogêneos. Seu
valor de subversão dos sistemas de pensamento vigentes foi de inegável valor para
o desenvolvimento dos estudos teórico-literários modernos a partir do final dos
anos 1960.
De acordo com Elizabeth Roudinesco, os textos dos estruturalistas franceses
serviram naquele momento, para designar os “inimigos políticos” dos novos estudos
literários, os defensores da velha Sorbonne, que se recusavam a falar de literatura
moderna, de lingüística, de psicanálise. Roudinesco, estudante universitária na
década de 1960, conta, no livro Genéalogies, que André Martinet, titular da cadeira
de lingüística, se recusava a pronunciar o nome de Roman Jakobson, seu inimigo, e
que seus assistentes, os professores universitários da geração de 1960, se
submetiam à proibição. Segundo Roudinesco, os estruturalistas encarnaram
naquele momento a Revolução, uma revolução que reivindicava as estruturas (e
sua desconstrução), e cujo combate teve uma forte incidência no engajamento
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social e político de uma geração que buscava reconciliar a estética e a
política, o inconsciente e a liberdade.
Em nossos dias, a lembrança do combate estruturalista parece ter ficado
para trás; os livros de Roland Barthes, Michel Foucault e Jacques Derrida
representativos do momento estruturalista no final dos anos 1960, vêm recebido
críticas relacionadas à valorização excessiva do estetismo, do formalismo e do
espírito de revolta, e não fazem parte nem dos programas das Faculdades de
Filosofia, nem das Faculdades de Letras. Em outros casos, por ironia, os escritos
desses autores fazem parte do programa de concursos para Universidade.
Afirmando sua nostalgia em relação a essa “época feliz em que se cruzavam
todos aqueles que se interessavam por diferenças micrológicas, por análises de
texto muito refinadas”, Derrida constata que, fora da França, no exterior, ainda
prevalece
o
equívoco
acerca
dos
autores
representativos
do
momento
estruturalista: todos eles parecem valer-se da mesma linguagem, o que faz com
que muitas vezes sejam citados em série e rejeitados em bloco.
Ao lado de Lévi-Strauss, Derrida é hoje um dos poucos sobreviventes do
grupo de grandes pensadores estruturalistas (e pós-estruturalistas) da segunda
metade do século XX – integrado por Jacques Lacan, Louis Althusser, Roland
Barthes, Michel Foucault–, ao lado de outros, Emmanuel Lévinas, Maurice Blanchot,
Gilles Deleuze e se reconhece como uma espécie de último herdeiro desse trabalho
de pensamento.
Ora, aprendemos [com Derrida] que a melhor maneira de ser fiel a uma
herança é ser-lhe infiel. Com relação a uma herança no campo do pensamento, o
herdeiro precisa encarar uma dupla imposição, às vezes contraditória. Precisa
conhecer e ajudar a manter vivo aquilo que veio antes dele – um passado, que
sabe inapropriável, uma língua, uma cultura, uma filiação –, ao mesmo tempo em
que sabe que não pode se comportar como um sujeito livre diante da herança.
Cabe ao herdeiro não recebê-la nem rejeitá-la como uma totalidade. Ao propor esse
caminho, Derrida privilegia a hipótese do trabalho do luto, no sentido particular que
este tem no discurso psicanalítico. O recebimento da herança é uma afirmação
ativa e seletiva de uma dívida, e deve ser, portanto, uma afirmação crítica.
Por outro lado, é no ensaísmo literário francês contemporâneo que
encontramos uma das mais originais e bem acabadas expressões em língua
francesa francesa do Século XX e XXI. Seria mesmo possível propor uma
periodização para a literatura francesa de gênero ensaístico [literário] em que se
elegeria como ponto de partida, no século XVI, o mais consagrado ensaísta francês,
Montaigne, e como ponto de chegada, Roland Barthes Michel Foucault e Jacques
Derrida, no século XX e XXI.
São essas as questões que venho trabalhando em minha pesquisa, iniciada
em 2002, e cujo título é “A metalinguagem literária legada por Roland Barthes,
Michel Foucault e Jacques Derrida à língua e à literatura francesa”. A pesquisa
busca avaliar, em um primeiro momento, a metalinguagem legada por Roland
Barthes, Michel Foucault e Jacques Derrida e verificar em que medida se pode
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continuar a empregá-la e aperfeiçoá-la, principalmente nos estudos literários
franceses, oferecidos nas faculdades de Letras. Em seguida, examinamos se o fato
de esses pensadores serem ao mesmo tempo escritores, isto é, aliarem linguagem
conceitual e estilo, não seria o que constitui a sua força, mas também o que
promove a hesitação e indecibilidade em torno de seus nomes. Esse segundo
momento deverá sugerir a inclusão desses autores no programa regular dos cursos
de literatura, nos últimos níveis da graduação e pós-graduação em letras francesas,
a fim de sejam trabalhadas especialmente as questões de estilo. Algumas questões
relacionadas à tradução ensaístico-literária desses autores, de quem sou tradutora,
serão abordadas também na segunda fase da pesquisa.
As questões centrais trabalhadas na pesquisa podem ser assim formuladas:
a) Seria possível ler hoje textos (clássicos) da literatura com o instrumental
legado pelos teóricos pós-estruturalistas?
b) Pensar o alcance crítico da metalinguagem literária legada por Roland
Barthes, Michel Foucault e Jacques Derrida, na óptica do herdeiro não
implicaria, em um primeiro tempo de reafirmação, que os fizéssemos
novamente falar, acolhendo, reinterpretando e mantendo viva a sua herança
a cada momento?
c) Se o fizéssemos, como encararíamos a dupla imposição a que nos obriga a
posição de legatário? A de sermos fiéis ao pensamento desses autores,
mantendo-os vivos, e a de propormos novas leituras a partir, dos brancos,
das falhas, das margens em suas obras?
d) Seria possível ler sem instrumentalizar o discurso teórico legado por esses
autores, ou seja, lê-los como textos literários?
Ao voltar-me para o estudo de Roland Barthes, constatei uma feliz
convergência teórica entre a presente pesquisa e a discussão conduzida na Página
“Hommage et débat en ligne, mai 2000, Actualité Roland Barthes”, cuja proposta é
a de um trabalho de luto no sentido que estou empregando na pesquisa. A
responsabilidade pelo gesto de permanecer fiel a um certo Barthes é conduzida ali
na perspectiva de um herdeiro que devesse decidir o que fazer da herança
barthesiana. Vejamos:
Um ensaio emblemático de Claude Bremond e Thomas Pavel sobre
Roland Barthes leitor de Balzac – De Barthes a Balzac, Ficções de uma
crítica, crítica de uma ficção –, publicado em 1998, suscitou a criação
desse fórum de discussões na Internet. A publicação do livro de Bremond
e Pavel gerou várias respostas e polêmicas, o que traduziria o
desconforto experimentado por aqueles que hoje se predispõem a tratar,
avaliar e amar Roland Barthes. Determinar de que modo somos
contemporâneos, herdeiros e/ou detratores de Roland Barthes, de um
Barthes que se tornou um clássico é a proposta dessa Página de debates
on line. “Dentre as questões levantadas por Barthes, quais são as que
deixaram de nos empolgar e, principalmente, quais são as que ainda nos
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Em suma, o que significa herdar?
Sabe-se que é comum a recepção de uma obra singular confundir-se com a
seqüência de mal entendidos que ela enseja. Assim, escrever sobre uma obra é, em
primeiro lugar, denunciar um ou mais enganos cometidos por aqueles que a leram
antes, sabendo que, ao pretender desfazer esses equívocos, corre-se o risco de
criar novos mal entendidos. Alguns desses mal entendidos são hoje célebres. É
comum dizer que Voltaire não entendeu nada de Pascal, nem Sartre de Baudelaire,
nem Lênin de Marx. Ao que Pavel e Bremond acrescentaram – nem Barthes de
Balzac. A principal crítica dirigida por Bremond e Pavel a Barthes é de que as letras
SZ não aparecem juntas em nenhuma palavra do conto de Balzac “Sarrasine”,
analisado por Barthes no livro S/Z., em 1970.
Para
contrapor-se
ao
livro
de
Bremond
e
Pavel,
assumindo
a
responsabilidade de herdeiros, apresentaram-se Eric Marty, Andy Stafford, Michel
Beaujour, Antoine Compagnon, Vera Casanova e muitos outros menos conhecidos.
Quem primeiro respondeu a Pavel e Bremond foi Eric Marty, o editor das
obras completas de Barthes nas edições do Seuil, no artigo “Roland Barthes, o
grande mal entendido”, publicado na edição de 24 de março de 2000 do jornal Le
Monde e reproduzido nesta página de um site da web. Marty considera que para
além do projeto oblíquo de falar sobre Balzac, Racine, Sollers ou Proust, haveria,
em todos os escritos de Barthes, a relação indireta consigo mesmo. Segundo Marty,
se as letras SZ ‘curiosamente’ não aparecem juntas em nenhum momento do conto
de Balzac, em contrapartida elas revelam o mitograma da própria biografia de
Barthes, como em uma narrativa cifrada de Borges ou de Pérec. SZ são as duas
consoantes de apoio do nome do homem que foi depois da morte de seu pai o
companheiro de sua mãe: Michel Salzedo. Mãe, a cuja morte Barthes não
sobreviveu.
Nesse polêmico artigo, Marty afirma que, com exceção de dois momentos em
que o mal entendido o exasperava, Barthes teria feito do mal entendido com
relação a sua imagem um projeto. Marty formula então uma hipótese, para além da
vida:
Para os escritores talvez a morte não seja uma morada muito lúgubre,
estéril e gelada, pois eles encontrariam na vida póstuma a possibilidade
de
desdobramentos
que
lhes
permitiria
ultrapassar
as
pequenas
totalizações a que a sociedade titânica gosta de reduzi-los. Barthes foi
um após o outro ou simultaneamente intelectual, ensaísta, semiólogo ,
diletante,
sociólogo,
terrorista,
dandy,
homossexual
melancólico,
2
impostor, estruturalista, professor do Collège de France”
Os dois momentos de exceção diziam respeito à imagem do Mestre e do
Intelectual, a que cada vez mais o identificavam, e que Barthes considerava
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mistificadoras.
De fato Barthes engendrou uma desconstrução gradual e persistente da
figura do Mestre, como puderam atestar todos os que freqüentaram seus
seminários, especialmente Julia Kristeva e Alain Finkielkraut. Por outro lado, são
numerosos os textos de Barthes que atestam o seu mal-estar diante do
dogmatismo do Mestre, e propõem novas formas de estar juntos, especialmente
“Ao Seminário”, “Escritores, Intelectuais , Professores”.
Quanto à imagem do Intelectual, Marty afirma que Barthes a teria
abandonado pontualmente, ao regressar de sua viagem à China. Nessa ocasião,
deixou claro que entendia que a missão histórica do intelectual tinha chegado ao
fim. A essas figuras , Barthes contraporia a figura do neutro, optando pela
suspensão do sentido, pelo inesperado.
A estratégia de deslocamentos intelectuais sucessivos, imaginada por Marty,
seria ratificada por Antoine Compagnon, no artigo “Lequel est le bon?” [Qual desses
é ele?], publicado originalmente em inglês, como o título “Who is the real one?
também veiculado nessa página da Internet.
Compagnon vai mais além e quer saber se vale a pena continuar a empregar
a metalinguagem legada por Roland Barthes, buscando com isso determinar o
alcance crítico e ideológico de posições que o próprio Barthes não sustentava por
muito tempo, adotando essa estratégia de deslocamentos intelectuais sucessivos,
ou se deveríamos simplesmente glorificar o escritor?”3
Cito Compagnon:
Eu li muitos Roland Barthes diferentes, nós todos conhecemos inúmeros
Roland Barthes – um após o outro e talvez ao mesmo tempo. Quando o
apreendíamos ele já estava instalado em outro lugar4
Para ilustrar, Compagnon recorda a célebre disputa de Barthes com Raymond
Picard, e admite, relendo no presente Sur Racine, que Picard talvez não estivesse
de todo errado quando acusava Barthes de falar ainda do autor apesar de suas
próprias denegações. Mas o que faz então Barthes, pergunta Compagnon? Quando
responde no ano seguinte a Picard, em Critique et Vérité, faz como se a questão já
estivesse resolvida há muito tempo, – “Como se o autor já estivesse morto há
muito tempo, embora o seu cadáver ainda estivesse quente.” Considera o caso no
mínimo sintomático, e conclui:
“Barthes não se sentia obrigado, nem moral nem epistemologicamente a
responder às questões que diziam respeito a posições que ele não
defendia mais. Entre a publicação dos dois livros, Sur Racine e Critique
et Vérité, o Texto tinha sido inventado e ocupava toda a sua atenção. A
textualidade tornou-se uma idéia fixa, depois viria o prazer, depois uma
certo retorno do autor e assim sucessivamente”5 .
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Voltemos agora ao primeiro momento estruturalista francês. Sabe-se que o
estruturalismo encontrou seu cerne, no modelo da lingüística moderna, e na figura
do lingüista suíço Ferdinand de Saussure, tido como seu iniciador. Um artigo do
lingüista Algirdas-Julien Greimas, de 1956, “L’actualité du saussurisme” vai ser, em
parte, responsável pelo sucesso que o Curso de Lingüística Geral conheceu na
França.
Nesse artigo, Greimas constatava que as obras chamadas “estruturalistas”
tinham em comum o pensamento sistêmico, com predominância do modelo
lingüístico, a cada vez operacionalizado em estilos diferentes e em corpus
heterogêneos: Merleau-Ponty na filosofia, Lévi-Strauss na antropologia, Barthes na
literatura, Lacan na psicanálise. A Lingüística era evocada em todas elas, mas nada
acontecia na Lingüística, propriamente dita. Era chegado, portanto, o momento de
garantir a Saussure o seu justo lugar.
O encontro com Greimas foi particularmente decisivo para Roland Barthes,
que começava a se afirmar como um dos pensadores mais originais da geração
estruturalista na França. Foi no deserto egípcio, em Alexandria, conforme registra
François Dosse, em seu História do estruturalismo, “que ocorreu o encontro
prenunciador da grande cumplicidade e amizade, entre Greimas, e aquele que iria
se tornar a vedete do estruturalismo: Roland Barthes”6 . Um grupo dinâmico se
formou em torno de Greimas e de Charles Singevin, o qual registraria – “Barthes
encontrou o caminho de Greimas como São Paulo encontrou o caminho de
Damasco”7 .
Greimas
dedicava-se
então
à
Lingüística
moderna.
Considerava-se
continuador do corte saussuriano, e a esse título sentiu-se seduzido pelos trabalhos
do Círculo Lingüístico de Praga, com destaque para Hjelmslev, a quem apresentará
como o único herdeiro fiel aos ensinamentos de Saussure. A obra Hjelmslev só foi
traduzida para o francês em 1968; mas, nesse meio tempo, Greimas e Barthes
encarregaram-se de apresentá-lo na França.
A definição de um programa semiológico global, suplantando a Lingüística e
englobando as ciências humanas em um projeto comum, foi a grande ambição de
Greimas e Barthes no período, e encontrou sua justificativa na definição
saussuriana da Semiologia como a “ciência que estuda a vida dos signos no seio da
vida social”.
Especialmente
nesse
momento,
do
estruturalismo
nascente,
Barthes,
trilhando o caminho de Greimas, deteve-se apaixonadamente no projeto de fazer
da Semiologia um instrumento crítico, pois entendia que a Semiologia enquanto
ciência geral dos signos, poderia ativar e propiciar a crítica social. Pouco tempo
depois, em 1970, fiel à sua estratégia de deslocamentos sucessivos, recuaria do
que chamou “a Semiologia em sua fase científica”, e ao entrar no Collège de
France, e ser criada para ele uma cátedra de Semiologia literária, já não acreditava
mais na cientificidade dessa disciplina. Reconheceu, no entanto, que a legitimidade
conferida à Semiologia tinha um lado bom: poderia favorecer os estudantes,
facilitando a inscrição nos cursos, a obtenção de bolsas, etc.:
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Para mim o que domina esse período do meu trabalho é menos o projeto
de fundar a Semiologia como ciência do que o prazer de exercer uma
sistemática, existe na atividade de classificação uma espécie de
embriaguez criativa que foi a dos grandes classificadores como Sade e
Fourier. Em sua fase científica, a Semiologia foi para mim essa
embriaguez: eu reconstituía, biscateava (dando um sentido elevado a
essa expressão) sistemas, jogos; nunca escrevi livro senão pelo prazer;
o prazer do Sistema substituía em mim o superego da ciência: isso já
era preparar a outra fase dessa aventura, finalmente indiferente à
ciência indiferente, eu entrava pelo prazer no significante, no texto.8
[1] http://www.fabula.org/appelbarthes.php
[2] Eric Marty, “Roland Barthes, le grand Malentendu” http://www.fabula.org/appelbarthes.php
[3] Antoine Compagnon “Lequel est le bon” http://www.fabula.org/appelbarthes.php
[4] Idem.op.cit
[5] Idem.op.cit
[6] François Dosse. História do estruturalismo. São Paulo:Ensaio, 1994
[7] François Dosse.op.cit
[8] Roland Barthes. A aventura semiológica. São Paulo: Martins Fontes, 2001
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